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1 Faculdade de Ciências de Saúde Curso de Licenciatura em Medicina Dentaria 5 Nível/ I-Semestre Cadeira: CIRURGIA-MAXILO FACIAL TEMA: INFECÇÕES ODONTOGÉNICAS Discente: Docente: Amisse Francisco José Joel Victorino Companhia Dr. António Alberto Mardilethy De Lurdes Nicolau Martins Paulo Francisco Sozinho Nampula, Janeiro de 2025 2 O presente trabalho enquadra-se no âmbito da cadeira de Cirurgia-Maxilo-Facial; e tem como proponentes os estudantes de Medicina Dentaria 5° ano; I semestre; a ser apresentado na Faculdade de Ciências de Saúde Universidade Lúrio, como meio investigativo sobre o tema acima referenciado. Amisse Francisco José Joel Victorino Companhia Mardilethy De Lurdes Nicolau Martins Paulo Francisco Sozinho TEMA: INFECÇÕES ODONTOGÉNICAS Docente: Dr. António Alberto Nampula, Janeiro de 2025 3 ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4 2 OBJECTIVOS ............................................................................................................... 5 2.1 OBJECTIVOS GERAL: ......................................................................................... 5 2.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS: .............................................................................. 5 3 PROCESSO SÉPTICO DE CAUSA ODONTOGÉNICA ............................................ 6 3.1 Definição e conceitos .............................................................................................. 6 3.2 Etiologia .................................................................................................................. 6 3.3 Principais localizações ............................................................................................ 7 3.3.1 Espaços fasciais ................................................................................................ 7 4 MICROBIOLOGIA ....................................................................................................... 8 5 DIAGNÓSTICO ............................................................................................................ 9 5.1 PRINCIPAIS INFECÇÕES DE CAUSA ODONTOGÉNICA .............................. 9 5.1.1 ABCESSO ODONTOGÉNICO ....................................................................... 9 Sintomas do abscesso dentário ................................................................................... 10 Fatores de risco para o abscesso ................................................................................. 10 Exames de Raios-X para diagnosticar abscesso ......................................................... 10 5.1.2 CELULITE FACIAL ..................................................................................... 11 5.1.3 ANGINA DE LUDWING .............................................................................. 13 Angina de Ludwig causa ............................................................................................. 14 Tratamento de angina de Ludwig ............................................................................... 15 5.1.4 OSTEOMIELITE ODONTOGENICA .......................................................... 15 6 TRATAMENTO DOS PROCESSOS SEPTICOS DE CAUSA ODONTOGENICA 17 7 TERAPIA MEDICAMENTOSA ................................................................................ 19 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 20 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................................................ 21 4 1 INTRODUÇÃO Os processos sépticos odontogénicos são as entidades infecciosas mais frequentes da região cervicofacial, e na prática estomatológica é uma das condições que mais exigem atenção. A sua correcta gestão requer a preparação de profissionais em aspectos microbiológicos, fisiológicos, anatómicos, semiológicos e farmacológicos. Portanto, foi realizada uma exaustiva revisão bibliográfica com o objectivo de elaborar um material bibliográfico que compila e ilustra as principais características dos processos sépticos odontogénicos. O presente tema foi estudado em profundidade, com o apoio de múltiplas referências bibliográficas nacionais e internacionais. Os cuidados primários têm um papel essencial na gestão inicial destas condições. As infecções odontogénicas são aquelas originadas dos tecidos dentais e de suporte, podendo se disseminar para os espaços fasciais subjacentes, tornando-se complexas.¹ Os sinais clínicos e sintomas mais comumente relatados são: edema, dor no assoalho bucal, febre, disfagia, odinofagia, sialose, trismo, odontalgia e respiração fétida.