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NUTRIGENOMICA DNA: Molécula que codifica as instruções (informações genéticas) utilizadas no desenvolvimento e no funciona mento de todos os organismos vivos e de muitos vírus. A maior parte das moléculas de DNA consiste em duas fitas de polímeros de unidades básicas (nucleotídeos), enrola das e ligadas entre si por pontes de hidrogênio. Nucleotídeos: são moléculas complexas formadas pela união de outras três moléculas: um grupo fosfato, uma pentose e bases nitrogenadas. Várias moléculas de nucleotídeos unidas formam os ácidos nucleicos, que darão origem ao material genético de cada indivíduo, o DNA e o RNA. Entre as principais funções dos nucleotídeos estão: armazenar e transmitir informação genética, repassar mensagens químicas, transferir energia na forma de ATP. Um nucleotídeo é formado por moléculas diferentes no DNA e no RNA. No DNA: -Pentose: desoxirribose, um açúcar de 5 carbonos, e a base nitrogenada: adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T). Grupo fosfato: derivado do ácido fosfórico (HPO4). Alelos: formas alternativas de um gene que ocupa o mesmo lócus gênico Códon: sequência de 3 nucleotídeos que codifica para um aminoácido No RNA: - Pentose: ribose, um açúcar de 5 carbonos, a base nitrogenada: adenina (A), guanina (G), citosina (C) e uracila (U), e o grupo fosfato: derivado do ácido fosfórico (HPO4). ácidos nucleicos: podem ser como um sistema de informática dentro de uma célula, pois é ele que guarda as inúmeras informações do indivíduo. Eles são formados por várias moléculas de nucleotídeos unidas, e são de dois tipos: o DNA e o RNA. Essas duas moléculas são únicas em cada ser vivo, mesmo que eles sejam da mesma espécie. Os ácidos nucleicos são unidos por ligações fosfodiéster entre o fosfato de um nucleotídeo e a pentose do outro. Essas ligações ocorrem entre a hidroxila (OH) do carbono 5 do fosfato e da hidroxila do carbono 3 da pentose. Juntos, o DNA e o RNA controlam ordenadamente a síntese de proteínas. DNA é a sequência que cada aminoácido ocupará em uma proteína está arquivada no sistema central de informações do indivíduo, o DNA. O DNA é o ácido desoxirribonucleico, uma longa molécula com duplo filamento, que é enrolada em formato de hélice. Ele é o responsável por armazenar todas as informações genéticas do indivíduo. O DNA fica armazenado no núcleo da célula, e a síntese proteica ocorre nos ribossomos que estão no citoplasma. RNA: é formado pelo ácido ribonucleico e possui apenas um filamento em cada molécula. Essa é a molécula responsável por copiar a informação contida no DNA e transportá-la até o citoplasma, onde as proteínas serão produzidas. Gene: É um segmento do DNA com localização cromossômica específica (locus) que representa a unidade molecular da hereditariedade dos organismos. Também denominado cistron, um gene tem como função primária codificar uma cadeia polipeptídica, mas pode também codificar sequências funcionais que são transcritas em diferentes tipos de RNA que não traduzem proteínas. Uma variante de sequência de DNA similar localizada em um locus específico é denominada alelo. Genótipo: Constituição genética do indivíduo, representado por 2 genes alelos. Genótipo desfavorável: composição genética expressa de forma negativa Genótipo favorável: composição genética expressa de forma positiva. Tradução: é o processo pelo qual os ribossomos sintetizam proteínas a partir do molde de RNAm. Éxon: é qualquer segmento de um gene que é representado no RNAm maduro. Íntron: é um segmento que é transcrito em RNA primário, mas que é removido para a formação do RNAm maduro. Cerca de 97% dos genes humanos possuem íntrons, e apenas 3% apresentam sequência de DNA idêntica ao transcrito maduro (isto é, são genes sem íntrons). De forma contrária, a maioria dos genes de procariotos não possui íntrons. A montante do sítio de iniciação da transcrição existem diferentes combinações de sequências específicas do DNA, cada uma reconhecida por sua proteína correspondente de ligação ao DNA. Essas proteínas são denominadas fatores de transcrição. Cada combinação de sequência de DNA e fator de transcrição cognato constitui um módulo de controle. A essência da regulação transcricional de eucariotos é usar diferentes combinações de muitos módulos de controle para a regulação da expressão de cada gene. Genoma: é a sequência completa de DNA (ácido desoxirribonucleico) de um organismo, ou seja, o conjunto de todos os genes de um ser vivo. Conhecer os genes de uma espécie pode trazer informações valiosas sobre um ser vivo, os processos normais que nele ocorrem e até mesmo os genes que podem