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Unidade 3 Ritos Processuais Trabalhistas Direito Processual do Trabalho Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria JÉSSICA RAIANE ALVES CONFESSOR MILENA BARBOSA DE MELO AUTORIA Jéssica Raiane Alves Confessor Sou formada em Direito pela UNIFACISA – Universidade de Ciências Sociais Aplicadas. Atualmente sou professora conteudista e advogada. Como jurista atuo nas áreas de Direito Penal, Direito de Família, Direito do Consumidor, e na minha paixão, que é o Direito do Trabalho. Milena Barbosa de Melo Possuo graduação em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (2004). Doutora em Direito Internacional pela Universidade de Coimbra. Mestre e Especialista em Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Atualmente sou Professora Universitária e Conteudista. Como jurista atuo principalmente nas seguintes áreas: Direito à Saúde, Direito Internacional público e privado, Jurisdição Internacional, Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da Propriedade Intelectual e Direito Digital. Por isso fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar vocês nesta fase de muito estudo e trabalho. Esperamos te ajudar a crescer e se apaixonar por cada tópico do Direito Processual do Trabalho. Conte conosco! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Atos - termos e prazos processuais trabalhistas .......................... 10 Atos Processuais ............................................................................................................................... 11 Classificação dos atos processuais ................................................................ 12 Termos Processuais ....................................................................................................................... 15 Prazos Processuais ........................................................................................................................ 15 Os sujeitos da relação processual do trabalho ..............................20 Litisconsórcio .....................................................................................................................................23 Espécies de Litisconsórcio .......................................................................................................24 Litisconsórcio ativo ....................................................................................................27 Litisconsórcio Passivo ...............................................................................................28 Nulidade processual trabalhista ..........................................................30 Nulidade absoluta e nulidade relativa do ato processual ...............................32 Ato processual inexistente .......................................................................................................34 Princípios das nulidades processuais ..............................................................................35 Prescrição e decadência no direito processual do trabalho ....40 Prescrição e decadência .......................................................................................................... 40 Direitos imprescritíveis no Direito Brasileiro ................................................................43 Normas gerais sobre a prescrição ......................................................................................43 Prescrição e Preclusão ..............................................................................................................44 Prescrição e Perempção ............................................................................................................45 Início da contagem do novo prazo decadencial e prescricional ................ 46 Decadência no Direito do Trabalho ................................................................................... 46 Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição ...................47 7 UNIDADE 03 Direito Processual do Trabalho 8 INTRODUÇÃO Nesta unidade podemos aprender sobre os atos, termos e prazos processuais trabalhistas; os sujeitos da relação processual; nulidade processual trabalhista e a prescrição e decadência no direito processual do trabalho. Iremos conhecer detalhadamente o que são os atos processuais, classificá-los, conhecer quem os pratica e de que forma influenciam no processo do trabalho. Compreendermos quem são os sujeitos da relação processual do trabalho, sua importância e de que forma geram o litisconsórcio na relação trabalhista. Estudaremos também a nulidade processual trabalhista, buscando entender o que torna os atos processuais nulos, anuláveis ou inexistentes. E, por fim, debateremos sobre a prescrição e decadência no direito processual do trabalho. Espero que você tenha entendido e esteja motivado a mergulhar comigo neste universo ao longo de nossa unidade letiva!! Direito Processual do Trabalho 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Constituir os atos, termos e prazos processuais trabalhistas; 2. Identificar os sujeitos da relação processual; 3. Compreender a nulidade processual trabalhista; 4. Debater a prescrição e decadência no direito processual do trabalho. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Vamos juntos!! Direito Processual do Trabalho 10 Atos - termos e prazos processuais trabalhistas OBJETIVO: Neste capítulo você irá constituir os atos, termos e prazos processuais no Direito do Trabalho. Aprendendo de que forma atuam na efetivação do direito, conceito e quando são utilizados. Espero que você se envolva a cada descoberta. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos juntos!! Sabemos que processo é o meio pelo qual efetivamos a jurisdição, desta forma é imprescindível para a solução de conflitos, realizando a atuação material da lei. Como podemos ver em Neto e Cavalcante (2019, p. 601): Christóvão Piragibe Tostes Malta assevera: “Submetido um conflito de interesses ao pronunciamento do Estado, este tem o dever de solucioná-lo, o que faz obedecendo a certas diretrizes, a um critério, sistema ou método, a uma ordem enfim. Esse método é justamente o processo. A jurisdição é a função do Estado dirigido à solução de conflitos de interesses. Harmonizando esse entendimento com a noção de processo acima referida, este é o sistema adotado pelo Estado para o exercício da função jurisdicional ou jurisdição”. O processo resume a relação jurídica entre os sujeitos e tambéma decisão definitiva. • Causas suspensivas da prescrição trabalhista: Existem algumas causas que suspendem a prescrição, são elas: a pendência de condição suspensiva; não estando vencido o prazo. Vejamos o artigo 199, I e II, CC: Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; • Causas interruptivas da prescrição trabalhista: A causa mais importante da interrupção da prescrição é o ajuizamento da ação trabalhista, que também poderá ser interrompida ainda que arquivada, interrompe a prescrição em relação aos pedidos idênticos. A principal prescrição do direito do trabalho é a prescrição bienal, ou seja, não se fala em prescrição até dois anos após o término do contrato de trabalho. Direito Processual do Trabalho 49 RESUMINDO: Animados por estarmos finalizando nossa terceira unidade? Compreendeu todo o assunto? Vamos para a última revisão dessa unidade? Podemos aprender neste capítulo sobre a prescrição e decadência no direito processual do trabalho. Vimos que a decadência e a prescrição são institutos que produzem efeitos nas relações jurídicas com o decurso do tempo, sendo imprescindível para estabilizar e consolidar todos os direitos. Sendo institutos distintos, ocorrendo decadência quando há perda do direito por ter sido seu titular inerte dentro de um prazo prefixado, e que sua eficácia depende de seu exercício, que se esgotou sem que o titular o exercesse. E a prescrição, por sua vez, ocorre quando se extingue uma ação ajuizável por ter sido seu titular inerte em um lapso temporal, ou seja, um titular de direito possui determinado tempo para reclamar sobre algo e não o faz dentro desse período. Aprendemos também que são imprescritíveis no direito brasileiro as Reivindicações que envolvam os direitos da personalidade; estado da pessoa; bens públicos; direito de família no que concerne à questão inerente ao direito à pensão alimentícia, à vida conjugal, ao regime de bens; pretensão do condomínio de a qualquer tempo exigir a divisão da coisa comum ou a meação de muro divisório; exceção de nulidade; ação, para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato. Bem como a diferença entre prescrição e a preclusão e a prescrição e a perempção. As hipóteses mais conhecidas de decadência no direito do trabalho, que são as relativas ao inquérito para apuração de falta grave e da ação rescisória ou o prazo decadencial de 120 dias para interposição de mandado de segurança e os prazos fixados em instrumentos normativos para que empregada comprove a condição de grávida para o empregador. E, por fim as causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição. Direito Processual do Trabalho 50 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Brasil. Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943 alterada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei federal 13.105 de 16 de março de 2015. Institui o Novo Código de Processo Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de março de 2015. BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro. CAVALCANTE, Jouberto de Q. Pessoa e NETO, Francisco F. Jorge. Direito Processual do Trabalho. 9ª Edição. São Paulo. Editora Atlas. 2019. JUNIOR, José Cairo. Curso de Direito Processual do Trabalho. 13ª Edição. São Paulo. Editora Juspodivm. 2019. LEITE, Carlos H Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 17ª Edição. São Paulo. Editora Saraiva Educação. 2019. MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil comentado artigo por artigo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios gerais de direito administrativo. 2 ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 1979. PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 6ª Edição. São Paulo. Editora Saraiva. 2019. RENZETTI, Rogério. Direito do Trabalho: Teoria e Questões Práticas. 5ª Edição. São Paulo. Editora Forense Ltda. 2018 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. São Paulo. Editora Saraiva, 1981. Direito Processual do Trabalho Atos - termos e prazos processuais trabalhistas Atos Processuais Classificação dos atos processuais Termos Processuais Prazos Processuais Os sujeitos da relação processual do trabalho Litisconsórcio Espécies de Litisconsórcio Litisconsórcio ativo Litisconsórcio Passivo Nulidade processual trabalhista Nulidade absoluta e nulidade relativa do ato processual Ato processual inexistente Princípios das nulidades processuais Prescrição e decadência no direito processual do trabalho Prescrição e decadência Direitos imprescritíveis no Direito Brasileiro Normas gerais sobre a prescrição Prescrição e Preclusão Prescrição e Perempção Início da contagem do novo prazo decadencial e prescricional Decadência no Direito do Trabalho Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescriçãoa sequência lógica e cronológica de atos que faz surgir, desenvolver-se e finalizar, a qual se denomina procedimento. Nesse ponto de nosso estudo não podemos confundir processo e procedimento. Vamos diferenciá-los? O processo é essencialmente teológico, sendo um sistema estático, ou seja, o procedimento é a forma de atuação desse sistema e decorre da provocação da função jurisdicional. O processo é um conjunto de atos ordenados em estado de inação. Direito Processual do Trabalho 11 O procedimento é puramente formal e são os atos que se sucedem, isto porque é através do procedimento que realizamos os atos exigidos para o processo, sendo assim podemos dizer também que o procedimento é uma forma de exteriorizar o processo e efetivar uma função do Estado. O procedimento é um conjunto de atos ordenados em movimento para a prestação jurisdicional. Seguindo este raciocínio vamos conceituar o que é fato jurídico? Ter este conhecimento irá nos ajudar a compreender melhor os tópicos escolhidos para este capítulo. Vamos juntos? Fato Jurídico é o acontecimento no âmbito do Direito que produz efeitos constitutivos, modificativos ou extintivos de direitos e obrigações, importante mencionar que independem da vontade humana, a exemplo temos a morte das partes ou de seus representantes (art. 331, I, do CPC). Os atos, os termos e os prazos processuais possuem funções específicas no ordenamento jurídico, vamos juntos descobrir quais são? Atos Processuais Inicialmente devemos conceituar o que são os atos processuais para poder compreender melhor sua função do exercício do Direito. Vamos juntos? Atos processuais são todos os acontecimentos voluntários e subordinados a vontade humana e não compõem efeito jurídico. Os atos processuais buscam movimentar e finalizar a relação jurídica processual são praticados no curso do procedimento. Habitualmente os atos processuais são praticados pelas partes pelas partes, juízes e seus auxiliares. VOCÊ SABIA? Os atos processuais apesar de habitualmente praticados pelas partes, juízes e seus auxiliares, podem também ser realizados por outras pessoas, a exemplo de exibição de documentos ou coisas por terceiros, relatos testemunhais, etc. Direito Processual do Trabalho 12 Nesse momento de nosso estudo, devemos diferenciar ato processual e ato jurídico, apesar de bem similares, nós não podemos confundir seus conceitos. Vejamos. De acordo com Neto e Cavalcante (2019, p. 602-603) temos que: Luiz Rodriguez Wambier aduz que: “Sendo o processo um conjunto ordenado de atos, cada um deles pode ser estudado e per se, sob a ótica de sua função como elemento integrante do processo. Em verdade, o ato processual é modalidade de ato jurídico, mas que é praticado e busca gerar efeitos dentro do processo. É necessário destacar que qualquer ato praticado fora do processo, ainda que a ele ligado, só adquirirá relevância e gerará efeitos quando e se trazido ao processo. Assim, ato processual é conceituado como toda manifestação da vontade humana que tem por fim criar, modificar, conservar ou extinguir a relação jurídica processual. Desta forma, podem ser incluídos na categoria de ato processual a manifestação de qualquer dos sujeitos processuais, e não apenas das partes, pois todos visam ao mesmo objetivo. Por isso, o conceito de ato processual não abrange exclusivamente a atividade das partes, pois todos os integrantes do processo agem para criar, modificar, conservar ou extinguir o processo.” (Grifo nosso). O ato jurídico provém do fato jurídico, tendo em vista que é fato gerador de um direito e decorre pela ação da vontade humana. Ato jurídico é um ato processual dentro do processo, sendo assim, é um ato processual que produz efeito jurídico. Classificação dos atos processuais • Quanto a forma: Forma são as solenidades adotadas para que o ato jurídico seja eficaz, podendo ser solene e não solene. Os atos solenes deverá ser observada a validade dos atos jurídicos. Já os atos não solenes não dependem de solenidade, podendo ser realizados de qualquer forma permitida em direito. Direito Processual do Trabalho 13 • Publicidade dos atos processuais: A publicidade provém de um dos princípios fundamentais, devendo como regra os atos processuais serem públicos, a exceção a publicidade ocorre quando a defesa da intimidade ou do interesse social o exigirem. A CLT não disciplina os processos que devem correr em segredo de justiça. • Atos do juiz: O juiz é responsável pela condução do processo e pratica atos decisórios e não decisórios. Atos decisórios são compostos por um conteúdo de deliberação ou de comando, enquanto os não decisórios representam aspectos administrativos ou de poderes de polícia do magistrado. • Atos quanto ao tempo: O artigo 770 da CLT determina que os atos processuais serão praticados nos dias úteis entre as 6 e as 20 horas na Justiça do Trabalho. E o artigo 216 do CPC nos introduz o conceito de dia útil, qual seja: “Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense”. • Atos do escrivão ou do chefe da secretaria: O escrivão ou chefe da secretaria retrata o órgão auxiliar do magistrado. Sua função é ser o responsável pelos atos de documentação, comunicação e movimentação do processo. Sua função encontra-se positivada no artigo 152 e seguintes do CPC e no artigo 713 CLT. Vejamos o art. 152 CPC: Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria: I - Redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício; II - Efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária; III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo; Direito Processual do Trabalho 14 IV - Manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto: a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor; d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência; V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho, observadas as disposições referentes ao segredo de justiça; VI - Praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. § 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição prevista no inciso VI. § 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato. Os atos de documentação praticados pelo escrivão retratam de forma escrita às manifestações de vontade das partes, dos membros do órgão jurisdicional e de terceiros que tenham participado de algum evento no decorrer da demanda. É através do escrivão que os sujeitos da relação processual tomam ciência dos atos e termos processuais, podendo desta forma realizar suas manifestações de acordo com a legislação. São exemplos de atos do chefe de secretaria: a intimação, que é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos ou termos do processo; a citação, que é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. Vários atos de movimentação, tais como: certificado do vencimento de prazo, vista às partes, conclusão ao juiz, cobrança de autos, recebimento de processo, etc. Direito Processual do Trabalho 15 Conseguiu compreender a importância dos atos processuais e jurídicos para a efetivação do direito? Vamos juntos estudar os termos processuais? Termos Processuais Sabendo que os atos processuais devem ser escritos, podemos observar que os termos processuais sãoatos documentados do processo. A transformação do ato em documento se chama termo. Os atos processuais devem ser escritos em língua portuguesa. Prazos Processuais Os prazos processuais surgem como uma forma de impor as partes e ao magistrado uma prévia definição de quando devem ocorrer os atos processuais, tendo em vista que sua ausência os deixaria a própria definição e seria uma atitude desastrosa. Desta forma reafirmamos a necessidade rigorosa de definir a prática dos atos processuais, especificando o período no tempo em que deverão ser praticados. DEFINIÇÃO: Prazo é um lapso temporal entre dois termos, marcos: um inicial e um final. Devemos observar que o prazo processual sempre será o período em que determinado ato processual deverá ser praticado, de acordo com a legislação em vigor. O principal privilégio do prazo consiste na imposição do efeito preclusivo temporal, tendo em vista que os atos processuais devem ser praticados em um lapso temporal. O ato processual que não obedece ao prazo, pode ser considerado irregular, ocorrendo assim a preclusão do ato. Direito Processual do Trabalho 16 Como dito, o prazo será definido em lei, porém para os casos em que a lei é omissa, deverá o magistrado determinar o prazo levando em consideração a complexidade do ato. Em caso de omissão da lei ou do magistrado em determinar o prazo as intimações somente trarão obrigatoriedade de comparecimento após 48 horas e na ausência de preceito legal ou determinação do juiz, será de cinco dias o prazo para prática do ato legal a cargo da parte, vejamos o artigo 218 do CPC: Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. §1°Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do ato. §2° Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas. §3° Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. §4° Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. Sabemos que os prazos processuais produzem inúmeros efeitos e para compreendê-los corretamente será necessário o enquadramento dos prazos em face de uma série de aspectos. • Quanto a origem: Podem ser legais ou convencionais. Os prazos serão denominados legais sempre que forem estipulados por lei, judiciais ou quando forem fixados pelo juiz e serão denominados convencionais sempre que forem determinados pelas partes. • Quanto à natureza: Podem ser dilatórios ou peremptórios. Os prazos serão denominados dilatórios sempre que possam ser prorrogáveis e serão denominados peremptórios sempre que forem improrrogáveis. Os prazos peremptórios são improrrogáveis por decorrer de norma de ordem pública e justamente por isso não pode ser objeto de convenção. Direito Processual do Trabalho 17 • Quanto aos efeitos: Podem ser preclusivos ou cominatórios. Os prazos serão denominados preclusivos sempre que houver a necessidade de acontecer o ato dentro de um espaço determinado de tempo e caso não ocorra, haverá perda da oportunidade e serão denominados cominatórios sempre que a omissão da parte causar efeito contrário ao interesse do omisso, será apenas a perda da oportunidade. Ainda seguindo o aprendizado sobre os prazos processuais e de que forma eles influenciam no processo, nos perguntamos de que forma se dará a sua contagem? A contagem dos prazos se dá na forma dos artigos 774 e 775 da CLT, vejamos: Art. 774. Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. Parágrafo único. Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem. Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento. § 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: I − quando o juízo entender necessário; II − Em virtude de força maior, devidamente comprovada. § 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às Direito Processual do Trabalho 18 necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito. (Grifo nosso) Após ler esses dispositivos, devemos então distinguir o início do prazo e o início da contagem dos prazos. Vamos juntos? A diferença entre o início de prazo e o início de contagem é facilmente notável quando houver coincidência com dias sem expediente forense. Dessa forma, podemos exemplificar quando a notificação for recebida em uma sexta-feira, em que há expediente, a contagem do prazo só será iniciada na segunda-feira, primeiro dia útil seguinte, outro exemplo é para notificação recebida em um sábado, que não é dia de expediente, sendo assim, a contagem só será iniciada na terça-feira, em face da exclusão do primeiro dia útil seguinte, que é a segunda-feira, conforme determinam o artigo 184, § 2º CPC e Enunciado TST 262, vejamos: Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. § 2º Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). Enunciado TST 262: PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE. I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subsequente. II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho suspendem os prazos recursais. IMPORTANTE: Não podemos deixar de observar que para o início do prazo no Direito Processual do Trabalho não aplicaremos aquelas disposições do CPC que exigem a juntada do comprovante da notificação nos autos, sendo assim o início do prazo irá ocorrer a partir da ciência pessoal ou do recebimento da notificação, pelos correios. Direito Processual do Trabalho 19 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Você pode descobrir o que são os atos, termos e prazos processuais. Aprendemos então que processo é o meio pelo qual efetivamos a jurisdição, desta forma é imprescindível para a solução de conflitos, realizando a atuação material da lei e que o processo resume a relação jurídica entre os sujeitos e também a sequência lógica e cronológica de atos que e faz surgir, desenvolver-se e finalizar, a qual se denomina procedimento. Podemos verificar que fato jurídico é o acontecimento no âmbito do Direito que produz efeitos constitutivos, modificativos ou extintivos de direitos e obrigações, importante mencionar que independem da vontade humana e que atos processuais são todos os acontecimentos voluntários e subordinados a vontade humana e não compõem efeito jurídico e buscam movimentar e finalizar as relações jurídicas. Aprendemos também que os atos podem ser classificados quanto sua forma, publicidade, do juiz, quando ao tempo, exercidos pelo escrivão ou chefe de secretaria. Vimos ainda que a transformação de um ato processual em um documento chama-se termo processual. Podemos assimilar ainda que prazo é um lapso temporal entre dois termos, marcos: um inicial e um final e que os prazos processuais surgem como uma forma de impor as partes e ao magistrado uma prévia definição de quandodevem ocorrer os atos processuais, tendo em vista que sua ausência os deixaria a própria definição e seria uma atitude desastrosa. Sendo classificados quanto à origem, natureza e seus efeitos. Direito Processual do Trabalho 20 Os sujeitos da relação processual do trabalho OBJETIVO: Neste capítulo compreenderemos quem são os sujeitos da relação processual do trabalho, sua importância e de que forma geram o litisconsórcio na relação trabalhista. Prontos? Vamos!! Inicialmente devemos saber que sujeitos do processo não é o mesmo que sujeitos da lide. Sujeitos do processo possui um significado mais abrangente. Vamos conhecê-los? Sempre que falarmos em sujeitos da lide, estaremos nos referindo aos sujeitos que