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Imunossenescência: Entendendo o Envelhecimento do Sistema Imunológico 1. Introdução Devido ao desenvolvimento econômico e tecnológico atual, o envelhecimento populacional, que antes era considerado raro, acaba se tornando uma realidade global onde no Brasil é estimado que existam 17,6 milhões de idosos, sendo que a OMS define como idosa pessoas com 60 anos ou mais. Embora esse aumento na expectativa de vida seja uma conquista, ela vem ainda acompanhada de uma diminuição progressiva da reserva funcional do organismo; Senescência das suas funcionalidades; além de alguns casos a senilidade, onde há a necessidade de uma assistência médica adequada. Levando ao desenvolvimento de muitas doenças crônicas e de uma maior vulnerabilidade a infecções. Como sabemos o sistema imunológico tem a função de combater infecções e eliminar células malignas, no entanto esse sistema sofre um declínio com a idade, passando por um processo que é chamado de imunossenescência. Dessa maneira a imunossenescência ela afeta tanto a imunidade inata como a imunidade adaptativa sendo que a imunidade inata ela acaba por ser mais severamente afetada, como veremos mais adiante. A imunossenescência é considerada multifatorial, estando associada a fatores sociais comportamentais fisiológicos morfológicos celular e molecular, que impactam diversos tipos celulares, promovendo um estado de inflamação crônica de baixo grau conhecido como "inflammaging". Esses fatores comprometem a capacidade do sistema imunológico de responder eficazmente a infecções e outras agressões. Como resultado, a população idosa se torna cada vez mais suscetível a uma série de doenças, incluindo infecções oportunistas, doenças autoimunes e cânceres, além de complicações decorrentes de condições crônicas. Esse processo envolve a incapacidade do sistema imunológico de se adaptar e regenerar adequadamente, essa questão, somada ao estado contínuo de inflamação, acelera a deterioração da saúde geral, levando a um aumento significativo na morbidade e mortalidade entre os idosos. 2. O Sistema Imunológico e o Envelhecimento ** Evolução Tem-se ainda, o processo de envelhecimento como um fenômeno complexo que submete o organismo a inúmeras alterações anatômicas, fisiológicas e psicossomáticas, afetando sua integridade, permitindo o surgimento das doenças crônico-degenerativas e predispondo a uma maior morbi-mortalidade. Dentre os órgãos e sistemas do organismo humano que sofrem essas alterações, o sistema imunitário é um dos mais atingidos no envelhecimento, sofrendo modificações nas subpopulações celulares, nos padrões de secreção de citocinas, na tolerância imunológica, entre outras funções. Por ser um sistema relacionado à homeostase do organismo, faz-se necessário entender possíveis causas, bem como potenciais conseqüências que possam estar associadas às alterações imunológicas observadas entre idosos quando comparados com indivíduos jovens, alterando desta forma o equilíbrio do organismo humano. Os processos biológicos inerentes ao envelhecimento são multifatoriais e determinam um limite na duração da vida, com níveis variáveis de indivíduo para indivíduo. Quando a homeostase é perdida, reduz-se a capacidade de adaptação do indivíduo às agressões internas e externas, acarretando, assim, sua maior susceptibilidade a doenças. - Diferença entre imunossenescência e imunossupressão Imunossenescência: O termo imunossenescência usualmente refere-se às disfunções do sistema imunitário relacionadas com a idade que contribuem para uma maior incidência de doenças infecciosas ou mesmo crônico-degenerativas, tais como hipertensão, reumatismo, aterosclerose, coronariopatias, todas prevalentes na população de idosos. ** alterações fisiológicas (normais) desse processo. Imunossupressão: A imunossupressão é a redução da atividade do sistema imunológico, e ela pode ser causada por alguma doença ou farmacologicamente através do uso de medicamentos que tratam alguma condição. Pacientes portadores de AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Humana) possuem um quadro de imunossupressão causada pela