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CINESIOTERAPIA Gabriela Souza de Vasconcelos Introdução à cinesioterapia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Reconhecer os efeitos fisiológicos advindos da cinesioterapia.  Distinguir os objetivos do exercício terapêutico.  Relacionar os tipos de exercícios terapêuticos com sua aplicação aos distúrbios cinético-funcionais. Introdução A cinesioterapia é a aplicação de exercícios terapêuticos para melhorar ou prevenir disfunções e incapacidades físicas. Na fisioterapia, o programa de exercícios terapêuticos é um componente fundamental para alcançar os objetivos fisioterapêuticos traçados previamente e pensado conforme as necessidades de cada paciente. Para planejar e implantar esse programa de exercícios, o fisioterapeuta deve entender como as várias formas de exercício afetam os tecidos e os sistemas corporais e como esses efeitos induzidos pelo exercício afetam aspectos principais da função física. Neste capítulo, você vai conhecer os efeitos fisiológicos da cinesio- terapia e os objetivos do exercício terapêutico, aprendendo a relacionar diferentes abordagens e exercícios terapêuticos com sua aplicação em distúrbios cinético-funcionais. 1 Efeitos fisiológicos da cinesioterapia A cinesioterapia é um dos recursos aplicados pelos fi sioterapeutas para me- lhorar ou restaurar a função de um indivíduo ou prevenir uma disfunção. No contexto da reabilitação física, a cinesioterapia costuma ser empregada como um programa de exercícios terapêuticos projetado individualmente para cada paciente, a fi m de assegurar que no momento da alta esse paciente consiga desempenhar todas suas funções sem dor ou no mínimo com sintomas signifi - cativamente reduzidos. Para desenvolver e implantar intervenções efetivas por meio de exercícios terapêuticos, o fi sioterapeuta deve entender como as várias formas de exercício afetam os tecidos e os sistemas corporais e como esses efeitos alteram aspectos principais da função física (KISNER; COLBY, 2017). Os exercícios terapêuticos voltados à reabilitação física podem trazem inúmeros benefícios não só para o sistema musculoesquelético, mas também para os sistemas cardiovascular, respiratório e endócrino-metabólico (DUT- TON, 2010; O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; GUYTON; HALL, 2017). Em relação ao sistema musculoesquelético, as várias estruturas respondem de forma razoavelmente previsível quando expostas à tensão pelo exercício te- rapêutico. A extensão da resposta depende do tecido específico envolvido, do tipo de força a que o tecido é submetido, da força máxima que ele pode tolerar sem deformação e da sua capacidade de suportar tensão súbita ou repetitiva. Segundo Guyton e Hall (2017), os efeitos fisiológicos incluem aumento da massa muscular (novas fibras musculares e maior recrutamento das fibras existentes), indução da modulação dos tipos de fibras, aumento do número de mitocôndrias e intensificação da atividade das enzimas do metabolismo oxidativo e da captação de oxigênio em exercício submáximo, permitindo maior resistência do tecido ao estresse gerado pelos exercícios terapêuticos. Essas alterações fisiológicas são capazes de gerar aumento de força, resis- tência e potência muscular, aumento da capacidade dos tendões e ligamentos de suportarem tensão, aumento da densidade óssea, diminuição da porcen- tagem de tecido adiposo e ganho de extensibilidade muscular (flexibilidade). Segundo Dutton (2010) e Guyton e Hall (2017), os indivíduos que realizam exercícios terapêuticos para manter ou aprimorar essas variáveis têm maior capacidade para executar as atividades diárias e menor probabilidade de desenvolver qualquer tipo de dor, além de serem menos propensos a inca- pacitações, principalmente quando em processo de senescência. A partir disso, é possível aplicar a cinesioterapia em praticamente todas as disfunções cinético-funcionais do sistema musculoesquelético, como entorses, fraturas, lesões ligamentares, meniscais, musculares e tendinosas, pós-operatórias, entre tantas outras (KISNER; COLBY, 2017). No sistema cardiovascular, ocorre uma melhora da circulação sistêmica, pois o exercício contribui para a redução do hematócrito (ao aumentar a vo- lemia) e elevação da plasticidade do eritrócito, promovendo