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APG 3º PERÍODO 
ACADÊMICA: AMANDA MARTINS COSTA 
 
2. Formas de Transmissão 
  O T. cruzi pode ser transmitido por diferentes 
vias, sendo as principais: 
a) Transmissão Vetorial (Via mais comum em áreas 
endêmicas) 
 Ocorre quando um inseto triatomíneo infectado 
(“barbeiro”) pica um indivíduo para se alimentar 
de sangue. 
 Durante ou após uma picada, o inseto defeca 
sobre a pele do hospedeiro, liberando fezes 
contaminadas com tripomastigotas metacíclicos 
(forma infectante do protozoário). 
 A infecção ocorre quando o indivíduo coça a 
região da picada e facilita a penetração da 
parasita pela pele, mucosas ou conjuntiva. 
b) Transmissão Oral 
 Acontece pelo consumo de alimentos 
contaminados com fezes ou partes do inseto 
triatomíneo. 
 Como em surtos epidêmicos, principalmente por: 
 Consumo de açaí, cana-de-açúcar e 
outros sucos naturais preparados sem 
higiene adequada. 
 Manipulação concentrada de alimentos 
em locais com infestação de triatomíneos. 
 Pode levar a formas mais graves de doença, 
devido à alta carga parasitária ingerida. 
c) Transmissão Vertical (Congênita) 
 Ocorre quando a mãe infectada transmite o T. 
cruzi ao feto pela placenta ou no momento do 
parto. 
 Possíveis consequências: 
 Abortos espontâneos; 
 Prematuridade; 
 Doença neonatal grave, com 
manifestações cardíacas e neurológicas 
 Cerca de 1 a 5% das gestantes infectadas 
transmitem a doença aos filhos. 
d) Transmissão Transfusional e por Transplantes 
 Pode ocorrer por transfusão de sangue 
contaminado ou transplante de órgãos de 
doadores infectados. 
 O risco foi reduzido após a triagem obrigatória de 
sangue e órgãos em bancos de sangue e 
hospitais. 
e) Transmissão Acidental 
 Mais comum em profissionais de saúde e 
laboratórios. 
 Corrija o contato de mucosas ou pele ferida com 
amostras biológicas infectadas. 
 Também pode ocorrer durante a manipulação 
de animais silvestres contaminados. 
1. Aspectos Epidemiológicos da Doença de Chagas 
Definição: a Doença de Chagas é uma 
antropozoonose (uma infecção) causada pelo 
protozoário flagelado Trypanosoma cruzi (T. cruzi), 
transmitida principalmente por insetos triatomíneos 
(barbeiros). 
  Classificada como uma doença tropical 
negligenciada pela Organização Mundial da Saúde 
(OMS), por afetar populações vulneráveis e receber 
pouca atenção em pesquisas e investimentos. 
Fatores de risco: 
Distribuição Geográfica 
 Doença endêmica em países da América Latina, 
incluindo Brasil, Bolívia, Argentina, Paraguai, 
Colômbia e México. 
 Casos também são relatados em países não 
endêmicos, devido à migração populacional, 
tornando-se um problema de saúde pública 
global. 
Fatores Socioeconômicos 
 Relacionado à pobreza, sendo predominante em 
áreas rurais e periféricas com moradias 
precárias, onde há maior contato humano com 
vetores (triatomíneos, ou "barbeiros"). 
 A desigualdade social e o acesso precário à 
saúde dificultam o diagnóstico precoce e o 
tratamento adequado, contribuindo para a 
persistência da doença. 
 A expansão urbana desordenada e as mudanças 
ambientais podem influenciar o aumento da 
transmissão. 
Carga de Morbimortalidade 
 Estima-se que cerca de 6 a 7 milhões de pessoas 
infectadas pelo T. cruzi no mundo. 
 A doença pode levar a complicações cardíacas e 
digestivas graves, impactando significativamente 
a qualidade de vida e a expectativa de vida dos 
pacientes. 
S4P1: Doença de Chagas 
Objetivos: 
 Elucidar a epidemiologia, fisiopatologia, manifestação 
clínica, diagnostico, tratamento e o ciclo da doença; 
 Compreender os principais tipos de protozoários e 
parasitas (estruturas); 
 Compreender como os grupos isolados tem acesso ao 
sistema de saúde e suas especificidades; 
APG 3º PERÍODO 
ACADÊMICA: AMANDA MARTINS COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A resposta imune gera inflamação, podendo 
haver parasitemia elevada no sangue. 
 Se não for tratado, pode evoluir para a fase 
crônica. 
4.2. Fase Indeterminada (Latente) 
 Períodos assintomáticos, podendo durar anos ou 
décadas. 
 O paciente pode: 
 Permanecer sem sintomas pelo 
resto da vida. 
 Evoluir para a fase crônica. 
4.3. Fase Crônica 
 Aparece em 30 a 40% dos caso, após anos ou 
décadas da infecção inicial, ou seja, o parasita 
persiste no organismo, ocorrendo destruição 
progressiva de células infectadas, especialmente 
no coração, trato digestivo e sistema nervoso 
autônomo. 
a) Forma Cardíaca 
 Inflamação miocárdica, levando a 
Cardiomiopatia chagásica progressiva. 
