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OBSERVAÇÕES INICIAIS 
 
A prova objetiva do TRF5 foi aplicada dia 25/05/2025. Assim que tivemos acesso 
ao gabarito preliminar iniciamos a tradicional prova comentada do Mege e aceleramos 
para entregar tudo dentro do prazo recursal. Mais uma vez, missão cumprida! A intenção 
neste material é auxiliar nossos alunos e seguidores na análise da elaboração de seus 
recursos, além de possibilitar, em formato conclusivo, a revisão de temas cobrados no 
certame e verificação de maiores chances de avanço para 2ª fase. 
 
O arquivo aqui apresentado trata de versão preliminar elaborada com as 
finalidades informadas e concluído por nosso time específico de 1ª fase de magistratura, 
sem maiores pretensões de aprofundamento ou trabalho editorial neste momento, que 
é de puro apoio (e não foca na detectação de questões antecipadas em nossas várias 
formas de atuação). No Clube da Magistratura, o Mege revisa um edital completo em 1 
ano de estudo, ou seja, a produção é realmente vasta. 
 
O corte, neste momento, segue estimado em 63/64 acertos para ampla 
concorrência. Os(as) candidatos(as) que concorrem às vagas destinadas ao sistema de 
cotas precisam acertar 60 pontos. 
 
Os nossos professores entendem que 2 (duas) questões, em especial, estão 
envolvidas em maior polêmica a serem apreciadas (2 e 100). Portanto, podem ter suas 
situações alteradas na fase recursal, o que deixa em aberto a nota de corte para outras 
possibilidades. 
É claro que podem ter mais questões que venham a ser anuladas ou alteradas 
com o gabarito oficial (mas, como a prova foi bem elaborada, não entendemos que a 
surpresa seja maior que 1 ou 2 a mais que a nossa previsão). De todo modo, levamos 
esse pensamento de probabilidade no mapa mental dos caminhos indicados, que 
apresentamos nas páginas seguintes. 
Diante disso, em nosso sentimento, ainda é possível sonhar com a aprovação na 
ampla concorrência com até 62/63 certos (tendo como parâmetro o corte atual e uma 
margem de erro razoável sobre a quantidade de anulações). 
A sua maior ou menor probabilidade dependerá do aproveitamento das questões 
mais polêmicas. Trata-se de mera opinião de parâmetro circunstancial de tudo que 
temos de informação neste momento. 
Em cotas, o desempenho nas questões que apontamos com maior probabilidade 
de mudança passam a ter chances (notas entre 58/59 passam a ter chances). 
 
Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a cada 2 (duas) 
questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um) ponto. Essa dica 
deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço no certame. Não 
temos como cravar quantas questões efetivamente serão afetadas, mas guardem esta 
informação de parâmetro para verificarem suas chances reais! 
 
 
4 
 
É importante mencionar que o Clube da Magistratura, a nossa turma mais 
completa, é extremamente decisiva em qualquer prova (especialmente por tratar de um 
edital completo ao longo de 1 ano – e aqui falamos, sem qualquer receio, em todas as 
fases). Não fizemos maiores apontamentos sobre sua produção neste material por conta 
do curto tempo de comparativo temático entre a sua produção e as questões de prova 
(ainda dentro do prazo recursal – objetivo maior). 
 
ESTUDE PARA TODAS AS FASES AO LADO DO MEGE 
SUA APROVAÇÃO OU SEU DINHEIRO DE VOLTA! 
 
APROVEITEM PARA CONHECER EM DETALHES SOBRE O PLANO ATÉ PASSAR 
(que libera turmas do Mege para todas as fases: Clube da Magistratura, Retas Finais, 2ª 
fases e Provas Orais) e seus benefícios de economia, praticidade e garantia, para quem 
realmente está comprometido com o projeto de se tornar Juiz/Juíza de Direito. 
 
 
 
É válido citar que, neste momento, estamos com inscrições abertas para Clube 
da Magistratura 2025.2, TJCE (reta final), turmas de 2ª fase para TJSC e TJSE. Próximas 
turmas: TRF 3ª região (2ª fase), TRF (reta final). 
 
Clube da Magistratura 2025.2 
(+ Plano Até Passar) 
 
 
CAMINHOS POSSÍVEIS APÓS A PROVA OBJETIVA DO TRF5 
 
Em nossa análise, sobre caminhos pós-prova no TRF5, entendemos que esse 
direcionamento esquematizado pode orientar da melhor forma. 
https://lp.mege.com.br/clube-da-magistratura-ate-passar/
 
 
5 
Sobre a nota de corte de ampla concorrência (estimada em 63/64 acertos) e 
cotas (58/59 acertos), analisamos abaixo possíveis caminhos. Na sequência, preparamos 
um quadro esquematizado para facilitar sua compreensão. 
 
 
 
SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO TRF5, NÃO SE DESESPERE! 
O Clube da Magistratura foi pensado para ajudar nos próximos desafios 
 
Aos colegas que não estão dentro das faixas mencionadas, indicamos, conforme 
o caso, entrar imediatamente no Clube da Magistratura (turma 2025.2). Nossa turma 
mais completa para quem se prepara para carreira (inclusive assinante premium ganha 
acesso a todas as retas finais de magistratura que atuamos). 
Se você presta concursos de magistratura em outros estados, o Clube da 
Magistratura conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do 
concurso. Em 2025, temos a sua melhor versão da história! Com muitas novidades sobre 
o apoio de Inteligência Artificial. Uma preparação completa: desde o estudo voltado para 
1ª fase até correções de provas de 2ª fase de forma personalizada (com opção de 
acompanhamento personalizado). Vale a pena conferir! 
 
 
 
6 
A SEGUNDA FASE É LOGO ALI 
 
Nós criamos um grupo de whatsapp para ajudar nos debates dos candidatos 
sobre este desafio. 
 
GRUPO ABERTO DE DISCUSSÕES DO TRF5 
 
Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do TRF5 
em detalhes. Seguiremos firmes em um trabalho realmente específico também para 2ª 
fase deste desafio! 
 
 
Arnaldo Bruno Oliveira1 
Equipe Mege 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Insta: @prof.arnaldobruno (fiquem à vontade para o envio de mensagens sobre o Mege). 
https://chat.whatsapp.com/L7qGJ4u3dKO4tr1NEXpkFy
 
 
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SUMÁRIO 
 
BLOCO I ..................................................................................................................... 8 
DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................................8 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO ................................................................................ 18 
DIREITO PENAL ............................................................................................... 28 
DIREITO PROCESSUAL PENAL ............................................................................ 41 
DIREITO ECONÔMICO E DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR .................................... 57 
BLOCO II .................................................................................................................. 74 
DIREITO CIVIL.................................................................................................. 74 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL .............................................................................. 87 
DIREITO EMPRESARIAL................................................................................... 100 
DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO ................................................................ 104 
BLOCO III ............................................................................................................... 122 
DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................. 122 
DIREITO AMBIENTAL ...................................................................................... 135 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ................................................. 141 
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA ................................. 151 
DIREITOS HUMANOS ..................................................................................... 155de”. Porém, na modalidade prevista no parágrafo único, não há tal previsão. 
Assim, incorreto afirmar que em todas as modalidades há a necessidade de finalidade 
específica. 
(D) INCORRETA. Vide comentários da alternativa A. 
(E) INCORRETA. Sobre o tema: 
[...] 2. A conduta relativa à exportação de mercadorias sem a 
respectiva liquidação do contrato de câmbio, com o ingresso das 
correspondentes divisas, não se enquadra no fato típico 
supramencionado. [...] (STJ, REsp 898.554/RS, Rel. Ministra 
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 
02/08/2010) 
Assim, correta a alternativa B. 
_______________________________________________________________________ 
23. Investigação da Polícia Federal revelou que um grupo criminoso se dedicava à 
remessa de drogas para a Europa por meio de um aeroporto internacional. O grupo 
formado por sete pessoas, estruturalmente ordenado e caracterizado pela divisão de 
tarefas, encarregava-se, dentre outras atividades voltadas ao comércio ilegal, de cooptar 
funcionários da concessionária que opera o aeroporto, para que não fiscalizassem as 
malas nas quais as drogas eram escondidas. Apesar da vigilância ao longo da 
investigação, nenhuma droga foi apreendida. O Ministério Público Federal ofereceu 
denúncia e imputou aos envolvidos os crimes de tráfico de drogas, associação para o 
tráfico de drogas, organização criminosa e corrupção ativa e passiva. 
O juiz, ao proferir sentença, deverá observar que: 
(A) a condenação concomitante pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e de 
organização criminosa é impossível, por configurar bis in idem, ainda que o grupo 
estruturalmente ordenado e caracterizado pela divisão de tarefas se dedique à prática 
de outros crimes, além do tráfico de drogas; 
 
 
35 
(B) os funcionários da concessionária que opera o aeroporto, se contratados pelo regime 
da CLT, não são sujeitos ativos do crime de corrupção passiva; 
(C) a transnacionalidade da organização configura causa de aumento de pena do crime 
de organização criminosa; 
(D) a ausência de apreensão de material entorpecente é obstáculo à condenação pelos 
crimes de tráfico de drogas e de associação para o tráfico de drogas; 
(E) a sentença pode condenar os réus pela prática do crime de tráfico de drogas, a 
despeito da ausência de apreensão de material entorpecente, desde que outros 
elementos dos autos revelem a prática de uma das condutas previstas no tipo penal. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. É possível a condenação concomitante pelos crimes de associação para 
o tráfico e organização criminosa, desde que as condutas tenham ocorrido em diferentes 
contextos fático e temporal, como é caso dos autos, em que se aponta a associação para 
o tráfico com terceiros não integrantes da organização criminosa (STF, RHC 242673 AgR, 
2ª Turma, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Julgamento: 02/09/2024, Publicação: 
12/09/2024). 
(B) INCORRETA. O crime de corrupção passiva, previsto no art. 317, do CP, está no 
Capítulo referente aos crimes praticados por funcionário público. Por sua vez, o art. 327, 
do CP, conceitua funcionário público para fins penais, trazendo, ainda, no parágrafo 
primeiro, a figura do "funcionário público por equiparação”, nos seguintes termos: 
Art. 327, § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce 
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem 
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou 
conveniada para a execução de atividade típica da Administração 
Pública. 
No caso da questão, os funcionários da concessionária que opera o aeroporto que 
fiscalizam as malas, são pessoas que trabalham para empresa prestadora de serviço 
contratada para a execução de atividade típica da Administração Pública, motivo pelo 
qual são considerados funcionários públicos por equiparação. Assim, possível serem 
sujeitos ativos do crime de corrupção passiva. 
(C) CORRETA. É o que dispõe o art. 2º, § 4º, V, da Lei n. 12.850/2013, nos seguintes 
termos: 
Art. 2º [...] § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois 
terços): 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a 
transnacionalidade da organização. 
 
 
36 
(D) e (E) INCORRETAS. É importante diferenciar os requisitos de materialidade do tráfico 
de drogas e do crime de associação para o tráfico. Em relação ao tráfico de drogas, a 
apreensão da droga é imprescindível. Nesse sentido: 
É flagrantemente ilegal a condenação pelo crime de tráfico de 
drogas fundamentada essencialmente em prints de publicações 
de venda de entorpecentes em redes sociais e mensagens 
eletrônicas, sem a efetiva apreensão de drogas. STJ. 5ª Turma. 
AgRg no HC 977.266-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 20/3/2025 (Info 846). 
Já em relação ao delito de associação para o tráfico, a apreensão não é imprescindível. 
Vejamos: 
Para a configuração do delito previsto no art. 35 da Lei n.º 
11.343/06 é desnecessária a comprovação da materialidade 
quanto ao delito de tráfico, sendo prescindível a apreensão da 
droga ou o laudo toxicológico. É indispensável, tão somente, a 
comprovação da associação estável e permanente, de duas ou 
mais pessoas, para a prática da narcotraficância. (STJ, HC n. 
432.738/PR, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, 
Sexta Turma, julgado em 20/3/2018, DJe de 27/3/2018.) 
Assim, correta a alternativa C. 
_______________________________________________________________________ 
24. No que diz respeito aos efeitos da condenação, observadas as disposições 
constitucionais, do Código Penal e da legislação extravagante, é CORRETO afirmar que: 
(A) a hipótese do confisco previsto na Constituição da República de 1988 em virtude da 
prática do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins alcança apenas os bens imóveis 
utilizados na atividade criminosa; 
(B) a decretação da perda de bens ou valores lícitos equivalentes é inviável se o produto 
ou proveito do crime não for localizado; 
(C) a condenação de funcionário público pelo crime de organização criminosa implicará 
a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de 
função ou cargo público pelo período de um a cinco anos; 
(D) a decretação da perda dos instrumentos lícitos empregados na prática de um delito 
é admitida nas hipóteses de crimes definidos na Lei de Drogas e daqueles praticados por 
organizações criminosas e milícias; 
(E) a decretação da perda de bens classificada pela doutrina como confisco alargado é 
cabível nas condenações por crimes aos quais a lei comine pena máxima superior a 
quatro anos e depende de requerimento expresso do Ministério Público. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
 
37 
 
(A) INCORRETA. O erro da alternativa está em afirmar que o confisco alcança “apenas” 
os bens imóveis utilizados na atividade criminosa. O tema está previsto no art. 243, 
parágrafo único, da CF. Confira-se: 
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do 
País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas 
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da 
lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a 
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao 
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, 
observado, no que couber, o disposto no art. 5º. 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico 
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado 
e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma 
da lei. 
(B) INCORRETA. A alternativa menciona o contrário do previsto no art. 91, §§ 1º e 2º, do 
CP: 
Art. 91 [...] 
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores 
equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não 
forem encontrados ou quando se localizaremno exterior. 
 § 2º Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na 
legislação processual poderão abranger bens ou valores 
equivalentes do investigado ou acusado para posterior 
decretação de perda. 
(C) INCORRETA. Cuidado para não confundir a interdição para o exercício de função ou 
cargo público prevista na Lei de Organização Criminosa com a inabilitação prevista na Lei 
de Abuso de Autoridade! Vejamos: 
 
(D) CORRETA. É o que dispõe o art. 91-A, § 5º, do CP: 
Interdição | 
inabilitação para 
exercício de função 
pública
Lei de Tortura
Dobro da pena privativa de 
liberdade
Lei de Organização 
Criminosa
8 anos subsequentes ao 
cumprimento da pena
Lei de abuso de 
autoridade
1 a 5 anos em caso de 
reincidência específica
 
 
38 
Art. 91-A [...] § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de 
crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser 
declarados perdidos em favor da União ou do Estado, 
dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não 
ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem 
pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o 
cometimento de novos crimes. 
(E) INCORRETA. A pena máxima tem que ser superior a 6 anos, e não a 4 anos, conforme 
menciona a questão, nos termos do art. 91-A, caput, do CP: 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei 
comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá 
ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos 
bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do 
condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento 
lícito. 
Assim, correta a alternativa D. 
_______________________________________________________________________ 
25. A respeito do fenômeno da prescrição, segundo a jurisprudência das Cortes 
Superiores, é CORRETO afirmar que: 
(A) o cálculo do lapso temporal da prescrição da pretensão punitiva em abstrato deve 
incluir as agravantes ou atenuantes genéricas aplicáveis ao caso concreto; 
(B) o dia do começo não será computado na contagem do prazo prescricional; 
(C) o recebimento da denúncia oferecida em face de um dos autores do crime implicará 
a interrupção do curso da prescrição relativamente aos demais; 
(D) o acórdão condenatório interrompe o curso da prescrição somente na hipótese em 
que reforma sentença absolutória; 
(E) a instauração de incidente de insanidade mental é causa suspensiva do curso da 
prescrição. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Não há como incluir as agravantes e atenuantes na contagem do prazo 
prescricional pelo simples fato de que o legislador não mensura o quantum de agravação 
ou atenuação da pena, ficando a cargo do juiz, de acordo com o caso concreto. Assim, 
não há como utilizar esse quantum na contagem do prazo prescricional. 
(B) INCORRETA. A contagem do prazo prescricional é um prazo penal e, por isso, é 
contado incluindo-se o dia de início, de acordo com o art. 10, do Código Penal. Cuidado 
para não confundir a forma de contagem do prazo penal e do prazo processual penal: 
 
 
39 
PRAZO PENAL PRAZO PROCESSUAL PENAL 
Regra: Quanto mais rápido acabar, 
melhor para o agente 
Regra: Quanto mais prazo tiver, melhor par 
a agente 
Computa-se o dia de início Não se computa o dia de início 
Não há prorrogação do prazo, caso 
termine em dia não útil 
Há a prorrogação do prazo, caso termine em 
dia não útil 
Ex.: prazo de prisão, prazo 
prescricional, prazo decadencial. 
Ex.: prazo recursal, prazo para apresentação 
da resposta à acusação. 
(C) CORRETA. É o que dispõe o art. 117, § 1º, do CP. Nesses termos: 
O recebimento parcial da denúncia, bem como o provimento do 
recurso especial, em que determinou o recebimento da ação 
penal em face das pessoas jurídicas, constituem marcos 
interruptivos do lapso prescricional, devendo ser estendido para 
todos os corréus, consoante art. 117, I c/c § 1º, do CP (STJ, AgRg 
nos EDcl no REsp n. 1.368.111/PE, relator Ministro Nefi Cordeiro, 
Sexta Turma, julgado em 18/9/2018, DJe de 25/9/2018.) 
(D) INCORRETA. De acordo com o Tema 1100, do STJ: 
O acórdão condenatório de que trata o inciso IV do art. 117 do 
Código Penal interrompe a prescrição, inclusive quando 
confirmatório de sentença condenatória, seja mantendo, 
reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta (STJ. 
3ª Seção. REsp 1.930.130-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 
julgado em 10/08/2022 - Recurso Repetitivo – Tema 1100 - Info 
744). 
(E) INCORRETA. Sobre o tema, destaco julgado elucidativo do STJ: 
RECURSO ESPECIAL. PENAL. AMEAÇA E LESÃO CORPORAL. 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. OCORRÊNCIA. 
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. SUSPENSÃO DO CURSO DA 
PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO 
LEGAL. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. A jurisprudência desta Corte Superior orienta no sentido de 
que, em observância ao princípio da legalidade, as causas 
suspensivas da prescrição demandam expressa previsão legal, o 
que não ocorre no caso de instauração de incidente de 
insanidade mental, em que não há previsão normativa de 
suspensão do curso da prescrição. 
2. Não se pode criar, por via interpretativa, causa suspensiva da 
prescrição vinculada a incidente instaurado no curso da ação 
penal, tendo em vista a inexistência de norma legal conferindo o 
vindicado efeito a simples incidentes processuais. 
 
 
40 
3. Não é possível equiparar os incidentes processuais instaurados 
perante o mesmo juízo, no curso da ação penal, com a pendência 
de questão prejudicial em "outro processo", prevista no art. 116, 
inciso I, do Código Penal como causa suspensiva da prescrição, 
pois se tratam de institutos com natureza jurídica 
completamente distintas. 
4. Recurso especial provido. 
(REsp n. 1.904.590/RJ, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, 
julgado em 19/10/2021, DJe de 25/10/2021.) 
Correta, assim, a alternativa C. 
_______________________________________________________________________ 
26. Adriano praticou o crime de estelionato mediante falsificação de guias de 
recolhimento de contribuições previdenciárias, tendo ocorrido lesão à autarquia federal 
(Art. 171, §3º, do Código Penal). Ouvido em sede policial, Adriano, que era primário e 
não possuía antecedentes, negou a prática do crime. Os autos do inquérito foram 
relatados pela autoridade policial, com indiciamento de Adriano pelo referido crime, e 
remetidos ao Ministério Público. 
Nessa hipótese, relativamente aos institutos despenalizadores previstos na legislação 
penal e processual, é CORRETO afirmar que: 
(A) poderá o Ministério Público, com o oferecimento da denúncia, propor a Adriano a 
suspensão condicional do processo, em razão de sua primariedade; 
(B) poderá o juiz, rejeitando a denúncia, oferecer a Adriano acordo de não persecução 
penal, se não o fizer o Ministério Público; 
(C) poderá o Ministério Público oferecer a Adriano transação penal consistente em 
reparação do dano e prestação de serviços à comunidade pelo prazo de dois anos; 
(D) poderá o juiz, em caso de condenação não superior a dois anos, suspender a 
execução da pena privativa de liberdade, se não for cabível a substituição da pena; 
(E) poderá o Ministério Público oferecer a Adriano acordo de não persecução penal, 
condicionado à reparação do dano à administração. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
A questão cobrou conhecimento sobre os institutos despenalizadores. 
(A) INCORRETA. A suspensão condicional do processo é instituto previsto no art. 89, da 
Lei n. 9.099/95, para, além de outros requisitos, os casos em que a pena mínima é igual 
ou inferior a 1 ano. No caso do estelionato, a pena mínima é de 1 ano. Todavia, sendo o 
estelionato “previdenciário”, incide a causa de aumento de pena prevista no art. 171, § 
 
 
41 
3º, do CP, fazendo com que a pena mínima possível seja maior que 1 ano, tornandoinaplicável o referido instituto. 
(B) INCORRETA. O juiz não pode substituir o Ministério Público no oferecimento de 
acordo de não persecução penal. Na verdade, o juiz não participa das negociações e nem 
pode oferecer o acordo. A única participação judicial é a análise da legalidade do acordo 
para fins de homologação ou não homologação. 
(C) INCORRETA. Não é cabível transação penal em razão de o crime não ser de menor 
potencial ofensivo. 
(D) CORRETA. É cabível suspensão condicional da pena, nos termos do art. 77, do Código 
Penal. 
(E) INCORRETA. De fato, é necessária a reparação do dano para fins de acordo de não 
persecução penal. Porém, não se trata de requisito inafastável. O legislador, no art. 28-
A, I, do CPP, traz o referido requisito da seguinte forma: 
Art. 28-A [...] mediante as seguintes condições ajustadas 
cumulativa e alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; 
Esse é o único requisito que não é indispensável, sendo possível a comprovação da 
impossibilidade de reparação do dano. Assim, nesse caso, mesmo não reparando o dano, 
seria possível o ANPP. 
Para as próximas provas de magistratura federal: 
Estelionato previdenciário (art. 171, § 3º, do CP) 
ANPP É cabível (pena mínima inferior a quatro anos) 
Transação penal 
Não é cabível (pena máxima superior a dois anos – não é 
crime de menor potencial ofensivo) 
Suspensão condicional 
do processo 
Não é cabível (pena mínima superior a um ano, em razão 
do aumento de pena) 
 
Assim, correta a alternativa D. 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
27. Régis e Renato foram condenados a uma pena de quatro e seis anos de reclusão e 
multa, bem como à reparação dos danos mínimos causados em razão da prática do crime 
de peculato em detrimento de bens da União. Renato tomou ciência da sentença e 
recorreu para anular o feito, em razão da inépcia da denúncia. Régis, por sua vez, 
recorreu para diminuir a pena a ele aplicada, alegando não ter sido considerada a 
 
 
42 
circunstância de sua primariedade. O Ministério Público deixou transcorrer o prazo 
recursal sem a interposição de recurso. 
Diante desse contexto, é CORRETO afirmar que: 
(A) a União poderá interpor recurso de apelação, visando ao agravamento da pena de 
ambos os condenados e à majoração da reparação mínima dos danos, no prazo de 15 
dias após decorrido prazo do Ministério Público; 
(B) o provimento do recurso de apelação interposto por Régis poderá aproveitar a 
Renato, acarretando a diminuição de sua pena, apesar de este não ter recorrido; 
(C) o tribunal não poderá conhecer de recurso da União visando ao aumento da pena 
dos condenados e da reparação dos danos, pois o Ministério Público não recorreu; 
(D) o provimento do recurso de Renato, por parte do tribunal, não poderá aproveitar a 
Régis, em razão da diversidade de fundamentos de cada impugnação recursal; 
(E) a União não poderá interpor recurso, pois não se habilitou anteriormente como 
assistente de acusação durante o processo de primeiro grau. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
(A) CORRETA. De acordo com o art. 598 do CPP, "nos crimes de competência do Tribunal 
do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério 
Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda 
que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação". 
No caso em questão, a União, como vítima do crime de peculato, tem legitimidade para 
recorrer após o término do prazo do MP, podendo pleitear o agravamento das penas e a 
majoração da reparação mínima de danos. 
Dispõe o art. 577 do CPP que recurso poderá ser interposto: 
a) pelo Ministério Público; 
b) ou pelo querelante; 
c) ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. 
A ausência do assistente de acusação no rol de legitimados do art. 577 do CPP não 
decorreu de impropriedade legislativa tampouco de um descuido do legislador. 
Em verdade, o assistente de acusação não está previsto no referido dispositivo como 
legitimado recursal, porque nele estão arrolados os sujeitos processuais que podem 
ingressar com qualquer recurso entre os previstos em lei. 
 
 
43 
São os chamados legitimados gerais, nos quais não se enquadra o assistente do 
Ministério Público, cuja legitimidade é restrita e subsidiária (supletiva). 
Diz-se restrita a legitimação do assistente, porque, em tese, somente poderá ele recorrer 
nos casos expressamente previstos em lei, quais sejam: 
a) Apelar da sentença, com fundamento no art. 598 do CPP (nos 
crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se 
da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público 
no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas 
no art. 31, AINDA QUE NÃO SE TENHA HABILITADO COMO 
ASSISTENTE, poderá interpor apelação, que não terá, porém, 
efeito suspensivo); 
b) Apelar da decisão de impronúncia, com fundamento no art. 
584, § 1.º, c/c os arts. 416 e 598 do CPP; 
c) Recorrer em sentido estrito da decisão que julgar extinta a 
punibilidade pela prescrição ou outra causa, com base no art. 
584, § 1.º, c/c o art. 598 do CPP. 
Diz-se subsidiária ou supletiva a legitimidade recursal do assistente porque, MESMO 
NAS HIPÓTESES EM QUE PODE SE INSURGIR, fica ele condicionado a que NÃO TENHA 
O MINISTÉRIO PÚBLICO RECORRIDO DA RESPECTIVA DECISÃO. Se o Ministério Público 
interpuser recurso contra a decisão judicial, é necessário distinguir duas situações: 
1) Sendo parcial o 
recurso do Ministério 
Público 
Poderá o assistente insurgir-se em relação à parte da 
decisão não abrangida pela impugnação do Promotor 
de Justiça. 
 
2) Abrangendo o recurso 
ministerial toda a decisão 
recorrida 
Apenas poderá o assistente arrazoar tal insurgência. 
Neste caso, o recurso do Ministério Público terá duas 
razões recursais: as oferecidas pelo próprio promotor de 
justiça recorrente e aquelas deduzidas pelo assistente. 
Isto se extrai da parte final do art. 271 do CPP, quando 
refere que o assistente poderá “arrazoar os recursos 
interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, 
nos casos dos arts. 584, § 1.º, e 598”. Este artigo nos 
permite concluir que o assistente de acusação poderá 
arrazoar todo e qualquer recurso interposto pelo 
Ministério Público, mas, quanto aos por ele próprio 
interpostos, apenas poderá oferecer razões nas 
hipóteses dos arts. 584, § 1.º, e 598, porque, 
simplesmente, apenas nestes casos é que pode ele 
recorrer. 
 
 
 
44 
Neste caso, como o ente público foi diretamente lesado pelos crimes mencionados e o 
Ministério Público não interpôs recurso, é legítima sua atuação como assistente de 
acusação, podendo, assim, apresentar o recurso cabível. 
(B) e (D) INCORRETAS. O efeito extensivo, previsto no art. 580 do Código de Processo 
Penal, permite que o resultado favorável de um recurso interposto por um dos réus seja 
estendido aos demais acusados que não tenham recorrido, desde que os fundamentos 
do recurso não sejam de caráter exclusivamente pessoal. 
Art. 580 do CPP - No caso de concurso de agentes (CP, art. 25), 
a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em 
motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, 
aproveitará aos outros. 
Outro aspecto importante é o de que, para efeitos da extensão, não basta que todos os 
réus tenham sido acusados no mesmo processo, sendo necessário que a eles tenha sido 
imputado o mesmo crime, em concurso de agentes (autoria ou participação). 
No caso analisado, a primariedade requeridas por Regis é de natureza personalíssima e, 
portanto, não podem beneficiar Renato. Por outro lado, o recurso interposto por Renato, 
que busca a inépcia da exordial acusatória, pode sim beneficiar Regis, já que tal 
fundamento não é de caráter exclusivamente pessoal. 
ATENCÃO!O art. 580 do CPP não pode ser aplicado quando: 
a) o réu que estiver requerendo a extensão da decisão não participar da mesma relação jurídico-
processual daquele que foi beneficiado. O requerente será, neste caso, parte ilegítima; 
b) se invoca extensão da decisão para outros processos que não foram examinados pelo órgão julgador. 
Isso porque neste caso, o que o requerente está pretendendo é obter a transcendência dos motivos 
determinantes para outro processo, o que não é admitido pela jurisprudência do STF. STF. 1ª Turma. 
HC 137728 EXTN/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/5/2017 (Info 867). 
 
 
(C) INCORRETA. Vide fundamentos à assertiva ‘‘A’’ 
(E) INCORRETA. Vide fundamentos à assertiva ‘‘A’’ 
_______________________________________________________________________ 
28. Heitor, valendo-se da regra que dispõe que o habeas corpus pode ser impetrado por 
qualquer pessoa, ajuizou a referida ação em favor de seu inimigo declarado Aquiles, que 
sofria coação em sua liberdade de locomoção por força de ato de juiz federal de primeiro 
grau. Contudo, Heitor foi propositalmente desidioso quanto à referida ação, pois visava 
à improcedência do pedido por ele formulado em favor de Aquiles, que não autorizou a 
impetração. 
 
 
45 
Diante desse contexto, é CORRETO afirmar que: 
(A) o conhecimento do habeas corpus pela superior instância depende de manifestação 
favorável do Ministério Público; 
(B) a decisão de improcedência no habeas corpus vincula Aquiles, que foi substituído 
processualmente por Heitor; 
(C) o conhecimento do habeas corpus pela superior instância pressupõe o 
consentimento de Aquiles à impetração de Heitor; 
(D) a decisão de improcedência no habeas corpus vincula o Ministério Público, que não 
poderá impetrar novo habeas corpus; 
(E) o conhecimento do habeas corpus pela superior instância pressupõe impetração por 
advogado constituído por parte de Heitor. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
Conquanto conste de normas internas de diversos órgãos jurisdicionais, inclusive do 
Regimento Interno do STF, que a oposição do paciente configuraria óbice ao 
conhecimento do habeas corpus, tais previsões devem ser compreendidas com 
ressalvas. 
O dissenso do paciente ou de sua defesa técnica pode, de fato, figurar como legítimo 
obstáculo ao conhecimento da impetração, notadamente em casos em que, por 
exemplo, o HC possa ser manejado com desvio de finalidade, tendo por escopo tão 
somente conferir notoriedade ao impetrante ou, ainda que não intencionalmente, a 
impetração possa acarretar atropelo da estratégia defensiva e submissão precoce de 
teses defensivas ao crivo do Estado-Juiz. 
Registre-se que, a Segunda Turma STF, em impetrações formalizadas por terceiros 
alheios à defesa técnica que patrocina os interesses do paciente, tem afirmado o não 
conhecimento de habeas corpus que possam, ainda que indireta e não deliberadamente, 
desvirtuar a função protetiva da referida garantia constitucional e acarretar prejuízos ao 
desenvolvimento das atividades da defesa técnica constituída. 
PEDRINA, Gustavo et al. Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal. São Paulo (SP): 
Editora Revista dos Tribunais. 2019. 
(...)É por essa razão que o Supremo Tribunal Federal, em situações como a que se 
registra nestes autos, tem decidido, com apoio no preceito regimental mencionado, 
que “Não se deve conhecer do pedido de ‘habeas corpus’, quando este, ajuizado 
originariamente perante o Supremo Tribunal Federal, é desautorizado pelo próprio 
paciente (RISTF, art. 192, parágrafo único)...” (RTJ 161/475, Rel. Min. CELSO DE 
MELLO) 
 
 
46 
REGIMENTO INTERNO STF 
Art. 192. Quando a matéria for objeto de jurisprudência consolidada do Tribunal, o 
Relator poderá desde logo denegar ou conceder a ordem, ainda que de ofício, à vista 
da documentação da petição inicial ou do teor das informações. 
(...) 
§ 3o Não se conhecerá de pedido desautorizado pelo paciente. 
Ademais, cumpre destacar que, consoante o art. 654 CPP e a jurisprudência consolidada, 
o Ministério Público dispõe de legitimidade ativa ‘ad causam’ para ajuizar, em favor de 
terceiros, a ação de ‘habeas corpus’. 
_______________________________________________________________________ 
29. Luigi e Filippo, funcionários públicos, foram indiciados formalmente em inquérito 
policial pelos crimes de estelionato, corrupção e lavagem de dinheiro. O Ministério 
Público, quando do oferecimento da denúncia, constatou que não havia bens no 
patrimônio de Luigi relativos ao produto ou proveito dos crimes, sendo que seus bens 
foram localizados no exterior. Filippo, por sua vez, tinha patrimônio totalmente 
incompatível com seus ganhos lícitos, em valores superiores ao produto ou proveito dos 
crimes. 
Diante desse contexto, é CORRETO afirmar que: 
(A) o Ministério Público poderá requerer o sequestro alargado dos bens de Luigi; 
(B) o juiz, quando da sentença condenatória, poderá decretar de ofício a perda alargada 
dos bens de Filippo; 
(C) o Ministério Público poderá requerer o sequestro pelo equivalente dos bens de 
Filippo; 
(D) o juiz, quando da sentença condenatória, poderá decretar de ofício a perda alargada 
dos bens de Luigi; 
(E) o Ministério Público poderá requerer o sequestro pelo equivalente dos bens de Luigi. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
A prática de uma infração penal não apenas desencadeia a pretensão punitiva do 
Estado, mas também pode resultar em danos patrimoniais à vítima, conferindo-lhe o 
direito ao correspondente ressarcimento. Esse ressarcimento pode ser obtido de 
diversas maneiras: 
 
 
47 
• Voluntariamente, quando o agressor, sem a necessidade de uma ação judicial, opta 
por reparar o dano patrimonial causado pela infração penal; 
• Nos Juizados Especiais Criminais, em casos de infrações de menor potencial ofensivo, 
por meio da composição dos danos cíveis, conforme o art. 74 da Lei 9.099/1995; 
• Por aceitação da proposta de suspensão condicional do processo, conforme o art. 89 
da Lei 9.099/1995, sendo a reparação do dano cível uma condição obrigatória; 
• Por meio de busca e apreensão, quando são confiscados os produtos do crime. 
Na ausência de acordo para a reparação do prejuízo por meio dessas formas, a vítima 
tem a opção de recorrer à via judicial, utilizando o direito de ação como meio de 
compelir o autor do dano a reparar o prejuízo. Nesse caso, a lei oferece duas 
alternativas: 
1) AÇÃO DE EXECUÇÃO EX DELICTO 2) AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
 
Aguardar o trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória para, 
posteriormente, executá-la no âmbito 
cível. 
Arts. 63 do CPP; 515, VI, do CPC 2015; e 
91, I, do CP. 
Ingressar imediatamente com uma ação 
de indenização na esfera cível. Com 
fulcro no art. 64 do CPP, para obter um 
título executivo que viabilize a reparação 
do prejuízo. 
 
Se a escolha recair sobre a primeira opção (ação de execução ex delicto, com base no 
art. 63 do CPP), o interessado não pode utilizar o Código de Processo Civil para garantir 
os bens do autor do crime e impedir que ele os alienasse antes do término da ação 
penal. Isso ocorre porque, conforme o regimento desse diploma, as tutelas cautelares 
requerem a existência de uma ação principal já em curso ou a ser ajuizada no prazo 
máximo de trinta dias após a efetivação da cautela, como estabelece o art. 308, caput, 
1.ª parte, do CPC/2015. Isso não é o desejado pelo lesado, que, como mencionado, 
aguarda o trânsito em julgado da decisão na esfera penal. 
Nesse cenário, surgem as medidas assecuratórias como autênticas ações cautelares 
previstas no CPP. Essas medidas têm o propósito de garantir que a vítima possa reaver 
seu prejuízo por meio do patrimônio do réu, caso este não efetue o ressarcimento de 
forma voluntária, e assegurar que o condenado perca todos os bens adquiridos com os 
proventos da prática criminosa. 
O sequestro,como primeira medida assecuratória regulada pelo CPP, desempenha um 
papel crucial ao reter os bens móveis e imóveis do indiciado ou acusado, mesmo que 
estejam em posse de terceiros, quando adquiridos com o proveito da infração penal. 
Essa medida visa evitar que o detentor desses bens os dissipe durante o curso da ação 
 
 
48 
penal, garantindo assim a indenização da vítima ou impedindo que o agente obtenha 
lucro com a atividade criminosa, conforme estipulado pelo art. 125 do CPP. 
O sequestro não apenas impede o enriquecimento ilícito do imputado, mas também 
assegura os efeitos extrapenais da sentença condenatória transitada em julgado, tais 
como a reparação do dano causado pela infração penal e a perda dos bens adquiridos 
com os proventos do crime, conforme previsto no art. 91, I e II, b, 2.ª parte, do Código 
Penal. 
O SEQUESTRO GARANTE OS EFEITOS EXTRAPENAIS DA SENTENÇA CONDENATÓRIA, MAS 
É IMPORTANTE DESTACAR QUE NÃO SE CONFUNDE COM ELES. 
Esta medida se destina a recolher os proventos do crime, representando tudo o que o 
agente adquiriu utilizando os ganhos ilícitos, como carros, joias, apartamentos e 
terrenos adquiridos com o dinheiro subtraído da vítima. Se não houver ofendido 
buscando indenização, os proventos do delito são confiscados pela União, nos termos 
do art. 91, II, b, do Código Penal. 
O sequestro pode ser solicitado tanto durante o processo criminal quanto na fase 
anterior a este, conforme estabelece o art. 127 do CPP. Não é necessário a existência de 
inquérito policial, como expresso pelo legislador. 
Para que o sequestro seja determinado, é imprescindível a existência de indícios 
veementes da origem ilícita dos bens, como previsto no art. 126 do CPP. Esses indícios 
são meios indiretos de prova, conforme a definição do art. 239 do CPP. O ingresso dessa 
medida não exige prova plena, mas requer indícios fortes de que o bem sequestrado foi 
adquirido com os proventos da infração penal. 
O art. 127 do CPP especifica que o sequestro pode ser solicitado pelo Ministério Público, 
pelo ofendido, seu representante legal ou herdeiros (se morto). A autoridade policial 
também pode representar ao juiz pela necessidade de sequestro na fase investigatória. 
Recentemente, a Lei 13.367/2016 introduziu a possibilidade de o presidente de 
Comissão Parlamentar de Inquérito, com a aprovação desta, solicitar medidas 
cautelares necessárias, incluindo o sequestro, ao juízo criminal competente quando 
houver indícios veementes da proveniência ilícita de bens, conforme o art. 3.º-A da Lei 
1.579/1952. 
O art. 127 também prevê a possibilidade de o juiz ordenar o sequestro de ofício, 
independentemente de provocação, em qualquer fase do processo ou antes de 
oferecida a denúncia ou a queixa. Apesar dessa previsão, a prática doutrinária e 
jurisprudencial tem se inclinado a coibir a atuação de ofício pelo juiz na fase 
investigativa, considerando que essa etapa se destina naturalmente à produção de 
provas para a ação penal. 
Diante dessa explanação, é importante destacar a distinção entre o sequestro e a busca 
e apreensão. O sequestro de bens móveis ocorre em relação às coisas adquiridas com o 
provento da prática criminosa (produto indireto do ilícito), enquanto a busca e 
apreensão se aplica às coisas obtidas diretamente por meios criminosos e instrumentos 
do crime (produto direto do ilícito). Por exemplo, o sequestro é apropriado quando 
 
 
49 
alguém, após cometer um crime, adquire patrimônio em valor equivalente ao obtido 
ilegalmente, omitindo esse bem da declaração de bens junto à Receita Federal. Por 
outro lado, se o crime envolver o furto de um carro que é posteriormente localizado em 
uma garagem, a busca e apreensão é a medida adequada, pois o veículo é o produto 
direto do ilícito. 
MAS ATENÇÃO! O que seria o sequestro por equivalência narrado no enunciado? 
O sequestro por equivalência, também conhecido como sequestro subsidiário, 
constitui uma exceção ao pressuposto básico do sequestro assecuratório (art. 125 
caput do CPP), que impõe a medida sobre bens ilícitos, ou seja, aqueles provenientes 
direta ou indiretamente de infrações penais. O termo “subsidiário” reflete o caráter 
alternativo da medida, aplicada quando há dificuldade ou frustração na localização dos 
bens originados do crime. 
Essa medida tem cabimento quando os produtos ou o proveito do crime não forem 
localizados ou estiverem no exterior. Nessas hipóteses, o sequestro poderá recair sobre 
bens ou valores de origem lícita que possuam valor equivalente ao benefício obtido por 
meio do delito. De maneira análoga – embora o instituto não se confunda com o 
sequestro por equivalência – a “perda de bens pelo equivalente” ocorre ao término do 
processo, efeito da sentença penal condenatória, quando não se localizam os produtos 
ou benefícios ilícitos, acarretando o confisco de bens e valores legítimos com valor 
correspondente aos obtidos pelo crime. 
Esses institutos foram introduzidos no ordenamento jurídico brasileiro com a Lei nº 
12.694/2012, que adicionou os §§1º e 2º ao art. 91 do Código Penal. Antes dessa 
inovação, o sequestro e a perda de bens frequentemente fracassavam, justamente pela 
dificuldade de localizar ativos que eram destinados a paraísos fiscais ou utilizados na 
lavagem de dinheiro. 
(A) INCORRETA. O CONFISCO ALARGADO não se confunde com o sequestro. O confisco 
é a perda de bens ou perdimento. Visa neutralizar os lucros e restaurar o status anterior 
à prática delitiva, como forma de impedir e desestimular a reincidência. Requer expressa 
declaração do perdimento na sentença condenatória. 
 O Código Penal prevê̂ três modalidades, que constituem efeitos da condenação 
criminal: 
1. Confisco genérico (art. 91, II, do CP); 
2. Confisco por equivalente (art. 91, §§ 1º e 2º, do CP); 
3. Confisco alargado (art. 91-A do CP). 
 Já o sequestro é uma medida constritiva CAUTELAR voltada para a retenção de bens 
móveis e imóveis do indiciado ou acusado, ainda que em poder de terceiros, quando 
adquiridos com PROVENTOS de crime, para que não se desfaça deles DURANTE O CURSO 
DA AÇÃO PENAL. O objetivo é assegurar a indenização da vítima ou impossibilitar que 
o agente fique com o lucro da atividade criminosa. 
 
