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Mayanne Mendonça 
 
 
 
Intencionalidade: compreender a situação da violência contra a 
mulher, o feminicídio no Brasil e o papel da Atenção Básica no 
enfrentamento da violência contra a mulher. 
1. Entenda os sinais físicos, sociais e psicológicas em casos de 
uma violência doméstica. 
 
Feminicídio: é o assassinato de uma mulher motivado pela 
discriminação de gênero, ou seja, pelo fato de ser mulher. O 
feminicídio ocorre em um contexto de opressão ou desigualdade de 
gênero e muitas vezes está relacionado à violência doméstica ou a 
práticas culturais que inferiorizam a mulher. Em alguns países, 
incluindo o Brasil, feminicídio é um crime tipificado na legislação, com 
penas mais severas do que outros tipos de homicídio. 
Femicídio: enquanto o termo feminicídio carrega uma conotação 
legal e social, o femicídio refere-se mais amplamente ao homicídio de 
mulheres sem necessariamente incluir a motivação de gênero. Em 
alguns contextos, o termo femicídio é usado de forma intercambiável 
com feminicídio, embora sua abrangência seja um pouco mais ampla 
e menos específica. Ele abrange qualquer homicídio de mulher, sem 
a obrigatoriedade de um motivo baseado na desigualdade de gênero. 
Violência doméstica: refere-se a qualquer forma de abuso (físico, 
psicológico, sexual, patrimonial ou moral) praticado dentro do 
ambiente doméstico, podendo ser entre familiares ou parceiros 
íntimos. Não é restrito ao gênero e pode afetar homens, mulheres, 
crianças e idosos. No entanto, a maioria dos casos de violência 
doméstica envolve mulheres como vítimas e parceiros íntimos ou 
 
 
familiares como agressores. Esse tipo de violência é caracterizado 
pela proximidade entre a vítima e o agressor, que geralmente 
compartilham o mesmo ambiente de convívio. 
Violência de gênero: engloba todas as formas de violência baseadas 
em desigualdades de gênero e pode ocorrer tanto no espaço público 
quanto privado. A violência de gênero é direcionada a uma pessoa em 
razão de seu gênero ou identidade de gênero e inclui violência 
psicológica, física, sexual e econômica. Ela pode ocorrer contra 
qualquer pessoa, mas, predominantemente, afeta mulheres e 
pessoas LGBTQIA+, devido à maior vulnerabilidade e preconceito 
estrutural enfrentado por esses grupos. 
Fonte: https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-
domestica/o-que-e-violencia-domestica.html 
Estudos têm mostrado que mulheres vítimas de abuso apresentam: 
• Muitos problemas de saúde física e mental; 
• Vários relacionamentos; 
• Maior chance de ter parceiros que as impeçam de trabalhar ou 
estudar. 
As manifestações clínicas da violência podem ser agudas ou 
crônicas, físicas, mentais ou sociais. 
Lesões físicas agudas (inflamações, contusões, hematomas em 
varias partes do corpo), em geral, são conseqüência de agressões 
causadas por uso de armas, socos, pontapés, tentativas de 
https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/o-que-e-violencia-domestica.html
https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/o-que-e-violencia-domestica.html
Mayanne Mendonça 
estrangulamento, queimaduras, sacudidelas. Em alguns casos, 
podem provocar fraturas dos ossos da face, costelas, mãos, bravos e 
pernas. 
Nas agressões sexuais, podem ser observadas lesões das mucosas 
oral, anal e vaginal. A gravidade das lesões depende do grau de 
penetração e do objeto utilizado na agressão. As lesões das mucosas 
envolvem inflamação, irritação, arranhões e edema, podendo ocorrer 
inclusive perfuração ou ruptura. Doenças sexualmente transmissíveis 
(DST/AIDS), infecções urinárias, vaginais e gravidez são 
conseqüências que podem se manifestar posteriormente. 
Semanas ou meses após a agressão, podem permanecer sintomas 
de dor no baixo ventre ou infecções, transtornos digestivos - como 
falta de apetite -, náuseas, vômitos, cólicas e dores de estômago, 
perda de peso, dores de cabeça e dores musculares generalizadas. 
Entre os sintomas psicossomáticos estão a insônia, os pesadelos, a 
falta de concentração e irritabilidade, caracterizando-se, nestes 
casos, a ocorrência de estresse pós-traumático. Os efeitos sobre a 
saúde podem ser prolongados e crônicos, podendo ser evitados 
mediante tratamento e apoio apropriado, tanto pela equipe de saúde 
como pela família e amigos. 
Alterações psicológicas podem ser decorrentes do trauma, entre eles 
o estado de choque que ocorre imediatamente à agressão, podendo 
durar várias horas ou dias. Outro sintoma freqüente é a crise de 
pânico, que pode repetir-se por longos períodos. Podem ainda surgir 
ansiedade, medo e confusão, fobias, insônia, pesadelos, auto-
reprovação, sentimentos de inferioridade, fracasso, insegurança ou 
culpa, baixa auto-estima, comportamento auto-destrutivo - como uso 
de álcool e drogas -, depressão, tentativas de suicídio e sua 
consumação. 
As manifestações sociais podem incluir isolamento por medo que 
outros descubram o acontecido, medo de que se repita, mudanças 
freqüentes de emprego ou moradia. 
Diagnóstico 
Antes de medicá-las, os profissionais de saúde devem sempre 
procurar conhecer sua história de vida, pois o tratamento meramente 
sintomático manterá oculto o problema. 
A maioria das mulheres, se perguntadas abertamente, discutirá as 
situações de violência que vivenciam. Mesmo que num primeiro 
momento elas neguem por não estarem preparadas para lidar com o 
problema, o questionamento pelo profissional de saúde, de maneira 
cuidadosa, facilita o início de um diálogo e a possibilidade de um canal 
de ajuda. 
Observou-se num determinado serviço que, ao serem perguntadas 
sobre violência em sua casa, as mulheres diziam não, mas 
respondiam afirmativamente a perguntas do tipo: você já foi agredida 
em casa por alguém da família? Já sentiu ou sente medo de alguém? 
Esse tipo de abordagem mostra que a escolha das palavras é fator 
importante para reconhecer o problema da violência e falar dele 
abertamente. 
A visita domiciliar é de grande importância, pois permite a observação 
mais adequada para identificar, com mais segurança, a situação de 
violência. 
Abordagem terapêutica 
Orientar as pacientes sobre a natureza e o curso da violência 
doméstica, fornecendo informações sobre os recursos existentes na 
comunidade, grupos de auto-ajuda e como prevenir novos episódios. 
Mayanne Mendonça 
O acompanhamento psicológico, realizado por profissional da equipe 
de atenção primária ou de saúde mental, é útil para uma mudança 
nos padrões do relacionamento, em intervenções de longo prazo. 
Os profissionais devem identificar pacientes com alto risco de 
tornarem-se abusadores no futuro, os quais devem ser encaminhados 
a serviços de saúde mental para melhor lidar com situações de 
estresse e buscar alternativas não - violentas na resolução de 
conflitos. 
Doze passos da abordagem: 
1. Desenvolver uma atitude que possibilite à mulher sentir-se acolhida 
e apoiada. 
2. Ajudar a mulher a estabelecer um vínculo de confiança individual e 
institucional para avaliar o histórico de violência, riscos, motivação 
para romper a relação, limites e possibilidades pessoais, bem como 
seus recursos sociais e familiares. 
3. Conversar com a mulher sobre as diferentes opções para lidar com 
o problema que ela está vivenciando, garantindo-lhe o direito de 
escolha, fortalecendo sua auto-estima e autonomia. 
4. Estabelecer passos graduais, concretos e realistas, construindo um 
mapa dos recursos, alternativas e ações, com vistas a implementar a 
metodologia a seguir. 
5. Apoiar a mulher que deseja fazer o registro policial do fato e 
informa-la sobre o significado do exame de corpo de delito, 
ressaltando a importância de tornar visível a situação de violência. 
6. Sugerir encaminhamento aos órgãos competentes: Delegacia 
Policial, de preferência Delegacia de Proteção à Mulher e Instituto ou 
Departamento Médico-Legal. Orientar a mulher quanto ao seu direito 
e importânciade 2019) 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial 
adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo 
daqueles previstos no Código de Processo Penal: 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a 
representação a termo, se apresentada; 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato 
e de suas circunstâncias; 
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente 
apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de 
medidas protetivas de urgência; 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da 
ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; 
V - ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua 
folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado 
de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; 
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de 
arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa 
informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável 
pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei 
nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do 
Desarmamento); (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao 
Ministério Público. 
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade 
policial e deverá conter: 
I - qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela 
ofendida. 
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com 
deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou 
agravamento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 
13.836, de 2019) 
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 
1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos 
disponíveis em posse da ofendida. 
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários 
médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas 
políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à 
criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher 
(Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13880.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13836.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13836.htm#art1
Mayanne Mendonça 
especializadas para o atendimento e a investigação das violências 
graves contra a mulher. 
 
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos 
necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica 
e familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, 
de 2017) 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou 
à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente 
afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a 
ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou 
à integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será 
imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com 
a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021) 
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de 
comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não 
houver delegado disponível no momento da denúncia. (Incluído 
pela Lei nº 13.827, de 2019) 
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será 
comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, 
em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida 
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público 
concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à 
efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida 
liberdade provisória ao preso 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis 
e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo 
Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, 
ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido 
nesta Lei. 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, 
poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, 
e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das 
causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra 
a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário 
noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de 
dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) 
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de 
bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13505.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13505.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13827.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14188.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13827.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13827.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13827.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13827.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13827.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
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§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o 
ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, a 
ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº 
13.894, de 2019) 
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos 
cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: 
I - do seu domicílio ou de sua residência; 
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; 
III - do domicílio do agressor. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da 
ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à 
representação perante o juiz, em audiência especialmente designada 
com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o 
Ministério Público. (Vide ADI 7267) 
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violênciadoméstica e 
familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de 
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique 
o pagamento isolado de multa. 
 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao 
juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: 
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas 
protetivas de urgência; 
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de 
assistência judiciária, quando for o caso; 
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de 
assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento 
da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento 
ou de dissolução de união estável perante o juízo 
competente; (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) 
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências 
cabíveis. 
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse 
do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) 
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas 
pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da 
ofendida. 
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de 
imediato, independentemente de audiência das partes e de 
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente 
comunicado. 
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou 
cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por 
outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta 
Lei forem ameaçados ou violados. 
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido 
da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever 
aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6519419
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13880.htm#art1
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ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério 
Público. 
§ 4º As medidas protetivas de urgência serão concedidas em juízo de 
cognição sumária a partir do depoimento da ofendida perante a 
autoridade policial ou da apresentação de suas alegações escritas e 
poderão ser indeferidas no caso de avaliação pela autoridade de 
inexistência de risco à integridade física, psicológica, sexual, 
patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes. (Incluído 
pela Lei nº 14.550, de 2023) 
§ 5º As medidas protetivas de urgência serão concedidas 
independentemente da tipificação penal da violência, do ajuizamento 
de ação penal ou cível, da existência de inquérito policial ou do 
registro de boletim de ocorrência. (Incluído pela Lei nº 14.550, de 
2023) 
§ 6º As medidas protetivas de urgência vigorarão enquanto persistir 
risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da 
ofendida ou de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 14.550, de 
2023) 
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, 
caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, 
a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da 
autoridade policial. 
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no 
curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem 
como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais 
relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à 
saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído 
ou do defensor público. 
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou 
notificação ao agressor . 
 
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra 
a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao 
agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas 
protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com 
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 
22 de dezembro de 2003 ; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a 
ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, 
fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por 
qualquer meio de comunicação; 
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a 
integridade física e psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, 
ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14550.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14550.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14550.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14550.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14550.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14550.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
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VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e 
reeducação; e (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) 
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de 
atendimento individual e/ou em grupo de apoio. (Incluído pela Lei 
nº 13.984, de 2020) 
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de 
outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da 
ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser 
comunicada ao Ministério Público. 
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor 
nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 
10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo 
órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência 
concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o 
superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da 
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de 
prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. 
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, 
poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. 
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o 
disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 
de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). 
Seção III 
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras 
medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou 
comunitário de proteção ou de atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao 
respectivo domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos 
direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em 
instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a 
transferência deles para essa instituição, independentemente da 
existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) 
VI – conceder à ofendidaauxílio-aluguel, com valor fixado em função 
de sua situação de vulnerabilidade social e econômica, por período 
não superior a 6 (seis) meses. (Incluído pela Lei nº 14.674, de 2023) 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal 
ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá 
determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à 
ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de 
compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa 
autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao 
agressor; 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.bak2#art461%C2%A75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.bak2#art461%C2%A75
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14674.htm#art1
Mayanne Mendonça 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por 
perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência 
doméstica e familiar contra a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os 
fins previstos nos incisos II e III deste artigo. 
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de 
Urgência 
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas 
de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 
2018) 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído 
pela Lei nº 13.641, de 2018) 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação 
dada pela Lei nº 14.994, de 2024) 
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou 
criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº 
13.641, de 2018) 
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial 
poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções 
cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 
CAPÍTULO III 
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas 
causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e 
familiar contra a mulher. 
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras 
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, quando necessário: 
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, 
de assistência social e de segurança, entre outros; 
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de 
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, 
e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis 
no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; 
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
CAPÍTULO IV 
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA 
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em 
situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada 
de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei. 
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica 
e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de 
Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e 
judicial, mediante atendimento específico e humanizado. 
TÍTULO V 
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2024/Lei/L14994.htm#art7
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2024/Lei/L14994.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm#art2
Mayanne Mendonça 
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de 
atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais 
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. 
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre 
outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, 
fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à 
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e 
desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e 
outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, 
com especial atenção às crianças e aos adolescentes. 
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais 
aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissional 
especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento 
multidisciplinar. 
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta 
orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção 
da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de 
Diretrizes Orçamentárias. 
TÍTULO VI 
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS 
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão 
as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada 
pela legislação processual pertinente. 
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas 
criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no 
caput. 
 
