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ARA 1228
TEORIA DA PENA
2024.1
PONTO I
TEORIA DA PENA
· Teoria da Norma: artigos 1º ao 12, CP
· Teoria do Tipo: artigos 13 ao 28, CP
· Teoria da Pena: artigos 29 ao 120, CP
· Indivíduo → Sociedade → Conflitos de Interesses → Estado → Regras & Sanções
· Pena: quando alguém pratica uma infração penal, nasce para o Estado o direito/dever de punir (ius puniendi), que se concretiza numa sanção (pena), através da persecutio criminis (persecução criminal).
· Espécies de Pena: privativa de liberdade (PPL), restritiva de direitos (PRDtºs) e pecuniária (multa penal).
· O ius puniendi, por sua vez, se concretiza através da persecutio criminis (persecução criminal), que é a atividade estatal de perseguir (investigar) e punir (processar e condenar) o autor de um crime.
· A perseguição do autor do crime é uma atividade estatal, ou seja, é promovida pelo Estado, através de dois órgãos: as Polícias e o Ministério Público.
· A punição, por sua vez, compreende duas etapas: a primeira é o processo (ou seja, o ato de processar alguém, pleiteando perante o juízo competente a aplicação da lei cabível), atividade, em regra, estatal, a cargo do Ministério Público, nos crimes de ação penal pública, e, excepcionalmente, ao particular (ofendido), nos crimes de ação penal privada; e a segunda, a decisão condenatória, a cargo do órgão jurisdicional (juízo ou tribunal).
· É de se ressalvar que a função do órgão jurisdicional não é condenar aquele que está sendo processado, mas sim julgar as duas teses (a tese de acusação, que pede a condenação, e a tese de defesa, que pede a absolvição), decidindo, de maneira imparcial, de acordo com as provas produzidas durante o processo pelas partes (acusação e defesa).
· Há três teorias fundamentadoras da Pena: retributiva (ou absoluta), preventiva (ou relativa) e mista (unificadora).
TEORIA RETRIBUTIVA
· Teoria Absoluta da Pena
· Rei = Estado (Força + Justiça)
· Rei (designação divina)
· Homem = Livre Arbítrio (pecar ou não pecar)
· Atentar contra as leis = atentar contra Deus = Pecado
· Quem agia contra as leis do Estado, agia contra Deus
· Pena = Castigo, Penitência (expiação do pecado)
· Ética Cristã: o pecado necessita de castigo para sua expiação.
Pecado = Condenação Eterna da Alma
Castigo = Expiação (salvação da Alma) 
· Penas: morte, castigos físicos, degredo, privação de liberdade.
· Pena privativa de liberdade por tempo determinado: inspirada nos mosteiros da Idade Média, onde os religiosos que cometiam irregularidades eram enclausurados em suas celas para meditar, em silêncio, sobre a falta cometida, a fim de que se arrependessem e se harmonizassem novamente com Deus.
· Kant (A metafísica dos costumes)
Fundamentação Ética: quem descumpre as regras do Estado, não é digno de cidadania (portanto pode ser castigado impiedosamente pelo Estado).
· Hegel (Princípios da Filosofia do Direito)
Fundamentação Jurídica: “a pena é a negação da negação do Direito”.
Justificação: restabelecer a vigência da “vontade geral” (a ordem jurídica), negada pelo delinquente.
· Carrara: (Programa de Direito Criminal): “o fim primário da pena é o restabelecimento da ordem externa da Sociedade” (restaurar o tecido social “rasgado” pela ação delinquente).
· Binding: “a pena é a retribuição de um mal, por outro mal”.
TEORIA PREVENTIVA
· Teoria Relativa da Pena
· Iluminismo: Estado Absoluto → Estado Liberal.
· Bentham, Beccaria, Filangieri, Schopenhauer e Feuerbach.
· Teoria da Coação Psicológica: a Pena é a solução para o problema da criminalidade.
· Pena: Cominação (ameaça) + Aplicação (intimidação).
Cominação: função de prevenção geral, dirigida à Sociedade.
Aplicação: função de prevenção especial, dirigida especificamente ao delinquente, evitando que este volte a delinquir.
· “Escola Correcionalista”: a aplicação da pena ressocializa e reeduca o delinquente, intimidando os demais e neutralizando os incorrigíveis (Intimidação + Correção + Inocuização).