são as partes do conflito de interesse deduzido em juízo, ou seja os titulares de direito material que são partes no processo. Sujeitos do processo são todos que participam do processo, vamos definir e aprender detalhadamente no decorrer deste capítulo todos eles? Todos os sujeitos que fazem parte do contraditório são sujeitos da lide. De acordo com Leite (2019, p. 484) os principais sujeitos do processo são: As partes (autor e réu) – como o próprio termo está a dizer, parte é sempre parcial, pois tem interesse jurídico em sair vencedora na lide; logo, as partes são sujeitos do processo e sujeitos da lide. Os terceiros intervenientes também são sujeitos do processo e da lide. O juiz – como representante do Estado é sujeito do processo cujo papel é compor o conflito com imparcialidade e justiça, fazendo atuar o ordenamento jurídico. O juiz é, pois, sujeito (desinteressado) do processo no que concerne à pretensão deduzida pelas partes; logo, ele não é sujeito da lide. Você lembra que quando estudamos as partes do Direito Processual do Trabalho já aprendemos o autor, réu e juiz? Eles também são sujeitos do processo!! Direito Processual do Trabalho 21 Todavia, existem outras pessoas que atuam no processo, praticando os atos processuais. Essas outras pessoas são também sujeitas do processo e atuam sem possuir algum interesse jurídico na lide. Podemos mencionar como exemplo desses sujeitos os auxiliares da Justiça, distribuidores, secretários de audiência, oficiais de justiça, peritos, tradutores, intérpretes, testemunhas, licitantes e outros. Em complemento aos sujeitos do processo apresentados, devemos mencionar ainda os advogados, o Ministério Público do Trabalho. Os sujeitos são todos os participantes da relação processual. Há sujeitos imparciais, que são os juízes, peritos, Ministério Público e os outros auxiliares da justiça e há os sujeitos parciais, que são os que possuem interesse em um resultado que lhe seja favorável, sendo esses as partes. Devemos observar que o Ministério Público poderá atuar de duas formas no processo. Poderá atuar como órgão agente, como substituto processual na condução do processo, buscando defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses metaindividuais, difusos, coletivos, sociais e individuais homogêneos ou indisponíveis Poderá o Ministério Público atuar também com órgão interveniente, buscando fiscalização do ordenamento jurídico, de forma que emitirá nos autos parecer que justifiquem sua intervenção sempre que verificar constar interesse público no processo. IMPORTANTE: O Ministério Público poderá atuar como órgão agente ou como órgão interveniente, mas sempre será sujeito imparcial no processo. É um órgão institucional estatal que atua diretamente na busca do interesse público. O advogado também é sujeito do processo e sempre atuará como parte interessada. Apesar de possuir função de relevância social, ou seja, pública, sempre atuará buscando a defesa de seu cliente. Direito Processual do Trabalho 22 De acordo com Santos (1981, p. 346), temos que: Partes, no sentido processual, são as pessoas que pedem ou em relação às quais se pede a tutela jurisdicional. Podem ser, e geralmente o são, sujeitos da relação jurídica substancial deduzida, mas esta circunstância não as caracteriza, porquanto nem sempre são sujeitos dessa relação. São, de um lado, as pessoas que pedem a tutela jurisdicional, isto é, formulam uma pretensão e pedem ao órgão jurisdicional a atuação da lei à espécie. Temos aí a figura do autor. É este que pede, por si ou por seu representante legal, a tutela jurisdicional. Pede-a ele próprio, se capaz para agir em juízo; (...) de outro lado, são partes as pessoas contra as quais, ou em relação às quais, se pede a tutela jurisdicional: sentença condenatória, providência executiva, ou providências cautelares (...). E então, estão gostando dessas descobertas? Que tal nos sujeitos do processo da Justiça do Trabalho? Vamos nessa! A Justiça do Trabalho possui origem histórica de órgão administrativo vinculado ao Poder Executivo, por isso não chamamos as partes (quem pede e contra quem se pede tutela jurisdicional) de autor e réu. A parte ativa chamamos de reclamante (autor) e a parte passiva de reclamado (réu). Todavia, a CLT determina que em caso de execução trabalhista, chamaremos as partes de exequente e executado. Para dissídios coletivos, utilizaremos suscitante (geralmente o sindicado) e suscitado (sindicato patronal e a empresa). Ainda na nomenclatura das partes, quando tratarmos de inquérito para apuração de falta grave, nomearemos o autor (empregador) de requerente e o réu (empregado) de requerido. A nomenclatura utilizada no Processo Trabalhista para distinguir autor de réu em recursos se assemelha bastante a nomenclatura do Processo Civil, teremos recorrente e recorrido, embargante e embargado, agravante e agravado, entre outros. Direito Processual do Trabalho 23 SAIBA MAIS: Não podemos confundir parte no processo com parte legítima no processo, tendo em vista que para ser parte legítima, dependerá de exame de condições da ação, ou seja, legitimidade ad causam. Há situações na relação processual em que as partes são consideradas singulares ou plurais no polo ativo ou polo passivo, vamos juntos aprender quando ocorre este fato? Vamos!! Litisconsórcio Quando na relação processual há apenas um reclamante ou um reclamado, dizemos que as partes são singulares, ou seja, a singularidade irá ocorrer no polo passivo ou no polo ativo da relação processual. Figura 1 – Ilustração Litisconsórcio Fonte: Freepik Entretanto, há hipóteses em que há pluralidade de pessoas no polo ativo ou passivo ou em ambos na relação processual, havendo assim a cumulação das lides ligadas no plano subjetivo, sempre que ocorrer a situação de pluralidade, teremos o litisconsórcio. Direito Processual do Trabalho 24 Para casos em que houver litisconsórcio no processo civil, aplica- se o prazo em dobro, de acordo com o artigo 229 CPC, mas no processo do trabalho não se aplicará prazo em dobro quando houver procuradores distintos, em razão de ser incompatível com a celeridade que lhes é inerente, conforme OJ n. 310 da SBDI-1 do TST, vejamos: Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM DOBRO. ART. 229, CAPUT E §§ 1º E 2º, DO CPC DE 2015. ART. 191 DO CPC DE 1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO (atualizada em decorrência do CPC de 2015). Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente. (Grifo nosso). Com a EC n. 45/2004 a competência da Justiça do Trabalho cresceu, ganhando outras ações originárias da relação de trabalho que antes eram resolvidas em foro comum. Inclusive a essas ações, que antes obedeciam ao prazo do artigo 229 CPC para litisconsortes que tiveremdiferentes procuradores, passaram a obedecer a CLT, sem prazo em dobro, afastando completamente a regra contida no CPC. Espécies de Litisconsórcio O litisconsórcio é classificado quando a posição dos litisconsortes, previsto no artigo 113, caput CPC, que nos diz que “Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:” Inicialmente podemos elencar que ocorre o litisconsórcio ativo quando duas pessoas ajuízam ação contra uma única pessoa, ou seja dois reclamantes (autores) e um reclamado (réu). Já o litisconsórcio passivo ocorre quando uma única pessoa ajuíza ação em face de duas ou mais Direito Processual do Trabalho 25 pessoas, ou seja, um reclamante e dois ou mais reclamados. E se duas ou mais pessoas ajuízam ação em face de duas ou mais pessoas, teremos o litisconsórcio misto, ou seja, dois ou mais reclamantes em face de dois ou mais reclamados. Figura 2 – Ilustração reunião Fonte: Freepik Não podemos esquecer que no processo do trabalho, em caso de reclamação trabalhista, o autor é chamado de reclamante e o réu é chamado de reclamado. Podemos classificar o litisconsórcio em relação a que momento é formado. Podendo ser o litisconsórcio inicial, quando iniciado na petição inicial ou quando ocorre no decorrer da ação sendo chamado de litisconsórcio ulterior. Há ainda a classificação do litisconsórcio conforme sua obrigatoriedade ou não. Dessa forma, teremos o litisconsórcio facultativo e o necessário. O litisconsórcio facultativo poderá ser unitário ou simples. Para ser unitário, depender é da natureza jurídica da relação, por exemplo quando ocorrer ação reivindicatória, apenas um condômino poderá ajuizar, mas a decisão irá atingir todos os condôminos. Em caso de litisconsórcio Direito Processual do Trabalho 26 facultativo simples, que é o mais comum, não vincula a decisão para todos os litisconsortes. Podemos