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Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Unidade 1
Introdução à psicologia social
Aula 1
História da Psicologia Social
Introdução
Olá, estudante!
Nesta aula serão apresentados alguns conceitos básicos sobre a história da psicologia e seu
objeto de estudo. A psicologia enquanto ciência e pro�ssão busca investigar e promover ações
voltas ao desenvolvimento da subjetividade e relação humana. Ela parte de uma diversidade
epistemológica, a qual permite compreender o ser humano a partir de diferentes perspectivas.
Dentro dessa diversidade de psicologias, encontra-se o campo de estudo e ação da psicologia
social, a qual busca compreender o ser humano inserido em seu contexto social. Sendo assim,
compreender o sujeito nesta perspectiva teórica é compreender as diferentes facetas e
determinações que o constituem, além da construção de um pensamento crítico da sociedade
em direção a emancipação humana. 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Aproveite para neste momento entender estes conceitos da psicologia social e poder aplicá-los
em sua carreira.
A constituição da psicologia enquanto campo cientí�co
A psicologia é um campo da ciência que estuda o comportamento humano, seus processos
mentais, cognitivos, intelectuais, distúrbios mentais, entre outros. Utiliza fatos empíricos e
experiências sensoriais. Diferentemente de outras ciências, a psicologia tem um leque de
conhecimentos, não tem um único objetivo de estudo e não tem uma única forma de abordar
seus diferentes objetivos, ou seja, apresenta vários métodos de estudos e de compreensão da
subjetividade (JACÓ-VILELA, 2019).
Se pensarmos na psicologia como um todo, ela estuda fenômenos bastante variados, como a
mente, o inconsciente, o comportamento, as relações humanas etc. Às vezes, se interessa pela
�loso�a, às vezes pelo individuo, outras pelo grupo; às vezes dá muita importância ao interior dos
indivíduos como determinante de seus atos, outras vezes se concentra na in�uência do ambiente
e da educação sobre o comportamento humano. Portanto, a psicologia é marcada pela
diversidade epistemológica e prática.
Figueiredo (1992) se refere a essa característica da psicologia como um campo de
conhecimento com diversidade epistemológica, isto é, o conhecimento psicológico não é único,
coerente e hegemônico. O que se observa são diferentes formas de pensamento em psicologia,
linhas ou correntes também chamadas de abordagens. Se considerarmos a psicologia como um
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
espaço, poderíamos observar que estas diferentes formas de pensamento ocupam distintos
pontos deste espaço, já que não têm as mesmas origens e objetivos. 
Figueiredo (1992) utiliza a expressão matrizes do conhecimento psicológico para se referir às
origens dessas diferentes formas de pensamento em psicologia. Ele de�ne as matrizes como
grandes conjuntos de valores, normas, crenças metafísicas, concepções epistemológicas e
metodológicas que subsidiam as teorias e as práticas pro�ssionais dos psicólogos. Ao longo de
sua história, a psicologia foi sendo construída sob diferentes in�uências sociais, culturais,
políticas e históricas que foram determinando as diferentes trajetórias que as diversas correntes
de pensamento assumiram. 
Para Figueiredo (1992), o psicólogo precisa considerar que as várias psicologias são, em muitos
casos, radicalmente diferentes epistemologicamente porque se originam de matrizes distintas. A
diversidade psicológica se caracteriza no movimento construtivo para a produção de
conhecimento, buscando respostas para as perguntas que envolvam seu objeto de estudo e
pro�ssão, com base e referências oferecidas por uma ou mais teorias, pensando e
estabelecendo relações entre as proposições teóricas e sua prática pro�ssional. 
Deste modo, é importante destacar que a psicologia social se constitui como uma forma de
saber psicológico, sendo uma possibilidade epistemológica e metodológica para a compreensão
do sujeito e da realidade em que ele está inserido. A psicologia social em seu movimento de
constituição histórica foi uma possibilidade de ampliação do fazer e saber da psicologia,
focalizando em especial a interação sujeito-sociedade e o olhar para o indivíduo inserido em
diferentes condições socioeconômicas. Neste sentido, compreender o sujeito nesta perspectiva
teórica é compreender as diferentes facetas e determinações que o constituem, além da
construção de um pensamento crítico da sociedade em direção à emancipação humana.
Intersubjetividade: relação sujeito e sociedade
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A partir do pressuposto da psicologia social, o ser humano é um ser social e que tem sua
subjetividade constituída a partir de multideterminações. A subjetividade e sua complexidade
são concebidas no meio ambiente social, a partir do nosso contato com o outro e as relações
sociais. Portanto, somos seres sociais e aqui reside a importância das contribuições da
psicologia social.
A partir dessas acepções, diferentes pro�ssionais e cientistas passaram então a se preocupar
em elaborar uma teoria que veiculasse o ser individual a partir de suas determinações históricas
e sociais. Recursos para dar conta desses conceitos para que a psicologia pudesse compreender
o ser humano em sua complexidade, levando em consideração suas determinações históricas,
econômicas e individuais, foram buscados (LANE, 1986).
Neste contexto, a psicologia social foi construída por um conjunto de conceitos e de práticas
provenientes da �loso�a, da ciência, da política e da sociologia, desenvolvendo os alicerces de
sustentação da concepção teórica da psicologia social. Segundo Carone (2007, p. 63):
A psicologia social hoje deixou de ser vista como um ramo menor da Psicologia, para
encarnar a própria essência da psicologia na medida em que o psiquismo humano,
dentro da postura histórico-social, é tomado com uma formação dialeticamente
determinada pelo processo de socialização, ou seja, que os processos psicológicos,
internos ou externalizados pelo comportamento humano, não são independentes e
separados da vida social. 
Histórico
Neste sentido, o nascimento da psicologia social se deu a partir da constatação de uma lacuna
na compreensão do psiquismo humano, permitindo inserir na discussão sobre a constituição
humana elementos como a história, ideologia e, ainda, desenvolver uma forma de fazer ciência
que se contrapusesse ao positivismo. Como construir um conceito teórico profundo que
caracterizasse e fornecesse conceitos adequados da psicologia social?
O nascimento da psicologia social teve forte in�uência americana, pautado na ideia do
desenvolvimento de técnicas e estratégias voltadas à adaptação do sujeito a sua realidade
circundante. A partir da década de 1960-1970, com o movimento de crítica a essa psicologia
social americana (marco da crise da psicologia social), autores latino-americanos construíram
novos postulados e pressupostos para a sustentação da psicologia social (LANE, 1986). 
A teoria americana era uma ciência pragmática com intenções de prever o comportamento
humano e adaptá-lo à condição social determinada. Desta maneira, o movimento dos autores
latino-americanos contra esta ideia se sustentava na assunção de que é necessário o
fortalecimento do sujeito e de sua subjetividade, a �m de promover transformações sociais que
favorecessem um contexto social mais digno e humano. Neste sentido, a desconstrução e a
busca de novos pressupostos para a construção de uma psicologia social foram extremamente
necessárias (LANE, 1986). 
A psicologia social crítica, desenvolvida por autores latino-americanos, busca uma integração
entre os saberes da psicologia e da sociologia, a �m de compreender a constituição humana e
sua relação com a sociedade. A psicologia social crítica contrapõe-se à ideia do determinismo
social, tendo como princípio a ideia de transformar uma sociedade a �m de oferecer condições
mais dignas de existência humana. Desta forma, importa-se com a inclusão e com a equidade,
tendo o compromisso com as mudanças na sociedade e buscando possibilidades de construção
Disciplinaconteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Olá, estudante, o vídeo que você irá assistir apresentará uma retrospectiva dos conteúdos
abordados nos blocos que compõem a nossa aula, ou seja, os elementos envolvidos nos
processos de socialização primária e secundária, a importância dos grupos sociais no processo
de socialização e a relação entre indivíduo, cultura e sociedade. É extremamente importante que
você assista ao vídeo e faça as suas considerações.
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Recomendamos a leitura da obra Psicologia social, que você encontra na Biblioteca Virtual da
Kroton.
Referências
https://biblioteca-virtual-cms-serverless-prd.s3.us-east-1.amazonaws.com/ebook/1911-psicologia-social.pdf
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L.T. Psicologias: Uma introdução ao estudo de
Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2009.   
DUBAR, C. A socialização: construção das identidades sociais e pro�ssionais. Porto: Porto Ed.,
1997.
LANE, S. T. M. O que é psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 2006.
LANE, S. T. M. e CODO, W. (Orgs). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo:
Brasiliense, 1984. 
MYERS, D. G. Psicologia social. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 
RAMOS, A. Introdução à psicologia social. Santa Catarina: UFSC, 2003. 
SANTOS, M. C. F. Psicologia social. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2019.
STREY, M. N. (Org.). Psicologia social contemporânea. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
Aula 2
Processo Grupal e Instituições
Introdução
Olá, estudante. Nessa aula, trabalharemos as relações existentes entre o trabalho ou atividade
humana pro�ssional e o desenvolvimento da subjetividade, além da importância dos papéis
sociais na constituição dos indivíduos.
A subjetividade se desenvolve no mundo do trabalho, o qual se apresenta de diversas formas ao
longo do tempo e no qual o ser humano terá a oportunidade de aprender crenças e valores que
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
são produzidos de forma social e cultural, em um processo denominado de internalização, o qual
fundamenta o desempenho dos diferentes papéis sociais.
Vamos lá?!
Trabalho, atividade e subjetividade
Olá, estudante. As áreas de conhecimento de�nem de maneira muito diferente o conceito de
trabalho. O trabalho pode ser de�nido como uma relação social ou somente como um emprego
ou ainda como uma atividade de produção social. Porém, o ato de trabalhar implica o uso de um
saber-fazer, do engajamento do corpo, da inteligência, da re�exão, interpretação e reação às
situações.
O trabalho não se reduz à relação salarial ou ao emprego, mas é um modo de engajamento da
personalidade para atender a uma tarefa delimitada por pressões materiais e sociais. As
situações de trabalho são permeadas por imprevistos, alterações de funcionamento e
incoerência organizacional que podem vir da matéria e dos trabalhadores (DEJOURS, 2004). 
O mundo contemporâneo apresenta desa�os como a instantaneidade e o acesso contínuo a
informações, a exposição a diversas ideias e valores, o que leva à construção e reconstrução de
referências e à perda do sentimento de pertencimento a um grupo. Estamos inseridos em um
universo em que o individualismo surge como um articulador das práticas sociais e as relações
humanas são competitivas e incertas, nos levando ao isolamento social.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Nesse contexto, a atividade ou trabalho humano é uma referência para os processos de
subjetivação contemporâneos. As relações desenvolvidas pelos indivíduos com a sua atividade
laboral constituem em uma faceta da psicodinâmica das sociedades e em um aspecto central
para o movimento de estruturação da subjetividade. 
A materialização das sociedades modernas leva a uma interrelação da subjetividade com o
trabalho (LOPES, 2009). Isso ocorre porque o trabalho não signi�ca apenas o exercício de uma
pro�ssão, mas envolve modos de se trabalhar e de conquistar um espaço no mercado de
trabalho, o que, quando não acontece, pode levar o indivíduo à exclusão do contexto pro�ssional.
O trabalho vai se tornando o formato central da relação e ação do sujeito sobre o mundo, e essa
dimensão se converte no ponto de partida para a produção cultural pelos grupos sociais, a partir
da “produção de símbolos, de representações, de signi�cados e, ao mesmo tempo, prática
constituinte e constituída do/pelo tecido social” (RAMOS, 2004, p. 45).
O contexto econômico do �nal do século XIX e início do XX em crise é seguido de uma onda de
transformações e o surgimento de um novo modelo tecnológico com inovações fundamentais
nas de produção e de um padrão novo de desenvolvimento social. Este momento é denominado
de 2ª Revolução Industrial, com o aparecimento da administração cientí�ca do trabalho. No
século XX, o trabalho simpli�cado e realizado a partir de movimentos programados e
cronometrados garantiu produtividade e desquali�cação das atividades laborais e levou o
trabalhador à condição de consumidor (RAMOS, 2004).
A reorganização dos modos de produção é uma das facetas de uma transformação intensa que
envolve uma nova relação sujeito-trabalho-mundo, em um mundo produtivo em que os produtos
do trabalho são constantemente modi�cados. 
Em um mundo em que a tecnologia substitui parte da mão de obra, caberá ao trabalhador um
espaço disputado e competitivo, com regulações, exigências e requisitos novos que o levam à
construção de novos padrões, valores e relações no trabalho e fora dele, como:
A precarização dos vínculos trabalhistas.
A exigência contínua de individualização e inovação da produção.
A �exibilização da organização do trabalho.
A necessidade de maior quali�cação dos trabalhadores (LOPES, 2009).
Podemos compreender, por meio das discussões realizadas sobre a subjetividade, a atividade e o
trabalho, que os processos grupais que se desenvolvem no ambiente de trabalho, o qual está
inserido no contexto das instituições, são fundamentais para a consolidação da socialização
humana.
Subjetividade, produção e reprodução social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Como se desenvolvem os elementos que constituem os processos sociais que fundamentam os
fenômenos psicossociais?
O desenvolvimento humano envolve aspectos pessoais, históricos e sociais e, para
compreendermos a expressão das singularidades, precisaremos analisar essas dimensões.
Sobre a produção e reprodução social e sua in�uência no desenvolvimento dos elementos
subjetivos dos seres humanos, vamos recorrer às ideias de Lev S. Vygostky, especialmente no
que diz respeito à relação entre o processo de internalização dos sistemas simbólicos. 
Internalização dos sistemas simbólicos
O processo de internalização envolve a transposição do uso de objetos externos, produzidos
socialmente, para processos internos de mediação social (o que envolve a reprodução social).
Em seu desenvolvimento, o indivíduo deixa de utilizar somente referências externas para utilizar
  referências internas, ou seja, usa as representações mentais para substituir os objetos da
realidade que são internalizados para representar os objetos, eventos e situações (OLIVEIRA,
1997). Um exemplo é a ideia de “mãe”, que permite ao indivíduo lidar mentalmente com a pessoa
real da mãe, principalmente, em sua ausência. 
Assim, o ser humano será capaz de operar progressivamente sobre as produções sociais ao
estabelecer relações, fazer planos, comparar, recordar, o que pressupõe um processo de
representação mental sobre o mundo externo. A capacidade humana de lidar com as
representações mentais sobre a realidade objetiva possibilita que os pensamentos não �quem
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
presos aos conceitos de espaço e tempo, estabelecendo relações mesmo na ausência das
coisas concretas, estimulando a imaginação e as ações intencionais (OLIVEIRA, 1997). 
As operações mentais são mediadas pelas ideias internalizadas ou representações mentais, as
quais libertam os homens da necessidadede ter uma interação concreta com os objetos de seu
pensamento. No caso dos processos superiores, que caracterizam o funcionamento psicológico
humano, as representações mentais e a realidade exterior são os principais mediadores a serem
considerados na relação homem-mundo (OLIVEIRA, 1997). 
Os sistemas de representação da realidade são produzidos socialmente, pois é o grupo cultural
no qual o indivíduo se desenvolve que fornece as formas de perceber e organizar o real. Os
grupos culturais em que as crianças nascem e se desenvolvem produzirão os adultos que
operam psicologicamente de acordo com os processos de reprodução social e cultural que
permitem ordenar a realidade. 
A relação interpessoal com os outros seres humanos permite ao indivíduo interiorizar as formas
sociais e culturais de funcionamento psicológico. A interação social com os outros homens ou
com os elementos do ambiente social e cultural fornece a “matéria-prima” para o
desenvolvimento dos elementos subjetivos do indivíduo. 
O processo pelo qual o indivíduo internaliza os elementos culturais não é um processo passivo,
mas de transformação. O indivíduo “toma posse” das formas de comportamento fornecidas pela
cultura, em um processo em que as atividades externas se transformam em atividades internas
(OLIVEIRA, 1997). 
Segundo Vygotsky (apud OLIVEIRA, 1997), o processo de desenvolvimento do ser humano se dá
de “fora para dentro”. O indivíduo realiza as ações externas, as quais serão interpretadas pelas
pessoas ao seu redor de acordo com os signi�cados sociais e culturalmente estabelecidos e, a
partir dessa interpretação, será possível ao indivíduo atribuir signi�cado às suas próprias ações e
desenvolver os processos psicológicos internos. Esses processos serão interpretados por ele
próprio, a partir de mecanismos estabelecidos pelo grupo cultural e compreendidos por meio de
códigos compartilhados pelos membros desse grupo em um processo de produção e
reprodução social e cultural (OLIVEIRA, 1997).
Portanto, é por meio das relações que são produzidas nos grupos sociais e nos contextos
institucionais aos quais o indivíduo pertence que serão construídas as bases para o
desenvolvimento da subjetividade.
Os papéis sociais e o desenvolvimento individual
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Façamos um exercício de re�exão: procure listar todos os papéis ou funções sociais que você já
desempenhou no decorrer de sua vida. Imagino que a sua lista não será curta, pois a nossa vida
é marcada pelo desempenho de muitas funções ou papéis sociais.
A sociedade é compreendida como um conjunto de funções ou papéis sociais (médico,
professor, aluno, �lho, pai, mãe). Essas posições sociais são estabelecidas pelo conjunto social e
determinam de forma prescritiva o papel que devem desempenhar. 
Dessa maneira, todos nós sabemos o que podemos esperar da pessoa que ocupará uma
determinada posição. Se você ocupa o papel de estudante, todos saberão dos comportamentos
a serem esperados no contexto escolar, assim como você também saberá o que esperar dos
professores. Os nossos comportamentos no encontro social são chamados de papéis
desempenhados, e esses podem ou não estar coerentes com a prescrição social, ou seja, com as
normas produzidas socialmente para orientar o desempenho de um determinado papel.
Os papéis sociais auxiliam a compreensão das situações sociais ao funcionarem como
referências para a percepção social do outro e para o comportamento do indivíduo. Dessa
maneira, se formos os ocupantes da posição de professor, saberemos como agir já que está
prescrito previamente as expectativas sociais para os ocupantes de tal função. 
Ao aprendermos um papel social, igualmente conheceremos sobre o papel complementar ao
nosso, como no exemplo citado acima: se somos estudantes, sabemos o que os professores
esperam de nós e sabemos o que esperar dos professores com quem interagimos. 
Os papéis sociais são diversos, e essa enorme plasticidade como seres humanos permite que
nos adaptemos às diferentes situações e vivências sociais e possibilitam, ainda, que sejamos
capazes de nos comportar de formas diferentes em cada uma dessas vivências. 
A aprendizagem dos papéis sociais envolve a aprendizagem de mitos, ritos e rituais que são
produzidos e reproduzidos socialmente. Cada interação social envolve o exercício de papéis
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
diversos nos momentos de socialização constante em nossas vidas.
Videoaula: Processo Grupal e Instituições
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Olá, estudante, o vídeo que você irá assistir fará uma retrospectiva sobre os conceitos
trabalhados nessa aula: a relação entre a atividade ou trabalho humano, a construção e
reconstrução de subjetividades, o processo de internalização de signi�cados produzidos e
reproduzidos socialmente e o desempenho dos papéis sociais na vida cotidiana.
Saiba mais
Leia a matéria Sociologia na administração de Claudio Gama sobre os papéis sociais, de�nido
por esse autor como “a personagem social que a pessoa encarna conforme o cenário social”.
https://administradores.com.br/artigos/sociologia-na-administracao-definindo-os-papeis-sociais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Referências
BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L.T. Psicologias: uma introdução ao estudo de
psicologia. São Paulo: Saraiva, 2009.
DEJOURS, C. Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, v. 14, n. 3, p. 027-034, Set./Dez.
2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prod/a/V76xtc8NmkqdWHd6sh7Jsmq/?lang=pt
Acesso em: 10 abr. 2022.
GAMA, C. Sociologia na administração: de�nindo papéis sociais. Administradores, 29 out. 2007.
Disponível em: https://administradores.com.br/artigos/sociologia-na-administracao-de�nindo-os-
papeis-sociais Acesso em: 11 abr. 2022.
LOPES, M. C. R. Subjetividade e Trabalho na Sociedade Contemporânea. Trab. Educ. Saúde, Rio
de Janeiro, v. 7 n. 1, p. 91-113, mar./jun. 2009. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tes/a/pyDYNCWKtwmBLVq9QsJVW5b/abstract/?lang=pt Acesso em: 10
abr. 2022.
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São
Paulo: Scipione, 1997 (Pensamento e Ação no Magistério).
RAMOS, M. O projeto unitário de ensino médio sob os princípios do trabalho, da ciência e da
cultura. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. Ensino médio: ciência, cultura e trabalho. Brasília: MEC,
2004. Disponível em: https://docplayer.com.br/19405417-O-projeto-unitario-de-ensino-medio-sob-
os-principios-do-trabalho-da-ciencia-e-da-cultura-1.html Acesso em: 10 abr. 2022.
RAMOS, M. É possível uma pedagogia das competências contra-hegemônica?: relações entre
pedagogia das competências, construtivismo e neopragmatismo. Trabalho, Educação e Saúde.
Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 93-114, mar. 2003. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tes/a/sN3qXYKkxSYSQNmr6b7gT6K/?
https://www.scielo.br/j/prod/a/V76xtc8NmkqdWHd6sh7Jsmq/?lang=pt
https://administradores.com.br/artigos/sociologia-na-administracao-definindo-os-papeis-sociais
https://administradores.com.br/artigos/sociologia-na-administracao-definindo-os-papeis-sociais
https://www.scielo.br/j/tes/a/pyDYNCWKtwmBLVq9QsJVW5b/abstract/?lang=pt
https://docplayer.com.br/19405417-O-projeto-unitario-de-ensino-medio-sob-os-principios-do-trabalho-da-ciencia-e-da-cultura-1.html
https://docplayer.com.br/19405417-O-projeto-unitario-de-ensino-medio-sob-os-principios-do-trabalho-da-ciencia-e-da-cultura-1.html
https://www.scielo.br/j/tes/a/sN3qXYKkxSYSQNmr6b7gT6K/?lang=pt#:~:text=Se%20compreendemos%20a%20pedagogia%20como,contra%2Dhegem%C3%B4nica%2C%20mediante%20um%20referencial
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
lang=pt#:~:text=Se%20compreendemos%20a%20pedagogia%20como,contra%2Dhegem%C3%B4
nica%2C%20mediante%20um%20referencial Acesso em: 10 abr. 2022.
Aula 3
Psicologia Política
Introdução
Olá, estudante!
Essa aula é dedicada ao estudo da psicologia política e do Sistemade Garantia de Direitos.
Entende-se como psicologia política o campo de estudo de caráter interdisciplinar que investiga
os comportamentos políticos, em uma dimensão psicológica, analisa a relação entre
comportamentos humanos e processos políticos e a representação dos interesses sociais como
formas de poder. 
O Sistema de Garantia de Direitos é aquele que articula instituições do poder público para a
promoção, defesa e controle dos direitos dos indivíduos em nível federal, estadual e municipal.
Um dos sistemas mais conhecidos é aquele que se aplica aos direitos das crianças e
adolescentes, como a educação integral.
Vamos lá?!
https://www.scielo.br/j/tes/a/sN3qXYKkxSYSQNmr6b7gT6K/?lang=pt#:~:text=Se%20compreendemos%20a%20pedagogia%20como,contra%2Dhegem%C3%B4nica%2C%20mediante%20um%20referencial
https://www.scielo.br/j/tes/a/sN3qXYKkxSYSQNmr6b7gT6K/?lang=pt#:~:text=Se%20compreendemos%20a%20pedagogia%20como,contra%2Dhegem%C3%B4nica%2C%20mediante%20um%20referencial
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Psicologia da política
A psicologia política é uma área de caráter interdisciplinar, a qual integra áreas de conhecimento
diversas e é considerada relativamente nova. Seu objetivo é compreender a política e os
comportamentos políticos em uma perspectiva psicológica. Ainda, analisa as relações entre o
indivíduo e a sociedade para compreender temas como a participação e o comportamento
político, a consciência política, a intersecção entre subjetividade e movimentos sociais, o papel
do pensamento humano, as emoções e os fatores sociais como determinantes do
comportamento político (CFP, 2019). 
Duas situações devem ser compreendidas na área de psicologia política com dois sentidos
diferentes: 
A psicologia da política: análise e compreensão psicológica de comportamentos e
processos políticos.
A psicologia como política: é a forma como a psicologia representa os interesses
sociais que servem como instrumentos de poder social (MARTÍN-BARÓ, 2012). 
Quais são as relações entre a psicologia, que estuda o comportamento individual e subjetivo, e a
política? A psicologia estuda os fatos sociais porque esses são realizados por pessoas ou
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
grupos e são eventos em que os indivíduos se submetem aos hábitos, crenças e valores
existentes na estrutura familiar, na educação de �lhos e na participação em equipes de trabalho. 
A psicologia política estuda as maneiras como as pessoas constroem os signi�cados e as
interpretações sobre os atos políticos, a partir de suas cognições e dos resultados de
experiências vividas nos contextos sócio-políticos. Além disso, busca entender como esses
signi�cados estão vinculados às diferentes formas de participação política na sociedade (SILVA,
2012).
Nessa perspectiva, compreender os atos políticos realizados por grupos sociais é tão importante
quanto os atos políticos realizados por um determinado indivíduo, pois as situações políticas
remetem à vida em sociedade e às relações entre as pessoas. Portanto, as características
psicológicas dos grupos sociais e individuais são importantes, já que é mediante as ações dos
sujeitos que ocorrem ou não as transformações da sociedade (SILVA, 2012).
Neste sentido, não se pode perder de vista que a psicologia na política focaliza os estudos dos
pensamentos, emoções e compreensões dos atos políticos de um indivíduo, ao longo do seu
processo de desenvolvimento e de como os acontecimentos políticos in�uenciam, de forma
signi�cativa, os seus comportamentos nos contextos dos grupos sociais a que pertence. 
Ainda, a psicologia não explicará tudo que diz respeito à política, já que há acontecimentos que
são pouco in�uenciados pelas ações de um indivíduo, mas o comportamento político de
determinados grupos pode ser analisado. E um aspecto signi�cativo na análise psicológica da
política é a relação entre o psíquico e o social, pois na ação política as pessoas e os grupos
apresentam determinados interesses sociais, os quais são comuns a todos e constituídos
socialmente (SILVA, 2012). 
Podemos de�nir que a psicologia política estuda os processos psíquicos usados pelas pessoas
e pelos grupos para se conformarem, lutarem e exercerem o poder a �m de satisfazerem os seus
interesses. Esta de�nição contém três elementos essenciais: 
Interesses de uma classe ou grupo social e a busca de alcance de seus direitos a
partir de processos institucionais como a relação com sindicatos e demais órgãos de
garantias de direitos sociais.
A negociação realizada entre os indivíduos, seus interesses e os grupos, analisando-
se os pensamentos, as emoções e os contextos sociais no processo de
mediação/negociação. 
As maneiras de um indivíduo se conformar, resistir, lutar e exercitar o poder no
decorrer do processo de socialização (MARTÍN-BARÓ, 2014).
Psicologia na política
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Como podemos entender a aplicação da psicologia na política, ou seja, como podemos de�nir
formalmente o comportamento político? Existem três possibilidades para se realizar essa
análise, as quais são apresentadas a seguir. 
Quando o caráter político provém daquilo que se faz: é a visão que considera políticos
todos os comportamentos realizados nos marcos do Estado, tanto por atores sociais
e organismos e representantes estatais (governantes, legisladores ou partidos
políticos), quanto os indivíduos e os grupos que ingressam nesses marcos (cidadãos
que participam de um processo eleitoral, de uma manifestação política, de uma greve
ou paralisação sindical (MARTÍN-BARÓ, 2013).
Quanto à especi�cidade ou de como se faz: toma como políticos os comportamentos
em jogo nas formas de exercitar o poder. Só é político o comportamento que se
realiza com poder ou que se desdobra em alguma forma de poder. No entanto, todo
comportamento humano, na medida em que coloca em relação duas ou mais
pessoas, envolve o equilíbrio de recursos entre os atores, dando poder (ou não) para
uns em detrimento de outros (MARTÍN-BARÓ, 2013). Todo comportamento
interpessoal ou intergrupal supõe, por menor que seja, algum grau de poder e,
portanto, é político. Mas, se todo comportamento é político, o objeto da Psicologia
Política se torna excessivamente amplo e vago e pode ser identi�cado com o objeto
da psicologia em geral. Mesmo aceitando que política e poder são áreas intimamente
relacionadas, é necessário detalhar em que condições o exercício de poder nas
relações humanas pode de�nir um ato como político.
Quando se está determinado pelo sentido do que se faz: considera-se um
comportamento como político pela relação que esse tem com a ordem social e com o
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
impacto que produz. Todo ato remete, de alguma forma, à ordem social, mas nem
todo ato terá o mesmo impacto sobre essa ordem. Os atos que têm efeito
signi�cativo no sistema social, para a sua manutenção ou para a mudança, são
considerados políticos (MARTÍN-BARÓ, 2013). 
Por exemplo: quando uma criança retira de seu irmão um brinquedo de sua preferência, ela está
exercendo um poder. Mas, será que esse ato terá o mesmo impacto sobre a ordem social que
uma ação governamental que pretende, por exemplo, estatizar terras para a reforma agrária? 
O poder apresentará efeitos sobre o sistema social, porém, no primeiro caso, há uma
contribuição para a manutenção do poder e, no segundo, para a mudança do poder. A de�nição
de quanto o impacto de um comportamento na ordem social é signi�cativo é difícil de ser feita,
mas é a melhor maneira de se especi�car se um ato é ou não político.
Sistema de Garantia de Direitos
O Sistema de Garantia de Direitos articula e integra as instituições de poder público na aplicação
de ações de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos dos indivíduos,
especialmente, da criança e do adolescente, em nível federal, estadual e municipal (FURLAN,
2017). 
Para que esse sistema atue de forma adequada, é necessário que sociedade civil e governos
estejam articulados, compartilhando responsabilidades e atuando a partir de suas áreas de
http://www.promenino.org.br/noticias/arquivo/resolucao-113-do-conanda-sobre-fortalecimento-do-sistema-de-garantia-dos-direitosDisciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
atuação em prol de uma �nalidade comum. As áreas que compõem o sistema deverão elaborar
ações que sejam coerentes entre si, nos contextos municipal, na comunidade, nos centros de
educação e de assistência social, com a política nacional.
