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TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
De acordo com Barbosa Moreira, recurso é o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do 
mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial 
que se impugna. 
Vejamos cada aspecto deste conceito: 
 
1) “Remédio voluntário”: 
O recurso é uma manifestação de vontade. Ninguém é obrigado a recorrer, ainda que se depare 
com uma decisão que não lhe seja favorável. 
Então, para a doutrina majoritária, não tem natureza de recurso o reexame necessário, ou seja, 
o reexame obrigatório a que se sujeita algumas decisões contrárias à fazenda pública. 
 
2) “Dentro do mesmo processo”: 
O recurso é um mecanismo de impugnação das decisões judiciais que vai produzir os seus efeitos 
dentro do mesmo processo. 
No sistema processual brasileiro há 2 tipos de remédios destinados a impugnar decisões: os 
recursos e as ações autônomas de impugnação. 
A distinção entre eles está exatamente nesse ponto da definição, pois os recursos são incidentes 
processuais, surgem dentro de um mesmo processo instaurado, em que se proferiu a decisão 
impugnada. Já as ações autônomas de impugnação dão origem a outro processo, distinto 
daquele em que se proferiu a decisão impugnada (o grande exemplo é a ação rescisória). 
Pelo princípio da TAXATIVIDADE, são recursos aqueles mecanismos de impugnação das decisões 
judiciais que tenham recebido essa designação pela lei (artigo 994 do CPC). Só a lei pode atribuir 
a natureza de recurso a um remédio destinado a impugnar decisão judicial. Se a lei não atribuir 
essa natureza, aquilo não será recurso, mas sim ação autônoma de impugnação, fazendo nascer 
um processo novo. 
Esta distinção também é relevante do ponto de vista prático. Quando se está diante de um 
recurso, a parte contrária será intimada para contrarrazoar, enquanto em uma ação autônoma, 
a parte será citada para se manifestar. 
OBSERVAÇÃO: O recurso se manifesta sempre dentro do mesmo processo, mas não 
necessariamente dentro dos mesmos autos. Há casos em que o recurso exige uma autuação 
própria, ou seja, a formação de novos autos distintos dos autos principais, como o agravo de 
instrumento. O processo é o mesmo, o que se forma é um novo volume para a documentação 
de alguns atos processuais. 
 
 
 
3) “a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que se 
impugna” 
Todo recurso tem uma finalidade. Quem recorre tem uma pretensão de obter algo no tribunal, 
e essa pretensão só pode ser uma dessas quatro: reforma, invalidação, esclarecimento ou 
integração de uma decisão judicial. 
É preciso saber quando se vai deduzir cada uma dessas pretensões, a depender do tipo de vício 
que macula a decisão judicial recorrida. Nesse sentido, a doutrina elenca a seguinte relação: 
 
“Error in iudicando” → Reforma 
“Error in procedendo” → Invalidação 
Obscuridade ou contradição → Esclarecimento 
Omissão → Integração 
 
Quando o fundamento do recurso é a existência de um “error in iudicando”, ou seja, um erro de 
julgamento, o pedido a se formular é a reforma da decisão. Em outras palavras, o motivo pelo 
qual se recorre é a existência de uma decisão errada, que avaliou incorretamente os 
pressupostos fáticos e os fundamentos jurídicos. Impugna-se a conclusão, o dispositivo da 
decisão (Ex: o juiz julga procedente quando deveria ter julgado improcedente, o juiz indeferiu 
uma prova que deveria ter deferido), pedindo a reforma daquele desfecho. O erro de 
julgamento não é necessariamente um erro no julgamento do mérito, pode ser um erro em 
qualquer questão (Ex: apreciação das condições da ação, valor da causa, apreciação de uma 
prova). 
Quando o fundamento é o “error in procedendo”, o que há é um vício de atividade, de 
procedimento, e se pedirá ao tribunal para que anule a decisão. O que se pede é que o tribunal 
diga que aquela decisão não valeu, que ela foi produzida de modo viciado (Ex: decisão sem 
fundamentação, decisão proferida por juiz incompetente). Não se busca a reforma, mas sim a 
invalidação. Não se discute a conclusão ou o desfecho da decisão, mas sim o modo como ela foi 
produzida. Pleiteia-se a invalidação da decisão e o proferimento de outra. Um importante 
exemplo trazido pelo NCPC é a nulidade por falta de fundamentação da decisão. 
 
Art. 489, § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua 
relação com a causa ou a questão decidida; 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua 
incidência no caso; 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta 
àqueles fundamentos; 
 
 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela 
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação 
do entendimento. 
 
Quando o fundamento é obscuridade ou contradição, vai se pedir o esclarecimento da decisão. 
Há casos em que a decisão judicial é obscura, lhe falta clareza, de modo que é preciso pedir, 
através de um recurso, que se esclareça essa decisão. Essa obscuridade pode se dar por razões 
múltiplas, seja na compreensão do texto, seja até por uma falha na impressão. O texto também 
pode ser contraditório, por ter postulados incompatíveis; há uma contradição interna na decisão 
judicial. Sempre que se postula o esclarecimento de uma decisão o recurso cabível são os 
Embargos de Declaração, seja qual for o tipo de decisão (interlocutória, sentença etc). 
Quando o fundamento é a omissão, o pedido será a integração dessa decisão (Ex: o juiz se omite 
a respeito dos honorários). Para pedir essa integração o recurso cabível também são os 
Embargos de Declaração. Os embargos, portanto, servem tanto para esclarecimentos quanto 
para integração da decisão. 
 
4) “da decisão judicial que se impugna” 
Recurso é um mecanismo destinado a impugnar decisão judicial. Só cabe recurso contra ato 
judicial que tenha conteúdo decisório. 
Portanto, é preciso identificar quais são os atos recorríveis. Vejamos: 
 
➔ Em primeiro lugar, não cabe recurso contra atos que não provenham do juiz. 
Ex: atos praticados por auxiliares do juízo, independentemente de despacho, como juntada e 
vista obrigatória (a exemplo dos atos previstos no art. 203, §4º). 
Art. 203, § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem 
de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. 
Se houver um erro por parte do escrivão (Ex: era pra ter me dado vista e não me deram) a parte 
até pode requerer a sua revisão, mas tal requerimento não terá natureza de recurso. 
 
➔ O ato também precisa ter conteúdo decisório. 
Nesse sentido, o art. 1001 do NCPC prevê a irrecorribilidade dos despachos. Embora se trate de 
um pronunciamento do juiz, o despacho não tem conteúdo decisório, de modo que não pode 
ser impugnado por recurso. 
Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. 
Se o juiz der um despacho errado, a parte pode requerer uma correção do despacho, mas tal 
impugnação não terá natureza de recurso. 
 
 
OBSERVAÇÃO: Doutrina minoritária entende que seria possível a oposição de 
embargos de declaração contra despachos, a fim de melhor esclarecê-los, a 
depender da situação. 
 
Sobre o tema, mencione-se que, recentemente, o STJ decidiu que “Despacho” que, na fase de 
cumprimento de sentença, intima o advogado para que o devedor cumpra obrigação de fazer, 
sob pena de multa, possui aptidão para gerar prejuízo à parte e, portanto, pode ser impugnado 
por meio de recurso.NO ATO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO. MODULAÇÃO DOS EFEITOS 
DA DECISÃO. NECESSIDADE. SEGURANÇA JURÍDICA. PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. 
 
1. O novo Código de Processo Civil inovou ao estabelecer, de forma expressa, no § 6º 
do art. 1.003 que "o recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de 
interposição do recurso". A interpretação sistemática do CPC/2015, notadamente do 
§ 3º do art. 1.029 e do § 2º do art. 1.036, conduz à conclusão de que o novo diploma 
atribuiu à intempestividade o epíteto de vício grave, não havendo se falar, portanto, 
em possibilidade de saná-lo por meio da incidência do disposto no parágrafo único do 
art. 932 do mesmo Código. 
 
2. Assim, sob a vigência do CPC/2015, é necessária a comprovação nos autos de feriado 
local por meio de documento idôneo no ato de interposição do recurso. 
 
3. Não se pode ignorar, todavia, o elastecido período em que vigorou, no âmbito do 
Supremo Tribunal Federal e desta Corte Superior, o entendimento de que seria possível 
a comprovação posterior do feriado local, de modo que não parece razoável alterar-se a 
jurisprudência já consolidada deste Superior Tribunal, sem se atentar para a necessidade 
de garantir a segurança das relações jurídicas e as expectativas legítimas dos 
jurisdicionados. 
 
4. É bem de ver que há a possibilidade de modulação dos efeitos das decisões em casos 
excepcionais, como instrumento vocacionado, eminentemente, a garantir a segurança 
indispensável das relações jurídicas, sejam materiais, sejam processuais. 
 
5. Destarte, é necessário e razoável, ante o amplo debate sobre o tema instalado nesta 
Corte Especial e considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da 
confiança, da isonomia e da primazia da decisão de mérito, que sejam modulados os 
efeitos da presente decisão, de modo que seja aplicada, tão somente, aos recursos 
interpostos após a publicação do acórdão respectivo, a teor do § 3º do art. 927 do 
CPC/2015. 
 
 
 
6. No caso concreto, compulsando os autos, observa-se que, conforme documentação 
colacionada à fl. 918, os recorrentes, no âmbito do agravo interno, comprovaram a 
ocorrência de feriado local no dia 27/2/2017, segunda-feira de carnaval, motivo pelo 
qual, tendo o prazo recursal se iniciado em 15/2/2017 (quarta-feira), o recurso especial 
interposto em 9/3/2017 (quinta-feira) deve ser considerado tempestivo. 
 
7. Recurso especial conhecido." (g.n.) 
 
(REsp 1813684/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE 
SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/10/2019, DJe 18/11/2019) 
 
Entretanto, a novela ainda permanece, pois em 2020 foi acolhida questão de ordem para 
determinar que tal entendimento se aplicaria tão somente ao feriado da segunda-feira de 
carnaval (feriado local). 
 
"A Corte Especial, por maioria, rejeitou a preliminar suscitada pelo Sr. Ministro Luis Felipe 
Salomão de não cabimento da questão de ordem e, ainda, por maioria, acolheu a 
questão de ordem para reconhecer que a tese firmada por ocasião do julgamento do 
REsp 1.813.684/SP é restrita ao feriado de segunda-feira de carnaval e não se aplica 
aos demais feriados, inclusive aos feriados locais, nos termos do voto da Sra. Ministra 
Relatora." 
 
Com isso, a modulação só abrangeria os recursos que versassem sobre o feriado da segunda-
feira de carnaval, de modo que todos os outros recursos abrangendo outro feriado local 
poderiam voltar a ser eliminados, com efeitos ex tunc. 
 
