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INTRODUÇÃO A TOXICOLOGIA “toda substância é um veneno. A dose certa diferencia um remédio de um veneno” Paracelcius Condições específicas de exposição: ● para ter a formação de um efeito tóxico, deve se entrar em contato com uma substância, em uma determinada situação e por um determinado período de tempo ● Dirá se o efeito é crônico, moderado, agudo… qual o modus operandis agente tóxico/ xenobiótico: ● estranho ao corpo ● Substância química capaz de formar dano em um sistema biológico, podendo alterar qualquer função do organismo ou resultar em alguma alteração como irritação local, perda de função ou até mesmo óbito. ● as vezes a forma ativa não causa dano direto, mas indireto no organismo ◆ Ex.: paracetamol - quando metabolizado pelo fígado, biotransforma parte da sua dose gerando ácido glicurônico ou fosfatação e sendo eliminado. Cerca de 10% oxida pela CIP2D1 gerando um intermediário reativo, que reage com macro moléculas e geram ROs. ◆ Glutationa se liga a ele e o elimina na urina, retirando seu efeito tóxico. Quando a dose ingerida é maior que a capacidade da glutationa de eliminar aporção reativa, é quando ocorre a hepatotoxicidade e perda de função hepática. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM ● natural: gases poluentes de queimadas, maré vermelha e os metais ● Antropogênico: compostos químicos, drogas de abuso e medicamentos QUANTO AO SISTEMA ONDE ATUAM/ LOCAL DE AÇÃO ● hepatotóxicos, nefrotóxicos, genotóxicos… CARACTERÍSTICAS FÍSICO/ QUÍMICAS ● Poeiras, líquidos… Fármaco X droga ● fármaco é toda substância de estrutura química definida que é capaz de modificar o estado patológico em benefício do organismo receptor ● droga: sem a intenção de obter benefício ao organismo receptor ● TOXICIDADE ● A capacidade do agente tóxico de provocar efeitos nos organismos vivos ● esses efeitos ocorrem por múltiplas interações físico químicas, raramente definida como um único evento molecular ● A via de exposição, a dose, a interação entre substâncias e enzimas de biotransformação vão ditar a toxicidade ● Dose: o que ingere ● Concentração: o que tem biodisponível para promover o efeito tóxico ○ Uma dose não é 100% convertida em concentração pois a perda no processo de metabolização ● fatores ambientais, genótipo e fatores fisiológicos constituem diferenças na toxicidade e respostas ● mecanismo de ação: maneira da qual o agente tóxico irá promover seu efeito INTOXICAÇÃO ● Manifestação dos efeitos tóxicos ● Processos patológicos caracterizado por desequilíbrio fisiológicos causado por substâncias endógenas ou exógenas no organismo ● FASES DA INTOXICAÇÃO 1. Exposição à substância 2. Toxicocinetica: absorção, distribuição e eliminação 3. Tóxicodinâmica: concentração do agente tóxico a nível de sítio de ação 4. Fase clínica: manifestação dos efeitos no indivíduo ● todo efeito tóxico é indesejável e adverso, porém, nem todo efeito adverso é tóxico CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS ● Leves, moderados ou óbito ● de acordo com a duração e frequência: agudo ou crônico Imediato ou tardio (ex.: formaldeído é de efeito imediato por irritar a mucosa nasal e tardio por ser carcinógeno) ● Reversível ou irreversível: se há reparo é reversível ● Local ou sistêmico ( local: cloro, NO2… sistêmico: benzeno, chumbo, tetraetila…) ● Reações alérgicas ● Idiossincrasia: promovidos por alterações genéticas, reações adversas com doses baixas ou extremamente intensa a doses elevadas 2. Tipos de ligação; 1. Características dos canais iônicos; 2. Características dos receptores acoplados a proteína G; 3. Características dos receptores com domínios citosólicos enzimáticos; 4. Características dos receptores intracelulares; e 5. Características das enzimas extracelulares. ALVOS PROTEICOS PARA LIGAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS 1. Conceito de sítios de ação; ● A interação fármaco receptor é similar a relação de “Chave - fechadura”. ● As drogas não agem se não estiverem incorporadas, ou seja, absorvida ● Tanto a substância quanto o receptor possuem característicasintrinsecas que modulam essa relação ● Geralmente essa interação acontece de forma seletiva (especificidade), podendo