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Autora: Profa. Raquel Gonçalves Octávio Colaboradoras: Profa. Silmara Maria Machado Profa. Christiane Mazur Doi Gestão da Escola de Educação Infantil Professora conteudista: Raquel Gonçalves Octávio Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. Mestre em Educação pela Universidade São Francisco. Graduada em Letras, Pedagogia, História e Psicologia. Como docente, ministra aulas em cursos de graduação e de pós‑graduação (lato sensu) na área da educação e psicologia. Na área de educação, trabalha como docente e pesquisadora em dois eixos temáticos, um referente aos processos de formação inicial e continuada de professores e outro concernente às práticas de leitura de professores e alunos. Nos dois eixos de atuação, utiliza aportes teóricos das áreas da educação, da psicologia e da sociologia. Atua, ainda, como secretária de Educação no município de Casa Branca, interior paulista. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) O21g Octávio, Raquel Gonçalves. Gestão da Escola de Educação Infantil / Raquel Gonçalves Octávio. – São Paulo: Editora Sol, 2025. 124 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517‑9230. 1. Gestão. 2. Planejamento. 3. PPP. I. Título. CDU 371.2 U521.50 – 25 Prof. João Carlos Di Genio Fundador Profa. Sandra Rejane Gomes Miessa Reitora Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração e Finanças Profa. M. Marisa Regina Paixão Vice-Reitora de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento Prof. Marcus Vinícius Mathias Vice-Reitor das Unidades Universitárias Profa. Silvia Renata Gomes Miessa Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal Profa. Laura Ancona Lee Vice-Reitora de Relações Internacionais Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Assuntos da Comunidade Universitária UNIP EaD Profa. Elisabete Brihy Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. M. Deise Alcantara Carreiro Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes Projeto gráfico: Revisão: Prof. Alexandre Ponzetto Lucas Ricardi Vitor Andrade Sumário Gestão da Escola de Educação Infantil APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 EDUCAÇÃO INFANTIL E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS CRIANÇAS ................................... 13 1.1 A educação de bebês e crianças de 0 a 5 anos nas políticas públicas e na legislação educacional: avanços e retrocessos ...................................................................... 16 2 FUNDAMENTAÇÃO E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO E DA GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................................................................................. 19 2.1 Gestão democrática na Educação Infantil ................................................................................. 28 3 QUEM SÃO OS PROFISSIONAIS QUE COMPÕEM A GESTÃO ESCOLAR E QUAIS SÃO AS SUAS FUNÇÕES? ................................................................................................................................. 32 3.1 Diretor e vice‑diretor escolar .......................................................................................................... 33 3.2 Coordenador pedagógico .................................................................................................................. 37 3.3 Orientador pedagógico ...................................................................................................................... 40 4 GESTÃO ESCOLAR PARA A FORMAÇÃO E IDENTIDADE DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................................................................................. 43 Unidade II 5 FUNDAMENTOS DE GESTÃO, PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................................................................................. 53 5.1 Projetos Político‑Pedagógicos em instituições de Educação Infantil ............................. 57 5.2 Planejamento e organização do trabalho escolar na creche ............................................. 59 5.3 Planejamento e organização do trabalho escolar na pré‑escola ..................................... 62 5.4 O compartilhamento da educação e do cuidado das crianças: tensões e possibilidades ............................................................................................................................................. 68 6 GESTÃO ESCOLAR E A RELAÇÃO COM AS FAMÍLIAS ......................................................................... 75 6.1 Formas de comunicação com as famílias ................................................................................... 76 6.2 Participação das famílias no conselho da escola de Educação Infantil ......................... 78 6.3 Participação das famílias na Associação de Pais e Mestres ................................................ 81 Unidade III 7 PROJETO POLÍTICO‑PEDAGÓGICO PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE: GARANTIA DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL ....................................................................................... 93 7.1 Inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais (NEE) ........................... 99 7.2 Relações étnico‑raciais e gênero na infância .........................................................................102 7.3 Cenas inspiradoras .............................................................................................................................106 8 A VEZ E A VOZ DAS CRIANÇAS: PROTAGONISMO INFANTIL .......................................................108 7 APRESENTAÇÃO Olá, aluno! Os temas abordados neste livro‑texto contemplam singularidades inerentes à fundamentação e aos princípios que orientam a Educação Infantil, bem como a gestão de creches e de pré‑escolas. São temas que estão diretamente alinhados com a concepção do curso de Pedagogia, que preconiza o incentivo à sólida formação geral e ao desenvolvimento da pessoa humana. Nosso objetivo é incentivar você, aluno, a fazer reflexões que subsidiem a formação de um profissional capaz de compreender e atuar no campo da Educação Infantil, articulando teoria e prática para enfrentar os desafios da gestão e da organização desse nível de ensino. De acordo com Libâneo (2004), a gestão pedagógica é caracterizada pelo conjunto de exercícios empreendidos pelos educadores, incluindo as famílias, para coordenar os diferentes elementos que, na unidade educacional, servem de mediadores das vivências e das aprendizagens. Esse conceito vai além da organização administrativa e burocrática, pois prioriza a articulação das práticas pedagógicas com o Projeto Político‑Pedagógico (PPP) da instituição. Logo, a gestão pedagógica não se limita às questões operacionais, mas envolve a construção constante e dinâmica de um ambiente de aprendizagem que reflete os princípios, os valores e os objetivos educacionais. Isto posto, vê‑se que esse processo implica a integração de todos os atores envolvidos no cotidiano escolar, como professores, gestores,promovendo uma educação de qualidade e criando um ambiente que favoreça o aprendizado, a convivência e o desenvolvimento integral dos alunos. Ela abrange aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e humanos, sempre considerando a participação ativa da comunidade escolar e o alinhamento com as diretrizes educacionais. No que tange a dimensão pedagógica, ela foca no processo de ensino e aprendizagem e envolve o planejamento curricular, o acompanhamento do desempenho dos alunos e a formação continuada dos professores. Ainda, é responsável por garantir a implementação do Projeto Político‑Pedagógico (PPP). Já a dimensão administrativa é responsável por organizar os recursos materiais, financeiros e logísticos da escola, a manutenção da infraestrutura, a aquisição de materiais e a gestão do orçamento, buscando eficiência nos processos operacionais da escola. E a dimensão financeira é responsável por gerenciar os recursos financeiros da escola de maneira transparente e responsável. Envolve a elaboração do orçamento, a captação de recursos e a prestação de contas e visa otimizar os investimentos para atender às necessidades educacionais. Convém mencionar a dimensão que envolve a gestão de pessoas, a qual trata do relacionamento com os profissionais da escola, promovendo um ambiente de trabalho saudável e colaborativo, e inclui a formação, motivação e avaliação da equipe escolar. No âmbito da gestão escolar estão os seus princípios, que englobam: • Participação: envolver todos os atores da comunidade escolar no planejamento e na tomada de decisões. • Transparência: garantir clareza e acesso às informações sobre o funcionamento da escola. 33 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL • Equidade: promover oportunidades iguais para todos os alunos e respeitar a diversidade. • Qualidade: buscar continuamente a melhoria dos processos e resultados educacionais. • Eficiência: utilizar os recursos disponíveis de forma otimizada para atingir os objetivos educacionais. Muitos são os desafios da gestão escolar, sobretudo para garantir a articulação entre as dimensões pedagógica e administrativa, gerenciar recursos limitados de forma eficiente, promover a formação contínua da equipe escolar, enfrentar desigualdades educacionais e sociais e estimular a participação ativa da comunidade escolar em um contexto democrático. Nesse contexto, uma gestão escolar eficaz impacta diretamente a qualidade da educação. Ela é essencial para criar um ambiente que promova o desenvolvimento integral dos alunos, incentive a inovação e a criatividade no processo de ensino, garanta a inclusão e o respeito à diversidade e fortaleça os laços entre a escola e a comunidade. Desta feita, a gestão escolar, ao integrar essas dimensões e princípios, tem o potencial de transformar a escola em um espaço de aprendizado, convivência e cidadania, contribuindo para a formação de indivíduos críticos e participativos. De acordo com Libâneo (2004), os profissionais que compõem a gestão escolar desempenham papéis vitais para o funcionamento eficiente da instituição de ensino. Esses profissionais atuam de forma articulada, integrando diferentes áreas e dimensões, com o objetivo de garantir a qualidade da educação e promover uma administração participativa e integrada. A gestão escolar é composta por profissionais que assumem funções específicas, mas complementares, garantindo que os aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e sociais sejam atendidos. A seguir, veremos os principais profissionais e suas funções. 3.1 Diretor e vice‑diretor escolar Pais Alunos Gestão Educadores Escola Figura 4 – Articulação de ações e práticas na escola 34 Unidade I Segundo Libâneo (2004), o diretor escolar é o principal líder da instituição de ensino, com a responsabilidade de articular, organizar e coordenar as diversas dimensões da gestão escolar. Sua atuação é essencial para garantir o funcionamento eficiente da escola, promover a qualidade do ensino e consolidar uma cultura de convivência democrática. No cenário brasileiro as funções do diretor escolar são regulamentadas por leis e normas, sendo sua principal responsabilidade a administração da escola para garantir o cumprimento da missão educacional. Essa função é embasada pela LDB, a Lei n. 9.394/96. Entre as principais funções do diretor escolar está a gestão pedagógica, a qual consiste em coordenar a elaboração, implementação e avaliação do PPP, bem como garantir a articulação entre professores, coordenadores pedagógicos e a comunidade escolar para melhorar os processos de ensino e aprendizagem e promover ações que valorizem o desenvolvimento integral dos alunos. O diretor também tem a função da gestão administrativa, que implica supervisionar a administração de recursos materiais e financeiros da escola, organizar e manter a infraestrutura escolar em condições adequadas para as atividades educativas e coordenar o planejamento e a execução do calendário escolar. No âmbito da gestão de pessoas, o diretor tem a função de liderar a equipe escolar, promovendo a integração entre os diferentes profissionais, incentivar a formação continuada dos professores e demais colaboradores e resolver conflitos e promover um ambiente de trabalho saudável e colaborativo. No que concerne à gestão financeira, o diretor tem a função de supervisionar o uso do orçamento escolar de forma eficiente e transparente e garantir a prestação de contas junto aos órgãos competentes e à comunidade escolar. Na esteira de suas funções, mencionamos questões relativas à gestão relacional e democrática, que tem a ver com a estimulação e a participação ativa de alunos, pais, professores e comunidade no planejamento e na tomada de decisões, como também a representação da escola perante a sociedade, estabelecendo parcerias e fortalecendo os vínculos com outras instituições. Ele deve, ainda, assegurar um ambiente escolar inclusivo, equitativo e participativo. Suas funções também preconizam o cumprimento de normas e diretrizes, no que tange a assegurar que a escola esteja em conformidade com as políticas educacionais vigentes, monitoramento e cumprimento das diretrizes curriculares e das legislações educacionais. Nesse contexto, o diretor deve apresentar características eficazes, as quais devem contemplar aspectos atrelados a uma liderança transformadora, a qual inspira e mobiliza a equipe para alcançar os objetivos educacionais. Deve apresentar também uma visão estratégica, que busca antecipar demandas e propor soluções inovadoras, habilidade de comunicação, que busca facilitar o diálogo entre os diferentes membros da comunidade escolar, e competência administrativa, para gerenciar recursos e processos com eficiência. E não podemos esquecer da empatia e resiliência para compreender as necessidades de alunos e colaboradores, enfrentando desafios com equilíbrio. 