O gerenciamento do Sistema de Garantia de Direitos compreende três grandes eixos: defesa,
promoção e controle. 
No âmbito da defesa, encontram-se as instâncias responsáveis pela defesa dos direitos
humanos da criança e adolescente, a legislação e os mecanismos do judiciário, que �scalizam e
sancionam as áreas que descumprem as leis: 
Órgãos públicos judiciais.
O Ministério Público.
As Procuradorias Gerais de Justiça.
As Defensorias Públicas.
A Advocacia Geral da União e as procuradorias gerais dos estados.
As delegacias especializadas.
Os Conselhos Tutelares.
As ouvidorias e entidades de defesa de direitos humanos que prestam proteção
jurídica e social (FURLAN, 2017).
No âmbito da promoção, há a atuação especial do governo, que elabora as políticas a �m de que
os direitos civis sejam protegidos. A política de promoção ocorre de forma transversal e articula
todas as políticas públicas, em que estão os serviços e programas de atendimento dos direitos
humanos de crianças e adolescentes, de execução de medidas de proteção de direitos e
execução de medidas socioeducativas (FURLAN, 2017).
No âmbito do controle, há a ação especí�ca da sociedade civil que deverá exigir a execução das
políticas, assim como a efetivação e a quali�cação das já existentes. O eixo do controle é
responsável por acompanhar, avaliar e monitorar as ações de promoção e defesa dos direitos
humanos de crianças e adolescentes e de demais eixos do sistema de garantia dos direitos. Esse
controle é feito pela sociedade civil organizada e por instâncias públicas colegiadas, como os
conselhos dos direitos de crianças e adolescentes e conselhos setoriais de formulação e
controle de políticas públicas (FURLAN, 2017). 
A psicologia faz interface com diferentes políticas públicas e setores da nossa sociedade como
a assistência social, saúde e educação. No caso da educação, o Sistema de Garantia de Direitos
garante a ação das instituições e dos atores inseridos no contexto de proteção da infância e da
adolescência com a parceria entre o poder público e a sociedade civil. Assim, a busca da
intersetorialidade entre essas diferentes áreas do governo leva à otimização de espaços e de
serviços que é imprescindível para que as crianças e os adolescentes tenham acesso à
educação de modo integral, como prevê o Estatuto da Criança e Adolescência (GUARÁ, 2009).
Os órgãos e os poderes de controle interno e externo são estabelecidos na Constituição Federal,
como:
O Conselho Tutelar.
O Ministério Público.
As Varas de Infância e Juventude.
Centros de Referência da Assistência Social (CRAS).
Os Centros da Criança e Adolescente (CCAs).
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Escolas.
As secretarias municipais, estaduais e federais de Educação, Assistência Social, Saúde e Direitos
Humanos.
Videoaula: Psicologia Política
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Olá, estudante, o vídeo que você irá assistir promove a revisão dos principais conceitos
trabalhados nessa aula como a de�nição de psicologia política como a análise de processos
psíquicos mediante os quais pessoas exercem o poder para atender aos seus interesses sociais
e a discussão sobre o Sistema de Garantia de Direitos como a articulação de instituições de
poder público para a execução de ações de promoção, defesa e controle que efetivem os direitos
dos indivíduos como no caso das crianças e dos adolescentes.
Saiba mais
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PSICOLOGIA SOCIAL
Faça a leitura da obra Psicologia e Políticas Públicas.
Conheça o Núcleo de Psicologia Política da Universidade Federal de Alagoas (UFAP).
Referências
https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/201601/INTERATIVAS_2_0/PSICOLOGIA_E_POLITICAS_PUBLICAS/U1/LIVRO_UNICO.pdf
https://nppufal.home.blog/midias/
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 5 de outubro de 1988. São Paulo:
Saraiva, 1990.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. 
CFP - CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Psicologia Política ganha mais um espaço de
debate. 02/04/2019. Disponível em: https://site.cfp.org.br/psicologia-politica-ganha-mais-um-
espaco-de-debate/ Acesso em: 18 abr. 2019.
FURLAN, V. Psicologia e a política de direitos: percursos de uma relação. Psicologia: Ciência e
Pro�ssão, 37(num esp), pp. 91-102, 2017.
GUARÁ, I. M. F. R. Educação e desenvolvimento integral: articulando saberes na escola e além da
escola, Brasília: Revista Em Aberto, v. 21 n. 80, 2009. Disponível em:
http://rbep.inep.gov.br/ojs3/index.php/emaberto/article/view/2419. Acesso em: 15 abr. 2022
HUR, D. U. História da Psicologia Política: Heterogeneidade e institucionalização. Revista Estud.
Pesquisa e Psicologia., Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 826-846, 2019.
MARTÍN-BARÓ, M. Processos Psíquicos e Poder. Revista Psicologia Política, v. 14, n. 31, pp. 591-
608, set.-dez. 2014.
MARTÍN-BARÓ, M. Psicologia Política Latino-Americana. Revista Psicologia Política., v. 13, n. 28,
pp. 555-573, set.-dez. 2013.
SILVA, A. S. A Psicologia Política no Brasil: lembranças e percursos sobre a constituição de um
campo interdisciplinar. Psicologia Política, v. 12, n. 25, pp. 409-426, 2012.    
SILVA, E.; PICIRILLI, C. C. Psicologia e Políticas Públicas. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2016.
Aula 4
Psicologia Institucional
Introdução
https://site.cfp.org.br/psicologia-politica-ganha-mais-um-espaco-de-debate/
https://site.cfp.org.br/psicologia-politica-ganha-mais-um-espaco-de-debate/
http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/1471/1220
http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/1471/1220
http://rbep.inep.gov.br/ojs3/index.php/emaberto/issue/view/213
http://rbep.inep.gov.br/ojs3/index.php/emaberto/article/view/2419
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Olá, estudante!
Essa aula é dedicada ao estudo entre clima e culturas institucionais e o desenvolvimento da
subjetividade.
Sejam quais forem os contextos nos quais o ser humano está envolvido, esses desenvolverão a
subjetividade, considerada como um processo e/ou estado dinâmico e produzido por meio da
participação do indivíduo em situações sociais.
Não é possível conceber práticas e/ou indivíduos totalmente autônomos, pois a dinâmica social
é efetivada por meio das interrelações nas quais se con�guram os sujeitos. As interrelações
sociais são a principal condição para que a existência social das instituições que se
fundamentam nos vínculos existentes entre os sujeitos se mantenha. Iremos abordar o conceito
de instituição, suas características, a cultura e o clima institucionais e como estão inseridas no
contexto de desenvolvimento da subjetividade.
Vamos lá?!
De�nição de instituição social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Você sabe como de�nir as instituições sociais? As instituições sociais são as organizações que
promovem a integração social, por meio de regras e hábitos, a �m de organizar a sociedade.
Algumas características que de�nem as instituições sociais, segundo Souza (1978), são:
Ser uma criação do ser humano e ter um objetivo especí�co.
Ter um caráter de permanência na sociedade.
Contar com reconhecimento social.
Ser capaz de autotransformar as suas regras a �m de atender às necessidades e aos
interesses para os quais foi criada.
A existência de uma instituição social ocorre quando há um sistema de atividades realizadas de
forma coordenada, cooperativa e consciente por duas ou mais pessoas. Sendo assim, as
instituições sociais podem ser de�nidas como sistemas complexos, compostos por atividades
humanas que são realizadas em diversosníveis e que podem ser analisadas do ponto de vista da
ação de indivíduos, pequenos grupos e das relações entre os grupos e suas normas, valores e
atitudes (LUZ, 2003). 
Ao abordarmos o conceito de instituição, nos referimos a uma variedade de elementos, desde a
forma como se compõem as organizações, empresas e escolas até a maneira como se instituem
as normas, leis e regras de comportamentos nestas instituições (LUZ, 2003).
Porém, não é fácil descrever a instituição, pois esse conceito nem sempre se aplica a fenômenos
observáveis, sólidos e concretos, o tempo todo. Portanto, o conceito de instituição social é
produzido para se analisar fenômenos mais subjetivos do que objetivos.
Elencaremos, a seguir, os aspectos essenciais que de�nem uma instituição social. 
De acordo com Luz (2003), toda instituição deve ter:
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Uma estrutura de cargos, funções e responsabilidades, em que as tarefas são
distribuídas entre os seus participantes.
Relações de poder entre os elementos da instituição, as quais regulam os diversos
subsistemas que as constituem e são articuladas entre si.
Um conjunto amplo e complexo de crenças, valores, pressupostos ou suposições,
símbolos, objetos ou materiais, conhecimentos e normas, padronizados e
reproduzidos por meio dos processos de socialização.
Con�itos devido às divergências ao que se valoriza, o que se acredita, o que se
pressupõe e/ou o que se considera ser a maneira correta de agir dentro do contexto
da instituição.
Tendência a mudar ou se modi�car de forma lenta, o que exige um esforço contínuo
por parte de seus componentes para levar adiante propostas de inovações.
As instituições se enquadram em quatro classi�cações, de acordo com Luz (2003):
Espontâneas – são as que surgem a partir de relações estabelecidas entre seres
humanos, como a família.
Criadas – são as criadas para organizar a sociedade, como as instituições bancárias,
os órgãos públicos e as empresas.
Reguladoras – têm a função de regulamentar aspectos da sociedade, como as
instituições legislativas, educativas e religiosas, o judiciário e os órgãos de segurança
pública.
Operacionais – atuam sobre aspectos da sociedade, como o sistema �nanceiro.
Mais alguns exemplos de instituições sociais são: escolas, instituições religiosas, empresas,
comércios, instituições políticas, instituições de lazer, de saúde coletiva, de segurança pública,
instituições do Terceiro Setor como as Organizações Não Governamentais (ONG).
Cultura institucional e subjetividade
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A subjetividade se constrói em nossas vidas por meio das interações sociais que se
desenvolvem nas vivências e nos processos que são realizados dentro das instituições, como a
família, a escola, as instituições de lazer e de trabalho.
Em toda instituição há uma cultura organizacional, que é o conjunto de crenças, valores,
costumes, rituais, slogans, mitos, tabus, tradições, sentimentos e comportamentos
compartilhados pelos seus membros; trata-se do conjunto de atributos físicos e psicossociais de
uma organização e que caracteriza o seu modo de ser e a sua identidade (LUZ, 2003).
A cultura da instituição gera uma visão de mundo que permite que a vida cotidiana se torne
organizada para os indivíduos. A cultura é transmitida por meio da socialização organizacional,
que é o processo pelo qual os membros das instituições aprendem o sistema de crenças, valores
e as habilidades necessárias para o desempenho dos papéis e para facilitar a comunicação com
os seus pares. Ao mudarmos de um contexto institucional para outro, nos deparamos com
comportamentos culturais diferentes, o que pode causar tensões até que nos habituemos com a
nova cultura organizacional.
Segundo Luz (2003), a cultura organizacional pode ser visualizada no cotidiano por meio dos
seguintes níveis de manifestação:
Nível dos artefatos: a arquitetura, o layout, o uso ou não de uniformes e o acesso a
documentos impressos ou por sites. Um exemplo é a biblioteca, que apresenta um
layout bastante similar em qualquer instituição, com os livros dispostos em
prateleiras, de acordo com a classi�cação técnica, área de estudo individual e em
grupo, acesso a computadores para pesquisa e a expressa necessidade de
observância do silêncio.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Nível dos comportamentos visíveis e invisíveis: as vestimentas das pessoas, seus
cortes de cabelos, marcas no corpo, como tatuagens e piercings, e outras
manifestações culturais.
Nível dos valores: os elementos que direcionam o comportamento das pessoas como
o código de ética, a carta de princípios e a �loso�a da instituição. Os slogans e
mensagens em murais coletivos, as mensagens das propagandas na publicidade e
marketing.
Nível dos pressupostos inconscientes: os sentimentos, interesses e expectativas
incorporadas em comportamentos que, ao se mostrarem adequados para a solução
de problemas, vão se transformando em suposições não conscientes, ou seja, quase
automáticas. 
A cultura organizacional é, portanto, concebida como um conjunto de valores e suposições
básicas, expressas em elementos simbólicos, que podem atuar como elementos de
comunicação e de consenso para ocultar e favorecer as relações. As implicações da cultura
organizacional relacionam-se a uma rede de concepções, normas e valores que são tomados
como certos e permanecem submersos na vida organizacional.
Para que se mantenham, tais normas e valores devem ser a�rmados e comunicados aos
membros da organização de forma tangível, por meio de ritos, mitos e gestos.
Alguns desses ritos institucionais, de acordo com Luz (2003), são descritos a seguir:
Ritos de passagem: têm a função de introduzir novos membros em uma instituição.
Ritos de degradação: são aqueles utilizadas para excluir ou substituir membros em
uma instituição.
Ritos de con�rmação: são os utilizados para reforçar a identidade social de uma
instituição como palestras ou reuniões de aprendizagem corporativa.
Ritos de reprodução: são as atividades de desenvolvimento do projeto institucional
como as reuniões para con�rmar valores e crenças institucionais.
Ritos de integração: como as festas de confraternização familiares e empresariais
para a integrar os membros de uma instituição.
Todos os ritos, artefatos, mitos e gestos estão envolvidos no processo de desenvolvimento de
nossa subjetividade, de forma direta ou indireta.
Subjetividade e clima institucional
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
O clima institucional é de�nido como uma propriedade da instituição ou organização, é percebido
pelos seus membros, desenvolve a subjetividade e in�uencia o comportamento dos membros. 
O clima de uma instituição indica o grau de satisfação dos seus membros sobre os aspectos da
cultura, como no caso das políticas de gestão de pessoas de uma empresa, do modelo de gestão
de uma escola, da missão de um órgão governamental e de processos de comunicação em
qualquer tipo de instituição. 
De acordo com Souza (1978) e Luz (2003), os dois tipos de clima institucional que são elementos
envolvidos no desenvolvimento de nossa subjetividade são:
Clima bom: em que predominam as atitudes positivas, con�ança, entusiasmo, alegria,
engajamento, participação, motivação e comprometimento.
Clima prejudicado ou ruim: em que predominam as tensões, discórdias, rivalidades,
animosidades, con�itos, desinteresses pelo cumprimento da tarefa, resistências às
ordens e as di�culdades nas comunicações.
_______
Assimile
Um dos exemplos mais citados sobre a relação entre clima institucional prejudicado e
subjetividade é o estresse no trabalho. O ambiente do trabalho se modi�cou e acompanhou o
avanço das tecnologias com mais velocidade do que a capacidade de adaptação dos
trabalhadores, o que gera, atualmente, uma contínua tensão na vida do trabalhador e em seu
cotidiano.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
_________
Há uma amplitude de relações entre os estressores do trabalho e a vida cotidiana, pois o ser
humano, além das responsabilidades ocupacionais, deverá lidar com a segurança social, a
manutenção dafamília, as exigências culturais e esses desa�os superam os limites adaptativos,
o que leva ao desenvolvimento do estresse. Do operário ao executivo, todos podem apresentar
alterações comportamentais diante dos agentes estressores psicossociais que estão contidos
no clima institucional (REIS; FERNANDES; GOMEZ, 2010).
O desgaste emocional a que pessoas são submetidas nas relações com um clima institucional
ruim determina o desenvolvimento de transtornos relacionados ao estresse, como as
depressões, ansiedade patológica, pânico, fobias e doenças psicossomáticas. 
Em um clima de trabalho prejudicado poderemos experimentar ansiedade signi�cativa diante de
desentendimentos com colegas, da insatisfação salarial e da desorganização no ambiente
ocupacional. 
As condições são piores quando não há clareza nas regras, normas e tarefas que os
trabalhadores devem desempenhar, assim como os ambientes insalubres e a falta de
ferramentas adequadas (REIS; FERNANDES e GOMEZ, 2010).
Os fatores intrapsíquicos relacionados ao clima institucional também contribuem para a
manutenção do estresse, como a sensação de insegurança no emprego, de insu�ciência
pro�ssional, a pressão para comprovação de e�ciência, além dos fatores internos que a pessoa
traz consigo para o contexto pro�ssional como os con�itos, as frustrações e desavenças
conjugais, dentre outros (REIS; FERNANDES e GOMEZ, 2010).
Os modelos explicativos do estresse ocupacional evidenciam que a prevenção do estresse deve
focalizar o tipo de clima institucional e o monitoramento dos fatores psicossociais no trabalho
(REIS, FERNANDES e GOMES, 2010).
Segundo Luz (2003), o clima institucional é um re�exo da cultura da instituição ou o re�exo dos
efeitos dessa cultura como um todo. Para mudarmos uma cultura institucional, podemos utilizar
as seguintes estratégias:
Questionar as crenças básicas dos principais tomadores de decisão das instituições.
Utilizar métodos não ortodoxos que os levem a “pensar fora da caixa”.
Usar consultores externos e internos como no caso das empresas.
Usar estratégias de desenvolvimento de pessoas como no caso dos processos de
treinamento e aprendizagem nas empresas.
Dinamizar os mecanismos de comunicação entre as pessoas.
Ter persistência e paciência para derrubar o núcleo de crenças enraizadas e articular
a inserção de novas ideias.
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PSICOLOGIA SOCIAL
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O vídeo que você irá assistir apresenta uma recapitulação dos principais conceitos e discussões
sobre a de�nição de instituição, suas principais características, a relação entre a participação
social nas instituições e a construção da subjetividade humana e o papel da cultura e do clima
institucionais no desenvolvimento de valores, crenças e comportamentos em nossa vida
cotidiana.
Saiba mais
Leia a obra Psicologia social contemporânea, de Maria da Graça C. Jacques.
Entenda melhor as diferenças e relações entre cultura e clima institucionais lendo o artigo Clima
e cultura organizacional: quais as diferenças e importância?, de Andreia da Silva Justo, na página
da Twygo.
Referências
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/114717
https://www.twygoead.com/site/blog/author/andreia-da-silva-justo/
https://www.twygoead.com/site/blog/author/andreia-da-silva-justo/
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
JACQUES, M. G. C. Psicologia social contemporânea. São Paulo: Vozes, 2016. 
JUSTO, A. S. Clima e cultura organizacional: quais as diferenças e importância? 28 jun. 2019.
Disponível em https://www.twygoead.com/site/blog/clima-e-cultura-organizacional/ Acesso em:
21 abr. 2022.
LUZ, R. S. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.
REIS, A. L. P. P.; FERNANDES, S. R. P.; GOMES. A. F. Estresse e fatores psicossociais. Revista
Psicologia, Ciência e Pro�ssão, n. 30, v. 4, dez. 2010. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1414-98932010000400004. Acesso em: 21 abr. 2022.
SOUZA, E. L. P. Clima e cultura organizacionais: como se manifestam e como se manejam. São
Paulo: Edgard Blucher, 1978.
ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. (Orgs.) Psicologia, organizações e
trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed. 2004.
Aula 5
Revisão da unidade
Elementos dos processos sociais que estruturam os fenômenos
psicossociais
https://www.twygoead.com/site/blog/clima-e-cultura-organizacional/
https://doi.org/10.1590/S1414-98932010000400004
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Olá, estudante, vamos recapitular os principais conceitos da Unidade 2.
A importância dos aspectos sociais na vida dos seres humanos pode ser entendida a partir dos
processos de socialização primária e secundária. A socialização é o processo pelo qual os
membros das instituições sociais aprendem crenças, valores e as habilidades que são
indispensáveis para desempenhar os papéis sociais e se comunicarem com os demais
elementos da sociedade. 
Os dois tipos de socialização são a primária, feita pelo núcleo familiar e marcada pela
aprendizagem de valores, hábitos e comportamentos vigentes no contexto sociocultural, e a
secundária, desempenhada por instituições como a escola, as instituições de lazer e cultura e as
instituições religiosas, as quais transmitem conhecimentos racionais e técnicos.
Entre as instituições responsáveis pelo processo de socialização, destacam-se as instituições
políticas, o que nos leva a abordar conceitos da área de psicologia política.
Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2019), a psicologia política é a área que estuda os
comportamentos políticos por meio da análise das relações entre o pensamento, as emoções e
os fatores sociais como os in�uenciadores do comportamento político. Há três possibilidades
para se fazer essas análises no campo da psicologia política: 
A partir do caráter político daquilo que se faz, o qual considera políticos todos os
comportamentos realizados por atores sociais e organismos e representantes
estatais (MARTÍN-BARÓ, 2013).
A partir do como se faz, que torna político o comportamento que se dá com poder ou
que se desdobra em alguma forma de poder (MARTÍN-BARÓ, 2013). 
A partir da análise do sentido do que se faz, que considera políticos os
comportamentos a partir da relação que estabelecem com a ordem social e a partir
do impacto que produzem nessa mesma ordem (MARTÍN-BARÓ, 2013). 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A psicologia política está envolvida no sistema de garantia de direitos, já que a psicologia, em
geral, é uma área de conhecimento que dialoga com diferentes políticas públicas e setores da
nossa sociedade como a assistência social, saúde e educação.
Retornando para a discussão sobre as instituições sociais, essas são de�nidas como a
organização ou o sistema de atividades realizadas de forma coordenada e cooperativa, de modo
consciente, por duas ou mais pessoas. As instituições são sistemas complexos e compostos por
atividades humanas realizadas em diversos níveis, por indivíduos, pequenos e grandes grupos, os
quais são regulados por normas, valores e crenças. 
O conceito de instituição abarca uma variedade de elementos, desde a estrutura das empresas e
escolas até o modo como são instituídas as regras de comportamentos.
Os aspectos que de�nem uma instituição são: 
A existência de cargos, funções e responsabilidades.
Relações de poder entre os elementos da instituição.
Conjunto complexo de crenças, valores, pressupostos, símbolos, objetos,
conhecimentos e normas reproduzidas por meio dos processos de socialização.
Con�itos sobre o que se acredita e o que se pressupõe ser a maneira mais correta de
agir.
Mudança lenta que demanda esforço para estabelecer inovações.
Todas as instituições têm uma cultura, que é o conjunto de crenças, valores, costumes, rituais,
sentimentos e comportamentos que são compartilhados pelos seus membros e que
caracterizam o modo de ser e a identidade daorganização (LUZ, 2003).
A cultura se re�ete no clima institucional, de�nido como uma propriedade do ambiente que é
sentida dentro da organização e in�uencia o comportamento dos indivíduos, além de indicar o
grau de satisfação dos membros da instituição sobre aspectos dessa cultura.
Videoaula: Revisão da unidade
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Neste vídeo, analisaremos os principais conceitos desenvolvidos no decorrer da Unidade 2, como
o processo de socialização, a atividade e a subjetividade, psicologia e política, instituição social e
suas características, a cultura e o clima institucional. Iremos regatar as ideias que levam ao
entendimento da psicologia social e a vida em sociedade e a sua importância para o
desenvolvimento humano.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Estudo de Caso
Imagine que você participará, como especialista em psicologia social, de uma conversa com
professores de uma escola privada de ensino fundamental sobre o tema “processos de
socialização na escola”. 
Leve em conta que essa conversa deverá ter em torno de uma hora e meia de duração, dividida
em apresentação oral e respostas aos questionamentos dos docentes.
Identi�que pelo menos três ideias fundamentais sobre o processo de socialização na escola que
sejam capazes de atingir os objetivos descritos. Faça um esboço da apresentação dessas ideias
que seja objetivo, claro e de fácil compreensão, levando em consideração que os docentes não
dominam os conceitos da psicologia social e dos processos de socialização.
______
Re�ita
Diante das informações apresentadas no estudo de caso, re�ita: 
Quais conceitos e ideias são imprescindíveis de serem apresentados aos professores
para a discussão do processo de socialização na escola? 
Como o desenvolvimento de crianças e pré-adolescentes é in�uenciado pela cultura
escolar e como essa pode contribuir no desenvolvimento de suas subjetividades?
Quais os exemplos práticos que podem ser usados para ilustrar os processos de
socialização da cultura escolar, a �m de relacionar os conceitos com o cotidiano
escolar de uma instituição de ensino fundamental?
______
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Videoaula: Resolução do Estudo de Caso
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Diante da situação proposta, sugerimos que você revise o material didático da unidade (textos e
videoaulas) e identi�que os conceitos essenciais para serem abordados na palestra com os
docentes.
Elencamos os seguintes: processo de socialização e tipos de socialização, com ênfase no
conceito de socialização secundária, pois a escola é parte integrante do desenvolvimento social
dos alunos. Dar destaque aos docentes como agentes de socialização.
Pode-se analisar as características da escola como instituição social e como regras, normas e
valores compartilhados no dia a dia da escola in�uenciam o desenvolvimento dos alunos como
seres sociais.
Além disso, é possível trabalhar com os conceitos de papéis sociais (alunos, professores,
gestores, funcionários administrativos) e a sua função no processo de socialização.
Como exemplos de aplicação dos conceitos pode-se solicitar aos docentes que identi�quem as
formas de manifestação da cultura da escola no dia a dia, assim como os ritos que são
realizados para fortalecer a cultura e o clima da instituição escolar.
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Nesta unidade, vimos a psicologia social e a vida em sociedade, o conceito de socialização, que
se divide em socialização primária e secundária, e a importância desses processos no
desenvolvimento da subjetividade humana. Vimos também a psicologia política e como essa
área estuda os comportamentos políticos dos indivíduos e o conceito de instituição social, a
cultura e o clima institucional.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Mapa mental sobre a psicologia social e a vida em sociedade. Fonte: elaborado pela autora.
Referências
CFP - CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Psicologia política ganha mais um espaço de
debate. 02/04/2019. Disponível em https://site.cfp.org.br/psicologia-politica-ganha-mais-um-
espaco-de-debate/ Acesso em: 18 abr. 2019.
LUZ, R. S. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.
MARTÍN-BARÓ, M. Psicologia política latino-americana. Revista Psicologia Política, v. 13, n. 28,
pp. 555-573. set.- dez. 2013.
,
Unidade 3
Temáticas em Psicologia Social
Aula 1
Ideologia, Alienação e Consumo
https://site.cfp.org.br/psicologia-politica-ganha-mais-um-espaco-de-debate/
https://site.cfp.org.br/psicologia-politica-ganha-mais-um-espaco-de-debate/
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Introdução
Estudante, boas-vindas à aula de Ideologia, Alienação e Consumo em Psicologia Social. Nesta
aula serão explanados os aspectos ideológicos na sociedade, o processo de alienação social e
os conceitos referentes ao consumo. 
É bem sabido que vivemos em uma sociedade capitalista estruturada a partir da ideologia,
alienação e do consumo. Para compreender sobre tais temas e sua repercussão social é
importante compreender os aspectos históricos sociais, principais autores que de�nem as
abordagens e a repercussão social da temática.
No �nal desta aula, o estudante será convidado a re�etir sobre qual o lugar do homem na
sociedade e quem é de fato o produto e o produtor nesta relação, tema central nas discussões da
psicologia social. 
Vamos lá?!
Ideologia e sociedade
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Você já ouviu falar de ideologia política? E de ideologia religiosa? 
A ideologia política fornece diretrizes e concepção de poder. Já a religiosa oferta regras e
condutas aos seus �éis. Na aula compreenderemos o que é de fato a ideologia e sua
repercussão histórica social. 
O termo ideologia foi utilizado pela primeira vez pelo francês Desttut de Tracy, em 1796, para
de�nir as ideias a partir de um modelo dual com as sensações (THOMPSON, 2007; CHAUÍ, 2017).
No senso comum, a ideologia é muitas vezes confundida com um agrupamento de ideias, porém,
ao contrário disto, trata-se de um mascaramento do real, no qual uma ideia falsa se torna uma
possível “verdade” e um mascaramento de “ação justa”, sendo que esse movimento ocorre na
sociedade, na política e na economia (CHAUÍ, 2017).
Thompson (2007) descreve a ideologia como uma forma abstrata e ilusória da realidade. Para
Chauí (2017, p. 44), a ideologia é uma forma de “manter a exploração econômica, a desigualdade
social e a dominação política”. Em Marx, a ideologia é uma inversão de consciência ou uma falsa
consciência (MASSON, 2009). Já em Zizek (1996, p. 9), a de�nição é: 
Ideologia pode signi�car qualquer coisa, desde uma atitude contemplativa que
desconhece sua dependência em relação a realidade social, até um conjunto de
crenças voltado para a ação; desde o meio essencial que os indivíduos vivenciam
suas relações com uma estrutura social até as ideias falsas que legitimam um poder
dominante. Ela parece surgir exatamente quando tentamos evitá-la e deixa de
aparecer onde claramente se esperaria que existisse.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Considerando os aspectos supracitados, para compreender a ideologia como um mascaramento
do real, precisamos de�nir a realidade, mas o que seria o real? Segundo Chauí (2017), Aristóteles
de�ne a realidade por intermédio casualidade, para o �lósofo são quatro as principais causas do
real: causa material (matéria física); causa formal (essência ou natureza da matéria); causa
motriz (forma da matéria) e, por �m, a causa �nal (motivo da existência da matéria). 
_______
Exempli�cando
Chauí (2017) exempli�ca tal modelo teórico representando uma mesa em que esta seria a causa
material (matéria física), a madeira é a causa formal (natureza da matéria), já o artesão que
transformoua mesa em uma forma de mesa é a causa motriz, pois ele atribui um formato à
madeira (forma da matéria) e, por �m, não menos importante, a utilização da mesa é a causa
�nal, o motivo de construí-la para alguém fazer uso.
________
Quando um autor constrói uma teoria, geralmente o faz para explicar uma realidade social,
cultural do momento, mas se tal teoria não considerasse tal realidade seria apenas uma
ideologia, isto é, uma teoria mascarada como “verdadeira”, mas que na realidade é uma falsidade
(CHAUÍ, 2017). Entende-se que uma ideologia não é estável e inversivo, pois compreende-se que
a realidade pode ser mudada e, desta maneira, uma determinada classe social poderia mudar
sua ideologia e se transformar socialmente (CHAUÍ, 2017). 
