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Módulo I – Do Poder Executivo Prof. Me. Wilson Francisco Domingues Separação de poderes no Brasil Constituição Federal de 1988 Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A teoria idealizada por Montesquieu influenciou as Constituições modernas de todo o mundo, inclusive a brasileira. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” de 1789 previa, em art. 16, que: “A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a SEPARAÇÃO DOS PODERES não tem Constituição”. (gn). Críticas à expressão “separação dos poderes” Alguns autores (p.ex. Flávio Martins, Celso Bastos, Pedro Lenza e etc.) criticam o uso do termo “Separação de Poderes do Estado, entendendo ser mais apropriado denominar essa divisão como “Separação de Funções do Estado". Na verdade o poder do Estado (soberania) é uno e indivisível. As funções exercidas, dentro dele, é que são distintas e executadas por “órgãos” diferentes. Mas a própria CF/88 utilizou, em seu art. 60, §4º, III, a expressão “separação de poderes”, prevendo esse modelo político como uma clausula pétrea. Separação de poderes (funções) do Estado DOUTRINA: “Trata-se de um modelo político no qual o Estado tem suas funções divididas e delineadas em órgãos diferentes e independentes, cada qual com distintas áreas de responsabilidade e, em regra, indelegáveis. Embora independentes, há casos de inter-relacionamento entre eles, o que a doutrina convencionou chamar de freios e contrapesos (checks and balances).” (Flávio Martins Alves Nunes Júnior) Vamos então assistir um vídeo explicativo sobre a separação de poderes no Brasil Divisão orgânica dos poderes do Estado brasileiro De acordo com a teoria idealizada por Montesquieu as funções do Estado deveriam ser exercidas por órgãos distintos, da seguinte forma: PODER FUNÇÃO PODER EXECUTIVO administrar PODER LEGISLATIVO criar leis/fiscalizar PODER JUDICIÁRIO julgar as lides e aplicar a lei PODER EXECUTIVO PODER EXECUTIVO No Brasil o Poder Executivo encontra-se presente em todos os Entes federativos: União Presidente da República Estados e DF Governadores Municípios Prefeitos PODER EXECUTIVO O Brasil adota o Presidencialismo como sistema de governo. Assim, no âmbito federal, o Presidente da República tem como função, típica, administrar o Estado. O Presidente da República exerce duas atividades de Chefia: Ele é o Chefe de Governo (aquele que governa o país) e o Chefe de Estado (aquele que representa o país interna e externamente). Eleição presidencial Segundo o art. 77, caput, da CF a eleição presidencial ocorrerá no 1.o domingo de outubro, em 1.o turno, e no último domingo de outubro, em 2.o turno, onde houver, do último ano do mandato presidencial vigente. A candidatura é em conjunto com a do Vice Presidente (art. 77, §1.º, CF/88). Será eleito, Presidente da República, o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos, isto é, 50% + 1 dos votos, não computados os brancos e nulos (art. 77, §2.º, CF/88). O Sistema Eleitoral aplicado a eleição de Presidente, bem como de Governadores de Estados/DF e de Prefeitos de Municípios com mais de 200 mil eleitores, é o sistema majoritário com maioria absoluta (50% + 1 dos votos). Municípios com menos de 200 mil eleitores adotam o sistema majoritário com maioria relativa/simples - vence aquele que obtiver a maioria dos votos, não precisando ser mais de 50%. Como funciona o sistema eleitoral majoritário “É aquele no qual considera-se eleito o candidato que receber, na respectiva circunscrição – país, estado, município –, a maioria absoluta ou relativa, conforme o caso, dos votos válidos (descontados os nulos e os em branco). No Brasil, exige-se a maioria absoluta dos votos para a eleição do presidente da República, dos governadores dos estados e do Distrito Federal e dos prefeitos dos municípios com mais de 200.000 eleitores. Caso nenhum candidato alcance a maioria absoluta dos votos na primeira votação, realiza-se um segundo turno entre os dois mais votados no primeiro. Para a eleição dos senadores da República e dos prefeitos dos municípios com menos de 200.000 eleitores exige-se apenas a maioria relativa dos votos, não havendo possibilidade de segundo turno.” (Fonte: Glossário Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral) Eleição presidencial Se nenhum candidato obtiver, no 1.º turno, a maioria absoluta dos votos válidos, far-se-á 2.º turno com os dois candidatos mais votados, no último domingo de outubro. MITO: Existe um “mito” de que se mais da metade da população anular seu voto seriam marcadas novas eleições. E isso não é verdade. Esse entendimento decorre de uma má interpretação do art. 224 do Código Eleitoral, segundo o qual “se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do pais nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 a 40 dias”. Eleição presidencial Todavia, a nulidade a que se refere esse artigo diz respeito a anulação de votos pela JUSTIÇA ELEITORAL, como ocorre, p. ex., quando da cassação de um candidato eleito condenado por abuso de poder econômico (compra de votos). Como dito, os votos nulos e em branco já não são computados para fins de apuração do candidato eleito. Eles são descartados. Portanto não se fala então em nova eleição se, no pleito, houverem mais de 50% de votos nulos ou em branco. Se antes de realizado o 2.o turno ocorrer a morte, a desistência ou o impedimento legal do candidato, convocar-se-á dentre os remanescentes o de maior votação – art. 77, § 4º, CF/88. Se ocorrer a hipótese (rara) de empate, eleger-se-á o candidato mais idoso – art. 77, § 5º, CF/88. Posse: Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil – art. 78, CF/88. Se decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago - art. 78, p.