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TEORIA GERAL DA PENA 1. CONCEITO DE PENA • É uma resposta estatal ao infrator da norma incriminadora (crime ou contravenção), consistente na privação ou restrição de determinados bens jurídicos do agente. • Sanção penal pena medida de segurança 2. FUNDAMENTOS DA PENA • Político estatal: sem a pena, o ordenamento jurídico deixaria de ser coativo. • Psicossocial: a pena satisfaz o anseio justiça da comunidade em que o crime ocorreu. • Ético-individual: permite ao próprio delinquente, liberar-se de algum sentimento de culpa. 3. FINALIDADE DA PENA • Escola clássica (Carrara): a pena surge como forma de prevenção de novos crimes, defesa da sociedade. • Escola positiva (Lombroso): a pena é indeterminada, adequando-se ao criminoso. • Terza Scuola Italiana (Carnevale): quer enxergar a pena como uma necessidade ética e deve a pena adequar-se ao criminoso. • Escola Penal Humanista (Lanza): a pena tem o objetivo de educar o culpado. Para essa escola, a pena tem uma finalidade de ressocialização. • Escola Técnico-Jurídica (Manzini): a pena surge como meio de defesa a perigosidade do agente. Tem caráter retributivo. • Escola Moderna Alemã (Von Liszt): a pena exerce uma função preventiva geral. Visa inibir a sociedade para não praticar a conduta que está sendo proibida, gerando uma intimidação. • Escola Correcionalista (Roeder): a pena tem caráter corretivo. Assim, a função da mesma é a correção da vontade do criminoso. • Escola da Nova Defesa Social (Gramática): a pena é uma reação da sociedade com o objetivo de proteção ao cidadão. • Em resumo, são três as principais correntes sobre as finalidades da pena: a) Corrente absolutista: a pena objetiva retribuir o mal causado. b) Corrente utilitarista: a pena atua como instrumento de prevenção. c) Corrente eclética ou teoria mista: a pena objetiva a retribuição e a prevenção, sendo esta a adotada pelo Código Penal Brasileiro ao teor do art. 59, senão vejamos. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime (...). PREVENÇÃO GERAL PREVENÇÃO ESPECIAL atua ANTES do crime. atua APÓS o crime. Visa a sociedade Visa o delinquente Positiva: a pena demonstra a vigência da lei. Positiva: ressocialização. Negativa: a pena como fator de intimidação Negativa: inibir a reincidência. • A pena é POLIFUNCIONAL (STF): 1. Momento da COMINAÇÃO da pena (em abstrato): possui PREVENÇÃO GERAL (visa a sociedade), positiva (demonstra a vigência da lei) e negativa (intimidação: evitar que os membros da sociedade). 2. Momento da APLICAÇÃO da pena (em concreto): possui PREVENÇÃO ESPECIAL (visa o delinquente) e RETRIBUIÇÃO. 3. Momento da EXECUÇÃO da pena: busca efetivar as disposições da sentença + prevenção especial positiva (ressocialização). 4. JUSTIÇA CONSENSUAL • Justiça conflitiva: crime + processo + julgamento + imposição de pena + execução da pena imposta. • Justiça consensual: reparadora/restaurativa (a preocupação maior é a reparação dos danos causados a vítima). 5. PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA • Princípio da legalidade • Princípio da pessoalidade/ personalidade/ intransmissibilidade da pena (Art. 5º, XLV, cf/88) • Princípio da individualização (Art. 5º, XLVI, CF/88) 1. Fase legislativa: na definição do crime e na cominação da pena. 2. Fase judicial: na imposição da pena. 3. Fase de execução: art. 5º da Lei de Execução Penal • Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. • Princípio da proporcionalidade - Evitar excesso - Evitar a insuficiência da intervenção do Estado • Princípio da inderrogabilidade/ inevitabilidade da pena - a pena, desde que presentes seus pressupostos, deve ser aplicada e fielmente cumprida. Exceções: transação penal, suspensão do processo, perdão judicial, sursis, livramento condicional. • Princípio da dignidade da pessoa humana 6. PENAS PROIBIDAS NO BRASIL a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; a) Pena de morte • Estudos realizados por pesquisadores da Emory Universtity de Atlanta indicam que nos Estados americanos onde esta modalidade de punição foi intensificada a criminalidade baixou de forma expressiva, sob a justificativa de que os criminosos passaram a evitar áreas nas quais podem ser condenados pela pena de morte. • Protocolo da CADH relativos à abolição da Pena de Morte, aprovado em Assunção no Paraguai, no dia 8 de junho de 1990, que contém em seu preambulo as razões pelas quais a pena de morte capital deve ser definitivamente banida. • Regra: Não admite pena de morte. • Exceção: guerra externa declarada. • A pena de morte, nos termos do art. 56 do CPM é executada por fuzilamento. • O art. 57, estabelece que a sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação. • Lei 7.565/86, art. 303, §2º (Lei do Abate) Art. 303. § 2° Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será classificada como hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caput deste artigo e após autorização do Presidente da República ou autoridade por ele delegada. • Lei 9.605/98, art. 28 Lei dos Crimes Ambientais – pena de morte da pessoa jurídica autora de crimes ambientais. Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. b) Penas de caráter perpétuo Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. - Inobstante o Brasil proibir penas de caráter perpétuo, o Estatuto de Roma admite, e o Brasil é signatário deste. • Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. c) Pena de trabalhos forçados • Essa pena proibida não se confunde, de modo algum, com o trabalho estabelecido na Lei de Execução Penal (Lei n° 7.210), que, embora seja obrigatório (art. 31) e constitua dever do preso (art. 38, V), não e pena, possui finalidade educativa e produtiva (art. 28), sendo, ainda, remunerado (art. 29) d) Pena de banimento: expulsão do nato ou naturalizado do nosso território. e) Pena de natureza cruel: veda-se a reprimenda indigna, cruel, desumana ou degradante. 7. PENAS ADMITIDAS NO BRASIL Art. 5º. XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; PRIVATIVAS DE LIBERDADE RESTRITIVAS DE DIREITOS PECUNIÁRIA RECLUSÃO DETENÇÃO PRISÃO SIMPLES Crimes mais graves Crimes menos graves Contravenções penais REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA - Fechado - Semiaberto - Aberto - Semiaberto - Aberto - Semiaberto - Aberto EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO Pode gerar incapacidade para o exercício do poder familiar (art. 92, II, CP) Não gera incapacidade para o exercício do poder familiar Não sofre efeito extrapenal INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA admite Não admite Não admite • LEI 11.343/06 Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo (2019 INSTITUTO ACESSO PC/ES DELEGADO) A ideia de punição é assunto base para a construção de um sistema penal democrático. Não é à toa que, no decorrer da história, pesquisadores, juristas, doutrinadores, bem como a jurisprudência, trataram das tentativas de justificação dos fins que se pretende alcançar com a aplicação das penas em âmbito do Direto Penal. Em observância ao Código Penal de 1940, marque a afirmativa correta em relação aos fins atribuídos à pena, no caso brasileiro. a) De acordo com a ideia de prevenção geral que foi construída em reação ao caso brasileiro, tal justificativa é a adotada para aplicação da pena no Brasil. b) De acordo com o desenvolvimento de bases estatísticas para o direito penal, chegamos ao entendimento de aplicação da teoria utilitarista unificada, que incorpora o modelo da civil law e common law. c) O Código Penal de 1940, em junção com a jurisprudência, adotou como única justificação a retribuição, tendo a pena como fim em si mesma. d) O Código Penal de 1940 adotou a teoria mista, unificada ou eclética, que reflete na unificação das ideias de retribuição e prevenção como finalidade para aplicação das penas. e) De acordo com a legislação penal, a ressocialização do preso mediante o cumprimento da pena é o único fim determinado legalmente para a pena. ( 2019 CESPE TJDFT TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E REGISTROS) Segundo a teoria relativa especial negativa, a) a pena, além de infundir na consciência geral a necessidade de respeito a determinados valores, exercita a fidelidade ao direito e promove a integração social. b) a reprimenda penal tem a finalidade de ressocializar o apenado e atender a uma função social. c) a pena deve punir o infrator, por meio de vingança do mal causado; essa teoria não é admitida pelo ordenamento jurídico pátrio. d) a pena possui um viés retributivo do mal praticado, e não uma função preventiva da reprimenda. e) a pena tem finalidade social, com aplicação de medidas restritivas de direitos do apenado, de forma a neutralizá-lo. (2019 CESPE TJDFT TITULAR DE NOTAS E REGISTROS) As teorias da pena buscam explicar a finalidade a ser alcançada por meio das sanções penais. Acerca dessas teorias, assinale a opção correta. a) a teoria da prevenção especial negativa dispõe que a pena tem viés retributivo-preventivo, com vistas a combater a prática de crimes. b) Segundo a teoria absoluta, a pena tem a finalidade de prevenir o delito, por meio de medidas aflitivas e ressocializadoras, de modo a evitar o cometimento de novos