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 V – RELAÇÕES CONTEMPORÂNEAS ESCOLA-F V – RELAÇÕES CONTEMPORÂNEAS ESCOLA-FAMÍLIA AMÍLIA 
MM ARCOS ARCOS LEGAISLEGAIS
 Ao longo das últimas décadas, a  Ao longo das últimas décadas, a criança foi sendo deslocada da criança foi sendo deslocada da periferia para o centroperiferia para o centro
da família. Do mesmo modo, ela passou a ser o foco principal do sistema educativo. Oda família. Do mesmo modo, ela passou a ser o foco principal do sistema educativo. O
deslocamento é fruto de uma longa história de emancipação, na qual as propostasdeslocamento é fruto de uma longa história de emancipação, na qual as propostaseducacionais têm peso importante. Esse movimento alinha-se ao educacionais têm peso importante. Esse movimento alinha-se ao dos direitos humanos edos direitos humanos e
consolida-se na Carta Internacional dos Direitos da Criança, de 1987, que registra o acessoconsolida-se na Carta Internacional dos Direitos da Criança, de 1987, que registra o acesso
da criança ao estatuto de sujeito de direitos e à dignidade da pessoada criança ao estatuto de sujeito de direitos e à dignidade da pessoa.. Tais conquistasTais conquistas
invertem a concepção de aluno como página em branco, encerrada no projeto inicial dainvertem a concepção de aluno como página em branco, encerrada no projeto inicial da
escola de massa e que organizava a hierarquia das posições no sistema escolar. Estasescola de massa e que organizava a hierarquia das posições no sistema escolar. Estas
mudanças incidem diretamente nas transformações das relações entre as gerações, tantomudanças incidem diretamente nas transformações das relações entre as gerações, tanto
de pais e filhos quanto entre professores e alunos. Com relações mais horizontais, ode pais e filhos quanto entre professores e alunos. Com relações mais horizontais, o
exercício da autoridade na família e na escola como estava configurado até então – adultosexercício da autoridade na família e na escola como estava configurado até então – adultos
mandavam e crianças/adolescentes obedeciam – tende a entrar em crise.mandavam e crianças/adolescentes obedeciam – tende a entrar em crise.
Na consolidação dos direitos das crianças, as responsabilidades específicas dos adultos queNa consolidação dos direitos das crianças, as responsabilidades específicas dos adultos que
as cercam vão sendo modificadas e a relação escola-família passa a ser regida por novas normasas cercam vão sendo modificadas e a relação escola-família passa a ser regida por novas normas
e leis. No Brasil, e leis. No Brasil, em termos legais, os direitos infanto-juvenis estão amparados pela Consti-em termos legais, os direitos infanto-juvenis estão amparados pela Consti-
 tuição e  tuição e desdobrados no Estatuto desdobrados no Estatuto da Criança da Criança e do e do Adolescente (ECA), Adolescente (ECA), Lei nº Lei nº 8.069, de8.069, de
1990, e na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), promulgada em 19961990, e na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), promulgada em 19961313..
Segundo a LDB, os profissionais Segundo a LDB, os profissionais da educação devem ser os da educação devem ser os responsáveis pelos processosresponsáveis pelos processos
de aprendizagem, mas não estão sozinhos nesta tarefa. A lei prevê a açãode aprendizagem, mas não estão sozinhos nesta tarefa. A lei prevê a ação
integrada das escolas com as famílias:integrada das escolas com as famílias:
““ Art.  Art. 12.12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas cOs estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comunsomuns
e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:de:
(...)(...) VI – VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processosarticular-se com as famílias e a comunidade, criando processos
de integração da sociedade com a escola; (...)de integração da sociedade com a escola; (...)
 Art. 13. Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:Os docentes incumbir-se-ão de:
(...)(...) VI – VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e acolaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade.comunidade.
 Art.  Art. 14.14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensinoOs sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino
público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme ospúblico na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios:seguintes princípios:
(...)(...) II –II – participação das comunidades escolar e local participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ouem conselhos escolares ou
equivalentes”.equivalentes”.
 Ação integral das Ação integral das
escolas com as famíliasescolas com as famílias
prevista na LDBprevista na LDB
13. Com relação à rede de escolas privadas, o Código de Defesa do 13. Com relação à rede de escolas privadas, o Código de Defesa do Consumidor é também referência para balizaConsumidor é também referência para balizar as relações entre escolas e famílias.r as relações entre escolas e famílias.