Desta forma, a ideologia está no enunciado e contexto, pode aparecer por diversas formas,
�guras, símbolos, imagens, mitos e fantasias, sempre com um aspecto emocional que permeia
os grupos sociais. Um exemplo seria a �gura do herói, um homem forte, defensor do bem, entre
outras características, o que pode não ser uma verdade. Imagens, mitos e símbolos, assim como
a �gura do herói, sempre foram uma forma de projeção de aspectos emocionais como o medo,
raiva, amor, também presentes na política, principalmente em momentos de mudanças sociais e
políticas, sendo uma forma ideológica presente na sociedade (SERBENA, 2003).
O processo de alienação
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Na psicologia, nos deparamos frequentemente com o termo alienação, mais recentemente a
alienação parental foi um termo muito utilizado nas mídias sociais, em casos judiciais. O que
seria de fato a alienação, como ocorre tal processo e qual é a repercussão para a sociedade?
A palavra alienação tem vários desdobramentos, dependendo da área de atuação na qual é
utilizada. Para o senso comum, por exemplo, aparece como “estar fora da realidade” (VIANA,
2012). De acordo com Viana (2012), foi a partir de Marx que o termo alienação se torna mais
evidente, de�nido como um problema na consciência humana ou na mente como referenciado
pelo �losó�co Hegel.
Nos Manuscritos Econômico-Filosó�cos, Marx elabora o conceito de alienação que é de�nido
como uma crítica ao trabalho na sociedade capitalista considerando o modelo idealista da teoria
hegeliana de Estado, sendo que, por meio do sistema materialista, atribui a realidade do Estado
burguês como alienadores e as pessoas desde Estado como alienados (BARROS, 2011). Marx foi
um dos �lósofos interessados por tal construto, no decorrer de sua investigação e re�exão sobre
a alienação, sofreu muitas críticas (BARROS, 2011). O fundador do materialismo histórico
descreveu tipos de alienação e em todos eles havia uma classe dominante e uma não dominante
sendo alienada pela primeira (imagem a seguir):
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Alienação por Marx. Fonte: Barros (2011, p. 237)
A alienação descrita por Marx ocorre no momento que o homem começa a trabalhar para outro
homem, isto é, um alienado e um alienador. Frente a isto, o �lósofo construiu uma segunda parte
da alienação denominada “retomada da alienação” que se dá quando este homem anteriormente
explorado por outro homem pode despertar a consciência de si e se libertar, por meio da
consciência da própria vida (BARROS, 2011). A partir deste momento, Marx se preocupa com as
classes dominantes e as suas ideologias, sendo estas objeto de interesse do materialismo
histórico-dialético (BARROS, 2011). O termo é de�nido por Wood (1998, p. 179): “alienação refere-
se, fundamentalmente, a uma espécie de atividade na qual a essência do agente é a�rmada
como algo externo ou estranho a ele, assumindo a forma de uma dominação hostil sobre o
agente”.
A alienação é considerada uma forma de controle de um ser humano em relação ao
outro, manifestado por exemplo no trabalho, no qual o produtor é a pessoa que não
produz o produto (proprietário), mas que dirige tal responsabilidade ao trabalhador
(não proprietário), sendo que o primeiro se torna o “dono” do produto que não foi
produzido por ele mesmo (VIANA, 2012).
Para Marx, a alienação não ocorre na esfera da consciência e sim nas relações sociais, como
uma forma de sociedade capitalista. O capitalismo aliena as pessoas, deixando-as longe de suas
potencialidades e sua essência humana podendo gerar uma negação do real, considerando suas
vivências cotidianas (VIANA, 2012).
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Consumo: conceito e aspectos principais
O consumo faz parte da sociedade capitalista, poucas pessoas atualmente se preocupam por
exemplo com o conserto de seus imóveis, roupas ou outros bens de consumo. O ser humano
está programado a “jogar fora” e realizar uma nova compra, certo? 
Na literatura encontraremos o consumo como um ato de escolha de um produto levando em
conta uma necessidade e em um outro extremo o consumismo, como uma forma de escolha de
produto, sem considerar a necessidade. Desta forma, o consumismo seria um lado obscuro do
consumo, também considerado um dos grandes problemas industriais da modernidade (AGUIAR;
NASCIMENTO, 2018). 
Mas desde quando o homem consome? Desde a Antiguidade, com o comércio nomeado
“comércio dos povos”. Na Roma Antiga, embora a agricultura fosse considerada o forte do
momento, o comércio também se fazia presente, principalmente com a comercialização de
produtos da agricultura como uma forma de sustentação das cidades. No Feudalismo tal
perspectiva se modi�ca, com caída do império, as pessoas saem do campo e se mudam para as
pequenas vilas e o comércio local é a troca de mercadorias. Com o surgimento da burguesia, os
produtos não são mais trocados e, sim, vendidos, surgem as primeiras feiras e o comércio
burguês (ERSE; RODRIGUES, 2017). 
O comércio ganha força e cresce, de uma forma que inicia os acúmulos de bens, o tão conhecido
“lucro”. Os funcionários são pagos pelo seu trabalho e inicia uma “ideologia do capitalismo”. Na
era industrial, o capitalismo ganha uma forma mais robusta, com a produção aumentada e com
isso o crescimento do consumo pela população. Atualmente vivemos na era do consumo e a
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
partir deste momento surgem constituições para o consumidor, legislações e defesas ao
consumidor, como uma forma de proteção à cidadania. São exemplos: Lei Federal nº 1.521/51,
que de�ne os crimes contra a economia popular; Lei Federal nº 8.078/90 (o Código de Defesa do
Consumidor); Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº 12.291/10); Programa de
Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) entre outros (ERSE; RODRIGUES, 2017). 
O consumo na sociedade é compreendido por meio de uma necessidade motivadora e em
excesso é denominado como consumismo, que é considerado importante para o aumento da
economia. Porém, com tal perspectiva da economia, também ocorre o aumento da desigualdade
social, visto que há espaço privilegiado com o aumento econômico e o não privilegiado. Vale
ressaltar que o consumo também tem outras facetas, como comunicação, identidade e
pertencimento, como se sentir parte da sociedade e ser aceito. 
Desta forma, podemos concluir que o consumo e consumismo não são apenas re�exo das
indústrias e das tecnologias de comunicação em massa, mas também abrangem os aspectos
emocionais, culturais, sociais e subjetivos do consumidor e as indústrias do consumo se
bene�ciam com isto (ERSE; RODRIGUES, 2017). Isso se materializa principalmente com as
grandes marcas, as quais vendem emoções por meio da mercadoria, imagens da estética de
mercadoria. Você consegue pensar em alguma marca que está tão presente em grupos sociais
por contas destas características?
Videoaula: Ideologia, Alienação e Consumo
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Estudante, o vídeo que você irá assistir apresentará uma retrospectiva dos conteúdos abordados
nos três blocos: ideologia e sociedade; o processo de alienação e o consumo: conceito e
aspectosprincipais. Serão apresentadas as repercussões sociais da ideologia, alienação e
consumo, de�nição e aspectos históricos, que envolvem a �loso�a, a ciência jurídica entre outras
áreas de conhecimento, principalmente a psicologia social, considerando a desigualdade social
como frutos destes construtos.
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Assista ao �lme Os delírios de consumo de Becky Bloom e re�ita sobre a temática abordada na
aula. 
Leia também o texto Ideologia e educação, de Marilena de Souza Chauí, publicado na revista
Educação e Pesquisa.
Referências
https://www.scielo.br/j/ep/a/Hkd5kq8TC4k7bgfGBY7PNds/?format=html&lang=pt
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
AGUIAR, D. C. V.; NASCIMENTO, F. D. S. Consumo, consumismo e seus aspectos transversais:
uma revisão de literatura. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, v. 52, 2018.
BARROS, J. D. A. O conceito de alienação no jovem Marx. 4 Tempo Social, revista de sociologia
da USP, v. 23, n. 1, SD. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/zBsXjn RDZrJVgbw KDTf9bt
n/?fo rmat=pdf&lang=pt Acesso em: 14 abr. 2022.
CHAUÍ, M. Ideologia e educação. Educação e Pesquisa, n. 42, v. 1, jan./mar. 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ep/a/Hkd5kq8TC4k7bgfGBY7PNds/?format=html&lang=pt. Acesso em:
maio 2022.
CHAUÍ, M. O que é Ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2017. Disponível em
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YmAvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=
ideologia&ots=mTFUJgl-Lq&sig=ZfSAYCKXtlSekfRvV0vraq3ghXA#v=onepage&q=ideologia&f=
false Acesso em: 14 abr. 2022.
ERSE, C. S.; RODRIGUES, V. A. Direito das relações de consumo. Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2017. Disponível em: https://biblioteca-virtual-cms-serverless-
prd.s3.us-east-1.amazonaws.com/ebook/1148-direito-das-relacoes-de-consumo.pdf Acesso em:
14 abr. 2022.
MASSON, G. Políticas de formação de professores: as in�uências do neopragmatismo da agenda
pós-moderna. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Ciências da Educação, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
SERBENA, C. A. Imaginário, ideologia e representação social. Cadernos de Pesquisa
Interdisciplinar em Ciências Humanas, n. 4, v. 52, pp. 2-13, 2003. 
THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social na era dos meios de comunicação
de massa. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
VIANA, N. A alienação como relação social. Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas
educacionais, UEG/UnU Iporá, v. 1, n. 2, p. 23-42, 2012. Disponível em: https://webcache.googl
eusercontent.com/search?
https://www.scielo.br/j/ts/a/zBsXjn%20RDZrJVgbw%20KDTf9bt
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YmAvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=%20ideologia&ots=mTFUJgl-Lq&sig=ZfSAYCKXtlSekfRvV0vraq3ghXA#v=onepage&q=ideologia&f=%20false
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YmAvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=%20ideologia&ots=mTFUJgl-Lq&sig=ZfSAYCKXtlSekfRvV0vraq3ghXA#v=onepage&q=ideologia&f=%20false
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YmAvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=%20ideologia&ots=mTFUJgl-Lq&sig=ZfSAYCKXtlSekfRvV0vraq3ghXA#v=onepage&q=ideologia&f=%20false
https://biblioteca-virtual-cms-serverless-prd.s3.us-east-1.amazonaws.com/ebook/1148-direito-das-relacoes-de-consumo.pdf
https://biblioteca-virtual-cms-serverless-prd.s3.us-east-1.amazonaws.com/ebook/1148-direito-das-relacoes-de-consumo.pdf
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
q=cache:qzuUPjNAGa8J:https://www.revista.ueg.br/index.php/sapiencia/article/view/2686/1696
+&cd=10&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br Acesso em: 14 de abr. 2022.
WOOD, A.W. “Alienation”, in Edward Craig (Org.), Routledge Encyclopedia of Philosophy, v. 1,
Londres e Nova York: Routledge, 1998, pp. 178-181.
ZIZEK, S. Um mapa da ideologia. São Paulo: Contraponto, 1996.
Aula 2
Conhecimento, Linguagem e Comunicação
Introdução
Estudante, boas-vindas à aula de Conhecimento, Linguagem e Comunicação em Psicologia
Social. Nesta aula será apresentada a representatividade da comunicação, conhecimento e
linguagem para a psicologia social. A comunicação está presente desde os primórdios, por meio
da comunicação não verbal, e por intermédio de �guras, imagens e gestos, o ser humano se
comunica dentro de um grupo social ou/e familiar. Nesta aula compreenderemos a comunicação
e seus aspectos conceituais segundo o comportamentalismo, cognitivismo, psicanálise e a
teoria crítica, o conhecimento e os aspectos conceituais e, por �m, a linguagem e os aspectos
conceituais segundo os autores Vygotsky e Bakhtin.
Vamos lá?!
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Comunicação: aspectos conceituais segundo o comportamentalismo,
cognitivismo, psicanálise e teoria crítica
Estudante, desde a Antiguidade, a comunicação está presente na sociedade: por meio de artes e
pinturas rupestres, uma determinada população comunicou sua história para outras pessoas. Os
meios de comunicação em massa têm sua atuação na sociedade hoje, e as pessoas recebem
informações de diferentes maneiras e por diversos meios, como e-mails, mensagens do
WhatsApp, telefonemas, jornais, revistas e pessoalmente. Mas do que se trata a comunicação?
Qual é o interesse da psicologia social nesta temática? 
A comunicação ocorre por meio da codi�cação e decodi�cação de códigos, realizada por um
emissor e um receptor, sendo assim é considerada um meio de trocas de informações entre
pessoas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1996). De acordo com o dicionário Michaelis, a palavra
comunicação consiste no ato de transmitir e receber uma informação, ocorrendo de diversas
formas, linguagem oral, gestual, sinais, símbolos e signos (MICHAELIS, 2022), movimentos,
desenhos e expressões de rostos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1996). 
Na teoria comportamental, a comunicação é considerada por Skinner como um comportamento
verbal, de�nido como: “todo aquele comportamento reforçado através da mediação de outras
pessoas” podendo ocorrer por meio da fala, gestos, escrita, códigos e sinais (LANE, 2006, p. 26).
Já para a psicanálise, a comunicação abrange a estrutura discursiva (linguagem falada) que
acompanha o ser humano desde o seu nascimento, porém também existe a estrutura dos
signi�cantes e signi�cados que englobam o desejo e a cultura da comunicação (MAY, 2010). 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
_______
Importante
A comunicação não se trata apenas de um discurso e de desejos, mas também há os aspectos
cognitivos da comunicação, ou seja, para um ser humano emitir um comportamento verbal, é
necessário o pensamento. Lane (2006) exempli�ca a comunicação de um bebê que somente
emite sons, mas que pensa onde quer colocar o seu chocalho, como debaixo de um lençol. Na
sociedade atual, a linguagem como uma das formas de comunicação está associada com a
ação do falar, sendo necessário o pensamento (LANE, 2006). 
_______
Em teorias da aprendizagem, a comunicação é compreendida como uma forma de antecedente
da aprendizagem, a partir do momento que um indivíduo se comunica com o mundo onde vive,
ele aprende (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1996). 
Para Brito (2001), a comunicação faz parte da sociedade, de modo que os seres humanos são
seres sociáveis e necessitam da utilização da comunicação em grande parte do tempo.
Compreendendo os aspectos citados, a psicologia social tem como foco e interesse
compreender o processo de interdependência e in�uência de uma forma de comunicação de
uma pessoa ou grupo, sobre outras pessoas e grupos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1996).
Neste sentido, nota-se que as abordagens teóricas em psicologia se totalizam enquanto a
de�nição de comunicação, sendo que uma acaba completando a outra, podemos concluir que a
comunicação tem seu fator cognitivo (cognitivista), comportamental e emocional (desejo da
psicanálise) que permeiam as relações sociais e são de interesse da psicologia social.
Conhecimento: aspectos conceituais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Naturalmente, o processo de aquisição de conhecimento ocorre formal ou informalmente, isto é,
em escolas e instituições de ensino (formal), ou na família e nas comunidades (informal). Para
Platão, conhecimentoé um construto intrassubjetivo, adquirido no decorrer da vida, não sendo
levado pós-morte (KIM, 2011). 
O conhecimento tem sua raiz na �loso�a, pois, há cerca de 2.500 anos, �lósofos olhavam para a
natureza, o sol, os vulcões, planetas e universo fazendo questionamentos e buscando respostas
sobre sua existência. A partir das interrogações inicia-se o processo de investigação racional,
surgindo então a epistemologia em �loso�a, isto é, a teoria do conhecimento racional (KIM,
2011). Utilizando os pressupostos �losó�cos sobre o conhecimento, podemos de�ni-lo como o
“uso da razão é o caminho para adquirir conhecimento” (KIM, 2011, p. 55). 
O conhecimento é adquirido por meio da interrelação sujeito e objetos de conhecimento, isto é,
em um espaço interativo. Neste contexto, a linguagem é uma forma de aquisição de
conhecimento de acordo com Vygotsky (BATISTA; CARVALHO; RIBEIRO, 2007). Para Vygotsky, a
aprendizagem não engloba somente a interrelação entre sujeito e objetivo, sendo necessária a
presença de elementos mediadores que permitem a apropriação do contexto social pelo sujeito,
como é o caso da linguagem (NOGUEIRA; SMOLKA; GÓES, 1993). Deste modo, todo processo de
conhecimento leva em conta os pressupostos histórico-culturais e de desenvolvimento e ocorre
por meio da produção simbólica e material dentro das interrelações sociais, mediado sempre
pela linguagem. 
Além disto, podemos dizer que processos de aprendizagem podem gerar um conhecimento, que
é adquirido de forma social, isto é, um indivíduo isoladamente não constrói conhecimento, sendo
necessário mais indivíduos para tal aquisição (NOGUEIRA; SMOLKA; GÓES, 1993). A escola, por
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
exemplo, é um local histórico-cultural de aquisição e construção de conhecimento (NOGUEIRA;
SMOLKA; GÓES, 1993). 
Desta maneira, pode-se concluir que nenhum conhecimento ocorre de forma isolada, tudo que é
conhecido é produto de experiências que deve ir além das experiências individuais, de modo que
deve englobar experiências de outros homens (KIM, 2011). Como todas as áreas de relações
sociais, a psicologia social se interessa pela construção social do conhecimento.
O conhecimento alcança todas as classes sociais? Platão em 385 a. C já demonstrava que não
em o “mito da caverna”, no qual existe o mundo das ideias de um lado e o mundo real de outro
lado. De acordo com o mito, os homens estão há muito tempo presos em correntes em uma
caverna, e a única realidade percebida por eles são sombras de estátuas representando pessoas
e animais. Quando um dos prisioneiros consegue ver uma luz gerada por uma fogueira e volta
para chamar os prisioneiros, estes preferem continuar na escuridão (KIM, 2011). O mito ilustra
que nem todas as pessoas estão preparadas para o conhecimento.
Linguagem: aspectos conceituais segundo Vygotsky e Bakhtin
Neste bloco será exposta a função da linguagem e o interesse da psicologia social para esta
temática. O que é linguagem?
De acordo com Kim (2011), a linguagem é uma arte social de forma que as palavras têm seus
signi�cados sociais, o que não signi�ca se tratar somente da ligação da palavra com os objetos
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
reais. Em uma determinada cultura, as pessoas signi�cam a linguagem, utilizando-a de
determinada forma, atribuindo sentidos e signi�cados. 
Para Vygotsky, a linguagem não abrange somente a comunicação, mas também é uma forma de
aquisição de conhecimento, o qual ocorre por meio de sistema simbólico de interrelação entre o
sujeito e objeto (BATISTA; CARVALHO; RIBEIRO, 2007). Crianças pequenas já são capazes de
compreender uma frase, mesmo não sabendo todas as palavras (KIM, 2011). De acordo com
Vygotsky, o processo de fala da criança pequena ocorre por meio do choro e do riso, como uma
função social de comunicação. Além da fala social, o autor descreve a fala egocêntrica, como
uma linguagem da criança para ela mesmo (VYGOTSKY, 2011). 
Na teoria de Vygotsky sobre a fala, o autor foca no desenvolvimento da linguagem em bebês, a
partir do momento que começam emitir sons como uma forma de linguagem. Neste aspecto, o
autor descreve os gestos como uma intenção intelectual frente a um objeto, sendo que no bebê o
pensamento e a linguagem não estão relacionados (VYGOTSK, 2011). 
_______
Re�ita
Em Estética da Criação Verbal, Bakhtin descreve a linguagem como: “[...] A língua é deduzida da
necessidade do homem de autoexpressar-se, de objetivar-se. A essência da linguagem nessa ou
naquela forma, por esse ou aquele caminho se reduz à criação espiritual do indivíduo” (BAKHTIN,
2015, p. 270).
_______
Vygotsky (2011, p. 62-63) descreve que o processo da linguagem:
[...] se desenvolve mediante um lento acúmulo de mudanças estruturais e funcionais;
que se separa da fala exterior das crianças ao mesmo tempo em que ocorre a
diferenciação das funções social e egocêntrica da fala; e, �nalmente, que as
estruturas da fala dominadas pela criança se tornam estruturas básicas de seu
pensamento. Isso nos leva a outro fato inquestionável e de grande importância: o
desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, isto é, pelos
instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência sociocultural da criança.
Basicamente, o desenvolvimento da fala interior depende de fatores externos: o
desenvolvimento da lógica na criança [...] é uma função direta de sua fala socializada.
O crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais do
pensamento, isto é, da linguagem.
Os autores Vygotsky e Bakhtin foram importantes para a de�nição da linguagem, a qual se
desenvolve desde o início da vida dos bebês (BAKHTIN, 2015). A linguagem é um aspecto
importante para a comunicação e aprendizagem social, por este motivo é de interesse da
psicologia social, assim como todas as diferenças culturais da linguagem e todas as formas de
linguagem.
Videoaula: Conhecimento, Linguagem e Comunicação
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PSICOLOGIA SOCIAL
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Estudante, o vídeo apresenta uma retrospectiva dos conteúdos abordados nos três blocos:
comunicação: aspectos conceituais segundo o comportamentalismo, cognitivismo, psicanálise e
teoria crítica; conhecimento: aspectos conceituais; linguagem: aspectos conceituais segundo
Vygotsky e Bakhtin. São apresentadas as repercussões histórico-culturais, teóricas e �losó�cas e
o interesse da psicologia social sobre as temáticas.
Saiba mais
Leia a obra Pensamento e linguagem, de Vygotsky.
Sugerimos também que assista ao �lme A Chegada, que demostra, por meio da �cção, a função
da linguagem em uma comunidade considerando os aspectos culturais. O trailer está disponível
aqui.
Referências
https://www.youtube.com/watch?v=rNciXGzYZms
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
ATISTA, A. P. L.; CARVALHO, H. W. P.; RIBEIRO, C. M. Análise da construção do conhecimento na
perspectiva das teorias de Vygotsky. Educação, v. 32, n. 2, p. 411-423, 2007.
BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias. São Paulo: Saraiva, 1996.
BRAGA, L. Constituição do campo da comunicação. In: COHN, G. et al. Campoda comunicação.
João Pessoa: UFPB, 2001. 
KIM, D. O livro da �loso�a. São Paulo: Globo, 2011.
LANE, S. T. M. O que é psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 2006.
MAY, A. P. Psicanálise e linguagem. Revista de Letras, Artes e Comunicação, v. 4, n. 2, p. 258-266,
mai./ago. 2010. Disponível em: https://bu.furb.br/ojs/index.php/linguagens/article/view/2742.
Acesso em: abril de 2022.
MICHAELIS. Dicionário Online Michaelis. São Paulo: Melhoramentos, 2022.
NOGUEIRA, A. L. H.; SMOLKA, A. L. B.; GÓES, M. C. R. A linguagem e o outro no espaço escolar:
Vygotsky e a construção do conhecimento. Campinas: Papirus Editora, 1993.
PIAGET, J. L'épistémologie et ses variátés. In: PIAGET, J. (Ed.). Logique et ConnaissancePSICOLOGIA SOCIAL
de relações comunitárias, sustentando-se na crítica ao neoliberalismo que busca colocar no
sujeito a culpa por seu sofrimento e por sua condição vulnerável (LANE, 1986).
A psicologia social e seu desenvolvimento histórico
A ciência psicológica por muito tempo esteve voltada para o atendimento da classe dominante e
favorecida economicamente da nossa sociedade. Ainda, as ações da psicologia eram pautadas
somente a partir de um atendimento individual na relação psicoterapeuta e paciente, em que o
primeiro fazia a análise da história do paciente e praticava as intervenções pontuais aos
questionamentos e demandas da subjetividade do paciente (MIZUKAMI, 1986).
Neste contexto, grande parte da população era excluída, ou seja, os sujeitos de classes
econômicas menos favorecidas. A psicologia social crítica nasce com o intuito de trabalhar com
esses sujeitos, para que o saber e a ação da psicologia pudessem favorecer todas as pessoas.
Além disto, a psicologia social crítica desenvolve inovadoras formas de ação da psicologia, não
restringindo-se somente às ações em consultório e pautadas na relação terapeuta-paciente,
possibilitando também desenvolver suas ações em contextos grupais, quebrando as barreiras
dos consultórios e inserindo este pro�ssional nas demandas e nos problemas emergentes, como
em trabalhos voltados para as comunidades ou os bairros de periferia (LANE; CODO, 1995). 
_______
Exempli�cando
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Um exemplo da psicologia social crítica rompendo os muros do consultório particular é a prática
desenvolvida na interface com as políticas públicas, em que o psicólogo inserido no território
comunitário conhece a realidade e desenvolve ações especí�cas para as demandas
apresentadas, além de desenvolver uma ação a partir de uma postura horizontal com os sujeitos-
fonte de suas ações. 
________
Neste sentido, a psicologia social crítica nasce para construir uma ciência que também estivesse
preocupada com as classes mais vulneráveis socialmente, em especial em um contexto latino-
americano marcado por desigualdades, pobreza e diversos eventos históricos de repressão e
violência. Portanto, pensar a psicologia social no Brasil requer uma prática pro�ssional que
escapa aos limites do consultório, reconhecendo a importância das relações histórico-sociais
construídas nos grupos e na sociedade (LANE; CODO, 1995). 
 
Bases marxistas
A psicologia social teve como fundamento �losó�co o materialismo dialético, o método marxista,
estabelecido a partir de Hegel, que inclui a compreensão de que a realidade está sempre em
movimento e transformação, sendo fonte da constituição do sujeito (LEFEBRE, 2010). Marx faz
sua crítica ao capitalismo indo ao encontro dos interesses das classes trabalhadoras e contra a
dominação das elites. Nesta divisão de classes estava presente o estranhamento nas ideias, nas
crenças e nas representações. Dentro deste escopo, o homem é a síntese de múltiplas
determinações, portanto, para a psicologia social crítica isso quer dizer que para a compreensão
do ser humano é necessário considerar a totalidade dos aspectos que o constituem (históricos,
políticos, econômicos, sociais etc.) (CHAUÍ, 1997).
Para entender o homem nesta perspectiva, é preciso entender o processo de dominação e
controle da sociedade capitalista. Marx inclui o conceito de ideologia em suas pesquisas, tema
bastante singular e único para sua época (CHAUÍ, 1997). Desta maneira, a psicologia social foi
reconstruída ao longo de sua história a �m de pensar nas populações mais vulneráveis
socialmente, as quais foram negligenciadas por muito tempo de um olhar psicológico.
Videoaula: História da Psicologia Social
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O vídeo ilustra o contexto histórico da psicologia social e sua aplicabilidade na prática diária,
com seus conceitos e teorias, abordando a intersubjetividade: relação sujeito e sociedade por
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
meio da psicologia social. Aproveite mais este momento em sua jornada!
Saiba mais
Recomenda-se a leitura do texto  História da psicologia: rumos e percursos que fala sobre
psicologia social.
Referências
https://pt.br1lib.org/book/5566576/0cf3ef
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
CARONE, I. O papel de Sílvia Lane na mudança da Psicologia Social do Brasil. Psicologia &
Sociedade, n. 19, edição especial 2, p. 62-66, 2007.
CHAUÍ, M. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense 1997. 
GUARESCHI, O. A. Ideologia. In: JACQUES, M. G. C. et al.  Psicologia social contemporânea.
Petrópolis: Dois pontos, 2001, p. 89-103.
JACÓ-VILELA, A. M. História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Editora Nau, 2019. 
LANE, S. T. M.; CODO, W. (Orgs). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo:
Brasiliense, 1995.
LANE, S. M. T. A psicologia social e uma nova concepção do homem para a psicologia. In: LANE,
S. T. M.; CODO, W. Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 10-
19.
LANE, S.M.T. A psicologia social na América Latina: por uma ética do conhecimento. In: CAMPOS,
R. H. F.; GUARESCHI, P. A. (orgs.) Paradigmas em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 58-
69. 
LEFEBVRE, H. Marxismo. São Paulo: L&PM, 2010.
MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: Editora Pedagógica e
Universitária Ltda., 1986.
Aula 2
História da Psicologia Social na América Latina
Introdução
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A proposta desta aula é elencar elementos da história da psicologia social na América Latina e
no Brasil, dentro de uma perspectiva crítica, discutindo fundamentos epistemológicos e políticos,
correntes teóricas da psicologia e autores relacionados ao desenvolvimento da psicologia social.
As aplicações pro�ssionais destas práticas em psicologia em âmbito global também serão
tratadas nesse estudo. 
Os textos, vídeos, exercícios e estudos de casos abordam a constituição da psicologia enquanto
campo cientí�co, a intersubjetividade, considerando a relação sujeito e sociedade e a Psicologia
no seu desenvolvimento histórico, sendo utilizados durante o processo educacional para que o
aluno alcance a competência almejada.
Aproveite para neste momento entender tais conceitos da psicologia social e poder aplicá-los em
sua carreira
Psicologia social na América Latina – História
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Olá, estudante. Diferentemente da maioria das teorias no campo da ciência psicológica, a
psicologia social teve forte in�uência de autores do contexto latino-americano, incluindo o Brasil.
Ela consiste em uma teoria desenvolvida para atender as demandas especí�cas que o contexto
latino-americano apresenta e apresentou ao longo de sua história. Marcado pelo nível alto de
problemas como miséria, desemprego e analfabetismo, o conhecimento das psicologias
advindas no contexto norte-americano e europeu não era su�ciente para explicar e subsidiar
ações de cuidado em saúde mental para o povo latino-americano. Neste contexto, dois
importantes autores tiveram participação fundamental na construção da psicologia social crítica:
Martin-Baró e Sílvia Lane. 
Martín-Baró
Martín-Baró foi um psicólogo social que viveu até 1989 e passou seus últimos anos de vida
participando ativamente da prolongada guerra civil que aconteceu em El Salvador, país que
escolheu para viver e desenvolver seus estudos até sua morte. Martin-Baró construiu sua teoria a
partir da concepção de que as teorias existentes na psicologia não eram su�cientes para explicar
e oferecer subsídios para o enfrentamento dos problemas que seu povo vivia. Para ele, era
necessário desenvolver uma psicologia que tivesse como horizonte a transformação da
sociedade a �m de buscar melhores condições de existência, pois somente assim seria possível
a emancipação humana (MARTÍN-BARÓ, 2012).
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Sílvia Lane
Corroborando asScienti�que. Paris: Ene. de la Pléiade, 1966.
