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Autores: Profa. Vanessa Santhiago Prof. Helder Cravo da Costa Colaborador: Prof. Marcel da Rocha Cheheun Medidas e Avaliações Professores conteudistas: Vanessa Santhiago / Helder Cravo da Costa Vanessa Santhiago Natural de São Paulo (SP), é professora titular da Universidade Paulista (UNIP) desde 2009 e coordenadora auxiliar do curso de Educação Física (graduação plena) na modalidade EaD. Líder da disciplina Medidas e Avaliações, ministra também as disciplinas Biologia, Fisiologia Aplicada a Atividade Motora e Fisiologia do Exercício. É formada em Educação Física (2000) e especialista em Avaliação e Prescrição de Exercícios Físicos (2003) pelas Faculdades Salesianas de Lins (atualmente UniSALESIANO), mestre (2005) e doutora (2009) em Ciências da Motricidade, área de Biodinâmica da Motricidade Humana, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp campus Rio Claro). Helder Cravo da Costa Natural de Sorocaba (SP), é professor da Universidade Paulista (UNIP) desde 2008. Atua nos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Radiologia, Enfermagem e Biomedicina nas disciplinas Anatomia Humana, Citologia, Histologia, Bioquímica, Fisiologia, Neurofisiologia e Patologia. É graduado em Educação Física (1998) pela Faculdade de Educação Física de Sorocaba da Associação Cristã de Moços (Fefiso ACM) e em Biomedicina (2010) pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio de Itu (Ceunsp), mestre em Ciências Morfofuncionais (2013) pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e possui especialização em Treinamento Esportivo (1999) pela Universidade do Norte do Paraná (Unopar). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S234m Santhiago, Vanessa. Medidas e avaliações. / Vanesa Santhiago, Helder Cravo da Costa. São Paulo: Editora Sol, 2024. 266 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Medidas. 2. Avaliações. 3. Composição corporal. I. Costa, Helder Cravo da. II. Título. CDU 796 U519.52 – 24 Profa. Sandra Miessa Reitora Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração e Finanças Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora das Unidades Universitárias Profa. Silvia Gomes Miessa Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal Profa. Laura Ancona Lee Vice-Reitora de Relações Internacionais Prof. Marcus Vinícius Mathias Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária UNIP EaD Profa. Elisabete Brihy Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. M. Deise Alcantara Carreiro Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes Projeto gráfico: Revisão: Prof. Alexandre Ponzetto Lucas Ricardi Carla Moro Sumário Medidas e Avaliações APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 CONCEITOS BÁSICOS EM MEDIDAS E AVALIAÇÕES .......................................................................... 11 1.1 Valores de referências ......................................................................................................................... 12 1.2 Tipos de avaliações .............................................................................................................................. 13 1.3 Critérios de seleção de testes .......................................................................................................... 13 1.3.1 Critérios que garantem testes confiáveis ..................................................................................... 14 1.4 Erros de medida .................................................................................................................................... 15 1.5 Teste de laboratório e teste de campo ........................................................................................ 15 1.6 Ética em medidas e avaliações ....................................................................................................... 16 2 AVALIAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS ............................................................................................................ 16 2.1 Estatura .................................................................................................................................................... 16 2.2 Peso corporal ou massa corporal ................................................................................................... 23 2.3 Envergadura ............................................................................................................................................ 29 2.4 Diâmetros ósseos .................................................................................................................................. 29 2.4.1 Cuidados durante a realização das medidas ............................................................................... 30 2.4.2 Procedimentos para medição dos diâmetros ósseos ................................................................ 31 2.4.3 Pontos mais frequentes de mensuração de diâmetros ósseos ............................................. 31 2.4.4 Descrição dos pontos anatômicos ................................................................................................... 32 2.5 Perímetros ou circunferências ........................................................................................................ 37 2.5.1 Procedimentos para medição das circunferências .................................................................... 38 2.5.2 Pontos mais frequentes de mensuração de circunferências corporais ............................ 38 2.5.3 Descrição dos pontos anatômicos ................................................................................................... 39 2.6 Dobras cutâneas ................................................................................................................................... 46 2.6.1 Procedimentos para medição das dobras cutâneas ................................................................. 47 2.6.2 Erros do avaliador ................................................................................................................................... 48 2.6.3 Pontos mais frequentes de mensuração das dobras cutâneas ............................................ 48 2.6.4 Descrição dos pontos anatômicos ................................................................................................... 49 3 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL............................................................................................ 56 3.1 Composição corporal .......................................................................................................................... 56 3.2 Métodos para detecção da composição corporal ................................................................... 56 3.2.1 Métodos indiretos ...................................................................................................................................com os pés unidos e os braços ligeiramente afastados do corpo. O avaliador deve permanecer na lateral do avaliado. Caso seja possível, um assistente pode posicionar a fita atrás do avaliado. Figura 34 – Medida de circunferência do quadril Figura 35 – Medida de circunferência do quadril (vista lateral) 43 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 2.5.3.6 Coxa (proximal) Imediatamente abaixo da prega glútea, estando o avaliado em posição anatômica. O avaliador se posiciona lateralmente ao avaliado, e a medida é horizontal. Figura 36 – Medida de circunferência da coxa proximal 2.5.3.7 Perna Maior circunferência (no terço proximal) perpendicular ao eixo da perna. A medida deve ser realizada horizontalmente. O avaliado deve estar de pé com o peso corporal dividido igualmente entre as duas pernas. O avaliador se posiciona lateralmente ao avaliado. Figura 37 – Medida de circunferência da perna 44 Unidade I 2.5.3.8 Tornozelo Menor circunferência (no terço distal) perpendicular ao eixo da perna, medida horizontalmente. O avaliado deve estar de pé, com o peso corporal dividido igualmente entre as duas pernas. O avaliador se posiciona lateralmente ao avaliado. Figura 38 – Medida de circunferência do tornozelo 2.5.3.9 Braço relaxado Circunferência perpendicular ao eixo do segmento tomada na região média do braço relaxado (entre o processo acromial da escápula e o processo olécrano da ulna), estando o avaliado em posição anatômica. O avaliador se posiciona lateralmente ao avaliado. Figura 39 – Medida de circunferência do braço 45 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 2.5.3.10 Braço fletido Maior circunferência perpendicular ao eixo do segmento quando o braço está em flexão. O braço deve estar paralelo ao solo. O braço esquerdo deve opor resistência de forma que o antebraço e o braço formem um ângulo de 90º. O avaliador se posiciona lateralmente ao avaliado. Figura 40 – Medida de circunferência do braço fletido 2.5.3.11 Antebraço Maior circunferência (terço proximal) do segmento. O cotovelo deve estar em extensão e o braço, relaxado. O avaliador se posiciona lateralmente ao avaliado. Figura 41 – Medida de circunferência do antebraço 46 Unidade I 2.5.3.12 Punho Menor circunferência (no terço distal) perpendicular ao eixo do antebraço. O avaliador permanece à frente do avaliado. Figura 42 – Medida de circunferência do punho 2.6 Dobras cutâneas Prega cutânea, ou dobra cutânea, se refere à espessura em milímetros de três camadas de pele mais a gordura subcutânea. As medidas de espessuras das dobras cutâneas podem ser realizadas em várias regiões do corpo humano, sendo que várias medidas oferecem visão mais clara quanto à disposição da gordura. Assim, torna-se possível verificar a possibilidade de conhecer o padrão de distribuição do tecido adiposo subcutâneo, pelas diferentes regiões anatômicas. O equipamento que realiza essa medida se chama adipômetro ou compasso de dobras cutâneas. Figura 43 – Modelos de adipômetros ou compasso de dobras cutâneas Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 53) 47 MEDIDAS E AVALIAÇÕES As medidas de dobras cutâneas não devem ser realizadas após a prática de atividades físicas devido à mudança de fluídos corporais durante a prática, o que pode alterar o valor da medida. O avaliador deve realizar a maior quantidade de avaliações possível para se tornar experiente. É necessário muito tempo e prática para realizar as medições sem erros. Pele Gordura Músculo Osso Figura 44 – Demonstração dos tecidos envolvidos na medida das dobras cutâneas Fonte: Rocha e Guedes Jr. (2013, p. 108). Como já dito anteriormente, deve-se atentar aos cuidados durante a verificação das medidas. 2.6.1 Procedimentos para medição das dobras cutâneas Alguns procedimentos devem ser seguidos: • Assegurar que a pele do avaliado esteja seca, sem loções hidratantes ou óleos corporais que podem fazer com que o compasso deslize. • Segurar o compasso com a mão direita. • Destacar o tecido adiposo das estruturas mais profundas utilizando os dedos polegar e indicador da mão esquerda. • Identificar e marcar o local para a medição da dobra cutânea. • Segurar a dobra cutânea até a realizar a leitura. • Colocar as hastes do compasso de dobras cutâneas 1 cm abaixo dos dedos que estão segurando a dobra. • Manter compasso perpendicular à dobra cutânea. • Realizar as medições do lado direito do avaliado. • Soltar a pressão das hastes do compasso lentamente. 48 Unidade I • Aguardar de 2 a 4 segundos após soltar a pressão das hastes do compasso para realizar a leitura da medida. • Realizar três medidas em cada ponto, intercaladas entre si. • Adotar o valor mediano (intermediário) como sendo a medida da dobra cutânea, ou somar os três valores obtidos e extrair a média. • Realizar nova série de medidas quando houver uma diferença superior a 5%. 2.6.2 Erros do avaliador Podemos citar como erros do avaliador: • Largar a dobra cutânea antes da realização da medida. • Não colocar o compasso perpendicular à medida. • Não respeitar o sentido da medida. • Não respeitar o número de repetições da medida (três vezes). • Não aguardar o tempo de leitura da medida (2 a 4 segundos). • Efetuar leitura errada do compasso. 2.6.3 Pontos mais frequentes de mensuração das dobras cutâneas A seguir, serão apresentados os pontos mais frequentes de mensuração das dobras cutâneas: • tricipital (tríceps); • bicipital (bíceps); • subescapular; • peitoral/torácica; • axilar média; • abdominal; • suprailíaca; • coxa; • perna. 49 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 2.6.4 Descrição dos pontos anatômicos 2.6.4.1 Tricipital Mede-se o ponto médio localizado entre o acrômio e o olécrano na face posterior do braço. O acrômio (do grego: akron = ponta; omos = ombro) é um processo posterior e grande que se projeta anteriormente em um ângulo de 90º a partir da extremidade lateral da espinha da escápula. Se você passar os dedos ao longo da face superior da articulação do ombro, sentirá esse processo na borda lateral, sob a pele. O olécrano é uma projeção posterior espessa da epífise proximal da ulna que forma a “ponta do cotovelo”. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar atrás do avaliado, que estará com o cotovelo estendido. Utilizando o polegar e o dedo indicador, o avaliador faz uma pinça e separa o tecido subcutâneo do tecido muscular no sentido do eixo longitudinal do corpo. Figura 45 – Medida de dobra cutânea tricipital 2.6.4.2 Bicipital Mede-se o ponto localizado na face anterior do braço na altura do ponto onde foi realizada a medida da dobra cutânea tricipital, no ponto de maior circunferência aparente do ventre muscular do bíceps. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar na frente do avaliado, que estará com o cotovelo estendido. Utilizando o polegar e o dedo indicador, o avaliador faz uma pinça e separa o tecido subcutâneo do tecido muscular no sentido do eixo longitudinal do corpo. 50 Unidade I Figura 46 – Medida de dobra cutânea bicipital 2.6.4.3 Subescapular Mede-se o ponto imediatamente abaixo do ângulo inferior da escápula. A escápula é um osso triangular localizado na parte posterior sobre a caixa torácica. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar atrás do avaliado, que deve permanecer com os ombros sem contrações específicas, relaxado. Utilizando o polegar e o dedo indicador, o avaliador faz uma pinça e separa o tecido subcutâneo do tecido muscular no sentido oblíquo ao eixo longitudinal do corpo, seguindo orientação dos arcos costais, mais ou menos 2 cm abaixo do ângulo inferior da escápula. Figura 47 – Medida de dobra cutânea subescapular 51 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 2.6.4.4 Peitoral/torácica Mede-se o ponto localizado entre a linha axilar anterior e o mamilo, sendo em locais diferente entre homens e mulheres. A linha axilar anterior representa uma linha imaginária que segue longitudinalmente (verticalmente) ao longo da prega axilar anterior, que é formada pela margem ínfero-lateral do músculo peitoral maiorquando passa da caixa torácica para o úmero no braço. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar na lateral do avaliado, que deve manter o membro superior relaxado. Utilizando o polegar e o dedo indicador da mão esquerda, o avaliador faz uma pinça e separa o tecido subcutâneo do tecido muscular no sentido oblíquo ao eixo longitudinal do corpo, sendo para os homens na metade da distância entre a linha axilar anterior e o mamilo e para as mulheres no terço proximal dessa distância. Figura 48 – Medida de dobra cutânea peitoral 2.6.4.5 Axilar média Mede-se o ponto localizado na linha axilar média na altura do processo xifoide. A linha axilar média representa uma linha imaginária que segue longitudinalmente (verticalmente) e se inicia no ápice (parte mais profunda) da fossa axilar, paralelamente à linha axilar anterior. Já o processo xifoide é uma pequena projeção de cartilagem na região anterior do tórax, estando na porção inferior do corpo do esterno. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar na lateral do avaliado, que deve manter o membro superior deslocado para trás, a fim de facilitar a obtenção da medida. Utilizando o polegar e o dedo indicador da mão esquerda, o avaliador faz uma pinça e separa o tecido subcutâneo do tecido muscular do ponto localizado na intersecção entre a linha axilar média e uma linha imaginária transversal na altura do processo xifoide do esterno. A medida é realizada obliquamente ao eixo longitudinal. 52 Unidade I Essa medida pode ser feita transversalmente ou longitudinalmente. Figura 49 – Medida de dobra cutânea axilar média transversal Figura 50 – Medida de dobra cutânea axilar média longitudinal 53 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 2.6.4.6 Abdominal Mede-se a dobra na região abdominal no ponto localizado 2 cm à direita da borda lateral da cicatriz umbilical. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar à frente do avaliado. Utilizando o polegar e o dedo indicador da mão esquerda, o avaliador faz uma pinça e separa o tecido subcutâneo do tecido muscular, com cuidado para não pressionar o tecido conjuntivo fibroso que constitui as bordas da cicatriz umbilical, pois isso alteraria o formato natural da cicatriz. Na maioria dos protocolos, essa medida é feita de forma longitudinal. No entanto, no protocolo de Lohman (1992), essa medida é realizada horizontalmente. Figura 51 – Medida de dobra cutânea abdominal horizontal Figura 52 – Medida de dobra cutânea longitudinal 54 Unidade I 2.6.4.7 Suprailíaca Mede-se o ponto localizado a 2 cm da crista ilíaca, na distância entre o último arco costal e a crista ilíaca, sobre a linha axilar média. A crista ilíaca é uma linha óssea proeminente, aguçada e localizada na margem superior do osso ílio, entre a espinha ilíaca ântero-superior e espinha ilíaca póstero-superior. A linha axilar média representa uma linha imaginária que segue longitudinalmente (verticalmente) e se inicia no ápice (parte mais profunda) da fossa axilar, paralelamente à linha axilar anterior. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar na lateral do avaliado, que deve manter o membro superior deslocado para trás, a fim de facilitar a obtenção da medida. Utilizando o polegar e o dedo indicador da mão esquerda, o avaliador faz uma pinça e separa o tecido subcutâneo do tecido muscular na linha axilar média imediatamente superior à crista ilíaca. A medida é realizada obliquamente ao eixo longitudinal e deve ser feita obliquamente ao eixo longitudinal. Figura 53 – Medida de dobra cutânea suprailíaca 2.6.4.8 Coxa Mede-se o ponto médio localizado entre o ligamento inguinal no quadril e a borda superior da patela na articulação do joelho na face anterior da coxa. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar à frente do avaliado. Para facilitar o pinçamento dessa dobra, o avaliado deverá deslocar o membro inferior direito à frente, com uma semiflexão do joelho, e manter o peso do corpo no membro inferior esquerdo. Utilizando o polegar e o dedo indicador da mão esquerda, o avaliador faz uma pinça e separa o tecido subcutâneo do tecido muscular paralelamente ao eixo longitudinal sobre o músculo reto femoral. O avaliador permanece posicionado a frente do avaliado. 55 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 54 – Medida de dobra cutânea da coxa 2.6.4.9 Perna Mede-se o ponto localizado na parte medial da perna, no ponto de maior circunferência. Para mensuração da dobra, o avaliador deve se posicionar à frente do avaliado, estando este sentado, com a articulação do joelho em flexão de 90º e o tornozelo em posição anatômica e o pé sem apoio, deixando a musculatura relaxada. A dobra é pinçada no ponto de maior perímetro da perna, com o polegar e o dedo indicador da mão esquerda apoiado na borda medial da tíbia separando o tecido subcutâneo do tecido muscular, paralelamente ao eixo longitudinal do corpo. Figura 55 – Medida de dobra cutânea da perna 56 Unidade I 3 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL 3.1 Composição corporal A composição corporal é considerada um componente da aptidão física relacionada à saúde e ao treinamento. Existe uma relação entre a quantidade e distribuição da gordura com as alterações no nível de aptidão física e no estado de saúde. Além do mais, o excesso de gordura corporal favorece o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas. O processo de envelhecimento normal (senescência) também altera a composição corporal, pois, à medida que perdemos massa muscular, o percentual de gordura corporal aumenta. 3.2 Métodos para detecção da composição corporal Os métodos utilizados para a detecção da composição corporal são divididos entre os métodos diretos, indiretos e duplamente indiretos, sendo que no método direto, cada um dos componentes corporais é separado e pesado isoladamente (ossos, vísceras, músculos, gordura). As informações são obtidas de diferentes tecidos do corpo, mediante dissecação macroscópica ou por meio da extração lipídica. Esse procedimento, portanto, implica em alta quantidade de incisões, o que limita seu uso somente à dissecação de cadáveres. 3.2.1 Métodos indiretos Os métodos indiretos são aqueles em que não há a manipulação dos componentes separadamente e, apesar de apresentarem precisão secundária quando comparados aos primários, são viáveis de serem realizados e são considerados confiáveis, com grande grau de precisão. Esses métodos são validados a partir do método direto e contam com uma gama de modelos (simples e complexos) e equipamentos, sendo alguns de alto custo financeiro. Os métodos indiretos podem ser divididos em métodos químicos e métodos físicos. A contagem total de potássio corporal e a excreção urinária de creatinina são considerados métodos químicos, enquanto a pletismografia, a pesagem hidrostática (hidrodensitometria), o Dexa (o raio X de dupla energia), a tomografia (raio X), a ultrassonografia e a ressonância magnética são considerados métodos físicos. 3.2.1.1 Potássio corporal total Este método pode estimar a massa livre de gordura (MLG) por meio da contagem de potássio existente no corpo, usando a técnica de espectrometria de raios gama. Nesse equipamento são geradas imagens da distribuição de um radioisótopo (emissor de raios gama) injetado no paciente e, após sua absorção pelo corpo, elas são analisadas de forma quantitativa através de cálculos da concentração e velocidade de movimento desse radioisótopo. O radioisótopo 40K (potássio 40) permite sua detecção e sua quantificação, a partir de sua emissão de radiação gama, a qual é detectada por um equipamento de cintilografia (captador de raios gama). Então, ao se estabelecer a quantidade de potássio corporal total, pode-se estimar a MLG. Essa técnica tem sua utilização limitada devido ao alto custo e à dificuldade técnica. 57 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 3.2.1.2 Excreção urinária de creatinina Existe uma relação significativa entre creatinina corporal e a produção da creatinina urinária. Por meio desse método, épossível estabelecer uma relação entre a excreção urinária de creatinina com a massa livre de gordura (MLG). Entretanto, a variação do processamento renal da creatinina diariamente é um dos fatores que afetam a validação deste método. Assim, o erro é muito elevado quando a MLG é estimada pela excreção de creatinina (3 a 8 kg) se comparado com os valores da contagem de potássio e da pesagem hidrostática, motivo pelo qual o método não é muito utilizado. 3.2.1.3 Pesagem hidrostática A pesagem hidrostática é baseada no Princípio de Arquimedes e é considerada o “padrão-ouro” das avaliações indiretas. Esse princípio diz que quando um corpo é submerso em água, ele desloca um volume de água igual ao seu próprio volume. Essa relação do peso do objeto no ar, dividido pela perda de peso em água, é conhecida como densidade ou gravidade específica. Para determinação do volume corporal por meio da pesagem hidrostática (ou pesagem subaquática), será calculada a diferença entre o peso corporal aferido normalmente fora da água e a medição do corpo submerso em água, bem como o volume de água por ele deslocado. Isso tem servido de embasamento para a utilização da pesagem hidrostática na determinação da densidade e do volume corporal. Assim, para determinação da densidade corporal, o indivíduo deve ser pesado fora e dentro da água, sendo em seguida aplicados esses valores em uma equação matemática. Após esse cálculo, obtêm-se a estimativa da densidade corporal. Na sequência, através de modelos matemáticos de Siri (1961) e Brozek et al. (1963), é possível estimar o percentual de gordura corporal (%G). A pesagem hidrostática considera que o corpo é formado por dois componentes distintos, massa de gordura (MG) e massa livre de gordura (MLG). Sendo assim, determinada a porcentagem de gordura, a massa magra é derivada pela simples subtração matemática. 3.2.1.4 Plestismografia A plestimografia estima o volume corporal através do deslocamento de ar. Uma vez determinado o volume corporal, a densidade corporal poderá ser estimada, assim como o percentual de gordura corporal. Essa técnica obteve uma excelente correlação com a pesagem hidrostática para valores do %G (r = 0,96) em homens e mulheres de diferentes idades, níveis de gordura corporal e etnicidades. Este é um método simples, seguro e que requer uma cooperação mínima do sujeito avaliado, porém, exige um equipamento complexo, sofisticado e de alto custo. A avaliação através da pletismografia consiste de uma câmara construída de fibra de vidro com uma janela de acrílico, contendo no seu interior um volume aproximado de 450 litros com um assento para o avaliado se acomodar. Através de um software específico, conectado à câmara, são determinadas variações de volumes de ar e de pressão em seu interior, com a câmara desocupada e com o avaliado, além de variáveis pulmonares necessárias às estimativas do volume corporal. 58 Unidade I Trata-se de uma técnica baseada no princípio da Lei de Deslocamento de Ar de Boyle, a qual estabelece que, para um corpo em um recipiente fechado de temperatura constante, a pressão de um gás é inversamente proporcional ao seu volume. Assim, quando alguém entrar no equipamento, deslocará um volume de ar que também modificará a pressão do ambiente. Quando o avaliado entra na câmara, uma nova pressão interna é estabelecida, tornando possível avaliar o volume de ar em seu interior. O volume corporal será determinado por meio da subtração de ambos os volumes de ar no interior da câmara, e também por meio da correção do ar dos pulmões do avaliado. Um software específico é utilizado para realizar essas aferições. Após a determinação do volume corporal, é possível verificar por equação matemática a densidade corporal através da relação entre a massa corporal e seu volume. Com a densidade corporal é possível, através de modelos matemáticos iguais aos utilizados na pesagem hidrostática, estimar a massa de gordura e a massa livre de gordura. Figura 56 – Equipamento de pletismografia Disponível em: https://tinyurl.com/3w6zrxfw. Acesso em: 8 nov. 2023. 59 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 3.2.1.5 Dexa (Absormetria por raios X de dupla energia) Essa técnica está baseada na premissa de que o corpo é constituído por três compartimentos (gordura, mineral ósseo e tecido magro não ósseo) e que cada um possui densidades diferentes. Esse método pode ser considerado um dos mais confiáveis para a determinação da massa óssea, permitindo diagnóstico de osteoporose, por meio da análise do conteúdo mineral ósseo da coluna lombar e do fêmur proximal, locais onde ocorrem as principais faturas nessa doença. O princípio básico do Dexa é a utilização de uma fonte de raios X que atravessam o corpo do paciente e é analisada por um detector de cintilação que, com o uso de um software especializado, reconstrói uma imagem dos tecidos subjacentes, permitindo a determinação das massas ósseas, de gordura e livre de gordura a partir da quantificação de cada uma delas. Possui forte correlação com a pesagem hidrostática (r = 0,93) e é considerado um bom método de validação da composição corporal. Quando comparado a outros métodos para avaliar composição corporal, o Dexa é considerado um procedimento não invasivo, rápido, não traumático, altamente preciso e reprodutivo, que requisita o mínimo de cooperação do avaliado e ainda considera a variação individual no conteúdo de mineral ósseo. Entretanto, o alto custo do equipamento e a exposição dos corpos à radiação são fatores limitantes para seu uso. Figura 57 – Equipamento de absormetria por raio X de dupla energia (Dexa) Disponível em: https://tinyurl.com/3vnxpsm3. Acesso em: 8 nov. 2023. 60 Unidade I 3.2.1.6 Tomografia Essa técnica é capaz de produzir várias imagens bidimensionais de diferentes segmentos do corpo. São emitidos feixes de raios X que passam através dos tecidos e relatam as pequenas diferenças em atenuação para as diferentes densidades dos tecidos, construindo uma imagem bidimensional em corte transversal da anatomia subjacente do corpo. Existe forte relação entre as medidas antropométricas na região abdominal (pregas cutâneas e circunferência) com o volume total do tecido adiposo mapeado por tomografia. Alguns fatores limitantes ao uso da tomografia são a exposição à radiação, principalmente em mulheres grávidas e crianças, o alto custo do equipamento e a necessidade de técnicos especializados. Figura 58 – Equipamento de tomografia Disponível em: https://tinyurl.com/4zczb2m8. Acesso em: 8 nov. 2023. 3.2.1.7 Ultrassonografia A ultrassonografia utiliza um instrumento para converter a energia elétrica através de uma sonda e um receptor em ondas sonoras de alta frequência. Essas ondas sonoras de alta frequência penetram nos tecidos (pele, gordura, músculos e ossos) e produzem sons diferentes para cada um deles, pois cada um possui propriedades acústicas diferentes. As ondas sonoras serão refletidas nos tecidos e retornam para o equipamento emissor (transdutor). Dessa forma, pode-se mapear a espessura do músculo e da gordura nas diferentes regiões corporais e também estimar sua quantidade. Algumas limitações, como custo e dificuldade técnica têm restringido o seu uso, mas ela é muito utilizada em pacientes hospitalizados para avaliar o estado nutricional durante os períodos de redução e aumento de peso. 61 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 59 – Equipamento de ultrassonografia Disponível em: https://tinyurl.com/yhthnvnd. Acesso em: 8 nov. 2023. 3.2.1.8 Ressonância magnética A técnica por ressonância magnética consiste na formação de um poderoso campo magnético (radiação eletromagnética) irradiado por pulsos de frequência de rádio, excitando os núcleos de hidrogênio da água corporal e das moléculas lipídicas e os induzindo a produzirem um sinal detectável que pode gerar imagens de vários tecidos corporais. Esta técnica é utilizada para quantificar o tecido adiposo total e subcutâneo em indivíduos com diferentes níveis de gordura corporal.Ela tem a vantagem de não usar radiação iônica, mas, devido ao custo elevado e à dificuldade técnica, é mais utilizada em hospitais para diagnóstico médico. 62 Unidade I Figura 60 – Equipamento de ressonância magnética Disponível em: https://tinyurl.com/dctrrrj4. Acesso em: 8 nov. 2023. 3.2.2 Métodos duplamente indiretos A determinação da composição corporal por meio dos métodos indiretos é mais complexa devido à necessidade de equipamentos caros e sofisticados, bem como de técnicos altamente treinados, o que torna sua utilização inviável em larga escala em situações de campo. A alternativa mais comum é o uso de métodos duplamente indiretos. Os métodos duplamente indiretos apresentam precisão terciária quando comparados aos métodos diretos; porém, as técnicas duplamente indiretas são menos rigorosas, têm uma melhor aplicação prática em virtude de sua simplicidade e um menor custo financeiro e ainda podem ser aplicadas em ambiente de campo e clínico. A bioimpedância elétrica e a antropometria são métodos duplamente indiretos amplamente utilizados para a avaliação da composição corporal. 3.2.2.1 Bioimpedância elétrica Determina a composição corporal a partir da água corporal total. Tem como base o princípio de condutividade elétrica. Por esse método, uma corrente elétrica de baixa intensidade (500 a 800 µA e 50 kHz) passa através do corpo do avaliado, e a impedância (Z) ou oposição ao fluxo da corrente é medida com o analisador de bioimpedância. Na prática, cada componente corporal oferece uma resistência diferente à passagem da corrente elétrica. Assim, os ossos e a gordura, que contêm uma pequena quantidade de água, constituem um meio de baixa condutividade, ou seja, uma alta resistência à corrente elétrica. Entretanto, a massa muscular e outros tecidos contêm mais água e eletrólitos corporais do que a gordura, funcionando como um excelente condutor de corrente elétrica. 63 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Portanto, a resistência ao fluxo da corrente é maior em indivíduos com maior quantidade de gordura corporal; por outro lado, indivíduos com grande quantidade de massa muscular e água corporal total têm menor resistência ao fluxo da corrente. O aparelho de bioimpedância elétrica irá identificar os níveis de resistência (medida da oposição à corrente elétrica pelo corpo) e reatância do organismo à corrente elétrica; assim, após identificar os níveis de resistência e reatância, é calculada a razão entre esses componentes, obtendo-se o valor de bioimpedância. Para a análise, a fim de quantificar o total de água no organismo e predizer, através dessa quantidade de água, a quantidade de gordura corporal do indivíduo, são utilizadas equações matemáticas de estimativa baseada em modelos específicos para diferentes tipos de populações ou generalizações. Vale ressaltar que existem alterações na quantidade de água corporal e densidade óssea em indivíduos de diferentes idades, etnias, níveis de atividade física e níveis de gordura corporal. Essas equações proporcionam estimativas aceitáveis de massa livre de gordura, água corporal total e medidas de bioimpedância e foram desenvolvidas para crianças, pessoas idosas, americanos indígenas, hispânicos, brancos, obesos e atletas. Além disso, existem softwares que permitem selecionar uma equação de bioimpedância apropriada para estimar a massa livre de gordura do avaliado em função das características físicas. Os melhores equipamentos de bioimpedância elétrica são os tetrapolares (quatro eletrodos), uma vez que conseguem avaliar a passagem da corrente elétrica no corpo inteiro (membros superiores e inferiores). Nesse procedimento, dois condutores são colocados na mão e no pé e outros dois são colocados no punho e no tornozelo. Entretanto, existem os aparelhos bipolares, que são considerados mais suscetíveis a erros, uma vez que avaliam a passagem da corrente elétrica em apenas um dos segmentos corporais (membros inferiores ou membros superiores). A praticidade, a velocidade e a relativa simplicidade de execução do método representam uma grande vantagem de sua utilização em academias, clubes ou clínicas. No entanto, a validade e a precisão do método de bioimpedância elétrica são influenciadas por vários fatores como: • nível de hidratação do avaliado; • tipo de instrumento; • colocação do eletrodo; • alimentação; • prática de exercícios anteriores ao teste; • ciclo menstrual; 64 Unidade I • temperatura ambiente; • equação de predição. Para não comprometer o resultado da análise da composição corporal por bioimpedância elétrica, alguns cuidados prévios devem ser levados em consideração, tais como: • não fazer exercícios 12 horas antes do teste; • não comer ou beber 4 horas antes do teste; • não consumir álcool 24 horas antes do teste; • não utilizar medicamentos diuréticos nos 7 dias que antecedem o teste; • urinar 30 minutos antes do teste; • permanecer por, pelo menos, 5 a 10 minutos deitado em decúbito dorsal, em total repouso, antes da execução do teste. 3.2.2.2 Índice de massa corporal (IMC) A partir das medidas de peso e estatura, é possível calcular o índice de massa corporal (IMC). O IMC é uma medida amplamente utilizada para a determinação de desnutrição, do grau de obesidade e de riscos à saúde (doenças crônicas) relacionados ao excesso de peso do avaliado. Além disso, o IMC abaixo da média e acima dela apresenta alta correlação com a taxa de mortalidade. Trata-se de um método prático, rápido e sem custo algum. O IMC é calculado por meio do peso do avaliado (em quilos), dividido pela estatura do avaliado ao quadrado (em metros). Portanto: IMC = Peso ÷ (Estatura)2 A avaliada Ana, que descrevemos no início desse livro, pesa 75 kg e tem 1,60 m de estatura. Logo: IMC = Peso ÷ (Estatura × Estatura) IMC = 75 ÷ (1,60 × 1,60) IMC = 75 ÷ (2,56) IMC = 29,29 kg/m2 João pesa 60 kg e tem 1,70 m de estatura. 65 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Logo: IMC = Peso ÷ (Estatura × Estatura) IMC = 60 ÷ (1,70 × 1,70) IMC = 60 ÷ 2,89 IMC = 20,76 kg/m2 Beatriz pesa 75 kg e tem 1,60 m de estatura. Logo: IMC = Peso ÷ (Estatura × Estatura) IMC = 75 ÷ (1,60 × 1,60) IMC = 75 ÷ (2,56) IMC = 29,29 kg/m2 Mauro pesa 85 kg e tem 1,80 m de estatura. Logo: IMC = Peso ÷ (Estatura × Estatura) IMC = 85 ÷ (1,80 × 1,80) IMC = 85 ÷ (3,24) IMC = 26,23 kg/m2 Júlia pesa 60 kg e tem 1,20 m de estatura. Logo: IMC = Peso ÷ (Estatura × Estatura) IMC = 60 ÷ (1,20 × 1,20) IMC = 60 ÷ (1,44) IMC = 41,66 kg/m2 Helena pesa 90 kg e tem 1,80 m de estatura. Logo: IMC = Peso ÷ (Estatura × Estatura) IMC = 90 ÷ (1,80 × 1,80) IMC = 90 ÷ (3,24) IMC = 27,77 kg/m2 66 Unidade I Após calcular a medida de IMC, é necessário interpretarmos o resultado obtido, o que se refere à avaliação. Considerando os avaliados Ana, João, Beatriz, Mauro, Júlia e Helena, podemos observar diferentes valores de IMC: Ana: 29,29 kg/m2 João: 20,76 kg/m2 Beatriz: 29,29 kg/m2 Mauro: 26,23 kg/m2 Júlia: 41,67 kg/m2 Helena: 27,78 kg/m2 Embora o cálculo do IMC seja uma medida válida para determinar obesidade recomendada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ela não leva em consideração a composição corporal do avaliado. Ou seja, o IMC é um bom indicador, mas não está totalmente correlacionado com a gordura corporal, uma vez que o peso do avaliado é composto por uma série de estruturas e não somente gordura. Por exemplo, o peso do avaliado é resultado da somatória do peso dos seus ossos, músculos (massa magra), órgãos, sangue, água, gordura, pele, entre outras estruturas. De acordo com a Abeso, o IMC é uma medida matemática baseada apenas no peso e na estatura do avaliado e sofre grandes variações de acordo com idade, sexo, etnia, indivíduos treinados vs. indivíduos inativos e ainda na presença de perda de estatura em pessoas idosas devido a cifose, por exemplo. Uma vez que o IMC não leva em consideração a estrutura corporal do avaliado – ou seja,daquele peso total, qual o percentual de massa magra (músculo) e qual o percentual de gordura predominantemente –, deve ser usado com cautela, pois não é uma medida válida para praticantes de atividades físicas e atletas, por exemplo, que têm um maior desenvolvimento muscular comparado a pessoas inativas. 67 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 61 – Ilustração da determinação do IMC de duas pessoas com mesmo peso e estatura, mas com características da estrutura corporal completamente distintas Disponível em: Rocha e Guedes Jr. (2013, p. 92). A OMS determina a classificação do IMC em adultos a partir dos dados apresentados na tabela a seguir: Tabela 4 – Classificação internacional da obesidade segundo o IMC e riscos de doenças que divide a adiposidade em graus ou classes IMC (kg/m2) Classificação Obesidade Grau/Classe Risco de doença Classificação Z –3 Magreza acentuada Magreza acentuada Magreza acentuada ≥ Percentil 0,1 e Percentil 15 e Escore Z +1 e ≤ Escore Z +2 Risco de sobrepeso Sobrepeso Sobrepeso > Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 > Escore Z +2 e ≤ Escore Z +3 Sobrepeso Obesidade Obesidade > Percentil 99,9 > Escore Z +3 Obesidade Obesidade grave Obesidade grave Fonte: Brasil (2011, p. 15). 