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DIREITO EMPRESARIAL CONTRATOS EMPRESARIAIS TEORIA GERAL DO CONTRATO EMPRESARIAL ▪O contrato pode ser definido como um acordo de vontades entre duas ou mais pessoas e que cria, modifica ou extingue relações jurídicas de caráter patrimonial. ▪Com a unificação do direito privado pelo Código Civil de 2002, os contratos passaram a ter como fonte legislativa o Código Civil, independentemente das pessoas que o celebraram e da atividade no qual estão inseridos. ▪O Código Civil disciplina, em sua parte geral dos contratos, a formação, validade, formas, bem como os princípios gerais aplicáveis às diversas contratações. ▪A despeito de uma fonte legislativa comum, os contratos empresariais não perdem sua individualidade perante os demais contratos. A dinâmica empresarial e sua celebração no âmbito de uma atividade profissional e organizada implicam a consideração de princípios outros em sua interpretação e aplicação, que asseguram sua peculiaridade em face dos demais. ▪Caracterizam-se como contratos empresariais os contratos celebrados por empresário, no âmbito de sua atividade empresarial. ▪O caráter distintivo dessa espécie de contrato é justamente a finalidade pretendida pelos empresários por ocasião dessa contratação e que se direciona à organização dos fatores de produção para o desenvolvimento de sua atividade. ▪Nesse sentido, definição de Forgioni, que exige que, além da celebração por empresários, apenas serão empresariais os contratos em que todas as partes contratantes tenham a intenção de lucro. Para a autora, “aqueles em que ambos (ou todos) os polos da relação têm sua atividade movida pela busca do lucro. .ESPÉCIES DE CONTRATOS ▪Contrato de compra e venda mercantil ▪O contrato de compra e venda é definido no art. 481 do Código Civil. Pelo dispositivo legal, define-se o contrato como aquele em que “um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”. ▪Não basta para caracterizar o contrato como mercantil ou empresarial que tenha sido contratado por empresários. O contrato de compra e venda não será caracterizado como mercantil se a aquisição do bem for feita pelo empresário como destinatário final do referido bem. Imprescindível que a aquisição seja feita no desenvolvimento da atividade empresarial, ou seja, para inseri-lo na cadeia de fornecimento aos adquirentes. ▪Por seu turno, além da contratação por empresários, também se caracteriza como compra e venda mercantil o negócio jurídico que envolva determinados bens, como valores mobiliários, títulos de crédito, mesmo que celebrados por não empresários, pois se presume a intenção de participar do risco do empreendimento ou de obter lucro, elementos característicos das relações empresariais. ▪ A relação empresarial exigirá a consideração de diferentes elementos pelo intérprete ou aplicador, o que assegura a manutenção da distinção entre as diversas formas de contrato de compra e venda. CONTRATO DE FORNECIMENTO ▪Configura-se o fornecimento com a negociação de cunho geral sobre compras e vendas sucessivas, mantendo-se as mesmas condições para todas elas, durante determinado período de tempo. ▪Assim, temos um contrato de fornecimento quando, por exemplo, o dono de uma padaria firma um pacto com determinado atacadista para fornecimento de refrigerantes para seu comércio. Neste contrato, constará que a padaria irá celebrar “n” contratos de compra e venda com aquele atacadista, adquirindo “x” latas de refrigerante em cada uma delas, sempre com preço e forma de pagamento predeterminados. ▪A vantagem de sua celebração é o aumento no poder de barganha na negociação entre as partes, podendo o comprador exigir um preço menor para os produtos diante da garantia que regularmente os adquirirá com o seu fornecedor VENDA A CONTENTO ▪Pelo contrato de compra e venda com cláusula de venda a contento, há condição suspensiva de seus efeitos. Mesmo que a coisa objeto da compra e venda já tenha sido entregue pelo vendedor, o contrato somente produzirá efeitos a partir do momento em que o adquirente manifestar sua concordância com a coisa entregue. ▪– Mostrar que se contentou. Concordância pode ser expressa ou tácita (pagamento). ▪Pode