destruição dos linfócitos devido à infecção pelo vírus HIV. Já indivíduos transplantados ou portadores de doenças autoimunes, apresentam a imunossupressão devido ao uso direto de fármacos imunossupressores. - Função do sistema imunológico A principal característica do sistema imunológico é a capacidade de reconhecer e reagir especificamente aos mais variados tipos de agentes endógenos ou exógenos. A sensibilidade do reconhecimento faz com que até mesmo uma pequena quantidade de antígeno ative o sistema. A diversidade garante a eficácia na proteção contra milhares de micro-organismos diferentes e a aquisição da memória imunológica permite desencadear uma resposta a algum agente infeccioso com o qual o hospedeiro já tenha entrado em contato, mesmo após longo período sem contato com ele. lig t 3. 3. Mecanismos de Imunossenescência A imunossenescência é caracterizada por alterações quantitativas e/ou qualitativas em componentes celulares e moleculares, os quais levam a um estado de inadequada atividade do sistema imunológico, que propicia uma diminuição na efetividade da ação de defesa contra novos antígenos, tornando o idoso mais vulnerável a infecções. As defesas imunes naturais do organismo ficam reduzidas em certa proporção por causa da fragilidade da pele e da diminuição na eliminação de anticorpos pelas mucosas. É bem aceito que o sistema imune é regulado por uma gama de hormônios, assim as alterações endócrinas observadas no envelhecimento contribuem para as variações individuais da imunossenescência. Por exemplo, com o envelhecimento é possível observar diversas modificações no eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal). Essas modificações podem levar a desregulação nos níveis séricos de sulfato de deidropiandrosterona (DHEAS), que estimulam o sistema imune. Nos idosos, as modificações no eixo HPA leva a uma diminuição acentuada desse hormônio, diminuindo também o estímulo ao sistema imune. Em contraste, os níveis de cortisol, que é um imunossupressor, se mantêm elevados no envelhecimento. Dessa forma a gente tem uma diminuição em hormônios capazes de estimular o sistema imunológico e diminuição naquele que o suprime. Tornando possível visualizar que a razão cortisol/DHEAS alterada poderá influenciar no sistema imunológico do idoso. Além desses hormônios citados como exemplo, o déficit de outros hormônios, como o de crescimento e sexuais estão implicados na imunossenescência. Inflammaging e o fenótipo de risco imunológico No final do século passado surgiu a “hipótese inflamatória” para explicar diferenças nas alterações do sistema imune observadas nos idosos. Inflammaging é um termo que descreve um estado crônico e de baixo grau de inflamação sistêmica que se desenvolve com o envelhecimento. Esse processo é uma característica comum do envelhecimento biológico e está associado ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas relacionadas à idade, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência, osteoporose, e câncer, pois provoca um acúmulo de lesões crônica, resultando, por exemplo, no acúmulo de células senescentes, disfunção mitocondrial, mudanças na microbiota intestinal, e alterações no sistema imunológico, que contribuem para manutenção do processo inflamatório crônico, impactando negativamente a saúde dos indivíduos. Além disso, vários fatores podem desregular a homeostase intracelular durante o envelhecimento, intensificando a secreção de citocinas e quimiocinas inflamatórias (inflammaging). Este estado inflamatório de baixo grau denominado “inflammaging” está associado à diminuição da capacidade de montar respostas imunes eficientes durante o processo de envelhecimento Resposta imune inata e envelhecimento O sistema imune inato confere a primeirabarreira/resposta contra agentes infecciosos. Com a idade, as células do sistema imune inato exibem piora de função, por exemplo, macrófagos e neutrófilos apresentam reduções importantes na resposta fagocítica e do potencial de estresse oxidativo. Por isso, é importante conhecer bem o papel dos componentes do sistema imune inato no processo de defesa durante o envelhecimento. Neutrófilos: Os neutrófilos constituem a primeira linha de defesa celular contra bactérias e fungos, constituída de mecanismos microbicidas, incluindo geração de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, liberação de enzimas proteolíticas, peptídeos microbicidas e grânulos citoplasmáticos. Com o aumento da idade, não há diminuição do número de neutrófilos, porém suas funções ficam bastante comprometidas. Durante a imunossenescência, a capacidade quimiotática dos neutrófilos é diminuída, o que provavelmente é refletido no tempo em que essas células chegam ao sítio de resposta imune. Outro reflexo também pode ser considerado uma lesão tecidual maior, uma vez que durante sua trajetória os neutrófilos liberam enzimas proteolíticas (como elastase) para alcançar o sítio de resposta inflamatória. Além disso, o tempo de resolução da inflamação é aumentado. Outro fator alterado com a idade é a produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio e a capacidade fagocítica. Essas duas funções são piores em idosos quando comparados a adultos jovens. Modificações na composição dos lipid rafts em idosos (onde ficam importantes receptores de membrana sinalizadores de neutrófilos) podem também comprometer a sinalização mediada por receptores dessas células. Células NK e NKT: As células NK e NKT medeiam respostas citotóxicas, independentes de MHC, contra infecções virais e tumores. De modo interessante, o número absoluto de células NK aumenta com a idade. Apesar disso, a citotoxicidade e a produção de citocinas e quimiocinas como IL-8, RANTES e MIP-1alfa estão reduzidas. Provavelmente, essas alterações na função das células NK estão relacionadas com as mudanças dos níveis do zinco em idosos, visto que a suplementação com zinco pode melhorar as funções dessas células. Há também um aumento no número de células NKT com a idade. Esse aumento está associado com uma maior produção de IL-17. Um aumento da resposta inflamatória, e principalmente da IL-17, pode estar relacionado com aumento de doenças autoimunes, suscetibilidade a infecções e sepse em indivíduos idosos. Monócitos e macrófagos: Os monócitos representam um importante componente fagocítico do sistema imune inato, que em resposta ao estímulo inflamatório se diferencia em células apresentadoras de antígenos, os macrófagos. Números absolutos dessas células aumentam com a idade, o que está relacionado com a fragilidade dos idosos. Assim como as outras células do sistema imune, apesar do aumento do número absoluto de células, sua função está diminuída, particularmente no contexto de ativação por toll-like receptor (TLR). Em estudos, observaram que há uma pronunciada diminuição de produção de citocinas em resposta à ativação por TLR, outros apontam que a transdução de sinal induzida por ativação de TLR está reduzida com o envelhecimento. Além disso, a fagocitose por monócitos/macrófagos em indivíduos idosos está diminuída em relação a adultos jovens. Considerando que a apresentação de antígenos para o sistema imune é papel fundamental na montagem de resposta imune (e dependente da fagocitose), qualquer alteração neste compartimento celular ao longo do envelhecimento afetará diretamente a capacidade de montagem de uma resposta imune. Estudos em humanos também mostram reduzida expressão de citocinas produzidas por monócitos de indivíduos idosos comparados aos indivíduos jovens. Células dendríticas: As células dendríticas são as principais apresentadoras de antígeno. A maioria dos trabalhos relata que a função dessas células está diminuída com o envelhecimento. A produção de citocinas induzida por TLR está diminuída. De maneira interessante, o nível basal de citocinas intracelular é aumentado em células dendríticas de idosos, mas não nas de jovens. Por outro lado, a produção de citocinas independente de TLR e dependente de lipopolissacarídeo (LPS) está aumentada em modelos de células dendríticas derivadas de monócitos. Os aumentos na produção de citocinas inflamatórias ativados por LPS estão relacionados com piora de função fagocítica e migração in vitro. Resposta imune adquirida e envelhecimento - Timo e Produção de Células