72 Unidade I A partir dessa tabela, podemos observar que o escore de Júlia (+3) está classificado como obesidade grave. Lembrete Medida: dado quantitativo relacionado à associação de um número a uma característica de um ser. Avaliação: interpretação da medida em função do objetivo da avaliação. A tabela nos mostra ainda que a condição de sobrepeso está localizada na curva de percentil de IMC entre os valores de 85% a 95%. Acima de 95% ocorre a classificação de obesidade para todas as idades e gêneros. Vale ressaltar que a distribuição de gordura corporal possui alta correlação com fatores genéticos. Crianças com síndrome de Down, por exemplo, têm taxas de obesidade mais elevadas devido a uma variedade de mecanismos fisiológicos e tendências de comportamento. Os pediatras atentam para uma avaliação apropriada dessas crianças a fim de identificar alterações e garantir critérios de intervenção nutricional adaptadas individualmente, além da prática de atividades físicas. Com relação a pessoas idosas, o IMC também deve ser usado com cautela, uma vez que é menos preciso devido à perda de massa magra e aumento de gordura corporal decorrentes da idade. Helena praticava atividades físicas frequentemente, mas nos últimos 10 anos está longe dessa prática. Dez anos é um tempo extenso demais; certamente, Helena perdeu massa magra durante esse processo, até porque somente em decorrência da idade já haveria perda de massa magra e aumento da quantidade de gordura. É aceito pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2011) que para a pessoa idosa (acima de 60 anos), o IMC normal varia de > 22 a 0,94 30-39 0,96 40-49 1,00 50-59 1,02 60-69 1,03 Mulheres 20-29 0,82 30-39 0,84 40-49 0,87 50-59 0,88 60-69 0,90 Adaptado de: Bray e Gray (1988) e Heyward (2010). 3.2.2.4 Diâmetros ósseos Além de verificar o crescimento de crianças e adolescentes, as avaliações dos diâmetros ósseos podem ser utilizadas para determinar o tamanho da estrutura corporal de avaliados adultos e pessoas idosas. Isso nos permite estabelecer uma relação entre aqueles que pesam mais devido à grande massa musculoesquelética e aqueles que pesam mais devido à grande quantidade de gordura. Assim, podemos classificar o tamanho da estrutura corporal a partir de dados de referência para largura do cotovelo, e esse índice pode ser utilizado como um parâmetro adicional para a avaliação da composição corporal. 75 MEDIDAS E AVALIAÇÕES A tabela a seguir classifica o tamanho da estrutura corporal dos avaliados de acordo com o diâmetro ósseo do cotovelo: Tabela 7 – Normas de diâmetros do cotovelo (cm) para homens e mulheres Tamanho da estrutura corporal Idade Pequeno Médio Grande Homens 18-24 ≤ 6,6 > 6,6 e 6,7 e 6,7 e 6,7 e 6,7 e 6,7 e 5,6 e 5,7 e 5,7 e 5,7 e 5,8 e 5,8 ePara isso, são necessários alguns cálculos que veremos a seguir. 3.2.2.6 Equações de estimativa do percentual de gordura através de circunferências corporais para obesos Protocolo de Penroe, Nelson e Fisher (1985) Para a realização deste protocolo, serão utilizadas as seguintes medidas de circunferências: • circunferências para homens: punho direito (cm) e abdômen (cm); • circunferências para mulheres: abdômen (cm) e quadril (cm). Para homens, deve ser realizado primeiramente o cálculo da massa magra (MM); na sequência, o cálculo do percentual de gordura para homens. Para mulheres, é realizado o cálculo direto de percentual de gordura. 76 Unidade I Massa magra (kg) = [41,955 + (1,038786 × PC)] – [0,82816 × (CA-CP)] Cálculo do percentual de gordura para homens: PC MM %G 100 PC − = × Cálculo do percentual de gordura para mulheres: %G = [(0,55 × CQ) – (0,24 × estatura)] + (0,28 × CA) – 8,43 Legenda: • %G: percentual de gordura; • PC: peso corporal em kg; • MM: massa magra em kg; • Estatura: estatura em cm; • CA: circunferência do abdômen em cm; • CP: circunferência do punho direito em cm; • CQ: circunferência do quadril em cm. Veja a seguir alguns exemplos: Homem • Peso: 120 kg • Circunferência do punho direito: 21 cm • Circunferência do abdômen: 125 cm Massa magra (kg) = [41,955 + (1,038786 × PC)] – [0,82816 × (CA – CP)] Massa magra (kg) = [41,955 + (1,038786 × 120)] – [0,82816 × (125 – 21)] Massa magra (kg) = [41,955 + (124,65)] – [0,82816 × (104)] 77 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Massa magra (kg) = 166,60 – 86,12 Massa magra (kg) = 80,48 Então: PC MM %G 100 PC − = × 120 80,48 %G 100 120 − = × 39,52 %G 100 120 = × %G = 0,32 x 100 %G = 32,00 Mulher • Peso: 112 kg • Circunferência do quadril: 135 cm • Circunferência do abdômen: 115 cm • Estatura: 162 cm %G = [(0,55 × CQ) – (0,24 × estatura)] + (0,28 × CA) – 8,43 %G = [(0,55×135) – (0,24 × 162)] + (0,28 × 115) – 8,43 %G = [(74,25) – (38,88)] + (32,2) – 8,43 %G = [35,45] + (32,2) – 8,43 %G = 67,65 – 8,43 %G = 59,22 78 Unidade I Protocolo de Weltman et al. (1987; 1988) Para a realização desse protocolo, serão utilizadas as seguintes medidas de circunferências: • mulheres e homens: cintura (cm) e abdômen (cm). Cálculo do percentual de gordura para mulheres (20 a 60 anos): %G CC CA estatura P� � �� � � � � � � � � � � � � �� � � �0 11077 2 0 17666 0 14354, , , CC� � � 51 03301, Cálculo do percentual de gordura para homens (24 a 68 anos): %G CC CA PC� � �� � � � � � � � � � � � � �� � �0 31457 2 0 10969 10 8336, , , Legenda: • PC: peso corporal em kg; • Estatura: estatura em cm; • CA: circunferência do abdômen em cm; • CC: circunferência da cintura em cm. Veja a seguir alguns exemplos: Mulher 58 anos • Circunferência do abdômen: 115 cm • Circunferência da cintura: 112 cm • Estatura: 160 cm • Peso corporal: 108 kg %G CC CA estatura P� � �� � � � � � � � � � � � � �� � � �0 11077 2 0 17666 0 14354, , , CC� � � 51 03301, 79 MEDIDAS E AVALIAÇÕES %G � � �� � � � � � � � � � � � � �� � � ��0 11077 112 115 2 0 17666 160 0 14354 108, , , �� � 51 03301, %G � �� ��� �� � � � � � � �0 11077 113 5 28 26 15 50 51 03301, , , , , %G � � � �12 57 28 26 15 50 51 03301, , , , %G = 50 84, Homem 32 anos • Circunferência do abdômen: 118 cm • Circunferência da cintura: 110 cm • Estatura: 168 cm • Peso corporal: 118 kg %G CC CA PC� � �� � � � � � � � � � � � � �� � �0 31457 2 0 10969 10 8336, , , %G � � �� � � � � � � � � � � � � �� � �0 31457 110 118 2 0 10969 118 10 8336, , , %G � �� ��� �� � � � �0 31457 114 12 94 10 8336, , , %G � � �35 86 12 94 10 8336, , , %G = 33 75, 3.2.2.7 Equações de estimativa do percentual de gordura através de circunferências corporais para jovens Além dos protocolos que acabamos de apresentar, específicos para obesos, McArdle, Katch e Katch propuseram em 1973 um protocolo para a estimativa da gordura corporal em indivíduos adultos não obesos baseado nas circunferências corporais. 80 Unidade I Protocolo de McArdle, Katch e Katch (1973) Para a realização desse protocolo, serão utilizadas as seguintes medidas de circunferências: Figura 66 – Medidas de circunferências Fonte: McArdle, Katch e Katch (2003, p. 796). Tabela 8 – Locais de mensuração de dobras cutâneas de acordo com o gênero e a idade no protocolo de McArdle, Katch e Katch Mulheres (17-26 anos) Mulheres (27-50 anos) Homens (17-26 anos) Homens (27-50 anos) Abdômen Abdômen Bíceps direito Quadril Coxa direita Coxa direita Abdômen Abdômen Antebraço direito Perna direita Antebraço direito Antebraço direito Fonte: McArdle, Katch e Katch (2003). 81 MEDIDAS E AVALIAÇÕES A partir dessas medidas, da idade e do gênero do avaliado, os seguintes cálculos serão realizados: Cálculo do percentual de gordura para mulheres (17 a 26 anos): %G = (CA × 0,52632) + (CX × 0,819153) – (AT × 1,697032) – 19,6 Cálculo do percentual de gordura para mulheres (27 a 50 anos): %G = (CA × 0,467493) + (CX × 0,486803) – (PN × 0,569296) – 18,4 Cálculo do percentual de gordura para homens (17 a 26 anos): %G = (BR × 1,457118) + (CA × 0,516603) – (AT × 2,137743) – 10,2 Cálculo do percentual de gordura para homens (27 a 50 anos): %G = (CQ × 0,41257) + (CA × 0,3515) – (AT × 1,181781) – 15,0 Legenda: • CA: circunferência abdominal em cm; • CX: circunferência da coxa direita em cm; • AT: circunferência do antebraço direito em cm; • PN: circunferência da perna direita em cm; • BR: circunferência do bíceps direito relaxado em cm; • CQ: circunferência do quadril em cm. Veja outro exemplo: Mulher 30 anos • Circunferência do abdômen: 120 cm • Circunferência da coxa direita: 75 cm • Circunferência da perna direita: 40 cm 82 Unidade I Logo: %G = (AB × 0,467493) + (CX × 0,486803) – (PN × 0,569296) – 18,4 %G = (120 × 0,467493) + (75 × 0,486803) – (40 × 0,569296) – 18,4 %G = 56,09 + 36,51 – 22,77 – 18,4 %G = 51,43 Homem 19 anos • Circunferência do braço direito: 40 cm • Circunferência do abdômen: 98 cm • Circunferência do antebraço direito: 22 cm Logo: %G = (BR × 1,457118) + (AB × 0,516603) – (AT × 2,137743) – 10,2 %G = (40 × 1,457118) + (98 × 0,516603) – (22 × 2,137743) – 10,2 %G = 58,28 + 50,62 – 47,03 – 10,2 %G = 51,67 3.2.2.8 Equações de estimativa da gordura através de circunferências corporais para pessoas idosas A avaliação das circunferências corporais também pode ser utilizada para estimar percentual de gordura em pessoas idosas.. O protocolo de Tran e Weltman (1988; 1989) preconiza fórmulas que podem ser aplicadas dos 15 aos 79 anos de idade. Cálculo da densidade corporal para mulheres (15 a 79 anos) DC g cm CC CA � �� � � � �/ , - , ,3 1168297 0 002824 2 0 000� � � �� � � � � � � � � � � � � 00122098 2 0 000733128 0 0005 2CC CA CQ � �� � � � � � � � � � � � � � �� � �, , 110477 0 000216161�� � �� �Estatura Idade– , 83 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Legenda: • Idade em anos: • CA: circunferência do abdômen em cm; • CC: circunferência da cintura em cm; • CQ: circunferência do quadril em cm. • Estatura em centímetros: Em mulheres avaliadas, esse protocolo calcula inicialmente a densidade corporal (DC), que terá que ser convertida em percentual de gordura por outra equação. Para essa densidade, é necessário usar o cálculo de conversão em percentual de gordura através da fórmula de conversão para mulheres entre 60 e 90 anos de idade. Cálculo do percentual de gordura para mulheres (15 a 79 anos): %G DC � � � � � � � � � � � � � � �� 5 02 4 57 100 , , Caso o avaliado tenha idade inferior a 60 anos, é necessário utilizar a fórmula de conversão proposta por Siri (1961) ou Brozek (1963), descritas no próximo item (sobre dobras cutâneas). Cálculo do percentual de gordura para homens (15 a 78 anos): %G = –47,371817 + (0,57914807 × CA) + (0,25189114 × CQ) + (0,21366088 × CIL) – (0,35595404 × PC) Legenda: • CA: circunferência do abdômen em cm; • CQ: circunferênciado quadril em cm; • CIL: circunferência ilíaca; • PC: peso corporal em kg. 84 Unidade I Veja alguns exemplos: Mulher Idade: 75 anos Circunferência do abdômen: 98 cm Circunferência da cintura: 92 cm Circunferência do quadril: 115 cm Estatura: 157 cm DC g cm CC CA � � � �/ , , ,3 1168297 0 002824 2 0 00001� � � � � �� � � � � � � � � � � � 222098 2 0 000733128 0 00051 2CC CA CQ � �� � � � � � � � � � � � � �� � �, , 00477 0 000216161ESTATURA IDADE�� � �� �– , DC� � � � � �g cm =/ , , ,3 1168297 0 002824 92 98 2 0 000� � � � �� � � � � � � � � � � � � 00122098 92 98 2 0 000733128 115 0 00 2 � �� � � � � � � � � � � � � � � �� � �, , 00510477 157 0 000216161 75�� � �� �– , DC� �� � � � �g cm/ , , ( ) , (3 1168297 0 002824 95 0 0000122098 95� � � � �� �� � )) , , , 2 0 000733128 115 0 000510477 157 0 0002161 � � � � � �� � � �� � � 661 75�� � DC� � g cm/ , , , , 3 1168297 0 2682 0 0000122098 9025 0 00 � � � �� �� �� ��� �� � 00733128 115 0 000510477 157 0 000216161 75�� � � �� � �� �, – , DC� g cm/ , , , , , ,3 1168297 0 2682 0 1101 0 0843 0 0801 0 0162� � � � � � � � DC(g/cm3) = 0,9897 85 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Assim, 5,02 %G 4,57 100 DC = − × 5,02 %G 4,57 100 0,9897 = − × ( )%G 5,0722 4,57 100= − × %G = 0,502x100 %G = 50,22 Homem Idade: 68 anos • Circunferência do abdômen: 110 cm • Circunferência do quadril: 105 cm • Circunferência ilíaca: 100 cm • Peso corporal: 98 kg %G = - 47,371817 + (0,57914807 x CA) + (0,25189114 x CQ) + (0,21366088 x CIL) - (0,35595404 x PC) %G = - 47,371817 + (0,57914807 x 110) + (0,25189114 x 105) + (0,21366088 x 100) - (0,35595404 x 98) %G = - 47,371817 + (63,70) + (26,44) + (21,36) - (34,88) %G = 29,24 86 Unidade I 3.2.2.9 Equações de estimativa do percentual de gordura através de circunferências corporais para população clínica Doenças cardíacas – somente homens (Tran; Weltman, 1988) Cálculo do percentual de gordura para homens entre 46 e 82 anos ( ) ( ) ( ) CC CA %G 47,371817 0,57914807 0,25189114 CQ + 2 0,21366088 CIL – 0,35595404 PC + = − + × + × × × Legenda: • CA: circunferência do abdômen em cm; • CC: circunferência da cintura em cm; • CQ: circunferência do quadril em cm; • Cil: circunferência ilíaca em cm; PC: peso corporal em kg. Veja um exemplo: Homem 50 anos • Circunferência do abdômen: 120 cm • Circunferência da cintura: 115 cm • Circunferência do quadril: 100 cm • Circunferência ilíaca: 98 cm • Peso corporal: 102 kg 87 MEDIDAS E AVALIAÇÕES ( ) ( ) ( ) CC CA %G 47,371817 0,57914807 0,25189114 CQ + 2 0,21366088 CIL – 0,35595404 PC + = − + × + × × × ( ) ( ) ( ) 115 120 %G 47,371817 0,57914807 0,25189114 100 + 2 0,21366088 98 – 0,35595404 1 02 + = − + × + × × × %G = - 47,371817 + 68,04 + 25,18 + 20,93 - 36,30 %G = 30,47 3.2.2.10 Dobras cutâneas Assim como pudemos verificar as estimativas de gordura corporal por meio das circunferências, existem várias equações descritas na literatura para a predição da gordura corporal por meio das dobras cutâneas. Cada equação foi desenvolvida para uma população específica; assim, o avaliador deve escolher a equação que se enquadra nas características do avaliado. Isso é fundamental. Quando esse fator importante na escolha da equação não é levado em consideração, podemos produzir resultados distorcidos para indivíduos diferentes daqueles que fizeram parte da amostra que deu origem à equação, inserindo assim um erro metodológico. Existem os modelos de equações de regressão linear (aplicáveis a populações específicas) e os modelos quadráticos (aplicáveis a populações generalizadas). Como dito anteriormente, sempre busque utilizar equações específicas para a população avaliada. Basicamente, o comportamento da relação de espessuras de dobras cutâneas é influenciado por variações biológicas relativas ao sexo, à idade, ao nível de atividade física habitual e à quantidade de gordura corporal. Assim, é sabido que: • mulheres apresentam maiores depósitos de gordura quando comparadas a homens na mesma faixa etária; • indivíduos com mais idade apresentam maiores quantidades de gordura comparados a indivíduos mais jovens; • atletas apresentam menores quantidades de gordura quando comparados a não atletas. Como homens e mulheres acumulam gordura corporal em regiões distintas, as equações para homens e mulheres irão diferir no que tange aos pontos anatômicos. 88 Unidade I Lembrete Devido à obesidade androide, os homens são mais passíveis de desenvolver doenças como hipertensão arterial, diabetes e aumento do colesterol. Também é importante ressaltar que algumas equações irão fornecem os dados diretos do percentual de gordura, enquanto outras fornecem inicialmente a densidade corporal relativa de um corpo, que teremos que converter em percentual de gordura posteriormente, assim como observamos no cálculo de percentual de gordura corporal através de perimetria para idosas proposto por Tran e Weltman (1988; 1989). As equações que determinam a densidade corporal (g/cm3) necessitam ser convertidas em % de gordura por meio de outro cálculo matemático. Isso pode ser feito por meio da equação de Siri (1961) ou Brozek (1963). A hipótese principal dessas equações é que a massa livre de gordura possui uma densidade constante (1,100 g/cm3) e independe da quantidade de água corporal relativa. De acordo com Guedes e Guedes (2006), para as medidas de densidade entre 1,030 e 1,090 g/cm3, as diferenças encontradas entre as duas fórmulas são desprezíveis para o cálculo do percentual de gordura. Assim, torna-se indiferente usar um cálculo ou outro. Seguem as fórmulas propostas por Siri (1961) e Brozek (1963). Siri (1961): 4,95 %G 4,50 100 DC = − × Brozek (1963): 4,75 %G 4,142 100 DC = − × Siglas utilizadas em equações para estimar percentual de gordura: D = densidade; G% = percentual de gordura; AB = dobra do abdômen; BC = dobra do bíceps; 89 MEDIDAS E AVALIAÇÕES TR = dobra do tríceps; CX = dobra da coxa (medial); PN = dobra da perna ou panturrilha; PT = dobra peitoral ou torácica; AM = dobra axilar média; SB = dobra subescapular; SI = dobra suprailíaca. 3.2.2.11 Equações para crianças Slaughter et al. (1988) Cálculo do percentual de gordura para meninos (8 a 17 anos): %G = 0,735 × (TR + PN) +1,0 Cálculo do percentual de gordura para meninas (8 a 17 anos): %G = 0,610 × (TR + PN) + 5,1 Veja os exemplos: Menina • Idade: 10 anos • Dobra tricipital: 7,0 mm • Dobra perna direita: 8,0 mm Logo: %G = 0,610 × (TR + PN) + 5,1 %G = 0,610 × (15) + 5,1 %G = 14,25 90 Unidade I Menino • Idade: 7 anos • Dobra tricipital: 7,5 mm • Dobra perna direita: 7,1 mm %G = 0,735 × (TR + PN) + 1,0 %G = 0,735 × (14,6) + 1,0 %G = 11,73 Slaughter et al. (1988) Outra equação foi proposta pelo mesmo autor, levando em consideração o nível de maturidade e a raça dos meninos. Cálculo do percentual de gordura para meninos (8 a 17 anos): %G = 1,21 x (TR + SB) - 0,008 x (TR + SB)2 + I* Nesse cálculo, o intercepto de substituição (I*) deve ser estabelecido conforme a tabela a seguir: Tabela 9 – I* = Intercepto de substituição baseado na maturação e etnia para meninos Idade Africanos/Americanos Caucasianos Pré-púberes -3,5 -1,7 Púberes -5,2 -3,4 Pós-púberes -6,8 -5,5 Cálculo do percentual de gordura para meninas (8 a 17 anos): %G = 1,33 × (TR + SB) – 0,013 × (TR + SB)2 –2,5 Quando a somatória das dobras tricipital e subescapular for maior que 35 mm, será utilizada uma única equação para cada sexo, para qualquer raça e nível de maturidade. Cálculo do percentual de gordura para meninos (8 a 17 anos): %G = 0,738 × (TR + SB) + 1,6 91 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Cálculo do percentual de gordura para meninas (8 a 17 anos) %G = 0,546 × (TR + SB) + 9,7 Veja os exemplos: Menino púbere caucasiano • Dobra tricipital:8,6 mm • Dobra subescapular: 5,8 mm Logo: %G = 1,21 × (TR + SB) – 0,008 × (TR + SB)2 + I* %G = 1,21 × (14,4) – 0,008 × (14,4)2 +(-3,4) %G = 1,21 × (14,4) – 0,008 × (207,36) + (-3,4) %G = 17,42 – 1,65 + (-3,4) %G = 12,37 Menina de 12 anos • Dobra tricipital: 9,5 mm • Dobra subescapular: 6,7 mm Logo: %G = 1,33 × (TR + SB) – 0,013 × (TR + SB)2 –2,5 %G = 1,33 × (16,2) – 0,013 × (16,2)2 –2,5 %G = 1,33 × (16,2) – 0,013 ×(262,44) –2,5 %G = 1,33 × (16,2) – (3,41)-2,5 %G = 21,54 – 3,41 - 2,5 %G = 15,63 92 Unidade I 3.2.2.12 Equações para adultos Jackson e Pollock (1978; 1980) Cálculo da densidade corporal para homens não obesos entre 18 e 61 anos: DC (g/cm3) = 1,109380 – [0,0008267 × (PT + AB + CX)] + [0,0000016 × (PT + AB + CX)2] –(0,0002574 × Idade) Cálculo da densidade corporal para mulheres não obesas entre 18 e 55 anos: DC (g/cm3) = 1,0994921 – [0,0009929 × (TR + SI + CX)] + [0,0000023 ×(TR + SI + CX)2] –(0,0001392 × Idade) Após o cálculo da densidade corporal, a equação de Siri ou de Brozek deve ser utilizada para quantificar o percentual de gordura corporal. Veja os exemplos a seguir: Homem 30 anos • Dobra peitoral: 9,5 mm • Dobra abdominal: 32 mm • Dobra coxa: 25 mm DC (g/cm3) = 1,109380 – [0,0008267 × (PT + AB + CX)] + [0,0000016 × (PT + AB + CX)2] – (0,0002574 ×30) DC (g/cm3) = 1,109380 – [0,0008267 × (66,5)] + [0,0000016 × (4422,25)] –(0,0002574 ×30) DC (g/cm3) = 1,109380 – 0,0549 + 0,0070 – 0,0077 DC (g/cm3) = 1,053 Equação de Siri: 4,95 %G 4,50 100 DC = − × 4,95 %G 4,50 100 1,053 = − × 93 MEDIDAS E AVALIAÇÕES %G = [4,700 - 4,50] x 100 %G = 0,2008 x 100 %G = 20,08 Mulher 40 anos • Dobra peitoral: 10,5 mm • Dobra abdominal: 38 mm • Dobra coxa: 32 mm DC (g/cm3) = 1,0994921 – [0,0009929 × (TR + SI + CX)] + [0,0000023 × (TR + SI + CX)2] – (0,0001392 × Idade) DC (g/cm3) = 1,0994921 – [0,0009929 × (80,5)] + [0,0000023 ×(6480)] – (0,0001392 × 40) DC (g/cm3) = 1,0994921 – 0,0799 + 0,0149 – 0,0055 DC (g/cm3) = 1,0289 Equação de Siri: 4,95 %G 4,50 100 DC = − × 4,95 %G 4,50 100 1,0289 = − × %G = [4,8109 - 4,50] x 100 %G = 0,31 x 100 %G = 31,09 Petroski (1995) Cálculo da densidade corporal para homens do sul do Brasil de 18 a 66 anos de idade: 94 Unidade I DC (g/cm3) = 1,10726863 – [0,00081201 × (SB + TR + SI + PN)] + [0,00000212 × (SB + TR + SI + PN)2] – [0,00041761 × (idade em anos)] Cálculo da densidade corporal para mulheres do sul do Brasil de 18 a 66 anos de idade DC (g/cm3) = 1,19547130 – [0,07513507 Log10 (AM + SI + CX + PN)] – [0,00041072 × (idade em anos)] Após o cálculo da densidade corporal, a equação de Siri ou de Brozek deve ser utilizada para quantificar o percentual de gordura corporal. Veja alguns exemplos: Homem 48 anos • Dobra subescapular: 20 mm • Dobra tricipital: 24 mm • Dobra supra ilíaca: 38 mm • Dobra da perna direita: 15 mm DC (g/cm3) = 1,10726863 – [0,00081201 × (SB + TR + SI + PN)] + [0,00000212 × (SB + TR + SI + PN)2] – [0,00041761 × (idade em anos)] DC (g/cm3) = 1,10726863 – [0,00081201 × (97)] + [0,00000212 × (97)2] – [0,00041761 × (48)] DC (g/cm3) = 1,10726863 – [0,00081201 × (97)] + [0,00000212 × (9409)] – [0,00041761 × (48)] DC (g/cm3) = 1,10726863 – 0,078 + 0,019 – 0,020 DC (g/cm3) = 1,0282 Equação de Siri: 4,95 %G 4,50 100 DC = − × 4,95 %G 4,50 100 1,0282 = − × 95 MEDIDAS E AVALIAÇÕES %G = [4,81 - 4,50] x 100 %G = 0,3142 x 100 %G = 31,42 Mulher 32 anos • Dobra axilar média: 15 mm • Dobra supra ilíaca: 28 mm • Dobra coxa: 25 mm • Dobra perna: 11 mm DC (g/cm3) = 1,19547130 – [0,07513507 Log10 (AM + SI + CX + PN)] – [0,00041072 × (idade em anos)] DC (g/cm3) = 1,19547130 – [0,07513507 Log10 (79)] – [0,00041072 × (32)] DC (g/cm3) = 1,19547130 – [0,07513507 × (1,89)] – (0,013) DC (g/cm3) = 1,19547130 – 0,142 – 0,0131 DC (g/cm3) = 1,0424 Equação de Siri: 4,95 %G 4,50 100 DC = − × 4,95 %G 4,50 100 1,0424 = − × %G = [4,7486 - 4,50] x 100 %G = 0,2486 x 100 %G = 24,86 96 Unidade I Guedes (1991) Cálculo da densidade corporal para estudantes universitários de 17 a 27 anos de idade: DC (g/cm3) = 1,1714 – [0,0671 Log10 (TR + SI + AB)] Cálculo da densidade corporal para estudantes universitárias de 17 a 29 anos de idade: DC (g/cm3) = 1,1665 – [0,0706 Log10 (CX + SI+ SB)] Após o cálculo da densidade corporal, a equação de Siri ou de Brozek deve ser utilizada para quantificar o percentual de gordura corporal. Veja alguns exemplos: Homem 20 anos • Dobra tricipital: 18 mm • Dobra suprailíaca: 20 mm • Dobra abdominal: 25 mm DC (g/cm3) = 1,1714 – [0,0671 Log10 (TR + SI + AB)] DC (g/cm3) = 1,1714 – [0,0671 Log10 (63)] DC (g/cm3) = 1,1714 – [0,0671 × (1,79)] DC (g/cm3) = 1,1714 – 0,12 DC (g/cm3) = 1,0514 Equação de Siri: 4,95 %G 4,50 100 DC = − × 4,95 %G 4,50 100 1,0514 = − × 97 MEDIDAS E AVALIAÇÕES %G = [4,708 - 4,50] x 100 %G = 0,208 x 100 %G = 20,80 Mulher 17 anos • Dobra coxa: 28 mm • Dobra suprailíaca: 32 mm • Dobra subescapular: 29 mm DC (g/cm3)= 1,1665 – [0,0706 Log10 (CX + SI+ SB)] DC (g/cm3)= 1,1665 – [0,0706 Log10 (89)] DC (g/cm3)= 1,1665 – [0,0706 ×(1,9493)] DC (g/cm3)= 1,1665 – 0,1376 DC (g/cm3)= 1,0289 Equação de Siri: 4,95 %G 4,50 100 DC = − × 4,95 %G 4,50 100 1,0289 = − × %G = [4,810 - 4,50] x 100 %G = 0,310 x 100 %G = 31,09 98 Unidade I 3.2.2.13 Equações para atletas Jackson e Pollock (1980) Cálculo da densidade corporal para mulheres maiores de 18 anos: DC (g/cm3) = 1,112 – [0,00043499 × (PT + AM + TR + SB + AB + SI + CX)] + [0,00000055 × (PT + AM + TR + SB + AB + SI + CX)2] – (0,00028826 × idade) Considerar a seguinte formula para o cálculo do percentual de gordura (mulheres maiores de 18 anos): 5,01 %G 4,57 100 DC = − × Cálculo da densidade corporal para mulheres entre 11 e 19 anos: DC (g/cm3)= 1,096095 – [0,0006952 × (TR + AB + SI + CX)] + 0,0000011 × (TR + AB + SI + CX)2 – (0,0000714 × idade) Considerar a seguinte formula para o cálculo do percentual de gordura (mulheres entre 11 e 19 anos): 5,01 %G 4,57 100 DC = − × Cálculo da densidade corporal para homens DC (g/cm3) = 1,0973 – [0,000815 × (TR + SB + AB)] + [0,00000084 × (TR + SB + AB)2 Devem-se considerar as fórmulas a seguir para o cálculo do percentual de gordura de homens, de acordo com a idade, proposto por Lohman (1981) e modificado por Thortand et al. (1991). Homens de 13 a 16 anos: 5,07 %G 4,64 100 DC = − × Homens de 17 a 19 anos: 4,99 %G 4,55 100 DC = − × 99 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Homens com idade acima de 20 anos: 4,95 %G 4,50 100 DC = − × Veja alguns exemplos: Mulher 20 anos • Dobra peitoral: 7,0 mm • Dobra axilar média: 10,2 mm • Dobra tricipital: 13,5 mm • Dobra subescapular: 18 mm • Dobra abdominal: 20 mm • Dobra suprailíaca: 17,5 mm • Dobra coxa: 15,8 mm DC (g/cm3) = 1,112 – [0,00043499 × (PT + AM + TR + SB + AB + SI + CX)] + [0,00000055 × (PT + AM + TR + SB + AB + SI + CX)2] – (0,00028826 × idade) DC (g/cm3) = 1,112 – [0,00043499 × 102] + [0,00000055 × (102)2] – (0,00028826 × 20) DC (g/cm3) = 1,112 – [0,00043499 × 102] + [0,00000055 ×(10404)] – (0,00028826 ×20) DC (g/cm3) = 1,112 – (0,0443) + (0,0057) – (0,0057) DC (g/cm3) = 1,0677 Considerar a seguinte fórmula para o cálculo do percentual de gordura: 5,01 %G 4,57 100 DC = − × 100 Unidade I 5,01 %G 4,57 100 1,0677 = − × %G = [(4,6923) - 4,57] x 100 %G = 0,1223 x 100 %G = 12,23 Homens 14 anos • Dobra tricipital: 10,5 mm • Dobra subescapular: 15 mm • Dobra abdominal: 16,5 mm DC (g/cm3) = 1,0973 – [0,000815 × (TR + SB + AB)] + [0,00000084 × (TR + SB + AB)2 DC (g/cm3) = 1,0973 – [0,000815 × (42)] + [0,00000084 × (42)2 DC (g/cm3) = 1,0973 – [0,000815× (42)]+[0,00000084 ×(1764) DC (g/cm3) = 1,0973 – (0,0342) + (0,00148) DC (g/cm3) = 1,0645 Considerar a seguinte fórmula para o cálculo do percentual de gordura: Homens 13 a 16 anos 5,07 %G 4,64 100 DC = − × 5,07 %G 4,64 100 1,0645 = − × %G = [4,7627 - 4,64] x 100 %G = 0,1227 x 100 %G = 12,27 101 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Nomograma de Baun e Baun (1981) O nomograma de Baun e Baun (1981) é um método válido, simples, rápido e fácil de determinação do percentual de gordura corporal. O nomograma dispensa grandes cálculos matemáticos, sendo indicado para uso em amostras grandes. Para a determinação das dobras cutâneas a partir do nomograma de Baun, será necessário somar as seguintes dobras cutâneas: • homens: peitoral, abdominal e coxa; • mulheres: tríceps, suprailíaca e coxa. A partir da somatória e com o uso de uma régua, una a idade do avaliado (coluna à esquerda) ao valor do somatório das três dobras (coluna à direita). Considerando o gênero, faça a leitura do percentual de gordura nas colunas intermediárias. Figura 67 – Nomograma de Baun (1981) para a determinação do percentual de gordura de homens e mulheres Fonte: Heyward (2010, p. 225). 102 Unidade I Veja um exemplo: Mulher 35 anos Somatório das dobras cutâneas tríceps, suprailíaca e coxa: 95 mm Figura 68 – Nomograma de Baun (1981) para a determinação do percentual de gordura de mulher, 35 anos, somatório das dobras cutâneas tríceps, suprailíaca e coxa: 95mm Fonte: Heyward (2010, p. 225). 103 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Após a utilização do nomograma, podemos observar que o valor do percentual de gordura da avaliada é 35%. Saiba mais Existem vários outros protocolos de determinação de percentual de gordura corporal para diferentes populações. Alguns deles você pode encontrar no livro a seguir: HEYWARD, V. H. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2010. Após o cálculo do percentual de gordura, podemos utilizar as tabelas com os valores de referências de homens e mulheres para a melhor interpretação dos resultados. Os valores obtidos por meio das equações apresentadas devem ser classificadas de acordo com a tabela sugerida pelo American College of Sports Medicine (2009), os quais se baseiam em dados do The Cooper Institute of Aerobics Research (2002): Tabela 10 – Normas para classificação da gordura corporal em homens de acordo com o American College of Sports Medicine (2009) e com o The Cooper Institute of Aerobics Research (2002) Percentil Classificação 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 99 Muito magro 4,2 7,0 9,2 10,9 11,5 13,6 95 Muito magro 6,3 9,9 12,8 14,4 15,5 15,2 90 Excelente 7,9 11,9 14,9 16,7 17,6 17,8 85 Excelente 9,2 13,3 16,3 18,0 18,8 19,2 80 Excelente 10,5 14,5 17,4 19,1 19,7 20,4 75 Bom 11,5 15,5 18,4 19,9 20,6 21,1 70 Bom 12,7 16,5 19,1 20,7 21,3 21,6 65 Bom 13,9 17,4 19,9 21,3 22,0 22,5 60 Bom 14,8 18,2 20,6 22,1 22,6 23,1 55 Regular 15,8 19,0 21,3 22,7 23,2 23,7 50 Regular 16,6 19,7 21,9 23,2 23,7 24,1 45 Regular 17,4 20,4 22,6 23,9 24,4 24,4 40 Regular 18,6 21,3 23,4 24,6 25,2 24,8 35 Precário 19,6 22,1 24,1 25,3 26,0 25,4 30 Precário 20,6 23,0 24,8 26,0 26,7 26,0 25 Precário 21,9 23,9 25,7 26,8 27,5 26,7 20 Precário 23,1 24,9 26,6 27,8 28,4 27,6 15 Muito precário 24,6 26,2 27,7 28,9 29,4 28,9 104 Unidade I Percentil Classificação 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 10 Muito precário 26,3 27,8 29,2 30,3 30,9 30,4 5 Muito precário 28,9 30,2 31,2 32,5 32,9 32,4 1 Muito precário 33,3 34,3 35,0 36,4 36,8 35,5 Fonte: American College of Sports Medicine (2010, p. 73). Tabela 11 – Normas para classificação da gordura corporal em mulheres de acordo com o American College of Sports Medicine (2009) e com o The Cooper Institute of Aerobics Research (2002) Percentil Classificação 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 99 Muito magro 9,8 11,0 12,6 14,6 13,9 14,6 95 Muito magro 13,6 14,0 15,6 17,2 17,7 16,6 90 Excelente 14,8 15,6 17,2 19,4 19,8 20,3 85 Excelente 15,8 16,6 18,6 20,9 21,4 23,0 80 Excelente 16,5 17,4 19,8 22,5 23,2 24,0 75 Bom 17,3 18,2 20,8 23,8 24,8 25,0 70 Bom 18,0 19,1 21,9 25,1 25,9 26,2 65 Bom 18,7 20,0 22,8 26,0 27,0 27,7 60 Bom 19,4 20,8 23,8 27,0 27,9 28,6 55 Regular 20,1 21,7 24,8 27,9 28,7 29,7 50 Regular 21,0 22,6 25,6 28,8 29,8 30,4 45 Regular 21,9 23,5 26,5 29,7 30,6 31,1 40 Regular 22,7 24,6 27,6 30,4 31,3 31,8 35 Precário 23,6 25,6 28,5 31,4 32,5 32,7 30 Precário 24,5 26,7 29,6 32,5 33,3 33,9 25 Precário 25,9 27,7 30,7 33,4 34,3 35,3 20 Precário 27,1 29,1 31,9 34,5 35,4 36,0 15 Muito precário 28,9 30,9 33,5 35,6 36,2 37,4 10 Muito precário 31,4 33,0 35,4 36,7 37,3 38,2 5 Muito precário 35,2 35,8 37,4 38,3 39,0 39,3 1 Muito precário 38,9 39,4 39,8 40,4 40,8 40,5 Fonte: American College of Sports Medicine (2010, p. 72). Observação American College of Sports Medicine significa Colégio Americano de Medicina Esportiva. É considerada a maior organização de ciências do esporte e do exercício no mundo. 105 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Além da estimativa de percentual de gordura, ainda é possível calcular os seguintes itens: • a quantidade de gordura em quilos; • a massa magra em quilos; • a massa óssea em quilos; • o peso dos órgãos em quilos; • o peso da massa muscular em quilos. Para isso, alguns cálculos serão adotados, conforme veremos a seguir. Quantidade de gordura em quilos Conversão da gordura corporal em percentual para o valor absoluto em kg. Legenda: • MG = massa gorda em kg; • PC = peso corporal em kg. ( ) %G MG kg x PC 100 = Veja o exemplo: Considere um avaliado com 16% de gordura corporal e 84 kg. Logo: ( ) %G MG kg x PC 100 = ( ) 16 MG kg x 84 100 = MG(kg) = 13,44 106 Unidade I Massa magra em quilos Para calcular a massa magra, basta subtrair o valor da gordura em kg do peso corporal. Legenda: • MM: massa magra (kg). • MM (kg) = PC(kg) – MG (kg) Considere um avaliado com 84 kg. Logo: • MM (kg) = 84 – 13,44 • MM (kg) = 70,56 Massa óssea em quilos Para calcularmos a massa óssea (MO) em kg, que posteriormente iremos usar para calcularmos a massa muscular, iremos usar a fórmula: MO(kg) = 3,02 ×[(Estatura2) × R × F × 400] × 0,712 Legenda: • Estatura em metros • R: diâmetro do punho (biestiloide) em metros • F: diâmetro do joelho (biepicondilar) em metros Veja um exemplo: Considerando que o avaliado possua: • Estatura: 1,80 m • Diâmetro do punho: 0,060 • Diâmetro do joelho: 0,096 107 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Logo: MO(kg) = 3,02 × [(Estatura2) × R × F × 400] × 0,712 MO(kg) = 3,02 × [(1,802) × 0,060 × 0,0960 × 400] × 0,712 MO(kg) = 3,02 × [(3,24) × R × F × 400] × 0,712 MO(kg) = 3,02 × (7,464) × 0,712 MO(kg) = 16,04 Massa residual em quilos Para o peso dos órgãos ou massa residual (MR), iremos usar uma constante: Homens: MR (kg) = Peso corporal × 0,241 Mulheres: MR (kg) = Peso corporal × 0,209 Veja um exemplo: Considerando que o avaliado é homem e possui 84 kg, logo: MR (kg) = Peso corporal × 0,241 MR (kg) = 84 x 0,241 MR (kg) = 20,24 Massa muscular em quilos Para o peso da massa muscular em kg, iremos usar a seguinte fórmula: MMusc (kg) = PC – (MG + MO + MR) Veja um exemplo: Para o indivíduo avaliado com peso corporal de 84 kg, sendo a massa gorda 13,44 kg, a massa óssea 16,04 kg e a massa residual 20,24 kg: MMusc (kg) = PC – (MG + MO + MR) 108 Unidade I MMusc (kg) = 84 – (13.44 + 16.04 + 20.2) MMusc (kg) = 84 – (49,68) MMusc (kg) = 34,32 Assim, para o indivíduo com peso corporal de 84 kg, temos 16% de gordura corporal, massa gorda 13,44 kg, massa óssea 16,04 kg, massa residual 20,24 kg e massa muscular 34,32 kg. 4 SOMATOTIPO A proporcionalidade do corpo humano vem sendo observada há milhares de anos. No século V a.C., o grego Polycletus esculpiu Doryphoros, que representava a forma do corpo ideal, um tipo físico com proporções de um atleta. Acreditava-se que essa estátua era a ilustração das regras56 3.2.2 Métodos duplamente indiretos ......................................................................................................... 62 4 SOMATOTIPO ...................................................................................................................................................108 4.1 Método antropométrico de Heath-Carter (1967) .................................................................110 4.1.1 Determinação do primeiro componente: endomorfia .......................................................... 110 4.1.2 Determinação do segundo componente: mesomorfia ...........................................................111 4.1.3 Determinação do terceiro componente: ectomorfia ............................................................. 113 Unidade II 5 AVALIAÇÃO POSTURAL................................................................................................................................121 5.1 Análise postural na posição da vista anterior ........................................................................130 5.2 Análise postural na posição da vista lateral ............................................................................133 5.3 Análise postural na posição da vista posterior ......................................................................139 5.4 Análise postural na posição da vista anterior com flexão de tronco ............................146 5.5 Proposta de avaliação observacional da postura ..................................................................147 6 AVALIAÇÃO FUNCIONAL RELACIONADA AOS SISTEMAS DE MOBILIZAÇÃO DE ENERGIA .........................................................................................................................................................149 6.1 Capacidade e potência aeróbia ....................................................................................................149 6.2 Protocolos indiretos de determinação do VO2max ...............................................................155 6.2.1 Sem esforço físico................................................................................................................................ 155 6.2.2 Testes de cargas submáximas ......................................................................................................... 156 6.2.3 Testes de cargas máximas ................................................................................................................ 177 6.2.4 Testes em esteira rolante .................................................................................................................. 180 6.2.5 Testes com ergômetro de perna (bicicleta) ................................................................................181 6.3 Limiar anaeróbio (LAn) .....................................................................................................................185 6.4 Potência e capacidade anaeróbia ................................................................................................191 6.4.1 Protocolos indiretos de determinação da potência e capacidade anaeróbia ............. 192 Unidade III 7 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE E AO DESEMPENHO ATLÉTICO ...............................................................................................................................................................204 7.1 Flexibilidade ..........................................................................................................................................204 7.1.1 Métodos de avaliação da flexibilidade ........................................................................................ 204 7.2 Força ........................................................................................................................................................218 7.2.1 Força máxima .........................................................................................................................................218 7.2.2 Força de potência (explosiva) .......................................................................................................... 224 7.2.3 Força de resistência ............................................................................................................................. 228 8 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE ...........................................................234 8.1 Velocidade .............................................................................................................................................234 8.1.1 Tipos de velocidade ............................................................................................................................. 234 8.1.2 Testes de velocidade ........................................................................................................................... 234 8.2 Agilidade ................................................................................................................................................239 8.2.1 Testes de agilidade .............................................................................................................................. 240 8.3 Equilíbrio ................................................................................................................................................244 8.3.1 Testes de equilíbrio estático ............................................................................................................ 245 8.3.2 Teste de equilíbrio dinâmico ........................................................................................................... 247 8.4 Coordenação ........................................................................................................................................249 8.4.1 Testes de coordenação ....................................................................................................................... 