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PERSPECTIVAS
DA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
Aula 1
A
EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
DE 1930 A
1964
A Educação
Brasileira de
1930 a 1964
Olá, estudante!
Nesta aula você refletirá sobre
a educação brasileira de 1930
a 1964. Pensaremos a partir de
um panorama histórico da
educação marcada pelos
distintos projetos de
desenvolvimento, pelas
resistências da educação
católica diante das propostas
pedagógicas dos reformadores
da educação nova e da
emergência da educação
popular. Vamos lá?!
Ponto de
Partida
Falar da educação brasileira é
um resgate filosófico e histórico
muito importante para todas as
áreas do conhecimento. Nesse
momento, vamos entender as
questões históricas e sociais
em torno do período de 1930 a
1964 como fonte de
conhecimento da história
brasileira. É preciso levar em
consideração as
transformações ocorridas no
desenvolvimento econômico,
político e social nos dois
governos de Getúlio Vargas, de
Juscelino Kubitschek, de Jânio
Quadros e de João Goulart, de
intenso desenvolvimento
industrial num contexto social
de democracia restrita, que
exigiu uma política educacional
coerente com os projetos de
desenvolvimento em curso.
Para nos aprofundarmos no
assunto, imaginemos que você
tenha assumido a tarefa de
realizar um seminário sobre a
“Educação no período
desenvolvimentista: de Vargas
a João Goulart”. De que forma
você relacionaria a dinâmica
econômica, política e social
com os processos
educacionais nesse período?
Com a Revolução de 1930,
liderado por Vargas, e pelos
demais governos
desenvolvimentistas, a velha
estrutura coronelista foi
superada? Como a diversidade
de projetos de desenvolvimento
repercutiram nos projetos
educacionais? Quais foram as
principais divergências entre os
católicos e os reformadores da
educação nova? Como as
classes dominantes reagiram
diante das propostas
pedagógicas inovadoras? 
Bons estudos!
Vamos
Começar!
A educação não está apartada
da sociedade, ela também é a
expressão dos conflitos sociais.
Para começar, precisamos
compreender que os fatos
históricos não acontecem de
maneira isolada. Como
vivemos em uma sociedade
globalizada, os fatos e
fenômenos que ocorrer em
diferentes locais do mundo
afetam também a nossa
realidade. A crise de 1929 na
Bolsa de Nova Iorque
desencadeou a maior crise até
então no sistema capitalista,
impactando severamente a
economia brasileira, que estava
fortemente dependente da
exportação de café. Essa
situação foi agravada pela crise
política e social no país. As
antigas elites oligárquicas
estavam divididas, enquanto o
descontentamento social era
reprimido com vigor.
Após as eleições de 1929, nas
quais Júlio Prestes,
representando a oligarquia
paulista, foi declarado vencedor
contra Getúlio Vargas, que
simbolizava outras oligarquias
e setores insatisfeitos, a
Aliança Liberal, formada por
diversos grupos sociais
heterogêneos, impediu a posse
do novo presidente por meio de
um golpe, conhecido como a
Revolução de 1930. Getúlio
Vargas assumiu
temporariamente o governo,
estendendo sua liderança até
1945.
Em 1932, durante a Revolução
Constitucionalista, a oligarquia
paulista buscou recuperar o
controle político, mas foi
derrotada. A única conquista foi
a convocação de um processo
eleitoral constituinte, resultando
na Constituição de 1934, que
elegeu indiretamente Vargas
para um mandato de quatro
anos. A Constituição de 1934
não conseguiu satisfazer
nenhum dos setores envolvidos
na disputa pelos rumos do
país. Diante desse
descontentamento
generalizado, a Aliança Liberal
se fragmentou em setores
conflitantes, e os
descontentamentos sociais
persistiram e aumentaram.
Aproveitando-se da situação,
Vargas, respaldado pelos
militares e pelos integralistas,
interrompeu as eleições de
1938, dissolveu o Congresso
Nacional e os partidos políticos.
Getúlio então impôs uma nova
constituição por meio de
outorga, inaugurando o Estado
Novo em 1937. Esse regime
autoritário permaneceu em
vigor até 1945, quando Vargas
foi deposto. Durante esse
período, houve uma
concentração significativa de
poder nas mãos do governo,
marcada pela supressão de
instituições democráticas e
pela instauração de medidas
autoritárias.
Por outro lado, para conter as
agitações no movimento
operário, o governo adotou a
Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) como uma
ferramenta para exercer
controle social e tutela estatal
sobre os trabalhadores. O
trabalho foi promovido como o
principal meio de cidadania e
inclusão social. Getúlio Vargas,
com sua abordagem
nacionalista, desagradava os
setores econômicos
conservadores, que eram
politicamente representados
pela União Democrática
Nacional (UDN). Ao mesmo
tempo, sua política ditatorial
gerava descontentamento entre
os setores progressistas, que
buscavam uma maior
expansão da democracia.