T: Redução da produção de novas células T Perda de diversidade no repertório de células T - Alterações nas Células B: Diminuição da resposta a novos antígenos Alterações na produção de anticorpos 4. Impacto da Imunossenescência na Saúde Devido a essa inadequada atividade do sistema imunológico, o idoso tem uma frequência aumentada de doenças infecciosas, crônicas, neoplásicas, processos inflamatórios exacerbados e alterações de autoimunidade, que são morbidades fortemente influenciadas por alterações no sistema imunológico. Células Mielóides Supressoras - Maior risco de doenças autoimunes e câncer O desbalanço entre a produção de progenitores mieloides e linfóides no envelhecimento favorece a linhagem mielóide, e, assim, essa tendência pode estar relacionada ao aumento das MDSC em idosos. (Com o envelhecimento, há, durante a hematopoiese na medula óssea, a tendência de aumento da linhagem mieloide, o que pode favorecer o acúmulo de células mieloides supressoras. Essas células têm capacidade de suprimir a proliferação e a função de células T, além de produzir citocinas pró-inflamatórias) As MDSCs suprimem a resposta imune adaptativa, especialmente a atividade das células T, que são essenciais para a defesa contra tumores e infecções. Elas também interferem na atividade das células NK (Natural Killer). Derivadas de precursores mielóides na medula óssea, as MDSCs não se diferenciam plenamente em células mielóides maduras (granulócitos, macrófagos e células dendríticas), ou seja, são populações de células que estão em estágio inicial de desenvolvimento e têm capacidade de supressão imune. Em indivíduos saudáveis, na medula óssea, as células hematopoiéticas se diferenciam em células comuns de progenitores mieloides e, em seguida, em células mielóides imaturas (CMI). Em condições fisiológicas, as CMI migram para diferentes órgãos periféricos, nos quais se diferenciam em células dendríticas, macrófagos e granulócitos. No entanto, os fatores produzidos no microambiente do câncer, várias doenças infecciosas, sepse, trauma, transplante de medula óssea ou algumas doenças autoimunes promovem o acúmulo de CMI nesses locais, impedem sua diferenciação e induzem sua ativação. Nesse contexto, tais células são denominadas MDSCs. A maioria dos estudos mostra que as funções imunossupressoras das MDSC requerem contato direto com as células, o que sugere que elas atuem tanto por meio dos receptores da superfície das células T, como o RCT, quanto pela liberação de mediadores solúveis de curta duração. Os principais mecanismos envolvidos na supressão mediada por MDSC da função das células T são por arginase (codificado por ARG1), óxido nítrico sintase induzida (iNOS, também conhecido como NOS2), aumento na produção de óxido nítrico (NO) e espécies reativas de oxigênio (ROS). As MDSCs podem desempenhar papel importante em algumas das principais morbidades associadas ao envelhecimento, como infecções, câncer e doenças autoimunes. Alguns pesquisadores, analisaram as MDSCs em células mononucleares de sangue periférico de adultos (19 a 59 anos), idosos (61 a 76 anos) e idosos frágeis (67 a 99 anos) e encontraram aumento significativo no número de MDSC em idosos e idosos frágeis, em comparação com adultos jovens saudáveis. Além disso, 23 doadores idosose idosos frágeis que possuíam um histórico de câncer (mama, pulmão, próstata, pele e cólon) apresentaram números significativamente maiores de MDSC, embora estivessem em remissão parcial ou completa. Não é clara a função das MDSCs, tanto no estado fisiológico, ou seja, em indivíduos jovens e saudáveis, quanto no envelhecimento. A elevação relacionada à idade na frequência de MDSC pode contribuir para o aumento da incidência das doenças mencionadas, que estão correlacionadas com a idade, ou ser um fator protetor, como em doenças autoimunes. Uma investigação mais aprofundada sobre as consequências funcionais do acúmulo no sangue periférico de MDSC proporcionará um prognóstico das patologias relacionadas à idade, podendo ser utilizado como biomarcador. Resposta à vacinação em idosos - Menor eficácia das vacinas É crescente o número de evidências sugestivas