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UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
JÉSSICA ELLEN DE F. LUINGUIN RA. G942EE3
SARAH MONSTANS FERREIRA RA. T149061
RAIANA F. BORELA RA. G935098
VANUSA GUIMARÃES SANTANA RA. G87ACB7
YASMIN REIS DA SILVA RA G92DEA-0
RESUMOS DAS OBRAS DA ABORDAGEM DE PSICOLOGIA SOCIAL
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
2025
JÉSSICA ELLEN DE F. LUINGUIN RA. G942EE3
SARAH MONSTANS FERREIRA RA. T149061
RAIANA F. BORELA RA. G935098
VANUSA GUIMARÃES SANTANA RA. G87ACB7
YASMIN REIS DA SILVA RA G92DEA-0
RESUMOS DAS OBRAS DA ABORDAGEM DE PSICOLOGIA SOCIAL
Trabalho apresentado para a disciplina Psicologia Social, do Curso de Psicologia da Universidade Paulista-UNIP.
Orientador Prof. Dr. Gabriel Pinelli.
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
2025
INTRODUÇÃO
Vivemos em uma sociedade em constante movimento, marcada por relações interpessoais nas quais influenciamos e somos continuamente influenciados. Dinâmicas de poder permeiam nosso cotidiano, moldando percepções, comportamentos e identidades. É nesse cenário que a Psicologia Social se insere: investigando essas interações complexas e oferecendo ferramentas essenciais para compreendermos como construímos significados, nos posicionamos diante do outro e somos atravessados por ideologias e representações sociais que operam, muitas vezes, de forma sutil, porém profundamente impactante.
Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir conceitos fundamentais da Psicologia Social, tais como minoria psicológica, representações sociais e ideologias, com a finalidade de elucidar mecanismos sutis e, por vezes, profundamente enraizados, que ao longo do tempo sustentam desigualdades, exclusões e resistências sociais. Além disso, realiza-se uma breve análise das contribuições de Silvia Lane, importante referência da Psicologia Social brasileira, cuja abordagem crítica e comprometida propõe uma perspectiva voltada à transformação social, a partir da escuta e valorização das vivências concretas dos sujeitos.
Mais do que uma análise teórica, este trabalho propõe uma reflexão sobre o lugar do sujeito na sociedade — um lugar de atuação ativa —, evidenciando de que forma o social atravessa o psicológico e como essa compreensão pode contribuir para práticas mais conscientes, críticas e transformadoras.
RESUMOS
 PSICOLOGIA SOCIAL CONTEMPORÂNEA: IDEOLOGIA
Em “Psicologia Social Contemporânea”, o autor Pedrinho Guareschi busca abordar temas pertinentes relacionados a Ideologia. Segundo o autor, o tema Ideologia pode ser o conceito mais complexo a ser abordado, graças a sua complexidade de definição, procurando esclarecer como o conceito de Ideologia influencia diretamente na forma como os indivíduos percebem a realidade e interagem com ela, sem se darem conta de suas funções no meio da sociedade que constitui a Ideologia como ela é. Cotidianamente, é possível que o termo “ideologia” seja usado de maneira vaga, podendo até mesmo haver o uso de forma pejorativa como manipulação, incoerência ou ilusão. Guareschi propõe então uma compreensão mais profunda, começando por retomar a origem do termo no final do século XVII, por Destutt de Tracy definindo ideologia como uma ciência das ideias, Maquiavel, que mesmo não empregando o nome já explorava ao discutir as práticas dos príncipes e Karl Marx e Engels defendendo a ideologia como o sentido crítico conhecido nos dias atuais. O conceito de Marx E Engels se constitui num conjunto de representações, valores e ideias que escondam a realidade da estrutura social, que naturalizem as desigualdades e garantam a dominação às classes vulneráveis e sua permanência sob o controle, enquanto não se limita a enganar conscientemente, mas também de forma profunda organizando a percepção da realidade como modo a fazer parecer que as relações sociais injustas são naturais e inevitáveis. (GUARESCHI, 2013)
Althusser define a ideologia como “aparelhos ideológicos do estado”, que são as instituições criadas dentro das comunidades que se dão nas relações entre os seres humanos, como a linguagem, escolas, famílias, instituições religiosas, meios de comunicação social, entidades assistenciais e etc. Esses grupos mantêm, através do cotidiano, a ordem social existente, como uma espécie de alienação, cultivando percepções que deixem de perceber as reais causas de sua condição social e, consequentemente, percam a autonomia e conscientização necessárias para transformar sua realidade. Tal como um filtro, a ideologia atua selecionando e organizando as informações que podem chegar até os sujeitos, podendo distorcer e omitir elementos que possibilitam críticas ou desejos de mudança, criando uma visão de mundo parcial, fragmentada e ilusória, já que oculta aspectos de dominação social, ou seja, não atuando como coerção, mas como persuasão e internalização de valores não questionando as crenças sociais instituídas pelas classes dominantes. (GUARESCHI, 2013).