· A sanção (pena) previne a ocorrência de novos fatos delituosos, quer pelo criminoso, quer pelos não-criminosos.
· Prevenção: Geral e Especial
· Para a Teoria Relativa, os fins da pena são estritamente preventivos, com dupla natureza (Geral e Especial).
· A PREVENÇÃO GERAL destina-se ao controle geral e abstrato da violência, na medida em que busca diminuí-la e evitá-la, podendo ser NEGATIVA (tem por objetivo desestimular a prática de infrações penais) ou POSITIVA (demonstra a vigência e eficácia da lei penal).
· A PREVENÇÃO ESPECIAL (ou ESPECÍFICA) é concreta, direcionada à pessoa do condenado, podendo ser NEGATIVA (busca intimidar o condenado para evitar a reincidência) ou POSITIVA (focada na ressocialização do condenado para que possa retornar ao convívio social).
REINCIDÊNCIA
Ocorre REINCIDÊNCIA (do latim recidere, que significa recair, repetir o ato) quando o agente, após ter sido condenado definitivamente por um crime, comete novo crime, dentro do prazo de cinco anos entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a prática do novo crime, o que, em tese, demonstra que a sanção aplicada não foi suficiente para alcançar uma das funções da pena, qual seja, a prevenção específica, motivo pelo qual a REINCIDÊNCIA configura uma circunstância agravante.
A reincidência está prevista nos arts. 63 e 64 do Código Penal.
Artigo 63,CP. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Artigo 64, CP. Para efeito de reincidência:
I. não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
II. não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Artigo 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I. a reincidência; (...)
TEORIA DO LABELLING APPROACH
A Teoria do Labelling Approach afirma que a criminalidade é consequência de um processo de estigmatização social.
Assim sendo, o egresso se diferencia do homem comum em razão do estigma que carrega (a condição de criminoso ad aeternum) por consequência de sua conduta desviante (todo comportamento considerado perigoso, constrangedor) e respectiva sanção que suportou.
Daí que a CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA (conduta proibida + sanção estatal) produz a etiqueta (rótulo), que, por sua vez, produz a CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA (reincidência). 
TEORIA MISTA
· Teoria Unificadora da Pena
· Agrupa em um único conceito os fins da Pena.
· Fins da Pena: Retribuição + Prevenção (Geral e Especial).
· Função da Pena: proteger a Sociedade, através de justa retribuição ao delito praticado pelo criminoso.
· Justa Retribuição: limita as penas (culpabilidade).
· Objetivos: regenerar o criminoso e inibir os não criminosos.
· Foi a teoria adotada pelo Código Penal (artigo 59)
Art. 59, CP. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
· Crítica Geral: a pena não reforma o delinquente contumaz.
TEORIA AGNÓSTICA
· Crítica criminológica, formulada por Eugenio Raul Zaffaroni
· A concepção de que a pena tem funções de retribuição e prevenção geral e especial (Teoria Mista) é uma falácia, que serve à objetivos ocultos (obtenção de poder político).
· A pena é, tão somente, um ato de poder político e não jurídico, que serve à funções reais, quais sejam, a manutenção dos valores da sociedade capitalista, garantindoa desigualdade social, a opressão capitalista e à busca/mantença de poder político das elites dominantes.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO
Século XVI: maisons de force, onde eram recolhidos os mendigos, os vagabundos e as prostitutas, com trabalho obrigatório, em Londres (1550), Nuremberg (1558) e Amsterdam (1598).
Fins do Século XVI: casas correcionais em Amsterdam (Holanda), em 1595 (para vadios e mendigos) e 1597 (para prostitutas).
Século XVIII: surgem estabelecimentos de detenção na Inglaterra, Alemanha, Holanda e França, onde não havia qualquer seleção prisional e eram aplicados castigos implacáveis.
Filadélfia (EUA), 1829: foi o primeiro grande sistema penitenciário, conhecido como sistema filadélfico ou pensilvânico, caracterizado por absoluto isolamento (de dia e de noite), onde o preso tinha contato apenas com o capelão, o diretor da prisão ou o guarda.
· Eastern State Penitentiary, em Filadélfia, USA (1829):
· Sistemas de Aquecimento, Água e Esgoto.
· Separação de homens, mulheres e crianças.
· Separação de criminosos violentos e criminosos não violentos em alas, com celas individuais.