ocorrer outras interações ● Em muitos casos, a seletividade da ligação dos compostos a determinados receptores também estabelece os efeitos tóxicos. ○ Exemplo: Opioides - no organismo há 3 tipos de receptores opioides (Mu, kappa e delta) - morfina, codeína e heroína possuem seletividade de ação, ou seja, se ligam com seletividade maior ao receptores MU, mesmo podendo se ligar a qualquer tipo de receptor. Essa seletividade modula o efeito final (analgesia, sonolência…) ◆ Euforia : poderosa sensação de bem-estar e contentamento, dependendo da situação do paciente, é mediada por receptores µ. ◆ Disforia: mediada por receptores K. (Nalorfina possui maior seletividade) ● Sítio de ação: locais onde as substâncias endógenas ou exógenas interagem para promover uma resposta ● Propriedades específicas do sítio de ligação modulam a seletividade, estabelecendo a intensidade de ligação entre o sítio e composto ○ Reatividade do sítio, estrutura química, reatividade do composto… ● Características químicas da molécula: Conformação tridimensional, hidrofobicidade, estereoquímica e o estado de ionização (pKa) ex.: cocaina tem a conformação semelhante a dopamina, ocupa os canais de receptação de dopamina no neurônio e aumenta a quantidade de dopamina na fenda sináptica, dando o efeito de euforia Reversível pela enzima citocromo b5 redutase!! Perigo quando exposto a altas concentrações ou devido a deficiências genéticas 2. Tipos de ligação; Forças de van der waals, ligações de hidrogênio, interações iônicas e ligações covalente (irreversível) ● A ligação substância receptor raramente ocorre com apenas um tipo de ligação ● As várias ligações em momentos diferentes irão conceder diferentes momentos de interação substância receptor estável ● Receptores intracelulares, canais iônicos e enzimas realizam principalmente ligação NÃO covalente ● Agentes eletrofílicos e proteínas e ácidos nucleicos realizam ligação covalente, por exemplo Ros e DNA, de forma a alterar permanentemente o receptor e, se não houver mecanismo de reparo, gerar dano celular irreversível (morte, mutação…). Outro exemplo são os organofosforafos. ● Outros exemplos de interações com o sítio de ligação: 3. Características dos canais iônicos; ● Possuem diversas funções, principalmente a neutrotramsmissão, condução cardíaca, contração muscular e secreção ● Possuem macro moléculas semelhantes a tubos que permeiam a bicamada lipídica das células ● Domínio de ligação: onde o composto pode se ligar De forma extracelular, permeando a barreira (se for lipofilico) ou se ligar de forma intracelular ● Principais: canais iônicos de potássio, sódio, cálcio, carion e cloro ○ São geralmente seletivos a um tipo de íon ● Formas de ativar o canal: ○ pela promoção de mudanças na voltagem da membrana plasmática Algum mecanismo extracelular gera um potencial de ação, gerando uma alteração da conformação do canal (por gerar uma menor resistência entre as estruturas da proteína) e faz com que ele se abra, permitindo a passagem ○ Ligação do ligante ao canal Há uma substância de ligando ao canal, modificando sua estrutura e promovendo a abertura Regulados por segundo mensageiro Ex.: acetilcolina que se liga a duas unidades alfa do receptor nicotinico, gerando um influxo de sódio quando ativado ○ Regulados por segundo mensageiro Ligação do ligante a receptores de membrana plasmática que estão fixados ao canal 4. Características dos receptores acoplados a proteína G; ● Expostos a superfície extracelular da membrana ● Proteína densa, possui regiões intracelulares que atingem uma classe especial de moléculas de sinalização chamadas proteínas G ● Envolvidos em numerosos processos fisiológicos ● Em estado de repouso, o receptor possui uma GDP, quando o agonista se liga, a GDP se tornaGTP, tira uma subunidade alfa do complexo e, essa subunidade se liga ao efetor e ele desencadeia a resposta (tal como a imagem abaixo). Após a resposta ocorrer, essa unidade alfa se desliga e volta a GTP que retorna a ser GDP. ● Classe mais abundante de receptores, funcionando constantemente nas funções fisiológicas hepáticas, renais, neutrotransmissões, contração muscular… ● Existem diversos tipos de proteína G, promovendo respostas inibitórias e excitadoras. Sua diferenciação ocorre de acordo com o receptor atingido pela unidade alfa liberada na cascata. 