ú., CF/88. Eleição presidencial Sucessão Presidencial O Presidente da República poderá ser substituído em caso de impedimento ou sucedido em caso de vacância: SUBSTITUIÇÃO IMPEDIMENTO TEMPORÁRIO SUCESSÃO VACÂNCIA DEFINIFITIVO P.ex.: Substituição – casos de tratamento de saúde, viagens (temporário); Sucessão – renúncia, cassação ou morte (definitivo). Linha sucessória presidencial O Vice-Presidente substituirá o Presidente da República nos casos de impedimento e suceder-lhe-á nos casos de vacância – art. 79, CF/88. Havendo impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados para o exercício da Presidência: (1.º) o Presidente da Câmara dos Deputados, (2.º) o Presidente do Senado Federal e (3.º) o Presidente do Supremo Tribunal Federal – art. 80, CF/88. STF, ADPF 402: “[...] os substitutos eventuais do presidente da República (descritos no artigo 80 da Constituição Federal), caso sejam réus em ação penal, ficarão impossibilitados de exercer a Presidência.” Assim, em 2016, o Presidente do Senado Renan Calheiros não pode substituir temporariamente o Presidente da República, todavia pode permanecer em seu cargo de Presidente do Senado. Sucessão Presidencial Art. 81 da CF/88: ELEIÇÕES: direta (pelos eleitores) e indireta (pelo Congresso Nacional) DIRETA: Se a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República ocorrer nos 2 primeiros anos do mandato far-se-á eleição direta no prazo de 90 dias, depois de aberta a última vaga. INDIRETA: Ocorrendo a vacâncianos últimos 2 anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da Lei n.º 4.321/64. (Art. 81, §1.º, CF/88) MANDATO TAMPÃO: Em qualquer dos casos, os eleitos deverão apenas completar o período de mandato dos seus antecessores. (Art. 81, §2.º, CF/88) Eleições indiretas pelo Congresso Nacional Período: ocorrendo a vacância dos cargos de Presidente e Vice Presidente da Republica nos dois últimos anos de mandato; Local: a eleição será feito pelo Congresso Nacional; Forma de votação: A Lei 4.321/64 prevê que a eleição se dará por voto secreto, em escrutínios distintos para Presidente e Vice, sendo eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos dos membros do Congresso Nacional. Voto secreto: contrário ao atual regime democrático e republicano brasileiro. Na ADI 4.298 o STF entendeu que o voto deve ser aberto. Sessão unicameral: Os votos dos deputados e senadores são computados conjuntamente. Eleições indiretas pelo Congresso Nacional Projeto de Lei 5.821/2013 em trâmite junto à Câmara dos Deputados Ementa: “Regulamenta o § 1º do art. 81 da Constituição Federal, que prevê a realização de eleição indireta para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, em caso de vaga nos últimos dois anos do período presidencial.” Art. 5.º do projeto de Lei: “Os partidos e coligações solicitarão a Mesa do Congresso Nacional o registro de seus candidatos à Presidência e à Vide Presidência da República em até 10 dias após a publicação do edital [...]”. Art. 4.º do projeto de Lei: A escolha dos candidatos pelos Partidos e a deliberação sobre as Coligações se dará conforme previsão do respectivo Estatuto partidário ou por decisão do Órgão de Direção Nacional. Linha Sucessória nos Estados e nos Municípios Estados e DF: A linha sucessória do Governador será: o Vice Governador o Presidente da Assembleia Legislativa o Presidente do Tribunal de Justiça. Municípios A linha sucessória do Prefeito será: o Vice Prefeito o Presidente da Câmara Municipal. STF: Compete aos respectivos Estados, DF e Municípios legislar acerca da sucessão do Poder Executivo. (ADI 3.549 / ADI 1.057 / ADI 2.709) Ausência do País Art. 83, CF/88: o Presidente e o Vice Presidente não poderão se ausentar do país por mais de 15 dias; sem autorização (licença) do Congresso Nacional; sob pena de perda do cargo. Assim no caso de ausência por até 15 dias não se mostra necessária a autorização do Congresso. Art. 49, III, CF/88: essa autorização é dada através da aprovação de projeto de Decreto Legislativo. STF: Essa regra também deve ser seguida pelos demais entes federativos, em decorrência do princípio da simetria. (ADI 3.647) Imagine a hipótese na qual o avião presidencial sofre um acidente, vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após a conclusão do terceiro ano de mandato. A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. O Presidente do Senado Federal assume o cargo e completa o mandato. b) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo e convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias depois de abertas as vagas. c) O Presidente do Congresso Nacional assume o cargo e completa o mandato. d) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo e convoca eleições, que serão realizadas trinta dias após a abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. Questão Atribuições do Chefe do Poder Executivo O Presidente da República exerce simultaneamente as Chefias de Estado e de Governo. Art. 84, CF/88: apresenta um rol não taxativo (exemplificativo) de atribuições, podendo outras serem encontradas na própria CF (cf. inc. XXVII). Exemplos de atribuições: Chefe de Estado: art. 84, incs. VII, VIII, XIX e XX. Chefe de Governo: art. 84, incs. I, II, XXIII, XXIV e etc. Atribuições delegáveis e indelegáveis Em regra, as atribuições do Presidente da Republica contidas no art. 84 são INDELEGÁVEIS (intransferíveis), como p.ex. a de nomear Ministros de Estado, editar Medidas Provisórias, declarar guerra e celebrar a paz, dentre outras. Porém 3 atribuições são delegáveis (incs. VI, XII e XXV, primeira parte), podendo então serem realizadas pelos sujeitos trazidos no p.