· Reclusão total, pouco contato com os guardas, um único bem pessoal (a Bíblia) e tarefas individuais (tecelagem, etc) para ocupar o tempo ocioso.
· Apenas uma hora de pátio/dia (proibida a interação entre os detentos).
· Prisão = Segregação Social = Isolamento = Solidão
· Benjamin Franklin: o crime é uma doença moral, e as penitenciárias devem ser “casas de arrependimento”.
· O sistema filadélfico é considerado um marco porque as prisões, até então, eram masmorras, meros depósitos de pessoas aguardando castigo (pena de morte ou trabalhos forçados), que, não raro, não ocorriam porque os presos sucumbiam à doenças ou à fome.
Auburn (cidade do Alabama, EUA): surge uma reação contra o sistema filadélfico, onde o preso era mantido isolado somente no período noturno (durante o dia, mantinha contato com os demais presos, trabalhando).
· Sistema de Auburn (regime auburneano): adaptação do preso à rotina industrial (Revolução Industrial), com trabalho em oficinas (8 a 10 horas diárias), cuja organização era entregue à empresas.
Inglaterra: na segunda metade do Século XIX, surge o mark system, ou sistema progressivo (criação de Alexander Maconochie), dividido em 3 fases (ou estágios):
· 1ª fase: relativamente curta, onde aplicava-se o sistema filadélfico;
· 2ª fase: aplicava-se o sistema auburneano;
· 3ª fase: livramento condicional, deferido ao preso de bom comportamento, que passava a viver em liberdade, em lugar determinado pela Polícia e por ela fiscalizado.
Irlanda: Walter Crofton introduziu uma inovação entre a segunda e a terceira fase do sistema progressivo, qual seja, o recolhimento intermediário do detento em penitenciárias agrícolas.
Temos, assim, três sistemas penitenciários:
· Sistema Filadélfico (ou Pensilvânico): mantém o detento em absoluto isolamento;
· Sistema Auburneano: mantém o detento em isolamento noturno, impondo-lhe o trabalho diurno (em silêncio); e,
· Sistema Progressivo (ou Sistema Irlandês): de origem inglesa, visa o aperfeiçoamento moral do detento, submetendo-o a sucessivas fases em que, por seu mérito, alcança o conforto da interação social e da liberdade.
Os sistemas filadélfico e auburneano (EUA) se revelaram impraticáveis, em razão da quantidade crescente de presos (o que elevou os custos econômicos) e de sua inflexibilidade (não ofereciam estímulo aos detentos, que, limitados à rotina comportamental de isolamento e trabalho, ou aguardavam o tempo passar, ou fugiam).
Destarte, a partir da Inglaterra, desenvolveu-se o SISTEMA PROGRESSIVO DE CUMPRIMENTO DE PENA, que termina se afirmando como o mais adequado aos ideais de regeneração do detento; é esse o sistema (sistema progressivo) adotado pelo nosso Código Penal, em 1940 e que, com pequenas mudanças circunstanciais, vigora até hoje, apesar dos eventuais problemas (superlotação, rebeliões violentas, fugas e corrupção).
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NORTEADORES DA PENA
LEGALIDADE
Artigo 5º, XXXIX, CRFB-1988 (Artigo 1º, CP)
Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Artigo 5º, II, CRFB-1988
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
 
Artigo 5º, LVII, CRFB-1988
Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA
Artigo 5º, VI, CRFB-1988
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Artigo 5º, VII, CRFB-1988
É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
HUMANIDADE
Artigo 1º, III, CRFB-1988
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
Artigo 5º, XLIX, CRFB-1988
É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral.
Artigo 5º, L, CRFB-1988
Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. (Proteção Integral à Criança e ao Adolescente)
INTRANSCENDÊNCIA DA PENA
Artigo 5º, XLV, CRFB-1988
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
(Intranscendência da Pena, Pessoalidade da Pena ou Responsabilidade Pessoal)
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
Artigo 5º, XLVI, CRFB-1988
A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Artigo 5º, XLVIII, CRFB-1988
A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.
LIMITAÇÃO DAS PENAS
Artigo 5º, XLVII, CRFB-1988
Não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
(Vedação de Penas Cruéis ou Degradantes)
PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS NORTEADORES DA PENA
PROPORCIONALIDADE
Cesare Beccaria (Dos delitos e das penas)
"Deve haver, pois, uma proporcionalidade entre os delitos e as penas (...) não aplicando aos delitos de primeiro grau as penas do último”
3 momentos: cominação (poder legislativo), aplicação (poder judiciário) e execução (poder judiciário e poder executivo)
NE BIS IN IDEM
Ninguém pode ser punido pelo mesmo fato duas vezes.