SONY PICTURES BRASIL. A Chegada | Trailer legendado | 24 de novembro nos cinemas. YouTube,
[s.d.]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rNciXGzYZms. Acesso em: maio 2022.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
Aula 3
Identidade, Subjetividade e Representação Social
https://bu.furb.br/ojs/index.php/linguagens/article/view/2742
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Introdução
Estudante, seja bem-vindo à aula de identidade, representação social e subjetividade. Nesta aula
serão descritos os principais conceitos de identidade, representações sociais e subjetividade, as
quais ocorrem por meio da construção social. Individualidade e subjetividade dizem respeito à
relação entre o indivíduo e a sociedade.
No �nal desta aula, você compreenderá como ocorre o processo de identi�cação, representação
e subjetividade considerado como uma construção social. O sujeito somente consegue se
diferenciar do outro e/ou mundo conhecendo e se relacionando com o outro e/ou mundo. Tais
construtos são de interesse da Psicologia Social, de forma que envolve história de vida do
sujeito, sua cultura e relações sociais.
Vamos lá?!
Identidade: conceituação e constituição
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Estudante, é bem sabido que o processo de identidade não ocorre individualmente, mas por meio
da interação social. No centro da sociedade há o self (eu) em relação constante com o mundo
(MYERS, 2014). Ao pensar sobre identidade, podemos citar características, representações,
imagens, personalidade, emoções, idade, sexo, pro�ssão, interesses, sentimentos entre outros
aspectos que in�uenciam em sua constituição (LANE, 2006). Mas o que de fato é a identidade?
Conceito 
Identidade relaciona-se ao questionário “Quem sou eu?”. Maria, 32 anos, sexo feminino, cabelo e
olhos castanhos, cabelos longos, moradora do bairro Jardim de Minas Gerais, trabalha como
escritora em um jornal local, gosta de praticar esportes (basquete, vôlei), gosta de ler romances
nas horas vagas, gosta de ir ao cinema e sair com os amigos, tem formação superior em
jornalismo. Tal relato diz respeito a forma particular de Maria se relacionar com o mundo e com
os outros. Também diz respeito aos grupos considerados importantes por ela, características
físicas e ideais que foram construídos socialmente (LANE, 2006). 
Por meio dos papéis sociais e diferenças individuais, as pessoas descobrem que não são iguais
a seus amigos e familiares, pois cada sujeito tem suas próprias características construídas por
meio do confronto com outras pessoas, surgindo então as identidades sociais (LANE, 2006).
Construção da identidade
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Os papéis da identidade são construídos a nível ideológico (o que é valorizado e considerado
ideal), constituídos a partir de vários aspectos culturais, contexto histórico e dos grupos sociais
em que o sujeito participa (LANE, 2006). O self (eu) ou identidade é construído pelo autoconceito
(quem sou eu?), autoconhecimento (prevendo os próprios comportamentos) e pelos papéis
sociais que o sujeito ocupa na sociedade, além do “senso de valor próprio” ou autoestima
(MYERS, 2014, p. 54).
A construção da identidade é um fator tão social que engloba aspectos culturais, históricos e de
comparações, como o processo de escolha pro�ssional que sofre in�uência de várias
condicionantes sociais (expectativa dos pais, mercado de trabalho etc.). 
_______
Segundo Sawaia (2006, p. 121), a identidade é “valor fundamental da modernidade e é tema
recorrente nas análises dos problemas sociais”.
_______
Portanto, identidade não é um fator unidimensional, pois é construído por meio das relações
sociais, portanto, é multifatorial. O indivíduo é único, porém se constitui a partir das relações
sociais em que participa e está inserido (SAWAIA, 2006). A psicologia social busca compreender
esta relação indivíduo/social e acredita na transformação da inter-relação sujeito e sociedade a
�m de possibilitar a construção de condições saudáveis para o desenvolvimento do sujeito.
Representação social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Os seres humanos são seres sociais e, quando vivenciam problemas nos relacionamentos
interpessoais, experenciam também a tristeza. O “amor e pertencimento” é uma necessidade dos
sujeitos e está relacionado à sobrevivência, ou seja, quando tal representação é afetada, o
indivíduo também se afeta (HERMETO; MARTINS, 2012, p. 240). A sociedade tem grande
representatividade na vida dos sujeitos, na formação de suas crenças e valores (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA,1996).
_______
Exempli�cando
É bem sabido que o outro tem forte in�uência sobre o comportamento de um sujeito, o social
pode interferir nas atitudes e mudanças de comportamentos de outras pessoas, como o exemplo
de Rodrigues (1973) ao descrever que um vendedor pode facilmente convencer um comprador a
obter um produto quando está vendendo algo que faz parte da identidade da pessoa e ela
consegue ver a si mesmo na mercadoria. Rodrigues (1973, p. 285) de�ne a representação social
como “poder social”. 
_______
As representações sociais podem estar presentes nos discursos, imagens, mensagem, condutas,
palavras, entre outros.
Um fator importante na representação social é a cognição, de modo que, por meio das funções
cognitivas, ocorrem as representações sociais. Ele diz respeito aos valores e grupos sociais que
signi�cam suas interações e seus saberes por meio de um aprendizado anterior. As
representações são provenientes das ideologias e preconcepções de uma determinada cultura
(JODELET, 1989). Ainda, para a autora:
Reconhece-se, geralmente, que as representações sociais, como sistemas de
interpretação, que regem nossa relação com o mundo e com os outros, orientando e
organizando as condutas e as comunicações sociais. Igualmente intervêm em
processos tão variados quanto a difusão e a assimilação dos conhecimentos, no
desenvolvimento individual e coletivo, na de�nição das identidades pessoais e
sociais, na expressão dos grupos e nas transformações sociais. (JODELET, 1989, p. 5)
Sendo assim, não há representação sem objeto, e é preciso considerar as particularidades do
objeto de representação social e a relação de "simbolização" (JODELET, 1989). Tais
representações têm um re�exo na vida dos sujeitos, guiando seus comportamentos, ações e
formas de pensar, sendo objeto de interesse da psicologia social.
 
Subjetividade
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Na psicologia, a palavra subjetividade é utilizada para diferenciar o eu (self) do outro. Embora o
self seja construído socialmente, ele tem suas características individuais que diferenciam um
sujeito x de um sujeito y. Pode-se dizer que a subjetividade é construída na pluralidade das
relações sociais e favorece a construção do sujeito e sua singularidade. 
De acordo com Martuccelli (2007, p. 25), “pela subjetivação o indivíduo se converte em ator para
fabricar-se como sujeito”. A subjetividade é constituída por meio da inter-relação social, cultural e
história, considerada de caráter emocional e simbólico sob a perspectiva de vivências de um
sujeito sobre o mundo. “A subjetividade individual tem dois momentos essenciais que se
integram entre si no curso contraditório do seu desenvolvimento: a personalidade e o sujeito, que
se exprimem em uma relação na qual um supõe ao outro, sem que isto implique diluir um no
outro” (GONZÁLEZ, 2003, p. 241). 
Psicologia e subjetividade
A psicologia é uma das ciências que se preocupa com a subjetividade, de modo que, por meio
dela, comportamentos são compreendidos e assim diferentes ações são tomadas, mesmo
quando as situações são semelhantes. Por exemplo: Ana procurou atendimento psicológico pois
apresenta di�culdades em seu relacionamento, frequentemente se sente triste, desmotivada,
sem perspectiva de futuro, não sabe como prosseguir. Joana também apresenta con�itos
relacionais, porém se separou e atualmente seus sentimentos são positivos, mas ela sofre
perseguição de seu ex-companheiro. Nestes doiscasos, a variável situacional é a mesma, porém
cada pessoa lida de uma forma com ela, conforme sua subjetividade. Tal subjetividade é re�exo
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
da cultura, história de vida, entre outros aspectos. Desta maneira �ca evidente que a
subjetividade é uma variável intrassujeitos.
[...] não substitui os outros sistemas complexos do homem (bioquímico, ecológico,
laboral, saúde, etc.) que também encontram, nas diferentes dimensões sociais, um
espaço sensível para o seu desenvolvimento, mas transforma-se em um novo nível na
análise desses sistemas, os quais, por sua vez, se convertem em um novo sistema
que, historicamente, tem sido ignorado em nome do subjetivismo, do mentalismo e do
individualismo. (GONZÁLEZ, 2005, p.14)
Portanto, pode-se dizer que a subjetividade é referente a um indivíduo. Por meio dela, consegue-
se compreender uma atitude ou comportamento individual, pois: 
A categoria con�guração subjetiva tem caráter sistêmico e permite compreender as
diferentes expressões do sujeito, em qualquer atividade particular, como uma
manifestação da subjetividade individual em seu conjunto, que por sua vez, tomará
formas diferentes. em dependência do contexto da subjetividade social no qual a
atividade do sujeito ocorre. (GONZÁLEZ, 2005, p. 137)
Desta maneira, podemos concluir que, embora a subjetividade seja vista pelo senso comum
como “referente somente ao indivíduo”, ela é fortemente in�uenciada pelas condições sociais.
Videoaula: Identidade, Subjetividade e Representação Social
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Estudante, o vídeo apresenta uma retrospectiva dos conteúdos abordados nos três blocos desta
aula, sendo eles: identidade, representação social, subjetividade. São apresentadas as
repercussões histórico-culturais, teóricas e o interesse da psicologia social sobre as temáticas.
Em cada aula é discutido um tema, abordando a construção de cada variável como um re�exo
social.
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Recomendamos a leitura do capítulo Representações sociais: um domínio em expansão do livro
As representações sociais, de Denise Jodelet.
Também indicamos o �lme Tomboy, que estuda o processo de construção de identidade.
Referências
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias. São Paulo: Editora Sara, 1996.
GONZÁLEZ, F. L. R. Sujeito e subjetividade: uma aproximação histórico-cultural. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003.
GONZÁLEZ, F. L. R. Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da
informação. São Paulo: Thomson Learning, 2005.
HERMETO, C. M.; MARTINS, A. L. O livro da psicologia. São Paulo: Globo, 2012.
MARTUCCELLI, D. Cambio de rumbo. La sociedad a escala del individuo. Santiago de Chile: LOM,
2007.
JODELET, D. Representações sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (Org.). As
representações sociais. Rio de Janeiro: Eduerj, 2002, p.17-44. 
LANE, S. T. M. O que é psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 2006.
MYERS, D. G. Psicologia social. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC. Iva, 2014.
RODRIGUES, A. Psicologia social. Rio de Janeiro: Vozes, 1973.
SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. 6 ed.
Petrópolis, 2006.
TOMBOY. Direção de Céline Sciamma. França, 2011. 88 min.
Aula 4
Representações sociais e realidade
Introdução
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Estudante, boas-vindas à aula sobre indissociabilidade entre elementos psicológicos e elementos
sociais, interfaces entre representações sociais e realidades sociais, funções das representações
sociais. A in�uência dos grupos sociais permite a compreensão dos indivíduos que fazem parte
destes grupos, de modo que identi�ca seu “eu” por meio dos “outros” membros. Os aspectos
psicológicos e os elementos sociais caminham juntos e por este motivo estão indissociáveis. O
interesse da psicologia social é o estudo de como as pessoas pensam umas sobre as outras,
in�uenciam e são in�uenciadas pelo mundo que a cercam. Uma das funções da representação
social é organizar e/ou agrupar pessoas com identidades, preferências, comportamentos em
comum ou semelhantes. Nesta aula todas estas questões serão abordadas. 
Vamos lá?!
Indissociabilidade entre elementos psicológicos e elementos sociais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A indissociabilidade entre os aspectos psicológicos e sociais existe pois os seres humanos são
seres sociais, não têm como separar seus aspectos psíquicos da sua relação com o mundo e
outras pessoas. Quando um indivíduo experiencia uma emoção positiva ou negativa, como a
felicidade e/ou a tristeza, não se trata de um re�exo individual, mas de algo que o in�uenciou de
alguma forma nesta sua emoção. Da mesma forma, o processo de aprendizagem sempre é
construído a partir da relação com outras pessoas. 
Desde o início do nascimento de um bebê, ele já está inserido em um ambiente social, familiar,
aprendendo sobre sua cultura e mundo. É a partir da inserção nos grupos sociais que o sujeito
constituí sua identidade e seus aspectos psicológicos. 
O viver em grupos permite o confronto entre as pessoas e cada um vai construindo o
seu "eu" neste processo de interação, através de constatações de diferenças e
semelhanças entre nós e os outros. É neste processo que desenvolvemos a
individualidade, a nossa identidade social e a consciência-de-si-mesmo. (LANE, 1994
p.16)
Por meio da interrelação social, o indivíduo organiza informações e conhecimentos emitindo
afetos positivos e negativos, construindo suas preferências frente a situações, objetos e
pessoas. Portanto, toda subjetividade humana é construída por meio das relações sociais entre
os pares (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1996). 
Para Lane (1994), a psicologia social se preocupa em compreender e analisar os aspectos
sociais que constituem a identidade do sujeito, de modo que:
Nosso modo de agir é determinado pelo grupo social ao qual pertencemos. Como,
nesta convivência, de�nimos nossa identidade e peculiaridades? A Psicologia Social,
área da Psicologia que estuda o comportamento de indivíduos enquanto seres
socialmente in�uenciados, mostra como se forma nossa concepção de mundo, sua
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
vinculação à linguagem que aprendemos e aos valores que assimilamos. (LANE, 1994
p. 89) 
Para Bock et al., (1996), um homem somente aprende a ser homem na relação construída com
outros homens, levando em conta as aprendizagens das gerações anteriores e os aspectos
culturais. Deste modo, o homem é um ser social, que constrói a si próprio na relação com o outro
e com a sociedade (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1996).
Segundo Zanella (2005, p. 102),
Cada pessoa, para Vygotski (2000, p. 33), é ‘um agregado de relações sociais
encarnadas num indivíduo’, donde se depreende que só há sujeito porque constituído
em contextos sociais, os quais, por sua vez, resultam da ação concreta de seres
humanos que coletivamente organizam o seu próprio viver. 
Desta maneira, todas as esferas psíquicas estão interrelacionadas com as sociais, de modo que
desde o nascimento até a vida adulta o sujeito é modi�cado pelo meio social, que in�uencia suas
atitudes, comportamentos, escolhas e relações.
Interfaces entre representações sociais e realidades sociais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Nesta aula serão abordadas as interfaces entre representações sociais e realidades sociais.
Tudo que há no mundo tem uma representatividade social e tais representações são formadas
e/ou constituídas por meio de �guras, imagens, linguagens, nas quais são signi�cativas para
determinado grupo social (MOSCOVICI, 1978). 
________
Exempli�cando
Na adolescência, a comunicação é constituída por gírias, por exemplo. Por meio delas, os
adolescentes se comunicam, e muitas outras pessoas não compreendem essa forma tão
especí�ca de comunicação. Exemplos são a palavra “sepá”,que signi�ca talvez, ou “trolar,” que
signi�ca de fazer uma brincadeira com determinada pessoa. Dentro deste grupo, tais palavras
têm um signi�cado e uma representação social pautados em uma ideologia de pertencimento a
um determinado grupo social (adolescentes).
_______
Portanto, as representações sociais são:
uma função geradora: ele é o elemento pelo qual se cria, ou se transforma, a
signi�cação dos outros elementos constitutivos da representação. É por eles que
esses elementos tomam um sentido, um valor [e;] uma função organizadora: é o
núcleo central que determina a natureza dos laços que unem entre si os elementos da
representação. Ele é nesse sentido o elemento uni�cador e estabilizador da
representação. (ABRIC, 1998, p. 31)
Por meio das representações sociais, é possível compreender as ideias, os aspectos culturais, as
formas de pensamentos e analisar os comportamentos dos indivíduos. As representações não
são estáveis, pois o mundo sempre se modi�ca, mas sempre existirão no decorrer da vida de
indivíduos e grupos. As representações sociais ocorrem do abstrato para o real, algo que era
subjetivo se torna uma falsa “verdade absoluta” (SOUSA; SOUSA, 2021).
Para Wagner (1995), há uma variabilidade de fatores que fazem parte das representações
sociais, sendo assim:
De um lado a representação social é concebida como processo social que envolve
comunicação e discurso, ao longo do qual signi�cados e objetos sociais são
construídos e elaborados. Por outro lado [...] as representações sociais são
operacionalizadas como atributos individuais – como estruturas individuais de
conhecimento, símbolos e afetos distribuídos entre as pessoas em grupo ou
sociedades. (WAGNER, 1995, p. 149)
As representações sociais demonstram a realidade social, de modo que são construídas por
indivíduos que representam suas subjetividades por meio destas representações. 
não existe uma realidade objetiva a priori, mas sim que toda realidade é representada,
quer dizer, reapropriada pelo indivíduo ou pelo grupo, reconstruída no seu sistema
cognitivo, integrada no seu sistema de valores, dependente de sua história e do
contexto social e ideológico que o cerca. E é esta realidade reapropriada e
reestruturada que constitui, para o indivíduo ou grupo, a realidade mesma. (ABRIC,
1998, p. 27)
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A psicologia social se interessa pela análise da realidade social de determinado grupo,
considerando as diversas representações sociais que permeiam o processo de constituição do
sujeito. Além disto, a psicologia busca questionar e desmisti�car as representações sociais que
muitas vezes acabam por perpetuar relações de preconceitos, estigmas e produção de
desigualdades sociais.
Funções das representações sociais
As representações sociais têm o poder de mudança de realidade e de construção de novas
perspectivas de aprendizagem. Na aula de hoje, a função da representação social para as
pessoas e grupos será abordada. Para Moscovici (1978), as representações sociais têm a função
de gerar comportamentos e manter relações de um grupo, por intermédio da comunicação. Além
disto, as representações sociais ocorrem por meio de expressão, �guras, objetos que dentro de
um grupo social têm um signi�cado e representação. As representações sociais dentro de um
grupo ocorrem por meio da identi�cação do grupo sobre assuntos, conceitos e formas de pensar
semelhantes, muitas vezes elaborando um conhecimento considerado do “senso comum”
(MOSCOVICI, 1978).
Para Sousa e Sousa (2021), a função das representações sociais é: 
[…] uma maneira de interpretar os acontecimentos e comunicar-se por meio do
conhecimento, explicações, opiniões, crenças e ideias sobre um determinado fato ou
fenômeno, elementos e vivências práticas que constituem a própria realidade,
possibilita classi�car e nomear os acontecimentos, tem objetivo de tornar familiar
objetos desconhecidos, utilizando de dois processos, a ancoragem e objetivação
social. (SOUSA; SOUSA, 2021, p. 5).
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
As representações sociais propiciam a construção da realidade social, as quais ocorreram por
meio da relação de diferentes e diversos sujeitos e seus grupos sociais (SOUSA; SOUSA, 2021).
Para Abric (2000), as representações sociais têm quatro importantes funções. 
A primeira função é a do saber, que, por meio das inter-relações entre o sujeito e
sociedade, ocorre a construção do conhecimento por intermédio das vivências de
experienciais entre os grupos, tais formas de saber são do tipo “senso comum”
(ABRIC, 2000). 
A segunda função social se trata da identidade, na qual grupos podem apresentar
características de interesse semelhantes, dentro desta função, as representações têm
o objetivo de identi�car este grupo, as formas de pensar, agir, se expressar. Tal função
é totalmente importante para o processo de manter as características de
determinados grupos sociais (ABRIC, 2000). 
A terceira função é a de orientação e, diferente das funções anteriores, nesta há um
julgamento das práticas dentro de um grupo social, os conhecimentos são �ltrados,
selecionando as informações pertinentes e representativas para determinado grupo
(ABRIC, 2000). 
Por �m, a quarta função é a justi�cadora, que, como o próprio nome diz, justi�ca os
comportamentos, explica escolhas de um determinado grupo, indica o padrão de
comportamentos, atitudes e ações de um grupo (ABRIC, 2000).
De forma geral, as representações sociais saem de um campo abstrato, invisível de signi�cados,
para um campo concreto de representatividade, guiando as ações e os comportamentos
humanos. As representações são de interesse da psicologia social, por se tratar de um construto
presente nos diversos e diferentes grupos sociais, passiveis de intervenções em busca de
ampliar consciência e o processo de emancipação humana.
Videoaula: Representações sociais e realidade
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Estudante, o vídeo apresenta uma retrospectiva dos conteúdos abordados nos três blocos desta
aula, sendo eles: indissociabilidade entre elementos psicológicos e elementos sociais, interfaces
entre representações sociais e realidades sociais, funções das representações sociais. São
apresentadas as repercussões histórico-culturais, teóricas e o interesse da psicologia social
sobre as temáticas. Em cada aula é discutido um tema, abordando a construção de cada variável
como um re�exo social.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Saiba mais
Recomendamos a leitura do livro O que é psicologia social, de Silvia Lane. 
Referências
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
ABRIC, J. C. A abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA, A. S.  P.; OLIVEIRA,
D.  C.  (Orgs.). Estudos interdisciplinares de representação social. Goiânia: AB, 1998.
ABRIC, J. C. A abordagem estrutural das representações sociais: In: MOREIRA, A. S. P. & Oliveira,
D. C. (org). Estudos interdisciplinares de representação social. AB, 2, 27-37, 2000.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias. São Paulo: Editora Saraiva, 1996.
LANE, S. T. M. O que é psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 2006.
MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Trad. Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
SOUSA, K. N.; SOUZA, P. C. Representação social: Uma revisão teórica da abordagem. Research,
Society and Development, v. 10, n. 6, p. e38610615881-e38610615881, 2021.
VYGOTSKI, Lev S. (2000). Manuscrito de 1929. Revista Educação & Sociedade. Trad. brasileira do
russo. Campinas: Cedes, 71, p. 21-45.
WAGNER, W. Descrição, explicação e método na pesquisa em representações sociais. In:
GUARESCHI, P.; JOVCHELOVITCH, S. (Orgs.). Textos em representações sociais. Petrópolis:
Vozes, 1995, p. 149-186.
Aula 5
Revisão da unidade
Processos sociais ideológicos
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Olá, estudante, vamos recapitular os principais conceito da Unidade 3?O termo ideologia é geralmente confundido com o agrupamento de ideias sobre algum assunto.
Mas a ideologia tem a função de mascarar ou ocultar o real, a partir do falseamento de ideias
que passam a se tornar “verdades”. Esse mascaramento da ideologia ocorre na política, na
economia e na religião (CHAUÍ, 2017).
Para Thompson (2007), a ideologia tem forma abstrata e ilusória da realidade e para Chauí (2017,
p. 44) é uma “forma de manter a exploração econômica, a desigualdade social e a dominação
política”. Para Marx, a ideologia é considerada como uma inversão de consciência ou a
construção de uma falsa consciência (MASSON, 2009). A ideologia se manifesta de diversas
formas como em �guras, símbolos, imagens, mitos, ritos e fantasias, com um aspecto emocional
que irá permear os grupos sociais.
Outro termo muito utilizado no nosso cotidiano é alienação. O conceito de alienação se altera
conforme o contexto em que é utilizado. Em geral, no senso comum, é entendido como “estar
fora da realidade” (VIANA, 2012, p. 23). Marx evidenciou o conceito de alienação e o atribuiu a
um problema na consciência ou mente humana.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Alienação por Marx. Fonte: Barros (2011, p. 15).
A alienação é usada como forma de controle de um indivíduo em relação a outro, como no
trabalho, quando o produtor é a pessoa que não produz o produto (proprietário), mas dirige essa
responsabilidade ao trabalhador (não proprietário), sendo que o proprietário se torna o “dono” do
produto que não foi produzido por ele mesmo (VIANA, 2012).
Outro termo abordado nesta unidade foi comunicação. A comunicação faz parte da sociedade
desde que os seres humanos são sociáveis e usam a comunicação como forma de interação
social. A psicologia social tem interesse em compreender o processo de interdependência e a
in�uência da comunicação de uma pessoa ou grupo sobre outras pessoas e grupos (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 1996).
Assim como ocorre com a comunicação, o conhecimento é adquirido mediante a relação entre
sujeito e objetos de conhecimento em um espaço interativo. Para Vygotsky, a linguagem é uma
forma de aquisição de conhecimento e a aprendizagem se refere à relação entre sujeito e objeto
do conhecimento, mas precisa da mediação social para que ocorra, como o que acontece na
escola (NOGUEIRA; SMOLKA; GÓES, 1993).
Em relação à identidade, entende-se que essa é construída a partir de aspectos culturais, no
contexto histórico e por meio da interação social. O self (eu) ou identidade é formado pelo
autoconceito, autoconhecimento e papéis sociais que o sujeito desempenha na sociedade, além
da sua autoestima (MYERS, 2014).
Rodrigues (1973) de�ne a representação social como “poder social” e que está presente em
discursos, imagens, mensagem, condutas, palavras, entre outros aspectos. É por meio das
funções cognitivas que ocorrem as representações sociais e essas se relacionam aos valores e
saberes de aprendizagens sociais.
Diante dos conceitos apresentados, podemos considerar a indissociabilidade entre os aspectos
psicológicos e sociais, já que os seres humanos são seres sociais. O homem é um ser social que
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
se desenvolve na relação com os outros no meio social (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1996).
A relação social leva o indivíduo a organizar conhecimentos e desenvolver afetos positivos e
negativos demostrando que a subjetividade humana é construída por meio dessas relações que
ocorrem entre os pares (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 1996).
Videoaula: Revisão da unidade
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Neste vídeo, analisamos os principais conceitos desenvolvidos no decorrer da Unidade 3, como
ideologia, alienação, identidade, comunicação, conhecimento e representação social e suas
características e sua relação com a psicologia social. Analisamos como a psicologia social se se
apropria desses conceitos para explicar a interação social na constituição desses processos
sociais e ideológicos.
Estudo de Caso
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Imagine a seguinte situação: você, enquanto psicólogo social, deverá conversar com membros
de uma Organização Não Governamental sobre como a psicologia social analisa a importância
da interação social para o desenvolvimento dos processos de pensamento e de comunicação. 
Você deverá abordar é a importância da comunicação e a construção do conceito de identidade e
seus elementos constituintes e como se relacionam aos processos sociais. E, ainda, como a
psicologia Social explica a relação entre aspectos psicológicos e sociais na constituição dos
indivíduos.
Você tem o período de uma hora para a apresentação desses conceitos de forma bem objetiva e
clara. Os membros da ONG têm per�s bem diferentes entre si, com graus de escolaridade
diversos.
Você pode utilizar uma dinâmica para que os participantes expressem as suas concepções sobre
algum dos termos a serem discutidos, de modo a possibilitar uma discussão coletiva e a
expressão livre de ideias.
Pense em como apresentar essas ideias e produza um esboço de sua apresentação.
______
Re�ita
Diante das informações expostas, re�ita: 
Como apresentar os conceitos aos membros da ONG de forma objetiva e
compreensível? 
Como montar uma dinâmica de exposição de ideias de modo que os participantes
possam ter liberdade de expressão?
______
Videoaula: Resolução do Estudo de Caso
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Diante da situação proposta, sugerimos que você revise o material didático da Unidade 3 (textos
e videoaulas) e identi�que os conceitos essenciais para serem abordados na discussão com
membros da ONG.
Deve-se abordar a ideia de que a comunicação é essencial para constituir os indivíduos e a
sociedade, partindo-se da ideia de que os seres humanos são seres sociáveis que interagem a
partir das formas variadas de comunicação. 
Assim como se dá com o processo de comunicação, o conhecimento se desenvolve a partir das
relações entre sujeito e objeto de conhecimento em espaços socializadores e interativos como a
escola, a qual faz o papel de mediadora social.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A identidade é constituída por aspectos culturais, históricos e por meio da interação social. A
identidade é formada pelo eu, pelo autoconceito, autoconhecimento e da autoestima e pelos
papéis sociais do sujeito na sociedade.
A psicologia social acredita que aspectos psicológicos e sociais são indissolúveis, pois o homem
é um ser social que se constitui na relação com os outros que fazem parte de seu grupo social.
A dinâmica pode ser realizada a partir do questionamento: “por que os seres humanos são
considerados seres sociais?”.
Saiba mais
Na Unidade 3, vimos os processos sociais e ideológicos como o conceito de ideologia, alienação,
identidade, comunicação, linguagem e pensamento, além da representação social e da
construção da identidade. A psicologia social considera que os processos sociais e psicológicos
são indissolúveis devido ao fato de o ser humano se desenvolver como indivíduo a partir de suas
relações sociais.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Mapa mental sobre os processos sociais. Fonte: elaborado pela autora.
Referências
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
BARROS, J. D. A. O conceito de alienação no jovem Marx. 4 Tempo Social, revista de sociologia
da USP, v. 23, n. 1, SD.  Disponível em:  https://www.scielo.br/j/ts/a/zBsXjn RDZrJVgbw KDTf9bt
n/?fo rmat=pdf&lang=pt Acesso em: 14 abr. 2022.
BATISTA, A. P. L.; CARVALHO, H. W. P.; RIBEIRO, C. M. Análise da construção do conhecimento na
perspectiva das teorias de Vygotsky. Educação, v. 32, n. 2, p. 411-423, 2007. 
BOCK, A. M. B. FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias. São Paulo: Saraiva, 1996.
CHAUÍ, M. O que é ideologia.São Paulo: Brasiliense, 2017. Disponível em
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YmAvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=
ideologia&ots=mTFUJgl-Lq&sig=ZfSAYCKXtlSekfRvV0vraq3ghXA#v=onepage&q=ideologia&f=
false Acesso em: 14 abr. 2022.
MASSON, G. Políticas de formação de professores: as in�uências do neopragmatismo da agenda
pós-moderna. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Ciências da Educação, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
MAY, A. P. Psicanálise e linguagem. Revista de Letras, Artes e Comunicação, v. 4, n. 2, p. 258-266,
mai./ago. 2010. Disponível em: https://bu.furb.br/ojs/index.php/linguagens/article/view/2742.
Acesso em: abr. 2022
MYERS, D. G. Psicologia social. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC. Iva, 2014.
NOGUEIRA, A. L. H.; SMOLKA, A. L. B.; GÓES, M. C. R. A linguagem e o outro no espaço escolar:
Vygotsky e a construção do conhecimento. Campinas: Papirus Editora, 1993.