5. Receptores transmembrana com domínios citosólicos enzimáticos ● A parte interior a célula possui atividade enzimática ● O que diferencia são os tipos de enzima que estão no domínio citosólico Ex.: tirosina quinase - degrada e forma dimeros de tirosina ● Possuem enzimas que vão degradar algum composto no citosol daquela célula ● Esses tipos de receptores estão espalhados pela maioria dos tecidos e atuam, principalmente, na degradação de compostos endógenos 6. Receptores intracelulares ● O agente deve entrar no citosol para se ligar aos receptores ● Um exemplo que utiliza esses receptores são a transcrição genica, alvo de fármacos que atuam em hormônios esteroides, fatores de crescimento… ● Permeiam a barreira por serem bastante lipofilicos ● Fator limitante para fármacos: transposição da barreira lipídica Ou deve ser bastante lipofilico ou ter alta afinidade com Proteínas transmembranas para auxiliar esse transporte ● Embora todas as enzimas são produzidas inicialmente no interior da célula, algumas são excretadas e funcionam no ambiente que está a célula, promovendo seu efeito de forma extracelular ○ função: degradar compostos de alto peso molecular, que não conseguem atravessar a membrana. Ex.: inibidores da acetilcolinesterase 7. Receptores de adesão da superfície celular ● Servem como se fosse um “local de atração” de diversos componentes ● Promovem a conexão entre células e facilita a comunicação, ocorrendo a transferência de compostos, nutrientes e sinalização celular. ● Alguns tumores utilizam desses receptores para transmitir células mutagenicas nos tecidos (gerando toxicidade) CONCEITOS GERAIS EM TOXICOCINÉTICA ● Mecanismos de biotransformação que permitem ao agente toxicológico a chegar no sítio ativo e desenvolver seus efeitos. Fases da exposição: 1. exposição - contato do ag. Tóxico com o organismo (depende do tempo e quantidade) 2. Tóxicocinética - absorção, distribuição e eliminação (biotransformação e excreção) 3. Toxicodinâmica - concentração do agente a nível do sítio de ação 4. Fase clínica - manifestação clínica dos efeitos resultantes da ação tóxica ● As intervenções buscam estar a nível 2 e 3, para que assim não chegue a fase clínica que é indesejada. ○ ex.: antídoto, adulteração de pH, lavagem intestinal, uso de carvão ativado, modulação de enzimas relacionadas a toxicocinetica do ag. tóxico A resposta tóxica depende de vários fatores que irão influenciar a toxicidade de um composto ● Propriedades físicas e químicas do agente Ex.: na absorção ● Condições de exposição Ex.: via nasal (fica na mucosa), via respiratória (fumada, pulmonar) É como a via vai modular, se o pico plasmático chega muito rápido, ele também cai muito rápido, facilitando a drogoadição (crack…) ● Suscetibilidade do sistema biológico do indivíduo Ex.: metabolizadores rapidos, RESPOSTA TÓXICA ● Propriedades físico químicas ● Fatores biológicos ● Condições de exposição VIAS DE INTRODUÇÃO ● Enteral: tudo que tem mucosa (nasal, ocular, vaginal…) - volume tende a ser maior ● Parenteral: que não passa pelo trato gastrointestinal - tende a ser mais puro ● Via tópica: agentes ocupacionais, cosméticos, poluentes, agentes irritantes… ● Pulmonar: poluentes, gás asfixiante… Intensidade do efeito tóxico por ordem decrescente: Intravenosa > pulmonar > intraperitoneal > subcutânea > intramuscular > intradérmica > oral e dérmica. todos os mecanismos cinéticos estão ocorrendo ao mesmo tempo! I DURAÇÃO • Aguda (contato com o agente por um período máximo de 24 h) • Subaguda (exposições repetidas durante um mês ou menos) • Subcrônica (múltiplas exposições entre um e três meses) • Crônica (exposições por mais de três meses) Agudo sobre crônico: comum com drogas e medicamentos, é quando o indivíduo já é crônico porém tem uma exposição de sobre dose uma vez e ativa um efeito agudo. FREQUÊNCIA ● efeitos tóxicos das exposições agudas são diferentes daqueles produzidos por exposições repetidas. Ex.: cheirar benzeno - depressao do SNC // exposição a longo prazo (ex.: frentista de posto de gasolina) - reação a longo prazo causando leucemia RELAÇÃO CINÉTICA E DINÂMICA ● A