 Pode levar a insuficiências cardíacas, 
arritmias graves, tromboembolismo e morte 
súbita. 
b) Forma Digestiva 
 Lesão dos plexos nervosos do trato 
gastrointestinal. 
 Causa megaesôfago (disfagia, regurgitação, 
emagrecimento) e megacólon (constipação 
grave, distensão abdominal). 
c) Forma Neurológica 
 Envolvimento do sistema nervoso central e 
periférico. 
 Mais comum em imunossuprimidos, como 
transplantados e pacientes com AID 
5. Diagnóstico 
Na fase aguda: 
Exames parasitológicos diretos: 
 Exame microscópico: esfregaço sanguíneo 
com a visualização do Trypanosoma cruzi. 
 PCR: detecção de DNA do parasita, sendo 
altamente sensível. 
 Sorologia (IgM): indica infecção recente. 
Fase Crônica 
 Sorologia (IgG, ELISA, IFI): detecta 
anticorpos contra o parasita. 
 Eletrocardiograma (ECG): avalia arritmias e 
bloqueios cardíacos. 
3. Ciclo Biológico do Trypanosoma cruzi 
a) No Vetor (Triatomíneo) 
1. O inseto triatomíneo (“barbeiro”) se alimenta do 
sangue de um hospedeiro infectado. 
2. O protozoário T. cruzi chega ao intestino do 
inseto, onde se multiplica e se transforma em 
tripomastigotas metacíclicos (forma infectante). 
3. Os tripomastigotas são eliminados nas fezes do 
inseto durante a alimentação. 
b) No Hospedeiro Humano 
1. Os tripomastigotas metacíclicos penetram pela 
pele lesionada, conjuntiva ocular ou mucosas. 
2. Invadem células do sistema fagocítico 
mononuclear, transformando-se em 
amastigotas. 
3. As amastigotas se multiplicam por divisão binária 
dentro das células, formando novas 
tripomastigotas. 
4. As células se rompem e liberam tripomastigotas 
na corrente sanguínea, infectando novas tecidos. 
5. O ciclo se repete, levando à disseminação 
sistêmica do parasita. 
Principais células e tecidos afetados: 
 Sistema reticuloendotelial 
 Miocárdio (coração) 
 Músculos esqueléticos e lisos 
 Sistema nervoso central e periférico 
4. Fisiopatologia 
O Trypanosoma cruzi apresenta diferentes formas 
evolutivas: 
 Tripomastigota metacíclico (forma infectante 
presente nas fezes do vetor). 
 Amastigota (forma intracelular replicativa). 
 Tripomastigota sanguíneo (forma que circula 
no sangue e dissemina a infecção). 
Fases Clínicas da Doença de Chagas: 
4.1. Fase Aguda 
 O protozoário penetra células (principalmente 
miocárdio e células fagocíticas), onde se 
diferencia em amastigotas e se replica 
ativamente. 
 Dura de 4 a 8 semanas e pode ser assintomático 
ou apresentar sintomas inespecíficos, como: 
 Febre prolongada 
 Mal-estar 
 Edema na região da picada (Sinal de Romaña, 
quando edema palpebral unilateral). 
 Hepatoesplenomegalia 
 Acometimento cardíaco em casos graves 
(miocardite aguda) 
 Formação de chagoma de inoculação (nódulo 
inflamatório) 
APG 3º PERÍODO 
ACADÊMICA: AMANDA MARTINS COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo patogênico: 
 Entamoeba histolytica → Causa a amebíase, 
transmitida pela ingestão de cistos em água e 
alimentos contaminados. 
 Sintomas: diarreia com muco e sangue, 
abscesso hepático 
2. Flagelados (Mastigophora) 
 Locomoção: Flagelos (prolongamentos 
celulares). 
 Estruturas principais: Um ou mais flagelos, 
membrana ondulante (em alguns casos), 
núcleo único. 
 Exemplos patogênicos: 
 Trypanosoma cruzi → Doença de Chagas, 
transmitida pelo barbeiro (Triatomainfestans). 
 Leishmania spp. → Leishmaniose, 
transmitida pela picada do mosquito-palha. 
 Giardia lamblia → Giardíase, adquirida por 
ingestão de cistos em água contaminada. 
 Sintomas: 
 Doença de Chagas: febre, cardiomiopatia, 
megacólon. 
 Giardíase: diarreia crônica, má absorção. 
3. Ciliados (Ciliophora) 
 Locomoção: Cílios (estruturas curtas e 
numerosas). 
 Estruturas principais: Cílios cobrindo a 
superfície celular, núcleo grande (macronúcleo) 
e pequeno (micronúcleo), vacúolos contráteis. 
 Exemplo patogênico: 
 Balantidium coli → Causa balantidiose, 
transmitida por ingestão de cistos. 
 Sintomas: diarreia intensa, inflamação 
intestinal. 
4. Esporozoários (Apicomplexa) 
 Locomoção: Ausente na fase adulta. 
 Estruturas principais: Membrana plasmática 
com complexo apical especializado para 
invasão de células hospedeiras. 