35 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Sendo assim, a figura diretor escolar é central na gestão educacional, pois atua como mediador entre as necessidades da escola, as políticas públicas e as expectativas da comunidade. Ele tem o papel de garantir que a instituição de ensino seja um espaço de aprendizado significativo, inclusão, convivência harmônica e formação cidadã. A liderança do diretor é um fator determinante para o sucesso da escola, pois sua atuação impacta diretamente a qualidade do ensino, a motivação da equipe escolar e o desempenho dos alunos. Como gestor, ele exerce um papel estratégico ao integrar diferentes dimensões da gestão escolar, garantindo que todas as ações estejam alinhadas aos objetivos pedagógicos e administrativos da instituição. Monção (2021) destaca que a liderança eficaz do diretor promove muitos resultados positivos, entre eles a qualidade do ensino, pois, ao supervisionar e apoiar o desenvolvimento do PPP, o diretor assegura que as práticas pedagógicas sejam coerentes e eficazes, gerando melhores resultados no aprendizado dos alunos. Ainda, a sua capacidadede articular professores e coordenadores pedagógicos permite a adoção de metodologias inovadoras e a superação de desafios educacionais. Promove também a equipe escolar, já que como líder é responsável por criar um ambiente de trabalho colaborativo e acolhedor, no qual professores e demais funcionários sintam‑se valorizados. E quando atua na resolução de conflitos e no fortalecimento das relações interpessoais, aumenta o engajamento dos colaboradores. Consequentemente, toda essa liderança positiva e eficaz acaba impactando diretamente o desempenho dos alunos, uma vez que um ambiente escolar bem gerido, com infraestrutura adequada e práticas pedagógicas eficientes, influencia diretamente o desempenho dos estudantes. Assim, o diretor, ao garantir um espaço seguro, inclusivo e democrático, favorece o desenvolvimento integral dos alunos, incentivando a aprendizagem e a cidadania. Por essas razões, o diretor é mais do que um gestor administrativo; ele é um agente essencial para transformar a escola em um espaço de aprendizado significativo, convivência saudável e formação cidadã. Sua liderança define o rumo e o alcance dos objetivos educacionais, tornando‑se uma peça‑chave para o sucesso escolar. Contudo, o diretor escolar não realiza a gestão da escola de forma isolada. Ele conta com o apoio de uma equipe composta por outros profissionais que, juntos, contribuem para o funcionamento eficiente da instituição e para o alcance de seus objetivos educacionais. Essa atuação conjunta permite a articulação entre as diferentes dimensões da gestão escolar e promove uma administração mais integrada e democrática. No próximo tópico, conheceremos as funções do coordenador pedagógico. Já o vice‑diretor, também chamado de assistente de direção, diretor adjunto ou diretor substituto, desempenha um papel fundamental na administração da escola. Ele é o principal apoio do diretor, auxiliando na gestão das atividades diárias e na execução das políticas educacionais. Suas atribuições podem incluir a coordenação de equipes pedagógicas e o acompanhamento do cumprimento de normas e regulamentos, além da tomada de decisões em situações emergenciais ou na ausência do diretor. 36 Unidade I O vice‑diretor tem um papel vital no funcionamento e na gestão escolar. Ele não apenas auxilia o diretor nas suas funções cotidianas, mas também assume uma série de responsabilidades próprias e, em casos de ausência do diretor, garante a continuidade da administração escolar. Ele é um elo importante entre a equipe pedagógica, os professores, os alunos e a comunidade escolar. Entre as responsabilidades dessa função destacam‑se às relacionadas à gestão administrativa e pedagógica, pois auxilia na organização administrativa da escola, como o acompanhamento de documentos e registros, controle de frequência de alunos e gestão de recursos. O vice‑diretor ainda participa no planejamento pedagógico, colaborando na implementação do currículo, no desenvolvimento de projetos educativos e na organização de atividades pedagógicas. No âmbito da gestão da disciplina, ele fica encarregado de questões disciplinares, resolvendo conflitos, orientando alunos e promovendo um ambiente escolar respeitoso e organizado. Também implementa políticas e práticas para a manutenção de um ambiente escolar saudável, com foco na convivência e no respeito mútuo. O vice‑diretor também acompanha o desenvolvimento das atividades pedagógicas, supervisionando aulas e observando o trabalho dos professores, e auxilia na avaliação e melhoria da qualidade do ensino, de modo a garantir que as metodologias aplicadas estejam alinhadas às diretrizes curriculares e aos objetivos da escola. Quando atua na gestão de projetos educacionais, pode ser encarregado de coordenar e implementar projetos educacionais, como feiras de ciências, eventos culturais, atividades extracurriculares, entre outros. Assim, envolve‑se na inovação de práticas pedagógicas e na integração de atividades interdisciplinares, com foco no desenvolvimento integral dos alunos. E, quando o diretor está ausente, ele faz a representação da direção, ou seja, a representação institucional, assumindo as funções do diretor em reuniões, eventos e decisões administrativas, de modo a garantir a continuidade da gestão escolar, sem comprometer o andamento das atividades e a resolução de questões urgentes. No mais, o vice‑diretor atua como intermediário entre a escola e as famílias, mantendo uma comunicação constante com os pais sobre o desempenho e a convivência dos alunos. Assim, facilita a participação da comunidade nas atividades escolares, promovendo a colaboração e o envolvimento de todos os envolvidos no processo educativo. No que tange ao perfil do vice‑diretor, ele deve ter habilidades de liderança, organização e comunicação eficaz. Ele deve ser capaz de lidar com diferentes situações e demandas de forma estratégica e colaborativa. A capacidade de trabalhar em equipe, a competência para lidar com questões administrativas e pedagógicas, e a habilidade de mediar conflitos são fundamentais para o sucesso dessa função. Ao exercer todas essas responsabilidades, o vice‑diretor contribui diretamente para a melhoria do ambiente escolar e para o fortalecimento da qualidade educativa na instituição. Há muitas instituições 37 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL de ensino que não têm um vice‑diretor escolar. Já há outras que chegam a ter três. O fator determinante para isso é o número de alunos da escola. Por conta disso, esse é um cargo sempre presente em redes públicas, que são as que têm mais alunos. Nelas, é comum que haja até um por turno. Já nas escolas particulares, esse profissional tende a aparecer apenas nas maiores, geralmente pertencentes a uma rede. Nesse caso, é possível que haja mais de um também. Se houver níveis de ensino divididos em diferentes prédios, por exemplo, pode haver um vice em cada um. É importante mencionar que, na maioria dos casos, o profissional que exerce essa função é escolhido ou indicado por alguém. Isso ocorre por várias razões, entre elas a confiabilidade e a lealdade: o diretor pode indicar alguém em quem confia e que compartilha seus valores e objetivos. Outra razão está atrelada às experiências e habilidades específicas que sejam necessárias para o cargo, bem como o fator continuidade, pois a indicação do vice‑diretor pode garantir a continuidade das políticas e dos projetos em andamento. Nesse contexto, o processo de indicação do vice‑diretor pode variar dependendo da instituição ou organização. Geralmente, envolve quatro fatores: • Análise de necessidades: o diretor ou a equipe de liderança identifica as necessidades e os desafios da instituição. • Seleção de candidatos: o diretor ou a equipe de liderança seleciona candidatos potenciais para o cargo. • Avaliação e entrevistas: os candidatos são avaliados e entrevistados para avaliar suas habilidades e experiências. • Indicação: o diretor ou a equipe de liderança indica o candidato escolhido para o cargo. Vê‑se que a indicação de um vice‑diretor é, sem dúvida, uma estratégia fundamental para preparar a instituição para o futuro, garantindo a continuidade e a estabilidade da gestão escolar. Essa figura de liderança não apenas exerce um papel de apoio ao diretor, mas também contribui significativamente para o desenvolvimento e a sustentabilidade da escola a longo prazo. 3.2 Coordenador pedagógico O coordenador pedagógico é um profissional essencial na gestão escolar, com foco na dimensão pedagógica. Sua atuação é voltada para acompanhamento, orientação e suporte aos professores e alunos, garantindo que o processo de ensino e aprendizagem esteja alinhado ao PPP da escola e às políticas educacionais vigentes. De acordo com Libâneo (2004, p . 75): O coordenador pedagógico ou professor‑coordenador supervisiona, acompanha, assessora, apoia, avalia as atividades pedagógico‑curriculares. 38 Unidade I Sua atribuição prioritária é prestar assistênciapedagógico‑didática aos professores em suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho interativo com os alunos. Outra atribuição que cabe ao coordenador pedagógico é o relacionamento com os pais e a comunidade, especialmente no que se refere ao funcionamento pedagógico‑curricular e didático da escola e comunicação e interpretação da avaliação dos alunos. Isto posto, vê‑se que as principais funções do coordenador pedagógico englobam o planejamento pedagógico, principalmente nos aspectos quem envolvem a coordenação, elaboração e implementação do planejamento pedagógico da escola, de modo a assegurar a coerência entre o currículo, o PPP e as práticas de ensino desenvolvidas em sala de aula. Ele também propõe estratégias para superar dificuldades no processo de aprendizagem. O coordenador ainda realiza ações de acompanhamento e avaliação, pois observa e avalia as práticas pedagógicas, oferecendo feedbacks construtivos aos professores, bem como monitora o desempenho acadêmico dos alunos e propõe intervenções pedagógicas quando necessário. Esse profissional também promove práticas de formação continuada para os professores, incentivando o aprimoramento de práticas educacionais, e atualiza a equipe sobre tendências pedagógicas, novas metodologias e diretrizes educacionais. Além disso, realiza mediação de conflitos entre professores, alunos e famílias, ajudando a resolver conflitos que possam surgir no ambiente escolar. Atua também como um facilitador de diálogos entre a comunidade escolar para garantir a harmonia e o bom relacionamento. Procura promover práticas pedagógicas inclusivas que respeitem as diversidades culturais, sociais e individuais dos alunos e desenvolve estratégias para atender às necessidades específicas dos estudantes, promovendo a equidade educacional. É importante mencionar que o coordenador também produz práticas de fomento à inovação pedagógica, pois incentiva o uso de tecnologias educacionais e metodologias inovadoras que enriqueçam o processo de ensino e aprendizagem e estimula a interdisciplinaridade e projetos que integrem diferentes áreas do conhecimento. Segundo Monção (2021), um coordenador pedagógico eficaz deve apresentar uma visão pedagógica ampla, pois deve compreender os processos de ensino e aprendizagem de forma global. Deve também ter habilidade de liderança, para inspirar e orientar a equipe docente, ter capacidade de comunicação, para facilitar o diálogo e a troca de ideias entre os membros da escola, ter empatia e sensibilidade, para entender e apoiar as necessidades de professores e alunos, e, por último, ter resiliência e organização, para lidar com desafios diários e manter o planejamento pedagógico em dia. Consequentemente, o coordenador pedagógico se apresenta como um elo entre a gestão escolar e os professores, sendo responsável por transformar diretrizes em práticas pedagógicas significativas. Ele tem um papel fundamental na qualidade do ensino, pois acompanha e orienta os professores, para melhorar continuamente suas práticas, e os apoia, de modo a oferecer suporte para superar desafios em sala de aula. 39 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Assim, ele atua no desenvolvimento dos alunos, garantindo que todos tenham oportunidades iguais de aprendizado e na consolidação do PPP, ajudando a escola a alcançar seus objetivos educacionais. A presença de um coordenador pedagógico competente é essencial para o sucesso da escola, pois ele desempenha um papel estratégico na criação de um ambiente de aprendizado eficaz, acolhedor e inclusivo. Sua atuação vai além do suporte técnico aos professores, pois envolve a mediação de relações, a promoção de inovações pedagógicas e a garantia de que o currículo seja executado de forma alinhada às diretrizes educacionais e às necessidades da comunidade escolar. Desse modo, o coordenador pedagógico tende a potencializar os resultados da escola, principalmente no que tange à qualidade do ensino, isso porque um coordenador competente trabalha para assegurar que os professores desenvolvam práticas pedagógicas significativas e inovadoras, aprimorando continuamente os processos de ensino e aprendizagem. Ele, ao acompanhar os indicadores de desempenho dos alunos, consegue propor intervenções pedagógicas que promovam a superação de dificuldades. Convém mencionar que práticas eficazes desse profissional também preveem o acolhimento e bem‑estar, de modo a promover um ambiente de trabalho colaborativo e acolhedor para professores e funcionários, fortalecendo o engajamento e a motivação da equipe. Ele ainda trabalha para que os alunos se sintam respeitados e apoiados, criando um espaço seguro para o desenvolvimento emocional e social. O fator da promoção da inclusão educacional também compõe as funções do coordenador, haja vista ele ter o compromisso de garantir que as práticas pedagógicas sejam adaptadas às necessidades dos alunos com deficiência, dificuldades de aprendizagem ou condições de vulnerabilidade, bem como valorizar as diversidades culturais, sociais e individuais, promovendo a equidade dentro do ambiente escolar. A promoção de um ambiente acolhedor também integra a lista de suas funções, pois estimula a escuta de ideias, tal qual a adoção de novas metodologias, ferramentas tecnológicas e práticas interdisciplinares que enriqueçam o aprendizado. São ações que estimulam e incentivam o desenvolvimento de projetos pedagógicos que envolvam toda a comunidade escolar. Isto posto, as funções impactam diretamente o fortalecimento do PPP, uma vez que o coordenador atua como guardião do PPP, assegurando que ele seja implementado de maneira efetiva e atualizado conforme as demandas educacionais e sociais. Nesse universo de ações funções, vê‑se que a competência do coordenador pedagógico, portanto, é um diferencial que impacta diretamente os resultados escolares. Seu trabalho reflete‑se na formação de cidadãos mais preparados, conscientes e inseridos em uma sociedade plural e democrática, reafirmando o compromisso da escola com a qualidade e a inclusão educacional. No que tange às suas competências para desempenhar suas funções com excelência, Libâneo (2004) nos informa que esse profissional deve ter habilidade de liderança, ou seja, inspirar e orientar a equipe docente; ter empatia e sensibilidade, para compreender as necessidades individuais de professores e alunos; ter visão pedagógica estratégica, ao planejar ações que promovam o ensino de qualidade; demonstrar capacidade de comunicação, para facilitar o diálogo entre os diferentes membros da escola; e se atualizar constantemente, se mantendo em sintonia com as novas tendências educacionais e as legislações vigentes. 