crimes. c) a teoria unitária da pena define que a finalidade da pena é castigar o indivíduo infrator, desprezando-se sua reintegração à sociedade. d) na teoria conciliadora, a pena tem viés vingativo e visa restringir direitos do apenado como forma de retribuir o mal injusto praticado, promovendo a pacificação social. e) de acordo com a teoria da prevenção geral positiva, a finalidade da pena é levar à comunidade os valores das normas e dos bens jurídicos tutelados pela lei penal. (2019 INSTITUTO AOCP PC/ES ESCRIVÃO) Em relação às espécies de penas aplicadas pelo Direito Penal, tem-se a) privativa de liberdades; restritivas de direitos e de multa. b) privativa de liberdades e de multa. c) privativa de liberdade; restritiva de direitos; cesta básica e de multa. d) privativa de liberdade; trabalho forçado e de cesta básica e) privativa de liberdade e restritivas de direito. (2019 NC-IFPR TJPR TITULAR DE NOTAS E REGISTROS) O Código Penal estabeleceu no artigo 59 diversos critérios para a fixação da pena, tais como culpabilidade, antecedentes, motivos, circunstâncias e consequências do crime. O referido texto legal também deixou claro que adotou uma posição oficial com relação ao fundamento da pena. Quanto ao fundamento da pena adotado no Código Penal, adota-se a teoria: a) retributiva como fim da pena. b) eclética ou mista. c) da prevenção especial negativa. d) da prevenção especial positiva. e) da prevenção geral positiva. 8. FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE • CP Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. • CP Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. • Em síntese: ➢ 1º o juiz calcula a pena privativa, trabalhando com o sistema trifásico. ➢ 2º fixa o regime inicial para cumprimento de penal. ➢ 3º analisa a possibilidade de substituição da pena privativa por restritiva de direito por multa; cabimento do sursis. ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS: a) Culpabilidade do Agente - juízo de reprovabilidade, como o juízo de censura que recai sobre o responsável por um crime ou contravenção penal, no intuito de desempenhar o papel de pressuposto de aplicação da pena. MASSON b) Antecedentes do Agente - Representa a vida pregressa do agente. Vida “anteacta”. - Gera maus antecedentes as condenações definitivas que não são capazes de gerar reincidência. • CP Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação. c) Conduta social: atividades relativas ao trabalho, seu relacionamento familiar e social e qualquer outra forma de comportamento dentro da sociedade. d) Personalidade do agente: retrato psíquico do delinquente e) Motivos do crime: maior ou menor aceitação ética da motivação. f) Circunstâncias e consequências do crime: circunstâncias que dizem respeito a duração do tempo do delito, local do crime. As consequências dizem respeito a extensão do dano, desde que não constituam circunstâncias legais. g) Comportamento da vítima: não há compensação de culpas. Se a vítima contribuir aplica-se a atenuante do art. 65, III, c, CP. • Assim como nas circunstancias judiciais, o legislador não estipulou o “quantum” para as agravantes e atenuantes. Desse modo, fica a critério do juiz, que deve sempre fundamentar a decisão. 1ª Situação: existência apenas agravantes. O magistrado tomará a pena-base e irá agravá-la. Exemplo: Pena-base em 2 anos + 1/6 da agravante, chegando em 4 anos, a pena provisória. 2ª Situação: existência de apenas circunstancias atenuantes. Nesse contexto, a pena-base deverá ser atenuada. Pena-base em 2 anos – 1/6, a pena provisória chegará a 1 ano e 8 meses. 3ª Situação: ausentes atenuantes e agravantes. A pena-base será confirmada na segunda fase (pena provisória/intermediária). Era 2 anos e permanece em 2 anos. 4ª Situação: há concurso de circunstancias de agravantes e atenuantes aplicar-se-á o disposto no art. 67 do Código Penal. - CP: Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. • A jurisprudência entende como circunstância preponderante: 1. Atenuantes da menoridade e da senilidade; 2. Agravante da reincidência; 3. Atenuantes e agravantes subjetivas; 4. Atenuantes e agravantes objetivas. AGRAVANTES E ATENUANTES CAUSAS DE AUMENTO E DE DIMINUIÇÃO São consideradas na 2ª fase do cálculo da pena São consideradas na 3ª fase do cálculo da pena. O seu quantum não tem previsão legal O seu quantum possui previsão legal. O juiz está adstrito aos limites mínimos e máximo da pena em abstrato. O juiz não está adstrito aos limites mínimos e máximos do preceito secundário. • Havendo uma só causa de aumento ou de diminuição: o juiz, com base no “quantum” previsto em lei deve aumentar ou diminuir a pena. • É, todavia, possível o concursos de causas de aumento/e ou diminuição. a) Concurso homogêneo: quando há pluralidade de causa de aumento ou pluralidade de causa de diminuição. b) Concurso heterogêneo: quando há uma causa de aumento concorrendo com uma causa de diminuição. 9. FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi- aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. § 1º - Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi- aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. § 4º - O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. O JUIZ, NA FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL, DEVE OBSERVAR: 1º - espécie de pena (reclusão ou detenção). • E se o apenado a pena inferior a 4 anos for reincidente? Sendo reincidente, não cabe regime aberto. Deve iniciar no fechado ou semi-aberto. Súmula 269 do STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi- aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstancias judiciais. Súmula 718 STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Súmula 719 STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. Súmula 440, STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. • Em sequência, no tocante a detenção, admite regime inicial de cumprimento de pena semiaberto ou aberto. • Atenção: Detenção não admitir regime inicial fechado não significa que o seu cumprimento não possa ocorrer no regime mais severo (sendo perfeitamente possível por meio de regressão). • Art. 56 do Estatuto do Índio Art. 56. No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada e na sua aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola. Parágrafo único. As penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, em regime especial de semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência aos índios mais próximos da habitação do condenado. 10. PENAS E MEDIDAS ALTERNATIVAS • Uma vez fixada a pena privativa de liberdade e determinado o regime prisional para o seu inicial cumprimento, deve o juiz verificar a possibilidade de SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO por PENAS ALTERNATIVAS ou modificar sua execução. • Penas alternativas: penas restritivas de direitos e multa. • Modificar sua execução: sursis e livramento condicional. RESTRITIVAS DE DIREITO E MULTA SURSIS E LIVRAMENTO CONDICIONAL Espécies de penas alternativas Espécies de medidas alternativas Substituem a pena privativa de liberdade de curta duração, restringindo direitos do condenado. Mantém a pena privativa de liberdade, mas modifica a sua execução, mediante condições. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO E MULTA • As restritivas de direitos, espécies de pena alternativa, seguindo a tendência do Direito Penal Moderno, buscam eliminar a pena privativa de liberdade de curta duração, por não atender satisfatoriamente às finalidades da sanção penal (ênfase de política criminal). ➢ A substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos é faculdade do juiz ou direito subjetivo do réu? De acordo com a maioria, a pena alternativa deve ser compreendida como direito público subjetivo do réu, ou seja, presentes as exigências legais, o juiz deve substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direito. ESPÉCIES DE PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS As penas restritivas de direito poderão ser de duas espécies, reais ou pessoais. As de natureza real recai sobre o patrimônio do condenado e, consiste em prestação pecuniária e perda de bens e valores. Por outro lado, as restritivas de direito de natureza pessoal recai sobre a pessoa do condenado e são elas: prestação de serviços a comunidade, interdição temporária de direitos e limitação do fim de semana. • As leis extravagantes também poder conferir um tratamento sobre as penas restritivas de direito. Nesse sentido, temos que nada impede que leis extravagantes criem penas restritivas especiais. a) Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/03) – art. 41-B, §2º: § 2º Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de reclusão em pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela prática de condutas previstas neste artigo. b) Crimes Ambientais (Art. 8º): Art. 8º As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar. c) Lei de Drogas (art. 28, Lei 11.343/2006) Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. • INOVAÇÃO LEGISLATIVA A Lei nº 13.281/16 inseriu no Código de Trânsito Brasileiro o art. 312-A – em vigor a partir de 06 de novembro de 2016 – que dispõe sobre a pena restritiva de direitos