  
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Como a educação básica é dirigida, em Como a educação básica é dirigida, em princípio, a alunos de zero a princípio, a alunos de zero a 17 anos, o ECA se17 anos, o ECA se
aplica às escolas e diz explicitamente:aplica às escolas e diz explicitamente:
Capítulo IV – Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer.Capítulo IV – Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer.
““ Art.  Art. 53.53.  A  A criançcriança a e e o o adolescadolescente ente têm têm direito direito à à educaçeducação, ão, visando visando ao ao plenopleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificaçãocidadania e qualificação
para o trabalho, assegurando-se-lhes:para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I –I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II –II – direito de ser respeitado por seus direito de ser respeitado por seus educadores;educadores;
III –III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer àsdireito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às
instâncias escolares superiores;instâncias escolares superiores;
IV –IV – direito de organização e participação em entidades estudantis;direito de organização e participação em entidades estudantis;
 V – V – acesso à escola pública e gratuita próxima acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.de sua residência.
Parágrafo único.Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processoÉ direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo
pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
(...)(...)
 Art.  Art. 55.55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhOs pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilosos ou pupilos
na rede regular de ensino.na rede regular de ensino.
 Art. 56 Art. 56.. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão aoOs dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao
Conselho Tutelar os casos de:Conselho Tutelar os casos de:
I –I – maus-tratos envolvendo seus alunos;maus-tratos envolvendo seus alunos;
II –II – reiteração de faltas injustificadas e deevasão escolar, esgotados os recursosreiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos
escolares;escolares;
III –III – elevados níveis de repetência”.elevados níveis de repetência”.
Tanto no ECA quanto na LDB, a efetividade do direito à educação das crianças e dosTanto no ECA quanto na LDB, a efetividade do direito à educação das crianças e dos
adolescentes deve contar com a ação integrada dos agentes escolares e pais ouadolescentes deve contar com a ação integrada dos agentes escolares e pais ou
responsáveis. Esse novo ambiente jurídico-institucional inaugura um período semresponsáveis. Esse novo ambiente jurídico-institucional inaugura um período sem
precedentes de consolidação de direitos sociais e individuais dos alunos e suas famílias.precedentes de consolidação de direitos sociais e individuais dos alunos e suas famílias.
De todos os equipamentos do Estado, a escola é o que tem o mais amplo contatoDe todos os equipamentos do Estado, a escola é o que tem o mais amplo contato
contínuo e frequente com os sujeitos destes direitos, daí sua responsabilidade de atuar juntocontínuo e frequente com os sujeitos destes direitos, daí sua responsabilidade de atuar junto
a outros atores da rede de proteção social. Isso não significa mudar o papel da escola ea outros atores da rede de proteção social. Isso não significa mudar o papel da escola e
 transfor transformá-la má-la em em instituinstituição ição assistenassistencialicialista, sta, mas mas sim sim dar dar relevo relevo a a seu seu papel papel de de ator ator 
 fundamental  fundamental – e– embora não mbora não exclusivo exclusivo – na – na realização realização do ddo direito ireito da criança da criança e do e do adolescenteadolescente
à educação.à educação.
É comum se É comum se ouvir discussões acaloradas entre professores sobre o ECA, principalmenteouvir discussões acaloradas entre professores sobre o ECA, principalmente
quando ocorre alguma infração envolvendo adolescentes que recebem a proteção indicadaquando ocorre alguma infração envolvendo adolescentes que recebem a proteção indicada
pelo Estatuto. De fato, o respeito deve ser exercido em “mão dupla”, ou seja, não apenaspelo Estatuto. De fato, o respeito deve ser exercido em “mão dupla”, ou seja, não apenas
 Aplicação do Aplicação do
ECA nas escolasECA nas escolas
  
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crianças e adolescentes têm direitos a serem crianças e adolescentes têm direitos a serem respeitados, mas também seus educadores erespeitados, mas também seus educadores e
demais profissionais. As discussões em torno do tema devem ocorrer a partir de umademais profissionais. As discussões em torno do tema devem ocorrer a partir de uma
compreensão acurada da doutrina da proteção integral, que precisa estar incorporada àcompreensão acurada da doutrina da proteção integral, que precisa estar incorporada à
 formação inicial  formação inicial e continuada e continuada de professores, de professores, gestores escolares gestores escolares e educacionais. e educacionais. Com Com oo
envolvimento consciente desses profissionais, a realização do direito à educação da criançaenvolvimento consciente desses profissionais, a realização do direito à educação da criança
e do adolescente certamente será mais facilmente alcançada.e do adolescente certamente será mais facilmente alcançada.