40 Unidade I Diante dessas considerações, vê‑se que o coordenador pedagógico é um agente transformador no ambiente escolar. Sua atuação vai além de acompanhar o trabalho docente; ele desempenha um papel estratégico na construção de um ambiente de aprendizagem acolhedor, inovador e inclusivo. Com sua liderança, é possível alinhar os objetivos pedagógicos aos desafios contemporâneos, contribuindo significativamente para o sucesso da escola e para a formação integral. 3.3 Orientador pedagógico O orientador pedagógico, muitas vezes chamado de orientador educacional, é uma figura que desempenha um papel essencial na mediação entre os diferentes atores do ambiente escolar – alunos, professores, famílias e equipe gestora. Ele tem como foco promover o desenvolvimento integral dos estudantes, fortalecendo o processo de ensino‑aprendizagem e a qualidade do trabalho pedagógico. Dessa maneira, ele tem como principal função apoiar o processo de ensino‑aprendizagem, auxiliando estudantes, pais e professores em questões relacionadas ao desenvolvimento acadêmico, social e emocional dos alunos. Suas responsabilidades podem variar de acordo com o contexto da instituição de ensino, mas geralmente incluem o apoio psicológico e emocional, uma vez que esse profissional ajuda osalunos a lidar com questões emocionais, comportamentais e sociais que podem interferir no aprendizado, como ansiedade, bullying ou dificuldades familiares. Libâneo (2004) nos esclarece que o orientador pedagógico é uma peça‑chave para construir um ambiente educacional acolhedor, participativo e voltado para a formação de cidadãos críticos e conscientes de seu papel na sociedade. Esse profissional apresenta características que definem o seu papel de atuação. A seguir, listamos algumas de suas funções: • Facilitador do aprendizado, pois identifica desafios no processo educativo e trabalha para criar estratégias que promovam a inclusão, a superação de dificuldades e a melhoria contínua da aprendizagem. • Promotor do diálogo, já que é tido como um elo de comunicação entre a escola e as famílias, haja vista que promove um relacionamento saudável e colaborativo em prol do bem‑estar dos estudantes. • Apoiador da equipe docente, uma vez que orienta e acompanha os professores, propondo metodologias, reflexões e estratégias pedagógicas que favoreçam uma prática educativa eficiente e inovadora. • Mediador de conflitos, pois atua para resolver situações de conflito no ambiente escolar, seja entre alunos, entre professores ou entre alunos e professores, com foco no respeito e na convivência harmônica. 41 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL • Articulador do projeto pedagógico, já que ele participa da construção e execução do PPP, garantindo que ele fique alinhado às necessidades da escola e da comunidade escolar. • Incentivador do desenvolvimento humano, já que ele trabalha não apenas os aspectos acadêmicos, mas também as questões emocionais e sociais, entendendo que a educação é um processo integral e contínuo. À vista disso, vê‑se que o orientador pedagógico também desempenha um papel fundamental na educação, pois é responsável por apoiar e orientar os professores e alunos em questões relacionadas ao ensino e aprendizagem. Ele oferece suporte ao professor principalmente em ações relacionadas ao desenvolvimento de habilidades e conhecimentos dos docentes, melhorando a qualidade do ensino. Auxilia também no planejamento de aulas e gestão da sala de aula. Segundo Longo e Pereira (2011, p. 5): Cabe ao orientador educacional, em sua prática educativa com os professores, assessorá‑los no acompanhamento e compreensão de sua turma, integrar‑se às diversas disciplinas visando ao desenvolvimento de um trabalho comum e à formulação das habilidades didático‑pedagógicas a serem desenvolvidas com os alunos. No que se refere ao suporte aos alunos, esse profissional auxilia na orientação acadêmica, no apoio emocional e no desenvolvimento de habilidades. E quanto às contribuições à escola como um todo, o seu suporte tende a impactar diretamente a melhoria da qualidade do ensino, o desenvolvimento de políticas educacionais e a avaliação e melhoria contínua. Longo e Pereira (2011) ainda ressaltam um aspecto crucial do papel do orientador educacional, que vai além da prática pedagógica dentro da escola, incluindo a construção de uma rede de apoio e comunicação entre a escola, a família e a comunidade. Esse envolvimento do orientador educacional com os pais e responsáveis visa criar um ambiente de colaboração, no qual as necessidades do aluno são focadas de maneira integral, considerando suas necessidades e potencialidades. Ao orientar, ouvir e dialogar com os pais, o orientador fortalece a parceria entre a escola e a família, possibilitando que ambos os lados fiquem alinhados quanto ao desenvolvimento e à aprendizagem dos estudantes. Essa inter‑relação é fundamental para o sucesso educacional, pois permite uma abordagem mais holística, que considera o aluno em seus múltiplos contextos e fortalece o suporte necessário para seu crescimento acadêmico e sua formação integral. Ademais, a colaboração com a comunidade amplia as possibilidades de recursos e apoio, favorecendo a criação de um ambiente educacional mais acolhedor e participativo. O trabalho conjunto do orientador com a família e a comunidade contribui para o desenvolvimento de estratégias que atendam às necessidades dos alunos e para o fortalecimento do papel da escola como um agente de transformação social. 42 Unidade I O orientador pedagógico, de fato, tem ainda responsabilidade não apenas de apoiar o processo de ensino‑aprendizagem, bem como de se comprometer com a evolução constante de seus conhecimentos. Esse comprometimento envolve a busca por atualização em teorias e práticas contemporâneas que se mostram detalhadas, atendendo às demandas de tempos e espaços. Destarte, o orientador pedagógico deve estar alinhado com os objetivos educacionais que transcendem a formação acadêmica, promovendo o desenvolvimento de habilidades e valores que contribuem para a construção da cidadania e o fortalecimento do papel social do indivíduo. Isso significa que, ao agir, o orientador precisa considerar não apenas as questões pedagógicas e acadêmicas, mas também o impacto social da educação. Essa perspectiva amplia a visão do papel do orientador pedagógico, que deve estar atento tanto aos avanços teóricos e metodológicos quanto às necessidades sociais e individuais dos alunos, buscando sempre um equilíbrio entre todos os envolvidos no processo de ensinar e aprender. Diante do exposto, vê‑se que o orientador pedagógico desempenha um papel crucial no processo educacional, funcionando como um elo de apoio entre os professores, os alunos e a gestão escolar. Ele contribui diretamente para a qualidade do ensino, para o desenvolvimento contínuo da instituição e para a promoção de um ambiente educacional mais eficaz, inclusivo e acolhedor. Desta feita, o orientador pedagógico apresenta‑se como uma peça‑chave para a qualidade educacional de uma instituição. Seu trabalho é fundamental para o suporte aos professores, para o acompanhamento dos alunos e para a gestão do ambiente escolar como um todo. Ele contribui para a criação de um espaço educacional mais integrado, coeso e voltado ao desenvolvimento integral de cada aluno, apoiando a constante evolução da instituição. Figura 5 – Identidade de profissionais da Educação Infantil Disponível em: https://tinyurl.com/5c4a926u. Acesso em: 20 mar. 2025. 43 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL 4 GESTÃO ESCOLAR PARA A FORMAÇÃO E IDENTIDADE DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL A gestão escolar desempenha um papel fundamental na formação e na construção da identidade dos profissionais da educação, haja vista a gestão apresentar‑se como referência para os profissionais da escola, tanto referência positiva como negativa. Ela exerce uma influência direta nas práticas pedagógicas, nas condições de trabalho e no ambiente educacional como um todo, sendo um fator essencial para a qualidade do ensino. No domínio das referências positivas, a gestão escolar atua como um modelo para os profissionais de Educação Infantil ao estabelecer diretrizes claras, criar um ambiente de apoio e incentivar a formação continuada. Para mais, ela define os princípios e as práticas pedagógicas que propendem a orientação de ações dos educadores, alinhando‑se às necessidades das crianças e às demandas da comunidade escolar. Além disso, uma gestão escolar eficaz respeita a diversidade de saberes dos educadores, criando um ambiente de trabalho colaborativo e acolhedor. Esse espaço favorece a construção de uma identidade profissional sólida, em que os educadores se sentem valorizados e motivados a contribuir para o processo. E essa situação não é diferente no contexto da Educação Infantil. Sendo assim, ela é responsável por criar um ambiente pedagógico e organizacional que favoreça o desenvolvimento não apenas das crianças, mas também dos educadores que trabalham diretamente com elas. Isso inclui a promoção de condições adequadas de trabalho, a valorização profissional, o apoio contínuo ao desenvolvimento pedagógico e a criação de uma cultura escolar que respeite e potencializeas práticas da Educação Infantil. Isto posto, essa gestão está intimamente atrelada à formação dos profissionais de Educação Infantil, a qual, segundo Monção (2021), deve ser vista como um processo contínuo, pois suas funções vão além das ações de planejamento, coordenação e direção. A construção da identidade do profissional/gestor que atua na Educação Infantil não se limita apenas às formações institucionais formais, mas também se apoia em saberes, vivências e experiências acumuladas no dia a dia da prática educativa. Isso implica que o processo de desenvolvimento profissional é enriquecido por uma visão holística e contextualizada, que considera tanto a teoria quanto a experiência prática vivida dentro da escola. Essa perspectiva mais ampla permite que os profissionais, sejam educadores ou gestores, compreendam melhor o contexto da Educação Infantil, que envolve a atenção da criança de 0 a 5 anos, com suas necessidades específicas de desenvolvimento cognitivo, emocional e social. A reflexão contínua sobre as exigências atuais para atender a essa faixa etária é essencial, pois o campo da Educação Infantil está em constante evolução, sendo necessário que os profissionais se adaptem e se capacitem de maneira a atender essas demandas. O fortalecimento da identidade do profissional de Educação Infantil também está condicionado à sua capacidade de construir práticas pedagógicas e de gestão que sejam mais democráticas, inclusivas e colaborativas. Ao compreendê‑la como uma etapa fundamental na formação humana, o educador 44 Unidade I e o gestor devem buscar constantemente formas de promover um ambiente escolar que respeite a diversidade das crianças, que permita a participação ativa da comunidade escolar e que garanta a igualdade de oportunidades entre todos. A Educação Infantil, como a primeira etapa da Educação Básica, desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral da criança, sendo responsável por aspectos cognitivos, sociais, emocionais e físicos fundamentais para sua formação. Nos últimos anos, houve uma transformação significativa em sua função social e política, refletida em uma maior valorização dessa etapa educacional. Essa mudança representa uma oportunidade ímpar para a gestão escolar alinhar e articular as diretrizes legais, sobretudo a BNCC (2018), com as demandas e necessidades que ora estão presentes na ambiência escolar. Ao articular os documentos legais às práticas pedagógicas, os gestores educacionais, sejam eles diretores, coordenadores pedagógicos ou orientadores, têm a oportunidade de planejar e implementar atividades significativas que respeitem as especificidades da Educação Infantil, de modo a promoverem um ambiente de aprendizagem mais envolvente e transformador. Nesse processo é essencial que se considerem não apenas as diretrizes normativas, mas também as concepções que fundamentam a gestão da Educação Infantil e as compreensões sobre o que é ser criança e o que se entende por desenvolvimento infantil. As concepções de gestão de Educação Infantil envolvem uma abordagem que vai além da administração administrativa e financeira; ela abrange práticas pedagógicas que respeitam e valorizam o desenvolvimento integral da criança. Consequentemente, a gestão deve ser focada na criação de um ambiente de aprendizagem acolhedor, estimulante e seguro, que favoreça o desenvolvimento cognitivo, social, emocional e físico das crianças. Nesse sentido, a gestão escolar precisa ser reflexiva, participativa e democrática, envolvendo todos os atores da comunidade escolar – professores, coordenadores pedagógicos, pais e responsáveis – no processo de construção de um projeto interdisciplinar e integrador. Essa abordagem de gestão deve considerar as especificidades da Educação Infantil, com a adaptação de conteúdos e métodos pedagógicos às características da faixa etária, que exijam estratégias mais lúdicas, interativas e contextualizadas. E mais, é fundamental que a gestão escolar esteja alinhada com os documentos legais e as diretrizes educacionais. A gestão de Educação Infantil deve ainda estar alinhada à concepção de criança que considera esse ser como sujeito ativo e protagonista de seu próprio processo de aprendizagem, com direitos, capacidades e necessidades próprias de fase de desenvolvimento. Essa visão implica compreender que a criança é um ser em constante construção, com um potencial imenso para aprender, explorar e interagir com o mundo ao seu redor. Além disso, a gestão deve considerar que a infância é uma etapa única e essencial na formação do ser humano, merecendo um olhar atento às suas especificidades. Sendo assim, a concepção de criança que 45 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL orienta a gestão da Educação Infantil, ao considerar a infância como uma etapa única e fundamental no processo de formação do ser humano, deve priorizar, sobretudo, o respeito aos direitos da criança. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, e as normativas e diretrizes para essa modalidade de ensino, a criança é um sujeito de direitos, o que significa que, além de ser destinatária de cuidados e afetos, ela tem direito a uma educação de qualidade, à proteção e à promoção do seu desenvolvimento integral. Assim, a gestão da Educação Infantil, bem como o perfil dos profissionais que trabalham nessa modalidade, precisam estar comprometidas em garantir que esses direitos sejam não apenas reconhecidos, mas efetivamente assegurados no ambiente escolar. Isso implica uma série de práticas que envolvem numerosas ações, em específico, o acesso à educação de qualidade. Logo, esses profissionais devem garantir que todas as crianças tenham acesso a uma educação que seja inclusiva, que respeitem suas diversidades e que promovam seu desenvolvimento de forma integral, ponderando suas necessidades cognitivas, emocionais, sociais e físicas. Isso envolve desde a organização do currículo até a escolha de metodologias pedagógicas que favoreçam o aprendizado significativo. Faz‑se mister mencionar ações em prol ao respeito à individualidade e ao desenvolvimento das crianças, pois cada criança é única e tem seu próprio ritmo de aprendizagem e desenvolvimento. Desta feita, esses profissionais devem criar um ambiente pedagógico que respeite essas individualidades, permitindo que as crianças se desenvolvam em seu próprio tempo e de acordo com suas próprias capacidades. Isso pode ser feito por meio de práticas pedagógicas diferenciadas, que incentivem a curiosidade e a autonomia das crianças, além de promoverem a inclusão e a participação ativa de todos no processo de aprendizagem. Sob tais entendimentos, vê‑se que a gestão escolar tende a contribuir significativamente para a formação e identidade de profissionais de Educação Infantil, em razão de desempenhar um papel fundamental na criação de ambientes que favoreçam o desenvolvimento pedagógico e o fortalecimento da prática profissional. A gestão escolar, ao investir em ações que favorecem a capacitação contínua dos educadores, na valorização do seu trabalho e no apoio às suas necessidades, contribui diretamente para a construção de uma identidade profissional sólida e segura. Além disso, ao promover um ambiente colaborativo, em que os educadores se sintam integrados e participantes do processo educativo, a gestão escolar reforça o comprometimento e a motivação dos profissionais com o trabalho que desempenham. Outro aspecto crucial é a promoção de uma cultura de respeito e valorização das práticas pedagógicas, o que resulta na confiança dos educadores em suas próprias habilidades e na realização de uma prática pedagógica de qualidade. A gestão escolar atua, portanto, como uma força estruturante e dinamizadora, que não só organiza e orienta a rotina escolar, mas também contribui para a formação de uma identidade profissional que é continuamente reconfigurada por meio da experiência e da reflexão sobre a prática educativa. 46 Unidade I Em síntese,a gestão escolar exerce um papel essencial na construção e na consolidação da identidade dos profissionais de Educação Infantil, ao criar as condições necessárias para que esses educadores se sintam preparados, valorizados e inseridos em um processo coletivo de formação e melhoria constante da educação. Exemplos de aplicação Exemplo 1. Na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando‑lhes os direitos de: I – conviver; II – brincar; III – participar; IV – refletir; V – expressar‑se; VI – interagir. Assinale a alternativa que contempla todos os objetivos assegurados dentro da BNCC: A) Somente as afirmativas I, II, III e V estão corretas. B) Somente as afirmativas II, III, IV e VI estão corretas. C) Somente as afirmativas III, IV, V e VI estão corretas. D) Somente as afirmativas I, III, V e VI estão corretas. E) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. Resolução A BNCC (Brasil, 2018) estabelece seis direitos de aprendizagem para que as crianças possam aprender e se desenvolver na Educação Infantil. São eles: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer‑se. Logo, a alternativa A está correta. 47 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Exemplo 2. A gestão democrática é um pilar para a organização e bom funcionamento das instituições de ensino, e adquire desafios adicionais quando se trata de implementar um modelo inclusivo. Assinale a opção que indica, corretamente, um dos principais obstáculos nesse caso: A) A falta de uma estrutura burocrática rígida e hierarquizada dificulta a tomada rápida de decisões. B) As demandas particulares de cada aluno exigem adaptações e personalizações constantes. C) O apego dos professores aos modelos tradicionais de ensino cria resistência às mudanças necessárias. D) A multiplicidade de vozes da comunidade escolar dificulta a implementação eficaz das ações inclusivas. E) A interferência das famílias nas decisões da escola retira a autonomia decisória da instituição de ensino. Resolução O apego dos professores aos modelos tradicionais de ensino pode, de fato, ser considerado um entrave à implementação de mudanças necessárias para melhorar a educação. Isso ocorre porque, quando os educadores estão muito ligados a práticas pedagógicas tradicionais e muitas vezes ultrapassadas, pode ser mais difícil incorporar novas metodologias, tecnologias ou abordagens que promovam uma educação mais inclusiva, dinâmica e adaptada às necessidades atuais dos alunos. Logo, a alternativa C está correta. Observação A gestão eficaz precisa ser centrada não só na organização e na estrutura da instituição, mas também na criação de um ambiente de aprendizagem acolhedor, estimulante e seguro. Esse tipo de gestão propõe um olhar atento às necessidades de desenvolvimento cognitivo, social, emocional e físico da criança, criando condições para que cada uma delas possa explorar seu potencial de maneira plena e respeitosa. Ao integrar esses aspectos, a gestão educacional promove a formação de cidadãos críticos e conscientes, respeitando a infância como uma fase única e fundamental na construção do ser humano. 48 Unidade I Saiba mais Leia mais sobre gestão escolar para a formação e identidade de profissionais da Educação Infantil na obra a seguir: LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: Alternativa, 2004. Disponível em: https://tinyurl.com/4brfekp2. Acesso em: 11 mar. 2025. 49 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Resumo Nesta unidade, vimos que os temas abordados neste livro‑texto contemplam singularidades da gestão escolar da Educação Infantil. Estudamos conceitos inerentes aos direitos fundamentais das crianças, sobretudo no contexto da Educação Infantil. Verificamos que, na Educação Infantil, os direitos das crianças são fundamentais para garantir o seu desenvolvimento integral e a promoção de um ambiente educativo inclusivo e acolhedor. Esses direitos estão garantidos por diversos documentos legais, como a Constituição Federal (1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (1990) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (2018), além de outras normas e diretrizes que asseguram um atendimento adequado às necessidades das crianças em sua primeira etapa educacional. Estudamos, ainda, assuntos relacionados à educação de bebês e de crianças de 0 a 5 anos nas políticas públicas e na legislação educacional no que tange aos avanços e aos retrocessos. Aprendemos que a educação de bebês e de crianças de 0 a 5 anos, no Brasil, tem sido um tema central nos debates da área, refletindo tanto ganhos quanto desafios persistentes em garantir a universalização e a qualidade do atendimento educacional nessa faixa etária. Abordamos conteúdos relativos à fundamentação e aos princípios da educação e da gestão da escola de Educação Infantil: vimos que eles são essenciais para a construção de um ambiente pedagógico que respeite o desenvolvimento integral das crianças, assegure seus direitos e favoreça a aprendizagem significativa. Para tal, a gestão democrática na Educação Infantil é mais do que importante e necessária, visto que promove a participação ativa de todos os envolvidos no processo educacional, como educadores, familiares, gestores e comunidade, assegurando que as decisões sejam tomadas de forma colaborativa e levando em consideração as necessidades e os interesses das crianças. Explicamos quem são os profissionais que compõem a gestão escolar e quais são as suas funções, visto que o sucesso de uma gestão democrática e de qualidade na Educação Infantil depende da atuação conjunta e eficiente desses profissionais, que desempenham papéis fundamentais para o desenvolvimento das crianças e para a criação 50 Unidade I de um ambiente escolar saudável e eficaz. Estamos falando do diretor, do vice‑diretor, do coordenador pedagógico e do orientador educacional, profissionais que desempenham funções essenciais na gestão e no desenvolvimento do trabalho pedagógico da Educação Infantil. Cada um tem um papel específico na estrutura escolar, mas todos têm em comum a responsabilidade de garantir que a instituição ofereça uma educação de qualidade, respeitando os direitos das crianças e promovendo um ambiente de aprendizagem positivo e inclusivo. Por fim, vimos conteúdos relativos à gestão escolar para a formação e a consolidação da identidade de profissionais de Educação Infantil. Esses conteúdos são fundamentais para compreender como a gestão pedagógica e as práticas de formação continuada influenciam a identidade profissional dos educadores, bem como o impacto dessas práticas no desenvolvimento da Educação Infantil de qualidade. A gestão escolar, quando bem estruturada, vai além da administração de recursos e de processos. Ela também tem um papel central na formação contínua dos profissionais, na construção da identidade e na valorização dos educadores que atuam com as crianças de 0 a 5 anos. Isto posto, nesta unidade, procuramos ensinar a você, aluno do curso de Pedagogia, que a gestão da escola de Educação Infantil é um componente essencial para garantir que as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade, que favoreça seu desenvolvimento integral e que respeite seus direitos e suas necessidades. Essa gestão envolve uma série de práticas administrativas, pedagógicas e de organização que devem ser articuladas de forma a criar um ambiente de aprendizagem seguro, acolhedor e estimulante. 51 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Exercícios Questão 1. Vimos, no livro‑texto, que a transformação mais significativa na história da Educação Infantil no Brasil ocorreu com a Constituição de 1988. Em relação a esse tema, avalie as asserções e a relação proposta entre elas: I – A Constituição de 1988 é um ponto de inflexão que chancela a Educação Infantil como parte da Educação Básica e considera‑a um direito da criança.porque II – Antes de 1988, a Educação Infantil era predominantemente vista como um serviço assistencialista voltado para atender às demandas das mulheres trabalhadoras, com foco no cuidado, e não na educação em si. Assinale a alternativa correta: A) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a asserção II. B) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a asserção I. C) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa. D) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira. E) As asserções I e II são falsas. Resposta correta: alternativa A. Análise da questão A Constituição de 1988 reconheceu a Educação Infantil como um direito da criança, e não apenas como uma necessidade da mulher trabalhadora. Trata‑se de um ponto de inflexão que chancela a Educação Infantil como parte da Educação Básica e considera‑a um direito da criança. De acordo com Silva (2020), a Constituição Federal de 1988 foi um marco fundamental para a Educação Infantil no Brasil ao garantir que essa etapa fosse reconhecida como parte integrante da Educação Básica, estabelecendo‑a como um direito da criança e um dever do Estado e da família. 52 Unidade I Questão 2. Vimos, no livro‑texto, que a Educação Infantil deve ser entendida como um direito que abrange não apenas o acesso, mas também a permanência em condições adequadas. Em relação aos direitos a serem garantidos na Educação Infantil, avalie os itens a seguir: I – Pluralidade cultural. II – Ambiente seguro e acolhedor. III – Brincadeiras e interações. IV – Universalização da pré‑escola. São direitos a serem garantidos na Educação Infantil os citados em: A) I e II, apenas. B) III e IV, apenas. C) I, II e III, apenas. D) II, III e IV, apenas. E) I, II, III e IV. Resposta correta: alternativa E. Análise da questão Entre os direitos a serem garantidos na Educação Infantil, temos os que seguem: • Pluralidade cultural: devem ser respeitadas as diferenças culturais, sociais e linguísticas das crianças e das suas famílias. • Ambiente seguro e acolhedor: devem existir espaços que promovam o bem‑estar físico e emocional da criança. • Brincadeiras e interações: o brincar deve ser reconhecido como um direito central da infância e como um elemento essencial no processo de aprendizagem. • Universalização da pré-escola: o PNE e as políticas locais reforçam a universalização da pré‑escola (4 e 5 anos) e a ampliação do atendimento em creches (0 a 3 anos).alunos e famílias, de maneira colaborativa e reflexiva, articulando a promoção do desenvolvimento integral das crianças e a criação de uma cultura escolar que valorize o aprendizado, a participação, a inclusão e a equidade. A gestão pedagógica deve ser, portanto, um meio para garantir que as decisões pedagógicas sejam consistentes com as necessidades da comunidade escolar e com as diretrizes educacionais vigentes, permitindo que o projeto pedagógico seja constantemente revisado e alinhado às demandas cotidianas. Nesse sentido, é fundamental destacar a importância de formar educadores e gestores que compreendam as especificidades da infância e sua relação com os espaços educativos, sobretudo da Educação Infantil. De acordo com Ostetto (2018), a Educação Infantil, como primeira etapa da Educação Básica, exige um olhar atento e uma prática e gestão pedagógica que respeitem as singularidades das crianças, a fim de promover o desenvolvimento integral e em todas as suas dimensões: física, emocional, social e cognitiva. Essa abordagem solicita que educadores e gestores sejam capazes de criar ambientes educativos que valorizem as experiências infantis, promovam interações significativas e incentivem a autonomia das crianças. 