 Exemplos patogênicos: 
 Plasmodium spp. → Malária, transmitida 
pelo mosquito Anopheles. 
 Toxoplasma gondii → Toxoplasmose, 
adquirida por contato com fezes de gatos 
infectados ou carne crua contaminada. 
 Sintomas: 
 Malária: febre intermitente, destruição de 
hemácias. 
 Toxoplasmose: infecção grave em 
imunossuprimidos e gestantes. 
 
 Ecocardiograma: identifica cardiomiopatia 
chagásica e aneurisma ventricular. 
 Esofagografia e enema opaco: usados para 
diagnosticar megaesôfago e megacólon. 
6. Tratamento e Mecanismo de Ação 
Tratamento específico 
Benznidazol (primeira escolha) 
• Mecanismo de ação: Produz radicais livres 
tóxicos que atuam inibindo a síntese de DNA do 
T. cruzi, levando à morte do parasita. 
• Indicado: para fase aguda e casos crônicos 
recentes (reduz a progressão da doença.). 
• Efeitos adversos: dermatite, neuropatia 
periférica, toxicidade hematológica, distúrbios 
gastrointestinais. 
Nifurtimox (segunda escolha) 
• Mecanismo de ação: Induz estresse oxidativo 
no protozoário, resultando em danos 
irreversíveis (levando à sua morte). 
• Indicado: Mais utilizado quando há intolerância 
ao benznidazol. 
• Efeitos adversos: Náuseas, vômitos, 
neuropatia. 
Tratamento sintomático (fase crônica) 
 Forma cardíaca: uso de antiarrítmicos, 
marcapasso, transplante cardíaco em casos 
graves. 
 Forma digestiva: dilatação esofágica com 
balão, cirurgia em casos severos. 
7. Tipos de protozoários 
Os protozoários são microrganismos unicelulares, 
eucarióticos e heterotróficos, pertencentes ao 
Reino Protista. São encontrados em diversos 
ambientes e podem ser de vida livre ou parasitas, 
sendo os parasitas responsáveis por diversas 
doenças humanas. 
a) CLASSIFICAÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS 
A classificação dos protozoários é baseada 
principalmente no mecanismo de locomoção. Eles 
são divididos em quatro grupos principais: 
1. Ameboides (Sarcodina) 
 Locomoção: Pseudópodes (projeções 
citoplasmáticas). 
 Estruturas principais: Membrana plasmática 
flexível, núcleo único ou múltiplo, vacúolos 
digestivos e contráteis. 
APG 3º PERÍODO 
ACADÊMICA: AMANDA MARTINS COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Barreiras Culturais e Linguísticas 
 Algumas comunidades possuem línguas 
próprias, dificultando a comunicação com 
profissionais de saúde. 
 Crenças tradicionais podem gerar 
resistência a tratamentos convencionais, 
levando à procura por práticas de cura 
locais. 
 Falta de profissionais de saúde treinados 
para lidar com aspectos socioculturais 
específicos. 
3. Barreiras Socioeconômicas 
 Baixa renda pode impedir que indivíduos 
tenham dinheiro para transporte até um 
serviço de saúde. 
 Dificuldade de acesso à documentação civil, 
impedindo o uso de serviços públicos de 
saúde. 
4. Infraestrutura Deficiente 
 Falta de unidades básicas de saúde em 
locais remotos. 
 Escassez de médicos, enfermeiros e 
agentes comunitários. 
 Pouca disponibilidade de medicamentos e 
insumos básicos. 
b) ESTRUTURAS DOS PROTOZOÁRIOS 
Os protozoários possuem organelas adaptadas à 
sua função e modo de vida: 
 Membrana plasmática: Regula trocas com o 
meio. 
 Citoesqueleto: Mantém a forma celular e auxilia 
na locomoção. 
 Organelas locomotoras: Pseudópodes, flagelos 
ou cílios. 
 Núcleo: Controle das funções celulares; pode ser 
único ou múltiplo. 
 Vacúolos digestivos: Responsáveis pela 
digestão intracelular. 
 Vacúolos contráteis: Eliminam o excesso de 
água em protozoários de vida livre. 
 Complexo apical (em esporozoários): Estrutura 
especializada para invasão de células 
hospedeiras. 
 Cistos: Formas resistentes, usadas para 
sobrevivência em condições adversas. 
8. DESAFIOS NO ACESSO À SAÚDE POR 
GRUPOS ISOLADOS 
O acesso de grupos isolados ao sistema de saúde 
envolve diversos desafios relacionados à geografia, 
cultura, barreiras socioeconômicas e infraestrutura 
de atendimento. Esses grupos podem incluir 
populações indígenas, ribeirinhos, quilombolas, 
comunidades rurais remotas e refugiados. 
1. Barreiras Geográficas 
 Muitas dessas populações vivem longe dos 
centros urbanos, onde há maior 
disponibilidade de hospitais e unidades de 
saúde. 
 A logística de transporte pode ser difícil, 
especialmente em áreas de floresta densa 
ou regiões montanhosas. 
 Algumas comunidades dependem de 
equipes volantes de saúde, que nem sempre 
têm frequência regular.

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