RODRIGUES, A. Psicologia social. Rio de Janeiro: Vozes, 1973.
THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social na era dos meios de comunicação
de massa. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
VIANA, N. A alienação como relação social. Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas
educacionais, UEG/UnU Iporá, v. 1, n. 2, p. 23-42, 2012. Disponível em:
https://www.revista.ueg.br/index.php/sapiencia/article/view/2686. Acesso em: 14 abr. 2022.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
,
Unidade 4
Aplicações da psicologia social
Aula 1
Pesquisa em Psicologia Social
Introdução
https://www.scielo.br/j/ts/a/zBsXjn%20RDZrJVgbw%20KDTf9bt
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YmAvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=%20ideologia&ots=mTFUJgl-Lq&sig=ZfSAYCKXtlSekfRvV0vraq3ghXA#v=onepage&q=ideologia&f=%20false
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YmAvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=%20ideologia&ots=mTFUJgl-Lq&sig=ZfSAYCKXtlSekfRvV0vraq3ghXA#v=onepage&q=ideologia&f=%20false
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=YmAvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=%20ideologia&ots=mTFUJgl-Lq&sig=ZfSAYCKXtlSekfRvV0vraq3ghXA#v=onepage&q=ideologia&f=%20false
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Estudante, boas-vindas à aula de pesquisa em psicologia social. Nesta aula conheceremos
alguns modos de fazer pesquisa na psicologia social, especialmente os que se caracterizam pela
ação e participação dos envolvidos na pesquisa.
Você já pensou que uma pesquisa pode interferir na vida das pessoas que dela participam? E que
essas pessoas que participam da pesquisa podem interferir no processo de pesquisa? Será que
este tipo de pesquisa é considerado uma pesquisa cientí�ca? 
Após esta aula esperamos que você seja capaz de compreender o que são e quais
características e aplicações dos modelos metodológicos de pesquisas sociais denominados
pesquisa-ação e pesquisa participante.
Ao longo da aula você será incentivado a re�etir sobre os desa�os da pesquisa social, sobre a
relação e diferenças destes tipos de pesquisa e, por �m, conhecer a aplicação desses modos de
pesquisar sobre temas da vida social. Vamos seguir juntos.
Conhecendo modalidades de pesquisa social: pesquisa-ação de pesquisa
participante
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A pesquisa social é um tipo de pesquisa que busca compreender e produzir novos
conhecimentos sobre a realidade social tendo como referência a metodologia cientí�ca (GIL,
2008). De uma maneira mais objetiva, entendemos como pesquisa social o tipo de pesquisa
adotado, por exemplo, pela psicologia social, que tem os processos de investigação baseados
em métodos e rigor cientí�co e tem como objetivo compreender tudo aquilo que se relaciona à
experiência humana e às relações entre os homens e as instituições, como situações e
fenômenos relacionados às subjetividades e que se constituem na vida cotidiana. São exemplos
de temas em pesquisa social migração, racismos, violências de toda ordem e direcionada a
diversos grupos como mulheres e indígenas, e diversos outros temas (GIL, 2008).
É característico nas pesquisas sociais a diversidade de objetivos e procedimentos. Diversidade
esta que di�culta uma de�nição única de uma estrutura que corresponda a etapas da pesquisa e
que nos apresente um modo de fazer especí�co de realizá-la. Porém, é possível observar
consensos e, estes, de maneira geral, nos apresentam que a pesquisa social envolve processos
de “planejamento, coleta de dados, análise e interpretação e redação do relatório” (GIL, 2008, p.
31).
Os objetivos de uma pesquisa social, de maneira geral, podem estar relacionados à produção de
conhecimento cientí�co por meio da construção de teorias sem se preocupar diretamente com a
aplicação prática ou transformação de uma realidade, denominada como “pesquisa pura” (GIL,
2008). Ou pode objetivar a aplicação e utilização prática dos conhecimentos obtidos por meio da
pesquisa, o que con�gura uma pesquisa aplicada (GIL, 2008) ou prática (DEMO, 1984). Esta
�nalidade prática, aplicada e interventiva da pesquisa, é o nosso objeto de estudo a partir do
destaque para dois tipos de pesquisa: pesquisa-ação e pesquisa participante.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A pesquisa-ação pode ser entendida como 
[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em
estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no
qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema
estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2011, p. 20) 
Observe que a palavra “ação” não está ali à toa. Ela representa a característica essencial deste
tipo de pesquisa, que é a participação ativa tanto dos pesquisadores quanto dos participantes
representativos, ou seja, aqueles que têm relação com o tema/objeto no desenvolvimento da
pesquisa. A “ação” também está relacionada aos objetivos que visam à resolução, intervenção ou
ao menos ao esclarecimento de algum problema ou situação.
A pesquisa participante pode ser conceituada como uma pesquisa prática/aplicada que
[...] busca a identi�cação totalizante entre sujeito e objeto, de tal sorte a eliminar a
característica de objeto. A população pesquisada é motivada a participar da pesquisa
como agente ativo, produzindo conhecimento, e intervindo na realidade própria. A
pesquisa torna-se instrumento no sentido de possibilitar à comunidade assumir seu
próprio destino. Ao pesquisador que vem de fora cabe identi�car-se ideologicamente
com a comunidade, assumindo sua proposta política, a serviço da qual se coloca a
pesquisa. (DEMO, 1984, p. 26) 
Fica clara a dimensão da participação do pesquisador e dos “pesquisados” que é o que dá nome
a esta modalidade de pesquisa. Dessa forma, a característica essencial para identi�car a
pesquisa participante é também a forma ativa e participativa como os sujeitos e pesquisadores
se relacionam com a pesquisa.
Características e re�exões sobre a pesquisa na psicologia social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Quando pensamos em método e rigor cientí�co em pesquisas, algumas concepções vêm à
nossa mente, não é mesmo? Talvez você tenha pensado em laboratórios, experimentos, análises
quantitativas, grupos de controle. Esses são aspectos que caracterizam um modelo clássico de
pesquisa que está relacionado especialmente às ciências naturais e que se apresenta a partir de
características como a objetividade, neutralidade e o distanciamento. 
Lidar com as expectativas do que é cientí�co ou não é um dos desa�os que a psicologia social e
demais perspectivas que realizam a pesquisa social enfrentaram e ainda enfrentam no campo da
produção acadêmica e cientí�ca. O modelo tradicional de pesquisa e suas características ainda
hoje é o que representa o “modelo” de cienti�cidade, mesmo que traduza características vistas
como ilusórias, como a neutralidade e a objetividade (GIL, 2008). Entretanto, o campo das
realidades sociais que são objeto de estudo, por exemplo, da psicologia social vai além dos
limites ditados pela pesquisa tradicional e desa�a uma nova articulação entre os elementos
consideradoscientí�cos.
A pesquisa-ação e pesquisa participante são exemplos de modalidades de pesquisa social que
objetivam transformar a visão sobre modos de fazer pesquisa anteriormente relacionados
somente à dimensão de pesquisa clássica/tradicional, ou seja, aquela que o pesquisador
detentor de um saber técnico/teórico escolhe um objeto e produz conhecimento a partir do seu
processo investigativo, mantendo a neutralidade do pesquisador como elemento central. 
Outra diferença apresentada pelas pesquisas sociais se relaciona à de�nição do tipo de
problema que será investigado. Estes se con�guram como problemas de ordem prática, ou seja,
por meio da pesquisa busca-se “procurar soluções para se chegar a alcançar um objetivo ou
realizar uma possível transformação dentro da situação observada” (THIOLLENT, 2011, p. 58).
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Não obstante, ter essa perspectiva prática, com problemas concretos tão claros, não retira
destes tipos de pesquisa a importância da teoria (THIOLLENT, 2011). 
_______
Assimile
Por exemplo, não é possível produzir uma pesquisa-ação sobre e com adolescentes que
cometeram homicídios sem conhecer e ter como referência as discussões e teorias sobre as
juventudes, os fenômenos de violências juvenis, sobre homicídios de jovens e os elementos
políticos e sociais que constituem esses fenômenos. Existe um contexto teórico, político,
sociológico que referencia teoricamente a discussão e o campo em que aquele problema se
con�gura na sociedade e na produção teórica e isso não pode ser desconsiderado. Porém, esses
“conhecimentos teóricos” não devem se sobrepor ou apresentar-se de forma superior aos
saberes daqueles que participam da pesquisa, portanto, deve-se ter cuidado sempre em traduzi-
los e torná-los próximo de todos que fazem parte da construção da pesquisa (THIOLLENT, 2011).
_______
Thiollent (2011) a�rma não haver consenso ou unanimidade na diferenciação entre os termos
pesquisa-ação e pesquisa participativa. Para o autor, toda pesquisa-ação é participativa, já que a
participação de pessoas implicadas nos problemas investigados é um elemento fundamental. Gil
(2008, p. 31) também a�rma que “tanto a pesquisa-ação quanto a pesquisa participante se
caracterizam pelo envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo de
pesquisa”. 
Porém, é importante atentar que nem toda pesquisa participante é uma pesquisa-ação. A
participação pode se con�gurar, por exemplo, somente na observação do pesquisador, o que
chamamos de observação participante, sem ter a �nalidade de ação, transformação,
conscientização ou educação. Nestes casos, o autor ou a perspectiva teórico-metodológica
adotada pelo pesquisador é que apresentará os elementos que conduzirão o método e que
de�nirão se será uma pesquisa ação ou participante.
Uma prática possível de pesquisa social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Imagine agora que você é um pesquisador que tem como perspectiva a psicologia social e
desenvolverá uma pesquisa. O campo escolhido para a pesquisa são as políticas públicas de
atenção básica à saúde, especi�camente o atendimento que é realizado na Unidade Básica de
Saúde – UBS que �ca na periferia de uma grande metrópole brasileira, no bairro onde você mora.
Esta UBS é conhecida na região pelo volume de queixas entre os atendidos. Você então resolve
propor um projeto de pesquisa com o objetivo de avaliar os impasses/problemas no atendimento
daquela UBS contando com a participação dos pro�ssionais trabalhadores da UBS e do público
atendido. 
Logo que comenta sobre a sua proposta, escuta de alguns colegas: mas você vai pesquisar um
serviço perto da sua casa e que você é usuário? Como você vai fazer uma pesquisa envolvendo
diretamente as pessoas que trabalham no lugar de onde vem as queixas? Será que eles vão falar
das di�culdades? E os problemas vão aparecer? E a neutralidade da pesquisa cientí�ca? 
Diante disso, você vai buscar conhecer sobre quais as possibilidades de realizar, a partir do
conhecimento cientí�co, uma pesquisa com essas características. Conversando com a
professora de Psicologia Social, ela apresenta as perspectivas de pesquisas sociais aplicadas e,
entre elas, você identi�ca a pesquisa-ação como uma possível orientação metodológica para a
sua proposta. 
Lendo sobre a pesquisa-ação, você entende que sua proposta poderá ser contemplada, pois seu
objetivo era justamente propor uma ação ou a resolução de um problema com a participação das
pessoas que nele estão envolvidas, tanto os trabalhadores como o público atendido. Para além
dessa participação, também era sua prioridade lidar com uma situação real, prática relacionada à
realidade social daquele território. 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
E sobre a neutralidade? Essa também é uma discussão presente nas pesquisas sociais. Não há
como negar a presença de elementos ideológicos em nenhum tipo de pesquisa, nem nas que
seguem as características da pesquisa clássica. A questão é que para ser considerada uma
pesquisa cientí�ca e não algo puramente ideológico ou produzido pelo senso comum, será
necessário seguir métodos e procedimentos, portanto, construir todo o processo a partir de
fundamentação e rigor cientí�co.
Você então inicia formulando o seu problema de pesquisa. O problema pode ser elaborado de
diferentes maneiras, por exemplo: quais são as di�culdades enfrentadas pelos usuários para a
realização dos atendimentos? Em que medida a satisfação dos pro�ssionais interfere na
realização dos serviços? Quais os problemas enfrentados pela equipe para o desenvolvimento do
trabalho na UBS? A partir da escolha de um desses tipos de problema é que a pesquisa vai sendo
delineada, por exemplo, de�nindo quais serão os referenciais teóricos, as hipóteses
     investigadas, a amostra, estratégia de coletar os dados, caminhos teóricos para a análise e
interpretação dos resultados e, por �m, os resultados e a elaboração do relatório �nal. Além
disto, a partir do conhecimento das demandas e problemas enfrentados por usuários e equipe
pro�ssional da UBS, é possível pensar em ações que possam contribuir para o enfretamento das
di�culdades relatadas pelos participantes.
Após as fases de identi�cação dos problemas enfrentados pelos atores da UBS e os
delineamentos da pesquisa, você terá constituído um corpo empírico de informações e dados e
poderá seguir com seu plano de ação, análise e interpretação que constituirão sua pesquisa.
Importante ressaltar que esses passos apresentados aqui são um esboço das etapas, que
permitem termos uma visão geral de todo o processo. Outros elementos metodológicos podem
ser adicionados a partir do tema escolhido e, principalmente, a partir da participação ativa das
pessoas representativas.
Videoaula: Pesquisa em Psicologia Social
Este conteúdo é um vídeo!
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computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
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Neste vídeo discutimos sobre a construção da pesquisa cientí�ca na psicologia social e
conheceremos dois tipos de pesquisa social práticas/aplicadas: a pesquisa-ação e a pesquisa
participante. Conversamos sobre os desa�os da pesquisa social para se consolidar dentro dos
paradigmas de ciência tradicionais à medida que tem como objeto temas que dizem respeito às
subjetividades e elementos da vida social. Para ilustrar essa discussão, conhecemos exemplos e
a forma de organizar este tipo de pesquisa no contexto da psicologia social.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Saiba mais
A discussão sobre a pesquisa na psicologia social é ampla e não se esgota nas referências
apresentadas nesta aula. Portanto, é sempre importante acompanhar as novas produções e as
discussões que estão presentes em seminários, encontros e simpósios que acontecem no Brasil
e no mundo. 
Para conhecer essas pesquisas e os temas que envolvem a discussão da psicologia social
brasileira podemos acessar o site da ABRAPSO – Associação Brasileira de Psicologia Social. Na
aba “Publicações” você poderáacessar as coleções dos encontros realizados, acessar os
ebooks sobre diferentes temas na psicologia social como: Colonialidades e ódio às diferenças;
Psicologia social na Amazônia e outros. Também encontrará outras publicações como Violência,
ditadura e memória e Psicologia social nas tramas dos direitos, que têm como base os temas,
estudos e pesquisas no campo da psicologia social que estão sendo desenvolvidas no Brasil.
Referências
https://site.abrapso.org.br/publicacoes/editora/
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
DEMO, P. Pesquisa participante: mito e realidade. Rio de Janeiro: Senac, 1984.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 18 ed. São Paulo: Cortez, 2011.
FINE, M.; WEIS, L.; WESEEN, S.; WONG, L. Para quem? Pesquisa qualitativa, representações e
responsabilidades sociais. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Org.) O planejamento da pesquisa
qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006, p.115-139
LAPERRIÈRRE, A. Os critérios de cienti�cidade dos métodos qualitativos. In: POUPART, J. et al.
(Org.). A pesquisa qualitativa: enfoque epistemológicos e metodológicos. 2 ed. Petrópolis: Vozes,
2008, p. 410-435.
MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes,
2001.
SPINK, P. K. Pesquisa de campo em psicologia social: uma perspectiva pós-construcionista.
Psicologia & Sociedade, v. 15, n. 2, 2003, p. 18-42.
Aula 2
Psicologia Social e Comunidade
Introdução
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Estudante, na aula de hoje vamos discutir sobre um conceito importante para a psicologia social.
Trata-se do conceito de comunidade, a �m de compreender a importância dessa discussão para
a ampliação das práticas e modos de fazer psicologia no Brasil, principalmente a partir da
possibilidade de inserção do psicólogo em campos relacionados às práticas comunitárias,
instituições sociais e políticas públicas. Para isso conheceremos os elementos que de�nem
comunidade a partir de características gerais e a relação dessas características ao que se
compreende atualmente como comunidade, especialmente pela psicologia social.
Ao �nal desta aula você reconhecerá novos fazeres e práticas da psicologia que levam em
consideração um compromisso assumido pela psicologia com a vida social no reconhecimento
da importância das políticas públicas e da garantia dos direitos a partir de práticas sociais,
comunitárias, críticas e contextualizadas.
Vamos seguir juntos nessa caminhada?
Comunidade, modos de vida comunitária e a prática psicológica
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Para identi�car o lugar onde você mora costuma dizer que vive em uma comunidade? Ou em
uma sociedade? Será que isso faz diferença?
Assim como outros conceitos nas ciências humanas e sociais, a de�nição de comunidade é
diversa e tem as marcas dos períodos históricos e sociais em que são elaboradas. Dentre essa
diversidade, Ferdinnand Tönnies é considerado o fundador do conceito e o apresenta a partir da
diferenciação entre comunidade e sociedade. As características identi�cadas são também parte
de de�nições propostas por outros autores considerados clássicos na sociologia, como Max
Weber e Georg Simmel (OBERG, 2008).
Podemos a�rmar, a partir de Tönnies, Weber e Simmel, que a comunidade seria o
lugar do afeto, das relações primárias, da tradição, da partilha de interesse e de
território comum, ao passo que a sociedade seria seu contrário, marcada pela
racionalidade, pela modernidade, pelas relações secundárias com pouco contato face
a face e com �ns econômicos. (OBERG, 2008, p. 714)
A partir dessa compreensão, destaca-se como de�nição para comunidade características que
dizem respeito a:
Cumplicidade.
União.
Profundidade nas relações.
Coesão.
Solidariedade.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Dimensão do afeto e da tradição.
Sentimentos compartilhados entre as pessoas,  
Lugar da partilha de interesses comuns etc. 
Assim, comunidade pode ser representada como “o lugar onde podemos encontrar os
semelhantes e com eles compartilhar valores e visões de mundo. Também signi�ca segurança, e
é nela que encontramos proteção contra os perigos externos, bem como apoio para os
problemas pelos quais passamos” (MOCELLIM, 2011, p.106).
Contemporaneidade
Será que nas sociedades contemporâneas ainda encontramos esse modo de vida social que se
con�gura a partir das características clássicas de comunidade?
Como dissemos, conceitos que dizem respeito à vida social são revistos a cada tempo por
diferentes campos de saberes. Na psicologia, em especial a psicologia social comunitária, a
de�nição de comunidade se tornou um conceito-chave. Sendo assim, essas características
destacadas pelos autores clássicos, conforme vimos acima, foram ao longo do tempo
apropriadas e reinterpretadas a partir das realidades sociais contemporâneas, e comunidade
passou a traduzir “diferentes ideários de vida comunitária” (PRADO, 2008, p. 211) relacionados,
por exemplo, a modos de vida de cidades pequenas, determinados bairros, favelas, associações
de vizinhos ou comunidades virtuais (ROCHA, 2012). 
Sendo assim, a partir da leitura crítica sobre essas características tidas como comunitárias e que
de�nem um modo de vida em grupo especí�co, a psicologia, ao longo do tempo, constitui um
campo de conhecimento e prática pro�ssional, abrindo-se para práticas nas comunidades por
meio, por exemplo, da discussão sobre as instituições sociais que podem ser vistas na atuação
nas políticas públicas.
Como políticas públicas entendemos um processo que envolve identi�cação do problema
público, formulação de propostas, tomada de decisão e implementação de ações que têm como
foco temas que afetam a coletividade (SECCHI, 2011). Estamos falando, então, sobre ações,
programas, projetos, benefícios ofertados pelo Estado a �m de resolver um problema que
envolve a coletividade, em especial, no caso das políticas em que a atuação da psicologia se faz
presente, voltando-se à garantia dos direitos dos cidadãos. Temos políticas públicas em diversos
segmentos da sociedade, como: políticas de assistência social, políticas de saúde, segurança,
educação etc.
A psicologia social e o trabalho comunitário
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
É sempre um desa�o apresentar conceitos que fazem parte do nosso vocabulário cotidiano, mas
que usamos sem levar em conta a complexidade que existe por trás daquela palavra ou
expressão. Isso se dá principalmente porque são conceitos que se constituem em termos sócio-
históricos especí�cos e carregam no seu entendimento as discussões de um tempo ou momento
histórico, político, social e cultural. “Comunidade é um desses conceitos das ciências sociais
que, por mais que o tempo passe, permanecem controversos” (MOCELLIM, 2011, p. 106). 
Isso signi�ca que não há uma de�nição única ou hegemônica para comunidade. O que se
identi�ca nas teorias são elementos comuns que fundamentam as diferentes concepções e que
nos permitem, por exemplo, diferenciar comunidade de outros conceitos como sociedade e
destacar características especí�cas quando se quer dizer sobre modos de vida em grupo
especí�cos nos quais ocorre o encontro de pessoas e compartilhamento de valores e visões de
mundo (MOCELLIM, 2011). 
Nas ciências humanas, coube à sociologia desde os seus primórdios, devido à centralidade da
discussão sobre comunidade para a teoria sociológica, elaborar de�nições sobre comunidade
(MOCELLIM, 2011). De�nições que seguiram orientando estudos e práticas não somente da
própria sociologia como também de outras ciências, como é o caso da psicologia, por meio, por
exemplo, das discussões da psicologia social comunitária.
A importância do conceito de comunidade para a psicologia é inegável, vê-se a apropriação dada
em uma das suas perspectivas no próprio nome, como é o caso da psicologia social comunitária.
Esta apresentou à psicologia como ciência uma nova possibilidade e alternativa de um fazer
psicológico que pudesse encontrar outros públicos e estar em outros espaços paraalém dos
consultórios e das práticas psicoterápicas hegemônicas até então. 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Contexto brasileiro
No Brasil, desde a regulamentação da psicologia como pro�ssão, o cenário e contexto social e
político permitiram um fazer especí�co e a clínica/consultório foi por muito tempo a alternativa
possível aos pro�ssionais naquela época. Somado a isto, passamos por um período de ditadura
militar cercado de uma série de restrições de direitos, especialmente no que diz respeito a
trabalhos no campo social ou em instituições sociais e que tivessem uma perspectiva
emancipatória e transformadora (GONÇALVES, 2010).
Passado o período inicial da consolidação da pro�ssão de psicólogo no Brasil e após o
movimento provocado pelos pro�ssionais da época, a psicologia social comunitária foi uma
alternativa para novas práticas e outros espaços de atuação para o psicólogo. Neste período, a
psicologia também passa a se apresentar com novos posicionamentos fazendo surgir outras
possibilidades para o seu “fazer”, con�gurando-se a partir de uma perspectiva social, crítica e
política. Foi neste contexto que puderam surgir outras inserções dos psicólogos de forma ativa e
presente, por exemplo, nas comunidades e nas políticas públicas, lugares possíveis de
apresentar um saber psicológico pautado nas realidades sociais, no compromisso social, na
defesa dos direitos e com a possibilidade de construção de uma sociedade justa e democrática
(GONÇALVES, 2010).
A inserção e materiais de orientação para o trabalho do psicólogo nas
políticas públicas
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A inserção do psicólogo nas políticas públicas apresentou à psicologia um novo campo de
trabalho vinculado a um fazer comunitário, grupal, social e também uma série de discussões que
dizem respeito ao compromisso da psicologia com a vida em sociedade. São campos de
trabalho que provocam cotidianamente o saber psicológico a apresentar orientações para as
práticas psicológicas e discutir sobre as relações entre os sujeitos, sociedade e política. 
Estamos falando de política partidária? Não! Política enquanto uma instância reguladora dos
sujeitos e das relações sociais, que possibilita a construção de consensos para resolução dos
con�itos inerentes à vida social (RUA, 1998). A compreensão da importância das políticas
públicas para os sujeitos, sociedades e na organização do Estado no que diz respeito aos direitos
de todos permitiu à psicologia compreender a importância das políticas tanto enquanto um
campo de trabalho, mas também a relevância das políticas públicas para as nossas vidas e
subjetividades.
Mas de onde vêm as orientações para o psicólogo nas políticas públicas? 
Cada política pública apresenta elementos que direcionam a prática do psicólogo, como
princípios e diretrizes descritos nos documentos normativos. Cabe também ao psicólogo nas
políticas públicas seguir as orientações técnicas e éticas de�nidas pelos órgãos reguladores da
nossa pro�ssão como Conselhos Federal - CFP e Estaduais de Psicologia - CRPs.
Enquanto orientação dos Conselhos de Psicologia, o Centro de Referência Técnica em Psicologia
e Políticas Públicas (CREPOP), criado em 2006, vem sendo um canal importante de orientação
para a prática do psicólogo nas políticas públicas e tem como objetivo consolidar a produção de
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
referências para a atuação das psicólogas e psicólogos em políticas públicas por meio de
pesquisas coordenadas nacionalmente. Sendo assim, o CREPOP produz periodicamente os “As
Referências Técnicas” sobre os diferentes campos/temas e políticas públicas em que o
psicólogo se insere como pro�ssional. A elaboração destes documentos constitui-se uma
maneira de apresentar referências concretas para nortear a prática do pro�ssional.
Os guias estão disponíveis no site do Conselho Federal de Psicologia e são atualizados
periodicamente. Estão disponíveis, por exemplo: 
Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) em Medidas Socioeducativas.
Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) no CRAS/SUAS.
Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) na Atenção Básica à Saúde.
Referências Técnicas para atuação de Psicólogas(os) em Políticas Públicas de
Esporte.
Referências Técnicas para Atuação das(os) Psicólogas(os) no Sistema Prisional.
Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas (os) nos Programas e Serviços de
IST/HIV/Aids.
Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na Política de Segurança
Pública.
Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) em varas de família.
Exemplos de materiais elaborados pelo CREPOP. Fonte: Site do Conselho Federal de Psicologia - CFP.
Nestes materiais é possível conhecer não somente o contexto histórico, social e teórico referente
à temática, como ter acesso às orientações sobre a prática pro�ssional do psicólogo em relação
àquele tema ou política pública permitindo assim compreender, dentro de cada política, quais as
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
práticas, funções e responsabilidades do psicólogo com a política, com os sujeitos e com a
sociedade.
Videoaula: Psicologia Social e Comunidade
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Algumas características apresentadas nas de�nições clássicas, apesar do tempo, permanecem
referenciando o entendimento sobre o que é comunidade atualmente. Assim é a forma como a
psicologia se apropria do termo comunidade, ou seja, buscando as características tradicionais e
os elementos que auxiliam na identi�cação de modos de vida em grupos especí�cos para assim
constituir novos saberes e ampliar as possibilidades de práticas pro�ssionais.
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
As práticas que se relacionam a um fazer do psicólogo que vai para além da clínica e dos
consultórios são consideradas por alguns autores como tendências atuais da psicologia. Ou seja,
a história da psicologia muitas vezes focaliza-se no campo clínico, sendo que o trabalho na área
social e mais especi�camente nas políticas públicas não é tão destacado. Contudo, este cenário
vem mudando e, nos últimos 20 anos, a psicologia vem construindo saberes que reconhecem a
importância da psicologia na interface com as políticas públicas e ações comunitárias.
No livro História da psicologia, o autor André Roberto Ribeiro Torres, na seção 4.4 – Tendências
atuais da psicologia no Brasil –, nos permite conhecer a importância da psicologia social, em
especial da abordagem sócio-histórica, para a inserção de discussões como a luta por direitos e
as políticas públicas na história da psicologia brasileira.
O livro Psicologia, subjetividade e políticas públicas de Maria das Graças M. Gonçalves é outra
referência importante para conhecermos a história da psicologia em relação à inserção dos
psicólogos nas políticas públicas. O capítulo 4 – Psicologia e políticas públicas – apresenta esta
história de forma crítica e a partir da discussão sobre o compromisso social da psicologia.
Referências
BORDIGNON, J. C.; PALACIO-ARRUDA, M. B. Psicologia, políticas públicas e comunidade.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Disponível em: https://site.cfp.org.br/publicacoes/.
Acesso em: maio 2022.
GONÇALVES, M. G. M. Psicologia, subjetividade e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2010.
MOCELLIM, A. D. A comunidade: da sociologia clássica à sociologia contemporânea. Plural –
Revista do Programa de Pós Graduação em Sociologia da USP, São Paulo, v. 17, n. 2, 2011, p.105-
https://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087054e54aa8872fb666b21
https://biblioteca-virtual-cms-serverless-prd.s3.us-east-1.amazonaws.com/ebook/1986-psicologia-politicas-publicas-e-comunidade.pdf
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
125.
OBERG, L. P. O conceito de comunidade: problematizações a partir da psicologia comunitária.
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 18,n. 2, p. 709-728, ago. 2018.  Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
42812018000200018&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 28 mar. 2022.
PRADO, M. A. M. Psicologia e comunidade: a utopia dos projetos cientí�cos. In: ZANELLA, A. V. et
al. (Org.). Psicologia e práticas sociais [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas
Sociais, 2008, p. 210-220.
ROCHA, T. G. Discutindo o conceito de comunidade na psicologia para além da perspectiva
identitária. Global Journal of Community Psychology Practice, v. 2, n. 4, p. 01-06, 2012.
RUA, M. G. Análise de políticas públicas: conceitos básicos. In: RUA, M. G.; CARVALHO, M. I. O
estudo da política: tópicos selecionados. Brasília: Paralelo 15, 1998.
SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo:
Cengage Learning, 2011.
TONNIES, F. Comunidade e sociedade como entidades típico-ideais. In: FLORESTAN, F. (Org.).
Comunidade e sociedade: Leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação.
São Paulo: Editora da USP, 2003.
TORRES, A. R. R. História da psicologia. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
Aula 3
Psicologia Social - Escola e Trabalho
Introdução
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Estudante, na aula discutiremos as contribuições da psicologia social para a prática pro�ssional
em dois espaços sociais especí�cos: a escola e o trabalho. Relacionaremos os conhecimentos
produzidos pela psicologia social à possibilidade de construção de novas práticas no ambiente
escolar e no trabalho pautadas na noção de cidadania e na constituição de um fazer psicológico
ético baseado no compromisso social assumido pela psicologia.