acréscimo do fluxo sanguíneo e melhor distribuição do oxigênio na interface célula–capilar. Podem ainda ocorrer modificações significativas tanto anatômicas quanto fisiológicas do sistema cardiovascular, com aprimoramento do sistema de transporte, extração e utilização do oxigênio (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; GUYTON; HALL, 2017). Introdução à cinesioterapia2 No sistema respiratório, os efeitos advindos do exercício incluem di- minuição das frequências cardíaca e respiratória (pela melhora no volume sistólico cardíaco), da ventilação por minuto, do consumo de oxigênio e da produção de dióxido de carbônio, além do aumento da capacidade aeróbica máxima (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; GUYTON; HALL, 2017). Em função dessas alterações, O’Sullivan e Schmitz (2010) afirma que é possível aplicar os exercícios com segurança em pacientes com doenças cardíacas e/ ou respiratórias, como infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, angina, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, fibrose cística, entre outras. A continuidade dos exercícios terapêuticos após o período de reabilitação traz os seguintes efeitos ao sistema endócrino-metabólico: estímulo a lipólise e glicólise, produção hepática de glicose e inibição da secreção de insulina pelo pâncreas, o que permite maior disponibilidade de glicose e diminuição do uso de glicogênio muscular durante o exercício. Os benefícios desses efeitos se aplicam principalmente àqueles pacientes com diabetes, menopausa, obesidade, distúrbios hormonais, entre outros (SANTOS; MILANO, 1993; GUYTON; HALL, 2017). A hipotrofia muscular por inatividade começa dentro de quatro horas a partir do início do período de repouso, resultando em reduções na massa, no diâmetro celular e no número de fibras musculares. Entretanto, exercícios rigorosos em músculos hipotróficos podem provocar danos musculares, incluindo ruptura sarcolêmica, distorção nos componentes contráteis das miofibrilas e dano cistoesquelético. Por isso, é fundamental seguir a ordem hierárquica de execução dos exercícios — iniciar com exercícios passivos, progredir para ativo-assistido, ativo e depois resistidos — e respeitar o processo de cicatrização e consolidação dos tecidos e os estágios em que se encontram (DUTTON, 2010). 2 Objetivos do exercício terapêutico De acordo com Kisner e Colby (2017), exercício terapêutico é o desempenho sistemático e planejado de movimentos corporais, posturas ou atividades físicas destinados a fornecer ao paciente/cliente os meios para remediar ou prevenir defi ciências. Mediante essa prática, é possível atingir os seguintes objetivos: 3Introdução à cinesioterapia melhorar, restaurar ou aprimorar a função física; evitar ou reduzir fatores de risco relacionados à saúde; otimizar o estado geral de saúde, a aptidão ou a sensação de bem-estar. No momento em que o paciente chega para ser atendido por um fisioterapeuta, independentemente da lesão que tenha sofrido, uma anamnese detalhada e minu- ciosa deve ser realizada para determinar quais objetivos são possíveis de atingir para que o paciente retome sua autonomia e independência. Além disso, nessa anamnese é possível colher informações adicionais de outras questões de saúde que vão interferir nas escolhas e condutas fisioterapêuticas (diabetes, problemas cardíacos, etc.) (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; KISNER; COLBY, 2017). Uma vez ciente do máximo de fatores que interferem na vida e na rotina do paciente, o fisioterapeuta poderá planejar o programa de treinamento voltado para as necessidades e respeitando os limites fisiológicos do paciente. Não se deve esquecer, por exemplo, que após os exercícios físicos, o corpo precisade tempo para se recuperar. A fadiga e a recuperação são processos complexos, que dependem de fatores psicológicos (motivação e incentivo) e fisiológicos (adequação do suprimento sanguíneo para o músculo que está sendo exigido, bem como a manutenção de ambientes químicos viáveis) (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017). Isso se aplica em todas as situações da prática clínica. Seja o paciente um indivíduo sedentário ou um atleta, seu corpo precisa ser preparado para a retomada das tensões e demandas exigidas pelas atividades cotidianas