Algumas leis aqui nesse link 
https://unasus-
quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1913380/mod_resource/content/4
5/conteudo/unidade_01.html#politicas 
Lei maria da penha aqui 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm 
 
6. Compreenda a rede intersetorial e o fluxo de 
encaminhamento em casos de violência 
 
Douglas - Como é organizada a Rede de Enfrentamento / Proteção 
da Mulher no Brasil. Quais serviços são ofertados? Quais as Políticas 
públicas de enfrentamento? Incluir intersetorialidade (além da Saúde, 
além de ONGs). Por onde a mulher pode procurar e receber 
apoio/informações. 
Rede de atenção às mulheres em situação de violência 
A Rede de Atenção às Mulheres em Situação de Violência Doméstica 
engloba os pontos de atenção, o fluxo de atendimento e os 
encaminhamentos que podem ser realizados quando necessário. 
Rede de atenção às mulheres em situação de violência 
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1913380/mod_resource/content/45/conteudo/unidade_01.html#politicas
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1913380/mod_resource/content/45/conteudo/unidade_01.html#politicas
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1913380/mod_resource/content/45/conteudo/unidade_01.html#politicas
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
Mayanne Mendonça 
A violência doméstica tem uma complexidade que requer políticas e 
ações coordenadasintersetorialmente, com a participação do 
Estado e da sociedade civil. 
A equipe de saúde da atenção primária tem papel importante no 
reconhecimento das situações de violência doméstica, na atenção e 
no acionamento da rede. Como responsável pela população de sua 
área de abrangência, tem o compromisso de acompanhar o 
andamento das mulheres na rede de atenção, coordenando o 
cuidado. 
A rede de enfrentamento a violência é mais abrangente que a rede de 
atenção, envolvendo a sociedade como um todo, entidades 
governamentais, não governamentais, instituições de ensino, entre 
outras. O enfrentamento atua na promoção de ambientes saudáveis, 
prevenção da violência e também na atenção às pessoas que 
vivenciam este agravo. Exige ações que promovam a informação e a 
reflexão na comunidade e também medidas de atenção que garantam 
portas abertas nos serviços de saúde, assistência social, segurança 
e justiça, para o alcance da redução dos atos violentos. 
 
O atendimento da mulher em situação de violência doméstica em rede 
articulada amplia o acesso e minimiza a revitimização. 
Fluxo de atenção e encaminhamentos 
Os serviços articulados em rede de atenção devem promover 
facilidade e ampliação de acesso. 
O fluxo de atenção precisa ser construído pelos serviços que estão 
presentes na comunidade e fora dela, quando forem serviços 
essenciais para a atenção, como as referências na área de saúde, 
assistência social, segurança ou justiça. Sugere-se a elaboração de 
documento pactuando o fluxo e o acesso. Esta informação deverá ser 
divulgada para a comunidade nos meios de comunicação, nas 
Unidades Básicas de Saúde e em outros espaços de convívio local. 
O percurso na rede de atenção se constrói a partir da sequência de 
decisões da mulher em situação de violência, na busca pela solução 
de seus problemas, avaliando as opções a partir das informações 
recebidas. O início deste percurso ocorre pelo rompimento do silêncio 
da mulher em relação a situação de violência vivenciada. O ponto da 
rede em que este rompimento acontecer deverá ser o início do 
percurso da atenção e proteção. Este caminho deve respeitar a 
decisão da mulher. A intervenção do profissional que está 
acompanhando a situação deverá ocorrer de acordo com a avaliação 
de risco a que a mulher está exposta. 
Lembre-se que de acordo com a Portaria GM/MS nº 78 de 18 de 
janeiro de 2021, caberá a unidade de saúde comunicar à autoridade 
policial os casos de violência interpessoal contra a mulher no prazo 
de 24 horas, contados da data da constatação da violência. E a 
unidade de saúde que proceder a comunicação à autoridade policial 
dos casos de violência interpessoal contra a mulher deverá 
encaminhar à autoridade sanitária local a ficha de comunicação. 
Mayanne Mendonça 
 
Um documento norteador pode ser escrito pelos serviços que 
compõem a rede local e regional de atendimento e nele constar 
informações de quais os serviços compõem a rede, suas atribuições, 
telefones e os profissionais de referência. 
A identificação das necessidades e a pactuação de um plano de 
cuidados com a mulher em situação de violência doméstica é que vai 
demandar ou não o encaminhamento na rede. O profissional quando 
fizer um encaminhamento deverá: 
 
A rede poderá organizar um formulário de referência e 
contrarreferência para os encaminhamentos. Destaca-se o cuidado 
para com as questões éticas e de sigilo em todo o processo. Assim, 
as informações do formulário de referência e contrarreferência devem 
ser mínimas, mas suficientes para possibilitar a continuidade do 
processo de atenção e a não revitimização. 
Para que a rede funcione, os profissionais que atuam nos serviços 
precisam ter conhecimento da rede e se reconhecer nela. Então, além 
de documento que formalize a rede, os serviços e suas atribuições, é 
necessário que ocorram reuniões periódicas onde um representante 
de cada serviço informe o andamento das suas atribuições e da 
relação deste com os demais setores. O ponto de convergência da 
rede deve ser a atenção às mulheres em situação de violência 
doméstica. Normas e procedimentos podem e devem ser revistos, 
sempre que necessário, com a finalidade de ampliar o acesso e a 
qualidade da atenção às mulheres. 
PONTOS DE ATENÇÃO 
Mayanne Mendonça 
 
Caso a mulher esteja com lesões físicas ou tenha sido vítima de 
violência sexual, e o primeiro acesso não ocorreu em serviço de 
saúde, deverá ser encaminhada para um serviço que atenda urgência 
e emergência, onde as medidas necessárias sejam efetuadas. Caso 
você profissional da primária à saúde receber um caso de violência 
sexual, medidas precisam ser tomadas imediatamente. 
Em caso de estupro, a primeira medida a ser tomada é buscar um 
serviço de saúde, preferencialmente uma Unidade Hospitalar. É lá 
que a mulher em situação de violência sexual receberá os cuidados 
necessários, como o tratamento de lesões, prescrição de medicação 
para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e para 
prevenção da gravidez. Essa medicação é mais efetiva se for 
administrada em até 72 horas após o estupro, por isso procurar um 
serviço de saúde pode ser determinante para a saúde da mulher em 
situação de violência sexual. 
Além das medicações para prevenção de doenças, infecções e 
gravidez não desejada, a mulher vítima de estupro também tem direito 
a acompanhamento psicológico, cirurgia plástica reparadora (quando 
for o caso), e encaminhamento para outros serviços especializados. 
Nos casos de gravidez em decorrência de estupro, a mulher tem 
direito de realizar a interrupção da gravidez e não é obrigatório 
apresentar boletim de ocorrência para o atendimento na saúde. (Art. 
128 do Código Penal - Decreto-Lei nº 2.848/ 1940 e Norma Técnica 
“Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência 
Sexual Contra Mulheres e Adolescentes”, Ministério da Saúde, 2012). 
Como atuar em rede para atenção a violência 
Os serviços devem realizar o acolhimento de mulheres em situação 
de violência doméstica e, a partir da escuta, realizar o atendimento. 
Cada serviço tem uma função diferenciada a desempenhar na rede 
de atenção. Na área da saúde, para a violência doméstica, 
consideram-se as equipes da atenção primária à saúde como ponto 
essencial da rede pela possibilidade de identificação das situações de 
violência e apoio à mulher na quebra do silêncio e na elaboração, 
junto a ela, de um plano de cuidados. Ressaltamos que a saúde não 
condiciona o atendimento ao boletim de ocorrência. 
A articulação pode ocorrer entre os profissionais que atuam na Equipe 
de Saúde da Família (ESF) e os demais profissionais das equipes 
entre eles os dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (NASF), 
que trabalhando de forma interdisciplinar podem utilizar estratégias 
de fortalecimento do cuidado ampliado às mulheres em risco ou 
situação de violência, por meio da estratégia do Projeto Terapêutico 
Singular (PTS). Este Projeto é um movimento de co-produção de 
problematização e de co- gestão do processo terapêutico de 
indivíduos ou coletivos em situação de vulnerabilidade, este tipo de 
Mayanne Mendonça 
abordagem pode ser aplicada nos casos de violência doméstica 
contra mulher. Muitas destas equipes têm profissionais psicólogos 
com importante contribuição a dar, não somente no apoio às 
mulheres, mas também no apoio à equipe para suportar a carga de 
sofrimento imposta pelo trabalho na atenção às pessoas em situação 
de violência. 
Outras possibilidades de articulação dentro do setor saúde, 
acontecem nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou com 
serviços de atendimento de urgência/emergência. O CAPS é 
constituído por equipe multiprofissional, que atua sobre a ótica 
interdisciplinar, realiza prioritariamente atendimento às pessoas com 
sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades 
decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial,seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação 
psicossocial. Os serviços de urgência e emergência podem ser 
referenciados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) ou em 
hospitais. Entre as situações que demandam atendimento de 
urgência e emergência estão especialmente as violências físicas e 
sexuais. 
Alguns municípios têm também serviços especializados na área da 
saúde para a atenção a mulheres em situação de violência. Nestes 
serviços atuam profissionais médicos, enfermeiros, psicólogos, entre 
outros, como parte da equipe de referência para elaboração de plano 
de cuidados e acompanhamento. Entre esses serviços, os hospitais 
tem a função de atender às mulheres em situação de violência e 
realizar interrupção da gestação nos casos previstos em lei, como o 
estupro, por exemplo. 
Para além da saúde, outros serviços de atendimento precisam fazer 
parte da rede, dentre eles os da assistência social, da segurança e da 
justiça. 
 
 
Mayanne Mendonça 
 
Estados e ONGs tem buscado novas tecnologias e estratégias para 
o cuidado às mulheres e desenvolvido ações para apoio a elas no 
momento da emergência, como por exemplo o desenvolvimento de 
aplicativos que podem ajudar esta mulher no momento da violência, 
acionando a rede de proteção. 
Por exemplo, o aplicativo implantado no estado do Piauí denominado 
Salve Maria para denúncias de violência doméstica pela população, 
de forma sigilosa, por via de mensagens. 
No Sistema de Justiça, toda mulher vítima de violência doméstica tem 
direito à assistência judiciária da Defensoria Pública, 
independentemente do nível de renda. Na defensoria, as mulheres 
podem acessar orientações sobre os direitos que lhes são 
assegurados (integridade, guarda de filhos, pensão alimentícia, 
acesso a programas sociais etc.) e as situações que podem levar à 
prisão do autor da violência, encaminhamento a atendimento 
psicossocial, entre outras atribuições. Ao Ministério Público cabe 
representar a sociedade na denúncia e busca de responsabilização 
cível e criminal do agressor, solicitar medidas protetivas em defesa da 
mulher, requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de 
educação, de assistência social e de segurança, entre outros. Cabe 
a este serviço fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares 
de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e adotar 
as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a 
quaisquer irregularidades constatadas. Ao Juiz cabe a expedição de 
medida protetiva à vítima de violência. Pode ser a determinação da 
prisão preventiva do agressor, bem como seu comparecimento 
obrigatório a programas de reeducação (INSTITUTO PATRICIA 
GALVÃO, 2018). 
O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não 
jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento 
dos direitos da criança e do adolescente. Em cada município deverá 
ter pelo menos um Conselho Tutelar composto por cinco membros 
eleitos pela comunidade (BRASIL, 1990). 
Mayanne Mendonça 
 