produção da toxicidade aparece pela interação toxicocinética e toxicodinâmica ● toxicocinética é tudo que o organismo faz com a molécula” • toxicodinâmica é tudo que a molécula vai fazer em relação a interação e efeitos no organismo” Biodisponibilidade: quantidade e velocidade relativa da substância a alcançar a circulação concentração disponível na corrente sanguínea para promover a ação tóxica. Clearance: processo de remoção permanente da circulação do agente por excreção ou biotransformação Meia vida: tempo gasto para a eliminação de metade da concentração máxima do agente na corrente sanguínea ● transferência de um agente químico do local de exposição para circulação sistêmica ● Transporte passivo: Principal mecanismo para a passagem de drogas que possuem certo grau de lipossolubilidade. ● Solubilidade, grau de ionização e tamanho e carga dos íons/ moléculas Quanto maior o coeficiente de partição óleo/ água (log p) maior a permanência no organismo E ● grau de ionização: ag. Costumam ser bases/ ácidos fracos, dependente do PKA para ter a absorção dependente do meio que será absorvido ● valores de pka do agente tóxico e pH do meio determinarão a proporção entre as formas ionizadas (I) e não ionizadas (NI) nos compartimentos. Ácido em meio básico fica ionizado e em meio ácido fica na sua forma molecular ● Moléculas ionizadas não tem a capacidade de ultrapassar a membrana plasmática!! ● Transporte ativo: ● Difusão facilitada: Através de transportadores, não gasta energia e é a favor do gradiente de concentração. ● dependem da interação do substrato com uma proteína ○ especificidade, competição e saturação. ● Endocitose e exocitose: Transporte através de membrana VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Gastrointestinal: uma das mais importantes vias de absorção de agentes tóxicos Se dá desde a mucosa bucal até o reto Muito comum nos atentados contra a própria vida Absorção baixa de substâncias hidrossolúveis • • • • Numerosos transportadores de xenobióticos são expressos no trato GI, onde eles podem aumentar ou diminuir a absorção de substâncias. • FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE ABSORÇÃO ● Fluxo sanguíneo no sítio de absorção - via muscular ◆ quanto maior o fluxo sanguíneo, mais rápido será a absorção ● Área de superfície disponível - via oral ◆ Se houver um maior número de vilosidades no TGI, mais rápido a absorção ● Tempo de contato com o composto - ex. Efeito da motilidade intestinal ◆ Quando um composto é administrado com alimentos gordurosos, ele será absorvido mais lentamente, já que ela lentifica o movimento peristáltico ● via oral: pH, área da membrana, secreção gastrointestinais, fluxo sanguíneo local e tempo de esvaziamento gástrico são fatores que modificam a abs. Intestinal do xenobiotico administrado por essa via ● Sublingual: evite o efeito de primeira passagem (absorção começa na língua), ou seja, absorção mais rápida que a oral. Inútil para compostos grandes e/ou pouco lipossolúveis ● Retal: Contraindicada em pacientes que apresentam distúrbios que afetam o TGI, pode irritar a mucosa, causa desconforto e costuma ser irregular e incompleta VIAS PARENTERAIS ● Via intravenosa: Indicadas para substâncias hidrofilicas Decaimento do Pico muitoBILIAR: ● Não é tão expressiva na maioria dos compostos ● O fígado tem um papel importante na remoção de agentes tóxicos após absorção sanguínea a partir do TGI, pois antes de chegar na circulação geral passa pela veia porta do fígado ● É o principal órgão de biotransformação de toxicantes e seus produtos podem ser excretados pela bile e eliminados pelas fezes ● Características físico químicas que favorecem essa eliminação: lipofílicas, contudo pode favorecer o ciclo entero hepático ● Transportadores hepáticos possuem afinidade por compostos maiores (>400Da), há diversos tipos de transformadores em hepatocitos. ● Compostos que não são absorvidos pelo TGI já são também eliminados pela bile ● Alguns metais e hormônios esteroides também são eliminados dessa forma PULMONAR ● predominantemente as substâncias devem estar na fase gasosa ● A excreção é inversamente proporcional a solubilização ● Baixa solubilidade no sangue é rapidamente excretada pelos pulmões ● Quanto