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Fisiologia do Exercício para Fisioterapeutas

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Questões resolvidas

Doenças cardiovasculares

Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV) são sobrepeso e obesidade, comportamento sedentário e componente genético.
As DCVs mais comuns englobam a insuficiência cardíaca (IC) e hipertensão arterial sistêmica (HAS).
O treinamento físico é amplamente reconhecido como um complemento extremamente importante na terapêutica para o atendimento de indivíduos com IC crônica e estável, promovendo melhoras no VO2pico, na função hemodinâmica central, na regulação do sistema nervoso autônomo, na função vascular periférica e no aumento da capacidade oxidativa do músculo esquelético dos membros e da musculatura respiratória.

Doenças pulmonares

As alterações pulmonares podem ser subdivididas em condições obstrutivas, em que há dificuldade do fluxo de ar pulmonar, ou restritivas, em que há redução das dimensões pulmonares.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) envolve um conjunto de doenças do trato respiratório que geram obstrução ao fluxo de ar, sendo as mais comuns o enfisema e a bronquite crônica.
Estudos tem demonstrado que, além das alterações pulmonares, a DPOC contribui para a disfunção da musculatura esquelética, o que poderia, por sua vez, contribuir para a intolerância aos exercícios nesses indivíduos.

Câncer

Evidências atuais demonstram que a AF está fortemente associada a um menor risco de desenvolvimento de câncer de cólon, com uma associação um pouco mais fraca para o câncer de mama e de endométrio e ainda limitada para cânceres de próstata, estômago, pâncreas, ovários e pulmão.
Os tratamentos do câncer acabam por desenvolver manifestações clínicas como sensação de dispneia, com redução da capacidade pulmonar, fraqueza muscular, incontinência urinária, diarreia, náuseas, vômitos, aterosclerose prematura, miocardiopatias, disfunção sexual, anorexia, anemia, perda de massa muscular, osteoporose, cefaleia, alterações da pressão arterial, dentre outras.
A reabilitação para câncer com AF auxilia na recuperação e na retomada do estilo de vida normal, com maior independência e capacidade funcional, mitigando a sensação de fadiga e aumentando a força muscular e o endurance cardiovascular.

Doenças neurodegenerativas

As duas condições neurodegenerativas mais comuns são a doença de Parkinson (DP) e doença de Alzheimer (DA), que afetam principalmente indivíduos idosos.
A DP configura-se como um transtorno neurológico crônico e progressivo marcado por sintomas que consistem em tremores em repouso, bradicinesia (redução da velocidade da amplitude do movimento), rigidez, instabilidade postural e anormalidade na marcha.
O exercício físico representa um tratamento complementar no auxílio ao paciente com DP. De fato, a prática regular de exercícios parece retardar as sequelas secundárias que podem afetar os sistemas musculoesquelético e cardiorrespiratório, além de melhorar a performance da marcha, a qualidade de vida e a capacidade aeróbica do paciente.

Condutas iniciais para prescrição de exercícios


Não é uma pergunta de teste

Quais são os benefícios maternos da prática de atividade física na gestação?
Manutenção do gasto energético, associado à capacidade cardiorrespiratória;
Controle do peso corporal para esta condição;
Prevenção/tratamento do diabetes gestacional;
Prevenção/tratamento da pré-eclampsia;
Menor estresse cardiovascular;
Ajuda no trabalho de parto;
Melhora da recuperação pós-parto;
Melhora da postura para esta condição;
Prevenção de dores na região lombo-sacra;
Melhorados aspectos psicológicos e emocionais (humor, autoimagem, ansiedade etc.).

Influência das condições climáticas sobre o rendimento esportivo. As condições climáticas também influenciam o treinamento, a competição e a preparação do esportista para o desenvolvimento da competição. A informação sobre o tempo real permite aumentar a qualidade da preparação do esportista e a realização das competições, assim como permite resolver melhor os problemas envolvendo o treinamento e a competição. Para organizar o treinamento e a competição, convém conhecer a previsão do tempo em curto prazo (segurança de 80 a 90%), em médio prazo (70 a 75%) e em longo prazo (60 a 65%). Quando o tempo é agradável e quente, pode-se reduzir a duração do aquecimento e diminuir um pouco a sua intensidade. Quando, por exemplo, sopra um vento forte, deve-se corrigir a técnica e a tática da atividade competitiva em esportes que dependem do tempo, como vela, remo, canoagem, esqui, ciclismo, triatlo, futebol e vôlei de praia. As temperaturas baixas podem modificar os programas das sessões de treinamento e alterar os programas das competições; por exemplo, quando chove forte são adiadas as corridas do ciclismo em pista aberta, beisebol, etc.


What are some considerations related to nutritional supplements and high-level competition sports?
Dosage should take into account the athlete's body surface, current weight and desired weight, muscle development, health status, training and recovery goals, individual characteristics, training stage, and competitive system.
Ergogenic aids should never replace a balanced diet.
It is important to select the product and the stage in which it will be administered, always corresponding to a well-defined objective.
The success of sports performance and athlete longevity lies in a scientifically based and personalized training plan and control, requiring an optimal relationship between training and competition loads, good recovery, and optimal nutrition.