² As bactérias que causam infecções são mais comumente parte das bactérias nativas que normalmente vivem sobre o hospedeiro ou nele, aquelas que integram a placa bacteriana, aquelas encontradas nas superfícies mucosas e aquelas encontradas no sulco gengival.¹ Estas serão discutidas mais adiante. As infecções que se disseminam além das estruturas periodontais para espaços fasciais adjacentes costumam ser tratadas pelos procedimentos de incisão e drenagem (I&D), assim como pela extracção da causa da infecção (extracção dentária, tratamento endodôntico ou curetagem gengival). Em casos mais severos a terapia é acompanhada de antibioticoterapia e cuidados de suporte.¹ 5 2 OBJECTIVOS 2.1 OBJECTIVOS GERAL: Compreender a origem dos Processos Sépticos de Causa Odontogénica. 2.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS: Abordar a etiologia dos processos sépticos de causa odontogénica; Caracterizar o Processo Séptico de Causa Odontogénica de acordo com a causa; Descrever o principal factor que influencia na evolução dos processos sépticos odontologia; Indicar/trazer exemplos de processos sépticos e a contudo a seguir. 6 3 PROCESSO SÉPTICO DE CAUSA ODONTOGÉNICA 3.1 Definição e conceitos A infecção pode ser definida como uma proliferação nociva de microrganismos dentro de um hospedeiro, que alteram e destroem células gerando sinais e sintomas locais. 2 Os processos sépticos odontogénicos são as entidades infecciosas mais frequentes da região cervicofacial, e na prática estomatológica é uma das condições que mais exigem atenção. 1 3.2 Etiologia A infecção odontogénica não é causada por um único microorganismo, mas frequentemente é polimicrobianas; e podem ser isolados, em alguns casos, até 6 espécies bacterianas diferentes. 2 Segundo Bascones et al. (2004), infecções que atingem a cavidade oral podem ser classificadas em dois grupos, baseados na sua origem: Odontogênicas: infecções que se iniciam a partir de estruturas dentais. A sua origem pode ser periapical proveniente de cáries que causam necrose pulpar e se disseminam para o tecido periapical, ou periodontal decorrente de infecção bacteriana de uma bolsa periodontal ou de um folículo pericoronário de um dente parcialmente eruído. Não Odontogênicas: infecções da mucosa oral, das glândulas salivares, dentre outras. Dentre as causas principais das infecções odontogênicas temos: cárie dentária, infecção dento-alveolar (infecção da polpa e abscesso periapical), gengivites, periodontites, osteíte, oteomielites ou ainda infecções pós-cirúrgicas. De acordo com ARAÚJO et al. (2007): As infecções odontogênicas possuem três origensprincipais Periapical: a lesão de cárie se propaga pelo esmalte, dentina, cemento e polpa. Nestes locais os microrganismos aumentam o seu potencial de gerar infecção chegando à região periapical, onde a condição se dissemina. Periodonto: as bactérias da placa subgengival leva a periodontite e à formação de bolsas, chegando no osso alveolar com suas exotoxinas. 7 Pericoronário: bactérias colonizam o opérculo gengival que recobre um dente semi-incluso, gerando infecções. Figura 1 – Origem da infecção odontogénica (A) Carie dentaria (B) Doença periodontal no dente 35 (C) Pericoronarite Fonte: Antenor et al. 2007. A via de propagação mais frequente das infecções ontogénicas é a “Por Continuidade”. Como o próprio nome indica, está via se estabelece por continuidade, na medida em que são atingidos os tecidos adjacentes ao foco infeccioso. Quando a infecção perfura a lâmina cortical do processo alveolar, ela se dissemina por localizações anatómicas previsíveis. A localização da infecção oriunda de um dente especifica é determinada por dois factores principais: (1) a espessura do osso que cobre o ápice do dente e (2) a relação do local da perfuração no osso com as inserções musculares na maxila e mandíbula . 4 3.3 Principais localizações 3.3.1 Espaços fasciais Fatores que incluem a demora na procura do atendimento especializado, antibioticoterapia inicial inadequada, condições sistêmicas imunossupressoras e virulência do microrganismo podem contribuir para a rápida disseminação do processo infeccioso. Sendo assim, o conhecimento de condições que favorecem a progressão da doença é necessário ao profissional com a finalidade de diagnóstico de um quadro de potencial gravidade. Os espaços fasciais são compartimentos teciduais revestidos por fáscia, preenchidos por tecido conjuntivo frouxo, que podem torna-se inflamados quando invadidos por micro- organismos. 