Iniciaremos reconhecendo elementos que caracterizam sob uma perspectiva crítica a prática de
psicologia social na escola, no trabalho e pautada na noção de cidadania. Seguimos discutindo
sobre a possibilidade de construção de práticas psicológicas a partir de uma dimensão ampliada
do fazer e com responsabilidade social. Por �m, conheceremos, a partir de exemplos, formas de
atuar que articulam as discussões propostas pela psicologia social com temas relacionados à
escola e ao trabalho.
Vamos seguir juntos?
Psicologia social: escola, trabalho e cidadania
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
É comum a�rmarmos que a psicologia social é uma lente que pode ser utilizada para
compreendermos os fenômenos sociais e os sujeitos. Crespo (1995) apresenta essa discussão
nos dizendo que o “social” da psicologia social é como um “ponto de vista”, ou seja, uma forma
de conhecer o sujeito pautando-se em concepções teóricas, metodológicas e teorias sobre a
relação indivíduo-sociedade. 
Sendo assim, a contribuição da psicologia social em contextos como o escolar, laboral e de
exercício da cidadania é ampliar o olhar e o fazer do psicólogo levando em consideração as
dimensões relacionais e os contextos sociais constituintes dos sujeitos.
Podemos dizer que os psicólogos que têm como referência a psicologia social têm modos de
atuar especí�cos na escola e no trabalho? A resposta será sim, se mantivermos os “modos de
atuar” no plural, ou seja, não é dizer que exista uma forma especí�ca, um roteiro, uma receita
para seguir, mas que existem perspectivas orientadoras especí�cas para esses fazeres quando
se propõe uma prática pautada na psicologia social.
Ambiente escolar
Cientes das diferentes maneiras de apresentar a relação da psicologia social com a escola,
podemos dizer que, a partir de uma perspectiva crítica, cabe ao psicólogo social escolar
“ouvir” as pessoas que estão na escola, veri�car suas demandas explícitas e
implícitas, seus con�itos, seu desejos e, quiçá, transformá-las em formas conscientes
para lidar com as malevolências de um mundo desigual e opressor, possibilitando aos
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
sujeitos serem donos de sua história” [...] Cabe, portanto, ao psicólogo escolar social,
diante dessa situação, capacitar a população escolar para transcender em suas
possibilidades de ser una e dirigir-se a uma totalidade: contraditória, múltipla,
relacional, mutável, transformadora e consciente de que suas ações estão sendo
dominadas por um ideário dominador, liberal e autoritário. (ALVES; SILVA, 2006, p.197)
Neste sentido, é importante destacar a construção de uma prática psicológica na escola que
reconheça as complexidades e multiplicidades dos alunos, da instituição e das relações
estabelecidas por todos que estão ali no ambiente escolar e que são produtos e produtores do
meio social, político, histórico, econômico e cultural que vivenciam.
Ambiente do trabalho
No âmbito do trabalho,
os pressupostos que conformam a Psicologia Social do Trabalho incluem os
aspectos subjetivos relacionados ao trabalho a partir da perspectiva dos próprios
trabalhadores, entendendo que o trabalho é constituído por espaços de socialização,
de construção de identidades, experiências e signi�cados, possibilitados por práticas
cotidianas e interações (Sato, 2003; Sato, Bernardo, & Oliveira, 2008), que ocorrem em
um contexto social permeado pelo con�ito de interesses. (BERNARDO et al., 2015, p.
25)
Neste contexto, cabe ao psicólogo ir além da prática gerencial e administrativa e reconhecer as
diversas dimensões constituintes da relação trabalhador-empregador de uma perspectiva crítica.
Assim, poderá compreender e intervir no ambiente laboral levando em consideração os diversos
aspectos sociais e subjetivos que cercam o mundo do trabalho, privilegiando a saúde do
trabalhador. 
Devemos lembrar que educação e trabalho são direitos sociais assegurados pela nossa
Constituição Federal, “Art 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988) e
defendidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, nos artigos 23 e 26 (DHDH, 1948). 
Sendo assim, as práticas que envolvem essas discussões não podem se distanciar da noção de
cidadania, do respeito e garantia de direitos a todos, sendo necessário uma atuação acima de
tudo com compromisso e responsabilidade social.
Novas práticas e o fazer psicológico na escola e no trabalho
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Ao longo do tempo, a presença da psicologia na escola e no trabalho teve características
especí�cas, relacionadas ao contexto histórico, social e político de cada época. Por exemplo, já
�zemos parte destes espaços, no século XIX como um saber auxiliar, reproduzindo práticas
categorizadoras e classi�catórias (GONÇALVES, 2010). Como isso acontecia? Por exemplo: a
partir da função de identi�car, especialmente por meio dos testes psicométricos, alunos ou
trabalhadores capazes ou não, adaptados ou não, producentes ou não, individualizando
demandas e intervenções.
A proposta atual da psicologia social para estes campos, a partir do compromisso social da
pro�ssão com os sujeitos e com a sociedade, é apresentar outras possibilidades de atuação a
partir da dimensão ampliada sobre práticas psicológicas, que principalmente vão além da
reprodução de intervenções clínicas, individualizantes, que acontecem somente entre quatro
paredes.
A ampliação da forma de atuação nestes espaços é uma conquista para a psicologia. À medida
que a psicologia foi se constituindo como ciência e produzindo conhecimentos que a permitiu ir
além de uma ciência adaptativa do sujeito, foi possível tornar a sua presença ativa em ambientes
como a escola e o trabalho, não para reproduzir antigas práticas, mas para construir algo novo,
sistêmico, responsável e ético (GONÇALVES, 2010).
O psicólogo escolar não �ca mais limitado ao diagnóstico, à orientação e/ou
encaminhamento dos casos de alunos com supostos problemas, nem com a
preocupação de fazer psicoterapia. Ao encontrar, no referencial crítico da Psicologia
Social, subsídios teórico-práticos que enfatizam a importância da multiinter e
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
transdisciplinaridade comointersecções necessárias para a compreensão das
condições biopsicossociais do aluno, transcende seu olhar crítico sobre o objeto de
estudo – o fenômeno psicossocial presente nas relações escolares. (ALVES; SILVA,
2006, p.192)
À medida que compreendemos que a constituição das subjetividades se dá na relação entre os
sujeitos e a sociedade tornou-se necessário ampliar também a visão e constituição das práticas
psicológicas nesses espaços. Isso signi�ca construir práticas diferentes de outros momentos
em que, por exemplo, a psicologia escolar se con�gurava por uma sala (consultório) dentro da
escola para onde eram encaminhados os alunos considerados “problema”, com viés de
tratamento e adaptação deles. Ou no ambiente do trabalho a função se apresentava meramente
para identi�car no sujeito seus ajustes ou desajustes em relação àquela função ou ambiente de
trabalho. 
O posicionamento ético-político que se espera do psicólogo social do trabalho
encontra eco nas a�rmações de Martín-Baró (1996), que, apoiado em Paulo Freire,
a�rma que o papel do psicólogo no mundo do trabalho, como em qualquer outro
âmbito, é promover a conscientização. (BERNARDO et al., 2015, p. 27)
O que agora é proposto são práticas em que o psicólogo, ciente das características históricas,
sociais e culturais dos fenômenos e contextos em que atua, busque “converter o saber
psicológico em um conhecimento crítico das situações que permeiam os ambientes de trabalho,
transformando-o em agente facilitador de modi�cações sociais ainda que limitadas e voltadas
para o longo prazo” (BERNARDO et al., 2015, p.30).
A consciência dos desa�os deste tipo de intervenção na escola e no trabalho é tema recorrente
entre os estudam e que adotam essas práticas no campo pro�ssional. Isso quer dizer que propor
outras práticas que não são comumente esperadas dos psicólogos causa estranhamento e
algumas vezes desconforto nos envolvidos, especialmente, os atores institucionais como
gestores, diretores ou professores.
Reconhecendo novas possibilidades
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Vamos localizar essa discussão a partir do tema fracasso escolar. Todas as causas do fracasso
escolar estão no aluno? Na incapacidade individual daquele aluno com o processo educativo? Ou
com problemas no desenvolvimento cognitivo dele?
Essa forma de compreender o fracasso escolar era uma das visões comuns e que orientava, por
exemplo, acreditar que práticas voltadas ao psicodiagnóstico, aplicação de testes e atendimento
psicológico dos alunos com di�culdades escolares eram su�cientes para identi�car e resolver
tais problemas. Mas, e os outros elementos que compõem o processo educativo ou a situação
de fracasso escolar?
Vamos pensar algumas questões que nos ajudam a ampliar essa visão. 
Para a construção de uma prática psicológica que tem como base as referências da psicologia
social, é importante compreender o fenômeno tanto no que diz respeito às questões individuais
do aluno como as etapas do desenvolvimento, a aprendizagem, a cognição, emocional,
psicomotricidade, como também os elementos que dizem respeito à relação desse indivíduo
com a sociedade. Estamos falando das relações sociais que envolvem a família, instituição
escolar, os amigos, o contexto social, econômico, cultural etc.
Sendo assim, torna-se relevante a construção de uma prática psicológica que encontre maneiras
em que essas dimensões também sejam levadas em consideração. Por exemplo, o psicólogo
precisa se atentar para: 
Como estão as relações familiares deste aluno com di�culdades? 
Será que está tudo bem na sua casa, com seus cuidadores e irmãos? 
E o lugar/espaço/território onde o aluno mora, como se organiza? 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
E as relações estabelecidas pelo aluno com a escola, com os seus colegas, com os
seus professores? 
E a proposta pedagógica da escola está adaptada àquele aluno?
Essas perguntas nos ajudam a compreender a importância de uma prática psicológica que vá
além da dimensão e intervenção individual. Por exemplo: algumas questões só conseguiremos
compreender conhecendo os territórios onde atuamos, observando os alunos em outros
espaços, fazendo encontros com outros atores, além do aluno.
A mesma discussão pode ser feita quando pensamos nas contribuições da psicologia social
para o ambiente do trabalho. Por exemplo: diante de uma situação de con�ito no ambiente do
trabalho, é possível pensar ações que vão além da intervenção individual com os sujeitos
envolvidos e que levem em consideração também a interferência de elementos relacionais,
institucionais, econômicos, culturais como possíveis causas desses con�itos.
_______
Ampliar o olhar sobre as situações e os fenômenos e considerar os elementos relacionais como
constituinte dos sujeitos é maneira que a psicologia social se apresenta para as práticas
psicológicas, adicionando assim novas formas e possibilidades de atuar.
_______
Se estamos dizendo de prática pro�ssional, é importante destacar que a psicologia hoje em dia
assume o compromisso da pro�ssão com a sociedade e com a garantia dos direitos humanos
(Finalidade I - Código de ética do psicólogo). Portanto, é necessário ao psicólogo que a sua
prática seja orientada por tais direitos assim como precisamos enquanto pro�ssionais
compreender os direitos e as políticas públicas que existem para assegurá-los. Assim, atuaremos
a partir de “uma psicologia comprometida com a construção de uma sociedade justa e solidária”
(ALVES; SILVA, 2006, p.191)
Videoaula: Psicologia Social - Escola e Trabalho
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Assista ao vídeo que apresenta as possibilidades de articulação entre a psicologia social e as
práticas psicológicas desenvolvidas atualmente na escola e no trabalho a partir do compromisso
assumido pela psicologia com os direitos e com o desenvolvimento de uma sociedade mais
justa. Aprendemos que relacionar os conhecimentos da psicologia social a estes campos
signi�ca apresentar outras possibilidades de atuação e intervenção ao psicólogo a partir do
reconhecimento da dimensão relacional indivíduo-sociedade na compreensão tanto dos sujeitos
quanto da vida social.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Saiba mais
Para conhecer um pouco da história da relação entre a psicologia e a educação, indicamos a
leitura da seção 1.2 - Psicologia da Educação, parte do livro Psicologia da educação e da
aprendizagem, de Márcia de Fátima Rabello Lovisi de Freitas; Rosângela de Oliveira Pinto e
Raquel Franco Ferronato, disponível na biblioteca virtual. 
Um tema importante quando estudamos a relação da psicologia com a educação é o da
educação especial. A discussão se apresenta como um campo de estudo e trabalho do
psicólogo que envolve o atendimento na educação de pessoas com de�ciências sensorial, física
e intelectual, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas
habilidades/superdotação. Para conhecer melhor esse assunto, acesse o livro Psicologia e
educação especial, de Priscila Benitez, a Unidade 4 – Possibilidades de atuação do psicólogo na
Educação Especial, disponível na biblioteca virtual.
Referêncas
http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/608704ed54aa8872fc616ed0
http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/608704ed54aa8872fc616ed0
http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/608704c454aa8872fc616dc7
http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/608704c454aa8872fc616dc7
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
ALVES, C. P.; SILVA, A. C. B. Psicologia escolar e psicologia social: articulações que encontram o
sujeito histórico no contexto escolar. Psicol. educ., São Paulo, n. 23, p. 189-200, dez. 2006.
BENITEZ, P. Psicologia e educação especial. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.,
2017.
BERNARDO, M. H.; SOUSA, C. C.; PINZÓN, J. G.; SOUZA, H. A. A práxis da Psicologia Social do
Trabalho: re�exões sobre possibilidades de intervenção. In: COUTINHO, M. C.;ideias de Martín-Baró, no Brasil, Sílvia Lane �cou conhecida como principal
representante da psicologia social crítica. Ela morreu no ano de 2006 e por muitos anos foi
professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde construiu seu projeto de uma
psicologia comprometida com as transformações sociais e que tivesse como horizonte a busca
pela emancipação humana (LANE; CODO, 1995).
Sintetizando
A psicologia social de base crítica, fundamentada nesses dois autores, favorece a construção de
uma prática e um saber psicológico que transcende os limites do consultório, voltando suas
ações para sujeitos de diferentes contextos socioeconômicos e considerando as relações
histórico-sociais no processo de constituição do psiquismo humano (LANE; CODO, 1995). 
A partir dos fundamentos da psicologia social crítica, entende-se que o fazer da psicologia
deveria sempre ser útil para a transformação da realidade em busca da criação de condições
dignas de vida para todos. Isto porque essa corrente entende que não é possível ao sujeito se
desenvolver plenamente quando se encontra em uma situação de miséria, analfabetismo ou até
mesmo submetido a relações de dominação. Assim, a partir da produção teórica de Martín-Baró
e Silvia Lane é possível pensar em uma psicologia que tenha como horizonte o compromisso de
romper com sua tradição elitista (LANE; CODO, 1995). 
Não obstante, outra preocupação desses autores era construir uma psicologia social voltada
para a realidade latino-americana, com o objetivo de promover ações que busquem superar as
desigualdades e quaisquer formas de opressão e dominação. Neste sentido, a psicologia social
crítica tem como importante ferramenta de trabalho o processo de ampliação da consciência do
sujeito, rompendo com qualquer forma de alienação. Segundo Lane e Codo (1995), a alienação é
uma forma de dominação, em que o sujeito não consegue perceber as forças e relações de
dominação as quais está submetido, impactando em seu processo de constituição de sentidos e
signi�cados sobre sua existência.
Psicologia social na América Latina - Martín-Baró
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Conforme vimos, a psicologia social crítica teve contribuições de importantes autores latino-
americanos, diferentemente de outros campos teóricos da psicologia. Neste momento,
aprofundaremos as ideias de Martín-Baró, tendo em vista sua importante contribuição para a
psicologia social.
Martín-Baró foi padre jesuíta, psicólogo e �lósofo. Ele dedicou signi�cativa parte de sua vida na
busca por ajudar seu povo. Martín-Baró buscou na psicologia formas para ampliar suas
possibilidades de ajudar as pessoas para além da religião. Sendo assim, devotou sua vida a favor
de um compromisso social, ético e político a �m de oferecer um contexto mais digno para seu
povo se desenvolver (MARTÍN-BARÓ, 1996). 
Em El Salvador, Martín-Baró observava o intenso sofrimento psíquico da maioria da população
que vivia um processo de exclusão social, miséria, analfabetismo, desemprego e diversas forma
de dominação política. Para ele, o sujeito inserido em condições como essas encontra-se em
uma situação limitada de desenvolvimento psicológico. Isto porque não há saúde mental
possível quando o sujeito se encontra em uma situação de opressão, dominação ou qualquer
forma de subcidadania (MARTÍN-BARÓ, 2012).
Segundo Martin-Baró (1996), a psicologia precisava desenvolver uma prática transformadora,
que fosse capaz de questionar as relações de opressão, servidão e violência, em especial em
uma sociedade capitalista. Para ele, a psicologia precisa pensar em ações que busquem a
formação de sujeitos críticos que possam superar as condições de alienação e que favorecem a
manutenção da desigualdade, exploração e dominação. Para o autor, a alienação é superada
conforme haja um contexto que permita ao sujeito pensar criticamente sobre sua condição de
existência, ampliando, assim, sua consciência. Para ele, a única forma de conquistar a liberdade
é pelo processo de conscientização, buscando maneiras de desenvolvimento de sujeitos críticos
capazes de compreender as condições históricas e sociais subjacentes ao contexto de miséria
econômica e opressão política. 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Sendo assim, as ideias de Martín-Baró (1996) trazem novas possibilidades de transformação da
psicologia, por considerarem central a preocupação com o processo de conscientização dos
sujeitos em relação a sua condição social e histórica. Nos últimos anos, se observa que as ideias
de Martín-Baró estão cada vez mais presentes nas ações da psicologia, em especial em práticas
emergentes que buscam contextos diferenciados de atuação pro�ssional, como as ações da
psicologia comunitária em que o pro�ssional precisa atuar de modo próximo às demandas de
vulnerabilidade social e pensar em estratégias de ação para além dos muros do consultório
particular. Neste sentido, cada vez mais na psicologia social são construídas ações emergentes
que tenham como compromisso o desenvolvimento da consciência crítica e desejo de
transformação social. Para Martín-Baró (1996), a consciência se refere ao processo do sujeito
saber de si, dos demais e das condicionantes do mundo em que está inserido. Neste sentido,
para ele a consciência é um processo psíquico e social (psicossocial), reforçando ainda mais a
relação entre sujeito e sociedade.
Dimensão política da psicologia social na América Latina
A partir das ideias de Martín-Baró (1996), acompanhamos novas formas em relação a prática do
psicólogo. Para o autor, o fazer do psicólogo é a promoção da conscientização, na medida em
que oferece subsídios para ajudar as pessoas a superaram sua condição alienada. Segundo o
�lósofo, o processo de tomada de consciência é central no desenvolvimento humano, uma vez
que guia o sujeito rumo ao que chamou de liberdade. Neste sentido, podemos pensar a partir das
ideias de Martín-Baró que não é possível um processo de libertação desvinculado da
conscientização. Mas, a�nal, o que é consciência?
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Martín-Baró teve fortes in�uências das ideias de Paulo Freire, o qual de�ne conscientização
como "o olhar mais crítico possível da realidade, que a ‘des-vela’ para conhecê-la e para conhecer
os mitos que enganam e que ajudam a manter a realidade da estrutura dominante" (FREIRE,
1980, p.16).
Neste sentido, o conceito de consciência assumido por Martín-Baró não remete apenas a uma
questão "cognitiva", mas envolve principalmente uma concepção política e o desejo da
transformação social. Ainda segundo o autor, é somente pelo processo de conscientização que a
liberdade humana é possível, pois possibilita ao sujeito compreender as relações às quais está
submetido. 
Mas, a�nal, como a consciência tal como de�nida por Martín-Baró pode ser desenvolvida?
Responder a esta pergunta não é tarefa fácil, contudo, Martin-Baró (1996) oferece algumas
pistas. Para ele, a consciência só pode ser desenvolvida por meio de ações que envolvam a
participação, o diálogo e a possibilidade de expressão do pensamento. Ainda, outro elemento
importante é que o trabalho do psicólogo deve ser sempre de�nido a partir das necessidades e
demandas apresentadas pela população, a �m de desenvolver uma prática que tenha sentido
para os sujeitos de sua ação.
Para Martín-Baró (1996), não está nas mãos do psicólogo mudar as estruturas econômicas e
sociais do nosso país. Contudo, ele ressalta que quando o psicólogo desenvolve uma prática que
tenha como horizonte o desenvolvimento de sujeitos críticos, os quais consigam perceber as
multideterminações que o constituem, isso favorece o processo de fortalecimento para que
esses sujeitos sejam capazes de questionar sua realidade, lutando por condições mais dignas de
existência. Sendo assim, a prática da psicologia na direção da conscientização humana permite
a superação de pensamentos fatalistas que colocam o sujeito em uma condição cristalizada
como se nada pudesse ser feito para alterar a condição dada. A consciência mobiliza o sujeito à
ação, para que este busqueFURTADO, O.;
RAITZ, T. R. (Orgs). Psicologia social e trabalho: perspectivas críticas. Florianópolis: ABRAPSO
Editora: Edições do Bosque CFH/UFSC, 2015. p. 16-39.
BOCK, A. et al. Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo:
Cortez, 2015.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Planalto, [2018]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 20 abr. 2022.
CRESPO, E. Introducción a la psicología social. Madrid: Universitas, 1995.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Rio de Janeiro: UNIC, 2009 [1948].
Disponível em: http://www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf Acesso em: 5
mar. 2015.
FREITAS, M. de F. R. L. de; PINTO, R. de O.; FERRONATO, R. F. Psicologia da educação e da
aprendizagem. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
GONÇALVES, M.G.M. Psicologia, subjetividade e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2010.
REY, F.L. G. Sujeito e subjetividade: uma aproximação histórico-cultural. Cengage Learning
Editores SA de CV, 2017.
http://www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Aula 4
Psicologia Social - Escola e Trabalho II
Introdução
Na aula de hoje daremos continuidade às discussões sobre a relação da psicologia social nos
contextos da escola e do trabalho, tendo como referência a perspectiva crítica e o enfoque na
responsabilidade e no compromisso social que a psicologia vem assumindo ao longo do tempo
com os sujeitos e a sociedade. Nesta aula, daremos foco aos desa�os dessa construção. 
Analisar os sujeitos e fenômenos a partir da perspectiva histórica e crítica requer
problematizações inter e multidisciplinares, que demandam o envolvimento e a responsabilidade
de outros atores e a construção de novas práticas pelos pro�ssionais psicólogos, e é nestes
contextos que surgem os variados desa�os.
Vamos continuar re�etindo sobre isso?
Contextualizando os desa�os da psicologia social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Quando nos propusemos a estudar os sujeitos e especialmente a relação destes com a
sociedade, como o faz a psicologia social, desa�os não faltam. Isso porque estamos falando de
contextos em constante transformação. Porém, há tempos, a psicologia social vem enfrentando
estes desa�os à medida que propõe a construção de práticas e teorias também em
transformação e comprometidas, ampliando assim a sua inserção e respondendo a um novo
compromisso, agora social, da psicologia no Brasil (GONÇALVES, 2010).
A urgência na inserção social e política da pro�ssão, associada ao aumento da demanda da
atuação do psicólogo na esfera pública, favorecidas pelas mudanças sociais e políticas
promovidas pelo Estado Democrático de Direito, pós-Constituição de 1988, fomentaram novos
lugares para a psicologia no Brasil, o compromisso da pro�ssão com a sociedade e a
necessidade de uma postura ativa na promoção de mudanças nos cenários sociais e políticos do
país (GONÇALVES, 2010). Este é o cenário que se apresenta para a construção da práxis da
psicologia social nos campos educacional e organizacional. 
Foi e continua sendo necessário uma leitura crítica dos pro�ssionais sobre o papel ocupado
pelos psicólogos nas instituições e organizações. A proposta é fazer emergir novos lugares, a
partir do compromisso com o que acontece no momento no país, com a sociedade e os sujeitos
(GONÇALVES, 2010). Entretanto, são estes novos lugares e principalmente a forma de ocupá-los
que nos apresentam uma série de desa�os.
Por exemplo: propor uma leitura crítica sobre os fenômenos que acontecem no ambiente escolar
signi�ca envolver outros atores na responsabilidade sobre eles. É também propor revisões de
perspectivas pedagógicas, educativas e relacionais juntamente com o corpo escolar e
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
institucional. Isso faz com o “problema” ou a “causa” daquela condição que antes era localizada
especi�camente no aluno passe a ser considerada a partir de outras análises, atores e contextos.
Psicólogos em organizações
No ambiente organizacional, os desa�os para a práxis da psicologia social são também
evidentes. Bernardo et al. (2015) chegam a discutir uma certa impossibilidade de articulação real
entre o que a psicologia social preconiza e o que o mercado e as relações de trabalho permitem
ao psicólogo que atua nas organizações.
[...] o mundo do trabalho apoiado pelos valores capitalistas coloca o psicólogo que
trabalha em empresas privadas em uma condição de tensão, cercada por várias
limitações para realizar um trabalho de emancipação, já que ele mesmo também se
encontra diretamente subordinado ao poder do capital. (BERNARDO et al., 2015, p. 29)
Isso quer dizer que o posicionamento ético e político preconizado pela psicologia social crítica
no contexto do trabalho enfrenta barreiras reais que estão nas relações de poder do mercado
sobre o trabalhador, inclusive em relação ao próprio psicólogo que atua nas organizações e
instituições.
O que caberá então ao psicólogo neste contexto?
Promover a conscientização. Esta foi a resposta dada a por Martin Baró diante destes impasses
e questionamentos: “o convite é para aceitar a existência do con�ito capital-trabalho em suas
múltiplas con�gurações e afrontá-lo com diversas estratégias para, assim, conseguir um efeito
emancipatório, ainda que possa ser um processo extremamente lento” (BERNARDO et al., 2015,
p. 28).
Sendo assim, cabe ao psicólogo promover a conscientização do trabalhador, da sua condição
seja de opressor ou oprimido e construir práticas, que além de uma postura crítica se constituam
também a partir de uma postura ética, pautada no compromisso social assumido pela psicologia
(BERNARDO et al., 2015).
A práxis baseada na psicologia social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
O pagamento de uma dívida histórica da psicologia com a sociedade brasileira, produto do
despertar tardio de estudo e atuação em campos de expressiva necessidade do país,
movimentou a necessidade e depois a adoção de uma nova postura paradigmática da psicologia.
(GONÇALVES, 2010). Isso signi�ca que a psicologia no Brasil demorou a entender e se
apresentar de maneira ativa, participativa, crítica e política em determinados espaços da nossa
sociedade, o que gerou críticas e descontentamentos por parte dos pro�ssionais. 
Um dos marcos deste descontentamento dos pro�ssionais como o lugar apolítico até então
ocupado pela psicologia acontece ainda no período da Ditadura Militar e, posteriormente, alia-se
ao processo de abertura democrática. A partir daí, a psicologia passa então a se apresentar com
novos posicionamentos, fazendo surgir outras possibilidades para o seu “fazer”, con�gurando-se
a partir de uma perspectiva social, crítica e política. Neste momento era necessário reconstruir
os lugares dos pro�ssionais nas instituições, como, por exemplo, nos atendimentos na educação,
no trabalho e nas demais políticas sociais. Era também necessário construir outros lugares para
a psicologia social dentro das psicologias, a partir do compromisso social, da defesa dos
direitos, e da construção de uma sociedade justa e democrática (GONÇALVES, 2010).
Mas como construir uma práxis psicológica baseada na psicologia social hoje em
dia? 
A psicologia responde às necessidades especí�cas de cada momento histórico e, assim como
fez parte da nossa história controlar, vigiar, punir, higienizar, categorizar, servir de instrumento de
controle social e adaptação dos indivíduos a serviço dos interesses do capital, caberá a novos
tempos constituir um lugar crítico e compromissado com a construção de uma sociedade
democrática e com respeito aos direitos sociais (GONÇALVES, 2010; GONZÁLEZ-REY, 2015).
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Dentro desta concepção é que se inaugura para a psicologia outras formas de acesso ao sujeito,
a partir de novos saberes e práticas, construindo uma presença real, e não ausente ou
secundária, como se fez historicamente (GONÇALVES, 2010). Este foi e continua sendoo desa�o
que a psicologia social se propõe a encarar cotidianamente a partir da ampliação das
possibilidades de compreensão sobre os sujeitos e as sociedades, o que signi�cou também
ampliar os campos de pesquisa, os locais de intervenções e consequentemente os espaços de
encontro com os sujeitos. A replicação do modelo médico de atuação exclusivamente clínico,
psicoterápico e dos atendimentos individuais em clínicas e consultórios já não respondem
sozinhos à complexidade dos sujeitos e dos fenômenos sociais e, principalmente, ao
compromisso que a psicologia deve assumir com a sociedade (GONÇALVES, 2010).
Entretanto, ainda são diversos os desa�os a serem enfrentados na prática do psicólogo social,
especialmente no campo das políticas sociais. Um deles diz respeito à não legitimidade da
pro�ssão neste lugar político (o que não signi�ca partidário), ativo e crítico. Os custos dessa
história estão, por exemplo, no desa�o do reconhecimento do lugar do psicólogo para além do
campo individual ou da clínica psicoterápica. Neste sentido, não existiam antes, na história das
práticas psicológicas no Brasil, espaços que contemplassem a atuação do pro�ssional
psicólogo, por exemplo nas instâncias de poder ou no ciclo das políticas, assim como não existia
no “DNA” da psicologia o seu lugar político, crítico constituído. Construir esse lugar foi e ainda
permanece sendo necessário.
Desa�os da psicologia social: escola e trabalho
Vamos reconhecer alguns outros desa�os enfrentados pelos psicólogos que têm como
referencial a psicologia social no campo da educação e do trabalho.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
No campo do trabalho, um dos desa�os é “a lógica capitalista que atinge todos os setores de
atuação, inclusive o setor público e alguns órgãos de representação de trabalhadores;”
(BERNARDO et al., 2015, p. 34). Como promover conscientização do trabalhador se estamos
todos incluídos em um sistema com características que têm a busca constante pelo lucro,
produtor de desigualdades e a exploração?
Outro desa�o é “a falta de interesses e/ou condições para a contratação de psicólogos nesses
segmentos, uma vez que os concursos para preenchimento de vagas de psicólogos no setor
público são raros e as outras instituições citadas, em sua maioria, ainda não privilegiam a
contratação desse pro�ssional” (BERNARDO et al., 2015, p. 34). Por vezes não é interessante ao
empregador a contratação de um trabalhador (o psicólogo) que irá questionar as estruturas da
própria organização e promover a conscientização daqueles que estão ali.
