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10 CURSO DE MATEMÁTICA BRUNO FERREIRA DA CRUZ RAMOS PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL - DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR Sete Lagoas 2019 BRUNO FERREIRA DA CRUZ RAMOS PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL - DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR Produção Textual Individual apresentado á Unopar, no curso de Matemática, como requisito parcial para a conclusão das disciplinas: Psicologia da Educação e da Aprendizagem; Ética, Política e Cidania; Políticas Públicas da Educação Básica; Educação e Diversidade; Educação a Distância, Práticas Pedagógicas: Gestão de Aprendizagem. Orientadores: Profª. Mayra Campos Francisca dos Santos, Prof. José Adir Lins Machado, Profª Natália Gomes dos Santos, Profª Natália Germano Gejao Diaz, Renata Karoline Fernandes, Renata de Souza França Baastos de Almeida. Tutor Eletrônico: Darlini Ribeiro Marino Tutor de Sala: Geralda Aparecida de Oliveira Rodrigues Sete Lagoas 2019 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 3 DESENVOLVIMENTO 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 9 REFERÊNCIAS 10 INTRODUÇÃO Esta produção textual tem por finalidade mostrar as diferenças existentes no tratamento entre os gêneros (masculino e feminino), bem como abordar diferentes tratativas e ângulos de visão. Estas diferenças que são entranhadas culturalmente e estão sendo revistas nas práticas educacionais e sociais. As famílias tem passado por um processo de mudança cultural e social, reavaliando o papel de cada um e a forma de enxergar o adolescente. O adolescente por sua vez, embora esteja passando por tantas mudanças (físicas, psicológicas e mentais), precisa lidar também com a vivência social, que exerce grande pressão neste. Os profissionais ligados a educação estão passando por treinamento para que atitudes ligadas ao preconceito sejam revistos e reavaliados. As leis que pautam tais práticas tem sido alteradas. Os estudantes que atuarão nas escolas tem sido alertados para que ajam com sensibilidade e enxerguem os homens e mulheres com os mesmos olhos. DESENVOLVIMENTO A adolescência é vista por muitos como a fase problemática e de descobertas, sendo perpassada por mudança em todos os aspectos: físico, mental, social e psicológico. Essas mudanças ocorrem em tão pouco tempo, associado a vida social (um pouco mais individual, sem participação familiar) que se torna crucial nesta fase, fazendo com que este se torne inseguro e questione os ensinamentos e percepções aprendidos até então com a família, escola e igreja. A aceitação e a necessidade de se identificar e desenvolver sua personalidade revelam as inseguranças que surgem nesta idade. A família precisa compreender esta fase, respeitando os espaços que o adolescente solicita, mas sem o abandonar, se fazendo presente nos momentos de crises e intervindo em comportamentos não aceitáveis. O grupo de amigos é importante na idade da adolescência. Sentindo-se identificados e compreendidos, mas por vezes, a influência pode ser tão grande que se sinta mal e deslocado, fazendo com que questione os valores aprendidos em sua família. Em determinadas situações, tem de aprender a dizer ‘não’, e por vezes tende a interpretar que pode perder as amizades por dizê-lo. Uma amizade verdadeira faz com que se sinta apoiado, mas também livre para tomar suas próprias decisões. Devido à influência que os meios de comunicação e a publicidade exercem sobre os adolescentes, a imagem corporal ganha tanta importância que, mesmo tendo um aspeto físico normal, podem sentir-se inseguro, e a “beleza perfeita” está apenas nas revistas e televisões. Esta preocupação pode tornar-se excessiva. É o que acontece em casos extremos, como quando se sofre de anorexia ou bulimia. É importante que se aceite e sinta bem com a sua própria imagem. Estas mudanças da adolescência fazem parte de um processo complexo. Ao se abordar na adolescência a diferença de gênero, para muitos é visto somente a questão sexual e as diversificações. A Constitição Federal nos relata: O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noções de “masculino” e “feminino” como construção social. (BRASIL, 1998, p. 321) Neste contexto, objetiva-se que a temática de gênero e outras categorias relacionadas (classe, sexualidade, etnia/ração, religião, orientação sexual, etc.) sejam trabalhadas na perspectiva da equidade de gênero, ou seja, uma educação que reconheça a existência das diferenças entre os sexos, mas não faz desta diferença uma barreira para o desenvolvimento individual de cada ser humano. As dicotomias entre feminilidade e masculinidade criam desigualdades: articulados com noções de hierarquias e poder, o gênero é também uma forma social de produzir posições de desigualdade entre pessoas, coisas, espaços ou emoções. No terreno da desigualdade de gênero encontramos desvalorização salarial, repressões, discriminações e violências, temas que historicamente têm mobilizado movimentos reinvidicatórios, lutas e disputas por igualdade. (Lins; Machado; Escoura, 2016, p.24) As diferenças sociais baseadas no gênero são históricas e de conhecimento público. As mulheres ainda hoje, mesmo executando as mesmas funções que os homens e tendo maior escolaridade, recebem menor salário. Esta realidade não é apenas brasileira, mas faz parte principalmente dos países emergentes e subdesenvolvidos. O histórico social a respeito das diferenças de gênero nos mostram que nos dividimos entre o que é realizado pelo homem e o que é feito pela mulher, e um não pode ou não possui competência para executar a tarefa que corresponde ao outro. E por vezes se justificam na genética: mulher, o sexo frágil. Percebemos ... o quanto ideias de que há ‘coisas de homem’ ou ‘coisas de mulher’ são muitas vezes produtos de estereótipos e hierarquias sociais. Assim, é sempre preciso celebrar pessoas que desafiam as regras previstas e mostram que o corpo humano, feminino ou masculino, pode desenvolver habilidades as mais variadas, inclusive aquelas não previstas culturalmente. (Lins; Machado; Escoura, 2016, p.21) O pensamento de homem ativo e mulher passiva não está direcionado apenas as atividades executadas no cotidiano. Durante muitos anos foi defendido que o espermatozóide quem “caçava” um óvulo, e este, de bom grado “recebia” o mais esperto. Pesquisas recentes comprovaram que o óvulo também possui papel ativo na fecundação. Em vez do imaginário do óvulo passivo à espera dos espermatozóides, pesquisas sobre reprodução humana têm mostrado que o óvulo desempenha papel fundamental na fecundação: ele desenvolve membranas que, como braços, puxam o espermatozóide para seu interior. (Lins; Machado; Escoura, 2016, p.19) A ideia de gêneros definem também as habilidades comportamentais e dentro de sala percebe-se com clareza. A aluna deve se comportar melhor, ter letra bonita, caderno caprichado e ser mais vaidosa. O aluno possui mau comportamento com a professora e os colegas, faz barulho, atrapalha a aula e é desleixado. Podemos perceber como este conceito se faz presente ainda hoje no ambiente escolar, mas não podemos definir como regra. Esta visão baseia-se no ambiente que é rodeado de mulheres, sendo “comandado” por elas, tendo em vista que as regras são delas. A respeito do ambiente escolar, como historicamente é um ambiente feminino, em que ainda hoje se vê principalmente na Educação Infantil e Ensino Fundamental I, apenas professoras, e quando há professor, é uma quantidade mínima, sendo reprovado muitas vezes pelos pais. Com a revolução industrial, houve interesse para que as crianças fossem alfabetizadas e as mulheres perceberam que poderiam auxiliar na renda doméstica lecionando. A partir de então, a função de professora foi desvalorizada salarialmente, uma vez em que asmulheres não precisam receber o mesmo que os homens. E os homens por sua vez, foram banidos deste local, sendo mal visto aqueles que os frequentasse. Esta visão distorcida ainda é vista e debatida pelos profissionais. ... o ambiente escolar ficou marcado como um ambiente feminino: ou porque acreditamos que nele se ocupam profissionais mulheres, ou porque comportamentos socialmente considerados femininos são mais valorizados na escola. (Lins; Machado; Escoura, 2016, p.22) A mudança dessa mentalidade já está sendo difundida na escola, em que as práticas educativas tem sido amplamente discutidas e revistas. As leis que disseminam pensamentos reflexivos tem procurado combater o preconceito e ganhado forças. Não bastarão leis, se não houver a transformação de mentalidades e práticas, daí o papel estruturante que adquirem as ações que promovam a discussão desses temas, motivem a reflexão individual e coletiva e contribuam para a superação e eliminação de qualquer tratamento preconceituoso. Ações educacionais no campo da formação de profissionais, como o curso Gênero e Diversidade na Escola, são fundamentais para ampliar a compreensão e fortalecer a ação de combate à discriminação e ao preconceito. (FREIRE; SANTOS; HADDAD, 2009, p. 9). A compreensão do debate de igualdade de gênero propicia ao entendimento de que a igualdade de direitos deve considerar as diferenças entre os sexos, mas não fazer destas diferenças um motivo para continuidade das desigualdades. Estes direitos têm sido defendidos e difundidos pela Constitição Federal: “ direitos