maior o fluxo sanguíneo maior a excreção ● Velocidade de excreção depende da respiração OUTROS ● suor e saliva (substâncias eliminadas pelo suor podem causar dermatites) ● Leite: passagem de agentes tóxicos para o lactente, a substância deve ser lipossolúvel já que a excreção é por difusão simples TOCICODINÂMICA “O que a substância faz no organismo” ● Estudo dos mecanismos de ação tóxica exercidos por substâncias químicas sobre o sistema biológico, sob os pontos de vista bioquímico e molecular ● O desenvolvimento dos efeitos tóxicos podem seguir alguns caminhos: ○ Ele precisa alcançar seu sítio de ação para: ◆ Promover interação com a molécula algo e/ou ◆ Promover a alteração do ambiente biológico ○ causando assim disfunção celular/ dano local ou sistêmico = toxicidade ◆ com a ausência/ ineficácia dos mecanismos de reparo, ocorre também a toxicidade ● Quanto maior a biodisponibilidade/ concentração da substância, maior a chance de causar efeito tóxico ● bioativação: quando o composto é inativo na sua forma original e após ser metabolizado forma um composto ativo ● Há xenobiótico que são: ○ Originalmente, sem passar por nenhum processo, já são toxicantes ◆ Íons Pb, tetrodoxina, HCN, TCDD, CO… ○ Produtos de biotransformação como toxicante final, após ser metabolizado ◆ Paracetamol (Acetaminofeno) > N-acetil-p-benzoquinoneimina (NAPQUI) ○ Formadoras de ROs/ reativos de nitrogênio como toxicantes finais ◆ Peróxido de hidrogênio > Hidroxila (OH-) ○ produtoras de substâncias endógenas como toxicante final ◆ Sulfonamidas -> aumenta a produção de bilirrubina ● há mecanismos a favor da interação molécula alvo: absorção, distribuição para o alvo, reabsorção renal e biotoxificação ◆ “Quanto maior esses mecanismos maior a interação com a ● E há mecanismos contra: eliminação pré sistêmica, distribuição em tecidos não alvo, excreção e destoxificação vs SELETIVIDADE DE AÇÃO Efeitos tóxicos são produzidos alterando as condições fisiológicas e bioquímicas das células que apresentam moléculas alvo ● compostos ácidos ou básicos atuam sobre qualquer órgão, causando irritação e corrosão nos tecidos de contato ● Outros são mais seletivos no seu modo de ação e causam danos a um órgão ou estrutura (estrutura-alvo) sem lesar outros ● Diferenças fisiológicas e bioquímicas entre as espécies animais determinam a seletividade de ação de xenobióticos, ou seja, o composto pode ter seletividade em uma espécie e não ter em outra. ○ Dois princípios são enfatizados nos testes descritivos de toxicidade animal: ◆ Efeitos produzidos por uma substância em animais de laboratório são aplicáveis em humanos, pois há grande correlação entre essas espécies e humanos ◇ Sempre há excessões: ex.: desenvolvimento de tumor no fígado por aflatoxina B1 mesmo em doses baixas em ratos, porém com altíssima resistência em camundongos ◆ a exposição de animais a altas doses é um método necessário e válido para descobrir possíveis danos em humanos. ◇ O uso de altas doses pode criar problemas de interpretação se a resposta obtida não apresentar efeitos similares em baixas doses ■ estudos com animais expostos ao arsênico, não mostraram carcinogenicidade. Em humanos é EXTREMAMENTE cancerígeno ■ Ratos alimentados com altas doses de sacarina desenvolvem tumor de bexiga. No homem, esse efeito não foi observado. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO AGUDA: ● Decorrente de uma única ou múltiplas exposições num período de 24h ● Os efeitos aparecem em até no máximo 2 semanas ● Avaliação experimental utiliza no mínimo 3 espécies ● Parâmetros que expressam o grau de toxicidade aguda: ✔ Dose efetiva - DE50 – DE90 ✔ Dose letal - DL10 – DL50 ✔ Concentração - CL50 ● DL e DE permitem determinar Índice Terapêutico (IT) e Margem de Segurança (MS) Quanto maior o valor do IT ou da MS de uma substância menor será a probabilidade de promoção da intoxicação · CRÔNICA ● Exposições repetidas a longo prazo (meses ou anos) ● Efeitos a longo prazo ● Ex.: tabagismo MECANISMOS GERAIS ● Receptores de resposta rápida ○ “Inibe a inibição” ○ ex.: cafeína, mecanismo de ação: 1. Antagonista de receptores de adenosina; 2. Inibição da enzima AMPc-fosfodiesterase; 3. Aumento do influxo de cálcio do retículo 4. Modulação da