Portanto, essa novela está longe de se encerrar, eis que agora a Corte Especial do STJ será 
instada a se manifestar se a modulação poderia ocorrer sobre cada um dos inúmeros feriados 
locais, eis que a fundamentação para a modulação para o feriado na segunda-feira de carnaval 
é o mesmo para a modulação quanto ao feriado de Corpus Christi, ao feriado do Dia do Servidor 
Público e a todo e qualquer feriado local.10 
 
 
A doença do advogado da parte pode ser invocada como justa causa para a devolução do 
prazo recursal? 
O STJ entende que SIM, desde que seja o único patrono constituído pela parte ou quando a 
doença lhe cause total impossibilidade de exercer a profissão ou de substabelecer a outro 
advogado. 
 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. PERDA DE 
PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE APELAÇÃO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. 
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 
1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que a justa causa que devolve 
prazo a advogado que alega motivo de doença só se caracteriza quando este se encontra 
totalmente impossibilitado de exercer a profissão ou substabelecer a outro advogado, 
ou quando for o único procurador constituído pela parte. 
2. No caso, o v. acórdão recorrido entendeu que a indisposição alegada pelo advogado, 
e nem sequer provada nos autos, não constitui causa de força maior a justificar justa 
causa para devolução de prazo recursal. Incidência do óbice da Súmula 7/STJ. 
 
10 https://www.migalhas.com.br/coluna/cpc-na-pratica/319922/a-novela-sobre-a-comprovacao-do-feriado-local-e-
o-seu-novo-capitulo-em-2020 
https://www.migalhas.com.br/coluna/cpc-na-pratica/319922/a-novela-sobre-a-comprovacao-do-feriado-local-e-o-seu-novo-capitulo-em-2020
https://www.migalhas.com.br/coluna/cpc-na-pratica/319922/a-novela-sobre-a-comprovacao-do-feriado-local-e-o-seu-novo-capitulo-em-2020
 
 
3. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no AREsp 813.405/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 
17/05/2016, DJe 02/06/2016) 
 
 
3) Regularidade Formal: 
 
É a observância dos requisitos formais do recurso (Ex: art. 1010 do NCPC -> traz exigências que 
a apelação precisa cumprir em sua estrutura; Ex²: agravo de instrumento: a formação do 
instrumento com cópias é uma exigência de regularidade formal). 
 
 
JUÍZO UNO DE ADMISSIBILIDADE: 
Com exceção do RE e do RESP, que foram excluídos dessa novidade pela Lei 13.256/16 (v. art. 
1.030), e, claro, dos ED (que sempre foram direcionados ao mesmo juiz prolator da decisão), os 
recursos agora têm sua admissibilidade analisada diretamente pelo órgão competente para 
julgá-los, isto é, pelo tribunal. Não mais existe o juízo bipartido de admissibilidade, em que o 
juízo recorrido analisava os pressupostos e, se admitido o recurso, o tribunal o recebia e 
reanalisava a admissibilidade do recurso. 
➔ Atenção: O juízo competente para admitir (e julgar) o recurso não se confunde com o 
juízo destinatário, com o endereçamento do recurso. Tomando como exemplo a 
Apelação, deve esta ser interposta no juízo a quo por petição, acompanhada das 
respectivas razões, sendo a petição endereçada ao juiz da causa, e não ao Tribunal. As 
razões, no entanto, são dirigidas ao Tribunal, pois competirá a ele examiná-las. Vide art. 
1010, caput, §§1º, 3º. 
➔ O juízo uno de admissibilidade também se aplica ao recurso ordinário constitucional. 
Assim, se o tribunal local fizer o juízo de admissibilidade, estará usurpando a 
competência do STJ, sendo cabível reclamação (STJ, Rcl 35958). 
RECLAMAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA. 1. CABIMENTO. PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO STJ. 2. JUÍZO DE 
ADMISSIBILIDADE. TRIBUNAL DE ORIGEM. INCOMPETÊNCIA. 3. RECLAMAÇÃO 
PROCEDENTE. 1. A reclamação é via própria para preservar a competência do Superior 
Tribunal de Justiça. 2. O recurso ordinário, consectário direto do duplo grau de 
jurisdição, tem a mesma natureza jurídica do recurso de apelação, razão pela qual a 
ele se aplicava, analogicamente, o procedimento de julgamento da apelação, previsto 
no CPC/1973. 3. O atual sistema processual, além de alterar o processamento dos 
recursos de apelação, passou a dispor expressamente da sistemática aplicável ao 
recebimento e processamento dos recurso ordinários. 4. Diante da determinação legal 
de imediata remessa dos autos do recurso ordinário ao Tribunal Superior, 
independentemente de juízo prévio de admissibilidade, a negativa de seguimento ao 
recurso pelo Tribunal a quo configura indevida invasão na esfera de competênciado 
STJ, atacável, portanto, pela via da reclamação constitucional. 5. Reclamação 
procedente. 
➔ A decisão que inadmite o recurso tem natureza declaratória, mas com efeitos “ex 
nunc”. Não se declara a inadmissibilidade do recurso desde a origem, pois preservam-
se os efeitos do recurso inadmitido até a sua inadmissão. Se não fosse assim, a decisão 
 
 
recorrida teria transitado em julgado lá atrás, o que poderia influir no prazo da ação 
rescisória. 
Exceção: recurso intempestivo: neste caso, os efeitos produzidos pelo recurso 
inadmitido ficam afastados por força da preclusão temporal ocorrida lá atrás. 
Então, entender que o efeito seria “ex nunc” seria conferir efeito a um recurso 
que já estava precluso. 
 
RECURSO ADESIVO: 
Não é uma espécie de recurso, mas sim uma forma de interposição, que será possível nos casos 
de sucumbência recíproca (quando vencidos autor e réu). 
Se uma das partes recorrer, a outra pode interpor o seu recurso de forma adesiva. Tal recurso 
ficará subordinado ao recurso da outra parte, não sendo considerado um recurso autônomo. 
Por isso, o recurso adesivo deve preencher todos os requisitos de admissibilidade do recurso 
principal (Ex: forma, motivação, preparo) e não será conhecido se houver desistência do recurso 
principal ou se este for declarado inadmissível ou deserto. 
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com 
observância das exigências legais. 
 
§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir 
o outro. 
 
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis 
as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no 
tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: 
 
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo 
de que a parte dispõe para responder; 
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; 
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele 
considerado inadmissível. 
O recurso adesivo deve ser feito no prazo das contrarrazões e ser dirigido ao órgão perante o 
qual o recurso independente fora interposto. 
Por fim, destaque-se que só se admite a forma adesiva na Apelação, no Recurso Extraordinário 
e no Recurso Especial. 
Destaque para o feito a seguir ementado, onde o STJ manifestou seu entendimento do sentido 
de caber recurso adesivo, inclusive, na hipótese de sucumbência material, para majorar a 
quantia indenizatória decorrente de dano moral postulada pelo autor da demanda que não foi 
integralmente concedida na sentença. 
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO 
POR DANO MORAL MOVIDA CONTRA O AUTOR DE INJUSTA AGRESSÃO FÍSICA 
OCORRIDA EM BOATE - ACÓRDÃO ESTADUAL DANDO PROVIMENTO À APELAÇÃO 
 
 
ADESIVA DO AUTOR, A FIM DE MAJORAR A QUANTIA INDENIZATÓRIA FIXADA NA 
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DO RÉU. 
Hipótese em que julgada procedente a pretensão indenizatória deduzida pela vítima 
contra o autor de agressão física ocorrida em casa de diversões noturna, fixado o 
valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) a título de indenização por danos morais 
(quantia inferior à pleiteada na inicial). 
Apelação da parte ré, na qual alega não configurado o dano moral e, 
subsidiariamente, pugna pela redução do quantum indenizatório arbitrado na 
sentença. Recurso adesivo interposto pelo autor, voltado à majoração da 
retrocitada quantia. 
Tribunal estadual que não provê o recurso do réu e acolhe parcialmente a 
insurgência adesiva, de modo a majorar a indenização para R$ 18.000,00 (dezoito 
mil reais). 
1. Para fins do artigo 543-C do CPC: O recurso adesivo pode ser interposto pelo 
autor da demanda indenizatória, julgada procedente, quando arbitrado, a título de 
danos morais, valor inferior ao que era almejado, uma vez configurado o interesse 
recursal do demandante em ver majorada a condenação, hipótese caracterizadora 
de sucumbência material. 
2. Ausência de conflito com a Súmula 326/STJ, a qual se adstringe à sucumbência 
ensejadora da responsabilidade pelo pagamento das despesas processuais e 
honorários advocatícios. 
3. Questão remanescente: Pedido de redução do valor fixado a título de indenização 
por danos morais. Consoante cediço no STJ, o quantum indenizatório, estabelecido 
pelas instâncias ordinárias para reparação do dano moral, pode ser revisto tão-
somente nas hipóteses em que a condenação se revelar irrisória ou exorbitante, 
distanciando-se dos padrões de razoabilidade, o que não se evidencia no presente 
caso, no qual arbitrado o valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), em razão da 
injusta agressão física sofrida pelo autor em casa de diversões noturna. Aplicação da 
Súmula 7/STJ. 
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, desprovido. Acórdão 
submetido ao rito do artigo 543-C do CPC e da Resolução STJ 8/2008. 
(REsp 1102479/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, CORTE ESPECIAL, julgado em 
04/03/2015, DJe 25/05/2015) 
 
 
Questões Objetivas 
 
1. (FGV - 2019 - DPE-RJ - Técnico Médio de Defensoria Pública) No tocante aos recursos, é 
correto afirmar que: 
(A) visam à invalidação, reforma, esclarecimento ou integração do pronunciamento jurisdicional 
impugnado; 
(B) a sua interposição rende ensejo à instauração de um novo processo; 
(C) são interponíveis pelas partes e por terceiros prejudicados, mas não pelo Parquet como fiscal 
da ordem jurídica; 
(D) devem ser interpostos, como regra geral, no prazo de vinte dias; 
(E) a sua desistência, pelo recorrente, só é eficaz caso haja a concordância do recorrido. 
 
 
GABARITO: A 
 
 
 
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado 
e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. 
 
Art. 1.003, § 5° Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os 
recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. 
 
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos 
litisconsortes, desistir do recurso. 
 
 
2. (CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) A respeito da função jurisdicional, dos sujeitos do 
processo, dos atos processuais e da preclusão, julgue o item seguinte. 
 
Ocorrerá a preclusão lógica do recurso para a parte que aceitar, ainda que tacitamente, sentença 
que lhe foi desfavorável. 
 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
GABARITO: CERTO 
 
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá 
recorrer. 
 
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de 
ato incompatível com a vontade de recorrer. 
 
Exemplos de aquiescência são: o pagamento da condenação, o levantamento de valores 
depositados na ação consignatória, apresentação das contas exigidas na ação de prestação de 
contas, desocupação do imóvel e entrega das chaves na ação de despejo, a realização de 
transação. 
 
