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ultimato
BUSQUEM O SENHOR ENQUANTO É POSSÍVEL ACHÁ-LO
COMO Vivem
os que têM
ESPERANÇA
DESDE 1968
ISSN 1415-3165
9 771415 316000
Ano LVIII nº 412
Março/Abril 2025
UM NOVO NASCIMENTO
PARA QUEM ANDAVA TRISTE
TELO BORGES
O FENÖMENO DAS BETS
REPORTAGEM
SEUS LIVROS FAVORITOS
TAMBÉM EM E-BOOK
Há mais de 20 anos a Editora Ultimato disponibiliza grande
parte de seu catálogo também no formato digital.
São e-books de obras de consagrados autores brasileiros e
estrangeiros que contemplam uma variedade de temas.
05 Tmotc
O MUNDO A IGREJA
OHW TOTE
STOTT HN STOTT
ara (melbor) enfrentar o
sofrimento
PRÁTICAS
DEVOCIONAIS
LBEN MILNZ CESAR
AN
AJUSTE FINO DO UNIVERSO
CONHEÇA NOSSOS TÍTULOS
NO FORMATO E-BOOK
John Stott - mais de 20 títulos
Elben César - mais de 10 títulos
Ricardo Barbosa - 4 títulos
Paul Tournier - 3 títulos
Série Ciência e Fé Cristã
Série Filosofia e Fé Cristā
Livros sobre arte, espiritualidade,
teologia, missão, ética e outros temas
FRANCIS A. SCHAEFFER
Biblia
PAUL TOURNIER
CULPA &
GRAÇA
SAMENTOs
ANSFORMADOS
EMOÇÕES toda oAno todos
JOHN STOTT
DE SER
BRA
SILEIRO
GERSON
EXPIAÇÃO
Calpa, perdaperddete
JOHN STOTт
BiblialedaoAnolodo
www.ultimato.com.br
31 3611-8500 ultimato
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3Março/Abril 2025 • ULTIMATO
Coautores – além de 
servos e amigos
A ideia de que somos coautores com Deus me 
persegue há algum tempo. Tenho colecionado ver-
sículos que, acredito, reforçam a perspectiva. Na 
vida dos profetas isso parece evidente: eles falam 
o que Deus lhes transmite e em nome dele, embora 
cada um deles confira à mensagem transmitida 
traços de sua personalidade e de sua história. 
De forma semelhante acontece com os autores 
das Escrituras: cada um deles foi inspirado por 
Deus, mas todos imprimiram suas próprias marcas 
no texto.
Uma obra feita em coautoria conta com a parti-
cipação de mais de uma pessoa. Em alguns casos, 
os coautores podem ter igual participação, mas, 
com mais frequência, temos o autor principal e o 
coautor, um cocriador ou colaborador – alguém que 
contribui por meio de sua participação substancial, 
criativa e original. Esse é o caso aqui.
A relação de coautoria com Deus é percebida 
não apenas na escrita, mas na vida de muitos per-
sonagens bíblicos. Em particular, na biografia de 
Moisés, o personagem do Antigo Testamento com 
mais menções no Novo Testamento e com 894 cita-
ções na Bíblia.1 Cito aqui apenas um verso: “Como 
um pastor, [tu, ó Senhor] dirigiste teu povo pelas 
mãos de Moisés e Arão” (Sl 77.20).
Pensar numa relação de coautoria com Deus 
enriquece a nossa compreensão da relação de Deus 
com seus filhos por evidenciar facetas que não são 
claras em outras descrições dessa relação.
Não há problema algum usar a expressão “ser-
vos e servas” para expressar a relação com Deus; 
é assim que Maria responde ao aviso do anjo: “Eu 
sou serva de Deus, que aconteça comigo o que o 
senhor acabou de dizer” (Lc 1.38). Da mesma forma, 
é correto dizer que somos “instrumentos” de Deus. 
Deus se refere a Paulo desta forma: “Este é para 
mim instrumento escolhido para levar meu nome” 
(At 9.15). E, embora alguns não apreciem, também 
é correto dizer que somos “usados” por Deus, como 
no exemplo de Gideão: “Tu disseste que queres me 
usar... [Dá-me uma prova para] eu ficar certo de 
que tu realmente me usarás para libertar Israel” (Jz 
6.36-40). Outra palavra para descrever a relação 
dos filhos com Deus é “amigos”: “Já não os chamo 
servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor 
faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, 
porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei 
conhecido” (Jo 15.15).
Definir a relação com Deus também como coau-
toria nos ajuda a ver a riqueza do relacionamento 
com o primeiro autor – não apenas agimos como 
servos, fazendo o que o Senhor nos pede ou ordena, 
não apenas expressamos aquilo que ele quer trans-
mitir por nosso intermédio. Como coautores, a partir 
do que somos, cooperamos criativamente com a 
elaboração da obra, que, finalizada, carrega traços 
da nossa contribuição.2
John Stott nos conta uma história que ilustra isso:
[O jardineiro] estava mostrando ao pastor seu mag-
nífico jardim, repleto de flores e botões. O pastor, 
admirado, desandou a louvar a Deus, até que o 
jardineiro, cansado por não ter recebido crédito 
algum, disse: “O senhor precisava ter visto esse 
jardim antes, quando Deus cuidava dele sozinho!”. 
Sua teologia estava inteiramente correta. Sem o 
trabalho do homem, o jardim teria se tornado um 
deserto.3 
Longe de ser fonte de orgulho, é motivo de gra-
tidão e de assombro o fato de que o próprio Deus 
nos concedeu a graça da coautoria. Devemos nos 
admirar de que ele tenha feito, e faça ainda hoje, 
maravilhas por meio de – e junto com – homens e 
mulheres falhos!
Notas
1. O nome de Moisés aparece 894 vezes na Bíblia Sagrada – 
Edição Pastoral; na NVI, aparece 786 vezes.
2. Paulo usa a expressão “cooperadores” de Deus ou de 
Cristo algumas vezes em suas cartas aos Coríntios (1Co 3.9; 
9.23; 2Co 6.1).
3. STTOT, John. A Bíblia Toda, o Ano Todo. Viçosa: Ultimato, 
2021. p. 23.
ABERTURA
Klênia Fassoni, diretora da Editora Ultimato, é avó de 
quatro netos.
Deus existe. E, já que ele existe, o que ele 
faria e o que não faria nessa ou naquela 
situação específica? Afinal, Deus deveria 
promover o bem-estar das pessoas? 
PPor que o mal existe? Seria o mundo 
injusto e Deus, justo? A Ética de Deus – 
Normas da ação divina e o problema do 
mal examina a ética própria de Deus e 
como ela difere da ética humana.
EEscrito por Mark C. Murphy, A Ética de Deus é o 
décimo primeiro volume da série Filosofia e Fé 
Cristã, publicada em parceria com a Associação 
Brasileira de Cristãos na Ciência.
DEUS É BOM PORQUE FAZ O BEM OU
O BEM É BOM PORQUE É O QUE DEUS FAZ?
4 ULTIMATO • Março/Abril 2025
CARTA AO LEITOR
Curiosamente encontramos, entre as 411 edições de Ultimato, duas 
que trouxeram a mesma ilustração na capa (em 1970 e em 1984) – um 
bonde com a inscrição “Cristo, a única esperança”.
A edição de 1970 trazia este editorial ao lado da imagem: “Sílvio 
Lancellotti, editor-assistente, e Eda Maria Romio, repórter, ambos da 
revista Veja, percorreram tôda a imprensa internacional ‘para encontrar 
as normas básicas que comandarão a Terra nos próximos dez anos’. 
Chegaram à conclusão de que a palavra-chave de todas as previsões é 
sempre a esperança. ‘Esperança de que existe uma profunda mudança 
no pensamento e na ação dos homens que comandam’”.
Cinquenta e cinco anos depois, o cenário parece ser muito dife-
rente. Os jornalistas de hoje fariam bem em investigar a frequência 
da palavra “apocalipse” na mídia mundial.
No dia 28 de janeiro, a organização Boletim do Conselho dos 
Cientistas Atômicos informou que o Relógio do Juízo Final foi adian-
tado em um segundo; agora estamos a 89 segundos da “meia-noite” 
– uma metáfora para a extinção da humanidade. O adiantamento é 
justificado pelos crescentes riscos relacionados às alterações climá-
ticas, ameaças nucleares, armas biológicas, pandemias, tecnologias 
como inteligência artificial e a outros fatores.
Na edição de 1970, depois de citar os motivos que justificariam 
o otimismo, Ultimato concluiu: “Não é para se agarrar a qualquer 
caniço agitado pelo vento. Alguém que demonstrou possuir qualida-
des inerentes e autoridade para sustentar o volume e o pêso de nossa 
esperança, através do tempo e espaço, é Cristo, a única esperança”.
A matéria de capa desta edição quer novamente colocar Cristo no 
centro da nossa esperança e enfatizar que a esperança cristã é uma 
esperança engajada, qualquer que seja o cenário.
Nas páginas 40 a 43 você encontra a Reportagem sobre a “pande-
mia das bets”. Telo Borges, um dos irmãos da família musical Borges, 
nos conta como foi o seu encontro com Jesus (p. 46). Ricardo Barbosa 
nos adverte: “Não existe meia cruz ou meia renúncia” (p. 30).
Boa leitura!
Klênia Fassoni
Cristo, a única esperança
ISSN 1415-3165
Revista(1Co 15.20). Ele é as primícias, sinalizando o nosso fu-
turo e abrindo o caminho para nós.
Ora, sendo verdadeiro o testemunho dos apóstolos, 
fica claro que a esperança cristã não é um mero estado 
desejante, wishful thinking, fantasia de uma realidade 
paralela e metastática, mas uma relação cognitiva com 
o nosso futuro. Evidentemente, não se trata de uma re-
lação do mesmo tipo que as relações com o que vemos 
com os olhos e tocamos com as mãos, mas uma relação 
do mesmo tipo que a nossa relação com as pessoas que 
importam para nós, e que impõe a fé na sua palavra, no 
seu gesto e no seu testemunho.
Nós, cristãos, não esperamos apenas porque 
desejamos, mas também porque sabemos.
Nota
1. N. T. Wright. The Ressurection of the Son of God.
Artigo originalmente publicado na Gazeta do Povo. Adaptado e 
reproduzido com permissão.
Guilherme de Carvalho é teólogo, mestre em ciências da 
religião e diretor de L’Abri Fellowship Brasil. Pastor da Igreja 
Esperança, em Belo Horizonte, e presidente da Associação 
Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2), é também orga-
nizador e autor de Cosmovisão Cristã e Transformação 
(Editora Ultimato, 2006).
Nada mais pode trazer mudança 
Para esse mundo sem Deus 
Do que o evangelho da esperança 
Que exalta Jesus, o rei. 
Adhemar de Campos
SABER QUE CRISTO 
RESSUSCITOU TIRA A 
DISCUSSÃO DO CAMPO 
DO OTIMISMO, DO 
PALPITE OU DA APOSTA
24 ULTIMATO • Março/Abril 2025
MATÉRIA DE CAPA
Nada mais pode trazer mudança 
Para esse mundo sem Deus 
Do que o evangelho da esperança 
Que exalta Jesus, o rei. 
Adhemar de Campos
Tu és o meu abrigo e o meu escudo; e na tua palavra 
coloquei minha esperança. (Sl 119.114)
Esperança coletiva é uma coisa. Esperança par-
ticular é outra. A esperança coletiva é muito 
bonita, mas a esperança particular é mais bo-
nita ainda. A verdadeira esperança coletiva é o re-
sultado da soma de várias esperanças particulares. 
Antes de falar “nossa esperança”, cada um precisa 
falar “minha esperança”. 
No Salmo 119, o salmista menciona a sua es-
perança particular várias vezes. É uma esperança 
sólida. Ele sempre explica por que a sua esperança 
é de todo confiável: “Na tua palavra coloquei a mi-
nha esperança” (v. 43, 74, 81, 114, 147). 
A nascente da esperança do salmista está na 
palavra de Deus: “Lembra-te da tua palavra ao 
teu servo, pela qual me deste esperança” (v. 49). 
Ele acredita em Deus e na palavra que sai da sua 
boca. O salmista foi se acostumando aos poucos 
com a palavra de Deus, foi assimilando o que es-
tava escrito, foi introduzindo lenta e progressiva-
mente a palavra de Deus no seu interior, até tomar 
posse dela por completo. De repente viu-se cheio 
de esperança. 
A esperança do salmista não é uma esperança 
para ficar no cabide. Não é uma esperança teóri-
ca. Não é uma esperança ligada exclusivamente à 
escatologia. Antes, é uma 
esperança utilizável, saudá-
vel, abençoadora e tranqui-
lizadora. Por causa dela, o 
salmista sobrevive dia após 
dia. Por causa dela, ele en-
frenta o perigo: “A minha 
vida está sempre em peri-
go” (v. 109). Por causa dela, 
ele enfrenta o sofrimento: 
“Olha para o meu sofrimen-
to e livra-me” (v. 153). O salmista sabe fazer uso da 
esperança: “Estou quase desfalecido, aguardan-
do a tua salvação, mas na tua palavra coloquei a 
minha esperança” (v. 81).
Elben César (1930-2016), fundador e diretor-redator de 
Ultimato.
A ESPERANÇA DO 
SALMISTA NÃO É 
UMA ESPERANÇA 
PARA FICAR NO 
CABIDE. NÃO É UMA 
ESPERANÇA TEÓRICA
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25Março/Abril 2025 • ULTIMATO
ESPERANÇA TRANSBORDANTE
Elben César
ESPERANÇA ENGAJADA COM A VIDA
Carlos “Cacau” Marques
O cristianismo já foi acusado de sustentar uma 
visão alienante da história. Segundo os críti-
cos que assim o fazem, falta ao cristianismo 
a utopia que move a humanidade às transforma-
ções sociais. A esperança por um paraíso futuro 
conduziria o cristão à imobi-
lidade resignada diante das 
injustiças do mundo.
Devemos admitir que 
um discurso alienante com 
vistas ao celeste porvir não 
é um espantalho criado por 
inimigos da fé. Há, sim, 
uma dose de condescendên-
cia com o sofrimento quando pastores e mestres 
cristãos romantizam a dor e a tragédia apon-
tando, rapidamente, seus dedos para o alto. Isso 
torna-se ainda mais cruel quando direcionamos 
essas ideias àqueles que sofrem profundamente 
nesse mundo caído. Vítimas de guerra, pesso-
as em situações de miséria, doentes terminais, 
refugiados condenados ao exílio forçado – para 
esses, uma mera proclamação das delícias celes-
tes é quase uma sentença de morte. Sem perce-
ber, podemos soar como quem diz “amaldiçoa 
seu Deus e morre”.
Graças a Deus, não é esse o ensino bíblico so-
bre a esperança cristã. Encontramos na própria 
Escritura um exemplo de esperança engajada 
com a vida. Enquanto estava preso, o apóstolo 
Paulo escreveu uma epístola aos crentes da cida-
de de Filipos. Ali, ele integrou a esperança futura 
com a vida presente:
Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e 
estar com Cristo, o que é muito melhor; contudo, 
é mais necessário, por causa de vocês, que eu per-
maneça no corpo. Convencido disso, sei que vou 
permanecer e continuar com todos vocês, para o 
seu progresso e alegria na fé, a fim de que, pela 
minha presença, outra vez a exultação de vo-
cês em Cristo Jesus transborde por minha causa 
(Fp 1.23-26).
NA CAMINHADA 
ESPERANÇOSA, 
APONTAMOS A DIREÇÃO 
DA ESPERANÇA PARA 
AQUELES QUE NÃO VEEM 
RAZÃO PARA CAMINHAR
MATÉRIA DE CAPA
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26 ULTIMATO • Março/Abril 2025
O apóstolo tem convicção de que morrer é 
melhor do que continuar vivendo preso. Mas essa 
certeza não o faz abandonar a vida. Pelo contrá-
rio, ele busca ainda mais a dedicação aos seus ir-
mãos enquanto permanece vivo.
Essa postura não vem de mera teimosia pes-
soal em permanecer vivo. O que muda na fala do 
apóstolo é a própria dinâmica da esperança. Em 
vez de esperar a chegada de uma nova realidade, 
Paulo fala da expectativa de ele mesmo chegar a 
Cristo. No modo como o prisioneiro do Senhor vê 
a vida, cada dia é um passo na direção do encon-
tro com o Salvador.
A esperança cristã não é uma simples caracte-
rística daquele que espera. Ela é a motivação da-
quele que é esperado. É a razão da caminhada do 
que sabe ser aguardado por alguém que o ama. É 
a decisão do filho pródigo em voltar aos braços 
do seu amado pai. É a fé da ovelha que anda pelo 
caminho da justiça porque sabe que habitará na 
casa do Senhor eternamente. Dessa forma, cada 
dia de dor é um passo a mais na direção desse 
encontro. E, em cada um desses dias, andamos na 
direção de Cristo. É dessa forma que se vê em nós 
a glória daquele que nos espera. E, na caminhada 
esperançosa, apontamos a direção da esperança 
para aqueles que não veem razão para caminhar.
Paulo não se contenta em viver mais um dia 
para si mesmo. Ele decide viver de modo que a 
“exultação de vocês em Cristo Jesus transborde 
por minha causa”. A vida movida pela esperança 
é também proclamadora da esperança. Se cre-
mos que Cristo nos espera, devemos nos dedi-
car a apontar essa esperança aos que vivem em 
desespero. Se cremos que o Amor nos aguarda, 
precisamos demonstrar o mesmo amor aos que 
se veem abandonados. Só assim, cumpriremos o 
mandamento que diz: “Estejam sempre prepara-
dos para responder a qualquer que lhes pedir a 
razão da esperança que há em vocês” (1Pe 3.15).
Carlos “Cacau” Marques, casado com Natália, é 
pastor da Igreja Batista Vida Nova em Nova Odessa, SP, 
professor na Faculdade Teológica Batista de Campinas 
e integrante da equipe do Bibotalk.
A esperança deve ser submetida ao calor e ao frio, 
de dia e à noite, sob o sol e a tempestade, para 
atingir a maturidade. Sem o ministério sofrido do 
vento, da tempestade e da noite, ela não pode 
criar raízes profundas nem crescer. Pode-se 
dizer que a esperança é a fé em plena atividade.Nasceu para vencer e cresceu para ser coroada. 
A esperança triunfa nos dias em que 
tudo nos leva ao desespero.
Hugh Edward Alexander 
A fé cristã baseia-se na convicção de que Deus está 
presente e não se cala.
José de Segovia
Alegrem-se na esperança
Sejam pacientes na tribulação
E perseverem, perseverem
Perseverem na oração
Perseverem, perseverem
Perseverem na oração
Gerson Borges
27Março/Abril 2025 • ULTIMATO
CHAMADA À ADORAÇÃO (1Pe 1.3)
Aleluia! Cristo ressuscitou!
Ele ressuscitou verdadeiramente. Aleluia!
Louvado seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele nos deu nova vida e esperança.
Ele ressuscitou Jesus dentre os mortos.
Deus nos reivindicou como seus.
Ele nos tirou das trevas.
Ele nos fez luz para o mundo.
Aleluia! Cristo ressuscitou!
Ele ressuscitou verdadeiramente. Aleluia!
CONFISSÃO
Deus Redentor, confessamos que o pecado nos pesa e 
nos afasta de ti. Ele fere a criação, compromete nossa 
saúde, rompe nossos laços e obscurece nossa comu-
nhão contigo.
Perdão, Senhor!
Mas tu não és vencido pelo mundo – em Cristo, ven-
ceste o mundo! Tu renovas todas as coisas: os céus, a 
terra e cada pecador perdoado. Derrama sobre nós tua 
graça transformadora, purifica-nos e levanta-nos com 
Cristo para uma nova vida.
Amém.