Guareschi também alerta para o papel fundamental que os meios de comunicação de massa desempenham na difusão da ideologia. A televisão, o rádio, os jornais e, mais recentemente, a internet e as redes sociais, são instrumentos poderosos de reprodução ideológica, pois atuam como mediadores da realidade para grande parte da população. Esses meios não apenas informam, mas também formam opiniões, atitudes e valores – muitas vezes reforçando estereótipos, preconceitos e visões de mundo que favorecem a manutenção da estrutura social dominante. A repetição constante de determinadas mensagens, narrativas e imagens ajuda a consolidar visões naturalizadas sobre o mundo, como se não houvesse alternativas viáveis à ordem vigente.
Nesse sentido, a ideologia atua como um mecanismo de dominação simbólica, em que não é necessário o uso da força para manter o poder, pois os próprios dominados reproduzem os valores da classe dominante sem perceber. Isso é possível porque a ideologia se confunde com o senso comum, com aquilo que se acredita ser "natural", "certo" ou "moral". Guareschi mostra que romper com essa lógica exige mais do que informação: requer formação crítica e capacidade de reflexão. Não basta apenas ter acesso ao conhecimento; é preciso desenvolver a habilidade de questionar o que está por trás das ideias que nos sãos apresentadas.
Ao longo do texto, Guareschi argumenta que o combate à ideologia não se dá por meio da simples rejeição de ideias alheias, mas sim por meio de um esforço de desvelamento – ou seja, tornar visível o que está oculto. Esse processo exige uma postura crítica, que questione as explicações dominantes e busque compreender os interesses por trás delas. Para isso, é fundamental investir em uma educação libertadora, que desenvolva a consciência crítica dos sujeitos. Inspirado por pensadores como Paulo Freire, o autor defende uma prática educativa baseada no diálogo, na reflexão e na problematização da realidade.
A superação da ideologia, portanto, não é tarefa fácil, pois ela está entranhada em nossa forma de pensar e agir. No entanto, é um passo essencial para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Ao reconhecer que muitas das nossas certezas são fruto de um processo histórico e social de dominação, abre-se a possibilidade de questionamento e transformação. Esse é o objetivo maior de uma consciência crítica: desnaturalizar o que foi apresentado como inevitável, e agir de forma autônoma diante da realidade.
Outro ponto importante que o autor destaca é a dimensão histórica da ideologia. Nenhuma ideologia é eterna ou imutável. Ela está sempre ligada a um determinado contexto social, político e econômico, o que significa que também pode ser modificada. Essa constatação é fundamental para a luta por justiça social, pois mostra que o mundo não é fixo e que as estruturas de dominação podem ser transformadas. Para isso, é necessário que os sujeitos se reconheçam como agentes históricos, capazes de intervir no curso dos acontecimentos. A educação, mais uma vez, aparece como umcaminho privilegiado para essa tomada de consciência (GUARESCHI, 2013).
Pedrinho Guareschi oferece, com este capítulo, não apenas uma reflexão teórica, mas um convite à ação. Ao desmascarar a ideologia e apontar os meios pelos quais ela se perpetua, o autor propõe um projeto de libertação individual e coletiva. Ele acredita na capacidade humana de romper com a alienação e construir um mundo mais justo, baseado na solidariedade, no diálogo e na participação ativa dos cidadãos. Seu texto é, portanto, não apenas informativo, mas profundamente transformador – um chamado à responsabilidade ética e política de todos aqueles que desejam compreender e mudar a realidade em que vivem.
SÍLVIA LANE E O PROJETO DO “COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA”
Este texto traz os principais aspectos da trajetória da Profa. Sílvia Tatiana Maurer Lane, desde a construção de uma nova abordagem de Psicologia Social crítica até a formulação de um projeto de compromisso social da Psicologia. Trabalhou dedicadamente em várias frentes para produzir uma Psicologia Social que reconhecesse o caráter histórico dos fenômenos sociais e humanos.
Sílvia Lane foi uma figura fundamental na transformação da Psicologia no Brasil, especialmente no que diz respeito ao compromisso social da profissão. Sua trajetória acadêmica e profissional esteve sempre orientada pela ideia de que o conhecimento deve servir à construção de condições dignas de vida para todos. 