(Fonte: Daniel Assumpção) 
 
 
 
3. (FCC – 2018 – DPE-AM – Defensor Público) Considere as seguintes situações abaixo, 
retratando decisões havidas em três processos diferentes: 
I. Antes da citação do demandando, o juiz julga liminarmente improcedente o único pedido feito 
pelo autor, em razão de contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça. 
II. Após a apresentação de contestação, o juiz julga parcialmente o mérito, para o fim de acolher 
um dos pedidos feitos pelo autor em razão de sua incontrovérsia. 
III. O juiz não acolhe a contradita de uma testemunha arrolada pela parte adversa, toma o 
compromisso e colhe o depoimento da testemunha. 
 
 
IV. O juiz decide antecipadamente o mérito, julgando parcialmente procedente o único pedido 
feito pelo autor, concedendo a pretensão em menor medida daquela postulada na inicial. 
 
Considere as sistemáticas recursais abaixo: 
 
1. Não há recorribilidade imediata, devendo a questão ser objeto de preliminarde apelação. 
2. Cabe apelação, com a possibilidade de juízo de retratação. 
3. Cabe apelação, sem a possibilidade de juízo de retratação. 
4. Cabe agravo de instrumento. 
 
A correta correspondência entre as decisões e o sistema recursal aplicável está APENAS em 
 
(A) I-2; II-4; III-1; IV-3. 
(B) I-3; II-4; III-1; IV-2. 
(C) I-2; II-1; III-4; IV-3. 
(D) I-4; II-4; III-1; IV-4. 
(E) I-2; II-3; III-4; IV-4. 
 
GABARITO: A. 
Afirmativa I) Correspondência com o item 2. 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente 
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de 
Justiça; 
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. 
Afirmativa II) Correspondência com o item 4. 
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos 
formulados ou parcela deles: 
I - mostrar-se incontroverso; 
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 . 
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de 
instrumento. 
Afirmativa III) Correspondência com o item 1. 
Não sendo a hipótese trazida pela afirmativa impugnável por agravo de instrumento (art. 1.015, 
CPC/15), somente poderá ser rediscutida em sede de apelação. 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito 
não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art355
 
 
ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a 
decisão final, ou nas contrarrazões. 
 
Afirmativa IV) Correspondência com o item 3. 
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com 
resolução de mérito, quando: 
I - não houver necessidade de produção de outras provas; 
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento 
de prova, na forma do art. 349 . 
 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação 
 
 
4. (DPE-RJ 2º CONCURSO PARA RESIDÊNCIA JURÍDICA 2018) Qual o recurso cabível em face da 
decisão que desacolhe a impugnação ao cumprimento de sentença? 
a) Apelação; 
b) Agravo de Instrumento; 
c) Agravo retido; 
d) Apelação ou Agravo de Instrumento, uma vez que, pelo princípio da fungibilidade, qualquer 
dos dois poderá ser utilizado. 
 
GABARITO: B 
Art. 1.015, parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra 
decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de 
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. 
 
5. (DPE-RJ 1º CONCURSO PARA RESIDÊNCIA JURÍDICA 2016) No que tange aos juizados 
especiais cíveis, assinale a afirmação correta: 
a) O recurso cabível contra decisões interlocutórias é o agravo de instrumento. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art344
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art349
 
 
b) A ausência injustificada da parte autora na audiência de conciliação não implica a extinção 
do processo sem resolução do mérito, desde que representada por advogado ou defensor 
público. 
c) Para a interposição do recurso inominado é necessário comprovar o recolhimento de custas 
nas 48 horas seguintes a sua interposição ou, se a parte for hipossuficiente, requerer a 
gratuidade de justiça. 
d) Nas causas cujo valor for superior a 20 salários mínimos, a parte poderá comparecer sem 
advogado/defensor público. 
 
GABARITO: C 
Lei 9099, art. 42 O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da 
ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do 
recorrente. 
§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito 
horas seguintes à interposição, sob pena de deserção. 
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta 
escrita no prazo de dez dias. 
 
6. (FGV – DPE-RJ 2019 Técnico Superior Jurídico) No que concerne à apelação, é correto 
afirmar que: 
(A) é o recurso cabível para impugnar sentenças e decisões interlocutórias de mérito; 
(B) caso não se observe pelo menos um de seus requisitos de admissibilidade, o juízo a quo 
poderá deixar de recebê-la; 
(C) em regra, é espécie recursal desprovida de efeito suspensivo; 
(D) é insuscetível de interposição na modalidade adesiva, caso haja sucumbência recíproca; 
(E) inserem-se no seu efeito devolutivo todos os fundamentos do pedido, ainda que o juiz 
tenha acolhido apenas um deles. 
 
GABARITO: E 
Artigo 1.013, §2º, do CPC: Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um 
fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o 
conhecimento dos demais. 
 
 
 
7. (FCC - DPE-RS 2018 – Defensor Público) Sobre os recursos no Código de Processo Civil, é 
correto afirmar: 
(A) Se os recursos de agravo de instrumento e apelação houverem de ser julgados na mesma 
sessão, será declarada a perda do objeto do recurso de agravo de instrumento. 
(B) Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em 
sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, em número suficiente para garantir 
a possibilidade de inversão do resultado inicial, aplicando-se a mesma regra ao julgamento não 
unânime proferido em agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar 
parcialmente o mérito. 
(C) Os embargos de declaração possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a 
interposição de recurso. 
(D) O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local, se intimado pelo relator para tanto. 
(E) A parte recorrente pode desistir unilateralmente do recurso, mas essa desistência não afeta 
a apreciação de eventual recurso adesivo da contraparte, nem impede a análise de questão cuja 
repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos 
especiais ou extraordinários repetitivos. 
 
GABARITO: B 
Trata-se do que a doutrina denomina de técnica de julgamento ampliativa. 
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá 
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que 
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em 
número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, 
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas 
razões perante os novos julgadores. 
§ 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, 
colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão 
colegiado. 
§ 2º Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do 
prosseguimento do julgamento. 
§ 3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao 
julgamento não unânime proferido em: 
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse 
caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no 
regimento interno; 
 
 
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar 
parcialmente o mérito. 
§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: 
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas 
repetitivas; 
II - da remessa necessária; 
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial. 
 
 
8. (CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) Será considerado intempestivo o recurso de 
apelação interposto antes da publicação da sentença. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
GABARITO: ERRADO 
Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. 
(...) 
§ 4.º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.Confira-se: 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPLEMENTAÇÃO DE BENEFÍCIO DE PREVIDÊNCIA 
PRIVADA. VIOLAÇÃO DE SÚMULA. NÃO CABIMENTO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO 
JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. INTIMAÇÃO DO EXECUTADO. CUMPRIMENTO DE 
SENTENÇA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. PRONUNCIAMENTO JUDICIAL APTO A CAUSAR 
PREJUÍZO. RECURSO CABÍVEL. JULGAMENTO: CPC/15. 
1. Ação de complementação de benefício de previdência privada ajuizada em 2007, da 
qual foi extraído o presente recurso especial, interposto em 06/07/2016 e atribuído ao 
gabinete em 06/03/2017. 
2. O propósito recursal é dizer sobre a negativa de prestação jurisdicional bem como 
sobre a recorribilidade do pronunciamento judicial que, na fase de cumprimento de 
sentença, determina a intimação do executado, na pessoa do advogado, para cumprir 
obrigação de fazer sob pena de multa. 
3. Não cabe recurso especial para impugnar eventual violação de súmula, porquanto não 
se enquadra no conceito de lei federal, disposto no art. 105, III, "a" da CF/88. 
4. A mera referência à existência de omissão, sem demonstrar, concretamente, o ponto 
omitido, sobre o qual deveria ter se pronunciado o Tribunal de origem, e sem evidenciar 
a efetiva relevância da questão para a resolução da controvérsia, não é apta a anulação 
do acórdão por negativa de prestação jurisdicional. 
5. A Corte Especial consignou que a irrecorribilidade de um pronunciamento judicial 
advém, não só da circunstância de se tratar, formalmente, de despacho, mas também 
do fato de que seu conteúdo não é apto a causar gravame às partes. 
6. Hipótese em que se verifica que o comando dirigido à recorrente é apto a lhe causar 
prejuízo, em face da inobservância da necessidade de intimação pessoal da devedora 
para a incidência de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer. 
7. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, parcialmente provido. 
(REsp 1758800/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
18/02/2020, DJe 21/02/2020) 
 
E quais são os atos recorríveis? 
Em 1ª instância temos: 
- Decisões interlocutórias 
- Sentenças 
 
Já na 2ª instância, temos: 
 
 
- Decisões monocráticas (proferidas pelo relator singularmente) 
- Acórdãos (pronunciamentos colegiados) 
 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e 
despachos. 
 
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o 
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase 
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 
§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se 
enquadre no § 1o. 
 
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. 
 
No entanto, não é contra qualquer pronunciamento destes que cabe recurso. Existem, no direito 
processual civil brasileiro, alguns pronunciamentos decisórios contra os quais não cabe recurso. 
 
Por exemplo, há decisões interlocutórias que são irrecorríveis, como as proferidas nos juizados 
especiais cíveis, nos quais não há agravo. 
 
O NCPC ainda nos traz mais alguns exemplos de decisões irrecorríveis: 
 
- O art. 138 prevê que a decisão sobre a admissão do amicus curiae é irrecorrível. 
- O art. 1007, §6º prevê que a decisão que releva a pena de deserção por falta ou insuficiência 
de preparo é irrecorrível. 
- Os arts. 1031, §2º e 3º também preveem decisões irrecorríveis quando há relação de 
prejudicialidade entre os recursos especial e extraordinário. 
- A decisão do STF que entende que a questão objeto de recurso extraordinário não possui 
repercussão geral também é irrecorrível, nos termos do art. 1035. 
 
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto 
da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou 
a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação 
de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, 
no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. 
 
Art. 1007, § 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, 
por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. 
 
Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, os 
autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. 
§ 1o Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal 
Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado. 
§ 2o Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão 
irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal. 
§ 3o Na hipótese do § 2o, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar 
a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do recurso 
especial. 
 
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso 
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos 
termos deste artigo. 
 
Há também sentenças que são irrecorríveis. 
Nos juizados especiais cíveis estaduais (L9099), por exemplo, é irrecorrível a sentença que 
homologa a transação. 
 
 
 
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso 
para o próprio Juizado. 
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante 
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. 
 
Há também alguns acórdãos que são irrecorríveis, como os acórdãos proferidos pelo STF nas 
ações diretas de inconstitucionalidade ou de uma ADC ou ADPF, por expressa previsão legal. 
 
 
OBSERVAÇÃO: Sempre que se diz que uma decisão judicial é irrecorrível, é preciso fazer uma 
ressalva. Mesmo nestes pronunciamentos, pode aparecer algum tipo de vício, como 
obscuridade, contradição ou omissão. Assim, mesmo quando se afirme expressamente a 
irrecorribilidade, fica ressalvado o cabimento dos embargos de declaração. Ademais, a 
jurisprudência do STJ e do STF também admite, em algumas hipóteses, o cabimento de 
MANDADO DE SEGURANÇA contra algumas decisões irrecorríveis. 
 