250 7 APRESENTAÇÃO O objetivo da disciplina é transmitir conceitos relativos à avaliação funcional e morfológica aplicados a todas as faixas etárias de forma teórica e prática. Além disso, a disciplina Medidas e Avaliações pretende desenvolver a capacidade crítica a respeito das técnicas e dos protocolos existentes, bem como capacitar o aluno a realizar avaliação funcional e morfológica, possibilitando a seleção dos melhores métodos e interpretação de tais valores. A disciplina pretende, ainda, apresentar e discutir técnicas de avaliação e os principais protocolos de avaliação da composição corporal, de avaliação postural, de avaliação do sistema cardiorrespiratório e de avaliação das capacidades de velocidade, flexibilidade, força e agilidade, visando à prescrição do exercício e ao desenvolvimento da saúde ou desempenho esportivo. Ao final da disciplina, o aluno será capaz de discernir os tipos de avaliação e para qual finalidade ela é indicada, sujeito e objetivo. Inicialmente, apresentaremos conceitos e compreensões teóricas sobre avaliação da composição corporal. Iremos estudar as técnicas diretas e indiretas de avaliação, bem como as principais técnicas utilizadas para quantificar percentual de gordura, massa magra e somatotipo. Na sequência, trataremos da avaliação postural e de como localizar os principais desvios, tanto na vista anterior quanto posterior, lateral direita e esquerda. Também abordaremos as avaliações funcionais relacionadas aos sistemas de obtenção de energia, portanto, capacidade e potência aeróbia e anaeróbia. Por fim, abordaremos a avaliação da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho atlético, juntamente com os testes e medidas para determiná-los. 8 INTRODUÇÃO Imagine as seguintes situações: • Ana, 30 anos, procurou você para orientá-la a perder peso. Ela acredita que seu peso está acima da média e não está se sentindo bem com essa situação. Ana pesa 75 kg e tem 1,60 m de estatura; é ex-atleta olímpica de natação, praticou a modalidadesobre harmonia e as proporções perfeitas do corpo humano. Desde então, surgiu a necessidade de mensurar e estudar segmentos corporais e, a partir disso, agrupar o corpo humano em diferentes tipos físicos. Consequentemente, surgiram diferentes escolas biotipológicas que se empenharam em formular leis biológicas da distribuição das massas, partindo do princípio de que o corpo tem três proporções ou tendências de crescimento. Na década de 1940, Sheldon propôs uma teoria que partiu da indagação de quais eram essas tendências de crescimento e quais eram as proporções principais do corpo humano, nascendo então o termo somatotipo. O autor descreveu sua teoria a respeito dos três componentes primários presentes em todos os indivíduos em maior ou menor proporção: espessura, comprimento e largura. Medindo um grande número de homens, Sheldon propôs estatisticamente a configuração de três componentes de crescimento relacionados com os folhetos embrionários que determinam a formação dos órgãos e sistemas do nosso corpo, sendo: • endomorfo; • mesomorfo; • ectomorfo. Endomorfia Derivada do endoderma (formador do tubo digestivo e sistemas auxiliares). As pessoas com esse tipo de corpo normalmente possuem ossos largos, quadris e coxas grandes e rostos redondos. Os braços e pernas costumam ser curtos, salientando ainda mais o aspecto encorpado das pessoas endomorfas. Na maioria dos casos, as pessoas têm uma cintura alta e mãos e pés pequenos. 109 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Indica a tendência à obesidade. Mesomorfia Indica o predomínio dos tecidos derivados do mesoderma (formador de ossos, músculos e tecido conjuntivo). Os mesomorfos são frequentemente descritos como pessoas com corpos atléticos. Um indivíduo com esse tipo físico geralmente tem um corpo magro com muita facilidade em ganhar massa muscular. Apresenta maior densidade e desenvolvimento músculo-esquelético. Ectomorfia Compreende os tecidos derivados da camada ectodérmica (formador da epiderme, do encéfalo e da medula espinal). Os ectomorfos são pessoas magras que possuem dificuldade para ganhar peso, tanto em músculos como em gordura. Apresenta predomínio das formas lineares e frágeis. Mostra maior superfície em relação à massa corporal. A determinação do somatotipo, de acordo com os procedimentos seguidos por Sheldon, não implicava qualquer valor antropométrico. O método era essencialmente fotográfico, no qual o indivíduo era fotografado em três posições, de frente, de perfil e de costas, e, após a observação das fotografias, lhe era atribuída uma pontuação. Apesar da expansão adquirida, o método de Sheldon levantou uma série de questionamentos, sendo modificado na década de 1960 por Heath e Carter, que propuseram a inclusão de medidas antropométricas. Heath e Carter (1967) conceituaram somatotipo como uma descrição semiquantitativa da composição corporal humana. Diferentemente de Sheldon, que descrevia que o somatotipo tinha somente influência genética e não poderia ser modificado, Heath e Carter (1967) determinam o somatotipo do avaliado em um momento pontual, podendo sofrer alterações em função do ambiente e do estilo de vida, bem como da alimentação e do treinamento. A estimativa do somatotipo é realizada pelo cálculo de cada um desses componentes. Foi estabelecido um valor numérico em que cada componente pode variar de 1 a 7, sendo 1 para menor presença do componente e 7 para maior presença do componente. Os componentes são apresentados sempre na mesma ordem, separados por hífen: endomorfia – mesomorfia – ectomorfia. Não há indivíduos que possuam uma classificação única, mas sim um componente com maior ou menor tendência sobre o outro. Heath e Carter (1967) também propuseram que essa escala de unidades de 1 a 7 provavelmente era muito baixa, o que poderia apresentar baixa capacidade discriminatória. Assim, a fim de classificar 110 Unidade I os tipos morfológicos extremos, os autores propuseram uma escala de medida que inicia no ponto zero e envolve definições decimais de medida. 4.1 Método antropométrico de Heath‑Carter (1967) Determinar o somatotipo indica estabelecer o valor numérico aos três componentes já citados. O cálculo dos três componentes, segundo a metodologia de Heath-Carter, é realizado conforme veremos a seguir. 4.1.1 Determinação do primeiro componente: endomorfia Medidas utilizadas: • estatura (cm); • dobras cutâneas (tríceps, subscapular e suprailíaca). Para calcularmos a endomorfia do avaliado, é necessário, inicialmente, realizar a correção da somatória das dobras tricipital, subescapular e suprailíaca pela estatura (cm) do avaliado. Assim, será utilizada a seguinte equação: ( ) 170,18 X TR SB SI Estatura = + + × Após essa correção, a equação para o cálculo da endomorfia será aplicada: Endomorfia = 0,7182 + 0,1451 × (TR+SB+SI) – 0,00068 × (TR+SB+SI)2 + 0,0000014 × (TR+SB+SI)3 Veja os exemplos a seguir: Homem • Estatura: 180,5 cm • Dobra cutânea tricipital: 5,0 mm • Dobra cutânea subscapular: 3,5 mm • Dobra cutânea supraíliaca: 5,9 mm 111 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Logo: ( ) 170,18 X TR SB SI Estatura = + + × ( ) 170,18 X 5,0 3,5 5,9 180,5 = + + × ( ) 170,18 X 14,4 180,5 = × X = 14,4 x 0,9428 X = 13,57 Calcularemos, então, a endomorfia substituindo a somatória das dobras cutâneas tricipital, subescapular e suprailíaca pelo valor obtido na equação de correção citada. Logo: Endomorfia = 0,7182 + [0,1451 × (TR + SB + SI)] – [0,00068 × (TR + SB + SI)2] + [0,0000014 × (TR + SB + SI)3] Endomorfia = 0,7182 + [0,1451 × (13,57)] – [0,00068 × (13,57)2] + [0,0000014 × (13,57)3] Endomorfia = 0,7182 + (1,9690) – [0,00068 × (184,14)] + [0,0000014 × (2498,84)] Endomorfia = 0,7182 + (1,9690) – (0,1252) + (0,0034) Endomorfia = 2,56 4.1.2 Determinação do segundo componente: mesomorfia Medidas utilizadas: • U = diâmetro biepicôndilo do úmero (cm) • F = diâmetro biepicôndilo do fêmur (cm) • BC = circunferência de braço corrigida (cm) • PC = circunferência de perna corrigida (cm) 112 Unidade I • H = estatura (cm) • TR = dobra cutânea do tríceps (mm) • PN = dobra cutânea da perna (mm) Para determinar a mesomorfia, é necessário realizar alguns ajustes, a fim de minimizar a participação da gordura localizada nos tecidos. Assim, teremos uma representação melhor do desenvolvimento muscular do avaliado. Inicialmente, devemos transformar as medidas de dobras cutâneas de milímetro (mm) para centímetro (cm). Para isso, o valor da dobra cutânea será dividido por 10. Após essa conversão, é necessário realizar a correção da circunferência de braço e de perna. Essas correções são feitas subtraindo o valor da circunferência do braço em cm do valor da dobra cutânea do tríceps em cm o mesmo cálculo é feito para a circunferência da perna em cm, subtraída do valor da dobra cutânea da perna em cm. Para exemplificarmos essa correção, os seguintes dados de um avaliado serão considerados: • U = 6,8 cm • F = 8,9 cm • H = 180,5 cm • B = 36,4 cm • P = 39,2 cm • TR = 5,0 mm • PN = 6,0 mm Inicialmente, deve-se realizar a conversão da dobra cutânea do tríceps de mm para cm: 5,0 TR 10 = TR = 0,5 113 MEDIDAS E AVALIAÇÕES O mesmo procedimento deverá ser realizado para a medida da perna: 6,0 TR 10 = TR = 0,6 Na sequência, devemos minimizar a participação do tecido adiposo da medida de circunferência por meio da seguinte equação: BC = Circunferência do braço fletido (cm) – Dobra tricipital (cm) BC = 36,4 – 0,5 BC = 35,9 cm PC = Circunferência da perna (cm) – Dobra cutânea da perna (cm) PC = 39,2 – 0,6 PC = 38,6 cm Após a conversão e a correção, calcularemos a mesomorfia por meio da seguinte equação: Mesomorfia = 4,50 + [0,858 × (U)] + [0,601 × (F)] + [0,188 × (BC)] + [0,161 × (PC)] – [0,131 × (H)] Considerando os dados do exemplo de aplicação anterior, logo: Mesomorfia = 4,50 + [0,858 × (U)] + [0,601 × (F)] + [0,188 × (BC)] + [0,161 × (PC)] – [0,131 × (H)] Mesomorfia = 4,50 + [0,858 × (6,8)]+ [0,601 × (8,9)] + [0,188 × (35,9)] + [0,161 × (38,6)] – [0,131 × (180,5)] Mesomorfia = 4,50 + (5,8344) + (5,3489) + (6,7492) + (6,2146) – (23,6455) Mesomorfia = 5,00 4.1.3 Determinação do terceiro componente: ectomorfia Medidas utilizadas: • Estatura (cm) • Peso corporal (kg) • IP = índice ponderal 114 Unidade I Primeiramente deverá ser calculado o índice ponderal por meio da seguinte fórmula: 3 Estatura IP Peso = A partir do valor encontrado no índice ponderal, serão utilizados três modelos matemáticos para a determinação da ectomorfia. Assim, se IP ≥ 40,75, então: Ectomorfia = (IP × 0,732) – 28,58 Se 38,25 40,75, então: Ectomorfia = (IP × 0,732) – 28,58 Ectomorfia = (41,97 × 0,732) – 28,58 115 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Ectomorfia = (30,7220) – 28,58 Ectomorfia = 2,14 A maioria das pessoas se encontra em faixas intermediárias, tendo um componente prevalecendo sobre outro. Assim, de acordo com a ordem de distribuição dos valores encontrados, torna-se possível classificar o somatotipo do avaliado em diferentes categorias, resultando na definição de treze diferentes padrões de somatotipo, conforme o quadro a seguir: Quadro 1 – Categorias do somatotipo caracterizadas pelas seguintes combinações de distribuições de componentes Endomorfo balanceado A endomorfia é dominante e a mesomorfia e a ectomorfia são iguais ou não diferem em mais de 0,5 unidade. Exemplo: 4-2-2 Mesoendomorfo A endomorfia é dominante e a mesomorfia é maior que a ectomorfia. Exemplo: 4-3-2 Endomorfo-mesomorfo A endomorfia e a mesomorfia são iguais ou não diferem em mais de 0,5 unidade e a ectomorfia é menor. Exemplo: 4-4-2 Endomesomorfo A mesomorfia é dominante e a endomorfia é maior que a ectomorfia. Exemplo: 3-4-2 Mesomorfo balanceado A mesomorfia é dominante e a endomorfia e a ectomorfia são iguais ou não diferem em mais de 0,5 unidade. Exemplo: 2-4-2 Ectomesomorfo A mesomorfia é dominante e a ectomorfia é maior que a endomorfia. Exemplo: 2-4-3 Mesomorfo-ectomorfo A mesomorfia e a ectomorfia são iguais ou não diferem em mais de 0,5 unidade e a endomorfia é menor. Exemplo: 2-4-4 Mesoectomorfo A ectomorfia é dominante e a mesomorfia é maior que a endomorfia. Exemplo: 2-3-4 Ectomorfo-balanceado A ectomorfia é dominante e a endomorfia e a mesomorfia são iguais ou não diferem em mais de 0,5 unidade. Exemplo: 2-2-4 Endoectomorfo A ectomorfia é dominante e a endomorfia é maior que a mesomorfia. Exemplo: 3-2-4 Endomorfo-ectomorfo A endomorfia e a ectomorfia são iguais ou não diferem em mais de 0,5 unidade e a mesomorfia é menor. Exemplo: 4-2-4 Ectoendomorfo A endomorfia é dominante e a ectomorfia é maior que a mesomorfia. Exemplo: 4-2-3 Central Nenhum componente difere em mais de 0,5 unidade dos outros dois componentes; trata-se apenas de valores 3 e 4. Exemplos: 3-3-3 e 4-4-4 Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 179). A classificação e a interpretação obtidas nos cálculos que fizemos são feitas do componente de maior valor para o de menor. Assim, se obtivermos para o indivíduo do exemplo os valores 2,5 – 5,0 – 2,1, o classificamos como mesomorfo balanceado, sugerindo que o componente muscular é predominante e que tal indivíduo poderá obter destaque em modalidades caracterizadas por exercícios de força. 116 Unidade I A análise desses dados pode ser um importante referencial na triagem de futuros atletas, considerando a variável morfológica como referência. No entanto, devemos ter em mente que essas análises são referentes apenas ao aspecto morfológico, sendo que as variáveis fisiológicas, psicológicas e técnicas também apresentam importantes contribuições na formação dos futuros atletas. Saiba mais O somatotipo pode ser calculado também por meio da somatocarta. Para mais informações sobre esse método, consulte o livro: FONTOURA, A. S.; FORMETIN, C. M.; ABECH, E. A. Guia prático de avaliação física: uma abordagem didática, abrangente e atualizada. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2013. 117 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Resumo O estudo dos aspectos relacionados a medidas e avaliações é bastante extenso e complexo, desde as suas definições até os métodos que serão escolhidos para compor os protocolos desejados. O conhecimento dos valores de referências, dos tipos de avaliações, dos critérios de seleção de testes e dos erros de medida são de fundamental importância para a escolha dos testes, de acordo com o público que será avaliado. As avaliações antropométricas são grandes aliadas das possibilidades do dia a dia, uma vez que foram validadas a partir de testes indiretos, que são de alto custo e de difícil execução. Além disso, necessitam de equipamentos sofisticados, como máquina de ressonância magnética ou tomografia computadorizada, e também de um profissional especializado para manusear o equipamento. Assim, antropometria é de grande valia para calcular a composição corporal do avaliado. As medidas de circunferências corporais, diâmetros ósseos e dobras cutâneas são válidas para determinar a estrutura corporal. O índice de massa corporal e a razão cintura-quadril podem fornecer dados importantes de classificação de obesidade e/ou de desnutrição e de risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, respectivamente. Embora sejam métodos de baixo custo, a correta aplicação do protocolo é extremamente necessária para minimizar os erros de medida. Quanto mais o avaliador treinar, melhor será a obtenção da medida. Os pontos anatômicos e os procedimentos para as medições devem ser respeitados rigorosamente para obter resultados confiáveis. Os protocolos de avaliações da composição corporal devem ser escolhidos com cautela, de acordo com o público-alvo, os objetivos e as limitações de cada método. 118 Unidade I Exercícios Questão 1. (Enade 2007, adaptada) Cinco profissionais especializados foram contratados para atuar em uma instituição recentemente inaugurada. Uma das atividades combinadas com a direção da instituição foi a implantação de uma bateria de avaliação física de caráter antropométrico para o estudo do crescimento dos 60 adolescentes da entidade. Nessa avaliação, a periodicidade deveria ser estabelecida pelos profissionais e, além do peso corporal e da estatura dos adolescentes, duas outras variáveis antropométricas deveriam ser mensuradas e anotadas. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção em que são corretamente apresentadas a periodicidade que deve ser estabelecida para a avaliação em apreço e duas variáveis que devem compor a bateria, cada uma com o respectivo instrumento/procedimento de mensuração: A) Trimestralmente; diâmetros ósseos, por meio de um paquímetro; e perímetros musculares, por meio de uma fita métrica. B) Semestralmente; força muscular, por meio de um dinamômetro; e relação cintura/quadril, por meio de um compasso. C) Anualmente; flexibilidade, por meio de uma régua; e resistência, por meio de um teste de esforço na bicicleta ergométrica. D) Semestralmente; equilíbrio dinâmico, por meio de um teste de andar sobre a trave; e coordenação motora geral, por meio de atividades bimanuais. E) Trimestralmente; maturação sexual, por meio de raios X da mão; potência aeróbica, por meio de um teste de corrida de 12 minutos. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: a cada três meses da realização da avaliação física já é possível encontrar modificações; portanto, é o período ideal para reavaliar essa população. Além disso, os diâmetros ósseos e os perímetros musculares são variáveis antropométricas. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a cada seis meses da realização da avaliação física se encontram modificações; entretanto, é um período longopara reavaliar essa população. Além disso, a avaliação da força muscular não é uma variável antropométrica. 119 MEDIDAS E AVALIAÇÕES C) Alternativa incorreta. Justificativa: a cada 12 meses da realização da avaliação física encontram-se modificações; entretanto, é um período longo para reavaliar essa população. Além disso, a avaliação da flexibilidade e da resistência não são variáveis antropométricas. D) Alternativa incorreta. Justificativa: a cada seis meses da realização da avaliação física encontram-se modificações; entretanto, é um período longo para reavaliar essa população. Além disso, a avaliação do equilíbrio e da coordenação não são variáveis antropométricas. E) Alternativa incorreta. Justificativa: a cada três meses da realização da avaliação física já é possível encontrar modificações; portanto, é um período ideal para reavaliar essa população. Entretanto, a avaliação da maturação sexual e da potência aeróbia não são variáveis antropométricas. Questão 2. (Enade 2010) O dono de uma pequena academia recebeu a visita de um representante comercial da empresa Physical Education Measurements, oferecendo-lhe a instalação e a manutenção de software de avaliação física para acompanhamento dos clientes. Apesar de o preço ser razoável, o dono está com dúvidas sobre a qualidade dos testes utilizados para o programa. Quais são os critérios de um bom teste sobre os quais Natanael deve se basear para decidir acerca da compra do referido software? A) Confiabilidade, fidedignidade e estabilidade. B) Fidedignidade, validade e objetividade. C) Reprodutibilidade, confiabilidade e objetividade. D) Flexibilidade, economia e confiabilidade. E) Objetividade, aplicabilidade e validade. Resposta correta: alternativa B. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: as palavras confiabilidade e fidedignidade são sinônimas. E estabilidade não é um critério de seleção dos testes. 120 Unidade I B) Alternativa correta. Justificativa: os três critérios de seleção dos testes são: fidedignidade (confiabilidade), validade e objetividade (reprodutibilidade). C) Alternativa incorreta. Justificativa: as palavras reprodutibilidade e objetividade são sinônimas. Faltou o critério de validade. D) Alternativa incorreta. Justificativa: somente a confiabilidade é um critério de seleção dos testes. E) Alternativa incorreta. Justificativa: a aplicabilidade não é um critério de seleção dos testes. 121 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Unidade II 5 AVALIAÇÃO POSTURAL A avaliação postural é um dos componentes da avaliação da saúde e da qualidade de vida, uma vez que a postura tem importantes implicações no bem‑estar geral e influencia diretamente nas atividades recreativas e laborais. Os assuntos relacionados à avaliação postural são continuamente discutidos tanto no meio formal acadêmico e clínico quanto no meio informal do nosso cotidiano, e talvez por isso analisá‑la torna‑se uma tarefa bastante polêmica. Inicialmente temos que definir a postura ideal, e por existir vários autores e cada qual com sua própria definição de postura ideal, usaremos uma definição baseada na interpretação geral atualmente adotada. A postura ideal é definida como a posição que o corpo adota no espaço em relação ao centro de gravidade, sendo estabelecido um posicionamento corporal por meio do qual o corpo adquire um arranjo relativo de suas partes em razão de uma atividade ou atitude específica, ou seja, um modo característico de um indivíduo sustentar seu corpo com menor gasto energético possível, sem prejuízo e limitações da dor ou funcionais das atividades motoras da vida diária. É necessário levar em consideração que, nós, seres humanos não somos iguais, e sim semelhantes, possuindo características e particularidades que influenciam na postura diretamente, incluindo variações anatômicas, somatotipologia, etnia, idade e sexo. Além de cada pessoa apresentar características individuais de postura, esta é influenciada também por outros fatores como: • anomalias congênitas e/ou adquiridas; • obesidade; • alimentação inadequada; • atividades físicas sem orientação e/ou inadequadas; • distúrbios respiratórios; • desequilíbrios musculares; • alterações articulares; • doenças psicossomáticas. 122 Unidade II Observação Somatotipologia é uma técnica de classificação morfológica. Ela visa descrever a morfologia externa do avaliado, do seu tipo corporal ou físico. Independentemente desses fatores, a manutenção de uma boa postura necessita de participação conjunta de componentes estruturais passivos (ossos, ligamentos, cápsulas articulares, tendões e aponeuroses) e ativos (músculos esqueléticos). Esses componentes estruturais sofrem a ação contínua da gravidade, o que demanda constantes ajustes nesse intricado complexo sinérgico. O controle desses mecanismos posturais depende da interação de proprioceptores articulares e musculares, assim como de orientação visual e do sistema vestibular, que captam informações sensitivas do ambiente e enviam para centros motores importantes para a manutenção da postura e equilíbrio localizados no sistema nervoso central. Lembrete Com o decorrer da idade, por ação da gravidade, haverá diminuição da estatura do indivíduo, devido ao achatamento dos discos intervertebrais e maior curvatura cervical. Assim, a avaliação postural deve determinar se um segmento corporal ou articular se desvia de um alinhamento postural ideal, indicando desequilíbrios nas cadeias musculares tanto nos posicionamentos em movimentos dinâmicos como em situações estáticas. Identificar os desequilíbrios irá contribuir na prescrição de um programa de exercício físicos que promova ajustes para melhorar a postura do avaliado ou, em alguns casos, para não piorá‑la. Entende‑se como defeito de postura ou desequilíbrio postural toda condição que implique em quebra do alinhamento corporal do referencial neutro e estático de postura. Nesse referencial neutro e estático de postura, a atividade muscular necessária para sua manutenção é mínima, o que acarreta pequeno gasto energético. Além disso, a avaliação postural envolve visualizar as estruturas possivelmente alteradas utilizando o alinhamento anatômico do corpo em relação a uma linha de referência estabelecida conhecida como linha de gravidade imaginária. Para que o corpo se mantenha em perfeito equilíbrio estático, a linha de gravidade imaginária, que atravessa o centro do corpo e que, projetada lateralmente ou posteriormente, passa por vários pontos anatômicos, deve seguir as descrições que apresentaremos na sequência. 123 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Em uma vista lateral: • ligeiramente posterior ao ápice da sutura coronal; • através do meato acústico externo; • diante dos côndilos occipitais; • pelo dente do áxis (segunda vértebra cervical); • tangencia a coluna cervical pela frente; • passa pelo acrômio (no ombro); • passa pela frente da região dorsal; • passa por trás do corpo das últimas vértebras lombares; • através do promontório sacral; • discretamente posterior ao centro da articulação do quadril; • acompanha o eixo do fêmur; • ligeiramente anterior ao centro da articulação do joelho; • passa pela frente da tíbia; • discretamente anterior ao maléolo lateral; • através da articulação calcaneocubóidea. 124 Unidade II Figura 69 – Imagem do fio de prumo em uma postura ideal na vista lateral Fonte: Heyward (1997, p. 60). Em uma vista posterior: • acompanha a linha vertebral (todos os processos espinhosos das vértebras formam uma linha reta); • passa pela linha interglútea; • se estende para baixo entre os membros inferiores; • caindo num ponto equidistante entre os calcanhares. 125 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 70 – Imagem do fio de prumo em uma postura ideal na vista posterior Fonte: Heyward (1997, p. 60). Esse padrão neutro e estático com a linha da gravidade imaginária é o modelo de referência que servirá de ponto de partida para a interpretação de qualquerdisfunção ou desequilíbrio postural observado em uma avaliação postural. Os métodos de avaliação postural podem ser divididos em objetivos ou subjetivos: • Metodologia objetiva: uso de investigações radiográficas e tomográficas, que possibilitam quantificar em graus o quanto as curvaturas estão alteradas em relação ao normal. Esses exames necessitam de um pedido médico específico, o que impossibilita o avaliador não médico de utilizar esse procedimento. Utiliza‑se também de fotografias em pelo menos três posições. 126 Unidade II • Metodologia subjetiva: inspeção visual e tátil com ou sem uso de quadro de avaliação postural (simetrógrafo) para observar o avaliado, o qual é inspecionado globalmente, numa visão anterior, posterior e lateral e vista lateral com flexão anterior do tronco, a fim de observar se existe alguma alteração anatômica visível que resulta em má postura. Observação Simetrógrafo é um instrumento utilizado para avaliar desvios posturais através da observação de pontos anatômicos. Uma avaliação postural utilizando a metodologia subjetiva é a mais comumente realizada em academias e na prática diária dos profissionais da Educação Física e da Fisioterapia. Por conta disso, focaremos nosso estudo na metodologia subjetiva para avaliação da postura. A partir dessas informações, a análise de alguns pontos anatômicos fornece informações importantes com relação a desequilíbrios posturais. Principais pontos a serem observados na vista anterior: • lóbulo da orelha direita; • lóbulo da orelha esquerda; • acrômio direito; • acrômio esquerdo; • espinha ilíaca anterossuperior direita; • espinha ilíaca anterossuperior esquerda; • patela do joelho direito; • patela do joelho esquerdo; • maléolo lateral direito; • maléolo lateral esquerdo. 127 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 1 2 3 4 5 6 7 9 10 8 Figura 71 – Principais pontos anatômicos na vista anterior Fonte: Grupo UNIP‑Objetivo. Principais pontos a serem observados na vista posterior: • lóbulo da orelha direita; • lóbulo da orelha esquerda; • acrômio direito; • acrômio esquerdo; • processo espinhoso das vértebras; • ângulo inferior da escápula direita • ângulo inferior da escápula esquerda; • olécrano direito; • olécrano esquerdo; 128 Unidade II • espinha ilíaca posterossuperior direita; • espinha ilíaca posterossuperior esquerda; • prega infraglútea direita; • prega infraglútea esquerda; • linha articular do joelho direito; • linha articular do joelho esquerdo; • linha do tendão calcâneo direito na altura média dos dois maléolos; • linha do tendão calcâneo esquerdo na altura média dos dois maléolos. 2 1 3 7 4 6 5 9 11 5 8 10 13 12 15 17 14 16 Figura 72 – Principais pontos anatômicos na vista posterior Fonte: Grupo UNIP‑Objetivo. Principais pontos a serem observados na vista lateral: • mento; • processo espinhoso das vértebras; 129 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • acrômio; • espinha ilíaca anterossuperior; • patela; • linha articular do joelho; • maléolo. 1 2 3 2 2 2 4 56 7 Figura 73 – Principais pontos anatômicos na vista lateral Fonte: Grupo UNIP‑Objetivo. Os pontos citados são sugestões para se criar os pontos anatômicos de referência para análise postural, mas outros também podem ser utilizados caso o profissional prefira. Para iniciar a avaliação postural, o avaliado deve estar em pé, em posição ortostática, descontraída, com os membros superiores relaxados ao longo do tronco, olhar em direção à linha do horizonte e pés levemente afastados lateralmente. A partir desse posicionamento, observa‑se o alinhamento corporal nas vistas anterior, lateral e posterior. A avaliação postural deve ser feita com o indivíduo minimamente vestido (homem com shorts e mulher com shorts e top) para que se consiga uma visão clara dos contornos e dos pontos anatômicos usados como referência. 130 Unidade II Podemos usar também para avaliação postural o aparelho simetrógrafo, com o qual podemos identificar os desvios posturais mais evidentes por meio da observação de pontos anatômicos específicos que permitem identificar possíveis assimetrias decorrentes da alteração postural. Para utilizar esse aparelho, basta colocar o avaliado em pé, atrás dele, identificar os pontos anatômicos e observar se há assimetrias ou alterações marcantes. Fatores que dever ser levados em consideração para uma boa avaliação postural: • sala com boa iluminação; • vestimenta adequada; • posição relaxada do avaliado; • observar as três vistas: anterior, posterior e lateral; • atentar para as simetrias, contornos, alterações de alinhamento e pequenas alterações não esperadas. 5.1 Análise postural na posição da vista anterior Figura 74 – Imagem do posicionamento do avaliado por meio do uso do simetrógrafo na vista anterior Fonte: Charro et al. (2010, p. 127). Nessa vista, o alinhamento ideal da cabeça e do pescoço é aquele no qual a cabeça está numa posição bem equilibrada, neutra, nem inclinada, nem rodada. O nariz, o manúbrio do esterno, o processo xifoide do esterno e o umbigo devem ficar todos alinhados verticalmente na linha média. 131 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 75 – Imagem ilustrativa dos desvios da cabeça Fonte: Machado e Cal Abad (2010, p. 208). Podemos observar se existe a alteração assimétrica com relação aos ombros traçando uma linha imaginária formada pela união dos dois pontos acromiais. Nesse caso, tal alteração também deverá ser confirmada na vista posterior. Figura 76 – Imagem ilustrativa de ombros assimétricos Fonte: Machado e Cal Abad (2010, p. 209). O avaliador deve examinar a região pélvica e do quadril quanto à assimetria das alturas das cristas ilíacas e assinalar os níveis das espinhas ilíacas anterossuperiores. A linha dos ombros e a linha do quadril deverão estar paralelas entre si e em relação ao solo. Caso isso não ocorra com algumas delas, deverá existir uma escoliose na região da linha se não estiver 132 Unidade II paralela com o solo (linha do ombro = região torácica; linha de quadril = região lombar), que deverá ser confirmada também na posição de vista posterior. O fêmur em relação à articulação do quadril pode apresentar‑se rodado tanto interna quanto externamente, o que eventualmente poderá promover alterações no posicionamento do tornozelo/pé com possíveis implicações na marcha. Naturalmente o fêmur está levemente abduzido em relação à tíbia pela distância entre os acetábulos. Esse afastamento dá origem ao joelho valgo (geno valgo) fisiológico, que é considerado normal e nas mulheres pode ser um pouco maior. Mas, à medida que essa abdução aumenta, como os côndilos femorais se tocam cada vez mais, enquanto os maléolos mediais se afastam na mesma proporção, o grau de valgismo aumenta. O oposto também é observado: quando há afastamento dos côndilos do fêmur e os maléolos mediais se unem, origina‑se o joelho varo (geno varo). Tanto o joelho varo quanto o joelho valgo, além dos limites normais, devem ser detectados, pois apresentarão uma sobrecarga de tensão nos ligamentos colaterais (tibial ou fibular) do joelho ou uma sobrecarga compressiva nos meniscos (laterais ou mediais). Figura 77 – Da esquerda para a direita, alinhamento ideal dos joelhos, desvio em varo dos joelhos e desvio em valgo dos joelhos Fonte: Kendall et al. (2007, p. 82). As patelas devem ser examinadas quanto a certos desvios. O posicionamento da patela em relação aos côndilos do fêmur pode apresentar um desvio medial ou lateral. As patelas devem estar orientadas exatamente na direção da linha média do pé e apontada para frente; cada patela deve estar localizada em um ponto médio entre os côndilos femorais e apresentar um ângulo Q, com um valor entre 11 e 17 graus para homens e de 14 a 16 graus para mulheres. O ângulo Q é uma medida de alinhamento patelar que é formado pelo encontro de duas retas: uma que passa entre a tuberosidade da tíbia e o centro patelar e a outra que se estende da espinha ilíaca anterossuperior até o centro patelar.133 MEDIDAS E AVALIAÇÕES As tíbias devem estar retas e sem qualquer arqueamento; a cabeça da fíbula direita e esquerda deve estar na mesma altura em ambos os lados. O tornozelo é verificado pelo posicionamento perpendicular da perna em relação à planta do pé, e os pés devem mostrar de 8 a 10 graus de abdução; os maléolos mediais devem estar posicionados na mesma altura em ambos os lados. O pé aduto se caracteriza pela projeção dos pés para dentro da linha média imaginária do corpo. O pé abduto se caracteriza pela projeção dos pés para fora da linha média imaginária do corpo. Figura 78 – Imagem ilustrativa do pé abduto Fonte: Machado e Cal Abad (2010, p. 210). 5.2 Análise postural na posição da vista lateral Figura 79 – Imagem do posicionamento do avaliado por meio do uso do simetrógrafo na vista lateral Fonte: Charro et al. (2010, p. 128). 134 Unidade II As avaliações posturais laterais devem ser feitas a partir de ambos os lados para detecção de quaisquer anormalidades rotacionais que poderiam passar despercebidas se fossem observadas apenas a partir de uma das perspectivas laterais. Estando o avaliado em posição ortostática natural, de lado para o avaliador, observam‑se, com o auxílio da projeção lateral da linha de gravidade, as alterações da cabeça e do pescoço. A posição da cabeça no alinhamento ideal é aquela na qual a cabeça se encontra em uma posição bem equilibrada e é mantida com mínimo esforço muscular. O pescoço protraído está projetado à frente, enquanto o pescoço retraído está encolhido atrás. A postura com a cabeça para frente está associada frequentemente com lordose cervical excessiva. Figura 80 – Imagem ilustrativa da cabeça anteriorizada Fonte: Machado e Cal Abad (2010, p. 211). A coluna cervical deve exibir uma lordose normal. O avaliador deve observar uma acentuação da curvatura lordótica ou sua retificação. A acentuação da curvatura cervical é denominada hiperlordose cervical. Figura 81 – Imagem ilustrativa de hiperlordose cervical Fonte: Carnaval (2008, p. 83). 135 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Deve‑se observar a seguir o ombro do avaliado. A posição do membro superior e do ombro depende da posição das escápulas e da região torácica. Ombro protraído quer dizer que está projetado à frente, enquanto retraído quer dizer que está encolhido atrás. Ombro em rotação medial quer dizer que ele girou em direção ao corpo. Essa rotação medial é frequentemente associada à protração de ombro. Na região torácica, tanto a retificação quanto o aumento da curvatura podem ser verificados. No alinhamento ideal, a coluna torácica se curva discretamente na direção posterior, mostrando‑se uma convexidade posterior no plano sagital. No caso de retificação, representa‑se com a curvatura fisiológica (cifose torácica) reduzida; por outro lado, quando há uma acentuação dessa curvatura, é denominada hipercifose torácica. A hipercifose torácica pode ser flexível ou rígida. É flexível quando pode ser corrigida com ajustes da musculatura, que colocará a coluna torácica na sua posição normal; caso contrário, será classificada como rígida, e a possibilidade da alteração ser estrutural é grande, além de estar associada a outros problemas, precisando de outras intervenções para ser corrigida. Alinhamento ideal A) C)B) D) Postura com o dorso pleno Postura olfótica‑ lordótica Postura com deslocamento posterior do dorso (sway‑back ou relaxada) Figura 82 – Imagem ilustrativa de quatro alinhamentos posturais diferentes Fonte: Kendall et al. (2007, p. 64). Também deve considerar que a coluna torácica pode ser afetada pelas posições da região lombar e da pelve. Se um indivíduo assumir uma posição de hirperlordose lombar (aumento da curva anterior), a curvatura da região torácica tende a se alterar, podendo uma compensar a outra, diminuindo ou aumentando a curva posterior. Por exemplo, em uma postura relaxada (desleixada), o aumento da curvatura da região torácica compensa o desvio anterior da pelve. O tórax também deve ser observado para possíveis deformidades. Uma dessas deformidades inclui o peito escavado, tórax em barril e peito carenado (peito de pombo). 136 Unidade II A região lombar deve ser examinada para um aspecto lordótico normal, sem retificação ou aumento da curvatura. No alinhamento ideal, a coluna lombar se curva na direção anterior, mostrando‑se côncava posteriormente. A hiperlordose lombar é caracterizada pelo aumento da lordose lombar com consequente projeção do abdômen para frente e encurtamento dos músculos lombares. A hiperlordose lombar está associada com uma inclinação pélvica anterior. A retificação ou diminuição da lordose lombar pode ser decorrente de uma inclinação pélvica posterior. Geralmente os desequilíbrios da lordose lombar são acompanhados de dor (lombalgia) e decorrentes espasmos na musculatura dessa região. Figura 83 – Postura cifótica‑lordótica na vista lateral Fonte: Kendall et al. (2007, p. 66). Figura 84 – Ilustração da hiperlordose lombar Fonte: Carnaval (2008, p. 94). 137 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 85 – Imagem ilustrativa da postura lordótica Fonte: Kendall et al. (2007, p. 67). Figura 86 – Imagem ilustrativa da postura de dorso plano Fonte: Kendall et al. (2007, p. 64). A pelve deve observar sua posição neutra, que é orientada pelo alinhamento das espinhas ilíacas anterossuperiores com o mesmo plano vertical da sínfise púbica; o trocanter maior e as pregas glúteas devem ser de altura igual. Então, tomando como referência a espinha ilíaca anterossuperior, a pelve pode estar em anteversão (inclinação anterior da pelve) quando as espinhas ilíacas anterossuperiores ficam localizadas adiante da sínfise púbica e pode estar relacionada à hiperlordose lombar. Já uma inclinação posterior da pelve é denominada retroversão e tem a sínfise púbica adiante da espinha ilíaca anterossuperior. 138 Unidade II Figura 87 – Imagem ilustrativa da retroversão de quadril Fonte: Machado e Cal Abad (2010, p. 213). Um abdômen proeminente é implicado com frequência nas patologias lombares e merece atenção. Na articulação do joelho, a linha de referência deveria passar ligeiramente adiante da linha média do joelho, criando assim um momento de extensão. O avaliado deve ser observado quanto ao joelho recurvado, que é caracterizado por uma hiperextensão e, na maioria das vezes, é decorrente de uma hipermobilidade, sendo, por essa razão, considerado normal, sobretudo em crianças. Já o joelho flexo é decorrente da projeção dos joelhos para frente da linha da gravidade demonstrando uma pequena flexão. Figura 88 – Joelho recurvado Fonte: Carnaval (2008, p. 95); Machado e Cal Abad (2010, p. 213). 