Ela rompeu com a tradição elitista da Psicologia e buscou uma abordagem que reconhecesse a realidade social, aproximando a Psicologia da América Latina e contribuindo para a criação de um novo projeto para a ciência e a profissão. Foi professora na PUC-SP, onde sua influência se expandiu, inspirando um coletivo de psicólogos a se engajar em novas tarefas e construir um modelo de Psicologia voltado para as necessidades da população. 
Seu trabalho ajudou a consolidar a Psicologia Sócio-histórica no Brasil, fortalecendo a ideia de que a Psicologia deve estar atenta ao contexto social e político. Seu impacto é sentido até hoje, e muitos profissionais seguem os princípios que ela ajudou a estabelecer. 
Sílvia Lane foi uma psicóloga e professora que desempenhou um papel essencial na construção da Psicologia Social no Brasil e na América Latina. Ela acreditava que o conhecimento deveria ser usado para transformar a realidade e melhorar as condições de vida da população. Lane rompeu com a tradição elitista da Psicologia e impulsionou um modelo de atuação voltado para o compromisso social. 
Na PUC-SP, onde construiu sua carreira, ela ajudou a consolidar a Psicologia Sócio-histórica, uma abordagem que analisa o indivíduo dentro de seu contexto social e histórico. Como professora, estimulou o pensamento crítico e incentivou seus alunos a produzirem conhecimento original. Além disso, Lane teve um papel fundamental na reforma do ensino de Psicologia no Brasil, contribuindo para a estruturação do curso na PUC-SP. 
Seu legado continua influenciando a Psicologia, especialmente nas áreas que buscam uma maior conexão com as demandas sociais. Seu trabalho reforça a importância do compromisso político e da consciência crítica na atuação dos psicólogos. 
Ela teve um papel fundamental na construção de uma Psicologia Social crítica e comprometida com a transformação da realidade. Ela questionou o positivismo, destacando que a busca pela objetividade científica muitas vezes afastava o ser humano como sujeito histórico. Sua abordagem, baseada no materialismo histórico e dialético, enfatizou a relação dialética entre indivíduo e sociedade, buscando compreender os processos de consciência e alienação e as possibilidades de ação frente às determinações sociais. 
Lane também foi uma das grandes defensoras da pesquisa-ação participante, reforçando que o conhecimento não é neutro e que a ciência deve ter compromisso social. Nos anos 70, em um período político difícil no Brasil, suas reflexões e críticas foram acompanhadas por professores e alunos que buscavam novas alternativas para a Psicologia Social. Seus debates com representantes da psicologia social tradicional ajudaram a consolidar uma perspectiva crítica na área. 
Sua contribuição se reflete na construção de uma Psicologia voltada para a práxis, considerando a realidade como um processo histórico e contraditório. Seu legado ainda influencia pesquisadores que buscam compreender o ser humano como agente de mudança. 
Sílvia Lane revolucionou a Psicologia Social ao trazer uma perspectiva crítica baseada no materialismo histórico e dialético. Sua proposta rompeu com a visão tradicional que tratava o indivíduo isoladamente, enfatizando a relação dinâmica entre sujeito e sociedade. Ela acreditava que o conhecimento científico deveria servir à transformação social e que a Psicologia deveria compreender o homem como um agente de mudança. 
Principais Contribuições: Superação do Positivismo: Criticava a visão tradicional da Psicologia Social que buscava apenas descrever comportamentos, sem compreender o indivíduo como sujeito histórico. 
Psicologia Sócio-histórica: Propôs um olhar dialético sobre o ser humano, considerando sua interação contínua com o meio e seu papel na construção da história. 
Compromisso Social: Defendia que o conhecimento psicológico deveria estar ligado às necessidades concretas da população e não apenas à academia. 
Pesquisa-ação participante: Valorizava a participação ativa das pessoas na produção do conhecimento, questionando a neutralidade da ciência e destacando a importância do engajamento dos pesquisadores na realidade social. 
Influência na PUC-SP: Foi uma das responsáveis pela estruturação do curso de Lane não apenas teorizou, mas colocou suas ideias em prática, influenciando gerações de psicólogos e pesquisadores que seguem sua linha de pensamento. Sua abordagem fortaleceu a Psicologia Social no Brasil e contribuiu para o desenvolvimento de metodologias que buscam compreender o indivíduo como parte de uma estrutura histórica e social. 
Sílvia Lane teve um papel essencial na formalização da Psicologia Social Sócio-histórica no Brasil. No Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC-SP, ela sistematizou um processo de revisão metodológica na área, incluindo releituras de autores como George Mead e Politzer, e aprofundando críticas à Psicologia Social tradicional. 
