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MODULO II
 
I - Direito Processual
 
 A atividade legislativa estabelece normas que segundo a consciência dominante, deve reger
as mais variadas relações, dizendo o que é lícito e o que é ilícito, atribuindo poderes,
faculdades e obrigações.
A Constituição Federal reservou, privativamente, para a União a competência para legislar
sobre matéria processual. Eis o teor do artigo 22, I:
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial
e do trabalho;”
Contudo, a própria CF traz a possibilidade dos Estados e do Distrito Federal legislar
concorrentemente com a União a respeito de procedimentos em matéria processual quando:
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
XI - procedimentos em matéria processual;
[...]
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual,
no que lhe for contrário.”
 
 De forma simplista, podemos dizer que o legislador estabelece normas de direito material e
de direito processual.
 As normas de direito material tratam de normas de conduta, com as quais o Estado
proporciona o controle do comportamento social, ou seja, cria conjunto de normas que
disciplinam as relações jurídicas referentes aos bens e utilidades da vida. O Código Civil é um
exemplo de norma de direito material.
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As normas de direito processual, por sua vez, formam um sistema de princípios e normas
legais que regulam o processo, disciplinando a atividade dos sujeitos da relação processual,
dos órgãos jurisdicionais e de seus auxiliares.
 Também convém mencionar que o novo CPC sofreu grande influência do direito
constitucional.
 
II - Conceito
 
Processo é o conjunto de atos coordenados visando à composição da lide.
Lide é o conflito de interesses qualificado pela pretensão de um interessado a que se opõe
outro interessado.
 O direito processual é ramo do direito público, e consiste no conjunto de princípios e normas
legais regulamentadoras do exercício da função jurisdicional. Tem suas características ditadas
pelo direito constitucional. As normas de direito processual fixam a estrutura dos órgãos
jurisdicionais, que garantem a distribuição da justiça com a aplicação do direito objetivo.
 A atividade jurisdicional busca a realização prática daquelas normas em caso de conflitos de
pessoas, declarando qual é o preceito pertinente ao caso concreto e desenvolvendo medidas
para que esse preceito seja efetivado.
Assim, em outras palavras, podemos definir o direito processual como sendo um conjunto de
princípios e normas jurídicas que normatizam e organizam a atividade jurisdicional, bem como
disciplinam a solução das lides por meio do exercício da jurisdição.
O processo civil tem caráter instrumental, e concretiza a efetividade das leis materiais. 
O direito processual é, assim, do ponto de vista de sua função puramente jurídica, um
instrumento a serviço do direito material.
 
III - Autonomia
 
Muito embora o direito processual sirva de instrumento para que o Estado exercite o Poder
Jurisdicional, ele é autônomo em relação ao direito material.
Isto porque o processo se distingue do direito material. Este regula as relações entre as
pessoas, enquanto aquele é instrumento para composição da lide.
O direito material (ou substantivo) se faz valer através do processo. Nesse sentido, o direito
processual é autônomo do direito material, e não apenas um complemento deste.
Assim, o direito processual é formado por leis e princípios próprios que se distinguem
perfeitamente das leis e princípios do direito material.
 
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IV - Denominação
 
Ao longo da história diversos nomes foram atribuídos ao direito processual.
No século XI falava-se em “práticas”, o que demonstra que o entendimento era limitado ao
aspecto pragmático da solução do conflito, sem qualquer análise ou preocupação científica
com o tema.
Mais adiante se tratou do direito processual como sendo “direito judiciário”, focando apenas
na figura do juiz, deixando de lado os demais sujeitos envolvidos no processo e também todos
os demais temas relevantes.
Finalmente, no século XIX, surge a nomenclatura direito processual, que hoje é a dominante.
 Assim hoje em dia podemos indicar que o direito processual é o ramo que estuda o conjunto
de normas e princípios que regulam a função jurisdicional do Estado em todos os seus
aspectos (procedimentos + sujeitos).
 
V – Divisão
 
A divisão do direito processual se dá baseada na natureza da lide, que desencadeará a
atividade jurisdicional.
A principal divisão do direito processual se dá em dois grandes ramos: Direito Processual Civil
e Direito Processual Penal.
O Direito Processual Civil regula as lides de natureza não penal. Na maior parte são lides de
direito privado (direito civil e comercial) e direito público (direito constitucional, administrativo,
tributário).
O Direito Processual Penal regula o exercício da jurisdição penal em face de lides penais (em
que há pretensão punitiva).
Ainda, a fim de melhor organizar a prestação da atividade jurisdicional, tem-se a jurisdição
especial, com destaque para o Direito Processual do Trabalho, e Direito Processual Eleitoral,
e, ainda, o Direito Processual Penal Militar.
Cada uma destas divisões atua como suporte para as demandas que tenham como causa
subjacente matérias civil, penal, trabalhista, eleitoral e militar.
 