figurar também como condição resolutiva: nessa hipótese, a compra e venda será considerada perfeita com a tradição da coisa, sendo lícito ao comprador resolver o contrato se esta não lhe agradar. VENDA MEDIANTE AMOSTRA ▪Venda mediante amostra é aquela na qual o vendedor, previamente à celebração da avença, disponibiliza ao comprador uma amostra, protótipo ou modelo da coisa objeto do contrato, garantindo que esta comportará as mesmas características apresentadas pela amostra. ▪Nesse caso, se a coisa vendida realmente corroborar aquilo que foi visto na amostra, não poderá o comprador desistir do contrato. ▪Por outro lado, e um tanto óbvio, constatada a desconformidade entre a coisa vendida e a amostra, pode o comprador exigir que aquela seja substituída por outra que confira com os caracteres do modelo previamente apresentado ou pleitear a resolução do contrato. CONTRATO DE FACTORING ▪Voltado à obtenção de capital de giro pelo empresário, o contrato de faturização pressupõe a cessão de determinado crédito obtido pelo empresário por uma venda a prazo para uma instituição faturizadora, que adianta o valor ao empresário e fica com o direito de receber o pagamento pelo devedor, inclusive acionando-o judicialmente se for o caso (vide STJ, REsp 1.439.749/RS, DJe 15/06/2015). ▪Há, portanto, duas partes no contrato de faturização: o faturizado, que é o empresário que realizou a venda a prazo, o cedente do crédito; e o faturizador, que pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, não necessariamente uma instituição financeira. ▪O faturizador será remunerado pelas comissões contratadas para a cobrança e administração dos créditos cedidos, o que é feito pelo desconto dos valores entregues ao faturizado pela transferência dos créditos. ▪Porém, assumirá o faturizador o risco de inadimplemento dos títulos, pois não poderá exigir o ressarcimento do montante devido ao faturizado. ▪Ainda que os créditos estejam materializados em títulos de crédito e a transmissão ocorra por endosso, diante da impossibilidade de cobrança do faturizado, entende-se que os endossos são realizados sem garantia. ▪Aplicam-se ao contrato de factoring as regras previstas no CC sobre cessão de crédito: o faturizado não responde pela solvência do devedor, apenas pela existência do crédito; é necessário dar ciência ao sujeito passivo da obrigação sobre a faturização, para que este possa realizar o pagamento corretamente; se o devedor pagar ao faturizado antes de receber a notificação, não poderá ser compelido a pagar novamente ao faturizador. ▪É fundamental afastar a recorrente confusão entre o factoring e o contrato de desconto bancário. Este, como o próprio nome sugere, é celebrado necessariamente perante instituição financeira, a qual não garante o pagamento do crédito, ou seja, se o devedor não honrar a obrigação, o banco pode cobrá-la do empresário que cedeu o crédito, direito de regresso inexistente no fomento mercantil. FRANQUIA (OU FRANCHISING) - LEI 13.966/2019 ▪Pelo contrato de franquia, o franqueador autoriza por meio de contrato um franqueado a usar marcas e outros objetos de propriedade intelectual, sempre associados ao direito de produção ou distribuição exclusiva ou não exclusiva de produtos ou serviços e também ao direito de uso de métodos e sistemas de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem caracterizar relação de consumo ou vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a seus empregados, ainda que durante o período de treinamento. (art. 1º da Lei 13.966/2019). ▪Trata-se de espécie de contrato de colaboração pelo qual o empresário franqueado contribui para a maior distribuição dos produtos ou serviços do franqueador. ▪A franquia podeser adotada por empresa privada, empresa estatal ou entidade sem fins lucrativos, independentemente do segmento em que desenvolva as atividades. ▪Contrato complexo, o contrato de franquia pode envolver diversos negócios jurídicos, como o de licença de marca ou patente, transferência de tecnologia, distribuição de produtos ou serviços, locação de equipamentos. ▪A franquia, em resumo, permite que um empresário comercialize produtos ou serviços criados por outro, mediante remuneração. Esta, usualmente, se