8 Ostetto (2018) ainda evidencia que a prática pedagógica e de gestão na Educação Infantil deve ser pautada na escuta sensível e no respeito às expressões das crianças, reconhecendo‑as como sujeitos de direitos e protagonistas de suas aprendizagens. Essa perspectiva reforça a necessidade de um planejamento pedagógico que articule o brincar, as interações e as diversas linguagens como eixos centrais da prática. Assim, a formação inicial e continuada dos profissionais da Educação Infantil deve integrar teoria e prática, permitindo‑lhes enfrentar os desafios cotidianos da gestão e organização desse nível de ensino. Essa formação deve considerar não apenas os conhecimentos técnicos e científicos, mas também a capacidade de refletir criticamente sobre o contexto sociocultural. Na mesma perspectiva, Monção (2021) defende que a gestão da escola de Educação Infantil desempenha papel central na garantia de um ambiente educativo de qualidade, voltado para o desenvolvimento integral da criança. Trata‑se de um processo que envolve a organização, o planejamento e a articulação de práticas pedagógicas, administrativas e sociais, em consonância com os princípios da gestão democrática e participativa, que são preconizadas pela LDB (Lei n. 9394/96). Nesse contexto, esta disciplina apresenta como objetivos: • assegurar meios para que os estudantes possam compreender a fundamentação e os princípios da Educação Infantil e da gestão de creches e pré‑escolas; • problematizar o papel e as atribuições dos gestores educacionais e escolares no cenário das demandas da Educação Infantil na contemporaneidade; • descrever e analisar o cenário da Educação Infantil no Brasil na perspectiva das políticas públicas; • examinar e discutir a estrutura, a organização e a cultura das instituições escolares de Educação Infantil tendo como referência o princípio da gestão democrática; • analisar a organização e a gestão escolar na Educação Infantil (creches e pré‑escolas); • compreender as relações entre gestão e cotidiano da escola de Educação Infantil, de modo a problematizar o papel social da educação na sociedade contemporânea. Por meio dos objetivos propostos, nossa intenção é orientar seu olhar, enquanto aluno e futuro professor, oferecendo recursos que permitam compreender os fundamentos e os princípios que embasam a Educação Infantil e a gestão de creches e de pré‑escolas. Isso por meio de documentos norteadores, formativos e legais, com destaque para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasil, 2018), que, para a Educação Infantil, no Brasil, estabelece diretrizes e objetivos com o intuito de garantir o desenvolvimento integral das crianças de maneira alinhada às necessidades contemporâneas de formação. Para a Educação Infantil, a BNCC enfatiza o desenvolvimento intelectual das crianças, promovendo a aquisição de competências e de habilidades que são essenciais para o seu aprendizado e o seu crescimento. 9 É importante mencionar que essa modalidade de ensino, em especial a gestão dela, enquanto tema de pesquisas, segundo Monção (2021), ainda passa por estudos e processos de consolidação no Brasil e no mundo, situação que requer do gestor uma abordagem específica, sensível às necessidades e às singularidades da infância. Nesse contexto, este livro‑texto também objetiva estimular reflexões que fortaleçam sua capacidade de articular teoria e prática, promovendo uma visão ampla sobre a importância da Educação Infantil como base do desenvolvimento integral das crianças. Esperamos que, ao longo desta leitura, este material contribua para a formação de profissionais comprometidos com práticas educativas de qualidade e de gestão eficientes, alinhadas às demandas contemporâneas. Convidamos você a participar desse percurso formativo, refletindo e dialogando sobre os desafios e as possibilidades de envolvimento na gestão e nas políticas públicas da Educação Infantil. Juntos, poderemos construir um entendimento mais amplo e aprofundado das responsabilidades e das oportunidades que essa etapa educativa oferece, contribuindo para o aprimoramento da qualidade do ensino e para o desenvolvimento integral das crianças. Ótima leitura! 10 INTRODUÇÃO Esta disciplina visa apresentar a você, aluno do curso de Pedagogia, temas atinentes à gestão da Educação Infantil, como a gestão de políticas de Educação Infantil no Brasil e a gestão democrática nessa modalidade de ensino. Ainda, intenciona discorrer sobre a escola como espaço sociocultural, sobre a cultura e o cotidiano na escola de Educação Infantil: sujeitos, saberes, espaços, tempos e formas de organização. E, por fim, busca desenvolver aspectos relativos à relação entre educadores e famílias. Nessa perspectiva, evidencia‑se a relevância da disciplina no contexto atual, visto que a Educação Infantil no Brasil passa por desafios contínuos, principalmente relacionados à qualidade do ensino, ao acesso e à permanência de crianças em idade escolar, considerando sempre a diversidade. Logo, a formação de pedagogos com uma visão crítica e preparada para lidar com esses desafios é essencial para transformar o ambiente educacional. A disciplina contribui diretamente para essa formação ao preparar os alunos para atuarem de maneira competente em um contexto educacional que exige não apenas conhecimento pedagógico, mas também habilidades de gestão, acolhimento e colaboração. Assim, ao concluir esta disciplina, você estará apto a organizar e administrar espaços educativos que favoreçam o desenvolvimento integral das crianças, respeitando as diversidades e promovendo um ambiente de aprendizagem seguro, inclusivo e democrático. Para atingir os objetivos propostos na disciplina e oferecer conhecimentos e subsídios para a excelência da atuação profissional, este material está organizado em três unidades. Na unidade I, estudaremos aspectos relacionados ao cenário e à gestão escolar da Educação Infantil no Brasil, no que tange às fundamentações e aos princípios dessa modalidade, bem como a Educação Infantil e os direitos fundamentais das crianças. Veremos a educação de bebês e de crianças de 0 a 5 anos em termos de políticas públicas e de legislação educacional. Abordaremos os avanços, os retrocessos e as identidades profissionais da Educação Infantil: professor, coordenador, orientador educacional e diretor. Já na unidade II, estudaremos questões relativas às relações entre gestão e cotidiano da escola de Educação Infantil no que diz respeito aos fundamentos de gestão; ao planejamento e à organização da escola de Educação Infantil; aos projetos político‑pedagógicos em instituições de Educação Infantil; ao planejamento e à organização do trabalho escolar na creche; ao planejamento e à organização dotrabalho escolar na pré‑escola; ao compartilhamento da educação; ao cuidado das crianças (tensões e possibilidades); e à gestão escolar e sua relação com as famílias. Por fim, na unidade III, estudaremos práticas exitosas de gestão escolar na Educação Infantil, com enfoque no PPP para uma educação de qualidade. Abordaremos a garantia do desenvolvimento integral, a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais (NEE) e as relações étnico‑raciais e de gênero na infância. Os conteúdos deste livro‑texto são de extrema importância para você, aluno e futuro profissional da Educação Básica, uma vez que contemplam questões essenciais sobre a gestão da escola de Educação 11 Infantil. Esses conteúdos foram cuidadosamente elaborados para proporcionar uma compreensão aprofundada dos desafios e das responsabilidades que envolvem esse tipo de gestão, de modo a prepará‑lo para atuar com competência e comprometimento na formação das novas gerações. Ao longo deste material, exploramos aspectos teóricos, normativos e legais que visam fortalecer sua base de conhecimentos e oferecer subsídios para enfrentar as demandas cotidianas da profissão de gestor, as quais não se resumem apenas à gestão. Com isso, esperamos contribuir para sua formação integral, capacitando‑o a se tornar um pedagogo reflexivo, crítico e inovador, capaz de promover uma educação de qualidade e inclusiva. Bom estudo! 13 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade I 1 EDUCAÇÃO INFANTIL E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS CRIANÇAS Educação Infantil no Brasil é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal de 1988, e seu desenvolvimento tem sido acompanhado por políticas públicas que buscam expandir o acesso e melhorar a qualidade desse nível de ensino. No entanto, a realidade da Educação Infantil ainda enfrenta desafios em termos de acesso, qualidade e gestão. Para compreender a gestão escolar, nesse contexto, é essencial analisar o cenário atual da Educação Infantil no Brasil, os avanços conquistados, as dificuldades persistentes e as perspectivas de melhoria. Para começar a nossa conversa, é importante mencionar que a Educação Infantil no Brasil ocupa um papel central no desenvolvimento social, cognitivo e afetivo das crianças. A partir dessa perspectiva, a Educação Infantil tem como objetivo garantir a formação integral da criança, por meio de ações pedagógicas que favoreçam o seu desenvolvimento nas dimensões cognitiva, emocional, social e física. Isso está intimamente ligado ao cumprimento dos direitos fundamentais das crianças, que são essenciais para garantir um futuro mais justo, equitativo e inclusivo. A trajetória da Educação Infantil no Brasil reflete uma transformação significativa nas concepções sobre o papel das instituições de ensino voltadas para a primeira infância, desde um espaço voltado para o atendimento assistencialista até a concepção atual de um direito da criança, que visa um desenvolvimento integral. Esse percurso histórico está intimamente ligado ao contexto social, econômico e político do país, especialmente em relação ao papel da mulher no mercado de trabalho e às necessidades sociais da infância. Figura 1 – Educar, brincar e cuidar na Educação Infantil Disponível em: https://tinyurl.com/yzhk9bns. Acesso em: 20 mar. 2025. 14 Unidade I A transformação mais significativa na história da Educação Infantil no Brasil ocorreu com a Constituição de 1988, que passou a reconhecer essa modalidade de ensino como direito da criança, e não apenas uma necessidade da mulher trabalhadora. Esse marco legal é um ponto de inflexão que chancela a Educação Infantil como parte da Educação Básica e a considera um direito da criança. De acordo com Silva (2020), a Constituição Federal de 1988 foi um marco fundamental para a Educação Infantil no Brasil, ao garantir que essa etapa fosse reconhecida como parte integrante da Educação Básica, estabelecendo‑a como um direito da criança e um dever do Estado e da família. Sob essa perceptiva Silva (2020, p. 29) ainda reforça e nos alerta que questões relacionadas ao processo histórico fazem parte dessa garantia: Muitas vezes se menciona a Constituição Federal de 1988 e a LDB (1996) como marcos da Educação Infantil. Porém, nem sempre se lembra de fatos e acontecimentos anteriores, cujos desdobramentos repercutem na atualidade. O reconhecimento oficial da Educação Infantil como direito da criança pequena é fruto de um longo processo histórico, que só foi assumido pelo Estado, efetivamente, ao ser mencionada na Lei máxima do país. Antes de 1988, a Educação Infantil era predominantemente vista como um serviço assistencialista voltado para atender às demandas das mulheres trabalhadoras, com foco no cuidado, e não na educação em si. Com a Constituição houve uma mudança de paradigma ao enfatizar que a Educação Infantil deve promover o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Além disso, esse reconhecimento pavimentou o caminho para legislações complementares, como a LDB ou LDBEN de 1996, que regulamentou a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, destinada a crianças de 0 a 5 anos, e estabeleceu princípios pedagógicos voltados para o pleno desenvolvimento infantil, e também para o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990), Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (2010), Plano Nacional de Educação (Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014), BNCC (2018), entre outros. Essa transformação consolidou a visão de que a Educação Infantil é essencial para a formação integral da criança e deve ser garantida como um direito universal, independentemente de gênero, classe social ou contexto familiar. Com o reconhecimento da criança como cidadã de fato e de direito, o Estado assumiu a responsabilidade de oferecer uma educação pública e de qualidade que respeite sua condição de sujeito sócio‑histórico e cultural. Isso significa que a criança passa a ser vista em sua integralidade, demandando práticas pedagógicas que contemplem todas as dimensões de seu desenvolvimento: físico, emocional, social e cognitivo. 15 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL A ruptura com os modelos sanitarista e assistencialista, predominantes antes de 1988, foi essencial para que a Educação Infantil se distanciasse de abordagens que limitavam a escola à função de cuidado básico e vigilância. Logo, passa a haver um entendimento de que essa etapa deve ser orientada por práticas político‑pedagógicas comprometidas com o desenvolvimento integral da criança. Para esse desenvolvimento, a Educação Infantil deve ser entendida como um direito que abrange não apenas o acesso, mas também a permanência em condições adequadas, garantindo o que se lê no quadro a seguir. Quadro 1 – Garantia de direitos e ações na Educação Infantil Direitos Ações Ambiente seguro e acolhedor Espaços que promovam o bem‑estar físico e emocional da criança Brincadeiras e interações Reconhecendo o brincar como um direito central da infância e um elemento essencial no processo de aprendizagem Pluralidade cultural Respeitando as diferenças culturais, sociais e linguísticas das crianças e suas famílias Políticas públicas e universalização O Plano Nacional de Educação (PNE) e políticas locais reforçam a universalização da pré‑escola (4 e 5 anos) e a ampliação do atendimento em creches (0 a 3 anos). Tais políticas visam reduzir desigualdades e garantir igualdade de oportunidades para todas as crianças Educação como transformação social Ao garantir a Educação Infantil como direito fundamental, o Estado reconhece seu papel na promoção da equidade social, no fortalecimento das bases para o aprendizado ao longo da vida e na formação de cidadãos conscientes e participativos. Essa abordagem integrada faz da Educação Infantil uma ferramenta essencial para o desenvolvimento humano, para a redução de desigualdades e para a construção de uma sociedademais justa e inclusiva Isto posto, essa nova concepção de ensino necessita reconhecer a singularidade da criança, no que diz respeito a considerar sua trajetória de vida, cultura e contexto social, respeitando sua voz e protagonismo; promover o direito de brincar, de modo a valorizar o brincar como forma de expressão, aprendizagem e desenvolvimento; garantir um ambiente acolhedor e inclusivo, o qual promova interações saudáveis e estimule a autonomia e a criatividade; e integrar as múltiplas linguagens, ou seja, trabalhar aspectos pedagógicos pautados nas dimensões como a oralidade, a leitura, a escrita, a música, o corpo e a natureza. Toda essa transformação, fundamentada nos marcos legais e nas políticas públicas subsequentes, foi determinante para que a Educação Infantil se consolidasse como um espaço educativo e formador, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais equitativa, em que as crianças são reconhecidas como sujeitos de direitos desde a primeira infância. Silva (2020) informa que no cenário atual a Educação Infantil é vista como um direito da criança e um objetivo em si mesma, não mais apenas como uma etapa preparatória para o Ensino Fundamental. A ênfase está no desenvolvimento global da criança, considerando suas necessidades afetivas, cognitivas, motoras e sociais. A criança deve ser reconhecida como um sujeito de direitos, e a educação deve ser vista como um processo ativo e participativo, no qual a criança é protagonista do seu aprendizado, não mais apenas receptora de cuidados ou conhecimentos transmitidos passivamente. 