de que um programa de imunização adequado, principalmente contra influenza, infecções pneumocócicas e tétano-difteria , possa proteger um número considerável de idosos. Diversos trabalhos relatam que aproximadamente um milhão de óbitos são evitados por ano a partir de vacinação contra microorganismos infecciosos. Entretanto, estudos com grupos de idosos vacinados contra influenza apontaram diminuição em até 50% na proteção contra a doença quando comparados com indivíduos jovens e adultos. Esta redução está caracterizada por um menor número de anticorpos séricos e pela baixa proliferação de linfócitos T após a imunização. A redução da eficácia da vacinação em idosos tem sido atribuída a vários fatores tais como a diminuição da capacidade fagocítica de neutrófilos e macrófagos e redução do número de células de Langerhans na epiderme. Além disso, o estímulo crônico persistente do inflammaging compromete a capacidade do organismo idoso de reconhecer tanto patógenos quanto vacinas como “sinais de perigo”. COVID-19 E IMUNOSSENESCÊNCIA Alguns artigos apontam a relação entre imunossenescência e COVID-19, destacando como o envelhecimento afeta a função do sistema imunológico e contribui para a gravidade da doença em idosos. Como já discutido, o envelhecimento modifica tanto a imunidade inata quanto a adaptativa, resultando em um aumento da inflamação crônica, o inflamaging, e na diminuição da capacidade de resposta imunológica. Nesse sentido, a imunossenescência pode piorar os efeitos da infecção, pois além de aumentar a vulnerabilidade a infecções virais, como a COVID-19, e reduzir a eficácia das vacinas, a imunossenescência também está associada a um estado inflamatório crônico, que contribui para o agravamento de doenças crônicas e aumenta a gravidade da infecção pelo SARS-CoV-2. Por outro lado, é notado que a infecção pelo SARS-CoV-2 agrava esses processos de imunossenescência, intensificando essa inflamação crônica e acelerando o desgaste das células imunológicas em idosos. Nesse sentido, a infecção provoca uma resposta inflamatória excessiva, reduz a eficácia das células T e NK, e diminui a diversidade dos receptores de células T, comprometendo a capacidade do sistema imunológico de combater o vírus e outras infecções. Assim, a COVID-19 acelera o processo de imunossenescência, aumentando a gravidade da doença em pessoas mais velhas. Outras pesquisas ainda estabelecem uma relação entre a imunossenescência com a pandemia da COVID-19, considerando os impactos na saúde mental dos idosos. A combinação da imunossenescência com a pandemia da COVID-19 criou um cenário de vulnerabilidade significativa para os idosos, tanto em termos físicos quanto psicológicos. Nesse âmbito da saúde mental, a imunossenescência é capaz de gerar ativação glial pela liberação de citocinas, e a ativação da glia pode estar relacionada com prejuízos na memória, declínio cognitivo, envelhecimento cerebral e neurodegeneração. Estas alterações são estimuladas pelas moléculas pró-inflamatórias liberadas por células T auto-reativas derivadas do timo atrofiado. A associação desses fatores pode predispor ou agravar transtornos psiquiátricos, pois, entre outros fatores, podem induzir uma tempestade de citocinas, causando uma hiper inflamação sistêmica que pode danificar a barreira hematoencefálica, resultando em inflamação do sistema nervoso central. Essa intersecção da imunossenescência com a pandemia da COVID-19 destaca a necessidade urgente de políticas de saúde mental direcionadas aos idosos, priorizando intervenções que possam mitigar os impactos e complicações associadas à infecção por esse e por outros vírus. 