Da mesma forma, a violência contra as mulheres com 60 ou mais 
anos deverá ser comunicada ao Conselho do Idoso ou ao Ministério 
Público. 
Para as demais mulheres, o atendimento deve ser realizado e a 
informação sobre os seus direitos previstos na legislação, em 
especial Lei Maria da Penha, deve ser dada pelos profissionais. 
Destacamos que não é necessário o BO para qualquer atendimento 
em saúde. 
É importante destacar que crime de lesão corporal, conforme Art. 129 
do Código Penal Brasileiro, não é passível de retratação pela vítima, 
por ser um crime de ação penal incondicionada. Em outras palavras, 
se for lesão corporal não há como retirar o caso e nem extinguir a 
punibilidade, pois a vontade de justiça é do Estado e não precisa de 
representação da vítima. 
O encaminhamento para assistência social deve ocorrer quando a 
mulher estiver em situação de vulnerabilidade social. O serviço social 
é responsável por assegurar o acesso a casas-abrigo e serviços de 
proteção à vida; cadastramento da mulher em programas sociais de 
alimentação, educação, emprego e renda. 
Estes são os pontos da rede de atenção às mulheres e adolescentes 
em situação de violência doméstica que você precisa identificar no 
seu local de atuação. Ao identificar, cabe saber quem são os 
profissionais de referência, contato e como atuam, sendo estas 
informações essenciais para a atuação e articulação em rede de 
atenção às mulheres em situação de violência doméstica. 
Fonte: 
https://unasus.ufsc.br/saudedamulher/files/2022/02/GUIA_Violencia
Mulheres_V4-1.pdf 
Políticas públicas 
Em relação aos mecanismos institucionais de gênero, ocorreu um 
avanço importante em 2003 através da Secretaria Especial de 
Políticas para as Mulheres (SPM). Essa secretaria resgatou a atuação 
do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) na década de 
1980 e intensificou sua interlocução com os movimentos de mulheres. 
Por esta razão, a SPM foi reconhecida, por esses movimentos, como 
aliada na defesa de políticas públicas com perspectiva de gênero. A 
atuação dessa secretaria, em sintonia com os movimentos de 
mulheres e em interlocução com o Congresso Nacional, foi importante 
na aprovação e implementação da Lei Maria da Penha. 
No plano nacional a SPM foi, no período de 2003 a 2010, um 
importante mecanismo de defesa dos direitos das mulheres. No plano 
estadual, mesmo considerando a ampliação desses mecanismos – 
no final de 2010 existiam secretarias de políticas para as mulheres 
em 23 estados brasileiros –, grande parte deles estavam sem força 
capaz de impulsionar políticas locais mais significativas. 
Por outro lado, esses mecanismos locais, em articulação com 
movimentos de mulheres, foram de grande importância para a 
https://unasus.ufsc.br/saudedamulher/files/2022/02/GUIA_ViolenciaMulheres_V4-1.pdf
https://unasus.ufsc.br/saudedamulher/files/2022/02/GUIA_ViolenciaMulheres_V4-1.pdf
Mayanne Mendonça 
realização de conferências municipais e estaduais de mulheres. Em 
2004, fruto desse processo, o MS elaborou a Política Nacional de 
Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), que admite como um 
dos principais temas a promoção da atenção às mulheres e aos 
adolescentes em situação de violência. 
Essa política foi estruturada em dois documentos, o primeiro 
constando os princípios e diretrizes, e o segundo o Plano de Ação 
2004-2007, que abarcou os objetivos específicos e propôs metas, 
estratégias, ações, recursos e indicadores para cada um dos 
objetivos (BRASIL, 2015). Um dos objetivos foi organizar as redes de 
atenção integral a mulheres e adolescentes em situação de violência 
doméstica e sexual. Esse plano definiu algumas metas: a integração 
de serviços em redes locais, regionais e nacionais; a instituição de 
redes de atendimento envolvendo um conjunto de instituições; o 
aumento dos serviços de atenção à saúde da mulher em situação de 
violência; a ampliação do número de Delegacias Especializadas de 
Atendimento à Mulher (Deams). 
 
Suas metas buscaram desenvolver políticas públicas amplas e 
articuladas, prioritariamente direcionadas às mulheres rurais, negras 
e indígenas em situação de violência, considerando a dupla ou tripla 
discriminação a que estão submetidas. 
O pacto estimula a articulação federativa por meio de convênios com 
estados e municípios, disponibilizando recursos financeiros para 
criação de serviços, compra de equipamentos, promoção de cursos 
de capacitação de agentes públicos, dentre outras ações. 
Como resultado dessa articulação federativa, observa-se no período 
de 2007 a 2010 um aumento significativo de serviços voltados à 
atenção às mulheres em situação de violência e a possibilidade de 
fortalecimento dos mecanismos locais de defesa dos direitos das 
mulheres. 
Esse pacto apresenta como eixos estruturantes: a proteção aos direi
tos sexuais e reprodutivos e a feminilização da Aids;o fortaleciment
o da rede de atendimento e implementação da Lei Maria da Penha; 
o combate à exploração sexual da mulher e da adolescente e ao tráf
ico de mulheres; a promoção dos direitos humanos das mulheres. 
A legislação nacional e os tratados e as convenções internacionais 
ratificadas pelo Brasil apresentam avanços quanto à 
institucionalização de direitos, pautando-se nos princípios da 
universalidade e da igualdade. No entanto, tais avanços não se 
concretizam na vida de milhões de homens e mulheres, na medida 
em que se materializam por meio das políticas implementadas pelo 
Estado num contexto social marcado por contradições de classe, 
gênero e étnico-raciais (ROCHA, 2005). 
Tratar a violência como um ato isolado, sendo difícil enfrentá-la sem 
uma rede de apoio, sobretudo de políticas públicas, é contribuir para 
a manutenção de formas de sociabilidade violentas (ROCHA, 2005). 
A aprovação de medidas legislativas de prevenção e combate à 
violência de gênero constitui passos importantes. 
No entanto, essas medidas precisam ser concretizadas por meio de 
ações governamentais, no âmbito do Executivo e da atuação do 
Judiciário no contexto brasileiro. Além disso, é necessário estabelecer 
Mayanne Mendonça 
o grande desafio de torná-las conhecidas da população e de garantir-
lhes o acesso à Justiça (ROCHA, 2005). 
Alguns pesquisadores demonstram a necessidade de lançar esse 
olhar às políticas destinadas a homens em situação de violência, pois 
no plano atual ainda são tratados exclusivamente como agressores. 
Podemos observar que todas as conferências, leis e políticas 
relacionadas à violência foram criadas com base na violência contra 
a mulher. Pouco se fala sobre a violência contra homens – estas, 
quando são abordadas, estão mais relacionadas à violência urbana e 
a homicídios (TRISTÃO et al, 2012). 
O homem pode ser vítima da violência doméstica, sendo incluído nos 
termos da Lei Maria da Penha. Contudo, as medidas de assistência e 
proteção limitam-se à mulher (CUNHA e PINTO, 2007). Beiras et al 
(2011) elaboraram uma comunicação acerca do mapeamento dos 
programas que elaboram políticas públicas na América Latina e em 
Portugal. Demonstraram que, principalmente na América Latina, 
ainda privilegiam o atendimento a mulheres vítimas de violência. São 
iniciativas de entidades não governamentais que desenvolvem 
programas para o atendimento ao homem. 
 
https://unasus-
quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1913380/mod_resource/content/4
5/conteudo/unidade_01.html#politicas 
 
7. Quais os principais desafios para o rompimento do ciclo da 
violência da mulher no Brasil 
Crenças e estigmas culturais 
A cultura patriarcal enraizada no Brasil perpetua ideias de submissão 
e controle sobre a mulher, o que pode levar a uma naturalização da 
violência. Isso gera vergonha e medo em muitas mulheres, impedindo 
que denunciem e busquem ajuda. 
Dependência econômica 
Muitas mulheres são financeiramente dependentes dos parceiros, o 
que dificulta a possibilidade de deixarem o agressor. Essa 
dependência não só as prende ao ciclo da violência, como também 
as desmotiva a buscar alternativas de renda e autonomia. 
Rede de apoio insuficiente 
Falta de apoio de familiares, amigos e comunidade também é um 
grande desafio. Muitas mulheres enfrentam a violência sozinhas, sem 
receber o suporte necessário para romper o ciclo, e até são 
incentivadas a "preservar a família" e "suportar" a situação. 
Acesso limitado a serviços especializados 
Ainda há escassez de serviços especializados, como delegacias da 
mulher, centros de acolhimento e abrigos. Em muitas cidades, 
especialmente em áreas rurais, os recursos são limitados, e os 
serviços estão concentrados nas capitais e grandes centros. 
Capacitação de profissionais 
Profissionais da saúde, da segurança pública e da assistência social 
nem sempre estão preparados para identificar e lidar com casos de 
violência de maneira adequada. O acolhimento inicial é crucial, e a 
falta de capacitação pode afastar a mulher de denunciar e buscar 
ajuda. 
Morosidade no sistema de justiça 
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1913380/mod_resource/content/45/conteudo/unidade_01.html#politicas
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1913380/mod_resource/content/45/conteudo/unidade_01.html#politicas
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1913380/mod_resource/content/45/conteudo/unidade_01.html#politicas
Mayanne Mendonça 
O processo judicial pode ser lento e ineficaz. Em muitos casos, as 
medidas protetivas não são aplicadas com a urgência necessária, e 
as penalidades podem não ser proporcionais à gravidade dos casos 
de violência, desmotivando a denúncia. 
Medo de represálias e revitimização 
Denunciar o agressor pode expor a mulher a mais ameaças e 
violência, e o próprio sistema judicial pode revitimizá-la durante o 
processo. Muitas mulheres acabam desistindo do processo por medo 
de represálias ou pela angústia de reviver a situação de violência. 
Educação e conscientização 
A educação sobre direitos das mulheres, igualdade de gênero e 
respeito nas relações ainda precisa de maior alcance. Campanhas de 
conscientização são fundamentais para quebrar estigmas, mas são 
insuficientes frente à magnitude do problema. 
 
Douglas - Compreenda o Ciclo da Violência (fases: aumento da 
tensão, ato de violência e arrependimento/comportamento 
carinhoso). Quais são os fatores que perpetuam o Ciclo da Violência 
(para que mulheres não consigam sair dele). 
Ciclo da violência 
Podemos considerar que as interações violentas de um casal estão 
vinculadas ao aumento de tensão nas relações de poder 
estabelecidas e que a relação de dominação/subordinação necessita 
ser confirmada. A situação de violência pode ser, então, uma tentativa 
de restaurar o poder perdido ou nunca alcançado, ou ainda a 
confirmação mútua da identidade (Mesterman, 1998)9 (Gregory, 
1996)10. O ciclo da violência, descrito por L. Walker (1979)11, 
expressa como os diferentes fatores interagem num mesmo 
relacionamento de violência, através de sucessivas fases. Segundo 
Walker, nem todos os momentos são marcados pela agressão e 
entendê-lo é muito importante na sua prevenção e interrupção. O ciclo 
da violência tem três fases distintas, as quais variam, tanto em 
intensidade como no tempo, para o mesmo casal e entre diferentes 
casais e não aparecem, necessariamente, em todos os 
relacionamentos. 
 