16 Unidade I A gestão da Educação Infantil no cenário contemporâneo deve, portanto, segundo Silva (2020), ser orientada para o desenvolvimento integral das crianças, com práticas pedagógicas que promovam o brincar, o aprender pela experiência e o respeito às diversas formas de expressão e aprendizagem. A escola de Educação Infantil não é mais vista como um espaço apenas para guardar as crianças enquanto os pais trabalham, mas como um espaço de aprendizagem e socialização, onde se promovem as primeiras experiências educativas. Saiba mais Leia mais sobre o assunto nos documentos a seguir: BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: https://tinyurl.com/4cedb7bk. Acesso em: 10 mar. 2025. BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, 1990. Disponível em: https://tinyurl.com/mtd8danx. Acesso em: 10 mar. 2025. 1.1 A educação de bebês e crianças de 0 a 5 anos nas políticas públicas e na legislação educacional: avanços e retrocessos A educação de bebês e crianças de 0 a 5 anos tem sido alvo de avanços significativos nas últimas décadas, mas também enfrenta desafios e retrocessos no contexto das políticas públicas e da legislação educacional no Brasil. Nas últimas décadas, a Educação Infantil no Brasil, destinada a crianças de 0 a 5 anos, passou por importantes transformações que garantiram maior reconhecimento, acesso e qualidade dessa etapa da Educação Básica. Os avanços estão diretamente ligados a mudanças na legislação, políticas públicas e práticas pedagógicas. No que diz respeito aos avanços, mencionamos novamente os aspectos legais, em especial ao reconhecimento constitucional (1988), que consolidou a Educação Infantil como um direito da criança e um dever do Estado, rompendo com a visão assistencialista e sanitarista predominante até então, e estabeleceu a creche e a pré‑escola como parte da Educação Básica, ampliando sua relevância social. Outro avanço foi a regulamentação dada pela LDB (Brasil, 1996), que definiu a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, com foco no desenvolvimento integral da criança e no respeito à sua individualidade, e ressaltou o papel pedagógico dessa etapa, fixando diretrizes para o atendimento em creches (0 a 3 anos) e pré‑escolas (4 e 5 anos). 17 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Ainda na esteira dos avanços, citamos o PNE (2014‑2024), que em sua meta 1 estabeleceu a universalização da pré‑escola para crianças de 4 e 5 anos e a ampliação progressiva do atendimento em creches para pelo menos 50% das crianças de 0 a 3 anos. O referido plano ainda definiu a qualificação do atendimento, no que tange à formação continuada de professores, e melhorias na infraestrutura das unidades escolares têm sido prioridade em diversos estados e municípios, com incentivo ao uso de abordagens pedagógicas centradas no brincar, nas múltiplas linguagens e na interação social. Estabeleceu também práticas efetivas de equidade e inclusão pautadas em políticas voltadas para atender crianças de grupos vulneráveis, como as populações indígenas, quilombolas e crianças com deficiência, que têm ganhado força nos últimos anos. Nesse contexto de ampliação do acesso na Educação Infantil, vale mencionar a universalização da Pré‑Escola (4 e 5 anos), a qual tornou obrigatória a matrícula para crianças de 4 e 5 anos, conforme a Emenda Constitucional n. 59/2009 e a LDB (1996), garantindo maior alcance dessa etapa educacional. Destaque também para o aumento no atendimento em creches e políticas como o ProInfância, que ampliaram o número de creches públicas, beneficiando crianças de 0 a 3 anos, especialmente em comunidades de baixa renda. Importante informar que o ProInfância diz respeito ao Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil, instituído pela Resolução n. 6, de 24 de abril de 2007, e foi uma importante iniciativa do Ministério da Educação (MEC), integrada ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Seu objetivo principal é ampliar o acesso de crianças a creches e pré‑escolas, além de promover a melhoria da infraestrutura física das unidades de Educação Infantil em todo o Brasil. Os avanços também contemplaram a valorização do papel pedagógico da Educação Infantil, com destaque para as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), de 2010, as quais estabeleceram princípios e práticas que valorizam o brincar, as múltiplas linguagens e as interações, reconhecendo a criança como protagonista do processo educativo, e a BNCC, de 2018, que definiu direitos de aprendizagem e desenvolvimento para a Educação Infantil, estruturando uma abordagem pedagógica que respeita as especificidades dessa etapa. Silva (2020) menciona que para os avanços também foram preconizadas ações orçamentárias como a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) no ano de 2007, fato que, pela primeira vez no país, fez valer a representação de uma política de financiamento público para a Educação Infantil. Outro ponto de ação para garantir melhorias e eficiências na Educação Infantil foram os programas de formação de professores e profissionalização, bem como exigência de formação específica para atuar nessa modalidade de ensino. Assim, a LDB e as DCNEI passaram a exigir formação em Pedagogia ou áreas correlatas para professores da Educação Infantil e aumento de iniciativas de formação continuada para profissionais dessa etapa. Ações de inclusão e equidade para a atendimento às crianças com deficiência também ganharão potência para o avanço da Educação infantil, isso com a expansão de políticas para inclusão de crianças com NEE na Educação Infantil, com adaptações pedagógicas e infraestrutura acessível. Outras ações 18 Unidade I potentes foram as de valorização da diversidade cultural como ponto de defesa, isso com a promoção de práticas pedagógicas que respeitam e incorporam a diversidade cultural, étnica e social das crianças e suas famílias. No âmbito das ações de potencialização, verifica‑se o fortalecimento das políticas públicas – como já mencionado, o PNE (2014‑2024 – meta 1) –, programas federais e locais, iniciativas como o Bolsa Família eo Brasil Carinhoso ajudaram a garantir que crianças em situação de vulnerabilidade tivessem acesso à Educação Infantil. Vale mencionar, nesse contexto, a integração entre educação e cuidado, quanto à superação do modelo assistencialista, promovendo uma visão integral que considera a criança como um sujeito de direitos, com necessidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas a serem atendidas simultaneamente. Isto posto, verifica‑se que os avanços na Educação Infantil têm contribuído para a redução das desigualdades educacionais, promoção de uma base sólida para a aprendizagem ao longo da vida e fortalecimento da equidade social, com maior inclusão de crianças em situações de vulnerabilidade. Apesar dos desafios que persistem, os avanços conquistados representam passos fundamentais na consolidação da Educação Infantil como um direito essencial para o desenvolvimento humano e a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. No que tange às situações de retrocessos, há destaques para desafios de financiamento, uma vez que a Emenda Constitucional n. 95/2016, ao estabelecer o teto de gastos públicos, comprometeu o investimento em políticas educacionais, dificultando a ampliação e a manutenção de vagas em creches e pré‑escolas. No âmbito orçamentário, há que se evidenciar que os recursos são insuficientes para atender à demanda crescente, especialmente em áreas periféricas e comunidades rurais. Outro ponto de retrocessos refere‑se às desigualdades regionais. Apesar dos avanços, ainda há disparidades significativas no acesso à Educação Infantil entre regiões urbanas e rurais, bem como entre estados do Norte e Nordeste em relação ao Sul e Sudeste. Mencionamos aqui a retrocessão vinculada à descontinuidade de políticas, haja vista que a alternância de governos e as mudanças na prioridade dada à Educação Infantil causam descontinuidade na implementação de programas e projetos de longo prazo. Outro ponto que causa retrocesso está vinculado às políticas que valorizam o aspecto assistencialista em detrimento do pedagógico e que ainda persistem em alguns contextos. Cabe citar também fatores destacados por Silva (2020), os quais são ligados à desvalorização do profissional, pois muitos profissionais da Educação Infantil ainda enfrentam baixos salários, condições precárias de trabalho e falta de reconhecimento social. Evidencia‑se que a ausência de uma política nacional estruturada para a formação inicial e continuada dos educadores afeta diretamente a qualidade do atendimento. 19 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Os avanços conquistados na Educação Infantil no Brasil são inegáveis, mas é necessário reforçar a luta contra os retrocessos que ameaçam a universalização e a qualidade do atendimento. A educação de bebês e crianças pequenas deve ser prioridade contínua nas políticas públicas, com foco no investimento adequado, formação dos profissionais e garantia de acesso equitativo e inclusivo. A valorização da Educação Infantil como direito humano e base do desenvolvimento integral exige esforços conjuntos entre sociedade civil, gestores públicos e legisladores, garantindo que essa etapa seja preservada como essencial na construção de um futuro mais justo e inclusivo. Lembrete A Educação Infantil é a etapa da Educação Básica destinada a crianças de 0 a 5 anos e tem um papel crucial no desenvolvimento integral da criança. Além de ser um direito garantido pela Constituição Brasileira, a Educação Infantil deve garantir uma formação que respeite os direitos fundamentais das crianças, como o direito à vida, à liberdade, à dignidade, à saúde, à convivência familiar e comunitária, entre outros. Esses direitos são essenciais para assegurar que as crianças possam crescer em um ambiente seguro, estimulante e respeitador de suas individualidades. Saiba mais Para entender mais sobre o tema, acesse o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE): Disponível em: https://tinyurl.com/mr3vmnam. Acesso em: 10 mar. 2025. 2 FUNDAMENTAÇÃO E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO E DA GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e tem como objetivo o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 5 anos, contemplando aspectos físicos, emocionais, sociais e cognitivos. A gestão da escola de Educação Infantil deve estar alinhada a esses propósitos e fundamentada em princípios pedagógicos, éticos e organizacionais que garantam um ambiente de qualidade para o desenvolvimento infantil. Monção (2021) entende a Educação Infantil como espaço de socialização das crianças pequenas, direito delas e de suas famílias, o qual deve ser convertido em uma política pública, e sinaliza que os aspectos inerentes às fundamentações da Educação Infantil, no que tange à base legal, são estruturados pela Constituição Federal de 1988, que reconhece a Educação Infantil como direito da criança e dever do Estado, e pela LDB (Brasil, 1996), que define essa modalidade como a primeira etapa da Educação 20 Unidade I Básica, destinada a crianças de 0 a 5 anos, com foco no desenvolvimento integral nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Conforme o Parecer n. 20/2009 – CNE/CEB e a Resolução n. 5/2009 – CNE/CEB, as DCNEI reforçam que essa etapa, a da Educação Básica, deve ser primeiramente planejada e estruturada para garantir os direitos das crianças a uma educação de qualidade. O foco está na criação de ambientes que promovam o aprendizado, o cuidado e a socialização. Esses espaços devem ser organizados de maneira a atender às necessidades físicas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças, respeitando sua diversidade e seus contextos culturais. Além disso, é essencial que o planejamento das atividades pedagógicas seja integrado com a organização do espaço físico, do tempo e dos recursos disponíveis, garantindo que o processo educativo seja inclusivo e significativo. Desta feita, por seu caráter educativo atrelado à exigência de formação mínima e específica dos profissionais e ao fato de estarem submetidas a legislações que regulam seu credenciamento e funcionamento, a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica deve seguir os princípios estabelecidos nas suas diretrizes, os quais são definidos na Resolução n. 5/2009 – CNE/CEB, no artigo 6º: I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. II – Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. III – Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (Brasil, 2009, p. 2). Trata‑se de princípios que se complementam e expressam uma formação fundamentada na integralidade do ser humano, que precisa se apropriar dos sentidos éticos, políticos e estéticos na construção de sua identidade pessoal e social. Esses princípios estão vinculados à BNCC (Brasil, 2018) por meio da definição de seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, os quais visam garantir uma educação que respeite as diversidades, promover a igualdade de oportunidades e contribuir para o desenvolvimento pleno dos alunos. Sob essas perspectivas, os direitos de conhecer‑se e de conviver relacionam‑se aos princípios éticos, os direitos de expressar e de participar partem dos princípios políticos e os direitos de brincar e de explorar contemplam os princípios estéticos. A figura a seguir exemplifica esses vínculos: 21 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Expressar Brincar Explorar Conviver Participar Conhecer‑se Ético Político Estético Figura 2 – Direitos de aprendizagem No que tange aos princípios éticos, estes estão relacionados às ações e às relações adversas com e entre as crianças, com e entre os adultos das unidades de Educação Infantil e também com os familiares, com experiências de responsabilidade, solidariedadee respeito. Nesse sentido, é necessária a intencionalidade na organização do trabalho pedagógico, partindo de saberes e conhecimentos que garantam a participação e a expressão das crianças, de modo a objetivar a autonomia delas. Em razão disso, no percurso da aprendizagem e do desenvolvimento, há que se considerar a afetividade e os vínculos estabelecidos pelas crianças, de modo que promovam uma autoestima positiva e uma construção da identidade da sua autonomia. A afetividade, ao ser considerada no planejamento pedagógico, contribui para que as crianças se sintam seguras, validadas e respeitadas em sua autoimagem positiva. Tudo isso também tem um impacto direto na formação da identidade social, de um vínculo sólido, de empatia e de solidariedade. Portanto, ao integrar a afetividade e os vínculos sociais no processo pedagógico, a Educação Infantil não apenas favorece os aspectos educacionais, como também o desenvolvimento pleno da criança, na perspectiva biopsicossocial. Nesse contexto e processo, a criança tem a possibilidade de conhecer‑se, conhecer o outro e conviver na diversidade étnico‑racial, cultural, regional, religiosa, entre outras, respeitando o ser humano e os espaços em que vive. Dessa forma, de acordo com a BNCC (Brasil, 2018, p. 36): Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. 