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Psicofármacos AULA 1 PERLABORE CENTRO DE PSICANÁLISE Professor Vinicius Orientações iniciais Módulo: o módulo é composto por 3 aulas teóricas e 1 aula para aplicação da avaliação. É permitido apenas uma falta nas aulas teóricas, mais do que isso o aluno perde o módulo. Aulas on-line: será permitido assistir apenas 1 aula on-line ao mês e com câmeras abertas. - *Exceções devem ser tratadas com a direção. Avaliação: aplicação presencial (exceções devem ser tratadas com a direção). Falta sem justificativa, o aluno perde o módulo. Falta com justificativa, entrar em contato com a direção para agendar uma nova data, sob pagamento de taxa a consultar. Notas: registro sobre a competência do Psicanalista trabalhada no módulo – 1,0 ponto / Resumo do trecho ou capítulo referente ao livro indicado – 1,0 ponto / Registro sobre o filme indicado – 1,0 ponto / Avaliação – 7,0 pontos. 2 Conceito Os psicofármacos são agentes químicos que atuam sobre o sistema nervoso central (SNC) e estão em condições de alterar diversos processos mentais, gerando alterações na conduta, na percepção e na consciência. 3 Como agem? Os psicofármacos interferem na neurotransmissão, ou seja, alteram o envio e/ou recepção de informações através das sinapses neurais. Essas substâncias podem inibir ou estimular atividades mentais, interferindo em processos fisiológicos e bioquímicos no cérebro. 4 Como agem? No preconceito em relação ao uso de medicamentos para saúde mental (psicofármacos) é muito comum a frase “não quero usar este tipo de medicação, não quero ficar dependente”. Trocam a “dependência” de medicação por dependência dos sintomas ou de derivativos anestesiantes que não resolvem o transtorno em questão. 5 Quem deve usar? Quem tem alto grau de sofrimento psíquico com menor capacidade de controle sobre o mesmo. O uso deve acontecer com responsabilidade, já que quando usado de forma indiscriminada os psicofármacos podem aumentar o problema psíquico. 6 Tipos de medicamentos Os de receituário azul são os que normalmente causam dependência: ansiolíticos e hipnóticos (indutores de sono). Os de dupla via branca, tarja vermelha, são geralmente considerados seguros quanto ao risco de dependência física: os antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor. 7 A importância de se fazer terapia Medicamentos: sintomas Terapia: o real problema É importante ressaltar que a medicação oferece alívio sintomático, proporcionando uma melhor qualidade de vida social e profissional e oferecendo alternativas para lidar com os problemas. Quando bem indicada, a combinação de psicoterapia e terapia medicamentosa tende a oferecer resultados mais eficazes ao paciente do que qualquer uma dessas modalidades isoladamente. 8 Antidepressivos Os antidepressivos são drogas que aumentam o tônus psíquico melhorando o humor e, consequentemente, melhorando a psicomotricidade de maneira global. Esses medicamentos são prescritos com maior frequência para pessoas com sintomas severos de depressão, embora também sejam utilizados por quem os apresenta de forma moderada. Atuam principalmente no aumento dos níveis de neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina, que estão envolvidos na regulação do humor e emoções. Alguns desses medicamentos são: fluoxetina (Prozac®, Daforin®, Fluxene®, Psiquial®), sertralina (Tolrest®, Zoloft®), citalopram (Cipramil®), paroxetina (Pondera®, Aropax®), venlafaxina (Efexor®), fluvoxamina (Luvox®), entre outros. 9 Ansiolíticos São drogas capazes de atuar sobre a ansiedade e a tensão. Estas drogas foram chamadas de tranquilizantes, por terem a capacidade de acalmar as pessoas tensas e ansiosas. Eles incluem os benzodiazepínicos, que trazem o alívio dos sintomas por apenas um curto período de tempo. Sendo assim, esses medicamentos podem causar dependência, e por isso devem ser prescritos e utilizados com cautela. Reduzem a ansiedade e promovem o relaxamento muscular, muitas vezes aumentando a atividade do neurotransmissor GABA, que possui efeitos calmantes. Alguns dos ansiolíticos são: alprazolam (Frontal®), diazepam (Valium®, Dienpax®, Calmociteno®, Compaz®, Kiatrium®, Noan®, Somaplus®), bromazepam (Bromazepam BASF®,Lexotan®, Neurilan®, Novazepam®) clobazam (Frisium®, Urbanil®), clonazepam (Rivotril®), entre outros. 