 
Não obstante, a jurisprudência do STF já assentou o entendimento de que, nos juizados 
especiais cíveis, não cabe mandado de segurança para atacar decisões interlocutórias. 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSO CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. MANDADO 
DE SEGURANÇA. CABIMENTO. DECISÃO LIMINAR NOS JUIZADOS ESPECIAIS. LEI N. 9.099/95. ART. 
5º, LV DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA 
DE VIOLAÇÃO. 1. Não cabe mandado de segurança das decisões interlocutórias exaradas em 
processos submetidos ao rito da Lei n. 9.099/95. 2. A Lei n. 9.099/95 está voltada à promoção de 
celeridade no processamento e julgamento de causas cíveis de complexidade menor. Daí ter 
consagrado a regra da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, inarredável. 3. Não cabe, nos 
casos por ela abrangidos, aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, sob a forma do agravo 
de instrumento, ou o uso do instituto do mandado de segurança. 4. Não há afronta ao princípio 
constitucional da ampla defesa (art. 5º, LV da CB), vez que decisões interlocutórias podem ser 
impugnadas quando da interposição de recurso inominado. Recurso extraordinário a que se nega 
provimento. 
 
 
Mas CUIDADO! Nos juizados especiais FEDERAIS, a matéria recebe um tratamento diferente. Ao 
contrário do que prevê Lei 9.099/95, a Lei 10.259/01 traz expressamente a possibilidade de 
recurso de determinadas decisões interlocutórias: 
 
“Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido recurso de sentença definitiva.” 
 
“Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes,deferir medidas cautelares no curso 
do processo, para evitar dano de difícil reparação.” 
 
Dessa forma, tem se admitido o cabimento de agravo de instrumento nos juizados especiais 
FEDERAIS, para impugnar decisões interlocutórias que versem sobre medidas cautelares. 
 
OBSERVAÇÃO: Nos juizados especiais da fazenda pública os arts. 3º e 4º trazem previsão 
semelhante. Desta forma, também só cabe Agravo de Instrumento contra decisão que concede 
medida cautelar e antecipatória no curso do processo. 
 
 
Art. 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer 
providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil 
ou de incerta reparação. 
Art. 4o Exceto nos casos do art. 3o, somente será admitido recurso contra a sentença. 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRIMEIRA TURMA RECURSAL DA FAZENDA PÚBLICA. 
RECURSO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. RECURSO INADMISSÍVEL. A lei dos 
Juizados Especiais da Fazenda Pública nº 12.153/2009, somente admite recurso 
contra decisão que concede medida cautelar e antecipatória no curso do processo, 
para evitar dano de difícil ou incerta reparação, bem como a possibilidade de 
interposição de recurso inominado contra a sentença. Inadmissível, assim, Agravo de 
Instrumento contra decisão interlocutória. NEGADO SEGUIMENTO AO RECURSO. 
(Agravo de Instrumento Nº 71005906417, Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas 
Recursais, Relator: Thais Coutinho de Oliveira, Julgado em 18/01/2016). 
 
Juizados Especiais Cíveis Não cabe recurso imediato contra as decisões 
interlocutórias 
Juizados Especiais Federais Cabe agravo de instrumento contra decisões 
interlocutórias que versem sobre medidas cautelares 
Juizados Especiais da Fazenda 
Pública 
Cabe agravo de instrumento contra decisões 
interlocutórias que versem sobre medidas cautelares 
 
Feita esta introdução sobre o conceito de recurso e os atos recorríveis, vejamos agora alguns 
tópicos mais importantes sobre o tema, com destaque para as novidades trazidas pelo CPC15: 
 
PRINCÍPIOS: 
1) Princípio da taxatividade 
Conforme já vimos, só será recurso aqueles instrumentos de impugnação de decisão judicial que 
estejam previstos em lei. O art. 994 traz o rol de recursos cabíveis: 
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: 
 
I - apelação; 
II - agravo de instrumento; 
III - agravo interno; 
IV - embargos de declaração; 
V - recurso ordinário; 
VI - recurso especial; 
VII - recurso extraordinário; 
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; 
IX - embargos de divergência. 
 
 
 
Contudo, alerte-se para o fato de que pode existir uma outra espécie de recurso prevista em 
legislação extravagante. Desde que haja previsão legal, não há problema. Um exemplo são os 
embargos infringentes de alçada, previstos na Lei de Execução Fiscais: 
Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou 
inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se 
admitirão embargos infringentes e de declaração. 
Ademais, alerte-se para o fato de que, por força do princípio do princípio da taxatividade, não 
será possível que as partes criem uma nova espécie recursal através de negócio jurídico 
processual. Sobre o tema, confira-se: 
“O princípio da taxatividade impede que as partes, ainda que de comum acordo, criem 
recursos não previstos pelo ordenamento processual. Mesmo com a permissão de um 
acordo procedimental previsto no art. 190 do Novo CPC não é possível que tal acordo 
tenha como objeto a criação de um recurso não presente no rol legal” (NEVES. Daniel 
Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 9. ed. São Paulo: JusPodivm, 
2017. p. 1584). 
 
2) Princípio da voluntariedade: 
Conforme já estudamos no conceito de recurso, este princípio diz respeito ao elemento volitivo, 
ou seja, à vontade da parte em recorrer, expressa na interposição do recurso correspondente à 
situação jurídica dos autos. É um dos pontos que diferencia, como vimos, o recurso da remessa 
necessária. 
 
3) Princípio do duplo grau de jurisdição: 
As decisões judiciais devem ser passíveis de um novo exame. É o que justifica os recursos. 
Esse princípio, contudo, está sujeito a críticas, tanto quanto à sua existência quanto à sua própria 
denominação. 
Autores como Barbosa Moreira reputam que essa denominação é equivocada. Nem sempre a 
revisão da decisão se dá por órgão que integra outro grau de jurisdição. O correto, então, seria 
falar em “duplo exame” das decisões, e não em “duplo grau”. Exemplo: juizados especiais (o 
recurso inominado é dirigido à turma recursal, que é composta por juízes, e não por 
desembargadores). 
Há divergências também quanto à própria existência desse princípio. De um lado, há quem 
defenda que o duplo grau seria um princípio constitucional do processo (Nelson Nery Jr), por 
conta da previsão constitucional dos recursos ordinários (art. 102, II, para o STF, e art. 105, II, 
para o STJ). O recurso ordinário é um recurso em que o recorrente pode alegar qualquer matéria 
de seu interesse, se o recurso for cabível (Exemplo: recurso ordinário das decisões denegatórias 
de mandado de segurança de competência originária dos tribunais locais). 
Por outro lado, autores como Marinoni entendem que o duplo grau de jurisdição iria contra à 
garantia da tempestividade da tutela jurisdicional e contra o acesso à justiça, pois a tutela 
intempestiva não é justa, não resolve. 
 
 
O STF reconhece que, no processo penal, o duplo grau é direito fundamental, com base no Pacto 
de San José da Costa Rica. Para o processo civil, contudo, não há julgado entendendo que seria 
uma garantia fundamental do processo. 
Parece então que, no processo civil, o duplo grau será uma opção legislativa: é o legislador quem 
irá escolher os recursos cabíveis. 
 
4) Princípio da fungibilidade: 
Se verifica quando o recurso descabido puder ser recebido como o recurso efetivamente cabível. 
Está ligado à instrumentalidade das formas processuais e permite que tenhamos a admissão de 
um recurso que não era o cabível. 
Era previsto no CPC de 1939, mas não veio expresso no CPC73, nada obstante a jurisprudência 
do STJ o tenha acolhido em diversas situações. No CPC de 2015, temos previsões expressas de 
fungibilidade: 
• Art. 1024, parágrafo 3º (fungibilidade entre embargos de declaração e agravo interno). 
• Arts. 1032 e 1033 (fungibilidade entre recursos especial e extraordinário) 
Iremos aprofundar tais previsões adiante, quando estudarmos cada recurso em espécie. 
Contudo, mesmo só prevista para essas situações, a fungibilidade ainda funciona como um 
princípio da teoria geral dos recursos. 
Para aplicar a fungibilidade são exigidos 3 requisitos pelo STJ: 
1 - Dúvida objetiva sobre o recurso efetivamente cabível (controvérsia razoável acerca de qual 
o recurso correto). Não é uma dúvida subjetiva, ou seja, se o advogado não conhece os recursos 
cabíveis. Precisa haver uma controvérsia significativa na jurisprudência ou a própria decisão 
gerar margem de dúvida sobre qual o recurso cabível. 
Caso concreto: o juiz, ao julgar uma exceção de pré-executividade, rejeitou a defesa e a 
execução prosseguiu. Não houve encerramento da execução, então não seria caso de 
sentença, mas sim de decisão interlocutória. Mas, no caso concreto, o juiz chamou tal 
decisão de “sentença”. O que fazer então: apelar ou agravar? Nesse caso, havia uma 
dúvida objetiva, gerada pelo próprio juiz, e o STJ entendeu que justificava-se a 
fungibilidade. 
 
Sobre o tema, confira-se precedente do STJ, veiculado no Informativo n. 613, onde foi aceita, 
excepcionalmente, a interposição do recurso de apelação quando era cabível agravo de 
instrumento: 
TESE: O conceito de "dúvida objetiva", para a aplicação do princípio da fungibilidade 
recursal, pode ser relativizado, excepcionalmente, quando o equívoco na interposição 
do recurso cabível decorrer da prática de ato do próprio órgão julgador. 
EMENTA: “PROCESSUALCIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM 
RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA ENTRE AS TURMAS DA 2ª SEÇÃO EM CASOS 
IDÊNTICOS, INCLUSIVE ENVOLVENDO AS MESMAS PARTES E ÓRGÃOS JUDICIAIS DE 1ª 
E 2ª INSTÂNCIAS. EXCEPCIONALIDADE DO CASO CONCRETO. EXECUÇÃO DE TÍTULO 
 
 
EXTRAJUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. EXCLUSÃO DE EXECUTADO DO 
POLO PASSIVO. INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO AO INVÉS DE AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. INEXISTÊNCIA DE MÁ-FÉ. INDUÇÃO A ERRO PELO JUÍZO. 
RELATIVIZAÇÃO DA DÚVIDA OBJETIVA NA RESTRITA HIPÓTESE DOS AUTOS. PRINCÍPIO 
DA FUNGIBILIDADE. APLICABILIDADE. PRECEDENTES. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA A 
QUE SE DÁ PROVIMENTO.” (EAREsp 230.380/RN, Rel. Ministro PAULO DE TARSO 
SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe 11/10/2017) 
Pautou-se a divergência em definir se a indução a erro, pelo próprio órgão julgador, na 
interposição de recurso equivocado, permite a aplicação do princípio da fungibilidade 
recursal. O acórdão embargado concluiu que "constitui erro grosseiro, não amparado 
pelo princípio da fungibilidade recursal, por ausência de dúvida objetiva, a interposição 
de recurso de apelação quando não houve a extinção total do feito - caso dos autos - ou 
seu inverso, quando a parte interpõe agravo de instrumento contra sentença que 
extinguiu totalmente o feito". Já o acórdão paradigma entendeu "ser possível a 
aplicação do princípio da fungibilidade recursal quando o equívoco na interposição do 
recurso cabível decorrer da prática de atos judiciais e cartorários". Inicialmente cumpre 
salientar que a aplicação do princípio da fungibilidade recursal é possível nas hipóteses 
em que exista "dúvida objetiva", fundada em divergência doutrinária ou mesmo 
jurisprudencial acerca do recurso a ser manejado em face da decisão judicial a qual se 
pretende impugnar. Contudo, deve-se ter em mente que, assim como existem casos em 
que a dúvida impera na doutrina e na jurisprudência, há situações em que os termos em 
que é redigida a decisão pelo julgador são determinantes para a interposição 
equivocada do recurso. Na hipótese analisada, embora a decisão do juiz singular não 
tenha colocado termo ao processo de execução, o referido juiz deu-lhe verdadeiro 
tratamento de sentença - assim denominando-a e registrando-a, bem como recebendo 
e processando o recurso de apelação. Dessa forma, o juízo colaborou diretamente para 
o surgimento da dúvida quanto ao recurso cabível, afastando-se a eventual má-fé da 
embargante na interposição da apelação - o que legitima a aplicação do princípio da 
fungibilidade. 
 