Outra questão é que, para a efetivação do Estatuto, novos atores, como o ConselhoOutra questão é que, para a efetivação do Estatuto, novos atores, como o Conselho
Tutelar Tutelar 
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– órgão permanente e autônomo, não jurisdicional – e o Ministério Público,– órgão permanente e autônomo, não jurisdicional – e o Ministério Público,passam a ser interlocutores dos agentes educacionaipassam a ser interlocutores dos agentes educacionais e das famílias. Essas mediações afetams e das famílias. Essas mediações afetam
o equilíbrio das relações de poder dentro das escolas, das famílias o equilíbrio das relações de poder dentro das escolas, das famílias e entre escolas e famílias.e entre escolas e famílias.
Conflitos antes tratados na esfera privada Conflitos antes tratados na esfera privada ganham os holofotes e os rigores da esfera públganham os holofotes e os rigores da esfera pública.ica.
 Atualiz Atualizando ando os os marcos marcos existexistentesentes, , o o Plano Plano de de Metas Metas ComproCompromisso misso TTodos odos pela pela EducaçãEducação,o,
do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), formalizado pelo Decreto nº 6.094,do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), formalizado pelo Decreto nº 6.094,
de 24/4/2007, reforça a importância da participação das de 24/4/2007, reforça a importância da participação das famílias e da comunidade na famílias e da comunidade na buscabusca
da melhoria da qualidade da educação básica. O Plano de Metas estabelece as seguintesda melhoria da qualidade da educação básica. O Plano de Metas estabelece as seguintes
diretrizes para gestores e profissionais da Educação:diretrizes para gestores e profissionais da Educação:
“XIX –“XIX – divulgar na escola e na comunidade os dados relativos à área dadivulgar na escola e na comunidade os dados relativos à área da
educação, comeducação, com ênfase no Índênfase no Índice de Desenvolvimento ice de Desenvolvimento da Educação Básica –da Educação Básica –
Ideb, referido no art. 3º;Ideb, referido no art. 3º;
 XX  XX –– acompanhar e avaliar, com participação da comunidade e doacompanhar e avaliar, com participação da comunidade e do
Conselho de Educação, as políticas públicas na área de educação e garantir condiçConselho de Educação, as políticas públicas na área de educação e garantir condições,ões,
sobretudo institucionais, de continuidade das ações sobretudo institucionais, de continuidade das ações efetivas, preservando a memóriaefetivas, preservando a memória
daquelas realizadas;daquelas realizadas;
 XXI – XXI – zelar pela transparência da gestão pública na zelar pela transparência da gestão pública na área da educação, garantindo oárea da educação, garantindo o
 funcioname funcionamento efento efetivo, autivo, autônomo tônomo e articulade articulado dos o dos conselhos conselhos de contde controle socrole social; (...ial; (...))
 XXIV – XXIV – integrar os programas da área da educação com os de outras áreas comointegrar os programas da área da educação com os de outras áreas como
saúde, esporte, assistência social, cultura, dentre outras, com saúde, esporte, assistência social, cultura, dentre outras, com vista ao fortalecimentovista ao fortalecimento
da identidade do educando com sua escola;da identidade do educando com sua escola;
 XXV  XXV ––  fomenta fomentar r e e apoiar apoiar os os conselhconselhos os escolarescolares, es, envolvenenvolvendo do as as famílfamílias ias dosdos
educandos, com as atribuições, dentre outras, de zelar pela manutenção educandos, com as atribuições, dentre outras, de zelar pela manutenção da escola eda escola e
pelo monitoramento das ações e consecução das metas do compromisso;pelo monitoramento das ações e consecução das metas do compromisso;
 XXVI  XXVI –– transf transformar ormar a ea escola scola num num espaço espaço comunitcomunitário ário e me manter anter ou ou recuperecuperar rar aqueleaqueless
espaços e equipamentos públicos da cidade que possam ser utilizados pelaespaços e equipamentos públicos da cidade que possam ser utilizados pela
comunidade escolar”.comunidade escolar”.