A redescoberta de Vigotski, Luria e Leontiev foi um divisor de águas, permitindo a fundamentação de três categorias básicas do psiquismo: consciência, atividade e identidade. Em 1984, junto a Wanderley Codo, Lane organizou o livro Psicologia Social: O homem em movimento, uma referência que consolidou essas ideias. 
Nos anos 70 e 80, Sílvia Lane e seus colaboradores construíram uma alternativa à Psicologia Social norte-americana, enfatizando uma abordagem crítica e socialmente engajada. Esse esforço culminou na criação da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) em 1980, reunindo acadêmicos e profissionais comprometidos com uma Psicologia que dialogasse com a realidade brasileira e latino-americana. 
Seu legado ajudou a estruturar uma Psicologia Social voltada para a desnaturalização dos fenômenos sociais, considerando o indivíduo como parte de um contexto histórico e político em constante transformação. Sua influência ainda é sentida em estudos contemporâneos que buscam integrar teoria e prática com um compromisso social. 
Sílvia Lane desenvolveu uma abordagem inovadora na Psicologia Social baseada no materialismo histórico e dialético, permitindo analisar fenômenos psicológicos e sociais dentro de sua historicidade. Ela enfatizava a relação dialética entre subjetividade e objetividade, articulando conceitos como atividade, consciência e identidade. 
Ao se aprofundar nas obras de Vigotski, Luria e Leontiev, Lane estruturou suas pesquisas sobre o psiquismo humano, explorando a linguagem, os processos grupais e as representações sociais como elementos fundamentais para a construção da subjetividade. Para ela, o indivíduo não pode ser compreendido isoladamente,mas sim dentro de um contexto social, histórico e cultural que influencia sua identidade e transformação. 
Uma de suas contribuições mais marcantes foi a ideia de que são inseparáveis indivíduo e sociedade, pois a identidade se forma e se transforma continuamente por meio das interações sociais e dos estímulos do ambiente. Sua perspectiva da subjetividade como um processo constante de metamorfose reforça a ideia de que o ser humano não deve ser cristalizado por papéis sociais pré-definidos, mas sim compreendido dentro de sua dinâmica histórica e social. 
Além disso, Lane se dedicou ao estudo da linguagem e afetividade, analisando como os significados sociais e individuais se constroem de forma mediada pela experiência e pela ideologia. Essa visão possibilitou uma abordagem crítica sobre a construção de valores e significados na Psicologia Social, promovendo uma compreensão mais ampla das interações humanas e da influência do contexto histórico na subjetividade. 
Seu legado continua influenciando estudiosos e profissionais da Psicologia, consolidando uma abordagem crítica, engajada e transformadora.  
Sílvia Lane aprofundou a compreensão da dialética entre subjetividade e objetividade, especialmente por meio da linguagem, atividade e afetividade. Inspirada por Leontiev, Vigotski e Luria, ela mostrou que os significados das palavras são construídos socialmente, mas se tornam pessoais à medida que os indivíduos os vivenciam e os transformam em suas práticas concretas. 
Ela desenvolveu um modelo de subjetividade dialética, no qual a consciência, a atividade e a identidade são formadas em um contexto social e histórico, e não de maneira isolada. Isso significa que o indivíduo está em constante metamorfose, influenciado pelas relações sociais, emoções e linguagem. A afetividade, por sua vez, aparece como uma categoria essencial do psiquismo, pois conecta a experiência subjetiva com o mundo social. 
Lane também apontou que os valores não são estáticos, mas sim construídos e modificados ao longo da história. Ela enfatizou o compromisso ético da Psicologia, defendendo que os psicólogos devem se preocupar com a transformação social e com o despertar da reflexão crítica nos indivíduos, evitando a alienação e a apatia. Sua abordagem reforça a importância de uma Psicologia que não apenas analisa a realidade, mas que intervém ativamente para promovê-la. 
Seu pensamento influenciou a construção da Psicologia Social Sócio-histórica, uma corrente que busca compreender o ser humano em sua relação dialética com a sociedade, considerando o contexto histórico e as contradições que impulsionam a mudança. 
Sílvia Lane contribuiu significativamente para a construção de uma Psicologia Social comprometida com o contexto histórico e social, diferenciando-a da abordagem tradicional norte-americana. Para ela, o "social" não poderia ser apenas um rótulo agregado a temas já explorados pela Psicologia, mas deveria representar uma forma de renovação da ciência psicológica, alinhada às necessidades do povo brasileiro. 