Fase um: o aumento da tensão Ocorrem pequenos, mas freqüentes, 
incidentes de violência. É mais fácil a mulher negar a sua raiva, 
atribuindo cada incidente à uma situação externa. Tenta acreditar que 
Mayanne Mendonça 
tem algum controle sobre o comportamento do agressor. Esta 
aparente aceitação estimula-o a não controlar a si mesmo, as 
tentativas de humilhação psicológica tornam-se mais fortes e as 
ofensas verbais mais longas e hostis. A mulher não consegue 
restaurar o equilíbrio na relação, ficando cada vez menos capaz de 
se defender. O homem aumenta a opressão, o ciúme e a 
possessividade quando observa que ela está tentando afastar-se. Os 
atos da mulher estão sujeitos a interpretações equivocadas. Ele vigia 
todos os seus passos. Qualquer situação externa pode atrapalhar o 
equilíbrio e a tensão entre os dois torna-se intolerável. 
Fase dois: o incidente agudo da violência Esta fase é mais breve que 
a anterior e a seguinte, caracterizando-se pela incontrolável descarga 
de tensão acumulada na fase um e pela falta de previsibilidade e 
controle. O que marca a distinção entre as fases é a gravidade com a 
qual os incidentes da fase dois são vistos pelo casal. A raiva do 
homem é tão grande que o impede de controlar seu comportamento. 
Inicialmente, tenta dar uma "lição" à mulher, sem a intenção de 
causar-lhe dano, e termina quando crê que ela aprendeu a "lição". O 
motivo para dar início às agressões raramente é o comportamento da 
mulher,mas um acontecimento externo ou um estado interno do 
homem. A mulher, ocasionalmente, provoca incidentes na fase dois. 
A antecipação do que possa ocorrer leva ao estresse psicológico: ela 
torna-se ansiosa, deprimida e queixa-se de sintomas 
psicossomáticos. Seus sentimentos, nessa fase, são de terror, raiva, 
ansiedade, sensação de que é inútil tentar escapar. Com freqüência, 
a opção é encontrar um lugar seguro para esconder-se. 
Fase três: o apaziguamento/Iua-de-mel O agressor sabe que o seu 
comportamento foi inadequado e demasiadamente agressivo, e tenta 
fazer as pazes. É um período de calma incomum. O agressor a trata 
carinhosamente, pede perdão e promete que os episódios de 
violência não mais ocorrerão. Ele acredita que não agredirá mais, 
crendo que poderá controlar a si mesmo, e pensa que a mulher 
aprendeu a "lição". A mulher agredida precisa acreditar que não 
sofrerá mais violência. O agressor reforça a crença de que realmente 
pode mudar. Há predominância da imagem idealizada da relação, de 
acordo com os modelos convencionais de gênero. O casal que vive 
em uma situação de violência torna-se um par simbiótico, tão 
dependente um do outro que, quando um tenta separar-se, o outro 
torna-se drasticamente afetado. Esta fase parece ser mais longa que 
a fase dois, porém mais curta que a fase um. Em diferentes 
combinações de casal para casal, estas fases resumem o que se 
chama de dinâmica da violência. Sua compreensão é muito 
importante para uma abordagem adequada, permitindo ao 
profissional não atuar vitimizando a mulher e culpabilizando o homem, 
mas compreendendo sua interação e interdependência na relação 
violenta. 
Caso: 
A história de Flávia Flávia é uma mulher de 26 anos, com dois filhos 
(8 e de 5 anos). Vive com João, seu companheiro há 9 anos. Procurou 
a unidade de saúde muito angustiada e abatida. Ao escutá-la, o 
profissional que a atendeu colheu sua história, da qual relatamos 
alguns dados relevantes. Na infância, Flavia presenciou situações de 
violência do pai contra a mãe, o qual apresentava problemas 
relacionados ao uso abusivo de álcool. Foi vítima de tentativa de 
abuso sexual por parte do pai. No entanto, sua mãe, negando-se a 
acreditar, não tomou nenhuma providência. Sem o apoio da mãe, 
fugiu de casa aos 9 anos, sendo recolhida pelo Juizado da Infância e 
da Juventude e encaminhada à Fundação para o Bem-Estar do Menor 
(FEBEM), onde permaneceu até os 14 anos. Após deixar a FEBEM, 
Flávia foi morar com uma irmã. Contudo, devido às precárias 
Mayanne Mendonça 
condições financeiras e de espaço na moradia, empregou-se como 
doméstica, aos 16 anos. Pouco tempo depois conheceu João, 21 
anos, por quem se apaixonou e depositou expectativas de uma vida 
melhor. Foram morar juntos e ela, aos 18 anos, engravidou. Embora 
João bebesse eventualmente, no início a relação parecia boa. Flavia 
passou a fazer faxinas como opção de trabalho. Após o nascimento 
da criança, o companheiro começou a demonstrar ciúmes 
excessivos, controlava suas roupas e a impedia de ter amigas. Com 
o tempo, agravou-se o uso de bebidas alcoólicas e começaram as 
agressões físicas. Flávia manteve-se na relação, engravidando do 
segundo filho e acreditando que isto iria melhorar a situação. No 
entanto, as agressões continuaram e após o nascimento do segundo 
filho, João a proibiu de trabalhar. Quando bebia, agredia também as 
crianças. Flávia raramente saia de casa e, ao retornar, era acusada 
de ter se encontrado com outro homem. Algumas vezes, Flávia 
retirou-se, permanecendo na casa de amigos ou tias. Porém João a 
procurava, prometendo mudar, e ela o acompanhava por acreditar na 
possibilidade de mudança e também por não conseguir imaginar-se 
sozinha. Certo dia, João comprou um revolver e passou a ameaçá-la. 
Por ocasião do último episódio de violência física, amedrontada e sem 
o apoio dos amigos e parentes, que não mais acreditavam no seu 
desejo de mudança, Flávia fugiu de casa. Acompanhada dos dois 
filhos, foi procurar ajuda na unidade, local onde costumava obter 
atendimento de saúde para si e seus filhos. 
Abordagem: 
Flávia depositou confiança em Clarice, profissional que procurou. 
Clarice ouviu atentamente seu relato com atitude de acolhimento e 
apoio, reunindo as informações necessárias para uma avaliação do 
histórico dos pessoas envolvidas. Na infância, Flávia viveu numa 
família onde a violência estava presente, o que a leva, 
inconscientemente, a reproduzir esta situação na vida adulta e a ter 
dificuldades para romper o ciclo da violência em seu cotidiano. Clarice 
avaliou, junto com ela, o seu nível de motivação pare afastar-se 
definitivamente do companheiro ou se o seu desejo era obter auxílio 
para levá-lo a mudar de comportamento. Fez-se necessário investigar 
a história de João para avaliar se havia risco de vida para Flávia e 
seus filhos, e a forma de abordá-lo com segurança, alertando-se para 
o fato de que possuía uma arma. Verificou-se ainda a existência de 
familiares ou amigos que pudessem acolher a família oferecendo-lhe 
segurança, ou a necessidade de que a mesma fosse para o abrigo 
(instituição que já havia sido implantada na cidade). 
Foram levantados os recursos e alternativas disponíveis para aquele 
momento de crise, estabelecendo-se contato com a rede de apoio 
existente na comunidade e encaminhando-se Flávia aos seguintes 
órgãos: a) Delegacia da Mulher, a fim de denunciar o ocorrido (quando 
esta não existir, pode-se buscar outra delegacia); b) Departamento 
Médico-Legal, para realizar exame de corpo de delito (isto é 
fundamental, principalmente quando existir marcas da agressão); c) 
Conselho Tutelar, para denunciar a violência contra as crianças e 
verificar as providências necessárias. Flávia também teve avaliada 
sua disponibilidade para receber atendimento psicoterápico individual 
ou em grupo (quando o Posto de Saúde não dispor deste serviço, 
deve-se encaminhar a paciente a um serviço de referência). Ao 
chamar João para uma conversa, buscou-se estabelecer um vínculo 
de confiança e, assim, levá-lo a responsabilizar-se por seu 
comportamento e a compreender a importância de receber ajuda, 
encaminhando-o para tratamento em grupo. Neste caso, ele foi para 
o AA - "Alcoólicos Anônimos". 
Atenção 
Mayanne Mendonça 
Quando a mulher decide dar andamento ao processo de separação, 
deve ser encaminhada aos serviços jurídicos específicos (onde serão 
providenciadas a medida Cautelar de Afastamento, Busca e 
Apreensão e Separação Judicial). Nesta circunstância, é preciso 
estimulá-la e auxiliá-la na reorganização de sua vida, utilizando os 
recursos sociais disponíveis (creche, escola, emprego, moradia, 
bolsa-auxílio, cesta básica). 
No caso de continuidade da relação, deve-se sugerir tratamento de 
casal/família. Em ambos os casos, e imprescindível manter 
acompanhamento através de visitas domiciliares. É muito importante 
estabelecer junto à equipe um diagnóstico e, sempre que possível, 
através de acompanhamento (inclusive domiciliar), atualizar o 
prognóstico em equipe e mobilizar recursos de acordo com o 
momento vivido pelo grupo familiar. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf 
 
Douglas - Compreenda o papel da Atenção Básica frente a violência. 
A Atenção Básica (AB) desempenha um papel fundamental no 
enfrentamento da violência, seja ela doméstica, sexual, infantil, contra 
idosos, ou outros tipos de violência interpessoal. Como porta de 
entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), a AB tem uma posição 
estratégica para identificar, acolher, tratar, notificar e encaminhar 
casos de violência. A seguir, são detalhadas as principais ações e 
responsabilidades da Atenção Básica frente a essa temática: 
 
1. Identificação Precoce de Casos de Violência 
• Observação de sinais e sintomas: Profissionais devem estar 
atentos a sinais físicos (lesões, hematomas) e psicológicos 
(transtornos de ansiedade,depressão, medo, silêncio) que 
possam indicar violência. 
• Consulta ativa e escuta qualificada: Durante consultas e 
visitas domiciliares, os profissionais devem criar um ambiente 
de confiança, permitindo que o indivíduo se sinta seguro para 
relatar situações de violência. 
 
2. Acolhimento Humanizado 
• A AB é responsável por proporcionar um acolhimento livre de 
julgamento, respeitando a autonomia do indivíduo. 
• Deve oferecer apoio emocional às vítimas, priorizando a 
escuta ativa e o entendimento das necessidades da pessoa. 
 
3. Notificação de Casos de Violência 
• É obrigatória a notificação de casos suspeitos ou confirmados 
de violência interpessoal ou autoprovocada no Sistema de 
Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 
• A notificação não exige a comprovação do caso, apenas o 
levantamento de indícios, e é fundamental para subsidiar 
políticas públicas e ações intersetoriais. 
 
4. Ações de Prevenção 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf
Mayanne Mendonça 
• Educação em saúde: Realizar campanhas e ações 
comunitárias para conscientizar sobre violência e direitos 
humanos. 
• Promoção de redes de apoio: Trabalhar com escolas, 
conselhos tutelares, grupos comunitários e ONGs para criar 
uma rede de suporte social. 
• Incentivar o empoderamento de mulheres, idosos, crianças e 
outros grupos vulneráveis. 
 
5. Encaminhamento e Articulação Intersetorial 
• Rede de proteção: A AB deve articular-se com outros 
serviços, como: 
o Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) 
e CREAS 
o Conselhos tutelares 
o Delegacias Especializadas e Defensorias Públicas 
o Centros de Atendimento à Mulher (Casa da Mulher 
Brasileira, por exemplo). 
• Garantir que a vítima tenha acesso a serviços especializados, 
como atendimento psicológico, jurídico ou de proteção social. 
 
6. Atendimento Integral e Longitudinal 
• A AB deve oferecer cuidado contínuo às vítimas de violência, 
incluindo: 
o Tratamento de condições físicas decorrentes da 
violência. 
o Apoio em saúde mental, com intervenções individuais 
ou familiares. 
o Acompanhamento regular para evitar a revitimização. 
 
7. Capacitação Profissional 
• Capacitar as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) 
para lidar com casos de violência, sensibilizando-os quanto às 
suas responsabilidades legais e éticas. 
 
8. Redução de Fatores de Risco 
• Atuar em determinantes sociais da saúde (educação, moradia, 
emprego) que possam contribuir para situações de violência, 
por meio de ações intersetoriais e políticas públicas. 
 
Douglas - Quem faz e como é feita a “Notificação” de violência. Qual 
o papel da Vigilância contra violência. É obrigatório? Como é feita a 
notificação (todo processo)? Ir além da saúde (ex.: assistência social 
e outras). 
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/denuncie-violencia-contra-a-
mulher/violencia-contra-a-mulher 
https://www.cevs.rs.gov.br/informacoes-basicas 
 
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/denuncie-violencia-contra-a-mulher/violencia-contra-a-mulher
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/denuncie-violencia-contra-a-mulher/violencia-contra-a-mulher
https://www.cevs.rs.gov.br/informacoes-basicas
Mayanne Mendonça 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/ficha_notificacao_violencia_do
mestica.pdf 
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, mulheres passaram 
a ficar 24 horas em casa, muitas vezes, com seus agressores. Tal fato 
elevou a preocupação com a violência doméstica e familiar contra a 
mulher. De olho nisso, o Ministério da Mulher, da Família e dos 
Direitos Humanos (MMFDH) reuniu tudo o que é preciso saber sobre 
o tema e as formas de auxiliar e denunciar nesses casos. 
Confira: 
O que é Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180? 
O Ligue 180 é um serviço de utilidade pública essencial para o 
enfrentamento à violência contra a mulher. Além de receber 
denúncias de violações contra as mulheres, a central encaminha o 
conteúdo dos relatos aos órgãos competentes e monitora o 
andamento dos processos. 
O serviço também tem a atribuição de orientar mulheres em situação 
de violência, direcionando-as para os serviços especializados da rede 
de atendimento. No Ligue 180, ainda é possível se informar sobre os 
direitos da mulher, a legislação vigente sobre o tema e a rede de 
atendimento e acolhimento de mulheres em situação de 
vulnerabilidade. 
Além do telefone, em quais canais é possível realizar denúncias? 
Além do número de telefone 180, é possível realizar denúncias de 
violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na 
página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do 
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), 
responsável pelo serviço. No site está disponível o atendimento por 
chat e com acessibilidade para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). 
Também é possível receber atendimento pelo Telegram. Basta 
acessar o aplicativo, digitar na busca “DireitosHumanosBrasil” e 
mandar mensagem para a equipe da Central de Atendimento à 
Mulher – Ligue 180. 
Quais os horários de atendimento do Ligue 180? 
O Ligue 180 funciona diariamente durante 24h, incluindo sábados, 
domingos e feriados. O serviço manteve os atendimentos durante a 
pandemia da Covid-19. Em todas as plataformas, as denúncias são 
gratuitas, anônimas e recebem um número de protocolo para que o 
denunciante possa acompanhar o andamento. 
Só é possível buscar o serviço no Brasil? 
É possível fazer a ligação de qualquer lugar do Brasil e de mais de 50 
países no exterior. 
Todas as violências passaram a fazer parte da Lista Nacional das 
Doenças e Agravos de Notificação Compulsória desde a publicação 
da Portaria nº 104 de 25 de Janeiro de 2011. 
Portanto, a notificação dos casos suspeitos e confirmados de 
violência é obrigatória/compulsória a todos os profissionais de saúde 
de instituições públicas ou privadas. Profissionais de outros setores, 
como educação, assistência social, saúde indígena, conselhos 
tutelares, centros especializados de atendimento à mulher, entre 
outros, também podem realizar a notificação. 
Notificação não é denuncia policial. Nos casos de violência contra 
crianças, adolescentes e idosos, nos quais o Conselho Tutelar e o 
Conselho do Idoso necessária e obrigatoriamente terão que ser 
acionados, respectivamente, alguns desdobramentos ou 
intervenções legais podem ocorrer. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/ficha_notificacao_violencia_domestica.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/ficha_notificacao_violencia_domestica.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/denuncie-violencia-contra-a-mulher/violencia-contra-a-mulher#alem-do-telefone-em-quais-canais-e-possivel-realizar-denuncias
https://www.gov.br/mdh/pt-br/apps
https://ouvidoria.mdh.gov.br/
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/julho/violencia-contra-a-mulher-pode-ser-denunciada-pelo-telegram
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/denuncie-violencia-contra-a-mulher/violencia-contra-a-mulher#quais-os-horarios-de-atendimento-da-central-de-atendimento-a-mulher-ligue-180
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html
Mayanne Mendonça 
Para fins de notificação, deve-se notificar: Caso suspeito ou 
confirmado de violência doméstica/intrafamiliar, sexual, 
autoprovocada, tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, 
tortura, intervenção legal e violências homofóbicas contra mulheres e 
homens em todas as idades. 
No caso de violência extrafamiliar/comunitária, somente serão objetos 
de notificação as violências contra crianças, adolescentes, mulheres, 
pessoas idosas, pessoas com deficiência, indígenas e população 
LGBT, independentemente do tipo e da natureza/forma de violência. 
Atenção: Não se notifica no SINAN-NET casos de violência 
extrafamiliar cujas vítimas sejam adultos (20 a 59 anos) do sexo 
masculino, como por exemplo, brigas entre gangues, brigas nos 
estádios de futebole outras. Essa modalidade de violência pode ser 
monitorada por meio de outros sistemas de informação e através do 
componente do VIVA Sentinela (inquérito). 
 