4 8 Os espaços fasciais podem ser divididos em primário e secundário de acordo com a localização. O espaço primário envolve a região da maxila e mandíbula, espaços secundários incluem a região mastigatória e os espaços cervicais. Vale ressaltar que factores como a virulência do microrganismo, a quantidade do patógeno no interior dos tecidos, a anatomia da região acometida, condição sistêmica e nutricional do hospedeiro e hábitos nocivos são cruciais para a instalação e progressão de uma infecção. Os espaços massetérico, pterigomandibular e temporal são conhecidos como espaço mastigador, porque são limitados pelos músculos e fáscias da mastigação; esses espaços comunicam-se livremente entre si, de modo que, quando um é envolvido, os outros também podem estar. 5 Figura 2 -Espaço Mastigador 4 MICROBIOLOGIA Araújo et al. (2007) afirma que ao se tentar isolar o agente etiológico raramente será observada apenas uma bactéria, mas sim várias espécies com metabolismos distintos, 9 portanto as infecções odontogénicas têm como principal característica ser de natureza polimicrobianas e mista. 2 As bactérias nativas são as mesmas presentes na placa supra e subgengival, e sua predominância varia de acordo com o estágio e o tempo de evolução da infecção odontogênica. Dentre elas destacam-se: Cocos aeróbicos Gram-positivo Cocos anaeróbicos Gram-negativos Bastonetes anaeróbicos Gram-negativos. 3 5 DIAGNÓSTICO Como previamente descrito, infecção odontogênica evolui de uma lesão de cárie, da doença periodontal ou da pericoronarite possibilitando que as bactérias e suas toxinas cheguem ao osso alveolar. Neste local, os microrganismos aumentam sua patogenicidade e passam a ser combatidos pelo hospedeiro de uma maneira mais efetiva. Essa infecção restrita ao osso alveolar é chamada osteíte periapical e deve ser prontamente combatida para não ultrapassar o osso cortical ou periósteo, chegando aos tecidos periorais. Usualmente, ela está associada a dor intensa durante a percussão vertical e a sensação de dente extraído. 6 Quando a infecção chega aos tecidos adjacentes, geralmente, leva uma resposta inflamatória intensa disseminada e aguda com um grande aumento de volume em consistência firme, difuso e associada à dor intensa esse quadro é descrito como celulite, e requer atenção especial pela sua característica de evolução rápida e disseminativa. O metabolismo predominante nessa condição é o aeróbio. 5 5.1 PRINCIPAIS INFECÇÕES DE CAUSA ODONTOGÉNICA 5.1.1 ABCESSO ODONTOGÉNICO O abscesso odontogênico é um processo infeccioso purulento, ou seja, quando há a presença de pus, causado por bactérias patogênicas. 1 O abscesso pode ocorrer na estrutura interna de um dente (canais radiculares), na região dos tecidos de suporte ou na região do opérculo gengival que recobre um dente semi- 10 incluso, podendo ser classificado, então, como: abscesso periapical (endodôntico), abscesso periodontal ou abscesso pericoronário, respectivamente Sintomas do abscesso dentário Os principais sintomas do abscesso dentário são: Dor moderada ou intensa; Inchaço na região do dente ou do rosto; Febre; Linfonodos da região do pescoço inchados. Fatores de risco para o abscesso Um abscesso odontogênico pode ter várias origens, como por exemplo: a doença cárie, a necrose pulpar, a doença periodontal, a dificuldade de higienização de um dente semi incluso, o pós operatório cirúrgico, algum trauma ou fratura, entre outras. Sendo assim, existem fatores que estão relacionados a essas condições e que, consequentemente, aumentam as chances de se desenvolver um abscesso odontogênico, que são: higiene bucal ineficiente, dieta pobre em nutrientes e rica em açúcar, fatores sistêmicos que afetam a saúde, entre outros. 4 Exames de Raios-X para diagnosticar abscesso Os exames de raios X ou radiografias são exames complementares extremamente importantes na Odontologia para o diagnóstico de diversas doenças bucais. No caso dos abscessos odontogênicos, os principais exames radiográficos utilizados para seu diagnóstico são a radiografia periapical, que permite uma visualização e análise detalhadas do elemento dentário e de suas estruturas de suporte, e a tomografia computadorizada de feixe cônico, que permite uma análise tridimensional detalhada da região. 11 Diagnóstico clínico do dentista No exame clínico o Cirurgião-Dentista avaliará as condições de saúde bucal e principalmente do elemento dentário envolvido no processo infeccioso. Além disso, o profissional pode realizar testes como o teste de percussão e o teste de vitalidade pulpar para diagnosticar a localização e a origem do abscesso odontogênico e realizar o tratamento mais indicado. 