PALAVRA DE PERDÃO
Ouçam as boas-novas! Cristo Jesus ressuscitou dentre 
os mortos, o primeiro de muitos que voltarão à vida. 
Todo aquele que nele crê recebe, pelo seu nome, o per-
dão dos pecados. Ele reinará até que o último inimigo, 
a morte, seja vencido. As dores do passado não mais 
serão lembradas. Alegrem-se na obra que o Senhor rea-
liza, pois vocês, povo de Deus, são sua alegria. Em Cris-
to, vocês não apenas são perdoados, mas feitos nova 
criação. Aleluia! Demos graças a Deus!
PROCLAMAÇÃO (Dn 7.14; Sl 24.8a; Ap 19.16)
Cristo reina hoje e sempre!
O seu domínio é domínio eterno, que não passará,
e o seu reino jamais será destruído!
Quem é o Rei da Glória?
Jesus Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores!
LEITURA DA PALAVRA
• Colossenses 1.27 (Cristo em nós, esperança da glória)
• Apocalipse 11.15 (O reino de Jesus)
MEDITAÇÃO: JESUS, NOSSA ESPERANÇA VIVA
• Contemple a vida de Jesus: Sua compaixão, seus 
ensinos, seus milagres
• Reflita sobre sua morte sacrificial: O preço pago por 
nossos pecados
• Celebre sua ressurreição: A vitória de Jesus sobre a 
morte
• Reconheça seu reinado atual: Ele governa com justiça 
e amor
• Alegre-se em sua promessa de retorno: A consumação 
do seu reino eterno
RESPOSTA DE FÉ (Catecismo Nova Cidade, 1 e 52)
Qual é nossa única esperança na vida e na morte?
Que não somos de nós mesmos, mas pertencemos, de 
corpo e alma, na vida e na morte, a Deus e a nosso Sal-
vador, Jesus Cristo.
Que esperança tem a vida eterna para nós?
Lembra-nos de que viveremos com Deus e teremos sa-
tisfação nele para sempre no novo céu e na nova terra, 
onde estaremos para sempre libertos de todo pecado 
em uma nova criação renovada e restaurada.
DEDICAÇÃO (1Co 15.58)
Diante de tudo isso, prezados amigos, permaneçam 
firmes. Força! Nada de desânimo! Dediquem-se inteira-
mente ao trabalho do Senhor, pois nada do que vocês 
fazem para ele será perda de tempo.
ORAÇÃO 
Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
É justo e bom render-lhe graças e louvor.
Nós te damos graças, ó Deus, pela esperança que te-
mos em Jesus, que morreu, ressuscitou e reina sobre 
todas as coisas. Porque ele vive, aguardamos a vida 
eterna, certos de que nada poderá nos separar do teu 
amor, revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor. Amém.
BÊNÇÃO (Rm 15.13)
Que o Deus da viva esperança os encha de alegria e 
paz, para que a vida de vocês se encha da energia vi-
vificante do Espírito Santo e transborde de esperança! 
Amém.
Daniel de Lima Vieira é analista judiciário, mestre em filo-
sofia e graduando em teologia. É coordenador do minis-
tério LECIONARIO.COM e editor da série de fascículos do 
“Lecionário Devocional”.
PÁSCOA, MARCO DA ESPERANÇA – UMA LITURGIA
Daniel de Lima Vieira
28 ULTIMATO • Março/Abril 2025
MATÉRIA DE CAPA
29Março/Abril 2025 • ULTIMATO
30 ULTIMATO • Março/Abril 2025
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O CAMINHO DO CORAÇÃO
RICARDO BARBOSA DE SOUSA
Algumas vezes, tenho 
comentado sobre a dificul-
dade que tenho com a pala-
vra “equilíbrio”. Sei que muitos en-
contram nela respostas, um tanto 
simplistas, para temas complexos 
da vida cristã. No esforço de evitar 
uma forma de radicalismo, muito 
criticado em nossos dias, busca-
mos equilibrar, sem pender para 
um ou outro lado. Para muitos 
parece saudável. O problema é que 
não conseguimos manter o equilí-
brio. Cedo ou tarde, inclinaremos 
para um lado, e esse lado não será o 
da espiritualidade.
Posso citar como exemplo 
o ensino bíblico sobre dinhei-
ro. Tanto Jesus, nos Evangelhos, 
como as cartas apostólicas nos 
admoestam sobre o perigo das 
riquezas. Jesus afirma que o di-
nheiro é um poder denominado 
mamom, e nos adverte dizendo 
que é impossível servir a Deus e a 
mamom. Ele não fala que é neces-
sário um equilíbrio entre os dois, 
mas afirma a impossibilidade de 
servir os dois ao mesmo tempo. 
Jesus advertiu os discípulos dizen-
do que a fascinação 
pela riqueza sufoca 
a palavra, para que 
ela não dê frutos. 
Muitas parábolas 
mostram os peri-
gos que o dinheiro 
representa. Con-
tudo, o dinheiro é 
uma realidade na 
vida de todos nós.
Outro exemplo é a necessidade 
de equilibrar as demandas secu-
lares com as religiosas. O esforço 
para equilibrar essas duas reali-
dades, além de criar um abismo 
entre elas, faz com que, no final, 
as demandas seculares acabem 
sufocando as demandas religiosas. 
O mesmo acontece quando busca-
mos equilibrar o intelecto com a 
espiritualidade.
O problema para todos esses 
temas complexos não é a falta de 
equilíbrio. Se fosse, ele seria a so-
lução. O problema real é que o 
dinheiro, a carreira profissional, a 
vida social, a formação intelectual 
sempre tiveram um peso maior so-
bre a fé e a espiritualidade. Quando 
falamos em equilibrar é porque sa-
bemos que a ameaça sempre pende 
para o espiritual. Porém, se a res-
posta não está no equilíbrio, onde 
a encontraremos?
O chamado comum a todos 
nós é para sermos discípulos de 
Cristo. Usando uma expressão 
mais provocativa, somos chama-
dos a imitar Jesus Cristo. Isso sig-
nifica que precisamos estruturar 
tudo o que fazemos de forma a 
contribuir com esse chamado. O 
dinheiro, as demandas sociais e 
profissionais, os desafios intelec-
tuais não deveriam representar 
nenhum risco ou abismo à espi-
ritualidade cristã; ao contrário, 
deveriam ser integrados ao cha-
mado de Cristo para sermos seus 
discípulos. A pergunta não é o que 
fazer para equilibrar, mas como 
todas essas coisas contribuirão 
para nos tornar mais semelhantes 
a Jesus Cristo, promover seu reino 
de justiça e a glória de Deus.
O dinheiro e todas as deman-
das sociais e intelectuais fazem 
parte da vida de todos nós. Não 
precisamos nos preocupar em 
equilibrá-los com a vida religiosa 
e espiritual. Precisamos apenas 
nos envolver de forma fiel e inten-
cional com o chamado de Cristo, 
integrando todas as coisas, e segui-lo, 
imitando-o na forma como ele 
viveu e se relacionou com todas 
essas coisas.
Existe, sim, uma radicalidade 
no chamado de Cristo. Por essa 
razão, o equilíbrio não é uma res-
posta para as tensões da vida da 
fé e da espiritualidade. Jesus nos 
chama e requer tudo de nós – não 
existe equilíbrio no seu chamado. 
Tomar a nossa cruz para segui-lo, 
renunciar tudo o que temos, per-
der a vida para depois ganhá-la 
são expressões que apontam para a 
mesma realidade. Não existe meia 
cruz ou meia renúncia. Tudo pre-
cisa contribuir para o destino final: 
sermos conformados à imagem de 
Jesus Cristo.
Ricardo Barbosa de Sousa é pastor 
da Igreja Presbiteriana do Planalto, em 
Brasília, DF, e coordenador do Centro 
Cristão de Estudos, em Brasília. É autorde, entre outros, A Cruz e o Paradoxo 
da Autoestima, Quando a Alegria Não 
Vem pela Manhã, A Espiritualidade, 
o Evangelho e a Igreja, Pensamentos 
Transformados, Emoções Redimidas 
e O Caminho do Coração.
TUDO OU NADA
Mamom versus Deus – Ninguém pode servir a dois senhoresMamom versus Deus – Ninguém pode servir a dois senhores
bit.ly/412_caminho-coracaobit.ly/412_caminho-coracao
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NÃO EXISTE 
MEIA CRUZ OU 
MEIA RENÚNCIA. 
TUDO PRECISA 
CONTRIBUIR 
PARA O DESTINO 
FINAL: SERMOS 
CONFORMADOS 
À IMAGEM DE 
JESUS CRISTO
32 ULTIMATO • Março/Abril 2025
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Eu não quero Mickey Mouse!Eu não quero Mickey Mouse!
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MENINAS (E MENINOS) 
SUPERPODEROSAS(OS)
Outro dia, uma mãe me 
ligou solicitando uma 
consulta para o filho de 
9 anos. A escola havia requisitado 
que ele fizesse um tratamento para 
Transtorno de Déficit de Atenção 
e Hiperatividade (TDAH). De-
pois de ouvir a queixa dessa mãe, 
perguntei-lhe quando poderia vir 
junto com o marido e o filho para 
uma primeira consulta. Ela me 
respondeu: “Meu filho estuda em 
uma escola diferenciada da cida-
de, com educação bilíngue e de 
período integral. Ele entra às sete 
da manhã e tem aulas até as qua-
tro da tarde. Após as aulas, nas 
segundas, ele tem escolinha de fu-
tebol das dezessete 
às dezenove horas; 
na terça e na quin-
ta, depois da esco-
la, ele vai para o 
reforço de Kumon; na quarta, ele 
tem aula de bateria e, na sexta, vai 
para o judô. Nos sábados o senhor 
atende à tarde? Porque pela ma-
nhã ele tem aula de natação.”
Confesso que fiquei cansado 
só de ouvir o relato da agenda su-
perocupada dessa criança e pen-
sei que havia um motivo bastante 
óbvio para esse “diagnóstico” de 
HIPER ativo! Então perguntei 
à mãe quando esse menino des-
cansava. Ela me respondeu que 
todos os dias, após tomar banho 
e jantar, ele ficava uma hora jo-
gando videogame e, nesse perí-
odo, descansava. (Naturalmente 
os jogos que ele jogava eram de 
extrema ação e de lutas.)
Por fim, ao ser questionada 
quando a criança tinha tempo 
de interação com os pais para 
atividades divertidas em família, 
ela respondeu que, em alguns 
domingos à tarde, quando o pai não 
estava cansado demais, eles saíam 
para passear... no shopping center!
Fiquei pensando nos motivos 
que fizeram esse casal preencher a 
agenda do filho com tantas ativi-
dades. No decorrer das conversas 
seguintes com a família, descobri 
que ambos os pais tinham vindo 
de famílias em que foram muito 
exigidos. Além disso, nelas, o si-
nônimo de sucesso era entendido 
como ter uma atividade profis-
sional que gerasse muita renda 
para desfrutar no “futuro” (na 
aposentadoria). Por isso, queriam 
equipar o filho para ser “bem-su-
cedido” em uma sociedade muito 
competitiva.
Também descobri que, infe-
lizmente, os avós que impuseram 
esse padrão aos pais nunca con-
seguiram desfrutar desse futu-
ro. Um avô teve um infarto ful-
minante com pouco mais de 50 
anos (provavelmente pelo estilo 
de vida que levou) e a avó do ou-
tro lado teve uma demência senil 
relativamente precoce.
Antes de classificarmos uma 
criança com um diagnóstico (e, 
muitas vezes, acompanhado de 
uma medicação), é importante 
avaliarmos seu contexto, com 
os valores e estilo de vida que os 
pais tentam impor a ela. Muitas 
vezes, menos é mais.
O legado de sucesso mais im-
portante que os pais podem dei-
xar para os filhos é de uma vida 
de fé comprometida e centrada 
nos valores do evangelho – eles 
desfrutarão desses valores por 
toda a eternidade! Como ensi-
nam as Escrituras: “Eduque a 
criança no caminho em que deve 
andar, e até o fim da vida não se 
desviará dele” (Pv 22.6).
Carlos “Catito” e Dagmar são 
casados, ambos psicólogos e tera-
peutas de casais e de família, e mem-
bros da Igreja Luterana. São autores 
de Pais Santos, Filhos Nem Tanto. 
Acompanhe o blog: ultimato.com.br/
sites/casamentoefamilia/
FAMÍLIA
CARLOS “CATITO” E DAGMAR GRZYBOWSKI
A AGENDA DOS 
FILHOS “BEM- 
-SUCEDIDOS”
33Março/Abril 2025 • ULTIMATO
Sou pernambucano, nascido 
em Garanhuns. Tenho 64 
anos e sou casado com Mér-
cia há 43. Temos um casal de filhos 
e três netos. Converti-me ao Senhor 
Jesus em 1976, quando compreen-
di verdades libertadoras do evan-
gelho: Cristo, sendo Deus, se fez 
homem, para que eu, homem, me 
tornasse filho de Deus – tudo pela 
graça. Isso me trouxe grande alívio. 
Não precisava mais fazer penitên-
cias e promessas.
Quando completei 50 anos, 
deparei-me com a realidade de 
que estava envelhecendo. Sabia 
que completar mais 50 seria uma 
hipótese pouco provável. A partir 
de então, com certa ansiedade, 
procurei me inteirar do assunto, 
prestando atenção em mim mesmo 
e em outras pessoas da mesma faixa 
etária.
Deparei-me com o livro Fui 
Moço, Agora Sou Velho... E Daí?, de 
Kléos César (Editora Ultimato). Li-o 
vorazmente. Depois dediquei-o ao 
meu estimado pai, também Elias, 
que o rabiscou e fez várias anota-
ções. Mais tarde utilizei esses trechos 
marcados para homenageá-lo numa 
cerimônia pública dedicada a ele.
Um pouco mais tarde, caiu 
nas minhas mãos É Preciso Saber 
Envelhecer, de Paul Tournier 
(Editora Ultimato). Aprendi novas 
e preciosas lições sobre essa fase da 
vida, levando-me a aceitá-la com 
fundamentos na espiritualidade, 
no autocuidado, na aposentadoria e 
nova carreira.
Nesse contexto, livros mais 
livros, destaco também A Arte de 
Envelhecer, escrito por S. B. Nuland 
(Editora Objetiva). O livro aborda o 
impacto do envelhecimento sobre 
nossos corpos e mentes, esforços e 
relacionamentos – um livro franco 
e inspirador sobre o último estágio 
da vida.
Esse período foi enriquecedor. 
Naveguei em campo dilemático 
extenso que, talvez, também per-
meie as mentes de outros irmãos 
em Cristo. São questões do tipo: 
quando parar de trabalhar; ter 
tempo para aproveitar a última fase 
da vida; ter tempo para se dedicar 
com mais intensidade à igreja; 
aproveitar a convivência com filhos 
e netos; reservar tempo para velhos 
amigos; voltar a estudar; viajar um 
pouco; e assim por diante. No final, 
constituiu-se num farto material 
para o processo terapêutico.
Descobri que podia continuar 
a fazer muitas coisas. Então con-
tinuei! Trabalho. Estudo teologia. 
Tornei-me educador financeiro. 
Sou consultor na área de finanças. 
Faço trabalhos voluntários e edu-
cativos em escolas, cooperativas, 
associações, igrejas etc.
Em minha comunidade de 
fé, sou professor da escola bíblica 
dominical, classe 60+. Em 2025, 
abordaremos 32 temas distintos na 
companhia de outros irmãos, cons-
tituindo-se numa pastoral pioneira 
voltada para a pessoa idosa, cujo 
slogan é: “Se você tem mais de 60 
anos, ou se pretende chegar lá, o 
seu lugar é aqui!”. Teremos a opor-
tunidade de refletir sobre a pouca 
eficácia do discipulado da popula-
ção idosa, sobre a possibilidade de 
maior envolvimento dos 60+ na 
obra missionária direcionada aos 
nossos filhos, netos, amigos, bem 
como a oportunidade de orientar, 
aprender e discipular cristãos mais 
jovens.
E daqui pra frente? 
Continuaremos a depender inte-
gralmente do Senhor, “porque nele 
vivemos, e nos movemos, e exis-
timos, como também alguns dos 
vossos poetas disseram: Pois somos 
também sua geração” (At 17.28-30). 
Tenho muitos pro-
jetos que depen-
dem da vontade do 
Senhor. Nas pala-
vras do salmista, citadas pelo pastor 
Kléos, “Fui moço e agora sou velho; 
mas nunca vi desamparado o justo, 
nem a sua descendência a mendigar 
o pão” (Sl 37.25).
Como li certa vez numa anota-
ção, “a ideia é morrer jovem, o mais 
velho possível”, sempre à disposição 
do Senhor, servindo a Jesus Cristo, 
pelo poder do Espírito Santo. 
Amém.
Elias Bispo, servo de Cristo, é con-
sultor financeiro, membro da Igreja 
Presbiteriana da Madalena, em 
Recife, PE, e faz parte do Movimento 
Cristão 60+.
RECONHECENDO-ME NA 
TERCEIRA IDADESESSENTA +
ELIAS BISPO
“A IDEIA É MORRER 
JOVEM, O MAIS 
VELHO POSSÍVEL”
“Os velhos terão sonhos”“Os velhos terão sonhos”
bit.ly/412-sessentabit.ly/412-sessenta
MAIS NA INTERNET
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34 ULTIMATO • Março/Abril 2025
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CAMINHOS DA MISSÃO
MARISA MOODY E SARAH BREUEL
Algumas vezes, tenho 
comentado sobre a dificul-
dade que tenho com a pa-
lavra “equilíbrio”. Sei que muitos 
encontram nela respostas, um tan-
to simplistas, para temas comple-
xos da vida cristã. No esforço de 
evitar uma forma de radicalismo, 
muito criticado em nossos dias, 
buscamos equilibrar, sem pender 
para um ou outro lado. Para mui-
tos parece saudável. O problema 
é que não conseguimos manter o 
equilíbrio. Cedo ou tarde, incli-
naremos para um lado, e esse lado 
não será o da espiritualidade.
Sob neblina e frio, 2 mil parti-
cipantes de 75 países se reuniram 
na Arena de Cracóvia, na Polônia, 
para buscarem um avivamento na 
Europa.
A terceira edição da Conferên-
cia Revive Europe foi realizada de 
28 de dezembro de 2024 a 1º de 
janeiro de 2025 – um encontro 
de estudantes e jovens adultos fa-
mintos por avivamento em todo o 
continente.
Inspirados nas vidas de João 
Batista e Elias, e unidos sob o tema 
“Prepare o Caminho”, os partici-
pantes mergulharam nas Escri-
turas, por meio de seminários e 
pequenos grupos, para explorar 
como Deus chama seu povo a se 
preparar por meio de arrependi-
mento, consagração e oração.
Todas as noites, centenas de 
pessoas responderam aos apelos 
de arrependimento, consagração 
e perdão, ajoelhando-se em ren-
dição a Jesus e experimentando 
profundos encontros pessoais 
com ele. Os temas das sessões 
principais foram o avivamento 
em nossos corações, em nossas 
universidades e na Europa.
Nos dias 29 e 30 de dezem-
bro, liderados pela Steiger Eu-
ropa, mais de 450 participantes 
foram às ruas de Cracóvia para 
compartilhar o evangelho com 
ousadia. Numa das noites, Luke 
Greenwood pregou uma men-
sagem evangelística intitulada 
“Imagine”.1 Como resultado, 83 
pessoas que estavam nas ruas se 
juntaram aos participantes na 
arena e vários entregaram suas 
vidas a Cristo, refletindo o poder 
transformador de Deus durante a 
conferência.
No dia 1º de janeiro, os parti-
cipantes foram desafiados a assu-
mir compromissos concretos para 
o ano novo, e houve mais de 800 
compromissos registrados, como 
viver uma vida de consagração, 
orar e jejuar por avivamento, fazer 
missões transculturais de curto 
ou longo prazo e comprometer-se 
com o avivamento de sua geração.