2 - Inexistência de erro grosseiro: pode existir dúvida objetiva e ainda assim incorrer em erro 
grosseiro (Exemplo: a dúvida objetiva é entre apelação e agravo, mas o advogado vai lá e faz um 
recurso especial). Por isso, classificamos a inexistência de erro grosseiro como um requisito 
autônomo em relação à dúvida objetiva. 
3 – Observância do prazo do recurso correto (STJ): se os prazos são diferentes, o uso do recurso 
errado fora do prazo do recurso certo vai representar uma preclusão temporal para o recurso 
correto. No caso de dúvida objetiva, portanto, o recorrente deve fazer o recurso no menor 
prazo. É a criticada “teoria do prazo menor”, que era muito utilizada pelo STJ na vigência do 
CPC73 para a apelação e o agravo. 
Observação: esse requisito hoje fica minimizado, pois com o CPC15 todos os recursos 
têm prazo de 15 dias, salvo os embargos de declaração. Nesse sentido, Daniel 
Assumpção defende que essa “teoria do prazo menor” teria “morrido” com o novo CPC. 
“Esse requisito tende a desaparecer com a unificação do prazo recursal em 15 
dias prevista no art. 1.003, § 5.º, do Novo CPC. Como o único recurso com prazo 
menor serão os embargos de declaração, que terão cinco dias de prazo, ainda 
que seja mantida a teoria do prazo menor, ele será irrelevante quanto à 
inviabilização de aplicação do princípio da fungibilidade ao caso concreto.” 
 
 
 
5) Princípio da dialeticidade ou discursividade: 
Os recursos devem conter as razões do inconformismo do recorrente. É preciso que ele traga os 
motivos pelos quais está impugnando a decisão judicial. É uma exigência até mesmo para o 
contraditório do recorrido e para a própria atividade decisória do órgão recursal. 
Extraído dos requisitos formais dos recursos, que menciona “as razões recursais” (art. 1010, III, 
para a apelação, art. 1016, III para o agravo de instrumento e art. 1.021, §1º, para agravo 
interno). 
Art. 932. Incumbe ao relator: 
(...) 
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha 
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida. 
(...) 
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator 
concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício 
ou complementada a documentação exigível. 
 
ATENÇÃO! Como será abordado no princípio da primazia de resolução do mérito, o vício 
referente à ausência de impugnação específica aos fundamentos da decisão atacada é 
insanável, não se aplicando a regra do parágrafo único do Artigo 932 do CPC, que determina 
que o relator conceda prazo para regularização do recurso. 
 
6) Princípio da complementaridade: 
Recursos, quando interpostos, devem estar acompanhados das razões do inconformismo do 
recorrente. A diferença é que aqui estamos olhando para o momento das razões, que devem 
ser apresentadas quando da interposição do recurso. É diferente do que acontece no processo 
penal, em que as razões podem ser apresentadas posteriormente. Aqui no processo civil não há 
outro momento processual para essa apresentação. 
A complementaridade também leva ao princípio da consumação, que nada mais é do que a 
preclusão consumativa em sede recursal. O recorrente perde a faculdade processual de recorrer 
porque já a exerceu. Ela não pode depois pedir a complementação das razões. 
Exceção: art. 1024, §4º e 5º -> quando os embargos de declaração são acolhidos, a outra parte 
que já tiver ofertado recurso terá direito de complementar suas razões. Iremos aprofundar o 
tema adiante. 
 
7) Princípio da unicidade, singularidade ou unirrecorribilidade: 
Em face de cada decisão, é cabível a interposição de um recurso de cada vez por um mesmo 
recorrente. É uma questão de eficiência da atividade jurisdicional. 
 
 
Exceção: interposição simultânea de RESp e RE, que é uma exigência dos tribunais superiores 
para certos casos, vide Súmula 126 do STJ. 
SÚMULA N. 126 É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em 
fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, 
para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário 
Se uma mesma decisão está se fundando em um argumento de lei federal e em um argumento 
constitucional e for possível visualizar ofensa tanto à lei quanto à Constituição, é preciso que a 
parte se valha de ambos os recursos para atacar a decisão, sob pena de inadmissão do único 
recurso ofertado. Isto porque o outro fundamento poderia justificar a conclusão da decisão, e 
se a parte não usar os 2 recursos estaria atacando de maneira insuficiente a decisão. 
O STJ também enfrentou recentemente uma questão interessante: pode um único recurso 
impugnar mais de uma decisão (Ex: um agravo de instrumento atacar 3 decisões)? O tribunal 
entendeu que não haveria vedação, pois a forma utilizada (agravo de instrumento) era a mesma 
para as 3 decisões. 
4. O princípio da singularidade, também denominado da unicidade do recurso ou 
unirrecorribilidade, consagra a premissa de que, para cada decisão a ser atacada, há um 
único recurso próprio e adequado previsto no ordenamento jurídico. 
5. A recorrente utilizou-se do recurso correto (respeito à forma) para impugnar as 
decisões interlocutórias, qual seja o agravo de instrumento. 
6. O princípio da unirrecorribilidade não veda a interposição de um único recurso para 
impugnar mais de uma decisão. E não há, na legislação processual, qualquer 
impedimentoa essa prática, não obstante seja incomum. 
7. Recurso especial conhecido e provido. 
(REsp 1628773/GO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
21/05/2019, DJe 24/05/2019) 
 
8) Princípio da proibição de “reformatio in pejus”: 
Recursos não podem levar a uma reforma para piorar a situação do recorrente. Está ligada à 
própria voluntariedade dos recursos, pois estes devem ser analisados no limite do 
inconformismo do recorrente, até mesmo em consonância com o efeito devolutivo dos recursos 
(transferência da matéria impugnada ao órgão julgador, que só poderá olhar para essas matérias 
no limite do inconformismo da parte). 
Observação: se autor e réu recorrem, aqui não haverá vedação à “reformatio in pejus”, pois o 
tribunal analisará cada recurso nos limites do inconformismo das partes. Isso poderá levar à 
piora da situação de um dos recorrentes, mas pela oferta do recurso da outra parte, e não pelo 
seu próprio recurso. 
 
Exceções à proibição de “reformatio in pejus”: 
- Questões de ordem pública: serão conhecidas pelo tribunal independentemente de alegação. 
São questões que o judiciário tem o dever de conhecer. Por isso, uma questão de ordem pública 
pode piorar a situação do recorrente (Exemplo: recurso interposto pelo autor para aumentar a 
 
 
condenação, mas o tribunal vem a reconhecer que o recorrido era parte ilegítima. Temos aqui 
uma questão de ordem pública que, independentemente de alegação, poderá ser conhecida). 
Trata-se do efeito translativo dos recursos, que ainda será aprofundado. 
- Embargos de declaração: não é pacífico, mas alguns autores como Didier defendem que os EDs 
não estão sujeitos a esse princípio, por serem um recurso que visa esclarecer a decisão. Os 
embargos não têm efeito devolutivo, de modo que não ficam limitados à vontade do recorrente, 
podendo levar à piora. Outro argumento é o de que a finalidade dos EDs é de esclarecimento, 
de modo que não seria dado ao recorrente definir qual o esclarecimento que o juiz tem que dar 
(ele pode apenas indicar); quem terá que esclarecer é o próprio órgão prolator da decisão, o 
qual não estará vinculado à indicação da parte. 
 
9) Princípio da primazia do julgamento do mérito: 
Também no tema de recursos, os princípios da Primazia do julgamento de mérito, da 
Instrumentalidade das formas e “pás de nullite sans grief” podem te ajudar a resolver muitas 
questões cujas respostas diretas você não saiba. 
Uma consequência marcante relacionada ao tema é a possibilidade de agora haver juízo de 
retratação de qualquer SENTENÇA TERMINATIVA1 (não apenas a de indeferimento da petição 
inicial, como era no CPC/73). O objetivo do Código é resolver, sempre que possível, o mérito da 
demanda, por isso permite que, interposta a apelação em face de sentença que extingue o 
processo sem resolução do mérito, possa haver retratação (art. 485, § 7º). 
Especificamente no âmbito recursal, a noção de instrumentalidade das formas norteia a regra 
de que vícios formais podem ser sanados e não devem ser impedimento ao recebimento do 
recurso. Como exemplo, cita-se a necessidade de o relator, antes de inadmitir um recurso com 
base no art. 932, conceder prazo para o recorrente sanar o vício. Vejamos: 
Na parte geral dos recursos: Art. 932 Parágrafo único. Antes de considerar 
inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao 
recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação 
exigível. 
Na parte específica dos recursos extraordinário e especial: Art. 1029. § 3o O 
Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar 
vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o 
repute grave. 
De acordo com a doutrina, o art. 932, PU traz um DEVER para o relator, e não uma mera 
faculdade. 
Enunciado 82 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: É dever do relator, e não 
faculdade, conceder o prazo ao recorrente para sanar o vício ou complementar a 
documentação exigível, antes de inadmitir qualquer recurso, inclusive os excepcionais. 
No entanto, o STJ já editou entendimento no sentido de restringir o alcance desse princípio na 
seara de admissibilidade recursal aos vícios estritamente FORMAIS: 
 