Os casos de violências que são notificáveis através do SINAN-NET, 
são feitas através da ficha de notificação da violência interpessoal e 
autoprovocada. 
Atenção: Se um evento violento envolver mais de uma vítima, para 
cada uma das vítimas deverá ser preenchida uma ficha de notificação 
individual. 
A periodicidade de notificação das situações de violência é semanal. 
Porém, tentativa de suicídio e violência sexual têm a obrigatoriedade 
de serem notificadas em até 24 horas do conhecimento do agravo, 
devido a necessidade de se tomarem medidas urgentes 
(encaminhamento para rede psicossocial e medidas de profilaxia das 
Doenças Sexualmente Transmissíveis e anticoncepção de 
emergência, respectivamente). 
Para ver a Portaria mais recente da Lista Nacional dos Agravos de 
Notificação e a periodicidade de notificação destes agravos clique 
aqui. 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html
Mayanne Mendonça 
 
 
Mayanne Mendonça 
 
 
 
Douglas - Como a expressão de gênero se relaciona com as 
violências? 
A expressão de gênero está intimamente relacionada às diversas 
formas de violência, pois reflete como uma pessoa manifesta sua 
identidade de gênero através de comportamentos, vestimentas, 
linguagem corporal e outros aspectos visíveis. A sociedade, 
historicamente marcada por normas rígidas de gênero, muitas vezes 
discrimina ou agride pessoas cuja expressão de gênero não se alinha 
às expectativas sociais ou culturais. Essa relação entre expressão de 
gênero e violências pode ser compreendida de várias formas: 
 
1. Violências Baseadas em Gênero 
Mayanne Mendonça 
• A violência de gênero ocorre quando indivíduos são agredidos, 
discriminados ou marginalizados devido à sua expressão de 
gênero, especialmente se esta contraria normas sociais. 
• Exemplos: 
o Mulheres femininas: Sofrem violência por causa de 
estereótipos que as colocam como inferiores ou frágeis. 
o Homens femininos ou mulheres masculinas: Podem 
sofrer discriminação ou ataques por desafiarem normas 
de gênero. 
 
2. Violência Contra Pessoas Trans e Não Binárias 
• Pessoas cuja expressão de gênero não corresponde ao 
gênero designado no nascimento estão entre as mais 
vulneráveis à violência, incluindo: 
o Transfobia: Ofensas, agressões físicas e até 
homicídios motivados pelo ódio à expressão de gênero 
transgressora. 
o Exclusão social: Dificuldade de acesso a empregos, 
educação, saúde e outros direitos básicos devido à sua 
expressão de gênero. 
• No Brasil, há altos índices de violência contra pessoas trans, 
especialmente mulheres trans e travestis. 
 
3. Violências Institucionais 
• Instituições podem reproduzir violências contra expressões de 
gênero não normativas por meio de: 
o Negação de atendimento adequado: Por exemplo, 
negar o uso do nome social em serviços de saúde ou 
educação. 
o Ambientes hostis: Escolas, empresas ou espaços 
públicos que não acolhem diversidade de expressões 
de gênero. 
 
4. Microagressões 
• Mesmo em contextos não violentos fisicamente, pessoas com 
expressões de gênero fora do padrão podem ser alvo de 
microagressões, como: 
o Olhares de reprovação. 
o Comentários preconceituosos ou "piadas". 
o Invisibilização de suas identidades em políticas 
públicas. 
 
5. Violência Doméstica e Familiar 
• A expressão de gênero pode ser motivo de violência dentro da 
própria família, especialmente em casos de: 
o Jovens LGBTQIA+ que são rejeitados ou expulsos de 
casa. 
Mayanne Mendonça 
o Controle sobre a aparência ou comportamento de 
mulheres e meninas para se adequarem a padrões 
tradicionais. 
 
6. Interseccionalidade 
• A relação entre expressão de gênero e violências é agravada 
por outros fatores, como: 
o Raça/etnia: Mulheres negras ou indígenas com 
expressões de gênero consideradas não conformes 
enfrentam racismo e misoginia simultaneamente. 
o Classe social: Pessoas em situação de vulnerabilidade 
econômica têm menos acesso a proteção e recursos 
para se defender. 
 
7. Impactos Psicológicos 
• A violência relacionada à expressão de gênero gera impactos 
profundos, como: 
o Transtornos mentais (ansiedade, depressão, síndrome 
de estresse pós-traumático). 
o Isolamento social e baixa autoestima. 
 
8. O Papel da Educação e Sensibilização 
• Promover uma cultura de respeito às diferentes expressões de 
gênero é essencial para combater essas violências. 
• Educação inclusiva e campanhas de conscientização são 
ferramentas importantes para desconstruir preconceitos e 
reduzir agressões. 
 
Em resumo, a expressão de gênero é um dos principais gatilhos 
para violências de gênero porque desafia normas sociais 
profundamente enraizadas. A resposta a essas violências exige ações 
integradas, com ênfase na proteção de direitos, promoção da 
igualdade e criação de ambientes acolhedores para a diversidade. 
PDF com fluxograma que o Matheus usou 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_atencao_bas
ica_saude_mulheres.pdf 
 
 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_atencao_basica_saude_mulheres.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_atencao_basica_saude_mulheres.pdfde guardar uma cópia do Boletim de Ocorrência. 
7. Estimular a construção de vínculos com diversas fontes de 
assistência, acompanhamento e proteção, reforçando a sistemática 
de atuação de uma rede de apoio. 
8. Caso necessário, encaminhar ao atendimento clínico na própria 
unidade ou para serviço de referência, conforme a gravidade e 
especificidade de danos e lesões. 
9. Conforme a motivação da mulher para dar andamento ao processo 
de separação, encaminhá-la aos serviços jurídicos – Defensoria 
Pública, Fórum local ou ONGs de apoio jurídico. 
10. Sugerir encaminhamento para atendimento de casal ou família, 
no caso da continuidade da relação, ou quando houver filhos e 
portanto a necessidade de preservar os vínculos parentais. 
11. Sugerir encaminhamento para atendimento psicológico individual, 
de acordo com a avaliação do caso. 
12. Manter visitas domiciliares periódicas, para fins de 
acompanhamento do caso. 
Medidas específicas nos casos de violência sexual 
Nas situações onde houve estupro faz-se necessária a adoção de 
medidas específicas nas primeiras 72 horas, como a profilaxia de 
doenças sexualmente transmissíveis, HIV-Aids e prevenção da 
gravidez indesejada. 
Anticoncepção de emergência (ACE) 
A possibilidade de ocorrer concepção em um único coito sem 
proteção, num dia qualquer do ciclo menstrual, é de 2 a 4%, sendo 
Mayanne Mendonça 
este risco aumentado no período fértil. Por isso, a Anticoncepção de 
Emergência (pílula do dia seguinte ou pós-coital) e medida essencial 
para a prevenção da gravidez pós-estupro e, conseqüentemente, do 
aborto. 
São indicados os métodos Yuzpe, que consiste na administração oral 
de pílulas combinadas (estrogênios e progestagênios), ou o uso de 
progestagênio puro (ver tabela a seguir). Para garantir a eficácia do 
método, a primeira dose da ACE deve ser iniciada até 72 horas após 
o coito desprotegido, e quanto mais cedo melhor. 
Ressalta-se que a ACE é também indicada em outras situações, 
como a falha de método anticoncepcional ou a ocorrência de uma 
relação sexual não planejada, mas não deve substituir a pílula de uso 
diário ou outro método de alta eficácia. As mulheres devem estar bem 
informadas sobre o uso da ACE, suas vantagens e limites para evitar 
a utilização inadequada. 
 
Gravidez pós-estupro 
Uma das conseqüências do estupro é a gravidez. Segundo muitas 
mulheres que passaram pelo problema, descobrir estar grávida após 
um estupro é uma situação que agride ainda mais a mulher. Ela sente-
se impotente e, mais uma vez, se vê invadida pelo agressor. Seus 
direitos e sua liberdade foram violados. 
Nessa condição, se a mulher não deseja manter a gestação, a 
interrupção pode ser realizada por médico, sem que haja punição pela 
prática do aborto, pois é uma situação prevista no art 128 do Código 
Penal Brasileiro: 
 
Nesses casos, a interrupção da gravidez pode ser feita pelo Sistema 
Único de Saúde (SUS), de acordo com o documento "Prevenção e 
Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra 
Mulheres e Adolescentes – Normas Técnicas", publicado pelo 
Ministério da Saúde em 1999. Considerando-se que esta é uma 
situação bastante delicada e que, em geral, a mulher ou a 
adolescente encontra-se muito fragilizada, recomenda-se que, ao ser 
encaminhada para uma unidade de referência ela receba o apoio e 
acompanhamento – durante todo o processo - de um integrante da 
equipe de saúde da família. 
Quimioprofilaxia das doenças sexualmente transmissíveis e HIV-
AIDS 
A quimioprofilaxia das infecções não virais, de transmissão sexual, 
para vítimas de violência, deve visar os agentes infecciosos mais 
prevalentes e de repercussão clínica importante. Sendo assim, os 
procedimentos recomendados são: 
Mayanne Mendonça 
Exame clínico-ginecológico: ♦ Examinar a genitália externa e região 
anal, separar os lábios vaginais e visualizar o intróito vaginal. ♦ 
Introduzir o espéculo para examinar a vagina, suas paredes, fundo de 
saco e colo uterino. Inspecionar períneo e ânus. ♦ Colher material 
para a realização da bacterioscopia, quando houver suporte 
laboratorial. ♦ Havendo possibilidade de realização no local ou em 
referência, coletar material para cultura de gonococo e para a 
pesquisa de clamídia. ♦ Coleta imediata de sangue para sorologia 
para sífilis (VDRL) e HIV. Se disponível, testes rápidos poderão ser 
utilizados. Eles são necessários para avaliação da situação 
sorológica anterior ao episódio de violência. Os exames devem ser 
repetidos após 30 dias, para sífilis, e três a seis meses para HIV, 
depois do primeiro exame. 
 