 
50 
(B) e (D) INCORRETAS. O Pacote Anticrime introduziu no Código Penal o art. 91-A, que 
regula o chamado confisco alargado – também conhecido como confisco ampliado ou 
perda alargada – uma medida que, como efeito secundário da sentença penal 
condenatória, permite a apreensão de bens equivalentes ao produto ou ao proveito do 
crime. Importante ressaltar que O JUIZ NÃO PODE DECRETAR A PERDA ALARGADA DE 
BENS DE OFÍCIO. Essa medida deve ser solicitada expressamente pelo Ministério Público 
no momento do oferecimento da denúncia, acompanhado da indicação da diferença 
patrimonial apurada. Por sua vez, o condenado tem a oportunidade de demonstrar a 
inexistência de incompatibilidade ou comprovar a origem lícita do patrimônio, conforme 
estabelecido no art. 91-A, §§2º e 3º, do Código Penal. 
(C) INCORRETA. Para Filippo, o Ministério Público poderia ter requerido o confisco 
alargado, e não o confisco por equivalência, uma vez que seu patrimônio era 
manifestamente incompatível com seus ganhos lícitos. 
O confisco alargado não se confunde com o confisco por equivalência, inserido nos §§ 
1° e 2° do art. 91 pela Lei 12.694/12. O primeiro se caracteriza por uma extensão do 
perdimento a bens que, embora não estejam ligados diretamente ao crime que está 
sendo julgado, de alguma forma provêm de atividades ilegais, tanto que seu conjunto é 
incompatível com o rendimento lícito do condenado. 
Já o segundo se impõe nas situações em que o produto ou o proveito direto do crime 
julgado não é encontrado ou se localiza no exterior, quando então se autoriza a medida 
sobre bens equivalentes que possam constituir o patrimônio lícito do condenado, como 
no caso de Luigi. 
(E) CORRETA. Como vimos, o sequestro é uma medida cautelar real que incide sobre 
bensou valores equivalentes proveito do crime, com o objetivo de possibilitar, dentre 
outros efeitos, a posterior decretação de sua perda em favor da União, conforme os 
artigos 125 e seguintes do CPP e o disposto no art. 91, §2º, do CP. 
No que se refere à perda pelo equivalente, trata-se de um efeito da condenação que 
resulta no confisco dos instrumentos ou produtos do crime, conforme os termos do art. 
91, inciso II, alíneas "a" e "b", e do §1º do CP. Tais medidas, entretanto, somente são 
aplicáveis quando os produtos ou o proveito do crime não forem localizados ou 
estiverem no exterior. 
Nesse sentido, estabelece o CP: 
Art. 91, § 1o , CP - Poderá ser decretada a perda de bens ou 
valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando 
estes não forem encontrados ou quando se localizarem no 
exterior. 
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na 
legislação processual poderão abranger bens ou valores 
equivalentes do investigado ou acusado para posterior 
decretação de perda. 
_______________________________________________________________________ 
 
 
51 
30. Washington e Wellington foram denunciados pelos crimes de tráfico de armas e 
tráfico internacional de entorpecentes. Durante a instrução criminal, o Ministério 
Público não requereu que fossem juntados aos autos os laudos definitivos relativos às 
armas e às drogas apreendidas e, afirmando não haver prova segura da materialidade 
delitiva, opinou pela absolvição dos acusados em alegações finais. 
Nesse contexto, é CORRETO afirmar que o juiz: 
(A) não está vinculado ao pedido de absolvição formulado pelo Ministério Público, mas, 
em razão de sua imparcialidade, não poderá requisitar a juntada dos laudos faltantes aos 
autos; 
(B) está vinculado ao pedido de absolvição formulado pelo Ministério Público, pois este 
é o titular da ação penal e desta desistiu formalmente; 
(C) não está vinculado ao pedido de absolvição formulado pelo Ministério Público e 
desfruta de poderes instrutórios para requisitar a juntada dos laudos faltantes aos autos; 
(D) está vinculado ao pedido de absolvição formulado pelo Ministério Público, se este 
pedido for ratificado pela defesa dos acusados em suas alegações finais; 
(E) não está vinculado ao pedido de absolvição formulado pelo Ministério Público, 
devendo, porém, extinguir o feito sem análise do mérito diante da preclusão probatória. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
O artigo 385 do CPP estabelece que o juiz não está vinculado ao pedido de absolvição 
feito pelo MP nas alegações finais, permitindo que profira sentença condenatória se 
entender que existem elementos suficientes nos autos que comprovem a 
responsabilidade penal do acusado. 
Em recente decisão, o ministro Rogério Schietti, do STJ, afirmou que este dispositivo está 
em harmonia com o sistema acusatório adotado no Brasil e não foi tacitamente revogado 
pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime), que introduziu o artigo 3º-A ao CPP, o qual 
reforça os limites do sistema acusatório. 
Segundo o entendimento do STJ, a manifestação do MP, ainda que favorável à absolvição, 
não descaracteriza a pretensão acusatória inicialmente formulada na denúncia. O 
promotor de justiça, ao opinar pela absolvição, não "desiste" da ação penal, mas exerce 
seu papel no processo, que abrange tanto a busca pela condenação quanto pela 
absolvição, se esta se revelar a medida justa. Assim, a independência funcional da 
magistratura é preservada, permitindo ao juiz analisar de forma plena os elementos 
probatórios constantes nos autos e decidir com base no princípio da busca pela verdade 
real. 
O princípio da correlação obriga o magistrado a se vincular aos fatos descritos na 
denúncia, mas não às interpretações jurídicas ou pedidos formulados pelas partes. Exigir 
 
 
52 
que o juiz siga, obrigatoriamente, o pedido do MP pela absolvição subverteria a estrutura 
acusatória, pois retiraria do julgador sua independência para avaliar os fatos e provas de 
forma imparcial, solapando a indelegabilidade e a indeclinabilidade da jurisdição. 
ADPF 1122: 
A questão também está sendo discutida no STF por meio da ADPF 1122, ajuizada 
pela Anacrim, que argumenta que permitir ao juiz decidir contrariamente ao pedido de 
absolvição do MP afrontaria o sistema acusatório e a paridade de armas entre acusação 
e defesa. O caso, que tramita sob a relatoria do ministro Edson Fachin, busca um 
pronunciamento definitivo sobre a interpretação do artigo 385 do CPP e sua 
compatibilidade com os princípios constitucionais. 
_______________________________________________________________________ 
31. Ruy e Rodrigo, servidores públicos federais, foram vítimas do crime de injúria racial 
praticado por Rafael, que foi formalmente indiciado em inquérito policial. Os autos do 
inquérito foram relatados e remetidos ao Ministério Público, que, no prazo legal, 
entendeu pela atipicidade da conduta de Rafael e decidiu promover o arquivamento do 
feito, notificando as vítimas, a autoridade policial e o juízo. Passados três meses da 
notificação, Ruy ajuizou ação penal subsidiária da pública em face de Rafael, sendo que 
Rodrigo não tomou qualquer providência. 
Diante desse contexto, a ação penal subsidiária: 
(A) poderá ser recebida pelo juízo em razão de o crime ser imprescritível e não ter 
ocorrido a decadência; 
(B) não poderá ser recebida pelo juízo, pois houve renúncia ao direito de queixa por 
parte de Rodrigo; 
(C) poderá ser recebida pelo juízo, pois o Ministério Público não ajuizou a ação penal, 
que é pública incondicionada; 
(D) não poderá ser recebida pelo juízo, pois o Ministério Público promoveu o 
arquivamento no prazo legal; 
(E) não poderá ser recebida pelo juízo, pois houve a perempção do direito de queixa 
subsidiária por parte de Ruy. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
Quando o Ministério Público requer o arquivamento do inquérito policial, não se verifica 
qualquer inércia ou desídia na atuação ministerial, de modo que não há espaço para a 
propositura de ação penal privada subsidiária da pública. 
 
 
53 
Ademais, no caso narrado, a ação penal é pública incondicionada, pois a Lei nº 14.532, 
ao equiparar a injúria racial ao crime de racismo, suprimiu a exigência de representação 
prévia. A imprescritibilidade dessa modalidade permanece inalterada, uma vez que o 
STF já a reconhecera como forma de racismo, e o legislador apenas reforçou esse 
entendimento consolidado em nossa jurisprudência. 
Caso o aluno deseje revisar, sobre o arquivamento do inquérito policial: 
A Lei nº 13.964/2019 alterou a redação do art. 28 do CPP, que tem atualmente a 
seguinte redação: 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de 
quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o 
órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao 
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos 
para a instância de revisão ministerial para fins de 
homologação, na forma da lei. 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar 
com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo 
de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, 
submeter a matéria à revisão da instância competente do 
órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei 
orgânica. 
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em 
detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do 
arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela 
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. 
O STF atribuiu interpretação conforme à Constituição ao dispositivo para assentar 
que: 
 
1) Mesmo sem previsão legal expressa, o MP possui o dever 
de submeter a sua manifestação de arquivamento à 
autoridade judicial. Assim, ao se manifestar pelo 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos 
informativos da mesma natureza, o órgão do MinistérioPúblico submeterá sua manifestação ao juiz competente e 
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial. 
2) Não existe uma obrigatoriedade de o MP encaminhar os 
autos para o PGJ (MPE) ou para a Câmaras de Coordenação e 
Revisão (MPF). Segundo decidiu o STF, o membro do 
Ministério Público poderá encaminhar os autos para o 
Procurador-Geral ou para a instância de revisão ministerial, 
quando houver, para fins de homologação, na forma da lei. 
 
 
54 
3) Mesmo sem previsão legal expressa, o juiz pode provocar 
o PGJ ou a CCR caso entenda que o arquivamento é ilegal ou 
teratológico. Desse modo, além da vítima ou de seu 
representante legal, a autoridade judicial competente 
também poderá submeter a matéria à revisão da instância 
competente do órgão ministerial, caso verifique patente 
ilegalidade ou teratologia no ato do arquivamento. Se o juiz 
entender que a manifestação de arquivamento foi correta, ele 
não precisa proferir decisão homologatória. Basta se manter 
inerte. 
STF. Plenário. ADI 6.298/DF, ADI 6.299/DF, ADI 6.300/DF e ADI 
6.305/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 24/08/2023 (Info 
1106). 
Pela interpretação dada pelo STF, verifica-se uma mescla entre o “antigo” art. 28 
(anterior ao “Pacote Anticrime”) e o “novo” art. 28 (aquele com a redação dada pelo 
“Pacote Anticrime”). 
É que, de um lado, retomou-se a sistemática do “antigo” art. 28 do CPP no sentido de 
autorizar ao juiz, de alguma forma, o controle do arquivamento do inquérito policial 
promovido pelo Ministério Público. 
De outro lado, adota-se a previsão do “novo” art. 28 do CPP quando se estabelece 
que o arquivamento do inquérito é providência que emana da manifestação do 
Ministério Público, a qual NÃO DEPENDERÁ MAIS DE UMA DECISÃO JUDICIAL 
HOMOLOGATÓRIA para produzir efeitos. 
Nesse passo, a manifestação ministerial deverá ser comunicada pela instituição ao 
delegado, ao investigado e à vítima. Porém, apesar do silêncio da lei, o STF acrescentou 
que o Ministério Público deverá submeter sua manifestação de arquivamento ao juiz 
competente, o qual irá analisá-la. 
Tanto a VÍTIMA quanto o MAGISTRADO podem provocar, de modos e por 
fundamentos distintos, o órgão superior do Parquet a rever o ato. 
Ao ser informada pelo Ministério Público do arquivamento promovido pelo órgão, a 
vítima terá o prazo de 30 (trinta) dias para impugnar este ato perante a instância de 
revisão ministerial, por meio de um simples “recurso administrativo” (ou “recurso 
inominado” ou ainda “pedido de reexame”), sem qualquer necessidade de externar 
os motivos da sua impugnação, podendo inclusive afirmar que apresenta a sua 
irresignação tão somente porque não concorda com o arquivamento. 
Por sua vez, o juiz competente (em regra, o juiz das garantias) analisará a 
manifestação ministerial de arquivamento. Se ele concordar com tal manifestação, 
não irá proferir qualquer decisão (homologatória), devendo apenas ficar inerte; ou 
seja, o magistrado irá aceitar o arquivamento. Não há mais, portanto, pedido de 
arquivamento formulado pelo Ministério Público e dirigido ao juiz; LOGO, DEIXA DE 
 
 
55 
EXISTIR DECISÃO JUDICIAL HOMOLOGATÓRIA DE ARQUIVAMENTO, conforme o 
prof. Leonardo Barreto. 
Por outro lado, se discordar do arquivamento e desde que vislumbre patente 
ilegalidade ou teratologia no ato, SUBMETERÁ A MATÉRIA À INSTÂNCIA DE REVISÃO 
MINISTERIAL. Entende-se que o magistrado terá o mesmo prazo de 30 (trinta) dias 
atribuído à vítima para provocar o órgão superior do Parquet para rever o 
arquivamento. 
Ademais, ainda que o caput do art. 28 do CPP afirme que o arquivamento será 
“ordenado” pelo Ministério Público, na verdade, pelo que decidiu o STF, não há 
propriamente uma ordem, mas sim uma manifestação de arquivamento, que, para 
produzir efeitos, depende ou da não provocação da instância de revisão ministerial 
pela vítima e pelo juiz após 30 (trinta) dias, ou da confirmação (homologação) por essa 
instância, se ela for provocada pela vítima ou pelo magistrado. 
Tal manifestação, ao contrário também do texto expresso deste dispositivo, não será 
sempre encaminhada à instância de revisão ministerial pelo membro do Parquet que 
arquivou o inquérito; esse encaminhamento ocorrerá apenas e tão somente se 
houver provocação da instância de revisão ministerial por parte da vítima ou do juiz 
competente. 
Nessa esteira, no âmbito estadual, a instância de revisão ministerial será, em regra, o 
Procurador-Geral de Justiça, ou, excepcionalmente, se especificado em lei, outro 
órgão interno da instituição; no âmbito do Ministério Público Federal, serão as 
Câmaras de Coordenação e Revisão. 
_______________________________________________________________________ 
32. Juan, Pablo e Oscar foram processados pelo Ministério Público pela prática dos 
crimes de associação criminosa e tráfico internacional de pessoas. Juan foi citado por 
edital e constituiu advogado em juízo para se defender; Pablo se encontra em lugar 
sabido na Bolívia e foi expedida carta rogatória para a sua citação; Oscar, por sua vez, foi 
citado pessoalmente, mas não apresentou resposta à acusação. 
Diante do contexto narrado, é CORRETO afirmar que: 
(A) o curso do processo e da prescrição não serão suspensos em relação a Juan e Oscar, 
sendo o curso da prescrição suspenso em relação a Pablo até o cumprimento da 
rogatória; 
(B) o curso do processo e da prescrição serão suspensos em relação a Juan e Pablo, 
seguindo o processo e o prazo prescricional, sem suspensões, em relação a Oscar; 
(C) o curso do processo e do prazo prescricional serão suspensos em relação a Pablo até 
o cumprimento da rogatória, sendo o curso do processo suspenso em relação a Juan e 
Oscar; 
(D) o curso da prescrição será interrompido em relação a Juan e Oscar e será suspenso 
em relação a Pablo até o cumprimento da carta rogatória; 
 
 
56 
(E) o curso do processo e da prescrição serão interrompidos em relação a Pablo até o 
cumprimento da rogatória, sendo o curso do processo suspenso em relação a Juan. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
No processo penal, há duas espécies de citação: 
1. Citação real (pessoal): ocorre quando o acusado é comunicado diretamente, 
recebendo ele mesmo a intimação. 
Subespécies: 
a) Citação por mandado (art. 351); 
b) Citação por carta precatória (art. 353); 
c) Citação de militar (art. 358); 
d) Citação de funcionário público (art. 359); 
e) Citação de acusado preso (art. 360); 
f) Citação de acusado no estrangeiro (art. 368); 
g) Citação em legações estrangeiras (art. 369). 
2. Citação ficta (presumida): ocorre quando o acusado não é encontrado para ser 
citado pessoalmente. Nesse caso, a lei presume que ele tomou ciência do 
processo desde que cumpridos requisitos legais. 
Subespécies: 
a) Citação por edital (art. 361); 
b) Citação por hora certa (art. 362). 
Caso prático narrado na questão: 
Quanto a Pablo: 
Pablo encontrava-se na Bolívia e será citado por carta rogatória. Neste caso, aplica-se 
o art. 368 do CPP, que determina a suspensão do prazo prescricional até o 
cumprimento da carta rogatória. O curso do processo não é suspenso, sendo que a 
suspensão se restringe apenas ao prazo prescricional. 
Art. 368 do CPP: "Estando o acusado no estrangeiro, em lugar 
sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o 
curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento." 
Carta de ordem Carta rogatória Carta precatória 
Serve para que um 
Tribunal delegue a juízo 
Ocorre quando um juízo 
solicita que outro juízo 
Ocorre quando um juízo 
solicita que outro juízo, de 
 
 
57 
inferior “subordinado” a 
ele a prática de 
determinado ato 
processual. 
 
pratique determinado ato 
processual fora do país. 
 
 
igual hierarquia, pratique 
determinado ato processual, 
nos limites de sua 
competência, dentro do 
Brasil. 
 
Assim, estão INCORRETOS os itens (B), (C), (E). 
(A) CORRETA. 
Juan Pablo Oscar 
Citado por edital.Se encontra em lugar 
sabido na Bolívia e foi 
expedida carta rogatória. 
 
Citado pessoalmente. 
Constituiu advogado em 
juízo. 
 
Apenas o prazo 
prescricional fica 
SUSPENSO até o 
cumprimento da carta, 
não havendo suspensão 
do processo. 
Não apresentou resposta à 
acusação, processo segue. 
Juiz nomeará defensor 
para oferecê-la, 
concedendo-lhe vista dos 
autos por 10 (dez) 
dias. 
O curso do processo segue 
normalmente. 
Art. 368 do CPP: "Estando 
o acusado no estrangeiro, 
em lugar sabido, será 
citado mediante carta 
rogatória, suspendendo-se 
o curso do prazo de 
prescrição até o seu 
cumprimento." 
 
Art. 396-A, § 2o do CPP: 
‘‘Não apresentada a 
resposta no prazo legal, ou 
se o acusado, citado, não 
constituir defensor, o juiz 
nomeará defensor para 
oferecê-la, concedendo-
lhe vista dos autos por 10 
(dez) dias. ‘’ 
 
(D) INCORRETA. Vide comentários anteriores. 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO ECONÔMICO E DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR 
 
33. O juiz da 1ª Vara Federal de Recife identifica que, desde o final de 2023, 
multiplicaram-se exponencialmente os feitos distribuídos por diversos autores, 
 
 
58 
representados pelo mesmo advogado, em face de uma empresa pública de atuação no 
mercado bancário. Passa a exigir, então, a emenda da inicial para a juntada de 
procuração específica ao ajuizamento de cada demanda, bem como de todos os extratos 
de movimentação financeira dos autores no período questionado. Tudo a fim de que se 
demonstre a verossimilhança das alegações do consumidor em ordem a justificar a 
inversão do ônus da prova em seu favor, nos termos do Art. 6º, VIII, do CDC. 
Nesse caso, à luz do recente julgado do Superior Tribunal de Justiça, a decisão: 
(A) é acertada e vai ao encontro da tese repetitiva firmada, desde que fundamentada 
nos elementos de cada caso concreto; 
(B) não poderia influenciar na distribuição do ônus da prova; 
(C) embora seja escorreita no âmbito cível, não se sustenta no âmbito consumerista, em 
que vige o princípio de proteção à parte vulnerável; 
(D) é acertada e vai ao encontro da tese repetitiva firmada apenas quanto à exigência de 
apresentação de procuração específica, desde que fundamentada nos elementos de 
cada caso concreto; 
(E) é acertada e vai ao encontro da tese repetitiva firmada apenas quanto à exigência de 
apresentação dos extratos de movimentação financeira dos autores no período 
questionado, desde que fundamentada nos elementos de cada caso concreto. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
A questão apresentada tem como fundamento a tese firmada pela Corte Especial do 
Superior Tribunal de Justiça no Tema 1.198 dos recursos repetitivos, que trata da atuação 
do magistrado diante de indícios de litigância abusiva. 
A tese repetitiva fixada estabelece que: 
“Constatados indícios de litigância abusiva, o juiz pode exigir, de 
modo fundamentado e com observância à razoabilidade do caso 
concreto, a emenda da petição inicial a fim de demonstrar o 
interesse de agir e a autenticidade da postulação, respeitadas as 
regras de distribuição do ônus da prova.” 
Tal entendimento teve origem no voto do ministro Moura Ribeiro, o qual alertou para o 
aumento de demandas massificadas que, embora sejam expressão legítima do direito 
de ação em sociedades de massa, vêm sendo utilizadas, em muitos casos, de forma 
fraudulenta ou abusiva. Essa situação gera impacto negativo na efetividade da prestação 
jurisdicional e compromete a política judiciária. 
Diante desse contexto, o STJ reconheceu a possibilidade de o magistrado exigir a 
apresentação de documentos complementares, como procuração específica atualizada, 
 
 
59 
extratos bancários, comprovantes de residência ou contratos, com o objetivo de verificar 
a existência de interesse processual e a verossimilhança das alegações, especialmente 
quando há indícios de uso indevido do processo judicial. 
A decisão do juiz da 1ª Vara Federal de Recife, descrita no enunciado da questão, alinha-
se integralmente a essa orientação firmada pelo STJ, pois, ao identificar um possível 
padrão de litigância abusiva, exigiu fundamentadamente: 
• Procuração específica para cada demanda, respeitando o art. 682, IV, do Código 
Civil, que prevê a extinção do mandato após o cumprimento do negócio para o 
qual foi concedido; 
• Documentos que demonstrem a verossimilhança das alegações, em 
consonância com o art. 6º, VIII, do CDC e com o poder-dever do juiz de conduzir 
o processo com segurança e coerência. 
_______________________________________________________________________ 
34. A sociedade empresária Delta, com sede e capital nacional, que se dedica às 
atividades de produção, programação e empacotamento de conteúdo utilizado em 
comunicação audiovisual de acesso condicionado, sugeriu que a Agência Nacional do 
Cinema (Ancine) editasse regulamentação sobre certa temática. De acordo com a 
proposta, seria vedada a oferta de canais, pelos programadores, que contivessem 
publicidade de serviços e produtos direcionados ao público brasileiro, com veiculação 
contratada no exterior, salvo se elaborada por meio de agência de publicidade nacional. 
Ao analisar a proposta de regulamentação, a Ancine concluiu CORRETAMENTE que: 
(A) a matéria, com os contornos almejados, já está disciplinada em lei, não precisando 
ser reproduzida em regulamento; 
(B) a regulação das atividades de programação e empacotamento de conteúdo não é de 
competência da Ancine; 
(C) a proposta afronta a isonomia, além de não estar lastreada em justificativa que 
indique a vulnerabilidade das empresas brasileiras de publicidade; 
(D) a proposta é mero desdobramento da exigência de que as atividades de seleção e 
distribuição da programação sejam privativas de brasileiros natos ou naturalizados há 
mais de dez anos; 
(E) a atuação de operadores estrangeiros na produção, programação e empacotamento 
de conteúdo direcionado ao público brasileiro pressupõe autorização específica, que 
deve prever, a contrario sensu, a restrição proposta por Delta. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
 
 
60 
O enunciado origina-se na ADI 4747/DF. A Lei n. 12.485/2011 — marco regulatório da 
“comunicação audiovisual de acesso condicionado” (TV por assinatura) — estabelece, 
em seu art. 9º, que as atividades de programação e de empacotamento serão reguladas 
e fiscalizadas pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE). 
Já o art. 25 proibia expressamente a oferta, em território nacional, de canais de TV por 
assinatura que veiculassem publicidade comercial dirigida ao público brasileiro, caso 
essa propaganda fosse contratada no exterior por agência de publicidade estrangeira. O 
Supremo Tribunal Federal, contudo, declarou esse dispositivo inconstitucional por violar 
o princípio da isonomia (art. 5º, caput, CF). Para o Plenário, o tratamento diferenciado 
só se justifica por motivos jurídicos razoáveis, sempre passíveis de controle judicial em 
razão da inafastabilidade da jurisdição. 
Ao conferir às empresas brasileiras exclusividade absoluta — e não mera preferência 
percentual — sem estabelecer prazo ou apresentar justificativa concreta sobre a 
vulnerabilidade das agências nacionais, o art. 25 ultrapassou o limite da 
discricionariedade legislativa, tornando-se incompatível com a igualdade prevista na 
Constituição. 
Nesse sentido: 
1. A revisão judicial de marcos regulatórios editados pelo 
legislador requer uma postura de autocontenção em respeito 
tanto à investidura popular que caracteriza o Poder Legislativo 
quanto à complexidade técnica inerente aos temas a que o Poder 
Judiciário é chamado a analisar pela ótica estrita da validade 
jurídica. 2. A competência legislativa do Congresso Nacional para 
dispor sobre telecomunicações (CRFB, art. 22, IV) e para 
disciplinar os princípios constitucionaisincidentes sobre a 
produção e a programação das emissoras de rádio e televisão 
(CRFB, art. 221 e art. 222, §5º) confere autoridade ao Poder 
Legislativo para, sponte propria, criar ou modificar marcos 
regulatórios setoriais, no que estão abarcados poderes para 
adaptar as instituições vigentes de modo a garantir a efetividade 
das novas regras jurídicas. 3. In casu, os artigos 10, 12, 13, 19, § 
3°, 21, 22, 25, §1°, 31, caput, 36 e 42 da Lei nº 12.485/11 se 
limitaram a indicar a autoridade do Estado encarregada de zelar 
pelo cumprimento da novel disciplina normativa aplicável ao 
serviço de acesso condicionado, em tudo harmônica com as 
regras de competência definidas na legislação até então vigente 
(MP nº 2.228-1/01), emanada do próprio Poder Executivo. 
Inexistência de vício formal de constitucionalidade a ponto de 
justificar a glosa judicial da Lei nº 12.485/11 com fulcro no art. 
61, §1º, “e”, da CRFB. 4. As diretrizes constitucionais antitruste 
(CRFB, arts. 173, §4º e 220, §5º), voltadas a coibir o abuso do 
poder econômico e a evitar a concentração excessiva dos 
mercados, permitem combater a ineficiência econômica e a 
injustiça comutativa que tendem a florescer em regimes de 
 
 
61 
monopólio e oligopólio. No setor audiovisual, prestam-se 
também a promover a diversificação do conteúdo produzido, 
impedindo que o mercado se feche e asfixie a manifestação de 
novos entrantes. 5. In casu, as restrições à propriedade cruzada 
(art. 5º, caput e §1º), bem como a vedação à verticalização da 
cadeia de valor do audiovisual (art. 6º, I e II), todas introduzidas 
pela Lei nº 12.485/11, pretendem, de forma imediata, 
concretizar os comandos constitucionais inscritos no art. 170, §4º 
e 220, §5º, da Lei Maior; bem como realizam, de forma mediata, 
a dimensão objetiva do direito fundamental à liberdade de 
expressão e de informação, no que tem destaque o papel 
promocional do Estado no combate à concentração do poder 
comunicativo. Inexistência de ofensa material à Carta da 
República. 6. A moderna concepção do princípio da legalidade, 
em sua acepção principiológica ou formal axiológica, chancela a 
atribuição de poderes normativos ao Poder Executivo, desde que 
pautada por princípios inteligíveis (intelligible principles) capazes 
de permitir o controle legislativo e judicial sobre os atos da 
Administração. 7. In casu, os arts. 9º, parágrafo único, 21 e 22 da 
Lei nº 12.485/11, apesar de conferirem autoridade normativa à 
Agência Nacional do Cinema (ANCINE), estão acompanhados por 
parâmetros aptos a conformar a conduta de todas as 
autoridades do Estado envolvidas na disciplina do setor 
audiovisual brasileiro (ex vi do art. 3º da Lei do SeAC), impedindo 
que qualquer delas se transforme em órgão titular de um 
pretenso poder regulatório absoluto. Não ocorrência de violação 
material à Carta da República. 8. A Constituição de 1988 não 
estabeleceu qualquer regra jurídica que interdite a distinção 
entre brasileiro e estrangeiro, ao contrário do que acontece com 
a situação do brasileiro nato e do naturalizado, para a qual há 
explícita reserva constitucional acerca das hipóteses de 
tratamento diferenciado (CRFB, art. 12, §2º). Destarte, é 
juridicamente possível ao legislador ordinário fixar regimes 
distintos, desde que, em respeito ao princípio geral da igualdade 
(CRFB, art. 5º, caput), revele fundamento constitucional 
suficiente para a discriminação, bem como demonstre a 
pertinência entre o tratamento diferenciado e a causa jurídica 
distintiva. 9. In casu, o art. 10, caput e §1º, da Lei nº 12.485/11, 
ao restringir a gestão, a responsabilidade editorial e as 
atividades de seleção e direção inerentes à programação e ao 
empacotamento a brasileiros natos ou naturalizados há mais de 
10 (dez) anos, representou típica interpretação legislativa 
evolutiva do comando constitucional encartado no art. 222, §2º, 
da Lei Maior, de todo condizente com os vetores axiológicos que 
informam, no plano constitucional, a atividade de comunicação 
de massa, dentre os quais a preservação da soberania e 
identidade nacionais, o pluralismo informativo e a igualdade 
 
 
62 
entre os prestadores de serviço a despeito da tecnologia utilizada 
na atividade. 10. O poder de polícia administrativa manifesta-se 
tanto preventiva quanto repressivamente, traduzindo-se ora no 
consentimento prévio pela Administração Pública para o 
exercício regular de certas liberdades, ora no sancionamento do 
particular em razão do descumprimento de regras materiais 
aplicáveis à atividade regulada. Em qualquer caso, a ingerência 
estatal (fiscalizatória e punitiva) exsurge como garantia da 
efetividade da disciplina jurídica aplicável. 11. In casu, os arts. 12 
e 13 da Lei nº 12.485/11 simplesmente fixam deveres 
instrumentais de colaboração das empresas para fins de permitir 
a atividade fiscalizatória da ANCINE quanto ao cumprimento das 
novas obrigações materiais a que estão sujeitos todos os agentes 
do mercado audiovisual. Já o art. 31, caput, §§1º e 2º, da Lei nº 
12.485/11 consubstancia engenhosa estratégia do legislador 
para conduzir as empacotadoras ao credenciamento exigido pela 
nova disciplina normativa, bem como induzir o cumprimento das 
respectivas cotas de conteúdo nacional. Ausência de quaisquer 
vícios que justifiquem declaração de inconstitucionalidade do 
modelo regulatório. 12. A legitimidade constitucional de toda 
intervenção do Estado sobre a esfera jurídica do particular está 
condicionada à existência de uma finalidade lícita que a motive, 
bem como ao respeito ao postulado da proporcionalidade, cujo 
fundamento deita raízes na própria noção de princípios jurídicos 
como mandamentos de otimização (ALEXY, Robert. Teoria dos 
Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: 
Malheiros, 2011, p. 116). 13. In casu, os arts. 16, 17, 18, 19, 20, 
23 da Lei nº 12.485/11, ao fixarem “cotas de conteúdo nacional” 
para canais e pacotes de TV por assinatura, promovem a cultura 
brasileira e estimulam a produção independente, dando 
concretude ao art. 221 da Constituição e ao art. 6º da Convenção 
Internacional sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das 
Expressões Culturais (Decreto nº 6.177/2007). A intervenção 
estatal revela-se, ademais, (i) adequada, quando relacionada ao 
fim a que se destina, (ii) necessária, quando cotejada com 
possíveis meios alternativos e (iii) proporcional em sentido 
estrito, quando sopesados os ônus e bônus inerentes à medida 
restritiva. 14. O art. 24 da Lei nº 12.485/11, que fixou limites 
máximos para a publicidade comercial na TV por assinatura, 
encontra-se em harmonia com o dever constitucional de 
proteção do consumidor (CRFB, art. 170, V), máxime diante do 
histórico quadro registrado pela ANATEL de reclamações de 
assinantes quanto ao volume de publicidade na grade de 
programação dos canais pagos. 15. O princípio constitucional da 
igualdade (CRFB, art. 5º, caput), enquanto regra de ônus 
argumentativo, exige que o tratamento diferenciado entre 
indivíduos seja acompanhado de causa jurídica suficiente para 
 
 
63 
amparar a discriminação, cujo exame de consistência, embora 
preserve um espaço de discricionariedade legislativa, é sempre 
passível de aferição judicial (CRFB, art. 5º , XXXV). 16. In casu, o 
art. 25 da Lei nº 12.485/11 proíbe a oferta de canais que 
veiculem publicidade comercial direcionada ao público brasileiro 
contratada no exterior por agência de publicidade estrangeira, 
estabelecendo (i) uma completa exclusividade em proveito das 
empresas brasileiras (e não apenas preferência percentual), (ii) 
sem prazo para ter fim (ex vi do art. 41 da Lei do SeAC) e (iii) 
despida de qualquer justificação que indique a vulnerabilidade 
das empresas brasileiras de publicidade. Inconstitucionalidade 
do art. 25 da Lei nº 12.485/11 por violação ao princípio 
constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput). 17. O dever 
constitucional de licitar (CRFB, art. 37, XXI) somente incide nas 
hipóteses em que o acesso de particularesa alguma situação 
jurídica de vantagem relacionada ao Poder Público não possa ser 
universalizada. Destarte, descabe cogitar de certame licitatório 
quando a contratação pública não caracterizar escolha da 
Administração e todo cidadão possa ter acesso ao bem 
pretendido. Ademais, no campo das telecomunicações, é certo 
que a Constituição admite a outorga do serviço mediante simples 
autorização (CRFB, art. 21, XI). 18. In casu, o art. 29 da Lei nº 
12.485/11 viabiliza que a atividade de distribuição do serviço de 
acesso condicionado seja outorgada mediante autorização 
administrativa, sem necessidade de prévio procedimento 
licitatório, o que se justifica diante da nova e abrangente 
definição do SeAC (art. 2º, XXIII, da Lei nº 12.485/11), apta a 
abarcar todas as possíveis plataformas tecnológicas existentes (e 
não apenas cabos físicos e ondas de radiofrequência), bem como 
diante da qualificação privada recebida pela atividade no novo 
marco regulatório da comunicação audiovisual. Inexistência de 
ofensa material à Constituição de 1988. 19. O art. 32, §§ 2º, 13 e 
14, da Lei nº 12.485/11, ao impor a disponibilidade gratuita dos 
canais de TV aberta às distribuidoras e às geradoras de 
programação da TV por assinatura, não ofende a liberdade de 
iniciativa nem os direitos de propriedade intelectual, porquanto 
o serviço de radiodifusão é hoje inteiramente disponibilizado aos 
usuários de forma gratuita. A Lei do SeAC apenas replicou, no 
âmbito do serviço de acesso condicionado, a lógica vigente na 
televisão aberta. 20. O art. 36 da Lei nº 12.485/11, ao permitir o 
cancelamento do registro de agente econômico perante a 
ANCINE por descumprimento de obrigações legais, representa 
garantia de eficácia das normas jurídicas aplicáveis ao setor, 
sendo certo que haveria evidente contradição ao se impedir o 
início da atividade sem o registro (por não preenchimento 
originário das exigências legais) e, ao mesmo tempo, permitir a 
continuidade de sua exploração quando configurada a perda 
 
 
64 
superveniente da regularidade. Destarte, a possibilidade de 
cancelamento do registro é análoga à do seu indeferimento 
inicial, já chancelada nos itens 10 e 11 supra. 21. A existência de 
um regime jurídico de transição justo, ainda que que 
consubstancie garantia individual diretamente emanada do 
princípio constitucional da segurança jurídica e da proteção da 
confiança legítima (CRFB, art. 5º, XXXVI), não impede a 
redefinição e a atualização dos marcos regulatórios setoriais, tão 
caras à boa ordenação da vida em sociedade. 22. In casu, o art. 
37, §§ 6º, 7º e 11, da Lei nº 12.485/11, ao fixar regras sobre a 
renovação das outorgas após o fim do respectivo prazo original 
de vigência e regras pertinentes às alterações subjetivas sobre a 
figura do prestador do serviço, é constitucionalmente válido ante 
a inexistência, ab initio, de direito definitivo à renovação 
automática da outorga, bem como da existência de margem de 
conformação do legislador para induzir os antigos prestadores a 
migrem para o novo regime. 23. O art. 37, §§ 1º e 5º, da Lei nº 
12.485/11, ao vedar o pagamento de indenização aos antigos 
prestadores do serviço em virtude das novas obrigações não 
previstas no ato de outorga original, não viola qualquer previsão 
constitucional, porquanto, em um cenário contratual e 
regulatório marcado pela liberdade de preços, descabe cogitar 
de qualquer indenização pela criação de novas obrigações legais 
(desde que constitucionalmente válidas). Eventuais aumentos de 
custos que possam surgir deverão ser administrados 
exclusivamente pelas próprias empresas, que tanto podem 
repassá-los aos consumidores quanto retê-los em definitivo. 
Impertinência da invocação do equilíbrio econômico e financeiro 
dos contratos administrativos (CRFB, art. 37, XXI). 24. Conclusão. 
Relativamente à ADI 4679, julgo o pedido procedente em parte, 
apenas para declarar a inconstitucionalidade material do art. 25 
da Lei nº 12.485/2011; relativamente às ADI 4747, 4756 e 4923, 
julgo os pedidos improcedentes. 
(ADI 4923, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 
08/11/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-064 DIVULG 04-04-
2018 PUBLIC 05-04-2018) 
_______________________________________________________________________ 
35. João, beneficiário de seguro de vida comercializado por empresa pública federal, 
consegue decisão liminar favorável para redução de seu prêmio mensal. O juiz 
fundamenta que não é possível, no âmbito do direito do consumidor, onerar o segurado 
com pagamentos elevados em razão de sua condição pessoal de idoso. Assim, feita a 
análise econômica do Direito, sustenta que o sobrecusto incorrido pelos consumidores 
idosos deve ser compensado pelo aumento dos prêmios pagos pelos mais jovens, de 
modo que se dividam os custos igualmente pelo princípio do mutualismo. 
Nesse caso, a decisão: 
 
 
65 
(A) é correta à luz de uma análise econômica do Direito e do direito do consumidor; 
(B) não se sustenta à luz de uma análise econômica do Direito, por implicar seleção 
adversa ou antisseleção, nem no âmbito do direito do consumidor, diante de suas 
implicações coletivas; 
(C) embora respaldada nos princípios que orientam o direito do consumidor, não se 
sustenta à luz de uma análise econômica do Direito, por implicar seleção adversa ou 
antisseleção; 
(D) não se sustenta à luz de uma análise econômica do Direito, por implicar exceção de 
ruína, nem no âmbito do direito do consumidor, diante de suas implicações coletivas; 
(E) embora respaldada nos princípios que orientam o direito do consumidor, não se 
sustenta à luz de uma análise econômica do Direito, por implicar exceção de ruína. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Com base na legislação e jurisprudência brasileiras, a decisão judicial liminar em favor 
de João, beneficiário idoso de seguro de vida, não se sustenta juridicamente por motivos 
tanto econômicos quanto jurídicos. 
A análise econômica do Direito reconhece que os contratos de seguro operam sob um 
regime atuarial que precisa refletir o risco real dos segurados para garantir a 
sustentabilidade do sistema. Ao determinar a redução do prêmio de um segurado idoso 
e impor a compensação desse valor pelos mais jovens, o juiz desconsidera 
completamente os fundamentos técnicos do seguro, criando uma grave distorção no 
mercado. 
O fenômeno da seleção adversa ou antisseleção, amplamente reconhecido na literatura 
jurídica e econômica, ocorre justamente quando há uma precificação inadequada que 
não reflete o risco real, levando os segurados de baixo risco (jovens) a abandonarem o 
plano por considerá-lo desvantajoso, enquanto os de alto risco (idosos) permanecem. 
Esta situação cria um desequilíbrio progressivo que, no limite, pode levar ao colapso do 
sistema de seguro. 
 O princípio do mutualismo, por sua vez, exige que os prêmios sejam calculados com 
base no risco, permitindo apenas uma solidariedade intergeracional limitada e 
tecnicamente fundamentada, não uma transferência forçada e desproporcional de 
custos. 
Ademais, no âmbito do direito do consumidor, a decisão também não se sustenta, pois 
prejudica a coletividade de consumidores ao interferir no equilíbrio econômico-
financeiro do contrato e potencialmente inviabilizar o produto no mercado. 
 
 
66 
O STJ já reconheceu, inclusive no Tema 952, que reajustes por faixa etária são válidos 
desde que tenham previsão contratual e base atuarial idônea, justamente para prevenir 
a seleção adversa. Portanto, embora a decisão judicial pretenda proteger o consumidor 
idoso, acaba por prejudicar toda a coletividade de segurados ao criar uma distorção 
econômica insustentável, violando assim tanto os princípios da análise econômica do 
Direito quanto os do próprio direito do consumidor, que visa o equilíbrio e a 
transparência das relações, não apenas a proteção individual a qualquer custo. 
(A) INCORRETA. A decisão judicial viola os princípios8 
BLOCO I 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
1. Determinado legitimado à deflagração do controle concentrado de 
constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal ajuizou ação direta de 
inconstitucionalidade (ADI), tendo por objeto a Medida Provisória nº X (MPX), que 
incluiu despesa no orçamento fiscal da União para a qual não havia dotação 
orçamentária específica. Por entender que a afronta à ordem constitucional era 
evidente, além de se tratar de situação urgente, estando caracterizados o fumus boni 
iuris e o periculum in mora, requereu a concessão de medida cautelar, em caráter 
monocrático, para suspender a eficácia da MPX com efeitos ex tunc. 
À luz da sistemática vigente, é CORRETO afirmar que: 
(A) a MPX não apresenta vício de inconstitucionalidade; 
(B) a MPX não apresenta generalidade e abstração, não podendo ser objeto de ADI; 
(C) a regra geral é a de que a medida cautelar produza os efeitos almejados pelo 
legitimado; 
(D) a ADI perderá o objeto caso não seja julgada em momento anterior à cessação da 
eficácia da MPX; 
(E) a análise, pelo Plenário, da medida cautelar concedida monocraticamente qualifica-
se como condição resolutiva, sendo que os efeitos ex tunc exigem deliberação expressa. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
No âmbito do controle concentrado de constitucionalidade exercido pelo Supremo 
Tribunal Federal, é possível a concessão de medida cautelar em ação direta de 
inconstitucionalidade, com o objetivo de suspender a eficácia da norma impugnada até 
o julgamento de mérito. Essa suspensão cautelar poderá ser deferida de forma 
monocrática pelo relator, em situações de urgência e perigo na demora, nos termos do 
art. 10, §3º da Lei nº 9.868/1999, conforme se observa a seguir: 
 
“Art. 10. 
§ 3o Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir 
a medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou das 
autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo 
impugnado.” 
 
Contudo, essa decisão monocrática não possui caráter definitivo, pois está submetida ao 
referendo do Plenário do STF. A submissão ao colegiado pleno qualifica-se como 
 
 
9 
condição resolutiva, isto é, a manutenção da eficácia da medida depende da deliberação 
majoritária do Tribunal. Caso o Plenário não ratifique a cautelar concedida pelo relator, 
os efeitos da medida cessam automaticamente. 
 
Além disso, no que se refere ao efeito temporal da medida cautelar, a jurisprudência 
consolidada do STF estabelece que a produção de efeitos ex tunc (retroativos), ou seja, 
desde a edição da norma, não se presume. Para que a suspensão da norma surta efeitos 
retroativos, é necessário que o Plenário expresse essa vontade de forma clara e 
fundamentada, pois a regra geral nas decisões cautelares é a de que os efeitos sejam 
prospectivos (ex nunc), respeitando-se a segurança jurídica e a boa-fé dos 
administrados. 
_______________________________________________________________________ 
2. Os partidos políticos representam mecanismos importantes de representação da 
democracia brasileira. Contudo, se os referidos partidos passarem a representar 
interesses alheios aos dos cidadãos (“partidocracia”), podem ser acionados mecanismos 
que visam a combater tal prática sem, no entanto, violar o pluralismo político. 
Diante do exposto, é CORRETO afirmar que: 
(A) o Supremo Tribunal Federal é contrário à cláusula de barreira que limita o acesso ao 
fundo partidário e ao direito de antena dos partidos políticos, pois violaria o pluralismo 
político democrático; 
(B) o estímulo à criação de partidos políticos de natureza jurídica pública limita a prática 
da sobreposição de interesses particulares no âmbito dessas instituições de direito 
privado; 
(C) a cláusula de barreira foi admitida via emenda constitucional e validada pelo 
Supremo Tribunal Federal, não havendo violação ao pluralismo político, uma vez que 
pretende manter a lisura e a moralidade do debate político-democrático; 
(D) partidos “nanicos” ou “legendas de aluguel” são mecanismos de contenção da 
“partidocracia”; 
(E) a adoção do bipartidarismo tende a conter a “partidocracia” e, ao mesmo tempo, 
assegurar o pluralismo político. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO. 
A alternativa (C) foi indicada como correta pela banca por afirmar que "a cláusula de 
barreira foi admitida via emenda constitucional e validada pelo Supremo Tribunal 
Federal, não havendo violação ao pluralismo político". No entanto, a assertiva omite um 
aspecto central e histórico da jurisprudência constitucional brasileira, o que pode induzir 
 
 
10 
o candidato a erro ou levar à leitura de que a jurisprudência do STF foi uniforme sobre o 
tema, o que não é verdade. 
 