1 Lembrando: sentença terminativa é aquela que põe fim ao processo sem resolução do mérito. 
 
 
Enunciado administrativo STJ nº 6: Nos recursos tempestivos interpostos com 
fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 
2016), somente será concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 
1.029, § 3º, do novo CPC para que a parte sane vício estritamente formal. 
Ademais, importante mencionar entendimento segundo o qual o art. 932, PU só se aplica 
quando o vício for sanável ou a irregularidade corrigível. Assim, por exemplo, um recurso 
intempestivo traria um vício insanável, de modo que não haveria motivo para a aplicação do art. 
932, parágrafo único, do Novo CPC. Na mesma linha, tendo deixado o recorrente de impugnar 
especificamente as razões decisórias, não cabe regularização em razão do princípio da 
complementaridade, que estabelece a preclusão consumativa no ato de interposição do recurso 
(NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 1518). 
Neste sentido, há precedente recente do STF, segundo o qual o art. 932, parágrafo único, do 
CPC/15 não é aplicado para recurso que não tenha impugnado especificamente os 
fundamentos da decisão recorrida. (ARE 953221) 
Em suma, o art. 932, PU só poderia ser aplicado para vícios formais e sanáveis, como a ausência 
de procuração ou assinatura2 e ausência de preparo. No entanto, não poderia ser aplicado para 
vícios insanáveis, como a intempestividade, ou para vícios que não sejam meramente formais, 
como a falta de impugnação específica dos fundamentos da decisão. 
ATENÇÃO! Julgado recente do STJ: Não comprovação da divergência nos embargos de 
divergência constitui vício substancial que não permite a complementação da fundamentação 
prevista no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015: 
"A ausência de demonstração da divergência alegada no recurso uniformizador constitui 
claramente vício substancial resultante da não observância do rigor técnico exigido na 
interposição do presente recurso, apresentando-se, pois, descabida a incidência do 
parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 para complementação da fundamentação, 
possível apenas em relação a vício estritamente formal, nos termos do Enunciado 
Administrativo 6/STJ' (STJ, AgRg nos EREsp 1.743.945/PR, Rel. Ministro HERMAN 
BENJAMIN, CORTE ESPECIAL, DJe de 20/11/2019). 
“Os embargos de divergência ostentam característica de recurso de fundamentação 
vinculada, a teor do que dispõem os arts. 1.043 e 1.044 do CPC, os quais exigem, como 
pressuposto indispensável, a demonstração de divergência jurisprudencial entre os 
órgãos fracionários. Sua finalidade precípua consiste em dirimir dissídio decorrente da 
interpretação da legislação federal existente entre julgados proferidos nesta Corte 
Superior, não servindo para nova discussão acerca da utilização ou não de regra técnica 
de admissibilidade ou conhecimento do recurso especial, ocorrida no caso concreto e 
devidamente chancelada pelo respectivo órgão fracionário. 
 
2 A falta de assinatura nos recursos interpostos nas instâncias ordinárias configura vício sanável, devendo 
ser concedido prazo razoável para o suprimento dessa irregularidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1746047/PA, 
Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/08/2018. e STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 980.664/MG, Rel. Min. 
Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/5/2017. 
“Intimada a regularizar a sua representação processual, nos termos do art. 932, parágrafo único, do CPC 
vigente, a parte que deixa de proceder à juntada no prazo de 5 (cinco) dias, faz incidir ao caso a Súmula 
115/STJ”. (STJ, AgInt no AgInt no AREsp 1053466/MS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 07/08/2018, DJe 13/08/2018).2. Segundo a jurisprudência desta Corte Especial, interpretando § 4º do art. 1.043 do CPC 
e o art. 266, § 4º, do RISTJ, configura pressuposto indispensável para a comprovação ou 
configuração da alegada divergência jurisprudencial a adoção pela parte recorrente, na 
petição dos embargos de divergência, de uma das seguintes providências, quanto aos 
paradigmas indicados: (a) a juntada de certidões; (b) apresentação de cópias do inteiro 
teor dos acórdãos apontados; (c) a citação do repositório oficial, autorizado ou 
credenciado nos quais eles se achem publicados, inclusive em mídia eletrônica; e (d) a 
reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com a indicação da 
respectiva fonte na Internet. 
3. Na hipótese em exame, o ora agravante não instruiu os embargos de divergência com 
o inteiro teor dos acórdãos paradigmas, não restando configurada a divergência 
jurisprudencial atual. 
4. A ausência de demonstração do dissídio alegado no recurso uniformizador - nos 
moldes exigidos pelo artigo 1.043, § 4º, do CPC e pelo artigo 266, § 4º, do RISTJ - 
constitui vício substancial, resultante da inobservância do rigor técnico exigido na 
interposição do presente recurso, apresentando-se, pois, descabida a incidência do 
parágrafo único do artigo 932 do CPC, para complementação de fundamentação. 
5. Não restando configurada a divergência jurisprudencial, não há falar em em dissídio 
notório, hipótese na qual eventual mitigação dos pressupostos recursais recairia sobre a 
exigência de realização do cotejo analítico. 
6. Agravo interno desprovido. 
(AgInt nos EAREsp 1414158/PR, Rel. Ministro JORGE MUSSI, CORTE ESPECIAL, julgado 
em 01/12/2020, DJe 07/12/2020) 
 
 
EFEITOS DOS RECURSOS: 
Podem decorrer da interposição do recurso ou até mesmo do seu mero cabimento. 
1) Efeito Obstativo: O recurso impede o trânsito em julgado da decisão recorrida. É um efeito 
de todo e qualquer recurso, e é natural da própria interposição do recurso. 
 Exceção 1: recurso intempestivo -> não impede a preclusão (temporal). 
Exceção 2: recurso completamente descabido (STJ) -> não tem aptidão para afastar a 
preclusão (Ex: agravo interno contra decisão colegiada -> é um recurso completamente 
descabido, de modo que não tem efeito obstativo e não impede a preclusão da decisão. 
O efeito prático é que não será cabível, posteriormente, um eventual recurso especial, 
porque a decisão já transitara em julgado). 
 
2) Efeito devolutivo: é o efeito de transferência da matéria impugnada ao órgão julgador do 
recurso. É aplicado como uma decorrência da própria ideia da voluntariedade dos recursos: se 
 
 
o recurso é um ato de vontade, o recorrente é quem delimita o que quer recorrer. Iremos 
aprofundar o seu estudo na apelação. 
3) Efeito translativo: é o efeito de transferência das questões de ordem pública ao órgão 
julgador do recurso. Essas questões não dependem da vontade do recorrente, mas uma vez que 
ele recorreu, tais matérias serão transferidas. 
4) Efeito Substitutivo (art. 1008)3: a decisão proferida em sede de recurso substitui a decisão 
recorrida. O acórdão do tribunal, por exemplo, substitui a sentença. 
Para que ele se aplique, é necessário que haja a análise de mérito no recurso. E nem toda 
questão de mérito irá gerar efeito substitutivo, pois se houver uma anulação por error in 
procedendo, houve uma cassação da decisão, e não substituição: determina-se a prolação de 
uma nova decisão pelo juiz de 1º grau (alguns autores, como Leonardo Carneiro, falam aqui em 
“efeito rescindente”). Contudo, parte da doutrina entende que, nestes casos, se o recurso 
pedindo a anulação for DESPROVIDO, aí teremos sim efeito substitutivo, pois a decisão do 
recurso procedeu a uma nova análise do processo, quanto à alegação do vício processual. Outra 
corrente (minoritária, Barbosa Moreira), entende que também não haverá efeito substitutivo 
nesse caso, pois o recurso só alega erro de procedimento, e o tribunal quando o desprovê não 
faz uma nova análise do mérito do processo, mas apenas se existiu ou não o vício processual 
alegado. 
No caso de “error in iudicando”, por outro lado, seja no caso de provimento ou desprovimento, 
a doutrina é pacífica no sentido de que o acórdão possui efeito substitutivo. 
Isso tem importância principalmente para fins de ação rescisória, pois em virtude desse efeito é 
o acórdão que deve ser objeto da rescisão, e não a sentença substituída. 
5) Efeito Suspensivo: É o efeito de sustação da eficácia da decisão recorrida. Pode decorrer de 
previsão legal (ope legis) ou decisão judicial (ope judicis). O efeito suspensivo “ope legis” decorre 
do mero cabimento do recurso: basta a previsão legal que a decisão proferida não produzirá 
automaticamente os seus efeitos. 
O novo CPC determina que o recurso, em regra, não terá efeito suspensivo, salvo: i) nas 
hipóteses previstas pelo próprio Código (efeito suspensivo ope legis); ii) quando o juiz o 
conceder (efeito suspensivo ope judicis); 
O efeito suspensivo ope judicis pode ser uma tutela de urgência: quando a suspensão da decisão 
exija o risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação (é o caso do art. 995, §único, que 
é o regramento geral dos recursos); ou pode ser uma tutela de evidência, quando a 
probabilidade de provimento do recurso, de reversão da decisão recorrida, por si só, já seja 
suficiente: é a previsão do art. 1012, §4º (regramento específico da Apelação). Com base nessa 
diferença parcela da doutrina já defende a aplicação da regra do art. 1012, mais ampla, a todos 
os recursos, não apenas à Apelação. 
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o 
apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso OU se, sendo relevante 
a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. 
 
3 Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido 
objeto de recurso. 
 
 
6) Efeito regressivo – é aquele que possibilita a revisão/reforma da decisão recorrida, pelo juiz, 
antes mesmo do recebimento (admissão) do recurso. Permite o juízo de retratação pelo órgão 
prolator da decisão. É um efeito que decorre tão só da interposição. 
O Novo CPC prevê o efeito regressivo para alguns recursos: 
→ Para a Apelação, em 3 casos: I) indeferimento da petição inicial, prazo de 5 dias e o 
réu deverá ser citado para responder ao recurso (art. 331 e § 1º); II) improcedência 
liminar do pedido (art. 332, §3º), prazo de 5 dias, e subsiste a necessidade de citação do 
réu; III) qualquer sentença terminativa, conforme art. 485 §7º. 
→ Para o Agravo Interno: Art. 1021 § 2º. 
→ Para o Agravo da decisão que inadmitir Recurso Extraordinário/Especial: art. 1042, 
§4º . 
→ Para o Agravo de Instrumento: art. 1018. 
 
7) Efeito expansivo: efeito que o recurso pode produzir sobre outras pessoas, que não 
recorrente e recorrido, ou sobre outras decisões, que não a recorrida. 
7.1: efeito expansivo subjetivo: quando a decisão do recurso incidir sobre outras pessoas 
(Ex: art. 1005 do CPC – recurso interposto por um dos litisconsortes poderá aproveitar 
ao outro). De acordo com o STJ e Barbosa Moreira, essa regra se aplica ao litisconsórcio 
UNITÁRIO (em que a decisão de mérito tem que ser igual para todos), pois no 
litisconsórcio simples há a autonomia dos litisconsortes (os atos de um não beneficiam 
o outro). 
Exceção: pelo PU do 1005, que trata da solidariedade, o recurso interposto por 
um devedor aproveita aos outros quando a defesa for comum. 
Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, 
salvo se distintos ou opostos os seus interesses. 
 
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um 
devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem 
comuns. 
7.2: efeito suspensivo objetivo: quando a decisão do recurso atinge outras decisões para 
além da decisão recorrida (Ex: decisão que determinou a exclusãode litisconsorte, que 
é recorrível por agravo de instrumento, sem efeito suspensivo. A parte recorre, mas o 
processo continua, as provas são produzidas e sobrevém decisão do TJ reformando a 
interlocutória que excluiu o litisconsorte. Como este terá direito a participar da fase 
instrutória, as decisões que foram praticadas sem a sua presença irão cair). 
 