Fundado em 2019, o Revive 
Europe Movement existe para pre-
parar o caminho para um mover 
de Deus entre estudantes e jovens 
adultos na Europa. A iniciativa re-
presenta um quadro de esperança 
para o futuro da igreja na Euro-
pa. É uma das muitas maneiras 
pelas quais Deus está agindo de 
forma especial em nosso conti-
nente neste momento, levantan-
do uma geração que afirma que a 
Europa não é pós-cristã, mas, sim, 
pré-avivamento.
Louvado seja Deus pelo Espírito 
Santo que sopra onde, como e 
quando quer. Mesmo no mais 
intenso nevoeiro da Polônia.
Mais informações em reviveeurope.org. 
Contato: marisa.moody@reviveeurope.org.
Nota
1. Luke Greenwood na Revive 24. Vídeo 
disponível em www.youtube.com/watch?-
v=d6IwFlFyVNk
Marisa Moody é diretora de comu-
nicação do Revive Europe e Sarah 
Breuel, brasileira, é fundadora e dire-
tora executiva do movimento.
PREPARE O CAMINHO
CONFERÊNCIA DE AVIVAMENTO ACONTECE NA 
POLÔNIA NA VIRADA DE 2024 PARA 2025
Deus quer me usar? Histórias da Europa secularizada e alémDeus quer me usar? Histórias da Europa secularizada e além
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REFLEXÃO
ANE ALMA
SIM, A BELEZA IMPORTA!
A beleza é muito mais profunda do que imaginamos
Calma, este texto não é 
sobre preenchimento la-
bial, roupas da moda ou 
cirurgia plástica (mas até pode-
ria ser). Existe uma frase muito 
famosa que diz: “A beleza está 
nos olhos de quem vê”, e, a cada 
dia, ela faz mais sentido para 
mim.
Qual foi a última 
vez que você parou 
para olhar ao redor 
e percebê-la? Nós 
só sentimos falta do 
céu azul e de suas 
nuvens branquinhas 
quando o dia está 
nublado.
A beleza é uma virtude, e ela 
é muito mais profunda do que 
imaginamos. Ela se manifesta 
de diversas formas, desde os de-
talhes mais singelos até as coisas 
grandiosas. O nosso único “tra-
balho” é estarmos dispostos a 
enxergá-la.
Há a beleza inegável da criação, 
a natureza tão incrível e cheia 
de cores, texturas e cheiros. 
Mas também há beleza nos detalhes: 
em acordar todos os dias e ter 
fôlego para respirar; no choro 
de uma criança ao nascer ou até 
mesmo quando ela cai e rala o jo-
elho; na mesa farta, mas também 
na louça suja na pia que, embora 
nos incomode, significa que o 
alimento não faltou.
A beleza pode ser singular 
e única, mas dentro dela existe 
um universo de possibilidades. 
Em uma era de busca incessan-
te pela juventude e perfeição, só 
percebe a beleza de uma pele não 
tão esticada quem já entendeu 
que os anos, dentro da brevidade 
desta vida, são implacáveis. Se 
vivermos emburrados, sem apre-
ciar e aproveitar o tempo que te-
mos, as rugas serão de rigidez, 
e não de um rosto que sorriu 
e se alegrou.
Veja, não estou dizendo que a 
vida é sempre um mar de rosas. 
Mas, assim como o sol nasce e 
se põe, podemos ter a certeza de 
que nenhuma escuridão é eter-
na. Um novo dia sempre surgirá, 
trazendo consigo a chance de en-
xergar, mais uma vez, o que há de 
melhor.
Para finalizar, deixo aqui 
uma dica de ouro que fará você 
economizar muito, seja na bus-
ca pela beleza física ou interior: 
“O coração alegre aformoseia 
o rosto” (Pv 15.13). Agora você 
já sabe que nenhum produto de 
skincare será mais poderoso do 
que um coração alegre, grato e 
contente.
Ane Alma, 27 anos, casada, cantora 
gospel, é uma carioca morando em 
São Paulo, SP.
ASSIM COMO
O SOL NASCE
E SE PÕE,
PODEMOS TER
A CERTEZA DE
QUE NENHUMA
ESCURIDÃO
É ETERNA
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36 ULTIMATO • Março/Abril 2025
Por que a beleza importa para a teologia e para a vida?Por que a beleza importa para a teologia e para a vida?
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Como a criança enfrenta o luto decorrente de uma perda 
que ela nem consegue explicar?
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m
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Ontem foi domingo e depois 
da costumeira refeição em 
família, gastei algumas ho-
ras brincando com meu neto que 
está hoje com 1 ano e 8 meses. Fo-
mos ver galinhas, cachorros, gato e 
borboletas… várias vezes seguidas. 
Brincamos na água, na cadeira do 
vovô, na salinha de brinquedos. Foi 
uma delícia. Quando cansei e me 
ausentei para o banho (ele tinha 
me molhado toda), ouvi, do chu-
veiro, a vozinha insistente: “Vovó, 
vovó, vovó…”.
Os vínculos que Deus projetou 
para que desenvolvêssemos em 
família são preciosos e as crianças 
nascem como uma capacidade de 
conexão quase inesgotável. Mas, o 
que acontece quando um vínculo 
é rompido pela morte? Como a 
criança enfrenta o luto decorrente 
de uma perda que ela nem conse-
gue explicar?
De acordo com a assistente 
social e tanatóloga Mel Erickson, 
as crianças precisam de atenção 
para processarem o luto de forma 
saudável. Luto não é prerrogativa 
da fase adulta – as crianças sofrem 
com suas perdas, muitas vezes de 
forma invisível e no silêncio. E, em 
condições desfavoráveis, explica-
ções malévolas, sussurradas pelo 
Inimigo de nossas almas, podem 
encontrar morada noespírito da 
criança, gerando desconfiança, 
mágoa e até culpa pelo ocorrido. O 
trauma gerado por uma perda pode 
ter consequências que perdurarão 
até a fase adulta.
A Rede Mãos Dadas, em 
parceria com a Geração Elo e a 
Lifewords/Projeto Calçada, lança 
em março a primeira testagem de 
um programa voltado para crianças 
enlutadas. O alvo é testar o material 
criado por Mel Erickson com oito 
grupos de crianças enlutadas iden-
tificadas por nossos parceiros em 
oito cidades diferentes no Brasil.
As crianças participarão de 
pequenos grupos facilitados por 
duas pessoas treinadas para con-
duzir dinâmicas que as ajudarão a 
se fortalecerem para compreender 
e ressignificar suas perdas. Serão 
catorze encontros semanais, pro-
gramados para ajudar a criança a 
desenvolver amizades com pessoas 
que compreendem a sua dor e que 
se dispõem a caminhar com ela 
pelo “vale da sombra da morte” de 
mãos dadas com o Bom Pastor!
O historiador Lyle W. Dorsett, 
professor emérito da Wheaton 
College, em Illinois, Estados Unidos, 
no livro Serving God and Country: 
U.S. Military Chaplains in World 
War II, defende a tese de que as 
Forças Aliadas só foram vitoriosas 
durante a Segunda Guerra Mundial 
porque os capelães – destacados 
e enviados por suas respectivas 
igrejas e sinagogas para cada bata-
lhão – foram fiéis no seu trabalho 
de levar esperança a locais onde só 
havia desespero. Essa é a essência 
da missão da igreja num mundo 
em conflito com Deus: semeamos 
a esperança da redenção, redenção 
essa que é garantida para nós por 
intermédio de Jesus Cristo, o Senhor 
da História. Toda criança afetada 
pela morte, dentro ou fora de nossas 
igrejas, precisa dessa esperança.
Você pode participar se can-
didatando para acompanhar um 
grupo de crianças e os seus facili-
tadores em oração. A intercessão 
é essencial no processo. Entre em 
contato com a Rede Mãos Dadas 
(maosdadas.ong.br) para saber 
mais sobre esta ou outras formas de 
participação.
Elsie B. C. Gilbert é jornalista e edi-
tora do blog da Rede Mãos Dadas.
SEMPRE COM VOCÊ
UM ESPAÇO SEGURO PARA CRIANÇAS ENLUTADAS
ESPECIAL
 ELSIE B. C. GILBERT
Crianças também enfrentam o lutoCrianças também enfrentam o luto
bit.ly/412-especial-lutobit.ly/412-especial-luto
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38 ULTIMATO • Março/Abril 2025
Como é natural, desde o início 
do cristianismo, a verdadeira 
identidade de Jesus desper-
tou imenso interesse da parte dos 
seus seguidores, principalmente sua 
relação com Deus Pai. Quem era Je-
sus realmente, no seu ser mais essen-
cial? Todavia, a influência do pensa-
mento grego e a própria linguagem 
bíblica resultaram em diferentes en-
tendimentos sobre a pessoa do Re-
dentor, com suas dimensões divina 
e humana. Os chamados docetistas, 
por exemplo, negavam a humanida-
de do Filho de Deus, dizendo que sua 
encarnação foi apenas aparente, não 
real. Já os monarquianos, preocupa-
dos com a unidade do Ser Supremo, 
acreditavam que Pai, Filho e Espírito 
Santo eram diferentes manifestações 
ou modos da mesma pessoa divina. 
Daí essa posição também ser deno-
minada modalismo. Outros, conhe-
cidos como adocionistas, entendiam 
que Jesus era um homem como os 
demais, que foi adotado por Deus e 
revestido de atributos especiais.
No início do quarto século, 
surgiu uma nova posição. Ário, um 
presbítero ou sacerdote da igreja 
de Alexandria, no Egito, come-
çou a ensinar que Jesus, embora 
muito superior aos seres humanos, 
era nitidamente inferior ao Pai. 
Apelando à terminologia bíblica 
que descrevia o Senhor Jesus como 
“unigênito” ou “primogênito”, ele 
passou a afirmar que o Filho foi 
literalmente gerado ou criado pelo 
Pai, antes da fundação do mundo. 
Essa proposta foi condenada pelo 
bispo de Alexandria, mas encontrou 
muitos simpatizantes. O resultado 
foi uma enorme controvérsia, que 
ameaçava a harmonia e unidade 
não só da igreja, mas do próprio 
império. Preocupado, o imperador 
Constantino, que, desde o início do 
seu reinado havia se identificado 
com a fé cristã, resolveu convocar 
uma grande assembleia de bis-
pos para discutir a questão. Esse 
importante concílio eclesiástico, o 
primeiro de seu gênero, ocorreu na 
cidade de Niceia, a pequena distân-
cia de Constantinopla, a magnífica 
capital construída pelo monarca. 
O ano foi 325, de maio a julho, há 
exatos 1.700 anos.
A maior parte dos bispos par-
ticipantes era procedente da parte 
oriental do Império Romano, de 
língua grega. Ário, não sendo bispo, 
e sim presbítero, não participou 
oficialmente do encontro, mas foi 
representado por alguns influentes 
partidários, em especial o bispo 
Eusébio de Nicomédia. Depois de 
muita discussão acalorada, na qual 
houve até mesmo a interferência 
pessoal do próprio imperador, foi 
aprovado o Credo de Niceia, um 
dos documentos mais importantes 
da história da igreja. Sua declaração 
mais decisiva é que Jesus Cristo, 
longe de ser uma criatura exaltada, 
é “consubstancial com o Pai” (em 
grego, homoousios to Patri), ou 
seja, possui a mesma substância 
ou natureza que o Pai, sendo, por-
tanto, coigual e coeterno com o Pai. 
Estavam lançados os fundamentos 
teológicos da doutrina da Trindade.
Foram muitos os argumentos 
utilizados em defesa dessa con-
clusão, vários deles propostos pelo 
jovem diácono e teólogo Atanásio, 
que se tornaria destacado bispo de 
Alexandria por quase meio século 
(328-373). Se Jesus é uma criatura, 
como defendia Ário, a igreja é cul-
pada do pecado de idolatria ao pres-
tar culto a ele. Se o Filho não existia 
antes de ser criado pelo Pai, isso 
significa que o Pai nem sempre foi 
Pai: ele só se tornou tal após a cria-
ção do Filho. Porém, o argumento 
mais importante foi que negar a 
divindade e a personalidade distinta 
de Jesus Cristo colocava em dúvida 
a própria salvação. Se o Redentor 
não fosse plenamente divino, ele 
não poderia realizar, de modo cabal 
e eficaz, a mediação e reconciliação 
entre Deus e os seres humanos. 
O Credo de Niceia manteve a lin-
guagem bíblica de geração, mas a 
entendeu como distinta de criação 
CONCÍLIO DE NICEIA – 1.700 ANOS
Por que um credo de 1.700 anos é tão importante?
HISTÓRIA
ALDERI SOUZA DE MATOS
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ín
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 p
úb
lic
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Primeiro Concílio de Niceia, Giovanni Guerra e Cesare Nebbia
39Março/Abril 2025 • ULTIMATO
(“gerado, não feito”). Em outras 
palavras, no que diz respeito ao Ser 
Divino, a linguagem de Pai e Filho 
não tem um sentido cronológico ou 
temporal, mas relacional e eterno. 
O Filho de Deus, como afirmaram 
teólogos do quarto século, é “eterna-
mente gerado pelo Pai”.
As conclusões de Niceia solidi-
ficaram a posição do cristianismo 
ortodoxo, mas não puseram fim à 
controvérsia, que ainda perdurou 
por várias gerações. Apesar de con-
denado formalmente, o arianismo 
teve longa sobrevida e importantes 
defensores. Por fim, vários fatores 
contribuíram para a consolidação 
da ortodoxia nicena, a começar do 
chamado Edito de Tessalônica, pro-
mulgado pelo imperador Teodósio 
no ano 380, que tornou o cristia-
nismo trinitário a religião oficial do 
Império Romano. No ano seguinte, 
o segundo concílio ecumênico, reu-
nido em Constantinopla, reafirmou 
e expandiu o Credo de Niceia, 
acrescentando uma declaração mais 
detalhada sobre o Espírito Santo. 
Contribuíram para esses desdo-
bramentos as brilhantes reflexões 
de vários teólogos de língua grega 
– o já referido Atanásio e os cha-
mados “três capadócios”, Basílio de 
Cesareia, Gregório de Nazianzo e 
Gregório de Nissa.
Por dezessete séculos, as decla-
rações do Concílio de Niceia sobre 
Jesus Cristo têm sido abraçadas pela 
grande maioria dos cristãos, sejam 
eles ortodoxos gregos, católicos ou 
protestantes. Apesar dos questiona-
mentos de unitários e liberais, com 
sua tendência de negar ou subes-
timar o caráter transcendente de 
Cristo, a crença na personalidade 
distinta e na plena divindade do 
Salvador tem sido uma das mais 
importantes convicções cristãs, 
com vastas implicações para toda a 
teologia,a começar pelas doutrinas 
da criação e da redenção. Mais do 
que isso, os que creem nessa ver-
dade sublime e profunda entendem 
que ela está, acima de tudo, em 
total harmonia com o testemunho 
da Escritura. “No princípio era o 
Verbo, e o Verbo estava com Deus, 
e o Verbo era Deus... E o Verbo se 
fez carne, e habitou entre nós, cheio 
de graça e de verdade, e vimos a sua 
glória, glória como do unigênito do 
Pai” (Jo 1.1, 14).
Alderi Souza de Matos é doutor em 
história da igreja pela Universidade 
de Boston e professor no Centro 
Presbiteriano de Pós-Graduação 
Andrew Jumper. É autor de Erasmo 
Braga, o Protestantismo e a Sociedade 
Brasileira; A Caminhada Cristã na 
História; Fundamentos da Teologia 
Histórica e Às Ciências Divinas e 
Humanas (150 anos do Instituto Pres-
biteriano Mackenzie). Está morando 
por um ano nas proximidades da 
Filadélfia, nos Estados Unidos. 
De Niceia ao Vaticano II: breve panorama dos 
concílios ecumênicos
bit.ly/412-historia
MAIS NA INTERNET
40 ULTIMATO • Março/Abril 2025
ESPECIAL
REPORTAGEM
O FENÔMENO
DAS BETS Ad
ob
e 
St
oc
k
Um sonho: ter mais dinheiro para viver tranquilo, 
sem preocupações. Simples assim.
Talvez essa seja uma das “boas” explica-
ções dadas por pessoas envolvidas com jogos de apostas 
online. Mas o meio não justifica o fim – ganhar dinheiro de 
forma rápida e sem demasiado esforço. Porque, na dinâ-
mica dos jogos de apostas, sempre há prevalência dos 
mais fortes sobre os mais fracos, e alguém sai perdendo – 
não só dinheiro. Não é nada simples.
E o problema não é sonhar, mas a maneira como o 
sonho é cultivado. Hoje em dia, todos sonham – ou apostam 
– e, de forma mais ou menos consciente, colocam em risco 
muitas coisas que deveriam ser protegidas: bens pessoais, 
o bem comum, a interação fraterna, a liberdade, a doação 
generosa e, muitas vezes, a própria vida ou a de outros. 
As colaborações a seguir não dirão se é certo ou 
errado jogar. Nem falarão do que a Bíblia diz sobre apostar 
(você pode ler sobre isso no portal Ultimatoonline). Mas 
lembrarão como a igreja pode e deve ajudar a proteger as 
vítimas dos jogos por meio da educação, da prevenção e 
do apoio emocional, e denunciarão: “No Brasil, mais de 12 
milhões de crianças e adolescentes, dentro de suas casas, 
escolas, igrejas, acessam jogos indevidos e prejudiciais 
a eles”.
A ATRAÇÃO DAS APOSTAS: OS 
IMPACTOS SOCIAIS E O PAPEL 
DA IGREJA
MARIA MARTA DIAS H. LISBOA, AGEU H. LISBOA E 
EDUARDO NUNES
No Brasil, nos últimos dez anos, estamos observando cres-
cente número de apostadores em plataformas de apostas 
online, as Bets. Elas ocupam espaços nas mídias e estádios, 
e são impulsionadas por influenciadores sorridentes que 
dizem “Ganhe”, “Fé na sorte”, e por aí vai. O fenômeno envolve 
milhões de pessoas no sonho de um possível ganho financeiro 
que possibilitaria, em tese, o fim de penúrias financeiras e a rea-
lização de sonhos de consumo.
Além das Bets, outros tipos de jogos e apostas são pos-
síveis nas casas lotéricas e em pontos do popular jogo do 
bicho, enquanto abastados fazem turismo no exterior para 
jogar em cassinos. Como entender e lidar com essa ava-
lanche publicitária? Que males podem surgir e o que a 
Igreja tem a dizer?
Jogos que lidam com a sorte ou o azar são parte de 
inúmeras culturas há milênios e coexistem com jogos que 
exigem a racionalidade, como o xadrez, a dama e as dis-
putas esportivas. Todos esses e outros jogos podem ser 
praticados numa dimensão puramente lúdica, um divertido 
passatempo com amigos, sem risco de perdas de bens e de 
dinheiro. A dimensão oposta envolve apostas de valores, na 
dependência de algo irracional, de natureza errática.
O CRESCIMENTO DAS APOSTAS E SEUS DESAFIOS – 
DANOS PSÍQUICOS, ADOECIMENTO E DERROCADA 
FINANCEIRA
São inúmeras as tragédias associadas a jogos de azar 
expostas na literatura, em filmes e na vida real. Há que se 
prevenir, então, de abusos. Como desperta fantasias e leva 
pessoas a sonhar com uma realidade imaginária que trará 
felicidade, o jogo de azar pode prender o jogador numa 
dinâmica neurótica. Este costuma enganar a si próprio, 
dizendo: “Desta vez, quem sabe?”, ou “Só mais um pouco”. 
E ameniza a consciência, racionalizando: “Se ganhar, farei 
muito bem aos pobres e até entregarei o dízimo na igreja”. 
Assim segue por um padrão persistente, insistente, de jogar, 
mesmo quando isso traz consequências negativas, o que 
caracteriza a dependência do jogo patológico segundo o 
Código Internacional de Doenças (C.I.D. 11 6C50.0).