Em 2006, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1351, o Supremo Tribunal 
Federal declarou a inconstitucionalidade da cláusula de barreira então prevista na Lei nº 
9.096/1995, sob o argumento de que a limitação ao funcionamento parlamentar, ao 
acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda gratuita violava o princípio do 
pluralismo político e da liberdade partidária consagrados no art. 17 da Constituição 
Federal. 
 
Naquele julgamento, o STF foi enfático ao afirmar que a imposição de restrições 
materiais ao exercício da representação política e à estrutura de funcionamento dos 
partidos somente poderia ser feita por meio de norma constitucional e de maneira 
proporcional e razoável, sob pena de comprometer a pluralidade partidária que sustenta 
o sistema representativo brasileiro. 
 
Posteriormente, em 2017, por meio da Emenda Constitucional nº 97, o Congresso 
Nacional inscreveu no texto constitucional uma nova cláusula de desempenho (ou 
cláusula de barreira), conferindo a ela estatura constitucional. A partir de então, o 
cenário jurídico se alterou, já que o vício de inconstitucionalidade anteriormente 
reconhecido pelo STF era formal e material, especialmente pela ausência de base 
constitucional para restringir direitos partidários. 
 
Assim, a jurisprudência do STF não validou a cláusula de barreira desde a sua origem, 
como faz parecer a alternativa (C). O que houve foi: 
 
uma declaração de inconstitucionalidade da cláusula prevista em lei ordinária (ADI 
1351/DF); 
 
e posteriormente, a mudança constitucional promovida pelo legislador constituinte 
derivado, que eliminou o vício apontado pelo STF. 
 
Portanto, a redação do item (C) pode ser considerada imprecisa e parcialmente 
incorreta, pois sugere que o STF sempre foi favorável à cláusula de barreira, quando na 
verdade houve uma mudança relevante entre o entendimento de 2006 e o novo quadro 
constitucional de 2017. 
 
Já o item (A), embora não esteja redigido da forma mais precisa, está mais alinhado com 
o posicionamento histórico do STF na ADI 1351/DF, ao reconhecer que houve sim um 
momento em que o Tribunal se manifestou contra a cláusula de barreira, por violação 
ao pluralismo político. 
_______________________________________________________________________ 
3. Ana e Maria nasceram no mesmo dia e decidiram que seguiriam a carreira política na 
República Federativa do Brasil. Ana nasceu no território francês no momento em que 
seus pais, de nacionalidade brasileira e russa, se encontravam a serviço de uma indústria 
de cosméticos. Ao completar 18 anos de idade, Ana se naturalizou francesa. Maria, por 
sua vez, nasceu no território brasileiro quando seus pais, de nacionalidade indiana, 
 
 
11 
estavam trabalhando na embaixada espanhola, deixando o país logo em seguida. Tanto 
Ana como Maria completaram 19 anos ontem e passaram a residir em caráter definitivo 
no território brasileiro. 
À luz da sistemática vigente, é CORRETO afirmar, em relação à condição de elegibilidade 
consistente na nacionalidade brasileira, que: 
(A) Ana e Maria são brasileiras natas; 
(B) Ana pode optar pela nacionalidade brasileira,da análise econômica do Direito ao 
ignorar o impacto da seleção adversa, que ocorre quando há um desequilíbrio na 
precificação dos riscos. O juiz, ao determinar que jovens paguem mais para compensar 
idosos, cria um incentivo perverso que afasta os segurados de baixo risco e pode levar à 
inviabilidade do seguro. Também não se sustenta no direito do consumidor, que embora 
proteja individualmente o consumidor vulnerável, não ignora o impacto coletivo das 
decisões e a necessidade de equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. 
(B) CORRETA. A decisão judicial viola os princípios econômicos ao ignorar o fenômeno 
da seleção adversa, onde a precificação inadequada de riscos leva à saída dos segurados 
jovens (baixo risco) e permanência apenas dos idosos (alto risco), tornando o sistema 
economicamente insustentável. Adicionalmente, sob a ótica do direito do consumidor, a 
decisão aparentemente benéfica a um consumidor individual (João) prejudica a 
coletividade de consumidores, criando um desequilíbrio que poderá resultar em 
produtos mais caros ou até indisponíveis no mercado, contrariando o interesse coletivo 
dos consumidores. 
(C) INCORRETA. Esta alternativa está parcialmente correta ao apontar a seleção adversa 
como problema econômico, mas erra ao sugerir que a decisão estaria respaldada nos 
princípios do direito do consumidor. O CDC visa o equilíbrio das relações de consumo e 
a proteção do mercado como um todo, não apenas o benefício imediato e insustentável 
de um consumidor específico em detrimento dos demais. A jurisprudência do STJ 
reconhece a validade de reajustes por faixa etária desde que fundamentados 
atuarialmente, justamente para preservar o equilíbrio do sistema. 
(D) INCORRETA. O conceito de "exceção de ruína" está aplicado incorretamente. Este 
termo refere-se à impossibilidade econômica de cumprimento de uma obrigação que 
levaria à ruína financeira de uma parte, e não ao fenômeno descrito no caso. O problema 
econômico correto é a seleção adversa ou antisseleção. 
(E) INCORRETA. Além de utilizar incorretamente o conceito de "exceção de ruína" em 
vez de "seleção adversa", esta alternativa erra ao sugerir que a decisão estaria 
respaldada no direito do consumidor, quando na verdade ela também viola os princípios 
de equilíbrio e sustentabilidade que norteiam a proteção coletiva dos consumidores. 
_______________________________________________________________________ 
36. Foi encaminhada representação ao órgão competente do Conselho Administrativo 
de Defesa Econômica (CADE) informando que a sociedade empresária Alfa teria 
praticado abuso do poder econômico. Após o recebimento da representação, em uma 
análise preliminar, foram avaliados: a ação ou omissão de Alfa; os objetivos ou efeitos 
 
 
67 
almejados, bem como se foram realizados, ou não; e o seu enquadramento na tipologia 
legal. 
A partir da análise desses fatores iniciais, concluiu-se corretamente, na perspectiva da 
Lei nº 12.529/2011, que, para a caracterização da ilicitude da atividade de Alfa: 
(A) deve ser demonstrado o dolo ou a culpa grave de algum dirigente ou preposto; 
(B) deve ser aferido se os objetivos almejados foram efetivamente alcançados; 
(C) é preciso que essa licitude seja enquadrada na tipologia taxativa das infrações contra 
a ordem econômica; 
(D) a ação ou omissão não pode ser dissociada das causas e das consequências para um 
mercado em particular; 
(E) não se deve perquirir a intensidade da lesão à concorrência, de modo que o ilícito 
deve ser analisado de per si. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. A responsabilidade da pessoa jurídica é objetiva. Nos termos do artigo 
36 da Lei 12.529/2011, constituem infração da ordem econômica, “independentemente 
de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam 
produzir os efeitos ali elencados, ainda que não sejam alcançados”. 
(B) INCORRETA. Isso decorre diretamente do caput do artigo 36 da Lei 12.529/2011: 
“Constituem infração da ordem econômica, independentemente 
de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham 
por objeto ou possam produzir os efeitos ali previstos, ainda que 
não sejam alcançados: 
I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre 
concorrência ou a livre iniciativa; 
II - dominar mercado relevante de bens ou serviços; 
III - aumentar arbitrariamente os lucros; e 
IV - exercer de forma abusiva posição dominante.” 
(C) INCORRETA. O rol de infrações previsto no § 3º do artigo 36 é exemplificativo, não 
exaustivo. Para configurar uma infração, basta que a conduta redunde na produção dos 
efeitos previstos no caput (art. 36, caput, e § 3º). 
(D) CORRETA. A Lei exige que a análise do abuso de poder econômico considere não 
apenas a conduta em si, mas também seu contexto setorial e seus reflexos no mercado 
relevante. 
 
 
68 
O caput do art. 36 interpreta infração como “ato que tenha por objeto ou possa produzir 
efeitos sobre a concorrência”, enfatizando a importância do impacto potencial. 
Por conseguinte, o § 2º do mesmo artigo presume posição dominante quando a 
empresa, “por sua dimensão, estrutura de mercado ou outros fatores, possa agir 
isoladamente de modo a influir nas condições de um mercado relevante”, o que implica 
avaliar causas e consequências específicas de cada caso. 
(E) INCORRETA. A gravidade e a extensão do dano são critérios obrigatórios para 
aplicação de sanções. Conforme o artigo 45, inciso V, devem ser considerados, entre 
outros fatores, “o grau de lesão, ou perigo de lesão, à livre concorrência, à economia 
nacional, aos consumidores ou a terceiros”. 
_______________________________________________________________________ 
37. Considerando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no âmbito dos 
contratos administrativos, o Código de Defesa do Consumidor: 
(A) nunca se aplica, diante da presença de cláusulas exorbitantes e de outros privilégios 
da Fazenda Pública que já garantem tutela reforçada a seus interesses; 
(B) não se aplica, diante das prerrogativas já asseguradas por lei à administração, salvo 
hipóteses excepcionais em que evidenciada a vulnerabilidade da Fazenda Pública que 
adquiriu bens ou serviços como destinatária final, independentemente de se tratar de 
contrato celebrado por ente com personalidade de direito público ou privado; 
(C) sempre se aplica em diálogo de fontes, independentemente de se tratar de contrato 
celebrado por ente com personalidade de direito público ou privado, quando a Fazenda 
Pública adquire bens e serviços como destinatária final; 
(D) só se aplica aos contratos privados da Fazenda Pública ou quando ente com 
personalidade de direito privado adquirir produtos e serviços como destinatário final, 
independentemente de haver licitação precedente; 
(E) só se aplica aos contratos privados da Fazenda Pública ou quando ente com 
personalidade de direito privado adquirir produtos e serviços como destinatário final, 
desde que não tenha havido licitação precedente. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Os contratos celebrados pela Administração Pública formam um gênero que se divide 
em duas categorias: os contratos administrativos, regidos pelo regime de Direito Público, 
e os contratos privados da Administração, sujeitos ao Direito Civil ou Empresarial. 
Nos primeiros, a Administração detém prerrogativas especiais — como o poder de impor 
penalidades e tutela do interesse público — e aplica normas de direito público, 
recorrendo ao direito privado apenas de forma supletiva. 
 
 
69 
Já nos contratos privados a Administração e o particular ocupam posição jurídica 
equivalente, sem vantagens específicas para o ente estatal, de modo que se aplicam 
integralmente as regras do sistema contratual comum. 
Quanto à aplicação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) aos contratos 
administrativos,a posição tradicional do Superior Tribunal de Justiça (REsp 
1.661.184/DF, julgado em 10 de maio de 2017) afasta a incidência do CDC, entendendo 
que a Administração, em razão de sua supremacia decorrente do interesse público, não 
pode ser considerada parte vulnerável nem consumidora frente ao fornecedor. 
Porém, há entendimento que admite aplicação subsidiária do CDC em casos 
excepcionais nos quais a Administração demonstre vulnerabilidade técnica, científica, 
fática ou econômica e atue como destinatária final do produto ou serviço — hipótese 
discutida no RMS 31.073/TO. Senão vejamos: 
ADMINISTRATIVO - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA - CONTRATO ADMINISTRATIVO - PRESTAÇÃO DE 
SERVIÇO DE 
PUBLICIDADE - INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO - 
INCOMPETÊNCIA 
DO PROCON - NULIDADE DA MULTA APLICADA. 
1. Em se tratando de contrato administrativo, em que a 
Administração é quem detém posição de supremacia justificada 
pelo interesse público, não incidem as normas contidas no CDC, 
especialmente quando se trata da aplicação de penalidades. 
2. Somente se admite a incidência do CDC nos contratos 
administrativos em situações excepcionais, em que a 
Administração assume posição de vulnerabilidade técnica, 
científica, fática ou econômica perante o fornecedor, o que não 
ocorre na espécie, por se tratar de simples contrato de 
prestação de serviço de publicidade. 
3. Incompetência do PROCON para atuar em relação que não seja 
de consumo. 
4. Recurso ordinário em mandado de segurança provido. 
Essa interpretação encontra respaldo em autores como Jatir Batista da Cunha. Para o 
autor, é razoável a interpretação de que são aplicáveis as disposições do Código de 
Defesa do Consumidor aos contratos administrativos, em caráter subsidiário, desde que 
atendidas as seguintes condições: a) o órgão ou entidade pública estiver em posição de 
vulnerabilidade técnica, científica, fática ou econômica perante o fornecedor, visto que 
a superioridade jurídica do ente público é presumida nos contratos administrativos; b) o 
órgão ou entidade pública estiver adquirindo o produto ou serviço na condição de 
 
 
70 
destinatário final, ou seja, para o atendimento de uma necessidade própria e não para o 
desenvolvimento de uma atividade negocial. 
_______________________________________________________________________ 
38. A sociedade empresária Alfa, que atua como revendedora de gás de cozinha, 
ingressou com ação judicial em face da sociedade empresária Sigma, distribuidora do 
referido produto, para que esta última seja compelida a negociar com ela a compra e 
venda pelo mesmo preço praticado com outras revendedoras. Na situação descrita, 
restou apurado, durante a instrução processual, que efetivamente eram praticados 
preços diferentes com outras revendedoras. 
Na situação descrita, é CORRETO afirmar, à luz das normas de defesa da concorrência, 
que: 
(A) está caracterizada a afronta à livre concorrência com a recusa de Sigma em contratar 
a preços uniformes; 
(B) deve ser reconhecida a liberdade de contratar de Sigma, sendo que as diferenças de 
preço podem ser justificadas por circunstâncias mercadológicas; 
(C) está caracterizado o exercício abusivo de posição dominante por Sigma, ao fixar 
preços diferenciados de revenda e influir na margem de lucro dos revendedores; 
(D) o princípio da livre iniciativa assegura aos operadores do mercado, inclusive Sigma, 
a liberdade de contratar ou de não contratar, o que não está sujeito ao intervencionismo 
estatal; 
(E) deve ser reconhecida a ilicitude da conduta de Sigma, por se tratar de atividade 
legalmente reconhecida como de utilidade pública, não podendo gerar prejuízos aos 
consumidores em razão dos preços diferenciados. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
O enunciado narrado na questão foi extraído integralmente do REsp 1317536, no qual 
não se reconheceu infração à ordem econômica com base apenas na recusa de 
contratação e na prática de preços diferenciados pela distribuidora — condutas que, 
isoladas, não configuram ilícito. Vejamos: 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO ECONÔMICO. DIREITO 
CONCORRENCIAL. ART. 29 DA LEI N. 8.884/94. PRETENSÃO DE 
CESSAÇÃO DE CONDUTAS QUE CONFIGURARIAM INFRAÇÃO À 
ORDEM ECONÔMICA. RECUSA DE CONTRATAR E PREÇOS 
DIFERENCIADOS. CONDUTAS QUE, POR SI SÓS, NÃO 
REPRESENTAM ILÍCITO CONCORRENCIAL. COMPRA E VENDA 
MERCANTIL. DIREITO PRIVADO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA 
PRIVADA. AUSÊNCIA DE INFRAÇÃO À CONCORRÊNCIA E À LIVRE 
 
 
71 
INICIATIVA. 1. Pretensão da empresa demandante, revendedora 
de Gás Liquefeito de Petróleo (gás de cozinha), de condenação da 
empresa distribuidora a negociar com ela a compra e venda do 
produto pelo mesmo preço praticado com outras revendedoras. 
2. Operação de compra e venda mercantil que, por se inserir na 
seara do Direito Privado, se realiza à luz do princípio da 
autonomia privada. 3. Como corolário do poder negocial, a 
decisão de contratar, ou não, e o preço a ser praticado 
constituem manifestações exercício da liberdade econômica 
constitucionalmente garantida, que, apenas em situações 
excepcionais, quando verificada ofensa à liberdade de 
concorrência, pode ser limitada. 4. Caso concreto em que, 
apesar de tratar de atividade legalmente considerada como de 
utilidade pública, não há monopólio ou razão especial para que 
se imponha a obrigatoriedade de contratar, sendo que as 
diferenças de preços podem se dar em razão de circunstâncias 
mercadológicas. 5. Condutas que, examinadas isoladamente, se 
apresentam perfeitamente lícitas, não havendo qualquer 
circunstância particular que permita a conclusão de que houve 
afronta à livre iniciativa e à livre concorrência. 6. RECURSO 
ESPECIAL PROVIDO, JULGANDO-SE IMPROCEDENTES OS 
PEDIDOS. 
_______________________________________________________________________ 
39. Resulta da força do conceito de oferta e de sua força vinculativa, tal como definidos 
pelo Código de Defesa do Consumidor: 
(A) a vedação ao puffing ou puffery; 
(B) a inadmissão do caveat emptor; 
(C) a proibição da publicidade comparativa; 
(D) a impossibilidade de limitar a aquisição de itens promocionais a número de unidades 
compatível com o consumo pessoal ou familiar; 
(E) a exigibilidade da oferta, mesmo quando veiculada em evidente erro material, como 
no caso de preço manifestamente irrisório. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Puffing é uma técnica publicitária que faz uso lícito de exageros para 
enaltecer determinadas características de um produto. Conforme o STJ (REsp 1.759.745), 
essa estratégia — mesmo quando deliberadamente voltada ao consumidor mais 
 
 
72 
ingênuo — não configura anúncio enganoso, pois cabe a cada pessoa avaliar, por si só, 
as qualidades a elas atribuídas. 
(B) CORRETA. O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) consagra o Direito à 
Informação como pilar da relação de consumo, impondo ao fornecedor o dever de 
esclarecer todas as características relevantes de produtos e serviços. Ao consumidor não 
cabe investigar ou indagar — a omissão de perguntas não afasta as responsabilidades do 
fornecedor. Antes de 1990 vigorava a regra do caveat emptor (“que o comprador se 
previna”), segundo a qual cabia ao consumidor verificar, in loco, a qualidade e o 
funcionamento do bem. Se não o fizesse, perdia o direito a reclamações, e o fornecedor 
só era responsabilizado mediante prova de culpa ou dolo. 
Essa lógica, hoje, é considerada inaceitável diante da desigualdade entre consumidor e 
fornecedor. Com a edição da Lei 8.078/1990, o ônus da informação passou 
integralmente ao fornecedor, eliminando-se o caveat emptor e garantindo ao 
consumidor o exercício pleno de seus direitos sem necessidade de cautela prévia. 
(C) INCORRETA. A propaganda comparativa contrapõe direta ou indiretamente produtos 
ou serviços concorrentes para influenciar a escolha do consumidor.No Brasil, embora 
não exista lei específica sobre o tema, a doutrina e o Código Brasileiro de 
Autorregulamentação Publicitária do CONAR reconhecem sua admissibilidade, desde 
que sejam respeitados certos limites. Conforme o STJ (REsp 1.377.911-SP, julgado em 
2/10/2014), a publicidade comparativa é lícita quando: 
1. Tem como objetivo principal o esclarecimento do consumidor; 
2. Emprega informações verdadeiras, objetivas e não abusivas, sem induzir em erro 
ou depreciar produto ou marca (art. 37, § 2º, CDC); 
3. Evita comparação entre marcas que possam gerar confusão. 
Além disso, a Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96) não proíbe essa modalidade, 
desde que a menção à marca concorrente não seja depreciativa nem cause degradação 
ou desvio de clientela. 
(D) INCORRETA. O art. 39, I, do CDC (Lei n.º 8.078/90) proíbe o fornecedor de impor 
limites quantitativos à venda de produtos, salvo “justa causa”. Entende-se por justa 
causa a restrição de unidades oferecidas em quantidade compatível com as 
necessidades de uma família média. Nesse sentido, o STJ, no REsp 1.551.907: 
1. A matéria suscitada apenas no recurso, em torno do teor da 
Lei n° 9.784199 e Decreto n° 2.181197, representa inovação 
recursal da defesa, que, assim, não pode ser conhecida. 2.O art. 
39, 1, da Lei n° 8.078/90 veda ao fornecedor estabelecer a venda 
de produtos a limites quantitativos, salvo justa causa. 3. A 
limitação quantitativa de bens colocados em oferta, em 
quantidade proporcional às necessidades de uma família média, 
não traz prejuízos aos consumidores. 4. Busca-se, com esse 
intento, evitar a compra de todo o estoque de produtos 
 
 
73 
promocionais por atravessadores. 5. Pode-se vislumbrar nesse 
caso a justa causa, eis que é de interesse da coletividade que a 
venda de mercadorias em oferta seja controlada, a fim de que 
um maior número de famílias possa ter-thés acesso. 6. Recurso 
parcialmente conhecido e provido. 
(E) INCORRETA. “Em respeito ao princípio da boa-fé objetiva, segundo o qual as partes 
(fornecedor e consumidor) deverão agir com base na lealdade e confiança, tem-se 
admitido o chamado ‘erro grosseiro’ como forma de não responsabilizar o fornecedor. 
O erro grosseiro é aquele erro latente, que facilmente o consumidor tem condições de 
verificar o equívoco, por fugir ao padrão normal do que usualmente acontece.” (Direito 
do Consumidor. 14ª ed., Salvador: Juspodivm, 2020, p. 241). 
Nesse sentido: 
O erro sistêmico grosseiro no carregamento de preços e a 
rápida comunicação ao consumidor podem afastar a falha na 
prestação do serviço e o princípio da vinculação da oferta. STJ. 
3ª Turma. REsp 1.794.991-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado 
em 05/05/2020 (Info 671). 
_______________________________________________________________________ 
40. Determinadas regras, afetas à exploração de certa atividade econômica privada, 
foram editadas no plano federal, com o emprego de conceitos jurídicos indeterminados, 
que exigem uma intensa atividade valorativa do intérprete para o delineamento do seu 
conteúdo. O órgão de fiscalização competente, ao constatar a inobservância das 
referidas regras em uma visita realizada à sede da sociedade empresária Alfa, que exercia 
atividade econômica considerada de baixo risco, procedeu à lavratura de auto de 
infração. 
Na situação descrita, à luz da sistemática estabelecida na Lei nº 13.874/2019, é 
CORRETO afirmar que: 
(A) é afastado o critério da dupla visita para a lavratura do auto de infração em razão do 
nível de risco da atividade econômica desenvolvida por Alfa; 
(B) é vedado o uso de conceitos jurídicos indeterminados em regras sobre ordenação 
pública de atividades econômicas privadas, o que torna ilegal o auto de infração; 
(C) deve ser reconhecido o prazo em dobro para a apresentação de defesa por Alfa, em 
razão do emprego de termos subjetivos e abstratos nas regras tidas como afrontadas; 
(D) é admitida a lavratura do auto de infração caso os conceitos jurídicos indeterminados 
tenham sido previamente regulamentados por meio de critérios claros, objetivos e 
previsíveis; 
(E) deve ter sido apresentada motivação idônea, no auto de infração, para justificar a 
subsunção da situação concreta às regras violadas, de modo a densificar os conceitos 
jurídicos indeterminados ali empregados. 
 
 
74 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Contraria o disposto no art. 4º-A, inciso III, da Lei 13.874/2019 
(introduzido pela Lei 14.195/2021), que impõe o dever de “observar o critério de dupla 
visita para lavratura de autos de infração decorrentes do exercício de atividade 
considerada de baixo ou médio risco”. 
(B) INCORRETA. O inciso II do art. 4º-A não proíbe o uso de conceitos jurídicos 
indeterminados; exige apenas que esses conceitos sejam regulamentados por meio de 
“critérios claros, objetivos e previsíveis” antes de fundamentar qualquer autuação ou 
sanção. 
(C) INCORRETA. Não há na Lei 13.874/2019 qualquer previsão de prazo em dobro para 
a apresentação de defesa em razão do emprego de termos subjetivos ou abstratos. 
(D) CORRETA. O art. 4º-A estabelece, em seu inciso II, que é dever da administração 
pública e das entidades sujeitas à lei “proceder à lavratura de autos de infração ou aplicar 
sanções com base em termos subjetivos ou abstratos somente quando estes forem 
propriamente regulamentados por meio de critérios claros, objetivos e previsíveis” (Lei 
14.195/2021). 
(E) INCORRETA. Também viola o inciso II do art. 4º-A, que exige regulamentação dos 
conceitos indeterminados por atos normativos dotados de critérios claros, objetivos e 
previsíveis. O próprio § 1º desse dispositivo determina que “os órgãos e as entidades 
competentes editarão atos normativos para definir a aplicação e a incidência de 
conceitos subjetivos ou abstratos por meio de critérios claros, objetivos e previsíveis”. 
_______________________________________________________________________ 
BLOCO II 
DIREITO CIVIL 
 
41. Wagner, de 83 anos de idade, tem três filhos: Simone, Sara e Samuel. Ele cuidou dos 
três filhos sozinho durante toda a vida, visto que a esposa faleceu quando os três ainda 
eram crianças. A boa criação dada por Wagner contribuiu para o sucesso pessoal e 
financeiro dos três. Simone, com 30 anos, é advogada, não tem filhos e percebe 
mensalmente R$ 15.000,00. Sara tem 40 anos, é cirurgiã, tem dois filhos e percebe 
mensalmente a quantia de R$ 25.000,00. Samuel, por sua vez, tem 45 anos, é 
especialista em inteligência artificial, tem quatro filhos e percebe mensalmente a 
quantia de R$ 40.000,00. 
Wagner, nos últimos anos, foi acometido de uma doença que não lhe permite mais 
trabalhar, e a sua aposentadoria não lhe permite pagar todas as contas. Assim, pediu a 
 
 
75 
ajuda dos filhos para complementar a renda, de modo a ter o suficiente para sobreviver, 
o que foi negado pelos três. 
Nesse caso, Wagner pode propor ação de alimentos em face: 
(A) somente de Simone, que não tem filhos; 
(B) somente de Samuel, que tem o salário mais alto; 
(C) somente de Simone e Sara, já que Samuel tem quatro filhos; 
(D) dos três juntos, mas cada um só responde por um terço da pensão devida a Wagner; 
(E) de qualquer um dos filhos, à sua escolha, e o demandado pode ser exigido pela 
totalidade da pensão. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(E) CORRETA. A Lei n.º 10.741/2003, acolhendo o princípio da proteção integral e do 
atendimento prioritário ao idoso estabeleceu o seguinte em relação aos alimentos em 
seu art. 12:" Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo a pessoa idosa optar 
entre os prestadores. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022).".A doutrina e jurisprudência interpretando tal dispositivo, fixou o entendimento de que 
é permitido ao idoso, considerando a natureza solidária da obrigação de prestar 
alimentos, escolher livremente qual dos parentes previstos em lei deseja acionar. Em 
outras palavras, restou sedimentado que é possível ao credor de alimentos optar por 
um dos coobrigados ou ingressar contra todos, não existindo a necessidade de formação 
de litisconsórcio passivo necessário. 
Nesse sentido o STJ: 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. AÇÃO DE ALIMENTOS. 
OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA. 
PRETENSÃO DE DIREITO DE REGRESSO EM RELAÇÃO AOS 
DEMAIS COOBRIGADOS. CABIMENTO. “1. A Lei n.º 10.741/2003, 
atribuiu natureza solidária à obrigação de prestar alimentos 
quando os credores forem idosos, que por força da sua natureza 
especial prevalece sobre as disposições específicas do Código 
Civil. 2. Conforme o ordenamento civil, o devedor que satisfez a 
 
 
76 
dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-
devedores a sua quota”. 3. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E 
PROVIDO. 
Sob tal contexto, partindo da premissa que a obrigação estabelecida pelo Estatuto do 
Idoso é uma dívida solidária, a escolha pode recair sobre qualquer um dos filhos, 
independentemente de ter ou não filhos próprios ou de possuir maior ou menor renda. 
Essa escolha é do credor (Wagner), e o filho demandado pode ser obrigado a arcar com 
a totalidade da pensão. Logo, a alternativa E é a correta. 
_______________________________________________________________________ 
42. Aos 17 anos, Tadeu comprou a motocicleta usada de seu vizinho, Adamastor. Ele 
pagou metade do preço avençado no ato, comprometendo-se a pagar a outra metade 
dali a um ano. Ocorre que, quando chegou o vencimento da segunda e última parcela, 
um ano depois, Tadeu não tinha dinheiro para pagar. Ele procurou Adamastor e eles 
negociaram a substituição da parcela inadimplida por uma nova obrigação: ele se 
comprometeu a, a partir do mês seguinte, prestar serviço de transportador para 
Adamastor durante duas semanas. 
Se Tadeu descumprir também essa nova obrigação, Adamastor: 
(A) nada poderá exigir, haja vista a invalidade que inquina o negócio firmado aos 17 anos; 
(B) poderá exigir apenas a devolução da motocicleta, para evitar enriquecimento sem 
causa; 
(C) poderá executar a nova obrigação, pois a novação confirma o negócio jurídico 
original; 
(D) poderá exigir a metade do preço inicialmente avençado e inadimplido, em razão de 
se restabelecer a obrigação original; 
(E) poderá exigir apenas perdas e danos, referentes aos prejuízos do descumprimento 
de ambas as obrigações. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa C. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa C. 
(C) CORRETA. A novação, tratada entre os arts. 360 a 367 do CC, pode ser definida como 
uma forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma obrigação 
anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira criada pelas partes. Seu principal 
efeito é a extinção da dívida primitiva, com todos os acessórios e garantias, sempre que 
não houver estipulação em contrário (art. 364 do CC). 
 
 
77 
No caso, a dívida inicial de Tadeu (o pagamento da segunda parcela da motocicleta) foi 
extinta pela novação, sendo substituída por uma nova obrigação: a prestação de 
serviços a Adamastor por duas semanas. Isso confirma a validade do negócio jurídico 
original. Tadeu, aos 17 anos, era relativamente incapaz, conforme o art. 4º, I, do CC. 
Contudo, contratos celebrados por relativamente incapazes não são automaticamente 
nulos, mas apenas anuláveis, de acordo com o art. 171, I, do CC, e a anulação não é 
automática, não tendo sido instada no caso. Assim, Se Tadeu descumprir também essa 
nova obrigação, Adamastor poderá executar a nova obrigação, pois a novação confirma 
o negócio jurídico original. 
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa C. 
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa C. 
_______________________________________________________________________ 
43. A sociedade Alfa, grande fabricante de processadores, encomendou, junto à 
sociedade Beta, a construção e entrega de um maquinário especial para purificação de 
silício, matéria-prima necessária para sua atividade. Ficou acordado ainda que a Beta 
ofereceria à Alfa garantia de 20 dias após a entrega do maquinário contra qualquer 
problema de funcionamento. Executado o contrato e entregue o maquinário 
pontualmente, logo no segundo dia, a Alfa detectou problemas no funcionamento do 
maquinário, mas foi somente no quadragésimo dia após a entrega que interpelou a Beta, 
judicialmente, alegando vício oculto e pleiteando a redibição do negócio. 
O direito da Alfa à redibição do contrato, no caso: 
(A) havia decaído, pois expirado o prazo contratual de 20 dias contados da entrega, que 
prevalece sobre o prazo legal; 
(B) havia decaído, pois expirado o prazo legal de 30 dias contados da entrega, que 
prevalece sobre o convencional; 
(C) havia decaído, pois o adquirente não denunciou o defeito ao alienante nos 30 dias 
seguintes ao seu descobrimento; 
(D) não havia decaído, pois o prazo legal somente começa a correr após expirado o prazo 
da garantia convencional; 
(E) não havia decaído, pois é nula a cláusula que visa a modificar convencionalmente 
prazo decadencial fixado por lei. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa C. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa C. 
 
 
78 
(C) CORRETA. Os vícios redibitórios podem ser conceituados como os defeitos que 
desvalorizam a coisa ou a tornam imprópria para uso. A matéria está tratada no Código 
Civil, entre os arts. 441 a 446, sendo aplicável aos contratos civis. 
O art. 445 do atual Código Civil diferencia os prazos nos casos em que os vícios podem 
ser conhecidos de imediato ou mais tarde: 
“Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou 
abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, 
e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já 
estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à 
metade. 
§ 1 o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido 
mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver 
ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se 
tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2 o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por 
vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta 
desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo 
antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.” 
O prazo decadencial para o exercício da pretensão redibitória ou de abatimento do preço 
de bem móvel é de 30 dias (art. 445 do CC). Caso o vício, por sua natureza, somente 
possa ser conhecido mais tarde, o § 1º do art. 445 estabelece, em se tratando de coisa 
móvel, o prazo máximo de 180 dias para que se revele, correndo o prazo decadencial de 
30 dias a partir de sua ciência. 
No caso apresentado, a sociedade Alfa encomendou um maquinário especial da 
sociedade Beta, que apresentou defeito no segundo dia após a entrega. Contudo, a Alfa 
só interpôs a ação judicial no quadragésimo dia após a entrega, deixando de comunicar 
o defeito à Beta no prazo de 30 dias após sua descoberta. Apesar de o prazo decadencial 
de 180 dias (aplicável a bens duráveis) ainda não ter expirado, a falta de denúncia do 
vício dentro do prazo legal de 30 dias após o descobrimento resultou na perda do direito 
da Alfa, conforme previsto na legislação. 
É dizer, o direito da Alfa à redibição do contrato, no caso havia decaído, pois o adquirente 
não denunciou o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao seu descobrimento. 
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa C. 
(E) INCORRETA. Vide comentáriosalternativa C. 
_______________________________________________________________________ 
44. Inocêncio decidiu doar a Venâncio uma das vastas fazendas que possui no interior 
da Bahia. Dentro da fazenda há um galpão de armazenamento de defensivos agrícolas, 
que era usado também pela fazenda vizinha, de propriedade de Deocleciano. Por conta 
disso, no contrato de doação, fizeram constar que o donatário se obrigaria a manter o 
 
 
79 
galpão de armazenamento de defensivos agrícolas aberto para uso também da fazenda 
de Deocleciano. 
O cumprimento dessa obrigação pode ser exigido por: 
(A) Inocêncio, apenas; 
(B) Deocleciano, apenas; 
(C) Inocêncio e Deocleciano, necessariamente juntos; 
(D) Inocêncio ou Deocleciano, necessariamente em separado; 
(E) Inocêncio ou Deocleciano, juntos ou em separado. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(E) CORRETA. A alternativa E é a correta porque, no contrato de doação, foi inserida 
uma cláusula que beneficia um terceiro, Deocleciano, ao estabelecer que o donatário, 
Venâncio, deveria manter o galpão de armazenamento acessível para uso da fazenda 
vizinha, de propriedade de Deocleciano. Essa cláusula caracteriza uma obrigação com 
estipulação em favor de terceiro, regulada pelos arts. 436 a 438 do Código Civil. Nesse 
tipo de estipulação, o terceiro, ainda que não seja parte do contrato, adquire o direito 
de exigir o cumprimento da obrigação prevista em seu favor. 
De acordo com o art. 436 do Código Civil, o estipulante (Inocêncio) pode, em um 
contrato, criar uma obrigação em benefício de um terceiro (Deocleciano), conferindo a 
este o direito de exigir a execução da obrigação. Além disso, o próprio estipulante 
mantém a faculdade de exigir o cumprimento da obrigação, conforme o parágrafo único 
do art. 436, especialmente se ele tiver interesse direto no cumprimento da cláusula 
contratual. Assim, tanto Inocêncio quanto Deocleciano possuem legitimidade para exigir 
o cumprimento da cláusula. 
Outro ponto importante é que a lei não exige que Inocêncio e Deocleciano atuem 
necessariamente juntos para exigir o cumprimento da obrigação. Ambos têm o direito 
de agir de forma conjunta ou separada, reforçando a legitimidade autônoma de cada 
um para buscar a execução da obrigação. Essa flexibilidade é inerente às obrigações com 
estipulação em favor de terceiro, que visam garantir que o beneficiário não fique 
desamparado. 
 
 
80 
_______________________________________________________________________ 
45. Fulano, jovem estagiário, sofreu um acidente automobilístico grave e, por conta 
disso, ficou irrecuperavelmente paraplégico. A sentença, então, condenou Beltrano, o 
responsável pela colisão, ao pagamento de pensão pela comprovada diminuição da 
capacidade laborativa de Fulano. O juiz arbitrou o pensionamento considerando a 
expectativa média de vida do brasileiro e, atendendo ao pedido do autor, determinou o 
pagamento em parcela única na forma do Art. 950, parágrafo único, do Código Civil (“O 
prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só 
vez”). 
Com isso, Fulano comprou uma mansão em Maceió, além de um carro esportivo. Ocorre 
que, dois meses depois do recebimento da indenização, sofreu severa reação ao prato 
de lagosta que pedira para almoço e faleceu aos 19 anos. 
Nesse caso, à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é CORRETO afirmar 
que: 
(A) deve-se reconhecer o enriquecimento sem causa de Fulano, sobretudo porque a 
norma do Art. 950 do Código Civil não é direito absoluto, muito menos se coaduna com 
a vitaliciedade própria do pensionamento imposto; 
(B) deve-se reconhecer o enriquecimento sem causa de Fulano, porque, embora a norma 
do Art. 950 do Código Civil não seja direito absoluto, o pagamento em parcela única não 
se coaduna com a vitaliciedade própria do pensionamento imposto; 
(C) apesar de a norma do Art. 950 do Código Civil não ser direito absoluto, muito menos 
se coadunar com a vitaliciedade própria do pensionamento imposto, não se cogita de 
enriquecimento sem causa, na medida em que só se antecipou o pagamento de 
indenização que, de todo modo, seria devida pela perda da capacidade produtiva 
projetada pela expectativa de vida (princípio da reparação integral); 
(D) não se deve reconhecer o enriquecimento sem causa de Fulano, sobretudo porque 
a norma do Art. 950 do Código Civil é direito potestativo do credor e, no mais, coaduna-
se plenamente com a vitaliciedade própria do pensionamento imposto; 
(E) não se deve reconhecer o enriquecimento sem causa de Fulano, porque, embora a 
norma do Art. 950 do Código Civil não constitua direito potestativo do credor, ela se 
coaduna plenamente com a vitaliciedade própria do pensionamento imposto, na medida 
em que só se antecipou o pagamento de indenização que, de todo modo, seria devida 
pela perda da capacidade produtiva projetada pela expectativa de vida (princípio da 
reparação integral). 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
(A) CORRETA. O art. 950 do Código Civil prevê que, em casos de redução ou perda da 
capacidade laborativa, a indenização incluirá uma pensão proporcional à depreciação 
 
 
81 
sofrida pela vítima, além das despesas com tratamento e lucros cessantes. O parágrafo 
único do artigo permite que o prejudicado solicite o pagamento da indenização em 
parcela única, desde que os prejuízos sejam devidamente comprovados. Segundo o 
Enunciado 48 do CJF/STJ, esse direito é potestativo, mas deve respeitar os princípios da 
proporcionalidade e da capacidade econômica do devedor: “O parágrafo único do art. 
950 do novo Código Civil institui direito potestativo do lesado para exigir pagamento da 
indenização de uma só vez, mediante arbitramento do valor pelo juiz, atendidos os arts. 
944 e 945 e a possibilidade econômica do ofensor.” 
O Enunciado 381 do CJF/STJ complementa, afirmando que, se o pagamento em parcela 
única for economicamente inviável para o devedor, o juiz pode estabelecer outra forma 
de pagamento. O STJ entende que o direito ao pagamento em parcela única não é 
absoluto, cabendo ao magistrado avaliar, no caso concreto, aspectos como a condição 
financeira do devedor, a idade da vítima e o prazo do pensionamento, para evitar 
desequilíbrios — seja o risco de ruína do devedor ou a ameaça ao crédito do 
beneficiário. 
Assim, à luz da jurisprudência do STJ2, deve-se evitar o enriquecimento sem causa em 
situações como a descrita. O art. 950, parágrafo único, do Código Civil confere ao 
prejudicado o direito de exigir o pagamento da indenização em parcela única, mas esse 
direito não é absoluto e deve ser analisado em consonância com o princípio da 
reparação integral e com a natureza vitalícia do pensionamento imposto. 
No caso apresentado, Fulano, após receber o montante correspondente à pensão 
vitalícia em parcela única com base na expectativa de vida média, faleceu apenas dois 
meses depois, o que resultou em um evidente descompasso entre o valor recebido e o 
dano efetivamente sofrido ao longo de sua vida. O STJ entende que, em situações 
excepcionais como essa, é possível reconhecer o enriquecimento sem causa do credor, 
pois a indenização, que deveria ter caráter compensatório e proporcional ao dano, 
acabou gerando um benefício econômico desproporcional, o que viola os princípios da 
razoabilidade e da equidade. 
Além disso, o art. 950 do Código Civil não pode ser interpretado de forma isolada, 
ignorando o caráter vitalício da pensão. A antecipação do valor total, portanto, deve 
considerar o equilíbrio entre o direito do credor à reparação integral e a proteção do 
devedor contra um enriquecimento excessivo e injustificadodo credor. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa A. 
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa A. 
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa A. 
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa A. 
_______________________________________________________________________ 
 
2 REsp 1.349.968/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 14.04.2015, DJe 04.05.2015. 
 
 
82 
46. Tício deve R$ 10.000,00 ao Banco Xpto S/A em razão de um empréstimo que tomara. 
Sucede que, em demanda judicial, o Banco Xpto S/A é condenado a pagar R$ 5.000,00 a 
Tício, a título de danos morais. Nesse ínterim, para maximizar seus ganhos, a instituição 
financeira cede o crédito em face de Tício para a faturizadora XXY S.A. por R$ 8.500,00. 
Notificado, Tício nada objeta. Nessa data, Tício mantém R$ 2.000,00 em conta-corrente 
no Banco XPTO S/A. 
Se a faturizadora desejar securitizar sua carteira, o valor máximo pela qual poderá 
assegurar esse crédito cedido será: 
(A) R$ 10.000,00; 
(B) R$ 5.000,00, porque Tício poderá alegar que houve a extinção parcial da obrigação 
pela compensação com o valor devido a título de danos morais; 
(C) R$ 8.000,00, porque Tício poderá alegar que houve a extinção parcial da obrigação 
pela compensação com o valor depositado perante o cedente; 
(D) R$ 3.000,00, porque Tício poderá alegar que houve a extinção parcial da obrigação 
pela compensação com o valor depositado perante o cedente e com aquele devido a 
título de danos morais; 
(E) R$ 8.500,00, porque foi o valor pago pela cessionária pelo crédito. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
(A) CORRETA. A alternativa A é a correta porque, conforme o art. 286 do Código Civil, o 
credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, 
ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta 
ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
Assim, o crédito pode ser cedido a terceiros, salvo se houver cláusula em contrário ou 
se a natureza da obrigação for incompatível com a cessão. No caso narrado, o crédito 
de R$ 10.000,00 foi transferido integralmente para a faturizadora XXY S.A., sendo esse 
o valor pelo qual o crédito pode ser securitizado. 
A compensação de dívidas, que poderia reduzir o valor do crédito, pressupõe a 
existência de dívidas líquidas, certas e exigíveis entre as mesmas partes, conforme o art. 
368 do Código Civil. No caso, a dívida de R$ 5.000,00 devida pelo Banco Xpto S/A a título 
de danos morais não pode ser automaticamente compensada pela faturizadora, pois a 
compensação opera apenas entre o Banco e Tício, e não entre Tício e a faturizadora. De 
forma semelhante, o saldo de R$ 2.000,00 que Tício mantém em conta-corrente no 
Banco Xpto S/A tampouco pode ser utilizado para compensação com o crédito cedido, 
já que esse saldo não é devido à faturizadora, mas sim ao Banco. 
De tal modo, o valor do crédito cedido permanece inalterado em R$ 10.000,00, e a 
faturizadora XXY S.A. pode securitizá-lo por esse montante. O valor pago pela 
 
 
83 
cessionária (R$ 8.500,00) ou os outros valores relacionados à relação entre Tício e o 
Banco Xpto S/A (como os danos morais ou o saldo em conta-corrente) não interferem 
no valor securitizável, que corresponde ao total do crédito cedido. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa A. 
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa A. 
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa A. 
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa A. 
_______________________________________________________________________ 
47. A Cooperativa XPTO firmou, com uma de suas cooperadas, três contratos prevendo 
entrega futura de produto (10.000 litros de etanol e 500.000 sacas de 50 quilos de açúcar 
bruto) com adiantamento de pagamento (R$ 30.000.000,00). 
Com o objetivo de garantir o cumprimento dessas obrigações, a seguradora SSS emitiu 
três apólices de seguro, com importâncias seguradas equivalentes aos valores totais das 
vendas adiantadas. 
Diante do descumprimento das obrigações de entrega de produtos assumidas pela 
cooperada – que ingressou com pedido de recuperação judicial –, a seguradora foi 
instada a pagar as indenizações previstas nos contratos de seguro garantia, mas arguiu 
exceção de contrato não cumprido, sob o fundamento de que os valores previstos nos 
contratos segurados não foram, de fato, disponibilizados pela Cooperativa XPTO. 
Nesse caso, é CORRETO afirmar que: 
(A) considerada a relatividade contratual e presente o caráter acessório do contrato de 
seguro, à luz da teoria da orbitação ou gravitação jurídica, a seguradora não pode arguir 
exceção de contrato não cumprido, porque a entrega futura de produto é, em relação a 
si, res inter alios acta; 
(B) considerada a relatividade contratual e tratando-se de contratos coligados, em que 
se verifica a autonomia de cada negócio jurídico, a seguradora não teria legitimidade 
para a exceção e não poderia se exonerar de sua obrigação; 
(C) presente o caráter acessório do contrato de seguro, a seguradora poderia arguir a 
exceção de contrato não cumprido quanto às obrigações garantidas (contrato principal), 
à luz da teoria da orbitação ou gravitação jurídica, de modo a se eximir de pagar a 
indenização; 
(D) aplicada a teoria do terceiro cúmplice, a seguradora poderia arguir a exceção de 
contrato não cumprido quanto às obrigações garantidas, de modo a se eximir de pagar 
a indenização; 
(E) mesmo em se tratando de contratos coligados, com autonomia e densidade próprias, 
a exceção de contrato não cumprido constitui efeito não de um ou de outro negócio 
isoladamente considerado, mas da vinculação jurídica existente entre ambos, de modo 
que é possível a arguição feita pela seguradora e sua exoneração da garantia. 
 