What is the classification of prohibited substances and methods according to the World Anti-Doping Agency (WADA) and the International Olympic Committee for 2004?
S1. Stimulants, S2. Narcotics, S3. Cannabinoids, S4. Anabolic agents, S5. Peptide hormones, S6. Beta-2-agonists, S7. Agents with antiestrogenic activity, S8. Masking agents, S9. Glucocorticosteroids; M1. Enhancement of oxygen transport, M2. Pharmacological, chemical and physical manipulation, M3. Gene doping.
S1. Stimulants, S2. Narcotics, S3. Cannabinoids, S4. Anabolic agents, S5. Peptide hormones, S6. Beta-2-agonists, S7. Agents with antiestrogenic activity, S8. Masking agents, S9. Glucocorticosteroids; M1. Enhancement of oxygen transport, M2. Pharmacological and chemical manipulation, M3. Gene doping.
S1. Stimulants, S2. Narcotics, S3. Cannabinoids, S4. Anabolic agents, S5. Peptide hormones, S6. Beta-2-agonists, S7. Agents with antiestrogenic activity, S8. Masking agents, S9. Glucocorticosteroids; M1. Enhancement of oxygen transport, M2. Pharmacological and physical manipulation, M3. Gene doping.
S1. Stimulants, S2. Narcotics, S3. Cannabinoids, S4. Anabolic agents, S5. Peptide hormones, S6. Beta-2-agonists, S7. Agents with antiestrogenic activity, S8. Masking agents, S9. Glucocorticosteroids; M1. Enhancement of oxygen transport, M2. Chemical and physical manipulation, M3. Gene doping.

What are some considerations related to high-risk sports and marginal nutrition?
Long-term loss of body fat below minimum normal values does not improve sports performance.
The loss of body fat below minimum normal values can lead to a decrease in performance.
The loss of body fat below minimum normal values can lead to an increase in performance.
The loss of body fat below minimum normal values has no effect on sports performance.

What is the normal range of resting heart rate?
60 to 80 beats per minute on average.
80 to 100 beats per minute on average.
40 to 60 beats per minute on average.
100 to 120 beats per minute on average.

What are some considerations about heart rate during exercise?
Factors such as temperature and altitude increase resting heart rate.
Before exercise, heart rate usually increases above normal values, which is called anticipatory response.
If our resting heart rate is 50 bpm when lying down, it will increase to 55 bpm when sitting and to 60 bpm when standing.
Certain diseases and medications can increase or decrease resting heart rate.
Heart rate increases proportionally to exercise intensity.
There is a direct correlation between maximum heart rate and maximum oxygen uptake during exercise.
The maximum heart rate is important for training planning and control, as well as for certain laboratory and field tests.
The formula used by the World Health Organization (WHO) to estimate maximum heart rate is 220 minus age.
After six months of moderate to moderate-intensity training, resting heart rate during submaximal exercise usually decreases by about 20 to 40 bpm.
Heart rate recovery period decreases with increased resistance training.
The left ventricle is the heart chamber most modified in response to resistance training.
The Frank-Starling law describes that the main factor that determines cardiac output is the volume of blood in the ventricle at the end of diastole.

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Questões resolvidas

Doenças cardiovasculares

Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV) são sobrepeso e obesidade, comportamento sedentário e componente genético.
As DCVs mais comuns englobam a insuficiência cardíaca (IC) e hipertensão arterial sistêmica (HAS).
O treinamento físico é amplamente reconhecido como um complemento extremamente importante na terapêutica para o atendimento de indivíduos com IC crônica e estável, promovendo melhoras no VO2pico, na função hemodinâmica central, na regulação do sistema nervoso autônomo, na função vascular periférica e no aumento da capacidade oxidativa do músculo esquelético dos membros e da musculatura respiratória.

Doenças pulmonares

As alterações pulmonares podem ser subdivididas em condições obstrutivas, em que há dificuldade do fluxo de ar pulmonar, ou restritivas, em que há redução das dimensões pulmonares.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) envolve um conjunto de doenças do trato respiratório que geram obstrução ao fluxo de ar, sendo as mais comuns o enfisema e a bronquite crônica.
Estudos tem demonstrado que, além das alterações pulmonares, a DPOC contribui para a disfunção da musculatura esquelética, o que poderia, por sua vez, contribuir para a intolerância aos exercícios nesses indivíduos.

Câncer

Evidências atuais demonstram que a AF está fortemente associada a um menor risco de desenvolvimento de câncer de cólon, com uma associação um pouco mais fraca para o câncer de mama e de endométrio e ainda limitada para cânceres de próstata, estômago, pâncreas, ovários e pulmão.
Os tratamentos do câncer acabam por desenvolver manifestações clínicas como sensação de dispneia, com redução da capacidade pulmonar, fraqueza muscular, incontinência urinária, diarreia, náuseas, vômitos, aterosclerose prematura, miocardiopatias, disfunção sexual, anorexia, anemia, perda de massa muscular, osteoporose, cefaleia, alterações da pressão arterial, dentre outras.
A reabilitação para câncer com AF auxilia na recuperação e na retomada do estilo de vida normal, com maior independência e capacidade funcional, mitigando a sensação de fadiga e aumentando a força muscular e o endurance cardiovascular.

Doenças neurodegenerativas

As duas condições neurodegenerativas mais comuns são a doença de Parkinson (DP) e doença de Alzheimer (DA), que afetam principalmente indivíduos idosos.
A DP configura-se como um transtorno neurológico crônico e progressivo marcado por sintomas que consistem em tremores em repouso, bradicinesia (redução da velocidade da amplitude do movimento), rigidez, instabilidade postural e anormalidade na marcha.
O exercício físico representa um tratamento complementar no auxílio ao paciente com DP. De fato, a prática regular de exercícios parece retardar as sequelas secundárias que podem afetar os sistemas musculoesquelético e cardiorrespiratório, além de melhorar a performance da marcha, a qualidade de vida e a capacidade aeróbica do paciente.

Condutas iniciais para prescrição de exercícios


Não é uma pergunta de teste

Quais são os benefícios maternos da prática de atividade física na gestação?
Manutenção do gasto energético, associado à capacidade cardiorrespiratória;
Controle do peso corporal para esta condição;
Prevenção/tratamento do diabetes gestacional;
Prevenção/tratamento da pré-eclampsia;
Menor estresse cardiovascular;
Ajuda no trabalho de parto;
Melhora da recuperação pós-parto;
Melhora da postura para esta condição;
Prevenção de dores na região lombo-sacra;
Melhorados aspectos psicológicos e emocionais (humor, autoimagem, ansiedade etc.).

