Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

e formam, em conjunto, o m. puboprostático. Em vir- 7.5.6 Glândulas Bulbouretrais tude da presença desses ligamentos e fibras musculares, e pelo fato de estar ancorada, pelas suas faces laterais, As glândulas bulbouretrais são duas estruturas arre- nos músculos pubococcígeos (fibras destes fundem-se dondadas, de diminutas dimensões (0,5 a 1,5 cm de com a fáscia da próstata, formando o m. levantador da diâmetro), imersas na substância do da uretra, próstata), a próstata está firmemente fixada na pelve. imediatamente posteriores à uretra uma Deste modo, por sua vez, fixa o colo da bexiga. de cada lado do plano mediano. Secretam substâncias A uretra prostática atravessa todo o comprimen- semelhantes ao muco, provavelmente de ação lubri- to da próstata, da base ao ápice, com um trajeto ficante e facilitadora da penetração do pênis duran- ligeiramente curvo no sentido ântero-posterior, e te a cópula. Seus ductos entram no bulbo do pênis, mais próximo de sua face anterior do que de sua atravessam sua substância e, após um curto trajeto, de- face posterior. sembocam na uretra esponjosa. Descrevem-se na próstata lobos direito e esquerdo e um lobo médio. Este último é a parte da próstata 7.6 Órgãos Genitais Femininos que se projeta internamente, a partir da parte supe- rior da face posterior do órgão. Estruturalmente, no Os órgãos genitais femininos (Fig. 23.38) compreen- entanto, ele é inseparável dos lobos direito e esquerdo. dem os ovários, as tubas uterinas, o útero, a vagina A comissura na base da próstata entre os lobos direito e os órgãos genitais externos. Estes últimos são estu- e esquerdo é o istmo da próstata. Em cada lobo da dados com o períneo. Os ovários produzem game- próstata, são definidos quatro lóbulos: tas femininos, os óvulos e os hormônios sexuais. O rior, infero-lateral, súpero-medial e ântero-medial. útero é um órgão mediano, predominantemente Os ductos das glândulas da próstata abrem-se no muscular, capaz de abrigar o produto da fecunda- seio prostático, um sulco existente de cada lado da ção durante a gravidez e expulsá-lo no momento do crista uretral. parto. Sua extremidade inferior está em comunicação A irrigação da próstata deriva principalmente das com a vagina, um tubo distensível, onde são deposita- aa. vesical inferior, retal superior e retal média, em- dos os espermatozóides durante a inseminação, e que bora outras fontes de irrigação possam existir. As veias serve de canal para a expulsão do feto no momento do formam um rico plexo, internamente à fáscia da prós- parto. Por sua vez, as tubas uterinas são tubos estreitos, tata, que contribui para a constituição do plexo vesico- conectados com o útero, e que servem para o transpor- prostático. Este, por sua vez, drena para a V. ilíaca te de ovos e espermatozóides. interna. A drenagem linfática é feita para os linfono- dos ilíacos internos e, eventualmente, também para os 7.6.1 Ovários ilíacos externos. Sobre a inervação há controvérsias. A inervação sim- Os ovários são órgãos pares, em forma de amêndoa, pática está comprovada, mas há divergências quanto à medindo 3 a 4 cm de comprimento. Na mulher que existência de inervação parassimpática e de fibras sen- não tenha dado à luz (nulípara), situam-se nas paredes sitivas (aferentes). As fibras simpáticas são provenientes laterais da pelve. Entretanto, como estão presos ao li- do plexo prostático. gamento largo e ao útero, quando esse órgão ascende A próstata é extremamente importante para a no abdome durante a gravidez, os ovários se deslocam saúde do homem. Depois dos 40 anos é imprescin- de sua posição original, acompanhando o útero, e a ela dível um controle periódico do funcionamento da retornando após o parto. Antes da primeira ovulação, próstata, pois é no diagnóstico