desencadear doenças. No caso de seres humanos, testes genéticos que analisam o genoma de um indivíduo podem fornecer informações sobre doenças que ainda não se manifestaram e os possíveis riscos de desenvolvimento da enfermidade. Desse modo, conhecer os genes ajuda no diagnóstico e na identificação da predisposição genética para certos problemas. Cromossomos: são filamentos de cromatina espiralados, presentes no núcleo de todas as células. A cromatina é um complexo formado primariamente por DNA, RNA e histonas, com capacidade de enove lamento e, por isso, permite que o DNA seja compactado de forma adequada ao volume celular. Entretanto, o grau de compactação do DNA não é homogêneo e duas for, mas com estrutura e função distintas podem ser observa nos genomas de eucariotos: Eucromatina: compreende as regiões menos compactadas da cromatina, tem coloração menos intensa. eucromatina é a porção mais ativa do genoma. Sua estrutura desdobrada permite que os fatores de transcrição e a RNA polimerase se liguem ao DNA e iniciem a transcrição. Heterocromatina: compreende as regiões altamente compactadas, tem coloração mais acentuada, indicando compactação do material genético. Essas duas formas foram originalmente identificadas em análises citológicas. A função dos cromossomos é controlar as funções das células. Além disso, eles carregam as informações genéticas de um indivíduo, através dos genes. Estrutura do cromossomos: Telômeros: Extremidades finais dos cromossomos que o protegem da degradação. garante estabilidade cromossômica e sabe-se que uma nutrição inadequada promove o seu encurtamento. Cromossomos homólogos: são aqueles que fazem par com outros cromossomos. Eles são iguais em tamanho, têm o centrômero posicionado no mesmo lugar e a mesma posição de genes, ou seja, são muito parecidos em termos genéticos. Os cromossomos homólogos estão presentes nas células diploides (2n). O seu emparelhamento acontece na meiose, o processo de divisão celular que forma células sexuais. Cromossomos não homólogos ou heterólogos: são aqueles que fazem par com outros cromossomos, mas os genes não se encontram na mesma posição, o que faz com que não sejam geneticamente iguais. Também presentes nas células diploides (2n), eles são considerados cromossomos parcialmente homólogos e têm origem na divisão celular da mitose, a que acontece na grande parte das células. Cromossomos homólogos e genes alelos: Genes alelos, também chamados de alelomorfos, e cromossomos homólogos são coisas diferentes, mas que se relacionam entre si. Enquanto cromossomos homólogos são cromossomos iguais, genes alelos são os genes que ocupam, nos cromossomos homólogos, a mesma localização do DNA. O DNA são os dados genéticos de uma pessoa (altura, cor dos olhos, formato do queixo, entre tantos outros). homozigose: condição genética em que um indivíduo possui duas cópias idênticas de um gene específico. Cada gene é composto por duas partes, chamadas alelos, que podem ser diferentes ou iguais. Quando um indivíduo é homozigoto para um determinado gene, significa que ambos os alelos desse gene são idênticos. A homozigose e a heterozigose são dois conceitos opostos na genética. Enquanto a homozigose se refere à condição em que um indivíduo possui duas cópias idênticas de um gene, a heterozigose se refere à condição em que um indivíduo possui duas cópias diferentes de um gene. Heterozigose: um dos alelos pode ser dominante e o outro recessivo,ou ambos podem ser codominantes. Isso significa que ambos os alelos são expressos na característica fenotípica. Por exemplo, se um indivíduo é heterozigoto para o gene da cor dos olhos, ele pode ter olhos castanhos e azuis ao mesmo tempo. Mutação genética: frequência é 1%, que estão relacionados a impactos na funcionalidade da proteína expressa. Epigenética: estudo das mudanças hereditárias na expressão genica que independem de mudanças na sequência do DNA. Epigenomica: Ciência que estuda compostos químicos que modificam ou marcam o genoma Eventos epigenéticos: alterações reversíveis que não provocam modificações na sequencia de DNA e sim no fenótipo Expressão gênica: síntese de proteínas, a partir da transcrição e tradução. Fenótipo: interação entre gene + ambiente + microbioma. É a manifestação visível do genótipo. POLIFORMISMO: Uma ou mais variações genéticas em uma determinada sequência de DNA. Os mais comuns são variações que ocorrem em um único par de base, ou podem ser maiores e envolverem longos trechos do DNA. Todos são herdados dos ancestrais, nunca devido a novas mutações. Traço comum acumulado ao longo de várias gerações. TIPOS SNP – Single nucleotide polymorphism. É uma variação