dá pelo pagamento de uma taxa fixa no momento da concretização da avença e pelo repasse periódico de determinado percentual do faturamento do franqueado. ▪A principal característica da franquia é a autonomia do franqueado. Deveras, o vínculo existente entre as partes resume-se à autorização de uso da marca ou da patente e a remuneração devida por este uso (denominada royalties). Não há qualquer outra hierarquia entre eles, nem mesmo trabalhista. ▪Mesmo que seja obrigado a seguir as instruções do franqueador para a manutenção da qualidade dos produtos produzidos e não prejudicar a marca ou a patente desenvolvidas pelo franqueador, a exploração dos produtos pelo franqueado é feita com independência econômica e jurídica. ▪Por expressa disposição legal, entre franqueador e franqueado ou entre franqueador e empregados do franqueado, ainda que durante o período de treinamento, a independência necessária entre ambos impede a caracterização do vínculo ou relação de consumo. ▪Documento imprescindível para a validade do contrato é a circular de oferta de franquia, na qual o franqueador expõe ao interessado em adquirir a franquia as principais características do negócio, que deve ser apresentada com, no mínimo, 10 dias de antecedência da assinatura de qualquer contrato, pré-contrato ou pagamento de qualquer taxa, sob pena de anulabilidade do contrato de franquia assinado sem o respeito a essa regra. ▪ 1 Q3465983. Direito Empresarial (Comercial) Franquia. Ano: 2024. Banca: Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista - VUNESP. rova: VUNESP - TJ SP - Juiz Substituto - 2024. ▪ Quanto ao Contrato de Franquia, assinale a alternativa correta. A - Terminado o prazo determinado previsto no contrato, o franqueador pode dar por extinto o contrato, independentemente de prévia notificação, salvo se a ele der continuidade, caso em que se renovará por igual período. B - É um contrato empresarial de colaboração, sem caracterizar relação de consumo, no qual o franqueado tem o direito de distribuição exclusiva ou não exclusiva de produtos ou serviços, dentre outras cláusulas. C - A prévia entrega da Circular de Oferta de Franquia – COF pelo franqueador, ao franqueado, é facultativa. D - O franqueador deverá ser sociedade empresária ou empresário individual, vedada sua adoção por empresa estatal ou por entidade sem fins lucrativos. https://questoes.grancursosonline.com.br/questoes-de-concursos/direito-empresarial-comercial-406934/3465983 https://questoes.grancursosonline.com.br/direito-empresarial-comercial-406934 https://questoes.grancursosonline.com.br/direito-empresarial-comercial-franquia-406976 https://questoes.grancursosonline.com.br/concursos/2024 https://questoes.grancursosonline.com.br/concursos/vunesp https://questoes.grancursosonline.com.br/concursos/vunesp https://questoes.grancursosonline.com.br/prova/tj-sp-sp-2024-vunesp-juiz-federal-substituto-3 ARRENDAMENTO MERCANTIL (OU LEASING) - LEI Nº 6.099/1974 ▪O leasing está previsto na Lei 6.099/1974 e pode ser definido, grosso modo, como um contrato de aluguel no qual o locatário tem, ao final do prazo estipulado, a opção de devolver o bem, renovar a locação ou comprar a coisa, deduzido do preço o valor já pago a título de aluguel. ▪Explicando melhor, no leasing uma pessoa física ou jurídica (o arrendatário), diante da necessidade de uso de determinado bem, entra na posse direta da coisa que pertence e continua pertencendo ao arrendador (obrigatoriamente pessoa jurídica), mediante uma contribuição mensal. Possibilita-se, assim, ao empresário valer-se do bem que precisa sem ter de dispor do valor para uma compra e venda. ▪A empresa arrendadora, segundo parâmetros estabelecidos pelo Banco Central, deve ser sociedade anônima ou instituição financeira previamente autorizada pela autarquia em ambos os casos. Ademais, deve constar na denominação utilizada pela empresa a expressão “arrendamento mercantil”. ▪A constituição e o funcionamento das pessoas jurídicas que tenham como objeto principal de sua atividade a prática de operações de arrendamento mercantil, denominadas sociedades de arrendamento mercantil, dependem de autorização do Banco Central do Brasil. ▪O objeto a