precoce de suas pato- a superfície do ovário é lisa, porém, com as sucessivas logias, particularmente o câncer, que reside o suces- ovulações, altera o seu aspecto devido às cicatrizes que so da terapêutica. É altíssima a incidência do câncer se seguem à liberação de óvulos de seus folículos. de próstata depois dos 60 anos. PELVE 699É possível reconhecer no ovário faces, lateral e me- crescimento de pêlos púbicos e axilares, e a deposição dial, margens, mesovárica e livre, e extremidades, de tecido adiposo nas coxas e nádegas. Já a progestero- tubária e uterina. A margem mesovárica, à qual se fixa na, ou hormônio do corpo lúteo, é indispensável para o mesovário (Fig. 23.39), forma o hilo do ovário, por a implantação do óvulo fecundado e pelo desenvolvi- onde passam vasos nervos e linfáticos. mento inicial do O ovário possui várias estruturas de sustentação A irrigação do ovário (Fig. 23.40) é feita pela a. (Figs. 23.38 e 23.39): ovárica, ramo da aorta abdominal (Capítulo 22), e que o mesovário é uma prega peritoneal que se fixa na penetra na pelve contida no ligamento suspensor do margem mesovárica do ovário, mas não ultrapassa ovário. Passa, então, entre as duas lâminas do ligamen- este limite, isto é, o ovário não é revestido pelo to largo e, através do mesovário, atinge o hilo do ovário peritônio. Neste sentido, é que se pode dizer que (margem mesovárica). O ovário é irrigado também pelo ele é o único órgão intraperitoneal (Fig. 23.38); ramo ovárico da a. uterina, que se anastomosa com a o ligamento suspensor do ovário está fixado à a. ovárica. Durante a gravidez, a a. ovárica tem seu ca- extremidade tubária do ovário, e estende-se em di- libre aumentado e ajuda a irrigar o útero através de sua reção superior para se perder no tecido conjuntivo anastomose com ramo ovárico da a. uterina. que recobre o m. psoas maior; As veias que drenam o ovário se iniciam num plexo o ligamento próprio do ovário (Fig. 23.38) é um que se comunica com o plexo venoso uterino. Deste cordão arredondado que pode conter fibras mus- plexo originam-se veias que acabam por formar um culares lisas. Estende-se da extremidade uterina do único vaso de drenagem para cada ovário, a V. ovárica. ovário ao corpo do útero, imediatamente inferior à A da direita desemboca na V. cava inferior, e a da desembocadura da tuba uterina no útero. esquerda, na V. renal esquerda. Além de produzir os óvulos após a puberdade, o A drenagem linfática é feita para os linfonodos aór- ovário funciona também como glândula endócrina, ticos (Capítulo 22). e é responsável pela produção de hormônios diversos, O ovário recebe inervação autônoma simpática, dos quais os mais importantes são o estrogênio e a mas suas funções não dependem desta inervação. As progesterona. O primeiro, secretado pelo folículo ová- fibras simpáticas, com fibras aferentes, formam o ple- rico, controla o desenvolvimento dos caracteres sexuais XO ovárico, muito delicado. As fibras simpáticas são secundários da mulher, como o aumento dos seios, o vasomotoras. Tuba uterina Útero Fímbrias do Ovário Lig. largo do útero Lig. redondo do útero Fig. 23.38 Órgãos genitais femininos vistos posteriormente. Do lado direito, foi retirado o ligamento largo e feito um corte frontal para mostrar a luz da tuba e do útero. 