genética na qual um nucleotídeo é diferente da sequencia prevalente de genes. Correspondem a 90% de todas as variações genéticas. Investigação: Como SNP podem se correlacionar com doenças, responder a medicamentos e determinar outros fenótipos. (Fenotipo metabólico = metabotipo). Podem ou não afetar a proteína traduzida, a depender de onde ocorre no gene. Região condificadora (exons): pode ou não afetar a funcionalidade da proteína Região promotora: influencia na regulação gênica, aumentando ou reduzindo a sua expressão. INDEL – Inserção e delação. Sequencia que pode conter um ou mais bases adicionais (inserção) ou não (delação). Milhoes de inserções e delações. Ex.: ECA/GSTs SNV – Variação no número de cópia. Ocorre em indivíduos que carregam diferentes números de uma longa sequência de DNA. Inserção: partes de bases extras são inseridos no DNA Deleções: trecho de DNA perdido/deletado. Metilação de DNA: Evento epigenético que induz o silenciamento de genes por meio de enzimas DNA metiltransferases Núcleo: centro de comando celular, onde estão o DNA e RNA RELEVANCIA PARA A NUTRIÇÃO: O polimorfismos são localizados em genes que respondem a alimentação e são ativados cronicamente em doenças , codificam proteínas que participam do metabolismo, possuem consequências funcionais importantes, possuem alta relevância. Amplitude do impacto biológico despende se a variante de risco ocorre em homozigose ou heterozigose. As vezes a presença de um alelo é o suficiente para determinar efeitos de proteção ou de aumento de risco em função do polimorfismo. Decifrar a influência da constituição genética na reposta a dieta – programação alimentar. NOMECLATURA: 1.RS (número de registro). Isoformas: formas diferentes de uma proteína que pode ser produzida a partir de GENES diferentes, ou a partir do mesmo gene por processo alternativo (Splicing). Splicing é a transcrição multipla de RNA geradas por um mesmo gene. 2. Identificação da troca de nucleotídeos e a posição onde ocorre o polimorfismo. Ex: 39C>T ou C39T. Quando o polimorfismo ocorre na região promotora do gene, é representada com o sinal de (-) antes da descrição. Ex: -308G>A. 3. Sinalização de sequência de aminoácidos alterada. Raramente ocorre no laudo nutrigenetico. Ex: GPX1 = 593C>T ou C593T ou PRO198LEU [resulta da codificação de leucina, ao invés de prolina no códon 198] NUTRIGENOMICA: Area do conhecimento que estuda como nutrientes e compostos bioativos impactam na expressão gênica. A alimentação pode ser fator de risco relevante para o desenvolvimento de determinadas doenças. Genes regulados pela alimentação influenciam no desenvolvimento de DCNT. O grau de influencia da alimentação na saúde ou na doença pode depender da constituição genética individual. Como ocorre a interação entre genes e nutrientes? Nutrientes e CBA podem modular a expressão gênica de forma direta ou indireta. De forma direta referese à situação em que a substância interage diretamente com elementos regulatórios, basicamente como ligante de receptores nucleares ou de fatores de transcrição, o que promove alterações na taxa de transcrição de gene(s) alvo. Exemplos de nutrientes que podem atuar dessa maneira incluem ácido retinoico, calcitriol, ácidos graxos de cadeia curta e longa, esteróis e zinco. Outro exemplo de nutriente que regula a expressão gênica de forma direta referese à vitamina D. O calcitriol, forma ativa da vitamina, transloca diretamente para o núcleo, onde se liga a seu receptor, o VDR (vitamin D receptor). Esse complexo se liga em uma região do DNA conhecida como elemento de resposta à vitamina D. No mecanismo indireto de controle de expressão gênica, o nutriente ou CBA não se desloca diretamente para o núcleo, mas ativa uma cascata de sinalização que resultará na translocação de determinado fator de transcrição do citoplasma para o núcleo celular e, consequentemente, na regulação da expressão gênica. CBA como o resveratrol e a ginesteína podem influenciar as vias de sinalização celular, com ações póstranscricionais, a modulação da estabilidade do RNAm ou, ainda, sua tradução em proteínas nos ribossomos por meio do bloqueio da fosforilação do inibi dor de kappa B (IkB). Um exemplo de CBA que pode bloquear ou atenuar essa via é o resveratrol, um composto fenólico presente em uvas, suco de uva e vinho tinto, que tem a capacidade de bloquear a fosforilação do IkB, impe dindo, por consequência, o deslocamento do NFkB para o núcleo e a consequente expressão de genes relacionados ao processo próinflamatório. Além disso, já se sabe que outros CBA também têm a capacidade de regular indiretamente a atividade do NFkB, como a capsaicina da pimenta, a