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ÓLEOS VOLÁTEIS Oleos voláteis Produtos obtidos de plantas através de destilação por arraste a vapor d’água ou por expressão do pericarpo dos frutos cítricos São misturas complexas de óleos voláteis, lipofílicas, odoríferas, liquidas Sinonímia: óleos essenciais = óleos etéreos = essências Importância econômica: Perfumaria Aromaterapia Essências cosméticas Fitoterápicos Características Volatilidade Aroma intenso e agradável Solúveis em solventes orgânicos como o éter Pouco solúveis em agua Sabor: geralmente ácido e picante Cor: incolor a amarelada Instabilidade: luz, calor, umidade, ,metais São opticamente ativos (podem ser caracterizados através de seu índice de refração) Constituição química Possuem constituição química variada: hidrocarbonetos terpênicos, álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas, compostos com enxofre. Apresentam-se em diferentes concentrações, sendo um composto majoritário. Ex: óleo de eucalipto (80% de eucaliptol) Para uso farmacêutico somente os óleos de origem natural são permitidos pelas farmacopéias. Classificação química Formados pela condensação de unidades isoprênicas Terpenos: hidrocarbonetos simples Terpenoides: hidrocarbonetos oxigenados Óleos voláteis: formados por monoterpenos (90%) e sesquiterpenos A) Monoterpenos (10C): Acíclicos Monocíclicos Bicíclicos: B) Sesquiterpenos (15C): Acíclico Monocíclico Bicíclico 7 C) Diterpenos (20C): Acíclico Monocíclico 8 C) Triterpenos (30C): Esteroides São diferentes dos demais lipídios por apresentarem uma cadeia circular formando anéis Núcleo ciclo-pentano-per-hidrofenantreno é a estrutura básica. Colesterol (e seus derivados) e vit. D são os mais importantes representantes deste grupo O colesterol é sintetizado exclusivamente em células animais Pertencem a esse grupo: hormônios sexuais - testosterona estrogênio e progesterona hormônios supra-renais - aldosterona e cortisol As plantas sintetizam fitoesterois – ex. campesterol, estigmasterol e sitosterol (presentes no óleo de soja e milho) C) Triterpenos (30C): C) Tetraterpenos (40C): COMPOSIÇÃO QUIMICA Os óleos voláteis são divididos em 2 classes principais com base na sua origem biossintética: Derivados de terpeno (formados através da via do acetato => ácido mevalonico) Compostos aromáticos (formados através da via do ácido chiquímico => fenilpropanoides) Compostos de origem mista BIOGÊNESE Glicose Isopreno Ác. mevalônico AcetilCoA Terpenoides e esteroides Quimiotaxia São abundantes em angiospermas dicotiledôneas: CAMOMILA (Matricaria chamomilla Blanco) Asteraceae ERVA DE SÃO JOÃO (Ageratum conyzoides L.) Asteraceae ALFAVACA (Ocimum basilicum L.) Lamiaceae ALFAZEMA (Lavandula officinalis Chay ) Lamiaceae HORTELÃ (Mentha piperita) Lamiaceae CANELA (Cinnamomum zeylanicun Ness) Lauraceae Quimiotaxia São abundantes em angiospermas dicotiledôneas: EUCALIPTO (Eucalyptus globulus Labil) Myrtaceae ARRUDA (Ruta graveolens L.) Rutaceae LARANJA DA TERRA (Citrus aurantium L.) Rutaceae CAPIM LIMÃO (Cymbopogon citratus Stapf) Poaceae (Gramínea) GENGIBRE (Zingiber offinale Rosc.) Zingiberaceae VETIVER (Vetiveria zizanioides Nash) Poaceae (Gramínea) E em menor quantidade em angiospermas monocotiledôneas: Quimiotaxia Raramente encontrados em gimnospermas Exceção: PINUS (Pinus spp.) Pinaceae Localização São estocados em certos órgãos: Flores (laranjeira, bergamoteira) Folhas (capim-limão, eucalipto, louro) Cascas dos caules (canelas) Madeira (sândalo, pau-rosa) Raízes (vetiver) Rizomas (curcuma, gengibre) Frutos (anis-estrelado, funcho) Sementes (noz moscada) Funções biológicas Atração de polinizadores em horário noturno ou crepuscular Inibidores de germinação (efeitos alelopáticos) Proteção contra predadores e infestantes (elevada toxicidade para formigas e micro-organismos) Quimiotipos Ciclo vegetativo Fatores extrínsecos Processos de obtenção Fatores de variabilidade CICLO VEGETATIVO FATORES DE VARIABILIDADE A concentração de cada um dos constituintes do seu óleo volátil pode variar durante o desenvolvimento do vegetal Ex: coentro (Coriandrum sativum L.), possui teor de linalol 50% maior nos frutos maduros do que nos verdes FATORES EXTRÍNSECOS FATORES DE VARIABILIDADE Fatores ambientais influenciam na composição A temperatura, a umidade relativa, a duração total de exposição ao sol e o regime de ventos exercem influência direta => espécies que possuem estruturas histológicas de estocagem na superfície. Nos vegetais em que a localização de tais estruturas é mais profunda, a qualidade dos óleos voláteis é mais constante. Cada espécie reage de forma diferenciada FATORES EXTRÍNSECOS FATORES DE VARIABILIDADE HORTELÃ-PIMENTA (Mentha piperita L.) Dias longos e noites curtas alta concentração de mentofurano Noites frias favorecem a produção de mentol LOURO (Laurus nobilis (Bay) Produz óleo volátil em maior quantidade no hemisfério sul do que o norte Citrus: Temperaturas mais elevadas = maior teor de óleo PRODUÇÃO DE ÓLEOS VOLATEIS Variam conforme a localização do óleo volátil na planta e com sua proposta de utilização do mesmo Métodos mais comuns: ENFLORAÇÃO DESTILAÇÃO POR ARRASTE A VAPOR EXTRAÇÃO COM SOLVENTE ORGÂNICO PRENSAGEM (EXPRESSÃO) EXTRAÇÃO POR CO2 SUPERCRÍTICO ENFLORAÇÃO (enfleurage) É empregado apenas por algumas indústrias de perfumes Para plantas com baixo teor de óleo de alto valor comercial Utilizado na extração de essências em pétalas de flores (laranjeira, rosas) As pétalas são depositadas, à temperatura ambiente, sobre uma camada de gordura, durante um certo período de tempo Em seguida, essas pétalas esgotadas são substituídas por novas até a saturação total A gordura é tratada com álcool O álcool é destilado a baixa temperatura: o produto obtido possui alto valor comercial. DESTILAÇÃO POR ARRASTE A VAPOR Os óleos voláteis possuem tensão de vapor mais elevada que a da água Em pequena escala, emprega-se o aparelho de Clevenger (Farmacopéia Brasileira IV) O óleo volátil obtido, após separar-se da água, deve ser seco com Na2SO4 anidro Método utilizado na extração de óleos de plantas frescas EXTRAÇÃO COM SOLVENTE ORGÂNICO Solventes apolares (éter ou diclorometano) Extraem outros compostos lipofílicos além dos óleos voláteis Produto de baixo valor comercial PRENSAGEM (EXPRESSÃO) Método empregado para a extração dos óleos voláteis de frutos cítricos Os pericarpos desses frutos são prensados Posteriormente, o óleo é separado da emulsão formada com água através de decantação, centrifugação ou destilação fracionada EXTRAÇÃO POR CO2 SUPERCRÍTICO Método escolha para extração industrial de óleos voláteis Nenhum traço de solvente permanece no produto final (alta pureza) O CO2 é primeiramente liquefeito através de compressão e, em seguida, aquecido a uma temperatura superior a 31ºC Assim, o CO2 atinge um quarto estado, no qual sua viscosidade