ú. do art. 84,CF/88. Podem receber a delegação: (1) Ministros de Estado; (2) Procurador Geral da República; e (3) Advogado Geral da União. STF: “O Presidente da República tem competência para prover cargos públicos (CF, art. 84, XXV, primeira parte), que abrange a de desprovê-los, a qual, portanto, é susceptível de delegação a Ministro de Estado (CE. art. 84, parágrafo único).” (MS 25.518) OBS: Provimento é a investidura (posse) da pessoa no cargo público. O desprovimento, por sua vez, é a desinvestidura (destituição), que pode ocorrer por demissão, exoneração, aposentadoria e etc. Extinção de cargos públicos pelo Presidente A desinvestidura não se confunde com a extinção do cargo público. Art. 84, VI, “b”, CF/88: A extinção de cargos públicos, quando vagos, poderá ser feita por meio de Decreto. Art. 84, XXV, CF/88: No entanto, quando os cargos estiverem ocupados a sua extinção dependerá de Lei formal. Considerando que a edição de Decretos autônomos é delegável, a extinção de cargos públicos vagos poderá ser delegada aos Ministros de Estado, ao Advogado Geral da União e ao Procurador-Geral da República. No entanto, a extinção de cargos públicos ocupados não é matéria delegável. Questão Em determinado órgão integrante da administração pública federal, vinculado ao Ministério da Fazenda, foi apurado que aproximadamente 100 (cem) cargos estavam vagos. O Presidente da República, mediante decreto, delegou ao Ministro da Fazenda amplos poderes para promover a reestruturação do aludido órgão público, inclusive com a possibilidade de extinção dos cargos vagos. Sobre a hipótese, com fundamento na ordem jurídico-constitucional vigente, assinale a afirmativa correta. a) Somente mediante lei em sentido formal é admitida a criação e extinção de funções e cargos públicos, ainda que vagos; logo, o decreto presidencial é inconstitucional por ofensa ao princípio da reserva legal. b) A Constituição de 1988 atribui exclusivamente ao Presidente da República a possibilidade de, mediante decreto, dispor sobre a extinção de funções ou cargos públicos, não admitindo que tal competência seja delegada aos Ministros de Estado. c) O referido decreto presidencial se harmoniza com o texto constitucional, uma vez que o Presidente da República pode dispor, mediante decreto, sobre a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos, sendo permitida a delegação dessa competência aos Ministros de Estado. d) A Constituição de 1988 não permite que cargos públicos legalmente criados, ainda que vagos, sejam extintos, ressalvada a excepcional hipótese de excesso de gastos orçamentários com pessoal; portanto, o Decreto presidencial é inconstitucional. Poder Regulamentar Art. 84, IV, CF/88: prevê a competência do Presidente da República para expedir Decretos e Regulamentos para a fiel execução das Leis. Trata-se do poder de expedir DECRETOS REGULAMENTARES. Decreto Presidencial (também chamado de Executivo) trata-se de espécie normativa secundária (infralegal). Quanto à forma: esses Decretos Regulamentares em nada se diferenciam de qualquer outro Decreto do Poder Executivo. É a mesma espécie normativa. Quanto ao conteúdo: esses Decretos Regulamentares buscam complementar a Lei, conforme expressa autorização nela contida. A Lei trará os contornos daquilo que o Presidente estará autorizado a regulamentar por meio de Decreto. Lei Decreto Regulamentar Há uma notória distinção entre as Leis e os Decretos Executivos. A Lei pode inovar o Ordenamento Jurídico, criando direitos e obrigações; O Decreto Executivo não poderá fazê-lo, limitando-se a facilitar a aplicação (execução) das Leis. DOUTRINA: “Essa vedação não significa que o regulamento deva se limitar a reproduzir o texto da lei, sob pena de inutilidade. Caberá aoPoder Executivo evidenciar e explicitar todas as previsões legais, decidindo a melhor forma de executá-las e, eventualmente, até mesmo suprindo lacunas de ordem prática ou técnica”. (Alexandre de Moraes) Vale destacar que a edição dos Decretos Executivos é competência indelegável do Presidente da República. Decretos autônomos Decretos regulamentares No inciso VI, está prevista a competência do Presidente da República para editar os chamados “Decretos autônomos”, que são bem diferentes dos Decretos Executivos regulamentares. Os Decretos autônomos, inseridos na Constituição pela EC nº 32/2001, são atos normativos primários, possuindo a mesma hierarquia das leis formais. Os Decretos autônomos são considerados normas primárias justamente por extraírem seu fundamento de validade diretamente do texto constitucional. Eles não dependem de Lei anteriormente editada, que delimite o campo de suas previsões, já que não têm caráter regulamentar e sim meramente organizativo. Decretos autônomos Decretos regulamentares Art. 84, VI, CF/88: “O Presidente da República poderá dispor, mediante decreto (autônomo), sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Esses Decretos autônomos, de caráter organizativo, vêm sendo amplamente utilizados pelo Presidente