genisteína da soja, as catequinas do cháverde, o gingerol do gengibre e a curcumina do açafrãodaterra. Além disso, nutrientes e CBA podem ser metabolizados por diferentes vias, o que resulta na modificação da concentração de substratos e intermediários que também podem afetar a expressão gênica. Alternativamente, os substratos ou intermediários podem modular vias de sinalização celular também envolvidas na expressão gênica. Os efeitos dessas interações entre genes e nutrientes ou CBA podem ser deletérios ou benéficos ao organismo, resultando, por exemplo, no aumento do risco ou na proteção contra o desenvolvimento de determinadas DCNT. Níveis correspondentes aos estágios de expressão gênica: · Genômica: estuda os processos de transcrição gênica e as inter-relações com o meio ambiente · Transcriptômica: estuda o conjunto de moléculas de RNA · Proteômica: estudo das proteínas e suas relações com fatores ambientais · Metabolômica: estudos metabólicos relacionados a expressão genica. É uma área promissora por estudar os produtos do metabolismo. Na presença/ausência de determinada enzima, o quanto está sendo efetivamente metabolizado? Nutriepigenética: dieta pode modular o estado de saúde ou doença por meio da regulação da expressão gênica Nutrigenética: estuda a influência da variabilidade genética na resposta a alimentação e diferenças no estado de saúde. ÁCIDOS GRAXOS: Ácidos orgânicos de 4 a 24 carbono (moléculas lineares), podendo ser saturados, monoinsaturados (1dupla ligação) e poli-insaturado (+1 dupla ligação). Eles podem ser classificados pelo grau da saturação da cadeira lateral: saturados e insaturados (mono e poliinsaturados), pelo tipo de cadeia lateral (linear, ramificada, cíclica e hidroxilada), pelo numero de carbonos par ou ímpar – cadeia curta (2-8C), cadeia media (8-14C) e cadeia longa (>14C), e de acordo com a necessidade na dieta sendo essenciais ou não essenciais. Aspectos nutricionais Ácidos graxos saturados: os ácidos láurico, miristico e palmítico elevam o colesterol LDL Ácidos graxos 6: reduzem o colesterol LDL e HDL Ácidos graxos 3: reduzem os triglicerídeosplasmáticos e reduzem o risco de formação de trombos Ácidos graxos monoinsaturados: reduzem o colesterol LDL e elevam o colesterol HDL. ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS DE CADEIA CURTA: Até 6 átomos de carbono. Seus principais representantes são o acetato (C2:0), propionato (C3:0), butirato (C4:0) e valerato (C6:0). Os AGCC são gerados durante o metabolismo de lipídios e carboidratos (produção endógena) e no trato gastrintestinal, principalmente no cólon, durante a fermentação bacteriana de carboidratos e proteínas (produção exógena). Embora esta última seja a principal fonte de AGCC ao organismo em certas condições, incluindo jejum prolongado, intolerância à glicose e diabete melito, nas quais há um aumento considerável da oxidação de ácidos graxos, e após ingestão de álcool (aumento de 10x na concentração de acetato no sangue), a via endógena contribui de maneira importante para as concentrações plasmáticas desses compostos As bactérias da microbiota intestinal utilizam carboidratos não digeríveis pelas enzimas intrínsecas do organismo, incluindo polissacarídeos e oligossacarídeos como fontes de energia pelo processo de fermentação. Além disso, carboidratos simples e aminoácidos que não tiverem sido absorvidos nas porções anteriores do intestino também são utilizados pelas bactérias intestinais. Diferentes bactérias do trato gastrintestinal contribuem para a geração intestinal de AGCC. As diversas espécies de bactérias que compõem a microbiota intestinal podem gerar AGCC por vias diferentes e produzir predominantemente um ou outro tipo de AGCC. Em geral, a principal via de produção de AGCC é a glicolítica, embora outras vias, incluindo a das pentoses e a redutora de acetil-CoA. Após sua liberação, os AGCC produzidos pelas bactérias da microbiota são rapidamente absorvidos pelas células intestinais, parcialmente utilizados como substrato energético e passam para a corrente sanguínea, atuando em outros tecidos. A absorção de AGCC no ceco e no cólon é um processo muito eficiente, o que se reflete no fato de que menos de 5% da quantidade desses metabólicos gerados no intestino é excretada nas fezes. Após absorção, os AGCC são metabolizados essencialmente por três tecidos: intestinal (nas células epiteliais do cólon e ceco), hepático e muscular, sendo que o último utiliza, principalmente, acetato como fonte de energia. EFEITOS DOS AGCC TGI: Esses compostos são importantes para a manutenção da integridade das células epiteliais que de limitam o intestino. Além de constituírem