Imunoprofilaxia para as hepatites de transmissão sexual 
Imunoprofilaxia para Hepatite B 
Imunoglobina – Após exposição ao vírus da hepatite B, a maior 
eficácia profilática é obtida com uso precoce da Gamablobulina 
Hiperimune (HBIG): 0,06 ml/kg de peso corporal, IM, dose única, 
dentro de 24 a 48 horas após a agressão sexual. Se a dose a ser 
utilizada ultrapassar 5 ml, dividir a aplicação em duas áreas 
diferentes. Não há benefício comprovado na utilização da HBIG uma 
semana após o incidente. 
Vacina – Se possível, aplicar, ao mesmo tempo, a vacina para 
hepatite B, administrando 1,0 ml par adultos (na região deltóide) e de 
0,5 ml para crianças menores de 12 anos (na região do vasto lateral 
da coxa), via intramuscular, no esquema de 3 doses. A segunda e a 
terceira doses devem ser administradas respectivamente após um e 
seis meses depois da primeira. A gravidez e a lactação não são 
condições que contra-indiquem a vacinação anti-hepatite B. 
A duração da eficácia da vacina persiste por longos períodos, 
podendo ultrapassar 10 anos. Portanto, indivíduos vacinados que 
apresentem sorologia reativa não necessitam doses de reforço, 
devendo ser realizada somente pós-exposição, conforme o descrito 
acima. 
Imunoprofilaxia para Hepatite A 
Após exposição ao vírus da hepatite A (HAV), a forma mais efetiva de 
prevenção e a imunização. Essa imunização pode ser promovida 
também de duas formas: 
Imunoglobulina – o uso de imunoglobulina, por via intramuscular, na 
dose de 0,02 ml/ kg, administrada dentro das 2 semanas 
posteriormente à exposição. Sua eficácia é de 85% e a proteção tem 
uma duração de 3 a 6 meses. 
Vacina – a vacina para hepatite A, feita com vírus inativado, é segura, 
altamente imunogênica e tem uma eficácia de 94% quando 
administrada em duas doses. 
Mayanne Mendonça 
Quimioprofilaxia para infecção pelo HIV após violência sexual 
A prescrição da quimioprofilaxia pós-exposição sexual ao HIV nos 
casos de violência não pode ser feita como rotina e aplicada a todas 
as situações. 
Ela exige uma avaliação cuidadosa quanto ao grau de risco da 
agressão, o tempo decorrido até a chegada da pessoa agredida ao 
serviço de referência, aconselhamento adequado nas diferentes 
situações – onde se indica ou não a profilaxia, e para que haja adesão 
ao tratamento nos casos indicados. 
Considerando a necessidade de se estabelecer um consenso mínimo 
sobre as rotinas a serem implantadas nos serviços de saúde, 
especialmente naqueles que atendem vítimas de violência sexual, 
sejam homens, mulheres, adolescentes ou crianças, o Ministério da 
Saúde elaborou protocolo específico sobre o assunto. Sugerimos aos 
profissionais de saúde – especialmente de enfermagem e medicina – 
a consulta a este material, que está disponível no site: 
www.aids.gov.br 
Alguns centros de atendimento à mulher violentada estão do 
conduzindo estudos ou projetos piloto de uso de tal profilaxia, conduta 
esta que vem sendo estimulada pelo Ministério da Saúde, porém 
ainda não há dados conclusivos a respeito. 
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf 
Fatores de risco na relação de casal para violência contra a 
mulher 
♦ indicativos de violência em relacionamentos anteriores, de pelo 
menos um dos parceiros ♦ contexto e características do início da 
relação indicativosde violência, como por exemplo, desapego, 
objetivos perversos, como interesse econômico, entre outros ♦ 
dinâmica agressiva, isolamento e fechamento da relação (dificuldade 
em lidar com terceiros) ♦ elevado tempo de convivência em situação 
de violência e desgaste acumulado ♦ baixa capacidade de 
negociação do casal quanto aos aspectos conflitivos da relação 
(dificuldade de lidar com terceiros) ♦ curva ascendente de grau, 
intensidade e freqüência dos episódios de violência ♦ elevado nível 
de dependência econômica e/ou emocional dos parceiros ♦ baixa 
auto-estima e pouca autonomia dos parceiros ♦ sentimento de posse 
exagerado por parte dos parceiros (ciúmes exacerbados) ♦ 
alcoolismo e/ou drogadição de um dos membros do casal ou de 
ambos ♦ soropositividade da mulher, pelo HIV 
2. Compreenda a epidemiologia das violências contra as 
mulheres no Brasil - dados da violência, idade que é mais 
evidente a violência, tipo, mortalidade, regiões, escolaridade, 
mulher cis, mulher trans (tentar entender como esses dados 
são produzidos) - Atlas violência 
Anualmente, o Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada (Ipea), lança um relatório atualizando os dados 
de violência no Brasil. O trabalho é feito em parceria com o Fórum 
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Como nas anteriores, 
busca-se retratar a violência no Brasil, principalmente, a partir dos 
dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do 
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do 
Ministério da Saúde. São informações sobre homicídios analisadas à 
luz da perspectiva de gênero, raça, faixa etária, entre outras. A 
novidade deste ano fica por conta de dados sobre a violência contra 
idosos. 
Fonte: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/publicacoes 
Homicídios de mulheres 
http://www.aids.gov.br/
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/publicacoes
Mayanne Mendonça 
Na última década (2012-2022), ao menos 48.289 mulheres foram 
assassinadas no Brasil. Somente em 2022, foram 3.806 vítimas, o 
que representa uma taxa de 3,5 casos para cada grupo de 100 mil 
mulheres. 
No entanto, é necessário chamar atenção nesta seção para a questão 
do aumento das Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI), 
assunto abordado no terceiro capítulo desta publicação. Apenas em 
2022, 4.172 mortes violentas de mulheres foram classificadas como 
MCVI, número que supera a quantidade de homicídios classificados 
como tal no SIM. Com base na metodologia desenvolvida por 
Cerqueira e Lins (2024b), estimamos que o número de homicídios de 
mulheres em 2022 foi igual a 4.670, com uma taxa de 4,3 
assassinatos para cada grupo de 100 mil, índice 22,8% superior ao 
calculado a partir dos casos registrados oficialmente. 
 
Voltando à análise dos registros oficiais, ainda que em 2022 o Brasil 
tenha atingido a menor taxa de homicídios de mulheres da década, 
enquanto a taxa geral (de homens e mulheres) caiu 3,6% entre 2021 
e 2022, os homicídios de mulheres não apresentaram essa melhora 
nos índices. O que os dados indicam (Tabela 5.2) é que não houve 
variação da taxa entre 2021 e 2022, permanecendo no patamar de 
3,5 mortes para cada 100 mil mulheres brasileiras. 
Enquanto no país a taxa de homicídios de mulheres entre 2021 e 
2022 não sofreu variação, a análise subnacional revela um cenário 
mais heterogêneo. Treze das 27 Unidades da Federação reduziram 
suas taxas de homicídios femininos, sendo que a diminuição mais 
significativa ocorreu no estado do Tocantins (-24,5%), seguido pelo 
Distrito Federal (-24,1%) e Acre (-20,3%). Na direção oposta, 12 UFs 
registraram aumento nos homicídios de mulheres em 2022 em 
comparação com o ano anterior, sendo que as variações mais 
expressivas foram observadas nos estados de Roraima (52,9%), 
Mato Grosso (31,9%) e Paraná (20,6%). Em dois estados, Goiás e 
Santa Catarina, as taxas permaneceram estáveis, acompanhando a 
tendência nacional. 
Outro ponto de alerta é que apenas seis das 27 Unidades da 
Federação apresentaram taxas de homicídios femininos abaixo da 
taxa nacional em 2022: São Paulo (1,5), Distrito Federal (2,2), Minas 
Gerais (2,5), Santa Catarina (2,5), Rio de Janeiro (2,8) e Sergipe (2,9). 
Por outro lado, 20 estados superaram a taxa nacional de homicídios 
de mulheres, sendo que as três piores taxas foram observadas em 
Roraima (10,4), Rondônia (7,2) e Mato Grosso (6,2), conforme 
apontado no Gráfico 5.2. Os três estados também estão entre aqueles 
onde a violência letal contra mulheres mais cresceu em relação ao 
ano anterior, com aumentos de 52,9%, 20,0% e 31,9%, 
respectivamente. 
Chama atenção que esses três estados estejam localizados na área 
da Amazônia Legal, região que tem se destacado pelos elevados 
índices de homicídios nos últimos anos. De acordo com a 17ª edição 
do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP, 2023b), as taxas 
Mayanne Mendonça 
de Mortes Violentas Intencionais na Amazônia Legal foram 54% 
superiores à média nacional. No mesmo sentido, os dados aqui 
apresentados apontam para a necessidade de se olhar mais 
especificamente para a violência contra as mulheres nessa região. 
 
Em um país de dimensões continentais como Brasil, compreender as 
nuances de violência de cada região e suas especificidades é crucial 
para orientar a formulação de políticas públicas mais eficazes. Para 
além das nuances regionais, é preciso também um olhar direcionado 
para as particularidades da violência contra a mulher enquanto 
fenômeno. Algumas delas serão debatidas nas próximas seções. 
 
 
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade 
- SIM. Elaboração: Diest/Ipea e FBSP. Nota: O número de homicídios 
de mulheres na UF de residência foi obtido pela soma das seguintes 
CIDs 10: X85-Y09 e Y35 - Y36, ou seja, óbitos causados por 
agressão, intervenção legal e operações de guerra. 
 
Mayanne Mendonça 
Continuar: 
Tem tudo aqui 
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/7868-atlas-
violencia-2024-v11.pdf 
 
 
 
 
3. Compreenda os tipos de violência contra a mulher 
Na Lei Maria da Penha, encontra-se a seguinte definição de violência 
contra a mulher: 
• “[...] configura violência doméstica e familiar contra a mulher 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano 
moral e patrimonial; 
• I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como 
espaço de convívio permanente de pessoas [...]; 
• II – no âmbito da família [...]; 
• III – em qualquer relação íntima de afeto [independente da 
orientação sexual” (BRASIL, 2006, art. 5). 
No Artigo 7º são apresentados os entendimentos a respeito das 
diferentes formas de violência contra a mulher (BRASIL, 2006), 
conforme se vê descrito a seguir. 
 
Violência física 
 
Qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da 
mulher. 
• Tapas; 
• Empurrões; 
• Socos; 
• Mordidas; 
• Chutes; 
• Queimaduras; 
• Cortes; 
• Estrangulamento; 
• Lesões por armas ou objetos; 
• Obrigar a tomar medicamentos desnecessários ou inadequados; 
• Álcool, drogas ou outras substâncias, inclusive alimentos; 
• Amarrar; 
• Arrastar; 
• Arrancar a roupa; 
• Abandonar em lugares desconhecidos; 
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/7868-atlas-violencia-2024-v11.pdf
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/7868-atlas-violencia-2024-v11.pdf
Mayanne Mendonça 
• Danos à integridade corporal decorrentes de negligência (omissão 
de cuidados e proteção contra agravos evitáveis como situações 
de perigo, doenças, gravidez, alimentação, higiene, entre outros). 
 
Violência sexual 
 
Trata-se de qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter 
ou a participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, 
ameaça, coação ou uso da força. 
• Carícias não desejadas; 
• Penetraçãooral, anal ou genital, com pênis ou objetos de forma 
forçada; 
• Exposição obrigatória à material pornográfico; 
• Exibicionismo e masturbação forçados; 
• Uso de linguagem erotizada, em situação inadequada; 
• Impedimento ao uso de qualquer método contraceptivo ou 
negação por parte do parceiro(a) em utilizar preservativo; 
• Ser forçado(a) a ter ou presenciar relações sexuais com outras 
pessoas, além do casal. 
Sexo forçado no casamento 
É a imposição de manter relações sexuais no casamento. Devido a 
normas e costumes predominantes, a mulher é constrangida a manter 
relações sexuais como parte de suas obrigações de esposa. A 
vergonha e o medo de ter sua intimidade devassada, a crença de que 
é seu dever de esposa satisfazer o parceiro, além do medo de não 
ser compreendida, reforçam esta situação. 
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf 
Violência psicológica 
 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf
Mayanne Mendonça 
É considerada qualquer conduta que: cause dano emocional e 
diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou controlar suas 
ações, comportamentos, crenças e decisões. 
• Insultos constantes; 
• Humilhação; 
• Desvalorização; 
• Chantagem; 
• Isolamento de amigos e familiares; 
• Ridicularização; 
• Rechaço; 
• Manipulação afetiva; 
• Exploração; 
• Negligência (atos de omissão a cuidados e proteção contra 
agravos evitáveis como situações de perigo, doenças, gravidez, 
alimentação, higiene, entre outros); 
• Ameaças; 
• Privação arbitrária da liberdade (impedimento de trabalhar, 
estudar, cuidar da aparência pessoal, gerenciar o próprio dinheiro, 
brincar, etc.); 
• Confinamento doméstico; 
• Críticas pelo desempenho sexual; 
• Omissão de carinho; 
• Negar atenção e supervisão. 
Violência patrimonial 
 
Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, 
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, 
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. 
• Roubo; 
• Destruição de bens pessoais (roupas, objetos, documentos, 
animais de estimação e outros) ou de bens da sociedade conjugal 
(residência, móveis e utensílios domésticos, terras e outros); 
• Recusa de pagar a pensão alimentícia ou de participar nos gastos 
básicos para a sobrevivência do núcleo familiar; 
• Uso dos recursos econômicos de pessoa idosa, tutelada ou 
incapaz, destituindo-a de gerir seus próprios recursos e deixando-
a sem provimentos e cuidados. 
Violência moral 
Mayanne Mendonça 
 