O Instituto Locomotiva aponta que 25 milhões de pes-
soas passaram a apostar nos primeiros sete meses de 
2024, fazendo com que as casas de apostas tivessem uma 
média de 3,5 milhões de usuários por mês, só no Brasil.1 
Esse quadro sinaliza um risco crescente de dependência, 
com o jogo tomando uma proporção de vício, que afeta 
diretamente a qualidade de vida das pessoas e de suas 
famílias.
41Março/Abril 2025 • ULTIMATO
Um desafio a enfrentar é a cultura de entretenimento 
de massa, que vive de modismos e reproduz memes 
embalados em luzes, cores, sons e cerveja. Valem o 
bordão e a ostentação de influenciadores digitais que pro-
movem anúncios de Bets, direcionando campanhas publi-
citárias inclusive a públicos vulneráveis, como crianças e 
adolescentes. O apelo das apostas para este público, com 
a publicidade nas redes sociais adaptada para capturar 
a atenção e induzir ao vício, suscitou a reação de educa-
dores, psicólogos e médicos, e intenso debate jurídico e 
legislativo.
Para mitigar os impactos negativos das apostas, 
o governo federal regulamentou o setor com foco na 
prevenção do endividamento e do vício. A Portaria nº 
1.231/2024, editada pela Secretaria de Prêmios e Apostas 
do Ministério da Fazenda, estabelece regras que prio-
rizam a proteção dos apostadores. Entre as medidas para 
evitar endividamento, destacam-se a proibição do uso de 
crédito, direto ou indireto, para apostas e a limitação das 
formas de pagamento a depósitos pré-pagos, como car-
tões de débito e pix.
A questão também foi tema de audiência pública rea-
lizada em novembro de 2024, em razão da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade em tramitação no Supremo Tribunal 
Federal (ADI 7721 MC/DF), sob relatoria do Ministro Luiz 
Fux, em que representantes da sociedade civil e dos três 
poderes discutiram diretrizes para o setor.
Além disso, o Anexo X do Código de 
Autorregulamentação do CONAR estabelece rigorosas 
diretrizes para a publicidade responsável de apostas 
esportivas. Entre as principais regras que os anunciantes 
devem cumprir, destacam-se os avisos de desestímulo e 
advertência, como:
• Restrição etária. Todos os anúncios devem conter 
uma frase que informe a restrição etária para a prática (por 
exemplo, “18+”);
• Ações informativas e preventivas. Devem ser imple-
mentadas ações informativas para conscientizar os apos-
tadores e prevenir o transtorno do jogo patológico;
• Proteção ao público infantojuvenil. Além de respeitar 
o princípio de proteção ao público jovem, o elenco dos 
anúncios deve ter, e aparentar ter, mais de 21 anos.
O PAPEL DA IGREJA NA PROTEÇÃO SOCIAL
A Igreja, uma das instituições sociais mais influentes e pre-
sentes em todo o Brasil, tem um papel fundamental no 
apoio às famílias e na conscientização sobre os riscos do 
jogo. É bom lembrar que, historicamente, as igrejas pro-
testantes sempre se opuseram aos jogos de azar devido 
a uma ética que incentiva o trabalho, a disciplina econô-
mica, a frugalidade e a dependência de Deus. A Igreja 
pode pautar sua atuação em três frentes principais: 
educação, prevenção e apoio espiritual.
1. Educação e conscientização. A Igreja pode atuar 
como agente educativo, promovendo palestras, oficinas 
e campanhas de conscientização nas comunidades sobre 
os perigos das apostas. Isso envolve não apenas informar 
sobre o impacto negativo do vício em jogos, como também 
ensinar valorescristãos, responsabilidade financeira e 
autocontrole. Esse trabalho pode alcançar um público 
amplo, especialmente em áreas socialmente carentes, 
onde o acesso à educação financeira é mais limitado.
2. Prevenção e ações comunitárias. A Igreja pode cola-
borar com as autoridades para desenvolver programas de 
prevenção ao vício em apostas. Isso inclui a promoção de 
alternativas de lazer saudáveis e de oportunidades de tra-
balho e renda para jovens em situação de vulnerabilidade 
social, especialmente nas regiões onde as apostas estão 
se tornando mais populares. A prevenção deve também 
se estender à atuação junto às famílias, com apoio psi-
cossocial para aqueles que já demonstram sinais de 
dependência.
3. Apoio emocional e espiritual. A Igreja possui uma 
ampla rede de apoio, seja por meio de grupos de ajuda, 
aconselhamento ou mesmo suporte espiritual. Nos 
momentos mais críticos de um vício, a Igreja pode oferecer 
o acolhimento necessário para que os indivíduos bus-
quem tratamento adequado e se reabi-
litem. Além disso, pode se envolver em 
ações que ajudem a reintegrar aqueles 
que saíram do ciclo vicioso, oferecendo 
suporte emocional e espiritual durante 
todo o processo de recuperação.
Diante do crescimento das apostas 
no Brasil, impulsionado por plata-
formas digitais e influenciadores, as 
autoridades brasileiras terão desafios significativos para 
fazer cumprir toda a regulamentação, a fim de com-
bater o vício no jogo e fazer valer o direito de proteção 
de públicos vulneráveis, como crianças e adolescentes.
A Igreja, com seu papel educativo e social, pode ser 
uma força crucial na prevenção e no apoio às vítimas 
desse vício. É fundamental que a Igreja, com o Estado e as 
demais entidades da sociedade civil, colabore na criação 
de um ambiente mais seguro, responsável e saudável para 
todos os brasileiros, especialmente os mais jovens, que 
são o futuro do país.
Nota
1. Explosão das bets: crescimento, impacto, regulamentação. 
Meio e mensagem. Disponível em bit.ly/412-bets
Maria Marta Dias Heringer Lisboa é advogada em 
São Paulo, SP. Ageu Heringer Lisboa é psicólogo em 
Campinas, SP, e autor de Sexo: Espiritualidade, Instinto e 
Cultura (Editora Ultimato).
NOS PRIMEIROS 
SETE MESES DE 
2024, AS CASAS DE 
APOSTAS TIVERAM 
UMA MÉDIA DE 
3,5 MILHÕES DE 
USUÁRIOS POR 
MÊS, SÓ NO BRASIL
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42 ULTIMATO • Março/Abril 2025
REPORTAGEM
A EXPLOSÃO DAS BETS E A 
IMPLOSÃO DO CUIDADO
EDUARDO NUNES
A indústria das apostas foi turbinada exponencialmente 
nesse primeiro quarto do século 21 pela comunicação 
instantânea, possibilitada pelos computadores de mão 
(que chamamos de telefones por razões afetivas), con-
trolados pelos algoritmos das redes “sociais”. Essa 
explosão conferiu ao hábito de ganhar com a predição 
do futuro dimensões econômicas e sociais impensá-
veis há dez anos. O faturamento cresceu de 1,8 bilhão 
de dólares americanos, em 2010, para 572 bilhões de 
dólares americanos, em 2024. Mais de 4 bilhões de pes-
soas jogam online pelo menos uma vez ao ano. Quatro 
fatores foram críticos para esse salto: a liberação (nos 
Estados Unidos, na Europa e em outros países); a pos-
sibilidade de acompanhar esportes 24 horas por dia, 
sete dias por semana; o marketing agressivo asso-
ciado a algo saudável (os esportes); e as estratégias de 
“rede social” que atraem, mantêm e expandem o uso. 
Isso criou um fenômeno que cruza fronteiras políticas, 
sociais e mesmo religiosas. O grupo majoritário (73%) 
são homens de 14 a 40 anos. Você leu certo: 14 anos.
Assim, de todos os problemas e riscos econô-
micos e sociais dessa “explosão bet”, o mais preocu-
pante é o engajamento de crianças e adolescentes, já 
que a infância deve ser a prioridade absoluta de uma 
sociedade. Cassinos online fazem propaganda em sites 
infantis; a todo tempo, vemos anunciar “Bets – jogos 
esportivos” em partidas, camisas de times, nomes de 
estádios e, até mesmo, nomes de campeonatos. As 
empresas de apostas não se esforçam para evitar que 
crianças e adolescentes joguem. Em plataformas, há 
uma área de jogos de azar, sem envolver dinheiro, para 
treinar crianças para apostar.
Um estudo do Unicef mostra que 78% dos jovens 
começaram a jogar a partir dos 12 anos e 22%, com 11 
anos ou menos. Metade dos adolescentes jogou, pela 
primeira vez, com colegas (51%), enquanto um terço deles 
teve a companhia de algum parente (32%). Uma criança 
ou um adolescente não começa a jogar motivado por 
ganância; suas apostas são originadas, principalmente, 
por desejo de atenção, contato e relacionamento.
Mas os jogos de azar fazem mal para crianças e ado-
lescentes. No seu estágio de desenvolvimento cognitivo, 
em que a intensidade das experiências é maior, assim 
como a busca por recompensas e o medo de rejeição, os 
jogos de azar têm potencial destrutivo. Mesmo quando 
não vêm associados ao vício (que é próximo à depen-
dência química causada por drogas), têm grande poten-
cial de fortalecer crenças e mecanismos disfuncionais 
(violência, irresponsabilidade, egoísmo, manipulação do 
sagrado), assim como provocar ansiedade, depressão, 
tristeza, agressividade e até suicídio.
Mesmo com todo esse potencial destrutivo, dos 
61% das crianças e dos adolescentes brasileiros que 
jogam regularmente online, mais da metade o faz sem 
nenhuma supervisão nem interação com um adulto. 
Por isso, não é de surpreender que uma em cada duas 
43Março/Abril 2025 • ULTIMATO
dessas crianças terminará em um site ou aplicativo de 
jogos de azar, real ou simulado.
No Brasil, isso representa mais de 12 milhões de 
crianças e adolescentes, dentro de suas casas, escolas 
e igrejas, acessando jogos indevidos e prejudiciais a 
eles. Como? Eu poderia responder usando análises eco-
nômicas, sociológicas, políticas, teológicas e mesmo 
morais. Mas prefiro uma resposta simples (mesmo 
sabendo que é uma generalização): isso acontece 
porque não estamos prestando a devida atenção às 
crianças e aos adolescentes. E a Economia da Atenção 
explica.
Economia é o estudo de como recursos escassos 
(comida, dinheiro etc.) são alocados. Em uma era de 
quantidades praticamente infinitas de informações ao 
alcance dos dedos, no senso estrito, não há Economia 
da Informação. Mas, se a informação não é escassa, a 
atenção é. Quando nossos recursos cognitivos (escuta, 
reflexão, observação, toque e assim por diante) são 
focados em algo, deixam de o ser em outros. E atenção 
se converte em muitas formas: amor, reconhecimento, 
troca, empatia, obediência e ajuda. Difícil de medir, a 
atenção tem uma relação direta com o tempo. O tempo 
para aplicar os recursos cognitivos é limitado, finito. 
Assim, ao escolhermos dar atenção a algo, optamos 
por ignorar outras coisas. Como uma moeda, trocamos 
atenção por algo que esperamos obter (conhecimento, 
satisfação, irritação etc.). Nossa atenção é moeda 
escassa e extremamente valiosa. Assim, as pesquisas 
mostram que a cada 60 minutos que a tecnologia 
libera de nosso tempo (evitando deslocamentos, filas, 
processos manuais demorados), ela nos faz consumir 
outros 93 minutos com outras demandas. Bem-vindo à 
Economia da Atenção.
Nessa Economia, tanto quanto os adultos, as crianças 
também são cobiçados consumidores. É difícil avaliar o 
impacto total. Mas é necessário considerar não apenas 
os efeitos diretos da exposição às mídias sociais ou está-
ticas (como streamings, portais, podcasts, videocasts), 
como também a exclusão de outras atividades (efeito 
substituição). As poucas pesquisas mostram que, em 
doze anos, o tempo de tela de crianças e adolescentes 
mais do que triplicou (de 2,7 para 8,1 horas por dia), 
enquanto o tempo de lazer “analógico” caiu pela metade.
Doze milhões de crianças e adolescentes prestando 
atenção em jogos de azar online é uma surpresa apenas 
para os que estavam dispersos pelo scroll infinito do 
Instagram.
À medida que continuamos a nos afogar em um 
excedente de “conteúdos” hackeando nossa atenção, 
talvez devêssemos nos concentrar em prestar atenção 
no quetemos prestado atenção (e ignorado).
Crianças precisam de cuidado. Mais do que qual-
quer recurso material, cuidado demanda atenção. E 
atenção é o que a Economia da Atenção quer que você 
dedique a seus produtos sociais e estáticos. E, como 
nossa atenção é escassa, quem perde esse tempo? 
Nós mesmos, pessoas, filhos, sobrinhos, netos. Assim, 
não surpreende que 53% de adolescentes já tenham 
perguntado ao Google como vencer uma depressão, 
mas apenas 21% tenham perguntado a uma pessoa 
(incluindo pais). Em dez anos, os atendimentos relacio-
nados a transtornos de ansiedade no SUS aumentaram 
1.575% entre crianças e 4.423% entre adolescentes.
Redes sociais precisam de regulação! Temos de 
cobrar leis melhores e mais bem aplicadas. Precisamos 
exercer o poder de consumidor com as plataformas e os 
produtos que não protegem a infância. Contudo, mais 
do que isso, é preciso refletir no que você, eu, nossas 
igrejas, escolas e grupos devemos fazer para proteger 
a infância e adolescência, aumentando as condições 
para o desenvolvimento de vidas plenas.
Precisamos de atenção, dedicação de tempo e cui-
dado, além de modelos. Cuidar é também encarnar 
valores contrários aos que os jogos de azar online pro-
movem. Nada de ações “tudo ou nada”, sucesso finan-
ceiro como alvo da vida, ostentação como estética, 
competitividade como régua de relacionamento e ide-
ologia da vitória e do vencedor. O mesmo caldo cultural 
que impulsiona as bets, as marcas hege-
mônicas da nossa sociedade, impede 
crianças e adolescentes de terem uma 
vida plena, de seguirem seus propósitos de 
vida, de abençoarem a sociedade hoje e 
até que estejam idosos. Tudo isso é contra 
o evangelho, que se traduz em amar ao 
próximo.
Além das demandas de regras e fisca-
lização no âmbito público, o antídoto para 
uma epidemia que se alimenta da ambição 
e da solidão não será uma norma – será o cuidado amo-
roso. Quando cuidamos, exemplificamos que o outro 
é mais importante. Cuidado contrapõe à solidão, não 
tem soma zero, não gera perdedores, mas multiplica ao 
dividir. Cuidado demanda atenção qualificada e faz bem 
também a quem cuida.
O cuidado é a aposta certa.
 
Fontes: Daniel Becker, Gambling Industry News, UNICEF, 
IMARC, LANCET, SUS.
Eduardo Nunes é capixaba, defensor do coentro, 
graduado em ciências sociais (USP) e teologia (IPIB). 
É mestre e doutor em ciência política, doutor e livre- 
-docente em economia, mas foram seus filhos que 
lhe ensinaram tudo de importante na vida. Trabalha na 
World Vision (Visão Mundial) há 37 anos, na qual ocupa 
a Direção Sênior de Estratégia & Impacto para América 
Latina & Caribe. Participa e leciona no Programa 
“Inteligências & Complexidade”, pela Universidade 
de São Paulo (IEA) e Norwegian School of Economics 
(NHH), enquanto busca a receita perfeita de pão de 
queijo e ainda sonha em aprender a assobiar.
NO BRASIL, MAIS 
DE 12 MILHÕES DE 
CRIANÇAS E DE 
ADOLESCENTES, 
DENTRO DE SUAS 
CASAS, ESCOLAS, 
IGREJAS, ACESSAM 
JOGOS INDEVIDOS 
E PREJUDICIAIS 
A ELES
40 anos de Som do Céu
bit.ly/412-novos-acordes
MAIS NA INTERNET
44 ULTIMATO • Março/Abril 2025
ARTE E CULTURA
OUÇA O PODCAST DE 
“NOVOS ACORDES”
NOVOS ACORDES
CARLINHOS VEIGA 
Carlinhos Veiga é pastor, músico e jornalista. 
40 ANOS DE SOM DO CÉU
No início de 2016, Luciano 
Garruti e Gladir Cabral fo-
ram desafiados a compor can-
ções que tratassem do drama 
dos refugiados. Nasceu “Areia 
Branca”, a primeira das parce-
rias da dupla. O álbum Confra-
ria é produto desse encontro. Em algum momento, 
entenderam que precisavam registrar as novas can-
ções na voz de amigos e amigas, em distintos esti-
los e timbres. As gravações tiveram início em 2018. 
Por causa da pandemia, forçosamente pausaram o 
projeto. Somente no final de 2024 é que ele foi con-
cluído. A produção musical é assinada pelo grupo 
CONFRARIA 
LUCIANO GARRUTI E 
GLADIR CABRAL
música de qualidade e conteúdo relevante. Havia 
também a intenção de apresentar o evangelho e dar ao 
jovem a oportunidade de se tornar um seguidor de Je-
sus. Com o surgimento do “mercado gospel”, o SDC foi 
“envelhecendo” e hoje enfrenta dificuldades para atrair 
a juventude das igrejas que canta outro tipo de música.
NA: Imagino que alguns fatos marcaram o Som do 
Céu...
MG: O mais marcante foi a conversão do conhecido 
músico Telo Borges (veja Um novo nascimento para 
quem andava triste na página 46). Outro fato importan-
te e marcante foi o show no encerramento do Som do 
Céu em 1987 na praça do Papa, em Belo Horizonte, para 
15 mil pessoas.
NA: O que podemos esperar do futuro do evento?
MG: Olhamos para frente com santas expectativas. 
Penso que essa celebração de 40 anos será o marco de 
um recomeço.
Em abril de 2025 acontece mais uma edição do Som 
do Céu (SDC). Considerado o mais longevo evento de 
música cristã realizado no Brasil, neste ano terá uma 
edição especial. Celebra seus 40 anos. Várias gerações 
de músicos e artistas se apresentaram sob a icônica 
lona circense, em Macacos, MG. Muitas ideias ino-
vadoras tiveram ali seu nascedouro, contribuindo 
para a qualidade e diversidade da arte no país. “No-
vos acordes” entrevistou Marcelo Gualberto, diretor 
nacional da Mocidade Para Cristo do Brasil, produtor 
e fundador do SDC:
Novos Acordes: Quando e como surgiu o SDC?
Marcelo Gualberto: O primeiro aconteceu na Pás-
coa de 1985. Durante anos, a missão Mocidade Para 
Cristo realizou um acampamento na Semana Santa 
chamado “Acampáscoa”. Por causa do impacto dos 
acampamentos “Louvor” em Goiânia na década de 
1980, numa noite em casa me vieramo nome Som do 
Céu e a ideia de fazermos algo semelhante em substi-
tuição ao “Acampáscoa”.
NA: Qual foi a proposta inicial do evento? 
MG: Dar à juventude um espaço para ouvir e cantar 
instrumental Brazilian Rhythm Section, formado 
por Celso de Almeida, Felipe Silveira, Paulo Paulelli, 
Marcus Teixeira e Thadeu Lenza. Os arranjos trazem 
“uma pitada de jazz” e foram elaborados por Felipe 
Silveira e Marcus Teixeira. João Alexandre criou as 
linhas de flautas e vozes; também mixou o álbum. A 
masterização é de Luciano Vassão. Rodisley da Silva 
concebeu a arte gráfica do projeto. Ao todo são nove 
canções. Destaque para “Areia Branca”, na bela voz 
de Vanessa Pinheiro, “Alegria de Baião”, interpretada 
pelo fantástico Claudio Nucci (leia-se Boca Livre), e 
a linda “Pirilampos”, que abre o álbum, nas vozes de 
Andréia Oliveira e Trio Tris. Participaram também 
Alan Marino, Tiago Vianna, João Alexandre, entre 
outros. O álbum Confraria é obra de muito bom gos-
to e de um refinamento incomum. Está disponível 
nas plataformas de música por streaming.