fonte de energia para essas células, os AGCC também induzem proliferação das células epiteliais normais do cólon e a morte por apoptose de células mutadas (neoplásicas). Esses compostos também regulam a permeabilidade intestinal, favorecendo a função de barreira exercida pelas células que recobrem o intestino e impedem a entrada de com postos prejudiciais ao organismo, como o lipopolissacarídeo (LPS), componente de bactérias Gram-negativas. Ainda no trato gastrintestinal, os AGCC regulam a motilidade intestinal e o fluxo sanguíneo e contribuem para a manutenção do pH (acidificação) e para a absorção hídrica e de sais. Sistema imune e inflamação: Sabe-se que os AGCC modulam a diferenciação, a proliferação, o recrutamento, a ativação e a função efetora de células envolvidas na resposta imune. Os AGCC têm efeitos anti-inflamatórios que decorrem da inibição da produção de mediadores inflamatórios por células como macrófagos, monócitos e neutrófilos. Metabolismo energético: Os AGCC afetam o metabolismo energético e podem ser relevantes tanto para o desenvolvimento quanto para a redução do risco da obesidade, da resistência à insulina e do diabete. Redução da ingestão alimentar, aumento do gasto energético e oxidação de gordura e melhora da sensibilidade a insulina no fígado e no musculo esquelético. Tumorigênese: Inibição de proliferação tumorais, redução de neoangiogenese, estimulo da diferenciação celular e indução de apoptose em células tumorais. Mecanismos de modulação da expressão gênica por AGCC: Os efeitos dos AGCC sobre células e tecidos no organismo decorrem, ao menos em parte, da ativação de duas principais vias celulares de sinalização: Ligação GPCR, como por exemplo o GPR41 e o GPR43; e Inibição das enzimas histonas desacetilases (HDAC). Ambos os casos resultam em modificações no padrão de expressão gênica, o que culmina em efeitos celulares. Os AGCC se ligam a GPCR, os quais estão situados na membrana celular e têm como característica o fato de apresentarem sete domínios transmembrana e de interagirem com um conjunto de proteínas triméricas chama das proteínas G. As proteínas G têm função essencial na propagação do sinal intracelular mediado pelos GPCR. Nas células existem diferentes classes de proteínas G, as quais estão acopladas aos receptores de membrana. Essas classes, por sua vez, são distinguidas com base nos efetores em que atuam. os AGCC apresentam efeitos protetores em modelos de colite. Apesar de mais estudos em seres humanos serem necessários, observou-se que a aplicação de AGCC na forma de enema ou irrigação colônica pode ser benéfica no tratamento de alguns casos de colite ulcerativa em humanos. AGCC por meio dos GRP43,controlam o tamanho e função dos linfócitos T, que protegem contra colite. Animais que não expressão GPR43 – obesos; Animais que super expressão – magros; animais sem bactérias intestinais – não expressam GPR43. Os AGCC são compostos predominantemente gerados no trato gastrintestinal durante o processo de fermentação bacteriana. Apresentam uma miríade de efeitos que decorrem de ações em diferentes alvos celulares, incluindo os GPRC (GPR41, 43 e 109b) e as enzimas HDAC. Esses produtos do metabolismo bacteriano têm ações em diversos tecidos e células, incluindo leucócitos, células epiteliais intestinais, fígado, tecido adiposo e sistema nervoso. As principais ações que têm sido atribuídas aos AGCC incluem atenuação da inflamação, manutenção da homeostase intestinal, regulação do metabolismo e inibição da proliferação de células tu morais. Apesar de mais trabalhos serem necessários, há indicações de que, em razão dessas ações, os AGCC possam ser utilizados na redução do risco de doenças inflamatórias e de tumores, bem como do desenvolvi mento de obesidade e suas comorbidades. ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA MÉDIA: 6-12 carbonos, principais fontes: óleo de coco, palmeira, leite e derivados = Caproico(6:00), caprilico (C8:00), Laurico (C12:0), Miristico (C14:0) e miristoleico (C14:1). Os AGCM, presentes em alimentos, são absorvidos de forma diferente dos ácidos graxos de cadeia longa. Após a ingestão, os AGCM são rapidamente absorvidos pelas células intestinais e transportados diretamente para o fígado via circulação portal, sem a necessidade de formar quilomícrons. No fígado, esses ácidos graxos são rapidamente metabolizados por β-oxidação, um processo que os converte em corpos cetônicos, como o acetoacetato e o β-hidroxibutirato. Esses corpos cetônicos, solúveis em água, podem ser utilizados como fonte de energia pelo cérebro e outros tecidos, especialmente em condições de jejum ou dietas de baixo carboidrato. A