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DIREITO DOS CONTRATOS Aula 01 UNIDADE 01: UNIDADE 01- Evolução do Direito Contratual - historicidade: Estado Autoritário, Estado Liberal, Estado Social 1.1. As relações contratuais e o Estado Democrático de Direito 1.1.1 Análise civil-constitucional: (re)leitura das obrigações contratuais 1.2 A Boa fé nas relações contratuais: A cláusula geral 1.2.1 Venire contra factum proprium 1.2.2 Supressio 1.2.3 Surrectio 1.2.4 Tu quoque Evolução do Direito Contratual “O contrato é a mais comum fonte de obrigação”. Fontes de obrigação no Art. 233 do Código Civil: As obrigações podem ser derivadas da lei, do contrato, da declaração unilateral de vontade e do ato ilícito. Conceito de obrigação: ???? CONCEITO DE CONTRATO: “O contrato é um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos”. (Caio Mário) “Sempre pois, que o negócio jurídico resultar de um mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos diante de um contrato. (Gonçalves) CONCEITO DE CONTRATO NO DIREITO BRASILEIRO: O conceito de contrato restringe-se aos pactos que criem, modifiquem, ou extingam relações patrimoniais. EVOLUÇÃO DO DIREITO CONTRATUAL Contratos no Direito Romano: O Direito Romano distinguia contrato de convenção. Esta representava o gênero, do qual o contrato eram espécies. Contratos no Período Moderno: O Código napoleônico foi a primeira grande codificação moderna. Disciplinou o contrato como mero instrumento para a aquisição da propriedade. O acordo de vontades representava uma garantia para os burgueses e classes proprietárias. Contratos no Período Contemporâneo: A economia de massa exige contratos impessoais e padronizados (contrato tipo ou de massa) que não mais se coadunam com o princípio da autonomia da vontade. EVOLUÇÃO DO DIREITO CONTRATUAL Contratos na atualidade: - Supremacia da ordem pública sobre o interesse privado. - Dirigismo contratual estatal. - Princípios relacionados ao bem comum. - Contratos com função social. BOA-FÉ NAS RELAÇÕES CONTRATUAIS: A CLÁUSULA GERAL Código Civil de 1916: Privilegiava a autonomia da vontade e a obrigatoriedade dos contratos, sob o aspecto individualista. Art. 422 Código Civil de 2002: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. A boa-fé deve ser presumida e a má-fé, provada por quem alega. BOA-FÉ SUBJETIVA E BOA-FÉ OBJETIVA O Princípio da Boa-fé se biparte em: 1- Boa-fé objetiva 2- Boa-fé subjetiva Boa-fé Subjetiva: esteve presente no Código Civil de 1916. Diz respeito ao conhecimento ou à ignorância da pessoa relativamente a certos fatos, sendo levada em consideração pelo Direito. Leva em consideração a intenção do sujeito da relação jurídica, ao seu estado psicológico ou íntima convicção. Ex: Casamento putativo, Usucapião ordinária. BOA-FÉ SUBJETIVA E BOA-FÉ OBJETIVA Boa-fé objetiva: classifica-se como regra de conduta. Deixou de se apresentar no ordenamento jurídico brasileiro como princípio geral do direito, sendo esta estabelecida como cláusula geral de conduta e norma de comportamento. Aspecto subjetivo Aspecto objetivo CONSEQUENCIAS DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ NOS CONTRATOS PROIBIÇÃO DO VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM Princípio jurídico que impede uma pessoa de adotar comportamentos contraditórios, causando prejuízos a outra pessoa. Em termos mais simples, significa que alguém não pode se beneficiar de sua própria incoerência de atitudes. Requisitos: Existência de um comportamento anterior: Uma das partes adotou uma conduta inicial que gerou uma expectativa legítima na outra parte. Mudança de comportamento: A parte que adotou o comportamento inicial age de maneira contrária a ele. Prejuízo à outra parte: A mudança repentina de comportamento causa prejuízo à parte que confiou na conduta inicial. SUPRESSIO, SURRECTIO E TU QUOQUE SUPRESSIO: Princípio pelo qual o não exercício de um direito durante um longo período de tempo impede a sua exigência e leva à sua extinção, especialmente se o não exercício gerar na outra parte a expectativa de que esse direito não será mais reivindicado. Ex: Comprador que deixa mercadoria por tempo indeterminado no depósito do vendedor. SUPRESSIO, SURRECTIO E TU QUOQUE SURRECTIO: Princípio oposto à supressio. Ele se refere ao surgimento de um direito novo com base na prática prolongada e reiterada de determinada conduta por uma das partes, criando uma expectativa legítima na outra parte. Exemplo: Suponha que, em um contrato de trabalho, o empregador sempre pague um bônus anual ao empregado, mesmo sem estar previsto no contrato. Após vários anos de pagamento desse bônus, se o empregador decide não pagá-lo mais, o empregado pode invocar a surrectio para exigir o pagamento, argumentando que a prática contínua gerou uma expectativa legítima de receber o bônus. SUPRESSIO, SURRECTIO E TU QUOQUE TU QUOQUE Tu quoque (do latim, "tu também") é o princípio que impede uma parte de reclamar um comportamento da outra parte quando ela própria adota a mesma conduta. Em essência, é uma forma de proibição de hipocrisia no comportamento das partes. Exemplo: Em um contrato comercial, se uma empresa A sempre entregou seus produtos com um pequeno atraso e nunca reclamou dos pequenos atrasos nas entregas da empresa B, não pode agora exigir pontualidade rigorosa de B sem se sujeitar à mesma exigência.