observar, Marinoni e Mitidiero (2008, p. 132) retrata sobre os litisconsórcios necessários que: Litisconsórcio necessário pode advir de expressa disposição de lei ou da natureza incindível da relação jurídica de direito material afirmada em juízo (a relação tem de ser una e incindível: a existência de um feixe de relações jurídicas, ainda que entrelaçadas, não dá lugar à formação de litisconsórcio necessário unitário). No primeiro caso, o litisconsórcio será necessário simples (o órgão jurisdicional pode decidir de maneira não uniforme para as partes consorciadas); no segundo, necessário unitário (há dever de o juiz outorgar tutela jurisdicional de maneira uniforme para todos os litisconsortes. VOCÊ SABIA? O artigo 611-A, § 5º CLT determina que “Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos”. (Grifo nosso). O litisconsórcio também é classificado quanto obrigatoriedade da uniformidade ou não da decisão a ser proferida. Nos casos em que a sentença obrigatoriamente for uniforme, chamamos de litisconsórcio unitário e para quando não houver esta uniformidade, chamamos de litisconsórcio simples. Diante destes aprendizados, você tem alguma dúvida? Estão compreendendo bem? Vamos juntos nos aprofundar mais nos tipos de litisconsórcio? Direito Processual do Trabalho 27 Litisconsórcio ativo Como já vimos, ocorre o litisconsórcio ativo quando duas pessoas ajuízam ação contra uma única pessoa, ou seja, dois reclamantes (autores) e um reclamado (réu). O processo do trabalho em seu artigo 842 CLT, determina que “Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, poderão ser acumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma empresa ou estabelecimento”. Dessa forma, teremos cumulação subjetiva e objetiva das ações. Devemos lembrar que no processo do trabalho podem os funcionários de uma mesma empresa formar litisconsórcio ativo facultativo, sendo obrigatório igualdade de matéria. É comum observarmos no processo do trabalho o litisconsórcio ativo facultativo em dissídio individual plúrimo ou reclamatória plúrima. Devemos mencionar alguns contras existentes na aplicação do litisconsórcio no processo do trabalho. O número de testemunhas é limitado a três para cada polo da relação processual, não por autor ou por fatos distintos. Ademais, para ajuizar reclamatória trabalhista plúrima as partes do polo ativo só poderão ajuizar ação juntas quando houver identidade de matérias, ou seja, causa de pedir e pedido e que a ação seja ajuizada contra o mesmo empregador ou mesmo grupo econômico. • Litisconsórcio ativo facultativo multitudinário: Ocorre limitação do litisconsórcio facultativo em casos que o quantitativo de coligados dificultar rápida defesa ou agilidade na solução do processo. O juiz é quem pode efetuar essa limitação, de ofício ou quando a parte requerer. Vejamos o que está previsto no artigo 113 CPC, em seus §§ 1º ....e 2º: §1° O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. Direito Processual do Trabalho 28 §2° O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. Nos casos de litisconsórcio necessário ou unitário em hipótese alguma poderá o juiz determinar o número de consortes. Litisconsórcio Passivo Antes da reforma trabalhista, que promulgou a nova CPT com a lei n. 13467/2017, não havia na legislação trabalhista dispositivo acerca da formação do litisconsórcio passivo, sendo assim, os operadores do direito aplicavam subsidiariamente as regras do Código de Processo Civil ao processo do trabalho. Entretanto, a referida lei acrescentou dispositivo a CLT que aborda essa espécie de litisconsórcio, passando os aplicadores do direito a utilizar a própria CLT. Não podemos deixar de mencionar que cada litisconsorte poderá promover o andamento do processo devendo ser intimados para os respectivos atos. Aprendemos que o litisconsórcio passivo ocorre quando uma única pessoa ajuíza ação em face de duas ou mais pessoas, ou seja, um reclamante e dois ou mais reclamados. Os litisconsortes são considerados litigantes distintos em suas relações a parte adversa, o que não se aplica ao litisconsórcio unitário, tendo em vista que seus atos e omissões não prejudicaram o outro, podendo apenas beneficiá-los. Vejamos o artigo 117 CPC: Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar. Ainda nessa linha de raciocínio, quando estivermos face um litisconsorte passado e forem condenadas as empresas litisconsortes, o recurso de uma delas poderá ser aproveitado pela outra quando houver litisconsórcio unitário em relação aos interesses defendidos na demanda, em caso contrário serão considerados litigantes distintos. Direito Processual do Trabalho 29 Vejamos o artigo 1.005 CPC: O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Súmula 128, item III do TST: Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. RESUMINDO: Finalizamos mais uma unidade, você compreendeu tudo? Ficou alguma dúvida? Aprendemos nessacompetência os sujeitos da relação processual do trabalho sua importância e de que forma geram o litisconsórcio na relação trabalhista. Verificamos que os sujeitos do processo são todos que participam do processo, que são partes (autor e réu); juiz; os auxiliares da Justiça; distribuidores; secretários de audiência; oficiais de justiça; peritos; tradutores; intérpretes; testemunhas; licitantes; os advogados; o Ministério Público do Trabalho; dentre outros. Aprendemos ainda que há situações na relação processual em que as partes são consideradas singulares ou plurais no polo ativo ou polo passivo, ou seja, quando na relação processual há apenas um reclamante ou um reclamado, dizemos que as partes são singulares, ou seja, a singularidade irá ocorrer no polo passivo ou no polo ativo da relação processual e há hipóteses em que há pluralidade de pessoas no polo ativo ou passivo ou em ambos na relação processual, havendo assim a cumulação das lides ligadas no plano subjetivo, sempre que ocorrer a situação de pluralidade, teremos o litisconsórcio. O litisconsórcio poderá ser inicial ou ulterior; facultativo ou necessário; litisconsórcio unitário ou litisconsórcio simples. Direito Processual do Trabalho 30 Nulidade processual trabalhista OBJETIVO: Neste capítulo estudaremos a nulidade processual trabalhista. Iremos entender o que torna os atos processuais nulos, anuláveis ou inexistentes. Espero que você se surpreenda e não fique com nenhuma dúvida ao final. Preparados?? Vamos lá!! O ato processual precisa ser praticado com perfeição, quando isto não ocorre, teremos um ato com defeito ou vício, e nem sempre será imprestável, tendo em vista que pode ser defeituoso, porém válido, pois dele podemos extrair os efeitos esperados. Estaremos diante de um defeito no ato processual quando este não for praticado obedecendo as definições legais que lhe forem previstas, já a nulidade ocorre nos casos em que o defeito é tão grave que determine efeito processual relevante. Desta forma, a irregularidade será qualquer situação em que persista o descumprimento de preceito legal que define a forma que deve ser praticado determinado ato, e a nulidade ocorre quando há vício resultando em consequência processual relevante. Precisamos deixar claro que a nulidade existente no direito processual diverge da nulidade no direito material. Para o direito civil, atos processuais podem ser nulos ou anuláveis, já no direito do trabalho são nulos os atos praticados com intenção de impedir, fraudar, ou desvirtuar preceitos e normas da natureza trabalhista. E no direito processual civil e trabalhista serão nulos, anuláveis ou inexistentes os atos processuais que possuam falha. Assim como em atos jurídicos no geral, os atos processuais podem possuir determinadas irregularidades, vícios ou defeitos que o tornem nulos ou anuláveis. Interessante, não é? Estão gostando? Ficaram curiosos? Vamos estudar juntos quais são essas irregularidades que podem anular ou tornar nulos ou ainda inexistentes os atos processuais? Vamos!! Direito Processual do Trabalho 31 A princípio, devemos saber que as irregularidades ou vícios processuais dos atos classificam-se em grau de gravidade representada ao processo, ou seja, classificam-se de acordo com as consequências que lançam no processo. Dessa forma, são quatro grupos de vícios processuais: • Meras irregularidades sem consequências processuais: Existem atos processuais que não são realizados com todas as formalidades legais que deveriam, porém não carregam consequência para a validade do processo. Podemos exemplificar com o artigo 770 da CLT, in verbis: “Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas”. Nesse