22 Unidade I Essas experiências são fundamentais para o desenvolvimento da criança e estão alinhadas aos princípios da BNCC, que expressam direitos e objetivos essenciais para a formação integral dos alunos. Ela reforça a importância de ações educativas que promovam o autocuidado e o respeito ao próximo e ao meio ambiente. Com relação à intencionalidade que acabamos de citar, Ostetto (2018) evidencia que o planejamento intencional na Educação Infantil é de suma importância, haja vista a organização pedagógica voltada para as necessidades de reflexão cuidadosa e estratégica, em especial nas questões cognitivas, sociais, emocionais e físicas. Já os princípios políticos expressam a ideia de cidadania, criticidade e democracia, que, ligada aos princípios políticos, tende a fomentar a participação empreendedora do sujeito ativo. Logo, a função da educação é a de formadora de cidadãos críticos, agentes de mudanças, que saibam considerar o coletivo e o individual. É mister, então, que as crianças aprendam a ouvir e a respeitar a opinião do outro, bem como a expressar suas opiniões, sentimentos e ideias sobre si, o outro e o mundo. Esse processo de escuta ativa e expressão cria as condições para que as crianças se sintam valorizadas, compreendidas e capazes de interagir com os outros de maneira construtiva e respeitosa. Com isso, a educação, ao promover esses direitos e habilidades desde a Educação Infantil, ajuda a formar uma geração de cidadãos conscientes, capazes de pensar criticamente, respeitando as diferentes ações do bem‑estar comum. Nessa linha de considerações concernentes aos princípios políticos, a BNCC (2018, p. 36) assim se posiciona: Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. Esses direitos são essenciais para crianças no que diz respeito ao seu desenvolvimento integral, pois favorecem a construção da autonomia, da identidade e da capacidade de se comunicar de maneira clara e respeitosa. Assim, ao garantirmos esses direitos no contexto da Educação Infantil, estamos colaborando não só para a promoção do desenvolvimento integral, mas também preparando‑os para se tornarem agentes ativos de transformação social, com habilidade na comunicação. Os princípios estéticos referem‑se às ideias de que ser aplicado na Educação Infantil envolve muito mais do que apenas o contato com as manifestações artísticas. Ele está intimamente ligado à construção da sensibilidade da criança, ou seja, à sua imaginação criativa e às habilidades cognitivas e emocionais, que por sua vez impulsionam o seu desenvolvimento. 23 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Quanto às práticas pedagógicas, os princípios estéticos propõem atividades que envolvem diferentes tipos de expressões culturais e artísticas, como percepção estética e exercício de habilidades cognitivas. Dessa forma, os momentos e possibilidades de criação afloram. Na BNCC (Brasil, 2018, p. 36), os princípios estéticos aparecem nos direitos de: Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. Isto posto, as brincadeiras, as quais são tidas como manifestações culturais e artísticas próprias da infância, tendem a permitir a expressão da liberdade e da ludicidade. Logo, a brincadeira é uma forma de interação e também uma promotora do desenvolvimento. É preciso considerar que, ao brincar, a criança explora objetos, aprende sobre as diferentes funções sociais da cultura e desenvolve o controle de conduta, pois realiza as ações de um adulto, imitando‑o em diferentes situações. À vista disso, esses pensamentos estão alinhados com a compreensão de que a infância é uma fase crucial no desenvolvimento humano. Os princípios e direitos das crianças precisam ser contextualizados de acordo com as especificidades dessa fase, levando em conta não apenas as necessidades físicas, mas também as emocionais, cognitivas e sociais. Dessa forma, as políticas e práticas educacionais devem ser fundamentadas em um entendimento profundo do que é ser criança e de como elas interagem com o mundo à sua volta, respeitando suas etapas de desenvolvimento e proporcionando um ambiente propício para seu crescimento integral. Sob tais perspectivas, o objetivo final das leis, diretrizes e normativas é garantir que a Educação Infantil seja uma etapa fundamental para o desenvolvimento integral das crianças. Nesse contexto, busca‑se proporcionar experiências educativas que respeitem os direitos humanos e promovam valores democráticos. Por meio de práticas pedagógicas intencionais, que consideram o cuidado, o aprendizado e a socialização, a Educação Infantil desempenha um papel essencial na garantia de uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, contribuindo para o desenvolvimento das capacidades físicas, emocionais, cognitivas e sociais das crianças. Assim, essa etapa inicial da educação pública cumpre seu papel não apenas como um direito garantido, mas também como um investimento na formação integral do ser humano, promovendo uma base sólida para a construção de uma sociedade mais justa, consciente e participativa. 24 Unidade I No âmbito dos aspectos pedagógicos, mencionamos aquias DCNEI, que definem os fundamentos pedagógicos e organizacionais que orientam a prática educativa nessa etapa. A abordagem pedagógica define que a Educação Infantil é pautada em concepções teóricas que enfatizam a criança como sujeito de direitos, pois ela é reconhecida em sua singularidade, diversidade e potencialidade e como sujeito ativo, uma vez que é participante no processo de construção de conhecimentos, a partir de suas vivências, interesses e interações. Nesse contexto, impera o desenvolvimento integral; logo, a prática pedagógica deve contemplar os aspectos cognitivos, relacionados ao estímulo da curiosidade, da criatividade e da resolução de problemas. Deve contemplar ainda os aspectos sociais e emocionais, atrelados à promoção de relações saudáveis e desenvolvimento de habilidades socioemocionais, e os aspectos físicos e sensoriais, com relação ao incentivo à motricidade e ao uso dos sentidos e à inclusão e diversidade, de modo a promover a inclusão, garantindo o acesso de todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, sociais, culturais ou econômicas, a um ambiente educativo respeitoso e acolhedor. Sendo assim, o planejamento das atividades pedagógicas e a organização dos elementos fundamentais, como espaço, tempo e recursos, devem ser intencionalmente orientados para atender às necessidades físicas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças. Essa estruturação deve atender às suas especificidades individuais, o contexto cultural em que estão inseridas e as fases de desenvolvimento, garantindo o equilíbrio entre o cuidar e o educar, que são eixos essenciais da educação. Na esfera dos princípios que orientam a Educação Infantil no Brasil, estes estão fundamentados nos direitos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, os quais preconizam: • Direito à educação de qualidade: a Educação Infantil deve garantir o acesso universal, igualitário e inclusivo a todas as crianças, independentemente de suas condições sociais, culturais ou econômicas. • Indissociabilidade entre cuidar e educar: os processos de cuidado e educação devem ser integrados, assegurando o bem‑estar físico e emocional das crianças, bem como seu aprendizado. • Respeito à singularidade e à diversidade: deve‑se considerar a individualidade de cada criança, respeitando suas origens culturais, étnicas e sociais. • Brincar como direito fundamental: o brincar é reconhecido como elemento central no desenvolvimento infantil, sendo a principal linguagem da criança e uma forma de expressão, interação e aprendizagem. • Desenvolvimento integral: a Educação Infantil deve promover o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional, social, cultural e ético das crianças. • Participação da família e da comunidade: a colaboração entre escola, família e comunidade é essencial para criar um ambiente educativo acolhedor e participativo. 25 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL • Organização do espaço e do tempo: o ambiente escolar deve ser seguro, estimulante e adaptado às necessidades das crianças, com um planejamento que respeite seus ritmos e interesses. • Inclusão e equidade: a Educação Infantil deve ser inclusiva, atendendo às necessidades de crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. • Avaliação processual e qualitativa: a avaliação deve acompanhar o desenvolvimento das crianças de forma contínua e não classificatória, respeitando seus ritmos de aprendizagem. No que diz respeito às práticas pedagógicas fundamentais, sobretudo aos direitos de aprendizagem e desenvolvimento, a BNCC representa um marco significativo na consolidação da Educação Infantil como uma etapa essencial da Educação Básica no Brasil. Ao estabelecer seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, o documento orienta os educadores a promover experiências significativas que favoreçam o desenvolvimento integral de bebês e crianças de 0 a 5 anos. No quadro a seguir, evidenciamos, de maneira explicativa, os seis direitos definidos pela BNCC, bem como as possibilidades para garantir esses direitos. Quadro 2 – Direitos de aprendizagem na Educação Infantil, de acordo com a BNCC Direitos Significação Possibilidades para garantir esses direitos Conviver “Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas” (Brasil, 2018, p. 38) Situações em que os pequenos possam brincar e interagir com os colegas são fundamentais. Jogos, por exemplo, são importantes para que as crianças convivam em uma situação em que precisam respeitar regras Permitir que as crianças participem da organização da convivência do grupo, envolvendo‑as nas tarefas que viabilizam o cotidiano, como organizar o ambiente das refeições ou acomodar os brinquedos Brincar “Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais” (Brasil, 2018, p. 38) As brincadeiras são essenciais e devem estar presentes intensamente na rotina da criança. Trata‑se de iniciativas infantis que o adulto deve acolher e enriquecer, porém devem ser planejadas e variadas. Para isso, a partir da observação dos pequenos brincando, o professor pode disponibilizar materiais que auxiliem o desenvolvimento da brincadeira ou que conduzam a outras experiências. Ele também pode promover conversas posteriores para discutir o que observou Participar Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando” (Brasil, 2018, p. 38) Procurar envolver a família nas tarefas escolares. Um exemplo é construção de casinhas de brinquedo Permitir que elas participem das decisões que dizem respeito a elas mesmas e que organizam o cotidiano coletivo é fundamental 26 Unidade I Direitos Significação Possibilidades para garantir esses direitos Explorar “Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia” (Brasil, 2018, p. 38) Permitir que as crianças explorem sozinhas diferentes materiais fornecidos pelo professor Além da exploração de elementos concretos, explorar os elementos simbólicos, como músicas e histórias, por exemplo Criar momentos de reflexão para que, a partir de observação e escuta, o professor perceba o que é pertinente e necessário para os pequenos Expressar “Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens” (Brasil, 2018, p. 38) Rodas de conversa são imprescindíveis para que as crianças tenham seu direito garantido É importante que essas situações sejam frequentes para que o professor apresente materiais variados para que a criança explore e se expresse a partir de diferentes linguagens Criação de momentos de falas e de escuta Conhecer‑se “Conhecer‑se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário” (Brasil,2018, p. 38) Ajudar os alunos nas práticas de autopercepção, isso para que eles aprendam do que gostam. Para isso, o professor pode, a partir da observação, criar situações simples, mas que os auxiliem a descobrir a si próprios e aos outros Os direitos que acabamos de apresentar evidenciam que a BNCC organiza a Educação Infantil em campos de experiência, garantindo a articulação entre as vivências e os direitos de aprendizagem, e seus objetivos articulam as vivências das crianças com os direitos de aprendizagem, promovendo um desenvolvimento integral. Essa estrutura assegura que as práticas pedagógicas considerem a criança como protagonista, respeitando suas necessidades, interesses e contextos socioculturais. Isto posto, vê‑se que a Educação Infantil se fundamenta no reconhecimento da criança como sujeito de direitos, cuja formação integral requer práticas pedagógicas inclusivas, afetivas e contextualizadas. Ao respeitar os princípios de cuidado, educação, brincadeira e inclusão, essa etapa torna‑se essencial para a construção de bases sólidas para o desenvolvimento humano e social. A escola de Educação Infantil deve ser um espaço democrático, acolhedor e transformador, que priorize o bem‑estar e a aprendizagem das