10 Antipsicóticos Pessoas com transtornos psicóticos ficam “fora da realidade”; apresentam alucinações visuais e auditivas, ou acreditam que alguém pode escutar seus pensamentos. Utilizados principalmente no tratamento de transtornos psicóticos, como esquizofrenia e transtorno bipolar. Estes medicamentos ajudam a controlar sintomas como delírios, alucinações e pensamentos desorganizados, atuando na regulação dos neurotransmissores dopamina e serotonina no cérebro. Medicamentos tradicionais como haloperidol (Haldol®, Haloperidof®)e a clorpromazina (Amplictil®) são úteis nesses transtornos, controlando os sintomas no paciente. 11 Estabilizadores de humor Compreendem as drogas utilizadas para a manutenção da estabilidade do humor, não sendo essencialmente antidepressivas nem sedativas. A principal indicação para estabilizadores do humor são o transtorno bipolar e os episódios de mania (euforia) ou de hipomania. Eles geralmente atuam na modulação dos neurotransmissores cerebrais para estabilizar o humor e prevenir oscilações extremas. O lítio (Carbolitium®, Carbolim®, Litiocar®) a carbamazepina (Carbamazepina®, Tegretard®, Tegretol®), o ácido valpróico (Depakene®, Valpakine®) e o divalproato de sódio (Depakote®) são as substâncias mais utilizadas com essa finalidade. 12 Estimulantes São prescritos para o tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ajudando a melhorar a concentração, atenção e controle impulsivo. Estes medicamentos aumentam a atividade de neurotransmissores como dopamina e noradrenalina no cérebro, melhorando a função executiva. 13 Vamos entender a ação na fenda Sinapse é o local de contato entre neurônios onde agem os neurotransmissores (mediadores químicos), transmitindo o impulso nervoso de um neurônio a outro, ou de um neurônio para uma célula muscular ou glandular. O espaço entre as membranas das células é chamado fenda sináptica (onde os medicamentos agem). A membrana do axônio que gera o sinal e libera as vesículas na fenda é chamada pré-sináptica, enquanto que a membrana que recebe o estímulo através dos neurotransmissores é chamada pós-sináptica. 14 Vamos entender a ação na fenda 15 Psicofármacos AULA 2 PERLABORE CENTRO DE PSICANÁLISE Professor Vinicius Vamos entender a ação na fenda O processo de transmissão de informação na fenda sináptica: Quando um impulso nervoso chega ao botão pré-sináptico, os neurotransmissores são liberados na fenda sináptica; Os neurotransmissores se difundem pela fenda sináptica e atingem o neurônio pós-sináptico; Os neurotransmissores se ligam a receptores específicos na membrana do neurônio pós-sináptico; A ativação dos receptores pode levar à abertura ou fechamento de canais iônicos na membrana celular. A resposta a um neurotransmissor pode ser excitatória ou inibitória, dependendo do receptor. 17 Vamos entender a ação na fenda 18 Psicoterapia como coadjuvante no tratamento A combinação de medicação psicotrópica com psicoterapia tem sido amplamente pesquisada e comprovada como extremamente eficaz na redução de recaídas em tratamentos de transtornos de humor e outros distúrbios mentais. Este método diminui significativamente a possibilidade de dependência psicológica ou química aos medicamentos. 19 Psicoterapia como coadjuvante no tratamento O tratamento medicamentoso é efetivo para corrigir desequilíbrios no funcionamento cerebral, mas não resolve as disfunções psicológicas, que são um fator crucial em muitos transtornos mentais. Além disso, muitas vezes são necessárias mudanças nos hábitos de vida e nas circunstâncias agravantes para uma recuperação clínicadefinitiva. 20 Tratamentos com mais de um medicamento É comum os psiquiatras utilizarem mais de uma classe de medicamentos como forma de agir intensamente sobre o sintoma mental. Muitas vezes, os estados mentais se misturam; em psiquiatria, essa concomitância é chamada de comorbidade, ou seja, a ocorrência de mais de um transtorno ao mesmo tempo. É muito comum que uma pessoa com depressão apresente, simultaneamente, sintomas compatíveis com transtorno de pânico, transtorno de ansiedade generalizada e fobias específicas, por exemplo. 