raciocínio, havendo audiência ou sessão do tribunal que finalize após as 20horas, haverá irregularidade no ato processual, mas que não trará nenhuma consequência para a validade processual. • Irregularidades com sanções extraprocessuais: Quando alguns atos são praticados sem a observância de algum requisito legal, irá gerar sanções fora do processo. Podemos exemplificar com o artigo 143, II do CPC, in verbis: “O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: ... II- recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte”. Desta forma, caso o juiz retarde injustificadamente algum ato processual ocorrerá irregularidade com sanção extraprocessual. • Irregularidades que acarretam nulidades processuais: Nesse ponto, teremos consequências no processo que irão depender da gravidade da nulidade, que poderá ser relativa ou absoluta e nos aprofundaremos mais à frente. • Irregularidades que acarretam a inexistência do ato processual: Ocorre quando um ato processual não é considerado existente para o processo. Podemos mencionar sentença que não é assinada pelo juiz ou sentença assinada por juiz já aposentado. Direito Processual do Trabalho 32 Figura 3 – Contrato Fonte: Freepik Lembre-se que a maioria dos processos são online e o magistrado necessita assinar digitalmente, mas que ainda existe muitos processos físicos o que torna importante a observação da assinatura do juiz para que o ato processual seja considerado. Vocês conseguiram compreender bem até aqui tudo que estudamos? Espero que sim! Vamos adiante para estudar melhor para diferenciar a nulidade relativa da nulidade absoluta do ato processual? Vamos! Nulidade absoluta e nulidade relativa do ato processual Estaremos diante de nulidade absoluta quando ferir norma de ordem pública, que é indisponível pelas partes. Em caso de nulidade absoluta, o processo poderá ser comprometido total ou parcialmente. A princípio o processo que tenha validade comprometida total ou parcial não se sujeita à preclusão. Direito Processual do Trabalho 33 Teremos como exemplo para a incompetência absoluta, a sentença proferida por juiz incompetente, que acarretará nulidade da sentença por ausência de pressuposto processual de validade. Quanto a nulidade relativa, sabemos que se trata de um vício sanável e é decorrente de ato praticado no interesse de uma das partes. Dessa forma, o vício existente no ato praticado poderá ser convalidado por ação ou omissão da parte. A nulidade relativa obrigatoriamente dependerá de provocação da parte interessada. A nulidade relativa jamais poderá ser pronunciada ex officio. Não podemos deixar de mencionar que a incompetência relativa produz vício sanável e pode ser prorrogada nos casos em que o réu não oferecer exceção de incompetência nos termos do artigo 800 CLT, ou seja, o réu não oferecendo exceção de incompetência territorial no momento oportuno, será o vício da incompatibilidade relativa sanado automaticamente por omissão do réu e o processo seguirá seu curso normalmente. Vejamos o que determina o referido artigo. Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir- se-á o procedimento estabelecido neste artigo. § 1o Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção. § 2o Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco dias. § 3o Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente. Direito Processual do Trabalho 34 § 4o Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a designação de audiência,a apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente. Estão gostando dos ensinamentos desta unidade? Fiquem atentos para o fato de que a invalidade processual condiz com julgamento do grau de relevância para infração quanto à forma de um ato processual específico. Toda nulidade processual deverá ser decretada pelo magistrado. Desta forma, o ato pode estar desconforme com o seu modelo legal, mas por si só não se dirá nulo. Todos os atos processuais são considerados válidos até que o magistrado o decreto inválido. VOCÊ SABIA? Caso um ato não seja decretado inválido, poderá acontecer o trânsito em julgado, inclusive de sentença inválida. Está gostando dessas descobertas? Conseguiu compreender tudo? Vamos avançar juntos para compreender o ato processual inexistente? Vamos!! Ato processual inexistente A respeito dos atos processuais juridicamente inexistentes, sabemos que não é necessária existência de ação rescisória, tendo em vista que a parte poderá fazer valer de ação declaratória de inexistência do ato processual. A sentença será inexistente, ou seja, suscetível de invalidação sempre que não for notado algum pressuposto processual de existência no processo em que ela houver sido declarada, temos como exemplo os processos em que a situação seja considerada inexistente, vejamos: Direito Processual do Trabalho 35 AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE SENTENÇA POR INEXISTÊNCIA DE CITAÇÃO. A ação declaratória de nulidade ou querela nullitatis é o remédio processual eficaz para invalidar sentença após o trânsito em julgado em processo em que o réu não foi citado. (TRT 17ª R., 010750019.2011.5.17.0010, REL. DES. CLÁUDIO ARMANDO COUCE DE MENEZES, DEJT 15-8-2012) Desta forma podemos reafirmar que na ausência de pronunciamento judicial, os atos processuais inexistentes produzirão seus efeitos e se sujeitarão a preclusão sempre que não forem submetidos à apreciação jurisdicional, ou seja, só poderemos dizer que um ato processual é inexistente após uma decisão judicial. Conseguiu entender tudo até aqui? Está gostando? Vamos avançar juntos nessa competência! Princípios das nulidades processuais Inicialmente devemos destacar que os princípios aplicáveis ao processo trabalhista foram estudados em outra competência e que aqui estudaremos os princípios que se aplica as nulidades processuais. Espero que gostem e se animem a cada nova descoberta! Vamos! As nulidades do sistema processual trabalhista são regidas por normas, ou seja, pelos princípios e regras e consideram as especificidades e institutos peculiares desse ramo. O sistema processual brasileiro foi pensado e projetado para que não ocorressem nulidades, sendo assim, de fato não poderá decretar nulidade quando se conseguir os fins de justiça desejados no processo, quando for realizada finalidade do ato processual, quando as partes não forem prejudicadas, ou seja, na ausência de manifesto prejuízo as partes. A normas relacionadas a nulidades do CPC são aplicadas subsidiariamente a CLT, por possuir um capítulo específico dedicado as nulidades processuais, do artigo 794 a 798 CLT. Devemos observar que a aplicação subsidiária do CPC só será possível quando não contrariar as normas da CLT. Direito Processual do Trabalho 36 Seguindo este raciocínio, vamos conhecer quais são os princípios das nulidades processuais? • Princípio da instrumentalidade das formas: Este princípio também pode ser chamado de princípio da finalidade que determina que o juiz considerará válido o ato mesmo quando realizado de forma diversa a prevista em lei, desde que alcance sua finalidade. O princípio da instrumentalidade está pautado nos artigos 188 e 277 do CPC, vejamos: Art. 188 Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. Art. 277 Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. (Grifo nosso). Além do Código de Processo Civil, o princípio da finalidade também é previsto na legislação trabalhista, conforme os artigos: Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos. § 1º - Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios. § 2º - O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade competente, fundamentando sua decisão. Art. 796 - A nulidade não será pronunciada: a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato; (...) Direito Processual do Trabalho 37 Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam consequência. (Grifo nosso). • Princípio do prejuízo: Este princípio também pode ser chamado de princípio da transcendência e conecta-se ao princípio da instrumentalidade das formas. De acordo com este princípio, não será decretada a nulidade do ato processual sem prejuízo manifesto às partes interessadas. O princípio da instrumentalidade está pautado no artigo 794 CLT, in verbis: “Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes”. Destacamos que o prejuízo a que se refere este princípio será unicamente de natureza processual, jamais podendo refletir prejuízo material, financeiro, econômico ou moral que resulte do conflito de direito material. O artigo 282, § 1º CPC nos ensina que quando o ato for nulo, não será repetido ou terá falta suprida