5. Intervenções e Estratégias de Manejo Estilo de vida Um conjunto de atividades onde o idoso adota um estilo de vida saudável para melhorar sua expectativa e qualidade de vida está relacionado com o envelhecimento bem-sucedido (EBS) Exercício físico A pratica de exercício físico causa uma boa regulação no sistema imunológico dos idosos, e favorece um atraso para o início da imunosenescência, a pratica exercício físico proporciona a redução das células T senescentes, um aumento de neutrófilos, células NK, e função dos linfócitos T, além uma redução na inflamação sistêmica onde ocorre o reequilíbrio entre linfócitos de memória e linfócitos maduros. A intervenção é a prática constante de exercício físico Dieta Assim como os exercícios físicos, uma dieta saudável também desempenha um papel importante no sistema imunológico. A desnutrição protéica-energética (DPE) é desenvolvida devido a condições causadas pela idade avançada, e geralmente é um dos fatores que influenciam a perda de eficiência da resposta imune. Algumas intervenções que podem ser realizadas para melhorar a DPE é o consumo de alimentos ricos em fibras, macronutrientes antioxidantes, ácidos graxos poliinsaturados (PUFA), como o ômega-3, e também os micronutrientes específicos (como vitaminas, zinco, ferro e selênio) dar continuidade a proliferação e maturação das células Estresse Há uma grande interação entre o sistema imune e o sistema nervoso de modo que Em idosos submetidos a quadros de estresse emocional e/ou depressão podem obter doenças infecciosas e autoimunes, o aumento do estresse psicológico está frequentemente associado a uma ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) onde acontece a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol que tem efeitos imunossupressores. A ativação do eixo simpático-adrenal-medular (SAM) contribui para o desenvolvimento e progressão de alguns tipos de câncer. Estresse e a depressão estão associados à diminuição do T-citotóxico das células T CD8+ e atividades das células NK (natural killer), podendo afetar desenvolvimento de mutações somáticas e instabilidade genômica. As intervenções podem ser através de terapias, intervenções médicas, e suporte social. Sono Alterações do ciclo circadiano, levam a modificações no sono e redução da reserva funcional, e do eixo neuroendócrino diminuindo a produção de hormônios neurotransmissores e neuropeptídeos. Mudanças associadas à privação de sono causa hiperfagia (ingestão de alimento em grande quantidade, sem fome) aumento dos níveis de glicose no sangue em jejum, e resistência à insulina. Algumas intervenções podem ser feitas como manter um horário regular de sono, evitar estimulantes e consumo de álcool à noite, revisar medicamentos Os Centenários Os centenários são aqueles idosos que ultrapassam 100 anos de idade e são representantes do envelhecimento bem-sucedido, pois não possuem doenças frequentes do envelhecimento, como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares ou cataratas Os centenários provavelmente devem possuir um excelente sistema imunológico, ótimo estilo de vida e bagagem genética. Apesar de apresentarem uma diminuição do número de linfócitos T no sangue, eles têm uma proliferaçãolinfocitária tão boa quanto a dos adultos. Além disso, eles possuem poucos autoanticorpos que causam doenças autoimune e exibem uma excelente atividade das células NK, o que explica a ausência de câncer na maioria dos integrantes desse grupo. - Vacinas e Imunoterapia Vacinas Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, os idosos atingiram a marca de 30 milhões em 2021 e a expectativa de vida superou os 76 anos. Isso se deve ao acesso democratizado às vacinas que tem tudo a ver com o aumento da longevidade e a qualidade de vida da população idosa. Com o avançar da idade, é normal que o organismo fique mais suscetível às infecções causadas por vírus, bactérias e fungos, então as vacinas estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos, e manter a imunização ativa das pessoas mais velhas, não apenas para prevenir as doenças, mas também para evitar que elas se agravem. https://butantan.gov.br/noticias/Com%20o%20objetivo%20de%20sensibilizar%20a%20sociedade%20para%20as%20quest%C3%B5es%20relacionadas%20ao%20envelhecimento%20populacional%20%E2%80%93%20uma%20tend%C3%AAncia%20global%20e%20irrevers%C3%ADvel,%20segundo%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20(ONU)%20%E2%80%93%20desde%201991%20o%20Dia%20Internacional%20da%20Pessoa%20Idosa%20%C3%A9%20celebrado%20em%201%C2%BA%20de%20outubro.