Influência das condições climáticas sobre o rendimento esportivo. As condições climáticas também influenciam o treinamento, a competição e a preparação do esportista para o desenvolvimento da competição. A informação sobre o tempo real permite aumentar a qualidade da preparação do esportista e a realização das competições, assim como permite resolver melhor os problemas envolvendo o treinamento e a competição. Para organizar o treinamento e a competição, convém conhecer a previsão do tempo em curto prazo (segurança de 80 a 90%), em médio prazo (70 a 75%) e em longo prazo (60 a 65%). Quando o tempo é agradável e quente, pode-se reduzir a duração do aquecimento e diminuir um pouco a sua intensidade. Quando, por exemplo, sopra um vento forte, deve-se corrigir a técnica e a tática da atividade competitiva em esportes que dependem do tempo, como vela, remo, canoagem, esqui, ciclismo, triatlo, futebol e vôlei de praia. As temperaturas baixas podem modificar os programas das sessões de treinamento e alterar os programas das competições; por exemplo, quando chove forte são adiadas as corridas do ciclismo em pista aberta, beisebol, etc.


What are some considerations related to nutritional supplements and high-level competition sports?
Dosage should take into account the athlete's body surface, current weight and desired weight, muscle development, health status, training and recovery goals, individual characteristics, training stage, and competitive system.
Ergogenic aids should never replace a balanced diet.
It is important to select the product and the stage in which it will be administered, always corresponding to a well-defined objective.
The success of sports performance and athlete longevity lies in a scientifically based and personalized training plan and control, requiring an optimal relationship between training and competition loads, good recovery, and optimal nutrition.

What is the classification of prohibited substances and methods according to the World Anti-Doping Agency (WADA) and the International Olympic Committee for 2004?
S1. Stimulants, S2. Narcotics, S3. Cannabinoids, S4. Anabolic agents, S5. Peptide hormones, S6. Beta-2-agonists, S7. Agents with antiestrogenic activity, S8. Masking agents, S9. Glucocorticosteroids; M1. Enhancement of oxygen transport, M2. Pharmacological, chemical and physical manipulation, M3. Gene doping.
S1. Stimulants, S2. Narcotics, S3. Cannabinoids, S4. Anabolic agents, S5. Peptide hormones, S6. Beta-2-agonists, S7. Agents with antiestrogenic activity, S8. Masking agents, S9. Glucocorticosteroids; M1. Enhancement of oxygen transport, M2. Pharmacological and chemical manipulation, M3. Gene doping.
S1. Stimulants, S2. Narcotics, S3. Cannabinoids, S4. Anabolic agents, S5. Peptide hormones, S6. Beta-2-agonists, S7. Agents with antiestrogenic activity, S8. Masking agents, S9. Glucocorticosteroids; M1. Enhancement of oxygen transport, M2. Pharmacological and physical manipulation, M3. Gene doping.
S1. Stimulants, S2. Narcotics, S3. Cannabinoids, S4. Anabolic agents, S5. Peptide hormones, S6. Beta-2-agonists, S7. Agents with antiestrogenic activity, S8. Masking agents, S9. Glucocorticosteroids; M1. Enhancement of oxygen transport, M2. Chemical and physical manipulation, M3. Gene doping.

What are some considerations related to high-risk sports and marginal nutrition?
Long-term loss of body fat below minimum normal values does not improve sports performance.
The loss of body fat below minimum normal values can lead to a decrease in performance.
The loss of body fat below minimum normal values can lead to an increase in performance.
The loss of body fat below minimum normal values has no effect on sports performance.

What is the normal range of resting heart rate?
60 to 80 beats per minute on average.
80 to 100 beats per minute on average.
40 to 60 beats per minute on average.
100 to 120 beats per minute on average.

What are some considerations about heart rate during exercise?
Factors such as temperature and altitude increase resting heart rate.
Before exercise, heart rate usually increases above normal values, which is called anticipatory response.
If our resting heart rate is 50 bpm when lying down, it will increase to 55 bpm when sitting and to 60 bpm when standing.
Certain diseases and medications can increase or decrease resting heart rate.
Heart rate increases proportionally to exercise intensity.
There is a direct correlation between maximum heart rate and maximum oxygen uptake during exercise.
The maximum heart rate is important for training planning and control, as well as for certain laboratory and field tests.
The formula used by the World Health Organization (WHO) to estimate maximum heart rate is 220 minus age.
After six months of moderate to moderate-intensity training, resting heart rate during submaximal exercise usually decreases by about 20 to 40 bpm.
Heart rate recovery period decreases with increased resistance training.
The left ventricle is the heart chamber most modified in response to resistance training.
The Frank-Starling law describes that the main factor that determines cardiac output is the volume of blood in the ventricle at the end of diastole.

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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO II
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
Unidade 1: 
 
 Conceitos básicos em fisiologia do exercício .............................................................. 
 
Unidade 2: 
 
 Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais ........................... 
 
Unidade 3: 
 
 Exercícios para gestantes .......................................................................................... 
 
Unidade 4: 
 
 Exercício e estresse térmico. ..................................................................................... 
 
Unidade 5: 
 
 Efeitos da utilização de Recursos ergogênicos no desempenho. .............................. 
 