ANÁLISE CRIMINOLÓGICA DA PENA DE PRISÃO
https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2021/05/17/com-322-encarcerados-a-cada-100-mil-habitantes-brasil-se-mantem-na-26a-posicao-em-ranking-dos-paises-que-mais-prendem-no-mundo.ghtml
A PENA DE PRISÃO está em CRISE: não ressocializa, nem impede novos crimes.
O encarceramento é injusto, pois não alcança os agentes da criminalidade não convencional, nem impede a criminalidade convencional.
· “O homem é produto do meio” (Jean-Jacques Rousseau)
· "O homem é o único ser capaz de fazer mal a seu semelhante pelo simples prazer de fazê-lo”. (Schopenhauer)
A pena é, tão somente, um instrumento de controle social, atuando nas consequências e não nas causas da crise de (in)segurança pública.
O Direito Penal não é um instrumento de vingança, mas de adequação entre o infrator e a norma por ele infringida.
· “A função do Direito Penal, hoje e sempre, é conter o poder punitivo” (Eugenio Raul Zaffaroni)
· “A pena, desde sua origem, está ligada à acumulação de poder com finalidade política”. (Nilo Batista)
Teoria Agnóstica da Pena (Eugenio Raul Zaffaroni): 
A concepção de que a penatem funções de retribuição e prevenção geral e especial (Teoria Mista) é uma falácia, que serve à objetivos ocultos (obtenção de poder político).
A pena é, tão somente, um ato de poder político e não jurídico, que serve à funções reais, quais sejam, a manutenção dos valores da sociedade capitalista, garantindo a desigualdade social, a opressão capitalista e à busca/mantença de poder político das elites dominantes.
COLAPSO DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO (SPBr)
POPULAÇÃO CARCERÁRIA BRASILEIRA:
· Segundo o DEPEN, entre dezembro de 2018 e junho de 2022, a população carcerária brasileira caiu 11,1%, ou seja, de 744,2 mil para 661,9 mil pessoas detidas.
· Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Brasil alcançou a marca de 909.061 presos, dos quais 44,5% (404.532) são provisórios (ainda não foram condenados); o Brasil tem a 3ª maior população carcerária do mundo, atrás apenas de EUA (2º) e China (1º).
DIREITOS DO PRESO
A pessoa presa (prisão provisória ou decorrente de sentença condenatória transitada em julgado) tem todos os direitos que não estejam suprimidos ou condicionados por sua condição de preso provisório ou apenado (art. 38, CP); tais direitos estão expressamente previstos no art. 41 da LEP (Lei 7.210/84), sem prejuízo dos direitos e garantias constitucionais ou de quaisquer outros direitos previstos em legislação infraconstitucional.
Artigo 38, CP. O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
Artigo 41, LEP. Constituem direitos do preso:
I. alimentação suficiente e vestuário;
II. atribuição de trabalho e sua remuneração;
III. Previdência Social;
IV. constituição de pecúlio;
V. proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
VI. exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VII. assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII. proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX. entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X. visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI. chamamento nominal;
XII. igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
XIII. audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV. representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV. contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
XVI. atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.
QUESTIONAMENTOS SOBRE O SPBr:
· A Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84) é, efetivamente, cumprida?
· A infraestrutura prisional brasileira respeita a dignidade da pessoa humana?
· Os direitos dos presos são respeitados nessas prisões?
· O Sistema Prisional Brasileiro distingue o criminoso contumaz do criminoso eventual?
· E se você, ou algum parente seu, for preso?
CAUSAS DO COLAPSO DO SPBr:
· Lentidão do Poder Judiciário
· Seletivismo do Sistema Persecutório Criminal
· Desigualdade Social (modelo econômico excludente) = Injustiça Social = Aumento expressivo da criminalidade
CONSEQUÊNCIAS DO COLAPSO DO SPBr:
Alta taxa de reincidência do egresso
Segundo o DEPEN (2022), a média de reincidência no primeiro ano de liberdade é em torno de 21%, progredindo até uma taxa de 38,9% após 5 anos.