bomba Na+/K+ ○ ex.2: nicotina ◆ ao se ligar aos receptores ionotrópicos (nAChRs), estes adquirem a conformação de canal aberto e permite o influxo de cátions Na+ Ca2+ ◆ No SNC, a nicotina exerce seus efeitos nos nAChRs pré-sinápticos, promovendo o aumento na liberação de NTs, como a dopamina. ● Resposta lenta: ○ Ex.: hormônios peptídeos ◆ Necessita de segundos mensageiros ○ Ex.2: interação com receptores nucleares ● Membranas excitáveis ○ promove alterações nas membranas ○ Pode mudar aumentando ou diminuindo a permeabilidade delas ● fosforilação oxidativa ○ maior exemplo: mercúrio (Hg) ◆ por ação de bactérias, o mercúrio de rios podem transformar em íon mercúrio e ânion metila ◆ Esses compostos geram bioacumulação nos peixes, passado pela cadeia alimentar ◆ Essa ingestão por humanos pode inibir as enzimas TCA, diminuindo a produção de ATP ● componentes enzimáticos ○ sequestro de metais e inibição de cofatores ◆ ex.: ● Completação com ácidos nucleicos ○ quando o sistema de reparo não funciona, ocorre uma mutação repassada para as moléculas filhas, causando teratogênese, carcinogênese e/ou disfunção bioquímica MECANISMOS GENOTÓXICOS E NÃO GENOTÓXICOS ● A interação de ag. Tóxicos com ácidos nucleicos ● Para promover esse efeito, o ag. tóxico pode interagir diretamente com a molécula (causando quebra por exemplo), ou indiretamente, formando ROs que pode agir com o DNA ou agindo com alguma sinalização celular ● Esse agente tem que agir a nível molecular, com diferentes tipos de biomolécula e alterando eventos/ processos chaves ● resultado final: CÂNCER ● Alteração na hemostasia nuclear ● um termo amplo que abrange cerca de 200 doenças que partilham duas características comuns: ○ crescimento descontrolado ○ Capacidade de invadir e lesar tecidos normal ● 70-90% estão associados a fatores ambientais, comportamentais e dietéticos ● Sistema de reparo, na maioria das vezes, conseguem retirar essas lesões e impedir que as alterações passem para as células filhas. ● AGENTES CARCINÓGENOS: qualquer agente físico ou biológico que agrava, sensibiliza ou provoca o organismo para o surgimento de um câncer ○ pode ocorrer em ração de danos ao genoma ou aos processos metabólicos celulares ○ Podem ser de origem natural ou antropogênica ● divididos em 4 classes: Como as substâncias interagem com biomoléculas promovendo o desenvolvimento da carcinogênese? GENOTÓXICOS: ● Lesão ao DNA: alteração química causada por ag. carcinogênicos de forma reversível ● mutação no DNA: alteração permanente na sequência de nucleotídeos, que passa para as células filhas durante a divisão celular. ◆ ocorre quando uma lesão no DNA não é reparada corretamente ◆ Pode ser expontânea(erros celulares sem influência externa) ou induzida ( por ag. mutagênicos) ● caminho da célula normal até a formação de um câncer: MECANISMOS DE LESÃO ● Durante o processo de biotransformação, pode ocorrer a formação de intermediários eletrofílicos reativos ● a guanina e adenina (purinas) são extremamente suscetíveis a esses intermediários, sofrendo alterações e causando as mutações ○ Ex.: benzopireno # 1. Adutos de DNA ● são os produtos das reações químicas que resultam na adição de grupos químicos ao DNA ● Durante o reparo, a correção pode ser errada, gerando assim uma mutação (ex.: uma adenina adulterada é substituída/ reparada por uma timina) 2. Oxidação do DNA ● “alvos para o ataque de radicais livres” ● costuma ser reparado, se não for feito corretamente, gera a mutação 3. Peroxidação lipídica ● Quando uma substância entre em contato com o organismo e gera uma peroxidação da bicamada lipídica ● Ex.: formação de malonaldeido, que gera um aduto do DNA ● Qualquer composto formado pela degradação da membrana lipídica pode reagir com o DNA, promovendo lesão 4. Depurinação e Despirimidinação do DNA ● aproximadamente 10.000 purinas são perdidas por geração celular em mamíferos ● Retirar bases nitrogenadas (purinas e pirimidinas) por substâncias ● sítios abásicos são suscetíveis a outras moléculas ● Pode gerar mutação, instabilidade genômica (pois é um alvo para a ligação de qualquer composto, formando adutos de DNA) e ativa mecanismos de reparo 5. Fragmentação do DNA ● Pode ser quebra de fita simples ou dupla ● Causada