139 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 89 – Da esquerda para a direita, bom alinhamento dos joelhos, flexão de joelhos moderada e hiperextensão de joelhos Fonte: Kendall et al. (2007, p. 81). 5.3 Análise postural na posição da vista posterior Figura 90 – Imagem do posicionamento do avaliado por meio do uso do simetrógrafo na vista posterior Fonte: Charro et al. (2010, p. 128). Nessa vista, realiza‑se uma observação geral e confirma‑se o que foi observado na vista anterior em relação à cabeça, às linhas do ombro, ao quadril e aos joelhos. 140 Unidade II A cabeça deve ficar ereta, sem qualquer desvio perceptível para esquerda ou direita. Os desvios laterais da cabeça e do pescoço podem estar relacionados a torcicolo ou a outra disfunção cervical. O avaliador deve observar a altura dos ombros do avaliado. É considerado normal possuir uma assimetria na altura do ombro com a mão dominante. As escápulas são examinadas para simetria posicional, observam‑se suas espinhas e o nível dos ângulos inferiores. O bom alinhamento das escápulas é quando elas repousam contra o tórax e não existe ângulo ou borda excessivamente proeminente. As escápulas podem se apresentar elevadas à direita ou à esquerda, aduzidas ou abduzidas, elevadas ou deprimidas. A abdução ou adução excessiva de uma ou de ambas as escápulasé avaliada medindo‑se a distância da espinha torácica para as bordas escapulares mediais. Figura 91 – A esquerda escápulas aduzidas e a direita escápulas abduzidas Fonte: Machado e Cal Abad (2010, p. 215). Figura 92 – Ombros elevados e escápulas aduzidas Fonte: Kendall et al. (2007, p. 78). 141 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 93 – Ombros deprimidos e escápulas abduzidas Fonte: Kendall et al. (2007, p. 78). Figura 94 – Ombros e escápulas em boa posição Fonte: Kendall et al. (2007, p. 78). 142 Unidade II Figura 95 – Escápulas abduzidas e discretamente elevadas Fonte: Kendall et al. (2007, p. 78). Figura 96 – Escápulas abduzidas e ombros para frente Fonte: Kendall et al. (2007, p. 79). 143 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 97 – Escápulas aduzidas e elevadas Fonte: Kendall et al. (2007, p. 79). O tronco do indivíduo é avaliado quanto a um possível desvio lateral para qualquer um dos lados. Normalmente, a coluna vertebral deve ficar em alinhamento vertical na linha média do corpo. Uma das causas de desvios posturais laterais é a escoliose. Para se identificar escoliose, devem‑se observar os processos espinhosos da segunda vértebra cervical até a junção lombossacral. A região torácica deve ser examinada também para protrusões das costelas, que estão comumente associadas à escoliose. As pelves são examinadas quanto à simetria nos níveis das cristas ilíacas, das espinhas ilíacas posterossuperiores, das pregas glúteas e dos trocanteres maiores. As assimetrias observadas nessa região podem estar associadas a discrepâncias nos comprimentos das extremidades inferiores, obliquidades pélvicas, escolioses e outras enfermidades da coluna e do quadril. 144 Unidade II Figura 98 – Figura à esquerda: imagem ilustrativa de escoliose dorsal esquerda e lombar direita. Figura à direita: imagem ilustrativa de escoliose dorsal direita e lombar esquerda Fonte: Carnaval (2008, p. 90). A região do joelho deve ser examinada quanto à postura em varo ou valgo, confirmando a vista anterior. O arco longitudinal do pé é responsável por uma perfeita distribuição das cargas compressivas de peso entre os pontos de apoio do pé durante os apoios dinâmicos e estáticos. As alterações das condições fisiológicas, que podem ser a diminuição, a ausência (pé plano) ou o aumento do arco (pé cavo), trazem prejuízos diversos à postura do indivíduo; dependendo da gravidade da alteração, ajustes e compensações nas cadeias musculares ocorrerão, podendo desencadear inúmeras alterações nos seguimentos corporais suprajacentes, modificando, assim, a postura do indivíduo. Esses desequilíbrios também modificam o posicionamento da tíbia em relação ao tálus, o que caracteriza valgo de calcâneo (convergência dos tendões calcâneos) ou varo de calcâneo (divergências dos tendões calcâneos). No caso do varo, ocorrerá um apoio exagerado no bordo lateral da região do calcanhar e, no caso de varo, será no bordo medial. 145 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 99 – Imagem ilustrativa de tornozelo varo Fonte: Machado e Cal Abad (2010, p. 215). Figura 100 – Imagem ilustrativa de tornozelo valgo Fonte: Machado e Cal Abad (2010, p. 215). 146 Unidade II 5.4 Análise postural na posição da vista anterior com flexão de tronco Figura 101 – Imagem do posicionamento do avaliado por meio do uso do simetrógrafo na vista anterior com flexão de tronco Fonte: Charro et al. (2010, p. 149). Estando o avaliado em posição ortostática, de frente para o avaliador, fará uma anteroflexão de tronco e, nessa posição, caso possua uma escoliose e suas vértebras já tiverem feito uma rotação, aparecerá uma gibosidade no local da curvatura escoliótica. Com base nessa análise, é possível avaliar qualquer indivíduo. Por meio dessa inspeção detalhada e a partir das modificações encontradas, pode‑se entender e classificar os desequilíbrios e as disfunções posturais, sendo resumidamente divididos da seguinte forma: • alterações da cabeça; • alterações da coluna vertebral; • alterações do tronco; • alterações dos ombros e da cintura escapular; • alterações da pelve e das articulações do quadril; • alterações dos joelhos e das pernas; • alterações dos tornozelos e dos pés. 147 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Cabe ressaltar que, após o avaliador concluir sobre suas observações, é imperativo que soluções sejam tomadas, por competência e conhecimento do próprio avaliador ou se assim achar. Devido à complexidade do caso, deve encaminhar o avaliado a quem possa dar continuidade às possíveis soluções dos problemas. 5.5 Proposta de avaliação observacional da postura Veja a seguir um modelo de proposta de avaliação observacional da postura: PROPOSTA DE AVALIAÇÃO OBSERVACIONAL DA POSTURA NOME:_____________________________ IDADE:______ SEXO: ( ) F ( ) M D: direita E: esquerda VISTA ANTERIOR • Pés ( ) varo (D/E) ( ) valgo (D/E) ( ) neutro • Joelhos ( ) varo ( ) valgo ( ) neutro • Inclinação lateral da pelve (altura das cristas ilíacas) ( ) direita mais alta ( ) esquerda mais alta ( ) neutra • Altura dos ombros ( ) direito mais alto ( ) esquerdo mais alto ( ) neutro • Inclinação da cabeça ( ) para a direita ( ) para a esquerda ( ) neutra • Rotação da cabeça ( ) para a direita ( ) para a esquerda ( ) neutra VISTA POSTERIOR • Pés ( ) varo (D/E) ( ) valgo (D/E) ( ) neutro 148 Unidade II • Joelhos ( ) varo ( ) valgo ( ) neutro • Coluna lombar ( ) curvatura convexa à D ( ) curvatura convexa à E ( ) neutra • Coluna torácica ( ) curvatura convexa à D ( ) curvatura convexa à E ( ) neutra • Escápulas ( ) simétricas ( ) abduzidas (D/E) ( ) aduzidas (D/E) ( ) elevada (D/E) • Altura dos ombros ( ) direito mais alto ( ) esquerdo mais alto ( ) neutro • Inclinação da cabeça ( ) para a direita ( ) para a esquerda ( ) neutra • Rotação da cabeça ( ) para a direita ( ) para a esquerda ( ) neutra VISTA LATERAL DIREITA • Joelhos ( ) hiperextensão ( ) em flexão ( ) neutro • Pelve ( ) anteroversão ( ) retroversão ( ) neutra • Coluna lombar ( ) aumento da lordose ( ) diminuição da lordose ( ) neutra • Coluna torácica ( ) retificada ( ) cifose aumentada ( ) neutra • Cervical ( ) retificada ( ) anteriorizada ( ) neutra 149 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • Ombros ( ) retraídos ( ) protusos ( ) neutro • Cabeça ( ) posteriorizada ( ) anteriorizada ( ) neutra VISTA LATERAL ESQUERDA • Joelhos ( ) hiperextensão ( ) em flexão ( ) neutro • Pelve ( ) anteroversão ( ) retroversão ( ) neutra • Coluna lombar ( ) aumento da lordose ( ) diminuição da lordose ( ) neutra • Coluna torácica ( ) retificada ( ) cifose aumentada ( ) neutra • Cervical ( ) retificada ( ) anteriorizada ( ) neutra • Ombros ( ) retraídos ( ) protusos ( ) neutro • Cabeça ( ) posteriorizada ( ) anteriorizada ( ) neutra 6 AVALIAÇÃO FUNCIONAL RELACIONADA AOS SISTEMAS DE MOBILIZAÇÃO DE ENERGIA 6.1 Capacidade e potência aeróbia O metabolismo aeróbio é responsável por manter predominantemente os exercícios de média e longa duração. Tradicionalmente, o teste mais utilizado para a medida potência aeróbia é conhecido como teste de consumo máximo de oxigênio (VO2max). Durante o repouso, o consumo de oxigênio (VO2) é muito similar entre indivíduos treinados e sedentários, entretanto, durante o esforço físico, o VO2max de indivíduos treinados pode ser duas vezes maior do que aqueles encontrados em indivíduos sedentários. O VO2max é a medida mais exata que dispomos para avaliarmos a potência aeróbia de um indivíduo ao realizar uma atividade física, sendo considerado, portanto, um protocolo “padrão ouro” 150 Unidade II O conceito de VO2max foi definido incialmente por Hill e Lupton (1923), sendo posteriormente nomeado por Astrand (1952) como a mais alta captação de oxigênio alcançadapor um indivíduo respirando ar atmosférico ao nível do mar. Durante o exercício, a disponibilidade de oxigênio para os músculos ativos pode aumentar cerca de 10 a 20 vezes em relação ao repouso, enquanto para a musculatura inativa, o consumo continua inalterado. Assim, ocorre um aumento no consumo dos substratos energéticos (glicose e lipídeos) necessários para a ressíntese de ATP (adenosina trifosfato), aumentando a frequência com que eles entram na mitocôndria e também na vasodilatação dos vasos sanguíneos que irrigam os músculos ativos. A maior potência muscular demanda mais energia e, consequentemente, mais oxigênio. O sistema nervoso central tem grande participação nesse processo, uma vez que recruta em maior número e com maior frequência as unidades motoras, para produzir uma contração muscular mais potente. Como esperado, o aumento da intensidade do exercício é acompanhado por um aumento do VO2. O VO2max pode ser expresso em valores absolutos (l.min‑1) e em valores relativos (ml.kg‑1.min‑1). Vale ressaltar aqui que a necessidade de energia depende da composição corporal do indivíduo. Assim, o VO2max geralmente é expresso em (ml.kg‑1.min‑1), o que vai permitir uma comparação mais precisa entre indivíduos com diferentes áreas de superfície corporal, principalmente durante a realização de atividades que necessitem da sustentação do peso corporal total, como a corrida, por exemplo. De acordo com Wilmore e Costill (1994), em exercícios que não há a sustentação do peso corporal total, como natação e ciclismo, o VO2max é melhor expresso em valores absolutos. É importante ressaltar que o consumo de oxigênio pode variar de acordo com a idade e o sexo do avaliado, sua composição corporal, sua hereditariedade, a especificidade do exercício e o nível de treinamento. A determinação do VO2max por método direto envolve o uso da ergoespirometria. A ergoespirometria de circuito aberto é a mais utilizada atualmente para a determinação direta do VO2max. Nesse método, o avaliado inspira ar ambiente, por intermédio de um dispositivo tubular inserido em sua boca que fornece fluxo unidirecional, ou seja, o avaliado só respira pela boca (com clipes que obstruem a passagem do ar pelas narinas) e tem sua expiração direcionada para uma câmara com analisadores eletrônicos de gases. Com medidas da ventilação pulmonar por fluxômetro e considerando as porcentagens constantes de oxigênio e dióxido de carbono inspirados, as diferenças entre as medidas obtidas no ar expirado e no ar inspirado possibilitam estabelecer informações sobre a quantidade de oxigênio e de dióxido de carbono produzida (Guedes; Guedes, 2006). Em algumas pessoas, VO2max será identificado quando em função do aumento da carga ocorrer um platô no consumo de oxigênio no gráfico de análise. Nesse momento, é considerado o limite fisiológico associado ao sistema de fornecimento de energia aeróbia. Entretanto, poucas pessoas apresentam esse platô. Consideraremos, então, outros fatores para interrupção do teste: 151 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • razão de trocas respiratórias maior que 1:1; • frequência cardíaca máxima próxima ou acima da prevista para a idade; • lactato sanguíneo acima de 8 mmol; • aumento no consumo de oxigênio menor que 2 (ml.kg‑1.min‑1) para aumentos de intensidade da carga entre 5 e 10%. Figura 102 – Equipamento VO2000, analisador de gases, utilizado para a determinação direta do VO2max Figura 103 – Equipamento K4 b2 (Cosmed, Rome, Italy), analisador de gases portátil, utilizado para a determinação direta do VO2max 152 Unidade II Figura 104 – Adaptação da máscara do analisador de gases VO2000 para snorkel. A partir dessa adaptação é possível determinar o VO2max na natação Figura 105 – Exemplo da aplicação de um teste de consumo máximo de oxigênio na natação Alguns equipamentos são amplamente utilizados para a determinação da capacidade aeróbia em testes diretos. Eles são denominados ergômetros, por exemplo: a bicicleta ergométrica (mecânica ou eletromagnética), a esteira rolante, o banco de madeira, o remo‑ergômetro (específico para remadores) e a swiming‑flume (específica para nadadores). 153 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 106 – Esteira rolante Inbramed não motorizada Figura 107 – Esteira rolante Inbramed motorizada 154 Unidade II Figura 108 – Bicicleta ergométrica A partir dos testes que avaliam diretamente a capacidade aeróbia por meio da ergoespirometria, um grande número de protocolos indiretos foi desenvolvido por diferentes autores, a fim de estimar a capacidade aeróbia quando não há equipamentos ou laboratórios sofisticados para sua determinação. Observação Ergoespirometria é um teste que alia algum ergômetro com a análise de gases inspirados e expirados. Todos os protocolos apresentam pontos positivos e negativos, e a escolha de um determinado teste deverá necessariamente ter como orientação a interferência dos seguintes fatores: objetivos do teste; população a ser testada; disponibilidade de material. Alguns dos protocolos indiretos usam a frequência cardíaca (FC) como parâmetro para determinação dessa capacidade. No caso de haver mensuração da FC, ela deve ser obtida por meio da artéria radial ou carótida pelo tempo de 15 segundos. Após esse procedimento, os pulsos deverão ser multiplicados por 4. Vale ressaltar ainda que a avaliação da capacidade aeróbia é um item da avaliação relacionado à saúde e ao desempenho atlético. Além disso, existem ainda protocolos que buscam estimar capacidade aeróbia sem esforço físico. Esse modelo pode ser utilizado quando existe um número muito grande de sujeitos a serem avaliados e um período curto de tempo para realizar as avaliações. Também pode ser utilizado na ausência de equipamentos ou espaços para a realização dos testes físicos. 155 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 6.2 Protocolos indiretos de determinação do VO2max 6.2.1 Sem esforço físico Mathews (1999) O protocolo de Mathews (1999) foi desenvolvido para a determinação do VO2max sem esforço físico. Ele é indicado para toda a população, inclusive pessoas idosas (de 20 a 79 anos), homens e mulheres, e é extremamente vantajoso para estudos epidemiológicos. Equação para ambos os gêneros: VO2 máx. [ml(kg.min‑1)] = 34,142 + [1,463 x (AF0‑7)] – [0,00133 x (idade2)] – (0,254 x peso corporal) + (11,403 x G) + (9,170 x estatura) Onde: • AF0‑7 = nível de atividade física (escala de 0 a 7) • Idade: em anos • Estatura: em metros • G = gênero: 0 para feminino e 1 para masculino Veja o quadro a seguir. Ele apresenta a escala de pontuação utilizada para avaliar o nível de atividade física (AF 0‑7), desenvolvida no Cardio‑Pulmonary Laboratory, Nasa/Johnson Space Center, em Houston, Texas. Quadro 2 – Escala de pontuação utilizada para avaliar o nível de atividade física (AF0‑7) Selecione o valor que melhor representa sua atividade física (escala de 0 a 7) durante os últimos trinta dias. Se você selecionar mais de um valor, use o valor mais alto 0 – Evita andar ou fazer esforço, sempre usa o elevador, dirige sempre que possível em vez de caminhar. 1 – Caminha por prazer, habitualmente usa degraus, ocasionalmente se exercita suficientemente para ocasionar respiração pesada ou transpiração. Participa regularmente de recreação ou trabalho que requer atividade física moderada, como golfe, montar a cavalo, calistenias, ginásticas, tênis de mesa, boliche, levantamento de peso ou trabalho no quintal. 2 – Realiza de 10 a 60 minutos de atividade por semana. 3 – Realiza mais de 1 hora de atividade por semana. Participa regularmente de exercícios físicos intensos, como corrida ou trote, natação, ciclismo, remo, pular corda, corrida no lugar, ou está engajado em atividades físicas aeróbias intensas, como tênis, basquetebol ou handebol. 4 – Corre menos que 1,6 km por semana ou gasta menos de 30 minutos por semana em atividades físicas equivalentes. 5 – Corre de 1,6 km a 8 km por semana ou gasta de 30 a 60 minutos por semana em atividades físicas equivalentes. 6– Corre de 8 km a 16,1 km por semana ou gasta 1 a 3 horas por semana em atividades físicas equivalentes. 7 – Corre mais de 16,1 km por semana ou gasta mais de 3 horas por semana em atividades físicas equivalentes. Adaptado de: Ross e Jackson (1990). 156 Unidade II Veja o exemplo: Homem 52 anos • 1,78 estatura • 78 kg • AF 1 – 7 = 5 Logo: VO2 máx. [ml(kg.min‑1)] = 34,142 + [1,463 x (AF0‑7)] – [0,00133 x (idade2)] – (0,254 x peso corporal) + (11,403 x G) + (9,170 x estatura) VO2 máx. [ml(kg.min‑1)] = 34,142 + [1,463 x (5)] – [0,00133 x (2704)] – (0,254 x 78) + (11,403 x 1) + (9,170 x 1,78) VO2 máx. [ml(kg.min‑1)] = 34,142 + 7,315 – 3,596 – 19,812 + 11,403 + 16,322 VO2 máx. [ml(kg.min‑1)] = 45,774 6.2.2 Testes de cargas submáximas Os protocolos de cargas submáximas são extremamente úteis para a determinação do VO2max de modo indireto quando não é possível utilizar laboratórios sofisticados ou ergômetros específicos para a realização do esforço. O teste submáximo é aquele em que a imposição de demanda metabólica a que o indivíduo será submetido atingirá um estado estável na frequência cardíaca (FC), no qual os esforços do teste irão alcançar de 75% a 90% da FC máxima do avaliado. Esses protocolos apresentam as seguintes vantagens e desvantagens (Charro et al., 2010): • Fornecem reflexão precisa da aptidão de um indivíduo. • Não são tão precisos quando comparados aos máximos. • Exigem menor risco, tempo e esforço do indivíduo. • Demonstram melhora da capacidade cardiorrespiratória nos retestes (diminuição da FC a uma taxa fixa de trabalho), independentemente da exatidão da previsão do VO2max. 157 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 6.2.2.1 Testes de campo Teste de corrida de Balke (1963) – 15 minutos Originalmente, esse teste foi desenvolvido a fim de estabelecer avaliações da capacidade funcional de militares do sexo masculino de 20 a 30 anos de idade e consistia em correr a máxima distância sem interrupção ou grandes variações de intensidade no tempo de 15 minutos. Esse protocolo é pioneiro na estimativa do VO2max indiretamente. Entretanto, a população é extremamente restrita, sendo esse teste indicado somente para indivíduos jovens com bom condicionamento físico. Para calcular o VO2max, é necessário calcular a velocidade média empregada no teste, expressa em m/min (distância percorrida/15 minutos), e posteriormente utilizar a equação: VO2máx. [ml(kg.min)‑1] = [11,2 + (0,167 x velocidade)] A velocidade será calculada pela equação a seguir: ( ) ( ) ( ) distância percorrida m Velocidade m / min tempo min = Veja um exemplo: Se a distância percorrida no teste foi 2.850 m, então: ( ) ( ) ( ) distância percorrida m Velocidade m / min tempo min = ( ) 2850m Velocidade m / min 15min = Velocidade(m/min) = 190 Assim: VO2máx. [ml(kg.min)‑1] = [11,2 + (0,167 x velocidade)] VO2máx. [ml(kg.min)‑1] = [11,2 + (0,167 x 190)] VO2máx. [ml(kg.min)‑1] = [11,2 + (31,73)] VO2máx. [ml(kg.min)‑1] = 42,93 158 Unidade II Caminhada/corrida de 12 minutos – Cooper (1968) Esse teste foi desenvolvido a partir do protocolo original estabelecido por Balke (1963) e pode ser realizado por avaliados de ambos os sexos entre 10 e 70 anos de idade. Nessa nova versão do teste de Cooper, o avaliado pode percorrer o trajeto determinado correndo e/ou andando e deve estabelecer a maior distância possível em 12 min. O avaliado não pode permanecer parado durante a realização do teste; caso não consiga manter o ritmo, deverá diminuir a velocidade, mas nunca parar. Para facilitar a aplicação do teste, o avaliador deverá demarcar no chão, com cones, giz ou qualquer outro material, a distância do percurso (utilizar uma trena ou fita métrica) e um ponto de partida. Assim, o avaliador conseguirá “contar” a quantidade de vezes que o avaliado passou por aquela marcação no tempo total de 12 minutos e saberá a distância percorrida em cada volta. Quando o tempo terminar, é importante que o avaliador verifique com uma trena a distância do ponto de partida até onde o avaliado encerrou o teste. Caso não haja uma pista de atletismo para a realização do teste, ele pode ser aplicado em uma quadra de esportes, desde que o percurso esteja previamente demarcado. Poderá haver incentivo sonoro para os avaliados: “vamos lá!”, “muito bem!”. A forma ideal de execução do teste, em termos de velocidade de deslocamento, será aquela em que o avaliado mantenha uma velocidade constante durante todo teste. Baseado na distância percorrida em km, estima‑se o VO2max por meio da equação: VO2máx. [ml(kg.min)‑1] = [22,351 x distância (km)] – 11,288 Veja um exemplo: Um avaliado percorreu a distância de 2.030 m em 12 minutos. Inicialmente, será convertida a distância em metros para quilômetros: Assim, 2.030 m = 2,03 km Logo: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = [22,351 x distância (km)] – 11,288 VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = [22,351 x 2,03] – 11,288 VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 45,372 – 11,288 VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 34,08 Cooper (1968) elaborou ainda uma tabela de classificação para homens e mulheres de acordo com a distância percorrida no teste. 159 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Tabela 12 – Nível de capacidade aeróbia para mulheres de acordo com o resultado da distância percorrida em metros para o teste de caminhar e correr de 12 minutos Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca ≤ 1610 ≤ 1550 ≤ 1510 ≤ 1420 ≤ 1350 ≤ 1260 Fraca 1611‑1899 1551‑1799 1511‑1699 1421‑1589 1351‑1509 1261‑1399 Média 1900‑2080 1800‑1979 1700‑1969 1590‑1799 1510‑1699 1400‑1599 Boa 2081‑2300 1980‑2169 1970‑2089 1800‑2009 1700‑1909 1600‑1759 Excelente 2301‑2430 2170‑2330 2090‑2240 2010‑2160 1910‑2090 1760‑1900 Superior ≥ 2431 ≥ 2331 ≥ 2241 ≥ 2161 ≥ 2091 ≥ 1901 Tabela 13 – Nível de capacidade aeróbia para homens de acordo com o resultado da distância percorrida em metros para o teste de caminhar e correr de 12 minutos Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca ≤ 2090 ≤ 1960 ≤ 1900 ≤ 1830 ≤ 1660 ≤ 1400 Fraca 2091‑2209 1961‑2119 1901‑2099 1831‑1999 1661‑1879 1401‑1649 Média 2210‑2519 2120‑2409 2100‑2409 2000‑2249 1880‑2099 1650‑1939 Boa 2520‑2779 2410‑2649 2410‑2519 2250‑2469 2100‑2329 1940‑2129 Excelente 2780‑3000 2650‑2830 2520‑2720 2470‑2660 2330‑2540 2130‑2490 Superior ≥ 3001 ≥ 2831 ≥ 2721 ≥ 2661 ≥ 2541 ≥ 2491 O teste de Cooper pode ainda ser adaptado para a natação e para o ciclismo. De uma forma geral, a metodologia de aplicação é a mesma, devendo o avaliado nadar ou pedalar a maior distância possível em 12 minutos. O teste de natação exige que o avaliado nade a maior distância possível em 12 minutos, usando o estilo que preferir e descansando quando necessário, mas tentando esforçar‑se ao máximo. O meio mais fácil de realizar o teste é em uma piscina de dimensões conhecidas, tendo uma pessoa que conte as voltas na piscina e cronometre o tempo. A classificação poderá ser observada a partir da tabela a seguir: Tabela 14 – Nível de capacidade aeróbia para homens e mulheres de acordo com o resultado da distância percorrida em metros para o teste natação de 12 minutos Categoria de capacidade aeróbia Gênero 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca Homens 731 > 639 > 593 > 548 > 502 > 456 Mulheres > 639 > 548 > 502 > 456 > 411 > 365 Para o ciclismo, o teste será aplicadode maneira semelhante. É necessário um percurso com a metragem conhecida em terreno plano. O avaliado deverá percorrer a maior distância possível em 12 minutos. A tabela a seguir mostra a classificação para o teste de ciclismo de 12 minutos. Tabela 15 – Nível de capacidade aeróbia para homens e mulheres de acordo com o resultado da distância percorrida em quilômetros para o teste de ciclismo de 12 minutos Categoria de capacidade aeróbia Gênero 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca Homens 9,24 > 8,83 > 8,43 > 8,03 > 7,22 > 6,42 Mulheres > 7,63 > 7,22 > 6,82 > 6,42 > 5,62 > 4,81 Teste de corrida de 2.400 m (Cooper, 1977) Muito parecido com o protocolo anterior, porém com uma particularidade: o teste de 2.400 m envolve apenas corrida, não sendo permitido ao avaliado andar durante o percurso. Assim, esse protocolo é mais indicado para indivíduos que possuem determinado condicionamento físico, que o permita correr a distância de 2.400 m. Para isso, o avaliador deverá demarcar previamente o trajeto e possuir um cronômetro para verificar o seu tempo de execução. O protocolo pode ser realizado por homens e mulheres de 13 a 60 anos de idade. O teste propriamente dito consiste em cronometrar o tempo gasto pelo avaliado para percorrer a distância de 2.400 m. Com base no tempo despendido para o percurso, expresso em segundos, torna‑se possível estimar o Vo2max por meio da relação adaptada do American College of Sports Medicine (2000). ( ( ) 1 2 2400m 0,2 ml / kg / min 60s VO máx. [ml kg.min tempo s − × × = 161 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Onde: • 2.400 m: distância percorrida no teste • 0,2 (ml.kg‑1.min‑1): consumo de oxigênio por minuto equivalente para correr cada metro • 60 s: ajuste de unidade de medida equivalente ao tempo • Tempo (s): tempo de execução do teste, expresso em segundos Veja um exemplo: Considerando um avaliado que percorreu 2.400 m em 11 minutos e 58 segundos: Tempo despendido (s) = (11 minutos x 60 segundos) + 58 segundos Tempo despendido (s) = (660) + 58 segundos Tempo despendido (s) = 718 Logo: ( ( ) 1 2 2400m 0,2 ml / kg / min 60s VO máx. [ml kg.min tempo s − × × = ( 1 2 28800 VO máx. [ml kg.min 718 − = VO2máx . [(kg . min‑1] = 40,11 A tabela a seguir mostra a classificação da capacidade aeróbia de mulheres para o teste de 2.400 m de acordo com a idade. Tabela 16 – Nível de capacidade aeróbia para mulheres de acordo com o resultado do tempo obtido em minutos e segundos para o teste de corrida de 2.400 m Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca > 18 min e 31 s > 19 min e 01 s > 19 min e 31 s > 20 min e 01 s > 20 min e 31 s > 21 min e 31s Fraca 16 min e 55 s – 18 min e 30 s 18 min e 31 s – 19 min e 00 s 19 min e 01 s – 19 min e 30 s 19 min e 31 s – 20 min e 00 s 20 min e 01 s – 20 min e 30 s 21 min e 00 s – 21 min e 30 s 162 Unidade II Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Média 14 min e 31 s – 16 min e 54 s 15 min e 55 s – 18 min e 30 s 16 min e 31 s – 19 min e 00 s 17 min e 31 s – 19 min e 30 s 19 min e 01 s – 20 min e 00 s 19 min e 31 s – 20 min e 30 s Boa 12 min e 30 s – 14 min e 30 s 13 min e 31 s – 15 min e 54 s 14 min e 31 s – 16 min e 30 s 15 min e 56 s – 17 min e 30 s 16 min e 31 s – 19 min e 00 s 17 min e 31 s – 19 min e 30 s Excelente 11 min e 50 s – 12 min e 29 s 12 min e 30 s – 13 min e 30 s 13 min e 00 s – 14 min e 30 s 13 min e 45 s – 15 min e 55 s 14 min e 30 s – 16 min e 30 s 16 min e 30 s – 17 min e 30 s Superior 15 min e 31 s > 16 min e 01 s > 16 min e 31 s > 17 min e 31 s > 19 min e 01 s > 20 min e 01 s Fraca 12 min e 11 s – 15 min e 30 s 14 min e 01 s – 16 min e 00 s 14 min e 44 s – 16 min e 30 s 15 min e 36 s – 17 min e 30 s 17 min e 01 s – 19 min e 00 s 19 min e 01 s – 20 min e 00 s Média 10 min e 49 s – 12 min e 10 s 12 min e 01 s – 14 min e 00 s 12 min e 31 s – 14 min e 45 s 13 min e 01 s – 15 min e 35 s 14 min e 31 s – 17 min e 00 s 16 min e 16 s – 19 min e 00 s Boa 09 min e 41 s – 10 min e 48 s 10 min e 46 s – 12 min e 00 s 11 min e 01 s – 12 min e 30 s 11 min e 31 s – 13 min e 00 s 12 min e 32 s – 14 min e 30 s 14 min e 00 s – 16 min e 15 s Excelente 08 min e 37 s – 09 min e 40 s 09 min e 45 s – 10 min e 45 s 10 min e 00 s – 11 min e 00 s 10 min e 30 s – 11 min e 30 s 11 min e 00 s – 12 min e 30 s 11 min e 15 s – 13 min e 59 s Superior 47 min e 00 s > 48 min e 00 s > 51 min e 00 s > 54 min e 00 s > 57 min e 00 s > 63 min e 00 s Fraca 43 min e 01 s – 47 min e 00 s 44 min e 01 s – 48 min e 00 s 46 min e 31 s – 51 min e 00 s 49 min e 01 s – 54 min e 00 s 52 min e 01 s – 57 min e 00 s 57 min e 01 s – 63 min e 00 s Média 39 min e 31 s – 43 min e 00 s 40 min e 31 s – 44 min e 00 s 42 min e 01 s – 46 min e 30 s 44 min e 01 s – 49 min e 00 s 47 min e 01 s – 52 min e 00 s 51 min e 01 s – 57 min e 00 s Boa 35 min e 00 s – 39 min e 30 s 36 min e 00 s – 40 min e 30 s 37 min e 30 s – 42 min e 00 s 39 min e 00 s – 44 min e 00 s 42 min e 00 s – 47 min e 00 s 45 min e 00 s – 51 min e 00 s Excelente 45 min e 00 s > 46 min e 00 s > 49min e 00 s > 52 min e 00 s > 55 min e 00 s > 60 min e 00 s Fraca 41 min e 01 s – 45 min e 00 s 42 min e 01 s – 46 min e 00 s 44 min e 31 s – 49 min e 00 s 47 min e 01 s – 52 min e 00 s 50 min e 01 s – 55 min e 00 s 54 min e 01 s – 60 min e 00 s Média 37 min e 31 s – 41 min e 00 s 38 min e 31 s – 42 min e 00 s 40 min e 01 s – 44 min e 30 s 42 min e 01 s – 47 min e 00 s 45 min e 01 s – 50 min e 00 s 48 min e 01 s – 54 min e 00 s Boa 33 min e 00 s – 37 min e 30 s 34 min e 00 s – 38 min e 30 s 35 min e 00 s – 40 min e 00 s 36 min e 30 s – 42 min e 00 s 39 min e 00 s – 45 min e 00 s 41 min e 00 s – 48 min e 00 s Excelentedesde os 6 anos de idade, conquistou várias medalhas, mas sofreu uma lesão há seis meses que a afastou das competições. • João, 21 anos, procurou você para orientá-lo a aumentar a sua massa muscular. João pesa 60 kg e tem 1,70 m de estatura. Ele passou por um nutricionista que indicou um profissional da área para auxiliá-lo a aumentar a massa magra por meio de exercícios físicos, uma vez que o nutricionista cuidará das opções nutricionais dele. • Beatriz, 25 anos, sedentária, procurou você para voltar a praticar exercícios físicos. Já praticou na infância e adolescência, mas está parada há 5 anos e gostaria de melhorar o seu condicionamento cardiorrespiratório, pois pretende participar de alguns esportes de aventura. Beatriz pesa 75 kg e tem 1,60 m de estatura. • Mauro, 40 anos, publicitário, tem uma enorme jornada de trabalho na semana. Já pratica atividades físicas, mas está com dificuldades em aumentar a força muscular. Mauro pesa 85 kg e tem 1,80 m de estatura. Procurou você para orientá-lo em um programa de exercícios físicos que o ajude a conquistar esse aumento de força desejado. • Júlia, 7 anos, está acima do peso, e seu pediatra orientou sua mãe a procurar por um profissional especializado para acompanhar uma rotina de exercícios físicos com ela, a fim de perder peso. Júlia pesa 60 kg e tem 1,20 m de estatura. Ela nunca praticou atividades físicas e sua alimentação não é muito regrada, o que significa que está baseada em maior quantidade de gorduras e carboidratos refinados do que em proteínas e carboidratos integrais. • Helena, 78 anos, está sentindo muitas dores na coluna, especialmente nas regiões cervical e lombar. Durante a maior parte da sua vida, Helena foi fisicamente ativa, mas nos 10 últimos anos, com muitas tarefas domésticas, acabou deixando a prática de exercícios físicos de lado. Hoje ela procura por você para orientar um programa de treinamento que a ajude a melhorar a postura e fortalecimento muscular. Helena pesa 90 kg e tem 1,80 de estatura. Nas seis situações que acabamos de apresentar, podemos observar que os sujeitos buscam a prática de atividades físicas, mas com objetivos completamente distintos. Além dos objetivos diferenciados, podemos observar que as idades (criança, adolescente, adulto e pessoa idosa), o peso, a estatura e o gênero dos participantes também são diferentes. Desse modo, como podemos auxiliar esses sujeitos a alcançarem os objetivos desejados? Inicialmente, já sabemos que, se os objetivos de cada sujeito são diferentes, o tipo de treinamento que eles deverão receber também deverá ser distinto. Mas como você, futuro profissional, poderá quantificar 9 se houve melhora do atributo desejado? Como conseguirá acompanhar a evolução do aluno e mostrar que os resultados estão evoluindo? Por meio da avaliação física. A avaliação é uma prática universal, algo em que todas as pessoas se empenham formal ou informalmente. Literalmente, todos nós utilizamos a avaliação em nossos trabalhos, mas com objetivos diferentes e em ambientes diversos. Atualmente a avaliação relacionada à prática de atividades físicas vem crescendo exponencialmente, uma vez que os profissionais da área a possuem diferentes alunos e/ou clientes e precisam respeitar sua individualidade biológica para obter sucesso em seus programas de treinamento ou reabilitação. A diversidade da população que se apresenta para a prática de atividades físicas é vasta, assim, o conhecimento de protocolos indicados para cada caso é de suma importância para a obtenção de resultados expressivos. Consequentemente, essa enorme gama de informações traz maior dificuldade na tomada de decisões sobre a avaliação e a prescrição de exercícios físicos, inferindo na qualidade de decidir o que e como avaliar cada aluno, o que irá exigir conhecimentos e habilidades cada vez mais complexas. Nos dias atuais, a mídia tem importante participação na visão da população sobre o corpo, a saúde, a estética e o alto desempenho. Foco de inúmeras abordagens da mídia mundial, a obesidade, o emagrecimento, a boa e a má alimentação, o sedentarismo, a longevidade, os medicamentos e suplementos que potencializam o ganho de massa muscular ou a perda acelerada de gordura, as dietas restritivas para perda de peso, as cirurgias estéticas, a vigorexia (doença relacionada à distorção da imagem corporal, levando o sujeito a buscar cada vez mais a realização de exercícios a fim de aumentar a massa muscular) e os distúrbios relacionados à perda de peso, como anorexia e bulimia, têm sido alvo de grande especulação. Indubitavelmente, a quantidade de pessoas adeptas das situações citadas, buscando fórmulas mágicas para o bem-estar, é imensa. Vivemos um momento de fácil aquisição de informações, e essa maior procura por informações relacionadas às características descritas pode levar a população a grandes erros. Assim como a tecnologia aumentou o acesso às informações, aumentou também as oportunidades no mercado de trabalho para os profissionais da Educação Física e da Fisioterapia, que buscam avaliar e monitorar os programas de treinamento com grande aprimoramento científico e prático. A avaliação física é, portanto, definida como a utilização de técnicas de medidas que, ao serem aplicadas nos participantes, resultam em dados expressos qualitativa ou quantitativamente. Assim, os testes poderão ser utilizados para mensurar, diagnosticar e, caso seja necessário, modificar condições morfofuncionais e fisiológicas. Para que possamos atingir os objetivos da avaliação física e, principalmente, para que possamos mostrar ao aluno os resultados alcançados, é necessário que o avaliador estabeleça alguns objetivos principais da avaliação que será iniciada, como: • Avaliar a condição do aluno antes, durante e após um programa de exercícios físicos. • Detectar possíveis falhas na execução do programa de treinamento mediante as avaliações realizadas e de acordo com o objetivo do aluno. 10 • Sugerir modificações dentro do programa de treinamento. • Mostrar, por meio dos resultados obtidos, a evolução do aluno dentro do programa de treinamento. • Motivar o aluno a partir dos resultados obtidos nas avaliações. Contudo, a avaliação precisa ser delineada e pensada antes da realização de qualquer teste. Basicamente, precisamos seguir quatro passos durante uma avaliação: • Estabelecer um critério. • Realizar um teste ou uma bateria de testes. • Fazer interpretações a partir dos dados. • Escolher entre as possíveis formas de ação. Assim, para garantir a qualidade de informações, é necessário compreender as variáveis relacionadas ao complexo processo de medidas e avaliações. 11 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Unidade I 1 CONCEITOS BÁSICOS EM MEDIDAS E AVALIAÇÕES De maneira extremamente equivocada, os termos medir e avaliar são usados para descrever o mesmo fenômeno. Para que possamos entender que a medida é apenas a primeira parte do processo de avaliação, iremos definir alguns conceitos. • Medir: associar um número a determinada característica de um ser, um objeto ou um evento. É um dado quantitativo, que necessita ser expresso numericamente por meio de um valor e é apenas descritivo. No início deste livro-texto, quantificamos as medidas de peso e estatura de Ana, João, Beatriz, Mauro, Júlia e Helena. Esses dados numéricos correspondem ao ato medir. Exemplo: altura (1,60 cm), peso (80 kg), circunferência da cintura (75 cm). • Avaliar: realizar um julgamento de valor sobre a medida obtida, ou seja, interpretá-la em função do objetivo que determinou a realização dessa medida. Assim, a avaliação se dá como uma interpretação do resultado obtido quantitativamente na medida. Exemplo: vamos supor que desejamos verificar se a estatura de Júlia (1,20 m) corresponde ao esperado para a idade de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse caso, estaríamos avaliando a estatura de Júlia. • Teste: instrumento ou procedimento que traz à tona uma resposta observável a fim de fornecerde Astrand‑Ryhming Entre as técnicas de teste submáximo, utilizando cicloergômetro, esta vem tendo a maior preferência dos pesquisadores para áreas da Educação Física e da Fisioterapia. É necessário incialmente aferir a FC de repouso. A metodologia empregada nesse protocolo inclui a escolha de uma carga de trabalho que varia de acordo com o sexo. Para indivíduos do sexo masculino, a carga deve variar entre 100 e 200 watts; para mulheres, entre 75 e 150 watts. A escolha da carga é primordial para o sucesso do teste, uma vez que essa carga de trabalho deverá ser capaz de induzir uma resposta da frequência cardíaca entre 50% e 85% da máxima predita para a idade. Com a seleção da carga, o avaliado deverá pedalar durante seis minutos. Haverá o registro da FC do quinto e do sexto minuto, e, se a diferença entre uma e outra for superior a 5 bpm, o teste deve continuar até que a FC esteja estabilizada. Caso a FC esteja abaixo de 50% da máxima prevista para a idade, ajusta‑se a carga de trabalho em mais 25 ou 50 watts e solicita‑se ao avaliado mais cinco minutos de esforço físico. Após a aplicação do teste, o VO2max em l.min‑1 será calculado por meio da seguinte equação: ( )1 2 2 FCmax FCrepouso VO máx. l.min x VO carga FCesforço FCrepouso − − = − Em que: FCmax (bpm): frequência cardíaca máxima prevista para a idade. Pode ser obtida por meio da equação: FCmax = 220 – idade (anos) FCrepouso (bpm): frequência cardíaca obtida antes do início do teste FCesforço (bpm): média da frequência cardíaca obtida no quinto e no sexto minuto de esforço: ( ) FC 5º minuto FC 6º minuto FCesforço bpm 2 + = VO2carga: consumo de oxigênio expresso em l.min‑1, necessário para pedalar a carga de trabalho pela relação: VO2carga (l.min‑1) = 0,129 + (0,014 x carga de trabalho em watts) Caso o avaliado tenha idade superior a 25 anos, o seguinte fator de correção deverá ser aplicado: Fator de correção para idade = (‑0,009 x idade) + 1,212 171 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Após a aplicação do fator de correção, deve‑se multiplicá‑lo pela medida de VO2max em l.min‑1 estimada anteriormente. Esse teste determina o VO2max em l.min‑1. Assim, alguns cálculos ainda deverão ser realizados para converter l.