Condenação do Brasil na comunidade internacional
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-165/a-violacao-de-direitos-humanos-no-sistema-prisional-brasileiro-e-o-supercaso-da-corte-interamericana-de-direitos-humanos/
Negação de extradição
https://www.conjur.com.br/2019-set-23/corte-italiana-nega-extradicao-brasileiro-condicao-prisoes
Realidade degradante: superlotação, desrespeito aos DH’s, e controle das prisões por facções criminosas organizadas.
STF: estado de coisas inconstitucional e violação a direito fundamental (ADPF 347)
O SPBr RETRIBUI E PREVINE?
Sim, retribui (em excesso), mas não previne (alto índice de reincidência criminal).
· CNMP (Projeto Sistema Prisional em Números, 2018): 1.456 estabelecimentos prisionais no Brasil, com taxa de ocupação de 175% (na Região Norte, presídios com 3 x lotação), nos quais ocorreram mortes violentas em 474; em mais da metade desses 1.456 presídios, não há assistência médica nem educacional.
· INFOPEN/MJ (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, 2017): em junho/2016, a população carcerária do Brasil atingiu a marca de 726,7 mil presos (mais que o dobro de 2005), que ocupam 368 mil vagas, média de dois presos por vaga.
· 2005 (361.000 presos) → 2016 (726.000 presos)
· Os presídios brasileiros são “escolas de crimes”: no atual sistema, o preso cumpre sua pena em locais degradantes, e, depois de cumprida a pena, é devolvido a uma sociedade com a qual não tem condições (sociais e educacionais) de interagir.
POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA O COLAPSO DO SPBr:
Curto/Médio prazo: reforma das unidades prisionais, com melhoria das condições sociais (labor prisional remunerado, assistência médica básica e educacional).
Médio/Longo prazo: INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO
· MEC: valor anual mínimo nacional por aluno é de R$ 2.091,37 (2018).
· CNJ: custo médio MENSAL de um preso é de R$ 2.400,00 (2018).
TEMA PARA REFLEXÃO
Barbárie do Século XVIII versus Barbárie do Século XXI
Michel Foucault, em Vigiar e Punir, cita a execução de Robert François Damiens, na França, em 02/03/1757, condenado pelo crime de Parricídio (tentou assassinar o Rei Luís XV, “o pai de todos os franceses”) que, antes de ser executado, teve que pedir perdão publicamente, foi supliciado com tenazes, enxofre e piche fervente, esquartejado por tração animal (seis cavalos) e desmembramento por faca; seus despojos foram queimados, negando-se-lhe o enterro cristão (suplício).
Compare a execução de Damiens com os “justiçamentos” cotidianos praticados por narcotraficantes nos “tribunais do tráfico, há mais de vinte anos e, mais recentemente, por “cidadãos de bem” nas ruas das cidades...
PENA & MEDIDA DE SEGURANÇA
Art. 32, CP. As penas são: 
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
Art. 96, CP. As medidas de segurança são:
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
DIFERENÇAS ENTRE PENA E MEDIDA DE SEGURANÇA
a) A pena tem caráter retributivo-preventivo; a medida de segurança, caráter preventivo.
b) O fundamento da aplicação da pena é a culpabilidade; na medida de segurança, é a periculosidade.
c) As penas são por tempo determinado (máximo de 40 anos); as medidas de segurança, indeterminado (findam quando cessar a periculosidade do agente).
d) As penas são aplicáveis aos imputáveis e aos semi-imputáveis; as medidas de segurança são aplicadas aos inimputáveis e, excepcionalmente, aos semi-imputáveis, quando estes necessitarem de especial tratamento curativo.
REGRAMENTO LEGAL DAS ESPÉCIES DE PENA
· Privativa de Liberdade: artigos 33/42, CP
· Restritiva de Direitos: artigos 43/48, CP
· Multa: artigos 49/52, CP
DOSIMETRIA DA PENA
Dosimetria é o cálculo, regrado pelos arts. 59 a 68, do Código Penal, que é feito pelo Juiz para definir a pena a ser imposta ao culpado.
Fixação da Pena
Artigo 59, CP. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I. as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II. a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;III. o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV. a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
SISTEMA TRIFÁSICO DE APLICAÇÃO DA PENA
1ª Fase: Pena Base (simples ou qualificada + circunstâncias judiciais)
2ª Fase: Pena Provisória (Pena Base + atenuantes e agravantes genéricas)
3ª Fase: Pena Definitiva (Pena Provisória + causas de aumento ou diminuição de Pena)
Circunstâncias Judiciais: são as circunstâncias previstas no caput do art. 59, CP, que o juiz avalia ao estabelecer, dentre a pena cominada em abstrato, a pena (base) a ser aplicada.