ou esportivas após o período de cicatrização e recuperação de uma lesão. De acordo com Dutton (2010) e Kisner e Colby (2017), se esse processo não for respeitado, ao retomar a prática de esportes competitivos ou ao executar atividades funcionais e laborais, a fadiga poderá provocar mudanças nos movimentos eficientes ou deixar os indivíduos suscetíveis a lesões. Ao pensar em estratégias para readaptar o paciente à sua rotina e reabilitar lesões, algumas variáveis devem ser incluídas no programa de exercícios terapêuticos a fim de obter máxima eficiência ao fim do tratamento fisiote- rapêutico (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017):  Equilíbrio — a capacidade de alinhar os segmentos do corpo contra a gravidade para manter ou mover o corpo (centro de massa) dentro da base de suporte disponível sem cair, ou ainda a capacidade de mover o corpo em equilíbrio com a gravidade por meio da interação dos sistemas sensorial e motor.  Aptidão ou resistência cardiopulmonar — a capacidade de realizar movimentos corporais totais de baixa intensidade, repetitivos (cami- nhada, corrida, ciclismo, natação), por um longo período de tempo. Introdução à cinesioterapia4  Coordenação — o timing e o sequenciamento corretos do disparo muscular combinados com a intensidade apropriada da contração, levando à iniciação, orientação e classificação eficazes do movimento. É a base do movimento suave, preciso e eficiente e ocorre em um nível consciente ou automático.  Flexibilidade — a capacidade de se mover livremente, sem restrições. Os exercícios de flexibilidade devem abranger toda a cadeia cinética, não apenas a articulação que está sendo tratada.  Mobilidade — capacidade de estruturas ou segmentos do corpo se moverem ou serem movidos para permitir a ocorrência de amplitude de movimento (ADM) para atividades funcionais (ADM funcional). A mo- bilidade passiva depende da extensibilidade dos tecidos moles (contráteis e não contráteis) e a mobilidade ativa requer ativação neuromuscular.  Desempenho muscular — a capacidade do músculo de produzir tensão e realizar trabalho físico. O desempenho muscular abrange resistência, força e potência muscular: ■ resistência — pode ser obtida por meio de exercícios anaeróbicos ou de treinos com muitas repetições e pouca carga; ■ força — os exercícios de fortalecimento devem ser aplicados em quantidades e em locais adequados para visar atividades esportivas ou funcionais específicas; ■ potência — a incorporação da potência é feita pela aplicação de movimentos rápidos em planos apropriados, usando pesos leves e atividades balísticas.  Controle neuromuscular — interação dos sistemas sensoriais e motores que permitem que sinergistas, agonistas e antagonistas, assim como estabilizadores e neutralizadores, antecipem ou respondam a informa- ções proprioceptivas e cinestésicas e, posteriormente, trabalhem em sequência correta para criar movimentos coordenados.  Estabilidade — a capacidade do sistema neuromuscular, mediante ações musculares sinérgicas, de manter um segmento corporal proximal ou distal em posição estacionária ou de controlar uma base estável durante movimentos sobrepostos. A estabilidade articular é a manutenção do alinhamento adequado dos segmentos ósseos de uma articulação por meio de componentes passivos e dinâmicos. Um programa de exercícios terapêuticos que envolve todas essas variáveis tem condições de melhorar o condicionamento geral do paciente, favorecer o seu retorno às atividades cotidianas e/ou esportivas, além de prevenir recidivas 5Introdução à cinesioterapia da lesão e a ocorrência de outras. A educação e a orientação do paciente são fundamentais para que ele continue a prática de atividades físicas que man- tenham ou promovam ainda mais ganhos após a alta da fisioterapia. Vários estudos demonstraram que os resultados positivos dos exercícios se perdem quase totalmente depois de apenas algumas semanas de descontinuidade de programas de treinamento de resistência, e cerca da metade dessa perda ocorre nas primeiras duas semanas (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017). Para conhecer mais informações a respeito dos efeitos da cinesioterapia sobre a ca- pacidade funcional e melhora do sono e da qualidade de vida em pacientes com fibromialgia, consulte o artigo “Efeito dos tratamentos de hidroterapia, cinesioterapia e hidrocinesioterapia sobre qualidade do sono, capacidade funcional e qualidade de vida em pacientes fibromiálgicos” de Bárbara Samille Moreira Sousa e colaboradores, publicado no periódico Life Style Journal. 