700 ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA E SEGMENTAR7.6.2 Tubas Uterinas cavidade uterina, medialmente. Lateralmente, ela abre- se na cavidade peritoneal através do óstio abdominal As tubas uterinas (Fig 23.39) estão incluídas na mar- da tuba uterina. Em virtude disto, na mulher, a ca- gem superior do ligamento largo. Esta particular dispo- vidade peritoneal está em comunicação com o meio sição faz com que elas acompanhem o útero quando externo na seguinte: cavidade peritonial, este se torna grávido. Cada tuba uterina mede cerca de óstio abdominal da tuba uterina, lume da tuba ute- 10 cm de comprimento e seu lume comunica-se com a rina, cavidade uterina, vagina, meio exterior. Na tuba uterina, é possível reconhecer quatro partes: a parte uterina corre obliquamente na espessura da parede do útero. É o lume desta parte que se abre na cavidade uterina através do óstio uterino da Ovário Tuba uterina tuba uterina; o istmo é a pequena porção estreitada que continua a parte uterina; Mesosalpinge a ampola é a parte mais longa, mais calibrosa e tor- tuosa da tuba uterina; o infundíbulo é a porção mais dilatada e lateral da Mesométrio Mesovário ampola, apresentando forma de funil. Da margem do infundíbulo projetam-se processos fibrosos, as fímbrias, das quais a fímbria ovárica é a maior e, encontra-se presa à extremidade tubária do ovário. No infundíbulo, a tuba uterina Escavação abre-se na cavidade peritoneal através do óstio vesicuterina abdominal da tuba uterina. Escavação As tubas uterinas são muito longas para se dispo- reto-uterina rem estendidas transversalmente na cavidade pélvica. Assim, a metade lateral das tubas uterinas curva-se Fig. 23.39 Partes do ligamento largo. bre o ovário e cobre boa parte da face medial deste ór- A. ovárica Ramo ovárico Ureter A. uterina A. vaginal Fig. 23.40 Irrigação do útero e do ovário. PELVE 701gão. Isto facilita também a captação do óvulo quando tecido conjuntivo. Estes feixes estão dispostos em lâmi- ele é liberado do ovário. O infundíbulo, por assim di- nas pouco definidas, mas o maior volume do músculo é zer, "lambe" a superfície do ovário. Para isto possui mo- formado por uma rede de fibras entrelaçadas. vimentos próprios. A fecundação ocorre, geralmente, no nível da 7.6.3.1 Partes do ampola. Os espermatozóides alcançam a ampola, ho- ras depois de terem sido depositados na vagina durante Quatro partes são reconhecidas no útero (Fig. 23.41): o coito, e podem, então, fertilizar o óvulo. Fertilizado o fundo é a parte arredondada do útero, superior, si- ou não, o óvulo (ou ovo, se tiver havido fecundação) é tuada acima da desembocadura das tubas uterinas; levado para o útero. Este deslocamento, provavelmen- o corpo corresponde aproximadamente a dois ter- te, é influenciado pela ação ciliar das células da mucosa ços do útero e é sua parte principal. Apresenta duas da tuba e pela ação da túnica muscular da faces e duas margens. A face anterior está separada tuba uterina. Ocasionalmente, um óvulo fecundado da bexiga pela escavação vesicouterina e está vol- pode fixar-se na tuba uterina, em geral na ampola, e aí tada anterior e inferiormente. A face posterior desenvolver-se. Esta condição é conhecida como gra- está separada do colo sigmóide pela escavação videz tubária, uma perigosa condição patológica que retouterina e está voltada superior e posterior- requer intervenção cirúrgica. mente (Fig. 23.28). As margens, esquerda e direita, Ramos tubários da a. uterina e da a. ovárica ir- estão relacionadas com o ligamento largo; rigam as tubas uterinas. As veias de drenagem acom- o istmo é uma pequena parte estreitada do útero, panham as artérias. Linfáticos drenam para linfonodos com cerca de apenas 1 cm de comprimento, situada aórticos (ou lombares). A significação funcional da entre o corpo e o colo do útero; inervação é discutida, mas sabe-se que há fibras autô- o colo do útero é a porção mais inferior do útero, e nomas e sensitivas. também a de menor mobilidade, porque se projeta na vagina, onde se abre pelo óstio do útero. O óstio 7.6.3 Útero uterino apresenta-se na nulípara como uma fenda transversal; na multípara, é maior e de contorno ir- O útero é um órgão de espessas paredes musculares regular. Distingue-se no óstio uterino lábios an- em forma de pêra, cuja extremidade inferior, estreita- terior e posterior. da, projeta-se na