Diretrizes doDiretrizes do
Plano de MetasPlano de Metas
14. O Conselho Tutelar não possui capacidade legal de interferência em assuntos internos da escola. No entanto, ele pode verificar, por 14. O Conselho Tutelar não possui capacidade legal de interferência em assuntos internos da escola. No entanto, ele pode verificar, por 
exemplo, a frequência e o aproveitamento escolar de determinada criança ou adolescente. Não para interferir na escola, mas para determinar exemplo, a frequência e o aproveitamento escolar de determinada criança ou adolescente. Não para interferir na escola, mas paradeterminar 
aos pais ou ao responsável as aos pais ou ao responsável as medidas para a correção das insuficiências (artigo 129, inciso V). medidas para a correção das insuficiências (artigo 129, inciso V). O que se percebe na O que se percebe na prática é que em muitasprática é que em muitas
ocasiões basta que os pais sejam orientados com relação às suas obrigações para reverter a ausência dos alunos.ocasiões basta que os pais sejam orientados com relação às suas obrigações para reverter a ausência dos alunos.
  
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NNOVOVASAS FROFRONTENTEIRAIRASS ESCESCOLA OLA --FAMÍLIA FAMÍLIA 
No movimento histórico apresentado anteriormente, vimos que houve transferênciaNo movimento histórico apresentado anteriormente, vimos que houve transferência
de parte das funções educativas da esfera familiar para a estatal. Nesse deslocamento, aode parte das funções educativas da esfera familiar para a estatal. Nesse deslocamento, ao
mesmo tempo em que o saber familiar, sobretudo das famílias pobres, foi desqualificado,mesmo tempo em que o saber familiar, sobretudo das famílias pobres, foi desqualificado,
ocorreu a profissionalização das funções educativas, reorganizando a ocorreu a profissionalização das funções educativas, reorganizando a interseção de funçõesinterseção de funções
e responsabilidades entre as famílias e as escolas.e responsabilidades entre as famílias e as escolas.
É importante ressaltar que ainda hoje mães, pais e os demais agentes escolares seÉ importante ressaltar que ainda hoje mães, pais e os demais agentes escolares se
encontram em condições bastante distintas dentro do processo educativo. Como instituiçãoencontram em condições bastante distintas dentro do processo educativo. Como instituição
do Estado encarregada legalmente de conduzir a educação formal, a escola, por meio dedo Estado encarregada legalmente de conduzir a educação formal, a escola, por meio de
seus profissionais, tem a prerrogativa de distribuir os diplomas que seus profissionais, tem a prerrogativa de distribuir os diplomas que certificam o domínio decertificam o domínio de
conteúdos considerados socialmente relevantes. Esses certificados são pré-requisitos paraconteúdos considerados socialmente relevantes. Esses certificados são pré-requisitos para
estudos futuros e credenciais importantes no acesso das pessoas às estudos futuros e credenciais importantes no acesso das pessoas às diferentes posições dediferentes posições de
 trabalho na sociedade. trabalho na sociedade.
Essas duas instituições, que deveriam manter um espaço de interseção por estaremEssas duas instituições, que deveriam manter um espaço de interseção por estarem
incumbidas da formação de um mesmo sujeito, podem, dependendo das circunstâncias,incumbidas da formação de um mesmo sujeito, podem, dependendo das circunstâncias,
se distanciar até chegar a uma cisão. Normalmente, quando o aluno aprende, tira boasse distanciar até chegar a uma cisão. Normalmente, quando o aluno aprende, tira boas
notas e se comporta adequadamente, mães, pais e professores se sentem como agentesnotas e se comporta adequadamente, mães, pais e professores se sentem como agentes
complementares, corresponsáveis pelo sucesso. Todos compartilham os louros daquelacomplementares, corresponsáveis pelo sucesso. Todos compartilham os louros daquela
 vitória vitória. . Mas, Mas, quando quando os os alunos alunos ficam ficam indiscindisciplinaiplinados dos ou ou têm têm baixo baixo rendimerendimento nto escolar,escolar,
começam as disputas em torno da divisão de responsabilidades pelo insucesso.começam as disputas em torno da divisão de responsabilidades pelo insucesso.