VAMOS LER!
ARTHUR HENRIQUE SOARES DOS SANTOS
TEOLOGIA OU FILOSOFIA? OS DOIS!
“Teologia Filosófica” é uma disciplina que investiga 
temas teológicos – como a existência e os atributos 
divinos, ou doutrinas religiosas como trindade, 
encarnação e expiação – utilizando ferramentas 
da filosofia. É uma área fascinante, que leva alguns 
dos melhores filósofos do mundo acadêmico con-
temporâneo a refletirem profundamente acerca 
de crenças religiosas fundamentais. Desse modo, 
estamos falando de uma interseção entre a teologia 
e a filosofia.
O Manual Oxford de Teologia Filosófica, organi-
zado pelos reconhecidos filósofos Thomas P. Flint 
e Michael C. Rea, oferece justamente várias inves-
tigações filosoficamente rigorosas sobre os mais 
variados temas da teologia, com foco especial na 
teologia cristã. Essa é, sem sombra de dúvidas, a 
mais importante publicação de teologia filosófica já 
feita em língua portuguesa.
Deixe-me explicar o motivo dessa forte afir-
mação. A Oxford University Press tem uma imensa 
coleção de manuais que visam introduzir o leitor 
aos principais debates de determinadas áreas. 
Existem manuais de ciências naturais, ciências 
sociais, filosofia,entre outros. E, nesse caso, temos 
aqui o manual voltado para a disciplina de teologia 
filosófica, com diferentes autores introduzindo o 
leitor aos principais debates acerca de vários temas 
teológicos essenciais. Além desse caráter introdu-
tório, também é possível conhecer as propostas ori-
ginais de cada autor para lidar com os problemas 
levantados. Aliás, cada autor desta coletânea é um 
grande especialista nos temas presentes na obra, 
de modo que o leitor encontra textos escritos por 
grandes autoridades dentro da teologia filosófica 
contemporânea.
O livro possui 26 capítulos, organizados em cinco 
partes. A primeira parte, intitulada “Prolegômenos 
Teológicos”, apresenta assuntos introdutórios à teo-
logia filosófica, como a Escritura, a Tradição e a 
Igreja, a relação entre ciência e religião e o lugar do 
mistério na teologia cristã. A segunda parte discute 
alguns atributos divinos, como simplicidade, assei-
dade, onisciência, onipotência, onipresença, eterni-
dade e perfeição moral. A terceira parte apresenta 
textos acerca da relação entre Deus e a criação, 
trazendo questões sobre 
a ação divina e a teoria 
da evolução, a provi-
dência divina, a oração 
de petição, a moralidade 
e o problema do mal. 
A quarta parte discute 
doutrinas específicas da 
teologia cristã, como a 
Trindade, o pecado ori-
ginal e a expiação, a encar-
nação, a ressurreição do 
corpo, o céu e o inferno, 
bem como a Eucaristia. 
Por fim, a quinta parte 
possui alguns capítulos 
dedicados à teologia 
filosófica não-cristã, 
trazendo algumas intro-
duções à teologia filosó-
fica judaica, islâmica e 
confuciana, o que é muito útil para que conheçamos 
ao menos um pouco de outras religiões diferentes 
da nossa.
Com esta organização do conteúdo e o peso 
acadêmico dos autores, este é um livro fundamental 
para qualquer pessoa que queira aprofundar seus 
estudos teológicos. Pastores, professores de escola 
bíblica dominical e mesmo o crente comum serão 
muito beneficiados pela leitura atenta, pois é um 
material que lida com questões fundamentais da 
crença cristã. Já para acadêmicos de teologia e de 
filosofia da religião, o Manual é leitura obrigatória. 
Como disse meu amigo Cleiton Balieiro na live 
de lançamento da obra, todo seminário teológico 
precisa do Manual Oxford de Teologia Filosófica.
Arthur Henrique Soares dos Santos é graduado e 
mestrando em filosofia pela Universidade Federal do 
Pará (UFPA).
45Março/Abril 2025 • ULTIMATO
Versão ampliada de “Teologia ou filosofia? Os dois! – Manual 
Oxford de Teologia Filosófica”
bit.ly/412-vamos-ler
MAIS NA INTERNET
ACONTECEU COMIGO
MEU ENCONTRO COM JESUS
UM NOVO 
NASCIMENTO 
PARA QUEM
ANDAVA TRISTE
Ro
dr
ig
o 
D
ai
TELO BORGES
Eu, Marcelo Wilson Fragoso 
Borges, o Telo Borges da 
tradicional família musical 
mineira dos “Borges”, andava 
triste. Minha vida nada mais me 
causava além de um grande té-
dio e enfado. Estava cansado das 
minhas histórias, das drogas, das 
namoradas, do casamento – en-
fim, de tudo!
Eu, que já havia percorrido 
inúmeras trilhas dentro do espi-
ritismo, catolicismo, daimismo e 
nada mais daquilo me fazia sen-
tido.
Foi nessa condição, separado 
da esposa e dos filhos, moran-
do em um cômodo na casa dos 
meus pais, que recebi o convite 
para fazer um show em um even-
to evangélico da Mocidade para 
Cristo (MPC) aqui, próximo de 
Belo Horizonte, MG. Relutei e 
coloquei um preço de cachê aci-
ma daquele que habitualmente 
recebia. Mas, como tudo já esta-
va preparado nos céus, quem era 
eu para resistir? Pois bem, acabei 
indo ao evento.
Chegando lá, o que mais me 
chamou atenção foi o semblante 
das pessoas. Elas transmitiam 
paz e alegria, tudo isso sem ne-
nhuma brasa de cigarro ou be-
bida alcoólica. Fui cativado. Eu 
que, como disse, já andava bem 
cansado.
Ao término do meu show, fui 
consultado sobre a possibilidade 
de alguns músicos e pastores 
fazerem uma oração no palco. 
Ecumeníssimo, claro, permiti.
De madrugada, depois do 
show, cheguei a casa e fui natu-
ralmente (a carne) tentar retor-
nar para a minha velha vida, a 
rotina de drogas – o que, inexpli-
cavelmente (até aquele momen-
to), eu não queria mais.
Queria, mas não queria! Um 
grande conflito se estabeleceu 
dentro de mim. No ápice dessa 
angústia, lembrei-me da oração 
que havia sido feita lá na MPC 
depois do show e resolvi recorrer 
a ela, só que, dessa vez, apenas 
eu. Fui inundado pela presen-
ça de Deus. Quanto mais orava, 
mais eu chorava. Não percebia 
que ali, naquele quarto, sozinho, 
com aquela oração, eu estava 
nascendo de novo. Obviamen-
te que não por nenhum mérito 
meu, mas por uma operação do 
Espírito Santo de Deus.
Os dias seguintes foram tre-
mendos, já que me senti impelido 
a ler a Bíblia e chorava muito a 
cada leitura e oração. Na verdade, 
todo esse processo me trazia 
uma série de dúvidas. A própria 
Bíblia, ao mesmo tempo que me 
emocionava e me revelava coisas 
celestiais, que eu nunca havia ex-
perimentado, também era fonte 
de muitas dúvidas.
Resolvi buscar ajuda com o 
pessoal da MPC e fui encami-
nhado para pessoas experientes 
que tentariam me explicar todo 
aquele processo. Foi maravi-
lhoso. Fui acolhido, abraçado e 
amado.
Retomei o meu casamento 
e comecei a frequentar a Igreja 
Presbiteriana da Pampulha. Os 
primeiros cultos de que parti-
cipei foram também de muito 
choro e revelações inexplicáveis, 
eternas.
Desde essa época, abril de 
2006, tenho servido na igreja 
do Senhor Jesus, tocando piano. 
Sou muito grato a Deus e a todos 
que ele, em sua soberania, usou 
na minha maravilhosa história. 
Glórias a Deus!
Telo Borges é compositor, músico, 
cantor e multi-instrumentista. Foi 
vencedor do Grammy Latino com 
“Tristesse”, composição em parceria 
com Milton Nascimento. É irmão 
de Lô, Márcio e Marílton Borges. 
@telo_borges.
46 ULTIMATO • Março/Abril 2025
Minha confissão pública de fé foi feita num retiro de Minha confissão pública de fé foi feita num retiro de 
jovens católicosjovens católicos
bit.ly/412-testemunhobit.ly/412-testemunho
MAIS NA INTERNET
QUANTO MAIS ORAVA, 
MAIS EU CHORAVA. 
NÃO PERCEBIA 
QUE ALI, NAQUELE 
QUARTO, SOZINHO, 
COM AQUELA 
ORAÇÃO, EU ESTAVA 
NASCENDO DE NOVO
LANÇAMENTO
PÓS GRADUAÇÃO
EM ANTROPOLOGIA
INTERCULTURAL
100% EAD Tutoria
Especializada
Corpo Docente
Qualificado
Formando pessoas para transformar o mundo.
unievangelica.edu.brUltimato – Ano LVIII – N° 412
Março/Abril 2025
www.ultimato.com.br
Publicação evangélica não denominacional destinada à 
evangelização e edificação, Ultimato relaciona Escritura 
com Escritura e acontecimentos com Escrituras. Visa 
contribuir para criar uma mentalidade bíblica e estimular a 
arte de encarar os acontecimentos sob uma perspectiva 
cristã. Pretende associar a teoria com a prática, a fé com 
as obras, a evangelização com a ação social, a oração com 
a ação, a conversão com santidade de vida, o suor de hoje 
com a glória por vir.
Circula em meses ímpares
Fundadores
Elben M. Lenz César
Djanira Momesso César
Projeto gráfico: Rick Szuecs 
Diagramação: Ana Cláudia Nunes
Impressão: Esdeva
Tiragem: 8.000 exemplares
Colunistas: Alderi Matos • Carlos “Catito” Grzybowski 
Carlinhos Veiga • Dagmar Fuchs Grzybowski • Gladir Cabral 
Marcos Bontempo • Paul Freston • Ricardo Barbosa de 
Sousa • Valdir Steuernagel
Participam desta edição: Ageu Lisboa • Ane Alma • Ariane 
Gomes • Arthur Henrique Soares dos Santos • Carlos 
“Cacau” Marques • Cynthia Muniz Soares • Daniel de Lima 
Vieira • Davi Lago • Eduardo Nunes • Elias Bispo • Klênia 
Fassoni • Marisa Moody • Maria Marta Dias H. Lisboa 
Sarah Breuel • Telo Borges • Valdinei Ferreira 
William Lacy Lane
Publicidade: anuncio@ultimato.com.br
Assinaturas e edições anteriores:
atendimento@ultimato.com.br
Reprodução permitida: Favor mencionar a fonte. 
Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro
da Associação de Editores Cristãos (AsEC)
Editora Ultimato
Telefone: (31) 3611-8500
Caixa Postal 43
36570-970 — Viçosa, MG
ADMINISTRAÇÃO/MARKETING: Klênia Fassoni 
Ana Cláudia Nunes
EDITORIAL/PRODUÇÃO/ULTIMATO ONLINE: 
Marcos Bontempo • Ana Laura Morais • Ariane Gomes
Bernadete Ribeiro • Larissa Fávero
FINANÇAS/CIRCULAÇÃO: Emmanuel Bastos
Cristina Pereira • Daniel César • Fábio Freitas 
Filipe Rodrigues 
VENDAS: Lúcia Viana • Érica Oliveira 
Romilda Oliveira • Vanilda Costa
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Deus existe. E, já que ele existe, o que ele 
faria e o que não faria nessa ou naquela 
situação específica? Afinal, Deus deveria 
promover o bem-estar das pessoas? 
PPor que o mal existe? Seria o mundo 
injusto e Deus, justo? A Ética de Deus – 
Normas da ação divina e o problema do 
mal examina a ética própria de Deus e 
como ela difere da ética humana.
EEscrito por Mark C. Murphy, A Ética de Deus é o 
décimo primeiro volume da série Filosofia e Fé 
Cristã, publicada em parceria com a Associação 
Brasileira de Cristãos na Ciência.
DEUS É BOM PORQUE FAZ O BEM OU
O BEM É BOM PORQUE É O QUE DEUS FAZ?
6 ULTIMATO • Março/Abril 2025
PASTORAIS
WILLIAM LACY LANE
Onde buscar proteção?
Um dos grandes anseios humanos é sentir-se 
protegido, amparado e confiante. Sabemos que bens 
materiais, sucesso profissional e financeiro, posição 
social e poder secular ou religioso são alguns meios 
que as pessoas buscam para se afirmarem e se senti-
rem protegidas.
É verdade também que todas essas formas de pro-
teção são retratadas como passageiras e incapazes de 
satisfazer esse anseio humano. Apenas a segurança da 
presença pessoal e real de Deus em nossa vida supre 
essa carência, de modo que todas as demais coisas se 
tornam secundárias.
Uma das histórias bíblicas que lançam luz sobre 
essa realidade de maneira pitoresca, e até irônica, é a 
da vida e do fim de Ló. Somos apresentados a Ló como 
o filho de Harã, irmão de Abraão, o qual morreu ainda 
em Ur dos caldeus (Gn 11.27-32). Ló foi adotado por seu 
tio e o acompanhou em suas peregrinações por Harã, 
Canaã, Egito e de volta a Canaã.
Ficamos sabendo que não apenas Abraão, mas 
também o próprio Ló se enriqueceram muito. Tinham 
tanto gado que se tornou insustentável viverem juntos 
em harmonia. Abraão, então, propôs que Ló fosse habi-
tar em outro lugar e lhe deu a preferência da escolha.
Ló escolheu as campinas do Jordão, uma região 
muito fértil, “como o jardim do Senhor, como a terra 
do Egito” (Gn 13.10). Apesar do lugar vantajoso para 
quem possuía grande rebanho e gado, “Ló foi morar 
nas cidades da campina. E ia armando as suas tendas 
até Sodoma” (Gn 13.12). Logo o encontramos morando 
em Sodoma (Gn 14.12) e, quando a cidade esteve sob 
ataque, ele foi sequestrado pelos invasores. Mais tarde, 
quando Sodoma e Gomorra estavam para ser destruí-
das por ordem de Deus (Gn 18.16-21), ali estavam Ló e 
sua família (Gn 19.1).
Fico me perguntando: como um beduíno, dono de 
considerável patrimônio, que escolheu a melhor região 
para viver, foi parar numa cidade? Como teria ele se 
tornado tão vulnerável a ponto de ser raptado por uma 
coligação de reis que atacaram a cidade (Gn 14.1-17)? 
Depois, ao ter sido forçado a abandonar Sodoma antes 
de sua destruição e refugiando-se na pequena cidade 
de Zoar (Gn 19.19-20), como pôde terminar seus dias 
numa caverna com as duas filhas, que se aproveitaram 
do pai embriagado para terem relações com ele (Gn 
19.30-35)? Que final trágico para um homem rico que 
havia escolhido o melhor lugar para morar!
Sem a companhia do tio, parece-me que Ló prio-
rizou preencher o anseio por segurança com o seu 
bem-estar e “proteção”. As campinas do Jordão, a 
cidade de Sodoma, a cidade de Zoar e a caverna no 
monte distante de Zoar foram os lugares que escolheu 
como refúgio. Pelo menos duas vezes, Ló admitiu o seu 
medo. Saindo de Sodoma, insistiu com o mensageiro 
do Senhor que o deixasse se refugiar em Zoar em vez 
de escapar para o monte. Depois, contudo, com medo 
de permanecer em Zoar, fugiu para as montanhas para 
habitar numa caverna.
É verdade que essa história mostra repetidos livra-
mentos de Deus na vida de Ló. O próprio Ló reconhe-
ceu isso (Gn 19.19). Mas mostra também a realidade 
de alguém que não busca no Senhor a sua proteção 
e razão de vida.
William Lacy Lane (Billy) é pastor presbiteriano e 
doutor em Antigo Testamento. É também professor e 
capelão no Seminário Presbiteriano do Sul, e tradutor 
de obras teológicas. É autor do livro O Propósito Bíblico 
da Missão.
Em busca de um lugar seguro
bit.ly/412-pastorais
MAIS NA INTERNET
A Destruição de Sodoma e Gomorra, John Martin
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7Março/Abril 2025 • ULTIMATO
SUMÁRIO
14 CAPA 
SEÇÕES
Com a matéria “Como vivem os que têm esperança”, Ultimato 
quer colocar Cristo no centro e enfatizar que a vida dos que 
têm esperança atrai outros para a Esperança. Quer lembrar que 
a comunidade dos que têm esperança deve ser uma ponte para 
aqueles que “passam por necessidades, cuja esperança para o 
futuro não é sustentada pela experiência de bênção no passado, 
que não conheceram cura, ou fé, ou prosperidade e que não têm 
esperança”.
SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO LEITOR
Para assinar ou adquirir exemplares anteriores, consultar dados 
de sua assinatura, comunicar alteração de endereço, tirar dúvidas 
sobre pagamento ou entrega, renovação e outros serviços.
• 31 3611 8500 31 99437 0043
de segunda a sexta, das 8h às 18h
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Editora Ultimato – Caixa postal 43 | CEP 36570-970, Viçosa, MG
ABERTURA
CARTA AO LEITOR
PASTORAIS
CARTAS
MAIS DO QUE NOTÍCIAS
ESPECIAL | Sempre com Você: 
Um espaço seguro para crianças 
enlutadas | Elsie B. C. Gilbert
REPORTAGEM | O fenômeno das 
bets | Maria Marta Dias H. Lisboa, 
Ageu H. Lisboa e Eduardo Nunes
ARTE E CULTURA
FAMÍLIA
Meninas (e meninos) superpoderosas(os)
Carlos “Catito” e Dagmar Grzybowski
32
O CAMINHO DO CORAÇÃO
Tudo ou nada
Ricardo Barbosa
30
ACONTECEU COMIGO – MEU 
ENCONTRO COM JESUS
Um novo nascimento para quem
andava triste
Telo Borges
46
REFLEXÃO
Sim, a beleza importa!
Ane Alma
36
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Podcast Ultimato
/editoraultimato
@ultimato
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Mais de 86 mil pessoas já “curtiram” a página 
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37
HISTÓRIA
Concílio de Niceia – 1.700 anos
Alderi Souza de Matos 
38
CAMINHOS DA MISSÃO
Prepare o caminho –
Conferência de avivamento acontece na 
Polônia na virada de 2024 para 2025
Marisa Moody e Sarah Breuel
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SESSENTA+
Reconhecendo-me na terceira idade
Elias Bispo
33
8 ULTIMATO • Março/Abril 2025
CARTASCARTAS
Obrigado, Ultimato, pela contribuição 
em trazer uma matéria com tudo o que 
aconteceu em Lausanne 4. Fui muito 
abençoado e despertado para conti-
nuar a missão.
Rafael Veloso, Belo Horizonte, MG
Fiquei positivamente surpreso com o 
artigo Eu, apenas uma dona de casa?, de 
Elizabeth Ng Koo, na coluna “Sessenta 
+”. Suas palavras transbordam graça, 
sabedoria, humildade e a riqueza de 
uma vida marcada pela experiência. 
Reconhecer Jesus como Senhor é 
um processo que se desenrola ao 
longo de toda a vida. A consciência 
dessa verdade nos toca de forma gra-
ciosa e transformadora, levando-nos 
a submeter nossos sonhos e planos 
pessoais à vontade divina.
Marciel Diniz, Paranavaí, PR
No artigo A tentativa de golpe e a 
reação evangélica, Paul Freston insiste 
em reafirmar e acentuar polarizações. 
Lamento muito as suas afirmações 
generalizadas e imprecisas. Coloca 
num mesmo saco tudo e todos.