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1). Inicialmente, será necessário converter l.min‑1 em ml.min‑1. Para isso, é necessário multiplicar o valor obtido por 1000. VO2máx. (ml.min‑1) = VO2máx. (l.min‑1) x 1000 E então, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal: ( ( )1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = Veja um exemplo: Homem 24 anos • Peso: 70 kg • FCmáxima: 196 bpm • FCrepouso: 70 bpm • FCesforço: 158 no quinto minuto e 162 no sexto minuto • Carga do teste: 150 watts Logo: VO2carga (l.min‑1) = 0,129 + (0,014 x carga de trabalho em watts) VO2carga (l.min‑1) = 0,129 + (0,014 x 150) VO2carga (l.min‑1) = 0,129 + (2,1) VO2carga (l.min‑1) = 2,229 172 Unidade II Logo: ( ) FC 5º minuto FC 6º minuto FCesforço bpm 2 + = ( ) 158 162 FCesforço bpm 2 + = FC esforço(bpm) = 160 Assim: FOmáxima = 220 ‑ idade FOmáxima = 220 ‑ 24 FOmáxima = 196 Então: ( )1 2 2 FCmax FCrepouso VO máx. l.min x VO carga FCesforço FCrepouso − − = − ( )1 2 196 70 VO máx. l.min x 2,229 160 70 − − = − ( )1 2 126 VO máx. l.min x 2,229 90 − = VO2máx . (I . min‑1] = (1,4) x 2,229 VO2máx . (I . min‑1] = 3,12 Para converter l.min‑1 em ml.min‑1, é necessário multiplicar o valor por 1000. Logo: VO2máx. (ml.min‑1) = VO2máx. (l.min‑1) x 1000 VO2máx. (ml.min‑1) = 3,12 x 1000 VO2máx. (ml.min‑1) = 3120 173 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Após isso, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal. Logo: ( ( )1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = ( 1 2 3120 VO máx. [ml kg.min 70 − = VO2máx . [ml(kg . min‑1] = 44,57 6.2.2.4 Testes em esteira rolante Modelo de estágio único de Ebbeling et al. (1991) Teste submáximo para avaliar a capacidade aeróbia de adultos saudáveis entre 20 e 59 anos em modelo de estágio único. Para a realização desse teste, será utilizado estágio único de quatro minutos. Durante a realização desse teste, será necessário anotar a velocidade máxima atingida durante o teste (km/h), a FC máxima atingida e a idade do avaliado. A velocidade de trabalho varia entre 3,2 e 7,8 km/h, dependendo do nível de condicionamento físico do avaliado, com inclinação de 5%. Haverá aquecimento prévio de quatro minutos com inclinação de 0% Após a realização do teste, deve‑se utilizar a seguinte equação: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 15,1 + [21,8 x (Vkph/1,61)] – (0,327 x FC) – [0,263 x (Vkph/1,61) x I] + (0,0054 x FC x I) + (5,98 x G) Onde: • VKph: velocidade da esteira em quilômetros por hora • FC: frequência cardíaca máxima atingida em batimentos por minuto • I: idade em anos 174 Unidade II • G (gênero): 0 para feminino e 1 para masculino Veja um exemplo: Homem 30 anos • FC: 140 bpm • Velocidade: 5,0 km/h Logo: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 15,1 + [21,8 x (Vkph/1,61)] – (0,327 x FC) – [0,263 x (Vkph/1,61) x I] + (0,0054 x FC x I) + (5,98 x G) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 15,1 + [21,8 x (5,0/1,61)] – (0,327 x 140) – [0,263 x (5,0/1,61) x 30] + (0,0054 x 140 x 30) + (5,98 x 1) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 15,1 + [21,8 x (3,10)] – (45,78) – [0,263 x (3,10) x 30] + (0,0054 x 140 x 30) + (5,98 x 1) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 15,1 + 67,58 ‑ 45,78 – 24,459 + 22,68 + 5,98 VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 41,101 175 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Modelo de múltiplos estágios de Naughton, Balke e Nagle (1964) Esse teste é exclusivo para homens adultos, sedentários, cardíacos ou de alto risco. O teste se inicia após aquecimento prévio de dois minutos. O tempo de cada estágio é de dois minutos; o primeiro se inicia com velocidade de 1,6 km/h e inclinação de 0%. No segundo estágio, a velocidade aumenta para 3,2 km/h e a inclinação permanece em 0%. Nos estágios subsequentes, a velocidade permanece constante em 3,2 km/h e a inclinação é aumentada em 3,5% a cada dois minutos. É necessário anotar o tempo total de duração do teste. Após a realização do teste, o VO2max será calculado por meio da equação proposta por Foster et al. (1984): VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 3,6 + (1,61 x tlim) Observação Tlim é o tempo de duração total do teste em minutos. Veja o exemplo a seguir: Homem 30 anos Tempo limite: 12,46 minutos VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 3,6 + (1,61 x tlim) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 3,6 + (1,61 x 12,46) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 3,6 + (20,060) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 3,6 + (23,66) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 27,26 Protocolo de Bruce É um dos protocolos que tem maior aceitação por cardiologistas. O objetivo do teste é elevar a FC até 50% a 85% da FC máxima prevista para a idade. Para isso, o avaliado irá realizar um protocolo constante, com aumentos de intensidade e inclinação a cada três minutos. O protocolo se inicia com um aquecimento de três minutos, com caminhada na velocidade de 3 a 4 km/h sem inclinação. Após o 176 Unidade II aquecimento, se inicia o primeiro estágio, com velocidade de 2,7 km/h e inclinação de 10%, e, a cada estágio, haverá aumento de 1,4 km/h na velocidade e 2% de aumento na inclinação até que a FC alcance os valores submáximos preconizados. 22 20 18 16 14 12 10 0 3 6 9 12 15 18 21 2,7 KM/h 4,0 KM/h 5,5 KM/h Tempo (min) In cl in aç ão (% ) 6,7 KM/h 8,0 KM/h 8,8 KM/h 9,6 KM/h Figura 111 – Exemplo de aplicação do teste de Bruce O VO2max será calculado pelas seguintes equações: Homem cardiopata: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = (2,327 x tempo) + 9,48 Homem ativo: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = (3,778 x tempo) + 0,19 Homem sedentário: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = (3,288 x tempo)+ 4,07 Mulher: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = (3,36 x tempo) + 1,06 177 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Veja um exemplo, considerando um indivíduo do sexo masculino ativo: Tempo de teste: 15 minutos Logo: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = (3,778 x tempo) + 0,19 VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = (3,778 x 15) + 0,19 VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = (56,67) + 0,19 VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 56,86 6.2.3 Testes de cargas máximas Os testes máximos são aqueles em que as cargas de trabalho impostas ao avaliado atingem pelo menos 90% da FCmax, e, de acordo com o American College of Sports Medicine (2007), são protocolos extremamente úteis para a determinação de doença arterial coronariana em indivíduos assintomáticos quando utilizados na avaliação direta, com analisador de gases. São testes que necessitam de ergômetros específicos e profissionais bem treinados para sua execução, porque, em sua maioria, os testes apresentados na literatura são diretos. Os protocolos máximos são mais indicados para indivíduos com um bom nível de condicionamento físico, uma vez que eles devem continuar até a exaustão voluntária do indivíduo. Assim como os testes submáximos, os testes máximos apresentam vantagens e desvantagens, conforme Charro et al. (2010): • São mais úteis para diagnosticar doença arterial coronariana em indivíduos assintomáticos. • Analisam diretamente os gases (são mais dispendiosos e mais demorados e necessitam de equipes treinadas). • São utilizados mais em pesquisas e ambientes clínicos. • Exigem que os participantes se exercitem até atingirem a exaustão voluntária. Para garantir maior segurança ao participante, anteriormente ao teste de esforço, seja ele máximo ou submáximo, o avaliado deve ler e assinar um termo de consentimento explicativo sobre as condições do teste, juntamente com os riscos e benefícios, e é recomendado também que o avaliado responda ao questionário Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR‑Q): 178 Unidade II Figura 112 – Questionário Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR‑Q) Fonte: Heyward (1997, p. 336). 179 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Além disso, os seguintes critérios, preconizados pelo American College of Sports Medicine (2000), deverão ser considerados como contraindicações a realização. Contraindicações absolutas para a realização de testes de esforços físicos (tanto máximos quanto submáximos): • Infarto do miocárdio recente complicado. • Angina instável. • Arritmia ventricular não controlada. • Arritmia atrial não controlada que compromete a função cardíaca. • Bloqueio cardíaco atrioventricular de terceiro grau sem marca passo. • Insuficiência cardíaca congestiva aguda. • Estenose aórtica grave. • Suspeita ou certeza de aneurisma dissecante. • Miocardite ou pericardite suspeita ou ativa. • Tromboflebite ou trombo intracardíaco. • Embolia pulmonar ou sistêmica recente. • Infecções agudas. • Distúrbio emocional significativo (psicose). Ainda de acordo com o American College of Sports Medicine (2000), os seguintes critérios de interrupção do teste de esforço tendo como objetivo a avaliação da aptidão aeróbia sem monitoramento eletrocardiográfico deverão ser seguidos: • Início de angina ou sintomas semelhantes à angina. • Queda significativa da pressão sistólica ou incapacidade de elevação dessa pressão com o aumento da intensidade do exercício. • Elevação excessiva da pressão arterial: pressão sistólica > 260 mmHg ou pressão diastólica > 115 mmHg. 180 Unidade II • Sinais de pouca perfusão: aturdimento, confusão, ataxia, palidez, cianose, náusea ou pele fria e viscosa. • Incapacidade de aumento da frequência cardíaca com a elevação da intensidade de esforço. • Alteração notável do ritmo cardíaco. • Avaliado pedir para parar o teste. • Manifestações físicas ou verbais de fadiga grave. • Falha do equipamento do teste. Embora a maioria dos testes máximos sejam aplicados de forma direta, existem vários protocolos na literatura que são válidos para a determinação do VO2max de forma indireta. Citaremos alguns testes a seguir. 6.2.4 Testes em esteira rolante Protocolo de Naughton (1963) Esse protocolo é extremamente interessante para avaliados com baixo condicionamento físico. Após aquecimento inicial, o avaliado irá realizar três estágios de três minutos na velocidade de 3,2 km/h, sendo o primeiro com inclinação de 7% e mais 3,5% de aumento para o segundo e terceiro estágios. Após essa fase inicial do protocolo, haverá aumento da velocidade por mais dois estágios (quarto e quinto) para 4,8 km/h e reduz‑se a inclinação para 10% e 12,5%, respectivamente. Na última fase do protocolo (a partir do sexto estágio) com inclinação de 12%, adicionam‑se 2% a cada estágio, e a velocidade permanece constante em 5,5 km/h até a exaustão voluntária. A estimativa do VO2max é determinada pela seguinte equação, preconizada por Bruce (1971): Homens: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,33 + (2,94 x duração do teste) Mulheres: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,05 + (2,74 x duração do teste) Veja o exemplo, considerando uma mulher que finalizou o teste com 18 minutos: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,05 + (2,74 x duração do teste) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,05 + (2,74 x 18) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,05 + (49,32) 181 MEDIDAS E AVALIAÇÕES VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 57,37 Protocolo de Ellestad (1969) Esse protocolo é indicado para avaliados homens e mulheres mais bem condicionados. Para a realização desse teste, a inclinação da esteira rolante permanece em 10% do primeiro ao quarto estágio, sendo que o primeiro estágio tem velocidade pré‑definida de 2,7 km/h e se eleva para 4,8 km/h no segundo estágio; passando para o terceiro estágio, um novo incremento na velocidade é adicionado, de 1,6 km/h (6,4 km/h), e o mesmo ocorre no quarto estágio, mais 1,6 km/h (8,0 km/h). Após os quatro estágios iniciais, a inclinação aumenta para 15% (quinto estágio). A partir do sexto estágio, a inclinação permanece a mesma e a velocidade segue com incremento de 1,6 km/h até a exaustão voluntária. Os estágios 1 e 5 têm duração de três minutos, já os estágios 2 a 4 e 6 até o final do teste são mantidos em dois minutos. O tempo é um minuto maior somente nos estágios em que há inclinação da esteira rolante. O cálculo do VO2max é realizado por meio da equação de Bruce: Homens: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,33 + (2,94 x duração do teste) Mulheres: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,05 + (2,74 x duração do teste) Veja o exemplo, considerando um homem bem condicionado que encerrou o teste em 15 minutos: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,33 + (2,94 x duração do teste) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,33 + (2,94 x 15) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 8,33 + (52,43) VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = 60,76 6.2.5 Testes com ergômetro de perna (bicicleta) Protocolo de Técnica de Balke (1959) Para a realização do protocolo de Balke, serão utilizados estágios progressivos de dois minutos, iniciando em zero watts com aumento de 25 watts para indivíduos não condicionados e 50 watts para indivíduos bem condicionados fisicamente (tanto homens quanto mulheres) até a exaustão voluntária. 182 Unidade II Para a determinação do VO2max, é necessária a verificação do peso corporal do avaliado antes da realização do teste, bem como da última carga completada pelo indivíduo em watts. Após a aplicação, utilizar a seguinte equação: ( ( ) ( )2 200 12 x carga máxima em watts VO máx. [ml kg.min peso Kg − + = Veja o exemplo de um indivíduo que pesa 75 kg e finalizou o teste em 250 watts de carga final: ( ( ) ( ) 1 2 200 12 x carga máxima em watts VO máx. [ml kg.min peso Kg − + = ( ( )1 2 200 12 x 250 VO máx.[ ml kg.min 75 − + = ( ( )1 2 200 3000 VO máx. [ml kg.min 75 − + = ( 1 2 3200 VO máx.[ ml kg.min 75 − = VO2máx . [ml(kg . min‑1] = 42,66 Protocolo de Astrand (1986) Muito semelhante ao protocolo preconizado por Balke, entretanto, a duração de cada estágio é de três minutos, o que torna o teste mais interessante para indivíduos de baixo condicionamento físico. É necessárioo peso do avaliado para o cálculo final. Após aquecimento prévio de três minutos, inicia‑se o teste com a carga do primeiro estágio sendo de 10, 25 e 50 watts para cardiopatas, mulheres e homens, respectivamente. A partir dos próximos estágios, 25 watts serão adicionados a cada três minutos até a exaustão voluntária. Uma diferença importante entre os protocolos é que, neste, o valor do VO2max é expresso em ml.min‑1. Para o cálculo de VO2max, a seguinte equação será utilizada: VO2máx. [ml(kg.min)‑1)] = (12 x watts do último estágio) + (peso x 3,5) Assim, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal. 183 MEDIDAS E AVALIAÇÕES ( ( )1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = Veja um exemplo: Mulher Peso 85 kg Watts do último estágio: 300 VO2máx. [ml.min‑1] = (12 x watts do último estágio) + (peso x 3,5) VO2máx. [ml.min‑1] = (12 x 300) + (85 x 3,5) VO2máx. [ml.min‑1] = (3600) + (297,5) VO2máx. [ml.min‑1] = 3897,5 Após isso, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal. Assim: ( ( )1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = ( 1 2 3897,5 VO máx. [ml kg.min 85 − = VO2máx . [ml(kg . min‑1] = 45,85 Para qualquer um dos protocolos de cicloergômetro de perna citados, o VO2max pode ser calculado, ainda de acordo com a recomendação do American College of Sports Medicine (2009) e com o tipo de bicicleta utilizada. 184 Unidade II Bicicleta mecânica: ( ( ) 1 2 Carga em kpm x 2 300) VO máx. [ml kg.min peso corporal Kg − + = Bicicleta eletromagnética: ( ( ) 1 2 Carga em watts x1 2 300) VO máx. [ml kg.min peso corporal Kg − + = Após a determinação do VO2max por qualquer um dos protocolos citados, desde submáximos aos máximos, em pista ou em ergômetros, é necessário utilizar valores normativos para cálculo de aptidão funcional aeróbia. As tabelas a seguir mostram os indicadores para a análise do consumo máximo de oxigênio de indivíduos adultos de ambos os sexos propostos com base em testes de esforço padronizados e preconizados pelo American Heart Association (1972): Tabela 20 – Valores de consumo máximo de oxigênio (ml.kg‑1.min‑1) para mulheres Idade (anos) Baixo Regular Intermediário Elevado Muito elevado 20‑29 48 30‑39 44 40‑49 41 50‑59 37 60‑69 34 Adaptado de: American Heart Association (1972). Tabela 21 – Valores de consumo máximo de oxigênio (ml.kg‑1.min‑1) para homens Idade (anos) Baixo Regular Intermediário Elevado Muito elevado 20‑29 52 30‑39 48 40‑49 44 50‑59 42 60‑69 40 Adaptado de: American Heart Association (1972). 185 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 6.3 Limiar anaeróbio (LAn) O limiar anaeróbio (LAn) tem sido alvo de muitas pesquisas relacionadas à fisiologia do exercício desde que a formação de lactato durante a contração muscular foi demonstrada por Fletcher e Hopkins (1907). Ele é definido como um aumento inicial nas concentrações de lactato que coincide com um aumento não linear da ventilação pulmonar, do quociente respiratório e da produção de dióxido de carbono. O destaque do LAn na área da avaliação e prescrição do treinamento esportivo se deve principalmente à alta correlação encontrada entre a quantificação do consumo máximo de oxigênio (VO2max) e a predição do desempenho aeróbio em competições, e ao rápido ajuste desse parâmetro frente às modificações do treinamento. A determinação do LAn pode ser feita através da mensuração direta do lactato sanguíneo, por um método direto – por meio da análise de gases (VO2max), por exemplo – ou por métodos indiretos. A determinação do LAn através do método direto apresenta algumas vantagens com relação a sua aplicabilidade, tais como: alta validade e reprodutibilidade, alta correlação com a performance em provas de endurance, maior sensibilidade às adaptações decorrentes do treinamento e fácil aplicação. Das técnicas amplamente utilizadas para mensuração do limiar anaeróbio, destaca‑se a determinação da máxima fase estável de lactato (MFEL), que é considerada o protocolo gold standard na determinação do LAn. A MFEL é definida como a mais alta intensidade de exercício em que existe equilíbrio entre a produção e a remoção do lactato sanguíneo durante protocolos de cargas constantes. Observação Gold standard é um termo amplamente utilizado para descrever o protocolo padrão ouro para aquela determinada medida. Significa que é um protocolo objetivo, válido e reprodutivo. Exercícios realizados acima da intensidade referente a MFEL causam um aumento constante na produção de lactato sanguíneo primeiramente no músculo, seguido de um aumento dessa concentração no sangue. A acidose associada a esse acúmulo tem sido relacionada à diminuição das propriedades contráteis do músculo em decorrência do aumento percentual da glicólise comparado com a taxa de oxidação do piruvato (Billat et al., 2003). Esses fatores prejudicam as atividades de várias enzimas no metabolismo e contribuem com o surgimento precoce da fadiga. Por outro lado, durante exercícios realizados abaixo da MFEL, a velocidade de produção é inferior à de remoção, e dessa maneira a atividade pode ser sustentada por um período de tempo maior. O protocolo da MFEL envolve a realização de quatro a seis sessões de exercícios de cargas constantes em diferentes intensidades com duração aproximada de 30 minutos. É recomendado que apenas duas 186 Unidade II sessões sejam realizadas por dia, com intervalo mínimo de quatro horas entre elas. A cada cinco minutos são coletadas, do lóbulo da orelha, amostras de 25 µl de sangue para determinação das concentrações sanguíneas de lactato. Após essa fase, a curva de lactacidemia versus tempo de exercício é plotada com o intuito de definir a intensidade correspondente à MFEL, na qual não há aumento igual ou superior a 1 mmol/L (Heck et al., 1985; Carter; Jones; Doust, 1999) do décimo ao trigésimo minuto de exercício. Figura 113 – Demonstração da extração de 25 µl de sangue do lóbulo da orelha para posterior análise das concentrações de lactato sanguíneo em lactímetro Figura 114 – Equipamento utilizado para análise do lactato sanguíneo 187 MEDIDAS E AVALIAÇÕES A figura a seguir mostra a determinação do limiar anaeróbio por meio da MFEL. A série representada na cor azul mostra a intensidade de MFEL: 1 0 5 10 2015 Tempo (min) Co nc en tr aç ão d e la ct at o (m m ol /L ) 25 30 2 3 4 5 6 Figura 115 – Determinação da máxima fase estável de lactato por meio das concentrações de lactato sanguíneo Embora muito utilizado por equipes esportivas de alto nível que, normalmente, disponibilizam de um fisiologista do exercício entre os membros da comissão técnica, a mensuração da capacidade aeróbia pelo Lan ou pela MFEL, através dos métodos citados, exige a disponibilidade de equipamentos sofisticados, além do elevado custo operacional por atleta, tornando sua utilização limitada. Infelizmente, nem todas as equipes dispõem de suporte financeiro necessário para a aquisição de equipamentos específicos para a realização de avaliações constantes utilizando a lactacidemia. Além disso, o tempo necessário para a realização do protocolo, da análise e da interpretação dos resultados muitas vezes é inviável para ajustar as intensidades de treino durante a periodização. O teste não invasivo de potência crítica (Pcrit), proposto inicialmente por Monod e Scherer (1965) e modificado por Wakayoshi et al. (1992) para velocidade crítica (Vcrit), tem sido amplamente utilizado para a determinaçãodo Lan e é definido como a máxima intensidade de exercício que teoricamente pode ser mantida por um longo período de tempo sem fadiga. Acima dessa intensidade de esforço, ocorre a utilização de um estoque limitado de energia anaeróbia para atender as necessidades adicionais do exercício (Bishop; Jenkins; Howard, 1998). Segundo o modelo, o esgotamento desse estoque, denominado capacidade de trabalho anaeróbio (CTA), leva o executante à exaustão (Bishop; Jenkins; Howard, 1998). Desse modo, através de modelo matemático, os valores de distância e tempo são submetidos ao procedimento de regressão linear para estimativa da Vcrit e da capacidade de trabalho anaeróbio (CTA), pelo modelo linear distância‑tempo. Alguns estudos têm demonstrado que o parâmetro aeróbio do modelo de Vcrit apresenta elevadas correlações com o Lan, verificados por intensidades de esforço determinadas através de protocolos que 188 Unidade II utilizam concentração fixa e variáveis de lactato sanguíneo, sugerindo que a Vcrit pode ser utilizada como um índice não invasivo de determinação da capacidade aeróbia dos atletas. Além disso, esse método de avaliação tem sido objeto de vários estudos por ser um teste não invasivo e de custo reduzido. Para a determinação da Vcrit, serão utilizadas quatro cargas exaustivas distintas. Os valores de distância e tempo serão submetidos ao procedimento de regressão linear para estimativa da Vcrit, pelo modelo linear distância versus tempo. A velocidade crítica dos avaliados será determinada pelo coeficiente angular de cada uma das regressões individuais. Esse teste pode ser utilizado para qualquer exercício ou modalidade esportiva. Basta que o tempo de exaustão para cada esforço específico seja anotado. Além disso, de acordo com o modelo original, a Pcrit também pode ser mensurada, assim como a força crítica (Fcrit). Nesse caso, o avaliado irá realizar algumas cargas de esforço até exaustão, que será assumida como a incapacidade do avaliado em manter a intensidade previamente definida por tempo igual a 10 segundos, ou quando voluntariamente o avaliado não mais conseguir continuar o exercício nas intensidades previamente determinadas. Nesses dois casos, os tempos de execução para cada esforço até a exaustão voluntária serão registrados e assumidos como tempo limite (Tlim). A Pcrit ou Fcrit corresponderá ao coeficiente linear dos pontos obtidos da relação linear P ou F versus 1/Tlim. Os modelos distância vs. tempo e força vs. 1/Tlim estão representadas a seguir para o exercício de natação. No exemplo apresentado na figura a seguir, os atletas realizaram quatro esforços em máxima intensidade nas distâncias de 200 m, 300 m, 400 m e 500 m na natação em nado crawl. O tempo de cada esforço foi anotado e por meio de regressão linear pudemos obter a Vcrit. y = 1,3472x + 39,475 R² = 0,9996 500 400 300 200 100 0 100 200 Tempo (s) Di st ân ci a (m ) 300 400 Figura 116 – Determinação da intensidade (s/100m) correspondente à Vcrit por meio da relação linear distância versus tempo obtida por um nadador, após esforços máximos de 200 m, 300 m, 400 m e 500 m No exemplo apresentado na figura a seguir, os atletas realizaram quatro esforços em nado atado nas intensidades de 90, 100, 110 e 120 N. O tempo que o atleta permaneceu nadando nessa intensidade até a exaustão foi assumido como tempo limite. Assim, por meio da relação força versus 1/Tlim a Fcrit foi determinada. 189 MEDIDAS E AVALIAÇÕES y = 5092,7x + 84,059 R² = 0,9879 130 120 110 100 90 0 0 0,002 0,004 1/tlim (s‑1) Fo rç a (n ) 0,006 0,008 Figura 117 – Determinações da Fcrit obtida por meio da relação linear F versus 1/tlim (s‑1) de um nadador, obtidas após esforços máximos nas intensidades de 90 N, 100 N, 110 N e 120 N Entretanto, existem controvérsias na literatura quanto ao melhor número de esforços a serem utilizados para determinar a Vcrit ou Pcrit. Segundo Hill (1993) e Bishop, Jenkins e Howard (1998), três cargas exaustivas distintas são suficientes para tal determinação, desde que o tempo limite de exercício encontre‑se entre 1 e 10 minutos. Outros autores preconizam que esse tempo limite de exercício encontra‑se entre 2 e 15‑20 minutos (Hill; Ferguson, 1999; Brickley; Doust; Williams, 2002). Pringle e Jones (2002) acreditam que a Pcrit parece superestimar a máxima fase estável com relação à resposta do lactato sanguíneo. Em 1986, Chassain desenvolveu uma metodologia baseada na realização de duplos esforços na mesma intensidade de exercício para a determinação da Pcrit. O método conhecido como Chassain consiste em submeter o indivíduo a duas sessões de exercício de mesma intensidade, com duração de três minutos cada uma, separadas por um intervalo de recuperação de 1,5 minuto. Ao final do primeiro e do segundo esforço, a frequência cardíaca (FC) é registrada, permitindo analisar a variação de FC entre o primeiro (E1) e o segundo (E2) exercício utilizando a equação ΔFC = FCE2‑ FCE1. Com os resultados obtidos, plota‑se um gráfico e por extrapolação linear é verificado o valor da intensidade em que o ΔFC = 0, no qual, ao menos teoricamente, ocorre a máxima fase estável de FC. Esse ponto é entendido como a potência crítica. Além da FC, podem ser utilizados os comportamentos das concentrações de lactato sanguíneo e VO2 para a mesma análise. A vantagem apresentada por Chassain (1986) é a ausência de procedimento exaustivo na obtenção da Pcrit, bem como a praticidade em sua determinação. Por outro lado, quando realizado com lactacidemia, a procedência do protocolo é invasiva. 190 Unidade II Saiba mais Para entender mais detalhadamente os protocolos de limiar anaeróbio, consulte a seguinte tese: SANTHIAGO, V. Avaliação aeróbia de nadadores através de protocolos invasivos e não invasivos em duas situações distintas: nado livre e atado. 2009. Tese (Doutorado em Ciências da Motricidade) – Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009. Disponível em: https://tinyurl.com/2t5c6yz8. Acesso em: 8 nov. 2023 A figura a seguir mostra a imagem esquemática do protocolo Chassain: Exercício (E1) Recuperação Exercício (E2) 3 minutos Frequência cardíaca (FC1) ΔFC = FC2 ‑ FC1 Para cada uma das quatro intensidades Duplos esforços de exercícios separados por uma recuperação Frequência cardíaca (FC2) 1,5 minutos 3 minutos Figura 118 – Protocolo experimental adaptado de Manchado et al. (2006) para a determinação da velocidade crítica (Vcrit) baseada no método Chassain (1986) No caso de haver coletas de lactato sanguíneo ou de consumo de oxigênio, essas variáveis devem ser anotadas ao final do terceiro minuto do primeiro esforço e ao final do terceiro minuto do segundo esforço para o cálculo do delta lactato ou VO2. A seguir, exemplos da regressão obtida por meio de um gráfico ilustrativo da determinação da Vcrit e Pcrit por meio do método Chassain: 191 MEDIDAS E AVALIAÇÕES ‑10 ‑5 0 ΔFC 66 68 70 Te m po (s /1 00 m ) 72 74 76 5 10 15 y = ‑0,3107x + 71,621 R² = 0,9942 Figura 119 – Exemplo da determinação da velocidade crítica pelo método Chassain (1986) por meio das frequências cardíacas (ΔFC) de um único nadador utilizando o procedimento não exaustivo de duplos esforços. Cada ponto expresso graficamente representa a frequência cardíaca obtido em intensidade equivalente. A Vcrit estimada corresponde ao intercepto Y da regressão linear obtida ‑10 ‑5 0 ΔFC 0 20 40 Fo rç a (N ) 60 80 100 120 5 10 y = 2,148x + 80,167 R² = 0,9666 Figura 120 – Exemplo da determinação da força crítica pelo método Chassain (1986) por meio das frequências cardíacas (ΔFC) obtidas de um único nadador utilizando o procedimento não exaustivo de duplos esforços. Cada ponto expresso graficamente representa o delta frequência cardíaca obtido em intensidade equivalente. A Fcrit estimada corresponde ao intercepto Y da regressão linear obtida A determinação da capacidade aeróbia por meio da estimativa de limiar anaeróbio pode ser utilizada com frequência,principalmente por meio dos testes de Vcrit. Embora haja a necessidade de utilização de modelos matemáticos para sua determinação, as técnicas utilizadas para a realização dos esforços são simples e eficazes. 6.4 Potência e capacidade anaeróbia Para avaliar a potência anaeróbia, é necessário que o esforço realizado seja máximo ou muito próximo do máximo. 192 Unidade II Basicamente, o principal critério para a determinação da potência anaeróbia é o tempo de esforço e sua intensidade, uma vez que esforços máximos de aproximadamente 20 segundos irão refletir respostas predominantemente anaeróbias aláticas (resposta do sistema ATP‑CP), enquanto os testes máximos com duração de até aproximadamente 30 a 60 segundos irão refletir respostas predominantemente láticas (resposta do sistema glicolítico). A potência anaeróbia é representada pelo trabalho muscular realizado por unidade de tempo, enquanto a capacidade anaeróbia se refere à quantidade total de trabalho realizado no decorrer do teste (Guedes; Guedes, 2006) É sabido que a potência anaeróbia alática reflete a velocidade em que ocorre a quebra da creatina fosfato na célula muscular ativa para a ressíntese do ATP (adenosina trifosfato), enquanto a potência anaeróbia lática reflete a velocidade com que o ATP pode ser ressintetizado por intermédio da glicólise anaeróbia. Embora os testes que avaliam potência ou capacidade anaeróbia sejam predominantemente diretos (com uso de lactacidemia, por exemplo) e utilizem ergômetros para sua determinação, alguns testes são usados para verificar a potência anaeróbia de forma indireta. 6.4.1 Protocolos indiretos de determinação da potência e capacidade anaeróbia Wingate (1987) O teste de Wingate foi desenvolvido por Bar‑Or na década de 1980 e é considerado um dos testes mais utilizados para avaliação da potência e capacidade anaeróbia nos campos da Educação Física e da Fisioterapia. Basicamente, para a realização do teste, o avaliado deverá pedalar na máxima velocidade possível por um tempo de 30 segundos, mantendo a carga constante. A carga será designada de acordo com o peso do avaliado. Sendo expressa em kg, é equivalente a 0,075 kp/kg para mulheres e 0,090 kp/kg para homens. Para crianças e obesos, a carga pode ser menor; já para atletas, será adotada maior carga de trabalho: de 0,100 a 0,110 km/kg. Para esse procedimento, é necessária uma bicicleta de frenagem mecânica ou eletromagnética com dispositivo para a contagem de rotações dos pedais, as quais deverão ser registradas a cada cinco segundos. Caso não haja esse dispositivo, dois avaliadores podem contar as rotações dos pedais a cada cinco segundos. O selim deve ser ajustado de acordo com a estatura do avaliado, de modo que a flexão de joelho esteja em 10 a 15 graus no momento que o pedal passa próximo ao chão. O avaliado deverá executar um aquecimento prévio no cicloergômetro para elevar a FC por volta de 150‑160bpm. É recomendado, ainda, que durante o período de aquecimento, o avaliado execute sprints 193 MEDIDAS E AVALIAÇÕES de cinco segundos para se familiarizar com a dificuldade do teste. O aquecimento deve se seguido de cinco minutos de pausa antes da execução do teste propriamente dito. O início do teste se dá por meio de o avaliado pedalar o mais rápido possível sem carga de trabalho, mantendo‑se sentado no selim, e em seguida será adicionada carga lentamente, até chegar à carga do teste do sujeito. Isso deve ocorrer num período de dois a quatro segundos. Assim que o avaliado alcançar a carga de trabalho para o teste, 30 segundos serão contados, e ele deve pedalar o mais rápido possível. Poderá haver incentivo sonoro ao participante: “vamos lá!”, “muito bem!”. Após o teste, o avaliado deve permanecer pedalando por mais três minutos para voltar à calma. Após a realização do teste, serão estabelecidos os valores de potência, capacidade e índice de fadiga anaeróbios. A potência anaeróbia será representada pelo número de rotações dos pedais, realizados a cada cinco segundos, e pela distância, em metros, que o cicloergômetro teoricamente se desloca a cada rotação do pedal. Assim: Pico máximo de potência anaeróbia: Pmax (kpm) = carga x (rotações –5 s máximo) x distância Pico mínimo de potência anaeróbia: Pmin (kpm) = carga x (rotações –5 s mínimo) x distância Pico médio de potência anaeróbia: Pmed (kpm) = carga x (rotações –5 s médio) x distância A capacidade anaeróbia será estimada pelo número total de rotações no período dos 30 segundos e pela distância de deslocamento do cicloergômetro a cada rotação do pedal: Can (kpm) = carga x (rotações –30 s) x distância O índice de fadiga (If) é representado pela perda relativa da potência anaeróbia desde o momento que alcançou o pico máximo e o mínimo de potência anaeróbia, expresso pela seguinte equação: ( ) Pmax Pmin If % x1 00 Pmax − = 194 Unidade II As tabelas a seguir ilustram os indicadores relacionados aos componentes anaeróbios tanto para homens quanto para mulheres. Tabela 22 – Valores de referência direcionados à análise de indicadores relacionados aos componentes anaeróbios estimados mediante o teste de Wingate para mulheres Grupo etário (anos) Muito fraco Fraco Abaixo da média Média Bom Muito bom Excelente Pico máximo de potência anaeróbia (watts) 35 389‑513 514‑576 576‑638 638‑700 700‑762 762‑825 825‑950 Grupo etário (anos) Muito fraco Fraco Abaixo da média Média Bom Muito bom Excelente Pico máximo de potência anaeróbia relativo ao peso corporal (watts/kg) 35 5,6‑7,0 7,0‑7,7 7,7‑8,4 8,4‑9,1 9,2‑9,9 9,9‑10,610,6‑12,0 Potência média anaeróbia (watts) 35 359‑412 412‑449 449‑480 480‑510 510‑540 540‑570 570‑630 Potência média anaeróbia relativa ao peso corporal (watts/kg) 35 4,7‑5,5 5,5‑5,9 5,9‑6,3 6,3‑6,7 6,7‑7,1 7,1‑7,5 7,5‑8,3 Adaptado de: Inbar et al. (1996). Rast O running anaerobic sprint test (Rast), da Universidade de Wolverhampton, foi desenvolvido para determinar inicialmente potência e índice de fadiga; entretanto, o protocolo nos permite calcular outras variáveis. Muito semelhante ao Wingate, mas com a vantagem de ser realizado sem ergômetro ou qualquer outro equipamento muito sofisticado. Esse teste é amplamente utilizado por atletas de modalidades coletivas, bem como para indivíduos fisicamente ativos. Por se tratar de um teste de velocidade máxima, deve ser utilizado por indivíduos sedentários com cautela. O avaliador deverá portar papel e caneta para anotar os tempos de execução das corridas, bem como um cronômetro para verificar o tempo. O protocolo consiste na realização de seis corridas máximas de 35 m, 196 Unidade II separados por 10 segundos de intervalo entre as repetições, no qual os tempos das corridas e a distância são utilizados para calcular as seguintes variáveis: • Velocidade: ( ) ( ) Distância percorrida m Velocidade Tempo segundos = • Aceleração: ( ) Velocidade Aceleração Tempo segundos = • Força: Força = Peso corporal (Kg) x Aceleração • Potência: Velocidade = Força x Velocidade Lembrando que velocidade, aceleração, força e potência devem ser calculadas para cada uma das seis repetições. A partir desses dados, são calculados ainda: • Potência máxima (watts): será considerado o maior valor de potência das seis tentativas. • Potência mínima (watts): será considerado o menor valor de potência das seis tentativas. • Potência média (watts): ( ) Soma dos 6 valores de potência Potência média W 6 = • Índice de fadiga 1 (IF1): ( ) Potência máxima Potência mínima IF1 W / s Somatória dos 6 tempos obtidos − = 197 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • Índice de fadiga 2 (IF2): ( ) Potência máxima Potência mínima IF2 % x 100 Potência máxima − = O índice de fadiga representa os declínios na potência para o atleta. Quanto mais baixo o valor, mais alta é a habilidade do atleta em manter desempenho anaeróbio. Os resultados desse teste devem ser comparados com resultados anteriores ou futuros para acompanhar o programa de treinamento, ou ajustá‑lo, caso necessário. Teste de Margaria (1966) O teste de Margaria tem como objetivo avaliar o sistema anaeróbio alático (ATP‑CP) e pode ser utilizado para indivíduos do sexo masculino e feminino. O teste propriamente dito consiste em subir uma escada de nove degraus, na maior velocidade possível, sendo a primeira pisada no terceiro degrau, a segunda no sexto degrau e a terceira no nono degrau. Inicialmente, o avaliado deverá tomar uma distância de seis metros dos degraus da escada; quando pisar o terceiro degrau, o cronômetro será acionado e parado quando ele pisar o nono degrau. O tempo gasto entre o terceiro e o nono degrau será usado na seguinte equação para o cálculo da potência anaeróbia alática (kgm/s): ( ) peso corporal x distância Pan kgm / s tempo gasto = Onde: D: distância vertical percorrida expressa em metros entre o terceiro e o nono degraus – altura dos degraus x seis degraus; Tempo gasto: tempo gasto em segundos para percorrer do terceiro ao nono degrau; 198 Unidade II Figura 121 – Representação esquemática do teste de Margaria Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 408). Veja um exemplo: Homem 75 kg Percorreu do terceiro ao nono degrau com distância vertical de 1,5 metros em 0,650 s. Então: ( ) peso corporal x distância Pan kgm / s tempo gasto = ( ) 75 Kg x1 ,5m Pan kgm / s 0,650 = ( ) 112,5 Pan kgm / s 0,650 = Pan(kgm/s) = 173,07 199 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Após o cálculo, usar as tabelas para homens e mulheres para classificar a potência anaeróbia alática. Tabela 24 – Classificação dos valores em kgm/s do teste de Margaria para o gênero feminino Idade (anos) 15‑19 20‑29 30‑39 40‑49 > 50 Muito fraco 182 > 168 > 125 > 098 > 075 Tabela 25 – Classificação dos valores em kgm/s do teste de Margaria para o gênero masculino Idade (anos) 15‑19 20‑29 30‑39 40‑49 > 50 Muito fraco 224 > 210 > 168 > 125 > 098 Os testes de potência e capacidade anaeróbia foram desenvolvidos para indivíduos adultos e devem ser utilizados com cautela em crianças, uma vez que existem algumas diferenças significativas no padrão de funcionamento do metabolismo energético em crianças. As crianças pré‑púberes apresentam menor capacidade anaeróbia comparadas às mais velhas. Isso ocorre em função de vários fatores, tais como diferenças no padrão do recrutamento de unidades motoras, maior quantidade de fibras musculares oxidativas (tipo I) quando comparadas as glicolíticas (tipo II), níveis mais baixos de glicogênio intramuscular e atividade das enzimas glicolíticas‑chave, como a fosfofrutoquinase (PFK) e a lactato desidrogenase (LDH), reduzidas. A atividade das enzimas PFK e LDH é aproximadamente 50% mais baixa em crianças quando comparadas a adolescentes, o que implica numa menor taxa de conversão do glicogênio muscular em lactato para refosforilação, ou seja, o índice de utilização do glicogênio em crianças é menor. Lembrete É uma indicação adicional o fato de que as crianças são menos adequadas para tarefas anaeróbias, especialmente anaeróbias láticas. 