Unidade 6: 
 
 Efeitos fisiológicos agudos e crônicos do exercício físico............................................ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Assumir a postura de um profissional que se apresente como mediador do 
conhecimento é compreender a diversidade e as complexidades que surgem na 
individualidade de cada educando diante de suas necessidades e potencialidades. 
Estudar em EaD não é uma tarefa tão fácil como muitos pensam, os desafios 
são constantes. Vale ressaltar que esta modalidade também permite muitas vantagens 
na aquisição de um curso superior, como a possibilidade da interatividade entre 
colegas, tutores e técnicos administrativos que auxiliam na construção da 
aprendizagem dentro do conforto de sua casa. 
O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) disponibiliza uma gama de recursos, 
tecnologias da comunicação e ferramentas de apoio à aprendizagem que permitem a 
interação acima, entre elas estão: fóruns, chats, videoconferências, simulações e 
exercícios on-line. 
Não poderíamos esquecer que muitas pessoas gostam de ler e estudar o 
material de maneira física, fazendo suas anotações, grifos e dialogando com os autores 
a partir de comentários ou apresentando dúvidas para serem sanadas pelo tutor ou 
para serem compartilhada com os colegas. 
 Buscando mais uma alternativa para apoiar os(as) alunos(as) em seus estudos, 
esta coletânea foi elaborada com o objetivo de facilitar a impressão de todos os 
capítulos de livros que estão disponibilizados no Ambiente Virtual de Aprendizado 
(AVA) para quem deseja estudar no material físico sem precisar imprimir os arquivos 
separados por unidades. Desta forma, o aluno poderá ter acesso a todos os textos que 
serão fundamentais para as atividades da disciplina em um só material. 
Bom trabalho e aproveite cada instante da oportunidade de construir 
conhecimento, pois este é um pilar fundamental para sua formação. 
Um abraço, 
Equipe Pedagógica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FISIOLOGIA 
APLICADA À 
FISIOTERAPIA
Marília Rossato Marques 
Conceitos básicos em 
fisiologia do exercício
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar as adaptações que ocorrem no organismo quando há 
realização de atividade física ou exercício.
 � Reconhecer as principais rotas metabólicas e como elas funcionam 
durante o exercício físico.
 � Relacionar os principais tipos de exercícios físicos com as rotas me-
tabólicas predominantes.
Introdução
O nosso organismo necessita continuamente de energia, seja para realizar 
uma atividade física ou apenas se manter em repouso e desempenhar as 
funções biológicas básicas. Ao realizar um exercício físico, o corpo ativa 
mecanismos, a fim de produzir mais energia, em contrapartida, também 
pode apresentar gastos energéticos durante esse processo.
É indispensável que o fisioterapeuta compreenda os efeitos dos 
diferentes exercícios físicos no organismo e quais são os principais me-
canismos metabólicos envolvidos na realização desses exercícios. Esse 
conhecimento será diretamente utilizado para que a intervenção fisio-
terapêutica seja planejada e definida. 
Dessa forma, neste capítulo, você irá estudar os conceitos básicos da 
fisiologia do exercício.
Adaptações do organismo ao exercício físico
Quando você realiza um exercício físico, é necessário que diversos sistemas 
do seu organismo sejam ativados de forma integrada. O conjunto de mudanças 
que acontecem envolve modificações no metabolismo e na homeostase cor-
poral, a fim de proporcionar adaptações ao exercício realizado. Ao iniciar um 
movimento, receptores sensoriais presentes nos seus músculos e articulações 
(mecanorreceptores e proprioceptores) são ativados, enviando informações 
para o seu encéfalo, mais especificamente para o córtex motor. Por meio de vias 
descendentes do córtex motor, centros de controle no bulbo são estimulados e 
adaptações no organismo são iniciadas (SILVERTHORN, 2010).
No sangue, por exemplo, as concentrações de hormônios, como o glu-
cagon, cortisol, catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e hormônio do 
crescimento, são alteradas. Essas modificações são indispensáveis para que o 
organismo obtenha energia para a realização do exercício físico. O glucagon, 
o cortisol e as catecolaminas, por exemplo, atuam mobilizando o glicogênio 
do fígado para a corrente sanguínea, aumentando os níveis plasmáticos de 
glicose, o principal substrato energético dos músculos para a execução de um 
exercício. O cortisol, as catecolaminas e o hormônio do crescimento ainda 
atuam na conversão de triacilgliceróis em glicerol e ácidos graxos. De forma 
associada, a secreção de insulina é diminuída durante o exercício físico, favo-
recendo a baixa captação de glicose pelas demais células corporais e poupando 
a glicose no sangue para que possa ser utilizada pelos músculos esqueléticos 
na conversão em energia (SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 2004).
No sistema respiratório, as respostas acontecem em decorrência ao estímulo 
proveniente do centro de controle respiratório, que é retroalimentado pelas 
informações sensoriais. A frequência e a amplitude da respiração aumentam, 
resultando na hiperventilação (hiperpneia do exercício). Durante e após o 
exercício físico, é observado um aumento no consumo de oxigênio para suprir 
a necessidade de oxigênio para o metabolismo aeróbio. Ao cessar o exercício, 
o consumo de oxigênio pós-exercício está relacionado à necessidade de usar o 
oxigênio para metabolizar o lactato, restaurar a concentração de FCr (fosfato 
de creatina) e ATP (adenosina trifosfato), bem como restabelecer a ligação 
entre a mioglobina e o oxigênio (SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 2004).