crianças. A Educação Infantil, ao respeitar os princípios de cuidado, educação, brincadeira e inclusão, cumpre um papel essencial na construção das bases para o desenvolvimento humano e social. Um espaço de acolhimento, aprendizado e transformação, a escola de Educação Infantil é o ponto de partida para a formação de cidadãos conscientes, solidários e preparados para contribuir positivamente com a sociedade. Nesse contexto, para respeitar os princípios e direitos de cuidado, educação, brincadeira e inclusão e ainda promover o desenvolvimento pleno da criança, o modelo mais indicado para a gestão é o democrático e participativo, defendidos pelos amparos legais. A gestão democrática e participativa é essencial para garantir que as necessidades e direitos das crianças sejam atendidas de forma equitativa e respeitosa, permitindo uma educação inclusiva e de 27 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL qualidade. Além disso, esse modelo de gestão fortalece o relacionamento entre todos os membros da comunidade escolar, promove a troca de experiências e saberes e contribui para a construção de um ambiente educacional mais justo, transparente e democrático, em consonância com os valores defendidos pela Constituição Federal (1988), pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) e pelas leis e normativas posteriores. A implementação de uma gestão eficaz nos espaços de Educação Infantil é, de fato, um fator essencial para garantir que esses ambientes sejam mais do que locais de aprendizagem. Eles devem ser espaços que promovem o desenvolvimento integral das crianças, em que o cuidado, a educação e o respeito aos direitos dos pequenos são fundamentais. Importante ratificar que a gestão de qualidade na Educação Infantil deve englobar aspectos de organização, planejamento e práticas pedagógicas que incentivem a participação ativa das crianças e de todos os envolvidos na comunidade escolar. Esses aspectos são vitais para criar um ambiente educacional onde as crianças possam se desenvolver de forma integral e ativa, sendo reconhecidas como sujeitos de direitos e protagonistas de seu próprio aprendizado. A participação ativa das crianças, assim como de todos os membros da comunidade escolar, é crucial para garantir uma educação inclusiva, colaborativa e significativa. Observação Educação Infantil vai além da simples preparação para o Ensino Fundamental; ela é um espaço de crescimento emocional, social, cognitivo e físico, em que os direitos das crianças devem ser protegidos e promovidos de maneira contínua e eficaz. A ideia de que os direitos fundamentais como o direito à vida, liberdade, dignidade, saúde e à convivência familiar e comunitária devem ser respeitados e garantidos no ambiente educacional é essencial para criar uma base sólida para o desenvolvimento da criança. Saiba mais Leia mais sobre a BNCC no documento a seguir: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, MEC/Consed/Undime, 2018. Disponível em: https://tinyurl.com/3wj7jphj. Acesso em: 10 mar. 2025. 28 Unidade I 2.1 Gestão democrática na Educação Infantil Figura 3 – As engrenagens da gestão democrática Disponível em: https://shre.ink/MCRK. Acesso em: 20 mar. 2025. A gestão escolar tem sua garantia fundamentada em dispositivos legais de grande relevância, sendo as principais referências a Constituição Federal de 1988 e a Lei n. 9.394/96 (LDB) com destaque para a gestão democrática do ensino público. Embora esses marcos legais garantam a democratização das instituições públicas de ensino, sua implementação ainda enfrenta resistências. Questões culturais, estruturais e até mesmo políticas, muitas vezes, dificultam a consolidação de práticas democráticas nas escolas. Essa resistência pode ser atribuída a modelos tradicionais de gestão centralizada que ainda persistem em algumas regiões e sistemas educacionais. Segundo Monção (2021), esses instrumentos legais, no entanto, têm sido fundamentais para a contribuição de reformas educacionais no campo da gestão escolar. Eles promovem a descentralização administrativa, a participação coletiva nos processos decisórios e a criação de instâncias colegiadas, como os conselhos escolares e grêmios estudantis, que fortalecem o papel da comunidade escolar na definição das políticas e práticas pedagógicas. Assim, a gestão democrática e participativa se apresenta como um modelo de gestão que não apenas promove a autonomia da escola, mas também fortalece o vínculo entre os diferentes atores da educação, permitindo a troca de ideias, o compartilhamento de responsabilidades e a construção conjunta de ações. Ao adotar uma gestão democrática e participativa, a escola, nesse caso de Educação Infantil, reforça seu compromisso com o desenvolvimento integral das crianças, garantindo que seus direitos sejam respeitados e que o ambiente escolar seja um espaço de aprendizagem, cuidado e inclusão, como preconizam as DCNEI (2010), os princípios defendidos pela Constituição Federal (1988) e as orientações apresentadas pela BNCC (2018). 29 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Portanto, esse tipo de gestão é essencial para que a Educação Infantil e as demais etapas da Educação Básica possam efetivamente cumprir seu papel de promover a formação de cidadãos conscientes, críticos e engajados, contribuindo para o fortalecimento da democracia e a construção de uma sociedade mais justa e solidária. A gestão democrática e participativa é, portanto, uma ferramenta que tende a promover o envolvimento de todos os atores da comunidade escolar – professores, pais, alunos, funcionários e gestores – na tomada de decisões. Sendo assim, esse modelo de gestão possibilita a construção de soluções coletivas e mais adequadas às necessidades de cada grupo. Monção (2021) nos esclarece que a gestão envolve dois principais processos. O primeiro é o uso mais adequado dos recursos existentes (os meios) e o segundo é o foco em determinado objetivo (os fins). Há que se compreender, todavia, que os meios e o fins são interdependentes e mutuamente condicionados. Dessa forma, diante de um determinado fim, é importante selecionar os meios mais adequados para se alcançar o que deseja. De forma similar, meios inadequados acabam por desvirtuar os fins ou mesmo tornam‑se inválidos para alcançar o propósito desejado. Nesse contexto, Silva (2020) nos alerta que na Educação Infantil, uma das primeiras questões necessárias para se pensar em relação às instituições de atendimento à infância é refletir sobre qual é a finalidade delas. Dessa forma, a reflexão proposta pelo autor nos convida a questionar a finalidade das instituições de Educação Infantil, destacando que essa etapa da educação não deve ser apenas um espaço decuidado, mas, sobretudo, um lugar de direitos, desenvolvimento integral e formação cidadã. Esse olhar crítico é essencial no contexto da gestão democrática, pois reforça a necessidade de alinhar as práticas institucionais aos objetivos sociais, culturais e educacionais da infância. No que tange às principais finalidades da Educação Infantil, destaca‑se a garantia dos direitos das crianças. Assim, as instituições que oferecem essa modalidade têm o papel de assegurar os direitos fundamentais da criança e na Constituição Federal (1988). Isso inclui o direito à educação, ao lazer, à saúde, à proteção e à participação. Tais instituições devem promover o desenvolvimento integral das crianças em seus aspectos físico, emocional, social e cognitivo, respeitando suas especificidades e o ritmo de cada uma, de modo a oferecer uma educação de qualidade. Isso implica práticas pedagógicas planejadas e fundamentadas, que promovam experiências significativas e respeitem a diversidade cultural e individual das crianças por meio de ambientes acolhedores e seguros, onde as crianças possam interagir, aprender com seus pares e construir valores sociais como respeito, cooperação e empatia. Ainda no domínio das principais finalidades da Educação Infantil, é mister destacar o favorecimento e a participação da comunidade, que inclui o fortalecimento dos laços entre a escola e a comunidade, promovendo a participação ativa das famílias e outros atores sociais no processo educativo. Também convém destacar fatores atrelados à preparação para a vida em sociedade, uma vez que embora a Educação Infantil não tenha caráter escolarizante, ela deve ajudar as crianças a desenvolver competências e habilidades que as preparem para a vida em sociedade, como o diálogo, a autonomia e o pensamento crítico. 30 Unidade I À vista disso, refletir sobre a finalidade das instituições de Educação Infantil é essencial para orientar práticas de gestão democrática que respeitem os direitos das crianças e garantam a construção de um espaço educativo que valorize a infância. Isso implica: • Planejar com propósito: alinhar o planejamento pedagógico à visão de infância como uma etapa crucial do desenvolvimento humano. • Formar parcerias: engajar a comunidade escolar e as famílias nesse diálogo sobre a finalidade e os objetivos da Educação Infantil. • Valorizar a voz das crianças: incorporar a perspectiva das crianças no planejamento e nas decisões pedagógicas, reconhecendo‑as como sujeitos ativos no processo educativo. • Monitorar e avaliar: verificar continuamente se as práticas institucionais estão de fato promovendo os direitos e as finalidades propostas. A provocação de Silva (2020) serve como um guia para que as instituições de Educação Infantil se tornem verdadeiros espaços de transformação social e desenvolvimento humano. Essa reflexão é um passo indispensável para construir uma gestão democrática que valorize e respeite a infância. Essa afirmação sintetiza a importância de um olhar crítico e consciente sobre o papel das instituições de Educação Infantil, especialmente em contextos em que a gestão democrática é o princípio norteador. Nesse contexto, Silva (2020) destaca a necessidade de ressignificar as práticas educativas e administrativas, considerando a infância como uma etapa essencial e autônoma do desenvolvimento humano, com finalidades próprias e direitos garantidos. Ao refletir sobre a finalidade dessas instituições, reconhecemos que elas não se limitam a cuidados básicos, são espaços de transformação social, onde crianças são vistas como sujeitos de direitos, com potencial para contribuir ativamente no presente e para construir o futuro. Nessa perspectiva, convém considerarmos questões vinculadas: • À transformação social, uma vez que as instituições de Educação Infantil têm o poder de transformar a realidade social ao proporcionar às crianças vivências que promovem equidade, inclusão e respeito às diversidades. Ao fomentar o diálogo com a comunidade, fortalecem o senso de pertencimento e a construção coletiva. • Ao desenvolvimento humano integral, haja vista compreender a infância em sua totalidade, o que implica promover o desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional das crianças. Logo, a gestão democrática desempenha um papel central nesse processo ao ouvir, respeitar e incorporar as necessidades e as vozes de todas as partes envolvidas: crianças, famílias, educadores e comunidade. 31 GESTÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL • À cultura da participação, já que a gestão democrática valoriza o diálogo e a corresponsabilidade, garantindo que as decisões institucionais estejam alinhadas às finalidades educativas e aos interesses das crianças. Assim, a reflexão sobre as práticas institucionais se torna um processo contínuo de aprendizagem e aperfeiçoamento. • Ao respeito e valorização da infância, já que, ao colocar a infância no centro das reflexões, as instituições podem construir ambientes que respeitem os tempos, os ritmos e as necessidades próprias das crianças, promovendo o bem‑estar e a autonomia desde os primeiros anos de vida. Portanto, as considerações de Silva (2020) acentuam que educadores, gestores e comunidades escolares devem assumir um compromisso ético com a infância. Refletir sobre a finalidade das instituições de Educação Infantil não é apenas uma questão teórica, mas uma prática vital para consolidar espaços democráticos que contribuam para a construção de uma sociedade mais justa e humana. Assim, a gestão democrática na Educação Infantil tende a promover um ambiente educacional que valoriza a participação ativa de todos os envolvidos, garantindo transparência nos processos de tomada de decisão e fortalecendo o vínculo entre escola, famílias e comunidade. Essa abordagem possibilita respeitar e valorizar a voz das crianças, reconhecendo‑as como sujeitos de direitos e participantes no processo educativo, com escuta ativa e inclusão em práticas significativas. Possibilita, ainda, o fortalecimento do diálogo com as famílias, de modo a ampliar o envolvimento delas nas decisões pedagógicas e administrativas, criando uma corresponsabilidade no desenvolvimento das crianças. Esse diálogo também é fortalecido com toda a equipe que desempenha papéis nas escolas, como professores e outros profissionais. Além disso, propicia a promoção da inclusão e a equidade, porque constrói estratégias que atendem à diversidade e asseguram que todas as crianças tenham acesso às mesmas oportunidades de aprendizado e cuidado. E mais, articula políticas e práticas, pois alinha‑se às diretrizes legais e promove ações que refletem as demandas reais da comunidade escolar. Por fim, cria espaços de reflexão e colaboração, priorizando o planejamento coletivo e o aperfeiçoamento contínuo das práticas pedagógicas e administrativas. Dessa forma, a gestão democrática na Educação Infantil se consolida como uma prática transformadora, que contribui para o desenvolvimento integral das crianças, o fortalecimento da cidadania e a construção de uma sociedade mais justa e participativa. Lembrete A importância de um olhar crítico e consciente sobre o papel das instituições de Educação Infantil, especialmente em contextos de gestão democrática, é fundamental para garantir que as práticas educativas e administrativas respeitem a infância como uma fase essencial e autônoma do desenvolvimento humano. 32 Unidade I Saiba mais Leia mais sobre gestão escolar e gestão democrática na Educação Infantil na obra a seguir: SILVA, O. H. F. Gestão democrática na Educação Infantil. Contagem: Escola Cidadão, 2020. Disponível em: https://tinyurl.com/388z8jky. Acesso em: 10 mar. 2025. 3 QUEM SÃO OS PROFISSIONAIS QUE COMPÕEM A GESTÃO ESCOLAR E QUAIS SÃO AS SUAS FUNÇÕES? A gestão escolar é o processo de organização, planejamento, coordenação e controle das atividades realizadas em uma instituição de ensino. Seu principal objetivo é garantir o funcionamento eficiente da escola,