Seu grupo de trabalho não apenas criticou conceitos pré-existentes, mas produziu conhecimento original, rejeitando a mera aplicação de teorias estrangeiras. Lane e seus colaboradores construíram uma Psicologia que não apenas analisava o indivíduo, mas situava cada pessoa em seu contexto social e histórico, permitindo uma compreensão mais ampla da subjetividade. 
Ela defendia que toda a Psicologia é social, ou seja, até mesmo um psicólogo clínico em atendimento individual poderia atuar dentro da Psicologia Social, desde que contextualizasse seu paciente em seu momento histórico e social. Esse olhar ampliado permitia que a Psicologia fosse uma ferramenta para transformação da realidade, promovendo autonomia e consciência crítica. 
Além disso, Lane enfatizava a produção coletiva do conhecimento, reforçando que a construção de uma Psicologia verdadeiramente social deveria ser um esforço conjunto, baseado na colaboração entre psicólogos e pesquisadores comprometidos com essa perspectiva. 
Sua abordagem segue influenciando a Psicologia Social no Brasil e na América Latina, consolidando uma visão crítica e engajada que busca compreender o ser humano não como um ente isolado, mas como sujeito histórico, capaz de atuar ativamente na transformação social 
Sílvia Lane foi uma pioneira na construção de uma Psicologia com compromisso social, orientando sua produção científica para a transformação da realidade brasileira e latino-americana. Seu trabalho foi marcado pela busca incessante por métodos, conceitos e teorias que pudessem compreender e modificar as condições de vida das pessoas, sempre com rigor acadêmico e científico. 
Ela não se acomodou com o que já estava posto, e cada certeza que alcançava se tornava um ponto de partida para novas dúvidas e investigações. Lane valorizava o diálogo, acolhia sugestões e colaborava de forma coletiva com seus alunos e pesquisadores, acreditando que o conhecimento deveria ser produzido de forma participativa. Para ela, toda pesquisa deveria responder à pergunta: “Qual a realidade que quero contribuir para mudar? ”. 
Sua postura ética e engajada influenciou inúmeros psicólogos e pesquisadores, muitos dos quais se reuniram na ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social), uma entidade que até hoje luta por uma Psicologia crítica e comprometida com a transformação social. Seu legado é incontestável, pois ajudou a mudar os rumos da Psicologia no Brasil e contribuiu para um novo projeto de ciência e profissão, voltado para a realidade social do país. 
O LIVRO "DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS: ATUALIDADE DAS DESCOBERTAS DE KURT LEWIN"
O livro é uma obra que estuda contribuições fundamentais de Kurt Lewin para a compreensão dos processos grupais. O capítulo destaca que as minorias psicológicas são definidas por sua dependência social e falta de autonomia, e que sua dinâmica interna e relação com a maioria determinam sua sobrevivência e desenvolvimento.
A obra enfatiza que a dinâmica dos grupos é indissociável de sua gênese, destacando que os passos iniciais da formação de um grupo refletem em seu desenvolvimento futuro e possíveis superações.
O capítulo "Demografia e Psicologia" elucida os diferentes conceitos de maioria e minoria sob duas perspectivas: a demográfica e a psicológica.
Demografia diz respeito apenas à quantidade de pessoas em um grupo; maioria é quem tem mais membros, minoria é quem tem menos, já na Psicologia, o autor, explica que a maioria psicológica é o grupo que possui autonomia, independência e plenos direitos, independentemente do número de pessoas. Já a minoria psicológica é definida pela falta dessa autonomia, estando sob tutela e dependendo da tolerância da maioria para existir, mesmo que numericamente seja maior.
Nesse caso, a condição de minoria psicológica está ligada ao poder e à autonomia, não à quantidade. Minorias psicológicas tendem a ser discriminadas e têm sua vida marcada pela luta por direitos e reconhecimento, enquanto maiorias psicológicas não dependem de outros grupos para garantir sua existência.
O texto segue então falando de minorias psicológicas, enfatizando a distinção entre o conceito de “minoria” em outras disciplinas. Sendo assim, “minoria psicológica” não tem a ver com quantidade, mas com posição social e autonomia. Um grupo é minoria psicológica quando seu destino coletivo depende da boa vontade de outro grupo (a maioria), estando dependente e sem plenos direitos de autodeterminação, independentemente do número de membros.
Quanto à origem e estrutura, têm sua origem e dinâmica essencialmente sociais. Sua existência depende da tolerância da maioria, e não de características individuais de seus membros. Essas minorias podem ser integradas isso significa com forte coesão interna e aceitação de sua condição ou também, não integradas, nesse caso com laços frágeis e desejo de assimilação à maioria
Na sua dinâmica Interna, busca promover lealdade e coesão, fortalecendo a identidade do grupo. Ao contrário disso levam à assimilação e à dissoluçãodo grupo, com pessoas buscando aceitação pela maioria, o que muitas vezes significa renunciar a sua identidade.