vagina (Fig. 23.28). Sua forma, entre- Como o colo do útero projeta-se na vagina, é pos- tanto, bem como seu tamanho, localização e estrutura, sível reconhecer uma parte supravaginal do colo e depende da idade e de outras circunstâncias, como a outra vaginal. Esta última situa-se no interior da vagi- gravidez. O grau de enchimento da bexiga, situada an- na, e a cavidade vaginal, que a circunda, é denominada terior e inferiormente ao útero, ou do reto, situado pos- fórnice da vagina. O fórnice da vagina compreende teriormente a ele, também pode alterar sua posição. uma parte anterior, uma posterior e duas laterais. A espessa camada muscular do útero é denomi- O lume do colo do útero é conhecido como canal do nada miométrio. Muitos trabalhos, alguns dos quais colo do útero e está em continuidade com a cavidade da se tornaram clássicos, tentaram descrever, com porme- vagina, inferiormente, através do óstio uterino, e com nores, a disposição das fibras musculares lisas do mio- a cavidade do corpo do útero, triangular na sua forma métrio, sugerindo engenhosas soluções para explicar o (Fig. 23.41), superiormente. O canal do colo do útero notável aumento do útero na gravidez (no mês de apresenta uma prega vertical da mucosa na parede an- gestação pode alcançar o processo xifóide do esterno) terior e outra na parede posterior. Destas, irradiam-se e sua redução após o parto. Mas as controvérsias per- pregas oblíquas (pregas palmadas), de tal modo que sistem. A maioria dos autores continua descrevendo o as posteriores se encaixam com as anteriores e fecham miométrio como tendo uma estrutura laminar, forma- o canal. Estas pregas tendem a desaparecer com a do por de feixes de fibras musculares lisas separadas por gravidez. 702 ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA E SEGMENTAR7.6.3.2 Posição liada por inserções indiretas. Entre os meios de fixação do útero, devem ser citados o ligamento redondo do O útero não ocupa exatamente o plano mediano: está, útero e o ligamento transverso do colo do útero: em geral, desviado ligeiramente para o lado direito. o ligamento redondo é uma faixa de tecido fibroso, Quando visto lateralmente (Fig. 23.42), está curvado estreita e achatada, que se prende ao útero imedia- anteriormente sobre si mesmo, de modo que o corpo tamente inferior à desembocadura da tuba uterina angula com relação ao colo do útero: diz-se que o úte- (Fig. 23.39). Ele corre entre as lâminas do ligamento ro está em Por outro lado, o longo eixo do largo, cruza os vasos ilíacos externos e penetra no ca- colo forma um ângulo de cerca de 90° com o longo eixo nal inguinal pelo ânulo inguinal profundo. Às vezes, da vagina: diz-se que o útero está em anteversão. ele pode ser seguido através do canal inguinal até Estas posições, entretanto, podem ser facilmente al- a tela subcutânea dos lábios maiores, onde se fixa. teradas, principalmente com o enchimento da bexiga ou do intestino. Com a bexiga cheia o útero pode es- tar em retroversão, isto é, voltado superior e posterior- A mente, o que também pode ocorrer em certa porcenta- Bexiga gem de mulheres, mesmo com a bexiga vazia. 7.6.3.3 Fixações Alguns dos meios de fixação do útero foram já descri- Vagina tos, quando se tratou do comportamento do peritônio e se descreveu o ligamento largo. O útero ganha muito do seu suporte por uma inserção direta na vagina, auxi- B Bexiga Fundo Tuba uterina Vagina Corpo Bexiga Istmo Colo Fórnice da vagina Óstio uterino Vagina Vagina Fig. Posições do útero. A Posição normal, mais com o útero em anteversão e B Um caso moderado de Fig. 23.41 Partes do retroversão. C Um caso extremo de retroversão. PELVE 703Outras vezes, no entanto, o tecido de que se com- gamento transverso do colo do útero, irrigando o colo se funde com do canal e o ligamento se perde e a parte superior