Décio R. Carvalho, Campinas, SP
RESSONÂNCIA DUPLA
Acabo de ler os artigos Raio x da inte-
gridade, de Klênia Fassoni, e A res-
sonância mais poderosa de todas, 
de Délnia Bastos. Assevero que essa 
edição de Ultimato tem sido bênção 
em minha vida. Como sou edificada 
com essa literatura pura, sadia e exce-
lente. Há anos leio a revista. Mas ainda 
não havia enviado o meu comentário. 
Sou esposa de pastor e professora 
aposentada de português e litera-
tura. Meu filho me presenteou com a 
assinatura.
Graça Guimarães
SALMO E LITERATURA
Gostei bastante, tanto da elaboração 
do artigo quanto do salmo que trouxe 
paz ao meu coração.
– Comentário ao artigo O dia em que 
fui mais feliz – uma abordagem literária 
do Salmo 84, de Délio Porto (Ultimato, 
novembro/dezembro de 2024).
Adriano Alves
A OBESIDADE E A IGREJA
Lamento o artigo A epidemia da obe-
sidade (Ultimato, novembro/dezembro 
de 2024). A autora reforçou estereó-
tipos negativos, como pessoas obesas 
não são saudáveis, obesidade é incom-
patível com fé cristã madura, a igreja 
precisa dar uma resposta ao peso 
excessivo das pessoas. Sou endocri-
nologista há trinta anos – suposta-
mente sei do que estou falando. 
Eduardo Mundim, Belo Horizonte, MG
DESDE 1968, CONTEÚDO QUE 
TRANSFORMA!
Parabéns por tanta coragem e demons-
tração de fé da família abençoada do 
pastor Elben César, que lutou e con-
tinua na batalha para que “Busquemos 
o Senhor enquanto podemos achá-lo”. 
Obrigado por tamanha dedicação e 
persistência. Que Deus continue aben-
çoando e dando a todos da família 
Ultimato dedicação, amor e compro-
misso com ele, como tem sido nestes 
57 anos, e resistência para tantos outros 
9Março/Abril 2025 • ULTIMATO
anos que virão.
Júlio César de A. Carvalho
Ultimato é um ministério desafiador e 
ao mesmo tempo glorioso! Desafiador 
pois a igreja evangélica brasileira tem 
pouca profundidade em suas raízes 
teológicas. E glorioso porque pessoas, 
igrejas e líderes foram edificados e for-
talecidos em meio às diversas ondas e 
correntes teológicas que assolaram e 
causaram grandes prejuízos à Igreja. Eu 
mesmo pude ter acesso a livros, artigos 
e reflexões teológicas que me fizeram 
amadurecer no meu ministério de evan-
gelização e serviço.
Jorge, Aracaju, SE
Conheci Ultimato quando ainda era 
jornal por meio da minha mãe, Ruth 
Duarte, de Governador Valadares, 
MG. Ela gostava muito dessa publi-
cação. Hoje sou assinante da revista e 
a estimo muito.
Tamara Gladys de O. Porto, Lauro de 
Freitas, BA
Desde minha infância, convivi com 
Ultimato. Um dos irmãos do reverendo 
Elben César era meu pastor, e meu 
pai, Edison Aguiar, colaborou com 
a divulgação da revista nas regiões 
onde ele fazia trabalhos com homens 
presbiterianos. Deus seja louvado por 
esta preciosa arma do evangelho.
Edison Aguiar
Parabéns, Ultimato! Sou grata a Deus 
pelo trabalho excelente de vocês! 
Fazem parte da minha história!
Elis Amâncio, Santa Luzia, MG
AÇÕES MINISTERIAIS ULTIMATO
Gostaria de expressar a enorme bênção 
que Ultimato tem sido para o trabalho 
de capelania prisional que desenvol-
vemos. Ela tem sido um suporte de 
valor inestimável em nossa missão. 
Quando os exemplares da revista che-
garam a nós, foi um verdadeiro bál-
samo. Os detentos têm grande sede 
de aprender e estudar as Escrituras, 
e Ultimato cumpre um papel essen-
cial nesse processo. Continuaremos 
comprometidos em levar o evangelho, 
o amor e a esperança revelados em 
Cristo Jesus aos que mais necessitam.
Clécio Cardoso, Taubaté, SP
CARTA DA PRISÃO
Agradeço a Deus o trabalho dos cape-
lães ao me enviarem Ultimato. Tenho 
muita vontade de estudar teologia e, 
por meio da edição Para que Serve 
a Teologia? (julho/agosto de 2024), 
aprendi que teologia é muito mais do que 
apenas estudo da Bíblia. Isso me incen-
tivou a aprofundar o conhecimento das 
Escrituras, de Deus e do relacionamento 
com ele e com a humanidade.
J. S. L., Tremembé, SP
PORTAL E REDES SOCIAIS 
Não apenas o livro Expiação é impres-
sionante. A contribuição de Eleonore 
Stump para a teologia filosófica e para 
a filosofia cristã é monumental. A abor-
dagem que ela faz de Tomás também é 
muito fina. Parabéns, Editora Ultimato. 
Uma baita contribuição!
Jonas Madureira
Conheço Elisa Arruda, autora do 
artigo Os velhos terão sonhos (“Por 
escrito”, 24/1/2025), há sete anos 
somente. Porém, admiro a força e o 
engajamento para viver, o aproveita-
mento total das oportunidades que 
Deus lhe apresenta e tamanha sabe-
doria. Ela tem sido um exemplo na 
minha vida e de tantos outros! Fiquei 
emocionada ao ler e ver quão pode-
roso é o operar de Deus! 
Angélica
10 ULTIMATO • Março/Abril 2025
// NOTÍCIAS
ARIANE GOMES
toneladas de cascas de laranja 
– média descartada anualmente – 
correspondem ao peso de cerca 
de 80 mil baleias-azuis ou 2,5 mil 
sequoias gigantes. Cascas de 
laranja, como de outras frutas, 
podem resultar em ótimas receitas
15.100.000
em cada sessenta 
gestações é de gêmeos, 
trigêmeos ou até mesmo 
sêxtuplos. O número 
de gêmeos e trigêmeos 
nascidos atualmente é o 
maior visto na história
1
pessoas no mundo 
sofrem de fome 
e insegurança 
alimentar. O número é 
equivalente a uma em 
cada onze pessoas
733.400.000
de estudantes em 85 
países tiveram os estudos 
interrompidos em 2024 em 
virtude de eventos climáticos 
extremos, como ondas de calor, 
ciclones tropicais, tempestades, 
inundações e secas
242.000.000
anos foi o tempo de vida de 
Ágnes Keleti, a medalhista 
olímpica mais velha do mundo 
e a mulher olímpica judia mais 
condecorada. Ela morreu em 
2 de janeiro de 2025, sete dias 
antes de completar 104 anos
103
+ DO QUE NOTÍCIAS
Instituído há vinte anos por uma resolução da Assembleia 
Geral das Nações Unidas, o Dia Internacional de 
Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto, 
celebrado em 27 de janeiro, teve uma marca especial 
em 2025: a data lembrou os oitenta anos da libertação 
de Auschwitz, onde mais de 1,1 milhão de pessoas foram 
assassinadas.
Segundo dados do Relatório Demográfico Global sobre 
Sobreviventes Judeus do Holocausto, publicado em janeiro 
de 2024, ainda havia 245 mil pessoas entre os sobreviven-
tes do Holocausto, sendo que quase metade (49%) vivia 
em Israel. Outros estavam na Europa Ocidental, Estados 
Unidos e em países da antiga União Soviética. No Brasil, 
viviam cerca de trezentas pessoas. O estudo também indi-
cou que 96% dos sobreviventeseram crianças que resis-
tiram a campos de concentração, guetos, fugas e vida na 
clandestinidade.
Oitenta anos depois, as palavras de sobreviventes aler-
tam para a tolerância e a vida:
Que todas as pessoas de boa vontade sejam sensíveis 
a todas as formas de intolerância e ressentimento 
contra pessoas diferentes.
Leon Weintraub, 99 anos
Hoje, temos a obrigação não só de lembrar, mas de 
alertar e ensinar que o ódio só gera mais ódio; e a 
matança, mais matança.
Tova Friedman, 86 anos
80 ANOS – MEMÓRIA E VIDA
Em 21 de janeiro de 1525, após orar buscando a direção de 
Deus, um pequeno grupo de homens reunido em Zurique, 
Suíça, pressionado pelo Conselho da cidade para inter-
romper seus encontros de estudo bíblico, decidiu que 
todos do grupo fossem batizados, começando pelo ex-pa-
dre George Blaurock. O gesto em defesa do direito de 
cada pessoa escolher suas crenças deixou seus contem-
porâneos insatisfeitos e desencadeou dura perseguição.
O batismo de adultos foi apenas uma das questões 
que fez a comunidade levantar-se contra aqueles homens. 
Valorizar a natureza da igreja e a separação dela do estado, 
rejeitar a violência, recusar-se a ir à guerra, encarar um dis-
cipulado radical foram outros pontos de divergência que 
colaboraram para o surgimento do movimento anabatista.
Menno Simons (1496-1561), um ex-padre holandês, é 
uma figura de destaque na história dos anabatistas. Ele fez 
diversas viagens para visitar grupos espalhados pelo norte 
da Europa, incentivando os crentes perseguidos. Com o 
tempo, aqueles que pertenciam ao movimento ficaram 
conhecidos como menonitas.
Para celebrar os 500 anos do movimento anabatista, 
a Conferência Mundial Menonita reunirá a igreja meno-
nita em um encontro que acontece a cada quatro anos, 
desde 1925. Com o tema “A coragem de amar”, o evento 
acontecerá em Zurique, Suíça, em maio de 2025.
COM O TEMA “A CORAGEM DE 
AMAR”, EVENTO CELEBRARÁ OS 
500 ANOS DO ANABATISMO
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Por que falar de Menno Simons?
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MAIS NA INTERNET
Entrada do campo de concentração de Auschwitz
11Março/Abril 2025 • ULTIMATO
FRASES
O sentido da vida não se restringe a este mundo. 
Buscamos o que há de vir. E nossa missão aqui é 
ajudar a todos, em Cristo, a alcançarem a eternidade 
com Deus. Isso transforma a nossa existência aqui 
neste mundo.
Erni Seibert 
Diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB)
Permita que o meu lugar seja entre os pobres de 
espírito, meu deleite sejam as fileiras dos mansos.
Arthur Bennet (1915-1944)
Escritor e pregador inglês
O foco não deve ser tanto no meio que usamos, mas 
em como o usamos. Estamos consumindo pessoas 
ou buscando conexões?
Esther Jiménez 
Psicóloga espanhola
É fundamental que as pessoas façam trabalho 
voluntário depois de se aposentarem, que façam 
algo de bom para o semelhante. É isso que nos 
preenche, que dá vontade de continuar vivendo. 
Aliás, é por isso que a gente está aqui.
Anna Fuhr 
Moradora de Porto Alegre, RS. Uma das vítimas da 
enchente do rio Caí em maio de 2024
É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que 
se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, 
ver de dia o que se viu de noite, com sol onde 
primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o 
fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra 
que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que 
foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos 
novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. 
Sempre.
José Saramago (1922-2010) 
Escritor português
ALGUNS DOS
 VISTOS
	� A Bíblia Toda, 
o Ano Todo 
John Stott
	� Gênesis para 
Maiores 
Antonio Carlos 
Fontes Cintra
	� Manual Oxford de 
Teologia Filosófica 
Thomas Flint, 
Michael Rea 
ALGUNS DOS
 LIDOS
ARTIGOS
 
LIVROS
A UM CLIQUE
Todo o conteúdo 
oferecido em “MAIS 
NA INTERNET” des-
ta edição em bit.ly/
ult412-mais
A C E S S E U L T I M A T O . C O M . B R 
E L E I A A S N OV I DA D ES D E 
U LT I M ATO TO D OS OS D I AS
PARA LER O CONTEÚDO DESTA SEÇÃO, ACESSE:
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ULTIMATOONLINE
NINGUÉM HÁ SEMELHANTE A TI, 
Ó SENHOR; TU ÉS GRANDE, E 
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	� Bonhoeffer, O 
Filme – uma ideia 
boa, com alguns 
problemas… 
Carlos Caldas
	� Lista Mundial 
da Perseguição 
2025 está no ar! 
Notícia
	� Janeiro Bran-
co: a igreja e a 
saúde mental 
Samara M. de 
Andrade
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GENEROSIDADE FAZ MISSÃO
Com o seu apoio, Ultimato co-
loca à disposição da igreja bra-
sileira uma seleção preciosa de 
informações e ferramentas que 
celebram o conteúdo bíblico e 
a confiança do povo de Deus no 
único Senhor da história.
São mais de 10 milhões de 
revistas distribuídas até aqui, e 
você faz parte dessa história.
O MUNDO, A IGREJA E OS 
LEITORES MUDARAM. Nossa 
missão, no entanto, continua: 
Participamos da proclamação 
da boa nova que nunca fica 
velha, da esperança que nunca 
morre e de um Salvador que 
nunca muda.
PARTICIPE do PROJETO SEMEN-
TE 60 ANOS, rumo a 2028. Co-
nheça e junte-se a nós no minis-
tério da reconciliação.
Para saber mais acesse: re-
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Entrada do campo de concentração de Auschwitz
12 ULTIMATO • Março/Abril 2025
+ DO QUE NOTÍCIAS+ DO QUE NOTÍCIAS
Mayflower foi um famoso navio que, em 1620, 
transportou pouco mais de cem passageiros – na 
sua maioria puritanos ingleses que procuravam 
liberdade religiosa – para a América do Norte, onde, 
posteriormente, se formaria os Estados Unidos.
Recentemente, outro grupo de imigrantes, 
denominado Igreja Mayflower, também encerrou 
sua peregrinação nos Estados Unidos: 64 cristãos 
da igreja doméstica perseguida chinesa fugiram 
juntos numa viagem que durou três anos e incluiu 
passagens pela Coreia do Sul e Tailândia.
Em entrevista ao site Plough1, Pan Yongguang, 
líder do grupo, falou de bênçãos e desafios da via-
gem: “Fugir juntos como uma comunidade tornou 
as coisas mais fáceis, porque as pessoas que se 
amam e confiam umas nas outras podem se aju-
dar e cuidar mutuamente. Mas também tornou as 
coisas mais difíceis, especialmente porque mais da 
metade de nós eram menores de idade. Oito crian-
ças nasceram durante a fuga, e foi difícil cuidar de 
recém-nascidos sem seguro médico”.
Nos Estados Unidos, o grupo se estabeleceu em 
Midland, no Texas, e tem cultivado o desejo de se 
tornar uma cidade de refúgio para outros chineses 
perseguidos por sua fé. Uma longa jornada.
Nota
1. O site Plough (www.plough.com), da Plough Publishing 
House, editora cristã independente fundada em 1920, pu-
blica diariamente conteúdos sobre fé, sociedade e vida 
espiritual.
Há poucos meses, em um culto na aldeia 
Kâwrakurerê, em Brejo Comprido, TO, com a pre-
sença de indígenas de várias aldeias Xerente, a 
igreja celebrou a entrega de mais uma porção tra-
duzida das Escrituras para a língua Akwe-Xerente.
A tradução do Novo e, agora, de trechos do 
Antigo Testamento para os Xerente é resultado 
do trabalho liderado pelo pastor batista Guenther 
Krieger, de 87 anos. Desde 1958, ele, sua esposa, 
Wanda Braidotti Krieger, e vários missionários se 
dedicam ao ministério de evangelização, ensino e 
tradução da Bíblia para esse povo.
Um dos momentos marcantes do culto foi 
a entrega de um exemplar da Bíblia pelo pastor 
Guenther a Hermógenes, um dos anciãos mais 
velhos da aldeia Xerente e um dos primeiros con-
vertidos. Outra participação especial foi a de Lázaro 
Rowakro, outro ancião Xerente que, com palavras 
simples e cheias de sabedoria, falou da importante 
colaboração do pastor Guenther para que a Palavra 
de Deus possa ser lida na língua que fala ao coração 
de seu povo: “Estou feliz de ver com meus próprios 
olhos aquilo que Deus disse na Bíblia: ‘O que o 
homem plantar, ele vai colher’.O pastor Guenther 
está colhendo o que plantou”.
MAYFLOWER E OS PEREGRINOS 
DOS SÉCULOS 16 E 21
DE ANCIÃO PARA ANCIÃO
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// IGREJA EM AÇÃO
ARIANE GOMES
60 anos de trabalho entre o povo indígena Xerente
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MAIS NA INTERNET
Chegada da Igreja Mayflower na Tailândia
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que complementam o assunto
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MAIS NA INTERNET
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14 ULTIMATO • Março/Abril 2025
MATÉRIA DE CAPA
Os tempos atuais têm sido referidos por muita gente 
como especialmente difíceis em virtude dos de-
safios globais. Nos Estados Unidos, segundo Pew 
Research, em 2022, quatro em cada dez adultos acre-
ditavam que estamos vivendo no fim dos tempos. Entre 
os cristãos, a taxa era de cinco em cada dez pessoas.1
Os desafios macros certamente são fonte de deses-
perança, mas aspectos mais próximos de nós afetam 
ainda mais o nosso humor e a nossa esperança – os 
problemas cotidianos, a falta de condições básicas 
para viver, famílias desfeitas, doenças do corpo e da 
mente, relacionamentos complicados, cansaço, desa-
mor, lutas pessoais que nunca acabam.
Independentemente do cenário global ou das cir-
cunstâncias pessoais, é preciso renovar nossa con-
fiança em Deus como a única fonte de esperança. A 
bênção de Paulo aos romanos – “Que Deus, a fonte de 
esperança, os encha inteiramente de alegria e paz, em 
vista da fé que vocês depositam nele, de modo que vo-
cês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito 
Santo” (Rm 15.13) – foi a primeira inspiração para esta 
matéria de capa.
Nosso desejo é colocar Cristo no centro e enfatizar 
que a vida dos que têm esperança atrai outros para a 
Esperança. É lembrar que a comunidade dos que têm 
esperança deve ser uma ponte para aqueles que “pas-
sam por necessidades, cuja esperança para o futuro 
não é sustentada pela experiência de bênção no passa-
do, que não conheceram cura, ou fé, ou prosperidade 
e que não têm esperança”.2
Os que têm esperança são semelhantes à viúva po-
bre que “em sua pobreza, nada guarda para si mesma 
e com essa ação confessa que toda a sua vida – seu 
presente e seu futuro – está nas mãos do Deus Todo-
-poderoso” (p. 19). São também como aqueles que 
“em Jesus e com Jesus encontram um jeito de viver no 
qual as dores encontram acolhimento, a fé provê sus-
tento para as diferentes situações e a esperança em 
Deus os leva a olhar para além de nós mesmos, para a 
eternidade” (p. 20).
“Por meio da esperança”, eles “vencem o fatalismo e 
não ficam reféns do noticiário” (p. 16). Eles “vivem uma 
vida de ressurreição no ‘agora’, cientes de que nosso 
futuro, para além desta vida, não é incerto nem depen-
de de algo que possamos conquistar neste mundo – ou 
seja, não está baseado em falsas esperanças” (p. 17).
“O presente dos cristãos é enorme, vasto como o 
universo; o alfa-e-ômega o preenche e o alarga com 
o seu passado e o seu futuro, fazendo caber nele a 
eternidade!” (p. 24) – porque sabemos disso, temos 
esperança.
Boa leitura!
Notas
1. About four-in-ten U.S. adults believe humanity is ‘living in the end times’. 
Disponível em bit.ly/412-introducao-research.
2. Oração para o ano novo. Disponível em bit.ly/412-introducao-oracao.
COMO VIVEM OS QUE TÊM ESPERANÇA
O cenário atual é de tensão e preocupação. De um 
lado, a desesperança ri cinicamente e diz: não 
há saída. De outro, a esperança sorri e convida 
aqueles que seguem Jesus a enfrentar os tempos di-
fíceis de cabeça erguida. 