da República no delineamento de toda a estrutura e funcionamento dos órgãos da Administração Pública Federal. De acordo com a atual sistemática constitucional, tanto a lei quanto o Decreto autônomo podem regular a organização e o funcionamento da Administração Pública, cabendo, no entanto, a restrição para este último quanto ao aumento de despesa e a criação ou extinção de órgãos públicos. Nestes casos deverá haver lei formal, que também será de iniciativa privativa do Presidente (art. 61, §1o , II, “e”, CF/88). Leis, Decretos autônomos e Decretos regulamentares Conclusões: A criação ou extinção de órgão público não poderá ser objeto de Decreto autônomo: haverá necessidade de Lei formal para fazê-lo. Da mesma maneira é necessária Lei para tratar da organização e funcionamento de Administração Federal, quando houver aumento de despesa. A extinção de funções ou cargos públicos que estiverem ocupados também dependerá de Lei formal. Por último, cabe destacar que a edição de Decretos autônomos é competência delegável do Presidente da República, que poderá concedê-la aos Ministros de Estado, ao Advogado-Geral da União ou ao Procurador-Geral da República. DECRETO REGULAMENTAR DECRETO AUTÔNOMO Fundamento: art. 84, IV, CF/88. Fundamento: art. 84, VI, CF/88. Não inovam o Ordenamento Jurídico. Inovam o Ordenamento Jurídico. São considerados atos normativos secundários. São considerados atos normativos primários. Têm por fim complementar a Lei para sua fiel execução. Têm por fim organizar o funcionamento da Administração Pública Federal, quando: (1) não gerar despesas, (2) não criar e extinguir órgãos públicos e (3) não extinguir funções e cargos públicos ocupados. Competência indelegável. Competência delegável. Quando extrapolam seus limites: são ILEGAIS Quando extrapolam seu limites: são INCONSTITUCIONAIS. Questão De acordo com as hipóteses previstas na Constituição da República, é CORRETO afirmar que o Presidente da República: a) poderá expedir decreto autônomo para regulamentar leis, tendo por fim sua fiel execução. b) nunca poderá expedir decreto autônomo. c) poderá expedir decreto autônomo tendo em vista a organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, bem como extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. d) poderá expedir decreto autônomo para regulamentar medidas provisórias, quando o seu texto sofrer modificação no Congresso Nacional. Responsabilidade do Presidente da República A CF/88 prevê que o Presidente pode ser responsabilizado penal e politicamente por seus atos, uma vez sendo processado por crime comum ou por crime de responsabilidade. CRIME COMUM: é a infração penal praticada pelo Presidente, prevista na legislação penal (Código Penal ou Lei Penal especial). CRIME DE RESPONSABILIDADE: é a infração politica/administrativa praticada pelo Presidente no exercício do mandato, prevista no rol do art. 85 da CF/88, regulamentada pela Lei dos Crimes de Responsabilidade (Lei n.º 1.079/50). Comuns: Código Penal e Lei penal especial Crimes praticados pelo Presidente De Responsabilidade: art. 85 CF e Lei n.º 1.079/90 Responsabilidade por crime comum Crime comum: infração penal praticada pelo Presidente prevista no Código Penal ou em Lei Penal especial. Competência para julgamento: STF. (Art. 86, CF/88) Propositura: Crime de Ação Penal Pública – o Procurador Geral da República; Ação Penal Privada – a própria vítima. Juízo de admissibilidade: o recebimento da denúncia ou queixa crime está condicionado a autorização da Câmara dos Deputados. (Art. 86, CF/88) Oferecida a denúncia ou queixa, contra o Presidente, ao STF. Presidente do STF comunica o Presidente da Câmara dos Deputados (art. 217 RICD). Presidente da República se defende perante a CCJ, que elaborará parecer que será votado pelo Plenário da Câmara A decisão do Plenário será comunicada ao Presidente do STF no prazo de 2 sessões. A autorização para o processo depende do voto, em Plenário, de 2/3 dos Deputados. Responsabilidade por crime comum Suspensão das Funções de Presidente da República: se a denúncia ou queixa crime for recebida pelo STF, após autorização da Câmara dos Deputados, o Presidente será afastado de suas funções pelo prazo de 180 dias. (Art. 86, §1.º, CF/88) ATENÇÃO: Não basta o oferecimento da denúncia ou queixa crime, bem como a autorização da Câmara dos Deputados para o processo. Caso não haja julgamento pelo STF no prazo de 180 dias, o Presidente volta a ocupar a Presidência, sem prejuízo ao regular andamento do processo. (Art. 86, §2º, CF/88) Consequências da condenação do Presidente por crime comum : (1) perda da função pública; (2) cumprimento da pena; e (3) suspensão dos direitos políticos enquanto durarem os efeitos da condenação (art. 15,III, CF/88). Imunidade presidencial Art. 86, §4º, CF/88 – Imunidade temporária à persecução penal O Presidente da República, durante a vigência do mandato, NÃO pode ser processado por crimes que não tenham relação com a função pública. Para sofrer processo por crime comum o delito cometido pelo Presidente deverá ter sido praticado durante e em razão do mandato (HC n.