da vagina. Volta-se, então, em dire- dentro do canal inguinal; ção superior, corre entre as lâminas do ligamento largo, o ligamento transverso do colo do útero é uma muito próximo às margens laterais do corpo, e envia lâmina fibrosa formada pela fáscia subserosa e por ramos para ambas as faces do corpo do útero. Durante tecido adiposo, de cada lado, do colo e da vagina. a gravidez, as aa. uterinas tornam-se bastante aumenta- As fáscias das paredes anterior e posterior do colo e das e são tortuosas após o parto. Os ureteres têm uma da vagina unem-se na margem lateral destes órgãos relação anatômica importante com o colo do útero e formam uma lâmina que se estende no soalho da e com as aa. uterinas. Quando passam da região das pelve como extensão profunda do ligamento largo espinhas isquiáticas em direção à bexiga, os ureteres (Fig. 23.43). A a. uterina corre sobre a face supe- situam-se apenas a 2 cm do contorno lateral do colo rior do ligamento transverso do colo do útero. e são cruzadas pelas aa. uterinas (Fig. 23.40). Parte deste ligamento corre em direção posterior na O sangue retorna do útero através de um plexo prega retouterina e prende-se à face anterior do sa- venoso que segue a a. uterina. A drenagem é feita para cro, formando assim o ligamento uterossacral. a ilíaca interna. Existem, entretanto, comunicações A flacidez dos meios de fixação do útero, particular- amplas entre os plexos venosos vesical, uterino, vaginal mente devido às gravidezes múltiplas, provoca a "que- e retal. Todos eles estão também em comunicação com da" do útero na vagina, uma condição conhecida como plexo venoso vertebral. prolápso do útero e que é corrigida cirurgicamente. A drenagem linfática do útero (Fig. 23.44) é di- versa e extensa. Alguns linfáticos do fundo do útero 7.6.3.4 Vasos e Nervos do drenam para linfonodos aórticos, ao passo que outros, em menor número, drenam para linfonodos inguinais As aa. uterinas são a principal fonte de irrigação do superficiais, seguindo ligamento redondo. Muitos útero. Cada uma delas corre medialmente sobre li- linfáticos do corpo drenam para linfonodos ilíacos externos. Já a drenagem do colo do útero é feita para os linfonodos ilíacos internos ou sacrais. O útero recebe fibras autônomas, simpáticas e pa- Reto rassimpáticas, e também fibras sensitivas, através dos plexos uterovaginais que correm ao longo das aa. ute- rinas. Entretanto, significado da função motora das Lig. uterossacral fibras autônomas é desconhecido. A. uterina 7.6.4 Vagina Lig. transverso do colo do útero A vagina (Figs. 23.28 e 23.41) é um tubo fibromus- cular, medindo cerca de 8 cm de comprimento, cuja cavidade está em comunicação com a do útero, su- periormente, e inferiormente abre-se no Lig. lateral da vagina. Faz parte do canal do parto e serve também da bexiga como ducto excretor para os produtos da menstruação. Na posição de descrição anatômica, a vagina está Bexiga Lig. pubovesical dirigida inferior e anteriormente, num plano aproxi- madamente paralelo ao da abertura superior da pelve. Fig. 23.43 Fixação do útero (ver texto) Visão superior de um corte Seu eixo forma um ângulo de cerca de 90° com o eixo horizontal esquemático no nível do colo do útero. do útero. 704 ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA E SEGMENTARAs paredes anterior e posterior da vagina estão, nor- na parte mais inferior da vagina. Estas pregas tendem a malmente, em contato. Isso só não ocorre na parte supe- desaparecer com a idade e após partos sucessivos. rior, onde o colo do útero protrunde através da parte superior da parede vaginal anterior, de modo que esta 7.6.4.1 Relações parede é mais curta que a parede posterior e o fórnice posterior tem muito mais profundidade que o anterior. Anteriormente, a metade superior da vagina relaciona- A abertura da vagina no