ser arrendado, por seu turno, poderá ser qualquer bem, tanto móvel quanto imóvel. ▪Elementos do contrato ▪Estão previstos no art. 5º da Lei nº 6.099/1974: ▪a) Prazo do contrato: o leasing deve ser celebrado, necessariamente, por prazo determinado; ▪b) Valor da contraprestação e a periodicidade do pagamento: a remuneração devida à arrendadora não precisa ser mensal, porém o intervalo de pagamento também não poderá exceder um semestre, como regra geral, ou um ano em caso de atividades rurais; ▪c) Opção de compra ou renovação do contrato: para a validade da cláusula, a faculdade deve ser atribuída ao arrendatário; ▪d) Preço para opção de compra ou critério para sua fixação. Além desses itens, a Resolução nº 2.309/1996 do BACEN ainda exige: ▪e) A completa descrição do bem arrendado, que pode ser móvel ou imóvel; ▪ f) As despesas e encargos adicionais; ▪g) Condições para eventual substituição dos bens arrendados; ▪h) Demais responsabilidades que vierem a ser convencionadas, entre elas as decorrentes de uso indevido do bem, contratação de seguro, danos causados a terceiros e ônus por vícios dos bens arrendados; ▪ i) Atribuição de poder de fiscalização da arrendadora em relação à conservação dos bens arrendados, podendo exigir a adoção de providências indispensáveis à sua preservação; ▪ j) Responsabilidade do arrendatário em caso de inadimplemento (cuja multa não poderá ultrapassar 2% do valor em atraso), destruição, perecimento ou desaparecimento dos bens arrendados; ▪k) A possibilidade do arrendatário transferir os direitos e obrigações do contrato a terceiro, desde que com anuência expressa da entidade arrendadora. ESPÉCIES DE CONTRATO DE LEASING ▪Leasing financeiro ▪É aquele em que as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual de operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investidos; as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da arrendatária; e o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado. (Art. 5º da Resolução nº 2.309/1996 do BACEN) ▪Isso significa que é a própria arrendadora que adquire o bem e transfere sua posse direta ao arrendatário e o valor cobrado deverá gerar lucro para a arrendadora. Em outras palavras, o que mais interessa aqui é o ganho econômico com o contrato, por isso é chamado de leasing financeiro. Normalmente, é celebrado por instituições que se destinam exclusivamente a celebrar contratos de arrendamento mercantil. ▪O leasing financeiro deve ser celebrado com prazo mínimo de 2 anos, caso a vida útil do bem seja igual ou inferior a 5 anos, e prazo mínimo de 3 anos para os demais bens. Exercida a opção de compra antes desse interregno, o contrato de leasing se desnatura e passará a ser tratado como uma compra e venda mercantil com pagamento a prazo. LEASING OPERACIONAL ▪A segunda modalidade é o leasing operacional. Nessa espécie, o contrato é celebrado por aquele que fabrica o próprio bem que se destina ao arrendamento, por meio de sociedades de arrendamento mercantildo próprio grupo econômico ou bancos múltiplos. Por seu turno, como a arrendadora é a própria fabricante do bem, os serviços de manutenção ou de assistência técnica podem ser de responsabilidade da arrendadora ou da arrendatária. ▪No leasing operacional, conforme art. 6º do Anexo da Resolução Bacen n. 2.309/96, o valor de arrendamento não poderá custar mais do que 90% do “custo do bem”; e o preço para o exercício da opção de compra deverá ser o valor de mercado do bem arrendado. ▪É aquele no qual as contraprestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes a sua colocação à disposição da arrendatária, não podendo o valor presente dos pagamentos ultrapassar 90% do custo do bem; o prazo contratual seja inferior a 75% do prazo de vida útil econômica do bem; o preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do bem arrendado; e não haja previsão de pagamento do Valor Residual Garantido – VRG (art. 6º da Resolução nº 2.309/1996 do BACEN), que é uma parcela a ser paga durante a execução do contrato com a finalidade de amortizar o valor devido ao final caso se exerça a opção de compra. ▪O núcleo do negócio é a utilização e aquisição do bem pelo arrendatário, por isso leasing operacional. ▪O