200 Unidade II Resumo Pudemos observar nessa unidade a importância da avaliação postural, bem como os procedimentos necessários para verificar possíveis desvios posturais. Esses desvios devem ser observados com o avaliado na posição anterior, posterior, lateral direita e lateral esquerda. É realmente necessário que as quatro vistas sejam observadas, uma vez que um desvio pode aparecer em uma delas e não ser muito evidente na outra. A ficha de avaliação postural ajuda a estabelecer o que deve ser observado em cada vista na hora da avaliação. Após sua realização, caso haja desvios, eles deverão ser corrigidos com exercícios quando possível. Além da avaliação postural, observamos também as avaliações funcionais relacionadas aos sistemas de obtenção de energia – portanto, potência e capacidade aeróbia e anaeróbia. A análise direta da capacidade aeróbia depende da ergoespirometria ou da lactacidemia. Entretanto, vários protocolos de cargas submáximas e máximas (indiretos) podem ser utilizados para a determinação dessa capacidade. É importante respeitar o público‑alvo para o qual o teste foi desenvolvido, bem como a necessidade de espaço para a sua realização. A avaliação da capacidade anaeróbia é de fundamental importância, principalmente paraindivíduos já treinados, uma vez que a intensidade de esforço é maior. 201 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Exercícios Questão 1. (Enade 2007) Analise as asserções a seguir, relativas à postura corporal: A avaliação da postura corporal deve levar em consideração a influência dos padrões estéticos determinados pela cultura porque os critérios utilizados para definição de uma boa postura corporal são padronizados de acordo com os princípios cinesiológicos e devem ser aplicados a todos indistintamente. Assinale a opção correta acerca dessas afirmativas. A) As duas asserções são proposições falsas. B) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. C) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. D) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. E) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. Resposta correta: alternativa C. Análise da questão A primeira afirmativa é falsa porque a avaliação da postura corporal não é baseada em padrões estéticos, mas numa postura “padrão” ou “ideal” de acordo com curvaturas anatômicas. Já a segunda afirmativa é verdadeira porque existem padrões que devem ser levados em consideração independentemente da pessoa. 202 Unidade II Questão 2. (Enade 2010, adaptada) Um profissional especializado é coordenador técnico de um centro de atividades físicas em uma empresa industrial de pequeno porte. Segundo os resultados das avaliações físico‑funcionais, 40% dos empregados apresentam queixas relacionadas a lombalgias e cansaço nos membros inferiores. Esses resultados demonstram, ainda, que os referidos empregados atuam na área administrativa e trabalham, na maior parte do tempo, sentados, além de serem sedentários. Incumbido de elaborar, para a área de medicina do trabalho, uma síntese dos resultados dessas avaliações e propostas de ações preventivas, o profissional precisa: I – Apresentar detalhadamente os resultados das avaliações de cada empregado da empresa. II – Apresentar os resultados globais das avaliações com um tratamento estatístico adequado. III – Buscar referências na literatura científica sobre o problema em empresas do mesmo segmento. IV – Propor obrigatoriedade para todos os empregados frequentarem o estúdio regularmente. V – Buscar dados atualizados sobre os custos desses acometimentos em empresas semelhantes. Tomando como base essa situação hipotética, assinale a alternativa que congrega as decisões que aumentariam a credibilidade das informações apresentadas pelo profissional. A) I, II e III. B) I, II e IV. C) I, IV e V D) II, III e V. E) III, IV e V. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: no enunciado da questão está a expressão “síntese dos resultados”, ou seja, de maneira geral dos empregados, e não uma apresentação detalhada de cada um deles. II – Afirmativa correta. Justificativa: é necessária a apresentação global, ou geral e não uma apresentação individual. 203 MEDIDAS E AVALIAÇÕES III – Afirmativa correta. Justificativa: em uma pesquisa científica é importante o aprofundamento das questões apresentas no estudo, inclusive para se compreender melhor os resultados e buscar soluções para estes problemas. IV – Afirmativa incorreta. Justificativa: a obrigatoriedade para que todos os empregados frequentem o estúdio regularmente não irá garantir uma mudança de hábito. Por outro lado, é necessário um trabalho de conscientização para que durante todos os momentos (no trabalho, em casa e no lazer) os empregados possam modificar seus hábitos. V – Afirmativa correta. Justificativa: em uma pesquisa científica é importante saber as consequências desses acometimentos em outras empresas. Além disso, pode ser um fator para a empresa os custos desses acometimentos e propor um trabalho ou campanha para tentar reduzi‑las. 204 Unidade III Unidade III 7 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE E AO DESEMPENHO ATLÉTICO 7.1 Flexibilidade A flexibilidade é um importante componente da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho e pode ser definida como a capacidade de movimentar um segmento corporal, levando uma articulação ou combinação de articulações à máxima amplitude de movimentação. Ela pode ser caracterizada como a amplitude máxima fisiológica passiva de um dado movimento articular. Níveis específicos de flexibilidade resultam da complacência ou da propriedade de mobilidade das articulações. Portanto, isso envolve a participação simultânea da elasticidade dos músculos esqueléticos, da plasticidade dos ligamentos e tendões e, em menor proporção, da maleabilidade da pele. 7.1.1 Métodos de avaliação da flexibilidade Existem diferentes testes e formas para avaliar a flexibilidade: por exemplo, os testes lineares, que medem a distância em cm ou polegadas (banco de Wells), os testes angulares, que medem os resultados em graus (goniometria), e os testes adimensionais, que nos fornecem os resultados por meio de pontos, como o flexiteste. Além disso, é importante ressaltar que a flexibilidade pode ser medida de forma ativa ou passiva: • Flexibilidade ativa: quando o avaliado faz o movimento sozinho, o avaliador apenas acompanha o movimento, sem nenhuma ajuda ao avaliado. • Flexibilidade passiva: quando o movimento é passivo, o avaliado recebe ajuda do avaliador para executar o movimento. Assim, o avaliado não necessita realizar nenhuma contração para estabelecer o movimento. Teste sentar e alcançar – Banco de Wells O teste de sentar e alcançar é considerado um teste padrão para avaliar a flexibilidade da região lombar e dos isquiotibiais. Para isso, uma caixa de madeira com dimensões de 30,5 cm x 30,5 cm x 30,5 cm, com uma superfície de 56,6 cm, será utilizada. Na superfície da caixa, coloca‑se uma escala de medida iniciando em 26 cm. 205 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Para a realização do teste, o avaliado deve estar descalço, sentado de frente para a base da caixa, com os joelhos unidos e estendidos. Em seguida, o avaliado deverá colocar as mãos uma sobre a outra e elevar os braços à vertical. Também deverá inclinar o corpo para frente (flexão de coluna) e, com as pontas dos dedos, tentará alcançar a máxima distância sobre a régua graduada do banco, sem flexionar os joelhos ou utilizar movimentos de balanço. A cabeça permanece entre os braços durante a execução do movimento. Caso seja necessário, o avaliador poderá se posicionar na lateral do avaliado de modo que o ajude a manter os joelhos estendidos. O avaliado deverá realizar três tentativas e permanecer pelo menos dois segundos na posição alcançada. O resultado é medido a partir da maior distância alcançada na escala com as pontas dos dedos. Figura 122 – Ilustração da execução do teste de sentar e alcançar Fonte: Charro et al. (2010, p. 210). 206 Unidade III Após a execução do teste, a classificação será verificada nas tabelas a seguir: Tabela 26 – Valores de referências para o sexo feminino no teste banco de Wells Idade (anos) Fraca Abaixo da média Média Acima da média Excelente 15‑19 ≤ 28 29‑33 34‑37 38‑42 ≥ 43 20‑29 ≤ 27 28‑32 33‑36 37‑40 ≥ 41 30‑39 ≤ 26 27‑31 32‑35 36‑40 ≥ 41 40‑49 ≤ 24 25‑29 30‑33 34‑37 ≥ 38 50‑59 ≤ 24 25‑29 30‑32 33‑38 ≥ 39 60‑69 ≤ 22 23‑26 27‑30 31‑34 ≥ 35 Fonte: Charro et al. (2010, p. 211). Tabela 27 – Valores de referências para o sexo masculino no teste banco de Wells Idade (anos) Fraca Abaixo da média Média Acima da média Excelente 15‑19 ≤ 23 24‑28 29‑33 34‑38 ≥ 39 20‑29 ≤ 24 25‑29 30‑33 34‑39 ≥ 40 30‑39 ≤ 22 23‑27 28‑32 33‑37 ≥ 38 40‑49 ≤ 17 18‑23 24‑28 29‑34 ≥ 35 50‑59 ≤ 15 16‑23 24‑27 28‑34 ≥ 35 60‑69 ≤ 14 15‑19 20‑24 25‑32 ≥ 33 Fonte: Charro et al. (2010, p. 211). Goniometria Para obter as medidas angulares associadas à flexibilidade, pode‑se recorrer aos chamados procedimentos diretos e indiretos. Nos meios diretos,é registrado o ângulo formado pelos segmentos ósseos envolvidos no movimento usando radiografia ou ressonância magnética. Por outro lado, os procedimentos indiretos determinam o ângulo de deslocamento observado no movimento de amplitude articular usando equipamentos de fácil manuseio, como o goniômetro. Para obter medidas angulares com o goniômetro, as hastes do goniômetro devem estar alinhadas com os segmentos proximais e distais da articulação que está sendo medida. A haste fixa é ajustada ao segmento que não irá se mover, e a haste móvel acompanha o segmento corporal que irá se mover. Para orientar o alinhamento das hastes, é recomendado utilizar as referências anatômicas com relação à estrutura óssea demarcadas com lápis dermográfico. O eixo do goniômetro deve coincidir com o local aproximado do centro da articulação. Com o equipamento ajustado e explicação prévia, pede‑se ao avaliado para realizar o movimento articular até o limite máximo. 207 MEDIDAS E AVALIAÇÕES A figura a seguir ilustra a utilização do goniômetro: Figura 123 – Visão geral do uso da goniometria para avaliação da flexibilidade na articulação do ombro Fonte: Charro et al. (2010, p. 232). Saiba mais Para saber mais sobre os movimentos articulares usados na goniometria, consulte o livro: MARQUES, A. P. Manual de goniometria. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. Flexiteste O flexiteste é um teste adimensional que apresenta uma escala de valores de 1 a 4. Esse teste é amplamente utilizado devido a sua praticidade e à ausência de recursos materiais. O teste propriamente dito constitui um método de avaliação passiva da flexibilidade (aquele em que o avaliado não executa contração muscular e, portanto, há a necessidade de ajuda do avaliador para a execução do movimento). O teste conta com 20 movimentos articulares, e a medida é feita a partir da inspeção visual dos movimentos com as figuras do flexiteste, sendo que a atribuição dos valores é obtida sempre que a amplitude articular alcançada for igual à demonstrada no desenho de avaliação. Caso haja dúvidas durante a avaliação entre um item ou outro, o de menor valor deverá ser adotado. A partir da somatória dos resultados obtidos após a execução dos 20 movimentos listados a seguir, o resultado deve ser observado por meio da tabela de classificação. 208 Unidade III Movimentos do flexiteste Movimento 1 – Flexão dorsal do tornozelo: Figura 124 – Ilustração do movimento de flexão dorsal do tornozelo por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 315). Movimento 2 – Flexão plantar do tornozelo: Figura 125 – Ilustração do movimento de flexão plantar do tornozelo por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 315). 209 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Movimento 3 – Flexão de joelho: Figura 126 – Ilustração do movimento de flexão do joelho por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 316). Movimento 4 – Extensão de joelho: Figura 127 – Ilustração do movimento de extensão de joelho por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 316). 210 Unidade III Movimento 5 – Flexão de quadril: Figura 128 – Ilustração do movimento de flexão de quadril por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 317). Movimento 6 – Extensão do quadril: Figura 129 – Ilustração do movimento de extensão do quadril por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 317). 211 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Movimento 7 – Adução do quadril: Figura 130 – Ilustração do movimento de adução do quadril por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 318). Movimento 8 – Abdução de quadril: Figura 131 – Ilustração do movimento de abdução de quadril por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 318). 212 Unidade III Movimento 9 – Flexão do tronco: Figura 132 – Ilustração do movimento de flexão do tronco por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 319). Movimento 10 – Extensão do tronco: Figura 133 – Ilustração do movimento de extensão do tronco por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 319). 213 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Movimento 11 – Flexão lateral do tronco: Figura 134 – Ilustração do movimento de flexão lateral do tronco por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 320). Movimento 12 – Flexão do punho: Figura 135 – Ilustração do movimento de flexão do punho por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 320). 214 Unidade III Movimento 13 – Extensão do punho: Figura 136 – Ilustração do movimento de extensão do punho por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 321). Movimento 14 – Flexão de cotovelo: Figura 137 – Ilustração do movimento de flexão do cotovelo por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 321). 215 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Movimento 15 – Extensão de cotovelo: Figura 138 – Ilustração do movimento de extensão do cotovelo por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 322). Movimento 16 – Adução posterior a partir da abdução de 180° do ombro: Figura 139 – Ilustração do movimento de adução posterior a partir da abdução de 180° do ombro por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 322). 216 Unidade III Movimento 17 – Extensão + Abdução posterior do ombro: Figura 140 – Ilustração do movimento de extensão + abdução posterior do ombro por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 323). Movimento 18 – Extensão posterior do ombro: Figura 141 – Ilustração do movimento de extensão posterior do ombro por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 323). 217 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Movimento 19 – Rotação lateral do ombro abduzido a 90° e cotovelo fletido a 90°: Figura 142 – Ilustração do movimento rotação lateral do ombro abduzido a 90° e cotovelo fletido a 90° por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 324). Movimento 20 – Rotação medial do ombro abduzido a 90° e cotovelo fletido a 90°: Figura 143 – Ilustração do movimento rotação lateral do ombro abduzido a 90° e cotovelo fletido a 90° por meio da aplicação do flexiteste Fonte: Dantas (1999, p. 324). 218 Unidade III Após a realização dos 20 movimentos, o resultado deverá ser observado com base na tabela a seguir: Tabela 28 – Classificação do flexiteste Classificação Somatório de vinte movimentos Deficiente ≤ 20 Fraco 21 a 30 Médio (‑) 31 a 40 Médio (+) 41 a 50 Bom 51 a 60 Excelente > 60 Lembrete Ao optar por um teste de flexibilidade, é necessário verificar para qual tipo de avaliado e para qual finalidade ele será utilizado. Lembre‑se que o teste do banco de Wells avalia menos grupos musculares comparado à goniometria e ao flexiteste. 7.2 Força A força é uma grandeza física que considera o produto entre a massa e a aceleração (F = m.a). Ela é definida como a capacidade de gerar tensão muscular contra uma resistência. Esse processo envolve fatores neurofisiológicos e biomecânicos. A força muscular se manifesta de diferentes formas em decorrência da exigência do movimento e é classificada em três tipos: a força máxima, a força de potência e a força de resistência. 7.2.1 Força máxima Pode ser definida como a capacidade de gerar a máxima tensão muscular contra uma resistência. É a maior força que o sistema neuromuscular pode realizar de forma voluntária, através de um músculo ou grupo muscular, se opondo a uma carga. Pode ser dividida em: • Força máxima estática: ocorre da mesma forma, sendo que a ação muscular é isométrica. • Força máxima dinâmica: compreende a máxima força gerada por um músculo ou grupo muscular em ações isotônicas (concêntricas e excêntricas). 7.2.1.1 Testes de força máxima Quando se pensa em avaliar a força máxima, podemos optar pela análise das forças máxima isométrica (estática) ou máxima isotônica (dinâmica). 219 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 7.2.1.2.2 Protocolos de força máxima isométrica As contrações isométricas são contrações musculares em que o comprimento domúsculo permanece constante, sendo que nenhum movimento ocorre. A força máxima isométrica (estática) é medida por aparelhos específicos que recebem o nome de dinamômetros. A principal vantagem dos testes de força máxima estática (isométrica), a partir do momento que se tenha o equipamento adequado, são: • a sua praticidade e facilidade de execução; • a análise de grandes grupos de indivíduos. Por outro lado, a principal desvantagem desse teste é que a força registrada é dependente do ângulo. Isso quer dizer que o valor só é válido para o ângulo articular ao qual foi medido. Teste de preensão manual (dinamômetro de mão) de Johnson e Nelson (1979) Durante o teste, o avaliado deverá permanecer em pé, com os pés afastados, os braços no prolongamento do corpo e o dinamômetro paralelo à coxa, com o marcador posicionado lateralmente. Em seguida, o avaliado deverá segurar o dinamômetro apoiando a barra de tração na falange de apoio, próxima às cabeças dos quatro últimos metacarpos. O ponteiro do dinamômetro deve estar no ponto zero do equipamento. Após adotar essa postura, o avaliado deverá pressionar o dinamômetro com a maior força possível, sem movimentos nos braços. É necessário solicitar que o indivíduo realize a tensão máxima possível de flexão dos dedos. Durante a mensuração, deve‑se atentar também para o tempo, que deve ser entre três e seis segundos. Serão realizadas três tentativas para cada mão, seguidas de um minuto de descanso entre elas, sendo utilizada a melhor marca atingida. Figura 144 – Ilustração do teste de preensão manual, com uso do dinamômetro de mão Fonte: Charro et al. (2010, p. 169). 220 Unidade III Teste de tração lombar (dinamômetro de lombar) de Johnson e Nelson (1979) Para a realização do teste de tração lombar, o avaliado deverá estar posicionado em pé na plataforma, com a coluna ereta, joelhos totalmente estendidos e cabeça alinhada. O posicionamento para a execução do teste consiste em flexão de quadril e mãos apoiadas na barra, com pegada em pronação. O avaliado então deverá puxar a barra para cima com a maior força possível, sem se inclinar para trás e utilizando a musculatura da região lombar do tronco (grupo eretor da coluna) durante a tração. Serão realizadas três tentativas, seguidas de um minuto de descanso entre elas, utilizando‑se a melhor marca atingida. O avaliado deve manter a postura adequada de ombros durante a tentativa de extensão da coluna. Figura 145 – Ilustração do teste de tração lombar, com uso do dinamômetro de lombar Fonte: Charro et al. (2010, p. 170). Protocolos de força máxima isotônica A força máxima isotônica pode ser medida através da utilização, como sobrecarga, de implementos utilizados normalmente em musculação. O teste mais conhecido é o teste de carga máxima, conhecido como teste de uma repetição máxima (1 RM). O teste de 1 RM é utilizado para determinar a força máxima dinâmica (concêntrica‑excêntrica). Os exercícios mais praticados para o teste são o supino e o leg press para mensurar a força de membros superiores e inferiores, respectivamente. Embora extremamente utilizado, o teste de 1 RM é um teste controverso, pois provoca alto grau de estresse ao aparelho locomotor. Desse modo, só é indicado para pessoas que já estão habituadas ao 221 MEDIDAS E AVALIAÇÕES trabalho de força. Em indivíduos não adaptados, é aconselhável um período de reconhecimento dos exercícios de pelo menos uma semana, visto que a falta de coordenação específica do movimento pelo avaliado poderá subestimar o resultado obtido. No entanto, a população em geral, que inicia qualquer tipo de treinamento em uma academia, não possui ainda uma adaptação do aparelho locomotor para suportar um 1 RM. Assim, o seu emprego pode provocar sérios riscos ao avaliado, não sendo recomendado para eles. Após realizar um aquecimento prévio no exercício a ser testado, o avaliador deverá estabelecer um peso próximo do máximo (utilizando para isso os valores de treinamento do avaliado) e, então, solicitar que o avaliado realize uma repetição completa. Se o avaliado realizar essa tentativa com facilidade, realiza‑se um intervalo de três a cinco minutos, e aumenta‑se a carga em até 10% da tentativa anterior. O avaliado realizará então uma nova tentativa. É recomendado que apenas quatro a cinco tentativas sejam efetuadas por dia. O objetivo do teste é determinar a força máxima do avaliado por meio de apenas uma repetição máxima, sendo que o avaliado deverá obrigatoriamente executar uma repetição completa (fase excêntrica e fase concêntrica). Devido à alta quantidade de carga utilizada nesse teste, é recomendado que 1 ou mais avaliadores estejam a postos para sustentar o peso caso o avaliado não consiga completar o exercício. Além de determinar a força máxima dos avaliados, existe também a possibilidade de determinar sua força relativa, ou seja, relacionar o teste de 1 RM com seu peso corporal, em que se utiliza como resultado a divisão de peso máximo obtido no teste de 1 RM pelo peso corporal total. Essa força relativa permite a classificação dos indivíduos em relação ao seu condicionamento de força muscular, conforme as tabelas a seguir: Tabela 29 – Nível de aptidão física em força relativa para o supino no teste de 1 RM: regime dinâmico por idade para homens Homens Idade (anos) 60 Superior ≥ 1,34 ≥ 1,32 ≥ 1,12 ≥ 1,0 ≥ 0,90 ≥ 0,82 Excelente 1,20‑1,33 1,15‑1,31 0,99‑1,11 0,89‑0,99 0,80‑0,89 0,72‑0,81 Boa 1,07‑1,19 1,00‑1,14 0,89‑0,98 0,81‑0,88 0,72‑0,79 0,67‑0,71 Média 0,90‑1,06 0,89‑0,99 0,79‑0,88 0,73‑0,80 0,64‑0,71 0,58‑0,66 Fraca ≤ 0,89 ≤ 0,88 ≤ 0,78 ≤ 0,72 ≤ 0,63 ≤ 0,57 Adaptado de: Heyward (1997). 222 Unidade III Tabela 30 – Nível de aptidão física em força relativa para o supino no teste de 1 RM: regime dinâmico por idade para mulheres Mulheres Idade (anos) 60 Superior ≥ 0,78 ≥ 0,81 ≥ 0,71 ≥ 0,63 ≥ 0,56 ≥ 0,55 Excelente 0,66‑0,77 0,71‑0,80 0,61‑0,70 0,55‑0,62 0,49‑0,55 0,48‑0,54 Boa 0,59‑0,65 0,60‑0,70 0,54‑0,60 0,51‑0,54 0,44‑0,48 0,43‑0,47 Média 0,54‑0,58 0,52‑0,59 0,48‑0,53 0,44‑0,50 0,40‑0,43 0,39‑0,42 Fraca ≤ 0,53 ≤ 0,51 ≤ 0,47 ≤ 0,43 ≤ 0,39 ≤ 0,38 Adaptado de: Heyward (1997). Tabela 31 – Nível de aptidão física em força relativa para o leg press no teste de 1 RM: regime dinâmico por idade para homens Homens Idade (anos) 60 Superior ≥ 2,28 ≥ 2,13 ≥ 1,93 ≥ 1,82 ≥ 1,71 ≥ 1,62 Excelente 2,05‑2,27 1,98‑2,12 1,78‑1,92 1,69‑1,81 1,59‑1,70 1,50‑1,61 Boa 1,91‑2,02 1,84‑1,97 1,66‑1,77 1,58‑1,68 1,47‑1,58 1,39‑1,49 Média 1,71‑1,90 1,64‑1,83 1,53‑1,65 1,45‑1,57 1,33‑1,46 1,26‑1,38 Fraca ≤ 1,70 ≤ 1,63 ≤ 1,52 ≤ 1,44 ≤ 1,32 ≤ 1,25 Adaptado de: Heyward (1997). Tabela 32 – Nível de aptidão física em força relativa para o leg press no teste de 1 RM: regime dinâmico por idade para mulheres Mulheres Idade (anos) 60 Superior ≥ 1,71 ≥ 1,68 ≥ 1,47 ≥ 1,37 ≥ 1,25 ≥ 1,18 Excelente 1,60‑1,70 1,51‑1,67 1,34‑1,46 1,24‑1,36 1,11‑1,24 1,05‑1,17 Boa 1,39‑1,59 1,38‑1,50 1,22‑1,33 1,14‑1,23 1,00‑1,10 0,94‑1,04 Média 1,23‑1,38 1,23‑1,37 1,10‑1,21 1,03‑1,13 0,89‑0,99 0,86‑0,93 Fraca ≤ 1,22 ≤ 1,22 ≤ 1,09 ≤ 1,02 ≤ 0,88 ≤ 0,85 Adaptado de: Heyward (1997). 223 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Tabela 33 – Nível de aptidão física em força relativa para os exercícios supino, rosca direta, pulley frente, leg press, cadeira extensora e mesa flexora no teste de 1 RM: regime dinâmico para homens Homens Supino Rosca direta Pulley frente Leg press Cadeira extensora Mesa flexora Pontos 1,50 0,70 1,20 3,00 0,80 0,70 10 1,40 0,65 1,15 2,80 0,75 0,65 9 1,30 0,60 1,10 2,60 0,70 0,60 8 1,20 0,55 1,05 2,40 0,65 0,55 7 1,10 0,50 1,00 2,20 0,60 0,50 6 1,00 0,45 0,95 2,00 0,55 0,45 5 0,90 0,40 0,90 1,80 0,50 0,40 4 0,80 0,35 0,85 1,60 0,45 0,35 3 0,70 0,30 0,80 1,40 0,40 0,30 2 0,60 0,25 0,75 1,20 0,35 0,25 1 Fonte: Charro et al. (2010, p. 178). Tabela 34 – Nível de aptidão física emforça relativa para os exercícios supino, rosca direta, pulley frente, leg press, cadeira extensora e mesa flexora no teste de 1 RM: regime dinâmico para mulheres Mulheres Supino Rosca direta Pulley frente Leg press Cadeira extensora Mesa flexora Pontos 0,90 0,50 0,85 2,70 0,70 0,60 10 0,85 0,45 0,80 2,50 0,65 0,55 9 0,80 0,42 0,75 2,30 0,60 0,52 8 0,70 0,38 0,73 2,10 0,55 0,50 7 0,65 0,35 0,70 2,00 0,52 0,45 6 0,60 0,32 0,65 1,80 0,50 0,40 5 0,55 0,28 0,63 1,60 0,45 0,35 4 0,50 0,25 0,60 1,40 0,40 0,30 3 0,45 0,21 0,55 1,20 0,35 0,25 2 0,35 0,18 0,50 1,00 0,30 0,20 1 Fonte: Charro et al. (2010, p. 179). 224 Unidade III Lembrete O teste de 1 RM, embora muito utilizado em academias para a determinação da força máxima, deve ser utilizado somente em indivíduos que já praticam atividades físicas e têm boa familiarização do movimento. Uma vez que o teste é de carga máxima, é necessário cuidado para evitar lesões. 7.2.2 Força de potência (explosiva) É definida como a força produzida em uma determinada unidade de tempo exercendo o máximo de energia num ato explosivo. Ou seja, é a capacidade de realizar um gesto especifico na maior velocidade possível, sem perder a eficiência. Essa capacidade requer a união de duas variáveis, que são a força e a velocidade, e está presente em várias modalidades esportivas, caracterizando‑as nos testes aplicados com o objetivo de desempenho esportivo. A força de potência está relacionada com a impulsão do próprio corpo ou com a impulsão de determinados objetos. 7.2.2.1 Testes de força de potência (explosiva) Impulsão vertical de Johnson e Nelson (1979) O teste de impulsão horizontal consiste em saltar o mais alto possível. Antes do início do teste, o avaliado deverá ficar em pé, lateralmente a uma parede, e elevar a mão dominante acima da cabeça. Nesse momento, o avaliador irá marcar na parede o ponto mais alto que a mão do avaliado alcançou, sem tirar os pés do solo. Em seguida, o avaliador irá sujar as pontas dos dedos da mão do avaliado com giz. Ao sinal, o avaliado irá saltar o mais alto possível, elevando os braços acima da cabeça e encostando as pontas dos dedos na parede para registrar até onde o seu salto alcançou. Na preparação para o salto, o avaliado deverá flexionar o quadril e joelhos, utilizando auxílio dos membros superiores para atingir o maior alcance vertical possível. Não é permitida a corrida prévia ao salto. Após o salto efetuado, o avaliador fará a subtração do valor atingido pelo avaliado após o teste com a marcação inicial, ou seja, deverá subtrair o valor após o salto do valor anterior ao salto. Esse valor deverá ser anotado em centímetros. Serão realizadas três tentativas, utilizando‑se a melhor marca como valor de impulsão vertical do avaliado. 225 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 146 – Ilustração do teste de impulsão vertical Fonte: Charro et al. (2010, p. 182). Lancetta (1988 apud Marins; Gianicchi, 2003) apresenta uma classificação para o teste de impulsão vertical para a população de jovens brasileiros na faixa etária de 11 a 16 anos, de ambos os sexos, na tabela a seguir: Tabela 35 – Nível de aptidão física para jovens dos gêneros masculinos e feminino no teste de impulsão vertical Genero Idade Excelente Muito bom Bom Regular Fraco Masculino 11‑12 44 ou mais 43‑41 40‑37 36‑34 33 ou menos 13‑14 56 ou mais 55‑50 49‑44 43‑38 37 ou menos 15‑16 60 ou mais 59‑55 54‑50 49‑45 44 ou menos Feminino 11‑12 41 ou mais 40‑37 36‑33 32‑29 28 ou menos 13‑14 50 ou mais 49‑45 44‑40 39‑35 34 ou menos 15‑16 51 ou mais 50‑47 46‑43 42‑39 38 ou menos Fonte: Lancetta (1988 apud Marins e Gianicchi, 2003). Impulsão horizontal de Johnson e Nelson (1979) O teste consiste em saltar o mais longe possível à frente. Para o início do teste, o avaliado deverá estar em pé, com os pés paralelos e em pequeno afastamento lateral. Estando posicionado atrás de uma linha de início, o avaliado deverá realizar uma impulsão para frente e tentar saltar a maior distância possível, com ajuda da flexão dos joelhos e utilizando como auxílio o balanço dos membros superiores. Esse movimento deverá ser realizado sem corrida prévia. 226 Unidade III Será anotado o valor em centímetros correspondente à distância entre a linha inicial e a ponta dos pés após a aterrissagem. Serão realizadas três tentativas, utilizando a melhor marca como valor da impulsão horizontal do avaliado. Figura 147 – Imagem do teste de impulsão horizontal Fonte: Charro et al. (2010, p. 184). As tabelas a seguir mostram a classificação do teste de impulsão horizontal para adultos e adolescentes: Tabela 36 – Nível de aptidão física para adultos no teste de impulsão horizontal Classificação Resultado (metros) Fraco 2,90 Adaptado de: Rocha e Caldas (1978). Tabela 37 – Nível de aptidão física para jovens dos gêneros masculino e feminino no teste de impulsão horizontal para adolescentes (em metros) Genero Idade Excelente Muito bom Bom Regular Fraco Masculino 11‑12 ≥ 2,10 2,09‑2,00 1,99‑1,90 1,89‑1,80 ≤ 1,79 13‑14 ≥ 2,46 2,45‑2,32 2,31‑2,21 2,20‑2,07 ≤ 2,06 15‑16 ≥ 2,71 2,70‑2,57 2,56‑2,43 2,42‑2,29 ≤ 2,28 Feminino 11‑12 ≥ 2,02 2,01‑1,94 1,93‑1,86 1,85‑1,78 ≤ 1,77 13‑14 ≥ 2,06 2,07‑1,96 1,95‑1,88 1,87‑1,83 ≤ 1,82 15‑16 ≥ 2,23 2,12‑2,06 2,05‑1,99 1,98‑1,92 ≤ 1,91 Adaptado de: Lancetta (1988 apud Marins e Gianicchi, 2003). 227 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Arremesso de bola de medicine ball de Johnson e Nelson (1979) O teste consiste em lançar a bola medicine ball de 3 kg o mais longe possível à frente. O avaliado deverá permanecer sentado em uma cadeira para o início do teste segurando uma bola de medicine ball com as duas mãos contra o peito e logo abaixo do queixo. O arremesso deverá ser feito somente pelo esforço dos membros superiores, evitando os movimentos do tronco ou participação de qualquer outra parte do corpo. O avaliado não deverá realizar nenhum tipo de balanceio para o arremesso. Será mensurado o valor em centímetro correspondente à distância entre a linha inicial (pés da cadeira) e o local do primeiro contato da bola com o solo. Serão realizadas três tentativas, utilizando‑se a melhor marca como valor da medida. Figura 148 – Imagem do teste de arremesso de medicine ball Fonte: Charro et al. (2010, p. 185). A classificação dos resultados foi proposta por Johnson e Nelson (1979) e descrita na tabela a seguir: Tabela 38 – Nível de aptidão física para adultos de ambos os gêneros no teste de arremesso da bola medicinal Nível de rendimento Gênero masculino Gênero feminino Avançado 763 ou mais 428 ou mais Intermediário/avançado 611‑762 367‑427 Intermediário 367‑610 214‑366 Iniciante/intermediário 275‑366 123‑213 Iniciante 274 ou menos 122 ou menos Adaptado de: Johnson e Nelson (1979). 228 Unidade III 7.2.3 Força de resistência É a capacidade do sistema neuromuscular de um segmento do corpo de sustentar níveis de força moderados e de realizar movimentos por intervalos prolongados de tempo. A força de resistência é uma valência física importante para a manutenção e melhoria da qualidade de vida das pessoas. Observação Devido à necessidade de se avaliar a força muscular, diversos testes podem ser aplicados. É sempre importante lembrar que a mensuração da força envolve um grande componente psicológico, relacionado com a motivação, e que pode alterar, substancialmente, o resultado obtido, sendo necessário um total envolvimento do avaliado durante a realização dos testes de força. 7.2.3.1 Testes de resistência de força Apoio de frente sobre o solo (flexão de braço) de Aahper (1976) Apesar do termo flexão de braço ser amplamente utilizado, na verdade, esse exercício compreende uma abdução/adução horizontal de ombro, conjuntamente com flexão e extensão do cotovelo. Na fase concêntrica do teste, realiza‑se uma adução horizontal de ombro e uma extensão de cotovelo. O avaliado deve ficar em quatro apoios (as duas mãos einformações sobre um atributo específico de uma ou mais pessoas. Assim, o teste consiste em verificar o desempenho de alguém mediante situações específicas para aquela variável. Por exemplo, caso o profissional da área busque identificar a capacidade aeróbia da Beatriz, ele deverá escolher o teste que trará essa resposta, considerando seu gênero e idade. O teste, portanto, será um instrumento para determinar uma variável quantitativa (medida), que será analisada, interpretada e julgada (avaliação). Além disso, algumas outras definições são necessárias para padronização da linguagem em medidas e avaliações. • Avaliação: é um sinônimo de teste. • Avaliados: são pessoas para as quais os testes ou exames serão aplicados ou fornecidos. • Avaliadores: são pessoas que aplicam os testes. • Usuário do teste: é alguém que se utiliza dos resultados obtidos para tomar decisões, lembrando que o avaliador será o principal usuário do teste, pois assim poderá identificar a condição do avaliado 12 Unidade I e prescrever o treinamento apropriado. Entretanto, o avaliado também será usuário do teste, uma vez que terá acesso a suas avaliações. • Bateria de testes: é um conjunto de testes relacionados entre si, executados dentro de um intervalo de tempo curto, a fim de obter informações sobre uma variável multidimensional. Às vezes, precisaremos realizar mais de um teste durante uma avaliação, principalmente no que tange os testes funcionais (exemplos: flexibilidade, força motora, resistência aeróbia); assim, uma variável pode influenciar a outra de maneira negativa, subestimando o escore daquela variável. Dessa maneira, os testes precisam ser correlacionados, para que as variáveis não exerçam efeitos negativos no atributo que será avaliado subsequentemente. • Interpretação: é o processo de julgamento baseado nos dados qualitativos e/ou quantitativos obtidos em medidas e avaliações. • Dados qualitativos: os dados qualitativos podem representar uma característica ou qualidade de um determinado atributo. Por exemplo, podemos classificar um determinado atributo observável em um teste como bom, razoável ou ruim. Além disso, dentro da área de saúde, temos escalas que são muito utilizadas e nos fornecem dados qualitativos, como a escala de percepção de dor ou escala subjetiva de esforço. • Dados quantitativos: os dados quantitativos assumem valores numéricos. Muitos dos testes utilizados na Educação Física e na Fisioterapia nos fornecerão dados quantitativos. Alguns exemplos: amplitude articular em graus (190° de flexão do ombro), força máxima em quilogramas (100 kg no exercício supino). 1.1 Valores de referências Após um determinado teste, para realizar a avaliação e/ou interpretação de certa característica, você precisará de valores de referências. Sua avaliação sempre precisará ser referenciada. Veja os três tipos de referências para as avaliações: • Avaliação referenciada a normas: requer a interpretação dos resultados com relação a grupos específicos. Basicamente, trata-se de comparar os valores obtidos em um teste com aqueles apresentados por outros avaliados, ou seja, com grupos normativos que estejam dentro de uma mesma semelhança, como faixa etária, gênero, aptidão física. Exemplo: você deseja comparar a força máxima no teste de supino por meio de 1 RM (repetição máxima) obtida por seu grupo de alunos homens, com faixa etária de 20 a 25 anos com outro grupo na mesma faixa etária, homens e que realizaram o mesmo teste. Essa é uma avaliação referenciada por norma. • Avaliação referenciadas a critérios: requer a interpretação do resultado por meio da comparação com um padrão pré-determinado, definido por um comportamento. Por exemplo, ao avaliar o percentual de gordura de um indivíduo, você irá verificar o valor referência estabelecido pela literatura para aquele indivíduo, levando em consideração o sexo e a idade para fazer a sua avaliação. 13 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • Avaliação referenciada a si próprio e/ou autorreferenciada: requer uma interpretação do resultado de um avaliado por meio da comparação com o resultado dele mesmo em outra aplicação do mesmo instrumento de avaliação. Você realiza um determinado teste no início da sua intervenção e ao final dela para verificar a mudança de um determinado atributo. 1.2 Tipos de avaliações Com relação ao momento de aplicação do teste, ainda teremos uma subdivisão. É de extrema importância o entendimento desses aspectos, uma vez que precisaremos acompanhar a evolução do avaliado. Para saber qual avaliação se aplica em cada momento, definiremos os tipos de avaliação: • Avaliação diagnóstica: utilizada antes de começar qualquer trabalho. Essa avaliação é de extrema importância, pois detecta a condição inicial do avaliado. Auxilia na elaboração do programa de treinamento. • Avaliação formativa: é utilizada durante o “período” (podendo ser até mesmo diária). Essa avaliação é aquela realizada durante a temporada de treinamento; o aluno já realizou a avaliação inicial (diagnóstica), e, após um período de treino, uma nova avaliação é feita para verificar o andamento do programa. Essa avaliação é de suma importância, pois ela pode confirmar ou redirecionar o programa enquanto ainda há tempo de se realizar alterações. • Avaliação somativa: é aquela à qual nós estamos mais acostumados. Ela determina a aprovação ou reprovação do aluno através de notas ou conceitos, em função do padrão mínimo de rendimento, sendo normalmente feita ao final do semestre ou ano letivo. Assim, a avaliação somativa para a área da saúde representa a soma de todas as avaliações realizadas no fim de cada unidade do planejamento, com o objetivo de obter um quadro geral da evolução do indivíduo. Nesse caso, pode ser até mesmo apresentado na própria competição. 1.3 Critérios de seleção de testes A escolha de um teste específico para o processo de avaliação deve sempre levar em consideração pelo menos três critérios básicos: a validade, a fidedignidade e a objetividade, que serão discutidos neste tópico. • Validade: determinação do grau em que um teste mede, com o mínimo de erros possível, aquilo a que se destina medir. Um teste válido teve os seus dados e sua reprodutibilidade confrontados com o teste de referência ou padrão-ouro para aquela variável. A validade ainda é dividida em quatro tipos: — Validade lógica (ou de conteúdo): baseada na lógica, indica que o teste é bom quando comparado com variável morfológica ou fisiológica que se pretende analisar. Pode estar baseada na opinião de um especialista, por exemplo, ou na sua grande utilização. É um tipo de análise representativa. 