caso não prejudique a parte. Já com o artigo 283, parágrafo único CPC, aprendemos que serão aproveitados os atos praticados quando não gerarem prejuízo à defesa das partes. Podemos mencionar a exemplo, quando a parte for notificada dilatoriamente por edital e comparecer livremente na audiência, apresentar sua defesa e não alegar qualquer vício de citação, a posteriori não poderá alegar nulidade por não ter sido citada regularmente, tendo em vista que notoriamente não ficou prejudicada em seu direito de defesa. • Princípio da preclusão: Este princípio também pode ser chamado de princípio da convalidação, que determina que as nulidades somente poderão ser declaradas mediante provocação das partes, que deverão solicitar na primeira vez em que forem falar em audiência ou nos autos. Há entendimento que a última oportunidade de a parte suscitar nulidade em audiência será com a apresentação das razões finais, tendo em vista que a audiência trabalhista sempre é una. Direito Processual do Trabalho 38 Importante ressaltar que o princípio da convalidação só poderá ser aplicado às nulidades relativas, que são as que necessitam de provocação, ou seja, este princípio não se aplica a nulidades absolutas ou para os casos que a parte provar legitimo impedimento para prática de determinado ato. • Princípio da economia e celeridade processuais: O princípio da economia e celeridade processuais está implícito no artigo 796, alínea “a” da CLT, que determina que não haverá nulidade para o ato processual quando houver possibilidade de suprir sua falta ou repeti-lo. O princípio da economia e celeridade processuais está conectado ao princípio da celeridade processual, tendo em vista a busca pela rapidez processual. • Princípio do interesse: Este princípio também pode ser chamado de princípio da proibição. Esse princípio está implícito no artigo 796, alínea “b” da CLT, que determina que a parte só poderá manifestar- se acerca de prejuízo advindo de nulidade no ato processual quando não fez parte direta ou indiretamenteda irregularidade. Art. 796 - A nulidade não será pronunciada: (...) b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa. E aí? Conseguiu compreender todo o assunto? Vamos fazer uma breve revisão? Direito Processual do Trabalho 39 RESUMINDO: Gostou de conhecer a nulidade dos atos processuais? Extensa e cheia de detalhes, não é? Possui classificação própria e princípios específicos para assegurar o devido processo legal. Aprendemos que o ato processual precisa ser praticado com perfeição quando isto não ocorre, teremos um ato com defeito ou vício e que as vezes mesmo com vício o ato ainda será válido. Vimos ainda que as irregularidades são classificadas em grau de gravidade representada ao processo, podendo ser meras irregularidades sem consequências processuais; irregularidades com sanções extraprocessuais; irregularidades que acarretam nulidades processuais; irregularidades que acarretam a inexistência do ato processual. Existe ainda a nulidade absoluta, relativa e o ato processual inexistente dentro da nulidade no processo do trabalho. E, por fim, aprendemos os princípios aplicáveis a nulidade no processo trabalhista, que são: princípio da instrumentalidade das formas; princípio do prejuízo; princípio da preclusão; princípio da economia e celeridade processuais e princípio do interesse. Direito Processual do Trabalho 40 Prescrição e decadência no direito processual do trabalho OBJETIVO: Estamos chegando ao final de uma unidade! Espero que tenham gostado e feito muitas descobertas, aprendendo e desenvolvendo cada uma das competências!! Neste capítulo poderemos debater sobre a prescrição e decadência no direito processual do trabalho. Vamos juntos para a última competência desta unidade? Vamos juntos!! Prescrição e decadência A decadência e a prescrição são institutos que produzem efeitos nas relações jurídicas com o decurso do tempo, sendo imprescindível para estabilizar e consolidar todos os direitos. Ocorre decadência quando há perda do direito por ter sido seu titular inerte dentro de um prazo prefixado, e que sua eficácia depende de seu exercício, que se esgotou sem que o titular o exercesse. A prescrição, por sua vez, ocorre quando se extingue uma ação ajuizável por ter sido seu titular inerte em um lapso temporal, ou seja, um titular de direito possui determinado tempo para reclamar sobre algo e não o faz dentro desse período. Como podemos acompanhar em Neto e Cavalcante (2019, p. 336): O fundamento da prescrição repousa no anseio da sociedade em não permitir que demandas fiquem indefinidamente em aberto; no interesse social em estabelecer um clima de segurança e harmonia, pondo termo a situações litigiosas e evitando que, passados anos e anos, venham a ser propostas ações, reclamando direitos cuja prova de constituição se perdeu no tempo. Em outras palavras podemos dizer que a prescrição existe para dar prazo a possibilidade de existência de demandas e estabelecer clima de Direito Processual do Trabalho 41 paz com o passar do tempo, evitando que ações possam ser ajuizadas em qualquer período de tempo. Imagine que não existisse a prescrição e em qualquer período um detentor de direito pudesse exigir algo, o mundo andaria apreensivo sobre a constante iminente possibilidade de ser surpreendido com uma ação, para assegurar que isto não ocorra, existe a prescrição. Podemos justificar a existência da prescrição como um castigo à negligência do detentor do direito; presunção de pagamento ou perdão da dívida e ainda como uma regra de segurança e paz social. A prescrição poderá ser aquisitiva ou extintiva, já a decadência poderá ser unicamente em uma modalidade, vamos estudá-las juntos? Vamos! A prescrição na modalidade aquisitiva corresponde a uma forma proveniente de adquirir do direito de propriedade pelo decurso do prazo àquele que for detentor de algo como dono. Seus componentes são: posse e tempo. IMPORTANTE: Para o Direito Civil é fácil compreender o que é a posse de algo para possuir direito, no Direito do Trabalho a posse corresponde a propriedade do emprego. A prescrição extintiva corresponde a perda de um direito por inércia de seu titular no decurso do tempo, ao não exercer a tutela defensiva exigindo o referido direito. Dessa forma ocorre o fim do direito de ação, meio pelo qual exigimos algum direito que foi violado. Há requisitos que devem ser cumpridos para a prescrição extintiva, que são: existência de uma ação exercitável; inércia do titular da ação pelo seu não exercício; continuidade dessa inércia durante certo lapso de tempo; ausência de algum fato ou ato a que a lei confere eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva do prazo prescricional. Prescrição e decadência são institutos similares, suas origens são o decurso de prazo, mas se diferenciam quanto aos efeitos produzidos. Direito Processual do Trabalho 42 Com a prescrição haverá a extinção de direitos e não podemos confundi- la com a decadência, vejamos o que disse Mello (1979, p.456-457): Enquanto na prescrição o que determina a extinção do direito é o seu não uso durante um lapso de tempo, na decadência é simples circunstância de se verificar o término do tempo fixado da sua duração, quer ele tenha sido exercido ou não, pois foi conferido por prazo certo. A decadência depende de fato originário, que nasce com o direito. Este deve ser exercido dentro de prazo breve, fixado para ele, isto é, dentro do limite conatural para o seu exercício, utilizando-se das medidas adequadas, sob pena de não poder mais valer-se dele contra quem fora de início estabelecido. É a perda que a pessoa sofre de um direito, pela expiração do prazo extintivo, determinado na lei, para o seu exercício. O direito se tem para ser exercido no prazo marcado; não sendo exercido, não pode mais ser. Na verdade, a decadência diz respeito à caducidade de prazo pelo seu decurso, para exigir determinado ato, relativo ao asseguramento de direito. (...) Assim, tanto a decadência como a prescrição consistem em perda de um direito. Mas, àquela depende de fato originário com o qual nasce o direito, enquanto esta não tem relação com o fato que faz nascer o direito, e lhe é posterior. (Grifo nosso). Dessa forma, podemos dizer que a prescrição atinge a ação, extinguindo o direito por ela tutelado e a decadência atinge o direito, extinguindo a ação. Devemos destacar alguns pontos em que prescrição e decadência possuem distinção. 1. A prescrição pode ser suspensa ou interrompida, a decadência não. 2. A prescrição só considera-se para algumas pessoas, a decadência será considerada para todas. 