é análoga à de um gás, mas sua capacidade de dissolução é elevada como a de um líquido Uma vez efetuada a extração, faz-se o CO2 retornar ao estado gasoso, resultando na sua total eliminação Avaliação da qualidade TESTES ORGANOLÉPTICOS CONTROLE DA IDENTIDADE E PUREZA Empregado na análise de óleo volátil, de uma matéria-prima vegetal rica em óleo volátil ou de um medicamento que contenha óleo volátil Mistura complexa, geralmente com um composto majoritário Métodos de rotina (propostos pelas farmacopeias) Avaliação da qualidade CONTROLE DA IDENTIDADE E PUREZA Fração solúvel em água Hidrocarbonetos halogenados Metais pesados Ésteres do ácido ftálico Resíduo de evaporação Miscibilidade em etanol METODOS CROMATOGRÁFICOS CG-EM CLAE RMN 13C Avaliação da qualidade ANÁLISE QUANTITATIVA DOS COMPONENTES DE ÓLEOS VOLÁTEIS A composição química dos óleos voláteis é muito complexa Variedade de métodos para cada óleo volátil. Ex: Pontode solidificação Determinação alcalimétrica de álcoois terpênicos após acetilação Determinação acidimétrica de ésteres de terpenoides após saponificação Determinação de terpenóides cetônicos e aldeídicos através de titulação oximétrica Determinação volumétrica de fenóis Determinação espectrofotométrica Dados farmacológicos: droga vegetal x óleo volátil Ação carminativa: funcho, erva-doce, camomila, menta Ação antiespasmódica: camomila, macela, alho, funcho, erva-doce, sálvia Ação cardiovascular: óleos contendo cânfora (sálvia, canforeira) Ação irritante tópica ou revulsiva (uso externo): essência de terebintina Ação secretolítica: TGI (gengibre, genciana, zimbro), TR (eucalipto, anis-estrelado) Ações sobre o SNC: estimulante (óleos voláteis contendo cânfora), depressora (melissa, capim-limão) ou mesmo provocando convulsões em doses elevadas (losna, erva-de-santa-maria, sálvia, canela) Ação anestésica local: óleo volátil do cravo-da-índia Ação anti-séptica (uso externo): citral, geraniol, linalol e timol etc) Dados toxicológicos: droga vegetal x óleo volátil Reações cutâneas: Irritação (mostarda) Sensibilização (canela, alho) Fototoxicidade (frutos cítricos) Reações no SNC: Efeitos Convulsivantes: óleos voláteis ricos em tujona (losna, sálvia), fenchona (funcho), cânfora e pinocanfona (hissopo, mangericão) são neurotóxicos (convulsões), distúrbios sensoriais e até psíquicos Efeitos Psicotrópicos: O óleo volátil de noz-moscada pode produzir excitação, alucinações visuais e distorções de cores, com sensação de fuga da realidade e despersonalização DROGAS VEGETAIS CLÁSSICAS HORTELÃ (Mentha piperita) Família: Lamiaceae (Labiatae) Nome popular: hortelã pimenta, hortelã comum, hortelã das hortas, hortelã de tempero, hortelã rasteiro, poejo. Partes utilizadas: folhas e flores. Constituintes: óleo essencial (mentol, limoneno, ∝-pineno, cariofileno, felandrenok, azuleno), flavonóides, ácidos fenólicos, carotenóides, betaína, tocoferol e taninos, compostos do mentol, fenol, pulegon, aldeídos citral e citronelal. Utilizada em preparações farmacêuticas no tratamento de distúrbios gastrintestinais e problemas respiratórios. O óleo é amplamente empregado como flavorizante, aditivo em alimento, em produtos de higiene bucal. O óleo apresenta ações antimicrobiana e espasmolítica e é considerado o responsável pelas atividades carminativa e eupéptica da planta. CANELA (Cinnamomum zeylanicun Ness) Família: Lauraceae Nome popular: canela-da-índia, canela-da-china