14 Unidade I — Validade concorrente (ou de critério): baseada na relação estatística entre os valores observados pelo instrumento de medida e os indicadores da mesma natureza (padrão-ouro). Exemplo: para a determinação da composição corporal, pode-se comparar estatisticamente os dados obtidos após a tomografia computadorizada (padrão-ouro) e após o protocolo de dobras cutâneas (método duplamente indireto). — Validade preditiva: grau de probabilidade com que os escores produzidos pelo instrumento de medida podem predizer estatisticamente o atributo que se pretende avaliar, por meio de regressão linear (variável predita e preditora). Exemplo: para a determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2 max), pode-se utilizar a distância percorrida em metros em um teste de Cooper (12 minutos). — Validade de construção: baseada na ideia de que um teste responde do modo que se espera, a partir da compreensão teórica da característica. Exemplo: o teste de Cooper (capacidade aeróbia) tem validade, pois pessoas fisicamente ativas apresentam resultados melhores que pessoas inativas. • Fidedignidade: grau de consistência dos resultados quando o mesmo teste é aplicado nas mesmas condições, em ocasiões diferentes pelo mesmo avaliador. Todo teste válido é fidedigno e são recomendadas variações entre os testes abaixo de 5%. Também é importanteos dois pés), em decúbito ventral, com o corpo em extensão e os cotovelos estendidos. Ele deverá ter em contato com o solo as palmas das mãos e a ponta dos pés, mantendo um alinhamento entre a cabeça, o tronco e os membros inferiores. As mãos devem ficar com um afastamento pouco maior que a distância biacromial. O avaliado executará a flexão do cotovelo até que o tórax se aproxime ao solo e retornará à posição inicial, realizando o máximo de movimentos em um minuto. Será contado somente o número de repetições executadas corretamente. Esse teste pode sofrer adaptação na posição inicial, na qual haverá apoio dos joelhos no solo, sendo utilizados seis apoios. As outras orientações de execução devem ser idênticas ao teste descrito anteriormente. Quando o avaliado se apoia nos joelhos, o teste se chama flexão de braços modificado. Durante a execução desse teste, o avaliado não poderá ficar mais do que dois segundos parado entre uma repetição e outra e não poderá executar qualquer movimento do quadril, coluna ou pernas como auxílio. 229 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 149 – Posição inicial e final para o teste de flexão de braços Fonte: Charro et al. (2010, p. 189). Figura 150 – Posição inicial e final para o teste de flexão de braços modificado Fonte: Charro et al. (2010, p. 191). Os valores obtidos por meio do teste de flexão de braços podem ser comparados com a tabela descrita por Pollock, Wilmore e Fox (1993), sendo estabelecida uma classificação para esse teste, em homens e mulheres, em suas respectivas faixas etárias: Tabela 39 – Nível de aptidão física para adultos homens no teste de flexão de braços Idade em anos 20‑29 30‑39 40‑49 50‑59 60‑69 Excelente 55 ou + 45 ou + 40 ou + 35 ou + 30 ou + Bom 45‑54 35‑44 30‑39 25‑34 20‑29 Regular 35‑44 25‑34 20‑29 15‑24 10‑19 Satisfatório 20‑34 15‑24 12‑19 08‑14 05‑09 Fraco 00‑19 00‑14 00‑11 00‑07 00‑04 Adaptado de: Pollock, Wilmore e Fox (1978). 230 Unidade III Tabela 40 – Nível de aptidão física para adultos mulheres no teste de flexão de braços Idade em anos 20‑29 30‑39 40‑49 50‑59 60‑69 Excelente 49 ou + 40 ou + 35 ou + 30 ou + 20 ou + Bom 34‑48 25‑39 20‑34 15‑29 05‑19 Regular 17‑33 12‑24 08‑19 06‑14 03‑04 Satisfatório 06‑16 04‑11 03‑07 02‑05 01‑02 Fraco 00‑05 00‑03 00‑02 00‑01 00 Adaptado de: Pollock, Wilmore e Fox (1978). A tabela a seguir mostra a classificação para o teste de flexão de braços modificado. Tabela 41 – Nível de aptidão física para adultos (homens e mulheres) no teste de flexão de braços modificado Idade em anos 20‑29 30‑39 40‑49 50‑59 60‑69 Excelente > 48 > 39 > 34 > 29 > 19 Bom 34‑48 25‑39 20‑34 15‑29 5‑19 Média 17‑33 12‑24 8‑19 6‑14 3‑04 Regular 6‑16 4‑11 3‑07 2‑05 1‑02 Fraco 48 > 43 > 36 > 31 > 26 > 23 Adaptado de: Pollock, Wilmore e Fox (1993). 232 Unidade III Tabela 43 – Valores de referência para o teste de flexão de tronco para homens por idade em anos (número de repetições por minutos) Idade 15‑19 20‑29 30‑39 40‑49 50‑59 60‑69 Classificação Ruim 42 > 36 > 29 > 25 > 19 > 16 Adaptado de: Pollock, Wilmore e Fox (1993). Barra fixa dinâmica de Aahper (1976) O teste de barra fixa dinâmica é realizado a partir da elevação do corpo do avaliado, utilizando a força de membros superiores. Para isso, uma barra de ferro com proteção para as mãos não escorregarem deve ser alocada em uma altura que permita a suspensão do avaliado sem que este tenha contato com o solo na extensão de cotovelos. A posição da pegada deve corresponder à distância biacromial e a pegada da mão é pronada (dorso das mãos voltadas para a face do avaliado). Ao início do teste, o avaliado deverá elevar seu corpo utilizando a força dos membros superiores e da cintura escapular, até que o queixo passe acima da barra fixa. Deve, então, retornar à posição inicial, em total suspensão do corpo. Os membros inferiores devem permanecer estendidos durante todo o movimento. Será contada a quantidade de repetições completas e corretas que o avaliado realizar no tempo de um minuto. Durante o teste, os cotovelos deverão estar em extensão total para o início do movimento de flexão, e o avaliado não pode exercer pausa superior a dois segundos entre uma repetição e outra. Não se deve permitir qualquer movimento de quadril, pernas ou extensão da coluna cervical como auxílio. 233 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 152 – Demonstração da realização do teste de barra fixa dinâmica Fonte: Charro et al. (2010, p. 193). A partir da quantidade de repetições obtidas, podemos utilizar as tabelas a seguir para classificar a força do avaliado de acordo com o gênero. Tabela 44 – Referência para o teste de barra fixa dinâmico para o gênero feminino Sexo Idade Ruim Abaixo da média Média Bom Excelente Feminino 9‑10 5 11‑12 6 13‑14 10 15‑16 10 17‑18 11 Adaptado de: Aahper (1976). Tabela 45 – Referência para o teste de barra fixa dinâmico para o gênero masculino Sexo Idade Ruim Abaixo da média Média Bom Excelente Masculino 9‑10 21 11‑12 21 13‑14 23 15‑16 21 17‑18 21 Adaptado de: Aahper (1976). 234 Unidade III 8 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE 8.1 Velocidade É a capacidade que o indivíduo tem de realizar uma contração muscular máxima, no menor tempo possível. A velocidade é a máxima capacidade de deslocamento em uma unidade de tempo sem perda aparente de energia. Trata‑se de um componente importante para os esportes em que o tempo de competição é o elemento central (atletismo, natação e ciclismo). A principal diferença entre agilidade e velocidade é que, no que se refere à agilidade, omovimento corporal é interrompido e reiniciado novamente, enquanto nos testes de velocidade, não há interrupção do movimento. Fatores que influenciam na velocidade: • força; • rapidez da propagação do estímulo nervoso; • percentual de fibras brancas; • coordenação de movimentos; • frequência das contrações e relaxamentos musculares. 8.1.1 Tipos de velocidade São tipos de velocidade: • Velocidade de reação: a capacidade de responder a um estímulo o mais rápido possível. • Velocidade de deslocamento: a capacidade de deslocar‑se de um ponto a outro, no menor tempo possível, e é a mais utilizada no campo de medidas e avalições em Educação Física e Fisioterapia. 8.1.2 Testes de velocidade Teste de corrida de 50 metros Esse teste foi desenvolvido para crianças e adolescentes de 7 a 17 anos de idade. Para a execução do teste, será necessário o uso de um cronômetro, um espaço plano, não escorregadio e reto de 50 metros e material para realizar as anotações. O avaliado deverá correr a distância de 50 metros no menor tempo possível. O avaliado deve iniciar o teste bem próximo à linha de saída, com afastamento ântero‑posterior das pernas. Ao sinal sonoro, deverá correr o mais rápido possível até a linha de chegada. 235 MEDIDAS E AVALIAÇÕES É importante que o avaliado não diminua a velocidade no final dos 50 metros. Por isso, é necessária uma área de 20 metros a mais, para a desaceleração do avaliado. 50 metros ChegadaSaída Figura 153 – Demonstração do teste de corrida de 50 metros O tempo obtido ao final da corrida será utilizado para a classificação mediante a tabela a seguir, de acordo com a idade e o gênero do avaliado: Tabela 46 – Valores em segundos do teste de corrida de 50 metros para mulheres baseado em estudos brasileiros Idade Percentil 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 5 13,09 12,20 11,52 11,01 10,64 10,53 10,40 10,31 10,25 10,20 10,18 10 12,72 11,88 11,26 10,78 10,42 10,25 10,18 10,01 10,02 9,96 9,96 25 11,88 11,16 10,59 10,16 9,84 9,62 9,56 9,47 9,43 9,40 9,38 50 11,16 10,53 10,04 9,67 9,38 9,16 9,00 9,00 8,92 8,91 8,90 75 10,53 9,398 9,54 9,21 8,94 8,74 8,59 8,50 8,50 8,46 8,45 90 9,94 9,47 9,07 8,77 8,52 8,33 8,18 8,09 8,03 8,03 8,03 95 9,73 9,28 8,91 8,61 8,38 8,18 8,04 7,95 7,89 7,87 7,86 Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 142). Tabela 47 – Valores em segundos do teste de corrida de 50 metros para homens baseado em estudos brasileiros Idade Percentil 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 5 11,92 11,42 10,92 10,46 10,04 9,65 9,28 8,94 8,62 8,32 8,04 10 11,66 11,14 10,66 10,22 9,82 9,45 9,09 8,77 8,46 8,17 7,90 25 10,94 10,48 10,06 9,67 9,29 8,94 8,64 8,32 8,04 7,76 7,51 50 10,35 9,94 9,56 9,19 8,85 8,53 9,86 9,45 7,68 7,43 7,19 75 9,82 9,45 9,09 8,76 8,45 8,14 7,87 7,61 7,35 7,12 6,90 90 9,31 8,96 8,65 8,35 8,05 7,78 7,52 7,27 7,03 6,81 6,61 95 9,14 8,80 8,49 8,20 7,91 7,65 7,40 7,15 6,93 6,71 6,50 Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 143). 236 Unidade III Teste de 50 metros lançados Esse teste é recomendado para crianças acima de 6 anos até a idade adulta. O teste de 50 metros lançados será realizado da mesma forma do teste de 50 metros; entretanto, antes dos 50 m, haverá 20 m adicionais. Assim, o avaliado inicia a corrida 20 metros antes e o cronômetro só será acionado na marca do início dos 50 metros. É importante que o avaliado não diminua a velocidade no final dos 50 metros. Por isso, é necessária uma área de 20 metros a mais, para a desaceleração do avaliado. Esse teste tem uma particularidade interessante porque ele retira a aceleração inicial do teste anterior. O tempo de corrida obtido ao final desse teste é utilizado para acompanhamento durante os ciclos de treinamento. Para a execução desse teste é recomendado o uso de dois avaliadores e dois cronômetros. Saída 20 metros 50 metros Chegada Figura 154 – Demonstração do teste de corrida de 50 metros lançado Teste de corrida de 30 metros O teste é recomendado para crianças de 7 anos até a idade adulta. Para a realização do teste, serão necessários cronômetro, papel para anotações e uma área plana e não escorregadia. O avaliado deve iniciar o teste bem próximo à linha de saída, com afastamento ântero‑posterior das pernas. Ao sinal sonoro, deverá correr o mais rápido possível até a linha de chegada. É importante que o avaliado não diminua a velocidade no final dos 30 metros. Por isso, é necessária uma área de 20 metros a mais, para a desaceleração do avaliado. Como esse teste avalia a velocidade de aceleração do avaliado, ele é muito importante para algumas modalidades esportivas, como futebol, basquete, entre outros. Com o tempo obtido pelo avaliado, a classificação será verificada por meio da tabela a seguir, baseada em valores observados em outros grupos: 237 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Tabela 48 – Valores em segundos do teste de corrida de 30 metros para os gêneros masculino e feminino Idade (anos) Masculino Feminino Orientação esportiva 14 De 4 s 35 a 4 s 40 De 4 s 60 a 4 s 65 Especialização esportiva 15 De 4 s 20 a 4 s 25 De 4 s 45 a 4 s 50 16 De 4 s 15 a 4 s 10 De 4 s 35 a 4 s 40 Aperfeiçoamento esportivo 17 De 4 s 10 a 4 s 15 De 4 s 26 a 4 s 30 18 De 4 s 05 a 4 s 10 De 4 s 20 a 4 s 26 Alta competição De 4 s 00 a 4 s 04 De 4 s 16 a 4 s 19 De 2 s 70 a 2 s 74 De 3 s 08 a 3 s 10 Adaptado de: Popov (1986 apud Marins; Giannichi, 2003). Teste de seis segundos Pode ser aplicado em adolescentes a partir de 14 anos até a idade adulta. Serão utilizados dois cronômetros com definição centesimal, trena, apito e material para anotação. O avaliado deve começar próximo à linha de partida. Ao sinal sonoro, deverá correr a maior distância possível em seis segundos. É necessário um espaço plano e não escorregadio de 70 a 80 metros para a realização do teste. Ao final do teste, será verificada a distância percorrida, que poderá ser comparada antes e depois de períodos de treinamento. Teste de corrida de 40 segundos O teste pode ser aplicado em crianças dos 7 anos até adolescentes de 18 anos de idade. Serão necessários cronômetro, trena, material para anotação e apito. Recomenda‑se a presença de dois avaliadores, estando um posicionado no início do teste e outro em um local intermediário do percurso. O avaliado inicia o teste na posição em pé, com afastamento ântero‑posterior das pernas. Ao sinal sonoro, o avaliado deverá correr a maior distância possível em 40 segundos. É necessária uma pista de atletismo para a aplicação desse teste, ou um espaço muito amplo. O avaliado não pode mudar de direção (ir e voltar). Com a distância percorrida ao final do teste, será possível verificar mediante a tabela a seguir, por idade e gênero, uma comparação com valores obtidos por outros grupos. 238 Unidade III Tabela 49 – Valores em metros do teste de 40 segundos para os gêneros masculino e feminino Idade Feminino Masculino 7 166,42 ± 11,91 178,03 ±12,24 8 169,50 ± 12,89 191,95 ± 19,37 9 186,42 ± 17,50 197,29 ± 13,72 10 189,93 ± 10,52 200,21 ± 17,01 11 195,09 ± 24,33 203,84 ± 19,24 12 195,82 ± 18,16 213,15 ± 19,37 13 201,78 ± 25,79 221,48 ± 15,93 14 204,85 ± 20,11 230,29 ±23,23 15 202,16 ± 18,96 246,54 ± 12,76 16 197,29 ± 15,64 250,54 ± 16,56 17 197,12 ± 10,01 260,20 ± 17,32 18 201,09 ±10,98 261,67 ±19,85 Adaptado de: Matsudo (1979). Esse teste pode ser usado ainda para comparação com valores obtidos por atletas de acordo com a modalidade esportiva e gênero, conforme a tabela a seguir: Tabela 50 – Classificação em metros do teste de 40 segundos para atletas dos gêneros masculino e feminino Modalidade Feminino Masculino Natação 209,12 ± 12,32 232,61 ± 34,12 Atletismo 258,83 ± 25,21 295,90 ± 17,70 Basquete 228,61 ± 16,96 266,01 ± 15,83 Ginástica 216,91 ± 13,70 261,10 ± 19,93 Voleibol 227,21 ± 17,44 267,10 ± 14,22 Adaptado de: Matsudo (1979). Teste de 400 e 600 metros Esse teste deve ser utilizado na distância de 400 metros para mulheres e 600 metros para homens. É recomendado para crianças de 11 a 16 anos. O avaliado, nas mesmas condiçõesdos teste anteriores, deverá correr na maior velocidade possível a distância de 400 ou 600 metros. 239 MEDIDAS E AVALIAÇÕES O tempo deve ser anotado para estimativa do resultado e posterior classificação por meio da tabela a seguir, de acordo com a idade e o gênero do avaliado. Tabela 51 – Valores em segundos do teste de 400 metros para mulheres Idade Excelente Muito bom Bom Regular 11‑12 1 min 19 s ou menos De 1 min 20 s a 1 min 22 s De 1 min 23 s a 1 min 27 s De 1 min 28 s a 1 min 33 s 13‑14 1 min 18 s ou menos De 1 min 19 s a 1 min 21 s De 1 min 22 s a 1 min 26 s De 1 min 27 s a 1 min 32 s 15‑16 1 min 09 s ou menos De 1 min 10 s a 1 min 14 s De 1 min 15 s a 1 min 19 s De 1 min 20 s a 1 min 26 s Adaptado de: Lancetta (1988 apud Marins e Giancchi, 2003). Tabela 52 – Valores em segundos do teste de 600 metros para homens Idade Excelente Muito bom Bom Regular 11‑12 1 min 56 s ou menos De 1 min 57 s a 2 min 00 s De 2 min 01 s a 2 min 04 s De 2 min 05 s a 2 min 08 s 13‑14 1 min 44 s ou menos De 1 min 45 s a 1 min 48 s De 1 min 49 s a 1 min 55 s De 1 min 56 s a 1 min 59 s 15‑16 1 min 37 s ou menos De 1 min 38 s a 1 min 40 s De 1 min 41 s a 1 min 44 s De 1 min 45 s a 1 min 47 s Adaptado de: Lancetta (1988 apud Marins e Giancchi, 2003). 8.2 Agilidade É a capacidade de realizar movimentos de curta duração e alta intensidade com mudança de direção ou alteração na altura do centro de massa, com aceleração e desaceleração. É dependente dos seguintes quesitos: • velocidade de percepção (órgãos do sentido); • relação espacial; • centros nervosos: capacidade de processar e transmitir impulsos nervosos; • rapidez na contração dos músculos; • coordenação inter e intramuscular; • fadiga; • idade. É extremamente importante em atividades esportivas como futebol, basquete e vôlei, assim como na vida diária, em atividades nas quais desviamos de obstáculos. 240 Unidade III 8.2.1 Testes de agilidade Vai e vem (shuttle run) de Johnson e Nelson (1979) Esse teste consiste na avaliação da agilidade neuromotora e da velocidade. Para tal, serão usados dois blocos de madeira (5 cm x 5 cm x 10 cm) e um cronômetro. Serão demarcadas duas linhas no chão, com distância de 9,14 cm entre elas. Em uma das extremidades, imediatamente após a linha demarcada, os dois blocos de madeira descritos anteriormente estarão colocados no chão, com 30 cm de distância entre eles. Antes do início do teste, o avaliado permanece em afastamento ântero‑posterior das pernas, com o pé anterior o mais próximo possível da linha de saída. O início do teste se dá por meio da voz de comando do avaliado: “Prepara... Vai!” (pode ser feito por meio de um apito). Nesse momento, o cronômetro será acionado e o avaliado deverá correr na maior velocidade possível até a próxima extremidade, ultrapassando a linha com um dos pés, pegar o bloco de madeira, trazê‑lo até a linha inicial e colocá‑lo no chão (não pode jogar o bloco), voltar correndo novamente para buscar o outro bloco e trazê‑lo até a linha inicial. Esses dois ciclos completos devem ser realizados sem interrupção da corrida. O cronômetro é travado quando o avaliado coloca o último bloco no solo e ultrapassa com pelo menos um dos pés a linha final. 9,14 m 10 cm 30 cm Figura 155 – Demonstração do teste de vai e vem (shuttle run) Para interpretar o escore do avaliado, a tabela a seguir, que mostra os valores de referências em segundos para os gêneros masculino e feminino, será utilizada: Tabela 53 – Classificação dos resultados do teste de vai e vem por idade e gênero (shuttle run) Idade Gênero Percentil/classificação 9‑10 11 12 13 14 15 16 17 Masculino 95/excelente 10 9,7 9,6 9,3 8,9 8,9 8,6 8,6 Masculino 75/bom 10,6 10,4 10,2 10 9,6 9,4 9,3 9,2 Masculino 50/médio 11,2 10,9 10,7 10,4 10,1 9,9 9,9 9,8 Masculino 25/regular 12 11,5 11,4 11 10,7 10,4 10,5 10,4 241 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Idade Gênero Percentil/classificação 9‑10 11 12 13 14 15 16 17 Masculino 5/fraco 13,1 12,9 12,4 12,4 11,9 11,7 11,9 11,7 Feminino 95/excelente 10,2 10,0 9,9 9,9 9,7 9,9 10 9,6 Feminino 75/bom 11,1 10,8 10,8 10,5 10,3 10,4 10,6 10,4 Feminino 50/médio 11,8 11,5 11,4 11,2 11 11 11,2 11,1 Feminino 25/regular 12,5 12,1 12,0 12 12 11,8 12 12 Feminino 5/fraco 14,3 14 13,3 13,2 13,1 13,3 13,7 14 Adaptado de: Aapeh (1979). Teste do quadrado O objetivo do teste do quadrado é medir a agilidade geral do corpo movendo‑se para frente, para trás e lateralmente. Antes do início do teste, será necessário demarcar um espaço com quatro cones formando um quadrado, de modo que esses cones estejam distantes entre si por quatro metros. O avaliado inicia o teste no cone A e irá correr na diagonal o mais rápido possível até o cone B, passando por fora dele. Em seguida, o avaliado irá se deslocar até o cone C, passando por fora dele, seguindo até o cone D, passando por fora dele, e irá finalizar com uma corrida até o cone A. O tempo do percurso será cronometrado. O avaliado poderá realizar duas tentativas, sendo avaliado o menor tempo. 4 metros 4 metros 4 metros4 metros D A B C Figura 156 – Demonstração do teste do quadrado Alguns testes motores não possuem tabelas de classificação dos resultados. Para esses testes, o tempo obtido, ou o número de repetições, quando for o caso, deverá ser anotado. Após um tempo de prática de exercícios físicos, o teste deverá ser aplicado novamente para verificar se houve diminuição no tempo de execução ou aumento do número de repetições. A partir daí, o avaliador pode verificar se houve melhora ou não naquele determinado atributo. 242 Unidade III Teste da sinuosa O avaliado irá correr um trajeto sinuoso na maior velocidade possível. O trajeto é composto de uma reta e demarcado com cinco cones, e o avaliado deverá percorrer a distância determinada em zigue‑zague por entre os cones. O primeiro cone fica a 3 m da linha de partida, seguido de quatro cones com distância de 1,5 m entre si. O avaliado vai até o final, contornando os cones, e volta até a linha de partida na maior velocidade possível. Marca‑se o tempo gasto para executar o percurso, que poderá ser utilizado para comparação com outros momentos dos ciclos de treinamento. 3,0 m Linha de partida 1,5 m 1,5 m 1,5 m 1,5 m Saída Chegada Figura 157 – Demonstração do teste da sinuosa Teste das três faixas Serão demarcados três faixas de 1 m de comprimento cada e 5 cm de largura, paralelas entre si e separadas por 1,20 m uma da outra. O avaliado deverá se posicionar na linha central, com um dos pés de cada lado. Ao início do teste, o avaliado deverá se deslocar lateralmente, de um lado para o outro, sem cruzar as pernas e sem tocar nas faixas. O teste será finalizado quando o avaliado passar oito vezes pela linha central. Mede‑se o tempo gasto para a realização das oito passagens pela faixa central. Após a realização de um ciclo de treino, um novo teste deve ser aplicado para verificar se houve diminuição no tempo de execução do teste. 1,20 m 1,20 m 1,00 m 5 cm5 cm5 cm Figura 158 – Demonstração do teste das três faixas 243 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Teste do hexágono O teste foi desenvolvido para verificar a velocidade de deslocamento com mudança de direção o mais rápido possível. Para esse teste, o avaliado irá se posicionar no centro de um hexágono. Ao sinal de início, o cronômetro deverá ser acionado, e o avaliado deverá saltar com os dois pés juntos para frente, ultrapassando a linha do hexágono, e retornar à posição original. Em seguida, o avaliado deverá saltar com os dois pés juntos para a próxima lateral em sentido horário e assim sucessivamente, até que o avaliado complete três voltas no hexágono. Durante a realização do teste, o avaliado não pode mudar de posição, devendo ficar voltado para a mesma direção durante todo o teste. Ao final das três voltas, o tempo deverá ser anotado. Caso o avaliado pise na linha ou não salte com os pés juntos, ele deverá reiniciar o teste. Com o tempo obtido, podemos comparar o desempenho do avaliadoantes e após uma determinada fase de treinamento. Início 60 cm 60 cm 60 cm60 cm 60 cm60 cm Figura 159 – Demonstração do teste das três faixas Teste T Para a realização desse teste, serão necessários cronômetro, cones, trena e material para anotações. O avaliado deverá percorrer o mais rápido possível a trajetória estabelecida na forma de um T. Ele irá correr do ponto A para o ponto B (9 m) em linha reta e tocar a base do cone B com a mão direita. Na sequência, irá se deslocar lateralmente até o cone C (4,5 m) e tocar a base do cone. Em seguida, irá se deslocar lateralmente até o cone D (9 metros) e tocar a base do cone com a mão esquerda. Posteriormente, irá seguir lateralmente até o cone B novamente (4,5 m) e finalizar correndo de costas para o cone A (início). O tempo será cronometrado e deverá ser comparado durante os ciclos de treinamento. 244 Unidade III 4,5 metros Início Término A BC D 4,5 metros 9 metros 9 metros Figura 160 – Demonstração do teste T Teste do quadrante É desenhado um sinal de mais (+) no chão. O avaliado deverá saltar do número 1 para o número 2; em seguida, para o número 3; e depois, para o número 4, sem mudar a posição corporal, mantendo‑se voltado para frente. É computada a quantidade de repetições sem pisar na linha, na ordem certa e com os dois pés no período de 10 segundos. A quantidade de repetições alcançadas poderá ser comparada durante os ciclos de treinamento. 3 1 2 4 Figura 161 – Demonstração do teste do quadrante 8.3 Equilíbrio Equilíbrio é a habilidade que permite ao indivíduo manter o sistema músculo‑esquelético em uma posição estática eficaz e controlar uma postura eficiente, quando em movimento. É uma capacidade física extremamente importante na vida diária e nos esportes. Alguns fatores interferem diretamente no equilíbrio. São eles: • percepção visual; • funcionamento das estruturas do ouvido interno (canais semicirculares); 245 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • funcionamento dos proprioceptores (tendinosos, articulares e musculares); • tônus muscular; • sistema nervoso central. O equilíbrio se divide em dinâmico e estático: • Dinâmico: quando o indivíduo consegue manter em movimento uma postura eficiente, ou seja, é a capacidade do indivíduo de manter equilíbrio durante o movimento. • Estático: quando o indivíduo consegue manter o sistema músculo esquelético em uma posição eficaz, ou seja, é a capacidade do indivíduo em se manter em posição estacionária. 8.3.1 Testes de equilíbrio estático Avião Em pé, apoiado somente com um dos membros inferiores, deve estender o outro e flexionar o tronco (ambos paralelos ao solo). Os membros superiores devem estar abduzidos 90º com o tronco. Marca‑se o tempo em que o avaliado permanece nessa posição, mantendo‑se em equilíbrio estável. Após um determinado período de treinamento ou programa de atividades físicas, o teste pode ser reaplicado para verificar se houve melhora no tempo de execução. Teste do flamingo O objetivo do teste é verificar o equilíbrio estático geral do avaliado. Para isso, o avaliado deverá se posicionar em cima de uma superfície de madeira com as dimensões de 3 cm de largura, 4 cm de altura e 50 cm de comprimento, com apenas um dos pés (dominate), e deverá se manter em equilíbrio por um minuto. O avaliado irá se apoiar sobre um dos pés no eixo longitudinal da trave, com o joelho da perna livre flexionado e o pé mantido à altura dos glúteos com o auxílio da mão do mesmo lado, procurando imitar a posição de um flamingo. Nessa posição, ele tentará manter o equilíbrio por 60 segundos (antes do início do teste, o avaliador ajudará na manutenção da posição). Quando o avaliado abandonar o apoio, começa o registo do tempo no cronômetro, que deverá ser travado, e será adicionada uma penalidade a cada perda de equilíbrio do avaliado, sendo sempre repetido o procedimento até completar 60 segundos. Toda vez que o avaliado soltar a perna que está sendo segurada pela mão ou pisar no solo, o tempo do teste deve ser interrompido. O resultado será verificado pelo número de tentativas necessárias para que o avaliado consiga completar um minuto sem quedas ou desequilíbrios. Após um período de prática de exercícios, o teste deve ser reaplicado para verificar se houve melhora na quantidade de tentativas necessárias para realizá‑lo. 246 Unidade III Figura 162 – Ilustração do teste do flamingo Fonte: Charro et al. (2010, p. 270). Teste de parada da cegonha (ou quatro) O objetivo do teste é determinar o equilíbrio estático geral. Ele pode ser realizado com crianças e pessoas idosas, além de adultos do sexo masculino e feminino. O avaliado se posiciona sobre um único pé (dominate) com as mãos na cintura; o outro pé deverá se manter abduzido, e o joelho, semi‑flexionado, com a planta do pé apoiada na altura do joelho do membro inferior que suporta o peso do corpo. Marca‑se o tempo em que o testado permanece nessa posição sem receber auxílio externo. Serão realizadas três tentativas, e a melhor será adotada. A partir do resultado em segundos, verificar a tabela a seguir para classificação: Tabela 54 – Valores em segundos para o teste da parada da cegonha Nível de desempenho Homens Mulheres Avançado 51 ou mais 28 ou mais Intermediário avançado 37‑50 23‑27 Intermediário 15‑36 08‑22 Iniciante intermediário 05‑14 03‑07 Iniciante 00‑04 00‑02 Adaptado de: Johnson e Nelson (1979). 247 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Teste de postura unipodal Teste de equilíbrio estático para crianças, adultos e pessoas idosas. O teste consiste em verificar o tempo em que o avaliado se mantém equilibrado sobre a perna dominante. O teste será cronometrado e o valor em segundos será anotado. Esse teste tem alta relação com o desempenho da marcha em pessoas idosas e com o risco de quedas. Durante a realização do teste, o avaliado fica em pé sobre uma só perna, com os olhos abertos e com os olhos fechados. O escore do teste é o número de segundos durante os quais o avaliado é capaz de manter o equilíbrio sobre a perna dominante. Para a realização do teste, o avaliado deve estar descalço, e a outra perna deve estar posicionada na altura do tornozelo da perna de apoio, mas sem tocá‑lo. Os braços devem permanecer cruzados sobre o peito. Caso haja qualquer alteração da postura, o tempo deverá ser parado. O avaliado pode executar três tentativas. Após a execução, deve‑se verificar a classificação na tabela a seguir, de acordo com a faixa etária e o gênero. Tabela 55 – Normas de idade e sexo para teste de postura unipodal (em uma perna só) Olhos abertos Olhos fechados Faixa etária (anos) Mulheres Homens Mulheres Homens 18‑39 45,1 44,4 13,1 16,9 40‑49 42,1 41,6 13,5 12,0 50‑59 40,9 41,5 7,9 8,6 60‑69 30,4 33,8 3,6 5,1 70‑79 16,7 25,9 3,7 2,6 80‑99 10,6 8,7 2,1 1,8 Fonte: Heyward (2010, p. 320). 8.3.2 Teste de equilíbrio dinâmico Teste de alcance funcional O teste de alcance funcional foi desenvolvido para medir o equilíbrio dinâmico de adultos e pessoas idosas mediante um alcance máximo além da medida do comprimento do braço, sem perder o equilíbrio ou mover os pés. Para a realização desse teste, o avaliado é instruído a alcançar o mais longe possível uma fita métrica fixada à parede. Essa fita (de 1 m) será fixada à parede, paralela ao chão, na altura do processo acromial do avaliado. Antes do início do teste, o avaliado, com a lateral do ombro paralela à parede, fecha a mão direita 248 Unidade III em punho e levanta o braço direito com o cotovelo estendido até que o punho esteja na altura da vara métrica. A medida inicial é o ponto na vara correspondente à extremidade distal do terceiro metacarpo. O escore de alcance funcional é a diferença entre as duas distâncias registradas, a inicial e após o teste. O avaliado tem três tentativas após uma experimental, e a partir desses três resultados calcula‑se uma média. Figura 163 – Ilustração da realização do teste de alcance funcional Fonte: Heyward (2010, p. 322). O resultado é utilizadopara classificar as pessoas idosas em categorias de risco de quedas: Tabela 56 – Classificação do resultado do teste de alcance funcional Risco Índice em cm Baixo risco Maior que 24,4 cm Risco moderado 15,24 a 25,4 cm Alto risco Menor que 15,24 cm Altíssimo risco Incapaz de alcançar Fonte: Heyward (2010, p. 321). Passeio na trave É mensurado a partir do tempo gasto para a realização de uma caminhada sobre a trave de equilíbrio 5 m de comprimento e 0,20 m de largura, realizando o percurso de ida e volta, sem correr, mantendo o equilíbrio. Após um período de treinamento, o avaliado deverá realizar o teste novamente para verificar se houve melhora no tempo gasto para a realização do percurso na trave. 249 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Amarelinha O avaliado deverá realizar o teste apoiado com um dos pés no primeiro espaço da amarelinha, saltando com apenas um pé até o final e realizando o percurso ida e volta sem perder o equilíbrio. Mede‑se o tempo gasto para a realização do percurso de ida e volta. Caso o avaliado perca o equilíbrio, deverá recomeçar o teste. Depois de um período de prática de atividade física, o teste deve ser reaplicado para verificar se houve melhora. 7 4 8 5 6 3 2 1 Figura 164 – Demonstração da montagem da amarelinha para este teste Saiba mais Para entrar em contato com mais testes de equilíbrio em adultos e crianças, leia no livro: HEYWARD, V. H. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2010. 8.4 Coordenação É definida como a capacidade do indivíduo de realizar tipos integrados de movimentos. As capacidades coordenativas são dependentes da idade, da condição funcional do avaliado, do gênero e da capacidade de aprendizagem motora. Os principais fatores que influenciam a coordenação são: • agilidade; • flexibilidade; 250 Unidade III • equilíbrio; • percepção cinestésica. Observação Percepção cinestésica: conhecimento da posição do seu corpo quando este se movimenta no espaço. A coordenação na prática esportiva se caracteriza pela coordenação olho‑mão e pela coordenação olho‑pé, que são elementos importantíssimos na performance específica de vários esportes. É considerado que o avaliado tem uma boa coordenação motora quando ele realiza determinada tarefa motora com facilidade e quando a sequência e a fluência dos movimentos estão bem controladas. Observação A precisão dos gestos como arremessos, lançamentos e chutes é muito influenciada pela coordenação. Assim, é de fundamental importância o treinamento da coordenação motora no esporte. Além disso, a coordenação motora também deve ser avaliada em pessoas idosas. 8.4.1 Testes de coordenação Teste das latinhas O teste das latinhas é utilizado para avaliação da coordenação em pessoas idosas. Para a realização desse teste, uma fita adesiva de 76,2 cm deverá ser fixada sobre uma mesa, distante 12,7 cm da sua borda. Sobre essa fita serão feitas seis marcas de 12,7 cm cada, determinando, assim, seis espaços que serão numerados de 1 a 6. Três latas de refrigerantes vazias estarão posicionadas nos espaços 1, 3 e 5. O objetivo do teste é mover as três latas de refrigerantes, sendo do espaço 1 para o 2, do 3 para o 4 e do 5 para o 6. Para isso, a mão direita é colocada na lata 1, com o polegar para cima, e quando o cronômetro for acionado, o avaliado deverá virar a lata e posicioná‑la no espaço 2; da mesma forma, deve posicionar a lata do espaço 3 no 4 e a 5 no 6. Em seguida, o avaliado, estando o polegar apontado para baixo, apanha a lata 1, que está agora no espaço 2, e a recoloca no espaço 1; da mesma forma, recoloca a lata 2 no quadrado 3 e a lata 3 no quadrado 5. Uma tentativa equivale à realização do circuito duas vezes, sem interrupções. O cronômetro é parado quando a lata 3 é depositada no quadrado 5, ao final do segundo circuito. 251 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Caso o sujeito seja canhoto, o mesmo procedimento é adotado, a única diferença é que as latas são colocadas a partir da esquerda. O avaliado poderá realizar o teste uma vez antes do início da marcação do tempo. Após a tentativa experimental, o avaliado irá realizar dois ciclos, sendo adotado o melhor tempo. 1º Ciclo 1º Ciclo 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 5 5 5 5 4 4 4 4 3 3 3 3 2 2 2 2 1 1 1 1 Figura 165 – Demonstração da execução do teste das latinhas 252 Unidade III Resumo Esta unidade visou mostrar os testes de avaliação da aptidão física relacionados à saúde e ao desempenho esportivo. São testes relacionados à saúde e ao desempenho, capacidade aeróbia, força e flexibilidade. Pudemos verificar os testes motores para avaliação da flexibilidade e da força, bem como suas definições. Pudemos observar também os testes relacionados à saúde, como velocidade, agilidade, coordenação e equilíbrio. Devido à grande quantidade de testes existentes para quantificar os testes motores citados, é consenso que respeitar a faixa etária para a qual o teste foi padronizado e o gênero do avaliado é de extrema importância para obtermos resultados confiáveis. Além disso, pudemos verificar que alguns testes possuem tabelas definidas com classificação dos resultados, enquanto outros devem ser comparados apenas a partir do tempo de realização ou número de repetições obtidas, antes e depois de períodos de treinamento. O conteúdo apresentado deve servir de incentivo para iniciar os estudos relacionados às medidas e avaliações; entretanto, outros meios de pesquisa devem ser utilizados para que você possa conhecer mais testes e conceitos que não foram abordados neste livro‑texto. 253 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Exercícios Questão 1. (Enade 2016, adaptada) Ao receber atletas de judô para a temporada de treinamento após um período longo de férias, um preparador físico resolveu avaliar cada um dos três tipos de força muscular dos atletas – a força de potência, a força de resistência e a força máxima. Para tanto, elaborou um cronograma em que, no primeiro dia, seria realizado o teste de força de potência, no segundo, o teste de força de resistência e, no terceiro, o teste de força máxima. Nesse contexto, para aferição dos três tipos de força (de potência, de resistência e máxima), os testes que devem ser eleitos pelo preparador físico são, respectivamente: A) Teste de uma repetição máxima, teste de salto vertical e teste de barra estático. B) Teste de salto horizontal, teste de barra estático e teste de dinamometria estático. C) Teste de arremesso de medicine ball, teste de salto horizontal e teste de uma repetição máxima. D) Teste dinâmico de um minuto em apoio de solo, teste dinâmico de um minuto em abdominais e teste de uma repetição máxima. E) Teste dinâmico de um minuto em força abdominal, teste dinâmico de um minuto em barra e teste dinâmico de um minuto em apoio de solo. Resposta correta: alternativa B. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o teste de uma repetição máxima, o teste de salto vertical e o teste de barra estático são, respectivamente, teste de força máxima, teste de potência e teste de resistência estática. B) Alternativa correta. Justificativa: o teste de salto horizontal, o teste de barra estático e teste de dinamometria estático são, respectivamente, teste de potência, teste de resistência e teste de força máxima estática. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o teste de arremesso de medicine ball, o teste de salto horizontal e o teste de uma repetição máxima são, respectivamente, teste de potência, teste de potência e teste de força máxima. 254 Unidade III D) Alternativa incorreta. Justificativa: o teste dinâmico de um minuto em apoio de solo, o teste dinâmico de um minuto em abdominais e o teste de uma repetição máxima são, respectivamente, teste de resistência dinâmico, teste de resistência dinâmico e teste de força máxima dinâmica. E) Alternativa incorreta. Justificativa: o teste dinâmico de um minutoem força abdominal, o teste dinâmico de um minuto em barra e o teste dinâmico de um minuto em apoio de solo são todos testes de resistência. Questão 2. A avaliação da flexibilidade pode ser medida por diferentes métodos, como linear, angular e adimensional. Em cada método usam‑se instrumentos, tabelas e valores diferentes e, consequentemente, interpretações distintas. Sobre esses métodos de avaliação da flexibilidade, é correto dizer que: I – O método linear se caracteriza pela interpretação dos movimentos articulares, comparando‑os com o gabarito. II – O método angular se caracteriza por expressar os resultados em ângulos. III – O método adimensional se caracteriza por expressar os resultados em escala de distância ou centímetros. IV – O banco de Wells é um teste utilizado pelo método linear. V – O goniômetro é um instrumento utilizado pelo método angular. Assinale a única alternativa correta: A) As afirmativas I, II, III, IV e V são corretas. B) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. C) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. D) Somente as afirmativas I e IV são corretas. E) Somente a afirmativa II, IV e V são corretas. Resposta correta: alternativa E. Análise das alternativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: o método linear se caracteriza por expressar os resultados em escala de distância ou centímetros, e não em gabaritos. 