º 83.154). Se as infrações penais foram praticadas antes do início do mandato ou durante a vigência, sem qualquer relação com a função presidencial, haverá a suspensão temporária do processo e da prescrição. Esta imunidade NÃO se estende aos demais Chefes do Poder Executivo (Governadores de Estado, DF e Prefeitos) E esta imunidade presidencial NÃO atinge o processamento de infrações de natureza civil, administrativa, tributária, pois se restringe a apuração de infrações PENAIS que não tenham sido cometidas em razão da função. Imunidade presidencial Essa imunidade temporária à persecução penal do Presidente trata-se de um sistema especial de responsabilização do Chefe do Poder Executivo Federal cujo objetivo principal é a garantia da estabilidade política do Estado. Todavia isso não significa que o Presidente nunca será julgado por crimes praticados, não ocorridos em razão do mandato. Essa imunidade garante só a suspensão da possibilidade de indiciar o Presidente por atos que não tenham relação com sua função. Assim que encerrar o mandato, o Presidente responderá judicialmente como qualquer cidadão. E na Justiça comum, aliás, pois perde o foro privilegiado. Além disso, a prescrição dos eventuais crimes fica suspensa durante todo o mandato. (cf. Ação Penal n.º 1.007-DF, Rel. Min. Luiz Fux) Imunidade presidencial Art. 86, §3.º,CF/88º - Imunidade formal para a prisão O Presidente da Republica não poderá ser preso, por crimes comuns, enquanto não sobrevier a sentença penal condenatória. Essa imunidade também NÃO se estende aos demais chefes do Poder Executivo (Governadores de Estado, DF e Prefeitos) Assim não pode o Presidente ser preso em flagrante, nem tão pouco preventivamente. Pela prática de crimes comuns a única prisão que pode recair sobre o Presidente é aquela decorrente de sentença penal condenatória. Crimes de responsabilidade (art. 85, CF/88 e Lei n.º 1.079/50) Tratam-se de infrações político-administrativas praticadas no exercício da função presidencial. Juízo de admissibilidade da acusação: Câmara dos Deputados (art. 51, I, CF/88) Foro processante: Senado Federal (art. 52, I, CF/88) “Impeachment”: Trata-se do processo de julgamento das infrações político-administrativas. Rol de atos do Presidente que ensejam o “impeachment”: aqueles previstos no art. 85 da CF/88 e na Lei n.º 1079/50. Legitimidade ativa: qualquer cidadão, no exercício do direito fundamental de petição (art. 5.º, XXXIV, “a”, CF/88), conforme prevê o art. 14 da Lei n.º 1079/50. Legitimidade passiva: (1) Presidente da República; (2) Vice Presidente da República; (3) Ministros de Estado, nos crimes conexos com aqueles praticados pelo Presidente da República; (4) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; (5) Ministros do STF; (6) Membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público; (7) Procurador Geral da República; (8) Advogado Geral da União. (art. 52, I e II, CF/88) Crimes de responsabilidade Processo de “Impeachment” Trata-se de um processo parlamentar (bifásico) de caráter político: (1.ª) fase preambular, denominada juízo de admissibilidade do processo, junto à Câmara dos Deputados (Tribunal de Pronúncia – art. 80 da Lei 1079/50); e (2.ª) fase final, em que ocorrerá o processo propriamente dito e o julgamento pelo Senado Federal (Tribunal de Julgamento). DOUTRINA: “O Plenário da Câmara dos Deputados poderá autorizar o processo contra o Presidente da República, em votação aberta, sendo necessários pelo menos 2/3 dos deputados federais. Importante frisar que essa decisão de 2/3 da Câmara dos Deputados é uma autorização para o processo contra o Presidente, que poderá ou não ser iniciado no Senado Federal. A Câmara exerce, assim, um juízo eminentemente político sobre os fatos narrados, que constitui condição para o prosseguimento da denúncia. Ao Senado compete, privativamente, processar e julgar o Presidente (art. 52, I), locução que abrange a realização de um juízo inicial de instauração ou não do processo, isto é, de recebimento ou não da denúncia autorizada pela Câmara.“ (Flávio Martins Alves Nunes Júnior) (Grifos nossos) Principais legislações que regem o processo de Impeachment Constituição Federal de 1988; Lei n.º 1079/50 – Estabelece as normas de processo e julgamento do processo de impeachment; Lei 10.028/00 – Alterou a Lei 1079/50 a fim de ampliar o rol de infrações político-administrativas, principalmente em relação aos crimes contra a Lei Orçamentária. Por sua vez o Projeto de Lei n.º 1.388/2023, que tramita junto ao Senado Federal, pretende definir novas regras para os processos de impeachment. Câmara dos Deputados: Juízo de Admissibilidade Como já dito: Os processos contra o Presidente da República, seja por crime comum, seja por crime de responsabilidade, dependem de um JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE favorável por parte da CÂMARA DOS DEPUTADOS (art. 51, I, CF/88); Assim, o STF somente poderá receber a denúncia contra o Presidente da República e o Senado somente poderá iniciar o processo de impeachment se houver autorização de 2/3 dos Deputados da Câmara (342 votos). A Câmara dos Deputados declarará se a acusação procede ou não, admitindo o processo para julgamento pelo STF (crime comum) ou pelo Senado Federal (crime de responsabilidade); A acusação pode ser formalizada por qualquer cidadão (art. 14, Lei 1.079/50), no pleno gozo de seus direitos políticos; A partir da acusação, o Presidente passa a figurar na condição de acusado, sendo-lhe assegurados o contraditório e a ampla defesa; Procedimento Impeachment: crimes de responsabilidade Havendo autorização da Câmara, o Senado (Tribunal de Julgamento) deverá instaurar o processo; O Presidente do STF é quem conduzirá o processo de julgamento no Senado Federal (art. 52, p.ú, CF/88 e art. 80, p.ú., Lei n.