 
84 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(E) CORRETA. A alternativa E é correta porque os contratos firmados (entrega futura, 
seguro garantia e adiantamento de pagamento) estão coligados, ou seja, cada um possui 
autonomia jurídica, mas estão interligados por um vínculo jurídico de interdependência, 
conforme reconhece a teoria dos contratos coligados. Essa teoria afirma que o 
descumprimento de um contrato pode repercutir nos demais contratos vinculados. 
No caso, a seguradora SSS emitiu o seguro garantia condicionada à realização do 
pagamento adiantado pela Cooperativa XPTO à cooperada. Como o pagamento não foi 
efetivamente realizado, o contrato principal foi descumprido, o que impacta o contrato 
acessório de seguro. Com base na exceção de contrato não cumprido (art. 476 do CC), a 
seguradora pode se recusar a pagar as indenizações, pois sua obrigação está 
diretamente vinculada ao cumprimento do contrato principal. 
Deste modo, a seguradora tem legitimidade para invocar a exceção de contrato não 
cumprido, já que o descumprimento do contrato principal exonera sua obrigação de 
indenizar no contrato acessório. 
Ou seja, é correto afirmar que mesmo em se tratando de contratos coligados, com 
autonomia e densidade próprias, a exceção de contrato não cumprido constitui efeito 
não de um ou de outro negócio isoladamente considerado, mas da vinculação jurídica 
existente entre ambos, de modo que é possível a arguição feita pela seguradora e sua 
exoneração da garantia. 
_______________________________________________________________________ 
48. Noah, 15 anos, perdeu pai e mãe em um acidente de automóvel. Sua família atual é 
composta por seu tio Júlio, 49 anos, que está em serviço pela Aeronáutica, sua tia Flávia, 
62 anos, secretária-executiva, sua irmã Maria, 20 anos, portadora de cardiopatia grave e 
incapacitante, e sua irmã Júlia, 30 anos, médica.Diante da situação hipotética 
apresentada, Noah precisará de um tutor ou tutora. 
Nesse caso, pode(m) apresentar escusa à tutela somente: 
(A) tia Flávia; 
(B) as irmãs Maria e Júlia; 
 
 
85 
(C) tio Júlio e tia Flávia; 
(D) tio Júlio, tia Flávia e a irmã Maria; 
(E) a irmã Maria, a irmã Júlia e tio Júlio. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa D. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa D. 
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa D. 
(D) CORRETA. De acordo com os arts. 1.735 e 1.736 do Código Civil, algumas pessoas 
podem escusar-se de assumir a tutela caso enfrentem situações que dificultem ou 
impeçam o exercício adequado dessa função. No caso apresentado, três membros da 
família de Noah possuem justificativas legais para apresentar escusa à tutela. 
O tio Júlio, que está em serviço pela Aeronáutica, pode escusar-se com base no inciso 
VII do art. 1.736 do Código Civil, que permite a recusa à tutela para aqueles que 
desempenham cargos ou funções públicas que os impeçam de exercer adequadamente 
a função de tutor. O serviço militar ativo se enquadra como um encargo público que 
justifica a escusa. 
A tia Flávia, com 62 anos, pode escusar-se com fundamento no inciso II do art. 1.736 do 
Código Civil, que estabelece que pessoas com mais de 60 anos podem recusar o encargo 
de tutor. A idade avançada é um motivo legalmente reconhecido que justifica a escusa. 
A irmã Maria, aos 20 anos, é portadora de uma cardiopatia grave e incapacitante, o que 
constitui motivo para escusa com base no inciso IV do art. 1.736 do Código Civil, que 
prevê que enfermidades que tornem a pessoa incapaz de cumprir as responsabilidades 
do encargo são justificativas legais para recusa. 
Já a irmã Júlia, aos 30 anos, não possui qualquer impedimento relatado que justifique 
sua recusa. Logo, apenas o tio Júlio, a tia Flávia e a irmã Maria possuem justificativas 
legais para apresentar escusa ao encargo da tutela. Dessa forma, a alternativa D é a 
correta. 
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa D. 
_______________________________________________________________________ 
49. Reinaldo era sócio da XPTO Empreendimentos Imobiliários Ltda. Em 2020, foi 
condenado, por sentença transitada em julgado, pelo crime de lesão corporal leve contra 
sua esposa no âmbito da Lei Maria da Penha. Em 2023, após ele anunciar sua 
candidatura para as eleições da diretoria que aconteceriam no ano de 2024, sobrevém 
 
 
86 
alteração no estatuto da sociedade para vedar que pessoas condenadas por violência 
doméstica pudessem ocupar cargos diretivos. 
Nesse caso, à luz das disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, 
notadamente seu Art. 6º, a nova disposição: 
(A) não poderá ter aplicação retroativa para prejudicar Reinaldo, o que infringiria a coisa 
julgada penal; 
(B) não poderá ter aplicação retroativa para prejudicar Reinaldo, o que infringiria o ato 
jurídico perfeito; 
(C) não poderá ter aplicação retroativa para prejudicar Reinaldo, o que infringiria o 
direito adquirido; 
(D) poderá prejudicar Reinaldo, uma vez que não produz efeito ultrativo, na medida em 
que apenas comina efeitos futuros a fatos passados, de modo que sequer se poderia 
falar em sua retroatividade; 
(E) poderá prejudicar Reinaldo, embora produza efeito ultrativo, na medida em que 
comina efeitos futuros a fatos passados, tratando-se de retroatividade mínima, 
plenamente admissível. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa E. 
(E) CORRETA. A alteração no estatuto da sociedade, que veda a ocupação de cargos 
diretivos por pessoas condenadas por violência doméstica, aplica-se com retroatividade 
mínima, que sucede quando a lei nova atinge apenas os efeitos dos fatos anteriores, 
verificados após a sua entrada em vigor. Esse tipo de retroatividade ocorre quando uma 
norma nova produz efeitos futuros com base em fatos passados, sendo plenamente 
admitida pelo art. 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). 
No caso, a proibição se aplica às eleições futuras (2024) e não interfere diretamente no 
passado de Reinaldo, mas traz consequências futuras para sua condenação anterior. 
A retroatividade mínima não viola direitos como coisa julgada penal, ato jurídico 
perfeito ou direito adquirido. A coisa julgada penal continua preservada, pois a alteração 
estatutária não altera os efeitos da condenação penal, mas apenas regulamenta critérios 
de elegibilidade para cargos diretivos. Além disso, Reinaldo não possui um direito 
 
 
87 
adquirido à candidatura, já que o direito de se candidatar está sujeito às regras 
estatutárias vigentes no momento das eleições. 
Deste modo, a nova regra estatutária é válida, pois projeta efeitos futuros (vedação à 
candidatura) a partir de um fato passado (a condenação de Reinaldo). Essa aplicação 
está de acordo com a autonomia privada das sociedades e os princípios da LINDB, sendo 
a retroatividade mínima plenamente admissível. 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
50. A competência da Justiça Federal é definida pela Constituição da República e, não 
raro, suscita controvérsias em sede doutrinária e jurisprudencial. 
Acerca do tema, considerando as disposições do texto constitucional e a jurisprudência 
dos Tribunais Superiores, é CORRETO afirmar que: 
(A) a Justiça Federal é competente para as causas em que a Caixa Econômica Federal e o 
Banco do Brasil figurem como parte, em razão da função social de tais instituições 
financeiras; 
(B) compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho 
de fiscalização profissional; 
(C) é da competência da Justiça Federal autorizar o levantamento dos valores relativos 
ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta; 
(D) compete à Justiça do Trabalho processar e julgar os feitos relativos à movimentação 
do FGTS, por se tratar de direito inerente ao contrato de trabalho; 
(E) a decisão do juízo federal que exclui da relação processual ente federal pode ser 
reexaminada no juízo estadual, o qual poderá suscitar conflito negativo de competência 
ao STJ. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Conforme previsão do art. 109, I, da CF/88, aos juízes federais compete 
processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem 
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de 
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do 
Trabalho; 
 
 
88 
Desse modo, diferentemente da Caixa Econômica Federal, que ostenta a natureza de 
empresa pública federal, o Banco do Brasil é sociedade de economia mista, não atraindo 
a competência da Justiça Federal, portanto. 
No mesmo sentido, Súmula 42 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e 
julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes 
praticados em seu detrimento. 
(B) CORRETA. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI n. 1.717/DF (Rel. 
Ministro Sydney Sanches, Tribunal Pleno, julgado em 07/11/2002, DJ 28/03/2003, p. 63), 
firmou o entendimento de acordo com o qual a fiscalização das profissões 
regulamentadas compreende atividade tipicamente estatal e, por esse motivo, resta 
preservada a natureza de autarquia federal atribuída aos conselhos de fiscalização 
profissional. Ademais, depreende-se do art. 109, I, da Constituição Federal, que compete 
à Justiça Federal processar e julgar as causas nas quais autarquia públicafederal figura 
como parte interessada, seja na condição de autora ou na de ré. Então, em regra, os 
conselhos de fiscalização profissional litigam perante a Justiça Federal, porquanto 
equiparados às autarquias federais. Nessa linha: CC 169379 / MG, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 
16/03/2020. 
(C) INCORRETA. Súmula 161 do STJ: "É da competência da Justiça estadual autorizar o 
levantamento dos valores relativos ao PIS/Pasep e FGTS, em decorrência 
do falecimento do titular da conta". 
(D)INCORRETA. Súmula 82/STJ: "Compete a Justiça Federal, excluídas as reclamações 
trabalhistas, processar e julgar os feitos relativos a movimentação do FGTS". 
(E) INCORRETA. Súmula 254/STJ: “A decisão do Juízo Federal que exclui da relação 
processual ente federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual”. 
_______________________________________________________________________ 
51. Janaína ajuizou ação declaratória de nulidade de negócio jurídico em face de Tânia. 
Em sua causa de pedir, Janaína alega que Tânia falsificou escritura pública de compra e 
venda de domínio útil, o qual lhe pertence, de imóvel situado em terreno de marinha. 
Ao tomar ciência da demanda, a União, possuindo o interesse econômico de oferecer o 
resgate da enfiteuse ao real titular do domínio útil, requer seu ingresso no feito na 
qualidade de terceiro interveniente, para permitir a juntada de documentos e 
esclarecimentos essenciais ao deslinde da causa. 
Nesse caso, o pleito da União visa a permitir a seguinte modalidade de intervenção de 
terceiro em seu favor: 
(A) assistência simples; 
(B) intervenção anômala; 
(C) amicus curiae; 
(D) assistência litisconsorcial; 
(E) chamamento ao processo. 
 
 
89 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Conforme cediço, as pessoas jurídicas de direito público, ao intervirem no processo com 
fundamento no parágrafo único do art. 5º da Lei n. 9.469/1997, passam a dispor de 
limitados poderes, podendo apenas esclarecer questões de fato e de direito, além de 
juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria. 
Cuida-se da chamada “intervenção anômala”, com fundamento em interesse 
econômico: 
Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, 
como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades 
de economia mista e empresas públicas federais. 
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, 
nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, 
de natureza econômica, intervir, independentemente da 
demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de 
fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais 
reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, 
hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, 
serão consideradas partes. 
Verifica-se que, na assistência simples, pela própria dicção do Código de Processo Civil, 
o terceiro interessado necessita ter interesse jurídico na causa, diferentemente do que 
ocorre na intervenção anômala, na qual basta, tão somente, o interesse meramente de 
natureza econômica (EREsp 1265625 / SP, Corte Especial, DJe 01/08/2022). 
Importante destacar que, segundo entendimento do STJ, "a intervenção anômala da 
União, regulamentada pelo art. 5º, parágrafo único, da Lei n. 9.469/1997, é admitida nas 
causas em que figurarem, como autoras ou rés, entidades da administração pública 
indireta, e não em causas que versam sobre direitos estritamente particulares, como na 
hipótese" (AgInt na PET no REsp n. 1.825.274/SC, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, 
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023). 
No caso apresentado, como apenas se indaga qual a natureza da intervenção de terceiro 
pretendida pela União, e não, propriamente, se deve ser deferido o requerimento, o 
gabarito é a letra B. 
_______________________________________________________________________ 
52. Pedro, inconformado com cláusulas constantes de edital de concurso público, que, 
no seu entender, violam a moralidade administrativa, deseja ajuizar ação popular 
exclusivamente em face da União, responsável por promover o certame. 
Tomando o caso acima como premissa, é CORRETO afirmar que: 
 
 
90 
(A) ainda que esteja com os direitos políticos suspensos, Pedro será parte legítima para 
propor a ação popular; 
(B) a intervenção do Ministério Público será facultativa, somente sendo cabível se 
presente interesse de incapazes; 
(C) além da União, os agentes públicos responsáveis pela edição do edital deverão figurar 
como réus; 
(D) o prazo de contestação será de 15 dias, prorrogáveis por mais 15, a requerimento 
dos interessados; 
(E) eventual improcedência do pedido formulado por Pedro não estará sujeita ao 
reexame necessário. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. De acordo com o art. 1º, §3º, da Lei 4717/1965, a prova da cidadania, 
para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele 
corresponda. 
Desse modo, na hipótese em que os direitos políticos do indivíduo de Pedro estejam, 
não terá legitimidade para propor ação popular. 
(B) INCORRETA. 
Lei 4717/1965, Art. 6º, § 4º O Ministério Público acompanhará 
a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a 
responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, 
sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do 
ato impugnado ou dos seus autores. 
A intervenção do MP é obrigatória, e não meramente facultativa, considerando a 
previsão acima mencionada. 
(C) CORRETA. 
Lei 4717/1965, Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas 
públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as 
autoridades, funcionários ou administradores que houverem 
autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, 
ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e 
contra os beneficiários diretos do mesmo. 
(D) INCORRETA. 
Lei 4717/1965, Art. 7º, IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) 
dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do 
interessado, se particularmente difícil a produção de prova 
 
 
91 
documental, e será comum a todos os interessados, correndo da 
entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o 
caso, do decurso do prazo assinado em edital. 
(E) INCORRETA 
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela 
improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, 
não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; 
da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito 
suspensivo. 
_______________________________________________________________________ 
53. João, empregado público do Estado Alfa, ajuizou ação em face do ente público, na 
qual pleiteou a implementação de gratificação de representação, que é prevista no 
Estatuto dos Servidores Públicos como direito de todos os servidores estatutários e 
celetistas do Estado Alfa. 
O juízo concedeu tutela provisória de urgência, determinando ao Estado Alfa que 
implementasse de imediato a gratificação. 
A sentença julgou procedente o pedido, condenando o Estado Alfa a implementar a 
gratificação no contracheque de João, confirmando a tutela de urgência concedida, bem 
como a pagar as verbas devidas e em atraso, respeitada a prescrição quinquenal. Não 
houve interposição de recurso em face da sentença. 
Quatro anos após o trânsito em julgado da sentença, o Supremo Tribunal Federal, em 
sede de controle difuso, declarou a inconstitucionalidade do artigo do Estatuto dos 
Servidores Públicos que previa a gratificação de representação. 
Em tal caso, é CORRETO afirmar que: 
(A) a competência para o julgamento de eventual ação rescisória proposta em face da 
sentença será do Tribunal Regional do Trabalho da respectiva região, por se tratar de 
demanda proposta por servidor público celetista; 
(B) ajuizada ação rescisória, haverá suspensãoautomática da eficácia da sentença 
rescindenda, bastando a comunicação da propositura ao juízo prolator da decisão; 
(C) o cumprimento provisório da obrigação de fazer deverá estar sujeito ao regime 
constitucional dos precatórios ou da requisição de pequeno valor, conforme o caso, tal 
como a obrigação de pagar as verbas em atraso; 
(D) o Estado Alfa poderá ajuizar ação rescisória em face da sentença, cujo termo inicial 
será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal; 
(E) é lícito ao Estado Alfa ofertar impugnação ao cumprimento de sentença fundado em 
fato superveniente, em razão da inexigibilidade da execução declarada inconstitucional 
pelo Supremo Tribunal Federal. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
 
 
92 
COMENTÁRIOS 
 
A resposta é extraída do art. 525 e seus parágrafos: 
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, 
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em 
título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo 
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou 
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato 
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como 
incompatível com a Constituição Federal , em controle de 
constitucionalidade concentrado ou difuso. 
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal 
Federal poderão ser modulados no tempo, em atenção à 
segurança jurídica. 
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 
deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda. 
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito 
em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo 
prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida 
pelo Supremo Tribunal Federal. 
Considerando que, no caso da questão, a decisão do Supremo Tribunal Federal foi 
proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, o Estado Alfa poderá ajuizar 
ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo 
Supremo Tribunal Federal. 
_______________________________________________________________________ 
54. Carla, aposentada pelo regime geral de previdência social em razão de incapacidade 
permanente por acidente de trabalho, ajuizou ação em face do INSS, requerendo a 
condenação da autarquia a promover a revisão da renda mensal inicial (RMI) de seu 
benefício previdenciário e o pagamento das diferenças devidas. 
Para tanto, a autora arguiu que o INSS promoveu a averbação a menor de diversos 
salários de contribuição, impactando no montante percebido a título de aposentadoria. 
Aduziu, ainda, que formulou requerimento administrativo prévio, que foi indeferido 
liminarmente. 
O juízo julgou procedente o pedido, condenando a autarquia a ajustar os salários de 
contribuição de Carla, bem como a lhe pagar os valores em atraso devidos desde a data 
de sua aposentadoria, ocorrida três anos antes da propositura da ação, até a data da 
efetivação do benefício na quantia correta. 
Os honorários advocatícios foram fixados em 10% do total devido em favor de Carla. 
Sobre o caso acima, é CORRETO afirmar que: 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
 
 
93 
(A) o requerimento administrativo prévio é dispensável para fins de configuração do 
interesse de agir de Carla, sendo lícito ao segurado, em todo e qualquer caso, ajuizar a 
ação independentemente de prévio pedido junto ao INSS; 
(B) o advogado de Carla poderá interpor recurso tão somente para obter a majoração 
dos honorários advocatícios, hipótese em que a ele será extensível a isenção legal de 
preparo prevista em favor do segurado na Lei nº 8.213/1991; 
(C) os honorários advocatícios devidos em favor do advogado de Carla incidirão tão 
somente sobre as prestações devidas até a sentença, não incidindo sobre as prestações 
vencidas após a sentença; 
(D) o processo tramita perante a Justiça Federal, pois a ação movida em face do INSS que 
tenha por objeto a revisão da aposentadoria por incapacidade permanente é de 
competência de tal justiça especializada; 
(E) o percentual dos honorários advocatícios nas ações acidentárias é fixo, não devendo 
obedecer às faixas previstas no Código de Processo Civil para as causas em que a Fazenda 
Pública for parte. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Tema 350 do STF (RE 
631.240/MG), fixou orientação segundo a qual a concessão de 
benefícios previdenciários depende de prévio requerimento do interessado na seara 
administrativa, por considerar que o pleito do segurado só se caracterizaria ameaça ou 
lesão a direito depois de apreciado e indeferido pela autarquia, ou se excedido o prazo 
legal para sua análise. 
(B) INCORRETA. A isenção legal do preparo prevista no parágrafo único do art. 129 da 
Lei nº 8.213/91 não se estende ao patrono da parte autora, no caso em que o recurso 
versar exclusivamente sobre verba honorária de sucumbência fixada em favor do 
advogado da causa. STJ. 2ª Turma. AgInt no AgInt no AREsp 2.246.596-SP, Rel. Min. 
Teodoro Silva Santos, julgado em 29/4/2024 (Info 19 – Edição Extraordinária). 
Súmula 110-STJ: A isenção do pagamento de honorários advocatícios, nas ações 
acidentárias, é restrita ao segurado. 
(C) CORRETA. Súmula 111/STJ: Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, 
não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença. 
Importante destacar que, no bojo do Tema 1105/STJ, a Corte Superior firmou a seguinte 
tese vinculante: 
“Continua eficaz e aplicável o conteúdo da Súmula 111/STJ (com a redação modificada 
em 2006), mesmo após a vigência do CPC/2015, no que tange à fixação de honorários 
advocatícios.” 
 
 
94 
(D) INCORRETA. O entendimento do STJ acerca da irresignação da parte recorrente é no 
sentido da competência da Justiça Estadual quando o pedido de pensão, a 
sua revisão ou outro benefício discutem, como causa de pedir, o 
próprio acidente de trabalho, ou quando há necessidade de prova pericial em derredor 
do próprio acidente. Precedente: AgRg no CC 139.399/RJ, Rel. Ministro Olindo Menezes 
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região) Primeira Seção, DJe 02/03/2016. 
(E) INCORRETA. Não há previsão legal no sentido indicado na alternativa. Os honorários 
devem observar o disposto no art. 85, §3º, do CPC: 
§ 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos 
honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV 
do § 2º e os seguintes percentuais: 
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da 
condenação ou do proveito econômico obtido até 200 
(duzentos) salários-mínimos; 
II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da 
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 
(duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-
mínimos; 
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da 
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 
(dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-
mínimos; 
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da 
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 
(vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-
mínimos; 
V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da 
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 
(cem mil) salários-mínimos. 
_______________________________________________________________________ 
55. A imparcialidade é atributo essencial ao bom exercício da jurisdição. Com efeito, a 
equidistância entre o magistrado, o membro do Ministério Público e os demais auxiliares 
da justiça em relação às partes se faz necessária para a solução adequada dos conflitos 
de interesse. 
Sobre o tema, é CORRETO afirmar que: 
(A) é impedido o juiz que for amigo íntimo ou inimigo de qualquer daspartes ou de seus 
advogados; 
(B) o juiz poderá se declarar suspeito por motivo de foro íntimo, sendo imprescindível 
que declare suas razões de suspeição à presidência do Tribunal, em expediente sigiloso; 
(C) o incidente de suspeição será autuado nos próprios autos e, caso esta não seja 
reconhecida pelo juiz, este ordenará a remessa dos autos ao Tribunal para seu 
processamento; 
 
 
95 
(D) arguido o impedimento do membro do Ministério Público, o juiz mandará processar 
o incidente em separado, ouvindo o arguido no prazo de 15 dias; 
(E) o ministro do Superior Tribunal de Justiça que oficiou no processo como procurador 
da República, tendo proferido parecer, é suspeito para atuar no processo perante o 
Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. 
Art. 145. Há suspeição do juiz: 
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus 
advogados; 
(B) INCORRETA. 
Art. 145, § 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de 
foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. 
(C) INCORRETA. 
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento 
do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em 
petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o 
fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em 
que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. 
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a 
petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a 
seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em 
apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, 
apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de 
rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do 
incidente ao tribunal. 
(D) CORRETA. 
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: 
I - ao membro do Ministério Público; 
II - aos auxiliares da justiça; 
III - aos demais sujeitos imparciais do processo. 
§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a 
suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, 
na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. 
§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem 
suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 
 
 
96 
(quinze) dias e facultando a produção de prova, quando 
necessária. 
(E) INCORRETA. A hipótese é de impedimento, na forma do art. 144, I, do CPC: 
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas 
funções no processo: 
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como 
perito, funcionou como membro do Ministério Público ou 
prestou depoimento como testemunha; 
_______________________________________________________________________ 
56. Vladimir Filho foi citado em execução fiscal movida em face de Vladimir Pai, tendo 
por objeto o recebimento de valores a título de imposto sobre a renda. Ao ler a petição 
inicial, Vladimir Filho identificou que a União lançou o imposto em seu desfavor por 
equívoco, em razão da homonímia parcial. 
Em tal caso, para defesa dos interesses de seu cliente em juízo, o advogado de Vladimir 
Filho poderá alegar: 
(A) a ilegitimidade ativa do executado, por meio de embargos à execução fiscal, somente; 
(B) a ilegitimidade ativa ou passiva de Vladimir Filho, exclusivamente por meio de 
exceção de pré-executividade, que não permite a condenação em honorários 
advocatícios, se acolhida para extinguir a execução fiscal; 
(C) a ilegitimidade passiva de Vladimir Filho, por meio de exceção de pré-executividade, 
a qual, caso acolhida para extinguir a execução fiscal, não ensejará a condenação da 
União ao pagamento de honorários advocatícios; 
(D) a ilegitimidade passiva do executado, por meio de embargos à execução fiscal ou 
exceção de pré-executividade, os quais, se acolhidos para extinguir a execução fiscal, 
ensejarão a condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios; 
(E) a ilegitimidade passiva de Vladimir Filho, somente por meio de embargos à execução 
fiscal, exigida, em todo e qualquer caso, a garantia do juízo para fins de sua 
admissibilidade. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
Vladimir filho poderá distribuir os embargos à execução fiscal, na forma do art. 16 da 
LEF, podendo alegar toda matéria útil à defesa, inclusive sua ilegitimidade, requerer 
provas e juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do 
juiz, até o dobro desse limite. 
Ademais, também poderá deduzir exceção de pré-executividade. Conforme cediço, o 
Superior Tribunal de Justiça perfilha o entendimento de que “a exceção de pré-
executividade é cabível quando atendidos simultaneamente dois requisitos, um de 
 
 
97 
ordem material e outro de ordem formal, quais sejam: a) a matéria invocada deve ser 
suscetível de conhecimento de ofício pelo juiz; e b) desnecessidade de dilação 
probatória” (REsp 2052225 / RJ, Terceira Turma, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, DJe 
19/05/2023). 
Ademais, para a Corte Superior, questões afetas aos pressupostos processuais e às 
condições da ação podem ser alegadas, a qualquer tempo, em exceção de pré-
executividade, porquanto são matérias de ordem pública (AgInt no AREsp 1268464 / SP, 
Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, DJE DJe 19/06/2020). 
Em ambos os casos, é cabível a condenação em honorários da União Federal (AgInt no 
REsp 1684597 / RS, DJe 10/05/2023). 
_______________________________________________________________________ 
57. O direito processual civil trata de diversos aspectos do fenômeno processual. Sobre 
o processo civil brasileiro, analise as afirmativas a seguir. 
I. Consoante a jurisprudência do STJ, o prazo decadencial da ação rescisória só se inicia 
quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial. 
II. É cabível o agravo de instrumento em face de decisão que verse sobre o acolhimento 
da alegação de convenção de arbitragem. 
III. É incapaz de depor o que tiver menos de 18 anos. 
Está CORRETO o que se afirma em: 
(A) I, apenas; 
(B) I e II, apenas; 
(C) I e III, apenas; 
(D) II e III, somente; 
(E) I, II e III. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
Conforme entendimento sumulado do STJ (Súmula 401), ainda não superado, a despeito 
de sinalização de que tende a adotar a chamada “coisa julgada por capítulos”, “o prazo 
decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do 
último pronunciamento judicial”. 
Apenas cabe agravo de instrumento na hipótese de decisão que rejeita a alegação de 
convenção de arbitragem. 
CPC, Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões 
interlocutórias que versarem sobre: 
 
 
98 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
E, por último, apenas são considerados incapazes, para proibição de depor como 
testemunhas, os menores de 16 anos. 
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, 
exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. 
§ 1º São incapazes: 
(...) 
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos; 
O gabarito, portanto, é a letra A. 
_______________________________________________________________________ 
58. Solano, Manoel e Thiago, amigos e estudiosos do direito processual, debatiam a 
respeito das prerrogativas processuais da Fazenda Pública. 
Solano, inicialmente, afirmou que o reexame necessário não se aplica quando a 
condenação imposta ao Estado for de valor certo e líquido inferior a 1.000 salários 
mínimos. 
Manoel, por sua vez, aduziu que não se aplica o benefício da contagem em dobro dos 
prazos processuais em favor da advocacia pública quando a lei estabelecer, de forma 
expressa, prazo próprio para o ente público. 
Por fim, Thiago afirmou que o pagamento das obrigações de pequeno valor deve ser 
realizado no prazoe Maria é brasileira nata; 
(C) Ana e Maria são estrangeiras, devendo passar pelo processo de naturalização; 
(D) Ana é estrangeira, devendo se naturalizar brasileira, e Maria é brasileira nata; 
(E) Ana pode readquirir a nacionalidade brasileira, o que não depende de naturalização, 
e Maria é estrangeira. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
 
Ana nasceu no exterior, filha de pai ou mãe brasileiros não a serviço do Brasil — neste 
caso, a serviço de empresa privada, o que não confere automaticamente a nacionalidade 
brasileira nata. Contudo, conforme o art. 12, I, c, da CF/88, será brasileira nata se vier a 
residir na República Federativa do Brasil e optar, a qualquer tempo, após atingir a 
maioridade, pela nacionalidade brasileira. Como Ana reside atualmente de forma 
definitiva no Brasil e tem mais de 18 anos, poderá optar pela nacionalidade brasileira. 
 
Maria nasceu em território brasileiro, mas filha de pais estrangeiros a serviço de seu país 
(embaixada é extensão do território estrangeiro). De acordo com o art. 12, I, a, não são 
brasileiros natos os nascidos no Brasil de pais estrangeiros que estejam a serviço de seu 
país. 
Porém, como os pais são de nacionalidade indiana e estavam a serviço da embaixada 
espanhola (e não da Índia), não estavam a serviço de seu país, portanto, Maria é 
considerada brasileira nata. 
_______________________________________________________________________ 
4. Ao proferir sua sentença, determinado magistrado analisou o diálogo possível entre 
os direitos fundamentais de terceira dimensão, direcionados por referenciais de 
solidariedade e fraternidade, no âmbito de um Estado de Direito em particular, e a teoria 
dos status de Georg Jellinek. 
Ao final de suas reflexões, concluiu CORRETAMENTE que: 
(A) a eficácia indireta dos status aponta para a sua compatibilidade com a terceira 
dimensão dos direitos fundamentais; 
 
 
12 
(B) os direitos fundamentais de terceira dimensão não afastam a preservação da 
perspectiva individual dos direitos, dialogando com o status libertatis; 
(C) o status civitatis gera o dever de proteção em relação aos direitos individuais, o que 
é indicativo da concretização dos direitos lastreados na solidariedade e na fraternidade; 
(D) os status estão lastreados na dicotomia entre os planos da ação e da omissão, que 
não se harmonizam com o dever de proteção exigido pelos direitos fundamentais de 
terceira dimensão; 
(E) a atribuição de centralidade ao coletivo, que assegura a coesão e a continuidade das 
partes que o integram, faz do status activus a forma de instrumentalização dos 
referenciais de solidariedade e fraternidade. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
A terceira dimensão dos direitos fundamentais não exclui os direitos individuais, mas sim 
os expande. 
 
O item não afirma que todos os direitos de terceira dimensão são individuais, mas sim 
que há um diálogo com a perspectiva individual, o que é compatível com a doutrina 
contemporânea de interpretação dos direitos fundamentais como interdependentes e 
inter-relacionados. 
 
O status libertatis, segundo Jellinek, refere-se à posição do indivíduo livre de 
interferências estatais, típica dos direitos de primeira dimensão (liberdades negativas). 
Contudo, mesmo os direitos de terceira dimensão se estruturam com base na dignidade 
da pessoa humana, o que preserva a perspectiva individual como um de seus 
fundamentos, ainda que a realização ocorra em nível coletivo. 
_______________________________________________________________________ 
5. Exercentes do controle externo sobre a Administração Pública, os Tribunais de Contas 
(federal, estadual ou municipal, onde existir) devem ser acionados sempre que houver a 
necessidade de fiscalização de atos e contratos administrativos, na forma da 
Constituição Federal de 1988. 
Diante do exposto, é CORRETO afirmar que: 
(A) como integrantes do Poder Legislativo, os Tribunais de Contas devem submeter suas 
fiscalizações a eventual aprovação ou reprovação da respectiva Casa Legislativa; 
(B) uma vez que são tribunais integrantes da estrutura do Poder Judiciário, os Tribunais 
de Contas podem aplicar sanções diretamente àqueles que tenham cometido 
irregularidades/ilegalidades no âmbito da Administração Pública; 
(C) os Tribunais de Contas, auxiliares do Poder Legislativo, devem julgar com eficiência e 
economicidade atos e contratos públicos, bem como imputar as devidas 
 
 
13 
responsabilidades de pessoas naturais e jurídicas pela prática de condutas tanto 
culposas como dolosas; 
(D) os Tribunais de Contas devem atuar somente após o exercício do controle interno 
desempenhado pelas controladorias dos órgãos e entidades da Administração Pública; 
(E) considerando sua atuação voltada à proteção do interesse público indisponível, os 
Tribunais de Contas afastam a adoção da consensualidade, largamente empregada no 
Poder Judiciário, em suas decisões e manifestações. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
Nos termos da Constituição Federal (art. 71, incisos e §§), os Tribunais de Contas (da 
União, dos Estados e dos Municípios onde existirem) não integram o Poder Legislativo, 
mas exercem função de controle externo da Administração Pública, auxiliando o 
Legislativo. 
 
Eles têm competência para: 
 
- julgar contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiro público; 
- imputar débitos e multas a pessoas físicas e jurídicas; 
- analisar atos de concessão de aposentadorias, reformas e pensões; 
- apreciar legalidade de atos de admissão de pessoal; 
- e fiscalizar a aplicação de recursos repassados a entidades privadas. 
 
Além disso, o art. 70 da CF/88 estabelece que a fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial será exercida quanto à legalidade, 
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, 
justamente o que está descrito no item. Tanto condutas dolosas quanto culposas podem 
dar ensejo a responsabilização perante os Tribunais de Contas. 
 
_______________________________________________________________________ 
6. As empresas públicas e sociedades de economia mista, integrantes da Administração 
Pública indireta brasileira, têm natureza híbrida, uma vez que gozam de natureza jurídica 
privada e visam à obtenção de lucros. 
Diante do exposto, é CORRETO afirmar que: 
(A) considerando a livre iniciativa e a livre concorrência, as estatais têm liberdade 
econômica para adquirir produtos e contratar serviços no mercado brasileiro; 
(B) considerando serem entidades da administração indireta, as contratações realizadas 
pelas estatais devem ser precedidas de licitação pública na forma da Constituição 
Federal de 1988; 
 
 
14 
(C) a Constituição Federal de 1988 afastou o controle do Tribunal de Contas em face de 
tais entidades, em razão de sua natureza jurídica privada; 
(D) a extinção e a alienação do controle acionário de empresa pública e sociedade de 
economia mista exigem autorização legislativa; 
(E) a atuação das estatais deve ser validada pela análise do respectivo ente público direto 
ao qual estão vinculadas, sob pena de violação ao princípio da separação e da harmonia 
entre os poderes. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
O dispositivo constitucional impõe lei autorizativa para criação, o que logicamente 
implica também a necessidade de lei para sua extinção, com base no princípio da 
simetria legislativa. 
 
Constituição Federal – art. 37, XIX: 
“Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e 
autorizada a instituição de empresa pública, sociedade de 
economia mista e fundação, cabendo à lei complementar definir 
as áreas de sua atuação.” 
 
O Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 5624, entendeu que:de 90 dias contados da entrega da requisição. 
A respeito do diálogo acima, está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s) de: 
(A) Solano, Manoel e Thiago; 
(B) Manoel, somente; 
(C) Solano e Thiago, somente; 
(D) Manoel e Thiago, somente; 
(E) Solano e Manoel, somente. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Incorreta a afirmação de Solano. Quanto ao reexame necessário, não se aplica quando a 
condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior 
a 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas 
autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos 
Estados: 
 
 
99 
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo 
efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: 
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os 
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito 
público; 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à 
execução fiscal. 
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação 
no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, 
e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. 
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará 
a remessa necessária. 
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação 
ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e 
líquido inferior a: 
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas 
autarquias e fundações de direito público; 
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o 
Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de 
direito público e os Municípios que constituam capitais dos 
Estados; 
De outro giro, Manoel, corretamente, invocou o teor do art. 183, caput e §2º, do CPC. 
Confira-se: 
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e 
suas respectivas autarquias e fundações de direito público 
gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações 
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação 
pessoal. 
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio 
eletrônico. 
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a 
lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente 
público. 
Incorreta, ainda, a afirmação de Thiago. É o que se extrai do seguinte dispositivo legal do 
CPC: 
Art. 535, § 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as 
arguições da executada: II - por ordem do juiz, dirigida à 
autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o 
processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será 
realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da 
requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais 
próxima da residência do exequente. (Vide ADI 5534) (Vide 
ADI nº 5492) 
O gabarito, portanto, é a letra B. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4989940
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4959031
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4959031
 
 
100 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
59. Em ação pelo procedimento comum intentada em face do Instituto Nacional da 
Propriedade Industrial, discute-se, no mérito, o cabimento do direito de prioridade ao 
pedido posterior de patente de modelo de utilidade depositado originalmente no Brasil, 
sem reivindicação de prioridade e não publicado. 
Segundo a legislação patentária, nesse caso, é CORRETO afirmar que: 
(A) é assegurado o direito de prioridade ao pedido posterior sobre a mesma matéria, 
depositado no Brasil pelo mesmo requerente ou sucessores, dentro do prazo de 1 ano; 
(B) não será admitida prioridade para a matéria revelada no pedido anterior, apenas para 
a matéria nova introduzida no segundo pedido; 
(C) o pedido de patente de modelo de utilidade originário de divisão de pedido anterior 
poderá servir de base à reivindicação de prioridade; 
(D) é assegurado o direito de prioridade ao pedido posterior sobre a mesma matéria, 
depositado no Brasil ou em país unionista pelo mesmo requerente, dentro do prazo de 
6 meses; 
(E) o pedido depositado anteriormente e ainda pendente será conservado, exceto se o 
interessado requerer seu arquivamento no prazo de 90 dias, contado da data do pedido 
posterior sobre a mesma matéria. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
A questão em análise exige a compreensão do candidato sobre o Direito da Propriedade 
Industrial, regulamentado pela Lei nº 9.279/96, notadamente sobre a prioridade para a 
obtenção de concessão de patente. Na situação hipotética apresentada, tem-se um 
“pedido posterior de patente de modelo de utilidade depositado originalmente no 
Brasil, sem reivindicação de prioridade e não publicado”. Neste caso, o art. 17, Lei nº 
9.279/96, estabelece o direito de prioridade, dentro do prazo de 1 ano. Dessa forma, a 
alternativa correta é a letra A. 
Observe o art. 17, da Lei nº 9.279/96: 
Art. 17. O pedido de patente de invenção ou de modelo de 
utilidade depositado originalmente no Brasil, sem reivindicação 
de prioridade e não publicado, assegurará o direito de prioridade 
ao pedido posterior sobre a mesma matéria depositado no Brasil 
pelo mesmo requerente ou sucessores, dentro do prazo de 1 
(um) ano. 
 
 
101 
A alternativa B está errada porque a prioridade será admitida apenas para a matéria 
revelada no pedido anterior e não para a matéria nova introduzida (art. 17, §1º). A 
alternativa C está errada porque o pedido de patente originário de divisão de pedido 
anterior não poderá servir de base a reivindicação de prioridade (art. 17, §3º). A 
alternativa D está errada porque o prazo para a prioridade é estabelecido no acordo, “, 
não sendo o depósito invalidado nem prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos” 
(art. 16). A alternativa E está errada porque pedido anterior de prioridade pendente será 
arquivado (art. 17, §2º). 
_______________________________________________________________________ 
60. Em 21 de junho de 2021, a Fazenda Nacional ajuizou execução fiscal em face da 
sociedade empresária Caitano, Goitá & Passira Ltda. O processo foi distribuído para a 11ª 
Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco. No curso do processo e após a 
realização da penhora de bens da executada, foi decretada a falência da sociedade pelo 
juízo da 5ª Vara Cível da Comarca do Recife. 
Em razão da decretação de falência e de seu efeito sobre a execução fiscal em curso, é 
CORRETO afirmar que: 
(A) a execução fiscal não será suspensa com a decretação da falência, exceto se o juiz da 
falência não instaurar de ofício o incidente de classificação de crédito público nos 60 dias 
seguintes ao da publicação da sentença de falência; 
(B) haverá a suspensão automática da execução fiscal até o encerramento da falência, 
exceto se for requerida pelo administrador judicial a instauração do incidente de 
classificação de crédito público, hipótese em que a execução permanecerá tramitando 
no juízo de origem; 
(C) a execução fiscal não será suspensa com a decretação da falência, sendo exceção ao 
princípio da indivisibilidade do juízo da falência, e o administrador judicial deverá ser 
intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo; 
(D) haverá a suspensão da execução fiscal por decisão do juiz da falência pelo prazo de 
até 180 dias, após o qual ela será retomada no juízo de origem se não tiver sido finalizada 
a realização do ativo pelo administrador judicial; 
(E) a execução fiscal não será suspensa e são proibidos atos de constrição sobre os bens 
penhorados pelo administrador judicial, como a arrecadação para a massa falida 
objetiva, diante da natureza extraconcursal do crédito da Fazenda Nacional. 
_______________________________________________________________________GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
Esta questão exige do candidato o conhecimento dos efeitos da decretação da falência 
do devedor, previsto no art. 6º, da Lei 11.101/05, dentre outros, de suspender execução 
de créditos que possam ser habilitados no processo de falência. Com efeito, o crédito 
 
 
102 
tributário não se habilita em processo de falência (art. 187, CTN). Tal fato, por si só, já 
justificaria as execuções fiscais não suspenderem com o decreto de quebra. 
Como se isso não bastasse, estabelece o art. 6º, §7º-B Lei nº 11.101/05: 
§ 7º-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não 
se aplica às execuções fiscais, admitida, todavia, a competência 
do juízo da recuperação judicial para determinar a substituição 
dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital 
essenciais à manutenção da atividade empresarial até o 
encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada 
mediante a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei 
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), 
observado o disposto no art. 805 do referido Código 
 
Por outro lado, estabelece o art. 75, V, do CPC estabelece que cabe ao administrador 
judicial representar ativa e passivamente a massa falida. 
_______________________________________________________________________ 
61. Acerca dos fundos de investimento, analise as afirmativas a seguir. 
I. Competem concorrentemente ao Conselho Monetário Nacional e à Comissão de 
Valores Mobiliários autorizar a constituição, o funcionamento e a administração de 
fundos mútuos de investimento em sociedades empresárias cuja atividade principal seja 
a inovação, caracterizados pela comunhão de recursos captados por meio do sistema de 
distribuição de valores mobiliários, destinados à aplicação em carteira diversificada de 
valores mobiliários de emissão dessas sociedades. 
II. Os regulamentos dos fundos de investimento deverão observar a regulamentação 
editada pela Comissão de Valores Mobiliários e poderão estabelecer a limitação da 
responsabilidade de cada investidor ao valor de suas quotas. 
III. Compete ao Conselho Monetário Nacional regulamentar a constituição e o 
funcionamento de fundos de investimento em direitos creditórios, destinados 
exclusivamente à aplicação em direitos creditórios e em títulos representativos desses 
direitos, originários de operações realizadas nos segmentos financeiro, comercial, 
industrial, imobiliário, de hipotecas, de arrendamento mercantil e de prestação de 
serviços. 
Está CORRETO o que se afirma em: 
(A) I, apenas; 
(B) II, apenas; 
(C) I e III, apenas; 
(D) II e III, apenas; 
(E) I, II e III. 
_______________________________________________________________________ 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art69
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art69
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art805
 
 
103 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
A questão submete ao candidato o exame da competência da CVM e do CMN enquanto 
órgãos normativos e regulamentadores do Sistema Financeiro Nacional. O CMN é órgão 
máximo do Sistema Financeiro Nacional. Sua competência está prevista no art. 3º, da Lei 
nº 6.385/76: 
Art. 3º Compete ao Conselho Monetário Nacional: 
I - definir a política a ser observada na organização e no 
funcionamento do mercado de valores mobiliários; 
II - regular a utilização do crédito nesse mercado; 
III - fixar, a orientação geral a ser observada pela Comissão de 
Valores Mobiliários no exercício de suas atribuições; 
IV - definir as atividades da Comissão de Valores Mobiliários que 
devem ser exercidas em coordenação com o Banco Central do 
Brasil. 
V - aprovar o quadro e o regulamento de pessoal da Comissão de 
Valores Mobiliários, bem como fixar a retribuição do presidente, 
diretores, ocupantes de funções de confiança e demais 
servidores. 
VI - estabelecer, para fins da política monetária e cambial, 
condições específicas para negociação de contratos derivativos, 
independentemente da natureza do investidor, podendo, 
inclusive: 
a) determinar depósitos sobre os valores nocionais dos 
contratos; e 
b) fixar limites, prazos e outras condições sobre as negociações 
dos contratos derivativos. 
 