Vargas navegava nesse fio da
navalha, equilibrando-se entre
essas contradições.
Entre 1930 e 1964 as políticas
educacionais foram
predominantemente
caracterizadas pela disputa de
ideias entre os católicos e os
defensores da Educação Nova.
Desde a chegada dos jesuítas
ao Brasil no século XVI, os
católicos exerceram uma
influência significativa na
educação do país. Até 1759,
eles praticamente detinham o
monopólio do ensino. Após a
expulsão dos jesuítas do Brasil,
os católicos, representados por
outras ordens religiosas,
passaram a liderar as principais
instituições privadas de ensino
no país, exercendo uma
influência direta sobre a
educação pública. 
Governo Getúlio
Vargas
Durante o governo de Vargas,
diante da crise nos primeiros
anos da década de 1930,
ocorreu uma transformação no
padrão de desenvolvimento
econômico. A ativa intervenção
do Estado na gestão da
economia impulsionou uma
intensa industrialização,
acompanhada pela construção
da infraestrutura necessária
para o desenvolvimento
econômico. No entanto, essa
mudança não alterou a antiga
estrutura agrária do país.
Nesse período, foram
estabelecidas importantes
iniciativas, como a construção
da Usina de Paulo Afonso para
a produção de energia, a
Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN) para a
produção de ferro e aço, a Vale
do Rio Doce para a exploração
mineral, a Eletrobrás para a
distribuição de energia, além
da expansão de estradas,
ferrovias e portos. Durante seu
segundo governo, em 1953, a
Petrobras impulsionou um novo
setor industrial nacional,
permitindo o desenvolvimento
de outros segmentos.
O debate central nesse período
era sobre o projeto de
desenvolvimento econômico do
país: se seria autônomo,
destacando-se pela
industrialização, ou se manteria
a estrutura agrária anterior,
argumentando que isso
garantiria uma vantagem
comparativa ao Brasil
globalmente. Vargas, apesar de
suas contradições, representou
a escolha pelo primeiro
caminho, enfrentando intensa
oposição interna e externa dos
setores que se beneficiavam de
um desenvolvimento
dependente dos países
capitalistas centrais. Sua
deposição em 1945 e o suicídio
em 1954, evitando um golpe
em andamento, foram eventos
gerados por essa disputa. 
Diferentes ideais
de educação
No início da década de 1920,
as influências das pedagogias
renovadoras da Europa,
especialmente dos Estados
Unidos com figuras como John
Dewey, deram origem a críticas
contundentes à educação
tradicional que predominava no
sistema educacional brasileiro.
Defendeu-se a necessidade de
reformas educacionais
fundamentadas em uma nova
perspectiva pedagógica. O
Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova, lançado em
1932, advogava por uma
educação pública, gratuita,
obrigatória, laica e orientada
para preparar as novas
gerações diante das
transformações em curso no
país.
A reação católica após a
publicação do Manifesto de
1932 foi marcada pela sua
retirada da Associação
Brasileira de Educação (ABE)
em 1932. Em 1934, os
católicos fundaram a
Confederação Católica
Brasileira, reunindo educadores
católicos brasileiros. A principal
objeção dos católicos no início
do governo Vargas foi contra a
laicização do ensino. Além
disso, eles criticaram a
gratuidade e obrigatoriedade
do ensino pelo Estado,
defendendo o direito das
famílias de escolherem a
melhor forma de educar seus
filhos, alegandoque as
imposições estatais seriam
inadequadas.
Para os católicos, as ações dos
reformadores eram vistas como
um atentado contra uma
hierarquia divina, contrárias
aos valores católicos e
promotoras de uma visão social
que se baseava na convicção
de que uma elite deveria guiar
um povo considerado incapaz
de construir seu próprio
caminho, segundo as
concepções morais católicas.
Os reformadores,
fundamentados em métodos
científicos, advogavam por uma
educação voltada para o
impulso do desenvolvimento
econômico e social, alinhada à
dinâmica desenvolvimentista
em curso no país. Acreditavam
que a educação deveria
promover a integração entre
indivíduos de diferentes
classes sociais e ser
responsável pela inclusão
social. Para eles, o principal
obstáculo na educação
brasileira residia no método
tradicional, que deveria ser
substituído por uma
metodologia inovadora
baseada em biologia,
psicologia e ciência.