A mais recente promessa tecnológica da huma-
nidade está sendo recebida com temores. É o que 
revela o Pew Research Center numa consulta feita 
a especialistas em Inteligência Artificial Generativa 
(IA) sobre o que eles esperam dela até o ano de 2035. 
Para 78% dos especialistas há mais motivos para 
preocupação do que para comemoração dos benefí-
cios advindos da IA.
Segundo eles, os motivos de preocupação com a 
IA vão de desemprego em massa, desinformação e 
manipulação até o risco de extinção dos humanos. 
Por isso, de acordo com os especialistas, a IA deve-
ria ser tratada com a mesma cautela das pandemias 
e armas nucleares.
Sob o ponto de vista do clima, oscilamos entre 
enchentes e incêndios em diferentes lugares do pla-
neta. A geração Z tem levado aos terapeutas relatos 
sobre sintomas da ecoansiedade. Diante do cenário 
de agravamento da crise climática, muitos deles fa-
lam abertamente que decidiram não ter filhos por 
medo do que aguarda o futuro do planeta.
A crise climática produz catástrofes que ceifam 
vidas, encarece os alimentos e desloca populações 
que encontram países cada vez mais hostis ao aco-
lhimento. As acomodações produzidas pelos acordos 
após a Segunda Guerra Mundial estão gradualmente 
cedendo lugar para novos conflitos geopolíticos.
Movimentos reacionários exploram a desespe-
rança das pessoas para vender uma volta ao passado. 
Futurismos pedem um pouco mais de paciência e 
investimentos financeiros até que a próxima geringonça 
tecnológica resolva todos os problemas humanos.
O teólogo Tomás Halík, em seu belo livro Não 
Sem Esperança: O retorno da religião em tempos pós-
-otimistas, lembra que, no cenário atual, é preciso 
desistir tanto do otimismo quanto do pessimismo 
para abraçar a esperança. Segundo ele, o otimista é 
um “falsário” e o pessimista, 
um “desertor”.
A síntese perfeita da espe-
rança para enfrentar tempos 
difíceis está nas palavras de 
Jesus: “Exultai e erguei a vossa 
cabeça; porque a vossa reden-
ção se aproxima” (Lc 21.28). 
A esperança que as comuni-
dades cristãs são chamadas 
a cultivar e compartilhar é 
uma atitude – cabeças erguidas. Não se trata de um 
conceito ou um projeto político, mas de um estado 
de prontidão para o encontro com Cristo.
Que encontro? Aquele sintetizado na fórmula 
do advento: “Cristo veio, Cristo vem e Cristo virá”. 
Quando confessamos “Cristo vem”, estamos dizen-
do que o Cristo que veio e que virá continua vindo 
até nós todos os dias: “Porque tive fome, e me des-
tes de comer; tive sede, e me destes de beber; era 
forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestis-
tes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me” 
(Mt 25.35-36).
Eugene Peterson alerta-nos afirmando que toda 
vez que Cristo vem sob a face daqueles que sofrem 
e nós o recebemos, estamos mais e mais preparados 
para nos encontrarmos com ele na sua vinda final – 
a vinda que completará tudo o que entendemos por 
História.
A ESPERANÇA QUE 
AS COMUNIDADES 
CRISTÃS SÃO 
CHAMADAS A CULTIVAR 
E COMPARTILHAR 
É UMA ATITUDE – 
CABEÇAS ERGUIDAS
O CENÁRIO ATUAL É DE DESESPERANÇA?
Valdinei Ferreira
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que complementam o assunto
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Valdinei Ferreira é doutor em sociologia pela USP, colu-
nista da Folha de São Paulo e professor da Faculdade de 
Teologia da Igreja Presbiteriana Independente (Fatipi).
15Março/Abril 2025 • ULTIMATO
COMO VIVEM OS QUE TÊM ESPERANÇA
A ESPERANÇA CRISTÃ É A VITÓRIA SOBRE O FATALISMO
Davi Lago
Não faltam dificuldades à vida e, por consequente, 
não falta desânimo no mundo. Basta ler, ouvir e 
assistir ao noticiário, ou simplesmente olhar ao 
nosso redor, para constatar que há exércitos impres-
sionantes de pessoas desesperadas. Na verdade, esse é 
o cenário desde a saída do Éden, ou seja, a condição 
humana é uma condição de aflição. Elifaz, represen-
tante da sabedoria de Edom, chegou a esta conclusão, 
conforme o milenar livro deJó: “O homem nasce para 
as dificuldades tão certamente como as fagulhas voam 
para cima” (Jó 5.7). 
A esperança, por definição, direciona o ânimo hu-
mano para o oposto do desespero. Em uma concepção 
clássica, a esperança pode ser compreendida como 
uma atitude composta, na qual uma pessoa deseja um 
determinado resultado futuro, junto com uma crença 
na possibilidade de concretização desse resultado. Há, 
portanto, um aspecto volitivo (desejo de um resultado), 
somado a um aspecto cogniti-
vo (expectativa de um resulta-
do baseado na razoabilidade). 
Entretanto, essa noção geral 
de esperança nunca foi mui-
to popular na Antiguidade. 
Entre os filósofos gregos, por 
exemplo, a esperança (elpis) 
não foi objeto de nenhum exame sistemático, sendo 
tratada de modo reticente. Alguns consideravam a ati-
tude esperançosa adequada para enfrentar os desafios 
da vida, enquanto outros a consideravam uma forma 
de escapismo. A deusa menor grega Elpis, que perso-
nificava a esperança, nunca foi considerada importan-
te. Embora os romanos tratassem melhor Spes (o ídolo 
equivalente a Elpis), ainda assim, não havia uma for-
mulação filosófica robusta para a esperança enquanto 
virtude digna de atenção. De igual modo, na sabedoria 
oriental, noções similares ao que entendemos como es-
perança também não ocuparam lugar de destaque. Nas 
crenças que entendem o mundo como uma realidade 
estática sem começo nem fim, não faz sentido ter es-
perança, assim como naquelas crenças que entendem a 
vida como ciclos infinitos de reencarnação em univer-
sos inumeráveis.
Desse modo, a esperança é considerada uma virtude 
maior apenas a partir da fé cristã. Como afirmou o após-
tolo Paulo aos efésios, antes da salvação em Cristo, eles es-
tavam “sem esperança e sem Deus no mundo” (Ef 2.12). 
Em Jesus Cristo, porém, encontramos esperança. Di-
ferentemente dos outros mestres, ele não procurou a 
salvação, veio oferecê-la. Sua vida, morte e ressurreição 
atestam para seus seguidores que a esperança não é sub-
jetiva, mas objetiva. Para os cristãos, a ressurreição de 
Cristo comprova que a reconciliação entre Deus e a hu-
manidade é real. Assim, no Ressurreto, eles veem a nova 
humanidade emancipada do mal. Esperança, portanto, 
não é ilusão, nem imaginação, puro desejo ou mero ra-
ciocínio. É, sobretudo, um dom divino, uma capacidade 
de viver o presente, à luz de um horizonte futuro, que se 
abre por uma prova do passado. Isso não significa que 
aqueles que estão em Cristo conheçam em detalhe o que 
os espera, ou que não fiquem tristes e aflitos diante dos 
desafios cotidianos. Significa que eles recebem gracio-
samente uma força de reação, somada a uma profunda 
convicção de que a vida não acaba com o corpo crema-
do ou enterrado dois metros abaixo do solo. A espe-
rança cristã já vivencia algo da realidade esperada no 
momento atual, como se antecipasse o futuro dentro do 
presente. Jesus não é Deus de um futuro distante, ele é 
Emanuel, Deus conosco. Por meio da esperança, os cris-
tãos vencem o fatalismo e não ficam reféns do noticiá-
rio. Por isso está escrito: “[...] Nos refugiamos nele para 
tomar posse da esperança a nós proposta” (Hb 6.18). 
ESPERANÇA NÃO É 
ILUSÃO, IMAGINAÇÃO, 
PURO DESEJO OU 
MERO RACIOCÍNIO. 
É UM DOM DIVINO
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Davi Lago é pesquisador do Laboratório de Política, 
Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo (PUC-SP), 
capelão da Primeira Igreja Batista de São Paulo e membro do 
Conselho Coordenador da Aliança Cristã Evangélica Brasileira.
16 ULTIMATO • Março/Abril 2025
MATÉRIA DE CAPA
A ESPERANÇA CRISTÃ É A VITÓRIA SOBRE O FATALISMO
Davi Lago
COMO VIVEM OS QUE TÊM ESPERANÇA?
Cynthia Muniz Soares
Ser cristão é ter esperança – e não poderia ser 
diferente, pois vivemos em um mundo onde os efei-
tos do pecado são evidentes e onde a dor e o sofri-
mento nos confrontam dia após dia. Sem esperança, a 
vida perderia seu sentido e propósito. Ela está no cerne 
da nossa vocação e aponta para o nosso futuro. Como 
está escrito em 1 Pedro: “Ele nos regenerou para uma 
esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cris-
to dentre os mortos” (1.3). A fé, a esperança e o amor 
(1Co 13.13) são o alicerce sobre o qual a vida cristã é 
edificada a cada dia. Sendo assim, o que significa, na 
prática, viver uma vida com esperança?
A Bíblia está repleta de palavras de esperança. Ao 
olharmos para as Escrituras, vemos histórias de ho-
mens e mulheres que, em meio às suas dores e dificul-
dades, depositaram sua esperança em Deus. É impor-
tante destacar que essa esperança pode estar voltada 
tanto para as necessidades imediatas da vida quanto 
para uma esperança escatológica, apontando para o fu-
turo de redenção e manifestação do reino de Deus.
Os Salmos são um dos lugares onde podemos perce-
ber esse primeiro tipo de esperança. Um exemplo claro 
está no Salmo 62.5: “Somente em Deus, ó minha alma, 
espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança”. 
Nijay Gupta, ao analisar a linguagem da esperança nos 
Salmos da Septuaginta (tradução judaica do Antigo 
Testamento hebraico para o grego), observou que os 
tradutores gregos frequentemente usaram elpis/elpizō 
(“esperança”/ “eu espero”) para traduzir o hebraico ba-
takh (“confiança”), sugerindo uma conexão entre espe-
rança e confiança.1
Essa correlação nos lembra que a vida cristã se de-
senvolve a partir de um relacionamento com Deus, de 
modo que podemos conhecê-lo cada dia mais e, por-
tanto, confiar nele, em seu poder, em seus propósitos, 
sua graça e amor. Miroslav Volf afirma: “O Deus que 
cria a partir do nada, o Deus que dá vida aos mortos 
justifica uma esperança que, de outra forma, seria in-
justificável”.2 Sendo assim, aqueles que têm esperança 
são aqueles que conhecem a Deus e prosseguem em 
conhecê-lo.
Ao voltarmos nossos olhos para o Novo Testamen-
to, podemos ver a Páscoa como o evento definitivo e 
gerador de esperança. A crucificação de Jesus é o ponto 
alto da história de amor de Deus pela humanidade. Por 
meio da cruz, recebemos salvação, perdão e libertação; 
e, pela ressurreição de Cristo, temos a certeza da nossa 
própria ressurreição – temos vida eterna.
Aqueles que têm esperança vivem uma vida de 
ressurreição no “agora”, cientes de que nosso futu-
ro, para além desta vida, não é incerto nem depende 
de algo que possamos conquistar neste mundo – ou 
17Março/Abril 2025 • ULTIMATO
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MATÉRIA DE CAPA
seja, não está baseado em falsas esperanças. 
Nossa herança já está preparada e guardada em 
Deus. Isso nos concede alegria e paz, conforme 
a oração de Paulo: “Que o Deus da esperança os 
encha de toda alegria e paz, por sua confiança 
nele, para que vocês transbordem de esperança, 
pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15.13).
Ademais, aqueles que têm esperança tam-
bém compartilham essa mesma esperança com 
as outras pessoas, pois o mundo está af lito e 
ansioso por perdão. Como afirma N. T. Wri-
ght: “A Páscoa diz: ‘Bem-vindo ao novo mundo 
de Deus’. Com isso, somos convidados a pro-
var desse amor por nós mesmos e oferecê-lo ao 
mundo como a grande mensagem do jubileu, a 
mensagem de esperança, enfim”.3
Aqueles que têm esperança 
são aqueles que aprendem a des-
cansar em Deus, mesmo diante 
das lutas diárias e do mal que 
os cerca. A cada dia, precisamos 
encarar nossas próprias falhas 
e aprender a confiar em Deus 
e receber o seu perdão, pois o 
sentimento constante de culpa 
mina a nossa esperança. Isso 
nos conduz, portanto, a uma vida de oração, me-
ditação e contemplação, pois são as disciplinas 
espirituais que nos permitem enxergar o amor 
de Deus em meio ao caos presente no mundo e, 
muitas vezes, dentro de nós.
A teóloga Juliana de Norwich, uma impor-
tante referência de vida cristã e espiritualidade 
na tradição mística medieval, foi alguém que 
viveu em profunda intimidade com Deus.Em 
seu famoso escrito Revelações do Amor Divino, 
ela afirmou: “Há sofrimento, doença, guerra e 
fome, o pecado e as quedas dos homens e todas 
as suas falhas, mas tudo acabará bem, desde que 
se tenha confiança no amor divino e na intenção 
de Deus”.4
Isso não significa que somos conformados 
com os males e injustiças que estão ao nosso re-
dor. Pelo contrário, aqueles que têm esperança 
se orientam a partir da ética do reino de Deus 
e, portanto, entendem seu papel e missão neste 
mundo. Agem como voz profética denuncian-
do as injustiças e promovendo a paz e a recon-
ciliação. Buscam viver uma vida de serviço 
e amor ao próximo, como o próprio Jesus nos 
ensinou, sendo portadores de uma mensagem 
de esperança que vai além de palavras, encarna-
da em atos de justiça e misericórdia.
No entanto, comunicar essa esperança em 
nossos dias não é algo tão simples. Para além 
daqueles que não fazem parte da igreja, muitas 
vezes desconfiados devido a escândalos e maus 
exemplos do meio cristão, ainda temos o desafio 
de reacender essa esperança entre os próprios 
membros da família da fé que, hoje, encontram-
-se decepcionados e feridos. Em casos extremos, 
alguns sofreram abusos no lugar onde um dia 
buscaram esperança e, por isso, já não fazem 
mais parte da igreja. Aqueles que têm esperança 
precisam cultivar empatia e cuidado com os que 
se afastaram dela, tornando-se instrumentos de 
cura e restauração. Como diz o apóstolo Paulo: 
“A esperança não nos decepciona, porque Deus 
derramou seu amor em nossos corações, por 
meio do Espírito Santo que ele nos concedeu” 
(Rm 5.5). É essa esperança, firmada no amor 
imutável e infalível de Deus, que precisamos co-
municar a essas pessoas.
Por fim, os que têm esperança demonstram 
sua fé no Deus revelado nas Escrituras por meio 
de uma vida de adoração e louvor. Que nossos 
cultos e comunidades de fé sejam expressões 
vibrantes dessa esperança, impactando as vidas 
daqueles ao nosso redor, atraindo-os ao amor 
do Cristo ressurreto. Vivemos tempos difíceis e 
há uma urgente necessidade de esperança. Nas 
palavras de Brueggemann: “Nossa sociedade 
espera, entre a negação e o desespero, por uma 
palavra repleta de verdade e esperança, uma pa-
lavra de cura e renovo”.5 Que nós, o povo da es-
perança, possamos levar essa palavra ao mundo.
Notas
1. GUPTA, Nijay. O Novo Testamento em 15 palavras. Tho-
mas Nelson Brasil, 2024. p. 143.
2. VOLF, Miroslav. Theologies of Hope. Yale Divinity School, 
out. 2020. Disponível em: https://reflections.yale.edu/arti-
cle/seeking-light-notes-hope/theologies-hope.
3. WRIGHT, N. T. Surpreendido pelas Escrituras. Ultimato, 
2015. p. 206.
4. NORWICH, Juliana de. Revelações do amor divino. Pau-
lus, 2018. p. 10.
5. BRUEGGEMANN, Walter. Truth and Hope: Essays for a 
Perilous Age. Westminster John Knox Press, 2020. p. 132 
(tradução livre).
Cynthia Muniz Soares é bióloga, mestre em saúde 
pública, teóloga, especialista em teologia do Novo 
Testamento e pastora anglicana. Atualmente, é mes-
tranda em estudos do Novo Testamento.
“O DEUS QUE CRIA A 
PARTIR DO NADA, O DEUS 
QUE DÁ VIDA AOS MORTOS 
JUSTIFICA UMA ESPERANÇA 
QUE, DE OUTRA FORMA, 
SERIA INJUSTIFICÁVEL”
18 ULTIMATO • Março/Abril 2025
Ela não tinha nada para chamar a atenção. Vivia 
numa sociedade patriarcal, mas, talvez, já não 
tivesse um pai que a defendesse e zelasse por ela. 
Também não tinha um marido, era viúva desde não 
se sabe quando. Além das duas condições anterio-
res, era pobre – necessitada e dependente.
Possivelmente era mais uma na multidão. Invi-
sível e sem virtudes que pudessem ser destacadas ou 
admiradas pelos que tinham nome, família e bens. 
Não devia ser a única viúva por ali, mas fazer parte 
deste grupo não tornava as coisas melhores para ela. 
O cenário de sua vida era bastante desfavorável. 
Mas, curiosamente, ela tem uma história que des-
de a primeira vez que foi contada é sempre lembrada.
Certo dia, em que Jerusalém estava agitada pela 
aproximação da Páscoa e em que se ouviam rumores 
da chegada de Jesus e de seus discípulos – e da grande 
movimentação que isso estava causando na cidade –, 
a mulher levantou-se cedo e se preparou para ir ao 
templo levar, como de costume, a sua oferta.
Embora a história não revele, pelo gesto da viúva 
é possível notar que ela temia o Deus de Israel e assu-
mira o compromisso de servi-lo fielmente indepen-
dente das circunstâncias. Sua confiança no amor leal 
do Senhor e sua generosidade fizeram dela uma mu-
lher notável: Jesus a viu e falou de sua ação com pa-
lavras de elogio e, por meio de seu exemplo, ofereceu 
um importante ensinamento sobre fé e confiança 
que geram desprendimento genuíno (Lc 21.1-4).
Não ter um nome reconhecido, ser mulher e 
pobre, não impedem aquela viúva de exercitar a 
sua confiança em Deus e de continuar encarando 
a sua rotina. Todas as ausências – de pessoas, defe-
sa, recursos – poderiam ter feito com que ela ficasse 
prostrada, entregando-se sem qualquer expectativa. 
Mas não é isso que acontece. Ela se levanta, vai ao 
templo e entrega tudo o que tem. Em sua pobreza, 
nada guarda para si mesma e com essa ação con-
fessa que toda a sua vida – seu presente e seu futuro 
– está nas mãos do Deus Todo-poderoso.
Ela sabe que, além da ordenança clara do cuida-
do devido aos órfãos, estrangeiros e viúvas – o que 
faz com que ela tenha esperança na comunidade – o 
próprio Deus a acompanha na jornada. Ele a ama e 
a protege no dia a dia tão marcado por desafios, en-
corajando-a a cultivar 
uma esperança firme e 
vibrante.
Certamente, houve 
outros gestos daquela 
viúva no dia em que foi 
vista por Jesus: trabalho, 
encontro com pessoas, 
oferecimento de ajuda ou 
recepção de uma doação, 
uma oração ou um momento de silêncio, cuidado de 
si e de outros. Mais um dia ordinário em que a con-
fiança e a espera intercambiaram com a fé e o amor. 
Não era preciso esperar um futuro distante para dar 
espaço para a esperança se movimentar, impulsio-
nando a adoração, surpreendendo e dando vigor.
Quem sabe, enquanto caminhava para o templo 
ou quando oferecia as duas pequenas moedas, a vi-
úva tenha se lembrado de uma das confissões que 
tem sido repetida de geração em geração pelo povo 
de Deus:
Digo a mim mesmo: O Senhor é a minha porção;
por isso, esperarei nele!