 
 
 
 
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE: 
O juízo de admissibilidade é a análise dos requisitos para a admissão do recurso, ou seja, para a 
possibilidade de enfrentamento da pretensão recursal. Somente os recursos que tiverem o juízo 
de admissibilidade positivo é que poderão ter o mérito analisado (análise da pretensão recursal). 
Todo recurso passa pelo juízo de admissibilidade. 
 
Requisitos de admissibilibilidade: 
Os Requisitos de Admissibilidade podem ser GERAIS (comuns aos recursos em geral) ou 
ESPECÍFICOS (requisitos típicos de um ou alguns recursos; Ex: repercussão geral no RE). 
Os requisitos de admissibilidade gerais são divididos em 2 grupos pela doutrina: 
- Intrínsecos: são os requisitos referentes à existência do poder de recorrer. 
- Extrínsecos: se referem ao modo de exercício do direito de recorrer. 
 
Requisitos INTRÍNSECOS de admissibilidade: 
 
1) Cabimento: 
 
É a relação de adequação entre o recurso ofertado e a decisão recorrida. Verifica-se se o recurso 
ofertado é o recurso adequado para atacar aquela decisão. 
Ex: art. 1009 do CPC15 -> das sentenças cabe apelação. 
Ex: art. 1021 do CPC15 -> das decisões monocráticas do relator, cabe agravo interno. 
 
Esse requisito pode sofrer mitigação diante do princípio da FUNGIBILIDADE. 
Pela fungibilidade um recurso descabido pode ser recebido como um recurso efetivamente 
cabível, desde que preenchidos alguns requisitos. Para que seja aplicável a fungibilidade, é 
necessário que haja uma dúvida objetiva sobre o recurso cabível, não podendo ser verificado 
o chamado ERRO GROSSEIRO. 
 
Sobre o tema, importante acompanhar a jurisprudência dos tribunais, a fim de identificar para 
quais situações tem se admitido a fungibilidade. Vejamos, de forma sistematizada: 
 
 
Aplicável a Fungibilidade: Inaplicável a Fungibilidade (erro grosseiro) 
- Possibilidade de receber embargos de 
declaração da decisão do relator como agravo 
interno (art. 1.024, § 3.º do NCPC). 
- Possibilidade de receber o pedido de 
reconsideração como Agravo Regimental (ARE 
953221). 
- Fungibilidade entre Recurso Especial e 
Extraordinário: Arts. 1.032 e 1033, que 
aparentemente superam a jurisprudência do STF 
e STJ sobre o tema (AgRg no AResp 571026) 
 
- Interposição de Agravo interno ou regimental 
contra decisão do colegiado. 
- Interposição de apelação diante de decisão que 
exclui litisconsorte do processo. Trata-se de caso 
de agravo de instrumento (vide art. 1015 do CPC) 
- Impossibilidade de receber o recurso principal 
intempestivo como recurso adesivo (ARE 953221) 
- interposição de recurso especial quando cabível 
recurso ordinário constitucional; 
- pedido de reconsideração contra decisão 
colegiada; 
 
 
- interposição de agravo de instrumento contra 
sentença proferida em mandado de segurança 
- interposição de apelação quando cabível recurso 
ordinário constitucional 
- interposição de agravo de instrumento quando 
cabível agravo regimental (interno) 
 
 
 
2) Legitimidade para recorrer: 
 
Para recorrer também é preciso ter legitimidade, pois os recursos são um desdobramento do 
direito de ação e do acesso à justiça. A regra está no art. 996 do NCPC, pelo qual são legitimados 
para recorrer: 
- As partes: que, como regra, são aqueles sujeitos atingidos pela coisa julgada. 
- Terceiro: de acordo com o PU do art. 996 (NCPC), esse terceiro deve demonstrar algum tipo de 
interesse4, mostrando a ligação entre a decisão com alguma relação que lhe diga respeito ou 
alguma situação em que poderia atuar como legitimado extraordinário (Ex: associação). 
- Ministério Público: é legitimado a recorrer como parte e como fiscal da lei (Súmula 99 do STJ). 
 
➔ Amicus curiae pode recorrer? Em regra não, mas há 2 exceções: oposição de ED e 
julgamento de IRDR (art. 138, §§1º,3º)5. 
 
 
3) Interesse em recorrer: 
 
Na teoria da ação, o interesse de agir está ligado a uma necessidade (imprescindibilidade da 
ação) e adequação. 
 
Para recorrer, também exige-se interesse (art. 996). É necessário que o recurso tenha aptidão 
para melhorar a situação da parte. 
O interesse em recorrer da parte está ligado a sua sucumbência em alguma medida. Se a parte 
foi vencida, ela terá interesse em recorrer, uma vez que o recurso poderá atacar a parcela em 
que foi sucumbente. 
 
Aplica-se aqui a ideia de sucumbência material: possibilidade de o recurso melhorar a situação 
da parte. Nesse sentido, existem situações em que o recurso tem aptidão para melhorar a 
situação da parte, mesmo que ela não tenha sido vencida. 
Ex: ação popular julgada em face do Estado pela improcedência do pedido por falta de provas. 
O Estado pode recorrer para tentar mudar o fundamento da improcedência para a inexistência 
do direito, o que geraria uma coisa julgada erga omnes. 
 
 
4 A lei não exige expressamente o interesse jurídico, de forma que há divergência na doutrina sobre o 
tema. 
5 Art. 138 § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a 
interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. 
§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas 
repetitivas. 
 
 
OBS: Há quem entenda que haveria interesse em recorrer da sentença que extingue o processo 
sem resolução do mérito para buscar uma solução do mérito. 
 
OBS: Em relação ao terceiro, o interesse em recorrer está ligado ao prejuízo que a decisão pode 
lhe causar. Quanto ao MP como fiscal da lei, o Código é omisso; no entanto, o interesse em 
recorrer é inerente às suas funções de fiscal do ordenamento jurídico. 
 
 
4) Inexistência de fato extintivo ou impeditivo ao direito de recorrer: (Barbosa Moreira)6 
 
Um exemplo seria a renúncia ao direito de recorrer (art. 999 do NCPC): consiste em um ato 
dispositivo do direito de recorrer antes do seu próprio exercício. 
Não se confunde com a desistência (art. 998 do NCPC), que seria um fato impeditivo do direito 
de recorrer, que se dá após o seu exercício. 
A desistência e a renúncia independem da concordância do recorrido. 
 
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. 
 
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos 
litisconsortes, desistir do recurso. 
 
Ademais, importante destacar que, a teor do art. 998, PU, a desistência do recurso não impede 
a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida. 
 
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja 
repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de 
recursos extraordinários ou especiais repetitivos. 
 
O CPC admite ainda a chamada “renúncia tácita” ao direito de recorrer. Tal fato ocorre quando 
a parte pratica um ato incompatível com eventual pretensão recursal (Ex: Tício é condenado a 
pagar uma dívida e paga conforme determinado na sentença => Tício não poderia depois 
recorrer, pois houve renúncia tácita). 
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. 
 
 
Requisitos EXTRÍNSECOS de admissibilidade: 
 
1) Preparo: 
 
É o recolhimento das custas necessárias à prática do ato recursal. 
 
Na sistemática geral, o preparo deve ser comprovado no ato de interposição do recurso, 
conforme prevê o art. 1007 do NCPC: 
 
 
6 Alguns autores entendem que seria um requisito extrínseco (Ex: Nelson Nery jr) 
 
 
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido 
pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, 
sob pena de deserção.Para a sua prova, recomendamos a leitura dos parágrafos do art. 1007, com especial atenção 
para a distinção entre a insuficiência de preparo e a ausência de comprovação de qualquer 
recolhimento. 
§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará 
deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no 
prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento 
do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu 
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. 
§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive 
porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o. 
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por 
decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. 
Em suma, temos que: 
- Se o preparo foi recolhido A MENOR -> o recorrente será intimado para suprir a insuficiência 
no prazo de CINCO dias. 
- Se NÃO HOUVE comprovação do recolhimento do preparo -> o recorrente será intimado para 
recolher em DOBRO. Neste caso, é vedada a complementação. 
 
Ademais, frise-se que a fazenda pública e o MP estão dispensados de recolher o preparo. 
 
Art. 1007, § 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os 
recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos 
Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 
 
Ainda sobre o tema, importante destacar que o recolhimento do porte de remessa e de retorno 
é dispensável nos processos eletrônicos. 
 
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos 
eletrônicos. 
 
Por fim, mencione-se previsão inovadora do CPC15 no sentido de que o equívoco no 
preenchimento da guia de custas não implicará a pena de deserção: 
 
Art. 1007, § 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da 
pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, 
intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. 
 
 
OBSERVAÇÃO: Nos juizados especiais (L9099, art. 42), o preparo pode ser comprovado dentro 
de 48 horas após a interposição de recursos. Não é necessário comprovar no ato de interposição. 
Ademais, o entendimento majoritário é de que não se admite a aplicação subsidiária do CPC, de 
modo que não seria possível a complementação do preparo. 
 
 
 
OBSERVAÇÃO²: Súmula 484 do STJ: se o recurso for ofertado após o encerramento do 
expediente bancário, há o direito de comprovar o preparo no primeiro dia útil seguinte. 
 
Súmula 484 - Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, 
quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário. 
 
 
OBSERVAÇÃO³: STJ entende que a comprovação de pagamento de preparo recursal pode ser 
realizada via recibo extraído da internet. 
 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. PORTE DE 
REMESSA E RETORNO. RECOLHIMENTO VIA INTERNET. RECIBO EXTRAÍDO DA INTERNET. 
POSSIBILIDADE. AMPLA UTILIZAÇÃO DE MEIO ELETRÔNICO NA VIDA MODERNA. 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONHECIDOS E PROVIDOS. 
1. Admite-se o recolhimento e a comprovação do preparo processual realizados pela 
Internet, desde que possível, por esse meio, aferir a regularidade do pagamento das 
custas processuais e do porte de remessa e de retorno. 
2. A guia eletrônica de pagamento via Internet constitui meio idôneo à comprovação do 
recolhimento do preparo, desde que preenchida com a observância dos requisitos 
regulamentares, permitindo-se ao interessado a impugnação fundamentada. 
3. Embargos de divergência conhecidos e providos para afastar a deserção. 
(EAREsp 423.679/SC, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 
24/06/2015, DJe 03/08/2015) 
 
Isenções de preparo: 
Podem ser: 
- Objetivas: alguns recursos não estão sujeitos a preparo (Ex: embargos de declaração, vide art. 
1023 do NCPC) 
- Subjetivas: algumas pessoas estão dispensadas do preparo (art. 1007, §1° do NCPC): Ministério 
Público, Fazenda Pública e os que gozam de isenção legal (Ex: beneficiário da gratuidade de 
justiça). 
 