principal vantagem dos AGCM é que, devido à sua cadeia mais curta, eles são metabolizados mais rapidamente, oferecendo uma fonte de energia eficiente, que pode ser rapidamente utilizada pelo organismo. Controvérsias: Oleo de coco – aumento do LDL e TG em animais e humanos; diminuição de colesterol e LDDL e TG em animais; Indução da resistência insulínica, danos a secreção pancreática de insulina e cistos no ovários; Efeito benéfico sobre os níveis lipídicos (redução da lipogênese e aumento do catabolismo de ácidos graxos). Não recomendada o consumo de óleo de coco para tratar hipercolesterolemia. Os efeitos vão depender da dosagem, tempo de administração, composição dos AG do TGCM. A ABRAN, SBEM E ABESO se posicionaram contra a prescrição do OC para tratamento de obesidade, doenças neurodegenerativas, nutriente anticrobiano e imunomodulador. O aquecimento pode levar ao processo de rancificaçãooxidativa. ÁCIDOS GRAXOS MONOINSATURADOS: apresentam apenas uma dupla ligação e são disponibilizados na dieta por diversos alimentos, tanto de origem vegetal quanto animal. As principais fontes vegetais são azeite de oliva, óleo de canola, oleaginosas (castanhas, nozes, avelãs.) e abacate. As carnes bovinas são as principais fontes animais de ácidos graxos monoinsaturados e representam 50% do total de lipídios presentes nesse ali mento. Classificamse em duas séries, respectivamente, w7 e w9, cujas duplas ligações localizamse, respectivamente, nos átomos de carbono 7 e 9, a partir do grupamento metila terminal. Os principais ácidos graxos monoinsaturados na configuração cis, ou seja, apresentando átomos de hidrogênio ao mesmo lado da dupla ligação, são os ácidos miristoleico (14:1, ômega7), palmitoleico (16:1, ômega7), oleico (18:1, ômega9), eicosenoico (20:1, ômega9), erúcico (22:1, ômega9) e nervônico (C24:1, ômega9), enquanto os ácidos vacênico (18:1, 11t) e elaídico (18:1, 9t) apresentamse na configuração trans. Entre os monoinsaturados na forma cis, o ácido oleico é o mais abundante, representando aproximadamente 92% do total de ácidos graxos monoinsaturados ingeridos na dieta. Além de o ácido oleico ser o mais consumido, é também o mais abundante no corpo humano, originandose predominantemente do consumo alimentar, mas também da síntese endógena. *Tradução dos sinais intracelulares: bloqueio da cascata inflamatória. Esse efeito já começa apenas pela ligação do w9 ao receptor. O w9 dentro da celula –> ativação da proteína PGC-1 alfa -> PGC-1 alfa se conecta a um fator de transcrição chamado c-MAC e o ativa –> Migra para o núcleo celular –> Ativa o gene controlador da proteína IL-10 -> Bloqueio das vias de sinalização inflamatória. ÁCIDOS GRAXO POLIINSATURADOS: Os AG poliinsaturados são primariamente reconhecidos como pertencentes às famílias do w3 ou do w6. Entre os componentes dessas famílias destacamse os ácidos graxos alfalinolênico (ALA – C18:3), eicosapentaenoico (EPA – C22:5) e docosahexaenoico (DHA – C24:6) como os principais constituintes da família dos ômega 3. A família dos ácidos graxos ômega 6 é composta principalmente pelos ácidos graxos linoleico (AL – C18:2) e araquidônico (AA – C20:4). A abreviação que segue à frente do nome do ácido graxo indica o número de carbonos e o número de duplas ligações dessa molécula; por exemplo, o C20:4 possui uma estrutura que contém 20 carbonos e 4 duplas ligações. A conversão de alfa-linolênico em ácidos EPA e DHA é limitada no máximo 15%. As enzimas necessárias para o processo também são usadas pelo corpo em outras funções. Por isso, recomenda-se a ingestão de alimentos que sejam naturalmente ricos em EPA e DHA. Ex: alga marinhas e peixes, como salmão, atum, sardinha, arenque e cavalinha. Após serem absorvidos pelas células, esses ácidos graxos sofrem diversos processos metabólicos, gerando substâncias fundamentais à vida humana. Entre essas substâncias estão os autacoides, que são metabólitos fundamentais para várias funções orgânicas, entre elas a manutenção do sistema imune e a síntese de leucotrienos, de prostaglandinas, de prostaciclinas e de tromboxanos. O AA é o principal constituinte dos fosfolipídios de membrana; no entanto, caso o consumo de EPA seja elevado, isso será refletido na redução da razão AA:EPA na membrana plasmática. Uma vez disponível no interior da célula, cada molécula poderá ser convertida em eicosanoides específicos. O AA pode ser bioconvertido por duas enzimas específicas, a lipoxigenase (LIPOOX) ou a ciclooxigenase1 (COX1). Quando bioconvertido pela LIPOOX, dará origem aos leucotrienos, substâncias envolvidas em diversas etapas na regulação do sistema imune. Cada substância apresenta atividade específica, como