O texto fala ainda sobre a relação da minoria com a maioria: a minoria é sempre suscetível à discriminação, pois sua sobrevivência depender da tolerância da maioria. Em certos períodos, de maior tensão a maioria tende a exercer represálias e usar a minoria como bode expiatório para suas frustrações.
O capítulo explica que existem dois tipos de minorias: minorias integradas, que são as que possuem coesão interna fortalecida e aceitam sua condição, o que torna favorável a união e luta por emancipação.
Enquanto a minorias não integradas, se refere aos que apresentam pouca coesão, sendo apenas um grupo de indivíduos que buscam assimilação à maioria, sem verdadeira interdependência.
Quanto a previsão futura, o autor aponta para uma sobrevivência dependente da consciência de sua condição e da luta por emancipação. 
O capítulo "As minorias judaicas" traz uma análise de uma experiência pessoal do autor, Kurt Lewin analisa a situação dos judeus como exemplo de minoria psicológica. O texto lembra que os judeus, historicamente, foram considerados uma minoria não privilegiada e discriminada, cuja sobrevivência coletiva depende da tolerância da maioria e não de direitos plenos.
A pressão social e a discriminação podem gerar nos judeus sentimentos de auto repudio, que na verdade são respostas psicossociais a situação de exclusão e rejeição, e não se trata de um traço individual.
Lewin não deixa de enfatizar a importância de um espaço que permita às crianças judias reconhecerem sua condição de minoria como uma questão social, e não como “problema” pessoal individual. Ele defende ainda que a coesão interna e a identificação positiva com o grupo são essenciais para a sobrevivência das minorias, e que a busca de aceitação pela maioria muitas vezes resulta em frustração e ilusões de pertencimento.
O capítulo utiliza o caso dos judeus como uma forma de exemplificar a dinâmica das minorias psicológicas, enfatizando a necessidade de consciência coletiva, e a busca pelo fortalecimento da identidade do grupo minoritário frente à pressão da maioria.
O livro encerra com o capítulo "O devir das minorias" tratando das possibilidades de transformação dos grupos minoritários diante da pressão social exercida pelas maiorias. Para Kurt Lewin é justamente esse contexto de pressão que leva as minorias a buscarem autoafirmação, expressando e valorizando suas próprias características para garantir sua sobrevivência. Há o grupo de minorias que acreditam que só podem se manter existindo ao se separar ou se emancipar da maioria, mas o texto enfatiza que nem todas seguem esse caminho, pois há também grupos minoritários que buscam integração com a maioria, o que pode gerar conflitos internos entre diferentes segmentos da própria minoria.
Lewin finaliza com algumas projeções possíveis para o futuro das minorias como: renunciar à própria identidade, assimilando-se completamente à maioria; buscar integração, mantendo relações cordiais, mas servis; e por fim, lutar pela independência e emancipação, adotando atitudes coletivas.
O capítulo conclui que o destino das minorias é determinado por suas escolhas diante da maioria e pelo nível de coesão e consciência coletiva que conseguem desenvolver.
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE DILMA ROUSSEFF: UMA ANÁLISE DAS CHARGES QUE A RETRATAM NA FOLHA DE S. PAULO
"Representações sociais: conceito e desenvolvimento”
Este primeiro capítulo do livro o autor apresenta o conceito de representações sociais, e como essas representações são construídas socialmente, o autor então apresenta esse fenômeno como conjuntos de explicações, crenças, ideias e valores compartilhados por um grupo, que ajudam os indivíduos na sua individualidade a interpretar, dar sentido e agir sobre a realidade relacionando assim entre o individual e o coletivo, e estão em constante transformação conforme o contexto histórico, cultural e social.
Moscovici, ao estudar a inserção da psicanálise na sociedade francesa, ele propôs que a realidade não é composta apenas por objetos concretos, mas também pelos sentidos e valores atribuídos pelos indivíduos. Ele argumenta que a percepção humana vai além dos objetos físicos, abrangendo os significados que as pessoas constroem e compartilham socialmente. As representações sociais são formas de conhecimento prático, elaboradas coletivamente, que ajudam os indivíduos a responder às demandas cotidianas. Elas são construídas no dia a dia e disseminadas por meio da comunicação social permitindo que os indivíduos compreendam o mundo ao seu redor.