Por �m, os autores destacam “a precarização dos vínculos empregatícios e das condições de
trabalho oferecidas para os psicólogos.” (BERNARDO et al., 2015, p.34). É desmotivador as
formas como as organizações entendem a inserção do psicólogo, a partir por exemplo de
contratos temporários ou terceirizando pro�ssionais e que participando pontualmente da
organização pouco poderão promover mudanças naquele contexto.
Na educação, os desa�os citados acima se repetem. Será que é interesse da instituição ter
pro�ssionais que se apresentem a partir de uma posição crítica? Ou seja, que questionem,
problematizem e principalmente promovam mudanças em estruturas organizacionais e na forma
de compreender os fenômenos? Apresentar algo novo gera incômodo, ainda mais um novo que
compartilhará as responsabilidades que antes tinham lugar certo – o aluno ou a família, como as
situações que surgem no ambiente escolar.
Mas é possível pensar espaços ou práticas psicológicas nos contextos escolar e laboral que
consigam articular a psicologia social e enfrentar esses desa�os?
Podemos citar alguns exemplos. A atuação dos psicólogos nos serviços de saúde pública nas
práticas voltadas para a saúde do trabalhador, por exemplo, no atendimento dos trabalhadores
que tiveram doenças decorrentes do trabalho (BERNARDO et al., 2015). Também podemos citar o
trabalho realizado pelos psicólogos nas equipes de atenção básica da saúde a partir do NASF -
Núcleo de Apoio à Saúde da Família, promovendo atividades comunitárias pautadas em
temáticas relacionadas à saúde laboral ou a discussão sobre direitos trabalhistas, por exemplo.
Em relação à educação existem projetos de intervenções, que são demandados pelas escolas ou
elaborados por organizações sociais que realizam diagnósticos sociais e emocionais dos alunos.
Há também em algumas escolas a inclusão de disciplinas ou o�cinas realizadas por psicólogos
que têm como foco a discussão sobre temas sociais, relacionais e comportamentais.
Não podemos deixar de dizer do campo acadêmico e cientí�co que está em constante
movimento, produzindo pesquisa e conhecimento sobre a área e orientando estudos e práticas. 
É importante dizer que a proposta de repensar saberes (e fazeres) não é questionar teorias
psicológicas clássicas, mas repensar o seu uso e a sua aplicação (PIRES, 2008). Construir novos
paradigmas para a psicologia, como se propõem as perspectivas críticas da psicologia social,
não consiste necessariamente em desquali�car antigos (como a prática clínica), mas ampliar as
possibilidades e compreendê-los quanto aos elementos históricos e sociais que os constituíram,
reconstruindo cotidianamente possibilidades para o saber e fazer.
Videoaula: Psicologia Social - Escola e Trabalho II
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PSICOLOGIA SOCIAL
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Ao longo do tempo, psicólogos estão sendo convidados a atuar em diferentes campos e sendo
provocados a construir novas práticas transformando os saberes e fazeres da psicologia. A
psicologia social se apresenta neste contexto como uma importante referência a partir de uma
posição social, histórica e crítica sobre os sujeitos e as sociedades. Entretanto, essa posição
está em constante formação e não deixa de apresentar diferentes desa�os. Assista ao vídeo e
vamos dialogar sobre esses desa�os especialmente no contexto escolar e laboral.
Saiba mais
Uma referência que apresenta uma contextualização interessante, referenciais teóricos e
orientações práticas sobre a discussão sobre a atuação do psicólogo na saúde do trabalhador é
a publicação Saúde do Trabalhador no Âmbito da Saúde Pública: Referências para Atuação da(o)
Psicóloga(o), edição revisada, elaborado no âmbito do Centro de Referências Técnicas em
Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), de 2019. O documento está disponível no site do
Conselho Federal de Psicologia.
https://site.cfp.org.br/publicacao/saude-do-trabalhador-no-ambito-da-saude-publica-referencias-para-atuacao-dao-psicologao/#:~:text=O%20Conselho%20Federal%20de%20Psicologia,e%20Pol%C3%ADticas%20P%C3%BAblicas%20(CREPOP)
https://site.cfp.org.br/publicacao/saude-do-trabalhador-no-ambito-da-saude-publica-referencias-para-atuacao-dao-psicologao/#:~:text=O%20Conselho%20Federal%20de%20Psicologia,e%20Pol%C3%ADticas%20P%C3%BAblicas%20(CREPOP)
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Neste mesmo canal encontramos também uma outra referência muito importante e
contextualizada para orientação de práticas psicológicas que se apresentam com referência da
psicologia social no contexto da educação é o documento Referências Técnicas para Atuação de
Psicólogas(os) na Educação Básica, edição revisada, também elaborado no âmbito do Centro de
Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP).
Referências
BERNARDO, M. H. et al. A práxis da psicologia social do trabalho: re�exões sobre possibilidades
de intervenção. In: COUTINHO, M. C.; FURTADO, O.; RAITZ, T. R. (org.). Psicologia social e trabalho:
perspectivas críticas. Florianópolis: Edições do Bosque, 2015.
FURTADO, O. O psiquismo e a subjetividade social. In: BOCK, A. et al. Psicologia sócio-histórica:
uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez, 2015. p. 75-93.
GONÇALVES, M.G.M. Psicologia, subjetividade e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2010.
GONZÁLEZ-REY, F. L. O enfoque histórico-culturale seu sentido para a psicologia clínica: uma
re�exão. In: BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M.G.M.; FURTADO, O. (Orgs.). Psicologia sócio-histórica:
uma perspectiva crítica em Psicologia. São Paulo: Cortez, 2015, p. 193-214.
PIRES, M.C.S. Políticas públicas e Psicologia – uma nova relação sob o paradigma democrático.
Perspectivas em Políticas Públicas, v. 1, n. 1, 2008, p. 133-156.
Aula 5
Revisão da unidade
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/08/EducacaoBASICA_web.pdf
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Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Práticas da psicologia social
Uma das primeiras perguntas feitas aos psicólogos quando se apresentam como psicólogos
sociais é: “como é essa psicologia social na prática?”.
Ao destacarmos a história da psicologia social até os tempos atuais percebemos como é um
campo marcado pela diversidade de estudos e práticas. Entretanto, o questionamento citado
acima se relaciona, muitas vezes, a um desconhecimento e uma visão que se restringe a pensar
as articulações da psicologia social somente com as práticas psicológicas convencionais,
especialmente traduzidas na experiência clínica realizada nos consultórios. Provocar esses
estranhamentos, apresentar outras formas de atuar a partir de novos olhares sobre a
constituição de sujeitos e as sociedades, principalmente a relação entre eles, e conhecer formas
de produção de conhecimento cientí�co são pontos de partida relevantes e nos permitem
conhecer as aplicações práticas e os desa�os enfrentados na realidade pro�ssional dos
psicólogos. 
Conhecemos duas perspectivas de pesquisa em psicologia social, caracterizadas como
pesquisas aplicadas: a pesquisa-ação e a pesquisa participante. Trata-se de dois modelos de
pesquisa caracterizados de maneira geral pela ação, aplicação e participação, ou seja, modelos
de pesquisas que rompem como uma lógica da pesquisa pura (GIL, 2008) e requerem uma
participação ativa do pesquisador e pesquisados, além de objetivar uma intervenção ou
resolução de uma situação prática a partir de temas que dizem respeito às realidades sociais
vivenciadas pelos sujeitos na relação com a sociedade. 
Tais elementos se conectam diretamente aos princípios da psicologia social, em especial, pela
perspectiva crítica e pelo movimento de responsabilidade e compromisso social assumido pela
psicologia ao longo do tempo. Isso pode ser exempli�cado em pesquisas sobre a efetividade de
políticas públicas que auxiliem na identi�cação de di�culdades propondo modelos de
intervenção a partir das realidades pesquisadas, como também pesquisas que possam contar
com a participação dos trabalhadores e alunos na compreensão sobre os fenômenos sociais que
envolvem a escola e o contexto organizacional.
A característica do compromisso social e a relação da psicologia com as discussões sobre a
sociedade e especialmente sobre o exercício da cidadania são elementos importantes para
compreendermos a prática da psicologia social. Seguir essas dimensões foi necessário para que
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
a psicologia se reconhecesse enquanto um saber importante não somente para a compreensão
dos sujeitos-indivíduos, mas também base para o entendimento das relações estabelecidas
pelos sujeitos em seus contextos, indo além dos consultórios e ocupando, por exemplo, o campo
comunitário, social e as políticas públicas.
Porém, os fazeres construídos pautados na psicologia social ainda enfrentam diversos desa�os.
Muitos deles estão relacionados ao histórico e à relação estreita do entendimento da psicologia
enquanto exclusivamente prática individual e clínica e também aos desa�os que dizem respeito
às características da sociedade em que vivemos, como o capitalismo e as relações de trabalho
estabelecidas. Eles indicam também propor uma ampliação no entendimento sobre os
fenômenos, compreendendo-os a partir de uma dimensão relacional, adiciona à prática do
psicólogo a responsabilização de outros atores na discussão e solução de situações-problema
que antes �cavam localizadas no sujeito, aluno ou trabalhador, conforme vimos ao longo da
unidade.
Videoaula: Revisão da unidade
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Objetivando compreender de maneira contextualizada os fundamentos da psicologia social,
discutimos ao longo desta unidade elementos essenciais e desa�os que caracterizam práticas
psicológicas que têm como referência a psicologia social. 
Estes elementos foram representados inicialmente a partir do reconhecimento de outras
possibilidades de fazer pesquisa por meio das pesquisas aplicadas como pesquisa-ação e
pesquisa participante; na relação da psicologia com um fazer comunitário e nas políticas
públicas, e, por �m, os modos de fazer e os desa�os enfrentados na articulação da psicologia
social nos contextos da escola e do trabalho, tendo como referência o compromisso social.
Estudo de Caso
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A Lei nº 13.935, de 11 de dezembro de 2019, dispõe sobre a prestação de serviços e incorpora na
rede pública de Educação Básica pro�ssionais da psicologia e do serviço social. Essa lei foi uma
conquista de duas décadas e uma maneira de rea�rmar a importância destes campos de saber
para o contexto escolar. Entretanto, a maneira como essa presença se constituirá ainda é um
desa�o, especialmente para a comunidade escolar e para os psicólogos que muitas vezes têm
como referência somente as tradicionais práticas psicológicas. 
Neste cenário, a psicologia social se apresenta como um campo de conhecimento capaz de
apresentar diretrizes e propor formas de atuar que levem em consideração as complexidades
das situações vivenciadas no contexto escolar associadas ao compromisso social da psicologia
com as questões a�ns às realidades sociais e escolares. Experiências que envolvem a relação
aluno-professor, aluno-aprendizagem, contextos sociais alunos-aprendizagens, alunos-família-
aprendizagem, aluno-relações sociais, relações-institucionais e processo de aprendizagem, e
diversos outros que compreendem as dimensões relacionais nas experiências escolares.
Você, psicólogo recém-formado, �cou sabendo do concurso público para atuar nas escolas
públicas da sua cidade. Ao ler o edital, você observou o requisito: “É necessário que a atuação do
psicólogo tenha como referência a psicologia social”.
A partir deste requisito foi solicitado que você redija um plano de ação que contemple pelo
menos três atividades que serão desenvolvidas no seu trabalho na escola.
Se você �cou surpreso com esse requisito pode buscar nos materiais estudados durante a
graduação conteúdos que o auxiliem na construção deste plano de ação. Nestes materiais, você
encontrará referências da psicologia social crítica que apresentam o compromisso da psicologia
em contribuir com a construção de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária, a partir
de ações e intervenções que articulem as dimensões do desenvolvimento, da aprendizagem
escolar com a conscientização e responsabilização de todos na construção de uma educação e
uma sociedade pautadas no pensamento re�exivo, crítico e transformador.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Como transformar essas orientações em práticas psicológicas? Esse será o seu desa�o neste
plano. Pense em ações concretas e exequíveis, descreva como acontecerão e a que público elas
serão direcionadas e onde acontecerão. 
______
Re�ita
1. Lembre-se de que a psicologia social se apresenta a partir de uma concepção relacional
sobre o sujeito e a sociedade/contextos.
2. A psicologia social deve promover práticas psicológicas que estejam para além do que é
comumente esperado do psicólogo.
3. Para quem serão direcionadas as atividades propostas?
4. Em qual “espaço” serão realizadas as suas práticas/intervenções?
5. Com quais outros atores institucionais você contará para o acompanhamento das
situações vivenciadas na escola.______
Videoaula: Resolução do Estudo de Caso
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Deve-se ter clareza de que o que orienta a compreensão sobre o sujeito na psicologia social é a
dimensão relacional entre indivíduo e sociedade. Isso signi�ca compreender que os “problemas”
ou “situações-problema” que demandarão a intervenção do psicólogo no contexto escolar
deverão ser tratados a partir desta compreensão e isso requer envolver outros saberes e atores.
Envolver outros atores é ponto essencial para construir novas práticas e requer compreender que
as questões vivenciadas dizem respeito aos contextos e uma atuação em rede é imprescindível.
Uma rede que também favorece a compreensão sistêmica das realidades sociais dos alunos e
das comunidades em que as escolas estão presentes. Isso quer dizer que as ações podem ser
direcionadas a diferentes públicos que não somente os alunos, como professores, direção,
comunidade ao entorno da escola, funcionários da escola, etc.
Será necessário propor, por exemplo, ações de conscientização sobre temas relevantes,
especialmente identi�cados a partir da leitura da realidade especí�ca de cada escola, como:
comunicação não violenta, competências emocionais, convivência em grupo, transformações da
adolescência, desenvolvimento infantil, violências etc.
É importante destacar que as propostas e intervenções não devem estar restritas aos alunos.
Deve-se ampliar o olhar e as intervenções para as famílias, professores, direção, comunidade ao
entorno etc.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Portanto, práticas exclusivamente individualizantes, que se concentrem em atendimentos
clínicos individuais, realizados em salas especiais e voltados somente para escutar e intervir
sobre os alunos não é o que se espera do psicólogo social no contexto escolar.
Sendo assim, outro elemento importante que se conecta ao fazer ampliado do psicólogo social
na escola é compreender que as práticas ou atendimentos realizados não precisam estar
restritos aos “consultórios” ou salas especiais dentro da escola. Estes atendimentos devem se
dar nos espaços onde os alunos estão e nos contextos que envolvem as realidades sociais,
especialmente aqueles em que também será possível a observação sobre as relações destes
alunos com os colegas, professores e comunidade escolar. 
Isso não deve excluir a importância de realizar a escuta de alunos, pais, professores, direção em
espaços especí�cos e moldados pela estrutura do ambiente psicoterápico. A discussão é que a
prática não se restrinja exclusivamente à dimensão clínica/psicoterápica. Sendo assim, nas
propostas de atividades deverão ser contemplados a sua participação em atividades extraclasse
como excursões, a circulação pelos pátios, reunião de professores e direção, reuniões com a
rede de proteção social local e a proposição de atividades coletivas sobre temas relevantes a
respeito das realidades vivenciadas pelos alunos voltadas para todos os atores (alunos,
professores, direção, comunidade etc.).
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Síntese da unidade. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
ALVES, C. P.; SILVA, A. C. B. Psicologia escolar e psicologia social: articulações que encontram o
sujeito histórico no contexto escolar. Psicol. educ., São Paulo, n. 23, p. 189-200, dez. 2006.
BERNARDO, M. H. et al. A práxis da psicologia social do trabalho: re�exões sobre possibilidades
de intervenção. In: COUTINHO, M. C.; FURTADO, O.; RAITZ, T. R. (org.). Psicologia social e trabalho:
perspectivas críticas. Florianópolis: Edições do Bosque, 2015.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
GONÇALVES, M.G.M. Psicologia, subjetividade e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2010.
THIOLLENT, Mel. Metodologia da pesquisa - ação. 18 ed. São Paulo: Cortez, 2011.melhores condições de existência. Segundo Martin-Baró (1996, p.
23), 
trata-se de colocar o saber psicológico a serviço da construção de uma sociedade em
que o bem estar dos menos não se faça sobre o mal estar dos mais, em que a
realização de alguns não requeira a negação dos outros, em que o interesse de
poucos não exija a desumanização de todos. 
Neste sentido, a partir das ideias de Martín-Baró se observa o crescimento de práticas
emergentes na psicologia, fugindo da tradição de adaptação do sujeito à realidade para o seu
questionamento, destacando-se a importância da psicologia no processo de emancipação
humana e transformação social.
Videoaula: História da Psicologia Social na América Latina
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Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
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O vídeo ilustra a história da psicologia nos parâmetros da América Latina, os processos de
desenvolvimento dessa teoria e os conceitos de psicologia atribuídos a ela. Portanto, na
construção desta nova psicologia social, foi necessário compreender a psicologia das massas,
da cultura latino-americana. Houve, então, um questionamento: qual o papel que a cultura tem na
relação com a consciência do sujeito? Aproveite mais este momento em sua jornada!
Saiba mais
Para conhecer mais sobre o conceito da Psicologia Social e a in�uência americana no contexto
brasileiro, recomenda-se a leitura do capítulo Normas sociais: conceito, mensuração e
implicações para o Brasil, do livro Psicologia Social, de Claudio Torres e Elaine Rabelo.
Referências
https://www.google.com/url?q=https://integrada.minhabiblioteca.com.br/%23/books/9788536326528/&sa=D&source=docs&ust=1653518517332999&usg=AOvVaw1rvwmfBweaZl3yK9NsergP
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento
de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Cortez & Moraes, 1980.
LANE, S.T.M.; CODO, W. (Orgs). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo:
Brasiliense, 1995.
LANE, S.M.T. A psicologia social e uma nova concepção do homem para a psicologia. In: LANE,
S. T. M.; CODO, W. Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 10-
19.
LANE, S.M.T. A psicologia social na América Latina: por uma ética do conhecimento. In: 
CAMPOS, R. H. F.; GUARESCHI, P. A. (orgs.) Paradigmas em psicologia social. Petrópolis: Vozes:
2000, p. 58-69. 
MARTÍN-BARÓ, I. Acción e ideología: psicología social desde Centroamérica. 12 ed. El Salvador:
UCA, 2012.
MARTÍN-BARÓ, I. O papel do psicólogo. Estudos de psicologia, v. 2, n.1, p. 7-27, 1996.
MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: Editora Pedagógica e
Universitária Ltda., 1986.
TORRES, C.V.; NEIVA, E.R. Psicologia social. Porto Alegre: Artmed, 2011. 9788536326528.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536326528/. Acesso em:
27 abr. 2022.
Aula 3
Pressupostos da Psicologia Social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Introdução
A proposta desta aula é elencar o desenvolvimento humano em uma perspectiva relacionada às
interações sociais e, para tal, será apresentada a perspectiva da psicologia sócio-histórica,
destacando sua construção e importância para o contexto latino-americano, em especial a partir
das ideias de Sílvia Lane. Segundo esta perspectiva teórica, a experiência social constitui um
importante componente do comportamento humano e fonte da constituição do psiquismo.
Nesta aula, será abordado também o papel da moral e da ética que delimitam a liberdade e a
responsabilidade do sujeito em relação aos seus atos. Aproveite para neste momento entender
estes conceitos da psicologia social e poder aplicá-los em sua carreira.
A psicologia sócio-histórica
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Olá, estudante. Conforme vimos nas aulas anteriores, a psicologia social de base crítica teve
forte in�uência de autores latino-americanos. No Brasil, em especial com as ideias de Sílvia Lane,
houve um movimento importante de busca e defesa de uma psicologia social que permitisse a
construção de um pensamento crítico em relação às condicionantes que constituem nosso
psiquismo humano, contrapondo-se às ideias norte-americanas de busca de adaptação do
sujeito a sua realidade. Conforme vimos, a psicologia social crítica busca o processo de
fortalecimento do sujeito e ampliação da consciência, a �m de superar qualquer forma de
alienação e relações de dominação. 
No Brasil, este movimento em defesa de uma psicologia social crítica �cou conhecido como
teoria sócio-histórica ou psicologia sócio-histórica. Esta teoria, pautada nas ideias de Sílvia Lane
e de seus seguidores, tem como pressuposto teórico e metodológico a busca pelo conhecimento
crítico da realidade comunitária em que os sujeitos estão inseridos (LANE; CODO, 1995). 
Sílvia Lane pautou suas pesquisas nas obras dos soviéticos Vygotsky, Leontiev e Luria, autores
que tiveram um importante papel na construção de uma psicologia pautada pelos princípios do
materialismo histórico-dialético proposto por Marx. Segundo esta perspectiva teórica, o
psiquismo é um processo que se desenvolve por meio de estímulos sociais, o que permite
ampliar o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, como atenção, memória,
linguagem, percepção, entre outras (LANE, 1986).
A psicologia sócio-histórica tem como pressuposto ético e político a transformação dos sujeitos
e da sociedade rumo a condições de existência mais justas e dignas. Neste sentido, é
fundamental ao psicólogo o comprometimento com a transformação social, que pode ser
efetivado pelo desenvolvimento e ampliação da consciência dos sujeitos acerca de suas
condições históricas, sociais e políticas. Além disto, a psicologia sócio-histórica oferece
importante destaque aos processos educativos, já que a educação é uma potente ferramenta de
transformação do modo como o sujeito pensa a si e a realidade (LANE, 1986). 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Neste sentido, para a psicologia sócio-histórica, o ser humano é constituído por dois importantes
elementos: o biológico e o social. O sujeito ao nascer apresenta um arcabouço biológico que
permite seu processo de humanização, contudo, este processo só irá acontecer se o sujeito
estiver em condições sociais de desenvolvimento adequadas e favoráveis (LANE; CODO, 1995). 
Portanto, ao longo da vida humana são adquiridas complexidades emocionais e psíquicas, as
quais são oriundas de um fazer social. A subjetividade neste contexto inclui a consciência, a
atividade, a afetividade e a identidade. Ou seja, é a partir da relação do sujeito com a sociedade
que o primeiro vai se apropriar dos valores de sua cultura, constituindo-se enquanto um ser
biopsicossocial (LANE; CODO, 1995).
Atualmente, a psicologia sócio-histórica no Brasil tem um conjunto de representantes que
buscam por meio de ações e pesquisas a consolidação de uma psicologia que seja para todos e
comprometida com as demandas da sociedade. Atualmente, a psicologia sócio-histórica
apresenta uma associação bastante importante e fortalecida, chamada ABRAPSO (Associação
Brasileira de Psicologia Social), organizada a partir de autores contemporâneos a Sílvia Lane e
que buscam ampliar as ações e a pesquisa no campo da psicologia social (LANE; CODO, 1995).
Ética
O ser humano é um ser social e interage com seus pares. Dentro desse processo de interação, há
inúmeras transformações, as quais possibilitam o desenvolvimento da consciência. Ainda por
meio desse processo de desenvolvimento que o sujeito se apropria de um conjunto de ideias,
além de concepções políticas, morais, religiosas, jurídicas e �losó�cas (PLONER et al., 2008).
Neste sentido, o saber psicológico busca conhecer a subjetividade humana a partir dos
contextos sociais que a constituem, analisando e compreendo suas diferentes naturezas a �m de
pensar ações para ampliar as possibilidades de emancipação humana.Neste sentido, a
psicologia social tem importante papel no estudo de grupos sociais, uma vez que é a partir das
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
relações coletivas que a subjetividade humana se desenvolve e permeia os valores e crenças de
uma determinada cultura. Além disto, a organização coletiva é um espaço privilegiado de
ampliação da consciência, uma vez que permite o diálogo, a troca de experiências e vivências
(PLONER et al., 2008).
Na vida em sociedade, temos dois elementos fundamentais que nos constituem: a moral e a
ética. A moral é um conjunto de princípios que norteiam as ações humanas, enquanto a ética é a
re�exão crítica sobre esses princípios. Portanto, moral e ética são inseparáveis. Ao re�etir sobre
as ações de seres humanos na vida em sociedade estamos no terreno da ética, uma vez que se
apresenta como �nalidade pensar em uma sociedade igualitária e digna de existência. A moral e
a ética delimitam espaços de ação e têm forte relação com o debate sobre a liberdade e a
responsabilidade do sujeito em relação aos seus atos. Ao contrário do modo como é
compreendido no senso comum, a liberdade também tem seus limites, e as regras e os valores
instituem esses limites na medida em que atribuem ao sujeito a responsabilidade sobre suas
ações (PLONER et al., 2008).
O sujeito se comporta de acordo com a ética e sua consciência mediante suas ações. Ele tem o
ato de re�exão consciente que terá resultado nas relações sociais em que está inserido. Neste
sentido, no processo de socialização, o indivíduo constrói sua identidade mediado pela ética e
moral de sua cultura e de seu tempo histórico. Ao praticar algum ato ou comportamento ético, o
sujeito busca informações sobre as normas estabelecidas pelo grupo, re�ete sobre elas e assim
toma decisões.
Portanto, para a psicologia sócio-histórica, a identidade de um indivíduo é construída a partir da
relação com o outro, mediada por valores morais e éticos que colocam possibilidades e limites
para as ações humanas. Neste sentido, um dos papéis da psicologia social é pensar e discutir
sobre os valores morais e éticos de uma determinada sociedade e de um tempo, a �m de pensar
sobre suas implicações para o desenvolvimento humano. Sabemos que para uma vida em
sociedade é fundamental a presença de valores morais e éticos, contudo, precisamos sempre
nos atentar para que estes sejam propícios ao processo de emancipação humana e não para o
fortalecimento de relações de poder e de produção de desigualdades sociais (PLONER et al.,
2008).
Seres humanos enquanto seres histórico-sociais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A relação sujeito e sociedade é dialética, o que signi�ca dizer que o sujeito é produto da
sociedade ao mesmo tempo que também a produz. Neste sentido, a psicologia social
compreende que o sujeito tem um papel fundamental na construção dos valores e princípios de
uma sociedade (LANE; CODO, 1995). 
O indivíduo desde seu nascimento é um ser dependente do outro e do ambiente em que vive. Por
exemplo: um bebê não consegue sobreviver se não tiver a mãe para ajudá-lo. Ao longo do
processo de desenvolvimento humano, o sujeito se apropria da cultura, mediado sempre pela
presença e ajuda de um outro, o que permite ampliar cada vez mais seu desenvolvimento.
Portanto, nesse processo de apropriação da cultura, o sujeito consegue construir uma visão
sobre ele mesmo, do outro e de seu mundo circundante (LANE; CODO, 1995).
Educação
Um exemplo disso é o processo educativo, em que ao longo dos anos escolares nos
apropriamos dos conteúdos historicamente produzidos, permitindo a construção do nosso modo
de pensar e agir em sociedade. A partir das ideias da psicologia social crítica, entende-se que,
pelos processos de ensino e aprendizagem, o ser humano se apropria da história de sua cultura,
permitindo desenvolver e ampliar suas funções psicológicas superiores, como a percepção sobre
o mundo, a consciência, a imaginação e a criatividade, entre outras. 
Quando o sujeito não tem acesso a uma educação de qualidade, ele é alijado da possibilidade de
ampliação do desenvolvimento dessas funções psicológicas superiores. O mesmo acontece
quando o sujeito se encontra em alguma situação de vulnerabilidade social ou qualquer forma de
negligência, impactando assim em sua constituição psicológica. 
Contextos de atuação
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Neste sentido, a psicologia social crítica na busca pela emancipação humana insere-se em
diferentes contextos de trabalho: educação, assistência social, trabalho e saúde. Nestes
diferentes contextos, busca sempre compreender que, para o desenvolvimento da saúde mental,
condições dignas de existência são necessárias para que o processo de desenvolvimento
humano possa ser potencializado. 
Neste sentido, os campos de ação da psicologia social são bastante vastos, mas apresentam um
mesmo horizonte: ampliar as possibilidades de emancipação humana e fortalecer os sujeitos na
direção da conscientização. Temos como grande defesa ética e política a construção de relações
igualitárias que ofereçam condições dignas de existência, pois somente desta forma podemos
favorecer a construção de subjetividades saudáveis e emancipadas.
A partir desse enfoque da psicologia social crítica, entende-se que as ações do psicólogo não
possam se remeter somente ao contexto clínico, pois muitas vezes o sujeito que sofre precisa de
ajudas mais ampla e complexa, exigindo que o pro�ssional esteja próximo aos contextos de vida
dessas pessoas, estando na escola, em centros comunitários ou até mesmo inserido dentro de
diferentes setores de políticas públicas, como CRAS, CAPES, entre outros.
Videoaula: Pressupostos da Psicologia Social
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O ser humano tem papel ativo em sua história, agindo e constituindo sua cultura ao mesmo
tempo que também se desenvolve. Neste sentido, é importante ao psicólogo discutir e pensar
sobre o contexto sócio-histórico em que o sujeito está inserido, além de acessar os signi�cados
que atribui a sua realidade. Aproveite mais este momento em sua jornada!
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A �m de aprofundar seus conhecimentos, indica-se a seguinte leitura: Sílvia Lane e o Projeto do
"Compromisso Social da Psicologia".
 
Referências
https://www.scielo.br/j/psoc/a/w5gPmcgxnB5w5ThhFkCyCtb/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/psoc/a/w5gPmcgxnB5w5ThhFkCyCtb/?format=pdf&lang=pt
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
BOCK, A.M.B.; FERREIRA, M.R.; GONÇALVES, M.G.M.; FURTADO, O. Sílvia Lane e o Projeto do
"Compromisso Social da Psicologia". Psicologia & Sociedade, n. 19, Edição Especial 2, p. 46-56,
2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/psoc/a/w5gPmcgxnB5w5ThhFkCyCtb/?
format=pdf&lang=pt. Acesso em: 18 maio 2022.
LANE, S. M; T.; CODO, W. (Orgs). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo:
Brasiliense, 1995.
LANE, S.M.T. A psicologia social e uma nova concepção do homem para a psicologia. In: LANE,
S. T. M.; CODO, W. Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 10-
19.