Como se vê, dentre as competências atribuídas ao CMN não se encontra a constituição 
e regulamentação dos fundos de investimento que fica a cargo da CVM enquanto órgão 
fiscalizador e normatizador do mercado de capitais, nos termos do Art. 1.368-C, §§ 2º e 
3º, do Código Civil: 
Art. 1.368-C. O fundo de investimento é uma comunhão de 
recursos, constituído sob a forma de condomínio de natureza 
especial, destinado à aplicação em ativos financeiros, bens e 
direitos de qualquer natureza. 
§ 2º Competirá à Comissão de Valores Mobiliários disciplinar o 
disposto no caput deste artigo. 
§ 3º O registro dos regulamentos dos fundos de investimentos 
na Comissão de Valores Mobiliários é condição suficiente para 
garantir a sua publicidade e a oponibilidade de efeitos em 
relação a terceiros. 
 
 
 
104 
Assim, os itens I e III estão errados por indicarem o CMN como órgão competente para 
regulamentar a constituição de fundos de investimento. 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO 
 
62. A Lei Complementar nº 208, de 2 de julho de 2024, incluiu o Art. 39-A na Lei nº 
4.320/1964, o qual estabeleceu que a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município 
poderá ceder onerosamente, nos termos de lei específica autorizativa do ente, direitos 
originados de créditos tributários e não tributários, inclusive quando inscritos em dívida 
ativa, a pessoas jurídicas de direito privado ou a fundos de investimento regulamentados 
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 
Segundo dispõe a Lei Complementar nº 208/2024, a cessão de direitos creditórios: 
(A) deverá ser realizada até 60 dias antes da data de encerramento do mandato do chefe 
do Poder Executivo, salvo quando o integral pagamento pela cessão dos direitos 
creditórios ocorrer após essa data; 
(B) é considerada operação de venda definitiva de patrimônio público, devendo a receita 
de capital dela decorrente ser destinada, em pelo menos 50%, ao financiamento de 
despesas associadas a regime de previdência social, e o restante, a despesas com 
investimentos; 
(C) é considerada operação de crédito, por envolver compromisso financeiro assumido 
em razão do recebimento antecipado de valores provenientes da venda de ativos 
públicos, motivo pelo qual são aplicáveis os requisitos e as vedações previstos na 
Constituição Federal de 1988 e na Lei Complementar nº 101/2000; 
(D) deverá ser realizada mediante operação definitiva, não podendo, contudo, ser o 
cedente isentado de eventual responsabilidade, compromisso ou dívida de que decorra 
obrigação de pagamento perante o cessionário, resguardada a prerrogativa da Fazenda 
Pública de promover a cobrança judicial e extrajudicial dos créditos de que se tenham 
originado os direitos cedidos; 
(E) deverá preservar a natureza, as garantias e os privilégios do crédito de que se tenha 
originado o direito cedido, assim como manter inalterados os critérios de atualização ou 
correção de valores e os montantes representados pelo principal, juros e multas, 
admitida a modificação das condições de pagamento e dos prazos originalmente 
avençados entre a Fazenda Pública ou o órgão da Administração Pública e o devedor ou 
contribuinte. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. O prazo é de 90 dias: 
 
 
105 
Art. 39-A, VII - realizar-se até 90 (noventa) dias antes da data de 
encerramento do mandato do chefe do Poder Executivo, 
ressalvado o caso em que o integral pagamento pela cessão dos 
direitos creditórios ocorra após essa data. (Incluído pela Lei 
Complementar nº 208, de 2024) 
(B) CORRETA.Art. 39-A, § 4º As cessões de direitos creditórios realizadas nos 
termos deste artigo não se enquadram nas definições de que 
tratam os incisos III e IV do art. 29 e o art. 37 da Lei 
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de 
Responsabilidade Fiscal), sendo consideradas operação de 
venda definitiva de patrimônio público. (Incluído pela Lei 
Complementar nº 208, de 2024) 
§ 6º A receita de capital decorrente da venda de ativos de que 
trata este artigo observará o disposto no art. 44 da Lei 
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de 
Responsabilidade Fiscal), devendo-se destinar pelo menos 50% 
(cinquenta por cento) desse montante a despesas associadas a 
regime de previdência social, e o restante, a despesas com 
investimentos. (Incluído pela Lei Complementar nº 208, de 
2024) 
(C) INCORRETA. Não é uma operação de crédito (art. 29, III, da LC 101/2000) e sim uma 
operação de venda definitiva de patrimônio público (art. 39-A, §4º, Lei 4320/64). 
Art. 39-A, § 4º As cessões de direitos creditórios realizadas nos 
termos deste artigo não se enquadram nas definições de que 
tratam os incisos III e IV do art. 29 e o art. 37 da Lei 
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de 
Responsabilidade Fiscal), sendo consideradas operação de 
venda definitiva de patrimônio público. (Incluído pela Lei 
Complementar nº 208, de 2024) 
LC 101/2000. 
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as 
seguintes definições: 
III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em 
razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, 
aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de 
valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, 
arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, 
inclusive com o uso de derivativos financeiros; 
IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de 
obrigação financeira ou contratual assumida por ente da 
Federação ou entidade a ele vinculada; 
 
 
106 
(D) INCORRETA 
IV - realizar-se mediante operação definitiva, isentando o 
cedente de responsabilidade, compromisso ou dívida de que 
decorra obrigação de pagamento perante cessionário, de modo 
que a obrigação de pagamento dos direitos creditórios cedidos 
permaneça, a todo tempo, com o devedor ou contribuinte; 
(Incluído pela Lei Complementar nº 208, de 2024) 
(E) INCORRETA. 
§ 1º Para fins do disposto no caput, a cessão dos direitos 
creditórios deverá: (Incluído pela Lei Complementar nº 208, de 
2024) 
I - preservar a natureza do crédito de que se tenha originado o 
direito cedido, mantendo as garantias e os privilégios desse 
crédito; (Incluído pela Lei Complementar nº 208, de 2024) 
II - manter inalterados os critérios de atualização ou correção de 
valores e os montantes representados pelo principal, os juros e 
as multas, assim como as condições de pagamento e as datas de 
vencimento, os prazos e os demais termos avençados 
originalmente entre a Fazenda Pública ou o órgão da 
administração pública e o devedor ou contribuinte; (Incluído 
pela Lei Complementar nº 208, de 2024) 
_______________________________________________________________________ 
63. Suponha que, ao final do segundo bimestre de determinado exercício financeiro, o 
Poder Executivo Federal tenha verificado que as receitas arrecadadas pela União haviam 
sido inferiores às estimativas previstas na Lei Orçamentária Anual, e que não seriam 
atingidas as metas de resultado primário estabelecidas na Lei de Diretrizes 
Orçamentárias (LDO). 
Nesse cenário, de acordo com a Lei Complementar nº 101/2000 e com a jurisprudência 
do Supremo Tribunal Federal, é CORRETO afirmar que: 
(A) o Poder Executivo poderá promover, por ato próprio e nos montantes necessários, 
nos 30 dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo 
os critérios fixados pela LDO, em harmonia com o caráter autorizativo do orçamento 
público, notadamente após a Emenda Constitucional nº 100/2019; 
(B) o agente que deixar de expedir ato determinando limitação de empenho e 
movimentação financeira, nos casos e condições estabelecidos em lei, incorre em 
infração administrativa punida com multa de 30% dos seus vencimentos anuais, a ser 
aplicada pelo órgão da Administração Pública a que estiver vinculado o agente, sem 
prejuízo da apuração de sua responsabilidade civil e criminal; 
(C) caso o Ministério Público não promova, por ato próprio, a limitação de empenho nos 
30 dias subsequentes, o Poder Executivo poderá limitar os valores financeiros conforme 
os critérios previstos na LDO, observada a exigência de desconto linear e uniforme da 
 
 
107 
Receita Corrente Líquida prevista na lei orçamentária, de modo a concretizar o princípio 
do equilíbrio fiscal; 
(D) não poderão ser objeto de contingenciamento as despesas destinadas ao pagamento 
do serviço da dívida e as relativas ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico (FNDCT), o qual constitui fundo especial integrante do Sistema Financeiro 
Nacional, voltado à promoção do desenvolvimento econômico e social do país por meio 
do financiamento da inovação e do desenvolvimento científico e tecnológico; 
(E) a limitação de empenho será dispensada no caso de reconhecimento da ocorrência 
de calamidade pública, nos termos de decreto legislativo editado pelo Congresso 
Nacional, hipótese em que também serão afastadas, enquanto perdurar a situação, as 
condições e as vedações para a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de 
natureza tributária que implique renúncia de receita, desde que destinado ao combate 
à calamidade pública. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. 
LC 101/2000 
Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da 
receita poderá não comportar o cumprimento das metas de 
resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas 
Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato 
próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias 
subseqüentes, limitação de empenho e movimentação 
financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes 
orçamentárias. 
(B) INCORRETA. Não será aplicada pelo órgão da Administração Pública a que estiver 
vinculado o agente, mas sim pelo Tribunal de Contas a que competir a fiscalização 
contábil, financeira e orçamentária da pessoa jurídica de direito público envolvida. 
Lei 10028/2000 
Art. 5o Constitui infração administrativa contra as leis de finanças 
públicas: 
I – deixar de divulgar ou de enviar ao Poder Legislativo e ao 
Tribunal de Contas o relatório de gestão fiscal, nos prazos e 
condições estabelecidos em lei; 
II – propor lei de diretrizes orçamentárias anual que não 
contenha as metas fiscais na forma da lei; 
 
 
108 
III – deixar de expedir ato determinando limitação de empenho e 
movimentação financeira, nos casos e condições estabelecidos 
em lei; 
IV – deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos prazos da 
lei, a execução de medida para a redução do montante da 
despesa total com pessoal que houver excedido a repartição por 
Poder do limite máximo. 
§ 1o A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta 
por cento dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, 
sendo o pagamento da multa de sua responsabilidade pessoal. 
§ 2o A infração a que se refere este artigo será processada e 
julgada pelo Tribunal de Contas a que competir a fiscalização 
contábil, financeira e orçamentária da pessoa jurídica de direito 
público envolvida. 
(C) INCORRETA. Não há previsão sobre a parte final. 
LC 101/2000, Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que 
a realização da receita poderá não comportar o cumprimento 
das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no 
Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público 
promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos 
trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e 
movimentação financeira,segundo os critérios fixados pela lei de 
diretrizes orçamentárias. 
§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério 
Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido 
no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores 
financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes 
orçamentárias. 
(D) INCORRETA. O FNDCT não se vincula ao sistema financeiro e bancário nacional. 
LC 101/2000, Art. 8º, § 2º Não serão objeto de limitação as 
despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do 
ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da 
dívida, as relativas à inovação e ao desenvolvimento científico e 
tecnológico custeadas por fundo criado para tal finalidade e as 
ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. 
Lei 11540/2027 
Art. 1º O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico (FNDCT), instituído pelo Decreto-Lei nº 719, de 31 
de julho de 1969, e restabelecido pela Lei nº 8.172, de 18 de 
janeiro de 1991, é um fundo especial de natureza contábil e 
financeira e tem o objetivo de financiar a inovação e o 
 
 
109 
desenvolvimento científico e tecnológico com vistas a promover 
o desenvolvimento econômico e social do País. 
Parágrafo único. O FNDCT não se caracteriza como fundo de 
investimentos e não se vincula ao sistema financeiro e bancário 
nacional. (Incluído pela Lei Complementar nº 177, de 2021) 
(E) CORRETA. Em conformidade com art. 65, c/c, art. 14, da LC 101/2000 
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo 
Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias 
Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto 
perdurar a situação: 
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a 
limitação de empenho prevista no art. 9o. 
§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo 
Congresso Nacional, nos termos de decreto legislativo, em parte 
ou na integralidade do território nacional e enquanto perdurar a 
situação, além do previsto nos inciso I e II do caput: 
III - serão afastadas as condições e as vedações previstas nos 
arts. 14, 16 e 17 desta Lei Complementar, desde que o incentivo 
ou benefício e a criação ou o aumento da despesa sejam 
destinados ao combate à calamidade pública. 
 
Da Renúncia de Receita 
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de 
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá 
estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois 
seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias 
e a pelo menos uma das seguintes condições: 
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi 
considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na 
forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados 
fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes 
orçamentárias; 
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período 
mencionado no caput, por meio do aumento de receita, 
proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de 
cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. 
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito 
presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração 
de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique 
redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros 
benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. 
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou 
benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição 
contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando 
implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. 
 
 
110 
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica: 
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos 
I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; 
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos 
respectivos custos de cobrança. 
_______________________________________________________________________ 
64. A sociedade empresária XYZ apurou que teria recolhido indevidamente, na data de 
26/03/2014, valores relativos à Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS). 
Nesse sentido, a sociedade empresária XYZ requereu junto à Administração Tributária, 
na data de 07/11/2016, a compensação do suposto crédito mencionado com débito 
concernente à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). 
Todavia, o Fisco indeferiu, na data de 24/10/2018, a compensação pleiteada, com ciência 
do contribuinte na data de 12/02/2019. 
A sociedade empresária XYZ, então, ajuizou ação em 25/03/2021, com vistas à 
desconstituição da referida decisão proferida pelo Fisco, tendo o despacho citatório sido 
proferido em 18/08/2021 e a citação do procurador da Fazenda Nacional ocorrido em 
29/03/2022. 
Tendo em conta as disposições do Código Tributário Nacional e a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça acerca da matéria, é CORRETO afirmar que: 
(A) deverá ser reconhecida a prescrição da pretensão formulada na ação, porquanto 
ultrapassado o prazo prescricional quinquenal para a propositura de demanda judicial 
visando à repetição do indébito tributário ou à compensação, notadamente porque o 
pedido administrativo de compensação não interrompe o curso do aludido prazo 
prescricional; 
(B) a pretensão formulada na ação foi exercida de forma tempestiva, haja vista que o 
pedido administrativo de compensação, por equivaler ao reconhecimento inequívoco, 
ainda que extrajudicial, do débito devido acarreta a interrupção do curso do prazo 
prescricional, o qual voltou a correr por inteiro após a decisão administrativa do Fisco 
que indeferiu a compensação; 
(C) deverá ser reconhecida a prescrição da pretensão formulada na ação, uma vez que 
decorrido o prazo prescricional bienal para a propositura de demanda judicial 
objetivando a anulação da decisão administrativa do Fisco que indeferiu a compensação, 
sendo inaplicável, nessa hipótese, o prazo prescricional quinquenal relativo à pretensão 
de repetição do indébito ou compensação; 
(D) a pretensão formulada na ação foi exercida de forma tempestiva, sendo certo que, 
após a interrupção do prazo prescricional pela propositura da demanda judicial, o 
referido prazo recomeçou a correr pela metade após a citação do procurador da Fazenda 
Nacional em 29/03/2022, de modo que o julgamento da ação deverá ocorrer até 
29/03/2023, sob pena de configuração da prescrição intercorrente; 
(E) deverá ser reconhecida a prescrição da pretensão formulada na ação, considerando 
o transcurso do prazo prescricional bienal para a propositura de demanda judicial 
objetivando a anulação da decisão administrativa do Fisco que indeferiu a compensação, 
 
 
111 
ainda que o pedido administrativo de compensação tenha interrompido o curso do prazo 
prescricional para o ajuizamento de ação com vistas à repetição do indébito tributário 
ou à compensação. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. De fato, a Súmula 625-STJ prevê que o pedido administrativo 
de compensação ou de restituição não interrompe o prazo prescricional para a ação 
de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do CTN nem o da execução de 
título judicial contra a Fazenda Pública. 
Porém, no caso em tela, a sociedade empresária ajuizou ação com vistas à 
desconstituição da decisão proferida pelo Fisco denegatória de compensação. Assim, 
aplica-se a regra prescricional prevista no art. 169 do CTN, afastando-se o art. 168 do 
CTN e o entendimento da súmula 625 STJ. 
Não se deve confundir o prazo prescricional do art. 168 do CTN (direito do contribuinte 
de pleitear a restituição diretamente na via judicial) com o prazo do art. 169 do CTN 
(prazo extintivo de ação anulatória, na qual o contribuinte se insurge contra decisão 
administrativa do Fisco).(B) INCORRETA. Não está em conformidade com entendimento sumulado do STJ: 
Súmula 625-STJ: O pedido administrativo de compensação ou de 
restituição não interrompe o prazo prescricional para a ação 
de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do 
CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda 
Pública. 
(C) CORRETA. Como visto, não se deve confundir o prazo prescricional do art. 168 do 
CTN (direito do contribuinte de pleitear a restituição diretamente na via judicial) com o 
prazo do art. 169 do CTN (prazo extintivo de ação anulatória, na qual o contribuinte se 
insurge contra decisão administrativa do Fisco). 
No caso em tela, a sociedade empresária ajuizou ação com vistas à desconstituição da 
decisão proferida pelo Fisco denegatória de compensação, aplicando-se a regra 
prescricional prevista no art. 169 do CTN: 
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão 
administrativa que denegar a restituição. 
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início 
da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir 
da data da intimação validamente feita ao representante judicial 
da Fazenda Pública interessada. 
 
 
112 
Considerando que o contribuinte foi intimado da decisão administrativa em 12/02/2019, 
quando do ajuizamento da ação judicial em 25/03/2021 já havia transcorrido o prazo 
prescricional bienal previsto no art. 169 do CTN. 
(D) INCORRETA. Como visto na alternativa C, ocorreu a prescrição bienal prevista no art. 
169 do CTN. 
(E) INCORRETA. Como visto na alternativa B, nos termos da Súmula 625-STJ, o pedido 
administrativo de compensação ou de restituição não interrompe o prazo prescricional 
para a ação de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do CTN nem o da 
execução de título judicial contra a Fazenda Pública. 
_______________________________________________________________________ 
65. A entidade religiosa XYZ, constituída sob a forma de associação civil de direito 
privado sem fins lucrativos, possui como objetivos estatutários a divulgação dogmática 
e o desenvolvimento de programas de educação e assistência social, por meio da 
realização de obras de caridade e da doação de recursos a instituições afins. 
Nessas circunstâncias, a entidade religiosa XYZ impetrou mandado de segurança 
preventivo a fim de ver reconhecido o seu direito à fruição da imunidade tributária em 
relação ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre aplicações 
financeiras de curto prazo, bem como no que concerne ao Imposto de Importação e ao 
Imposto sobre Produtos Industrializados incidentes sobre a importação de uma máquina 
de utilização gráfica, que seria destinada às suas finalidades institucionais. 
Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o juiz deverá: 
(A) conceder em parte a segurança para obstar a exigência do IOF, pois a imunidade 
prevista no Art. 150, inciso VI, alínea c), da Constituição Federal de 1988 não abarca o 
Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados incidentes sobre a 
importação de bens, dado o forte caráter extrafiscal desses tributos, os quais constituem 
instrumentos de intervenção na ordem econômica e se voltam precipuamente à 
regulação do mercado; 
(B) denegar a segurança, uma vez que as entidades de natureza religiosa não podem ser 
qualificadas como instituições de assistência social para os fins de fruição da imunidade 
prevista no Art. 150, inciso VI, alínea c), da Constituição Federal de 1988, porquanto 
ausentes os requisitos da generalidade e da universalidade da prestação assistencial, 
extraídos do Art. 203 da Carta Magna; 
(C) conceder a segurança, haja vista que a imunidade prevista no Art. 150, inciso VI, 
alínea c, da Constituição Federal de 1988 deve ser interpretada de modo a abranger os 
impostos que possam desfalcar o patrimônio, prejudicar as atividades ou reduzir as 
rendas da entidade beneficiária, ainda que estejam apenas indiretamente relacionados 
com as suas finalidades essenciais, desde que os recursos obtidos sejam direcionados 
para o implemento de tais fins; 
(D) conceder em parte a segurança para obstar a exigência do IOF, na medida em que a 
imunidade prevista no Art. 150, inciso VI, alínea c), da Constituição Federal de 1988 
alcança apenas o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados 
 
 
113 
incidentes sobre a importação de bens relacionados com as atividades de assistência 
social, o que não se verifica na hipótese, pois a importação do bem foi meramente 
decorrente das finalidades essenciais da entidade religiosa; 
(E) conceder em parte a segurança para obstar a exigência do Imposto de Importação e 
do Imposto sobre Produtos Industrializados, uma vez que a imunidade prevista no Art. 
150, inciso VI, alínea c), da Constituição Federal de 1988 alcança apenas os impostos 
incidentes sobre patrimônio, renda ou serviços relacionados com as finalidades 
essenciais das entidades beneficiárias, não abarcando o IOF, já que inexiste vinculação 
entre as operações financeiras oneradas e as finalidades essenciais da entidade religiosa. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
A questão exigia o conhecimento de entendimento do Supremo Tribunal Federal 
proferida no Tema 328 da Repercussão Geral: 
A imunidade assegurada pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição da 
República aos partidos políticos, inclusive suas fundações, às 
entidades sindicais dos trabalhadores e às instituições de 
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, que 
atendam aos requisitos da lei, alcança o IOF, inclusive o 
incidente sobre aplicações financeiras. STF. Plenário. RE 
611510/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/4/2021 
(Repercussão Geral – Tema 328) (Info 1012). 
_______________________________________________________________________ 
66. Suponha que determinada lei estadual instituiu taxa de controle, monitoramento e 
fiscalização ambiental das atividades de geração, transmissão e/ou distribuição de 
energia elétrica de origem hidráulica, térmica e termonuclear, tendo como fato gerador 
o exercício regular do poder de polícia sobre as referidas atividades no âmbito da 
unidade federativa. 
Considere, ainda, que a aludida lei estadual estabeleceu que o valor do tributo será 
determinado em razão do volume de energia elétrica gerado pelo explorador da 
atividade, bem como em virtude da receita bruta e do número de empregados do 
estabelecimento contribuinte. 
De acordo com a Constituição Federal de 1988 e com a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal sobre o tema, a mencionada lei estadual pode, em tese, ser 
considerada: 
(A) materialmente constitucional no que concerne à previsão de que o valor da taxa será 
fixado em virtude da receita bruta do explorador da atividade, haja vista que o porte da 
empresa pode ser utilizado como critério idôneo para a mensuração do custo da 
atividade estatal de fiscalização ambiental; 
 
 
114 
(B) materialmente inconstitucional no que diz respeito à previsão de que o valor da taxa 
será condicionado à quantidade de energia elétrica produzida e ao número de 
empregados do estabelecimento contribuinte, uma vez que tais critérios não guardam 
relação de pertinência com a atividade estatal de fiscalização ambiental; 
(C) formalmente inconstitucional no que tange à previsão relativa à energia 
termonuclear, por invadir a competência privativa da União para legislar sobre atividades 
nucleares, assim como por inobservar o monopólio exercido pela União sobre a 
pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio 
de minérios nucleares e seus derivados; 
(D) materialmente constitucional no que se refere à previsão de que o valor do tributo 
será fixado em razão do número de empregados do estabelecimento contribuinte, na 
medida em que, quanto maior for o referido número, maior poderá ser o impacto social 
e ambientaldo empreendimento, a justificar um grau mais elevado de controle e 
fiscalização do poder público; 
(E) materialmente inconstitucional em relação à previsão de que o valor do tributo será 
determinado pelo volume de energia elétrica gerado pelo contribuinte, porquanto tal 
critério excede de forma desproporcional os custos da atividade estatal de fiscalização, 
descaracterizando a natureza contraprestacional da taxa e violando o princípio da 
capacidade contributiva, na dimensão do custo/benefício. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
(A) CORRETA. Em conformidade com o entendimento do STF: 
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO 
AMBIENTAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS – TFAMG. LEI 
ESTADUAL 14.940/2003, COM AS ALTERAÇÕES DA LEI ESTADUAL 
17.608/2008. BASE DE CÁLCULO. SOMATÓRIO DAS RECEITAS 
BRUTAS DE TODOS OS ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE. 
ART. 145, II, § 2º, DA CF. CONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO 
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – A jurisprudência 
do Supremo Tribunal Federal tem reconhecido a 
constitucionalidade de taxas cobradas em razão do controle e 
fiscalização ambiental, por serem cobradas em razão do exercício 
regular do poder de polícia. II – É legítima a utilização do porte 
da empresa, obtido a partir do somatório das receitas bruta de 
seus estabelecimentos, para mensurar o custo da atividade 
despendida na fiscalização que dá ensejo a cobrança da taxa. 
Precedente. III – Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
 
115 
(ARE 738944 AgR, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda 
Turma, julgado em 11-03-2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-059 
DIVULG 25-03-2014 PUBLIC 26-03-2014) 
(B) INCORRETA. Admite-se que valor da taxa seja condicionado à quantidade de energia 
elétrica produzida, pois se relaciona ao custo da atividade estatal desenvolvida. 
(C) INCORRETA. Apesar de a exploração da energia nuclear ser de competência privativa 
da União, o exercício do poder de polícia ambiental sobre atividades potencialmente 
poluidoras pode ser exercido por entes federativos, inclusive estados, conforme 
jurisprudência do STF. A fiscalização ambiental (não energética ou de política nuclear) é 
concorrente e pode ser exercida pelos estados, inclusive com instituição de taxa. 
(D) INCORRETA. Afirmativa que viola o entendimento do STF sobre a impossibilidade de 
se usar o número de empregados como base de cálculo das taxas de fiscalização e 
funcionamento. A taxa é um tributo contraprestacional. Logo, sua base de cálculo deve 
estar relacionada com o custo do serviço ou do poder de polícia exercido. 
As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem 
ter como base de cálculo o número de empregados ou ramo de 
atividade exercida pelo contribuinte. STF. 2ª Turma. ARE 
990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2017 (Info 
870). 
(E) INCORRETA. Admite-se que valor da taxa seja condicionado à quantidade de energia 
elétrica produzida, pois se relaciona ao custo da atividade estatal desenvolvida. 
_______________________________________________________________________ 
67. O Banco ABC ajuizou ação de execução de título extrajudicial contra Romero, visando 
à cobrança de dívida materializada em Cédula de Crédito Bancário. Realizada a penhora 
de um dos imóveis pertencentes a Romero, foi designado leilão para a alienação judicial 
do bem, o qual veio a ser arrematado por Saldanha na data de 08/05/2022. 
O edital do referido leilão previa expressamente que os débitos tributários anteriores à 
alienação judicial são de responsabilidade do arrematante. Assim, após a aquisição do 
imóvel em hasta pública, a União passou a cobrar de Saldanha os débitos de ITR relativos 
aos anos de 2018 e 2019. 
Inconformado, Saldanha ajuizou ação em 18/04/2023, objetivando a declaração de 
inexigibilidade dos débitos tributários cujos fatos geradores ocorreram anteriormente à 
data de 08/05/2022, com fundamento no Art. 130, parágrafo único, do Código Tributário 
Nacional (CTN). 
Diante desse cenário, e à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre a 
questão, o pedido formulado na ação declaratória deverá ser julgado: 
(A) improcedente, uma vez que o conteúdo do Art. 130, parágrafo único, do CTN deve 
ser afastado quando houver previsão expressa no edital do leilão de que o arrematante 
possui responsabilidade pelos débitos tributários anteriores à alienação judicial, caso em 
que ocorre sub-rogação pessoal do crédito tributário; 
 
 
116 
(B) improcedente, porquanto a regra de sub-rogação tributária prevista no Art. 130, 
parágrafo único, do CTN não resulta na transferência da sujeição passiva do contribuinte 
para o responsável, mas sim na solidariedade de ambos como devedores do tributo, de 
sorte que tanto Romero quanto Saldanha respondem solidariamente pela obrigação 
tributária; 
(C) procedente, tendo em vista que, embora haja vínculo entre Saldanha e o fato gerador 
da obrigação tributária, inexiste lei complementar que restrinja ou excepcione o disposto 
no Art. 130, parágrafo único, do CTN, razão pela qual é vedado exigir do arrematante, 
com base em previsão editalícia, o pagamento dos créditos tributários cujos fatos 
geradores sejam anteriores à alienação judicial; 
(D) improcedente, haja vista que, diante da existência de previsão no Código de Processo 
Civil de que o edital da hasta pública deve mencionar os ônus existentes sobre o bem a 
ser leiloado, a prévia ciência e a eventual concordância, expressa ou tácita, do 
arrematante em assumir os ônus das exações incidentes sobre o imóvel possuem o 
condão de configurar renúncia à aplicação do Art. 130, parágrafo único, do CTN; 
(E) procedente, na medida em que a aquisição da propriedade em hasta pública ocorre 
de forma originária, de modo que inexiste responsabilidade do terceiro adquirente pelos 
débitos tributários anteriores à arrematação, não podendo a regra do Art. 130, parágrafo 
único, do CTN ser excepcionada por previsão no edital do leilão, o qual não possui 
aptidão para modificar a definição legal do sujeito passivo da obrigação tributária. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
A questão exige conhecimento da jurisprudência do STJ acerca do art. 130 do CTN. 
Houve mudança na jurisprudência do STJ acerca do contribuinte do IPTU na hipótese de 
arrematação de imóvel em hasta pública. Antes do julgamento do Tema Repetitivo 1134, 
ocorrido em 09/10/2024, o STJ entendia pela possibilidade de responsabilização do 
arrematante pelo pagamento dos débitos tributários anteriores, desde que houvesse 
previsão no edital neste sentido. Aplicava-se o art. 886, VI, do CPC, em detrimento do 
parágrafo único do art. 130 do CTN. 
Porém, de acordo com o novo entendimento, a arrematação em hasta pública exonera 
a reponsabilidade do adquirente pelo pagamento do IPTU (entendimento que também 
se aplica ao ITR), havendo a sub-rogação do crédito tributário sobre o preço pelo qual 
foi arrematado o bem. 
O tema 1134 tem a seguinte redação: 
Diante do disposto no art. 130, parágrafo único, do Código 
Tributário Nacional, é inválida a previsão em edital de leilão 
atribuindo responsabilidade ao arrematante pelos débitos 
tributários que já incidiam sobre o imóvel na data de sua 
 
 
117 
alienação. (STJ. 1ª Seção. REsp 1.914.902-SP, REsp 1.944.757-SP 
e REsp 1.961.835-SP, Rel. Min. Teodoro Silva Santos, julgados em 
9/10/2024 (Recurso Repetitivo – Tema 1134) 
O novo entendimento do STJ fundamenta-se no seguinte: 
i) a aquisição da propriedade em hasta pública ocorre de forma originária, inexistindo 
responsabilidade do terceiro adquirente pelos débitos tributários incidentes sobre o 
imóvel anteriormente à arrematação, por força do disposto no parágrafo único do art. 
130 do CTN; 
ii) a aplicação dessa norma geral, de natureza cogente, não pode ser excepcionada por 
previsão noedital do leilão, notadamente porque o referido ato não tem aptidão para 
modificar a definição legal do sujeito passivo da obrigação tributária; 
iii) é irrelevante a ciência e a eventual concordância, expressa ou tácita, do participante 
do leilão, em assumir o ônus pelo pagamento das exações que incidam sobre o imóvel 
arrematado, não configurando renúncia tácita ao disposto no art. 130, parágrafo único, 
do CTN; e 
iv) em atenção à norma geral sobre responsabilidade tributária trazida pelo art. 128 do 
CTN e à falta de lei complementar que restrinja ou excepcione o disposto no art. 130, 
parágrafo único, do CTN, é vedado exigir do arrematante, com base em previsão 
editalícia, o recolhimento dos créditos tributários incidentes sobre o bem arrematado 
cujos fatos geradores sejam anteriores à arrematação. 
_______________________________________________________________________ 
68. A Receita Federal do Brasil procedeu ao arrolamento dos bens e direitos da sociedade 
empresária Alfa, nos termos do Art. 64 da Lei nº 9.532/1997, sob o fundamento de que 
os débitos tributários de responsabilidade do sujeito passivo ultrapassavam 30% de seu 
patrimônio conhecido e remontavam a R$ 3.500.000,00. 
Após a regular notificação do sujeito passivo acerca do ato de arrolamento, a Receita 
Federal do Brasil tomou conhecimento de que a sociedade empresária Alfa transferiu à 
sociedade empresária Ômega um imóvel arrolado, no valor de R$ 1.200.000,00. 
A autoridade fiscal, então, representou pela propositura de medida cautelar fiscal, a qual 
foi ajuizada pela Fazenda Nacional em face da sociedade empresária Alfa. 
Diante desse contexto, e considerando a jurisprudência dominante do Superior Tribunal 
de Justiça sobre o tema, é CORRETO afirmar que a hipótese narrada: 
(A) autoriza a propositura de medida cautelar fiscal, uma vez que, após a notificação do 
ato de arrolamento, a sociedade empresária Alfa somente poderia ter transferido o bem 
imóvel arrolado após a prévia comunicação ao Fisco, ainda que o crédito tributário não 
tenha sido constituído; 
(B) somente autoriza a propositura de medida cautelar fiscal se a sociedade empresária 
Alfa tiver transferido o bem imóvel arrolado sem a devida comunicação ao órgão 
 
 
118 
fazendário, desde que o crédito tributário já tenha sido constituído, ainda que suspensa 
a exigibilidade deste; 
(C) autoriza a propositura de medida cautelar fiscal, haja vista que, após a notificação do 
ato de arrolamento, a sociedade empresária Alfa somente poderia ter transferido o bem 
imóvel arrolado após a aquiescência do Fisco, sob pena de esvaziamento do patrimônio 
do sujeito passivo e frustração do adimplemento do crédito tributário; 
(D) somente autoriza a propositura de medida cautelar fiscal se a sociedade empresária 
Alfa tiver transferido o bem imóvel arrolado sem a devida comunicação ao órgão 
fazendário, sendo certo, contudo, que, se a referida comunicação ocorrer após o ato de 
disposição do bem, a medida cautelar fiscal não deverá subsistir; 
(E) somente autoriza a propositura de medida cautelar fiscal se a sociedade empresária 
Alfa tiver transferido o bem imóvel arrolado sem a prévia comunicação ao órgão 
fazendário, mesmo que suspensa a exigibilidade do crédito tributário, sendo vedada, 
contudo, a decretação da indisponibilidade dos bens do sujeito passivo enquanto a 
exigibilidade do crédito tributário estiver suspensa. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
Exige o conhecimento da Lei 8.397/92, que trata da medida cautelar fiscal, da Lei 
9.532/97, que trata do arrolamento de bens e o entendimento do STJ sobre o tema. 
Lei 8.397/92 
Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o 
sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o 
devedor: 
VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação 
ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em 
virtude de lei; 
Lei 9.532/97 
Art. 64. A autoridade fiscal competente procederá ao 
arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo sempre que o 
valor dos créditos tributários de sua responsabilidade for 
superior a trinta por cento do seu patrimônio conhecido. 
§ 3º A partir da data da notificação do ato de arrolamento, 
mediante entrega de cópia do respectivo termo, o proprietário 
dos bens e direitos arrolados, ao transferi-los, aliená-los ou 
onerá-los, deve comunicar o fato à unidade do órgão fazendário 
que jurisdiciona o domicílio tributário do sujeito passivo. 
 
 
119 
§ 4º A alienação, oneração ou transferência, a qualquer título, 
dos bens e direitos arrolados, sem o cumprimento da 
formalidade prevista no parágrafo anterior, autoriza o 
requerimento de medida cautelar fiscal contra o sujeito passivo. 
A transferência de bens arrolados sem a devida comunicação ao Fisco autoriza a 
propositura da medida cautelar fiscal, mesmo que o crédito tributário ainda não esteja 
definitivamente constituído. Além disso, não é necessário que a notificação seja anterior 
ao ato de alienação: 
A Lei nº 9.532/97 não exige que a notificação ao órgão fazendário seja prévia à alienação, 
mas simplesmente que exista a comunicação. Assim, a alienação de bens que foram 
objeto de arrolamento fiscal não depende de prévia notificação ao órgão fazendário. STJ. 
1ª Turma. REsp 1.217.129-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 
27/10/2016 (Info 594). 
_______________________________________________________________________ 
69. Após a constituição definitiva de determinado crédito tributário pela via 
administrativa, a União procedeu à inscrição deste em dívida ativa, notificando o 
devedor para, em até cinco dias, efetuar o pagamento do valor atualizado 
monetariamente, acrescido de juros, multa e demais encargos. 
Constatada a falta de pagamento do débito no prazo mencionado, a Fazenda Pública 
comunicou a inscrição em dívida ativa ao Serasa e averbou a certidão de dívida ativa 
(CDA) junto ao registro de imóveis, tornando os respectivos bens indisponíveis. 
Nesse cenário, tendo em vista a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal acerca da 
matéria, é CORRETO afirmar que: 
(A) é legítima a averbação da CDA junto ao registro de imóveis, por propiciar a proteção 
da boa-fé de terceiros adquirentes de bens do devedor, porém a indisponibilidade de 
bens do devedor na via administrativa padece de inconstitucionalidade, por violar a 
reserva de jurisdição, o contraditório e a ampla defesa; 
(B) é legítima a comunicação da inscrição em dívida ativa aos órgãos de proteção ao 
crédito, sendo certo, todavia, que a averbação pré-executória da CDA e a 
indisponibilidade dos bens se revelam medidas inconstitucionais, por violarem o devido 
processo legal, o contraditório, a ampla defesa, a reserva de jurisdição e o direito de 
propriedade; 
(C) são materialmente inconstitucionais a comunicação da inscrição em dívida ativa ao 
Serasa e a averbação da CDA junto ao registro de imóveis, assim como a 
indisponibilidade dos respectivos bens, haja vista que tais medidas configuram sanções 
políticas, por constituírem meios de coerção estatal indireta com o objetivo de forçar o 
devedor a adimplir as dívidas tributárias; 
(D) são formalmente inconstitucionais as medidas de averbação pré-executória da CDA 
e de indisponibilidade de bens do devedor pela via administrativa, porquanto veiculadas 
por lei ordinária, violando a reserva de lei complementar para estabelecer normas gerais 
 
 
120 
em matéria de legislação tributária, notadamente para a ampliação das garantias do 
crédito tributário; 
(E) são legítimas a comunicação da inscrição em dívida ativa ao Serasa e a averbação pré-
executória da CDA, bem como a indisponibilidade dos bens, na medida em que as 
referidas medidas se afiguram proporcionais e não restringem indevidamente o exercício 
de direitos fundamentais, tendo por objetivo proteger terceiros de boa-fé e impedir a 
dilapidação patrimonial pelo devedor._______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
A questão exigia o conhecimento do art. 20-B da Lei 10522/2002 e o julgamento do STF 
na ADI 5581: 
Lei 10522/2002 
Art. 20-B. Inscrito o crédito em dívida ativa da União, o devedor 
será notificado para, em até cinco dias, efetuar o pagamento do 
valor atualizado monetariamente, acrescido de juros, multa e 
demais encargos nela indicados. 
§ 1o A notificação será expedida por via eletrônica ou postal 
para o endereço do devedor e será considerada entregue depois 
de decorridos quinze dias da respectiva expedição. 
§ 2o Presume-se válida a notificação expedida para o endereço 
informado pelo contribuinte ou responsável à Fazenda 
Pública. 
§ 3o Não pago o débito no prazo fixado no caput deste artigo, a 
Fazenda Pública poderá: 
I - comunicar a inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam 
bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos 
serviços de proteção ao crédito e congêneres; e 
II - averbar, inclusive por meio eletrônico, a certidão de dívida 
ativa nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a arresto 
ou penhora, tornando-os indisponíveis. 
Na ADI 5881, o STF reconhece a validade da averbação da CDA como meio de publicidade 
e proteção de terceiros e rechaça a indisponibilidade de bens por via administrativa, por 
violar garantias constitucionais fundamentai: 
É constitucional a comunicação da inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam 
bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos serviços de proteção ao 
crédito e congêneres. 
 