leasing operacional deve ser celebrado com prazo mínimo de 90 dias e prazo máximo equivalente a 75% da vida útil econômica do bem. Essa “vida útil econômica” é dada por regulamentos e instruções da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que estabelecem em quanto tempo cada espécie de bem perde totalmente seu valor de mercado. Tecnicamente, esse período é conhecido como depreciação. ▪Alguns autores, como Fran Martins, ainda distinguem o leasing financeiro e o leasing operacional a partir da possibilidade de rescisão unilateral do contrato, que é proibida no leasing financeiro e possível, mediante aviso prévio, no leasing operacional. OBRIGAÇÕES DAS PARTES A doutrina elenca as seguintes obrigações para o arrendador: ▪a) Adquirir o bem atendendo estritamente às determinações do arrendatário; ▪b) Garantir a integridade do bem, zelando por sua procedência e qualidade no momento da aquisição; ▪c) Contratar seguro para o bem arrendado; ▪d) Entregar a posse direta do bem ao arrendatário sem impor obstáculos injustificados; ▪e) Não intervir ou turbar a posse direta do arrendatário durante o uso do bem. ▪ Já para o arrendatário, podemos arrolar as seguintes obrigações: ▪a) Pagar a contraprestação avençada no vencimento; ▪b) Utilizar o bem para os fins e nos limites do que constar do instrumento contratual; ▪ c) Zelar pela preservação e conservação do bem, agindo como se proprietário fosse; ▪d) Abster-se de alterar ou modificar, sem anuência do arrendador, o equipamento ou seus elementos constitutivos; ▪e) Informar imediatamente o arrendador em caso de esbulho ou turbação na posse praticados por terceiro; ▪ f) Adimplir os impostos incidentes sobre a transação e demais obrigações tributárias eventualmente aplicáveis; ▪g) Abster-se de realizar quaisquer negócios com o bem arrendado, principalmente aqueles tendentes a dele dispor, considerando que se trata de coisa alheia. REVISÃO DO CONTRATO E CLÁUSULAS ABUSIVAS ▪Sobre a possibilidade de revisão das cláusulas contratuais do arrendamento mercantil, a jurisprudência pátria aceita sem ressalvas a aplicação da teoria da imprevisão e a cláusula rebus sic stantibus, que buscam preservar o equilíbrio econômico-financeiro do negócio jurídico. Nesse diapasão, é cediço nos julgados do STJ, por exemplo, que a elevação abrupta da cotação de moeda estrangeira, como ocorrido com o dólar norteamericano em janeiro de 1999, representa fato superveniente capaz de ensejar a revisão das cláusulas contratuais. É importante ressaltar, outrossim, que a indexação das parcelas em moeda estrangeira só é permitida com a comprovação da captação de recursos no exterior (art. 9º da Resolução nº 2.309/1996 do BACEN). ▪Merece atenção o fato da Súmula 263 do STJ ter sido cancelada pelo Colendo Tribunal em 2003. O verbete previa que a cobrança antecipada do VRG (ou seja, antes do termo final do contrato) descaracterizava o leasing, transformando-o em verdadeira compra e venda a prazo. As razões do cancelamento invocaram o brocardo pacta sunt servanda, consagrando a autonomia da vontade. Se as partes deliberaram pela possibilidade de cobrança antecipada no leasing, o acordo deve ser respeitado, não descaracterizando o arrendamento mercantil. Este novo posicionamento acabou consolidado na Súmula 293 do STJ. CONTRATOS DE COLABORAÇÃO ▪Sob esta larga rubrica, encontram-se os contratos nos quais um empresário (colaborador) atua no sentido de criar ou ampliar o mercado de determinado produto ou serviço fabricado ou prestado por outro empresário (fornecedor). A função do colaborador é levar o produto ou serviço do fornecedor até onde o consumidor em potencial está, investindo em publicidade, estoques e estratégias de vendas em troca de uma remuneração. ▪Os contratos de colaboração podem ser divididos entre contratos por aproximação e contratos por intermediação. Existe uma única diferença entre eles: nos contratos por aproximação, o colaborador nada adquire do fornecedor. É o caso da comissão e da representação. Já na intermediação, o colaborador adquire o produto do fornecedor para revendê-lo, como ocorre, em regra, na distribuição. ▪Comissão ▪Na comissão empresarial, um empresário (comissário) obriga-se