De forma semelhante, o centro de controle cardiovascular, localizado no 
bulbo, estimula o sistema cardiovascular e, portanto, mais sangue é ejetado 
a cada contração cardíaca (volume sistólico). A frequência cardíaca ainda é 
aumentada, promovendo um aumento do débito cardíaco. O fluxo sanguíneo 
periférico também é modificado e os músculos recrutados durante o exercício 
Conceitos básicos em fisiologia do exercício2
recebem um maior aporte sanguíneo, enquanto outros tecidos não diretamente 
exercitados têm as suas arteríolas em vasoconstrição. Além disso, ocorre um 
aumento na pressão sanguínea (SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 2004).
Grande parte da energia produzida durante o exercício físico é liberada sob 
a forma de calor, o que aumenta a temperatura corporal. Em consequência, 
dois mecanismos termorregulatórios são ativados: a sudorese e o aumento 
do fluxo sanguíneo cutâneo. Porém, ao mesmo tempo em que a temperatura 
corporal é diminuída pelo resfriamento gerado pela evaporação do suor, a 
sudorese leva à perda de líquidos, podendo causar desidratação. 
Em resposta à desidratação, há a ativação do processo de conservação de 
água nos rins associada à percepção de sede. O aumento do fluxo sanguíneo 
cutâneo também pode interferir na homeostase do organismo, pelo fato de 
diminuir a resistência periférica e desviar o fluxo sanguíneo dos músculos. Se 
a pressão venosa central tiver uma redução significativa por esse processo de 
termorregulação, o fluxo sanguíneo é normalizado para que ofluxo sanguíneo 
perfunda normalmente o sistema nervoso central (SNC) (SILVERTHORN, 
2010; HEYWARD, 2004).
Toda a ação integrada do metabolismo corporal e dos mecanismos de 
manutenção de homeostase diante do exercício físico permite que o organismo 
mantenha a sua estabilidade. Essa habilidade permite que o organismo evite 
ser submetido a alterações bruscas que criem risco ao seu funcionamento 
(Figura 1).
Rotas metabólicas
Para que o nosso organismo realize as suas funções, é necessário que seja pro-
duzida energia. Essa energia química pode ser obtida pela quebra da molécula 
de ATP, o que faz com que um dos três grupos fosfato seja removido dessa 
molécula. Devido a essa importante função, o ATP é conhecido como a moeda 
energética dos seres vivos, a qual permite que exista energia para ser utilizada 
durante processos químicos, mecânicos (como a contração da musculatura), 
elétricos (como a propagação de um estímulo nervoso pelo sistema nervoso), 
entre outros (SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007).
Para iniciar um exercício, é necessário ter energia para que ocorra contração 
da musculatura esquelética e que essa energia seja obtida por vias metabólicas. 
Inicialmente, a energia é proveniente da quebra de moléculas de ATP existentes 
nas fibras musculares. No entanto, pouco ATP existe nas fibras musculares, 
permitindo sustentar apenas um ou dois segundos de contração muscular 
3Conceitos básicos em fisiologia do exercício
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Conceitos básicos em fisiologia do exercício4
intensa, por isso, existem diferentes rotas metabólicas que proporcionam essa 
energia para a realização do exercício físico: a via anaeróbia alática, a via 
anaeróbia lática e a via aeróbia. As principais diferenças entre essas vias são 
a velocidade com que ocorrem, a necessidade ou não de o oxigênio participar 
da reação e a produção ou não de lactato (SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 
2004; TORRES; MARZZOCO, 2007).
Para dar continuidade ao exercício, ocorre a via anaeróbia alática que 
necessita da participação da molécula de FCr presente na fibra muscular. 
Porém, esta também é uma via rápida e, se o exercício necessitar ser mais 
longo, outras vias deverão ser ativadas para a obtenção do ATP. Conforme a 
disponibilidade de oxigênio, a via poderá ser a via anaeróbia lática, em caso 
de ausência de oxigênio, ou via aeróbia (fosforilação oxidativa), na presença de 
oxigênio. Essas vias ocorrem a partir de substratos provenientes de nutrientes, 
principalmente a glicose, que pode ser obtida não apenas pela ingestão de 
glicose livre, mas também em forma de amido, sacarose e lactose. Parte dos 
substratos que serão utilizados pelas vias metabólicas anaeróbia lática e aeróbia 
está localizado nas fibras musculares, enquanto a outra parte é direcionada 
pela corrente sanguínea de outras estruturas do corpo, como o fígado e o 
tecido adiposo, chegando até a musculatura esquelética (SILVERTHORN, 
2010; HEYWARD, 2004; TORRES; MARZZOCO, 2007).
As diferentes fibras musculares que existem na musculatura esquelética 
apresentam características diferenciadas e, por isso, têm a capacidade de 
obter energia preferencialmente por uma via ou outra. As fibras tipo I, por 
exemplo, são denominadas fibras lentas oxidativas. Essas fibras são altamente 
vascularizadas e ricas em mitocôndrias e mioglobina, tendo a capacidade de 
produzir ATP pela oxidação aeróbia. Por outro lado, as fibras tipo II, também 
conhecidas como fibras rápidas, têm poucas mitocôndrias e mioglobina, bem 
como poucas enzimas do metabolismo aeróbio e resistência à fadiga. Além 
disso, essas fibras tipo II têm maior capacidade de realizar a contração mus-
cular com grande velocidade por meio da via da glicólise anaeróbia, a qual 
utiliza a glicose e o glicogênio como substratos para obter energia (TORRES; 
MARZZOCO, 2007).
A distribuição dos tipos de fibras musculares pela musculatura esquelética 
é variada e determinada pelo modo de utilização dessa musculatura. Além 
disso, o exercício físico é um importante estímulo para a transformação mus-
cular, podendo converter um tipo de fibra em outro. A musculatura de atletas 
maratonistas que correm longas distâncias, por exemplo, tem predominância 