 
121 
É constitucional a averbação, inclusive por meio eletrônico, da certidão de dívida ativa 
(CDA) nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a arresto ou penhora, 
relativamente aos créditos inscritos em dívida ativa da União. 
É inconstitucional a previsão legal que permite à Fazenda Nacional tornar indisponíveis, 
administrativamente, bens dos contribuintes devedores para garantir o pagamento dos 
débitos fiscais a serem executados. 
STF. Plenário. ADI 5881/DF, ADI 5886/DF, ADI 5890/DF, ADI 5925/DF, ADI 5931/DF e ADI 
5932/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 
9/12/2020 (Info 1002). 
_______________________________________________________________________ 
70. A sociedade empresária ABC adquiriu, em 2019, 2020 e 2021, diversos produtos 
importados pela sociedade empresária DEF, com quem firmara contrato de importação 
por conta e ordem daquela. Nos períodos mencionados, as importações foram realizadas 
mediante indicação da classificação “X”, tendo os procedimentos sido regularmente 
homologados pelo Fisco. 
Entretanto, na data de 15/12/2022, as mercadorias adquiridas pela sociedade 
empresária ABC foram classificadas pela autoridade fiscal sob o código “Y”, embora se 
tratasse dos mesmos tipos de produtos importados nos anos anteriores com indicação 
classificatória diversa. 
O Fisco, então, lavrou Auto de Infração em face das sociedades empresárias ABC e DEF, 
em virtude da incorreta classificação das mercadorias relativas às Declarações de 
Importação concernentes aos períodos de 2019, 2020 e 2021, cobrando as diferenças 
do Imposto sobre a Importação (II) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 
incidentes sobre as aludidas operações, acrescidas de juros e multa. 
Segundo o disposto no Código Tributário Nacional e no Decreto- Lei nº 37/1966, assim 
como em conformidade com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre o 
tema, o referido lançamento suplementar deverá ser considerado: 
(A) insubsistente em relação à sociedade empresária ABC, uma vez que esta não pode 
ser qualificada como sujeito passivo da obrigação tributária, ainda que a importação das 
mercadorias estrangeiras por ela adquiridas seja realizada por sua conta e ordem; 
(B) insubsistente, haja vista ser vedada a revisão do lançamento anterior diante de erro 
de classificação operado pelo Fisco aceitando as declarações do importador quando do 
desembaraço aduaneiro, por se tratar de mudança de critério jurídico; 
(C) subsistente, porquanto a autoridade fiscal possui o poder-dever de efetuar a revisão 
do lançamento anterior, observado o prazo decadencial, na hipótese de ocorrência de 
erro de fato na classificação das mercadorias importadas, sendo este entendido como 
aquele relacionado ao conhecimento da existência de determinada situação; 
(D) insubsistente apenas em relação aos acréscimos legais, pois a observância das 
normas complementares, a exemplo das práticas reiteradamente adotadas pelas 
 
 
122 
autoridades administrativas até a data da revisão do lançamento, exclui a imposição de 
juros e multa, não havendo, contudo, dispensa legal do pagamento dos tributos devidos; 
(E) subsistente, na medida em que o Decreto-Lei nº 37/1966 prevê procedimento 
específico para a apuração da exatidão das informações prestadas pelo importador e a 
aferição da regularidade do pagamento do imposto, podendo ser efetuada a revisão do 
lançamento em razão da alteração da classificação tarifária, desde que dentro do prazo 
decadencial de cinco anos. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
A questão exigiu o conhecimento do art. 146 do CTN 
Artigo 146. A modificação introduzida, de ofício ou em 
consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios 
jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício 
do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um 
mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido 
posteriormente à sua introdução. 
Esse dispositivo significa que só pode ser feita a modificação do lançamento por erro de 
fato. Não se admite que seja feita alteração por ‘erro de direito’, que aqui significa 
alteração do critério de aplicação da norma jurídica. 
O fisco não pode mudar sua interpretação (critérios jurídicos) alegando erro de direito. 
Essa nova interpretação só poderá ocorrer, quanto ao mesmo sujeito passivo, para fatos 
geradores posteriores (efeito ex nunc da nova interpretação). Essa norma traduz o 
princípio da proteção à confiança. 
O erro do fisco está em tentar cobrar retroativamente com base exclusiva na mudança 
de interpretação da classificação fiscal (critério jurídico). 
_______________________________________________________________________ 
BLOCO III 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
71. A União, por intermédio de determinado ente, publicou dois editais de licitação para 
o fornecimento imediato, respectivamente, dos bens X e Y. Na primeira situação (1S), a 
sociedade empresária Alfa, apesar de regularmente convocada, deixou de comparecer, 
no prazo estabelecido, para assinar o termo de contrato. Na segunda situação (2S), o 
objeto do contrato foi adjudicado ao licitante vencedor, a sociedade empresária Beta, 
que iniciou a sua execução e a interrompeu abruptamente, o que levou a rescisão 
 
 
123 
contratual, embora ainda estivesse pendente o fornecimento de 30% do quantitativo 
contratado do bem Y. 
Em relação às duas situações descritas, considerando a sistemática estabelecida na Lei 
nº 14.133/2021, é CORRETO afirmar que: 
(A) em 2S, a Administração deve realizar nova licitação para a contratação do 
remanescente de serviço; 
(B) em 2S, a Administração pode convocar os demais licitantes classificados para a 
contratação do remanescente de fornecimento; 
(C) em 1S, a Administração está obrigada a convocar os licitantes remanescentes, na 
ordem de classificação, para celebrar o contrato nas mesmas condições estabelecidas 
por Alfa; 
(D) em 1S e em 2S, a Administração tem a faculdade de realizar a contratação com um 
dos licitantes remanescentes, observada a ordem de classificação e os exatos termos 
das propostas originais; 
(E) em 1S, a Administração tem a faculdade de reabrir o prazo para encaminhamento 
das propostas, estabelecendo os valores ofertadospor Alfa como patamar básico de 
economicidade. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Aplicação do art. 90 da Lei Federal n.º 14.133/2021, que prevê a mesma regra tanto para 
o caso do (i) licitante vencedor não assinar o contrato dentro do prazo fixado no edital 
quanto para a hipótese de (ii) rescisão e contratação do remanescente contratual: 
a. Convocam-se os demais licitantes, na ordem de classificação, para celebração do 
contrato nas condições e propostas pelo licitante vencedor; 
b. Caso nenhum aceite praticar as mesmas condições do licitante vencedor, os licitantes 
remanescentes serão chamados para negociação, na ordem de classificação, com vistas 
à obtenção do melhor preço, mesmo que acima do preço do adjudicatário [mas desde 
que abaixo, é claro, do orçamento estimado pela Administração]. 
Um detalhe: essa convocação dos licitantes remanescentes é uma faculdade da 
Administração, e não uma regra imperativa. Com efeito, a Administração sempre poderá, 
desde que devidamente justificado, realizar nova licitação. 
_______________________________________________________________________ 
72. No curso de uma ação por ato de improbidade administrativa, o Ministério Público, 
que figurava como demandante, imputou a um dirigente do partido político Alfa a 
conduta de desviar, para benefício próprio, a quantia X, oriunda do Fundo Especial de 
Assistência Financeira aos Partidos Políticos. Em sua defesa, o dirigente argumentou 
que: 
 
 
124 
I. a Lei nº 8.429/1992 não é aplicável aos partidos políticos, cujos dirigentes devem ser 
responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096/1995; 
II. ocorrera a sua absolvição criminal pelos mesmos fatos, em razão da ausência de 
provas da autoria; logo, a responsabilização por ato de improbidade administrativa 
também não é possível por este motivo; 
III. o Tribunal de Contas não foi ouvido em relação ao quantum debeatur, o que 
configura uma irregularidade. 
Ao apreciar os três argumentos de defesa do demandado, o magistrado concluiu 
corretamente que: 
(A) os três estão certos; 
(B) os três estão errados; 
(C) apenas o argumento I está certo; 
(D) apenas o argumento II está certo; 
(E) apenas os argumentos I e III estão certos. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
I. INCORRETA. A Lei Federal n.º 14.230/2021 incluiu expressamente os agentes políticos 
no art. 2º da Lei Federal n.º 8.429/1991 – Lei de Improbidade Administrativa (LIA), entre 
aqueles que poderão sofrer suas penalidades. Os Tribunais Superiores reconhecem 
mansamente a submissão dos agentes políticos à LIA, consagrando o duplo regime de 
responsabilidade político-administrativa, com possibilidade de responsabilização 
concomitante por ato de improbidade administrativa e por crime de responsabilidade. 
A única exceção à LIA é o Presidente da República, que se sujeita tão somente à Lei 
1.079/1950. Confiramos: 
 
O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que os 
agentes políticos se submetem aos ditames da Lei de 
Improbidade Administrativa, sem prejuízo da responsabilização 
política e criminal. 
(AgInt no REsp 1607976/RJ) 
 
Há plena compatibilidade entre os regimes de responsabilização 
pela prática de crime de responsabilidade e por ato de 
improbidade administrativa, tendo em vista que não há norma 
constitucional que imunize os agentes políticos municipais de 
qualquer das sanções previstas no art. 37, § 4º, da CF, bem como 
 
 
125 
resta sedimentada a compreensão de que as ações de 
improbidade devem ser processadas nas instâncias ordinárias, 
não havendo que se cogitar de prerrogativa de foro. 
(AgRg no AREsp 461.084/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, 
Segunda Turma, julgado em 16/10/2014). 
 
Excetuada a hipótese de atos de improbidade praticados pelo 
Presidente da República (art. 85, V), cujo julgamento se dá em 
regime especial pelo Senado Federal (art. 86), não há norma 
constitucional alguma que imunize os agentes políticos, sujeitos 
a crime de responsabilidade, de qualquer das sanções por ato de 
improbidade previstas no art. 37, § 4º. 
(STJ, Rcl 2790/SC). 
 
Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, 
encontram-se sujeitos a duplo regime sancionatório, de modo 
que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de 
improbidade administrativa quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade. 
O foro especial por prerrogativa de função previsto na 
Constituição Federal em relação às infrações penais comuns não 
é extensível às ações de improbidade administrativa. 
(Pet 3240 AgR/DF) 
 
TESE DE REPERCUSSÃO GERAL: “O processo e julgamento de 
prefeito municipal por crime de responsabilidade (Decreto-lei 
201/67) não impede sua responsabilização por atos de 
improbidade administrativa previstos na Lei 8.429/1992, em 
virtude da autonomia das instâncias”. 
(RE 976566, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal 
Pleno, julgado em 13/09/2019). 
 
II. INCORRETA. De acordo com o art. 66 do CPP e art. 935 do Código Civil, a sentença 
penal somente repercute no plano civil quando presente deliberação positiva ou 
negativa acerca da existência material do fato e de sua respectiva autoria. 
Assim também, os arts. 125 e 126 da Lei 8.112/1990 preveem que a responsabilidade 
administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a 
existência do fato ou de sua autoria. 
Trata-se do princípio da relativa independência entre as instâncias cível, administrativa 
e penal, que dá prevalência à jurisdição criminal quando decidido, positiva ou 
negativamente, quanto à existência do fato ou à sua autoria. 
Mas isso não é tudo. 
 
 
126 
Reconhecendo a correlação entre o direito penal e o direito administrativo sancionador 
e necessidade de se manter a coerência entre essas duas esferas de responsabilização, 
o STJ entende que, à luz do princípio da culpabilidade, a sentença absolutória imprópria 
no juízo criminal afasta a sanção administrativa pelo mesmo fato, até mesmo porque o 
Judiciário atua como instância máxima revisora da legitimidade dos atos da 
Administração Pública, impondo-se a esta avaliar eventual concessão de licença para 
tratamento de saúde ou de aposentadoria por invalidez (STJ. 1ª Turma. RMS 72.642-PR, 
Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 1/10/2024, Info 828). 
Note-se que não se trata de absolvição por insuficiência de provas, mas de uma decisão 
judicial em cognição exauriente que decidiu cabalmente, com base em provas colhidas 
em incidente próprio, que o acusado não tinha capacidade cognitiva. Em caso de 
absolvição criminal pro falta de provas, continua possível a condenação por ato de 
improbidade administrativa. 
III. INCORRETA. As instâncias cível, administrativa, criminal e controladora são 
relativamente independentes, sendo prescindível, assim, a oitiva do Tribunal de Contas 
para fixação do quantum debeatur numa ação de improbidade administrativa. A LIA 
apenas exige a oitiva do Tribunal de Contas competente para fixação do valor do dano a 
ser ressarcido no caso de acordo de não persecução civil (art. 17-B, § 3º). 
_______________________________________________________________________ 
73. O Tribunal de Contas da União instaurou processo de tomada de contas especial, 
com o objetivo de quantificar o dano causado e apurar responsabilidades no âmbito de 
certo contrato celebrado entre sociedade de economia mista federal e consórcio 
formado por duas sociedades empresárias privadas, com o objetivo de construção de 
obra a ser utilizada na exploração de atividade econômica em sentido estrito. A partir de 
uma cognição sumária, o Tribunal decidiu adotar três medidas de natureza cautelar, 
diferindo as garantias do contraditório e da ampla defesa para momento posterior ao 
seu cumprimento. As medidas cautelares adotadas foram: 
I. a decretação da indisponibilidadedos bens dos empregados da sociedade de 
economia mista diretamente envolvidos na celebração do contrato; 
II. a desconsideração da personalidade jurídica das duas sociedades empresárias 
privadas que formavam o consórcio; 
III. a decretação da indisponibilidade dos bens dos dirigentes das sociedades 
empresárias, representantes do consórcio, que firmaram o contrato. 
Considerando as competências do Tribunal de Contas da União, é correto afirmar, em 
relação às referidas medidas cautelares, que: 
(A) as três medidas são ilícitas, pois impõem restrições diretas ou indiretas à esfera 
jurídica individual com contraditório diferido, o que é expressamente vedado; 
(B) medidas constritivas do patrimônio de pessoas naturais, sejam ou não agentes 
públicos, não podem ser adotadas pelo Tribunal de Contas; logo, apenas as medidas I e 
III são ilícitas; 
 
 
127 
(C) medidas constritivas do patrimônio de pessoas naturais, que não atuam como 
ordenadoras de despesas, não podem ser adotadas pelo Tribunal de Contas; logo, 
apenas a medida III é ilícita; 
(D) as três medidas cautelares são lícitas, enquanto aplicação da teoria dos poderes 
implícitos, sendo proferidas em caráter não definitivo, mas a decretação da 
indisponibilidade não pode se estender por prazo superior a 1 ano; 
(E) medidas constritivas do patrimônio de pessoas naturais, que não atuam como 
ordenadoras de despesas, e a desconsideração da personalidade jurídica somente 
podem ser decretadas pelo Poder Judiciário, não pelo Tribunal de Contas; logo, apenas 
as medidas II 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
No que diz respeito à indisponibilidade, o § 2º do art. 44 da Lei Orgânica do Tribunal de 
Contas da União – Lei Federal n.º 8.443/1992 prevê expressamente a possibilidade de, 
no curso de qualquer apuração, o TCU, de ofício ou a requerimento do MP, determinar, 
cautelarmente, a indisponibilidade de bens dos responsáveis, por prazo não superior a 
01 ano, tantos quantos bastantes para garantir o ressarcimento dos danos em apuração. 
 A seu turno, quanto à desconsideração da personalidade, o art. 50 do CC/02 adotou a 
chamada “teoria maior” e prevê a possibilidade da desconsideração da personalidade 
jurídica quando demonstrado o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial, para se 
atingir os bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica 
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
Além disso, mas se valendo da “teoria menor”, que dispensa a comprovação do 
dolo/fraude, o art. 14 da Lei Anticorrupção – Lei Federal n.º 12.846/2013 – que dispõe 
sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática 
de atos contra a administração pública – prescreve que “A personalidade jurídica poderá 
ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou 
dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão 
patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica 
aos seus administradores e sócios com poderes de administração, observados o 
contraditório e a ampla defesa.”. 
Assim também, o art. 160 da Nova Lei Geral de Licitações – Lei Federal n.º 14.133/2021, 
que estabelece que “A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que 
utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos 
ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial, e, nesse caso, todos 
os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica serão estendidos aos seus 
administradores e sócios com poderes de administração, a pessoa jurídica sucessora ou 
a empresa do mesmo ramo com relação de coligação ou controle, de fato ou de direito, 
com o sancionado, observados, em todos os casos, o contraditório, a ampla defesa e a 
obrigatoriedade de análise jurídica prévia.”. 
 
 
128 
A despeito da ausência de previsão legal específica em favor das Cortes de Contas, o STF 
possui jurisprudência firme no sentido de que, além dos poderes explícitos conferidos 
pelo art. 71 da CF/88, os Tribunais de Contas possuem competência implícita para afastar 
a personalidade jurídica (MC-MS 34.446/DF, rel. Min. Rosa Weber, julg. 23/11/2016; MS-
MC 32.494/DF, rel. Min. Celso de Mello, decisão de 11/11/2013) com o objetivo de 
assegurar a eficácia de suas decisões (MS 24.510, rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, julg. 
19/11/2003; MS 24.510/DF, rel, Min. Ellen Gracie, MS 26.094/DF, rel. Min. Dias Toffoli e 
o MS 26.547-MC/DF, rel. Min. Celso de Mello), coibindo os efeitos da fraude ou 
simulação destinadas a evitar efeitos sancionatórios. 
_______________________________________________________________________ 
74. A União, por seu órgão competente, declarou a utilidade pública de imóvel urbano 
pertencente a João, com o objetivo de ali instalar estrutura de apoio à concessão 
administrativa de obra pública. Frustrada a solução consensual para a desapropriação, 
foi ajuizada a ação pertinente, que teve o seu trâmite regular, incluindo a imissão 
provisória na posse. Decorridos cinco anos após o fim do respectivo processo, com a 
atribuição da propriedade à União, João tomou conhecimento de que a construção da 
referida estrutura jamais fora iniciada, bem como que acabara de ser divulgado edital 
para a alienação onerosa do imóvel, que estava ocioso. A justificativa apresentada pela 
União era a de que ocorrera a perda objetiva do interesse público em manter a referida 
destinação, não havendo outra finalidade pública para a qual o imóvel pudesse ser 
destinado. 
Considerando os balizamentos estabelecidos em lei, é CORRETO afirmar que: 
(A) ocorreu a tredestinação ilícita, sendo possível a retrocessão, a critério de João; 
(B) é possível que a União aliene o imóvel, devendo apenas assegurar o direito de 
preferência a João; 
(C) ocorreu a tredestinação ilícita, que acarreta o dever de indenizar, não sendo cabível 
a retrocessão; 
(D) ocorreu a tredestinação lícita, e João pode apenas concorrer com os demais 
interessados na aquisição do imóvel; 
(E) é ilícita a alienação do imóvel, não operando nesse plano a discricionariedade na 
definição do destino que deve ter. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Preliminarmente, esclareça-se que, sendo concluído o processo judicial de 
desapropriação, não há que se falar em desistência da desapropriação, que sempre 
ocorre antes da incorporação do bem ao patrimônio do poder público. No caso, tendo 
havido o desvio de finalidade, ocorreu a chamada “tredestinação”. 
 
 
129 
A tredestinação classifica-se em lícita, quando o expropriante, embora não satisfaça o 
interesse público previsto no decreto expropriatório, dá ao bem outra finalidade pública, 
e ilícita, em que o bem desapropriado serve à satisfação de interesses privados. 
No caso, não tendo sido conferida finalidade pública ao bem expropriado, estamos 
diante de uma tredestinação ilícita, a qual, nos termos do art. 519 do Código Civil, 
garante ao ex-proprietário o direito de preferência na aquisição do bem, por seu preço 
atual. 
De acordo com o STJ, apenas a tredestinação ilícita enseja o direito de retrocessão do 
expropriado, pois, na tredestinação lícita, o Poder Público concede destinação pública 
ao bem, ainda que diversa da inicialmente programada (REsp. 968.414/SP). 
_______________________________________________________________________ 
75. Alfa, sociedade empresária por quotas de responsabilidade limitada, participou de 
licitação na modalidade de concorrência, saiu-se vitoriosa e, ao final, teve adjudicado o 
objeto do contrato. Os concorrentes preteridos, por sua vez, informaram que Alfa tinha 
um conluio com a comissão de contratação, que deliberadamente a beneficiou, em 
afronta aos princípios da Administração Pública, ainda que sem receber qualquer 
vantagem patrimonial indevida para“A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia 
mista exige autorização legislativa e licitação; e ii) a exigência de autorização legislativa, 
todavia, não se aplica à alienação do controle de suas subsidiárias e controladas.” 
_______________________________________________________________________ 
7. Após ampla mobilização da sociedade civil organizada, a Comissão de Legislação 
Participativa da Assembleia Legislativa do Estado Alfa, em atendimento a requerimento 
recebido, apresentou proposição legislativa, no âmbito da referida Casa Legislativa, 
dispondo sobre o procedimento a ser adotado para a retirada de animais mortos e a 
destinação a ser dada aos respectivos despojos. Após o processo legislativo regular, 
sendo inclusive derrubado o veto do chefe do Poder Executivo, que vetara a proposição 
sob o argumento de ser inconstitucional, foi publicado o diploma normativo nº X. 
À luz da sistemática constitucional, é CORRETO afirmar que o diploma normativo nº X: 
(A) afrontou a competência legislativa privativa da União; 
(B) é inconstitucional em razão do vício de iniciativa legislativa; 
(C) deve ser considerado constitucional caso tenha a forma de lei complementar; 
(D) foi editado por Alfa no exercício de sua competência legislativa residual; 
(E) foi editado por Alfa no exercício de sua competência legislativa concorrente. 
 
 
15 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
Trata-se de matéria relacionada à Competência concorrente: 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre: 
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, 
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle da poluição; 
XII – previdência social, proteção e defesa da saúde; 
XV – proteção à infância e à juventude; 
XVI – organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. 
 
O tema também pode envolver aspectos de política agrícola, produção e consumo de 
alimentos, controle sanitário e proteção ambiental, o que reforça a competência 
concorrente. 
_______________________________________________________________________ 
8. João, deputado federal, almejava apresentar emenda individual impositiva ao projeto 
de lei orçamentária anual do exercício X, com o objetivo de direcionar uma transferência 
especial ao Estado Alfa, ente federativo no qual fora eleito. Ao ver de João, seriam 
alcançados bons resultados caso os recursos em questão fossem aplicados em despesas 
de capital. 
Para verificar a possibilidade de realização dos objetivos almejados, João solicitou que 
sua assessoria analisasse a sua conformidade constitucional, sendo-lhe corretamente 
esclarecido que: 
(A) os recursos transferidos devem ser aplicados em área de competência constitucional 
da União; 
(B) são excluídos da receita de Alfa, para fins de cálculo dos limites da despesa com 
pessoal ativo e inativo; 
(C) é exigido que Alfa esteja adimplente com seus débitos com a União ou tenha 
promovido a sua renegociação; 
(D) é necessária a celebração de convênio ou ajuste similar, definindo as áreas em que 
os recursos serão aplicados; 
(E) não é possível a realização do objetivo almejado, pois os recursos devem ser 
aplicados em ações e serviços de saúde. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
 
16 
 
Conforme o artigo 166 § 1° da Constituição Federal: 
 
“Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo não 
integrarão a receita do Estado, do Distrito Federal e dos 
Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da 
despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 
166, e de endividamento do ente federado, vedada, em qualquer 
caso, a aplicação dos recursos a que se refere o caput deste artigo 
no pagamento de: 
I – despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e 
inativos, e com pensionistas; 
e II – encargos referentes ao serviço da dívida.”; 
 
O §1º do art. 166-A da CF/88 estabelece um regime jurídico excepcional e protetivo para 
as transferências especiais oriundas de emendas parlamentares impositivas, 
reconhecendo que se tratam de receitas de natureza eventual, vinculada e 
extraordinária, que não podem gerar dependência estrutural do ente subnacional. 
 
Com isso, garante-se que os recursos sejam efetivamente direcionados à implementação 
de políticas públicas de interesse coletivo, sem comprometer o equilíbrio fiscal do 
Estado, do Distrito Federal ou do Município beneficiado. 
_______________________________________________________________________ 
9. A Lei Federal nº X, ao dispor sobre as características da propriedade produtiva, o que 
obstaria a sua desapropriação para fins de reforma agrária, exigiu que tal propriedade 
fosse explorada de maneira eficiente, conforme índices fixados pelo órgão federal 
competente. Além disso, essa exploração "deve ser realizada, simultaneamente, de 
maneira racional, de modo a caracterizar o cumprimento de sua função social". Esta 
última expressão veio a ser impugnada, em sede de controle difuso de 
constitucionalidade, o que frustraria a desapropriação para fins de reforma agrária, 
promovida pela União no caso concreto. 
À luz da sistemática constitucional, é CORRETO afirmar que a Lei Federal nº X é: 
(A) inconstitucional, por adotar um conceito jurídico indeterminado em detrimento do 
direito fundamental à propriedade; 
(B) constitucional, pois a vedação ao uso de conceitos jurídicos indeterminados somente 
seria operativa em se tratando de desapropriação-sanção, o que não é o caso; 
(C) constitucional, pois a cláusula de imunidade à desapropriação pode ser integrada por 
conceitos que conjuguem funcionalização social e propriedade produtiva; 
(D) inconstitucional, pois a função social da propriedade é cumprida pelo seu caráter 
produtivo, não por uma racionalidade idealizada pelas maiorias ocasionais; 
 
 
17 
(E) inconstitucional, pois o conceito de propriedade produtiva possui estatura 
constitucional, não estando condicionado a novos requisitos estruturados no plano 
infraconstitucional. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
A Constituição Federal de 1988 estabelece que a propriedade rural só será insuscetível 
de desapropriação para fins de reforma agrária se for produtiva e cumprir sua função 
social. Isso está claramente previsto no art. 185, II, da CF: 
 
“Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de 
reforma agrária: 
II – a pequena e média propriedade rural, desde que seu 
proprietário não possua outra; 
e a propriedade produtiva.” 
 
O próprio art. 186 da CF/88 define função social da propriedade com base em critérios 
que incluem: 
 
- Aproveitamento racional e adequado, 
- Utilização adequada dos recursos naturais, 
- Observância das disposições que regulam as relações de trabalho, e 
- Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
 
Assim, não basta ser produtiva em sentido econômico; é necessário também que a 
exploração da terra atenda ao interesse coletivo e ambiental, nos termos da função 
social, que é uma cláusula constitucional expressa. 
 
A imunidade à desapropriação da propriedade produtiva não é absoluta, a propriedade 
deve ser produtiva e cumprir função social e a lei infraconstitucional pode, sim, detalhar 
os elementos do que venha a ser “exploração racional e adequada”, desde que em 
conformidade com o art. 186 da CF/88. 
_______________________________________________________________________ 
10. Ato infralegal editado pelo chefe do Poder Executivo federal dispôs sobre certos 
requisitos a serem inseridos nos editais de licitação para a outorga de permissão para a 
exploração do serviço de radiodifusão sonora de caráter comercial. Entre os requisitos 
exigidos, está a determinação de quea realização desse objetivo. 
À luz da sistemática estabelecida pela Lei nº 12.846/2013, é CORRETO afirmar que: 
(A) a responsabilidade de Alfa no âmbito do direito sancionador cível e no âmbito do 
direito administrativo sancionador está sujeita a tipologias distintas; 
(B) a adoção da consensualidade no âmbito do direito administrativo sancionador pode 
se estender a ilícitos previstos na Lei nº 14.133/2021; 
(C) a consensualidade de colaboração que venha a ser adotada por Alfa no âmbito do 
direito sancionador cível produz efeitos necessários no âmbito do direito administrativo 
sancionador; 
(D) os dirigentes de Alfa que praticaram a conduta ilícita podem figurar como 
litisconsortes passivos na ação que venha a ser ajuizada, sujeitando-se à mesma 
sistemática de responsabilização de Alfa; 
(E) a adoção de uma tipologia de caráter exemplificativo, no âmbito do direito 
administrativo sancionador, não exime a comissão processante do ônus de reconstruir 
argumentativamente o enquadramento da conduta de Alfa. e III são ilícitas. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Nos termos do art. 2º da Lei Federal n.º 12.846/2013, é igualmente 
objetiva as responsabilidades civil e administrativa das pessoas jurídicas pelos atos 
lesivos previstos naquela lei em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. 
(B) CORRETA. Art. 151 da Lei Federal n.º 14.133/2021. 
 
 
130 
(C) INCORRETA. O acordo de leniência celebrado nos termos do art. 16 da Lei Federal n.º 
12.846/2013 isenta a pessoa jurídica das sanções de publicação extraordinária da 
decisão condenatória e de proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, 
doações ou empréstimos, não alcançando a multa (apenas a reduz em até 2/3), o 
perdimento das vantagens ou proveitos direitos ou indiretos da infração e o 
ressarcimento ao erário. Além disso, o art. 30 da Lei Federal n.º 12.846/2013 é 
peremptório no sentido de que “A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os 
processos de responsabilização e aplicação de penalidades decorrentes de: I- ato de 
improbidade administrativa; e II – atos alcançados pela Lei de Licitações Públicas”. 
(D) INCORRETA. De acordo com o § 2º do art. 3º da Lei Federal n.º 12.846/2013, “Os 
dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos na 
medida de sua culpabilidade”, donde se infere que seu regime de responsabilidade é 
subjetivo. 
(E) INCORRETA. Os atos lesivos à administração pública sancionáveis nos termos da Lei 
Federal n.º 12.846/2013 estão previstos em rol taxativo em seu art. 5º. 
_______________________________________________________________________ 
76. Após a realização de processo licitatório e da correlata celebração do contrato 
administrativo com a sociedade empresária Sigma, o órgão federal competente, tendo 
realizado a devida apuração por meio de processo administrativo próprio, no qual foram 
asseguradas as garantias do contraditório e da ampla defesa, constatou a ocorrência de 
vício insuscetível de ser sanado. Assim ocorria pelo fato de Sigma não ter preenchido 
todos os requisitos exigidos no edital da licitação. Apesar disso, também se constatou 
que metade do objeto do contrato tinha sido regularmente executada. 
Ao ser instada a se pronunciar sobre a declaração de nulidade do contrato, a autoridade 
competente observou corretamente, à luz da sistemática estabelecida na Lei nº 
14.133/2021, que: 
(A) por se tratar de nulidade, o estágio de execução física e financeira do contrato não 
afasta a necessidade de que seja declarada; 
(B) na medida em que o vício ocorrera durante a licitação, o que não obstou o 
cumprimento do contrato por Sigma, considera-se sanado; 
(C) a nulidade, caso seja declarada, deve produzir efeitos ex tunc, mas não afasta o dever 
de Sigma ser indenizada pelo que houver executado até aquela data; 
(D) a nulidade somente pode ser declarada caso seja demonstrada a ocorrência de 
prejuízo para a Administração Pública ou se estiver caracterizada a má-fé de Sigma; 
(E) a declaração de nulidade pressupõe a análise de pautas argumentativas indicando 
tratar-se de medida de interesse público, sendo que a sua não decretação não afasta a 
aplicação das penalidades cabíveis. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
 
131 
 
(A) INCORRETA. De acordo com o art. 147 da Lei Federal n.º 14.133/2021, a declaração 
de nulidade do contrato somente será adotada se não for possível o saneamento e for 
medida de interesse público. É, pois, a ultima ratio. Inclusive, seu par. único estabelece 
que, não sendo medida de interesse público, o poder público deve optar pela 
continuidade do contrato e pela solução da irregularidade por meio de indenização por 
perdas e danos, sem prejuízo da apuração da responsabilidade e da aplicação de 
penalidades cabíveis. 
(B) INCORRETA. A nulidade do processo licitatório enseja a do contrato administrativo 
dele decorrente (art. 147, caput). 
(C) INCORRETA. 
“Art. 149. A nulidade não exonerará a Administração do dever de 
indenizar o contratado pelo que houver executado até a data em 
que for declarada ou tornada eficaz, bem como por outros 
prejuízos regularmente comprovados, desde que não lhe seja 
imputável, e será promovida a responsabilização de quem lhe 
tenha dado causa.”. 
(D) INCORRETA. A má-fé da contratada é relevante apenas para definição do dever de 
indenizar o contratado e, é claro, para determinação das responsabilidades e 
penalidades aplicáveis. 
(E) CORRETA. Vide comentários anteriores. 
_______________________________________________________________________ 
77. João, servidor público federal ocupante de cargo de provimento efetivo no âmbito 
da autarquia Alfa, tomou posse nesse cargo em 1º de janeiro de 2004, após regular 
aprovação em concurso público de provas e títulos, tendo permanecido desde então no 
regular exercício de suas funções. No dia 12 de novembro de 2024, João completou 61 
anos de idade e 38 anos de contribuição previdenciária, sendo uma parte deste tempo 
decorrente do cargo de provimento efetivo ocupado em Alfa e o restante junto à 
iniciativa privada. Não optou, ademais, pelo regime de previdência complementar. Por 
entender que preenchia os requisitos exigidos pelas regras de transição para a 
aposentadoria voluntária, requereu a concessão do benefício previdenciário ao órgão 
competente. 
Na ocasião, foi corretamente explicado a João, considerando a análise dos requisitos 
exigidos apenas em anos, que: 
(A) não faz jus à aposentadoria, por não ter alcançado a idade mínima; 
(B) não faz jus à aposentadoria, por não ter alcançado o tempo mínimo de contribuição; 
(C) faz jus à aposentadoria, que será concedida sem observância da integralidade e da 
paridade; 
(D) faz jus à aposentadoria, que será concedida com observância da integralidade e da 
paridade; 
 
 
132 
(E) não faz jus à aposentadoria, por não ter alcançado a pontuação exigida para a soma 
da idade e do tempo de contribuição. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
Por ter ingressado após a EC n.º 41/2003, João não tem direito às regras anteriores a 
essa emenda, como a EC n.º 20/1998 e a EC n.º 41/2003. Aplicam-se-lhe as regras 
permanentes da EC n.º 103/2019 (Reforma da Previdência) e as regras de transição 
previstas na própria EC n.º 103/2019, em especial os arts. 4º e 20. 
João não tem direito à aposentadoria voluntária pela regra permanente do art. 10 da EC 
103/2019, que exige 65 anos de idade, 25 anos de contribuição, 10 anos de serviço 
público e 05 anos no cargo. 
Ele também não faz jus à aposentadoria voluntária pela transição do art. 4º da EC 
103/2019, que reclama 62 anos de idade, 35 anos de contribuição, 20 anos de serviço 
público, 05 anos no cargo e 105 pontos (soma da idade com o tempo de contribuição).Entretanto, João poderá se aposentar voluntariamente pela regra de transição do art. 20 
da EC n.º 103/2019, que depende de 60 anos de idade, 35 anos de contribuição, 20 anos 
de serviço público e 05 anos no cargo, além de período adicional de contribuição 
correspondente ao tempo que, na data de entrada em vigor da EC 103/2019, faltaria 
para atingir o tempo mínimo de contribuição de 35 anos. No caso, ele tem 38 anos de 
contribuição, o que preenche esse requisito adicional. 
Destaca-se, por fim, que sua aposentadoria será sem integralidade e sem paridade, 
extintas pela EC n.º 41/2003 e que continuam aplicáveis apenas para aqueles que 
ingressaram no serviço público antes da EC n.º 41/2003 (art. 3º da EC 47/2005). 
_______________________________________________________________________ 
78. A União, por seu órgão competente, celebrou contrato administrativo de concessão 
de serviço público, na modalidade de concessão patrocinada, para a formação de 
parceria público-privada, com a sociedade empresária Delta. O ajuste celebrado, que foi 
norteado pelo edital de licitação, somente contemplou as exigências consideradas 
necessárias pela Lei nº 11.079/2004. 
À luz da sistemática vigente, é CORRETO afirmar que o referido ajuste previu: 
(A) a vinculação de receitas do orçamento fiscal para assegurar os repasses pactuados; 
(B) a instituição de fundo garantidor para assegurar o cumprimento do contrato; 
(C) o compartilhamento objetivo dos riscos entre a União e Delta, incluídos os 
extraordinários; 
(D) a associação da integralidade da remuneração de Delta à contraprestação pecuniária 
paga pelos usuários do serviço; 
 
 
133 
(E) os requisitos para a constituição de sociedade de propósito específico destinada a 
implantar e gerir o objeto da parceria. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. A vinculação de receitas tributárias é uma somente uma das possíveis 
garantias no art. 8º da Lei das PPP’s – Lei Federal n.º 11.079/2004 (inciso I). 
(B) INCORRETA. A instituição de fundo garantidor também é apenas uma possibilidade 
de garantia contida art. 8º da Lei das PPP’s (inciso V). 
(C) CORRETA. O art. 4º, VI, da Lei das PPP’s impõe a “repartição objetiva de riscos entre 
as as partes”, o que é complementado pelo inciso III do art. 5º dessa Lei, que estabelece 
como cláusula necessária dos contratos de PPP’s “a repartição de riscos entre as partes, 
inclusive referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica 
extraordinária”. 
(D) INCORRETA. A concessão patrocinada é caracterizada justamente pela remuneração 
do parceiro privado composta pela contraprestação pecuniária do parceiro público 
combinada com a tarifa cobrada dos usuários. 
(E) INCORRETA. A sociedade de propósito específico deve ser constituída antes da 
celebração do contrato de PPP (art. 9º). 
_______________________________________________________________________ 
79. A fundação Alfa, instituída por um grupo de pessoas naturais com o objetivo de atuar 
em atividades direcionadas ao desenvolvimento tecnológico, almejava obter a sua 
qualificação como organização social, de modo a celebrar com a estrutura competente 
da União o ajuste pertinente e desenvolver as referidas atividades. No entanto, havia 
dúvidas, entre os seus dirigentes, em relação à forma de obtenção dessa qualificação, ao 
ajuste a ser celebrado e à forma de desenvolvimento dos projetos, considerando, neste 
último caso, que Alfa não tem fins lucrativos. 
Após analisarem a sistemática vigente, os dirigentes concluíram corretamente que: 
(A) o ajuste a ser celebrado por Alfa, caso obtenha a qualificação, tem a natureza de 
contrato de direito público, de natureza sinalagmática, que deve se ajustar às metas 
pactuadas; 
(B) a natureza jurídica de Alfa e a atividade que desenvolve não se ajustam à legislação 
de regência das organizações sociais, o que impede que venha a obter a qualificação 
almejada; 
(C) a outorga da qualificação, requisito necessário à celebração do ajuste almejado, 
configura ato discricionário, mas o seu indeferimento deve observar critérios objetivos 
fixados em ato regulamentar; 
 
 
134 
(D) é admitido o repasse de bens e recursos públicos a Alfa, caso obtenha a qualificação 
necessária, devendo contratar diretamente os seus colaboradores, vedada a cessão de 
servidores públicos; 
(E) a outorga da qualificação e a correlata celebração do termo de parceria por Alfa 
pressupõem o preenchimento de critérios objetivos, o que elimina a margem de livre 
apreciação e os torna atos vinculados. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Segundo a jurisprudência do STF, o contrato de gestão com organização 
social tem natureza convenial (ADI 1.923/DF). 
(B) INCORRETA. Nos termos do art. 1º da Lei Federal n.º 9.637/1998, “O Poder Executivo 
poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins 
lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao 
desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à 
saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.”. 
(C) CORRETA. O art. 1º da Lei Federal n.º 9.637/1998 enuncia a facultatividade da 
qualificação, a indicar sua discricionariedade, o que é reforçado pelo inciso II do art. 2º, 
que exige a aprovação, quanto à conveniência e oportunidade, pelo Ministro ou titular 
de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente. 
(D) INCORRETA. Dentre as atividades de fomento público às organizações sociais por 
intermédio de contratos de gestão, estão a transferência de recursos orçamentários e a 
permissão de bens públicos (art. 12), além da cessão de servidores (art. 14). 
(E) INCORRETA. O instrumento adequado é o contrato de gestão, e não o termo de 
parceria. Além disso, como visto, o ato de qualificação é de natureza discricionária. 
_______________________________________________________________________ 
80. João possui imóvel financiado pelo Sistema Financeiro da Habitação, figurando como 
credor ente da Administração Pública indireta federal. O contrato, que prevê o 
pagamento por meio de prestações periódicas, foi celebrado há cinco anos, e foi 
estabelecida divergência entre as partes em relação ao sistema de amortização do saldo 
devedor, o que levou à judicialização da questão. 
O magistrado competente, ao analisar a questão à luz da Lei nº 4.380/1964, concluiu 
corretamente que: 
(A) deve ser utilizada a taxa de juros pactuada no contrato; 
(B) caso haja previsão de juros no contrato, é vedada a sua capitalização por 
periodicidade inferior à anual; 
(C) deve ser seguida, no referido sistema, a norma quadro de regência, sendo apenas 
assegurada às partes liberdade para escolha dos prazos de amortização; 
 
 
135 
(D) era facultada a oferta a João, pelo credor, por ocasião da celebração do contrato, de 
outro sistema de amortização que não o Sistema de Amortização Constante (SAC); 
(E) era vedada a pactuação entre as partes dos critérios a serem utilizados para a 
amortização do saldo devedor, por se tratar de disciplina prevista em norma de ordem 
pública. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
(A) CORRETA. 
“Art. 15-B. Nas operações de empréstimo ou financiamento 
realizadas por instituições integrantes do Sistema Financeiro da 
Habitação que prevejam pagamentos por meio de prestações 
periódicas, os sistemas de amortização do saldo devedor 
poderão ser livremente pactuados entre as partes. (Incluído 
pela Lei nº 11.977, de 2009)”. 
(B) INCORRETA. 
“Art. 15-A. É permitida a pactuação de capitalização de juros 
com periodicidade mensal nas operações realizadas pelas 
entidades integrantes do Sistema Financeiro da Habitação - SFH. 
(Incluído pela Lei nº 11.977,de 2009)”. 
(C) INCORRETA. Art. 15-B, fine. 
(D) INCORRETA. 
“Art. 15-B, § 3º. Nas operações de empréstimo ou financiamento 
de que dispõe o caput é obrigatório o oferecimento ao mutuário 
do Sistema de Amortização Constante - SAC e de, no mínimo, 
outro sistema de amortização que atenda o disposto nos §§ 1o e 
2o, entre eles o Sistema de Amortização Crescente - SACRE e o 
Sistema Francês de Amortização (Tabela Price)”. 
(E) INCORRETA. Art. 15-B, fine. 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO AMBIENTAL 
 
81. A microempresa rural XYC, proprietária de uma fazenda no interior, deseja contribuir 
para a preservação ambiental e considera instituir uma servidão ambiental em parte de 
sua propriedade, renunciando voluntariamente ao direito de uso e exploração dos 
recursos naturais dessa área. No entanto, seus representantes têm dúvidas sobre as 
implicações legais dessa decisão. 
Com base na Lei nº 6.938/1981, é CORRETO afirmar que a servidão ambiental: 
 
 
136 
(A) se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida; 
(B) apenas pode ser instituída por pessoas naturais, não por pessoas jurídicas; 
(C) pode ser instituída apenas em caráter temporário, com prazo máximo de 20 anos; 
(D) não pode ser transferida a terceiros, seja de forma gratuita ou onerosa; 
(E) pode ser instituída mediante registro por instrumento público ou particular. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
Art. 9o-A da Lei nº 6.938/1981 - O proprietário ou possuidor de 
imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento 
público ou particular ou por termo administrativo firmado 
perante órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua 
propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou 
recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo 
servidão ambiental. 
_______________________________________________________________________ 
82. Durante uma fiscalização ambiental, a empresa Verde Limpo S/A foi autuada por 
operar sem as licenças ambientais necessárias, configurando atividade potencialmente 
poluidora. Para regularizar sua situação, a empresa propôs celebrar um termo de 
compromisso com o órgão ambiental competente. 
Considerando as disposições da Lei nº 9.605/1998, é CORRETO afirmar que: 
(A) o termo de compromisso pode ser celebrado, mas não possui força de título 
executivo extrajudicial, necessitando de homologação judicial para sua execução; 
(B) a celebração do termo de compromisso é facultativa e depende exclusivamente da 
vontade do autuado e da participação do Ministério Público, sem necessidade de 
anuência do órgão ambiental; 
(C) o termo de compromisso se destina exclusivamente à reparação de danos ambientais 
já ocorridos, não podendo ser utilizado para regularizar atividades em andamento; 
(D) a celebração do termo de compromisso suspende a aplicação de sanções 
administrativas enquanto suas cláusulas estiverem sendo cumpridas; 
(E) somente pessoas físicas podem celebrar termos de compromisso com órgãos 
ambientais, não sendo permitida a celebração pela empresa Verde Limpo S/A. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
 
137 
 
Art. 79-A, § 3o da Lei 9.605/1998 - Da data da protocolização do 
requerimento previsto no § 2o e enquanto perdurar a vigência 
do correspondente termo de compromisso, ficarão suspensas, 
em relação aos fatos que deram causa à celebração do 
instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra a 
pessoa física ou jurídica que o houver firmado. 
_______________________________________________________________________ 
83. Uma empresa de abastecimento de água pretende captar água de um rio federal 
para abastecer um município. 
Considerando a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997), é CORRETO 
afirmar que a outorga de direitos de uso de recursos hídricos: 
(A) é dispensada quando o uso da água é destinado ao consumo humano e à 
dessedentação de animais, independentemente do volume captado; 
(B) é um ato administrativo que confere ao usuário o direito de utilizar a água, desde que 
respeitadas as condições estabelecidas pelo poder público outorgante; 
(C) só é exigida para captações de água superficiais, não se aplicando a águas 
subterrâneas; 
(D) tem caráter permanente e não pode ser revisada ou suspensa, mesmo em situações 
de escassez ou de não cumprimento das condições estabelecidas; 
(E) é de competência exclusiva dos municípios, não cabendo à União ou aos estados a 
gestão desse instrumento. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Art. 12 da Lei 9.433/1997 - Estão sujeitos a outorga pelo Poder 
Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: 
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um 
corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento 
público, ou insumo de processo produtivo; 
II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final 
ou insumo de processo produtivo; 
 
Art. 14 da Lei 9.433/1997 - A outorga efetivar-se-á por ato da 
autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos 
Estados ou do Distrito Federal. 
 