3 Aplicação de exercícios terapêuticos a distúrbios cinético-funcionais Os exercícios terapêuticos são aplicados para recuperar, manter e melhorar o estado funcional do paciente mediante o aumento do desempenho muscular, do equilíbrio, fl exibilidade, mobilidade, controle neuromuscular, coordenação e aptidão cardiovascular (DUTTON, 2010; O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; KISNER; COLBY, 2017). Ainda segundo os autores, ao planejar um programa de terapêutico, o fisioterapeuta deve criar exercícios que sejam seguros, mas ao mesmo tempo desafiadores, progressivos, sistemáticos, estimulantes à propriocepção, espe- cíficos da atividade e embasados em achados científicos. Eis algumas maneiras de garantir a progressão e tornar os exercícios mais desafiadores (DUTTON, 2010):  iniciar a execução das atividades de forma lenta e progredir para um ritmo mais acelerado;  iniciar com atividades que o paciente já esteja familiarizado e depois evoluir para outras mais complexas e desafiadoras; Introdução à cinesioterapia6  iniciar com a execução de atividades em uma base de suporte estável, que depois se tornam progressivamente mais desafiadoras, aumentando a quantidade de controle exigido e introduzindo atividades que requerem controle dinâmico — por exemplo, iniciar em decúbito dorsal, progredir para decúbito ventral, lateral, sentado e em pé;  iniciar com resistência de baixa carga e aumentar conforme o paciente for evoluindo. De acordo com Dutton (2010), O’Sullivan e Schmitz (2010) e Kisner e Colby (2017), além dessas formas de progressão, existe uma lógica hierárquica — do mais fácil para o mais difícil — de realizar os exercícios em relação à amplitude de movimento e à resistência empregada nas tarefas solicitadas. Ao observar condições que gerem restrições de amplitude de movimento, fraqueza muscular, déficits de equilíbrio e propriocepção, como inúmeras situações que são vistas na prática clínica (processo de envelhecimento, fraturas, pós- -operatório, acidente vascular encefálico, entre outras), é possível organizar a ordem da realização dos exercícios da seguinte forma (DUTTON, 2010; O’SULLIVAN ; SCHMITZ, 2010; KISNER; COLBY, 2017): 1. ADM passiva — o movimento é realizado pelo fisioterapeuta. Indicado para casos graves, em que o paciente está com restrição de movimento ou incapacidade de mover o segmento em questão. 2. ADM ativa-assistida — a partir do momento em que o paciente já está um pouco melhor, ele consegue realizar parte do movimento ou consegue realizá-lo se tiver o auxílio do fisioterapeuta. 3. ADM ativa — nesse caso, o fisioterapeuta só observa e orienta a rea- lização dos exercícios enquanto o paciente consegue desempenhá-los por conta própria, em amplitude completa. 4. Exercícios resistidos — a partir do momento em que o paciente conse- gue realizar os exercícios em amplitude de movimentocompleta, pode ser introduzida carga às execuções. Os exercícios resistidos podem ser realizados em três formas diferentes de contrações: isométrica, concêntrica e excêntrica. ■ Isométrica: os exercícios isométricos são realizados sem alterar o comprimento do ventre muscular em qualquer ângulo do movi- mento. Em função disso, eles podem ser realizados mesmo que a amplitude não esteja restaurada completamente (na posição neutra ou nos graus iniciais), desde que sem exacerbar sintomas e de maneira submáxima. 7Introdução à cinesioterapia ■ Concêntrica: esse tipo de contração produz encurtamento do músculo, pois a tensão gerada pelo músculo agonista é suficiente para superar resistências externas e para mover o segmento corporal da inserção em direção à origem. ■ Excêntrica: esse tipo de contração produz alongamento do músculo de forma lenta enquanto ele estiver cedendo a uma força externa maior do que a respectiva força de contração. Além disso, essa contração está relacionada com atividades que requerem desaceleração, sejam elas funcionais ou esportivas. Em termos de geração de força muscular, a contração excêntrica máxima é superior às demais