LANE, S.M.T. A psicologia social na América Latina: por uma ética do conhecimento. In: CAMPOS,
R. H. F.; GUARESCHI, P. A. (Orgs.) Paradigmas em psicologia social. Petrópolis: Vozes: 2000, p.
58-69. 
PLONER, K. S. et al. Ética e paradigmas na psicologia social [online]. Rio de Janeiro: Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008.
Aula 4
Fundamentos epistemológicos da Psicologia Social na América Latina
Introdução
https://www.scielo.br/j/psoc/a/w5gPmcgxnB5w5ThhFkCyCtb/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/psoc/a/w5gPmcgxnB5w5ThhFkCyCtb/?format=pdf&lang=pt
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A proposta desta aula é aprofundar o conhecimento sobre a psicologia social no contexto latino-
americano, destacando os principais fundamentos que a diferenciam de outras psicologias
desenvolvidas sobretudo no contextonorte-americano e europeu. Além disto, pretende-se
apresentar os pressupostos da psicologia da libertação que teve forte in�uência das ideias de
Martin-Baró. Esta perspectiva da psicologia apresenta como horizonte a busca por direitos
sociais igualitários, com intenção de combater as desigualdades sociais além de conhecer suas
causas e efeitos, favorecendo a construção de ações que busquem a promoção da
conscientização. Aproveite para neste momento entender estes conceitos da psicologia social e
poder aplicá-los em sua carreira.
A "crise" da psicologia social na década de 1960
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Olá, estudante. Até meados da década de 1960, as teorias vigentes na psicologia eram voltadas
para o atendimento de classes mais favorecidas socialmente e focadas nos processos
inconscientes do sujeito ou em sua adaptação social. A partir de 1960, alguns autores
denunciaram o que seria uma crise da psicologia, uma vez que as teorias existentes não
favoreciam a compreensão do sujeito por inteiro, ou seja, em sua dimensão biopsicossocial
(LANE; CODO, 1995). 
Essa crise teve início na Europa, na década de 1960, com psicólogos da área social denunciando
o caráter ideológico que algumas psicologias apresentavam, principalmente ao focalizar no
indivíduo e em sua adaptação social. Portanto, havia um descontentamento com a psicologia
dominante e houve um novo movimento em busca de modelos e teorias psicológicas que
fossem capazes de superar os problemas sociais. Outro elemento que sustava a crise na
psicologia era a questão metodológica, uma vez que as pesquisas em psicologia eram
in�uenciadas pelas ideias do positivismo, defendendo uma ciência neutra e com a utilização de
métricas e dados objetivos de mensuração do comportamento humano (LANE; CODO, 1995). 
Neste sentido, a partir da constatação de uma crise na psicologia, instaurou-se um movimento
de busca e consolidação de uma psicologia enquanto ciência e pro�ssão que atendesse às
necessidades da população e preocupada com a transformação social. No período da década de
1960-1970, a América Latina sofria com a presença de governos autoritários e diversas formas
de restrição dos direitos humanos, permeando situações de pobreza, miséria, analfabetismo e
censura de diversas formas. Esses movimentos opressores deram ainda mais força para a
criação da uma nova psicologia, em especial a partir de perspectivas que tivessem como
horizonte a transformação social (LACERDA JUNIOR; GUZZO, 2011). 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Neste período, um dos principais questionamentos de Martín-Baró era: seria possível, em uma
sociedade ditatorial, excludente, violenta e desigual, a construção de sujeitos livres? A resposta
dele era não, uma vez que nenhuma forma de liberdade poderia existir quando o sujeito está
inserido em condições sociais vulneráveis. Sendo assim, foi a partir das discussões de Martín-
Baró sobre as possibilidades de libertação humana que sua teoria �cou conhecida como
psicologia da libertação (LACERDA JUNIOR; GUZZO, 2011). 
Psicologia da libertação
A psicologia da libertação como concepção teórica para o fazer da psicologia apresenta como
necessária a transformação da sociedade e o fortalecimento dos sujeitos para que estes sejam
capazes de lutar contra qualquer forma de opressão, servidão e de violência. Contudo, para
Martín-Baró, isto só é possível a partir de uma ação que favoreça o desenvolvimento de sujeitos
críticos e que superem o pensamento fatalista (LACERDA JUNIOR; GUZZO, 2011). 
Portanto, a crise na psicologia foi um marco bastante importante, uma vez que trouxe a
necessidade de pensar o sujeito como um todo, considerando o papel do social na constituição
do psiquismo humano. Além disto, no âmbito da pesquisa cientí�ca, também se colocou como
desa�o a necessidade do desenvolvimento metodológico a �m de ampliar as possibilidades de
produção do conhecimento, em especial a partir de ideias que consideram a importância da ação
do pesquisador no contexto investigado, seu compromisso ético-político e a consolidação da
pesquisa qualitativa como método cientí�co (LACERDA JUNIOR; GUZZO, 2011).
Práxis de libertação em psicologia social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
De acordo com Martín-Baró (1996), as desigualdades sociais e os problemas de injustiça
estrutural estavam sendo agravados a partir da década de 1960, e os questionamentos
passaram a ser mais re�nados e mais rigorosos diante dessas circunstâncias na América Latina.
Em função desse contexto, a psicologia da libertação foi uma teoria crítica pautada em uma
ação frente à população oprimida, no continente latino-americano. A luta era a favor do
rompimento de preconceito, estereótipos e estigmas, sendo a busca por direitos sociais
igualitários e o combate às desigualdades sociais um desejo compartilhado.
Segundo Martín-Baró (1996), para a superação das relações de dominação e de libertação
humana é central o processo de conscientização. Para o autor, a transformação social só é
possível por meio do desenvolvimento da subjetividade humana. Segundo o autor, havia uma
forte presença em seu povo de um pensamento pautado pelo fatalismo, o qual é caracterizado
por uma forma de pensar que compreende que as circunstâncias estão dadas naturalmente e
que, portanto, não são possíveis de transformação. Esta forma de pensar foi identi�cada por
Martín-Baró como uma característica da população latino-americana. 
A partir disto, podemos nos questionar: a atitude fatalista é parte integrante do caráter do latino-
americano ou seria uma construção social articulada a uma forma de dominação? Segundo
Martín-Baró (1996), a construção e prevalência do pensamento fatalista é iminentemente uma
condição política e social, que favorece a alienação e processos de cristalização do pensamento,
fazendo diminuir a potência humana.
Para Martín-Baró (1996), para a superação do fatalismo e de qualquer forma de alienação, é
necessário construir coletivos que permitam aos sujeitos pensar criticamente e construir um
saber coletivo para o questionamento de estigmas e ideologias. Neste sentido, em sua teoria, o
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
autor combate o individualismo que impera dentro do modelo capitalista, atribuindo ao coletivo
uma potência importante de transformação social e emancipação humana. 
Práxis da libertação
Assim, a partir das ideias de Martín-Baró é possível pensar em três elementos essenciais para a
psicologia da libertação como práxis de transformação: 
Uma psicologia que rompe as cadeias da opressão social e pessoal.
Uma revisão crítica dos conceitos psicológicos voltados para as maiorias, além de
promover conscientização e liberdade humana.
Uma nova práxis apoiando as causas populares.
Uma práxis de libertação, segundo Góis (2008, p. 42) implica: 
Um indivíduo e um povo que, na condição de dominados, descobrem o sentido de "ser
mais", de ser livre, de ser ético. Partem indivíduo e povo na condição de oprimido e
explorado para a libertação, um processo que se realiza com outros para si e para os
outros indivíduos e povos. Portanto, não há libertação se esta produz novos
cativeiros. O ser livre signi�ca sermos todos livres, sermos povos livre. 
      Neste sentido, a psicologia da libertação oferece inúmeras possibilidade de pensar o sujeito
livre e a importância da transformação social, oferecendo subsídios teóricos e metodológicos
para a ação em psicologia na direção da emancipação humana.
Realismo crítico e compromisso ético-político
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A psicologia social tem um compromisso ético-político, o qual é pautado na valorização e
construção da transformação social direcionando a uma ética voltada para a emancipação
humana. A partir desse princípio, os psicólogos sociais empreendem uma busca pelo bem-estar
social e a defesa da transformação social. Ainda, o compromisso ético-político da psicologia
envolve os valores, princípios e o pensar constante das consequências de seu conhecimento. É
necessário que o saber da psicologia seja em prol da ampliação das condiçõesde emancipação
humana e não para sua adaptação social e manutenção de condições desiguais. 
Em vários momentos da história, é possível observar a utilização do conhecimento da psicologia
aplicado para �ns de ação de segregação e discriminação de pessoas, como por exemplo a
utilização de testes cognitivos para explicar o elemento do fracasso escolar (PATTO, 2015). Este
tipo de prática é uma forma de atribuir a culpa do elemento do fracasso escolar no sujeito,
deixando de considerar toda a complexidade envolvida nos processos de ensino-aprendizagem.
Neste sentido, a psicologia social apresenta um compromisso ético e político com o seu
conhecimento, a �m de desenvolver ações e saberes que favoreçam a superação das relações de
dominação e desigualdade social. 
Além disso, outro diferencial para a psicologia social crítica é que suas ações são direcionadas
às necessidades que um determinado grupo apresenta, a �m de desenvolver práticas que
tenham sentido e signi�cado para os sujeitos. Assim, a psicologia antes mesmo de pensar suas
ações precisa desenvolver sua capacidade de escuta e se debruçar no conhecimento de
diferentes realidades, a �m de conhecer as multideterminações que afetam a constituem dos
sujeitos. 
Segundo Martín-Baró (1996, p. 7), 
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
O trabalho pro�ssional do psicólogo deve ser de�nido em função das circunstâncias
concretas da população a que deve atender. A situação atual dos povos centro-
americanos pode ser caracterizada por: (a) a injustiça estrutural, (b) as guerras ou
quase-guerras revolucionárias, e (c) a perda da soberania nacional. Ainda que o
psicólogo não seja chamado para resolver tais problemas, ele deve contribuir, a partir
de sua especi�cidade, para buscar uma resposta. Propõe-se como horizonte do seu
quefazer a conscientização, isto é, ele deve ajudar as pessoas a superarem sua
identidade alienada, pessoal e social, ao transformar as condições opressivas do seu
contexto.  
Neste sentido, a psicologia social crítica foi construída a �m de mobilizar uma ação que busque
superar o fatalismo, os processos de naturalização e a condição de alienação. Este horizonte da
psicologia social crítica é de extrema importância, uma vez que na sociedade capitalista cada
vez mais crescem relações pautadas na exploração, servidão e aumento da desigualdade social.
Neste contexto, nota-se a saúde mental sendo afetada de diferentes formas e levando a
população cada vez mais ao adoecimento. Portanto, a psicologia social crítica apresenta o
compromisso ético e político de considerar a constituição humana em sua complexidade, tendo
a clareza da necessidade de pensar o contexto social e seu impacto na constituição humana.
Videoaula: Fundamentos epistemológicos da Psicologia Social na América
Latina
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A psicologia social crítica foi construída pautada no compromisso ético e político com o
fortalecimento dos sujeitos e a busca pela transformação social. Este horizonte da psicologia
social crítica busca questionar as relações pautadas nas ideias do capitalismo, o qual busca
cada vez mais o crescimento de relações de exploração, servidão e aumento da desigualdade
social.
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A �m de aprofundar seus conhecimentos acerca da psicologia da libertação, indica-se a leitura
do artigo O papel do psicólogo.
Referências
https://www.scielo.br/j/epsic/a/T997nnKHfd3FwVQnWYYGdqj/?format=pdf&lang=pt
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
GÓIS, C. W. L. Saúde comunitária: pensar e fazer. São Paulo: Hucitec, 2008.
LACERDA JUNIOR, F.; GUZZO, R. S. L. Psicologia social para a América Latina: o resgate da
psicologia da libertação. São Paulo: Alínea, 2011.
LANE, S. M. T.; CODO, W. (Orgs.). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo:
Brasiliense, 1995.
LANE, S.M.T. A psicologia social e uma nova concepção do homem para a psicologia. In: LANE,
S. T. M.; CODO, W. Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 10-
19.
LANE, S.M.T. A psicologia social na América Latina: por uma ética do conhecimento. In: CAMPOS,
R. H. F.; GUARESCHI, P. A. (Orgs.) Paradigmas em psicologia social. Petrópolis: Vozes: 2000, p.
58-69. 
MARTÍN-BARÓ, I. O papel do psicólogo. Estudos de Psicologia, v. 2, n.1, p. 7-27, 1996.
PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. 4 ed. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2015.
Aula 5
Revisão da unidade
Saber histórico da psicologia social
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Esta unidade trata do surgimento do campo teórico da psicologia social. Nesta unidade, vimos
que a psicologia social crítica contou com a colaboração de autores importantes do contexto
latino-americano. Vimos que Sílvia Lane traz um novo olhar à psicologia, seus questionamentos
são inerentes à psicologia social no Brasil e na América Latina. A autora busca uma psicologia
que considera a realidade brasileira, pois a psicologia até então utilizada era de outras realidades.
Sendo assim, a constatação de Sílvia Lane era que a psicologia existente até a década de 1960
não era su�ciente para acolher e atender as demandas da população brasileira. Como, então,
resolver essa questão teórica? Essa foi sua busca incessante, a �m superar a crise que existia na
psicologia. Lane defendia que toda psicologia é social. 
Lane (1984), ao rede�nir a psicologia social, escreveu que:
Onde o grupo não é mais considerado como dicotômico em relação ao indivíduo
(indivíduo sozinho X individuo em grupo), mas sim, como condição necessária para
conhecer as determinações sociais que agem sobre o indivíduo, bem como a sua
ação como sujeito histórico, partindo do pressuposto que toda ação transformadora
da sociedade só pode ocorrer quando se agrupar. (LANE, 1984, p. 78) 
 Além desta perspectiva grupal, Lane (1984) se preocupava com o afeto, com a liberdade, com as
políticas públicas, inclusão e transformação social. Para haver transformação social não pode
haver determinação social. A luta por uma psicologia social foi travada com a�nco e dedicação
em prol de uma população desfavorecida e de uma reconstrução de uma psicologia que
abarcasse a realidade brasileira.
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A psicologia social crítica também teve a contribuição de Martín-Baró e seus discípulos na busca
de novos conhecimentos, na construção de uma psicologia que tive como centralidade o
compromisso social e que atendesse as demandas concretas vividas por seu povo. Segundo
Martín-Baró (1996), é necessário para a psicologia o desenvolvimento de uma prática
transformadora, sendo capaz de questionar as relações de opressão, servidão e violência, em
especial em uma sociedade capitalista. Para ele, a psicologia precisa pensar em ações que
busquem a formação de sujeitos críticos, a �m de buscar a superação das condições de
alienação e que favorecem a manutenção da desigualdade, exploração e dominação. Para o
autor, a alienação é superada na medida em que é oferecido um contexto que permite ao sujeito
pensar criticamente sobre sua condição de existência, ampliando assim sua consciência. Para
ele, a única forma de conquistar a liberdade é pelo processo de conscientização, buscando
formas de desenvolvimento de sujeitos críticos, sendo capazes de compreender as condições
históricas e sociais subjacentes ao contexto de miséria econômica e opressão política. 
A psicologia social de base crítica, fundamentada nesses dois autores, favorece a construção de
uma prática e um saber psicológico que transcende os limites do consultório, voltando-se suas
ações para sujeitos de diferentes contextos socioeconômicos e considerando as relações
histórico-sociais no processo de constituição do psiquismo humano (LANE; CODO, 1995).
Videoaula: Revisão da unidade
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O vídeo ilustra o contexto histórico da psicologia social crítica, destacando seu nascimento a
partir da constatação de uma crise da psicologia e a busca por novas formas de compreensão
da relação sujeito-sociedade. Destacam-se as contribuições teóricas de Sílvia Lane e Martín-
Baró, bem como a importância de suas contribuições para o desenvolvimento de uma psicologia
comprometida com a transformação social. Aproveite mais este momento em sua jornada!
Estudo de Caso
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Imagine que você é um psicólogo de uma organização não governamental que oferece
assistência psicológica e reforço escolar a estudantes de escolas públicas de bairros de
periferia. Você é procurado pelos pais de uma aluna chamada Marisa, que tem 10 anos e ainda
não está alfabetizada. Na entrevista com os pais, eles contam que a vida escolar da menina foi
permeada por entradas e saídas de escolas, pois os pais tiveram de se mudar de cidades várias
vezes, em busca de trabalho na lavoura. Eles também não sabem ler e escrever corretamente. 
Marisa é muito tímida e não consegue fazer amizades pois não passa muito tempo nas cidades
em que vive. Na escola, �ca a maior parte do tempo calada e pouco interage com seus colegas.
Apesar disso, os pais a�rmam que a principal responsável pelos problemas na escola é a Marisa,
que não se esforça o su�ciente para aprender e é muito desatenta. A professora de Marisa
concorda com a visão dos pais e a�rma que a menina não gosta de estudar.
______
Re�ita
Diante do exposto, re�ita:
Os pais e a professora de Marisa têm razão em a�rmar que a responsabilidade de não estar
alfabetizada é da �lha?
Como você, enquanto psicólogo, poderia ajudar os pais e a escola sobre as questões
envolvidas no caso de Marisa?
______
Videoaula: Resolução do Estudo de Caso
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
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De acordo com a psicologia social, as questões sociais devem ser contempladas com a mesma
ênfase das questões individuais no caso das di�culdades de Marisa nos estudos.
Um dos maiores problemas da educação brasileira é o fenômeno do fracasso escolar e o caso de
Marisa ilustra bem essa situação. Marisa é �lha de pais semialfabetizados (analfabetos
funcionais) e teve uma vida escolar tumultuada por ter que se transferir de escola várias vezes,
devido às condições de trabalho dos pais. 
A menina não teve chances de estabelecer relações sociais com as crianças de sua idade e,
muito provavelmente, essa é uma das razões de sua timidez, isolamento e apatia.
As di�culdades de Marisa na escola ilustram as condições sociais, culturais e econômicas de
várias famílias brasileiras: busca constante de emprego e de melhores condições de vida. Os
pais de Marisa tiveram as mesmas di�culdades da �lha na escola.
Os pais e a escola não conseguem perceber as questões sociais envolvidas na situação e
buscam o caminho mais simples de “culpar a vítima” pelas suas limitações. Isso deve ser
apontado pelo psicólogo que deve analisar esse caso do ponto de vista psicossocial.
Saiba mais
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
A psicologia social crítica foi desenvolvida por autores do contexto latino-americano, a �m de
pensar em uma ciência que fosse comprometida com as demandas sociais e históricas. A
psicologia social crítica tem como base teórica as ideias de Marx, a partir de sua construção do
materialismo histórico-dialético. É a partir deste fundamento teórico que autores como Sílvia
Lane e Martín-Baró desenvolvem sua teoria e avançam no saber da psicologia social crítica. A
seguir, encontra-se um mapa mental a �m de ajudar na compreensão dos principais teóricos da
psicologia social crítica:
Síntese da unidade. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
CHAUÍ, M. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense 1997. 
GUARESCHI, O. A. Ideologia. In: JACQUES, M. G. C. et al.  Psicologia social contemporânea.
Petrópolis: Dois Pontos, 2001, p. 89 -103.
JACÓ-VILELA, A. M. História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Editora Nau, 2019. 
LANE, S. M. T.; CODO, W. (Orgs). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo:
Brasiliense, 1995.
LANE, S.M.T. A psicologia social e uma nova concepção do homem para a psicologia. In: LANE,
S. T. M.; CODO, W. Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 10-
19.
LANE, S.M.T. A psicologia social na América Latina: por uma ética do conhecimento. In: CAMPOS,
R. H. F.; GUARESCHI, P. A. (orgs.) Paradigmas em psicologia social – a perspectiva latino-
americana. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 58-69. 
LEFEBVRE, H. Marxismo. São Paulo: L&PM, 2010.
MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: Editora Pedagógica e
Universitária Ltda., 1986.
,
Unidade 2
Psicologia social e vida em sociedade
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Aula 1
Socialização Primária e Socialização Secundária
Introdução
Olá, estudante. Você já deve ter ouvido as expressões “nenhum homem é uma ilha” ou “o homem
é um ser social”, certo?
Essas expressões sinalizam a relevância do processo de socialização em nossas vidas e do
signi�cado dos grupos sociais nos quais nós nos desenvolvemos na interação entre indivíduo,
cultura e sociedade.
O tempo todo estamos nos relacionando com as outras pessoas e, até mesmo quando �camos
sozinhos, as nossas referências de fantasias e devaneios são com as outras pessoas de nosso
convívio como os familiares, os amigos, os colegas de escola. As nossas atividades diárias
envolvem uma ou mais pessoas, sejam as atividades acadêmicas, pro�ssionais, afetivas e de
lazer. Mesmo quando uma pessoa está completamente isolada, ela terá suas lembranças, seu
conhecimento e sua cultura, as quais envolvem o relacionamento social.
Iremos, nesta aula, analisar os processos de socialização, a composição dos grupos sociais e a
interação sujeito-sociedade-cultura. 
Vamos lá?!
Socialização primária e secundária
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
De acordo com Lane e Codo (1982), os determinantes sociais existentes em qualquer situação
humana fazem com que a psicologia seja, antes de tudo, uma psicologia social. A �m de
compreendermos a importância dos aspectos sociais em nossa vida e para a psicologia, vamos
analisar os processos de socialização, os quais se dividem em primário e secundário.
Processo de socialização 
O processo de socialização se refere ao modo como os indivíduos aprendem e incorporam
hábitos, comportamentos, valores e crenças que irão direcionar o seu comportamento no
contexto social em que se inserem (LANE, 2006). É nesse processo que ocorre a aprendizagem
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
do pensar e do agir e a internalização dos conceitos sobre a realidade que possibilita a
compreensão dos símbolos integrantes das interações entre os grupos sociais. O processo de
socialização pode ser dividido em primário e secundário:
A socialização primária é realizada no núcleo familiar, de responsáveis ou ainda em
instituições de abrigo; por meio do desenvolvimento de aprendizagens cognitivas e afetivas
(LANE, 2006). 
A socialização secundária é proporcionada pelas demais instituições sociais, como a
escola, a comunidade, os clubes, as igrejas, o trabalho, as relações de amizades, sendo que
os conhecimentos adquiridos nesse processo envolvem os conteúdos mais racionais e
técnicos do que na socialização primária (LANE, 2006). 
Socialização primária
A família é o primeiro contexto de socialização dos indivíduos e, portanto, tem um grande valor e
impacto na formação infantil e na vida adulta. Mas a organização familiar se transformou com o
passar dos anos, em sua estrutura e forma de composição, o que não alterou o seu valor social,
já que a família ainda é considerada a base da sociedade e o espaçoem que o indivíduo aprende
a se relacionar com os outros e que são transmitidos os valores sociais e morais.
A estrutura familiar varia de acordo com o tempo histórico, os fatores sócio-políticos,
econômicos ou religiosos predominantes em um dado momento da evolução de determinada
cultura. O conceito de “família” tem se inovado acompanhando as novas maneiras de
relacionamento e princípios morais estabelecidos socialmente. As organizações familiares
contemporâneas não se constituem somente com base na família “nuclear” ou tradicional como
é conhecida. Nos dias atuais existem diversas formas de organização familiar que não se
constituem somente por pai, mãe e �lhos, podendo ser composta por pessoas do mesmo sexo e
por parceiros divorciados que já trazem consigo �lhos de outros casamentos e resolvem se unir
para formar uma nova família. Ainda, a família pode ser formada por mulheres independentes
que decidiram criar os �lhos sem a presença de um pai e por avós encarregados de criar os
netos. Em síntese, os modelos familiares se con�guram de diversas formas atualmente.
Grupos sociais e processo de socialização
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Você já re�etiu sobre a importância dos grupos sociais na formação de sua identidade e nas
suas escolhas pessoais?
Família e amigos
De acordo com Bock, Furtado e Ferreira (2009), o grupo familiar e de amigos são sinalizados
como os principais grupos de formação de referenciais individuais para as escolhas realizadas
ao longo da vida, inclusive a escolha da pro�ssão. Em geral, os amigos podem ser escolhidos ao
longo da nossa vida, já o grupo familiar nem sempre é possível escolher, pois já nascemos
inseridos nele, o que limita muitas vezes a escolha (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2009). 
_______
Assimile
Os valores dos grupos familiar e de amigos, as grati�cações e frustrações que cada um produz e
as expectativas que geram nas escolhas pessoais dos indivíduos são fundamentais para o nosso
processo de desenvolvimento. Pense nas seguintes situações propostas por Bock, Furtado e
Ferreira (2001): o pai espera que o �lho seja o herdeiro de seus negócios e o prepara para ocupar
seu cargo desde a infância, não havendo outra opção para ele mudar o rumo de sua vida. Uma
outra situação é a do pai que percebe o seu trabalho como pouco valorizado e procura direcionar
a escolha pro�ssional de seu �lho para outras ocupações pro�ssionais mais valorizadas, como
no caso do pai operário que idealiza que seu �lho se torne um “doutor.”
_______
Os fatores relacionados ao gênero, como no caso das chamadas pro�ssões “femininas”, que
partem da crença de que a mulher é um ser frágil, cujo destino é a maternidade, a proteção e o
oferecimento de cuidados e afetos; as pro�ssões consideradas femininas são as que se a�nam
com essas crenças e se concentram na área das Ciências Humanas, especialmente, no
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
magistério. As pro�ssões ditas femininas são consideradas uma escolha natural das mulheres
por serem uma “extensão” do lar, que não exigem maior necessidade de aperfeiçoamento, mas
que sempre foram desvalorizadas socialmente e mal-remuneradas.
As situações citadas acima são exemplos de pressões exercidas pelo grupo familiar nos jovens
em suas escolhas pro�ssionais. O fato é que não há pro�ssões masculinas ou femininas e esse
direcionamento é cultural, econômico e social. 
Identidade pessoal
No processo de socialização dos indivíduos, além da in�uência dos grupos sociais, há ainda a
necessidade de se compreender o papel da história pessoal, ou seja, os aspectos internos, o
planejamento do projeto de vida ou “o que quero ser na vida”. 
O processo de escolha pro�ssional resulta da construção da identidade individual, em que estão
envolvidos os elementos que compõem o mundo psíquico, como as expectativas em relação a si
mesmo, gostos, habilidades, imagens do mundo interior associadas às pro�ssões, percepção
das condições materiais e desejos. 
A identidade pessoal, de acordo com Dubar (2009), se refere àquilo que o ser humano tem de
mais precioso, e a sua perda está relacionada a sentimentos de alienação e de angústia. A
identidade humana não é desenvolvida de uma só vez; mas é construída no decorrer da infância
e adolescência e reconstruída constantemente ao longo da vida. 
O indivíduo não constrói a sua identidade sozinho, pois essa construção dependerá dos
julgamentos das outras pessoas e das orientações e autode�nições do sujeito, fazendo com que
a identidade seja produto de socializações sucessivas, a partir na inserção em grupos primários
e secundários.
O processo de socialização: indivíduo, sociedade e cultura
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
Quais são as relações entre o indivíduo, a cultura e a sociedade? Nos tornamos sociais quando
nascemos, ou até mesmo antes, devido às nossas condições históricas. Mas como ocorre esse
processo? 
Em todos os momentos da nossa vida, somos in�uenciados pelo contexto social e não podemos
dizer que o homem é um ser isolado. Somos seres individualizados e coletivos simultaneamente
e somos in�uenciados pela sociedade a partir das relações culturais. 
Ao nascer, cada indivíduo se encontra em um sistema social que foi construído através de
gerações precedentes e que será assimilado por meio de interrelações sociais (STREY, 2002).
Desde os seus primórdios, o ser humano é envolvido em relações sociais, das quais incorpora as
normas e os valores familiares, por meio dos pares e da sociedade. 
A formação da personalidade decorre do processo de socialização na qual intervêm os fatores
inatos e adquiridos. Os fatores inatos são aqueles que herdamos geneticamente dos familiares;
os fatores adquiridos são originados da sociedade e da cultura. O processo de socialização, a
cultura e a construção da identidade social são importantes para a compreensão dos problemas
sociais que ocorrem na sociedade.
O homem depende das interações sociais para receber afeto e cuidados para sobreviver. Ouvir,
tocar, sentir e ver o outro faz parte da natureza social do ser humano, que precisa se relacionar
com seus iguais para se comunicar, aprender, ensinar, expressar afeto, exigir melhores condições
de vida, melhorar o ambiente externo, expressar desejos e necessidades (STREY, 2002). 
As relações sociais em nosso desenvolvimento surgem a partir de necessidades especí�cas que
são identi�cadas por cada indivíduo e de seus interesses. Somos in�uenciados pela vivência nos
  grupos   ao qual pertencemos (grupo familiar, de amigos, de trabalho) e com os quais
interagimos.
O indivíduo tem consciência das suas características especí�cas, que os diferenciam dos outros,
como o corpo físico, os traços, a psiquê que irá envolver emoções, sentimentos, desejos e o
temperamento. O indivíduo, de acordo com Ramos (2003), adquire consciência da sua
Disciplina
PSICOLOGIA SOCIAL
individualidade, como membro de um grupo social, determinado pelas relações entre o “eu” e os
"outros''.
O indivíduo desenvolve-se em um contexto multicultural, com regras, crenças e valores em que a
cultura age em um processo de “intercâmbio” entre indivíduos, grupos e sociedades. Ao usar a
linguagem, o indivíduo se envolve em um processo cultural e, por meio de símbolos, reproduz o
contexto cultural em que vive. 
Strey (2002) a�rma que cada indivíduo tanto cria como mantém a cultura vigente na sociedade e
cada sociedade humana tem a sua cultura, que é expressa e identi�cada pelo comportamento do
indivíduo. Para Strey (2002, p. 58), “o homem é também um animal, mas um animal que difere
dos outros por ser cultural”. A cultura se refere ao conjunto de hábitos, regras, intuições e
relacionamentos interpessoais que são aprendidos nas atividades grupais. A cultura é um
conjunto integrado de características comportamentais aprendidas, manifestadas pelos sujeitos
de uma sociedade e compartilhadas por todos. Assim, o ser humano pensa e age em função da
cultura e da sociedade em que está inserido.
Videoaula: Socialização Primária e Socialização Secundária
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