O insucesso escolar deveria suscitar a análise O insucesso escolar deveria suscitar a análise de causas dos problemas que interferiramde causas dos problemas que interferiram
na aprendizagem, avaliando o peso das condições escolares, familiares e individuais dona aprendizagem, avaliando o peso das condições escolares, familiares e individuais do
aluno. O que se constata é que, em vez disso, o comportamento mais comum diante aluno. O que se constata é que, em vez disso, o comportamento mais comum diante dodo
 fracasso escolar  fracasso escolar é a é a atribuição de atribuição de culpas, que culpas, que geralmente provoca o geralmente provoca o afastamento mútuo.afastamento mútuo.
Para ilustrar essa questão, colocamos lado a lado duas falas recorrentes nas entrevistasPara ilustrar essa questão, colocamos lado a lado duas falas recorrentes nas entrevistas
realizadas para este estudo:realizadas para este estudo:
– Dos professores, ouvíamos– Dos professores, ouvíamos:: “os pais dos alunos que mais precisam de ajuda são“os pais dos alunos que mais precisam de ajuda são
sempre os mais difíceis de trazer até a sempre os mais difíceis de trazer até a escola”.escola”.
– Dos pais desses alunos que mais precisam, ouvíamos: “nós, que mais precisamos– Dos pais desses alunos que mais precisam, ouvíamos: “nós, que mais precisamos
de ajuda, somos os mais cobrados pelas escolas”de ajuda, somos os mais cobrados pelas escolas”..
E uns não escutam os outros.E uns não escutam os outros.
Neste jogo de busca de culpados, a Neste jogo de busca de culpados, a assimetria de poder entre profissionais da educaçãoassimetria de poder entre profissionais da educação
e familiares costuma pesar a favor dos educadores, principalmente quando temos, de ume familiares costuma pesar a favor dos educadores, principalmente quando temos, de um
lado, os detentores de um saber técnico e, de outro, sujeitos de uma cultura iletrada.lado, os detentores de um saber técnico e, de outro, sujeitos de uma cultura iletrada.
Novamente, se essas diferenças são convertidas em desigualdade, a distância entre algunsNovamente, se essas diferenças são convertidas em desigualdade, a distância entre alguns
 tipos  tipos de famílias de famílias e as e as escolas escolas que seus que seus filhos frequefilhos frequentam se ntam se amplia. Pamplia. Podemos odemos dizer que dizer que usar usar 
a assimetria de poder para transferir da escola para a assimetria de poder para transferir da escola para o aluno e sua família o aluno e sua família o peso do fracassoo peso do fracasso
 transforma  transforma pais, pais, mães, mães, professores, professores, diretores diretores e ae alunos lunos em em antagonistas, antagonistas, afastando afastando estesestes
últimos da garantia de seus direitos educacionais. É uma últimos da garantia de seus direitos educacionais. É uma armadilha completa.armadilha completa.
  
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Mas seria possível, ou desejável, anular a Mas seria possível, ou desejável, anular a assimetria entre os familiares dos alunos e assimetria entre os familiares dos alunos e osos
profissionais da educação? Entendemos que por trás da assimetria há diferenças reais. Osprofissionais da educação? Entendemos que por trás da assimetria há diferenças reais. Os
educadores escolares são profissionais especializados que têm autorização formal paraeducadores escolares são profissionais especializados que têm autorização formal para
ensinar e, conforme já mencionado, para emitir certificações escolares. Eles formam umensinar e, conforme já mencionado, para emitir certificações escolares. Eles formam um
coletivo com interesses profissionais e institucionais a zelar, enquanto os familiares, geralmentecoletivo com interesses profissionais e institucionais a zelar, enquanto os familiares, geralmente
pouco organizados, são movidos por interesses individuais centrados na defesa do próprio filho.pouco organizados, são movidos por interesses individuaiscentrados na defesa do próprio filho.