º 1079/50); Com a instauração do processo no Senado, o Presidente fica suspenso de suas funções pelo prazo de 180 dias. (Art. 86, §1.º, II, CF/88) Caso não haja julgamento nesse prazo cessa o afastamento, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. (Art. 86, §2.º, CF/88) STF: “A renúncia do Presidente da República depois de iniciado o processo no Senado não paralisa o processo de impeachment.” (MS 21.689, rel. Min. Carlos Velloso). (Grifou-se) Procedimento Impeachment: crimes de responsabilidade Ao Presidente são asseguradas as garantias fundamentais do contraditório e da ampla defesa; No julgamento, os Senadores poderão absolver ou condenar o Presidente da República; Para condenação será necessária a maioria qualificada de 2/3 dos Senadores (54 votos favoráveis) - art. 52, p.ú, CF/88 e art. 68, p.ú., Lei 1.079/50). Art. 68, caput, Lei 1.079/50: “O julgamento será feito, em votação nominal pelos senadores desimpedidos que responderão "sim" ou "não" à seguinte pergunta enunciada pelo Presidente: "Cometeu o acusado o crime que lhe é imputado e deve ser condenado à perda do seu cargo?" Efeitos da sentença de Impeachment Proferida a sentença, esta se materializa através de Resolução. A sentença condenatória limitar-se a condenação à PERDA DO CARGO e INABILITAÇÃO PARA O EXERCICIO DE QUALQUER FUNÇÃO PUBLICA pelo período de 8 anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais. (Art. 52, p. ú. CF/88) DOUTRINA: “Duas, portanto, são as punições do Presidente condenado no processo de impeachment: perda do cargo e inabilitação para a função pública por oito anos. Não há que se confundir a "inabilitação para a função pública" com "suspensão dos direitos políticos" É uma punição mais gravosa, que impede que o Presidente condenado no impeachment exerça qualquer função pública, concursada, comissionada ou eletiva.” (Flávio Martins Alves Nunes Júnior) Processo de Impeachment da Presidenta Dilma (2016) Ao final do processo o Senado Federal entendeu que a ex Presidente Dilma Rousseff cometeu crimes de responsabilidade, consistentes em contratar operações de crédito com instituição financeira controlada pela União e editar decretos de crédito suplementar, ambos sem autorização do Congresso Nacional Em uma primeira votação, foram proferidos 61 votos a favor da condenação e 20 votos contrários, condenando a acusada à perda do cargo de Presidente da República. Em segunda votação, o Senado Federal decidiu então afastar a pena de inabilitação para o exercício de função pública, tendo sido proferidos 42 votos favoráveis à aplicação dessa pena, 36 votos contrários e 3 abstenções. (Não foram obtidos os 2/3 = 54 votos) Questão No dia 1º de janeiro de 2015, foi eleito o Presidente da República Alfa, para um mandato de quatro anos. Pouco depois, já no exercício do cargo, foi denunciado pelo Ministério Público de Alfa por ter sido flagrado cometendo o crime (comum) de lesão corporal contra um parente. Embora o referido crime não guarde nenhuma relação com o exercício da função, o Presidente da República Alfa mostra-se temeroso com a possibilidade de ser imediatamente afastado do exercício da presidência e preso. Se a situação ocorrida na República Alfa acontecesse no Brasil, segundo o sistema jurídico-constitucional brasileiro, dar-se-ia a) o afastamento do Presidente da República se o Senado Federal deliberasse dessa maneira por maioria absoluta. b) a permanência do Presidente da República no exercício da função, embora tenha que responder pelo crime cometido após a finalização do seu mandato. c) o afastamento do Presidente da Repúblicase, após autorização da Câmara dos Deputados, houvesse sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal. d) a autorização para que o Presidente da República finalizasse o seu mandato, caso o Senado Federal assim decidisse, após manifestação da Câmara dos Deputados. Questão O Presidente da República descumpriu ordem judicial, emanada de autoridade competente, impondo à União o pagamento de vantagens atrasadas, devidas aos servidores públicos federais ativos e inativos. A Advocacia Geral da União argumentava que a mora era justificável por conta da ausência de previsão de recursos públicos em lei orçamentária específica. Apesar disso, um grupo de parlamentares, interessado em provocar a atuação do Ministério Público, entendeu ter ocorrido crime comum de desobediência, procurando você para que, como advogado(a), informe que órgão seria competente para julgar ilícito dessa natureza. Dito isto e a par da conduta descrita, é correto afirmar que o Presidente da República deve ser julgado a) pela Câmara dos Deputados, após autorização do Senado Federal. b) pelo Senado Federal, após autorização da Câmara dos Deputados. c) pelo Supremo Tribunal Federal, após autorização da Câmara dos Deputados. d) pelo Supremo Tribunal Federal, após autorização do Congresso Nacional. Questão Sobre as imunidades do chefe do Poder Executivo, assinale a alternativa correta. a) O Presidente é detentor, ainda, de uma relativa irresponsabilidade penal (e não cível ou administrativa) pela prática de atos estranhos ao exercício das funções presidenciais durante e após o mandato. b) O texto constitucional concede ao Presidente da República a inviolabilidade quanto às palavras e opiniões (imunidade material), por ser esta uma prerrogativa própria dos membros do Poder Legislativo. c) No que toca à imunidade formal em relação ao processo, para que o Presidente da República seja processado, tanto pela prática