4 5.1.2 CELULITE FACIAL As celulites fasciais são infecções graves, de rápida progressão, que devem ser tratadas com imediatismo, pois podem levar o paciente a desenvolver sérias complicações, ou até mesmo, óbito. Celulite Facial: celulites faciais são infecções graves de características agudas, com rápida progressão (2 a 4 dias), localização difusa. Factores Etiológico A celulite fascial de origem odontogénica geralmente está associada a: Cárie dentária, Raízes residuais; Necroses pulpares, As causas mais comuns de celulite são Streptococcus pyogenes; Staphylococcus aureus. A celulite é frequentemente causada pelos estreptococos do grupo A beta-hemolíticos. A barreira da pele geralmente está comprometida. Estas infecções são causadas mais comumente por bactérias que colonizam nossa pele outras podem ser: Estreptococos Beta hemolitico (grupo A, B, C, G e F) 73 % dos casos Haemophilus influenzae do tipo B (celulite bucal) 12 Streptococcus pneumoniae Neisseria meningitidis Aeromonas hydrophila e Vibrio vulnificus (Histórico de exposição a água) Pseudomonas aeruginosa (pessoas com imunidade baixa como portadores de AIDS e diabetesmellitus) Quadro Clinico( Sinais e Sintomas) Sinais e sintomas Dor Eritema Calor no local da lesão Sua coloração é bastante avermelhada, quente e dolorosa. A pele enrijecida no local. Podem ocorrer manifestações sistémicas como febre e mal-estar . Rev. cir. traumatol. buco-maxilo-fac. vol.12 no.3 Camaragibe Jul./Set. 2012 Factores de risco Ruptura da barreira cutânea devido a trauma. Esses traumas podem ser como abrasão, ferida penetrante, úlcera de pressão, úlcera venosa da perna, uso de drogas injetáveis Inflamação (eczema, radioterapia) 13 Infecção de pele preexistente; Insuficiência venosa Edema devido à drenagem linfática prejudicada, Obesidade; Imunossupressão (como diabetes ou infecção por HIV). A correta diferenciação entre celulite e abscesso é importante na condução do paciente com infecção odontogênica e as principais características dessa condição encontram-se descritas na tabela 01: Tabela 01 -Principais diferenças entre celulite e abscesso Características Celulite Abscesso Duração Aguda Crônica Dor Intensa e generalizada Localizada Volume Grande Pequeno Localização Limites difusos Bem delimitado Palpação Pastosa e endurecida Flutuante Presença de pus Não Sim Grau de gravidade Maior Menor Bactérias Aeróbicas Anaeróbicas 5.1.3 ANGINA DE LUDWING A angina de Ludwig é uma infecção rara no assoalho da boca. Causa inchaço nas áreas sob a língua (chamadas de espaço submandibular). É causada por bactérias e pode ser causada por não escovar os dentes regularmente, por infecções dentárias ou por tratamento dentário. 4 O inchaço pode se tornar tão grave que afeta a capacidade de respirar. Pode rapidamente tornar-se fatal e pode ser necessário ir ao pronto-socorro. Eles irão ajudá-lo a respirar e iniciar o tratamento com antibióticos para tratar a infecção. 4 14 Sintomas mais comuns Inchaço da boca e pescoço. Dor surda na boca, com inchaço fazendo com que a língua se eleve ou fique para fora. Excesso de baba e dificuldade para engolir. Dificuldade em falar claramente. Dificuldade em respirar e necessidade de se curvar para respirar. Febre. Angina de Ludwig causa As principais causas da angina de Ludwig são não cuidar bem dos dentes (má higiene dental) e realizar procedimentos odontológicos. A má higiene dental significa que você tem muitas bactérias na boca. Também pode causar doenças gengivais, infecções dentárias e procedimentos odontológicos mais frequentes. 4 https://www.buoyhealth.com/learn/swollen-mouth https://www.buoyhealth.com/learn/trouble-swallowing https://www.buoyhealth.com/learn/trouble-swallowing/ https://www.buoyhealth.com/learn/trouble-speaking 15 Tratamento de angina de Ludwig O tratamento da angina de Ludwig é feito com o uso de antibióticos, que podem ser injetados via endovenosa, para que funcionem de forma mais rápida. Nos casos onde houver inchaço extenso causado pelo acúmulo de líquidos, o médico pode recomendar uma drenagem desses líquidos, para facilitar a eliminação pelo organismo. Ao realizar tratamentos odontológicos, recomenda-se seguir as orientações do dentista, fazendo o uso correto dos medicamentos antibióticos, como forma de prevenir o surgimento da angina de Ludwig. 