aos condenados pelos crimes tipificados nos arts. 302 312 daquele Código. De acordo com o novo dispositivo, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas deve consistir em: I – trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; II – trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados; III – trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito; IV – outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito. Nesse sentido, uma vez procedendo com a substituição da pena restritiva de direito no âmbito dos crimes tipificados ao teor dos arts. 302 a 312 do CTB, a novel legislativa impõe que seja aplicada uma das restritivas de direito ali delineadas, especificadamente. REQUISITOS PARA A CONVERSÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE EM RESTRITIVAS DE DIREITO Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO DA PENA NOS CRIMES DOLOSOS: 1. Pena aplicada não seja superior a 4 anos; (no Código Penal, na legislação extravagante pode encontrar prazo distinto – por exemplo: lei dos crimes ambientais prevê que deve ser INFERIOR a 4 anos). 2. Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa. 3. Não ser o condenado reincidente em crime doloso. SUBSTITUIÇÃO NOS CRIMES CULPOSOS • O art. 44 do CP, prevê que nos crimes culposos, a substituição é possível qualquer que seja a pena (ou seja, não precisa observar o parâmetro legal de não ser superior a 4 anos) e o tipo do crime. ➢ O autor de crime preterdoloso deve preencher os requisitos do crime doloso ou culposo? O crime preterdoloso = é crime doloso qualificado ou agravado pelo resultado culposo. • O STJ, já vem decidindo no sentido de que o crime preterdoloso deve seguir o rol de requisitos do crime doloso. REGRAS PARA A SUBSTITUIÇÃO PENA = OU – DE 1 ANO PENA + DE 1 ANO Pena + de 1 ano Substitui a pena privativa de liberdade por restritiva de direito OU multa. Substitui a pena privativa de liberdade por restritiva de direito mais multa ou DUAS penas restritivas de direitos. CONVERSÃO • Descumprimento injustificado da restrição imposta (Art. 44, § 4º CP) • Condenação a pena privativa de liberdade por outro crime (Art. 44 § 5º, CP) • Existem outras hipóteses de conversão, por exemplo, conversão na LEP (art. 181 – Lei nº 7.210) Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal. § 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado: a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital; b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço; c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto; d) praticar falta grave; e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa. 11. MULTA • Multa é uma espécie de pena, por meio da qual o condenado fica obrigado a pagar uma quantia em dinheiro que será revertida em favor do Fundo Penitenciário. • Segundo SANCHES, a pena de multa é espécie de pena alternativa à prisão, cominada no preceito secundário ao tipo incriminador ou substitutiva da prisão (art. 44, CP), a pena de multa é espécie de sanção penal patrimonial, consistente na obrigação imposta ao sentenciado de pagar ao fundo penitenciário determinado valor em dinheiro. APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA • O Cp adota o sistema de dias-multa, baseado, principalmente, na capacidade econômica do sentenciado. • Cumpre destacar que, legislação extravagante pode anunciar outros sistemas, por exemplo, a lei de licitações e lei de locações. • Lei nº 8.666/93 – art. 99. A lei de licitações trabalha multa de acordo com índices percentuais dos contratos. Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente. § 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação. § 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal. • Lei nº 8.245/91 – art. 43. A lei de locações trabalha o valor da multa com base o valor do aluguel. Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário: I - exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou valor além do aluguel e encargos permitidos; II - exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma modalidade de garantia num mesmo contrato de locação; III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da locação para temporada. APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA • Em um primeiro momento, o juiz deve fixar a QUANTIDADE DE DIAS- MULTA Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias- multa. • Mínimo: 10 dias-multa • Máximo: 360 dias-multa ➢ Qual o critério utilizado pelo magistrado na fixação da quantidade de dia-multa? 1ª C: o juiz deve observar o art. 68 do Código Penal (majoritária) 2ª C: o juiz deve analisar a capacidade financeira do sentenciado. 