21 A doença mental e os pensamentos A doença mental afeta os pensamentos, as emoções e os sentimentos. Os pensamentos podem ser: Volitivos - relacionados à vontade Automáticos - surgem de forma rápida e espontânea, sem controle voluntário Obsessivos – se repetem Intrusivos – aparece de forma espontânea e indesejada Ruminações - pensamentos negativos e repetitivos que se mantêm 22 A doença mental e as emoções Sensações físicas, diferentes de sentimentos. Palpitação, taquicardia, sudorese, tremores, “frio na barriga”. 23 A doença mental e os sentimentos A história que meu pensamento conta quando tenho uma emoção. Historinhas que me fazem chorar. 24 Estrutura neuronal Cérebro – Encéfalo Neurônio – Estruturas Fenda sináptica Neurotransmissores Captação e recaptação de neurotransmissores Função de medicamentos 25 Dopamina A dopamina é sintetizada no citoplasma dos chamados neurônios dopaminérgicos a partir de um aminoácido: a tirosina, a qual é inicialmente convertida em L-dopa por meio da ação da tirosina hidroxilase. Sabe-se que esse neurotransmissor está envolvido com processos como controle motor, cognição, compensação, prazer, humor e algumas funções endócrinas. 26 Dopamina A dopamina está relacionada com o chamado sistema de recompensa, que é um circuito neuronal no cérebro que influencia diretamente as nossas emoções. Esse sistema garante a motivação para realizar certas atividades, como a sensação de felicidade quando comemos ao ter fome. Quando os neurônios desse sistema são ativados, eles liberam a dopamina em regiões específicas do cérebro, causando o aumento da sensação de prazer. 27 Dopamina A esquizofrenia é um transtorno caracterizado, principalmente, pela ocorrência de episódios de psicose, ou seja, em certas situações, o indivíduo não consegue separar as situações reais das irreais. Essa doença afeta pessoas de ambos os sexos (normalmente aqueles que estão saindo da adolescência e entrando na segunda década de vida). Uma das explicações para a ocorrência de esquizofrenia são alterações nas rotas neuronais que usam dopamina como neurotransmissor. Também isto acontece em depressões graves e ansiedades, com a despersonalização e desrealização. 28 Psicofármacos AULA 3 PERLABORE CENTRO DE PSICANÁLISE Professor Vinicius Noradrenalina É produzida pela medula suprarrenal e atua em situações de estresse de curta duração. Também é sintetizada no sistema nervoso e, nesse caso, atua como um neurotransmissor, exercendo papel excitatório no sistema nervoso autônomo. Vale destacar que a noradrenalina, junto com outros neurotransmissores, parece estar associada com problemas como a depressão e a mania. 30 Noradrenalina A noradrenalina atua ainda promovendo uma maior taxa de fornecimento de oxigênio para as células, uma vez que atua na dilação do bronquíolos e aumento dos batimentos cardíacos. Possui também a capacidade de elevar a pressão sanguínea por meio da vasoconstrição periférica generalizada. Ela está também relacionada com a memória e relacionada com nossa capacidade de ficar em alerta. 31 Adrenalina A adrenalina atua como um neurotransmissor que tem efeito sobre o sistema nervoso simpático, preparando o organismo para um grande esforço físico. Os sintomas característicos da liberação de adrenalina são: suor, vasoconstrição, aumento dos batimentos cardíacos, dilatação das pupilas e brônquios (aumenta a visão e deixa a respiração ofegante), eleva o nível de açúcar no sangue, entre outros. 32 Adrenalina Por causa de sua ação sobre o sistema cardiovascular e o respiratório, a adrenalina é utilizada na medicina como estimulante cardíaco e, em casos de ataques de asma, para abrir as vias aéreas. Adrenalina atua também na excitação e nas relações sexuais. Ela reduz micção e altera pupila do olho. 33 GABA É o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central dos mamíferos. Ele desempenha um papel importante na regulação da excitabilidade neuronal ao longo de todo o sistema nervoso. É um aminoácido natural que age como neurotransmissor no cérebro, bloqueando os impulsos entre as células nervosas do órgão. Assim como a melatonina, o GABA é secretado durante o repouso e é capaz de acalmar o cérebro, regulando a atividade dos neurônios. 