Prévia do material em texto
m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED 2Prof. Diego Ennes |Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA PROF. DIEGO ENNES @diego.ennes APRESENTAÇÃO: Querido Estrategista, este livro digital abordará o tema Infecção do Trato Urinário, a famosa ITU! Quem nunca se deparou com um paciente ou mesmo amigo com queixa urinária ou alteração em exame de urina e se perguntou o que fazer? Esse assunto despenca em provas de Residência por todo o Brasil (10% das questões de nefrologia são de ITU!) e veremos os principais pontos abordados nas diferentes questões. Os principais assuntos tratados ocorrem conforme o gráfico a seguir: m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ https://www.instagram.com/diego.ennes m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED 3Prof. Diego Ennes |Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA @estrategiamed /estrategiamed Estratégia MED t.me/estrategiamed Esse tema faz parte de uma intersecção entre Nefrologia e Infectologia, por isso nos juntamos para construir o material didático mais completo para você. Espero que aproveite e aprenda esse assunto recorrente em provas – e na vida real – para responder a todas as dúvidas com propriedade e confiança! Lembre-se de que, nas provas, esse tema também DESPENCA na parte de pediatria! Neste livro, não contemplaremos as infecções urinárias na infância, pois o pessoal da pediatria preparou um material sensacional para você. Bons estudos e vamos, juntos, em mais essa etapa! Glomerulopatias Lesão renal aguda Infecção urinária 30% 15% Distúrbios do potássio 7% Doença renal crônica Litíase renal 20% 5% Nefrologia nas provas de Residência 10% Distúrbios do potássio Tubulointerstício Disnatomias 5% 4% 4% m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ https://www.instagram.com/estrategiamed/ https://www.facebook.com/estrategiamed1 https://www.youtube.com/channel/UCyNuIBnEwzsgA05XK1P6Dmw?sub_confirmation=1 https://t.me/estrategiamed m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 4 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA SUMÁRIO 1.0 DEFINIÇÃO 5 1.1 SÍNDROMES CLÍNICAS 6 2.0 EPIDEMIOLOGIA 7 3.0 FISIOPATOLOGIA 8 3.1 AGENTES ETIOLÓGICOS 9 4.0 DIAGNÓSTICO 12 4.1 EXAME DE URINA 12 4.2 SINTOMATOLOGIA 14 5.0 DIAGNÓSTICO E MANEJO 18 5.1 CISTITE AGUDA 18 5.2 CISTITE DE REPETIÇÃO 22 5.3 PIELONEFRITE AGUDA 24 5.4 ABSCESSO RENAL 29 5.5 PIELONEFRITE ENFISEMATOSA 30 5.6 BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA 31 5.7 INFECÇÃO FÚNGICA 34 5.8 INFECÇÃO RELACIONADA A CATETER VESICAL 35 5.9 CISTITE INTERSTICIAL 37 6.0 LISTA DE QUESTÕES 38 7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39 8.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 40 m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 5 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAPÍTULO 1.0 DEFINIÇÃO Caro aluno, vimos na introdução que o tema de Infecção do Trato Urinário (ITU) é cobrado em todas as provas do Brasil e é recorrente na prática clínica. Agora vamos provar isso para você ao longo deste livro digital. A ITU, também conhecida como infecção urinária, é definida pela presença de patógenos no trato urinário, normalmente estéril. Parece uma definição bem simples e intuitiva, no entanto esse é apenas o mecanismo patogênico de uma série de síndromes clínicas que podem acometer o trato urinário. Vamos falar inicialmente de ITUs causadas por bactérias – que são a maioria e as mais cobradas em provas. Falaremos de outros microrganismos separadamente ao final deste livro digital, combinado? Antes de passar para as formas de apresentação da ITU, gostaria apenas de refrescar sua memória e relembrar a anatomia do aparelho urinário. É importante termos isso em mente para diferenciar os locais de acometimento e entendermos os mecanismos fisiopatológicos que levam à ocorrência de ITU. Veja como é dividido o aparelho urinário no esquema a seguir: Figura 1 – Divisão do trato urinário. Fonte: adaptado de Shutterstock. Artéria e veia renais Bexiga Uretra Ureteres Rins Trato urinário ALTO Trato urinário BAIXO Por meio dessa figura conseguimos diferenciar o trato urinário em duas partes: - Baixo: compreende a bexiga e uretra. - Alto: compreende os rins e ureteres. Ter isso em mente vai ajudá-lo a diferenciar as principais síndromes clínicas, como veremos a seguir! m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 6 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA 1.1 SÍNDROMES CLÍNICAS Agora, vamos iniciar o estudo desse assunto pela apresentação das principais síndromes clínicas que representam as ITUs! As ITUs podem ser divididas conforme a localização anatômica, a presença de complicações, a sintomatologia e a recorrência. Duas definições importantes referem-se aos conhecidos termos de ITU complicada e não complicada. Vamos entender? Cistite aguda infecção do trato urinário baixo – caracterizada pela infecção da bexiga Pielonefrite aguda infecção do trato urinário alto – caracterizada por infecção do rim ITU recorrente (ou de repetição) presença de, no mínimo, 2 episódios de ITU em 6 meses ou 3 episódios em 12 meses Bacteriúria assintomática presença de urocultura positiva com contagem de bactérias ≥ 105 unidades formadoras de colônia (UFC)/mL na ausência de sintomas urinários ou sistêmicos - ITU não complicada: acomete indivíduos sem nenhum fator de risco, ou seja, é a infecção da mulher jovem, hígida, na pré-menopausa, não gestante e sem anormalidade do trato urinário. - ITU complicada: é todo o resto! Ou seja, é a infecção urinária que acomete indivíduos idosos, homens, mulheres na pós-menopausa, gestantes, crianças ou aqueles com presença de anormalidades anatômicas ou funcionais. Para iniciar o assunto, veremos a definição de cada síndrome a seguir. Adiante, falaremos individualmente sobre cada uma delas, com todas suas particularidades! É fundamental que você se lembre dessas síndromes para compreender melhor seus diagnósticos e manejos, que veremos mais à frente neste livro. Tabela 1 – Principais síndromes clínicas das ITUs. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 7 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAPÍTULO 2.0 EPIDEMIOLOGIA As ITUs representam a principal infecção ambulatorial da prática clínica, ou seja, são muito comuns e você vai se deparar com casos assim. O tipo mais frequente é a cistite aguda da mulher jovem e sem comorbidades. As mulheres são mais propensas à infecção urinária por razões anatômicas, por isso são mais susceptíveis. Isso é verdade desde a infância (exceto nos menores de um ano) até a menopausa. À medida que a idade chega, as infecções urinárias tornam-se tão comuns em homens quanto em mulheres. Os fatores de risco para ITU complicada são aqueles que podem propiciar resistência bacteriana por formarem reservatórios de bactérias ou por prolongarem a estase urinária, que pode aumentar a proliferação bacteriana. Esses fatores incluem anormalidades anatômicas funcionais, causas obstrutivas, presença de corpo estranho ou comorbidades que possam interferir no estado de imunossupressão dos pacientes. A tabela abaixo exemplifica os principais fatores de risco: Fatores de risco para ITU Condição de risco Patologia associada Fatores obstrutivos Hiperplasia prostática Litíase renal Anormalidade anatômica: cistos, estenosesExtensivo | Maio 2022 38 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Baixe na Google Play Baixe na App Store Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou busque na sua loja de apps. Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app https://estr.at/6S9r m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ https://estr.at/6S9r m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 39 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAPÍTULO 7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Johnson, R.J. et al. Comprehensive Clinical Nephrology, 5th ed. Elsevier: 2015. 2. Nicolle, L.E. et al. Clinical Practice Guideline for the Management of Asymptomatic Bacteriuria: 2019 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2019 May 2;68(10):e83-e110. 3. Brenner, B.M., editor. Brenner & Rector’s The Kidney. 10th ed. Philadelphia: Elsevier, 2016. 4. Anger, J. et al. Recurrent Uncomplicated Urinary Tract Infections in Women: AUA/CUA/SUFU Guideline. J Urol. 2019 Aug;202(2):282- 289. 5. Tópicos UpToDate: Acute complicated urinary tract infection (including pyelonephritis) in adults. Acute simple cystitis in women. Catheter-associated urinary tract infection in adults. Sampling and evaluation of voided urine in the diagnosis of urinary tract infection in adults. Urinary tract infections and asymptomatic bacteriuria in pregnancy. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 40 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAPÍTULO 8.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS Muito bem, Coruja! Mais um importante tópico de nefrologia concluído com sucesso. E mais um passo dado em frente, rumo à aprovação! Agora, não deixe de fazer as questões selecionadas para consolidar ainda mais o conhecimento, ok? m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ https://med.estrategia.com 1.0 DEFINIÇÃO 1.1 SÍNDROMES CLÍNICAS 2.0 Epidemiologia 3.0 FISIOPATOLOGIA 3.1 AGENTES ETIOLÓGICOS 4.0 DIAGNÓSTICO 4.1 EXAME DE URINA 4.2 SINTOMATOLOGIA 5.0 DIAGNÓSTICO E MANEJO 5.1 CISTITE AGUDA 5.2 CISTITE DE REPETIÇÃO 5.3 PIELONEFRITE AGUDA 5.4 ABSCESSO RENAL 5.5 PIELONEFRITE ENFISEMATOSA 5.6 BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA 5.7 INFECÇÃO FÚNGICA 5.8 INFECÇÃO RELACIONADA A CATETER VESICAL 5.9 CISTITE INTERSTICIAL 6.0 LISTA DE QUESTÕES 7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8.0 CONSIDERAÇÕES FINAISurológicas, divertículo, doença renal policística Malignidade do trato urinário Fatores anatômicos funcionais Refluxo vesicoureteral Bexiga neurogênica Presença de corpo estranho Cateter vesical de demora Nefrostomia Duplo J Condições clínicas Transplante renal ou de outro órgão sólido Sexo masculino Gestantes Diabetes mellitus Manipulação cirúrgica recente do trato urinário Tabela 2 – Fatores de risco para ITU. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 8 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAPÍTULO 3.0 FISIOPATOLOGIA Caro aluno, vamos conversar um pouco sobre a fisiopatologia da infecção urinária. A invasão do trato urinário por micro-organismos, em geral, ocorre quando patógenos da flora retal migram para a bexiga através da uretra. Se eles permanecerem apenas no espaço vesical, temos a cistite aguda, que é a infecção do trato urinário baixo, ou seja, restrita à bexiga! Em alguns casos, esses uropatógenos (ou seja, micro- organismos com poder de infectar o trato urinário) podem migrar através dos ureteres até o rim e causar a pielonefrite, que é a infecção do trato urinário alto. Essa é a principal via de contaminação do trato urinário alto, ou seja, por via ascendente. A via hematogênica, ou seja, quando uma bactéria que está na corrente sanguínea migra até o rim e provoca infecção urinária, é menos comum e, em geral, está associada à infecção por Staphylococcus aureus e a quadros mais graves com complicações, como abscessos renais. Os uropatógenos ganham o trato urinário por migração da flora retal ou podem ser provenientes da vagina, reto ou pênis do parceiro sexual. É por essa razão que as mulheres são mais acometidas por esses micro-organismos: apresentam maior proximidade entre o ânus e a uretra, possuem a uretra mais curta e ambiente periuretral mais úmido pela lubrificação vaginal. Todos esses fatores em conjunto propiciam maior infectividade das bactérias no trato geniturinário feminino, por isso as ITUs são mais comuns em mulheres jovens sexualmente ativas! Fatores que favorecem ITU em mulheres sexualmente ativas • Maior proximidade uretra-ânus • Uretra mais curta • Ambiente periuretral mais úmido pela lubrificação vaginal • Uso de espermicidas • Relações sexuais frequentes • Parceiro sexual novo • Higiene íntima precária • Mutações do gene CXCR1 Tabela 3 – Fatores para ITU em mulheres. Alguns fatores comportamentais e genéticos também estão ligados à maior ocorrência de ITUs. O uso de espermicidas, relações sexuais frequentes, parceiro sexual novo e higiene íntima precária são fatores que predispõem à maior ocorrência de ITU por propiciarem a multiplicação de uropatógenos, seja por meio da redução da flora bacteriana vaginal natural e protetora (pelo uso de espermicidas) ou por aumentar a migração de micro-organismos do reto para a uretra, em razão de relações sexuais frequentes ou contato com novos uropatógenos advindos de novos parceiros sexuais. Entre os fatores genéticos, destaca-se a presença de mutações do gene CXCR1, que codifica o receptor de interleucina-8 e confere menor imunidade e maior susceptibilidade às ITUs. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 9 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA 3.1 AGENTES ETIOLÓGICOS Caro aluno, é muito importante saber quais são os principais uropatógenos responsáveis pela ocorrência de ITU. Gostaria de frisar os três principais agentes: 1. Escherichia coli. 2. Escherichia coli. 3. Escherichia coli. Acho que deu para entender qual é o principal patógeno, certo? � Essa brincadeira é para você não errar e fixar esse conceito: A E. coli é o principal agente etiológico de ITU em qualquer situação (comunitária e hospitalar)! Não importa se estamos falando acerca de cistite, pielonefrite, ITU na gestante ou qualquer outra situação: a E. coli (figura 2) é sempre o principal micro-organismo responsável pela ITU. Isso ocorre porque essas bactérias possuem prolongamentos do seu citoesqueleto, que são as fímbrias: processos que saem do corpo da bactéria e favorecem a sua adesão ao epitélio do trato urinário, tanto da bexiga como, de maneira ascendente, até os rins! Figura 2 - Ilustração de Escherichia coli. ESCHERICHIA COLI m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 10 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA O segundo lugar varia de acordo com a localização da infecção – alta ou baixa: ITU ALTA (pielonefrite) ITU BAIXA (cistite) Agentes etiológicos • Enterobactérias օ Proteus mirabilis օ Klebsiella spp. օ Enterobacter spp. • Pseudomonas aeruginosa • Staphylococcus coagulase-negativo օ Saprophyticus • Enterococos • Enterobactérias Tabela 4 – Agentes etiológicos nas ITUs. É importante entender quais são os principais agentes causadores para sabermos como tratá-los! Veremos isso no momento adequado, mas saber a epidemiologia sempre ajuda a instituir o tratamento empírico, ou seja, aquele que é instituído antes do resultado das culturas de urina! “Professor, já vi situações de sintomas urinários baixos e urocultura negativa. O que pensar?” Muito bem, Estrategista, você precisa saber disso para sua prova! A presença de sintomas urinários, com ou sem leucocitúria (classicamente chamamos de “piúria estéril”), leva-nos a pensar em organismos atípicos causadores de um quadro infeccioso do trato urinário: CAUSAS DE PIÚRIA ESTÉRIL - Uretrite por Chlamydia ou ureaplasma; - Tuberculose urinária. A sintomatologia de disúria, polaciúria, tenesmo e desconforto suprapúbico com leucocitúria discreta e urocultura estéril leva-nos à hipótese de uretrite por Chlamydia. O tratamento indicado para esses casos é a doxiciclina por 14 dias. As infecções por Mycobacterium tuberculosis serão contempladas no módulo de infectologia. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 11 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAI NA PROVA (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN) Mulher de 30 anos de idade queixa-se de disúria, polaciúria, tenesmo vesical e desconforto suprapúbico, constantes há 3 semanas. Realizou 3 exames de urina nesse período, que mostraram leucócitos variando entre 10.000 e 15.000 por mL. Todas as uroculturas foram negativas. Sabendo-se que não há infecção vaginal, indica-se: A) Quinolona por 3 dias. B) Nitrofurantoína por 3 a 6 meses. C) Estrogenioterapia tópica por 3 meses. D) Doxiciclina por 14 dias. E) Acidificação urinária semanal. COMENTÁRIOS Caro aluno(a), aqui temos um exemplo de uma paciente com sintomas clássicos de infecção do trato urinário, porém com urocultura negativa. O que vamos fazer? Incorreta a alternativa A: não indicamos quinolona, uma vez que não há indícios de infecção por germe suscetível a tal antimicrobiano. Incorreta a alternativa B: esse esquema é para antibioticoprofilaxia nas infecções urinárias de repetição (veremos no capítulo 5.2!). Incorreta a alternativa C: aqui, há indicação para pacientes com atrofia vulvovaginal, durante o climatério, também sendo medida preventiva para infecções urinárias de repetição em mulheres durante o período pós-menopausa. Correta a alternativa D: a probabilidade diagnóstica é de uretrite por Chlamydia, logo o tratamento indicado é a doxiciclina por período de duas semanas. Incorreta a alternativa E: acidificação urinária é terapêutica pouco habitual atualmente. Há resultados contraditórios em estudos, mostrando alívio sintomático em pacientescom ITU. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 12 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAPÍTULO 4.0 DIAGNÓSTICO Aluno(a), acabamos de ver a definição inicial de ITU. Mas como eu identifico a presença de patógenos no trato urinário? A resposta é simples: por meio do exame de urina! Vamos entender um pouco mais sobre essa importante ferramenta diagnóstica, certo? 4.1 EXAME DE URINA A urina é habitualmente estéril, ou seja, negativa para a presença de micro-organismos. Assim, se demonstrarmos crescimento de germes no exame de urina, temos o diagnóstico de ITU, certo? Errado! Nem todo crescimento de bactérias significa ITU! Precisamos ter a certeza de que houve uma coleta adequada para afastar contaminação e devemos observar um crescimento mínimo de bactérias na urina. A coleta correta do exame de urina consiste na higienização local do trato geniturinário, seguida da orientação de coleta do jato médio de urina. O jato inicial deve ser desprezado para minimizar contaminação. Essa é a técnica correta e asséptica que afasta a contaminação da amostra de urina. Outro ponto ideal seria a coleta da primeira urina da manhã, pois ela conteria o maior número de patógenos, pelo tempo de estase da urina na bexiga. No entanto, isso nem sempre é possível por questões logísticas do início dos sintomas e procura por atendimento médico. Assim, podemos utilizar qualquer amostra de urina ao longo do dia, desde que tenha um intervalo de, pelo menos, 2 horas em relação à micção anterior. Quando não é o próprio paciente que coleta sua urina, por exemplo em pacientes graves em ambiente de terapia intensiva, a amostra pode ser coletada através de sondagem vesical de alívio ou de demora, ou seja, por meio da inserção de um cateter na bexiga do doente. Ambas devem ser realizadas sob técnica asséptica e a diferença entre elas é que o cateterismo vesical de alívio (CVA) consiste na passagem única do cateter vesical e retirada na sequência. Já o cateterismo vesical de demora (CVD) é caracterizado pela passagem deste pela bexiga, com manutenção no ambiente vesical. Quando retiramos uma amostra de urina de um paciente com CVD, devemos repassar um novo, para evitar contaminação por algum germe colonizador da sonda previamente instalada. E como interpretamos o exame de urina? O primeiro ponto que você precisa saber é que definimos ITU pelo crescimento de 105 unidades formadoras de colônia por mililitro (UFC/mL) na urocultura! E é sempre assim? Não, temos uma particularidade: em urina coletada de cateter, utilizamos como critério diagnóstico o crescimento de 102 UFC/mL! Na prática, o que você precisa saber mesmo é o crescimento de 105 UFC/mL, que é o que despenca em provas! m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 13 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Coleta por micção SEM cateter > 105 UFC para definir infecção Coleta COM cateter > 102 UFC para definir infecção E existem outras alterações do exame de urina que são sugestivas de ITU? Sim! As principais alterações urinárias são as seguintes: - Leucocitúria/piúria: presença de leucócitos no exame de urina, principalmente neutrófilos. Os neutrófilos são células de defesa do organismo e sua presença infere também a presença de micro-organismos que precisam ser “combatidos”. Não é uma exclusividade da ITU – a leucocitúria pode ocorrer em outras síndromes clínicas como glomerulopatias, nefrite intersticial aguda e rejeição ao transplante renal! - Cilindros leucocitários: formados por células leucocitárias polimorfonucleares. Estão presentes em situações de infecção urinária, nefrite intersticial aguda e, mais raramente, em glomerulopatias. - Hematúria: significa presença de hemácias na urina. Assim como a leucocitúria, a hematúria não é exclusiva da ITU e pode ocorrer em situações diversas, como glomerulopatias, litíase renal e neoplasias do trato urinário. - Esterase leucocitária: é uma enzima produzida pelos leucócitos degradados, que reflete a presença destes no exame de urina. Esse exame é realizado por meio de uma fita reagente, mesmo antes do processamento do exame de urina I e possui associação com a presença de ITU. - Nitrito: a presença de nitrito também é identificada por intermédio de fita reagente e denota a presença de bactérias uropatogênicas que são capazes de converter o nitrato normalmente presente na urina em nitrito por atividade enzimática específica dessas bactérias, sobretudo em enterobactérias (bacilos Gram-negativos). A presença de nitrito relaciona-se à presença de bactérias em concentração superior a 105 UFC/mL. - Gram: a coloração de Gram ajuda a diferenciar bactérias em dois grupos: Gram-positivas e Gram-negativas. A presença desse elemento no exame de urina ajuda a inferir a presença de bactérias e guiar o tratamento antibiótico. Análise urinária Valor de referência Leucocitúria Até 10.000/mm3 ou até 5/campo Cilindros leucocitários Negativo Hemácias Até 10.000/mm3 ou até 5/campo Esterase leucocitária Negativo Nitrito Negativo Gram Negativo Tabela 5 – Valores de referência no sumário de urina. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 14 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Aqui, é importante ressaltar: esses outros elementos do exame de urina ajudam a corroborar o diagnóstico de ITU, porém nenhum deles, seja positivo ou negativo, confirma ou afasta completamente o diagnóstico! São apenas ferramentas auxiliares e complementares! 4.2 SINTOMATOLOGIA Bom, agora entendemos como é o exame de urina no paciente portador de ITU. Mas será que isso é suficiente para fecharmos o diagnóstico de ITU? Infelizmente, não! Além das alterações urinárias vistas anteriormente, para corroborar o diagnóstico de ITU precisamos da presença de sintomas urinários ou sistêmicos! A ocorrência de urocultura positiva SEM sintomas é a famosa bacteriúria assintomática, a qual veremos em instantes. Os principais sintomas urinários são disúria, estrangúria, dor suprapúbica, polaciúria e urgência miccional. Em geral, esses sintomas estão presentes nos casos de cistite aguda (veremos os detalhes a seguir!). Outros sintomas sistêmicos podem estar presentes, como febre, dor lombar, calafrios, náuseas e vômitos – esses sinais são mais relacionados à pielonefrite. Além disso, pacientes idosos podem apresentar quadro de confusão mental e quedas como sintomas de infecção sistêmica. Caro aluno, até aqui falamos de diversos sinais característicos da propedêutica urinária. Você se lembra de todos eles das aulas de semiologia durante os primeiros anos da faculdade? Vamos refrescar sua memória e relembrar os principais sinais: - Disúria: dor ou ardor ao urinar, em geral referida na uretra. - Polaciúria: aumento da frequência miccional. - Estrangúria: micção lenta e dolorosa, que pode ser referida como jato urinário gota a gota. - Urgência miccional: vontade súbita e incontrolável de urinar. - Poliúria: aumento do volume urinário, em geral > 3.000 mL/24h. - Oligúria: redução do volume urinário, em geralcom incontinência, quando o indivíduo tem a consciência de que perdeu urina. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 15 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Estrategista, vamos resolver algumas questões juntos para entender como o examinador cobra esses conceitos? CAI NA PROVA (SES – GO – 2020) O que é noctúria? A) É a saída involuntária de urina em qualquer situação. B) É o desejo de despertar para urinar. C) É a dificuldade para iniciar o jato urinário. D) É a dor ou o queimor ao urinar. COMENTÁRIOS: Caro aluno, essa questão aborda um conceito de propedêutica, que seria a definição de noctúria: é o ato de acordar à noite para urinar, ou seja, a micção noturna. Perceba a importância também de saber a semiologia do aparelho urinário. Questão rápida e direta! Vamos às alternativas: Incorretas as alternativas A, C e D. Correta a alternativa B. Para finalizar, vamos apenas ressaltar os pontos importantes do diagnóstico de ITU: - Urocultura > 105 UFC/mL + sintomas = ITU - Sintomas urinários baixos = cistite. - Sintomas sistêmicos = pielonefrite. - Infecções repetidas (2 episódios em 6 meses ou 3 em 12 meses) = ITU de repetição. - Presença de fator não habitual = ITU complicada. - Urocultura > 105 UFC/mL na ausência de sintomas = bacteriúria assintomática. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 16 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAI NA PROVA (UNICAMP – 2019) Em mulheres com infecção urinária, uma ferramenta valiosa no exame de urina é a avaliação da presença de nitrito. Assinale a alternativa CORRETA: A) Em seu metabolismo, as bactérias irão converter o nitrito em nitrato. B) A desvantagem do método é que ele não identifica a presença de patógenos Gram-positivos. C) Não há necessidade de se colher a primeira urina da manhã, bastando a paciente permanecer por 1 hora sem urinar antes da coleta. D) Por ser um teste complexo e caro, poucos laboratórios disponibilizam para seus pacientes. COMENTÁRIOS por Sérgio Beduschi Filho – infectologia (Infecções bacterianas/Infecção do trato urinário) Incorreta a alternativa A, pois as bactérias convertem nitrato em nitrito. Correta a alternativa B, já que a conversão de nitrato em nitrito ocorre no metabolismo de enterobactérias (bacilos Gram- negativos). Incorreta a alternativa C, embora seja preferível a coleta da primeira urina da manhã, ela não é necessária para a realização do teste e diagnóstico de infecção do trato urinário. Além disso, por tratar-se de um possível quadro de infecção, aguardar até o dia seguinte para a coleta pode atrasar o início do tratamento. De qualquer maneira, devemos sempre procurar a alternativa “mais correta”, que, nessa questão, é a alternativa B. Incorreta a alternativa D, pois o teste que verifica a presença de nitrito é de execução simples e barata, além de ser amplamente disponível. (UNAERP 2018) OJM, 26 anos, previamente com boa saúde, procura atendimento de urgência com queixa de disúria e polaciúria há 2 dias. Nega febre ou outros sintomas. Usa pílula anticoncepcional como método contraceptivo. Ao exame físico, apresenta: bom estado geral, Giordano negativo e, ao exame ginecológico, dor ao toque da parede vaginal anterior na topografia da bexiga. Restante dentro dos limites da normalidade. Segundo as diretrizes médicas brasileiras mais recentes, é correto afirmar que A) o tratamento com antibióticos, nesse caso, só poderia ser introduzido após urocultura confirmando infecção urinária. B) um teste de fita reativa (dipstick) que mostre nitrito negativo praticamente afastaria o diagnóstico de cistite. C) a ausência de leucocitúria significativa no exame de análise urinária, também conhecido como exame de urina tipo I, afastaria o diagnóstico de cistite. D) apenas com base nos dados clínicos acima, é possível firmar diagnóstico de infecção urinária não complicada com mais de 90% de certeza. E) a bacterioscopia de urina por coloração de Gram seria ótima opção para firmar o diagnóstico de infecção urinária não complicada, pois apresenta alta sensibilidade. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 17 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA COMENTÁRIOS: Caro aluno Estrategista, essa questão traz conceitos que você precisa dominar, tanto para a prova de Residência como para a prática médica de qualquer generalista. A cistite é muito mais frequente em mulheres do que em homens, o que se relaciona, principalmente, a fatores anatômicos, como o menor comprimento da uretra e menor distância entre o orifício da uretra e o ânus. Em mulheres que apresentam disúria, polaciúria, urgência ou dor suprapúbica, particularmente na ausência de prurido vaginal e corrimento, devemos suspeitar de uma cistite (infecção do trato urinário baixo). O que define uma infecção do trato urinário como complicada é a presença de um dos seguintes fatores: febre, sintomas sistêmicos (mal-estar importante, fadiga extrema, calafrios etc.), dor no flanco ou sensibilidade no ângulo costovertebral. Correta a alternativa D, porque, quando disúria e polaciúria se apresentam de forma combinada em uma mulher, há uma chance de 90% de estarmos diante de uma cistite. Nesse caso, fica estabelecido um diagnóstico clínico de infecção do trato urinário não complicada, que não requer nenhum outro exame complementar. Incorreta a alternativa A, porque, nesse caso, o diagnóstico de cistite não complicada é clínico e não requer exames. Incorreta a alternativa B. A avaliação da presença de nitrito por meio do teste de fita não deve ser utilizada em mulheres jovens com sintomas típicos, pois, mesmo negativo, não exclui infecção urinária. A utilização desse método baseia-se na capacidade de algumas enterobactérias converterem o nitrato urinário em nitrito. Incorreta a alternativa C, porque, embora a ausência de piúria tenha um bom valor preditivo negativo para infecção do trato urinário (quando negativo, sugere fortemente que não é esse o diagnóstico), a afirmativa ficaria mais correta com a expressão “tornaria pouco provável”, em vez de “afastaria”. Incorreta a alternativa E, porque esse caso não requer exames adicionais para o diagnóstico e porque a bacterioscopia apresenta baixa sensibilidade. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 18 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAPÍTULO 5.0 DIAGNÓSTICO E MANEJO 5.1 CISTITE AGUDA A cistite, na maioria das vezes, possui diagnóstico clínico e é muito frequente na mulher jovem, sobretudo após o início de atividade sexual, devido à potencial migração de patógenos da área retal para a uretral. A presença de sintomas típicos é suficiente para estabelecer a conduta mais apropriada: antibioticoterapia. Análise de sedimento urinário pode ser necessária se os sintomas forem atípicos e houver dúvida diagnóstica. “Mas, professor, quais são os sintomas típicos da cistite?” Disúria, polaciúria e desconforto suprapúbico (figura 3). Cautela com sintomatologia inespecífica, como urina escurecida e odor fétido, pois pode representar urina muito concentrada e sugerir desidratação – sobretudo em pacientes idosos. Figura 3 - Sintomas de cistite aguda. Estrategista, atenção no manejo do paciente com cistite aguda. Embora pareça muito simples, esse tema é frequente em provas e você precisa dominar. Na cistite não complicada, o tratamento é feito de forma empírica, sem obrigatoriedade de urocultura inicialmente (lembre-sede que, na presença de fatores que indiquem possível complicação, como vimos acima – fatores para ITU complicada –, devemos solicitar cultura urinária). O tempo de tratamento é curto e as opções você encontra na tabela 6. Se houver persistência de sintomas após a terapêutica empírica, indicamos formalmente a coleta de urocultura para identificar e direcionar ao patógeno específico. Lembre-se, por exemplo, de que Proteus, Serratia e Pseudomonas são intrinsecamente resistentes à nitrofurantoína, daí a importância da cultura se houver persistência de sintomas! Se a terapia inicial for eficaz e houver resolução dos sintomas, nada específico deve ser feito. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 19 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Sim Cistite aguda não complicada ATB empírico 3-5 dias Persistência e/ou recorrência de sintomas em 2 semanas? Coleta de urocultura Antibiótico direcionado Cistite aguda GESTANTE Coletar cultura ATB 3-7 dias Urocultura de controle 1 a 2 semanas após Se cultura negativa: repetir mensalmente Fluxograma 1 – Tratamento da cistite aguda. Ressalto aqui uma informação muito importante, aluno(a): A CISTITE AGUDA NÃO COMPLICADA NÃO REQUER NENHUM EXAME COMPLEMENTAR PARA TRATAMENTO INICIAL. ANTIBIÓTICO DOSE DURAÇÃO Nitrofurantoína 100 mg, 6/6 h 5 dias Sulfametoxazol + trimetoprima 800 + 160 mg, 12/12 h 3 dias Fosfomicina 3 g Dose única Amoxicilina + clavulanato 500 + 125 mg, 12/12 h 5-7 dias Ciprofloxacino 250 mg 12/12h 3 dias Tabela 6 – Opções antimicrobianas para cistite aguda. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 20 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA NITROFURANTOÍNA e FOSFOMICINA constituem as primeiras opções para tratamento da cistite aguda não complicada. Agora vamos para uma peculiaridade importante, futuro Residente. A cistite aguda na paciente gestante, que é importante, pois contempla um tema frequente e de interface com a obstetrícia. Nesse caso, a coleta de urocultura é obrigatória para guiar o tratamento inicial, bem como a urocultura de controle, para confirmar a eficácia terapêutica. Além disso, deve-se rastrear mensalmente a paciente com urocultura e tratar (mesmo se assintomática – bacteriúria assintomática virá nos próximos capítulos, aguarde!). Outra ressalva no tratamento da cistite em gestantes refere-se à segurança da antibioticoterapia escolhida (tabela 7). Em princípio, cefalexina, amoxicilina (com ou sem clavulanato) e fosfomicina são opções seguras. A nitrofurantoína pode ser utilizada, porém preconiza-se evitar o uso no primeiro trimestre e próximo a termo. O trimetoprim, por antagonizar o ácido fólico (importante na formação do sistema nervoso central do feto), também deve ser evitado. Aminoglicosídeos são potencialmente ototóxicos ao feto. PERMITIDO EVITAR Cefalexina Quinolonas Amoxicilina Sulfametoxazol + trimetoprim Fosfomicina Aminoglicosídeos Nitrofurantoína * Ampicilina Tabela 7 – Opções antimicrobianas durante a gestação. *Ressalvas à nitrofurantoína: evitar no primeiro trimestre e no último mês, por risco de hiperbilirrubinemia. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 21 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAI NA PROVA (SURCE - 2017) Mulher de 28 anos, sem comorbidades, comparece à consulta com queixas de disúria, polaciúria e urgência miccional iniciadas há 1 dia. Nega febre, náuseas, lombalgia ou corrimento vaginal. Refere ter queixas semelhantes duas vezes por ano e nega uso de antibióticos nos últimos 6 meses. Ao exame, hipersensibilidade à palpação de região hipogástrica, sem outros achados. A conduta recomendada diante desse caso seria: A) Prescrever fosfomicina trometamol 3 g, por via oral, em dose única, não sendo indicado, nesse caso, solicitar sumário de urina ou urinocultura. Prescrever profilaxia pós-coito com ciprofloxacino. B) Prescrever ciprofloxacino 500 mg a cada 12 horas, por via oral, por sete dias, não sendo indicado, nesse caso, solicitar sumário de urina ou urinocultura. Investigar malformação de trato urinário. C) Após coleta de sumário de urina e urinocultura, prescrever sulfametoxazol + trimetoprima 800/160 mg a cada 12 horas, por via oral, por três dias. D) Após coleta de sumário de urina e urinocultura, prescrever ciprofloxacino 500 mg a cada 12 horas, por via oral, por sete dias, seguido de nitrofurantoína 100 mg/noite, por 6 meses. COMENTÁRIOS: Cautela com essa questão, Estrategista! Note que estamos diante de um caso de cistite aguda não complicada, mas o examinador insere informações que podem confundi-lo, como a presença de sintomas semelhantes por duas vezes, no último ano. Não confunda com cistite de repetição que, no caso, exigiria a presença de dois episódios em seis meses ou três em um ano (veremos isso de forma mais detalhada no próximo tópico!). Correta a alternativa A: temos uma paciente com cistite aguda não complicada, sem necessidade de exames complementares, e a fosfomicina é uma ótima opção terapêutica, em dose única. Incorreta a alternativa B: para cistite, há opções mais seguras que ciprofloxacino, além de tempos mais curtos de tratamento (exemplo 3 dias). Incorretas as alternativas C e D: não há indicação de coleta de urina. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 22 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA 5.2 CISTITE DE REPETIÇÃO Primeiro de tudo, você precisa saber definir o que é uma ITU de repetição. DEFINIMOS COMO ITU DE REPETIÇÃO A PRESENÇA DE TRÊS OU MAIS INFECÇÕES EM UM ANO OU DUAS OU MAIS, EM SEIS MESES. CUIDADO! Se houver “recorrência” de sintomas antes de 2 semanas, não considere como novo episódio infeccioso, mas sim, provável persistência do quadro. Nesse caso, a principal suspeita é resistência antimicrobiana do uropatógeno, e guiar o tratamento por urocultura será essencial (como falamos no tópico acima). Na maioria dos casos de cistite de repetição, se os sintomas referidos forem típicos, não há necessidade de confirmação laboratorial (e microbiológica) da infecção. Caso os episódios relatados gerem dúvidas quanto ao diagnóstico, sugere-se confirmação com urocultura para termos certeza de que estamos diante de uma infecção do trato urinário de fato (e de repetição) e prosseguirmos com as condutas necessárias. Todo paciente com cistite de repetição precisa de avaliação urológica ou exame de imagem obrigatoriamente, certo? Não, caro futuro Residente! Vamos deixar isso bem claro. Nos casos de cistite de repetição clássicos, sem evidências de complicação e sem sinais de alteração anatômica do trato urinário, não há necessidade. As indicações de avaliação específica você encontra na tabela abaixo. Indicações de avaliação por imagem ou de especialista (urologia) Relapso de infecção (quando há novo quadro infeccioso dentro de duas semanas); Isolamento de Proteus em culturas prévias (associado à nefrolitíase); Histórico de litíase urinária; Hematúria persistente. Mulheres com queixas miccionais persistentes, como incontinência, micção incompleta e prolapso merecem investigação uroginecológica. Definido o quadro de cistite de repetição, as primeiras medidas a serem tomadas não são antimicrobianas. São elas: - modificações comportamentais e de higiene adequada; - evitar espermicidas/diafragmas; - uso de cranberry via oral (muito discutido pela baixa evidência de melhora, porém seu baixo risco e reduzida incidênciade efeitos colaterais tornam a opção viável); - terapia estrogênica vaginal em mulheres pós-menopausa. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 23 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Uma dúvida frequente do aluno é quanto à profilaxia antibiótica. Podemos fazer? SIM! Depois de discutir com a paciente os riscos e benefícios dessa conduta, a antibioticoprofilaxia (dose reduzida diária) por 3-6 meses é uma opção eficaz, podendo ser prolongada até um ano. Uma ressalva que deve ser considerada é se os episódios de infecção têm associação com a atividade sexual. Se afirmativo, o uso do antibiótico deve ser administrado antes ou logo após o coito, também com bons resultados. A escolha do antibiótico obedece à mesma lógica do tratamento da cistite e, preferencialmente, deve ser guiado conforme cultura de infecção prévia. “Mas, professor, e se a paciente for gestante e estiver apresentando infecções urinárias de repetição?” Devemos também proceder à antibioticoprofilaxia, respeitando as opções antimicrobianas seguras do período gestacional, e estendê-la até a segunda semana do puerpério. CAI NA PROVA (UNICAMP - 2021) Mulher, 35a, apresenta dor para urinar, aumento da frequência, diminuição da quantidade e urgência miccional há dois dias. Nega febre, calafrios, dor lombar e gravidez. Antecedente pessoal: dois episódios semelhantes nos últimos seis meses. Exame sumário de urina: hemácias = 20/campo, leucócitos = 100/campo, proteína = ausente, nitrito = +++/4+, leucócito esterase = +++/4+; urocultura: E coli; 10⁵ UFC, sensível a todos os antibióticos testados. APÓS O TRATAMENTO DESSE EPISÓDIO, A CONDUTA PARA PREVENIR NOVAS INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO É: A) Prescrever profilaxia com nitrofurantoína por seis meses. B) Prescrever profilaxia pós-coito com ciprofloxacino. C) Investigar nefrolitíase. D) Investigar malformação de trato urinário. COMENTÁRIOS: Estrategista, aqui temos um exemplo clássico de uma questão sobre conduta na cistite de repetição. Para acertar a questão, você precisa saber a definição de ITU de repetição, o manejo adequado e, sobretudo, lembrar-se da antibioticoprofilaxia. Correta a alternativa A! Em casos de ITU de repetição, a profilaxia antimicrobiana pode ser feita, considerando riscos e benefícios. Lembrar que deve ser iniciada após tratamento da infecção ativa. Incorreta a alternativa B, pois profilaxia pós-coito deve ser indicada se houver ITU associada à relação sexual. Incorreta a alternativa C, nefrolitíase deve ser pesquisada se houver sintomas sugestivos ou suspeita de pielonefrite obstrutiva. Incorreta a alternativa D, malformação do trato urinário deve ser pesquisada na faixa etária pediátrica, uma vez que as complicações ocorrem de maneira mais precoce e não na vida adulta.m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 24 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA 5.3 PIELONEFRITE AGUDA O diagnóstico de pielonefrite pode ser feito com base na presença dos seguintes sinais e sintomas: - sintomas urinários baixos associados à febre ou sinais sistêmicos (calafrios, alteração do estado mental); - desconforto lombar (no exame físico, lembre-se do clássico sinal de Giordano - figura 4, que é a punho-percussão lombar dolorosa), com piúria e/ou bacteriúria. Uma informação importante, Estrategista: não é obrigatória a presença de sintomas concomitantes ou prévios de cistite para afirmar o diagnóstico de pielonefrite! Figura 4 - Sinal de Giordano. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 25 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Antes de estudarmos os fluxogramas de tratamento da pielonefrite, duas informações frequentes precisam ficar bem claras. A primeira é em relação à urocultura. Diferentemente da cistite aguda, em que não é necessária avaliação laboratorial na condução inicial, na pielonefrite DEVEMOS solicitar urocultura, independentemente da indicação de internação ou não do paciente. Lembre-se disso! Outra dúvida frequente: é obrigatória a realização de exame de imagem? NÃO! O diagnóstico de pielonefrite não exige a realização de exame de imagem, que muitas vezes pode vir normal, sobretudo em fases iniciais (até mesmo a tomografia!). Quando pedimos então? INDICAÇÕES DE EXAME DE IMAGEM NA PIELONEFRITE - gravidade clínica à admissão (sepse ou choque séptico); - ausência de melhora clínica após 48-72 horas de antibioticoterapia direcionada; - suspeita de obstrução urinária (redução de função renal e/ou oligúria). Vamos dividir o manejo da pielonefrite no cenário ambulatorial e no paciente internado. No paciente em condições de tratamento ambulatorial, a escolha da antibioticoterapia deverá ser feita inicialmente a partir da possibilidade de haver infecção por germe multirresistente (fluxograma 2). Se há algum dos fatores presente, devemos optar por uma dose inicial de ertapenem, seguido de prescrição via oral de quinolona (ciprofloxacino 500 mg, de 12 em 12 horas, ou levofloxacino 750 mg, uma vez ao dia). INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR - Pacientes com sepse/choque séptico precisam de internação hospitalar; - Febre persistente; - Impossibilidade de tolerar ingestão via oral; - Gestantes (!!!). Uma dúvida muito frequente no manejo da pielonefrite aguda é indicar internação ou tratamento ambulatorial. Vamos aprender: m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 26 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Se não há risco de resistência inicialmente, optamos pela prescrição via oral de quinolona ou antibiótico parenteral em dose única (ceftriaxone ou ertapenem, por exemplo), seguido de quinolona via oral. “Mas, professor, e se houver contraindicação às quinolonas?” Sulfametoxazol + trimetoprim; amoxicilina + clavulanato; cefadroxila e cefalexina são algumas opções viáveis, lembrando sempre de adequar a antibioticoterapia conforme resultado de urocultura. Uma ressalva importante que fazemos com relação à nitrofurantoína: apesar de ser ótima opção para o tratamento da cistite aguda, não utilizamos nitrofurantoína no tratamento de pielonefrite devido às baixas concentrações do antibiótico no tecido renal. Fluxograma 2 – Manejo da pielonefrite ambulatorial. (MDR = multidroga resistente; SMT+TMP = sulfametoxazol + trimetoprim). No paciente hospitalizado, temos algumas particularidades (fluxograma 3) e o principal divisor no manejo inicial refere-se à presença de gravidade clínica à admissão. Se há sepse (ou choque séptico), optamos por antibioticoterapia de amplo espectro com cobertura empírica para enterobactéria produtora de betalactamase de espectro estendido (ESBL) e Staphylococcus oxa-resistente (MRSA) – esquema que pode ser descalonado, a depender do resultado de cultura de urina. Além disso, devemos proceder a exame de imagem para descartar obstrução urinária e eventual necessidade de avaliação ou intervenção urológica. Se não há sinais de sepse, adota-se uma conduta mais permissiva, como vemos no fluxograma. Urocultura com germe MDR institucionalizado Uso recente de quinolona, SMT+TMP, cefalosporina de 3ª ou 4ª geração Pielonefrite aguda Tratamento ambulatorial Há risco para germe multirresistente? NÃO: dose inicial de ceftriaxone, ertapenem ou aminoglicosídeo, seguido de quinolona (ou quinolona direto) SIM: ertapenem dose um dia, seguido de quinolona m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ubo ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 27 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Pielonefrite aguda Tratamento hospitalar PRESENÇA DE Sepse ou choque séptico Direcionar conforme urocultura Trocar para via oral, se possível Esquema ATB com cobertura ESBL e MRSA Carbapenêmico + vancomicina Exame de imagem AUSÊNCIA DE Sepse ou choque séptico SEM RISCO DE RESISTÊNCIA Ceftriaxone ou quinolona + vancomicina se Gram+* Há risco para germe multirresistente? Urocultura com MDR institucionalizado Uso recente de quinolona, SMT+TMP, cefalosporina de 3ª ou 4ª geração Exame de imagem se há suspeita de obstrução urinária RISCO DE RESISTÊNCIA Tazocin ou carbapenêmico + vancomicina se Gram+* Fluxograma 3 – Manejo da pielonefrite em paciente internado. (ATB = antibioticoterapia; ESBL = enterobactéria produtora de betalactamase de espectro estendido; MRSA = Staphylococcus aureus meticilina-resistente; *Gram+ em bacterioscopia ou na parcial de cultura). A duração do tratamento antibiótico varia entre 5 e 14 dias, a depender da escolha. Esse ponto é algo que sempre gera dúvida e, por vezes, é cobrado nas principais provas; portanto, fique atento (tabela 8). Uma observação importante deve ser feita com relação à presença de hemocultura positiva em pacientes com pielonefrite, sem outros fatores complicadores. No geral, não há mudança de conduta em relação à via de tratamento (pode ser utilizado antimicrobiano via oral) e à duração. ATB DOSE DURAÇÃO Ciprofloxacino 500 mg, 12/12h 5-7 dias Levofloxacino 750 mg, 24/24h 5-7 dias Amoxicilina + clavulanato 875 + 125 mg, 12/12h 10-14 dias Ceftriaxone 1 a 2 g/dia (endovenoso) 10-14 dias Meropenem 1 g, 8/8h (endovenoso) 10-14 dias Sulfametoxazol + trimetoprim 800/160 mg, 12/12h 7-10 dias Tabela 8 – Antibioticoterapia na pielonefrite. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 28 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAI NA PROVA (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – GO – 2021) A infecção em pacientes com pielonefrite aguda pode ser subdividida em (1) infecção não complicada que não justifica hospitalização; (2) infecção não complicada em pacientes com trato urinário normal que estão enfermos o suficiente para justificar hospitalização para terapia parenteral; e (3) infecção complicada associada com hospitalização, cateterismo, cirurgia urológica ou anormalidades do trato urinário. É fundamental determinar se o paciente tem uma ITU não complicada ou complicada, pois anormalidades significativas foram encontradas em 16% dos pacientes com pielonefrite aguda. Nesse sentido, em pacientes com pielonefrite: A) não complicada presumida que serão tratados ambulatorialmente, a avaliação radiológica inicial geralmente pode ser adiada. No entanto, se houver qualquer razão para suspeitar de um problema ou se o paciente não tiver acesso razoável a exames de imagem ou se não houver mudança na condição, recomenda-se a ureteroscopia para descartar cálculos ou obstruções. B) complicada conhecida ou suspeita, a TC fornece uma avaliação excelente do estado do trato urinário e da gravidade e extensão da infecção. A ampicilina oral (500 mg quatro vezes ao dia) por sete dias é uma terapia de primeira linha apropriada em pacientes que não necessitam de hospitalização, nos quais a prevalência de resistência uropatogênica ao antibiótico na comunidade não excede a 10%. C) se uma dose parenteral única inicial de antibiótico for escolhida, um agente de ação prolongada, como 1 g de ceftriaxona ou uma dose consolidada de 24 horas de um aminoglicosídeo, pode ser usado como alternativa a uma fluoroquinolona intravenosa. Fluoroquinolonas orais uma vez ao dia, como ciprofloxacina 1.000 mg de liberação prolongada por sete dias ou azitromicina 500 mg por cinco dias, também são alternativas razoáveis em pacientes não hospitalizados, nos quais os padrões de resistência na comunidade são baixos. D) o sulfametozaxol + trimetoprima oral (160/800 mg [1 comprimido de dupla força] duas vezes ao dia por 14 dias) é um agente apropriado se o organismo for conhecido por ser sensível; se a suscetibilidade for desconhecida, uma dose intravenosa inicial de um antibiótico parenteral de ação prolongada, como 1 g de ceftriaxona ou uma dose consolidada de 24 horas de um aminoglicosídeo, é recomendada. COMENTÁRIOS: Estrategista, veja que questão difícil sobre o manejo da pielonefrite. Após estudar o fluxograma de tratamento, você certamente acertará! Incorreta a alternativa A: de fato, em pielonefrite não complicada não há necessidade de exames de imagem. Logo um procedimento invasivo, como ureteroscopia, também não tem indicação, apenas se houver obstrução de via urinária por litíase, por exemplo. Incorreta a alternativa B: a gravidade da pielonefrite não necessariamente se dará pela tomografia, mas sim, por parâmetros clínicos. O exame de imagem auxilia a avaliar complicações e fatores obstrutivos. Outra imprecisão da alternativa refere-se à antibioticoterapia empírica escolhida. A ampicilina tem cobertura focada em enterococo, com pouca cobertura para Gram-negativos, flora que é muito envolvida nas infecções do trato urinário. Incorreta a alternativa C: o esquema de dose inicial com ceftriaxona parenteral, seguido de quinolonas via oral, é uma boa opção. Porém, macrolídeos (azitromicina) não compõem boa opção terapêutica para tratamento das infecções urinárias. Correta a alternativa D: sulfametoxazol + trimetoprim apontam para uma preocupação crescente quanto aos índices de resistência. Portanto seu uso precedido por uma dose parenteral de ceftriaxona ou aminoglicosídeo torna-se boa opção. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 29 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA (HOSPITAL DA POLÍCIA MILITAR – MG – HPM – MG 2017 – LD) Sobre a Infecção do Trato Urinário (ITU), marque a alternativa INCORRETA. A) A partir dos 50 anos de idade, a incidência de infecção do trato urinário é praticamente igual entre homens e mulheres. B) O maior número de relações sexuais está relacionado a risco aumentado de infecção do trato urinário entre mulheres. C) A presença de piúria franca, nitrito positivo e urocultura positiva estabelece o diagnóstico de ITU, mesmo em pacientes assintomáticos. D) A nitrofurantoína é prescrita no tratamento de pielonefrite aguda. COMENTÁRIOS (Infectologia – ITU – Clarissa Cerqueira) Correta a alternativa A. A infecção urinária na idade adulta é mais frequente em mulheres. Com o passar dos anos, principalmente após os 50 anos de idade, essa incidência tende a ficar igual entre homens e mulheres. Correta a alternativa B. A relação sexual é fator de risco para infecção urinária. Quando a paciente tem episódios frequentes de infecção após o coito, indicamos a profilaxia antimicrobiana que deve ser tomada após a relação sexual. Incorreta a alternativa C. A piúria com nitrito positivo e urocultura com crescimento bacteriano não estabelecem o diagnóstico de infecção urinária se o paciente estiver assintomático. O que define uma infecção urinária é a presença de sinais e sintomas. Correta a alternativa D. A nitrofurantoína não deve ser usada para pielonefrite, pois não consegue atingir concentrações elevadas nos rins. 5.4 ABSCESSO RENAL Abscesso renal e perinefrético podem ocorrer como complicação de pielonefrite ou por disseminação hematogênica (S. Aureus é a principal causa, nesse caso). A apresentação clínica constitui-se de febre e dor lombar que, muitas vezes, ocorrem naquele paciente com resposta lentificada ou mesmo ausência de melhora durante tratamento de pielonefrite. O melhor exame para diagnóstico é a tomografia computadorizada com contraste iodado (figura 5). O achadoconfirmatório é a presença de uma cavidade fechada com realce após injeção do contraste (sinal do anel). Quando localizado externamente ao rim, confinado à fáscia de Gerota, é denominado abscesso perinefrético. Figura 5 – Abscesso renal. Fonte: acervo pessoal Dr. Joshua Viana. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 30 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Por não haver conexão com o sistema coletor, muitas vezes a urocultura pode ser negativa. Nesse caso, a terapia empírica deverá cobrir enterobactérias ou ser direcionada conforme resultado da cultura de secreção na drenagem cirúrgica. Quando há concomitância de estafilococcemia, direciona-se o tratamento para esse germe. E quando indicamos drenagem? - Drenagem imediata se abscesso renal a partir de 5 cm; - Drenagem imediata se abscesso perinefrético a partir de 3 cm. Em abscessos com dimensões menores que as supracitadas, o tratamento clínico é continuado e avaliada intervenção conforme evolução clínica da antibioticoterapia (a qual deverá ser mantida por duas a três semanas, com ou sem drenagem). 5.5 PIELONEFRITE ENFISEMATOSA A pielonefrite enfisematosa é uma grave infecção causada por germes capazes de produzir gás, sendo E. coli (70% dos casos) e K. pneumoniae (quase 30%) os principais agentes responsáveis. Pseudomonas aeruginosa e P. mirabilis também podem ser causadores, porém em mínima proporção. Até 90% dos casos ocorrem em pacientes com diabetes. O diagnóstico é confirmado por imagem (tomografia computadorizada, embora a própria radiografia de abdome possa encontrar sinais de gás em topografia renal – figura 6). PIELONEFRITE ENFISEMATOSA Figura 6 – Radiografia simples de pielonefrite enfisematosa. Tratamento cirúrgico, seja drenagem percutânea ou até mesmo nefrectomia (em casos graves), associado à antibioticoterapia endovenosa é a melhor escolha na pielonefrite enfisematosa. A mortalidade causada por essa condição é alta. Sem tratamento cirúrgico, há estudos que mostram 60 a 80% de mortalidade. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 31 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA 5.6 BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA Atenção aqui, Estrategista! Agora você estudará um dos tópicos que mais são cobrados em provas quando o assunto é infecções do trato urinário: BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA. Associamos a essa entidade aquele paciente que não apresenta sintomas (compatíveis com infecção do trato urinário) e com urocultura positiva com crescimento de pelo menos 105 UFC/mL (lembre-se desse valor, pois algumas questões colocam positividade de urocultura abaixo desse limite, logo não podemos afirmar que seja bacteriúria assintomática!). Em mulheres, é necessária confirmação do exame, com segunda amostra, dentro de até duas semanas. Em homens ou em amostras obtidas por cateterismo vesical, apenas uma amostra é suficiente (figura 7). Figura 7 – Diagnóstico de bacteriúria assintomática. Bacteriúria assintomática Mulheres Bacteriúria assintomática Homens 2 amostras com intervalo de até 15 dias Amostra única é suficiente Bacteriúria assintomática Amostra colhida por cateter Amostra única é suficiente Cuidado com a presença de piúria no exame de urina. A simples presença de leucocitúria não é confirmativa de bacteriúria. Fique atento a isso, futuro Residente! O que mais costumamos ver nas provas de Residência é o examinador cobrar do candidato as indicações para tratar um paciente com bacteriúria assintomática. Vamos frisar as principais indicações. INDICAÇÕES DE TRATAMENTO NA BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA - Gestantes (PRINCIPAL INDICAÇÃO, OBRIGATÓRIO SABER!). - Pré-operatório de cirurgia urológica (com risco de sangramento de mucosa do trato urinário). m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 32 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Você precisa dominar o assunto bacteriúria assintomática na gestação, Estrategista! Leia com calma aqui. Devemos solicitar urocultura na gestante a partir de 12 a 16 semanas de gestação. A bacteriúria na gestação ocorre com mais facilidade, além de suscetibilizar a pielonefrite, parto prematuro, baixo peso ao nascimento e mortalidade perinatal. Feito o diagnóstico de bacteriúria assintomática (lembre-se do critério: positividade de cultura com pelo menos 105 UFC/mL), devemos tratar com opções terapêuticas guiadas pelo antibiograma, respeitando a segurança dos antimicrobianos na gestação e por tempo de tratamento igual à cistite. Finalizado o tratamento, uma urocultura de controle deve ser realizada, após uma semana do término. Caso haja persistência do mesmo germe na urocultura, repetimos o tratamento com curso maior de duração. E lembre-se: não há indicação de antibioticoprofilaxia na bacteriúria assintomática, apenas se caracterizar infecção urinária de repetição. Algumas fontes preconizam tratamento de bacteriúria assintomática em transplante renal recente (menos de um mês), porém isso não é consenso absoluto. IMPORTANTE: Pacientes diabéticos, idosos, com cateter vesical, pré-operatório não urológico NÃO devem ser submetidos a rastreio de bacteriúria assintomática, tampouco receber tratamento! CAI NA PROVA (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE – MG – 2018) Por definição, na bacteriúria assintomática não há sintomas locais ou sistêmicos de infecção urinária, porém essa situação merece tratamento: A) em pacientes diabéticos, pois esses são imunossuprimidos. B) quando a urocultura for positiva para estafilococos, bactéria não usual no trato urinário. C) quando a urocultura mostrar uma bactéria multirresistente, pela maior virulência dela. D) quando o paciente for submetido à cirurgia urológica, ainda que seja imunocompetente. COMENTÁRIOS: Olhe um exemplo clássico (de muitos, porque esse tema despenca em prova!). Aqui o examinador deseja testar seu conhecimento acerca de indicação de tratamento em bacteriúria assintomática. Incorreta a alternativa A: pacientes diabéticos com bacteriúria assintomática não têm indicação de receber antibioticoterapia. Incorreta a alternativa B: não indicamos tratamento de bacteriúria assintomática com base nos resultados microbiológicos. Incorreto a alternativa C: novamente, não indicamos tratamento baseado em variedade de germes encontrados na cultura. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 33 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Correta a alternativa D: pré-operatório de cirurgia urológica com risco de sangramento de mucosa deve receber antibioticoterapia se houver presença de bacteriúria. (SUS-SP 2019) Gestante de 30 semanas, assintomática, traz o seguinte exame de urina. EXAME (valor de referência) Cor: amarela pH: 5,0 (5,0 a 8,0) Densidade: 1,022 (de 1,010 a 1,030) Proteínas: inferior A 0,10 g/L (Negativa) Glicose: inferior a 0,3 g/L (negativa) Células Epiteliais: raras Leucócitos: 32.000 (inferior a 30.000/mL) Eritrócitos: 1.000 (inferior a 12.000/mL) Cilindros: ausentes Urocultura: positiva para Escherichia coli acima de 100.000 UFC/mL O médico deve: A) tratar com cefalosporina. B) coletar nova urocultura com rigorosa assepsia vaginal. C) recomendar aumento da ingestão de líquidos e repetir a urocultura. D) prescrever cranberry ou acidificar a urina. E) repetir a urocultura após tratamento de provável leucorreia. COMENTÁRIOS: Trouxe essa questão, futuro Residente, para você perceber a importância desse tema e reforçar o quantoé cobrado nas provas de Residência pelo país. Aqui, temos uma gestante assintomática, com bacteriúria significativa. Conduta? TRATAR! Gestantes e pré-operatório de cirurgia urológica são indicações absolutas de tratamento de bacteriúria assintomática! Além disso, devemos nos lembrar das opções seguras na gestação e cefalosporina é uma ótima escolha. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 34 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA Logo, correta a alternativa A. 5.7 INFECÇÃO FÚNGICA Fungúria é algo relativamente comum em pacientes hospitalizados, com fatores de risco (quadro abaixo), raramente representando infecção invasiva grave. As espécies de Candida são as mais encontradas. FATORES DE RISCO PARA CANDIDÚRIA: • Antibioticoterapia prévia. • Dispositivos urológicos. • Diabetes. • Neoplasias. Candidúria assintomática geralmente não requer tratamento. Indica-se, contudo, tratar pacientes neutropênicos ou que serão submetidos à manipulação do trato urinário. Cuidado, caro aluno! Muitas vezes, o examinador, em um enunciado de caso clínico, insere um paciente em perioperatório de outra condição (ortopédica, por exemplo). Não tratamos, nesse caso! Uma observação importante é que, na persistência de candidúria em pacientes com diabetes, optamos por exame de imagem, a fim de descartar “bola fúngica” ou presença de abscesso. Candidúria sintomática deve ser tratada. A escolha, na maioria das vezes, recai sobre o fluconazol, com duração de 14 dias (tanto para cistite como pielonefrite). Para Candida spp. resistentes a fluconazol, anfotericina desoxicolato é a escolha, por 7 dias (não se usam as formulações lipídicas de anfotericina na suspeita de pielonefrite por Candida devido à má penetração desse antifúngico no parênquima renal). Candidúria assintomática NÃO tratar Candidúria sintomática Tratar com fluconazol por 14 dias Exceção: neutropênicosou manipulação do trato urinário Se falha, anfotericina desoxicolato por 7 dias Figura 8 – Tratamento da candidúria. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 35 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA 5.8 INFECÇÃO RELACIONADA A CATETER VESICAL As ITUs são responsáveis por aproximadamente 40% das infecções hospitalares. A presença de CVD é o principal fator de risco para ITU hospitalar (figura 9) e ocorre uma taxa de colonização desse dispositivo de 3 a 10% por dia (ATENÇÃO!). A colonização ocorre por via extraluminal (mecanismo mais importante), com a entrada da bactéria pelo biofilme que se forma no cateter na uretra, ou intraluminal, pela estase urinária secundária à drenagem inadequada ou contaminação da bolsa coletora. Ocorrendo colonização e, por conseguinte, bacteriúria assintomática, há um risco de 10 a 25% de o paciente desenvolver uma ITU. Cuidado novamente com bacteriúria no paciente com cateter vesical, futuro Residente. Aqui também, definimos a presença de infecção quando também há sintomatologia típica ou sinais de infecção sistêmica, em que o foco urinário é o suposto responsável. Para a coleta de urocultura, idealmente deve-se trocar o CVD e coletar a amostra no novo dispositivo. Caso isso não seja viável, a amostra de urina deve ser coletada do conduto e não da bolsa coletora. Confirmada a infecção, deve-se trocar o cateter, caso isso já não tenha sido feito. Figura 9 - Cateter vesical de demora. Nos pacientes impossibilitados de micção espontânea e que precisam de cateterismo vesical, em vez de manter o dispositivo de longa permanência, o cateterismo intermitente é uma opção com menor risco de causar infecção. Essa técnica consiste no cateterismo de forma intermitente, isto é, realizado a cada 4 horas pelo próprio paciente ou familiar. Em outras palavras, o paciente insere o cateter (figura abaixo) pela uretra, esvazia a bexiga e retira o dispositivo na sequência, descartando-o. Assim, a sonda não fica de forma permanente dentro do paciente, o que impede eventual proliferação bacteriana e consequente infecção. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 36 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA CAI NA PROVA (USP-SP 2021) Homem de 31 anos, vítima de ferimento por arma de fogo há 3 anos com destruição de L5, evoluindo com bexiga neurogênica e dificuldade para promover o esvaziamento vesical. Faz uso de sonda vesical de demora (SVD) com sistema aberto (sem extensão e bolsa coletora acoplados) e ocluído, que é aberto a cada 6 horas para promover o esvaziamento vesical. No último ano, apresentou 5 episódios de infecção urinária febril, tendo sido dois deles tratados em ambiente hospitalar para antibioticoterapia endovenosa. Há 6 meses, começou a apresentar perda urinária adjacente à SVD antes de promover o esvaziamento vesical, necessitando utilizar forro ou fralda. A ultrassonografia do aparelho urinário evidenciou rins sem dilatação e bexiga de boa capacidade com paredes finas, creatinina de 0,8 mg/dL, proteína C-reativa de 2,5 mg/L e cultura de urina positiva para E. coli. Preocupado com as infecções e perdas urinárias, o paciente deseja orientação. Qual a melhor conduta? A) Retirar a sonda vesical de demora e iniciar cateterismo intermitente limpo. B) Trocar a sonda vesical de demora e reduzir o intervalo para promover o esvaziamento vesical para 4 horas (ao invés de 6 horas). C) Trocar a sonda vesical de demora e instalar o sistema fechado, utilizando bolsa coletora com extensão de sonda. D) Retirar a sonda vesical e passar a promover o esvaziamento vesical por manobra de Credé a cada 4 horas. COMENTÁRIOS: Separei essa questão para você ver como é importante saber esse conceito de cateterismo vesical, Estrategista! Como vimos acima, se o paciente tem necessidade de manter cateter vesical, a técnica intermitente (a cada 4 horas) é a mais indicada. Logo, correta a alternativa A. Figura 10 - Cateter vesical para técnica intermitente. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso Extensivo | Maio 2022 37 Infecção do Trato Urinário (ITU)NEFROLOGIA 5.9 CISTITE INTERSTICIAL É uma situação clínica pouco habitual de ser cobrada em provas de Residência, Estrategista! Mas, eventualmente, pode aparecer. Então, vamos entender. Figura 11 - Lesão de Hunner - Fonte: Chenam, A.; Khourdaji, I. et. al. Tratamento eletrocirúrgico de úlceras de Hunner na população de cistite intersticial de um centro de referência. O tratamento envolve analgesia comum, antidepressivos tricíclicos, fisioterapia e, em casos mais graves, anestésicos intravesicais. A cistite intersticial é uma síndrome dolorosa crônica relacionada a sintomas vesicais (pressão, dor e desconforto), associada a outros sintomas urinários baixos, com duração acima de 6 semanas e sem associação com agentes infecciosos ou outras causas uroginecológicas. A sintomatologia também contempla desconforto conforme há esvaziamento vesical. O diagnóstico é clínico, considerando as características acima e, principalmente, descartadas as demais causas. A cistoscopia, quando realizada para avaliar outras possíveis etiologias, pode achar lesões características da cistite intersticial: lesões de Hunner (depósitos de fibrinas na mucosa vesical - figura 11). No entanto, esse achado é incomum (cerca de 10% dos pacientes), porém muito característico. m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ m e d v i d e o s . c o m Có pi a nã o é ro ub o ♥ Estratégia MED Prof. Diego Ennes | Curso