capacidade de promover adesão e quimiotaxia de leucócitos, fagocitose, liberação de espécies reativas de oxigênio, entre outras. Caso o AA seja convertido pela enzima COX1, será transforma nos eicosanoides prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. Da mesma forma, essas substâncias têm atividades específicas, como controle da vasodilatação ou da vasoconstrição, broncodilatação, ativação de células polimorfonucleares, agregação plaquetária. Cabe destacar que existem “séries” que determinam a funcionalidade de tais substâncias (leucotrienos ou prostaglandinas), as quais são classificadas como par (2 e 4) ou ímpar (3 e 5). Similarmente, ácidos graxos do tipo EPA podem ser substratos das mesmas enzimas, LIPOOX e COX1. No entanto, quando isso ocorre, o produto apresenta grande semelhança, porém pequenas modificações em sua estrutura química, o que altera de forma significativa sua ação final, em comparação aos derivados do AA. Portanto, eicosanoides derivados do EPA por meio da ação da LIPOOX originam os leucotrienos, porém de série ímpar. Do mesmo modo, quando o EPA é substrato da COX1, é convertido em prostaglandinas e leucotrienos de série ímpar. Por meio da suplementação parenteral ou enteral de AG poliinsaturados w3 ocorre o aumento da razão w3:w6 nos fosfolípidios presentes na membrana celular de diversos tecidos. Estudos demonstraram que o prétratamento dietético com w3 influencia favoravelmente a resposta fisiopatológica a endotoxinas e exerce efeito modulatório relevante sobre a biologia de citocinas e eicosanoides. O AA é potencialmente próinflamatório, enquanto a presença de ácidos graxos poliinsaturados ômega 3 limita esse efeito, uma vez que prostaglandinas e tromboxanos de séries 3 e leucotrienos de séries 5 apresentam potencial próinflamatório reduzido. Cabe ressaltar que a imuno modulação exercida por ácidos graxos poliinsaturados é dependente da razão w03:w6 presente em emulsões lipídicas. Uma razão w3:w6 balanceada de 1:2 não prejudica a resposta imune, ao passo que quantidade elevada de w3 ou w6 exerce efeitos imunossupressores. Processo inflamatório clássico e a participação das prostaglandinas: São várias as características que elucidam o processo inflamatório tradicional, que apresenta quatro sinais cardinais: dor, calor, rubor e tumor. A partir das observações sobre os processos mecanísticos da inflamação, estas foram associadas à redução da inflamação mediada pelos ácidos graxos ômega 3. Caso o indivíduo tenha ingestão adequada de ômega 3, a constituição das membranas celulares repercutirá tal característica, sendo composta também por EPA e DHA. O EPA, quando liberado para o interior celular, poderá também servir de substrato para a enzima COX2 (enzima responsável pela intensidade da resposta inflamatório), a qual poderá convertêlo em prostaglandinas, mas como referido anteriormente, de série ímpar. Além disso, por mais que a capacidade da COX2 em gerar substratos seja alta, os derivados do EPA apresentam ações atenuadas ou antagônicas em comparação àqueles oriundos do AA, reduzindo de forma significativa a intensidade do processo inflamatório. EPA e DHA: A supressão dos auto-anticorpos e da proliferação dos linfócitos T, a apoptose dos linfócitos autoreativos e a redução pro-inflamatória da produção de citoquinas demostradas para altas doses de óleo de peixe ou de linhaça, são todos prováveis mecanismos pelos quais os ácidos graxo omega3 melhora as doenças auto imunes. Além das funções dos ácidos graxos poliinsaturados no metabolismo energético e na composição dos fosfolipídios de membrana, esses nutrientes atuam na regulação de diferentes processos celulares, como proliferação e diferenciação, acilação de proteínas, inflamação, ativação de enzimas e receptores de membrana e regulação do metabolismo intracelular. Um dos mecanismos pelos quais ácidos graxos afetam diversos processos biológicos são por meio da regulação da expressão gênica. Dependendo do número de duplas ligações e do comprimento da cadeia de carbonos, ácidos graxos poliinsaturados podem reduzir ou ativar a expressão de diferentes genes por meio da regulação direta da atividade de receptores nucleares, ou indiretamente por modificações físicoquímicas nas propriedades de membrana e ativação de vias de transduçãode sinal. PADRÃO ALIMENTAR: Países asiáticos consomem mais omega3, tem menor neoplasia mamária; A dieta ocidental típica tem uma proporção relativamente alta de ácidos graxos ômega 6 em relação ao omega3. O brasil tem um alto consumo de óleo de soja (omega6); O alto consumo de óleo implica no aumento da relação omega6:omega3, principalmente quando a ingestão de