vestíbulo da vagina é se com a base da bexiga. A uretra está imersa na subs- parcialmente fechada, na grande maioria das vir- tância da metade inferior da parede anterior da vagina. gens, por uma prega denominada A forma Os 2 cm da parede da vagina, no fórnice posterior, do é variável, a mais é a forma anular estão recobertos pelo peritônio da escavação retou- ou em crescente, podendo também apresentar-se cri- terina e, portanto, este é um ponto de acesso briforme, isto é, com diversos e minúsculos orifícios. gico à cavidade peritoneal. O terço médio da parede Ocasionalmente, hímen pode deixar de apresentar posterior da vagina está intimamente relacionado com qualquer abertura, sendo então designado imperfura- reto, já sua parte inferior se funde com centro ten- do. Ao contrário do que se pensa vulgarmente, a ruptu- díneo do períneo. Os ureteres e as aa. uterinas cruzam ra do hímen não provoca hemorragia, pois é pouco vas- logo acima dos fórnices laterais. Finalmente, as porções cularizado, nem é dolorosa. Após a ruptura do pubococcígeas dos levantadores do ânus envolvem a va- pequenos fragmentos permanecem no local de sua bor- gina, cerca de 3 cm acima da abertura, e atuam como da inserida e são denominados himenais. um esfíncter. A mucosa da vagina é espessa e apresenta pregas ou rugas, a maioria delas transversais e mais proeminentes 7.6.4.2 Vasos e Nervos da Vagina A a. uterina irriga, com ramos vaginais, a parte supe- Linfonodos aórticos rior da vagina. As paredes anterior e posterior da vagina são irrigadas por duas ou três aa. vaginais, que se origi- nam da a. ilíaca interna. A parte mais inferior da vagina recebe irrigação de pequenos ramos que nascem da a. do bulbo do ramo da a. pudenda interna. A drenagem linfática da vagina é diversificada (Fig. 23.44): Linfonodos os linfáticos da parte superior da vagina correm ao sacrais longo da a. uterina e drenam para os linfonodos ilíacos externo e interno; Linfonodos ilíacos externos os linfáticos da parte média da vagina correm ao longo da a. vaginal e drenam para os linfonodos ilíacos internos; os linfáticos da parte mais inferior da vagina drenam Linfonodos ilíacos internos para linfonodos ilíacos comuns e para os sacrais; um pequeno número de linfáticos que drenam a parte da vagina adjacente ao vai ter aos lin- fonodos inguinais superficiais. Linfonodos Quanto à inervação, exceto a parte mais inferior, ingüinais superficais que é inervada pelo n. pudendo, a vagina é inervada por fibras autônomas provenientes do plexo uterovagi- Fig. 23.44 Drenagem linfática do útero, da vagina e do ovário. nal. A significação funcional destas fibras não está bem PELVE 705esclarecida. Há pouca sensibilidade na vagina, exceto inferior (Fig. 23.46). A linha de reflexão do peritônio na sua parte mais inferior. visceral do reto é, pois, oblíqua para cima e para trás. Deste modo é possível reconhecer no reto uma parte 8.0 RETO E CANAL ANAL intraperitonial e outra infraperitorial. A reflexão do peritônio dos contornos laterais do reto para a pare- O reto continua o colo sigmóide e estende-se até o ca- de posterior da pelve forma as fossas pararretais, que nal anal, atravessando o diafragma pélvico. Mede cerca contêm alças intestinais ou colo quando o de 15 cm de comprimento. A junção reto está vazio. Descreve-se, no homem, a presença do é comumente localizada no nível da peça sacral. septo retovesical, formação conjuntiva, provavelmen- limite entre reto e canal anal é descrito, pelos ana- te derivado da fáscia visceral da pelve, estendido entre tomistas, como sendo o diafragma pélvico. Deste o reto, a próstata e a bexiga. Um septo retovaginal, modo, o reto estender-se-ia da metade do sacro até o na mulher, também tem sido apontado por alguns au- diafragma pélvico; o canal anal, deste assoalho muscu- tores e negado por outros. As escavações retouterina lar até ânus. Clínicos e cirurgiões, entretanto, usam (na mulher) e retovesical (no homem) já foram re- como limite entre reto e canal anal a linha pectinada feridas. A fáscia retossacral dirige-se posteriormente e (ver adiante). 