Moscovici destaca que as representações sociais possuem duas funções: Convencionalizar: As representações sociais dão forma definitiva a pessoas, objetos e acontecimentos, inserindo-os em categorias específicas. Esse processo permite que os indivíduos compreendam o cotidiano classificando o que é importante e o que não é. Prescrever: As representações sociais impõem tradições, valores e crenças que orientam o pensamento e comportamento humano. Elas são transmitidas de geração e geração moldando a forma como os indivíduos percebem e interagem com o mundo. Ele também enfatiza que as representações sociais são autônomas, ou seja, possuem vida própria e circulam na sociedade, influenciando o comportamento dos indivíduos e grupos. Elas são criadas no isolamento, mas são produtos sociais que refletem a memória coletiva e as normas culturais.
Moscovici baseou-se no conceito de representações coletivas de Émile Durkheim, mais divergiu em alguns aspectos fundamentais. Enquanto Durkheim considerava as representações coletivas como estáticas e abrangentes, moscovici as interpretou como dinâmicas e flexíveis, adaptando-se às mudanças sociais. Para Durkheim, as representações coletivas englobavam ciência, religião, mito e outras formas de pensamento, mas Moscovici focou nas representações sociais como fenômenos específicos que emergem do cotidiano e da interação social.
Denise Jodelet, colaboradora de Moscovici, aprofundou o conceito de representações sociais ao defini-las como formas de conhecimento socialmente elaboradas e compartilhadas, que contribuem para construção de uma realidade comum. Jodelet destacou que as representações sociais são tanto produto quanto o processo, sendo influenciadas por fatores cognitivos, afetivos e sociais. Ela também enfatizou a importância da comunicação social na disseminação das representações, que orientam condutas e justificam relações sociais.
Moscovici explica que as representações sociais tornam desconhecido familiar por meio de dois mecanismos fundamentais, Objetivação: Esse processo transforma ideias abstratas em imagens concretas, permitindo que conceitos complexos sejam visualizados e compreendidos. Por exemplo, ao explicar o conceito de Deus a uma criança, os pais podem associá-lo à figura de um "pai do céu", utilizando uma imagem concreta para representar algo abstrato. A objetivação da materialidade às ideias, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.
Ancoragem: Esse processo reduz a estranheza e facilita a aceitação do novo, ou seja, ancorar ideias estranhas, reduzi-las a categorias e a imagens comuns, colocá-las em um contexto familiar. Por exemplo, ao encontrar uma criança com comportamento agitado, os colegas podem classificá-la como "louca", utilizando uma categoria já conhecida para explicar o comportamento desconhecido. Ancoragem permite que os indivíduos compreendam o novo a partir de comparações com o que já é familiar. Esses processos são essenciais para construção das representações sociais, pois ajudam os indivíduos a atribuir sentido ao que antes era estranho ou ameaçador. Moscovici também destaca que a memória coletiva desempenha um papel central nesse processo, permitindo que os indivíduos recorram ao conhecimento acumulado pela sociedade para interpretar o novo.
Maria Alice Leme destacou que a teoria das representações sociais não deve ser confundida com as teorias cognitivistas tradicionais, que tratama cognição com uma atividade individual. Para Leme, a teoria de Moscovici concebe a cognição como um processo social, influenciado pela interação entre indivíduos e grupos. Essa perspectiva reforça a importância das representações sociais como fenômenos coletivos, que refletem a realidade histórica e cultural de uma sociedade.
Sandra Jovchelovitch contribuiu para a teoria das representações sociais ao enfatizar sua reflexividade e capacidade de adaptação. Ela argumenta que as representações sociais são processos de mediação entre o sujeito e o objeto, permitindo que os indivíduos interpretem e se apropriem da realidade. Também destacou a relação entre as representações sociais e as práticas comunicativas, que estruturam os espaços públicos e influenciam as disputas simbólicas na sociedade.
Jean-Claude Abric complementa a teoria de Moscovici ao propor a Teoria do Núcleo Central, que organiza as representações sociais em dois sistemas independentes, Núcleo Central: Que é composto por elementos estáveis que definem o significado da representação. Ele é responsável por estruturar e estabelecer a representação, garantindo sua continuidade ao longo do tempo. O núcleo Central é determinado pela memória coletiva e pelas normas culturais, sendo resistente às mudanças. 
Sistema Periférico: É mais flexível ao contexto, permitindo a adaptação da representação social. Ele complementa o núcleo central, protegendo-o de impactos externos e incorporando novas informações. O sistema periférico também permite que as representações sociais e contradições e heterogeneidades, sem comprometer sua estrutura central.