 
 
138 
Art. 15 da Lei 9.433/1997 - A outorga de direito de uso de 
recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em 
definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes 
circunstâncias: 
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; 
(...) 
III - necessidade premente de água para atender a situações de 
calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas 
adversas; 
_______________________________________________________________________ 
84. João, proprietário rural, pretende comercializar um novo agrotóxico em seu estado. 
Para isso, ele precisa entender qual órgão é responsável pelo registro desses produtos. 
De acordo com a Lei dos Agrotóxicos, para registrar o agrotóxico, João deve procurar o 
órgão: 
(A) federal responsável pelo setor da saúde; 
(B) estadual de defesa agropecuária; 
(C) federal responsável pelo setor da agricultura; 
(D) municipal responsável pelo setor do meio ambiente; 
(E) federal responsável pelo setor do meio ambiente. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
Art. 3º da Lei 14.785/2023 - Os agrotóxicos, os produtos de 
controle ambiental, os produtos técnicos e afins, de acordo com 
as definições constantes do art. 2º desta Lei, somente poderão 
ser pesquisados, produzidos, exportados, importados, 
comercializados e utilizados se previamente autorizados ou 
registrados em órgão federal, nos termos desta Lei. 
Art. 4º da Lei 14.785/2023 - É estabelecido o órgão federal 
responsável pelo setor da agricultura como o órgão registrante 
de agrotóxicos, de produtos técnicos e afins, bem como o órgão 
federal responsável pelo setor do meio ambiente como o órgão 
registrante de produtos de controle ambiental, de produtos 
técnicos e afins. 
_______________________________________________________________________ 
85. Determinado proprietário de um imóvel rural de 500 hectares, localizado em área 
rural no Estado de Pernambuco, deseja regularizar sua propriedade junto ao Cadastro 
Ambiental Rural (CAR), conforme exigido pelo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). 
 
 
139 
Durante o preenchimento do CAR, surgem dúvidas sobre as informações que devem ser 
fornecidas e os prazos aplicáveis. 
Sobre o caso, é CORRETO afirmar que: 
(A) o CAR é obrigatório apenas para propriedades rurais com área superior a 1.000 
hectares, sendo facultativo para propriedades menores; 
(B) o CAR deve conter informações georreferenciadas do perímetro do imóvel, das áreas 
de preservação permanente, de reserva legal e de remanescentes de vegetação nativa, 
além de outras informações previstas em regulamento;(C) o prazo para inscrição no CAR é de dois anos a partir da data de publicação da Lei nº 
12.651/2012, não sendo possível realizar novas inscrições após esse período; 
(D) a inscrição no CAR é dispensada para propriedades que já possuem licença ambiental 
válida, independentemente do tamanho da área; 
(E) o CAR é um instrumento de caráter voluntário, sem efeito jurídico direto ou 
vinculação com a regularização ambiental do imóvel rural. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Art. 29, § 1º da Lei 12.651/2012 - A inscrição do imóvel rural no 
CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental 
municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá 
do proprietário ou possuidor rural: (...) III - identificação do 
imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a 
indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um 
ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a 
localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas 
de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das 
áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da 
Reserva Legal. 
Art. 29, § 3º da Lei 12.651/2012 - A inscrição no CAR é obrigatória 
e por prazo indeterminado para todas as propriedades e posses 
rurais. 
_______________________________________________________________________ 
86. Maria é proprietária de um terreno rural. Há alguns anos, ela removeu parte da 
vegetação nativa situada em uma Área de Preservação Permanente (APP) para ampliar 
sua área de cultivo agrícola. Recentemente, Maria foi notificada pelo órgão ambiental 
competente sobre a necessidade de regularizar a situação da APP em sua propriedade. 
 
 
140 
Diante disso, Maria busca orientação jurídica para entender suas obrigações legais 
referentes à manutenção e à recuperação da APP, conforme o Código Florestal (Lei nº 
12.651/2012). 
Com base no caso apresentado, é CORRETO afirmar que Maria: 
(A) é obrigada a manter a vegetação da APP em seu terreno, mas não é responsável por 
sua recomposição caso tenha ocorrido alguma supressão anterior à sua aquisição; 
(B) não é obrigada a manter a vegetação da APP, pois essa responsabilidade recai 
exclusivamente sobre pessoas jurídicas de direito público; 
(C) pode suprimir a vegetação da APP, sem necessidade de recomposição, desde que a 
sua finalidade seja a expansão de atividades agrícolas; 
(D) é responsável por manter a vegetação da APP em seu terreno e, caso tenha ocorrido 
supressão, é obrigada a promover sua recomposição, exceto nos casos de usos 
autorizados previstos em lei; 
(E) tem a opção de manter ou suprimir a vegetação da APP, uma vez que pretende 
realizar atividade de natureza agorossilvipastoril. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
Art. 7º da Lei 12.651/2012 - A vegetação situada em Área de 
Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário 
da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física 
ou jurídica, de direito público ou privado. 
§ 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área 
de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor 
ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a 
recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados 
previstos nesta Lei. 
_______________________________________________________________________ 
87. No âmbito de suas atribuições legais, agentes de fiscalização ambiental receberam 
denúncia de desmatamento ilegal em uma área que, até recentemente, integrava uma 
Unidade de Conservação (UC). Ao investigar, constataram que a área foi desafetada por 
meio de um decreto estadual, resultando na redução dos limites originais da UC. 
Diante da situação narrada, a ação CORRETA da equipe de fiscalização é: 
(A) proceder com a autuação dos responsáveis pelo desmatamento, pois a desafetação 
da área é inválida, uma vez que a redução dos limites de uma UC só pode ocorrer 
mediante lei específica; 
(B) abster-se da ação fiscalizatória, considerando que o decreto estadual é suficiente 
para validar a redução dos limites da UC; 
 
 
141 
(C) encaminhar um relatório ao órgão gestor da UC, sugerindo a regularização das 
atividades na área desafetada com base no decreto estadual; 
(D) inaugurar processo administrativo para avaliar a legalidade do decreto estadual e, 
enquanto isso, suspender qualquer ação fiscalizatória na área em questão; 
(E) abster-se da ação fiscalizatória, desde que a UC atingida não seja classificada como 
Unidade de Proteção Integral ou de Uso Sustentável. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
Art. 22, §7º da Lei 9.985/2000 – A desafetação ou redução dos limites de uma unidade 
de conservação só pode ser feita mediante lei específica. 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO 
 
88. A expulsão é medida administrativa de retirada compulsória de migrantes ou 
visitantes do território nacional, acompanhada de impedimento de reingresso por 
período determinado. 
Sobre esse instrumento, é CORRETO afirmar que um indivíduo NÃO poderá ser expulso 
quando: 
(A) for o único genitor de uma criança ou adolescente brasileiro; 
(B) tiver um filho brasileiro com menos de 14 anos; 
(C) tiver um filho brasileiro com deficiência; 
(D) tiver ingressado no país antes do nascimento do seu filho brasileiro; 
(E) tiver um filho brasileiro que esteja sob dependência socioafetiva. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
Consoante o Superior Tribunal de Justiça, não se viabiliza a expulsão de estrangeiro 
visitante ou migrante do território nacional quando comprovado tratar-se de pai de 
criança brasileira que se encontre sob sua dependência socioafetiva. A respeito: 
 
 
 
 
142 
ADMINISTRATIVO. HABEAS CORPUS CÍVEL. EXPULSÃO DE 
ESTRANGEIRO VISITANTE. PACIENTE GENITOR DE FILHO 
BRASILEIRO DE TENRA IDADE. 
DEPENDÊNCIA SOCIOAFETIVA COMPROVADA. INVIABILIDADE DA 
EXPULSÃO. 
APLICAÇÃO DO ART. 55, II, "A", DA NOVA LEI DE MIGRAÇÃO (LEI 
Nº 13.445/2017). PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA NO 
ATENDIMENTO DOS DIREITOS E INTERESSES DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE (ART. 227 DA CF). 
DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL (ART. 1º DO ECA). 
CONCESSÃO DO REMÉDIO HEROICO. 
1. Na forma da jurisprudência, não se viabiliza a expulsão de 
estrangeiro visitante ou migrante do território nacional quando 
comprovado tratar-se de pai de criança brasileira que se 
encontre sob sua dependência socioafetiva (art. 55, II, a, da Lei 
nº 13.445/2017). Precedentes: STF, RE 608.898, Rel. Ministro 
MARCO AURÉLIO, TRIBUNAL PLENO, DJe 6/10/2020; STF, RHC 
123.891-AgR, Rel. 
Ministra ROSA WEBER, PRIMEIRA TURMA, DJe 4/5/2021. 
2. O princípio da prioridade absoluta no atendimento dos 
direitos e interesses da criança e do adolescente, em cujo rol se 
inscreve o direito à convivência familiar (art. 227 da CF), 
direciona, in casu, para solução que privilegie a permanência do 
genitor em território brasileiro, em harmonia, também, com a 
doutrina da proteção integral (art. 1º do ECA). 
3. Habeas corpus concedido, com a consequente revogação da 
portaria de expulsão. Resta prejudicado o agravo interno. 
(HC 666.247/DF, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA SEÇÃO, 
julgado em 10/11/2021, DJe 18/11/2021) 
 
 
No mesmo sentido: 
 
É inadmissível a expulsão de estrangeiro que possua filho 
brasileiro, dependente socioafetivo ou econômico, mesmo que o 
crime ensejador da expulsão tenha ocorrido em momento 
anterior ao reconhecimento ou adoção do filho. O Estado deve 
garantir a proteção especial à família e a proteção integral às 
crianças e aos adolescentes, sendo o convívio familiar uma das 
mais expressivas projeções dos direitos sociais. Além disso, a 
dependência econômica não é o único fator a impedir a expulsãode estrangeiros com filhos brasileiros. A dependência 
socioafetiva também constitui fato juridicamente relevante apto 
a obstar o processo expulsório. Nesse sentido, o art. 55, II, “a”, 
da Lei nº 13.445/2017 expressamente prevê que “Não se 
procederá à expulsão quando o expulsando tiver filho brasileiro 
que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou 
 
 
143 
socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela”. Evidencia-
se, portanto, que o próprio legislador infraconstitucional erigiu a 
socioafetividade à condição de causa impeditiva da expulsão. 
STF. Plenário. RHC 123891 AgR/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado 
em 23/2/2021 (Info 1007). 
_______________________________________________________________________ 
89. A República Federativa do Brasil tem as suas relações internacionais regidas por 
princípios listados na Constituição Federal. 
Entre esses princípios se encontra: 
(A) a concessão de asilo político; 
(B) o repúdio à misoginia; 
(C) o combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas; 
(D) a preservação das fronteiras nacionais; 
(E) a defesa do livre comércio. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
De acordo com o art. 4º, inciso X, da Constituição Federal, a República Federativa do 
Brasil adota, em suas relações internacionais, diversos princípios basilares, entre os quais 
se inclui a concessão de asilo político. Confira: 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
_______________________________________________________________________ 
90. Em 1943, no contexto da Segunda Guerra Mundial, um submarino alemão atacou 
um barco de pesca no litoral brasileiro. Ao buscarem ressarcimento material e moral 
contra a República Federativa Alemã, os descendentes de uma das vítimas desse ataque 
foram confrontados com o argumento de que aquele Estado gozaria de imunidade de 
jurisdição com relação a esses atos. 
 
 
144 
Considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, para 
relativizar a imunidade de jurisdição de um Estado, é necessário que: 
(A) um tribunal internacional determine que crimes de guerra foram cometidos; 
(B) fique comprovada uma violação do direito humano à vida; 
(C) haja uma declaração de renúncia à imunidade pelo próprio Estado; 
(D) fique comprovada uma violação aos direitos humanos em território nacional; 
(E) os atos questionados não sejam considerados atos de império. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
Embora a imunidade de jurisdição reconheça a impossibilidade de um Estado 
estrangeiro ser julgado por tribunais brasileiros sem seu consentimento — princípio hoje 
regido no Brasil pelo direito costumeiro, em razão da não adesão à Convenção da ONU 
sobre Imunidade Jurisdicional de Estados — essa proteção não é absoluta. 
Historicamente, a teoria da imunidade absoluta sustentava que “iguais não podem julgar 
iguais” (par in parem non habet jurisdictionem), conferindo imunidade total a todo ato 
estatal, salvo renúncia expressa. Contudo, o crescente volume de relações comerciais 
entre Estados levou ao reconhecimento de distinções entre acta jure imperii (atos de 
império, praticados no exercício da soberania) e acta jure gestionis (atos de gestão, 
típicos de particulares), admitindo-se justiça estrangeira sobre estes últimos. 
Com a Constituição de 1988, o STF consolidou esse entendimento, passando a relativizar 
a imunidade de jurisdição, mantendo-a apenas para atos de império, mas sem estender 
àqueles de gestão, e preservando, ainda que como exceção, a imunidade executória 
absoluta preconizada pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. 
No ARE 954858/RJ, o relator, ministro Edson Fachin, afirmou que essa imunidade de 
jurisdição sofre “derrotabilidade” — isto é, pode ceder diante de circunstâncias não 
previstas originalmente e que ofendam preceitos fundamentais — quando aplicada a 
atos de império que violem o direito internacional da pessoa humana no território 
brasileiro, como é o caso de ações que resultem na morte de civis durante conflitos 
armados. 
Desse modo, ao reconhecer a existência de atos ilícitos e ofensivos a direitos humanos 
praticados em solo nacional, o STF autorizou que o Judiciário brasileiro afaste a regra 
geral de imunidade, garantindo acesso à jurisdição e permitindo a responsabilização de 
Estados estrangeiros em situações que coloquem em risco a dignidade e a vida das 
pessoas. Vejamos: 
A imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro não alcança atos 
de império ofensivos ao direito internacional da pessoa humana 
 
 
145 
praticados no território brasileiro, tais como aqueles que 
resultem na morte de civis em período de guerra. 
Tese fixada pelo STF: “Os atos ilícitos praticados por Estados 
estrangeiros em violação a direitos humanos não gozam de 
imunidade de jurisdição”. 
STF. Plenário. ARE 954858/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
20/8/2021 (Repercussão Geral – Tema 944) (Info 1026). 
_______________________________________________________________________ 
91. O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) é responsável pela manutenção 
da paz e da segurança internacional. Para tanto, dispõe de diversos instrumentos, entre 
os quais se destacam as sanções que têm sido aplicadas com frequência contra atores 
não estatais considerados responsáveis por atos de terrorismo que ameaçam a paz e a 
segurança internacional. Essas sanções são impostas por meio de resoluções do CSNU 
ou por designações dos comitês de sanções em seu âmbito. 
Sobre a execução dessas sanções no Brasil, é CORRETO afirmar que: 
(A) será necessária, como primeiro passo, a proposição de ação de indisponibilidade de 
bens pela Advocacia-Geral da União; 
(B) será necessária a realização de procedimento de homologação perante o Superior 
Tribunal de Justiça; 
(C) são dotadas de executoriedade imediata as resoluções sancionatórias e as referidas 
designações; 
(D) dependerá de condenação judicial por atos de terrorismo, conforme previsto na Lei 
Antiterrorismo; 
(E) dependerá da publicação das resoluções e das designações no Diário Oficial da União 
em língua portuguesa. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. O auxílio direto judicial não é um primeiro passo necessário, mas sim 
uma medida secundária utilizada apenas quando o cumprimento imediato não ocorre 
naturalmente. Conforme o Art. 12 da Lei 13.810/2019, a União só ingressará com auxílio 
direto judicial se não houver cumprimento na forma da Seção I. 
(B) INCORRETA. A Lei 13.810/2019 não exige qualquer procedimento de homologação 
pelo STJ. As resoluções do CSNU são de aplicação direta e imediata no Brasil. 
(C) CORRETA. Esta alternativa está expressamente prevista no Art. 6º da Lei 
13.810/2019: "As resoluções sancionatórias do Conselho de Segurança das Nações 
 
 
146 
Unidas e as designações de seus comitês de sanções são dotadas de executoriedade 
imediata na República Federativa do Brasil." 
(D) INCORRETA. Não há requisito de condenação judicial prévia por atos de terrorismo. 
(E) INCORRETA. O Art. 7º da Lei 13.810/2019 é explícito ao afirmar que a publicação no 
Diário Oficial da União é apenas para fins de publicidade e ocorre "sem prejuízo da 
obrigação de cumprimento imediato". Ou seja, a executoriedade independe da 
publicação. 
_______________________________________________________________________ 
92. A Convenção de Haiasobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças 
foi assinada em 1980 e ratificada pelo Brasil em 1999. 
Acerca dessa convenção, é CORRETO afirmar que: 
(A) a aplicação dessa convenção cessa quando a criança atinge a idade de 14 anos; 
(B) a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente desempenha o papel 
de autoridade central nos pedidos de retorno; 
(C) a autoridade central brasileira pode ser acionada para intermediar casos em que não 
há sequestro, como a regulamentação do direito de visita transfronteiriça; 
(D) os pedidos encaminhados por estrangeiros poderão ser juntados aos autos judiciais 
se estiverem acompanhados por uma tradução em inglês ou francês; 
(E) o processamento de pedidos de retorno de crianças ilicitamente transferidas ou 
retidas competirá, onde houver e excepcionalmente, aos Juizados da Infância e da 
Juventude. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Nos termos do artigo 4º da Convenção, sua aplicação restringe-se às 
crianças que tenham residência habitual em um Estado Contratante, imediatamente 
antes da violação do direito de guarda ou de visita. Além disso, a Convenção deixa de ser 
aplicável quando a criança atinge a idade de dezesseis anos. 
(B) INCORRETA.O Decreto nº 9.734/2019, que promulgou a Convenção da Haia sobre 
Citação, Intimação e Notificação no Estrangeiro de Documentos Judiciais e Extrajudiciais 
em Matéria Civil e Comercial, confere ao Ministério da Justiça e Segurança Pública o 
papel de Autoridade Central para a Convenção. 
(C) CORRETA. A Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional 
de Criança permite a regulamentação do direito de visita transfronteiriça 
independentemente de subtração ou retenção ilícita da criança envolvida. 
 
 
147 
Tese de julgamento: 
1. A Convenção da Haia permite a regulamentação do direito 
de visita transfronteiriça independentemente de subtração ou 
retenção ilícita. 
2. A União possui legitimidade ativa para ajuizar ação de 
regulamentação de visitas com base na Convenção da Haia. 
3. A competência para julgar a ação é da Justiça Federal. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.905.440-SP, Rel. Min. Antonio Carlos 
Ferreira, julgado em 5/11/2024 (Info 835). 
(D) INCORRETA. O artigo 24 da Convenção estabelece que os pedidos, comunicações e 
demais documentos devem ser enviados à Autoridade Central do Estado requerido na 
sua língua original, acompanhados de tradução para a língua oficial — ou uma das 
línguas oficiais — desse Estado. Caso a tradução para essa língua seja de difícil realização, 
admite-se o uso do francês ou do inglês. No entanto, um Estado Contratante pode, 
mediante a reserva prevista no artigo 42, opor-se ao uso do francês ou do inglês (mas 
não de ambos) em qualquer pedido, comunicação ou documento enviado à sua 
Autoridade Central. 
Entretanto, o Brasil apresentou expressamente uma reserva a esse dispositivo. 
Conforme a referida reserva, os documentos relacionados a casos de sequestro 
internacional de crianças devem ser acompanhados de tradução para a língua 
portuguesa, realizada por tradutor público juramentado. Essa reserva foi feita nos 
termos do artigo 42 e, à época da sua apresentação pelo governo brasileiro, não houve 
oposição por parte dos demais Estados Contratantes. 
(E) INCORRETA. A competência para julgar a ação é da Justiça Federal. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.905.440-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 
5/11/2024 (Info 835). 
_______________________________________________________________________ 
93. Uma empresa brasileira do setor de cosméticos identificou que circulava 
amplamente na Internet um vídeo em que se afirmava, falsamente, que ela realizava 
testes bioquímicos em animais de forma cruel. Após ingressar na Justiça, a empresa 
obteve uma decisão favorável pela retirada desse conteúdo da Internet, mas, mesmo 
após a execução dessa decisão, o vídeo continuou circulando para internautas de países 
para onde seus produtos eram exportados. 
Nesse contexto, é CORRETO afirmar que: 
(A) o direito à liberdade de expressão, previsto no Pacto Internacional sobre os Direitos 
Civis e Políticos, comporta restrições apenas para a proteção da segurança nacional e da 
saúde pública; 
(B) essa sentença representará ofensa à soberania de outros países caso tenha efeitos 
extraterritoriais; 
 
 
148 
(C) a ordem judicial, para que seja aplicável em outros países, precisará incluir uma 
análise sobre a legalidade do vídeo de acordo com o ordenamento de cada país; 
(D) a avaliação da ofensa de decisão doméstica à soberania estrangeira não cabe ao 
judiciário brasileiro; 
(E) as decisões judiciais brasileiras sobre atos na Internet passaram a ter efeitos 
extraterritoriais após a promulgação do Marco Civil da Internet. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. O artigo 19 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos 
estabelece, em seu parágrafo 2º, que toda pessoa tem direito à liberdade de expressão, 
o que inclui a liberdade de buscar, receber e divulgar informações e ideias de qualquer 
natureza, sem considerar fronteiras, por meio oral, escrito, impresso, artístico ou por 
qualquer outro meio à sua escolha. 
Entretanto, conforme o parágrafo 3º do mesmo artigo, o exercício desse direito implica 
deveres e responsabilidades específicas, podendo ser objeto de restrições. Tais 
limitações, no entanto, devem estar expressamente previstas em lei e ser necessárias 
para: 
a) assegurar o respeito aos direitos ou à reputação de terceiros; 
b) proteger a segurança nacional, a ordem pública, a saúde ou a moral públicas. 
(B), (C) e (E) INCORRETAS. Decisões judiciais ao redor do mundo têm demonstrado uma 
tendência de determinar a remoção global de conteúdos ilegais da internet, indo além 
dos limites territoriais tradicionais. 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, quando menciona ofensa à 
soberania, refere-se à proteção da soberania nacional brasileira em relação a decisões 
estrangeiras, e não o contrário. 
Mesmo antes do Marco Civil da Internet, as decisões judiciais brasileiras já produziam 
efeitos extraterritoriais sobre conteúdos na internet, visando garantir a efetividade da 
prestação jurisdicional. 
A Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) consolidou uma evolução nos conceitos 
tradicionais de jurisdição, território e fronteiras nas normas processuais brasileiras. 
O art. 11 do MCI estabeleceu a jurisdição brasileira com caráter transfronteiriço e sem 
limitação geográfica sobre provedores de aplicações, bastando que os dados sejam 
coletados no território nacional para que se aplique o direito brasileiro. 
O legislador deixou claro que o objetivo era evitar que provedores com atuação no Brasil, 
mas que mantêm dados fora do território nacional, escapassem de cumprir 
 
 
149 
determinações administrativas e judiciais para disponibilização ou remoção de 
conteúdo. 
Veja a redação do dispositivo: 
Lei nº 12.965/2014 
Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento, 
guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de 
comunicações por provedores de conexão e de aplicações de 
internet em que pelo menos um desses atos ocorra em território 
nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a legislação 
brasileira e os direitos à privacidade, à proteção dos dados 
pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros. 
 Ou seja, ocorrendo a coleta de dados no território nacional, aplica-se o direito brasileiro 
- mesmo que o armazenamento, a guarda ou o tratamento seja feito por provedor 
sediado no exterior, mas que possua representação comercial no Brasil ou oferte 
serviços a usuários brasileiros. 
Caso semelhante ao narrado na questão foi analisado pelo STJ, no REsp 2.147.711-SP, 
em que uma empresa brasileira do setor alimentício foi vítima de difamação pormeio 
de vídeo falso no YouTube, que mostrava supostos ratos em suas instalações. A ordem 
de remoção apenas no Brasil mostrou-se insuficiente, pois o conteúdo continuava 
acessível em outros países. 
Consoante o STJ, é infundado alegar que o Judiciário brasileiro não pode limitar 
o acesso de internautas estrangeiros a conteúdos considerados ilegais pelo direito 
brasileiro. O próprio provedor da plataforma possui política institucional global para, 
“voluntariamente”, cumprir certas decisões judiciais, mesmo quando não são 
diretamente dirigidas a ele, em respeito à autoridade dos tribunais na determinação da 
ilegalidade de conteúdos. Essa política aumenta a probabilidade de remoção de links 
considerados falsos por tribunais, mesmo em jurisdições diferentes da decisão original. 
A ordem de remoção global do conteúdo infrator atende a um interesse brasileiro e está 
fundamentada em normas nacionais. Sua efetivação transfronteiriça é um efeito natural 
do caráter global da internet, definida no art. 5º, I, do MCI como um “sistema 
estruturado em escala mundial”. 
No direito internacional, a liberdade de expressão não é um direito absoluto. Pode ser 
legitimamente limitada em casos de conflito com o direito à proteção da honra, desde 
que: 
• Haja previsão legal de ilicitude de atos difamatórios e revisão judicial independente; 
• A finalidade seja proteger a reputação ou honra de terceiros; 
• A limitação seja proporcional à decisão; 
 
 
150 
• Não haja discriminação baseada em características pessoais, como a nacionalidade das 
partes. 
• A remoção de conteúdo difamatório com efeitos globais está de acordo com a diretriz 
internacional da ONU que recomenda a concentração da responsabilização civil em um 
único foro como boa prática para evitar penalizações múltiplas pela mesma publicação 
em diferentes jurisdições. Uma plataforma, uma ação judicial. 
Em suma: 
Inexiste ofensa à soberania estrangeira a efetivação de forma global de uma ordem 
judicial específica de indisponibilidade de conteúdo na internet, considerado infrator 
segundo o direito brasileiro. STJ. 3ª Turma. REsp 2.147.711-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 
julgado em 12/11/2024 (Info 835). 
 
 
 
(D) CORRETA. Conforme demonstrado no acima, no REsp 2.147.711-SP, a interpretação 
correta da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro revela que, quando esta 
menciona ofensa à soberania, refere-se exclusivamente à proteção da soberania 
nacional brasileira em relação a decisões estrangeiras, e não o contrário. Isso significa 
que não compete ao Poder Judiciário brasileiro avaliar se suas próprias decisões 
poderiam configurar ofensa à soberania de outros países. 
Esta compreensão é reforçada pelo entendimento do STJ de que "inexiste ofensa à 
soberania estrangeira a efetivação de forma global de uma ordem judicial específica de 
indisponibilidade de conteúdo na internet, considerado infrator segundo o direito 
brasileiro". O tribunal não considera como sua atribuição analisar potenciais conflitos 
com jurisdições estrangeiras ao emitir ordens de alcance global, pois tal análise 
extrapolaria sua competência constitucional. 
No caso concreto da empresa de cosméticos, quando o Judiciário brasileiro determina a 
remoção global do conteúdo difamatório, ele o faz com base exclusivamente na 
legislação brasileira e nos interesses nacionais a serem protegidos. O tribunal não precisa 
e nem deve realizar uma avaliação prévia sobre como esta decisão impactará ou será 
interpretada por soberanias estrangeiras, pois isso representaria uma ingerência em 
matéria de política externa que não lhe compete. 
O Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) reforça esta posição ao estabelecer 
jurisdição brasileira com caráter transfronteiriço sobre provedores de aplicações que 
coletam dados no território nacional. 
A efetivação transfronteiriça das decisões judiciais brasileiras decorre naturalmente do 
caráter global da internet, sem que o juiz brasileiro precise preocupar-se com possíveis 
 
 
151 
ofensas a soberanias estrangeiras, pois tal avaliação não está dentro de suas atribuições 
constitucionais. 
Essa interpretação está alinhada com a tendência global de jurisdições nacionais 
emitirem ordens de alcance internacional em matéria digital, reconhecendo a natureza 
transfronteiriça da internet e a necessidade de proteção efetiva de direitos fundamentais 
no ambiente digital. 
_______________________________________________________________________ 
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA 
 
94. A organização internacional Alfa ajuizou ação de reparação de danos em face do 
Município Beta, tendo sustentado que os recursos que repassara a esse ente federativo, 
para a realização de determinada política pública de viés prestacional, teriam sido 
desviados. O pedido foi julgado procedente em primeira instância, tendo Beta 
considerado a sentença manifestamente contrária à Constituição da República. Além 
disso, após a interposição do recurso cabível, estando o processo em tramitação no 
âmbito do juízo ad quem, Beta constatou que sentenças similares foram proferidas em 
desfavor de outros municípios, o que o levou a cogitar a formulação de requerimento ao 
Supremo Tribunal Federal (STF) para a edição de súmula vinculante sobre a matéria. 
Na situação descrita, é CORRETO afirmar que: 
(A) Beta não tem legitimidade para requerer a edição da súmula vinculante; 
(B) o requerimento de edição da súmula vinculante não suspenderá a tramitação do 
processo no âmbito do Superior Tribunal de Justiça; 
(C) Beta deve requerer, em petição fundamentada, que o Tribunal Regional Federal da 
respectiva região requeira a edição da súmula vinculante; 
(D) o STF somente irá apreciar o requerimento de edição da súmula vinculante caso seja 
interposto o recurso extraordinário no momento oportuno; 
(E) o requerimento de edição de súmula vinculante não configura prejudicial externa em 
relação ao processo principal, mas deve ser assegurado o contraditório com Alfa em seu 
âmbito. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. De acordo com o Art. 3º, § 1º da Lei 11.417/2006, os Municípios 
possuem legitimidade para propor edição de súmula vinculante, desde que o façam 
incidentalmente ao processo em que sejam parte. Como Beta é parte no processo 
mencionado, ele tem legitimidade para fazer este requerimento diretamente ao STF. 
 
 
152 
(B) CORRETA. O requerimento de edição de súmula vinculante não suspende 
automaticamente a tramitação de processos em curso. 
O Art. 3º, §1º dispõe: "O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo 
em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula 
vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo. 
(C) INCORRETA. Não há necessidade dessa intermediação. O Município Beta, como 
parte no processo, tem legitimidade para propor diretamente ao STF a edição de súmula 
vinculante, sem necessidade de intermediação pelo TRF ou qualquer outro tribunal. 
(D) INCORRETA. A apreciação do pedido de edição de súmula vinculante não está 
condicionada à interposição de recurso extraordinário. São instrumentos processuais 
distintos e independentes. A proposta de súmula vinculante pode ser apreciada pelo STF 
independentemente da existência de recurso extraordinário. 
(E) INCORRETA. A Lei 11.417/2006, que regulamenta o Art. 103-A da Constituição 
Federal, estabelece em seu Art. 3º, §2º: 
"No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula 
vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de 
terceiros na questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal." 
A lei não estabelece um dever de assegurar o contraditório com Alfa (parte contrária), 
mas sim uma faculdade do relator em admitir manifestações de terceiros. A participação 
da parte contrária não é automática ou obrigatória, mas discricionária.A edição de 
súmula trata-se de processo objetivo. 
_______________________________________________________________________ 
95. João investiu parte de seus ativos em criptomoedas. Como não obteve os retornos 
financeiros que alegadamente lhe teriam sido prometidos pelo respectivo gestor, 
ingressou com ação judicial visando à reparação dos prejuízos sofridos. Ao descrever os 
fatos que embasavam sua pretensão, demonstrou que o sistema adotado apresentava 
uma característica em particular que comprometia sua higidez na perspectiva dos 
elementos estruturais subjacentes à blockchain e às criptomoedas. 
Entre as características abaixo, é CORRETO afirmar que se ajusta à descrição de João: 
(A) a ausência de supervisão do sistema por uma autoridade monetária oficial; 
(B) a mutabilidade das cadeias de blocos que armazenam o registro histórico das 
operações; 
(C) a distribuição do registro histórico das operações a todos os usuários do sistema por 
meio de uma rede peer-to-peer; 
(D) a impossibilidade de gasto duplo da quantia virtual investida, sem a necessidade de 
intervenção de um intermediário confiável; 
(E) o registro sequencial das operações realizadas, tornando-as visíveis no sistema, 
preservando-se as identidades e as chaves de segurança dos respectivos usuários. 
 
 
153 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Esta é uma característica intencional e fundamental das criptomoedas, 
não um problema. A ausência de autoridade central é justamente um dos princípios da 
tecnologia blockchain, sendo vista como vantagem por permitir transações sem 
intermediários centralizados. Isso não compromete a higidez do sistema, mas sim define 
seu funcionamento descentralizado. 
(B) CORRETA. Esta alternativa identifica um problema grave que comprometeria 
fundamentalmente a integridade de qualquer blockchain. A imutabilidade (não a 
mutabilidade) é uma característica essencial das criptomoedas legítimas - uma vez que 
uma transação é registrada e confirmada na blockchain, ela não deve poder ser alterada. 
Se o sistema permitia modificações nos blocos já registrados, isso comprometeria toda 
a segurança e confiabilidade do sistema. 
(C) INCORRETA. Esta é uma característica positiva e essencial da tecnologia blockchain, 
não um problema. A distribuição do registro através de uma rede peer-to-peer é o que 
garante a descentralização e a segurança do sistema, permitindo que múltiplos usuários 
validem as transações. 
(D) INCORRETA. A prevenção do gasto duplo sem necessidade de intermediários é uma 
das principais inovações e vantagens da tecnologia blockchain, não um problema. Esta 
característica reforça a segurança do sistema ao invés de comprometê-la. 
(E) INCORRETA. O registro sequencial transparente, combinado com a preservação da 
privacidade através de chaves criptográficas, é um dos pontos fortes dos sistemas 
blockchain, não uma fragilidade. Esta característica garante simultaneamente a 
auditabilidade e a privacidade. 
_______________________________________________________________________ 
96. Ao interpor recurso de apelação contra sentença proferida pelo juízo de primeira 
instância, o recorrente argumentou que a sentença teria afrontado os alicerces 
estruturais do método de interpretação pela lógica do razoável ao interpretar o Art. X da 
Lei nº Y. 
O relator, ao proferir seu voto, constatou o acerto da tese do recorrente, observando 
corretamente que a sentença: 
(A) afastou o uso da estrutura da inferência correta; 
(B) reconheceu que os fatos humanos, a serem alcançados pela norma, se relacionam 
com valorações; 
(C) afastou a validade íntrinseca da norma jurídica, situando-a no plano extrínseco, 
jurídico ou social; 
 
 
154 
(D) reconheceu a permeabilidade do direito a referenciais axiológicos colhidos no 
ambiente sociopolítico; 
(E) defendeu que a norma, a exemplo das proposições matemáticas, se ajusta à 
racionalidade própria dos referenciais de certo e errado. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. O método da lógica do razoável não rejeita completamente as 
estruturas de inferência correta, mas sustenta que o raciocínio jurídico requer mais do 
que apenas lógica formal. A sentença não estaria violando os alicerces estruturais do 
método simplesmente por afastar estruturas de inferência. 
(B)INCORRETA. Esta alternativa está incorreta porque apresenta algo que está em 
conformidade com o método da lógica do razoável, não uma violação. Este método 
justamente reconhece que os fatos humanos estão interligados com valorações e que a 
interpretação jurídica deve considerar esta dimensão valorativa. 
(C) INCORRETA. Embora o método da lógica do razoável considere fatores sociais e 
contextuais, ele não nega a validade intrínseca das normas jurídicas. A abordagem 
contextual complementa, mas não substitui, a análise da validade intrínseca da norma. 
(D) INCORRETA. Assim como a alternativa B, descreve algo que está em consonância com 
o método da lógica do razoável, não uma violação. Este método justamente reconhece 
que o direito é permeável a referenciais axiológicos provenientes do ambiente 
sociopolítico. 
(E) CORRETA. A sentença violou os alicerces estruturais do método da lógica do razoável 
precisamente ao defender que as normas jurídicas funcionam como proposições 
matemáticas, ajustando-se a uma racionalidade binária de certo e errado. Isso contradiz 
diretamente o núcleo do método de Recaséns Siches, que rejeita explicitamente a ideia 
de que o raciocínio jurídico possa ser equiparado ao raciocínio matemático ou à lógica 
formal. O método da lógica do razoável sustenta que a interpretação jurídica deve 
considerar valores, finalidades sociais e contexto histórico, indo além de uma aplicação 
rígida de categorias abstratas de certo e errado. 
_______________________________________________________________________ 
97. Em uma gincana jurídica, os grupos Alfa, Beta e Gama foram instados a apresentar 
algumas características essenciais do whistleblower na realidade brasileira. O grupo Alfa 
observou que o reportante que sofrer danos materiais causados por ações ou omissões 
praticadas em retaliação deve ser ressarcido em dobro. O grupo Beta, por sua vez, 
afirmou que há uma simbiose existencial entre a figura do whistleblower e a 
consensualidade de colaboração, mas não apresenta qualquer correlação com 
consensualidade de pura reprimenda. Por fim, o grupo Gama sustentou que o reportante 
 
 
155 
é uma pessoa envolvida direta ou indiretamente na prática do ilícito, que colabora com 
as autoridades. 
Os jurados, ao analisarem as afirmações dos três grupos, concluíram corretamente que: 
(A) todas estão certas; 
(B) apenas as do grupo Alfa estão certas; 
(C) apenas as do grupo Beta estão certas; 
(D) apenas as dos grupos Alfa e Gama estão certas; 
(E) apenas as dos grupos Beta e Gama estão certas. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
A afirmação do grupo Alfa está CORRETA. A Lei nº 13.608/2018, alterada pela Lei nº 
13.964/2019 (Pacote Anticrime), estabelece expressamente que o reportante 
(whistleblower) que sofrer danos materiais causados por ações ou omissões praticadas 
em retaliação será ressarcido em dobro. Conforme o §2º do art. 4º-C: "O informante será 
ressarcido em dobro por eventuais danos materiais causados por ações ou omissões 
praticadas em retaliação, sem prejuízo de danos morais." 
A afirmação do grupo Beta está INCORRETA. O whistleblower (reportante) na legislação 
brasileira não está necessariamente vinculado à "consensualidade de colaboração". Na 
realidade, o whistleblower é justamente uma figura distinta do colaborador/delator 
premiado. Enquanto o colaborador/delator é aquele que participou do delito e decide 
colaborar com as autoridades em troca de benefícios, o whistlebloweré tipicamente 
alguém que NÃO participou do delito, mas tomou conhecimento dele e decide reportá-
lo às autoridades. Portanto, não há uma "simbiose existencial" entre o whistleblower e 
a consensualidade de colaboração. 
A afirmação do grupo Gama está INCORRETA. Esta descrição não corresponde ao 
whistleblower, mas sim ao colaborador/delator premiado. Na legislação brasileira, o 
whistleblower (reportante) é caracterizado como uma pessoa que NÃO está envolvida 
na prática do ilícito. Ele é justamente alguém que, ao tomar conhecimento de 
irregularidades, as reporta às autoridades competentes. A diferença fundamental entre 
o whistleblower e o colaborador/delator é que o primeiro não está envolvido no ilícito, 
enquanto o segundo é um participante do ato ilícito que decide colaborar com as 
autoridades. 
_______________________________________________________________________ 
DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
156 
98. Em janeiro de 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao editar a Recomendação 
nº 123, orientou os órgãos do Poder Judiciário quanto à observância dos tratados e 
convenções internacionais de direitos humanos em vigor no Brasil e à utilização da 
jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), bem como 
apontou para a necessidade de controle de convencionalidade das leis internas. 
Sobre o exercício do controle de convencionalidade, é CORRETO afirmar que: 
(A) o controle de convencionalidade traduz-se na verificação da compatibilidade da 
Constituição de um Estado com as normas dos tratados internacionais firmados e 
incorporados pelo país; 
(B) a compatibilização das decisões internacionais ao ordenamento jurídico brasileiro, 
de modo a aplicar a norma mais benéfica à promoção dos direitos humanos é 
prerrogativa exclusiva do Supremo Tribunal Federal (STF); 
(C) o controle de convencionalidade não é exercido de ofício pelos órgãos do Poder 
Judiciário, tratando-se de função provocada, pois ainda não foi instituída uma estrutura 
institucional dirigida à fiscalização e ao monitoramento da agenda de direitos humanos 
pelos Estados; 
(D) a supressão, a revogação e a suspensão dos efeitos jurídicos de determinada norma 
no direito brasileiro podem ser realizadas por meio do controle de convencionalidade se 
houver afronta à Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de San José da 
Costa Rica); 
(E) o controle de convencionalidade, quando de matriz internacional, opõe-se ao 
controle interno de constitucionalidade e dele é excludente. Os dois sistemas não 
coexistem no mesmo ordenamento jurídico. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Confunde controle de convencionalidade com controle de 
constitucionalidade. O controle de convencionalidade visa a compatibilização de normas 
internas com tratados internacionais de direitos humanos, não com a Constituição. 
(B) INCORRETA. Não é prerrogativa exclusiva do STF aplicar tratados de direitos 
humanos. O controle de convencionalidade pode e deve ser exercido por qualquer juiz 
ou tribunal nacional, inclusive de ofício, conforme a Corte IDH (caso Almonacid Arellano 
vs. Chile, 2006). 
“Os Estados que ratificaram a Convenção estão obrigados a assegurar que os efeitos das 
disposições da Convenção não sejam prejudicados pela aplicação de leis contrárias à sua 
finalidade e objeto, pelo que os juízes e órgãos vinculados à aplicação do Direito, em 
todos os níveis, devem exercer ex officio um ‘controle de convencionalidade’ entre as 
normas internas e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, evidentemente no 
marco de suas respectivas competências e dos regulamentos processuais 
 
 
157 
correspondentes.” (CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Almonacid 
Arellano y otros vs. Chile: Sentença de 26 de setembro de 2006. Série C n. 154. San José, 
Costa Rica: Corte IDH, 2006. Disponível em: 
https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_154_esp.pdf. Acesso em: maio 
2025.) 
(C) INCORRETA. Errada ao afirmar que o controle de convencionalidade não pode ser 
exercido de ofício. A jurisprudência da Corte IDH afirma o oposto. O controle de 
convencionalidade deve ser exercido por todos os órgãos estatais, inclusive sem 
provocação. 
(D) CORRETA. É a única assertiva precisa. De fato, se uma norma interna violar tratado 
de direitos humanos, como a Convenção Americana (Pacto de San José), pode ser 
afastada pelo controle de convencionalidade, suprimindo seus efeitos jurídicos no caso 
concreto. 
(E) INCORRETA. Equivocada ao afirmar que o controle de convencionalidade e o de 
constitucionalidade seriam excludentes. Pelo contrário, os dois controles são 
complementares e coexistem, como reconhecido pelo STF e pela Corte IDH. 
_______________________________________________________________________ 
99. Em 2014, em resposta à solicitação feita por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em 
busca de orientações acerca de standards de proteção à criança migrante diante dos 
desafios enfrentados na região, a Corte IDH emitiu a Opinião Consultiva nº 21, 
denominada “Direitos e Garantias de crianças no contexto da migração e/ou 
necessidade de proteção internacional”. Considerando a referida opinião consultiva, 
além da legislação pertinente sobre o tema, é CORRETO afirmar que: 
(A) quando a criança está desacompanhada ou separada de seus pais, não pode ficar no 
mesmo espaço que outros adultos, sendo necessário um local especial; já quando está 
junto de seus pais, deve ser respeitado o direito à convivência familiar, devendo a criança 
ou adolescente ser alojado junto com sua família em qualquer hipótese; 
(B) nas hipóteses em que a criança tem direito à nacionalidade do país do qual um ou 
ambos os progenitores podem ser expulsos, ou que cumpra as condições legais para 
residir permanentemente neste país, os Estados não podem expulsar um ou ambos os 
progenitores por infrações migratórias de caráter administrativo, pois se sacrificaria de 
forma irrazoável ou desmedida o direito à vida familiar da criança; 
(C) em casos controvertidos, as questões de nacionalidade e status migratório devem 
prevalecer sobre o princípio do superior interesse da criança; 
(D) em algumas hipóteses especificamente delimitadas por lei e tidas como excepcionais 
é permitido aos Estados o recurso ao uso da detenção e restrição da liberdade pessoal 
de crianças e adolescentes por motivos migratórios; 
(E) nesse documento, a referência a crianças se faz apenas às migrantes que se deslocam 
internacionalmente para fugir de seu país, seja por temor fundado de serem perseguidas 
por determinados motivos ou porque suas vidas, segurança ou liberdade foram 
ameaçadas pela violência generalizada. 
 