Mais recentemente, além de representantes dos filhos, os familiares têm sido estimuladosMais recentemente, além de representantes dos filhos, os familiares têm sido estimulados
– inclusive pela legislação educacional – a i– inclusive pela legislação educacional – a interagir com os profissionais da educação tambémnteragir com os profissionais da educação também
como cidadãos que compõem a esfera pública da instituição escolar. A participação emcomo cidadãos que compõem a esfera pública da instituição escolar. A participação em
conselhos escolares (ou associaçconselhos escolares (ou associações de pais e mestres), em conselhos do Fundebões de pais e mestres), em conselhos do Fundeb1515, conselhos, conselhos
de merenda etc. é parte desta tarefa de representação da sociedade civil e de controlede merenda etc. é parte desta tarefa de representação da sociedade civil e de controle
social. Essa dupla função – representante do filho social. Essa dupla função – representante do filho e representante da comunidade – torna maise representante da comunidade – torna mais
complexa a delimitaçãcomplexa a delimitação dos lugares reservados aos pais e mães na escola, mas abre possibi-o dos lugares reservados aos pais e mães na escola, mas abre possibi-
lidades importantes de exercício democrático de participação que podem lidades importantes de exercício democrático de participação que podem beneficiar todos.beneficiar todos.
Quando falamos em interação, pensamos em atores distintos que têm algum grau deQuando falamos em interação, pensamos em atores distintos que têm algum grau de
reciprocidade e de abertura para o diálogo. Nessa perspectiva, é importante identificar ereciprocidade e de abertura para o diálogo. Nessa perspectiva, é importante identificar e
negociarnegociar, em cada , em cada contexto, os papéis que vão ser contexto, os papéis que vão ser desempenhados e as responsabilidadesdesempenhados e as responsabilidades
específicas entre escolas e famílias. Por exemplo, considera-se que o ensino é uma atribuiçãoespecíficas entre escolas e famílias. Por exemplo, considera-se que o ensino é uma atribuição
prioritariamente da escola. Esta, porém, divide essa responsabilidade com as famílias,prioritariamente da escola. Esta, porém, divide essa responsabilidade com as famílias,
quando prescreve tarefas para casa e espera que os quando prescreve tarefas para casa e espera que os pais as acompanhem. Em um pais as acompanhem. Em um contextocontexto
de pais pouco escolarizados, com jornadas de trabalho de pais pouco escolarizados, com jornadas de trabalho extensas e com pouco tempo paraextensas e com pouco tempo para
acompanhar a vida escolar dos filhos, essa divisão pode mostrar-se ineficaz. Por isso, daacompanhar a vida escolar dos filhos, essa divisão pode mostrar-se ineficaz. Por isso, da
mesma forma como procura diagnosticar as dificuldades pedagógicas dos alunos paramesma forma como procura diagnosticar as dificuldades pedagógicas dos alunos para
atendê-los de acordo com suas necessidades individuais, a escola deve identificar asatendê-los de acordo com suas necessidades individuais, a escola deve identificar as
condições de cada famílcondições de cada família, para então negociar, ia, para então negociar, de acordo com seus limites e possibilde acordo com seus limites e possibilidades,idades,
a melhor forma de ação conjunta. Assim como não é produtivo exigir que um aluno coma melhor forma de ação conjunta. Assim como não é produtivo exigir que um aluno com
dificuldades de aprendizagem cumpra o mesmo plano de trabalho escolar dos que não têmdificuldades de aprendizagem cumpra o mesmo plano de trabalho escolar dos que não têm
dificuldades, não se deve exigir das famílias dificuldades, não se deve exigir das famílias mais vulneráveis aquilo que elas mais vulneráveis aquilo que elas não têm para dar.não têm para dar.
 VI – TIPOS IDENTIFICADOS DE RELAÇÃO DAS VI – TIPOS IDENTIFICADOS DE RELAÇÃO DAS
ESCOLAS COM ESCOLAS COM AS FAS FAMÍLIASAMÍLIAS
O levantamento realizado para este estudo revelou ser pequeno o número deO levantamento realizado para este estudo revelou ser pequeno o número de
iniciativasiniciativas1616 (projetos, programas ou políticas) em curso no Brasil (projetos, programas ou políticas) em curso no Brasil desenhadas especificamentedesenhadas especificamente
para estimular a relação escola-família. Constatamos também que várias experiências,para estimular a relação escola-família. Constatamos também que várias experiências,
15. Fundo de Manutenção e 15. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.de Valorização dos Profissionais da Educação.
16. Conforme já foi 16. Conforme já foi dito, foram localizadas e contatadas experiências propostas por Secretarias Municipais em dito, foram localizadas e contatadas experiências propostas por Secretarias Municipais em 18 municípios e 18 municípios e 14 experiências14 experiências
propostas por escolas sem coordenação da SME local.propostas por escolas sem coordenação da SME local.