Abric argumento que as representações sociais são caracterizadas por sua dualidade, sendo ao mesmo tempo estáveis e móveis, rígidas e flexíveis. Essa dualidade é essencial para que as representações sociais acompanhem o desenvolvimento dos grupos e se adaptem às transformações sociais. A teoria do núcleo central destaca que as representações sociais são compostas por um sistema interno de caráter duplo que combina estabilidade e adaptabilidade. Além disso, Abric argumenta que o núcleo central é o principal responsável pela distinção entre uma representação social e outra. Representações diferentes possuem núcleos centrais diferentes, que refletem as características específicas do grupo social que as produz. Por exemplo, a representação social "político" pode variar entre diferentes grupos, dependendo dos valores, das crenças e das experiências compartilhadas por seus membros. A Teoria do Núcleo Central tem sido amplamente utilizada em pesquisas sobre representações sociais, especialmente em estudos experimentais. Esses estudos buscam validar hipótese de que o comportamento dos indivíduos e dos grupos é motivado pelas representações sociais das situações, e não pelas situações objetivas em si. Essa abordagem subverte a tradição experimentalista da Psicologia Social, ao enfatizar que as representações sociais são o principal determinante das interações e dos comportamentos.
Este capítulo finaliza correlacionando os estudos sobre representação social com as charges sobre Dilma Rousseff publicadas na Folha de S. Paulo.
Os autores descrevem sobre a fabricação de representações sociais que a função jornalística alimenta o pensamento social, o jornal está colaborando para construção de uma representação social sobre a presidente, interferindo, então, no pensamento social sobre ela. As representações sociais transmitidas pelo humor têm a vantagem de serem mais fáceis de aceitar, porque nesse formato, elas conseguem driblar as barreiras racionais e acabam sendo melhor recebidas.
Ao fabricar uma representação sobre Dilma, as charges estão almejando defini-la; estão tentando delimitar sua identidade, querendo, assim, demarcar quem é essa figura política. 
CONCLUSÃO
Ao longo da análise dos principais conceitos da Psicologia Social — como minoria psicológica, representações sociais e ideologias —, torna-se evidente a estreita relação entre o sujeito e o contexto sociocultural em que está inserido. A maneira como pensamos, agimos e sentimos é constantemente influenciada por construções coletivas que, por vezes, são naturalizadas e tomadas como verdades absolutas. Compreender essas dinâmicas não apenas amplia nossa consciência crítica, mas também nos impulsiona à responsabilidade de rever práticas, discursos e omissões.
As contribuições de Silvia Lane reforçaram essa perspectiva ao propor uma Psicologia Social comprometida com a transformação da realidade, focada nas experiências concretas das pessoas, com um olhar para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Sua visão nos lembra que a Psicologia não pode se negar a dialogar com a política, com a história e com os meios pelo qual o poder se manifesta nas relações cotidianas.
Este trabalho, de forma sucinta, aponta para a urgência de aprofundarmos nosso olhar sobre a relação entre o individual e o social. A Psicologia Social não se limita a si mesma, antes se revela no mundo, nas práticas profissionais, nas políticas públicas e nos modos como escolhemos nos relacionar com o outro. Que esta reflexão siga incentivando e inspirando ações, estudos e diálogos comprometidos com a transformação social e com a dignidade humana.
REFERÊNCIAS
BOCK, Ana Mercês Bahia; FERREIRA, Marcos Ribeiro; GONÇALVES, Maria da Graça M.; FURTADO, Odair. Sílvia Lane e o projeto do “Compromisso Social da Psicologia”. Psicologia & Sociedade, v. 19, n. esp. 2, p. 46–56, 2007.
FERRAZ, Gabriel Pinelli. A representação social de Dilma Rousseff: uma análise das charges que a retratam na Folha de S. Paulo. 2013. 191 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: 15 maio 2025.
MAILHIOT, Gérald Bernard. Dinâmica e gênese dos grupos: atualidade das descobertas de Kurt Lewin. Tradução de Maria Ferreira. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2013
STREY, Marlene Neves et al. Psicologia social contemporânea: livro-texto. Petrópolis: Vozes, 201
JÉSSICA ELLEN DE F. LUINGUIN RA. G942EE3
SARAH MONSTANS FERREIRA RA. T149061
RAIANA F. BORELA RA. G935098
VANUSA GUIMARÃES SANTANA RA. G87ACB7
YASMIN REIS DA SILVA RA G92DEA-0
RESUMOS
Trabalho apresentado para a disciplina Psicologia Social, do Curso de Psicologia da Universidade Paulista-UNIP.
Orientador Prof. Dr. Gabriel Pinelli.
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
2025

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