 
158 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. A segunda parte da afirmativa falha ao dizer que o alojamento com a 
família deve ocorrer “em qualquer hipótese”. A Corte admite exceções desde que 
fundadas no interesse superior da criança: “Devem alojar-se com seus familiares, exceto 
se for mais conveniente a separação, em aplicação do interesse superior da criança” 
(CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Opinião Consultiva OC-21/14 – 
Direitos e Garantias de Crianças no Contexto da Migração e/ou em Necessidade de 
Proteção Internacional. San José, Costa Rica, 19 ago. 2014. Série A, n. 21. Disponível em: 
https://www.corteidh.or.cr. Acesso em: maio 2025.) 
(B) CORRETA. A Corte reconheceu que a expulsão de um ou ambos os progenitores em 
tais circunstâncias sacrificaria desproporcionalmente o direito à vida familiar da criança: 
“A ruptura da unidade familiar através da expulsão de um ou de ambos os progenitores 
por infrações migratórias […] parece irrazoável ou desmedida frente às vantagens de 
forçar o progenitor a abandonar o território” (CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS 
HUMANOS. Opinião Consultiva OC-21/14 – Direitos e Garantias de Criançasno Contexto 
da Migração e/ou em Necessidade de Proteção Internacional. San José, Costa Rica, 19 
ago. 2014. Série A, n. 21. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr. Acesso em: maio 
2025.) 
(C) INCORRETA. A Opinião Consultiva é explícita ao afirmar que o interesse superior da 
criança deve ser a consideração primordial: “O interesse superior da criança deve ser a 
base de qualquer decisão tomada sobre essa criança” (CORTE INTERAMERICANA DE 
DIREITOS HUMANOS. Opinião Consultiva OC-21/14 – Direitos e Garantias de Crianças no 
Contexto da Migração e/ou em Necessidade de Proteção Internacional. San José, Costa 
Rica, 19 ago. 2014. Série A, n. 21. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr. Acesso em: 
maio 2025.) 
(D) INCORRETA. A Corte foi clara ao vedar a detenção de crianças com base em sua 
situação migratória: “A privação de liberdade de crianças migrantes […] é arbitrária e, 
deste modo, contrária tanto à Convenção como à Declaração Americana” (CORTE 
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Opinião Consultiva OC-21/14 – Direitos e 
Garantias de Crianças no Contexto da Migração e/ou em Necessidade de Proteção 
Internacional. San José, Costa Rica, 19 ago. 2014. Série A, n. 21. Disponível em: 
https://www.corteidh.or.cr. Acesso em: maio 2025.) 
(E) INCORRETA. A Opinião Consultiva tem escopo mais amplo: “[…] os direitos de todas 
as crianças no contexto da migração internacional […] com independência de sua 
nacionalidade ou apatridia, e situação em termos de imigração” (CORTE 
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Opinião Consultiva OC-21/14 – Direitos e 
Garantias de Crianças no Contexto da Migração e/ou em Necessidade de Proteção 
Internacional. San José, Costa Rica, 19 ago. 2014. Série A, n. 21. Disponível em: 
https://www.corteidh.or.cr. Acesso em: maio 2025.) 
https://www.corteidh.or.cr/
https://www.corteidh.or.cr/
https://www.corteidh.or.cr/
https://www.corteidh.or.cr/
https://www.corteidh.or.cr/
 
 
159 
_______________________________________________________________________ 
100. A Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho é o principal 
instrumento jurídico internacional de proteção aos direitos dos povos indígenas e tribais, 
abrangendo aspectos econômicos, sociais e culturais. 
Em relação ao tema, é CORRETO afirmar que: 
(A) a Convenção nº 169 nasce da luta dos povos pelo reconhecimento do direito à 
diferença e à autodeterminação mantendo o paradigma da assimilação cultural presente 
na norma internacional anterior, a Convenção nº 107 da OIT, de 1957; 
(B) a consulta aos povos indígenas surge como uma obrigação nos termos da Convenção 
nº 169 sempre que obras, ações, políticas ou programas, desde que desenvolvidos pela 
esfera pública, sejam suscetíveis de afetá-los diretamente; 
(C) a Convenção nº 169 aplica-se aos povos em países independentes, considerados 
indígenas pelo fato de descenderem de populações que habitavam o país ou uma região 
geográfica pertencente ao país na época da conquista ou da colonização ou do 
estabelecimento das atuais fronteiras estatais e que conservam todas as suas próprias 
instituições sociais, econômicas, culturais e políticas, ou parte delas; 
(D) a participação de representantes dos povos indígenas no planejamento e na 
execução dos programas de saúde voltados às suas comunidades constitui direito 
reconhecido por norma com status infralegal, aprovada pelo Congresso Nacional e pelo 
presidente da República; 
(E) os indígenas localizados em zona urbana também constituem povos indígenas, mas, 
nessas condições, não gozam dos mesmos direitos que o indígena aldeado localizado em 
Terras Indígenas. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: C – MEGE: B 
COMENTÁRIOS 
 
QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO. 
(A) INCORRETA. A Convenção nº 169 supera a lógica assimilacionista da Convenção nº 
107, e rompe com o paradigma da integração forçada, reconhecendo o direito à 
autodeterminação e à diferença cultural. 
(B) INCORRETA. 
Convenção 169 da OIT, Artigo 6º: 
“1. Na aplicação das disposições da presente Convenção, os 
governos deverão: 
a) consultar os povos interessados, por meio de procedimentos 
adequados e, em particular, de suas instituições representativas, 
 
 
160 
sempre que sejam previstas medidas legislativas ou 
administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente;” 
Desse modo, a obrigação de consulta aos povos indígenas não se limita a obras, ações, 
políticas ou programas desenvolvidos pela esfera pública, motivo pelo qual está errada 
a alternativa. 
(C) CORRETA. 
Convenção 169 da OIT, Artigo 1º, item 1, alínea b: 
“1. A presente Convenção aplica-se a: (...) 
b) povos em países independentes considerados indígenas pelo 
fato de descenderem de populações que viviam no país ou região 
geográfica na qual o país estava inserido no momento da sua 
conquista ou colonização ou do estabelecimento de suas 
fronteiras atuais e que, independente de sua condição jurídica, 
mantêm algumas de suas próprias instituições sociais, 
econômicas, culturais e políticas ou todas elas.” 
(D) INCORRETA. A participação indígena em políticas de saúde é reconhecida como 
direito previsto na própria Convenção nº 169 (art. 25), com status de norma supralegal, 
conforme jurisprudência do STF (RE 466.343/SP e ADI 5543). 
(E) INCORRETA. Os direitos da Convenção 169 não se aplicam apenas a populações 
residentes em terras demarcadas, mas a todos os povos indígenas ou tribais conforme 
os critérios do art. 1º da convenção, independentemente da formalização fundiária. 
_______________________________________________________________________deve ser inserida cláusula editalícia prevendo a 
reserva de percentual do tempo de transmissão para a veiculação de conteúdo local e 
regional. Após a frustração das medidas administrativas voltadas à impugnação de edital 
que fora elaborado com base no referido ato normativo, a sociedade empresária 
interessada impetrou mandado de segurança, argumentando com a desconformidade 
constitucional do edital. 
 
 
18 
O órgão jurisdicional competente observou corretamente que a medida: 
(A) é incompatível com o caráter nacional do poder concedente; 
(B) está em harmonia com os direitos de acesso à comunicação e à cultura; 
(C) precisa estar amparada na lei, não podendo ser exigida apenas em ato 
administrativo; 
(D) se ajusta à plena liberdade valorativa do poder concedente em relação ao conteúdo 
da programação; 
(E) afronta o princípio da neutralidade conteudística do poder concedente em relação à 
programação das emissoras de radiodifusão. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Os dispositivos constitucionais autorizam e incentivam a inclusão de conteúdo regional 
e cultural local nas grades das emissoras, especialmente no âmbito de concessões e 
permissões públicas como é o caso da radiodifusão sonora comercial, conforme pode 
ser observado a seguir: 
“Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e 
televisão atenderão aos seguintes princípios: 
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e 
informativas; 
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à 
produção independente que objetive sua divulgação; 
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, 
conforme percentuais estabelecidos em lei; 
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.” 
O art. 223 da CF estabelece que a outorga e renovação das permissões e concessões de 
radiodifusão sonora e de sons e imagens será feita pelo Poder Executivo, respeitado o 
art. 221. 
Ou seja, há uma função constitucional ativa da Administração Pública na promoção da 
pluralidade e regionalização do conteúdo 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
11. Maria, moradora de cidade do interior do Estado da Paraíba, em região de atividade 
econômica eminentemente rural, busca aposentadoria por idade, haja vista ter provas 
documentais de atividade profissional em pequena propriedade rural, em conjunto com 
sua família. 
 
 
19 
Na referida situação hipotética, é CORRETO afirmar que: 
(A) segundo a descrição de sua atividade profissional, Maria está qualificada como 
segurada obrigatória empresária do Regime Geral de Previdência Social (RGPS); 
(B) na situação descrita, a única possibilidade de aposentadoria para Maria seria por 
idade, ao completar 62 anos, e desde que comprovado o recolhimento de 15 anos de 
contribuição; 
(C) em qualquer situação, o INSS poderá exigir de Maria a prova de todos os 
recolhimentos previdenciários derivados da comercialização de sua produção rural, haja 
vista ela ser a responsável tributária; 
(D) caso Maria obtenha aposentadoria por idade na condição de pequena produtora 
rural, ela impedirá que os demais membros da família recebam prestação semelhante, 
por conta do necessário custeio do sistema previdenciário; 
(E) caso Maria desempenhe suas atividades em estrito regime de economia familiar, em 
área não superior a quatro módulos fiscais, poderá enquadrar-se como segurada 
especial do RGPS e aposentar-se nessa condição. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
A alternativa correta reconhece o enquadramento de Maria como segurada especial do 
RGPS, desde que atue em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, 
e em área de até quatro módulos fiscais, nos termos do art. 11, VII, da Lei 8.213/1991. 
Essa categoria tem direito à aposentadoria por idade aos 60 anos (homem) e 55 anos 
(mulher), mediante comprovação de atividade rural por 15 anos, sem necessidade de 
contribuição direta. 
_______________________________________________________________________ 
12. Mário, juiz federal lotado na 5ª Região, sofre acidente automobilístico que o deixa 
temporiamente afastado de suas funções, haja vista a comprovada incapacidade 
temporária, mediante perícia médica. 
Nesse contexto, é CORRETO afirmar que: 
(A) caso a incapacidade laboral de Mário ultrapasse 12 meses, ele será 
compulsoriamente aposentado por incapacidade permanente; 
(B) na hipótese de agravamento do quadro clínico de Mário, eventual aposentadoria por 
incapacidade permanente será concedida pelo regime previdenciário próprio federal; 
(C) caso Mário tenha plena recuperação para suas atividades profissionais, ele poderá 
requerer o benefício de auxílio-acidente, junto ao INSS, na hipótese de sequelas 
definitivas; 
 
 
20 
(D) caso Mário fique incapacitado definitivamente após 24 meses de afastamento, ele 
terá de se submeter a processo de readaptação profissional, podendo ser realocado em 
qualquer atividade do tribunal; 
(E) na eventualidade de óbito de Mário durante seu afastamento, o benefício 
previdenciário de pensão por morte será encargo do Tesouro Nacional e não do Regime 
Próprio de Previdência Federal. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Mário é servidor público federal e está vinculado ao Regime Próprio de Previdência 
Social da União (RPPS). Caso haja agravamento de seu quadro e se comprove 
incapacidade permanente para o cargo, poderá ser aposentado por invalidez nos termos 
da Lei 8.112/1990 (art. 186), com a aposentadoria sendo custeada pelo RPPS. 
(A) INCORRETA. Não existe prazo fixo de 12 meses para aposentadoria compulsória por 
invalidez. A concessão depende de laudo médico oficial. 
(C) INCORRETA. O auxílio-acidente é benefício exclusivo do RGPS e não é aplicável a 
servidores do RPPS. 
(D) INCORRETA. A readaptação é possível, mas não obrigatória após 24 meses. Deve ser 
precedida de avaliação e respeitar limitações funcionais (art. 24 da Lei 8.112/1990). 
(E) INCORRETA. O benefício de pensão por morte seria pago pelo RPPS. 
_______________________________________________________________________ 
13. A sociedade XPTO, atuante no setor alimentício, possui 1.500 empregados em sua 
folha mensal de pagamentos. Todos estão devidamente registrados, recebendo salário 
mensal contratualmente pactuado, mas com algumas adições que refletem pagamentos 
não necessariamente de índole contraprestacional. 
Nesse contexto hipotético, uma parcela que deve ser adicionada ao salário de 
contribuição mensal dos empregados é: 
(A) licença-prêmio indenizada; 
(B) vale-transporte, pago na forma da legislação; 
(C) diárias para viagem; 
(D) participação nos lucros da empresa, paga na forma da legislação; 
(E) aportes à previdência complementar, quando não extensível a todos os empregados. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
 
21 
 
A parcela adicionada ao salário de contribuição é o aporte do empregador à previdência 
complementar não extensível a todos os empregados, conforme o art. 28, §9º, alínea 
“q”, da Lei 8.212/1991. Nessa hipótese, o valor integra a base de cálculo da contribuição. 
(A) INCORRETA. licença-prêmio convertida em pecúnia, na rescisão, não integra o 
salário de contribuição (art. 28, §9º, “e”). 
(B) INCORRETA. O vale-transporte pago nos moldes legais é expressamente excluído da 
base de cálculo (art. 28, §9º, “f”). 
(C) INCORRETA. Diárias para viagem são excluídas do salário de contribuição, salvo 
quando excedentes ou habituais. 
(D) INCORRETA. Participação nos lucros regularmente paga não integra o salário de 
contribuição (art. 28, §9º, “j”). 
_______________________________________________________________________ 
14. Pedro, juiz federallotado em cidade do interior de Pernambuco, recebe demanda na 
qual o autor requer aposentadoria por idade, na condição de segurado especial, 
alegando ter desempenhado, ao longo de toda a sua vida, atividade rural em sua 
pequena propriedade. 
Diante do cenário hipotético narrado, uma decisão acertada seria não admitir a condição 
de segurado especial do autor: 
(A) uma vez demonstrado que ele, de forma limitada e por qualquer período, tenha 
usado sua propriedade para fins turísticos; 
(B) uma vez comprovado que ele, de forma concomitante e continuada, tenha exercido 
diversos mandatos de vereador na referida cidade; 
(C) na hipótese de ele ter, por meio de contrato, realizado parceria rural de qualquer 
parcela de seu terreno; 
(D) na hipótese de ele ter sido beneficiário de benefício de prestação continuada no 
passado; 
(E) na hipótese de comprovada utilização de mão de obra remunerada de forma 
continuada e sem interrupção. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: 
COMENTÁRIOS 
 
A utilização habitual de mão de obra remunerada descaracteriza a condição de segurado 
especial, conforme o art. 11, §1º, da Lei 8.213/1991. A norma só admite o auxílio 
eventual de terceiros ou familiares, sob pena de configurar atividade empresarial rural. 
 
 
22 
(A) INCORRETA. O § 8º, II, do art. 11 da Lei nº 8.213/1991 estabelece expressamente 
que a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, 
por até 120 dias ao ano, não descaracteriza a condição de segurado especial. 
“§ 8º. Não descaracteriza a condição de segurado especial: 
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, 
inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) 
dias ao ano.” 
Portanto, o uso limitado da propriedade para fins turísticos não impede o 
enquadramento. 
(B) INCORRETA. A participação em mandato eletivo de vereador não exclui a condição 
de segurado especial, desde que no mesmo município em que o segurado desenvolve a 
atividade rural e que não haja regime de dedicação exclusiva ou integral. 
“§ 9º, V, a: exercício de mandato de vereador do Município em 
que desenvolve a atividade rural.” 
A norma autoriza expressamente essa hipótese. O exercício de mandato de vereador no 
município da atividade rural não afasta a condição de segurado especial. 
(C) INCORRETA. O § 8º, I, do art. 11 admite a outorga de parceria, meação ou comodato 
de até 50% do imóvel, desde que a área total seja de até quatro módulos fiscais e que 
outorgante e outorgado continuem exercendo a atividade. 
“§ 8º, I: a outorga [...] de até 50% (cinquenta por cento) de 
imóvel rural [...] desde que outorgante e outorgado continuem 
a exercer a respectiva atividade [...]” 
Ou seja, nem toda parceria exclui a condição de segurado especial — só haveria 
descaracterização se descumpridos os requisitos legais (como cessação do trabalho ou 
área superior ao limite). 
(D) INCORRETA. O § 8º, IV, do art. 11 afirma que o recebimento de benefício assistencial 
oficial de governo não descaracteriza a condição de segurado especial. Isso inclui o BPC, 
ainda que recebido anteriormente. 
“§ 8º, IV: ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que 
tem algum componente que seja beneficiário de programa 
assistencial oficial de governo.” 
Portanto, essa hipótese não exclui o enquadramento como segurado especial. 
(E) CORRETA. O § 1º do art. 11 exige, para caracterização do regime de economia 
familiar, a ausência de utilização de empregados permanentes. A exceção prevista no § 
7º admite uso de empregados por prazo determinado, até o limite de 120 pessoas/dia 
por ano civil. 
“§ 1º: [...] sem a utilização de empregados permanentes.” 
“§ 7º: [...] à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por 
dia no ano civil.” 
 
 
23 
Assim, o uso de mão de obra remunerada de forma continuada e sem interrupção viola 
diretamente a definição legal de economia familiar, descaracterizando a condição de 
segurado especial. 
_______________________________________________________________________ 
15. A sociedade Brasiliana Ltda., especializada em confecção de bolsas de couro, possui 
55 empregados em atividade, sendo 15 deles em atividade insalubre, por exposição ao 
ruído de forma permanente, acima dos limites de tolerância da legislação vigente. 
Nesse contexto, é CORRETO afirmar que: 
(A) a exposição a agente nocivo, caso seja capaz de viabilizar a contagem de tempo 
especial para fins de aposentadoria, trará, como consequência tributária, a majoração 
da contribuição para financiamento das prestações oriundas de riscos ambientais do 
trabalho; 
(B) a referida sociedade deve ser imediatamente fechada, com o encerramento de suas 
atividades, por exposição de trabalhadores a agentes nocivos, o que é 
peremptoriamente vedado pela legislação previdenciária, independentemente de 
eventual ação regressiva por parte do INSS; 
(C) a situação descrita poderá acarretar, como consequência, incremento de 
contribuição previdenciária por parte do empregador, na forma de incidência adicional 
de contribuição sobre a totalidade da folha de empregados da sociedade; 
(D) como somente parcela dos empregados está exposta a agentes nocivos, a 
consequência natural é a inexistência de qualquer encargo previdenciário adicional, 
dentro de um crivo de razoabilidade; 
(E) a elaboração, por parte do empregador, de perfis profissiográficos previdenciários 
dos empregados é encargo legal que possui presunção absoluta de veracidade quanto à 
ausência de exposição nociva ao ruído. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
(A) CORRETA. 
Lei nº 8.213/1991, art. 57, § 6º: 
"O benefício de aposentadoria especial será financiado com os 
recursos provenientes da contribuição a cargo da empresa, 
incidente sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados 
empregados sujeitos a condições especiais que prejudiquem a 
saúde ou a integridade física, nos termos do art. 22, inciso II, da 
Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991." 
Lei nº 8.212/1991, art. 22, II: 
 
 
24 
"A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade 
Social, é de: 
II – adicional de 1% (um por cento), 2% (dois por cento) ou 3% 
(três por cento), conforme o grau de risco da atividade, incidente 
sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos 
segurados empregados." 
STJ – REsp 1.310.034/PR (Tema 534): 
A Corte reconheceu a legalidade da contribuição adicional ao SAT, conforme previsto 
nos arts. 22, II, da Lei 8.212/1991 e 57, §6º, da Lei 8.213/1991, mesmo quando não 
houver concessão de aposentadoria especial individualizada, bastando a exposição ao 
risco. 
(B) INCORRETA. Não há previsão legal ou administrativa para encerramento 
compulsório de atividade empresarial por exposição a agente nocivo. A legislação 
previdenciária prevê medidas de compensação e custeio, como o SAT, e não o 
fechamento automático da empresa. Além disso, a responsabilidade civil e 
administrativa é apurada em sede própria, e o INSS pode propor ação regressiva (Lei 
8.213/1991, art. 120), mas isso não autoriza o encerramento sumário. 
(C) INCORRETA. A majoração da alíquota do SAT não incide sobre toda a folha, mas 
apenas sobre a remuneração dos empregados efetivamente expostos a agentes nocivos, 
conforme o art. 22, II, da Lei 8.212/1991 c/c art. 57, par. 7º da Lei 8213/91 (O acréscimo 
de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do 
segurado sujeito às condições especiais referidas no caput). A incidência geral violaria o 
princípio da capacidade contributiva e da vinculação do risco ao trabalhador afetado. 
(D) INCORRETA. O fato de apenas parte dos empregados estar exposta a risco não exime 
a empresa da obrigação de pagar o adicional de contribuição para o SAT sobre a 
remuneração desses trabalhadores expostos. A lei é clara em prever o dever de custeio 
sempre que houver risco caracterizado,mesmo que apenas parcial. 
(E) INCORRETA. O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), exigido pelo art. 58, § 4º, 
da Lei nº 8.213/1991, não goza de presunção absoluta de veracidade. Trata-se de 
documento passível de fiscalização e contradita pelo INSS, e sua veracidade pode ser 
verificada por laudos técnicos de condições ambientais (LTCAT). 
_______________________________________________________________________ 
16. Jorge, idoso e desempregado, sem qualquer forma de renda derivada do trabalho e 
desprovido de patrimônio, reside com sua esposa, Maria, que é aposentada pelo Regime 
Geral de Previdência Social (RGPS), e recebe benefício de um salário mínimo. Ambos 
residem, sozinhos, na mesma casa, sem filhos ou parentes próximos. Jorge requereu, 
junto ao INSS, o benefício assistencial de prestação continuada (BPC). 
Nesse contexto hipotético, é CORRETO afirmar que: 
(A) Jorge poderá receber benefício assistencial de um salário mínimo, na forma do Art. 
20 da Lei nº 8.742/1993, pois atende a todos os requisitos legais; 
 
 
25 
(B) Jorge poderá receber o benefício assistencial, desde que possua mais de 65 anos de 
idade, pois a aposentadoria de sua esposa não entrará no cômputo da renda mensal 
para esse fim; 
(C) o benefício de Jorge deve ser indeferido na via administrativa, pois o INSS não é 
competente para fins de avaliação e concessão de prestações assistenciais; 
(D) o benefício assistencial de Jorge somente será devido se, além de idoso, for pessoa 
com deficiência que careça do auxílio permanente de terceiros; 
(E) Jorge, se possuir mais de 65 anos de idade, não precisará da prestação assistencial, 
pois poderá aposentar-se por idade, benefício previdenciário que dispensa qualquer 
tempo de contribuição. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Embora pareça correta, ignora a necessidade de verificação da idade 
de Jorge (mínimo 65 anos, conforme caput do art. 20). O enunciado não informa essa 
idade. Além disso, não menciona a exclusão da renda da esposa com base no § 14, o que 
torna a assertiva tecnicamente imprecisa. 
(B) CORRETA. O art. 20, caput, da Lei nº 8.742/1993 estabelece o BPC como o direito a 
um salário mínimo mensal para a pessoa idosa com 65 anos ou mais, desde que não 
tenha meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. 
Art. 20, caput: 
“O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-
mínimo mensal à [...] pessoa idosa com 65 (sessenta e cinco) 
anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a 
própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.” 
O critério objetivo de renda familiar per capita está previsto no § 3º do art. 20, fixando 
o limite de 1/4 do salário mínimo, embora sua aplicação seja flexibilizada conforme a 
jurisprudência (vide abaixo). 
Já o § 14 do art. 20, incluído pela Lei nº 13.982/2020, é central para esta questão: 
§ 14: 
“O benefício de prestação continuada ou o benefício 
previdenciário no valor de até 1 (um) salário-mínimo concedido 
a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos [...] não será 
computado, para fins de concessão do benefício de prestação 
continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma 
família [...]” 
Isso significa que a aposentadoria de Maria (esposa de Jorge), de valor correspondente 
a um salário mínimo, não deve ser considerada no cálculo da renda familiar per capita, 
 
 
26 
não impedindo a concessão do benefício a Jorge, desde que ele tenha 65 anos ou mais 
e cumpra os demais requisitos legais. 
(C) INCORRETA. O INSS é, sim, competente para análise, avaliação e concessão do BPC, 
conforme o próprio § 6º do art. 20, que atribui à autarquia a responsabilidade pela 
avaliação médica e social. 
(D) INCORRETA. Confunde os requisitos. O BPC pode ser concedido tanto à pessoa idosa 
quanto à pessoa com deficiência, de forma alternativa, conforme o caput do art. 20. Não 
se exige acumulação dos dois requisitos. 
(E) INCORRETA. Essa alternativa ignora que a aposentadoria por idade no RGPS exige 
carência de 180 contribuições mensais (art. 48 da Lei nº 8.213/1991). Como Jorge nunca 
contribuiu, ele não pode se aposentar por idade e, portanto, pode ser elegível ao BPC. 
_______________________________________________________________________ 
17. João, segurado empregado em conhecida metalúrgica, foi contratado para a 
respectiva atividade em janeiro de 2020, aos 20 anos de idade, sendo esse seu primeiro 
emprego e primeira atividade remunerada, sem qualquer liame com o sistema 
previdenciário nacional antes disso. João, desde o início, tem atividade insalubre, de 
forma permanente, a qual se qualifica como atividade especial de 25 anos, na forma do 
laudo técnico de condições ambientais do trabalho. 
Admitindo, por hipótese, que João permaneça na referida atividade por toda a sua vida 
profissional, ele poderá aposentar-se com a idade de: 
(A) 45 anos; 
(B) 50 anos; 
(C) 55 anos; 
(D) 58 anos; 
(E) 60 anos. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS 
 
Após a EC 103/2019, a aposentadoria especial exige tempo de efetiva exposição (ex: 25 
anos para agentes nocivos) e idade mínima de 60 anos (art. 19, §1º da EC). Ainda que 
João complete 25 anos de atividade especial, ele só poderá se aposentar ao atingir 60 
anos de idade. 
(A-D) INCORRETAS. Todas indicam idades inferiores à exigida atualmente pela 
Constituição. Ainda que João inicie a atividade aos 20 anos, sua aposentadoria só será 
possível aos 60. 
_______________________________________________________________________ 
 
 
27 
18. A Constituição de 1988 tem ampla previsão de objetivos da seguridade social 
brasileira a serem concretizados mediante ações legislativas e administrativas, em prol 
do bem-estar e da justiça sociais. 
Nesse sentido, a necessidade de equilíbrio financeiro e atuarial dos sistemas 
previdenciários significa: 
(A) a impossibilidade de concessão de qualquer serviço ou benefício da seguridade social 
sem contribuição prévia do interessado; 
(B) a impossibilidade de concessão de prestações previdenciárias acidentárias, no 
âmbito do Regime Geral de Previdência Social, sem o atendimento à carência mínima 
necessária; 
(C) comando voltado ao legislador ordinário, de tal maneira que assegure, a toda e 
qualquer pessoa, pagamentos mínimos de sobrevivência desde que haja recolhimentos 
prévios; 
(D) regra específica do subsistema previdenciário na qual haja dimensionamento de 
plano de custeio compatível com o plano de benefícios, mediante cálculo atuarial; 
(E) a necessária equidade do valor de benefícios, de forma a preservar a base 
contributiva de aposentados e pensionistas do Regime Geral de Previdência Social. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. A Constituição não veda a concessão de benefícios sem contribuição 
prévia. O próprio sistema contempla benefícios assistenciais, como o BPC (art. 203, V da 
CF/88), sem exigência de carência ou contribuição. 
(B) INCORRETA. O equilíbrio atuarial não se relaciona diretamente com a exigência de 
carência para benefícios acidentários. Estes, inclusive, não exigem carência, nos termos 
do art. 26, II da Lei nº 8.213/1991, quando decorrentes de acidente de qualquer 
natureza ou doença do trabalho. 
(C) INCORRETA. A alternativa confunde os papéis do legislador. O equilíbrio atuarial não 
exige o pagamento de “mínimos de sobrevivência” nem vincula o direito a 
“recolhimentos prévios” em qualquer situação. Trata-se de uma interpretação imprecisa 
da finalidade do princípio. A ideia de garantir “pagamentos mínimos de sobrevivência” 
se vincula mais diretamente ao princípio da dignidade da pessoa humana; ao direito à 
assistência social (CF, art. 203, V), eao princípio da proteção social ampla, que orienta a 
seguridade social como um todo (CF, art. 194).(D) CORRETA. A alternativa (D) está correta. O princípio do equilíbrio financeiro e 
atuarial é previsto no art. 201, caput, da Constituição Federal, segundo o qual: 
“A previdência social será organizada sob a forma de regime 
geral, de caráter contributivo e de filiação 
 
 
28 
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial [...]”. 
Isso significa que deve haver compatibilidade entre o plano de custeio e o plano de 
benefícios, com base em avaliação atuarial, de modo a garantir a sustentabilidade do 
sistema a longo prazo. Esse equilíbrio é buscado mediante o dimensionamento das 
contribuições, idade mínima, tempo de contribuição e valor dos benefícios, sem 
comprometer a solvência do sistema. 
Essa diretriz não impede, por si só, a concessão de benefícios não contributivos, desde 
que devidamente financiados. 
(E) INCORRETA. O equilíbrio atuarial não se refere à equidade entre valores de 
benefícios, mas sim à sustentabilidade financeira do sistema. A equidade pode ser 
objetivo de política distributiva, mas é outra noção em relação à técnica atuarial. 
_______________________________________________________________________ 
DIREITO PENAL 
 
19. A respeito do concurso aparente de normas, é CORRETO afirmar que: 
(A) na relação de especialidade entre duas normas, prevalecerá a norma cujo preceito 
secundário preveja a maior pena; 
(B) o princípio da especialidade expressa uma relação de gênero e espécie entre as 
normas em conflito, ao passo que o princípio da subsidiariedade expressa uma relação 
de continente e conteúdo e, nesse último, a norma prevalente é obrigatoriamente mais 
grave; 
(C) o agente que pratica dois ou mais núcleos do tipo penal responde apenas por um 
crime, graças à aplicação do princípio da absorção; 
(D) a punição exclusivamente pelo crime de descaminho, quando o crime de falso 
naquele se exaure, é hipótese de aplicação do princípio da subsidiariedade; 
(E) crime progressivo, sinônimo de progressão criminosa, é exemplo da aplicação do 
princípio da consunção. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
Sobre o conflito aparente de normas, é importante ter em mente os quatro princípios: 
[a] princípio da subsidiariedade: há um crime que faz parte de outro, mais grave. Ex.: 
constrangimento ilegal e estupro. Sempre prevalecerá o mais grave. 
[b] princípio da consunção ou absorção: há a relação entre crime-meio e crime-fim. Um 
crime é praticado como meio para se conseguir a prática de outro. Nem sempre o crime-
 
 
29 
fim é mais grave que o crime-meio, mas sempre o crime-fim absorverá o crime-meio. 
Ex.: Súmula n. 17, do STJ, em que o estelionato absorve a falsificação, mesmo a 
falsificação sendo mais grave. 
Por outro lado, é importante diferenciar CRIME PROGRESSIVO de PROGRESSÃO 
CRIMINOSA. 
▪ O crime progressivo é aquele em que o dolo do agente é o mesmo do início ao 
fim, percorrendo o agente vários delitos-meio para se chegar ao delito-fim. Ex.: 
Tício, com dolo de matar Mévio, efetua um disparo de arma de fogo em seu braço 
direito, depois outro disparo em seu braço esquerdo, depois outro disparo em 
sua perna direita, depois outro disparo em sua perna esquerda, tudo isso com o 
objetivo de fazer Mévio sofrer. Quando Mévio está no auge do sofrimento, Tício, 
então, efetua um disparo em sua testa, ceifando sua vida. Do início ao fim, o 
objetivo de Tício era matar Mévio. Em suma: no crime progressivo, o dolo não é 
alterado. 
▪ Na progressão criminosa, o dolo do agente é alterado durante a execução. Ele 
inicia a execução com o dolo de praticar um delito, mas acaba alterando seu 
objetivo. Ex.: Tício, com dolo de lesionar Mévio, efetua um disparo de arma de 
fogo em seu braço direito, depois outro disparo em seu braço esquerdo. 
Posteriormente, Tício resolve torturar Mévio, em vez de apenas lesioná-lo. Então 
efetua um disparo de arma de fogo em sua perna direita, depois outro disparo 
em sua perna esquerda. Por fim, Tício, então, resolve matar Mévio, efetuando 
um disparo em sua testa, ceifando sua vida. O dolo inicial era de lesionar, depois 
evoluiu para o dolo de torturar e terminou com o dolo de matar. Em suma, na 
progressão criminosa, o dolo é alterado. 
[c] princípio da especialidade: há uma relação de gênero e espécie entre os crimes, 
prevalecendo o crime especial em relação ao genérico. Ex.: homicídio culposo no Código 
Penal (art. 121, § 3º) e homicídio culposo no CTB (art. 302). Não prevalece o que possui 
a maior pena, mas, sim, o que é mais específico. 
[d] princípio da alternatividade: quando o crime é de ação múltipla, contendo na 
descrição do preceito primário vários verbos-núcleo, o agente responderá por crime 
único, mesmo se praticar mais de um desses verbos. 
Dessa forma, correta a alternativa B. 
_______________________________________________________________________ 
20. A Lei nº 7.492/1986 define os crimes contra o sistema financeiro nacional. 
Acerca dela e da interpretação dada pelo Superior Tribunal de Justiça, é CORRETO 
afirmar que: 
(A) contempla modalidade específica de colaboração premiada, reconhecendo, em favor 
do coautor ou partícipe que revelar toda a trama delituosa em confissão espontânea, a 
redução de sua pena de um a dois terços; 
 
 
30 
(B) a obtenção, mediante fraude, de financiamento em instituição financeira para a 
aquisição de uma motocicleta tipifica o crime de estelionato previsto no Código Penal, 
haja vista a ausência de efetivo ou potencial abalo ao sistema financeiro; 
(C) são penalmente responsáveis, nos termos da lei em questão, a pessoa jurídica, o 
controlador e os administradores, assim considerados os diretores e gerentes; 
(D) a competência da Justiça Federal é afastada se o crime for praticado no âmbito de 
bancos públicos estaduais; 
(E) o crime de gestão temerária é próprio e não admite o concurso de terceiros que não 
tenham poderes de administração, controle e direção da instituição financeira. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: A 
COMENTÁRIOS 
 
(A) CORRETA. 
Art. 25 [...] § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em 
quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de 
confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial 
toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois 
terços. 
(B) INCORRETA. 
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição 
financeira. 
Estelionato Art. 19, da Lei n. 7.492/1986 
Fraude praticada para obtenção de 
qualquer tipo de empréstimo 
Fraude praticada para obtenção 
específica de financiamento em 
instituição financeira 
 
(C) INCORRETA. Não há responsabilização das pessoas jurídicas nos crimes contra o 
Sistema Financeiro. Pessoas Jurídicas apenas são responsabilizadas nos crimes 
ambientais. 
(D) INCORRETA. Todos os crimes contra o Sistema Financeiro são julgados pela Justiça 
Federal, ainda que praticado no âmbito de bancos públicos estaduais. 
(E) INCORRETA. O delito de gestão fraudulenta de instituição financeira classifica-se 
como crime próprio, exigindo-se do sujeito ativo a condição especial constante no artigo 
25 da Lei nº 7.492/86 (controladores, administradores, diretores, gerentes e 
equiparados). Todavia, tal situação não impede que, mediante a norma de extensão 
prevista no artigo 29 do Código Penal, a condição especial do gestor da instituição 
 
 
31 
financeira se comunique a terceiros estranhos a ela, desde que tal circunstância de 
caráter pessoal, por ser elementar do tipo (artigo 30 do CP), seja conhecida dos demais 
comparsas estranhos à diretoria. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1.061.456/RS, Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/11/2017. 
Apesar de o julgado mencionar a gestão fraudulenta, o mesmo raciocínio se aplica à 
gestão temerária. 
Correta, assim, a alternativa A. 
_______________________________________________________________________21. Dentre os princípios basilares do Direito Penal, está o da legalidade. 
Acerca dele, é CORRETO afirmar, à luz da Constituição da República e da jurisprudência 
dos Tribunais Superiores, que: 
(A) o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do ADO nº 26, expressamente 
excepcionou o princípio da legalidade e admitiu o emprego da analogia in malam 
partem, para equiparar as condutas homotransfóbicas aos crimes de racismo; 
(B) se admite que medidas provisórias tipifiquem penalmente comportamentos; 
(C) não se admite combinação de leis, salvo para beneficiar o réu; 
(D) tratados e convenções internacionais, ainda que ratificados, não têm o condão de, 
no direito interno, tipificar crimes e cominar penas, por conta do princípio da reserva 
legal; 
(E) leis complementares não podem tipificar penalmente comportamentos. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. Não se admite analogia in malam partem no Direito Penal para 
tipificação de crimes não previstos em lei. No julgamento da ADO 26, o próprio STF 
deixou claro que a equiparação das condutas homotransfóbicas aos crimes de racismo 
não se tratava de analogia: 
A solução propugnada não sugere a aplicação analógica das 
normas penais previstas na Lei 7.716/1989 nem implica a 
formulação de tipos criminais ou cominação de sanções penais. 
É certo que, considerado o princípio constitucional da reserva 
absoluta de lei formal, o tema pertinente à definição de tipo 
penal e à cominação de sanção penal subsume-se ao âmbito das 
normas de direito material, de natureza eminentemente penal, 
regendo-se, em consequência, pelo postulado da reserva de 
parlamento. 
 
 
32 
Assim, inviável, em controle abstrato de constitucionalidade, 
colmatar, mediante decisão desta Corte Suprema, a omissão 
denunciada pelo autor da ação direta, procedendo-se à 
tipificação penal de condutas atentatórias aos direitos e 
liberdades fundamentais dos integrantes da comunidade LGBT. 
Na verdade, a solução ora proposta limita-se à mera subsunção 
de condutas homotransfóbicas aos diversos preceitos primários 
de incriminação definidos em legislação penal já existente (Lei 
7.716/1989), pois os atos de homofobia e de transfobia 
constituem concretas manifestações de racismo, compreendido 
em sua dimensão social, ou seja, o denominado racismo social 
(Trecho do voto do Ministro Celso de Melo) 
(B) INCORRETA. Para que seja tipificado penalmente um comportamento, é necessária 
lei em sentido estrito, ou seja, lei do próprio Congresso Nacional – seja lei ordinária, 
excepcionalmente, lei complementar -, não sendo admitida a tipificação penal de 
comportamento por meio de medida provisória ou de analogia, em homenagem ao 
princípio da reserva legal, desdobramento do princípio da legalidade. As medidas 
provisórias poderão ser utilizadas para normas não incriminadoras, porém, inviável a 
utilização para normas incriminadoras. 
(C) INCORRETA. Não é admitida a combinação de leis em hipótese alguma. Caso uma lei 
seja mista (lex tertia), ou seja, tenha partes favoráveis e partes desfavoráveis ao acusado, 
não poderá ser aplicada retroativamente apenas no que for favorável ao réu. Em outras 
palavras, não se pode combinar a parte boa da lei nova com a parte boa da lei velha. 
Para que essa nova lei tenha aplicação retroativa, deve ser analisada como um todo. 
Assim, somente retroagirá se, em sua integralidade, for mais favorável ao réu. Essa foi 
justamente a posição do STJ ao se manifestar sobre a “nova” Lei de Drogas, o que 
culminou na Súmula n. 501, do STJ: 
Súmula n. 501, do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 
11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas 
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o 
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a 
combinação de leis. 
(D) CORRETA. As convenções e tratados internacionais não detêm força normativa 
suficiente para a criação de tipos penais ou para a imposição de sanções criminais no 
ordenamento jurídico interno, sendo instrumentos destinados precipuamente ao 
âmbito do direito internacional. Nesse contexto, antes da promulgação das Leis nº 
12.694/2012 e nº 12.850/2013 — diplomas normativos que, sucessivamente, passaram 
a disciplinar e a tipificar a conduta relacionada à organização criminosa —, manifestou-
se o Supremo Tribunal Federal no sentido da inviabilidade de se conferir eficácia 
normativa, no plano interno, ao conceito de organização criminosa delineado pela 
Convenção de Palermo. Em consonância com tal entendimento, a Suprema Corte 
determinou o trancamento da ação penal instaurada, sob o fundamento da ausência de 
tipicidade da conduta imputada (HC nº 96.007/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira 
Turma, julgamento ocorrido em 12/06/2012). 
 
 
33 
(E) INCORRETA. Vide comentários da alternativa B. 
Correta, assim, a alternativa D. 
_______________________________________________________________________ 
22. A respeito do crime de evasão de divisas previsto no Art. 22 e parágrafo único da Lei 
nº 7.492/1986, considerando a jurisprudência dos Tribunais Superiores, é CORRETO 
afirmar que: 
(A) a entrega de moeda estrangeira no exterior em contrapartida a prévio pagamento de 
reais no Brasil não tipifica o crime de evasão de divisas, diante da ausência de saída física 
da moeda do território nacional; 
(B) a manutenção no exterior de imóveis e veículos não declarados à Receita Federal e 
ao Banco Central não tipifica o crime de evasão de divisas; 
(C) as três modalidades do crime exigem o elemento subjetivo próprio “com o fim de 
promover evasão de divisas do País”; 
(D) o ingresso irregular de divisas no território nacional, se resultante de operação de 
câmbio não autorizada, tipifica o crime de evasão de divisas; 
(E) a exportação de mercadorias sem a respectiva liquidação do contrato de câmbio é 
suficiente para tipificar o crime de evasão de divisas. 
_______________________________________________________________________ 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS 
 
(A) INCORRETA. a entrega de moeda estrangeira no exterior em contrapartida a prévio 
pagamento de reais no Brasil é caracterizada como “dólar-cabo”, tipificando, assim, o 
crime de evasão de divisas. Nesse sentido: 
O dólar-cabo se caracteriza por uma operação de câmbio 
informal, na qual a parte entrega valores ao ‘doleiro’ no Brasil e 
recebe o correspondente em outro país. A operação de dólar-
cabo invertido, que consistiria em efetuar operação de câmbio 
não autorizada com o fim de promover a internalização de capital 
estrangeiro, não se enquadra na evasão de divisas, na forma do 
caput do art. 22. Além disso, não há que se cogitar de seu 
enquadramento no tipo do parágrafo único do art. 22, uma vez 
que não podemos presumir que a internalização decorra de 
valores depositados no exterior e não declarados à autoridade 
financeira no Brasil. (STF, HC 157.604/RJ). 
Assim, enquanto a operação dólar-cabo é caracterizadora do crime de evasão de divisas, 
a operação dólar-cabo invertido não se enquadra no delito de evasão de divisas. 
 
 
34 
(B) CORRETA. O dispositivo menciona expressamente a “moeda” ou “divisa”, bem como 
o “depósito” e a “operação de câmbio”. Não se enquadra em nenhum dos conceitos bens 
móveis ou imóveis. Sobre o tema: 
“Deve-se incluir no conceito de depósito qualquer tipo de 
investimento no exterior aplicado no sistema financeiro, tais 
como, ações, fundos ou cotas de fundos de investimentos 
(incluindo previdência privada), haja vista o escopo da norma em 
tutelar o controle das divisas situadas no exterior, abrangendo os 
respectivos depósitos oriundos de quaisquer tipos de aplicações 
financeiras, com base na hermenêutica da interpretação 
sistemática e teleológica.” (NUNES, Leandro Bastos. Evasão de 
Divisas. 2ª ed., Salvador: Juspodivm, 2017, p. 141-142). 
(C) INCORRETA. O dispositivo legal possui, no caput, a previsão da finalidade específica 
“com o fim

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