de crime comum, quanto pela prática de crime de responsabilidade, deve haver autorização da Câmara dos Deputados, por 1/3 de seus membros. d) A prerrogativa em relação à prisão impede que o Presidente da República seja submetido a qualquer modalidade de prisão processual (flagrante, preventiva e provisória), o que significa que ele, nas infrações penais comuns, não poderá ser preso enquanto não sobrevier sentença condenatória, prolatada pelo STF. Questão Um representante da sociedade civil, apresentando indícios de que o Presidente da República teria ultrapassado os gastos autorizados pela lei orçamentária e, portanto, cometido crime de responsabilidade, denuncia o Chefe do Poder Executivo Federal à Câmara dos Deputados. Protocolizada a denúncia na Câmara, foram observados os trâmites legais e regimentais de modo que o Plenário pudesse ou não autorizar a instauração de processo contra o Presidente da República. Do total de 513 deputados da Câmara, apenas 400 estiveram presentes à sessão, sendo que 260 votaram a favor da instauração do processo. Diante desse fato, a) o processo será enviado ao Senado Federal para que este, sob a presidência do Presidente do STF, proceda ao julgamento do Presidente da República. b) o processo será enviado ao Supremo Tribunal Federal, a fim de que a Corte Maior proceda ao julgamento do Presidente da República. c) o processo deverá ser arquivado, tendo em vista o fato de a decisão da Câmara dos Deputados não ter contado com a manifestação favorável de dois terços dos seus membros. d) dá-se o impeachment do Presidente da República, que perde o cargo e fica inabilitado para o exercício de outra função pública por oito anos. Questão O Presidente da República, nos crimes de responsabilidade: a) será processado e julgado, pelo Supremo Tribunal Federal, em decorrência de foro privilegiado. b) ficará suspenso de suas funções após a instauração do processo pela Câmara dos Deputados. c) poderá ser preso apenas após a prolação de sentença condenatória pelo Supremo Tribunal Federal, mas sua prisão poderá ser sustada pelo voto da maioria absoluta da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. d) será processado e julgado pelo Congresso Nacional, em sessão unicameral. e) poderá voltar a exercer suas funções, se seu julgamento não estiver concluído, decorrido o prazo de cento e oitenta dias contado da instauração do processo. Ministros de Estado – art. 87, CF/88 São auxiliares do Presidente da República, cuja nomeação e exoneração é de sua competência. Os requisitos constitucionais para ser Ministro do Governo Federal no Brasil estão previstos no art. 87 da CF/88: (1.º) Ter nacionalidade brasileira; OBS: podem ser brasileiros natos ou naturalizados, com exceção do ministro da Defesa que, necessariamente, deve ser brasileiro nato (art. 12, §2.º,VII, CF/88). (2.º) Ser maior de 21 anos; OBS: não há limite máximo para idade. (3.º) Estar no gozo dos seus direitos políticos. OBS: não pode estar cumprindo pena de perda ou suspensão dos direitos políticos. Ministros de Estado – art. 87, CF/88 A criação ou extinção de Ministérios só é possível por meio de Lei de iniciativa do Presidente da República (art. 61, §1º, “e”, CF/88). Art. 88,CF/88: “A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública”. Atribuições dos Ministros de Estado: art. 87, inc. I a IV, CF/88. OBS: Sobre a atribuição do art. 87, I, parte final, CF/88: “referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Republica” O STF decidiu que não se trata de um requisito de validade indispensável. Ministros de Estado – art. 87, CF/88 STF: “A referenda ministerial, que não se reveste de consequências de ordem processual, projeta-se, quanto aos seus efeitos, numa dimensão estritamente institucional, qualificando-se, sob tal perspectiva, como causa geradora de corresponsabilidade político-administrativa dos ministros de Estado [...]. Cumpre ter presente, por isso mesmo, no que concerne à função da referenda ministerial, que esta não se qualifica com requisito indispensável de validade dos decretos presidenciais.” (MS 22.706 MC, rel. min. Celso de Mello) Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigobd.asp?item=%20967 Responsabilidade dos Ministros de Estado REGRA: Art. 102, I, “c”, 1ª parte, CF/88: compete ao STF julgar “nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade os Ministros de Estado [...]”. EXCEÇÃO: Art. 52, I, CF/88: se o Ministro praticar crime de responsabilidade CONEXO (em coautoria) com o Presidente da República, ambos serão julgados pelo SENADO FEDERAL. - art. 50 da CF CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS MINISTROS DE ESTADO - art. 13 da Lei 1079/50 Art. 50, CF/88: 1) se convocado para comparecer no Congresso o Ministro ausentar-se sem justificativa adequada (caput) 2) se solicitadas informações escritas ao Ministro: este (i) se recusar a fornecê-las; (ii) não atender a solicitação em 30 dias; ou (iii) prestar informações falsas. (§2.º) Art. 13, Lei 1079/50: “São crimes de responsabilidade dos Ministros de Estado”: 1) os atos definidos nesta lei (arts. 5.