de fibras lentas do tipo I, enquanto os corredores de curta distância têm maior 
quantidade de fibras rápidas do tipo II (TORRES; MARZZOCO, 2007).
5Conceitos básicos em fisiologia do exercício
Via anaeróbia alática (ATP-CP)
Essa rota metabólica envolve o sistema fosfagênico, pois utiliza o FCr em sua 
via e, por isso, pode também receber o nome de via ATP-CP (CP do inglês 
creatine phosphate). Essa via é nomeada como anaeróbia alática por não 
precisar de oxigênio e não produzir lactato. 
O FCr existe em pequena quantidade nas fibras musculares, sendo produ-
zido nos períodos de repouso, por isso se torna uma via bastante limitada ao 
sustentar apenas 15 segundos de exercício físico. Ao mesmo tempo, também 
é uma via que permite um exercício físico de alta intensidade e rápido, pois 
as suas reações ocorrem rapidamente, liberando energia para o exercício 
(SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007).
Tal via ocorre pela conversão da adenosina difosfato (ADP), proveniente 
da quebra do ATP que existia nas fibras musculares, para ATP por ação 
do FCr. Isso acontece pela quebra da molécula de FCr pela ação da enzima 
creatina quinase, liberando um fosfato que irá se ligar à molécula de ADP, 
formando uma molécula de ATP. O rendimento final dessa via é a produção 
de uma molécula de ATP para cada molécula de FCr (SILVERTHORN, 2010; 
TORRES; MARZZOCO, 2007).
Via anaeróbia lática (glicólise)
Nessa via, a glicose é utilizada para produzir energia. A conversão da glicose 
até a molécula de piruvato rende pouco ATP, quando comparado à via aeróbia, 
no entanto, trata-se de um processo utilizado por diversas células do nosso 
corpo, além das fibras musculares, como, por exemplo, as hemácias, as células 
na medula renal, os espermatozoides, etc. (SILVERTHORN, 2010; TORRES; 
MARZZOCO, 2007).
É uma rota que não necessita de oxigênio, mas produz lactato. A partir de 
uma molécula de glicose, ocorre o processo de glicólise, ou seja, a separação 
dessa molécula que dará origem a dois piruvatos. Durante esse processo, ocorre 
uma grande liberação de hidrogênio, o que poderia deixar a célula ácida. Para 
evitar essa acidez, o transportador de elétron, nomeado como nicotina adenina 
dinucleotídeo (NAD), liga-se ao hidrogênio, formando o composto NADH. 
Na sequência, o NADH se liga ao piruvato, formando a molécula de lactato 
(SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007).
Conceitos básicos em fisiologia do exercício6
Diferentemente do que muitos afirmam de maneira incorreta, essa reação 
não produz ácido lático seguido de acidose pelo aumento da quantidade de 
prótons e lactato no plasma. A molécula formada é o lactato e, nesse processo, 
ocorre o consumo de prótons e não a sua produção. Os prótons produzidos 
nessa via são provenientes da intensa hidrólise de ATP. A produção do ATP por 
essa via é 2,5 vezes mais rápida do que a via aeróbia, porém, são produzidas 
apenas 2 moléculas de ATP para cada molécula de glicose (SILVERTHORN, 
2010; TORRES; MARZZOCO, 2007).
Via aeróbia(oxidativo)
A via aeróbia também utiliza a glicose para produzir energia, no entanto, 
rende muito mais ATP do que a via anaeróbica lática. Ela se diferencia das 
vias anteriores por ocorrer a fosforilação oxidativa ao utilizar oxigênio du-
rante o processo de produção de energia. Nessa rota, além da glicose, pode 
ser utilizado como substrato energético o glicogênio, os ácidos graxos ou os 
aminoácidos (SILVERTHORN, 2010).
Quando a célula tem adequada quantidade de oxigênio para o metabolismo 
aeróbio, as moléculas de piruvato são deslocadas para o interior das mitocôn-
drias das células. Ao chegar à matriz mitocondrial, as moléculas de piruvato são 
quebradas em acetil e associadas à coenzima, formando o acetilcoenzima-A 
(AcetilCoA). A partir desse momento, é dado início ao chamado ciclo do ácido 
cítrico, também conhecido como ciclo de Krebs por ter sido descrito por Hans 
A. Krebs. Esse ciclo produz uma rota circular que produz ATP, elétrons de alta 
energia e dióxido de carbono dentro da mitocôndria celular (SILVERTHORN, 
2010; TORRES; MARZZOCO, 2007).
No ciclo do ácido cítrico, a unidade de AcetilCoA com seus dois carbonos 
se combina com uma molécula de oxaloacetato que tem quatro carbonos, 
resultando em uma molécula de citrato com seis carbonos. Essa molécula 
passa por diversas outras reações até retornar ao estado de oxaloacetato com 
quatro carbonos. A energia produzida durante essa rota ou é capturada como 
elétrons pelos transportadores NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e 
dinucleotídeo de flavina e adenina (FAD) ou é usada em ligações fosfato de 
ATP ou, ainda, é liberada em forma de calor (SILVERTHORN, 2010; TORRES; 
MARZZOCO, 2007).
7Conceitos básicos em fisiologia do exercício
O rendimento final da via aeróbia, apesar de ser mais lenta, é a produção 
entre 30 e 32 moléculas de ATP para cada molécula de glicose (Quadro 1) 
(SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007).
Fonte: Adaptado de Silverthorn (2010) e Torres e Marzzoco (2007).
Via anaeróbia 
alática
Via anaeróbia 
lática
Via aeróbia
Uso de O2 Não Não Sim
Produção 
de lactato
Não Sim Não
Quantidade 
de ATP 
produzida
1 ATP a partir de 
cada molécula de 
fosfato de creatina
2 ATP para 
cada molécula 
de glicose
30 a 32 ATP para 
cada molécula 
de glicose
Quadro 1. Comparativo das vias anaeróbias e via aeróbia e seus processos metabólicos
Vendo a Figura 2, é possível saber mais sobre a contribuição energética das principais 
rotas metabólicas desencadeadas pelo exercício físico.
ATP-CP Glicólise Oxidativo
Duração do ExercícioC
on
tr
ib
ui
çã
o 
En
er
gé
tic
a
100
50
0
0 1 2 3 4 5
Figura 2. Gráfico representativo da contribuição energética anaeróbia e aeróbia conforme 
a duração do exercício físico. 