· Culpabilidade: é a reprovação social que o crime e o autor do fato merecem.
· Antecedentes: é a vida pregressa criminal do autor do fato, antes da prática do crime.
· Conduta Social: é o papel do réu na Sociedade.
· Personalidade do Agente: são as características pessoais do condenado.
· Motivos do Crime: é a motivação (o animus) do crime.
· Circunstâncias do Crime: são as condições de execução do crime.
· Consequências do Crime: são os efeitos do crime.
· Comportamento da Vítima: se, e como, a vítima concorreu para o crime
Circunstâncias Atenuantes:
São circunstâncias, previstas na lei (art. 65, CP), que minoram (atenuam) o cálculo da pena a ser aplicada, sendo apreciadas na 2ª fase, ou seja, incidentes sobre a Pena Base; são genéricas, porque aplicam-se a todos os crimes do ordenamento jurídico.
Art. 65, CP. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66, CP. A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
Circunstâncias Agravantes:
São circunstâncias, previstas na lei (art. 61, CP), que majoram o cálculo da pena a ser aplicada, sendo apreciadas na 2ª fase, ou seja, incidentes sobre a Pena Base; são genéricas, porque aplicam-se a todos os crimes do ordenamento jurídico.
Circunstâncias agravantes
Art. 61, CP. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62, CP. A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67, CP. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Causas de Aumento ou Diminuição de Pena:
São circunstâncias que majoram ou minoram, em fração (1/2, 1/3, 1/4, 1/5 e 1/6) o cálculo da pena a ser aplicada, sendo apreciadas na 3ª fase, ou seja, incidentes sobre a Pena Provisória, do que resulta a Pena Definitiva; são específicas, porque aplicam-se apenas à infração penal a que se encontram circunstanciadas.
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
A privação da liberdade é a mais severa das penas adotadas pelo ordenamento penal brasileiro, e consiste na constrição do direito de ir e vir do apenado, que é recolhido a um estabelecimento prisional, com a finalidade específica de, no futuro, reinserir o apenado na Sociedade e prevenir a reincidência.
A pena privativa de liberdade é gênero de três espécies: reclusão, detenção e prisão simples, previstas, respectivamente, no art. 33, CP, e no art. 6º da LCP.
RECLUSÃO, DETENÇÃO E PRISÃO SIMPLES
Reclusão e Detenção
Art. 33, CP. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
Prisão Simples: 
Art. 6º, DL 3.688/41 (LCP). A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. 
REGIMES FECHADO, SEMIABERTO E ABERTO
Art. 33, §1º, CP. Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
Art. 112, Lei 7.210/84 (LEP). A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I. 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II. 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III. 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV. 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
V. 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VI. 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII. 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado;
VIII. 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. 
REGRAS DOREGIME FECHADO
Art. 34, CP. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução.
§1º. O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno.
§2º. O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
§3º. O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. 
EXAME CRIMINOLÓGICO
Os condenados são classificados de acordo com seus antecedentes e personalidade, para fins de individualização da execução penal.
Art. 8º, LEP. O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.
REGRAS DO REGIME SEMI-ABERTO
Art. 35, CP. Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto.
§ 1º. O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§ 2º. O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
REGRAS DO REGIME ABERTO
Art. 36, CP. O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.
§ 1º. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
§ 2º. O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.
DIREITOS DO PRESO (vide art. 41, LEP)
Art. 38, CP. O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
LABOR PRISIONAL
Art. 39, CP. O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.
Art. 31, LEP. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento.
SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL
Art. 41, CP. O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado.
DETRAÇÃO PENAL
Art. 42, CP. Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.