7 5.1.4 OSTEOMIELITE ODONTOGENICA Osteomielite é uma inflamação do osso e da medula óssea, podendo desenvolver-se nos maxilares em consequência de infecção odontogênica, associada ou não a condições sistêmicas. A osteomielite caracteriza-se por uma inflamação de origem infecciosa, que invade os espaços medulares do osso, podendo atingir a cortical óssea e o periósteo O tratamento de tal infecção é realizado com altas doses de antibióticos e, freqüentemente, a intervenção cirúrgica também é necessária para promover a curetagem e a remoção de seqüestros ósseos. 6 A porta de entrada do agente infeccioso ou antígeno para o osso medular costuma se dar por meio de: Dentes destruídos (necrose pulpar) Periodonto ou região periimplantar Alvéolos Traumas Dentes parcialmente irrompidos (pericoronarites) Outros fatores de ordem sistêmica, menos comuns podem ser: 16 Infecções hidatogénicas de ordem sistémica; Doses de Radiação X usadas em radioterapia. Caso I– A radiografia periapical mostra em detalhes, a imagem de densidade mista e limites difusos em região correspondente aos elementos 36, 37 e 38, sugerindo Osteomielite Supurativa Crônica. 7 A falta de conhecimento sobre a etiologia da OED implica muitos problemas no manejo dessa doença. Diferentes tipos de tratamento têm sido aplicados, porém sem um resultado totalmente satisfatório a longo prazo. Em geral, a lesão se mantém sem complicações, não sendo recomendada nenhuma intervenção. Em casos de exacerbações, o tratamento se resume ao controle das fases de agudização com terapia medicamentosa e, se necessário, realização de desbridamento apenas do sequestro ósseo. A terapia medicamentosa é feita basicamente com antibioticoterapia, sendo as penicilinas referidas pela maioria dos autores como medicações de primeira escolha 2 . Nesse caso, a paciente foi submetida a uma abordagem cirúrgica conservadora apenas para remoção do sequestro ósseo em área de fistulação, submetendo-se terapia antibiótica à base de penicilina (Amoxicilina® 500 mg, de 8 em 8 horas, durante 15 dias), já que essa é a medicação de primeira escolha no nosso centro, levando-se, também, em consideração a sua condição financeira da mesma. Houve resposta satisfatória ao tratamento, e a paciente encontra-se em bom estado e sob observação. 17 6 TRATAMENTO DOS PROCESSOS SEPTICOS DE CAUSA ODONTOGENICA Uma das principais indicações é a profilaxia antibiótica antes dos tratamentos odontológicos. O objectivo da prescrição de antibióticos profiláticos é prevenir a infecção ou a disseminação da infecção (BONILHA et al.,2014). De acordo com a estimativa do Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças, aproximadamente um terço de todas as prescrições de antibióticos ambulatoriais é desnecessário. A prescrição de antibióticos pode estar associada ao desenvolvimento de resistência e lado desfavorável. Os aspectos mais importantes no tratamento das infecções odontogénicas são a eliminação da causa e a drenagem cirúrgica. A drenagem, quando indicada, varia desde um simples acesso endodôntico até incisões cervicais para o acesso aos espaços fasciais acometidos. O objetivo principal é a eliminação do agente causal, a drenagem de pus e o desbridamento ou remoção de restos necróticos. O tratamento local diminui a população bacteriana, reduz a tensão nos tecidos melhorando o fluxo sanguíneo, melhora a condição local para atuação das defesas do hospedeiro e facilita a chegada de antibióticos. 2 Segundo Araújo et al. (2007) o tratamento cirúrgico é uma etapa fundamental na abordagem inicial do paciente portador de abcessos dentoalveolar e celulites severas. Nas celulites leves a moderadas, em pacientes saudáveis, não existe a necessidade de drenagem, pois apenas a eliminação da causa com antibioticoterapia associada promoverá a involução do processo. As incisões, quando indicadas, devem obedecer a determinados princípios: Ser realizada no ponto de flutuação, o mais inferiormente possível; Ser perpendicular à direcção das fibras musculares. Ser ampla o suficiente para possibilitar uma drenagem efectiva e abranger todos os espaços envolvidos. A regra geral é uma incisão por espaço acometido para se obter uma drenagem adequada; Envolver apenas pele e tecido celular subcutâneo ou mucosa oral. 2 18 A divulsão deve ser realizada utilizando-se uma pinça hemostática curva que entre na ferida fechada e que seja aberta dentro dos tecidos. O objetivo é chegar à loja da secreção purulenta, sem lesar estruturas nobres. Assimque todas as cavidades forem acessadas e a secreção drenada efetivamente, deve-se inserir um dreno na abertura criada. O dreno utilizado pode ser o convencional de borracha do tipo Penrose ou drenos tubulares rígido. Os drenos Penrose são os mais