34 GABA A liberação do GABA endógeno no organismo está associado a melhora do humor, alívio da ansiedade, regulação do sono, alívio de sintomas da síndrome pré-menstrual (TPM) e tratamento do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Naturalmente, ele também ajuda a aliviar a dor ou o desconforto resultante de ferimentos, aumentar a tolerância a exercícios, baixar a pressão arterial, queimar gordura mais rapidamente e elevar o ganho de massa magra. 35 Serotonina A serotonina é um neurotransmissor que atua no cérebro, estabelecendo comunicação entre as células nervosas, podendo também ser encontrada no sistema digestivo e nas plaquetas do sangue. Esta molécula é produzida a partir de um aminoácido chamado triptofano, que é obtido através dos alimentos. A serotonina atua regulando o humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade e funções cognitivas e, por isso, quando se encontra numa baixa concentração, pode causar mau humor, dificuldade para dormir, ansiedade ou mesmo depressão. 36 Serotonina A baixa concentração de serotonina no organismo pode levar ao aparecimento de sinais e sintomas, como: Mau humor pela manhã; Sonolência durante o dia; Alteração do desejo sexual; Vontade de comer a toda a hora, especialmente doces; Dificuldade no aprendizado; Distúrbios de memória e de concentração; Irritabilidade. 37 Funções da serotonina Regula o humor; Controla o apetite; Regula o sono; Aumenta ou diminui a libido; Regula a temperatura corporal; Reduz o nível de agressividade; Ajuda na coagulação sanguínea; Regula a náusea. 38 Endorfina Embora seja sempre relacionada às questões físicas e às prática esportivas, ela também pode aparecer em outras atividades normais da rotina. "Endorfina é um neuro-hormônio produzido no organismo pela glândula chamada hipófise. O nome significa que endo (interno) mais morfina(analgésico). Ela é liberada para o sangue juntamente com outros hormônios como o GH (hormônio do crescimento) e o ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) que estimula a produção de adrenalina e cortisol. A substância também atua no humor, amenizando o estresse, ansiedade e depressão" 39 Qual a relação do psicoterapeuta com a psicofarmacologia? Psicoterapeutas não são legalmente autorizados a prescrever medicamentos. Isso levou a um aumento significativo no contato entre psicoterapeutas e médicos, visando a busca de métodos de trabalho que possam ser relacionados e eventualmente integrados. 40 Qual a relação do psicoterapeuta com a psicofarmacologia? É crucial que psicoterapeutas compreendam a psicofarmacologia, os mecanismos de ação dos medicamentos e os comportamentos desencadeados em pacientes que utilizam certos fármacos. Esse conhecimento visa grandes progressos para o paciente, proporcionando um tratamento coeso entre os profissionais envolvidos. 41 Qual a relação do psicoterapeuta com a psicofarmacologia? Um grande número de pessoas utiliza psicotrópicos de forma indiscriminada, sem considerar horários e dosagens adequadas, ou sem conhecimento do real efeito do medicamento. Nesse contexto, os profissionais desempenhamum papel crucial ao orientar o paciente sobre a conduta correta, reforçando a importância de seguir as orientações médicas para um tratamento eficaz e seguro. 42 Qual a relação do psicoterapeuta com a psicofarmacologia? Compreender os diferentes tipos de psicofármacos, suas indicações, contraindicações, mecanismos de ação e potenciais efeitos colaterais é fundamental para a prática clínica eficaz. O conhecimento detalhado e atualizado sobre os diferentes psicofármacos, aliado a uma abordagem interdisciplinar e centrada no paciente, é essencial para promover a saúde mental e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A educação contínua e o compromisso ético dos profissionais de saúde garantem que os tratamentos oferecidos sejam seguros, eficazes e adaptados às necessidades específicas de cada indivíduo. 43 Psicofármacos AULA 4 - AVALIAÇÃO PERLABORE CENTRO DE PSICANÁLISE Professor Vinicius image1.png image2.png image3.png image4.png image5.jpeg image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.png