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MALÁRIA Araguaína, 28 de Novembro de 2017 História natural da Malária A malária é uma doença muito antiga, ela foi descrita por Hipócrates, na era pré-Cristã. Hipócrates foi quem relatou as suas características de ocorrência sazonal (típico de uma estação). Mas, o termo malária só teve origem no começo do século XIX. Os parasitos pertecem ao filo Apicomplexa, da família Plasmodiidae do gênero Plamodium. A malária é transmitida através da picada da fêmea do mosquito Anopheles. Esses mosquitos geralmente picam entre o anoitecer e o amanhecer. Há quatro espécies que parasitam o homem: Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae, Plasmodium vivax e Plasmodium ovale (este ocorre apenas no continente africano). O Plasmodium falciparum é a principal causa da malária clínica grave e de mortes. Suscetibilidade: A malária é uma doença evitável, detectável e tratável, que se apresenta mais comumente em áreas pobres e desfavorecidas. Suscetibilidade à malária depende do metabolismo do hospedeiro daquele parasita. Cientistas portugueses descobriram, num estudo com ratinhos, que a suscetibilidade à malária depende do metabolismo do organismo-hospedeiro do parasita que causa a infeção, isso foi divulgado pelo Instituto de Medicina Molecular (iMM). Manifestação subclínica: É quando o paciente não apresenta sintomas da doença, há evidências de infecção subclínica de Plasmodium. Esse comportamento da doença pode indicar que a dinâmica da malária pode ter atingido um nível de transmissão “sustentável”, sem causar morbidade e sem afetar a sobrevivência de hospedeiros, reservatórios e vetores (Sallum et al. 2014). O ciclo eritrocítico assexuado é responsável pelas manifestações clínicas e patologia da malária. Diagnóstico: O diagnóstico de certeza da infecção malárica só é possível pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente. Esse teste é feito pela tira reagente ou por meio da observação do parasita em microscópio em uma amostra de sangue (como já disse anteriormente). Os sintomas da malária são inespecíficos, ou seja, não há distinção entre ela e outras infecções agudas no homem. É importante dizer que indivíduos semi-imunes ao plasmódio podem ter parasitos da malária, mas sem sintomas da doença, como ocorre nas áreas holoendêmicas (é quando o nível elevado de prevalência da infecção começa precocemente). O médico e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, há anos se dedica à área da parasitologia, diz que a malária torna-se "potencialmente grave quando não diagnosticada e tratada nas primeiras 48 horas após o início do quadro, usualmente com febre e cefaleia como único sinal e sintoma. O atraso no diagnóstico e no tratamento pode resultar em complicações no cérebro, pulmões, rins, células do sangue e até levar à morte". Tratamento: O início do tratamento deve ser o mais precoce possível, o qual tem impacto na sobrevida do paciente, e é baseado na combinação de drogas antimaláricas e medidas de suporte. Esse tratamento pretende interromper a esquizogonia sanguínea, que é a responsável pela patogenia e manifestações clinicas da infecção. O tratamento mais eficiente para malária é uma terapia combinada à base de artemisinina (ACTs em inglês). A terapia tem baixo nível de toxicidade, poucos efeitos colaterais e age rapidamente contra o parasita. O Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente os medicamentos antimaláricos em todo território nacional.O tratamento pode ser complicado pelo surgimento de resistência e pela gravidade do doente. A avaliação da parasitemia após 24 horas do início da terapêutica é importante para observação da existência de falhas, sobretudo em enfermos que venham mantendo quadro clínico inalterado ou com piora. No Brasil, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em Nota Técnica de 2007, recomenda o emprego de derivados de artemisina no tratamento da Malária pelo Plasmodium falciparum. Hoje, 41 dos 54 países africanos alteraram oficialmente seus protocolos para tratar a malária de primeira linha com artemisinina. Desfecho: O desfecho clínico da malária, envolve desde fatores de susceptibilidade do hospedeiro, genética, idade gênero, os fatores de virulência do parasita e fatores ambientais. Isso tudo em interação com o Plasmodium, e pode acarretar tanto formas assintomáticas da malária como formas mais graves. Letalidade: Malária tem alto índice de mortalidade, apesar de o tratamento ser simples. A letalidade está relacionada à falta ou à demora em se diagnosticar a doença. De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) de dezembro de 2011, ocorreram 216 milhões de casos de malária no mundo no ano. Destes, 655 mil foram letais. A Amazônia concentra 99,7% dos casos do país. Ano passado, foram 74 mortes por malária na região. Os casos que podem levar à morte ocorrem por meio do Plasmodium falciparum, que corresponde a 15% dos infectados brasileiros e 80% dos africanos. Mais vale ressaltar que o acompanhamento adequado, as medidas de suporte avançado e o diagnóstico rápido diminuem a letalidade relacionada à enfermidade. Contudo, não se deve substituir ou relegar, para segundo plano, as medidas de controle da doença em todo o mundo. Incidência: A Organização Mundial da Saúde apontam para a ocorrência de cerca de 250 milhões de casos e 860 mil mortes, cerca de 90 % deles na África, devido à doença no mundo, em 2008. No Brasil, mais do que estimativas, temos números quase exatos dos casos registrados: cerca de 300 mil, mais de 99% dos quais na Amazônia, em 2009. Em 2015, um total de 214 milhões de casos novos de malária foram registrados no mundo, com a estimativa de que 490 mil pessoas tenham morrido em decorrência da doença. Cerca de 3,2 bilhões de pessoas em 97 países e territórios sofrem o risco de ser infectadas com malária. Em 2013, foram registrados 198 milhões de casos da doença, o que ocasionou a morte de 584 mil pessoas em todo o mundo, e, entre elas, 453 mil crianças menores de cinco anos. Prevalência: A maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), área endêmica para a doença. Nas demais regiões, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois se observa uma letalidade mais elevada que na região endêmica. Destacam-se a intensidade de transmissão nos estados do Pará, Rondônia e Amazonas. OBS: As pessoas que tem anemia falciforme não “pegam” a malária. Normalmente o protozoário Plasmodium usa uma proteína chamada adesina para chegar à parte externa dos glóbulos vermelhos, de onde chegam às paredes dos vasos sanguíneos. A partir daí, provocam os problemas neurológicos e circulatórios ligados à malária. Nas pessoas que têm anemia falciforme, esse mecanismo é bloqueado. O Plasmodium não acessa a parte externa dos glóbulos vermelhos e, por isso, não há infecção. REFERÊNCIAS REY L. Parasitologia. 2a ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 1992. NEVES, P. D. Parasitologia humana.11.ed.- São Paulo. Editora Atheneu, 2010. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de diagnóstico laboratorial da malária. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 112 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Fundação Nacional de Saúde. Manual de Terapêutica da Malária. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. 102p. Este é o ciclo do Plasmodium em humanos. Classificação das áreas de risco para malária segundo a incidência parasitaria. image1.jpg image2.jpg