É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou 
injúria. 
• Acusar a mulher de traição; 
• Emitir juízos morais sobre a conduta; 
• Fazer críticas mentirosas; 
• Expor a vida íntima; 
• Rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a 
sua índole; 
• Desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir. 
Violência institucional 
É aquela exercida nos/pelos próprios serviços públicos, por ação ou 
omissão. Pode incluir desde a dimensão mais ampla da falta de 
acesso à má qualidade dos serviços. Abrange abusos cometidos em 
virtude das relações de poder desiguais entre usuários e profissionais 
dentro das instituições, até por uma noção mais restrita de dano físico 
intencional. 
• Peregrinação por diversos serviços até receber atendimento; 
• Falta de escuta e tempo para a clientela; 
• Frieza, rispidez, falta de atenção, negligência; 
• Maus-tratos dos profissionais para com os usuários, motivados 
por discriminação, abrangendo questões de raça, idade, opção 
sexual, gênero, deficiência física, doença mental; 
• Violação dos direitos reprodutivos (discriminação das mulheres 
em processo de abortamento, aceleração do parto para liberar 
leitos, preconceitos acerca dos papéis sexuais e em relação às 
mulheres soropositivas (HIV), quando estão grávidas ou desejam 
engravidar); 
• Desqualificação do saber prático, da experiência de vida, diante 
do saber científico. 
4. Compreenda o protocolo utilizado em casos de violência e as 
especificidades para cada tipo de violência 
 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf 
pag 30 
Com freqüência, os profissionais de saúde são os primeiros a serem 
informados sobre episódios de violência. O motivo da busca de 
atendimento é mascarado por outros problemas ou sintomas que não 
se configuram, isoladamente, em elementos para um diagnóstico. 
As pessoas submetidas à violência intrafamiliar, principalmente as 
mulheres e crianças, muitas vezes culpam-se de serem responsáveis 
pelos atos violentos, percepção que é reforçada pelas atitudes da 
sociedade. 
A carência de serviços ou respostas sociais adequadas e a 
intervenção apenas pontual constituem-se em obstáculo ou retardo 
na resolução do problema. A busca de novas formas de ação para 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf
Mayanne Mendonça 
alcançar soluções compatíveis na atualidade é um dos propósitos da 
elaboração deste protocolo. Os instrumentos jurídicos, o sistema de 
proteção e o sistema punitivo não têm conseguido diminuir a 
incidência da violência ou amenizar os seus efeitos. Em uma cultura 
na qual a idéia de intervenção junto às famílias foi, durante milênios 
vista, como uma forma indevida de invasão de privacidade e a figura 
do paterfamiliae ocupou espaço de legislador da vida privada, este 
tipo de atuação não era reconhecida como legítima. Hoje, o status de 
pai/chefe de família deixou de ser natural e passou a ter que ser 
endossado, dentre outras formas, pela adequação do seu 
desempenho. Inclusive, através de mudanças legais, o pátrio poder 
passou a ser designado àquele que assume a responsabilidade 
parental, podendo ser exercido pelo pai ou mãe. 
As instituições que prestam serviços - jurídicos, policiais, de saúde, 
educação - ainda não contam, em sua maioria, com sistemas de 
diagnósticos e registros apropriados. Todos estes fatores, somados 
ao desconhecimento e temor da sociedade frente à dinâmica das 
relações intrafamiliares violentas, levam as pessoas (tanto vítimas 
quanto agentes sociais) a evitar olhar para ela. Entretanto, é preciso 
assinalar que, a cada dia que passa, esses aspectos vêm sendo 
superados, haja vista o número cada vez maior de denúncias 
realizadas, principalmente nas Delegacias de Proteção à Mulher e 
Conselhos Tutelares, especialmente nas grandes cidades brasileiras. 
É responsabilidade do profissional de saúde estar atento quanto à 
possibilidade de um membro da família estar praticando ou sendo 
vítima de violência, mesmo que não haja, à primeira vista, indicações 
para suspeitas. Através de observações, visitas domiciliares, 
perguntas indiretas ou diretas dirigidas a alguns membros da família, 
situações insuspeitas podem ser reveladas se houver um cuidado e 
uma escuta voltadas para estas questões. Mesmo que a família tente 
ocultar tais situações, a aproximação por parte do profissional poderá 
facilitar a abertura a um diálogo futuro, criando novos espaços de 
ajuda. 
Deve-se destacar que – salvo situações de risco iminente, ou quando 
a vítima não tem capacidade de tomar decisões – a equipe de saúde 
deve oferecer orientações e suporte para que a vítima possa 
compreender melhor o processo que está vivendo, analise as 
soluções possíveis para os seus problemas, tomando a decisão que 
lhe pareça mais adequada. 
Esse suporte deve incluir a rede de serviços especializados (das 
áreas de saúde, social, de segurança e justiça) e da comunidade 
(associações de moradores, grupos de mulheres, grupos religiosos). 
A equipe de saúde nem a vítima devem agir sozinhas, para evitar 
riscos ainda maiores. 
Os serviços devem estar equipados com instruções, telefones de 
emergência e recursos aos quais uma pessoa ou família possa 
recorrer, informações essas que devemestar ao alcance da 
população. No atendimento à situação de crise, é importante oferecer 
informações de referência, e inclusive assegurando-se de que os 
recursos foram acessados e forneceram as respostas necessárias. 
Numa equipe, os diferentes profissionais assumem papéis e 
procedem de acordo com seu conhecimento e vivência acumulados. 
A equipe deve criar mecanismos para compartilhar a experiência de 
cada um de seus membros, possibilitando a adoção de práticas 
comuns que garantam maior qualidade ao atendimento. 
 
Mayanne Mendonça 
 
Considerações éticas 
Durante todo o processo de atendimento das situações de violência 
intrafamiliar, a equipe de saúde necessita manter uma preocupação 
ética com a qualidade da intervenção e suas conseqüências. Nesse 
contexto, destacam-se alguns princípios: 
Sigilo e segurança 
Às vezes, o atendimento representa a primeira instância de 
divulgação de uma situação de violência e constitui a oportunidade do 
profissional de saúde diagnosticar os riscos. O compromisso da 
confidência e fundamental para conquistar a confiança do cliente. O 
manejo e as ações da equipe devem incluir mecanismos para 
proteger o segredo das informações. 
No caso de crianças e adolescentes, o profissional de saúde e, por 
lei, obrigado a notificar ao Conselho Tutelar quando da suspeita ou 
comprovação de um caso de violência. Esta notificação e uma medida 
importante para a proteção da criança ou adolescente. 
Em geral, o que se evidencia nestes casos e a necessidade de 
intervenção para resgatar o papel dos pais ou responsáveis, 
garantindo a segurança da criança ou adolescente. 
No caso de denúncia aos Conselhos Tutelares, e importante explicar 
para a família o seu papel, esclarecendo que o sigilo continuará a ser 
preservado. 
A intervenção não pode provocar maior dano 
Abordar situações de violência intrafamiliar significa entrar em um 
caminho complexo e delicado. O ato de expor detalhes muito 
pessoais e dolorosos a um estranho pode fragilizar ainda mais a 
vitima, provocando fortes reações negativas. O profissional deve 
estar consciente dos efeitos de sua intervenção e capacitado a 
desenvolver, acima de tudo, uma atitude compreensiva e não 
julgadora. Deve-se evitar que a pessoa agredida seja interrogada 
Mayanne Mendonça 
diversas vezes, por mais de um interlocutor, sobre o mesmo aspecto 
do problema. 
Respeitar o tempo, o ritmo e as decisões das pessoas 
Ao sofrer violência, cada pessoa lida com essa situação da maneira 
que acredita ser a melhor. Muitas vezes, o fato de solicitar auxílio não 
significa que ela esta em condições de coloca-lo em pratica, devido 
aos complexos efeitos da violência sobre sua saúde emocional. Não 
e papel do profissional acelerar este processo ou tentar influenciar as 
decisões de seus clientes, muito menos culpabilizá-los por 
permanecerem na relação de violência, mas sim confiar e investir na 
sua capacidade para enfrentar os obstáculos. 
Os profissionais devem estar conscientes do impacto da violência 
sobre si mesmos 
A violência intrafamiliar afeta a todos que, de alguma forma, se 
envolvem com ela, e os profissionais da saúde não sac, exceção. O 
contato com situações de sofrimento e risco, a insegurança e os 
questionamentos que desperta, bem como a impotência em obter 
soluções imediatas, exigem um tempo de autodedicação para 
proteção e alivio de tensões. Por este motivo, é preciso criar 
oportunidades sistemáticas de discussão, sensibilização e 
capacitação que proporcionem um respaldo à equipe para expor e 
trabalhar seus sentimentos e reações. 
Agora de outra fonte: 
Atenção à saúde das mulheres em situação de violência 
A atenção pelos profissionais da atenção primaria à saúde as 
mulheres em situação de violência doméstica, inclue acolhimento 
com escuta qualificada, vínculo, cuidado e encaminhamento 
resolutivo, além de apontar estratégias de cuidado. 
Acolher implica: “receberescutar-analisar-decidir” 
O acolhimento, como ato ou efeito de acolher, expressa em suas 
várias definições uma ação de aproximação, um “estar com” e um 
“estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão. 
É importante garantir o acolhimento adequado às mulheres em 
situação de violência domestica, o que significa escutar, não 
culpabilizar e não acelerar ou influenciar nas suas decisões, 
mantendo atitude isenta de julgamentos, atentando para os aspectos 
socioculturais, históricos e econômicos, e respeitando suas crenças e 
sistemas de valores morais. 
É fundamental respeitar a autonomia, a individualidade e os direitos 
das mulheres. Deve-se resguardar sua identidade, tanto no espaço 
da instituição quanto no espaço público (por exemplo, junto à mídia, 
à comunidade etc.). Da mesma forma, deve-se respeitar a vontade 
expressa da mulher em não compartilhar sua história com familiares 
ou outras pessoas. 
Você poderá atender adolescentes vitimas de violência doméstica. 
Nestes atendimentos segundo as normas éticas de atendimento 
estes têm o direito de serem atendidos sozinhos, ou seja, o 
atendimento não deve ser negado quando a adolescente chega ao 
serviço de saúde desacompanhada e, quando acompanhada, deve 
ser ouvida em dois momentos, na presença dos responsáveis e 
sozinha (TAQUETTE, 2005; 2010). 
Mayanne Mendonça 
 
Sobre a necessidade de se considerar a opinião dos adolescentes em 
relação à conduta terapêutica e legal, destaca-se trecho da nota 
técnica 04/2017 do Ministério da Saúde: o direito à liberdade 
compreende o direito à expressão e à opinião, e o direito ao respeito 
que abrange a autonomia, valores, ideias e crenças, 
complementando os seus direitos fundamentais. 
Para as situações de violência, em 2017 foi publicada a Lei 13.431, 
regulamentada pelo decreto Nº 9.603, de 10 de dezembro de 2018 
que estabelece a garantia de direitos de adolescentes vítimas ou 
testemunha de violência. Esta lei estabelece para as adolescentes a 
escuta especializada como o procedimento de escuta sobre situação 
de violência na rede de atenção e o depoimento especial como o 
procedimento de escuta do adolescente vítima ou testemunha de 
violência perante autoridade policial ou judiciária como parte de um 
processo jurídico. Desta forma, a adolescente é protegida da 
vitimização pelos serviços, a fim de que a pessoa não precise repetir 
diversas vezes sobre a agressão sofrida ou presenciada, diminuindo 
o sofrimento causado e também a possibilidade de interferência no 
seu relato. 
Identificação das situações de violências 
Como profissional da atenção primária à saúde, você assume papel 
também como identificador de situações de violência. É atribuição dos 
profissionais prover atenção a tais situações, bem como acionar a 
rede intersetorial, tendo em vista os impactos da violência sobre a 
saúde física e mental. 
Você precisa estar atento às mulheres que procuram os serviços de 
saúde, relatando sofrimentos pouco específicos, doenças crônicas, 
agravos à saúde reprodutiva e sexual ou transtornos mentais. Estas 
condições e situações ocorrem em maior frequência nas mulheres 
que estão vivenciando situação de violência (D’OLIVEIRA; 
SCHRAIBER, 2014). 
 
Um estudo transversal realizado nos serviços de atenção primária à 
saúde em São Paulo aponta para o uso maior de serviços de saúde 
por parte das mulheres que experimentam ou já experimentaram 
Mayanne Mendonça 
violência por seus parceiros íntimos e confirma que esse maior uso 
relaciona-se à gravidade maior da situação de violência, bem como à 
sua reiteração, em nosso caso avaliada pela alta repetição dos 
episódios. Pode-se afirmar, assim, com base nos resultados 
encontrados, que as mulheres que convivem com VPI repetitiva 
apresentam maior frequência de uso de serviços de saúde e de 
agravos à sua saúde, em especial problemas de saúde mental 
(SCHRAIBER et al. (2010). 
Segundo Silva (2003), esta “invisibilidade” da violência decorre do 
fato dealguns setores ainda se limitarem a cuidar dos sintomas das 
doenças e não contarem com instrumentos capazes de identificar o 
problema. Desta forma, as intervenções acabam por mostrar 
respostas insuficientes dos serviços para as necessidades das 
mulheres, pois, uma vez que a situação de violência não se extingue, 
as repercussões sobre o adoecimento físico ou mental ressurgem e 
voltam a pressionar os serviços (BORSOI, 2009). 
As mulheres também podem procurar atendimento por problemas 
decorrentes diretamente da violência física ou sexual, tais como 
traumas, fraturas, tentativas de suicídio, abortamentos, entre outros. 
Por outro lado, mulheres que não buscam os serviços de saúde, em 
especial para realização de exames preventivos ou adoção de 
métodos contraceptivos e planejamento familiar, podem estar em 
situação de violência e, inclusive, evitarem realizar atendimentos 
como forma de não expor sinais do que vivenciam. Assim, uma 
estratégia que pode ser adotada é o rastreio para violência como 
parte integrante dos atendimentos da equipe de saúde. 
Para a abordagem adequada das situações de violência, deve-se 
estar atento aos riscos que podem surgir com a revelação do caso. A 
confidencialidade deve ser mantida, salvo em casos de perigo 
iminente ou elevado. 
Acompanhe a seguir algumas perguntas que podem ser realizadas 
quando houver suspeita de que a mulher está sofrendo algum tipo de 
violência (DGS; ASGVCV, 2014). 
 
Perguntas com base em sintomas psicológicos: 
 Gostaria de saber a sua opinião sobre esses sintomas que relatou 
(ansiedade, nervosismo, tristeza, apatia)... Desde quando você se 
sente assim? Qual o motivo? Têm a ver com alguma situação? 
 Aconteceu ultimamente alguma situação na sua vida que possa 
deixar você preocupada? Tem algum problema com seu 
companheiro/sua companheira ou alguém da sua família? 
 Você parece assustada. O que teme? 
Perguntas com base em antecedentes e características pessoais: 
 
Atenção às mulheres em situação de violência 
Mayanne Mendonça 
O enfoque na atenção primária se justifica por ser este um local 
privilegiado para o desenvolvimento de ações de prevenção, reflexão 
e orientação sobre o tema, pois tem uma grande cobertura e 
possibilita um contato mais estreito com as mulheres, podendo 
reconhecer e acolher o caso antes de incidentes mais graves. 
(BORSOI, 2009). 
Para que as mulheres em situação de violência reconheçam a 
Unidade Básica de Saúde como um dos pontos de atenção na rede 
de atendimento à situação de violência é importante que os 
profissionais que nela atuam tenham uma cultura de respeito, 
propiciando tempo e condições para realizar uma escuta com 
qualidade e estabelecer um diálogo com as mulheres. 
 