8.1 Reto Sínfise púbica O reto (Fig. 23.28) está localizado posteriormente na cavidade pélvica e segue a curvatura do sacro e cóccix. Resulta, assim, uma curvatura ântero-posterior do pró- prio reto, a flexura sacral. Outra flexura, denominada anorretal, situa-se na junção do reto e do canal anal (anel tem convexidade anterior e apresenta Cóccix um ângulo de 90°. Neste nível, o m. puborretal, um dos Canal anal componentes do m. levantador do ânus, forma uma alça em torno da flexura anorretal, e pode agir como mecanismo esfínctérico, pois sua contração traciona ângulo entre o reto e canal anal anteriormente (Fig. Fig. 23.45 M. puborretal. 23.45). São descritas também três flexuras laterais: sú- pero-lateral direita, intermédio-lateral esquerda e Peritônio infero-lateral direita. A parte mais dilatada do reto, a ampola do reto, é imediatamente superior ao diafragma pélvico. Ao con- trário do que sucede com o colo sigmóide, cuja função é ser reservatório de fezes, o reto permanece vazio, com RETO BEXIGA suas paredes anterior e posterior acoladas. Ele só con- tém fezes imediatamente antes da defecação. Relações Escavação retovesical O peritônio cobre os contornos anterior e laterais do terço superior do reto, o contorno anterior de seu ter- médio e não recobre qualquer contorno de seu terço Fig 23.46 Comportamento do peritônio na pelve masculina. 706 ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA E SEGMENTARfixa-se no sacro. Espessamentos de tecido conjuntivo cosa, tela subcutânea e tela muscular. Estão dispostas fibroso, contendo vasos e plexos retais médios, são os de maneira alternada, como partes de uma espiral, e ligamentos laterais do reto, que o unem à fáscia facilitam, por esta disposição, a expulsão das fezes, ex- ca parietal pré-sacral. pelidas em movimento espiralado Na mulher, o reto está relacionado, anteriormen- te, com alças intestinais, com o útero, com a escavação 8.2 Canal Anal retouterina, com o fórnice posterior da vagina, e com a parede posterior da vagina. No homem, as relações Anatomicamente, o canal anal (Fig. 23.47) é defi- anteriores do reto incluem alças intestinais, escavação nido como a parte do intestino grosso que se es- retovesical, bexiga, vesículas seminais e próstata. tende da face superior do diafragma pélvico (anel anorretal) até o ânus. Este se apresenta com pregas 8.1.2 Estrutura cutâneas, supostamente devidas ao m. corrugador da pele do ânus. Cirurgiões e clínicos preferem refe- O reto apresenta uma túnica muscular longitudinal rir-se ao limite superior do canal anal como sendo mais espessa anterior e posteriormente do que lateral- a linha pectinada, e não o anel anorretal, devido mente. Não há nem apêndices adiposos. Logo às diferenças de inervação, de drenagem linfática e acima da flexura anorretal, feixes de músculos lisos diri- venosa e de tipo de epitélio de revestimento acima gem-se para o cóccix, como o m. retococcígeo, e para a e abaixo desta linha. Estas diferenças serão descritas uretra, como o m. retouretral. A mucosa é geralmente logo adiante. De qualquer modo, o canal anal mede lisa, apresenta três pregas transversas do reto que são apenas 3 cm de comprimento, estende-se em direção proeminentes na luz do reto, formadas por túnica mu- inferior e posterior e abre-se no ânus. Camada longitudinal Camada circular M. levantador do ânus Esfíncter interno Parte profunda Colunas anais Parte superficial Válvulas anais Parte subcutânea Fig. 23.47 Canal anal. Observe as três partes do esfíncter externo. PELVE 707

Mais conteúdos dessa disciplina