principalmente por efeitos de radiação ionizante, radicais livres e raio X ● O reparo sempre pode ser corretivo ou feito de forma errônea Mecanismos não genotóxicos ● Não altera a sequência de bases do DNA, mas altera a resposta final, a transcrição do DNA. ● CITOTOXICIDADE ○ EX.: melamina - câncer de bexiga ○ células remanescentes, que não foram indicadas para morte celular, se junta a diversas outras produzidas de uma vez só para repor aquele tecido, podendo sofrer hiperplasia e mutações expontâneas. ● EFEITO MEDIADO POR RECEPTORES ○ indutor de CYP450 ◆ ex.: o fernobarbital induz a CYP450 por meio de receptores (receptor CAR), podendo gerar proliferação celular e, daí, mutações expontâneas. ○ receptores de hidrocarbonetos aromáticos ◆ há compostos que ativam esses receptores, como TCDD e PCBs, acelerando a biotransformação de alguns compostos e pode gerar ROs ● MODULAÇÃO DO STATUS EPIGENÉTICO ○ qualquer mudança potencialmente estável e hereditária que ocorre sem alteração na sequência de DNA, ou seja, alterando apenas a transcrição ◆ ex.: RNAs microssômicos, modificações em histórias e(erros celulares sem influência externa) ou induzida ( por ag. mutagênicos) ● caminho da célula normal até a formação de um câncer: MECANISMOS DE LESÃO ● Durante o processo de biotransformação, pode ocorrer a formação de intermediários eletrofílicos reativos ● a guanina e adenina (purinas) são extremamente suscetíveis a esses intermediários, sofrendo alterações e causando as mutações ○ Ex.: benzopireno # 1. Adutos de DNA ● são os produtos das reações químicas que resultam na adição de grupos químicos ao DNA ● Durante o reparo, a correção pode ser errada, gerando assim uma mutação (ex.: uma adenina adulterada é substituída/ reparada por uma timina) 2. Oxidação do DNA ● “alvos para o ataque de radicais livres” ● costuma ser reparado, se não for feito corretamente, gera a mutação 3. Peroxidação lipídica ● Quando uma substância entre em contato com o organismo e gera uma peroxidação da bicamada lipídica ● Ex.: formação de malonaldeido, que gera um aduto do DNA ● Qualquer composto formado pela degradação da membrana lipídica pode reagir com o DNA, promovendo lesão 4. Depurinação e Despirimidinação do DNA ● aproximadamente 10.000 purinas são perdidas por geração celular em mamíferos ● Retirar bases nitrogenadas (purinas e pirimidinas) por substâncias ● sítios abásicos são suscetíveis a outras moléculas ● Pode gerar mutação, instabilidade genômica (pois é um alvo para a ligação de qualquer composto, formando adutos de DNA) e ativa mecanismos de reparo 5. Fragmentação do DNA ● Pode ser quebra de fita simples ou dupla ● Causada principalmente por efeitos de radiação ionizante, radicais livres e raio X ● O reparo sempre pode ser corretivo ou feito de forma errônea Mecanismos não genotóxicos ● Não altera a sequência de bases do DNA, mas altera a resposta final, a transcrição do DNA. ● CITOTOXICIDADE ○ EX.: melamina - câncer de bexiga ○ células remanescentes, que não foram indicadas para morte celular, se junta a diversas outras produzidas de uma vez só para repor aquele tecido, podendo sofrer hiperplasia e mutações expontâneas. ● EFEITO MEDIADO POR RECEPTORES ○ indutor de CYP450 ◆ ex.: o fernobarbital induz a CYP450 por meio de receptores (receptor CAR), podendo gerar proliferação celular e, daí, mutações expontâneas. ○ receptores de hidrocarbonetos aromáticos ◆ há compostos que ativam esses receptores, como TCDD e PCBs, acelerando a biotransformação de alguns compostos e pode gerar ROs ● MODULAÇÃO DO STATUS EPIGENÉTICO ○ qualquer mudança potencialmente estável e hereditária que ocorre sem alteração na sequência de DNA, ou seja, alterando apenas a transcrição ◆ ex.: RNAs microssômicos, modificações em histórias e < metilação do DNA ● ESTRESSE OXIDATIVO ○ agentes químicos podem promover o aumento da expressão da CYP450, que, nesse processo, há o aumento de ROs, podendo causar apoptose ou alteração da sinalização celular AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE ● análise científica sistemática dos principais efeitos tóxicos, funcionalidade ou sobrevida de um organismo, resultantes de situações de exposição ● são pontos a serem considerados para a seleção de