peixe é baixa. ALEGAÇÕES: O consumo de ácidos graxos omega3 auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos, desde que associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Somente deve ser utilizado AGw3 de cadeia longa provenientes de óleos de peixe. O produto deve apresentar no mínimo 0,1 EPA/DHA na porção ou em 100g/ml do produto pronto para consumo. FLASHCARD Principais AGCC: Acetato, propionato, butirato e valerato Enterócitos: Células de absorção que revestem a MUCOSA INTESTINAL. São CÉLULAS EPITELIAIS diferenciadas com MICROVILOSIDADES apicais direcionadas para o lúmen intestinal. São mais abundantes no INTESTINO DELGADO do que no INTESTINO GROSSO. Suas microvilosidades aumentam a área da superfície luminal da célula de 14 a 40 vezes. Receptores acoplados a proteína G(GPCR): Compõem um sistema modular que permite a transmissão de uma variedade de sinais no organismo, a comunicação entre células, certas vezes distantes entre si, só é possível devido a existência desse sistema modular. Leptina: é um hormônio peptídico que apresenta uma estrutura terciária semelhante a alguns membros da família das citocinas. É produzida principalmente pelos adipócitos ou células gordurosas, sendo que sua concentração varia de acordo com a quantidade de tecido adiposo. Citocinas: são polipeptídeos ou glicoproteínas produzidas por diversos tipos celulares e capazes de modular a resposta celular de diversas células, incluindo dela própria. São moléculas hidrossolúveis e de tamanho variado. Podem ser divididas no grupos: interleucinas (IL), fatores estimuladores de colônias (CSF), fator de necrose tumoral (TNF), interferons (IFN) e fatores de crescimento (TGF). TNF-alpha: refere-se a um grupo de citocinas capaz de provocar a morte de células (apoptose) tumorais e que possuem uma vasta gama de ações pró-inflamatórias. O TNF-α é secretado principalmente por macrófagos. Seu mau funcionamento pode causar inflamações dolorosas em doenças auto-imunes, choque séptico e permitir o aparecimento de tumores. Fator nuclear kappa B (NF-κB): é um complexo proteico que desempenha funções como factor de transcrição. Desempenha um papel fundamental na regulação da resposta imunitária à infecção. Consistente com este papel, a regulação incorrecta de NF-κB tem sido ligada ao cancro, a doenças inflamatórias e auto-imunes, choque séptico, infecção viral e também a desenvolvimento imunitário impróprio. Interleucina 6 (IL-6): Secretada pelos linfócitos T e B, endotélio, fibroblastos e macrófagos estimula o fígado na produção de proteínas da fase aguda como proteína c-reativa e amiloide P sérico. Induz a diferenciação de linfócitos B em plasmócitos, linfócitos. Hiperacetilação de histona: as histonas são acetiladas e deacetiladas em resíduos de lisina na ramificação N-terminal como parte da regulação genética. Estudam-se a importância nas doenças inflamatórias dos pulmões, por aumento da expressão de genes inflamatórios que são regulados por fatores de transcrição. Criptas de Lieberkühn: são glândulas tubulares simples encontradas entre as vilosidades da parede do intestino delgado e intestino grosso (colon). Secretam diversas enzimas, como sucrase e maltase, e possuem células especializadas na produção de hormônios e enzimas de defesa. Interleucina 8 (IL8): é o principal mediador da resposta imune inata inicial aos micróbios intracelulares e é indutora-chave da imunidade mediada por célula, a resposta adquirida contra esses micróbios. Produzida pelos fagócitos mononucleares ativados e pelas células dendríticas, estimula a diferenciação dos linfócitos Th em Th1 produtores de IFN-g Interleucina 12 (IL12): é uma citocina secretada pelos linfócitos B, neutrófilos, células dendríticas e macrófagos após a ativação por células apresentadoras de antígenos. Sua principal função é aumentar a secreção e atividade do interferon-gama pelas células NK (natural killers) e pelos linfócitos T auxiliares (CD4) tipo 1, aumentando respostas citotóxicas, um passo crítico na defesa contra vírus e neoplasias. Interleucina 10 (IL10): é um fator desativante de macrófago, que atua nas células dos macrófagos a fim de produzir efeitos inibidores nas células T e natural killer. Ela também regula o crescimento e/ou diferenciação das células B, granulócitos, neutrófilos, células dendriticas, queratinócitos e células endoteliais. Vários parasitas, bactérias, fungos e vírus deprimem a resposta imune do hospedeiro tanto induzindo a produção de IL-10 ou codificando seu próprio IL-10 homólogo. GPR43: Receptor do acetato e propionato, pouco reconhecimento pelo butirato GPR41: Primeiro reconhece o propionato e em seguida o butirato