e canela. Partes utilizadas: córtex. Constituintes: óleo essencial (aldeído cinâmico, eugenol, vanilina, felandreno, pineno, cineol, cimeno), açúcares, taninos, mucilagens, oxalato de cálcio, goma e resina. Utilizado em disfunções diuréticas, estomacais, tosses, bronquites, febres e vômitos. ALECRIM (Rosmarinus officinalis L.) Família: Labiatae Nome popular: alecrim rasmarinho, alecrim de jardim, alecrim da horta ou erva da graça. Partes utilizadas: folhas. Constituintes: óleo essencial contendo principalmente: pinenos, canfeno, cineol, borneol, acetato de bornila, cânfora e diterpenos. Possui também ácidos orgânicos, saponinas, traços de alcalóides, princípios amargos e taninos. Utilizado como estimulante geral, hipertensor, estomáquico, anti-séptico, carminativo, colagogo, colerético, emenagogo, anti-reumático, diurético. Externamente atua como estimulante do couro cabeludo. Combate o cansaço mental e físico e a falta de apetite. ERVA-DOCE (Foeniculum vulgare Mill.) Família: Apiaceae (Umbelliferae) Nome popular: funcho, erva-doce, anis-doce. Partes utilizadas: frutos, folhas, raízes e sementes. Constituintes: nos frutos encontram-se de 10 a 18% de óleos de ácidos graxos (ácidos oléico, linoléico, palmítico e petroselínico); óleo essencial 1,5 a 6% (funchana 20%, anetol 50 a 80%, limoleno, α-pinemo, foeniculina); açúcares 4 a 5%; mucilagens, pectinas, taninos, ácidos clorogênicos e caféico, flavonóides, sais minerais, tocoferóis, matérias protéicas. Tem ação carminativa, digestiva, estimula a secreção biliar (colerético), antiespamósdica, antitussígena, diurética. EUCALIPTO (Eucalyptus globulus Labil) Família: Myrtaceae Nome popular: eucalipto, calipse, árvore-da-febre, gomeiro-azul. Partes utilizadas: folhas. Constituintes: suas folhas contêm tanino, resina, ácidos graxos e, sobretudo, essência, na qual se encontram os seus princípios ativos. Esta essência contém cineol ou eucaliptol, hidrocarbonetos terpênicos, pineno e álcoois alifáticos, sesquiterpenos e canfenos. Forte ação anti-séptica, previne e trata de doenças das vias respiratórias, antitérmico. TOMILHO (Thymus vulgaris L. ou Thymus zygis L.) Família: Lamiaceae Nome popular: tomilho, timol, erva urso. Partes utilizadas: sumidades floridas. Constituintes: timol (2-isopropril-5-metil-fenol) e seu isômero de posição, carvacrol (5-isopropil-2-metil-fenol), que perfazem 40 a 50% do óleo. Utilizada em preparações farmacêuticas com indicação para tratamento de problemas respiratórios. O óleo apresenta ações anti-séptica, expectorante, carminativa e antiespasmódica. Amplo uso como anti-séptico, flavorizante e antioxidante. image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image9.png image10.png image15.png image11.png image12.png image13.png image14.png image16.png image17.png image18.png image19.png image20.png image21.png image22.png image23.jpeg image24.emf image25.png image26.png image27.png image28.png image29.png image30.png image31.png image32.png image33.png image34.png image35.png image36.png image37.png image38.png image39.png image40.png image48.png image41.png image42.png image43.png image44.png image45.png image46.png image47.png image49.jpeg image50.png image51.png image52.png image53.jpeg image54.png image55.png image56.png image57.png image58.png image59.emf image60.png image61.png image62.png image63.jpeg image64.png image65.png image66.png image67.png image68.png image69.png