Fonte: Adaptada de McCallum (2017).
Conceitos básicos em fisiologia do exercício8
Diferentes exercícios e suas 
principais rotas metabólicas
Se você participar de uma corrida de 10 km ou de 100 m, todas as rotas me-
tabólicas terão a sua parcela de contribuição, porém, a porcentagem de uso 
de cada via produtora de energia será diferente. O que determina a proporção 
de contribuição de cada via para o fornecimento de energia à musculatura 
esquelética para a execução de determinados exercícios físicos é a intensidade 
e a duração do exercício (SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 2004).
Exercícios físicos que exigem grande intensidade, como corridas de curta 
distância, levantamento de peso, saltos ou mergulhos, utilizam rotas metabó-
licas mais rápidas e dependentes da degradação anaeróbia de substratos, já 
que não existe oxigênio suficiente para que ocorra o metabolismo aeróbio. Ao 
iniciar um movimento, é utilizado o ATP presente na musculatura esquelética, 
permitindo a ativação da via anaeróbia alática. No entanto, os músculos têm 
pequena quantidade de ATP disponível, além de pouco FCr. Isso permite que o 
exercício intenso tenha durabilidade máxima de 15 segundos (SILVERTHORN, 
2010; HEYWARD, 2004).
Se houver a necessidade de continuidade no exercício físico, a muscula-
tura necessitará de energia derivada de outras fontes energéticas, como os 
nutrientes armazenados e mobilizados do fígado ou do tecido adiposo, os 
quais são transportados até os músculos esqueléticos pela corrente sanguínea. 
Os carboidratos e as gorduras são os principais substratos para a produção de 
energia (SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 2004).
As atividades com duração um pouco maior, mas que ainda necessitam de 
muita força, em geral, recrutam a via anaeróbia lática. Isso acontece porque 
a reserva muscular de oxigênio é pequena, aumentando gradual e proporcio-
nalmente a demanda muscular de ATP, por isso, uma alternativa imediata é a 
degradação anaeróbia de glicose. É o caso de exercícios intensos com duração 
de 1 ou 2 minutos, como as corridas de 200 e 400 metros, bem como os es-
portes que apresentam corridas intermitentes, como o basquete ou o futebol. 
Nessa via, existe a necessidade de glicose, molécula obtida principalmente 
dos carboidratos (SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 2004).
9Conceitos básicos em fisiologia do exercício
Por fim, os exercícios de longa duração permitem uma maior adaptação 
do organismo. Conforme o sistema respiratório e o sistema circulatório são 
ativados e possibilitam um maior suprimento de oxigênio, aumenta-se a con-
tribuição da via aeróbia para o fornecimento de energia e cresce também o 
fornecimento de ácidos graxos para a musculatura, que, aos poucos, assume 
grande importância no metabolismo energético devido ao decréscimo da 
reserva de glicogênio pela continuidade do exercício físico (SILVERTHORN, 
2010; HEYWARD, 2004).
Dessa forma, exercícios como uma longa maratona exigem o fornecimento 
de energia por um tempo muito maior, necessitando da ativação da via aeróbia. 
Nessa via, a produção de ATP é mais lenta, porém, enquanto na via anaeróbia 
lática existe uma produção de duas moléculas de ATP para cada molécula de 
glicose, na rota aeróbia são produzidos entre 30 e 32 moléculas de ATP para 
cada molécula de glicose. Essa grande quantidade de ATP produzida pela via 
aeróbia é indispensável para a manutenção dos exercícios de longa duração 
(SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 2004).
Veja na Figura 3 o ciclo do ácido cítrico (também conhecido como ciclo de Krebs), 
perceba que o processo inicia com a AcetilCoA. Nessa rota circular, são produzidos 
ATP, elétrons de alta energia e dióxido de carbono.
Via anaeróbia
Misto de duas
vias Via aeróbia
Intensidade do exercício
Figura 3. Imagem representativa da relação das rotas metabólicas e dos tipos de exercícios 
físicos. 
Fonte: Adaptada de Riddell et al. (2017).
Conceitos básicos em fisiologia do exercício10
Você já imaginou o porquê de alguns atletas como Usain Bolt conseguirem adquirir 
performances motoras incríveis? A fisiologia pode explicar.
Acesse o link a seguir e veja a notícia que explica algumas características físicas 
desse atleta.
https://goo.gl/o9NG7T
HEYWARD, V. H. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. 4. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2004. 
MCCALLUM, S. Muscle fatigue, muscle recovery and how this knowledge applies to 
rock climbers. Duluth Journal of Undergraduate Biology, v. 4, p. 12-18, 2017.
RIDDELL, M. C. et al. Exercise management in type 1 diabetes: a consensus statement. 
The Lancet Diabetes & endocrinology, v. 5, n. 5, p. 377-390, 2017.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2010.
TORRES, B. B.; MARZZOCO, A. Bioquímica básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
11Conceitos básicos em fisiologia do exercício
Leituras recomendadas
GUYTON, A. C.; HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: 
Elsevier Brasil, 2006.
HUIJSMANS, R. J. et al. The clinical utility of the GOLD classification of COPD disease 
severity in pulmonary rehabilitation. Respiratory Medicine, v. 102, n. 1, p. 162-171, 2008.
SWANWICK, E.; MATTHEWS, M. Energy systems: a new look at aerobic metabolism in 
stressfulexercise. MOJ Sports Medicine, v. 2, n. 1, p. 39, 2018.
Conceitos básicos em fisiologia do exercício12
Conteúdo:
ESTUDO DO 
MOVIMENTO III: 
FISIOLOGIA DO 
EXERCÍCIO
Gustavo Leite Camargos
Fundamentos da fisiologia 
do exercício para 
populações especiais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer a fisiologia do exercício como ferramenta de auxílio na 
prescrição e montagem do programa de exercícios.
  Apresentar os efeitos fisiológicos de base para interpretação das ne-