REMIÇÃO PENAL
É o direito (e dever) do condenado de reduzir, pelo labor prisional ou pelo estudo, o tempo de duração da pena privativa de liberdade a que está condenado. Encontra previsão legal no art. 126 da LEP (Lei 7.210/1984)
Artigo 126, LEP. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
§ 1º. A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I. 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; 
II. 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
Também chamada de pena alternativa, é a sanção penal imposta em substituição à pena privativa de liberdade, consistente na supressão ou restrição de outros direitos que não o direito de locomoção do condenado; encontram previsão legal nos arts. 43 a 48 do Código Penal, e, ainda, em legislação especial (Código de Trânsito Brasileiro, Lei de Drogas, etc)
CÓDIGO PENAL
Penas Restritivas de Direitos
Art. 43, CP. As penas restritivas de direitos são:
I. prestação pecuniária;
II. perda de bens e valores;
III. limitação de fim de semana.
IV. prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V. interdição temporária de direitos;
VI. limitação de fim de semana.
LEI 9.503/97 (CTB)
Suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, prevista nos tipos penais incriminadores da referida lei.
LEI 11.343/2006 (LEI DE DROGAS)
Art. 28, Lei 11.343/2006. (...)
Penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§3º. As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
§4º. Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
§5º. A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
§6º. Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
CONDIÇÕES OBJETIVAS DE APLICAÇÃO DAS PRDtºs
Art. 44, CP. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I. aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II. o réu não for reincidente em crime doloso;
III. a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§1º (VETADO)
§2º. Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§3º. Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§4º. A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
§5º. Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
Art. 45, CP. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48.
§1º. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário-mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
§2º. No caso do parágrafo anterior, se houver aceitaçãodo beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.
§3º. A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas.
Art. 46, CP. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
§1º. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.
§2º. A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
§3º. As tarefas a que se refere o §1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
Interdição temporária de direitos
Art. 47, CP. As penas de interdição temporária de direitos são:
I. proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II. proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
III. suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
IV. proibição de frequentar determinados lugares.
V. proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. 
Limitação de fim de semana
Art. 48, CP. A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas
PENA DE MULTA
É o pagamento devido pelo condenado ao Fundo Penitenciário de determinada quantia, fixada na sentença condenatória, e calculada em dias-multa (1 salário mínimo nacional dividido por 30); será, em regra (Código Penal), de no mínimo 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa; encontra regramento geral nos arts. 49 a 52 do Código Penal. 
Multa
Art. 49, CP. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§1º. O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário-mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§2º. O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.
Pagamento da multa
Art. 50, CP. A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
§1º. A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§2º. O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família.
Conversão da Multa e revogação
Art. 51, CP. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
§1º - Revogado pela Lei nº 9.268/1996
§2º - Revogado pela Lei nº 9.268/1996
Suspensão da execução da multa
Art. 52, CP. É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
A suspensão condicional da pena – também denominada SURSIS – é a suspensão (por um período de dois a quatro anos) da execução da pena privativa de liberdade não superior a dois anos, de acordo com determinados requisitos (objetivos e subjetivos), cujo regramento está disposto nos artigos 77 a 82, CP.
Art. 77, CP. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
 I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.      
Ressalve-se que o SURSIS (suspensão condicional da pena privativa de liberdade) não se confunde com o SURSIS PROCESSUAL (suspensão condicional do processo), previsto no art. 89 da Lei 9.099/95.
Art. 89, Lei 9.099/95. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
Livramento (ou liberdade) condicional é um benefício que pode ser concedido ao condenado a uma pena igual ou superior a dois anos, autorizando o cumprimento da pena em liberdade, desde que respeitadas as condições e requisitos definidos em lei.
O livramento condicional é previsto e regulado pelos arts. 83 a 90, CP e arts. 131 a 146 da LEP.
Requisitos do livramento condicional
Art. 83, CP. O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e,
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Art. 131, LEP. O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o MinistérioPúblico e Conselho Penitenciário.
CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
A punibilidade (que não se confunde com a culpabilidade, um dos elementos do conceito analítico do crime) é a pretensão, nascida da prática de uma infração penal, de punir o autor dessa infração (ius puniendi).
A punibilidade possui dois momentos: a pretensão punitiva (a pretensão do Estado em obter uma condenação) e a pretensão executória (a execução da sentença condenatória, após o trânsito em julgado da condenação).
A punibilidade encontra limites, previstos nas causas de extinção da punibilidade, elencadas no art. 107, CP.
Extinção da punibilidade
Art. 107, CP. Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005);
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005);
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
MORTE DO AGENTE
É a morte, real ou ficta (presumida por ausência, nos termos do art. 7º, CC) do autor da infração penal.