substâncias submetidas as avaliações de toxicidade: ● São modelos: experimentos em animais de laboratório; ensaio com micro-organismos; estudos epidemiológicos; estudos ecotoxicológicos e estudo in silico ● Os tipos de experimentos requeridos varia de país pra país, costumam incluir: ● Serve para caracterizar os efeitos tóxicos que aquele agente pode possuir ● fluxograma de avaliação de toxicidade: ● no Brasil, a agência que regula esses testes é a ANVISA ● deve ser levado em consideração diversos fatores para escolher o modelo a ser testado: ○ estrutura química, características físico químicas, impurezas e estabilidade ○ Diferenças nas atividades das enzimas de biotransformação entre espécies ● HÁ PROBLEMAS DE EXTRAPOLAÇÃO ○ alometria: o estudo da relação da massa corpórea e outros padrões físicos e biológicos daquele ser, tentando corrigir a extrapolação do modelo ao humano EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL ● relação dose - efeito: denomina uma alteração biológica em um indivíduo ● Relação dose - resposta: quando toda uma população testada apresenta aquele efeito Duração e frequência de exposição: ● Aguda: ◆ para gerar a estimativa da toxicidade intrínseca da substância, como a DL50 ◆ Identificar diferenças entre espécies e espécies suscetíveis ◆ Estabelecer a reversibilidade da resposta tóxica ◆ Proporcionar informações que servirão de base para a seleção de doses nos estudos de longa duração (crônico e sub-crônico) ◆ Influências nos testes e resultados: ◇ quanto ao animal de experimentação (camundongo/rato, macho/femea) ◇ quanto ao agente tóxico (via de administração, volume, veículo empregado, velocidade e impurezas) ◇ Quanto as instalações e fatores periódicos (tipo de gaiola, período de exposição, qualidade de ração…) ● SUB-AGUDA ○ utilizado para obter informações de uma substância após administrações repetidas com o objetivo de estabelecer doses para estudos de toxicidade subcronica ○ Protocolo típico envolve a aplicação de 3-4 doses ○ lIrritação de pele e olhos” - métodos in vitro ● SUB-CRÔNICA ○ Até 3 meses ○ Normalmente é uma dose que ja tem toxicidade (<10% morte), uma intermediária e uma que não causa efeitos aparentes ● CRÔNICA ○ De 6 meses a 2 anos ○ Se observa nos animais todos os sinais clínicos de toxicidade ESTUDO DE TOXICIDADE REPRODUTIVA ● Envolve 3 fases distintas ○ Desempenho reprodutivo e fertilidade ○ potencial de interferência no desenvolvimento embrionário e fetal ◆ se tá nascendo ou não, se há malformações nos fetos, se tá nascendo vivo ou morto… ◆ 3 doses ○ toxicidade peri e pós natal ESTUDO DE NEUROTOXICIDADE ● Capacidade de um composto químico de provocar efeitos adversos no SNC, SNP e em órgãos do sentido ESTUDO DE CARCINOGENESE ● Feito para verificar o potencial carcinógeno, se desenvolve câncer ou não ● Se faz quando há a suspeita ou se a exposição será disseminada e de longo prazo em humanos ● Feito em estudos animais ou celulares MÉTODOS ALTERNATIVOS ● Busca diminuir os testes animais devido a questões econômicas, científicas/ tecnológicas, de logística, de ética, legais (3 R’s) e políticas ● a RENAMA é o órgão fiscalizador desses métodos Experimentação in vitro ● buscam entender a proliferação, a viabilidade e a citotoxicidade ENSAIO DE MUTAGÊNESE ● ENSAIO COMETA ● Pode ser feito em cultura de bactérias, tecido, cultura celular e outras matrizes ● Expõe essa matriz ao agente de interesse na pesquisa ● avalia a capacidade do xenobiótico em causar dano ao DNA (quebra simples ou dupla) ● Se verifica a distância e a quantidade de fragmentos que correm nesse gel de eletroforese, já que os fragmentos de DNA, devido ao menor peso molecular, migram mais ● “quanto maior a cauda do cometa, maior o dano causado ao DNA” ● TESTE DO MICRONÚCLEO ● TESTE DE AMES ● Célula de salmonela geneticamente modificada para só desenvolver quando há a adição de histidina no meio de cultura ● Meio controle: sem histidina, somente a salmonela modificada ● Meio teste: suspeito mutagênico e a salmonela modificada ● se cresce no meio teste ela teve mutação, Experimento In Silico ● Programas de computador - predizer a toxicidade de compostos, por meio de modelos com uma série de variáveis ● 3R’s: REPLACE, REDUCE, REFINE