O Senhor é bom para os que dependem dele,
para os que o buscam.
Portanto, é bom esperar em silêncio
pela salvação do Senhor.
(Lamentações 3.24-26).
NÃO ERA PRECISO 
ESPERAR UM FUTURO 
DISTANTE PARA 
DAR ESPAÇO PARA 
A ESPERANÇA SE 
MOVIMENTAR
UMA HISTÓRIA DE
ESPERANÇA EM AÇÃO
Ariane Gomes
Ariane Gomes atua como coordenadora de produção de 
Ultimato e gestora de conteúdo do Portal Ultimato.
19Março/Abril 2025 • ULTIMATO
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VOCACIONADOS PARA A ESPERANÇA
Valdir Steuernagel
A expressão “não deixe a peteca cair” passou pelos 
lábios de minha mãe muitas vezes. Na maioria 
delas, a entonação era positiva. Era preciso insis-
tir e afirmar a vida, e ela o fazia teimosamente, na for-
ça que Jesus lhe dava. Nós, sua família, entendíamos 
bem a imagem, pois o jogo de peteca nos era comum 
e sabíamos a força que tinha essa expressão. As suas 
muitas dores, idas a diferentes médicos e várias inter-
nações hospitalares eram evidência dos desafios que 
enfrentava e de sua insistente luta pela vida.
Mas havia ocasiões em que ela dizia “a peteca está 
caindo” ou até “a peteca caiu”. Aí sabíamos que a si-
tuação era difícil e delicada. 
As dores estavam intensas, 
a medicação não estava aju-
dando e seria preciso uma 
nova internação. Seu corpo 
fraquejava, suas pernas já 
não a sustentavam, sua alma 
gemia e uma profunda an-
gústia a invadia. Estava difí-
cil, bem difícil não deixar a peteca cair. Estava penoso 
resistir e esperar por dias melhores.
Ainda que, neste imenso Brasil, o jogo da peteca 
talvez não seja tão comum, a expressão “não deixar 
a peteca cair”, usadaaté no âmbito corporativo, não 
é difícil de entender. Até podemos nos identificar 
com ela, refletindo diferentes momentos de vida que 
marcam cada um de nós. Afinal, no jogo de peteca é 
preciso mantê-la no ar, pois, quando ela cai, perde-se 
um ponto.
No final da vida de mamãe, a peteca, de fato, caiu. 
O câncer invadiu-lhe o cérebro e chegou o fim. Mas 
este era um fim que não era o fim, pois ela sabia quem 
era e para onde estava indo. E fez questão de deixar 
isso claro. Como calceira que foi, no decorrer de mui-
tas décadas, ela estendia o pano sobre a mesa e o ta-
lhava a fim de transformá-lo numa calça sob medida, 
como testemunhei inúmeras vezes. Da mesma forma, 
ela sabia que a sua vida estava sendo talhada para a 
vida e para a morte, para o encontro customizado com 
o seu Senhor. Em sintonia com Jó, ela podia dizer: 
“Quanto a mim, sei que meu Redentor vive” (Jó 19.25).
Uso a metáfora da peteca para me referir a um 
jeito de viver e, ao falar de minha mãe, refiro-me a 
uma pessoa simples e que ama tudo o que diz res-
peito a família, que foi a vida dela. Mas me refiro 
também a diferentes situações pelas quais passamos, 
ora por nós causadas, ora sobre nós impostas, com a 
pergunta de como lidamos a “peteca da vida”. Como 
a mantemos no ar? Qual a nossa força e de onde a 
extraímos? Ao trazer a minha mãe para esta conver-
sa, vemos uma pessoa que não se deixava consumir 
pelas dores e, em meio a elas, sabia que era amada 
por Deus, vivia pela força de Deus e encontrava 
aconchego na família de Deus. Ela sabia que não 
carecia passar a vida lamentando suas dores, como 
uma peteca forçando a caída, mas podia chorá-las 
diante de Jesus e este a acolhia de um jeito que nin-
guém mais podia fazer. Em Jesus e com Jesus encon-
tramos um jeito de viver no qual as dores encontram 
acolhimento, a fé provê sustento para as diferentes 
situações e a esperança em Deus nos leva a olhar 
para além de nós mesmos, para a eternidade.
Há outras situações que vão bem além do parti-
cular, envolvendo família, comunidade, vizinhança e 
EM JESUS E COM JESUS 
ENCONTRAMOS UM JEITO 
DE VIVER NO QUAL A 
ESPERANÇA EM DEUS 
NOS LEVA A OLHAR PARA 
ALÉM DE NÓS MESMOS
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MATÉRIA DE CAPAMATÉRIA DE CAPA
20 ULTIMATO • Março/Abril 2025
VOCACIONADOS PARA A ESPERANÇA
Valdir Steuernagel
ambiente de trabalho, para citar apenas alguns desses 
contextos maiores e dos quais também fazemos parte. 
Com a supremacia das redes sociais, o nosso mundo 
se ampliou tanto, que já não encontramos raízes; vi-
vemos confundidos e confusos em meio a inúmeros 
pareceres e rompantes. Já não sabemos em quem acre-
ditar e quanto do que nos chega é fruto de uma com-
posição de algoritmos que vomitam um pouco mais 
do mesmo diante de nós, dando-nos exatamente o que 
queremos ouvir, o que nos enraivece para responder 
rápido e ríspido. Responder sem pensar e sem orar, 
alimentando um círculo no qual “manter a peteca no 
ar” gera raiva, cansaço, descrédito e uma enorme fal-
ta de confiança no outro e na sociedade em que vive-
mos e convivemos. Nestes nossos tempos convulsos e 
agressivos, está difícil não deixar a peteca cair. E, em 
resignação, muitas vezes vivemos na desesperança.
A fé cristã nos ensina que em nenhum momento 
estamos sozinhos e que não há lugar nem tempo al-
gum no qual Deus não se faça presente e não nos per-
gunte, como fez ao cego Bartimeu: “O que você quer 
que eu lhe faça?” (Mc 10.51). A fé cristã ensina que, em 
Deus, encontramos um fundamento para a vida, que 
nos ensina a viver no presente, seja em meio a dores, 
na esperança pelo futuro – um futuro em Deus, que 
já marca o nosso presente com Deus. A fé cristã nos 
ensina, ainda, que somos vocacionados a viver a “ra-
zão da esperança” que há em nós (1Pe 3.15) na arena 
pública e privada, a fim de sermos identificados como 
testemunhas do Jesus que nos ensinou a viver em cada 
um desses ambientes na perspectiva da prioridade e 
essencialidade do reino de Deus (Mt 6.33).
Esta edição de Ultimato aponta para diferentes as-
pectos da esperança em Cristo, que querem e podem 
orientar e reorientar a nossa vida. Eu também quis 
refletir sobre a esperança, mas acabei falando muito 
mais de uma mulher que se chamava Isolde, que foi 
a minha mãe. É que ela foi alguém que me ensinou a 
viver a esperança em meio às dores e como morrer na 
esperança do eterno. Acredito que o testemunho dela 
valeu para mim e pode valer para você, caro leitor.
E assim termino, na oração de que “o Deus da 
esperança os encha de toda alegria e paz por crerem 
nele, para que vocês transbordem na esperança e no 
poder do Espírito Santo” (Rm 15.13).
Não deixem a peteca cair!
Valdir Steuernagel é pastor luterano, membro da 
Comunidade do Redentor, em Curitiba, PR, e embaixador 
da Aliança Cristã Evangélica Brasileira e da Visão Mundial. 
@silva.steuernagel.
Desde o Antigo Testamento, Jesus é a 
pessoa-chave, o grande esperado, a 
reluzente esperança.
Elben César
A igreja nunca poderá deixar de confessar 
e professar, à luz das Escrituras, o 
mistério que é o centro estruturante 
da nossa fé: Cristo ressuscitou! Sem 
que esta verdade seja proclamada e 
ensinada, crida, vivida e celebrada, 
não há cristianismo autêntico, não há 
evangelho poderoso, não há esperança 
que se imponha ao caos do mundo.
Luiz Fernando dos Santos
Quanto à esperança, o Senhor Jesus nos 
aguarda. A morte não é o nosso fim. É, 
na verdade, um fascinante recomeço. 
A fé nos enche de esperança de algo 
fantástico que confere significado à vida, 
à morte e à história: Cristo nos aguarda!
Ronaldo Lidório
Toda dor é por enquanto
A tua alegria, daqui até o fim
E eternamente
A alegria verá meu rosto sem lágrimas
Verá raiar o dia que Jesus Cristo irá voltar
Nas alturas
Com os seus anjos
E as trombetas anunciando
Marcos Almeida 
Porque ele vive, posso crer no amanhã
Porque ele vive, temor não há
Mas eu bem sei, eu sei, que a minha vida
Está nas mãos do meu Jesus, 
que vivo está
Vários autores
21Março/Abril 2025 • ULTIMATO
ESPERANÇA MESCLADA COM TRISTEZA
Klênia Fassoni
Embora esperança e alegria muitas vezes andem 
juntas, a esperança cristã não é promessa de feli-
cidade. A lista das pessoas que esperaram o cum-
primento das promessas de Deus, feita pelo autor 
de Hebreus, é desanimadora nesse sentido (Hb 11). 
Na recomendação que Paulo dá aos romanos – 
“Alegrem-se na esperança, tenham paciência na 
tribulação e perseverem na oração” (Rm 12.12) – 
ele pressupõe sofrimento, lutas e tristeza.
À medida que crescemos no conhecimento 
de Deus e de sua obra, vemos com mais clareza a 
distância que há entre o que Deus deseja e a reali-
dade – as coisas que hoje cortam 
o coração de Deus devem cortar 
também o nosso coração. Nós 
nos entristecemos nas ocasiões 
em que Deus pode parecer au-
sente: “Ele se escondeu do seu 
povo, mas eu confio nele e nele 
ponho a minha esperança” (Is 
8.17). A nossa esperança é mesclada com tristeza, 
porque ela é do tipo “ainda que” [Hc 3.17-19; Sl 
23.4]. Além disso, a condição inata da humanida-
de caída é de precariedade, até que sejamos com-
pletamente restaurados. As lutas sem trégua nos 
trazem cansaço e somos tentados a desistir da es-
perança: “Os meus olhos estão cansados de tanto 
olhar, esperando que me salves e assim cumpras a 
tua promessa” (Sl 119.123).
Amanda Opelt, em seu artigo Ainda que a 
figueira não floresça, no Ano Novo eu me alegra-
rei no Senhor,1 sugere que abraçar a infelicidade 
depura a nossa esperança:
Acredito que a infelicidade pode iluminar nossa 
vida, oferecendo-nos sabedoria e clareza sem igual. 
[…] às vezes, é a maneira de Deus nos lembrar do 
que é bom e verdadeiro – de como as coisas deve-
riam ser em nosso mundo. [...] A tristeza faz parte 
da condição humana. A inquietação é uma resposta 
apropriada, até mesmo justa, ao que está quebrado. 
[...] estamos vivendo após a Queda. A existência 
sempre pareceráuma frase incompleta, uma fome 
que nunca é totalmente satisfeita, até que Cristo volte 
em glória e inaugure a sua nova criação.
[...] E mesmo que sua dor seja como uma pedra em 
seu sapato, ela é tão sagrada quanto qualquer mo-
mento de felicidade que você possa viver. Ela pode 
até servir como um lamento pela condição caída do 
mundo.
Nota
1. Ainda que a figueira não floresça, no Ano Novo eu me alegra-
rei no Senhor. Disponível em bit.ly/412-capa-ainda-que. 
A INFELICIDADE PODE 
ILUMINAR NOSSA VIDA, 
OFERECENDO-NOS 
SABEDORIA E CLAREZA 
SEM IGUAL
Ad
ob
e 
St
oc
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MATÉRIA DE CAPA
Nossa esperança repousa no fato de 
que, desde agora, Cristo está assentado 
em seu trono fazendo novas todas as 
coisas. Ele é o alfa e o ômega, o princípio 
e o fim. As chaves da história estão em 
suas mãos e ele a conduz com sabedoria, 
graça e triunfo.
Luiz Fernando dos Santos
22 ULTIMATO • Março/Abril 2025
TEMOS ESPERANÇA PORQUE SABEMOS
Guilherme de Carvalho
O tempo é próprio para assuntos pascais, começando 
pelo problema da relação entre esperança e felicida-
de: o filósofo ateu André Comte-Sponville admite 
que, de fato, ateísmo é desespero, mas que isso não im-
pede a felicidade. O que impede a felicidade é depender 
dos outros – especialmente um outro que “não existe”, 
ou seja, Deus.
Dos valiosos insights de Comte-Sponville, penso 
que o melhor é sua percepção de que esperança e fe-
licidade têm um tipo de relação interna. É tão forte a 
amarração, que o filósofo precisa cortar a corda, para 
que a sua felicidade não afunde com seu desespero.
Quanto ao sucesso dessa operação, duvido; parece-
-me mero paliativo. Sem Deus, não há esperança, e a fe-
licidade que se obtém daí é um arremedo, em parte por-
que dependerá de sermos menos realistas sobre o lado 
infernal da existência neste mundo, e em parte porque 
precisaremos nos desapegar do seu lado celestial.
Porque sabemos
Se Deus não existe, não há esperança; e assim, para o 
ateísta, o assunto estaria encerrado. Estaria em outro 
mundo, porque, neste, existe a Páscoa e sabemos que 
Cristo ressuscitou dos mortos. Nem todos sabem, con-
cedo; mas muita gente sabe, quase meio mundo! Nós, 
cristãos, sabemos. Esse é um conhecimento coletivo, 
possuído pela igreja, que tinha desde o princípio a 
aguda consciência da inutilidade de sua piedade sem a 
ressurreição de Cristo: “Mas se não há ressurreição dos 
mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo 
não ressuscitou, então a nossa pregação é inútil e tam-
bém a vossa fé…” (1Co 15.13-20).
André Comte-Sponville, nosso ateu honesto, é tam-
bém admirador de Agostinho e de Paulo, autor do hino 
imortal sobre o amor na primeira Carta aos Coríntios. 
Mas Paulo, não menos honesto que Comte-Sponville, 
admitiu que, sem a ressurreição, a pregação e a fé seriam 
inúteis, os pecados seriam imperdoáveis, os mortos es-
tariam perdidos e seríamos todos, enfim, miseráveis. 
Mas, sobretudo, ele mesmo e todas as outras testemu-
nhas de Cristo seriam fraudes, falsificações. A fé não 
seria só erro; seria farsa. Mas Paulo não estava para tra-
quinagens religiosas; selou o seu testemunho com a pró-
pria vida e o próprio sangue, como o fizeram inúmeros 
mártires da primeira geração do cristianismo.
Certamente é possível descer a discussões técni-
cas sobre a confiabilidade histórica desse testemunho, 
como o especial esclarecimento sobre a factualidade 
e o significado da ressurreição de Cristo no trabalho 
magistral do biblista N. T. Wright sobre a evidência 
bíblica e histórica:
[...] Eu concluo que o historiador, de qualquer persuasão, 
não tem opção a não ser afirmar tanto o túmulo vazio 
quanto os ‘encontros’ com Jesus como ‘eventos’ históricos 
em todos os sentidos que nós esboçamos no capítulo 1: 
eles tomaram lugar como eventos reais; eles foram eventos 
significantes; eles são, no sentido normal requerido pelos 
historiadores, eventos comprováveis; historiadores podem 
e devem escrever sobre eles. Nós não podemos explicar o 
cristianismo primitivo sem eles.1
Porém, acima de tudo, é preciso compreender a 
verdadeira fonte da fé da igreja na ressurreição: a visão 
do próprio Cristo ressurreto e o compromisso dessas 
testemunhas oculares. A cola que prega as páginas do 
evangelho na mente e no corpo dos cristãos é o sangue 
coagulado dessas testemunhas, forçando a igreja, pelos 
séculos dos séculos, ao dever intelectual e moral de crer. 
O conhecimento do fato da ressurreição, e do próprio 
Cristo ressurreto, é um saber factual, mas também re-
lacional e comunitário. A igreja sabe, o Espírito Santo 
derramando em Pentecostes aviva a sua memória e a faz 
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23Março/Abril 2025 • ULTIMATO
saber continuamente, e por isso também nós, cristãos 
protestantes, católicos e ortodoxos, igualmente sabemos.
Sabemos como uma grande árvore, na qual os ra-
mos mais novos e mesmo as folhinhas verdes recebem 
uma seiva rica, atravessando galhos que se unem a um 
largo tronco, apoiado em raízes que o observador ex-
terno não consegue ver. Mas a árvore está aí; uma árvo-
re de séculos, uma vida transmitida sem interrupção, 
um cântico que nunca cessou de ser cantado.
Mais do que um palpite
Naturalmente, o crer em Deus é um fenômeno mais 
comum, e algo mais amplo do que a afirmação da 
ressurreição de Cristo, mas a ressurreição modifica e 
consolida essa fé de tal modo que a natureza do deba-
te com o ateísmo desesperado é totalmente alterada. 
Afinal, até mesmo a crença na existência de Deus não 
nos daria ainda qualquer segurança sobre o futuro, 
e seguiríamos dependentes do tipo de futuro que se-
ríamos capazes de produzir agora. No entanto, saber 
que Cristo ressuscitou tira a discussão do campo do 
otimismo, do palpite ou da aposta. Em resultado, isso 
produz a experiência que, segundo Comte-Sponville, 
só pode ser produzida por um presentismo desespe-
rado: a alegria.
É verdade que a esperança tem de aguardar, e que 
sua herança ainda não pode ser possuída; e é verdade 
que o tempo presente é o 
tempo de muitas aflições, 
que provam a nossa fé. O 
ateísta para por aqui, mas 
essa é só metade da histó-
ria: a ressurreição, que é 
um fato passado, não nos 
deu um palpite, mas um 
conhecimento sobre o nos-
so futuro. Esse saber nos faz exultar de alegria hoje, 
como um gozo antecipatório, como diz Pedro: “Pois, 
sem tê-lo visto, vós o amais e, sem vê-lo agora, cren-
do, exultais com alegria inexprimível e cheia de glória, 
alcançando o objetivo da vossa fé, a salvação da vossa 
alma” (1Pe 1.3-9).
Eu me lembro de quando a enorme caixa de pre-
sente foi posta sob a árvore de Natal com o meu nome. 
Eu não podia abri-la; teria de esperar mais de um mês! 
Mas, em minha alegre agonia, eu sabia que o presente 
era meu, e que desfrutá-lo seria uma questão de tempo. 
Qualquer criança que tenha pais de verdade sabe que 
a esperança não depende apenas do que podemos al-
cançar por nós mesmos. A desesperança é uma dor de 
crianças solitárias.
Pois, se Cristo ressuscitou, não estamos sozinhos; o 
nosso presente se enche com a memória passada desse 
milagre, e com a antecipação estonteante da nossa pró-
pria ressurreição, até o ponto de transbordar de alegria. 
Comte-Sponville – e Agostinho, antes dele – está certo: 
o que temos agora é apenas o presente; mas o presente 
dos cristãos é enorme, vasto como o universo; o alfa-e-
-ômega o preenche e o alarga com o seu passado e o seu 
futuro, fazendo caber nele a eternidade! Não nego que 
seja possível um tipo precário de felicidade no desespero; 
mas, como disse C. S. Lewis, é a felicidade de crianças 
ignorantes, brincando com castelos de lama no meio da 
sujeira e dispensando o convite de um feriado na praia.
Essa alegria tem, assim, um caráter inteligente; re-
sulta de um ato de julgamento racional, de uma cons-
tatação a respeito do futuro e da confiabilidade de 
Deus: “Mas, na verdade, Cristo ressuscitou dentre os 
mortos, sendo ele o primeiro entre os que faleceram”

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