É preciso mostrar que você, profissional, está aberto e preocupado 
com a atenção às mulheres em situação de violência, preparando a 
UBS para que possa ajudar a informá-las desta disposição, colocando 
cartazes, banners, discutindo casos com a equipe, divulgando pelos 
meios de comunicação e por meio das visitas de agentes 
comunitários de saúde. A informação que precisa estar visível para a 
comunidade é de que a equipe da UBS entende que violência é um 
problema de saúde e que tem informações importantes para quem 
está vivenciando esta situação. 
Outra estratégia para que a temática da violência possa emergir a 
partir das mulheres da comunidade é criar espaços, grupos de 
atenção às dimensões psicossociais e quando o tema surgir poderá 
ser trabalhado a partir das expectativas e conhecimentos das 
mulheres. 
Destaca-se que não é papel dos profissionais de saúde fazer 
julgamentos sobre a situação vivenciada e as escolhas que a mulher 
fizer. Seu papel é oferecer as informações e os recursos existentes 
para o atendimento, valorizando o relato da mulher, respeitando a sua 
privacidade e a confidencialidade e, principalmente, o seu tempo. No 
atendimento da mulher em situação de violência doméstica você 
precisa elaborar em conjunto com a mulher um plano de cuidados a 
partir das decisões e escolhas da mulher para o enfrentamento da 
situação vivenciada. 
É de responsabilidade do profissional de saúde notificar os casos de 
violência que chegam aos serviços de saúde, sejam casos suspeitos 
ou confirmados. É por meio das notificações que a violência ganha 
visibilidade, permitindo a produção de informações epidemiológicas 
do problema, as quais poderão embasar a formulação de políticas 
para a prevenção de novos casos e o enfrentamento das violências 
(SALIBA et al., 2007). 
De acordo com a lei 10.778/2003, todas as pessoas físicas e 
entidades públicas ou privadas estão obrigadas a notificar casos 
suspeitos ou confirmados de violência. Desta forma, os profissionais 
de saúde em geral (médicos, cirurgiões- -dentistas, enfermeiros, 
técnicos e auxiliares de enfermagem, psicólogos etc.) e os 
estabelecimentos que prestarem atendimento às pessoas em 
situação de violência (unidades básicas de saúde, centros de saúde, 
clínicas, hospitais) tem o dever de realizar tais notificações. 
Mayanne Mendonça 
 
O Ministério da Saúde (MS) implantou em 2006 o sistema de 
notificação como um instrumento importante de proteção, não de 
denúncia e punição. A partir de 2006, o MS estruturou o Sistema de 
Vigilância de Violências e Acidentes (ViVA) no âmbito do Sistema 
Único de Saúde (SUS). 
Atualmente, a notificação da violência está inserida no Sistema de 
Informação de Agravos de Notificação (SINAN), onde há uma ficha 
específica de notificação para a violência interpessoal e 
autoprovocada. O SINAN permite a emissão de relatórios com 
informações detalhadas dos casos de violência por local de 
residência da pessoa em situação de violência ou por local de 
notificação. A sistematização dos dados permite caracterizar os tipos 
e a natureza das violências cometidas, o perfil das pessoas em 
situação de violência e dos prováveis autores da agressão (BRASIL, 
2010). 
 
No entanto, a existência da lei e dos sistemas de registro não 
determinam por si só que a notificação seja feita. É necessária a 
conscientização da sua importância, a quebra de ideias 
preconcebidas, a formação e o preparo, para que o profissional de 
saúde esteja apto a detectar e notificar as violências identificadas 
(GONÇALVES; FERREIRA, 2002). A notificação da violência faz parte 
do atendimento do profissional de saúde. 
A qualidade do atendimento recebido em instituições é muito 
importante: o encorajamento, a informação precisa e o não 
julgamento contribuem para que a violência sofrida não seja 
invisibilizada. As mulheres que estão em situação de violência 
buscam diversas formas de apoio e meios de transformar a situação. 
Para falar sobre a violência sofrida, vencem o medo, a falta de apoio, 
o sentimento de vergonha e o desprestígio em relação ao 
cumprimento de papel esperado pela mulher, esposa e mãe que 
muitas vezes bloqueiam internamente a decisão da denúncia. 
Lembre-se que trabalhar com mulheres em situação de violência é 
empoderá-las, a fim de que possam fazer escolhas a partir da 
realidade vivida. Assim, como profissional da saúde, você precisa 
conhecer quais as possibilidades de atenção às mulheres em 
Mayanne Mendonça 
situação de violência existentes no seu território e quais são 
alternativas para cada uma delas. Só assim poderá informar e ajudar 
cada mulher a escolher que decisão tomar. A escolha sobre qual 
decisão tomar deve ser da mulher e precisa ser realizada a partir da 
informação e das possibilidades que ela tiver. Por isso, assegure que 
a informação que você deu foi compreendida pela mulher e que ela 
está instrumentalizada para fazer a melhor escolha, no seu contexto. 
Veja a seguir, alguns pontos que devem ser observados, quando a 
situação de violência for confirmada (DGS; ASGVCV, 2014). 
 
 
Como profissional de saúde você precisa incentivar iniciativas de 
busca de soluções para osproblemas, estabelecendo vínculos com 
as mulheres em situação de violência doméstica. Para isso, é 
importante que você identifique como esta mulher está vivenciando a 
situação e qual o potencial de mudança. 
Atenção aos autores de violência 
Como profissional da atenção primária à saúde você tem mais um 
importante papel: mobilizar a comunidade para refletir sobre as 
relações no âmbito doméstico e as violências. Estas reflexões 
Mayanne Mendonça 
passam por desconstruir os estereótipos de gênero e a normalidade 
das relações desiguais entre homens e mulheres. 
Espaços de atendimento individuais e coletivos nas UBS precisam 
incluir estes temas. Incluir os homens nas atividades da equipe de 
saúde, como o pré-natal do parceiro, é um dos exemplos de ação com 
potencial para fortalecer relações saudáveis no âmbito doméstico. 
Outro espaço importante é a escola. Estudos têm demonstrado que 
as relações violentas estão presentes desde o namoro. Assim 
promover espaços de reflexão para os adolescentes sobre relações 
saudáveis é uma ação importante para a redução da violência 
doméstica. 
Desnaturalizar atos violentos promove relações mais saudáveis. 
Neste âmbito, reconhecer que a violência é relacional determina que 
ações de prevenção sejam realizadas com homens e mulheres. Estas 
ações podem ser desencadeadas com homens autores de violência 
conforme previsto na Lei Maria da Penha. 
Quando você atender uma mulher que está em situação de violência 
ela pode solicitar que você intervenha conversando com o parceiro 
autor de violência. Esta não é uma atitude recomendada. Não se sabe 
de que maneira esta ação pode impactar e oferecer riscos de ampliar 
a violência já sofrida. Lembre-se de que, se você usar a sua 
autoridade para ‘dar uma dura’ ou ‘ouvir o outro lado’, estará 
diminuindo a posição de sujeito da mulher ou colocando-se como o 
juiz do caso, o que você não é. Isto também visa sua própria 
segurança (D’OLIVEIRA et al, 2018). 
 
5. Quais as principais leis para violência doméstica e quais as 
medidas legais para a sua proteção? 
 
Surgimento da lei maria da penha 
A Lei Maria da Penha recebeu esse nome em homenagem à 
biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que, 
após ter sofrido duas tentativas de homicídio por seu marido, lutou 
para a criação de uma lei que contribuísse para a diminuição da 
violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Na primeira tentativa, Marco Antônio Heredia deu um tiro em Maria da 
Penha e ela ficou paraplégica. Na segunda vez, Marco Antônio tentou 
eletrocutá-la durante o banho. 
Em 1998, o Centro para a Justiça e o Direito Internacional e o Comitê 
Latino-americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, 
juntamente com Maria da Penha Maia Fernandes, com o apoio de 
ONGs brasileiras, encaminharam petição, contra o Estado Brasileiro, 
à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da OEA, sob a 
alegação de que, passados 15 anos da agressão, ainda não havia 
uma decisão final de condenação pelos tribunais nacionais e o 
agressor ainda se encontrava em liberdade. 
No ano de 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, 
em seu Relatório nº 54/01, responsabilizou o Estado Brasileiro por 
negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica 
contra mulheres. O órgão recomendou que fosse criada uma 
legislação adequada a esse tipo de violência. 
 
O Caso Maria da Penha, que recebeu o número 12.051, foi o primeiro 
caso de aplicação da Convenção de Belém do Pará. 
O agressor demorou a ser julgado e, quando condenado, ficou 
Mayanne Mendonça 
apenas dois anos na prisão, demonstrando o descaso com que era 
tratado este tipo de violência. 
Com a entrada da Lei nº 11.340/2006 pretendeu-se mudar essa 
situação, criando mecanismos mais rigorosos para se coibir a 
violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Em que situações a lei maria da penha é aplicada? (só a 
mulheres? Trans? Homens são aparados? Casais 
homoafetivos? A lei se relaciona com gênero ou com 
sexualidade 
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/arquivos/
cartilha-homens-4.pdf 
 
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, 
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação 
dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; 
altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de 
Execução Penal; e dá outras providências. 
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência 
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 
da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas 
as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a 
Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República 
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas 
de assistência e proteção às mulheres em situação de violência 
doméstica e familiar. 
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, 
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, 
goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-
lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem 
violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento 
moral, intelectual e social. 
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício 
efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à 
educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao 
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito 
e à convivência familiar e comunitária. 
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os 
direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e 
familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições 
necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput. 
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais 
a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das 
mulheres em situação de violência doméstica e familiar. 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e 
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no 
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou 
psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei 
complementar nº 150, de 2015) 
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/arquivos/cartilha-homens-4.pdf
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/arquivos/cartilha-homens-4.pdf
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.340-2006?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art226%C2%A78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art226%C2%A78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp150.htm#art27vii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp150.htm#art27vii
Mayanne Mendonça 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de 
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, 
inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada 
por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por 
laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva 
ou tenha convivido coma ofendida, independentemente de 
coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo 
independem de orientação sexual. 
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma 
das formas de violação dos direitos humanos. 
 
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA 
A MULHER 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda 
sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe 
cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe 
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar 
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, 
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, 
chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e 
vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica 
e à autodeterminação; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe 
cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe 
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar 
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, 
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, 
chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e 
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause 
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação 
dada pela Lei nº 13.772, de 2018) 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a 
constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual 
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da 
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a 
sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método 
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou 
à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou 
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos 
sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que 
configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus 
objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, 
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a 
satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure 
calúnia, difamação ou injúria. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13772.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13772.htm#art2
Mayanne Mendonça 
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO 
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar 
contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de 
ações não-governamentais, tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público 
e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, 
assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras 
informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou 
etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização 
de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica 
dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos 
e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis 
estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e 
familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º 
, no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição 
Federal ; 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as 
mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de 
prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas 
ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos 
instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros 
instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais 
ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a 
implementação de programas de erradicação da violência doméstica 
e familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda 
Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes 
aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de 
gênero e de raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem 
valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana 
com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, 
para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de 
gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e 
familiar contra a mulher. 
 
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR 
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e 
as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no 
Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, 
entre outras normas e políticas públicas de proteção, e 
emergencialmente quando for o caso. 
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar será prestada em caráter prioritário no Sistema Único de 
Saúde (SUS) e no Sistema Único de Segurança Pública (Susp), de 
forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na 
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da Assistência 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art1iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art1iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art3iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art221iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art221iv
Mayanne Mendonça 
Social), e em outras normas e políticas públicas de proteção, e 
emergencialmente, quando for o caso. (Redação dada pela Lei nº 
14.887, de 2024) 
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em 
situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas 
assistenciais do governo federal, estadual e municipal. 
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica 
e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante 
da administração direta ou indireta; 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o 
afastamento do local de trabalho, por até seis meses. 
 III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, 
inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de 
divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união 
estável perante o juízo competente. (Incluído pela Lei nº 
13.894, de 2019) 
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do 
desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de 
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente 
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
(AIDS) e outros procedimentosmédicos necessários e cabíveis nos 
casos de violência sexual. 
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, 
sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica 
obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao 
Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os 
custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total 
tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, 
recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do 
ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem 
os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) 
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de 
perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das vítimas 
de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas 
terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871, 
de 2019) (Vigência) 
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não 
poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher 
e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou 
ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei 
nº 13.871, de 2019) (Vigência) 
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem 
prioridade para matricular seus dependentes em instituição de 
educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para 
essa instituição, mediante a apresentação dos documentos 
comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de 
violência doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 
13.882, de 2019) 
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes 
matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste artigo, 
e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério 
Público e aos órgãos competentes do poder público. (Incluído 
pela Lei nº 13.882, de 2019) 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2024/Lei/L14887.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2024/Lei/L14887.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
Mayanne Mendonça 
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL 
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica 
e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar 
conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências 
legais cabíveis. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao 
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. 
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e 
prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - 
previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e 
familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar 
de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes 
diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da 
depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em 
situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 
13.505, de 2017) 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de 
violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato 
direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles 
relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições 
sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem 
como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela Lei 
nº 13.505, de 2017) 
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e 
familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-
á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído pela Lei 
nº 13.505, de 2017) 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para 
esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à 
idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou 
testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluído 
pela Lei nº 13.505, de 2017) 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional 
especializado em violência doméstica e familiar designado pela 
autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 
2017) 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, 
devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluído 
pela Lei nº 13.505, de 2017) 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica 
e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de 
imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto 
Médico Legal; 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para 
abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada 
de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13505.htm#art2
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Mayanne Mendonça 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os 
serviços disponíveis. 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os 
serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o 
eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de 
separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de 
dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei nº 
13.894,

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