ANISTIA, GRAÇA E INDULTO
São espécies de perdão, concedidos ao autor da infração penal; a anistia é um perdão vinculado à circunstâncias políticas (crimes políticos), concedido pelo Poder Legislativo, enquanto a graça (benefício individual) e o indulto (benefício coletivo) são perdões concedidos pelo Poder Executivo, vinculados à crimes comuns.
Art. 5º, CRFB-88 (...)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (...)
RETROATIVIDADE DE LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO
É o fenômeno conhecido como abolitio criminis, lei penal que descriminaliza conduta antes prevista em norma penal incriminadora e que, nos termos do art. 2º, caput, CP, resulta na extinção de todos os efeitos penais (até mesmo a reincidência), mantidos, entretanto, os efeitos extrapenais.
PRESCRIÇÃO
É a perda do direito de punir (jus puniendi) do Estado, por sua inércia no decurso do tempo estabelecido em lei, e possui duas espécies: prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória.
Prescrição da Pretensão Punitiva
Na prescrição da pretensão punitiva, o decurso do prazo previsto em lei (art. 109, CP, com termo inicial de contagem do prazo no art. 111, CP) ataca o direito de buscar a condenação do autor da infração penal, impedindo o Poder Judiciário de apreciar e julgar a lide, atingindo portanto, diretamente, o jus puniendi.
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
Art. 109, CP. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final
Art. 111, CP. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
Prescrição da Pretensão Executória
Na prescrição da pretensão executória, o decurso do prazo previsto em lei (art. 109, CP, com termo inicial de contagem do prazo no art. 112, CP) impede o Estado de iniciar ou dar continuidade à execução da pena imposta ao autor da infração penal, nos termos do art. 110, CP.
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória
Art. 110, CP. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.
§ 1º. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
§ 2º. (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
Art. 112, CP. No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
Circunstâncias incidentes sobre a Prescrição:
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional
Art. 113, CP. No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
Prescrição da multa
Art. 114, CP. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
Redução dos prazos de prescrição
Art. 115, CP. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
Causas impeditivas da prescrição
Art. 116, CP. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e, 
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Causas interruptivas da prescrição
Art. 117, CP. O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena
VI - pela reincidência.
§ 1º. Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.
§ 2º. Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
DECADÊNCIA
É a perda do direito de ação do Ofendido, causado por sua inércia no decurso do tempo, limitando o iuspersequendi nas ações penais públicas condicionadas a representação do ofendido e nas ações penais privadas.
Esse prazo decadencial é, em regra, de seis meses (art. 103, CP, e no art. 38, CPP), contados da seguinte forma: (a) da data em que o ofendido veio a saber quem é o autor do crime (ciência inequívoca da autoria), no caso de ação penal privada e ação penal pública condicionada à representação; e, (b) do dia em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia, nos demais casos.
Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 103, CP. Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
Art. 38, CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
PEREMPÇÃO
Ocorre a perempção quando o autor, por sua inércia, abandona a ação.
No processo penal, a perempção se diferencia porque não pode ocorrer em todas as ações penais, apenas nas ações penais privadas, do que resulta a extinção de punibilidade do autor do fato (o querelado).
As causas de perempção estão previstas no art. 60, CPP.
Art. 60, CPP. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA OU PERDÃO ACEITO, NAS AÇÕES PRIVADAS
A renúncia ao direito de queixa ou o perdão do ofendido, por consequência, obsta, respectivamente, a propositura ou o prosseguimento da ação penal privada.
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 104, CP. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
Perdão do ofendido
Art. 105, CP. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
Art. 106, CP. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
§ 1º. Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
§ 2º. Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.
RETRATAÇÃO DO AGENTE, NOS CASOS EM QUE A LEI A ADMITE
A retratação é o ato pelo qual o agente reconhece, perante a autoridade, o erro que cometeu, o que extingue sua punibilidade, nos crimes de calúnia ou difamação, nos termos da lei.
Retratação
Art. 143, CP. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
PERDÃO JUDICIAL
O perdão judicial é o perdão concedido pelo juiz, na sentença ou acórdão, após cumprido o devido processo legal (persecutio criminis), demandando expressa previsão legal, portanto, não se aplica a todas as infrações penais, somente àquelas que, expressamente, assim o prevejam.
Art. 121, CP. (...)
Homicídio culposo
§ 3º. Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Art. 129, CP. (...)
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
(...)
§ 8º. Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
TEORIA DA PENA	Página 1

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