º ao 12), quando por eles praticados ou ordenados; 2) os atos previstos nesta lei que os Ministros assinarem com o Presidente da República ou por ordem deste praticarem; 3) A falta de comparecimento sem justificação, perante a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal, ou qualquer das suas comissões, quando uma ou outra casa do Congresso os convocar para pessoalmente, prestarem informações acerca de assunto previamente determinado; 4) Não prestarem dentro em trinta dias e sem motivo justo, a qualquer das Câmaras do Congresso Nacional, as informações que ela lhes solicitar por escrito, ou prestarem-nas com falsidade. Crimes de responsabilidade dos Ministros Crimes de responsabilidade conexos aos atos do Presidente da República No caso de crime de responsabilidade de Ministro, praticado juntamente com o Presidente, ambos serão julgados pelo Senado Federal Nesse caso, será necessária a autorização da Câmara dos Deputados (juízo de admissibilidade) por 2/3 de seus membros. Serájugado pelo Senado Federal, sendo considerado culpado quando a maioria qualificada de 2/3 dos Senadores assim entender. O procedimento é o mesmo previsto para o crime de responsabilidade do Presidente da Republica. Para leitura: “Pedido de Impeachment contra ministro de Estado: algumas questões procedimentais”. Marcus Firmino Santiago. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/321077/pedido-de-impeachment-contra-ministro-de-estado-algumas-questoes-procedimentais. Acesso em 17.01.24. Julgamento dos Ministros de Estado Crimes praticados por Ministros de Estado Crime de responsabilidade = STF (art. 102, I, “c”, CF/88). Se for conexo com o Presidente da República será julgado pelo SENADO FEDERAL. (art. 52, I, CF/88). Crime comum = STF (art. 102, I, “c”, CF/88). Órgãos de apoio ao Presidente da República O Presidente da República conta também com dois Órgãos Superiores de consulta: 1) Conselho da República – arts. 89 e 90, CF/88; 2) Conselho de Defesa Nacional – art. 91, CF/88; A composição e competências desses Órgãos foram definidas nesses dispositivos da Constituição Federal. Já a organização e o funcionamento deles foram regulados por Lei Ordinária, na forma prevista no art. 90, §2.º e no art. 91, §2.º, ambos da CF/88. A Lei n.º 8.041/1990 dispõe sobre organização e funcionamento do Conselho da República. A Lei n.º 8.183/1991 dispõe sobre organização e funcionamento do Conselho de Defesa Nacional e foi regulamentada pelo Decreto n.º 893/1993. Composição do Conselho da República CF/88: Art. 89. [....]: I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI - o Ministro da Justiça; VII – seis cidadãos natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, estes com mandato de 3 anos e sem recondução. OBS: Embora hajam 6 assentos reservados a brasileiros natos, mostra-se possível que brasileiros naturalizados componham o Conselho de República nas cadeiras reservadas ao Ministro da Justiça e nas cadeiras dos líderes das maiorias e da minoria da Câmara e do Senado. (cf. Flavio Martins Alves Nunes Júnior) Conselho da República Trata-se de “atividade relevante e não remunerada” (art. 3º, §4º, Lei n.º 8.041/90). Art. 90, CF/88: O Conselho de Republica irá se pronunciar nos casos de: a) intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; e b) sobre questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. A manifestação do Conselho, sobre os assuntos acima mencionados, é meramente OPINATIVA, não vinculando a decisão do Presidente da República. Art. 90, §1.º, CF/88: “O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.” CONSELHO DA REPÚBLICA Composição do Conselho de Defesa Nacional CF/88: Art. 91. [...]: I- o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - o Ministro da Justiça; V - o Ministro de Estado da Defesa; VI - o Ministro das Relações Exteriores; VII - o Ministro do Planejamento; VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Conselho de Defesa Nacional A participação efetiva ou eventual no referido Conselho é considerado serviço público relevante e seus membros não poderão receber remuneração a qualquer titulo (art. 7º, Lei 8.183/91). Art. 91, §1.º, CF/88 - Atribuições: (I) opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição; (II) opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal; (III) propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; (IV) estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. Assim como ocorre com o Conselho da República, a manifestação do Conselho de Defesa Nacional, sobre os assuntos acima mencionados, é meramente OPINATIVA, não vinculando a decisão do Presidente da República. Questão O Presidente da República, à luz da CRFB/88, dispõe de dois órgãos de cúpula para consulta em determinados assuntos. Assinale a opção que elenca corretamente esses órgãos e suas atribuições constitucionalmente definidas. a) Ao Conselho de Defesa Nacional compete opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal. Ao Conselho Nacional de Justiça compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do Poder Executivo. b) Ao Conselho de Defesa Nacional compete opinar sobre as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. Ao Conselho da República compete opinar sobre as hipóteses de declaração de guerra e de celebração de paz. c) Ao Conselho Nacional de Justiça compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do Poder Executivo. Ao Conselho da República compete opinar sobre as hipóteses de declaração de guerra e de celebração de paz d) Ao Conselho de Defesa Nacional compete opinar sobre as hipóteses de declaração de guerra e de celebração de paz. Ao Conselho da República compete pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio. image1.png image2.png image3.jpg image4.jpeg image5.jpg image6.jpeg image7.jpeg image8.png image9.jpg image10.jpg image11.jpg