%20At%C3%A9%202050%20o%20n%C3%BAmero%20de%20pessoas%20acima%20de%2065%20anos%20no%20mundo%20dever%C3%A1%20mais%20do%20que%20dobrar,%20saltando%20de%20761%20milh%C3%B5es%20para%201,6%20bilh%C3%B5es.%20No%20Brasil,%20onde%20os%20idosos%20atingiram%20a%20marca%20de%2030%20milh%C3%B5es%20em%202021%20e%20a%20expectativa%20de%20vida%20superou%20os%2076%20anos,%20o%20acesso%20democratizado%20%C3%A0s%20vacinas%20tem%20tudo%20a%20ver%20com%20o%20aumento%20da%20longevidade%20e%20a%20qualidade%20de%20vida%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o.%20%20Com%20o%20avan%C3%A7ar%20da%20idade,%20%C3%A9%20normal%20que%20o%20organismo%20fique%20mais%20suscet%C3%ADvel%20%C3%A0s%20infec%C3%A7%C3%B5es%20causadas%20por%20v%C3%ADrus%20e%20bact%C3%A9rias.%20Uma%20vez%20que%20as%20vacinas%20estimulam%20o%20sistema%20imunol%C3%B3gico%20a%20produzir%20anticorpos,%20manter%20a%20imuniza%C3%A7%C3%A3o%20dos%20mais%20velhos%20em%20dia%20%C3%A9%20essencial%20n%C3%A3o%20apenas%20para%20prevenir%20o%20aparecimento%20de%20doen%C3%A7as,%20mas%20tamb%C3%A9m%20para%20evitar%20a%20evolu%C3%A7%C3%A3o%20de%20quadros%20mais%20graves%20%E2%80%93%20algo%20comprovado%20durante%20a%20recente%20pandemia%20de%20coronav%C3%ADrus. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/34438-populacao-cresce-mas-numero-de-pessoas-com-menos-de-30-anos-cai-5-4-de-2012-a-2021#:~:text=A%20popula%C3%A7%C3%A3o%20total%20do%20pa%C3%ADs,39%2C8%25%20no%20per%C3%ADodo. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/34438-populacao-cresce-mas-numero-de-pessoas-com-menos-de-30-anos-cai-5-4-de-2012-a-2021#:~:text=A%20popula%C3%A7%C3%A3o%20total%20do%20pa%C3%ADs,39%2C8%25%20no%20per%C3%ADodo. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29502-em-2019-expectativa-de-vida-era-de-76-6-anos#:~:text=Em%201940%2C%20a%20taxa%20de,de%2014%2C0%20por%20mil.&text=%2D198%2C1-,Das%20crian%C3%A7as%20que%20vieram%20a%20falecer%20antes%20de%20completar%20os,e%204%20anos%20de%20idade. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29502-em-2019-expectativa-de-vida-era-de-76-6-anos#:~:text=Em%201940%2C%20a%20taxa%20de,de%2014%2C0%20por%20mil.&text=%2D198%2C1-,Das%20crian%C3%A7as%20que%20vieram%20a%20falecer%20antes%20de%20completar%20os,e%204%20anos%20de%20idade. Como exemplo da pandemia onde os idosos eram considerados grupo de risco, devido seu sistema imunológico ser mais debilitado, por isso eles eram prioridade para tomar as doses da vacina É necessário que haja cada vez estratégias de vacinação para melhorar a eficiência das vacinação nos idosos Imunoterapia Os adjuvantes são usados na imunoterapia para estimular o sistema imunológico a produzir uma resposta mais forte e duradoura ao antígeno, vários formas baseados na adição de adjuvantes para formulações vacinais estão sendo estudados, a fim de aumentar a eficiência da resposta imune do idoso a vacinação, e também estimular a indução de memória imunológica duradoura relacionada às células T e B e secreção de anticorpos pelos plasmócitos, fazendo com que haja a diminuição de efeitos da imunossenescência. Os principais adjuvantes são divididos em dois grupos: os utilizados no sistema “antígenos associados a partículas” e os adjuvantes imunoestimulatórios. De um modo geral, os adjuvantes imunoestimulatórios, através dos receptores toll-like (TLR) ou dos receptores de citocinas, estimulam o desenvolvimento das células dendríticas (CD), as quais passam a secretar citocinas e a aumentar a produção de moléculas do complexo de histocompatibilidade (MHC) e de moléculas co-estimulatórias, potencializando a resposta imune do idoso. Já os adjuvantes utilizados no sistema “antígenos associados a partículas” aumentam a apresentação de antígenos na ausência de moléculas co-estimulatórias, levando a uma forte resposta de células B e a uma resposta do tipo Th2 6. Pesquisas Recentes Células T reprogramadas As células T são fundamentais para o sistema imunológico, atuando como células ‘assassinas’, que eliminam células infectadas, ou como células ‘auxiliadoras’, que ajudam na produção de anticorpos pelas células B. Podendo ser modificadas para combater o câncer formando célula CAR-T Nessa pesquisa descobriu-se que células CAR-T podem ser adaptadas pra eliminar de células senescentes (células que pararam de se dividir, mas não morreram), que contribuem para o envelhecimento e doenças relacionadas à idade. 