3. A prescrição poderá ser renunciada, a decadência não. Direito Processual do Trabalho 43 4. A prescrição possui prazo prescricional que é fixado por lei, já o prazo decadencial fixa-se por lei ou vontade das partes. O juiz poderá julgar liminarmente improcedente o pedido ao verificar que existe decadência ou prescrição, independentemente da citação do réu. Direitos imprescritíveis no Direito Brasileiro Reivindicações que envolvam os direitos da personalidade; estado da pessoa; bens públicos; direito de família no que concerne à questão inerente ao direito à pensão alimentícia, à vida conjugal, ao regime de bens; pretensão do condomínio de a qualquer tempo exigir a divisão da coisa comum ou a meação de muro divisório; exceção de nulidade; ação, para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato são imprescritíveis no direito brasileiro. Normas gerais sobre a prescrição Da violação do direito nasce a pretensão do titular do direito e se extingue com a prescrição. Ao prescrever o direito principal, estarão prescritos também os direitos acessórios. A renúncia a prescrição só poderá ocorrer após passado o prazo prescricional, desde que não alcance terceiros, tendo em vista que caso fosse possível, os credores poderiam impô-laaos devedores. A renúncia pode ser expressa ou tácita. Na renúncia explícita deverá o interessado declara taxativamente que não pretende utilizar a prescrição. Enquanto na renúncia tácita o presciente produz atos incompatíveis com a prescrição, como por exemplo pagar dívida prescrita. Os prazos prescricionais não podem ser alterados pela vontade das partes. A prescrição poderá ser alegada em qualquer grau de jurisdição, exceto os tribunais superiores, em que há o prequestionamento da Direito Processual do Trabalho 44 matéria, na execução em relação ao direito material debatido no processo de conhecimento e na ação rescisória. IMPORTANTE: A alegação da prescrição a qualquer tempo como prevista na lei só é possível desde que a parte a quem aproveite não tenha ainda falado nos autos. É importante mencionar que as pessoas jurídicas também encontram-se subordinadas aos efeitos da prescrição. Importante também que a prescrição iniciada contra uma pessoa também continua contra seus herdeiros. Prescrição e Preclusão A preclusão faz parte do direito processual, repercute exclusivamente no processo. Preclusão representa perda de um direito processual que não foi exercido no tempo correto. Seu objetivo é impedir que o processo vire eterno. A preclusão encontra-se positivada no artigo 507 CPC, in verbis: “É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão”. No direito existem três formas de preclusão: temporal, consumativa e lógica. Vamos conhecer cada uma delas? • Preclusão temporal: Decorre da perda de prazo para a realização do ato processual. • Preclusão consumativa: Ocorre quando se pratica o ato no prazo legal, não podendo ser, portanto, repetido, ainda que não esgotado o prazo judicial. • Preclusão lógica: Resulta da prática de um ato incompatível com aquele que deveria ter sido realizado no processual oportuno. Para que não sejam confundidas prescrição e preclusão, vamos elencar algumas distinções entre esses dispositivos? Direito Processual do Trabalho 45 1. A preclusão implica a perda de uma faculdade processual e a prescrição denota o fenecimento do direito de ação; 2. A prescrição ocorre em função do decurso do tempo, ao contrário da preclusão, que pode ser temporal, lógica, consumativa e pro iudicato; 3. A preclusão é instituto de direito processual, ao passo que a prescrição concerne ao direito material; 4. O acolhimento da prescrição leva à resolução de mérito do processo, o que já não ocorre com a preclusão, a qual não produz efeitos diretos no mérito da causa. Prescrição e Perempção A perempção é uma sanção para o autor que der causa por três vezes a extinção do processo ao não realizar os atos e diligências que lhe competir, abandonando a causa por mais de 30 dias e corresponde a perda do de ajuizar ação. O direito processual civil e o direito processual trabalhista divergem quando a perempção. A CLT prevê a suspensão do direito de ação por um período de 6 meses ao reclamante que, por duas vezes seguidas, der causa ao arquivamento da ação pelo não comparecimento na audiência inaugural, vejamos o artigo 844 CLT: O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. IMPORTANTE: O prazo de seis meses inicia-se da data do trânsito em julgado da decisão que determinou o arquivamento da segunda reclamação trabalhista. Direito Processual do Trabalho 46 Ocorrerá também perda do direito de ação por seis meses o trabalhador que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não comparecer para a tomar a termo no prazo de cinco dias. Início da contagem do novo prazo decadencial e prescricional Como regra, o início do prazo prescricional é a partir da lesão do direito e para a contagem do prazo desconsidera-se o dia de início e computando o dia de vencimento. Decadência no Direito do Trabalho A decadência não é comum no direito do trabalho, as mais conhecidas são os relativos ao inquérito para apuração de falta grave e da ação rescisória ou o prazo decadencial de 120 dias para interposição de mandado de segurança e os prazos fixados em instrumentos normativos para que empregada comprove a condição de grávida para o empregador. Atualmente é comum prazos decadenciais em regulamentos empresariais, especialmente em planos de aposentadoria voluntária, que possuem datas fixas para a opção dos trabalhadores. • Inquérito para apuração de falta grave: O prazo de ajuizar inquérito para apurar falta grave é de 30 dias, que serão contados a partir do momento em que houve a suspensão do empregado estável Art. 494 - O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito e que se verifique a procedência da acusação. Art. 853 - Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30 (trinta) dias, contados da data da suspensão do empregado. (Grifo nosso). Direito Processual do Trabalho 47 Caso o empregador não suspenda o empregado, não se cogita da decadência para a propositura do inquérito judicial. • Ação rescisória: O prazo decadencial para propositura de ação rescisória é de dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão. O prazo decadencial na ação rescisória será contado do dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não, conforme Súmula 100, I, TST. • Mandado de segurança: O mandado de segurança é positivado pelo artigo 5º, LXIX CF, é disciplinado por legislação especial (Lei 12.016/09), ou seja, não o encontramos no CPC ou CLT. O prazo para impetrar mandado de segurança é de 120 dias, e este prazo é decadencial, não prescricional. • Comprovação de estado gravídico: Como sabemos a empregada gestante não poderá ser dispensada, salvo por justa causa, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. O empregador poderá motivar a estabilidade condicionada a comunicação da empregada da gestação dentro de um prazo fixado através de norma coletiva de trabalho. Sendo assim, trata-se de prazo decadencial. Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição Sabemos que fatores impeditivos ou suspensivos atuam de forma direta sobre a contagem do prazo prescricional. Quando falarmos de causas impeditivas, estaremos diante de causas que não ensejam o início da contagem do prazo prescricional. Já as causas suspensivas impedem que se inicie a contagem do prazo prescricional enquanto existirem a referida condição suspensiva. Habitualmente os fatores impeditivos ou suspensivos do prazo prescricional não depende de vontade da parte, sendo fatores externos que inviabilizam ou restringem a defesa de seus interesses jurídicos. Direito Processual do Trabalho 48 Poderá ocorrer também a interrupção de prazo prescricional que já tenha sido iniciado a contagem, caso ocorra, gera reinício da prescrição, voltando a fluir o prazo prescricional, como se nunca houvesse fluído. Analisado isto, vamos conhecer as Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição trabalhista?? Vamos!! Causas impeditivas da prescrição trabalhista: Existem algumas causas que impedem a prescrição, são elas: Relação matrimonial: já que inexiste qualquer restrição legal para a existência de relação de emprego entre os cônjuges; Relação de poder familiar e a relação de tutela e curatela; A incapacidade absoluta; A menoridade trabalhista, ou seja, a todos com menos de 18 anos, independente se já forem capazes civilmente; Para fatos que deva ser apurado no juízo criminal, a prescrição somente se iniciará com