255 II – Afirmativa correta. Justificativa: o método angular com o uso do goniômetro se caracteriza por expressar os resultados em ângulos (formados entre dois segmentos que se opõem na articulação). III – Afirmativa incorreta. Justificativa: o método linear, e não o método adimensional, se caracteriza por expressar os resultados em escala de distância. O método adimensional se caracteriza na interpretação dos movimentos articulares, comparando‑os com uma folha de gabarito. IV – Afirmativa correta. Justificativa: o banco de Wells expressa os valores em centímetros, o que caracteriza o método linear. V – Afirmativa correta. Justificativa: o goniômetro se caracteriza por avaliar os ângulos e, desta maneira, se caracteriza como um método angular. 256 REFERÊNCIAS Textuais AAHPER. Aahper younth fitness test manual. 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Também são recomendadas variações menores que 5% entre os avaliadores. 1.3.1 Critérios que garantem testes confiáveis Além da validade, fidedignidade e objetividade, devemos respeitar os seguintes critérios: • Avaliadores experientes e bem treinados. • Calibração do instrumento de medida. • Conhecimento dos fatores que influenciam a variável avaliada (alimentação, temperatura ambiente, consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, uso de drogas, horas de sono). • Conhecimento dos cuidados no manuseio do instrumento. • Escolha de protocolo de teste condizente com população e objetivos da avaliação. • Padronização do processo de medida. 15 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 1.4 Erros de medida Um dos principais objetivos na aquisição de uma medida é obter o melhor valor, para o mensurado, a partir dos dados experimentais disponíveis. Isso significa determinar a melhor aproximação possível para o valor verdadeiro, em termos probabilísticos. Uma grandeza física experimental deve ser determinada a partir de medições, e o resultado é sempre uma aproximação para o valor da grandeza. Em todas as medidas sempre haverá um erro embutido, cabendo ao avaliador minimizar ao máximo e controlar as fontes de erro. O erro da medida pode ser dividido em dois tipos principais: o erro sistemático e o erro aleatório ou estatístico. • Erro sistemático: em caso de réplicas da medida, quando a probabilidade de as duas aplicações diferirem entre si for igual à de ocorrerem diferenças entre os valores originais do atributo. Afeta igualmente teste e reteste. Pode ser dividido em: — Instrumental: resultado da calibração do instrumento de medida. — Teórico: resultado do uso de fórmulas e princípios teóricos inadequados ou aproximados. — Ambiental: decorrente de condições ambientais, como temperatura, umidade, estado da pista ou da quadra. — Observacional: resultado de falha do avaliador na utilização incorreta do instrumento de medida ou da leitura. • Erro aleatório: resultado de fatores responsáveis pelos erros que afetam diferentemente os valores verdadeiros e o reteste. Está muito associado a variações no processo de medida e à diferença entre avaliadores. A padronização do processo ajuda e muito no controle de erro aleatório. 1.5 Teste de laboratório e teste de campo Os testes de laboratório são aqueles que requerem equipamentos e treinamento especializado dos examinadores e/ou dos avaliadores; também podem consumir muito tempo porque apenas um examinado é testado de cada vez. As condições ambientais sempre são controladas. Por sua vez, os testes de campo são aqueles que não requerem equipamentos excessivamente caros e nos quais vários examinados podem ser testados ao mesmo tempo. Geralmente são influenciados por situações ambientais, como vento, calor e umidade relativa do ar. É importante ressaltar que ambos os tipos de testes precisam de avaliadores treinados e com conhecimento sobre os atributos que serão testados. 16 Unidade I 1.6 Ética em medidas e avaliações Em hipótese alguma o processo de avaliação poderá causar danos físicos ao avaliado. É importante não fazermos (ou deixarmos de fazer) qualquer coisa direta que cause danos àqueles sob nosso cuidado e responsabilidade. Devemos sempre ter a garantia que as condições para a realização de determinados testes são seguras. Não devemos causar danos psicológicos ao avaliado com atitudes como comentários inoportunos ou violação da privacidade e da confidencialidade dos resultados. Os dados da avaliação pertencem ao avaliado; só deverão ser revelados a colegas de trabalho com o intuito de determinar uma melhor estratégia de intervenção. Nunca, em hipótese alguma, confunda os resultados do teste com o valor pessoal ou o caráter do avaliado. Em caso de dúvida sobre a saúde do avaliado, peça esclarecimentos médicos antes do teste. Contudo, em testes de desempenho físico, o atestado médico é primordial. 2 AVALIAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS As avaliações antropométricas são de extrema importância para a determinação das variáveis da morfologia humana. O ramo das ciências biológicas que estuda esse fenômeno chama-se antropometria. A avaliação antropométrica é, portanto, muito utilizada por profissionais da Educação Física e da Fisioterapia a fim de determinar as alterações promovidas na estrutura corporal do indivíduo, por meio do treinamento e do exercício físico. A seguir, falaremos das principais medidas antropométricas e os procedimentos para a realização dessas medidas. 2.1 Estatura A estatura (cm ou m) é definida como a distância entre os planos que tangenciam respectivamente o vértex na cabeça e as plantas dos pés. Para a realização dessa medida, o avaliado deve estar descalço, em posição anatômica sobre a base do estadiômetro (instrumento que determina a estatura do avaliado), em postura ereta e olhar fixo num ponto a sua frente (plano de Frankfurt), com calcanhares, cinturas pélvicas e escapulares e região occipital do crânio em contato com a escala de medida. Essa medida deve ser realizada em apneia inspiratória. Vale ressaltar que a medida de estatura varia de acordo com o horário do dia. Pela manhã, a medida de estatura pode ser de 1 a 2 cm maior do que ao final do dia. Isso ocorre devido a ação da força da gravidade sobre os discos intervertebrais no decorrer do dia. Além disso, após os 40 anos, ocorre a perda de 1 cm por década de vida, não somente devido à compressão e estreitamento dos discos vertebrais, mas também devido à curva torácica mais pronunciada (cifose). Após os 60 anos, esses sinais são mais evidentes. Assim, é recomendado que a medida de estatura seja feita sempre em um mesmo período (manhã, tarde ou noite), para minimizar os erros de medida. 17 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 1 – Posição da cabeça no plano de Frankfurt Fonte: Pitanga (2008, p. 1). Figura 2 – Ilustração da medida de estatura de um indivíduo adulto A estatura de crianças e adolescentes também pode ser acompanhada por meio das curvas de crescimento esperadas para cada idade. Para isso, a OMS estabeleceu várias curvas de percentis, que estão disponíveis nos boletins individuais da saúde e que se tornaram ferramentas indispensáveis 18 Unidade I para confrontar os dados das avaliações individuais, com padrões relacionados a uma porcentagem da população com as mesmas características, ou seja, idade e sexo. Em suma, as curvas de percentis são uma representação gráfica de um conjunto de dados relativos à variabilidade e à evolução das diferentes medidas corporais, como peso e estatura. Assim, após uma avaliação, o avaliador consegue comparar o crescimento do avaliado com uma média da população com as mesmas características e ainda analisar a tendência do seu crescimento. O escore Z, por sua vez, representa a quantidade de desvios padrão que um indivíduo dista da sua média (dentro de um mesmo grupo de idade e sexo). A tabela a seguir mostra a relação entre percentis e escore Z e suas interpretações: Tabela 1 – Representação de valores de percentis, escore Z e suas interpretações Escore Z Percentil Interpretação -3 0,1 Espera-se que, em uma população saudável, sejam encontradas 0,1% das crianças abaixo desse valor -2 2,3 Espera-se que, em uma população saudável, sejam encontradas 2,3% das crianças abaixo desse valor. Convenciona-se que o equivalente ao escore Z –2 é o percentil 3 -1 15,9 Espera-se que, em uma população saudável, sejam encontradas 15,9% das crianças abaixo desse valor 0 50,0 É o valor que corresponde à média da população, isto é, em uma populaçãosaudável, espera-se encontrar 50% da população acima e 50% da população abaixo desse valor +1 84,1 Espera-se que, em uma população saudável, sejam encontradas 84,1% das crianças abaixo desse valor, ou seja, apenas 15,9% estariam acima desse valor. Convenciona-se que o equivalente ao escore Z +1 é o percentil 85 +2 97,7 Espera-se que, em uma população saudável, sejam encontradas 97,7% das crianças abaixo desse valor, ou seja, apenas 2,3% estariam acima desse valor. Convenciona-se que o equivalente ao escore Z +2 é o percentil 97 +3 99,9 Espera-se que, em uma população saudável, sejam encontradas 99,9% das crianças abaixo desse valor, ou seja, apenas 0,1% estariam acima desse valor Adaptado de: Brasil (2011). Observaremos a seguir as curvas de estatura por idade e suas classificações. Notem que as curvas para as idades de 0 (do nascimento) até 5 anos, tanto para meninos como para meninas, estão com a descrição comprimento/estatura. Isso ocorre porque os bebês, antes de começarem a andar, têm o seu comprimento verificado, medida essa efetuada com posição horizontal. A estatura é uma medida vertical. 19 MEDIDAS E AVALIAÇÕES O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para estatura por meio do escore Z por idade para meninas, do nascimento até os 5 anos de idade: Comprimento/estatura por idade (meninas) Do nascimento aos 5 anos (escores-z) Idade (meses e anos completados) 125 125 120 120 115 115 110 110 105 105 100 100 95 95 90 90 85 85 80 80 75 75 70 70 65 65 60 60 55 55 50 50 45 45 Meses Nascimento 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos Co m pr im en to /a ltu ra (c m ) 2 2 2 2 24 4 4 4 46 6 6 6 68 8 8 8 810 10 10 10 10 3 2 0 -2 -3 Figura 3 – Curva de crescimento para comprimento/estatura, por meio do escore Z por idade para meninas, do nascimento até os 5 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/4hf9a9db. Acesso em: 8 nov. 2023. O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para comprimento/estatura, por meio do percentil por idade para meninas, do nascimento até os 5 anos de idade: Comprimento/estatura por idade (meninas) Do nascimento aos 5 anos (percentis) Idade (meses e anos completados) Meses Nascimento 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos Co m pr im en to /a ltu ra (c m ) 120 115 110 105 100 9595 9090 8585 8080 7575 70 65 6060 5555 5050 4545 2 2 2 2 24 4 4 4 46 6 6 6 68 8 8 8 810 10 10 10 10 120 115 110 105 100 70 65 85º 97º 50º 3º 15º Figura 4 – Curva de crescimento para comprimento/estatura, por meio do percentil por idade para meninas, do nascimento até os 5 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/mrfdh3fh. Acesso em: 8 nov. 2023. 20 Unidade I Podemos observar no gráfico a seguir a curva de crescimento para comprimento/estatura, por meio do escore Z por idade para meninos, do nascimento até os 5 anos de idade: Comprimento/estatura por idade (meninos) Do nascimento aos 5 anos (escores-z) Idade (meses e anos completados) Co m pr im en to /a ltu ra (c m ) Meses Nascimento 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 120 125 115 110 105 100 9595 9090 8585 8080 7575 7070 6565 6060 5555 5050 4545 120 125 115 110 105 100 2 2 2 2 24 4 4 4 46 6 6 6 68 8 8 8 810 10 10 10 10 3 2 0 -2 -3 Figura 5 – Curva de crescimento para comprimento/estatura, por meio do escore Z por idade para meninos, do nascimento até os 5 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/4xfax52n. Acesso em: 8 nov. 2023. O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para estatura, por meio do percentil por idade para meninos, do nascimento até os 5 anos de idade: Meses Idade (meses e anos completados) Comprimento/estatura por idade (meninos) Do nascimento aos 5 anos (percentis) Co m pr im en to /a ltu ra (c m ) 120 Nascimento 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 2 2 2 2 24 4 4 4 46 6 6 6 68 8 8 8 810 10 10 10 10 115 110 105 100 9595 9090 8585 8080 7575 7070 6565 6060 5555 5050 4545 120 115 110 105 100 85º 97º 50º 3º 15º Figura 6 – Curva de crescimento para estatura, por meio do percentil por idade para meninos, do nascimento até os 5 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/4p9522f6. Acesso em: 8 nov. 2023. 21 MEDIDAS E AVALIAÇÕES O gráfico a seguir ilustra a curva de crescimento para estatura, por meio do escore Z por idade para meninas, dos 5 aos 19 anos de idade: Idade (meses e anos completados) Estatura por idade (meninas) Dos 5 aos 19 anos (escores-z) Meses e anos 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18 1913 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 36 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 69 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Es ta tu ra (c m ) 180 170 160 140 130 120 110 100 90 90 150 3 2 1 0 -1 -2 -3 180 170 160 140 130 120 110 100 150 Figura 7 – Curva de crescimento para estatura, por meio do escore Z por idade para meninas, dos 5 aos 19 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/4fmma3u6. Acesso em: 8 nov. 2023.| O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para estatura, por meio do percentil por idade para meninas, dos 5 aos 19 anos de idade: Estatura por idade (meninas) Dos 5 aos 19 anos (percentis) 180 170 Idade (meses e anos completados) Es ta tu ra (c m ) Meses e anos 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18 1913 160 140 130 120 110 100 150 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 36 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 69 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 97O 50O 85O 3O 15O 180 170 160 140 130 120 110 100 150 Figura 8 – Curva de crescimento para estatura, por meio do percentil por idade para meninas, dos 5 aos 19 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/mrxajxvy. Acesso em: 8 nov. 2023. 22 Unidade I O gráfico a seguir ilustra a curva de crescimento para estatura, por meio do escore Z por idade para meninos, dos 5 aos 19 anos de idade: Idade (meses e anos completados) Estatura por idade (meninos) Dos 5 aos 19 anos (escores-z) Meses e anos 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18 1913 Es ta tu ra (c m ) 180 190 200 170 160 140 130 120 110 110 100 90 90 150 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 36 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 69 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 180 190 170 160 130 120 100 150 3 2 1 0 -1 -2 -3 200 140 Figura 9 – Curva de crescimento para estatura, por meio do escore Z por idade para meninos, dos 5 aos 19 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/29s4dd8f. Acesso em: 8 nov. 2023. O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para estatura, por meio do percentil por idade para meninos, dos 5 aos 19 anos de idade: Idade (meses e anos completados) Estatura por idade (meninos) Dos 5 aos 19 anos (percentis) Es ta tu ra (c m ) Meses e anos 5 6 7 8 9 10 11 12 14 15 16 17 18 1913 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 36 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 69 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 180 180 190 190 170 170 160 160 140 140 130 130 120 120 110 110 100 100 150 150 97O 50O 85O 3O 15O Figura 10 – Curva de crescimento para estatura, por meio do percentil por idade para meninos, dos 5 aos 19 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/yb64nbs2. Acesso em: 8 nov. 2023. 23 MEDIDAS E AVALIAÇÕES A partir dos gráficos preconizados pela OMS, por meio da estatura da criança e do adolescente, podemos verificar se o crescimento está acima ou abaixo do apresentado para a idade de acordo com as curvas de percentil e escores Z. A avaliada Júlia, 7 anos, da qual falamos no início deste livro-texto, possui 120 cm de estatura. De acordo com o gráfico que mostra o escore Z da estatura por idade para meninas e com o que mostra o percentil da estatura por idade para meninas, podemos observar que Júlia se encontra no escore Z zero (0) e percentil 50 (que corresponde ao escore Z 0). Para realizar essa análise, basta traçar uma reta horizontal na estatura de Júlia e uma reta vertical na idade dela. O local onde as duas retas se encontram representa o percentil ou o escore Z da avaliada. A partir dessas informações, devemos observar a tabela a seguir, que apresenta a classificação de estatura por idade para meninos e meninas de acordo com a OMS. Ao analisarmos o escoreZ 0 e o percentil 50 de meninas de 0 a 19 anos de idade, podemos observar que a estatura de Júlia é adequada para idade: Tabela 2 – Classificação de estatura para idade de 0 a 19 anos para meninos e meninas de acordo com a OMS (2006/2007) Valores críticos Valores críticos Diagnóstico nutricional Percentil 85 e ≤ Percentil 97 > Escore Z +1 e ≤ Escore Z +2 Estatura adequada para a idade > Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 > Escore Z +2 e ≤ Escore Z +3 Estatura adequada para a idade > Percentil 99,9 > Escore Z +3 Estatura adequada para a idade Fonte: Brasil (2011, p. 20). 2.2 Peso corporal ou massa corporal Para a determinação do peso corporal, o avaliado deve se manter em postura ereta e com o olhar fixo num ponto a sua frente (plano de Frankfurt), usando o mínimo de roupa possível, com o peso do corpo distribuído igualmente sobre os dois pés. É importante que o avaliado esteja posicionado no centro da balança e que ela esteja completamente nivelada com o solo. Poderá ser utilizada uma balança mecânica ou uma digital com resolução de 100 g. A balança é extremamente sensível a pesagens excessivas, portanto é recomendado que sua calibração seja efetuada com frequência. Para isso, o avaliador pode usar um peso conhecido, como uma anilha de 10 kg, e realizar a pesagem. Caso o peso esteja superior ou inferior aos 10 kg da anilha, é necessário realizar a calibração da balança. 24 Unidade I Para a verificação do peso do avaliado, é de fundamental importância evitar medições após a prática de exercícios físicos. Figura 11 – À esquerda, exemplo da mensuração do peso com auxílio de balança digital, e, à direita, exemplo da mensuração do peso com auxílio de balança mecânica Assim como para a estatura, podemos observar as curvas de crescimento para crianças e adolescentes, determinadas pela OMS, relacionadas ao peso corporal. O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninas, do nascimento aos 5 de idade: 25 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 8 6 4 2 Peso por idade (meninas) Do nascimento aos 5 anos (escores-z) Idade (meses e anos completados) Meses e anos Pe so (k g) Nascimento 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 30 28 26 24 22 18 16 14 12 10 8 6 4 2 20 2 2 2 2 24 4 4 4 46 6 6 6 68 8 8 8 810 10 10 10 10 30 28 26 24 22 18 16 14 12 10 20 3 2 0 -2 -3 Figura 12 – Curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninas, do nascimento aos 5 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/3vajhehf. Acesso em: 8 nov. 2023. O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninas, do nascimento aos 5 anos de idade: Peso por idade (meninas) Do nascimento aos 5 anos (percentis) Idade (meses e anos completados) Pe so (k g) Nascimento 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos Meses e anos 24 24 22 22 18 18 16 16 14 14 12 12 10 10 8 8 6 6 4 4 2 2 20 20 2 2 2 2 24 4 4 4 46 6 6 6 68 8 8 8 810 10 10 10 10 97O 85O 50O 15O 3O Figura 13 – Curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninas, do nascimento aos 5 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/4y4kd4zc. Acesso em: 8 nov. 2023. 26 Unidade I O gráfico a seguir ilustra a curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninos, do nascimento aos 5 anos de idade: Peso por idade (meninos) Idade (meses e anos completados) Pe so (k g) Do nascimento aos 5 anos (escores-z) Meses e anos 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 24 26 28 22 18 16 14 12 10 8 8 6 6 4 4 2 2 20 2 2 2 2 24 4 4 4 46 6 6 6 68 8 8 8 810 10 10 10 10 Nascimento 24 26 28 22 18 16 14 12 10 20 3 2 0 -2 -3 Figura 14 – Curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninos, do nascimento aos 5 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/3rm8rrr5. Acesso em: 8 nov. 2023. O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninos, do nascimento aos 5 anos de idade: Peso por idade (meninos) Do nascimento aos 5 anos (percentis) Pe so (k g) Idade (meses e anos completados) Meses e anos Nascimento 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 2 2 2 2 24 4 4 4 46 6 6 6 68 8 8 8 810 10 10 10 10 24 24 22 22 18 18 16 16 14 14 12 12 10 10 8 8 6 6 4 4 2 2 20 20 97O 85O 50O 3O 15O Figura 15 – Curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninos, do nascimento aos 5 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/4uawx3ym. Acesso em: 8 nov. 2023. 27 MEDIDAS E AVALIAÇÕES O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninas, dos 5 aos 10 anos de idade: Peso por idade (meninas) Dos 5 aos 10 anos (escores-z) Pe so (k g) Idade (meses e anos completados) Meses e anos 60 60 55 55 50 50 45 45 40 40 35 35 30 30 20 20 15 15 10 10 25 25 5 6 7 8 9 10 3 3 3 3 3 36 6 6 6 69 9 9 9 9 2 1 0 -1 -2 -3 Figura 16 – Curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninas, dos 5 aos 10 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/mthzbra8. Acesso em: 8 nov. 2023. O gráfico a seguir ilustra a curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninas, dos 5 aos 10 anos de idade: Peso por idade (meninas) Dos 5 aos 10 anos (percentis) Idade (meses e anos completados) Pe so (k g) Meses e anos 5 6 7 8 9 10 45 45 40 40 35 35 30 30 20 20 15 15 25 25 3 3 3 3 36 6 6 6 69 9 9 9 9 97O 85O 50O 15O 3O Figura 17 – Curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninas, dos 5 aos 10 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/2c7ppvwh. Acesso em: 8 nov. 2023. 28 Unidade I O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninos, dos 5 aos 10 anos de idade: Peso por idade (meninos) Dos 5 aos 10 anos (escores-z) Idade (meses e anos completados) Pe so (k g) Meses e anos 55 55 50 50 45 45 40 40 35 35 30 30 20 20 15 15 25 25 5 6 7 8 9 103 3 3 3 36 6 6 6 69 9 9 9 9 3 2 1 0 -1 -2 -3 Figura 18 – Curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninos, dos 5 aos 10 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/22548jc6. Acesso em: 8 nov. 2023. O gráfico a seguir mostra a curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninos, dos 5 aos 10 anos de idade: Peso por idade (meninos) Dos 5 aos 10 anos (percentis) Idade (meses e anos completados) Pe so (k g) Meses e anos 45 40 35 30 20 15 25 5 6 7 8 9 10 45 40 35 30 20 15 25 3 3 3 3 36 6 6 6 69 9 9 9 9 97O 85O 50O 15O 3O Figura 19 – Curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninos, dos 5 aos 10 anos de idade Adaptado de: https://tinyurl.com/mrywk3yh. Acesso em: 8 nov. 2023. 29 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Conforme os gráficos que apresentam a curva de crescimento para peso corporal, por meio do escore Z por idade para meninas, dos 5 aos 10 anos de idade, e da curva de crescimento para peso corporal, por meio do percentil por idade para meninas, dos 5 aos 10 anos de idade, podemos observar que o peso da avaliada Júlia (60 kg) se encontra acima do percentil 97 e acima do escore Z +3. A partir da tabela a seguir, estabelecida pela OMS, podemos observar que o peso de Júlia está elevado para a idade: Tabela 3 – Classificação de peso para idade de 0 a 10 anos para meninos e meninas de acordo com a OMS (2006) Valores críticos Valores críticos Diagnósticonutricional Percentil 85 e ≤ Percentil 97 > Escore Z +1 e ≤ Escore Z +2 Peso adequado para a idade > Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 > Escore Z +2 e ≤ Escore Z +3 Peso elevado para idade > Percentil 99,9 > Escore Z +3 Peso elevado para idade Fonte: Brasil (2011, p. 20). 2.3 Envergadura É determinada a partir da distância máxima de membros superiores, alcançada pelas extremidades distais dos dedos médios direito e esquerdo. A principal utilização da envergadura é a seleção de talentos esportivos, uma vez que maiores distâncias de envergadura são requeridas em algumas modalidades esportivas. Para verificar a medida de envergadura, será necessária uma fita métrica posicionada na parede, na altura dos ombros do avaliado, que deverá se posicionar de costas para a parede, em posição ortostática, com os membros superiores abduzidos, mantendo-os na horizontal e alinhados aos ombros. A cabeça deverá ser mantida no plano de Frankfurt, e a distância entre as extremidades distais dos dedos médios direito e esquerdo deve ser verificada em apneia inspiratória. 2.4 Diâmetros ósseos Os diâmetros ósseos são medidas que estabelecem distâncias projetadas entre dois pontos anatômicos definidos por proeminências ósseas. Essa medida pode ser bilateral; entretanto, no caso de medidas unilaterais, o lado direito do corpo deve ser adotado. Normalmente é utilizada para quantificar o crescimento ósseo de crianças e adolescentes, uma vez que, durante as fases de crescimento, os ossos longos estão em constante desenvolvimento. Isso se dá até o fechamento das placas epifisárias, e, a partir desse momento, os ossos só podem crescer em espessura. É sabido que a atividade física pode estimular esse crescimento. 30 Unidade I O impacto promovido durante a prática de exercícios físicos ajuda ainda o aumento da osteogênese. Para a avaliação dessa medida é utilizado um instrumento de precisão chamado paquímetro. De acordo com o diâmetro que será avaliado, podemos utilizar paquímetros com diferentes tamanhos. Figura 20 – Ilustração de diferentes tipos de paquímetros Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 43). 2.4.1 Cuidados durante a realização das medidas Para realizar as medidas de diâmetros ósseos, instrua seu cliente/avaliado a ir na data da avaliação com o mínimo de roupas possível (recomendado biquíni para mulheres e sunga para homens). Para algumas pessoas, essa vestimenta pode parecer desconfortável. É importante que o avaliador deixe o seu cliente a vontade, e, se ele não quiser utilizar essas roupas, peça que use uma bermuda, ou um short e um top para as mulheres. As medidas de diâmetros ósseos devem ser realizadas diretamente na pele do avaliado (não se deve realizar as medidas por cima da roupa do avaliado). Realize a avaliação em um ambiente fechado, mas despojado, sem que outras pessoas possam observar o que está sendo realizado e tente estabelecer uma conversa agradável para deixar o avaliado o mais confortável possível. Além disso, algumas pessoas se sentem mais confortáveis se o avaliador for do mesmo sexo. Caso isso não seja possível, pergunte ao seu aluno/cliente se ele prefere que uma pessoa do mesmo sexo acompanhe as avaliações. É muito importante que o avaliado saiba o que você irá fazer. Explique o que será feito e para que servirá aquele procedimento. Esses mesmos cuidados também devem ser respeitados para as medidas de circunferências e dobras cutâneas que serão descritas nos tópicos a seguir. 31 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 2.4.2 Procedimentos para medição dos diâmetros ósseos Os seguintes procedimentos devem ser seguidos: • As medidas dos diâmetros ósseos dos membros devem ser feitas do lado direito do corpo quando for o caso. • Identifique cuidadosamente os locais antropométricos para mensuração (palpação e lápis dermográficos). • Marque-os antes de começar a mensurar. • Mensure de duas a três vezes cada local em ordem rotacional. • Os valores registrados devem ser expressos em milímetros. • O paquímetro deve ser colocado sobre as marcas ósseas, sendo aplicada pressão para comprimir os tecidos adjacentes (músculo, gordura e pele) – o grau de compressão não deve ser em excesso e nem ficar frouxo. • O paquímetro deve ser segurado com ambas as mãos de forma que as pontas dos dedos indicadores estejam adjacentes com as pontas do paquímetro. • Paquímetros menores (escala até 30 cm) com maior precisão na escala devem ser usados no lugar de paquímetros maiores (escala de 60 a 80 cm) para mensurar os diâmetros ósseos de segmentos menores. • O avaliado não deve estar usando hidratantes ou óleos corporais, e as medidas devem ser realizadas diretamente na pele do avaliado (não podem ser verificadas em cima da roupa). • É necessário realizar a calibração periódica do aparelho. 2.4.3 Pontos mais frequentes de mensuração de diâmetros ósseos Os pontos mais frequentes de mensuração são os seguintes: • biacromial; • torácico-transverso; • bi-ilíaco; • bitrocantérico; 32 Unidade I • biepicôndilo femoral; • bimaleolar; • biepicôndilo umeral; • biestiloide. 2.4.4 Descrição dos pontos anatômicos 2.4.4.1 Biacromial Mede-se a distância entre o ponto mais elevado do acrômio direito e do esquerdo. O acrômio (do grego: akron = ponta; omos = ombro), é um processo posterior e grande que se projeta anteriormente em um ângulo de 90º a partir da extremidade lateral da espinha da escápula e serve como ponto de inserção para parte do músculo trapézio. Se você passar os dedos ao longo da face superior da articulação do ombro, sentirá esse processo na borda lateral. Para mensuração do diâmetro biacromial, coloca-se o paquímetro entre as distâncias das duas extremidades laterais dos processos acromiais das escápulas (direita e esquerda). O avaliado deve ficar em pé, braços soltos verticalmente e ombros relaxados para baixo e levemente para frente. Preferencialmente, o avaliador deve se posicionar posteriormente ao avaliado para realizar a medida. Figura 21 – Medida de diâmetro ósseo biacromial 2.4.4.2 Torácico‑transverso Mede-se a distância entre os pontos mais laterais das costelas ao nível do meio do corpo do esterno (mesoesterno), na altura da sexta costela, sobre a linha axilar média. 33 MEDIDAS E AVALIAÇÕES A medida é realizada com o avaliado em pé; ele deve ficar com os braços levemente abduzidos, apenas o suficiente para permitir a colocação das hastes do paquímetro. Deve-se realizar a medida ao final de uma expiração normal. Figura 22 – Medida de diâmetro ósseo torácico-transverso 2.4.4.3 Bi‑ilíaco Mede-se a distância entre as cristas ilíacas do osso do quadril direito e esquerdo. A crista ilíaca é uma linha óssea proeminente, aguçada e localizada na margem superior do osso ílio, entre a espinha ilíaca ântero-superior e espinha ilíaca póstero-superior, e marca as inserções de ligamentos e músculos. Para a mensuração, coloca-se o paquímetro na distância mais lateral e elevada entre as cristas ilíaca direita e esquerda. O avaliado deve estar com as pernas unidas. Figura 23 – Medida de diâmetro ósseo bi-ilíaco 34 Unidade I 2.4.4.4 Bitrocantérico Mede-se a distância entre o trocanter maior direito e esquerdo. O trocanter maior (do grego: trochos = roda) é uma projeção óssea localizada lateralmente na epífise proximal do fêmur, apresentando uma forma quadrilátera e irregular, sendo o ponto de maior proeminência sob a pele, próximo à articulação do quadril. Para mensuração, coloca-se o paquímetro no ponto de maior distância entre o trocanter maior esquerdo e o direito, ou seja, os dois pontos de maior saliência sob a pele nessa região. O avaliado deve estar com as pernas unidas. Figura 24 – Medida de diâmetroósseo bitrocantérico 2.4.4.5 Biepicôndilo femoral Mede-se a distância entre os epicôndilos lateral e medial do fêmur. Os epicôndilos lateral e medial (do grego: epi = sobre; kondylos = junção) são proeminências ósseas rugosas situadas na margem dos côndilos lateral e medial do fêmur, respectivamente. São pontos de fixação dos ligamentos colaterais medial e colateral lateral da articulação do joelho, sendo o ponto de maior saliência nas margens da região do joelho. Para mensuração, coloca-se o paquímetro no ponto de maior distância entre os epicôndilos lateral e medial. O avaliado deve estar sentado com o joelho flexionado formando um ângulo de 90º. 35 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 25 – Medida de diâmetro ósseo biepicôndilo femoral 2.4.4.6 Bimaleolar Mede-se a distância entre os maléolos medial e lateral. O maléolo (G: malleolus = martelo) medial é uma proeminente saliência óssea direcionada para baixo e localizada no lado medial da epífise distal da tíbia. Articula-se com o tálus. O maléolo lateral é uma expansão triangular da epífise distal do osso da fíbula que se articula medialmente com a epífise distal da tíbia e com o tálus. Ambos os processos podem ser vistos na superfície e podem ser facilmente palpados. Para mensuração, coloca-se a haste do paquímetro no ponto de maior projeção entre os maléolos lateral e medial e verifica-se a maior distância entre eles. O avaliado deve ficar em pé e o peso deve ser distribuído igualmente nas duas pernas. O avaliador deve se posicionar posteriormente ao avaliado para realizar a medida. Figura 26 – Medida de diâmetro ósseo bimaleolar 36 Unidade I 2.4.4.7 Biepicôndilo umeral Mede-se a distância entre os epicôndilos lateral e medial do úmero. Os epicôndilos medial e lateral (do grego: epi = sobre; kondylos = junção) são projeções ósseas em ambos os lados acima do côndilo na epífise distal do úmero na articulação do cotovelo e fornecem área de superfície adicional para inserção muscular. O epicôndilo medial é maior. Para mensuração, coloca-se a haste do paquímetro no ponto de maior proeminência da porção distal do úmero, próxima à articulação do cotovelo, medida essa assimétrica. Nessa posição, o epicôndilo medial se encontra mais baixo que o lateral. O avaliado deve estar em pé, de frente para o avaliador, com os braços elevados, o ombro em um ângulo de 90°, o cotovelo flexionado a 90º e o antebraço supinado. Figura 27 – Medida de diâmetro ósseo biepicôndilo umeral 2.4.4.8 Biestiloide Mede-se a distância entre os processos estiloides do rádio e da ulna. O processo estiloide (do grego: stylo = estaca, ponta; oide = semelhante) do rádio é uma projeção óssea localizada lateralmente e para baixo na epífise distal do rádio. É o ponto de fixação para o ligamento colateral do rádio e do músculo braquiorradial, enquanto o processo estiloide da ulna é uma projeção óssea curta localizada medialmente e posteriormente na continuidade da cabeça da ulna. Serve como ponto de fixação para o ligamento colateral ulnar do carpo. 37 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Para mensuração, coloca-se a haste do paquímetro no ponto de maior proeminência na região do punho, sendo a distância de maior projeção entre os processos estiloides do rádio e da ulna. O avaliado deve estar com o cotovelo estendido e com a articulação do punho flexionada, com a mão relaxada e a palma voltada para o tronco. Figura 28 – Medida de diâmetro ósseo biestilóide 2.5 Perímetros ou circunferências Perímetros e/ou circunferências são medidas de segmentos corporais específicos. É possível medir as circunferências de qualquer região do corpo, tanto para avaliar a evolução do treinamento quanto para a determinação de índices relacionados à saúde, como a relação cintura-quadril. Nesse caso, o instrumento utilizado é a trena ou fita métrica graduada em milímetros, entre 5 e 7 mm de largura e 2 m de comprimento. A fita pode ser de aço ou de um material flexível, com fundo branco ou amarelo e visualização clara dos milímetros. As medidas de circunferências não devem ser realizadas após a prática de atividades físicas devido à mudança de fluídos corporais, o que pode alterar o valor da medida. É de extrema importância se atentar aos cuidados durante a verificação das medidas descritos anteriormente. Para essa medida especificamente, é necessário maior cuidado com o posicionamento do avaliador. Para a maioria das medidas é recomendado que o avaliador permaneça à lateral do avaliado. Isso porque ele deverá passar a fita métrica no contorno do corpo do avaliado. Para indivíduos com maior estrutura corporal, o avaliador encosta o seu corpo no do avaliado, e, para evitar situações que possam de alguma maneira deixar o avaliado constrangido, é recomendado que o avaliador se posicione lateralmente ao avaliado. 38 Unidade I 2.5.1 Procedimentos para medição das circunferências Os seguintes aspectos devem ser observados: • As medidas das circunferências são feitas do lado direito do corpo. Contudo, às vezes é necessário avaliar ambos os lados do avaliado, caso haja necessidade de verificar proporcionalidade entre os segmentos corporais. • A medida deve ser realizada sobre a pele nua. • Devem-se identificar cuidadosamente os locais antropométricos para mensuração. • É necessário mensurar de duas a três vezes cada local em ordem rotacional. • Não se deve realizar a medição após a prática de exercício. • A tensão a ser aplicada pela fita não deve comprimir a pele ou o tecido subcutâneo. • Para algumas circunferências (exemplos: cintura, abdômen e quadril), a fita deve ser alinhada com o plano horizontal. • Não se deve deixar o dedo entre a fita métrica e a pele. • É necessário se manter posicionado preferencialmente na lateral do avaliado. 2.5.2 Pontos mais frequentes de mensuração de circunferências corporais Os pontos mais frequentes são os seguintes: • pescoço; • peitoral (torácico); • cintura; • abdominal; • quadril; • coxa proximal; • perna; • tornozelo; 39 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • braço relaxado; • braço fletido; • antebraço; • punho. 2.5.3 Descrição dos pontos anatômicos 2.5.3.1 Pescoço Medida da circunferência perpendicular ao eixo longitudinal desse segmento, passando abaixo da proeminência da laringe (popularmente conhecido como pomo-de-adão). Para a realização dessa medida, o indivíduo deve estar em posição anatômica, com a cabeça orientada no plano de Frankfurt. O avaliador permanece à direita do avaliado. Figura 29 – Medida de circunferência do pescoço 40 Unidade I 2.5.3.2 Peitoral (torácico) Medida da circunferência torácica, ao nível do ponto mesoesternal (meio do esterno). Esta medida é horizontal e deve ser feita após o final de uma expiração normal, estando o indivíduo em posição anatômica e com os braços levemente abduzidos. O avaliador permanece na lateral do avaliado. Para mulheres, essa medida deve ser realizada abaixo das axilas. Figura 30 – Medida de circunferência peitoral para homens Figura 31 – Medida de circunferência peitoral para mulheres 41 MEDIDAS E AVALIAÇÕES 2.5.3.3 Cintura Região mais estreita do tronco (entre as costelas e a crista ilíaca), medida horizontalmente e realizada após o final de uma expiração normal. O avaliador deve permanecer a lateral do avaliado. Caso seja possível, um assistente pode posicionar a fita atrás do avaliado. Figura 32 – Medida de circunferência de cintura 2.5.3.4 Abdominal Protuberância anterior máxima do abdômen (normalmente, cicatriz umbilical), sendo medida horizontalmente. Deve ser feita após o final de uma expiração normal. O avaliador deve permanecer na lateral do avaliado. Caso seja possível, um assistente pode posicionar a fita atrás do avaliado. Figura 33 – Medida de circunferência abdominal 42 Unidade I 2.5.3.5 Quadril Extensão posterior máxima dos glúteos (altura dos pontos trocantéricos direito e esquerdo, passando pela proeminência glútea, e deve ser medida horizontalmente). O avaliado deve estar em posição anatômica,