VI - Relações com outras disciplinas jurídicas
 
Muito embora o direito processual seja um ramo autônomo do Direito, devemos entender que
ele não se apresenta de forma isolada.
Íntima é a sua ligação com outros ramos do direito como, por exemplo: 
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Direito Constitucional - os princípios processuais mais importantes se encontram na
Constituição Federal. Além disso, também encontramos na CF os direitos e garantias
fundamentais, a organização e competência dos órgãos do Poder Judiciário, etc.
Com uma leitura da exposição de motivos da nova lei processual civil verificamos a nítida
constitucionalização do direito processual:
“Um sistema processual civil que não proporcione à sociedade o reconhecimento e a
realização dos direitos, ameaçados ou violados, que têm cada um dos jurisdicionados, não se
harmoniza com as garantias constitucionais de um Estado Democrático de Direito.
 Sendo ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento jurídico passa a carecer de real
efetividade. De fato, as normas de direito material se transformam em pura ilusão, sem a
garantia de sua correlata realização, no mundo empírico, por meio do processo.
 [...]
Há mudanças necessárias, porque reclamadas pela comunidade jurídica, e correspondentes
a queixas recorrentes dos jurisdicionados e dos operadores do Direito, ouvidas em todo país.
Na elaboração deste Anteprojeto de Código de Processo Civil, essa foi uma das linhas
principais de trabalho: resolver problemas. Deixar de ver o processo como teoria
descomprometida de sua natureza fundamental de método de resolução de conflitos, por
meio do qual se realizam valores constitucionais.
 [...]
A coerência substancial há de ser vistacomo objetivo fundamental, todavia, e mantida em
termos absolutos, no que tange à Constituição Federal da República. Afinal, é na lei ordinária
e em outras normas de escalão inferior que se explicita a promessa de realização dos valores
encampados pelos princípios constitucionais.
 [...]
Com evidente redução da complexidade inerente ao processo de criação de um novo Código
de Processo Civil, poder-se-ia dizer que os trabalhos da Comissão se orientaram
precipuamente por cinco objetivos: 1) estabelecer expressa e implicitamente verdadeira
sintonia fina com a Constituição Federal;”
 
 Assim, podemos identificar inúmeros dispositivos legais na Constituição Federal que estão
relacionados com o Direito Processual, dos quais destacamos os que seguem:
“Art. 5º
[...]
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
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[...]
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem;
[...]
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
[...]
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”
 
Direito Penal – levando em consideração vários fatos penais relevantes, acaba por nos
remeter ao citado ramo do direito, para que sejam retirados os conceitos necessários à
compreensão dos institutos positivados no âmbito do direito processual civil, como por
exemplo, falso testemunho, falsa perícia, coação no curso do processo, etc.
Direito Administrativo – relaciona-se com o processo civil em relação às normas relativas aos
auxiliares da justiça, bem como à organização judiciária. Exemplo: licitação, concursos, etc.
Direito Empresarial – o direito empresarial trata dos títulos executivos extrajudiciais, que
podem ser executados em caso de inadimplemento de acordo com o CPC.
Direito Civil – o direito material trata de vários temas de relevante importância como, por
exemplo: capacidade das pessoas, provas, prescrição, decadência, etc.
 
VII - Objetivo
O direito processual civil tem por finalidade regular a atividade Estatal no sentido de se buscar
a composição das lides, a fim de aplicar o direito ao caso concreto.
Essa visão implica numa postura publicística do processo, em que a jurisdição seria o
instrumento utilizado para que o Estado alcance um dos fins que lhe são próprios, a
pacificação social.
Assim podemos dizer que a pacificação é o escopo maior da jurisdição e, por consequência,
de todo o sistema processual.
 Com efeito, todo o sistema processual estaria voltado para a consecução deste objetivo, que
é próprio da jurisdição, que corresponde ao Poder Estatal de resolver os conflitos sociais.
 A doutrina moderna aponta ainda outros objetivos do processo, como por exemplo: a
educação para o exercício de direitos; a preservação da liberdade; o respeito pelo
ordenamento jurídico; a atuação da vontade concreta do direito, etc.
 
 
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