de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania” (C.F, 1988, art.205, cap.III, Seção 1). Outro ponto a ser observado é que o contrário não deve existir: o sexo feminino não está acima do masculino. Ao defender a igualdade de gênero, não se despreza as diferenças existentes entre si, ou sobrepor uma a outra, mas entende-se que ambas possuem seus méritos e valores, devendo complementar-se. Contudo, é preciso lembrar que combater as hierarquias de gênero não significa apagar todas as diferenças. Igualdade entre as pessoas não é anular as nuances e as diferenças existentes elas, mas garantir que tais variações não sejam usadas para se estabelecer relações de poder, hierarquia, violências e injustiças. (Lins; Machado; Escoura, 2016, p.24) A revisão da tratativa de gênero tem sido realizada também dentro das faculdades, ao se ministrar cursos voltados a prática educativa. Ensinar esta visão aos que estão iniciando agora faz com sejam extintas práticas que são consideradas preconceituosas. Existem matérias, conteúdos que contemplam uma nova visão, desconstruindo o preconceito exercido tanto por parte da sociedade quanto dos docentes. Entretanto, longe de nos desestimular, a realidade nos encorajar a dar este importante passo, para que um dia seja possível afirmar que, assim como nosso país, a escola brasileira é uma escola de todos/as. Estamos certos/as de que incorporar o debate de Gênero e Diversidade na formação de professores/as que trabalham com crianças e jovens é o caminho mais consistente e promissor para um mundo sem intolerância, mais plural e democrático. Formar educadores/as é apenas o primeiro passo. (Freire;Santos; Haddad, 2009, p.10) Com relação aos professores que estão atuando dentro das salas de aula, tem sido ministrados cursos de curta duração e continuada, palestras a fim de que haja reflexão de suas práticas tanto educativas quanto de sua forma de pensar. Esta mudança de pensamento vai favorecer não apenas a aceitação do diferente, mas também para a valorização do profissional que lida com pessoas em formação de caráter. Precisamos, conforme @s autor@s acima, incutir o debate de gênero e diversidade, tanto na formação profissional como também na formação continuada d@s professor@s, para serem promotor@s da cultura de respeito e abonação de direitos, na equidade de gênero, étnico-racial, diversidade e promoção na educação da justiça e igualdade para tod@s. (SOUZA, GRAUPE, 2014, p. 6) A escola poderá possibilitar a desconstrução e re-construção de conceitos, padrões, competências, para que seja possível a formação de alun@s responsáveis, participativos, crític@s, livres de estereótipos, preconceitos, colaborando assim, para a construção de uma sociedade igualitária para todo@s. 1Usa-se o @ para contemplar linguisticamente o masculino e o feminino. CONSIDERAÇÕES FINAIS A tratativa e abordagem de diferença de gêneros tem sido muito discutido atualmente. Lados extremistas tem se levantado e um querendo sobrepor ao outro, mas se esquecendo que estão lidando com seres humanos que tem direito a ser tratados com igualdade. As práticas educativas tem sido revistas a fim de igualar o direito dos seres, embora seja compreendido que o ambiente escolar seja em sua maioria feminino. Entende-se que construir e descontruir conceitos levam anos e muitas vezes perpassam gerações. Quando nos deparamos com preconceitos históricos, percebemos as possibilidades e desafios, e temos apenas uma certeza: estamos engatinhando, porém evoluindo. Temos visto progresso nesta área, o que nos dá esperança na continuidade. REFERÊNCIAS Base Nacional Comum Curricular. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base . Acesso em: 26/10/2019. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Orientação Sexual. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/orientacao.pdf Acesso em 15 Maio 2016. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Barueri, SP: Manole, 2003. FREIRE, N.; SANTOS, E.; HADDAD,F. Construindo uma Política de Educação em Gênero e Diversidade. In Gênero e Diversidade na Escola: formação de professoras/es em gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais. Livro de conteúdo. Versão 2009, Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009. LINS, B. A.; MACHADO, B. F.; ESCOURA, M. Entre o azul e o cor-derosa: normas de gênero. In. ________ (Orgs.). Diferentes, não desiguais: a questão de gênero na escola. São Paulo: Editora Reviravolta, 2016. SOUZA, Lúcia Aulete Búrigo; GRAUPE, Mareli Eliane. Gênero e Políticas Públicas na Educação. In. Anais do III Simpósio Gênero e Políticas Públicas, Universidade Estadual de Londrina, 27 e 29 de maio de 2014. image2.png image3.png