Segundo Saviani (2009), para a
Escola Nova, seria necessário
deslocar o foco do intelecto
para o sentimento no processo
pedagógico, passar do aspecto
lógico para o psicológico, dos
conteúdos para os métodos ou
processo pedagógico, do
professor para o aluno, do
esforço para o interesse, da
disciplina para a
espontaneidade, da quantidade
para a qualidade e da
pedagogia filosófica/científica
para o experimentalismo
baseado em biologia e
psicologia. O enfoque não era
apenas aprender, mas
aprender a aprender, ou seja, o
método era mais importante do
que o conteúdo. Enquanto os
católicos, com suas instituições
educacionais consolidadas,
exerciam uma hegemonia
pedagógica no cenário
educacional brasileiro, os
reformadores buscavam
ampliar os espaços para a
prática de métodos
pedagógicos inovadores.
Diversas medidas
governamentais foram
adotadas para atender aos
interesses dos reformadores,
permitindo algumas reformas
importantes.
Vargas manteve um equilíbrio
delicado nesse embate,
alternando entre atender aos
interesses dos reformadores ao
nomeá-los para importantes
órgãos públicos de educação e
considerar a influência católica
no país, atendendo aos
interesses religiosos. Na
Constituição de 1934, por
exemplo, Vargas apoiou o
retorno do ensino religioso
obrigatório nas escolas
públicas, contrariando os
reformadores.
Durante a elaboração dessa
Constituição, ocorreu um
intenso debate sobre o
financiamento público para a
Educação. Foi permitido ao
Estado, com recursos públicos,
financiar a educação privada,
principalmente por meio de
bolsas de estudos e
empréstimos subsidiados,
atendendo a demandas dos
católicos. Essa medida permitiu
que a Igreja amenizasse suas
críticas ao papel do Estado na
educação, possibilitando a
expansão do ensino público no
país.
As políticas educacionais do
governo Vargas foram
caracterizadas por reformas
que visavam atender às novas
demandas educacionais,
decorrentes do crescimento
urbano, da diversidade social e
do desenvolvimento de novos
setores econômicos e
profissionais, sem confrontar
diretamente os interesses
católicos. A criação do
Ministério da Educação e da
Saúde, mesmo compartilhado,
com o primeiro sendo o
primeiro órgão governamental
específico para a educação,
demonstrou um aumento da
importância dada a essa área
pelo governo. 
Leis Orgânicas do
Ensino
Entre 1942 e 1946, por meio
das Leis Orgânicas do Ensino,
foi implementado o ensino
supletivo, contribuindo para a
redução do analfabetismo. Sob
a pressão dos reformadores da
educação, o governo
incorporou previsão de
recursos orçamentários para a
reforma educacional,
estabeleceu o planejamento
escolar, organizou a estrutura
da carreira docente e os
salários, regulamentou os
cursos de formação de
professores e reestruturou os
cursos secundários, que
passaram a ter 4 anos de
ginásio e 3 de colegial
(científico e clássico). Durante
esse período, foram criados
dois tipos de ensino
profissionalizante: o primeiro,
mantido pelo governo, abrangia
ramos industrial, comercial e
agrícola; o segundo, mantido
pelas empresas, foi
estabelecido com a criação do
Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial
(Senai) em 1942. Em 1946, foi
instituído também o Sistema
Nacional de Aprendizagem
Comercial (Senac).
Apesar da expansão da
escolarização, as reformas
educacionais enfrentaram
desafios na realidade brasileira.
O número de professores
leigos, sem formação
adequada, era significativo e
cresceu a partir de 1940. As
escolas normais, destinadas à
formação de professores,
tornaram-se
predominantemente
frequentadas por classes
médias e por mulheres. Os
cursos secundários
continuavam a servir como
preparação para o ensino
universitário, mantendo o
dualismo escolar, enquanto o
ensino profissionalizante,
promovido pela iniciativa
privada, era direcionado
principalmente às classes
trabalhadoras.
O ensino fundamental foi
negligenciado, e os
reformadores, confrontados
com contradições, precisaram
conciliar com os católicos. As
perspectivas educacionais
desses últimos pressupunham
uma democratização dos
espaços educacionais, algo
que não ocorreu durante a
ditadura do Estado Novo.
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Os governos
Juscelino
Kubitschek e João
Goulart
Com a deposição de Vargas
em 1945, uma nova
Assembleia Constituinte foi
convocada, resultando em uma
Constituição permeada por
conteúdos defendidos pelos
reformadores da Escola Nova.
A partir de 1947, conforme
apontado por Saviani (2011),
houve uma predominância das
ideias da pedagogia nova.
Lourenço Filho permaneceu no
Ministério da Educação,
dirigido por Clemente Marini, e
elaborou o anteprojeto da
primeira Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) da educação
brasileira, que tramitou no
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