contrações. Em seguida, vem a contração isométrica máxima e por último a contração concêntrica máxima. Seja como for, os programas de exercícios terapêuticos devem contemplar os três tipos de contrações para obter o máximo de desempenho e capacidade muscular. É importante entender essa ordem para assegurar que o processo de cicatrização e consolidação esteja sendo respeitado e os progresso sendo feitos de maneira segura e controlada (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017). Além do processo de envelhecimento e das disfunções musculoesqueléticas mais conhecidas (fraturas, entorses, osteoporose, osteopenia, lesões musculares e tendinosas, lesões ligamentares, síndromes dolorosas), diversas disfunções podem ser beneficiadas pela realização de exercícios terapêuticos, como (DUTTON, 2010; O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; KISNER; COLBY, 2017):  doenças respiratórias — DPOC, asma, fibrose cística, etc.;  doenças cardíacas — infarto agudo do miocárdio, arritmias, angina, insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, etc.;  disfunções neurológicas — acidente vascular encefálico, paralisia ce- rebral, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, etc.;  disfunções uroginecológicas — incontinência urinária, prolapso de bexiga, etc. Vejamos um exemplo de como empregar essa lógica de progressão no caso de uma fratura no cotovelo. O paciente chegará na fisioterapia com restrição de movimento, dor, fraqueza muscular, déficit de coordenação e senso de posição articular. Além disso, é importante ressaltar que não serão apenas o antebraço e o braço que sofrerão com isso; na verdade, o tempo de imobilização trará consequências para todo o corpo do paciente, principalmente se ele for Introdução à cinesioterapia8 atleta ou tiver o hábito de praticar atividades físicas. Lembre-se dos efeitos deletérios da imobilização e da falta de atividade física para o corpo humano, principalmente em populações idosas. O início do tratamento será com exercícios passivos (para ganho de ADM, relaxamento e alongamento muscular e lubrificação da cápsula articular). Na sequência, serão realizados exercícios ativo-assistidos (para manter o ganho de ADM, aumentar o alongamento muscular e começar a recrutar unida- des motoras) e por último exercícios ativos (para ganho de ADM e ativação completa dos músculos envolvidos). A partir disso, será possível iniciar os exercícios resistidos, que trarão resistência, força e potência para os músculos acometidos em decorrência da fratura óssea. Enquanto a ADM não estiver reestabelecida, deverão ser executados exercícios ativos e resistidos para as articulações que não foram acometidas, além de exercícios para melhorar o condicionamento global (DUTTON, 2010; O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; KISNER; COLBY, 2017). O exemplo se aplica ao membro superior, mas em qualquer articulação do corpo humano a lógica básica será a mesma. No caso de pacientes com boa mobilidade e sintomas dolorosos leves ou inexistentes, o tratamento pode ser iniciado já nas etapas de ganho de força, resistência e potência muscular, para melhorar o condicionamento físico e a capacidade muscular. É fundamental que o fisioterapeuta entenda essa lógica, pois assim conseguirá aplicá-la e adaptá-la a qualquer situação que encontre na prática clínica (KISNER; COLBY, 2017). DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. KISNER. C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2017. MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. Barueri: Manole, 2010. O’SULLIVAN, S. B.; SCHMITZ, T. J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 5. ed. Barueri: Manole, 2010 SANTOS, D. L.; MILANO, M. E. Sistema endócrino, catecolaminas e o exercício físico. Revista Kinesis, nº. 12, jul./dez. 1993. 9Introdução à cinesioterapia Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Leitura recomendada SOUSA, B. S. M. et al. (2017) Efeito dos tratamentos de hidroterapia, cinesioterapia e hidrocinesioterapia sobre qualidade do sono, capacidade funcional e qualidade de vida em pacientes fibromiálgicos. Life Style Journal, v. 4, nº. 2, p. 35–53, maio 2018. Disponível em: https://revistas.unasp.edu.br/LifestyleJournal/article/view/892. Acesso em: 12 maio 2020. Introdução à cinesioterapia10