a realizar negócios em prol de outro (comitente), mas em nome próprio. Em outros termos: o comissário, mediante remuneração, celebra contratos com terceiros cujo objeto é o produto ou serviço fornecido pelo comitente. Mas quem figura no contrato como parte é o comissário, obrigando-se perante o terceiro pelo adimplemento da avença. O comitente, muitas vezes, fica anônimo, por razões estratégicas. ▪A linha entre a comissão e o mandato é muito tênue: separa-os apenas o fato do comissário obrigar-se perante terceiros, contratando em seu próprio nome, ao passo que o mandatário, desde que aja dentro dos limites dos poderes que lhe foram outorgados, atua em nome do mandante e, por isso, não se responsabiliza pelo cumprimento do acordo. No mais, os contratos são idênticos, aplicando-se a disciplina legal do mandato à comissão. ▪Não se deixe esquecer que o negócio fechado pelo comissário é feito em prol do comitente e é a este que pertence, em princípio, o risco. Caso, por exemplo, o terceiro que comprou produtos através de acordo com o comissário não pague o combinado no prazo, o prejuízo é do comitente. O comissário continua a fazer jus a sua remuneração. ▪Essa regra, contudo, pode ser excepcionada por expressa determinação das partes. Trata-se da cláusula del credere, pela qual o risco do inadimplemento é transferido para o comissário, que responde solidariamente com o terceiro. Obviamente, a remuneração nesse caso tenderá a ser maior. Anote-se que os demais riscos, como vícios na coisa ou evicção, continuam entregues ao comitente. REPRESENTAÇÃO (OU AGÊNCIA) ▪Nesta espécie de contrato, prevista na Lei 4.886/1965 e no CC (no qual recebeu o nome de agência), um empresário (representante) obriga-se a localizar potenciais interessados nos produtos ou serviços de outro (representado) e obter, para este, pedidos de compra e venda ou prestação de serviços. O representante comercial é colaborador por aproximação por excelência: sua função é apresentar o produto do representado para eventuais interessados e encaminhar-lhe os consequentes pedidos. ▪ O representante tem autonomia no exercício de sua função, devendo observar as diretrizes do representado apenas no que disserem respeito à forma de organização da atividade com foco na maior quantidade de vendas. ▪Se as ingerências do representado tornarem-se excessivas, extrapolando o viés empresarial e caracterizando a subordinação do representante, estaremos olhando para um verdadeiro contrato de trabalho, ainda que o contrato celebrado entre as partes digadiferentemente. ▪As obrigações do representante e do representado vão além, respectivamente, de empregar a mesma diligência que teria para a venda de seus próprios produtos e pagar a retribuição pactuada. A mais importante delas refere-se à cláusula de exclusividade. O representante pode ser obrigado a trabalhar exclusivamente para um representado. Trata-se de exclusividade de representação e deve ser expressamente prevista no contrato para cada praça de atuação. Se as partes acertaram a exclusividade de representação para a cidade “X” e, ao longo da execução dos trabalhos, o representante é autorizado a também atuar na cidade “Y”, deverá respeitar a exclusividade de representação apenas na cidade “X”, a não ser que haja aditivo contratual específico para incluir a segunda (STJ, REsp 229761/ES, DJ 05/12/2000). Slide 1: Direito empresarial Slide 2: Teoria geral do contrato empresarial Slide 3 Slide 4 Slide 5: .Espécies de contratos Slide 6 Slide 7: Contrato de fornecimento Slide 8 Slide 9: venda a contento Slide 10: Venda mediante amostra Slide 11: Contrato de factoring Slide 12 Slide 13 Slide 14: Franquia (ou franchising) - Lei 13.966/2019 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19: Arrendamento mercantil (ou leasing) - Lei nº 6.099/1974 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24: Espécies de contrato de leasing Slide 25 Slide 26: Leasing operacional Slide 27 Slide 28 Slide 29: Obrigações das partes Slide 30 Slide 31: Revisão do contrato e cláusulas abusivas Slide 32 Slide 33: Contratos de colaboração Slide 34 Slide 35 Slide 36: Representação (ou agência) Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40