OBSERVAÇÃO: No novo CPC, o art. 99, §7º prevê que a pessoa, quando requer a concessão de 
gratuidade nos recursos, fica dispensada da comprovação de preparo, podendo o relator, caso 
indefira, fixar prazo para recolhimento. 
 
§ 7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará 
dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, 
apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento. 
 
 
OBSERVAÇÃO²: Entendimento recente do STJ pela dispensa de preparo no recurso interposto 
pela Defensoria, na qualidade de curadora especial do réu revel: 
 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RÉU CITADO POR 
EDITAL. REVEL. RECURSO INTERPOSTO PELA DEFENSORIA PÚBLICA COMO CURADORA 
ESPECIAL. DESERÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 
1. Tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, o recurso 
interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está 
dispensado do pagamento de preparo. 
2. Embargos de divergência providos. 
 
 
(EAREsp 978.895/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, CORTE ESPECIAL, 
julgado em 18/12/2018, DJe 04/02/2019) 
 
 
A falta de recolhimento de preparo pode ser suprida com o julgamento do recurso ? 
O STJ entendeu que NÃO. A falta de recolhimento do preparo é um vício formal que não pode 
ser suprido pelo julgamento do recurso, maculando de nulidade o acórdão eventualmente 
prolatado. Confira-se: 
 
(...) A deserção é a sanção aplicada à parte que negligencia o recolhimento do preparo - 
seja quanto ao valor, seja quanto ao prazo - e tem como consequência o não 
conhecimento do recurso interposto. 
É, pois, vício formal que, na espécie, não pode ser suprido pelo julgamento do recurso, 
como o fez o Tribunal de origem, maculando de nulidade o acórdão de apelação. 
6. Hipótese em que não se pode admitir que a apelação seja julgada para só então se 
exigir do recorrente o complemento do respectivo preparo. 
(REsp 1523971/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
05/02/2019, DJe 08/02/2019) 
 
A tese sustentada versava acerca da preclusão pro judicato, aquela que se impõe ao magistrado 
para que este não possa mais apreciar questão já decidida, visto que, ao exercer o juízo de 
admissibilidade prévio sobre o recurso não poderia mais invocar qualquer questão relativa à 
admissibilidade na ocasião de sua apreciação sob o argumento da preclusão. 
 
Todavia, o entendimento pacificado do STJ deixa claro a inexistência de preclusão pro judicato 
na hipótese, podendo o magistrado, no momento da decisão definitiva, inadmitir o recurso caso 
vislumbre alguma das hipóteses legais de inadmissibilidade. 
 
"A decisão que admite o recurso de embargos de divergência não é atingida pela 
preclusão, de modo que o relator poderá indeferir liminarmente ou negar provimento 
em decisão monocrática se constatar irregularidade no recurso que impeça seu 
processamento, inexistindo preclusão pro judicato (precedentes)" (AgInt nos EREsp 
1.526.946/RN, Rel. Ministro Felix Fischer, Corte Especial, julgado em 7/12/2016, DJe 
15/12/2016). 
 
“A decisão que admite o processamento dos embargos de divergência não impede o 
Relator de, no momento da prolação da decisão definitiva, proceder a um novo exame 
sobre os requisitos de admissibilidade do recurso. Preclusão pro judicato inexistente. 
Precedentes.” (AgInt nos EREsp 1446201/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE 
ESPECIAL, julgado em 17/08/2016, DJe 19/09/2016) 
 
 
2) Tempestividade: 
 
É a necessidade de interposição do recurso no prazo legal. No NCPC, o art. 1003,§5º trouxe a 
unificação dos prazos recursais em 15 dias (úteis), à exceção dos embargos de declaração (5 
dias úteis). 
 
1. Polêmica: agravo interno no STJ e no STF (por causa do art. 39 da Lei 8038/90 – 
procedimentos nos tribunais superiores – e pelo RISTJ, os quais preveem prazo de 5 
dias) (*) 
 
 
(*) ATENÇÃO: Embora o próprio CPC disponha, em seu Art. 1.070, que “É de 15 (quinze) dias o 
prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em regimento interno de 
tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal.”, e a 
doutrina majoritária entenda que esse artigo revogou todas as disposições legais em contrário, 
o STJ decidiu recentemente, em um julgamento de agravo interno em matéria criminal, que o 
prazo continua sendo de 5 dias (Rcl 30.714/PB)7. No mesmo sentido decidiu o STF (vide HC 
134554). Entretanto, recomenda-se PARA PROVAS seguir a literalidade do Código e assumir o 
prazo como sendo de 15 dias (úteis) 
 
➔ Destaques: 
 
- I) Súmula 216 STJ SUPERADA pelo art. 1003 §4º; 
 
4o Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada 
como data de interposição a data de postagem. 
 
- II) entendimento consolidado e súmula 418 STJ8 SUPERADOS pelo art. 218 §4º9, que 
admite o recurso extemporâneo (aquele que é protocolado antes do início do prazo). 
 
§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. 
- III) No NCPC (art. 183), a fazenda pública, o MP e a Defensoria têm prazo em dobro 
para suas manifestações processuais em geral (o que inclui recursos e contrarrazões). 
 
- IV) A comprovação de ciência inequívoca da decisão através de peticionamento 
espontâneo nos autos revelando conteúdo da decisão em momento anterior à sua 
publicação conta como termo inicial para a interposição de recurso, gerando 
preclusão temporal. 
 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE 
REVOGA A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA ANTERIORMENTE 
CONCEDIDA. PETICIONAMENTO ESPONTÂNEO NOS AUTOS. PEÇA EM CUJO 
TEOR A PARTE REVELA TEXTUALMENTE O CONTEÚDO DA DECISÃO 
PROLATADA PENDENTE DE PUBLICAÇÃO. CIÊNCIA INEQUÍVOCA. 
CONFIGURADA. INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO DE INSTRUMENTO 
INTERPOSTO 4 MESES DEPOIS. MANTIDA. 
1. Ação de conhecimento da qual se extrai o presente recurso especial, 
interposto em 12/03/14 e concluso ao gabinete em 23/11/17. 
Julgamento: CPC/73. 
2. O propósito recursal consiste em definir se o peticionamento nos autos 
configura ciência inequívoca dos atos decisórios praticados anteriormente. 
3. A intimação das partes acerca dos conteúdos decisórios é indispensável ao 
exercício da ampla defesa e do contraditório, pois somente com o 
conhecimento dos atos e dos termos do processo que cada litigante 
encontrará os meios necessários e legítimos à defesa de seus interesses. 
 
7 É relevante saber que o julgado foi em matéria penal, pois, como se sabe, o CPC só se aplica aos recursos 
nessa seara de maneira subsidiária, conforme art. 3º do Código de Processo Penal. 
8 Súmula 418-STJ: É inadmissível o Recurso Especial interposto antes da publicação do acórdão dos 
embargos de declaração, sem posterior ratificação 
9 Art. 218. § 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=134554&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=134554&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
 
 
4. A parte que espontaneamente peticiona nos autos e por seu conteúdo 
revela sem sombra de dúvidas ter conhecimento do ato decisório prolatado, 
mas não publicado, tem ciência inequívoca para desde então interpor 
agravo de instrumento. 
5. Diante da consideração documentada nos autos originários, arguida e 
provada pela parte adversa em contrarrazões ao agravo de instrumento, 
efetivamente não há como afastar a ciência inequívoca da agravante sobre 
o conteúdo da decisão proferida. 
6. Na hipótese, a agravante manifestou textualmente a ciência do conteúdo 
decisório impugnado quatro meses antes da interposição do agravo de 
instrumento. Reconhecida a intempestividade que impede o conhecimento 
da insurgência recursal. 
7. Recurso especial conhecido e não provido. 
(REsp 1710498/CE, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 19/02/2019, DJe 22/02/2019) 
 
 
- V) Recurso apresentado em local errado do Tribunal deve ser considerado tempestivo 
se o erro também partiu do órgão judiciário, que recebeu a peça processual 
indevidamente. 
 
EMENTA Embargos de declaração no agravo regimental no recurso 
extraordinário. Efeitos infringentes. Possibilidade, em casos excepcionais. 
Corte de origem. Recebimento de petição. Erro do próprio órgão judiciário 
no processamento do recurso. Recurso de apelação tempestivo. 1. No caso 
concreto, o recebimento da petição de apelação no Tribunal a quo não 
poderia dar ensejo à declaração de intempestividade do recurso, haja vista 
ter sido protocolado dentro do prazo previsto em lei. 2. O erro não pode ser 
atribuído exclusivamente ao advogado do apelante, sendo da 
responsabilidade, também, do setor que recebeu a petição do recurso 
indevidamente. 3. A Turma acolheu os embargos de declaração para, 
atribuindo a eles excepcionais efeitos infringentes, dar provimento ao agravo 
regimental e, em consequência, prover o recurso extraordinário, tão somente 
para que a Corte de origem, afastada a premissa de intempestividade, 
prossiga no exame do recurso de apelação. 
(RE 755613 AgR-ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado 
em 22/09/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-240 DIVULG 26-11-2015 PUBLIC 
27-11-2015) 
 
- VI) Os litisconsortes com procuradores diferentes também possuem prazo em dobro 
para recorrer. No entanto, o prazo será simples quando somente um deles houver 
sucumbido, quando os autos forem eletrônicos ou quando seus advogados forem do 
mesmo escritório de advocacia. 
 
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de 
advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, 
em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. 
 
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida 
defesa por apenas um deles. 
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. 
 
 
Súmula 641 do STF: “Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos 
litisconsortes haja sucumbido” 
 
 
 
 
- IV) Em havendo feriado, o art. 1003, §3º prevê que “o recorrente comprovará o feriado 
local no ato de interposição do recurso”. 
 
Na vigência do CPC de 73, o STJ tinha julgados no sentido de que o recorrente deveria comprovar 
o feriado local que afetasse o prazo no ato de interposição, sob pena de inadmissão, não sendo 
possível a comprovação “a posteriori”. Contudo, o STF, em 2012, veio a reverter esse 
entendimento, com o fundamento de que não seria possível inadmitir sem permitir correção, 
pois a prova do direito local deve ser feita se o juiz determinar. 
 
Contudo, o CPC15 trouxe regra expressa prevendo a necessidade de comprovação no ato de 
interposição. Mesmo diante disto, a doutrina vinha defendendo que deveria ser aplicado o art. 
932, PU (cláusula geral de sanabilidade de vícios de admissibilidade recursal -> o relator deve 
dar um prazo de 5 dias para a parte corrigir o vício de admissibilidade). Nada obstante, o STJ 
pacificou o entendimento aplicando a literalidade do Código: comprovação no ato de 
interposição do recurso, sendo inaplicável a possibilidade sanatória pelo art. 932, PU. Para 
minimizar o prejuízo, a Corte decidiu aplicar o entendimento com efeitos “ex nunc”: somente 
deveriam ser comprovados os feriados nos recursos interpostos dali para frente. Por sua 
importância, confira-se a ementa do acórdão: 
 
 "RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. FERIADO LOCAL. NECESSIDADE DE 
COMPROVAÇÃO

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