utilizados, sendo o dreno rígido mais apropriado aos casos de infecções em espaços fasciais profundos, e quando se faz necessária a irrigação ou aspiração pós-drenagem. Os drenos devem ser fixados com fio de sutura para evitar sua saída antes do tempo adequado. Deve-se aplicar um curativo compressivo local. Os drenos devem permanecer no local até 2 ou 3 dias após a remissão da secreção purulenta. A Figura 5 demonstra uma drenagem extra-oral. Fonte: Antenor et al.2007 Figura 5 -Drenagem extra-oral A) anestesia local B) Incisão em região de pele e tecido celular subcutâneo 19 C) Divulsão, drenagem e compressão digital D) Dreno Penrose instalado no local da incisão 5 Os pacientes portadores de infecção odontogênica usualmente se apresentam com trismo e dificuldade de deglutição, o que limita a ingestão de líquidos e alimentos. Estes indivíduos, quando tratados ambulatorialmente, devem serorientados a se hidratarem e se alimentarem de maneira adequada. Caso o profissional julgue que o paciente não tem condições de realizar estes cuidados, deve interná-lo para a instalação de hidratação venosa e monitorização pela equipe de nutrição hospitalar. A fisioterapia com calor local deve ser iniciada, pois estimula a vasodilatação local, sempre desejada em quadros infecciosos. O calor local deve ser aplicado através de bochechos com água morna em abcessos intrabucais e com compressas úmidas em envolvimento extrabucal. 4 7 TERAPIA MEDICAMENTOSA Os antibióticos devem ser utilizados quando existe invasão bacteriana nos tecidos da região maxilofacial, o qual exceda a capacidade de defesa do hospedeiro para combater estes patógenos. Os antibióticos atuariam como coadjuvante no combate ao processo infeccioso e o seu uso não elimina a necessidade do tratamento cirúrgico. Estão formalmente indicados nas seguintes situações: celulite facial, infecção aguda e generalizada, infecção difusa e não-circunscrita, pacientes com alterações sistêmicas graves, hospedeiro suscetível, envolvimento de espaços fasciais, pericoronarite moderada ou severa e osteomielite. Nestes casos, o paciente será altamente beneficiado pelo auxílio medicamentoso. 5,6 O antibiótico de primeira escolha no tratamento das infecções odontogênicas é a penicilina por ser bactericida, de espectro limitado ao combate dos principais patógenos da infecção odontogênica, de custo baixo, com poucos efeitos colaterais associados e de baixa toxicidade. As principais limitações ao uso da penicilina são a possibilidade de hipersensibilidade e ao alto índice de patógenos resistentes. A história de alergia à penicilina deve ser questionada durante a anamnese. A resistência à droga deve ser analisada durante o curso clínico da infecção. 6 20 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo chegado ao fim da revisão sobre processos sépticos de causa odontogénica ou infecções de causa odontogénica, compreendemos que no complexo maxilo-facial, as infecções podem ser classificadas em: Não Odontogênicas, que são causadas por infecções de mucosa oral, de glândulas salivares, dentre outras. e as de origem Odontogénica. As principais causas das infecções Odontogênicas são: cárie dentária, infecção Dento Alveolar, Periodontites, Osteíte, Osteomielites e infecções pós cirúrgicas. Do ponto de vista microbiológico é uma infecção causada por uma flora mista, aneróbios-aeróbios. Os sinais e sintomas característicos são: dor localizada, acompanhada de inchaço na região afetada, vermelhidão e perda de função como: o trismo, disfagia, dislalia e dispneia. Pode ocorrer ainda a febre e a prostração. É importante que o diagnóstico seja feito precocemente, sendo necessário não só o exame clínico dos sinais e sintomas, mas também a análise de exames complementares laboratoriais e de imagem, como: Tomografias Computadorizadas, Ressonâncias Magnéticas e Radiografias. O tratamento se baseia em drenagem cirúrgica, antibioticoterapia, além de compressas e bochechos aquecidos. Em casos mais graves o paciente deve ser hospitalizado. 21 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. Costa,F.P- Infecção odontogênica: revisão de literatura e análise dos procedimentos realizados em um hospital público de belo horizonte, minas gerais -brasil. Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte- 2018 2. Araújo, A. ; Gabrielli, M.F.R. ; Medeiros, P.J. Aspectos atuais da cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial.São Paulo: Ed. Santos, 2007.322 p. 3. Araújo, J. A. D. Infecção odontogênica: revisão de literatura. 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