1. Os pesquisadores identificaram que as células senescentes carregam na superfície o receptor de ativador de plasminogênio uroquinase (uPAR). 2. Eles estudaram a ligação entre essa proteína e tecidos envelhecidos. 3. A análise foi feita por sequenciamento de RNA em ratos de diferentes idades, essa análise mostrou que o gene responsável pelo uPAR, conhecido como Plaur (Plasminogen Activator, Urokinase Receptor) tinha expressão aumentada em vários órgãos de ratos com 20 meses de idade, (equivalente a um humano de 56 a 69 anos) comparados com os de três meses (equivalente a um humano de 20 a 30 anos). 4. Usando métodos de imuno-histoquímica e examinando amostras de tecido pancreático humano de indivíduos jovens e idosos, os pesquisadores constataram que o uPAR estava expresso em células senescentes 5. A equipe então desenvolveu células CAR-T direcionadas ao uPAR e as testou em ratos mais velhos. Após receberem uma única dose do tratamento, os ratos tratados com células CAR-T mostraram melhorias significativas na saúde em comparação com os não tratados. Eles exibiram uma saúde metabólica melhor, incluindo níveis mais baixos de glicose no sangue em jejum e maior sensibilidade à insulina, além de uma capacidade física aprimorad, constatando a eficiência das células T reprogramadas na eliminação de células senescentes minhas referências Any NOVAES, M. R. C. G. et al. (2005). Suplementação de micronutrientes na senescência: implicações nos mecanismos imunológicos. Revista de Nutrição, Campinas, 18(3):367-376 MALAFAIA, G. (2008). Implicações da imunossenescência na vacinação de idosos. Revista brasileira de geriatria e gerontologia, Ouro Preto, 11(3):433-441 MALAFAIA, G. (2008). As conseqüências das deficiências nutricionais, associadas à imunossenescência, na saúde do idoso. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, Ouro Preto, v.33, n. 3, p. 168-76. DOI:10.7322/abcs.v33i3.153 http://dx.doi.org/10.7322/abcs.v33i3.153 Leal, A. S.; Paoliello, B. L.; Silva, F. B.; Muller, G. M.; CarvalhoI. C.; Silva L. F. M.; Silva, M. H.; Prates, S. K. P.; Peruzzo Y. L. (2022). Os diversos aspectos da imunessenescência: uma revisão sistemática. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.8, n.3, p.15553-15584. DOI:10.34117/bjdv8n3-006 SILVA, Madelaine. Células T reprogramadas fazem com que ratos (e talvez nós) envelheçam mais devagar. hypescience, 2024. Disponível em: Células T reprogramadas fazem com que ratos (e talvez nós) envelheçam mais devagar (hypescience.com). Acesso em: 30/08/2024 7. Conclusão A imunidade nos idosos depende diretamente do equilíbrio entre os efeitos benéficos e maléficos das respostas inflamatórias. E, finalmente, a intensidade das inflamações ocorridas ao longo da vida parece ser determinante para a homeostase da imunossenescência. Nos idosos, muitas alterações em ambos os tipos de imunidade, inata e adaptativa, têm sido descritas. Essas alterações são geralmente consideradas como uma deterioração da imunidade, que é denominada imunossenescência. Este processo é caracterizado por um estado inflamatório crônico (inflamm-aging). Além disso, a imunidade inata parece estar mais bem preservada em relação à adaptativa. Assim, imunossenescência é responsável pelo aumento da suscetibilidade a doenças infecciosas, assim como pela origem dos mecanismos biológicos responsáveis pelas doenças inflamatórias relacionadas à idade. Uma melhor compreensão da imunossenescência e o desenvolvimento de novas estratégias para combatê-la são essenciais, não apenas para estratégias antienvelhecimento com o objetivo de rejuvenescimento, mas, mais importante, com o objetivo de prolongar a vida saudável pela prevenção de doenças infecciosas e, assim, melhorar a qualidade de vida nos últimos anos. 8. Referências https://hypescience.com/celulas-t-reprogramadas-fazem-com-que-ratos-e-talvez-nos-envelhecam-mais-devagar/ https://hypescience.com/celulas-t-reprogramadas-fazem-com-que-ratos-e-talvez-nos-envelhecam-mais-devagar/ Células T reprogramadas