3ª C: o juiz deve observar, nesta etapa, apenas o art. 59 do Código Pena. • Em sequência, depois calculada a quantidade de dias-multa, o juiz decide o VALOR DE CADA DIA-MULTA Art. 49. § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. • Mínimo: 1/30 salário mínimo. • Máximo: 5 salários mínimos (podendo ser triplicado, nesse sentido, o §1º do art. 60 do CP), vejamos: Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. COMPETÊNCIA PARA COBRANÇA DA PENA DE MULTA REDAÇÃO ANTES DA LEI 13.964/19 (PACOTE ANTICRIME) REDAÇÃO DEPOIS DA LEI 13.964/19 (PACOTE ANTICRIME) Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando- se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA • Aplicação das causas suspensivas e interruptivas da prescrição previstas na lei de execução fiscal, porém o prazo da prescrição será o previsto no código penal (art. 114). Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. 12. SURSIS • Segundo SANCHES, o “sursis” é instituto de política criminal que suspende, por um tempo certo (período de prova), a execução da pena privativa, ficando o sentenciado em liberdade sob determinadas condições. • Encontra previsão legal nos arts. 77 a 82 do CP, assim como nos arts. 156 a 163 da LEP. SISTEMAS DO SURSIS • Há três sistemas que fundamentam o sursis, a saber: Sistema Franco Belga: adotado pelo Brasil, nele, o réu é processado, sua culpa é reconhecida, existe condenação, porém suspende-se a execução da pena. Sistema Anglo Americano: o réu é processado, sua culpa igualmente é reconhecida, porém, suspende-se o processo evitando a imposição de pena. Não encontra previsão em nosso ordenamento jurídico. Sistema “Probation of first offenders”: o réu é processado, porém suspende-se o processo sem que seja reconhecida sua culpa. É adotado no âmbito da Lei nº 9.099/95 (art. 89). ESPÉCIES DE SURSIS • Sursis Simples ✓ Previsão legal: art. 77 e 78, §1º do CP; ✓ Pressuposto: pena imposta não superior a 2 anos; ✓ Período de prova: 2 a 4 anos. ✓ Ficará sujeito a prestação de serviços à comunidade e limitação do final de semana (no 1º ano). ✓ Requisitos: condenado não reincidente em crime doloso; circunstancias judiciais favoráveis e não indicada ou cabível pena restritiva de direito, possuindo o sursis caráter subsidiário. • Sursis especial ✓ Previsão legal: art. 77 e 78, §2º do CP; ✓ Pressuposto: pena imposta não superior a 2 anos; ✓ Período de prova: 2 a 4 anos. ✓ Deverá reparar o dano ou comprovar a impossibilidade de fazê- lo. ✓ Ficará sujeito a proibição de frequentar determinados lugares, proibição de ausentar-se da comarca e comparecimento mensal em juízo. ✓ Requisitos: condenado não reincidente em crime doloso; circunstancias judiciais favoráveis e não indicada ou cabível pena restritiva de direito, possuindo o sursis caráter subsidiário. • Sursis Etário ✓ Previsão legal: art. 77, § 2º, 1ª parte do CP; ✓ Pressuposto: pena imposta não superior a 4 anos; ✓ Período de prova: 4 a 6 anos; ✓ Condenado maior de 70 anos (não importando sua saúde); ✓ Se não reparou o dano fica sujeito as condições do sursis simples. Por outro lado, se reparou o dano, fica sujeito as condições do sursis especial. ✓ Requisitos: condenado não reincidente em crime doloso; circunstancias judiciais favoráveis e não indicada ou cabível pena restritiva de direito, possuindo o sursis caráter subsidiário. • Sursis humanitário ✓ Previsão legal: art. 77, §2º, 2ª parte do CP; ✓ Pressuposto: pena imposta não superior a 4 anos; ✓ Período de prova: 4 a 6 anos; ✓ Condenado doente (não importando sua idade); ✓ Se não reparou o dano fica sujeito as condições do sursis simples. Por outro lado, se reparou o dano, fica sujeito as condições do sursis especial. ✓ Requisitos: i. condenado não reincidente em crime doloso; circunstancias judiciais favoráveis e não indicada ou cabível pena restritiva de direito, possuindo o sursis caráter subsidiário. REVOGAÇÃO DO SURSIS • A revogação do sursis pode ser obrigatória ou facultativa. • REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA: art. 81 do Código Penal Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. • REVOGAÇÃO FACULTATIVA: art. 81, §1º do Código Penal. Art. 81. § 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. PRORROGAÇÃO DO SURSIS • Nos termos do §2º do art. 81 do Código Penal, “se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo”. • Conclusões: ➢ Trata-se de prorrogação automática. ➢ A simples instauração de inquérito policial não acarreta a prorrogação do prazo. ➢ A prorrogação é possível, em se tratando de processo que apura crime ou contravenção.