cessidades do exercício físico.
  Discutir as condutas iniciais para o atendimento e prescrição do 
exercício.
Introdução
Para aqueles que trabalham com a prescrição de exercício físico, o co-
nhecimento em fisiologia do exercício é altamente necessário, pois é 
extremante importante conhecer a ampla gama de respostas ao exercício, 
incluindo aquelas que ocorrem no âmbito de uma determinada classe 
de doenças, bem como entre as diferentes condições especiais.
Neste capítulo, você conhecerá a importância do conhecimento em 
fisiologia do exercício na prescrição e aplicação de programas de exercício 
físico com ênfase em grupos especiais. Assim, ampliará seu conhecimento 
sobre as principais modificações fisiológicas ocorridas nas condições 
especiais apresentadas, compreendendo o possível papel do exercício 
no seu tratamento. Além disso, conhecerá as principais condutas para 
o atendimento às respectivas populações especiais, com destaque para 
suas individualidades e aspectos mais importantes.
A fisiologia na prescrição e montagem 
de programas de exercícios
O conhecimento em fi siologia do exercício é essencial para compreender quais 
são as demandas impostas ao organismo, dependendo dos tipos e métodos de 
treinamento utilizados, e quais poderão ser as respostas e adaptações provo-
cadas (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). A aptidão física é um estado 
de funcionamento corporal caracterizado pela capacidade do indivíduo em 
tolerar o estresse do exercício. Como diferentes tipos de exercícios envolvem 
diferentes capacidades para serem realizados, a aptidão física abrange um 
conjunto de componentes, como força, potência e resistência musculares, 
a resistência cardiorrespiratória, a fl exibilidade, a composição corporal e a 
agilidade. E para promover melhorias nesses componentes da aptidão física, é 
importante conhecer antes de mais nada quais são as variáveis relevantes e as 
relações de estímulos necessários para promover as modifi cações (POWERS; 
HOWLEY, 2017; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). Apenas assim é 
possível estabelecer um diagnóstico correto das necessidades do indivíduo 
(EHRMAN et al., 2017).
Quando trabalhamos com grupos especiais, esses conhecimentos se tornam 
ainda mais urgentes, pois estamos lidando com indivíduos que apresentam 
algum problema de saúde ou alguma condição de caráter irreversível que 
pode interferir diretamente na prática esportiva, ou que exigem cuidados 
específicos para participarem de algum programa de exercício físico. Nesse 
contexto, podem ser incluídos idosos e indivíduos com alguma condição 
cardiovascular ou alteração metabólica como diabetes, obesidade e câncer 
(ROBERGS; ROBERTS, 2002; ACSM, 2018). 
Para cada uma das condições citadas, se torna importante compreender 
as principais modificações fisiológicas associadas e como o exercício físico 
deve ser prescrito, ou seja, quais são as principais diretrizes de prescrição e as 
principais variáveis fisiológicas de controle e avaliação. Assim, é necessário 
compreender, por exemplo, as principais modificações vasculares e neuromus-
culares no indivíduo idoso, a fim de promover uma prescrição adequada, que 
permita adaptações específicas e melhora nas variáveis necessárias (POWERS; 
HOWLEY, 2017; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Além disso, o conhecimento das variáveis fisiológicas e de como elas se 
comportam nas condições especiais permite o controle adequado da intensi-
dade do exercício. Em cardiopatas e hipertensos que usam betabloqueadores, 
por exemplo, o exercício irá promover competição pela ligação de adrenalina 
e noradrenalina nos receptores beta-adrenérgicos cardíacos, o que reduz a 
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais2
frequência cardíaca (FC) e o vigor da contração miocárdica durante o esforço 
físico. Assim, ter esse conhecimento é importante ao prescrever exercícios e 
interpretar os resultados dos testes de esforço de indivíduos que tomam esse 
tipo de medicamento, dentre outros (EHRMAN et al., 2017; ACSM, 2018).
Um fisiologista do exercício capacitado deve possuir ampla gama de co-
nhecimentos nas seguintes áreas: anatomia, fisiologia, química, biologia e 
psicologia, além, é claro, do conhecimento sobre prescrição de exercício físico. 
Os fisiologistas do exercício avaliam, planejam ou implementam programas 
de condicionamento que incluem exercícios físicos destinados a melhorar 
a função cardiorrespiratória, a composição corporal, a força e a resistência 
muscular e a flexibilidade (EHRMAN et al., 2017).
Sendo assim, é possível afirmar que conhecimentos em fisiologia do exer-
cício para prescrição de programas permitem promover melhores resultados, 
com base em análises de dados e levantamentos da condição de cada indivíduo. 
Conhecer todas as respostas fisiológicas durante a realização de diferentes 
modalidades e intensidades de exercícios permitirá ao profissional ser mais 
assertivo na sua prescrição e, principalmente, prestar um trabalho de maior 
qualidade, segurança e eficiência para seu aluno, cliente ou paciente, com 
atenção especial aos indivíduos que possuem alguma condição especial ou 
alguma doença diagnosticada (EHRMAN et al., 2017; POWERS; HOWLEY, 
2017; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
Efeitos fisiológicos para interpretação 
das necessidades de exercício físico
Como já destacado, os grupos especiais englobam um conjunto de indivíduos 
que apresentam alguma condição especial. A fi m de promover uma melhor 
organização e entendimento dessas condições, serão apresentadas as principais 
alterações fi siológicas para as seguintes condições, nessa ordem: crianças e 
adolescentes; envelhecimento; gestantes; diabetes melito; obesidade; doenças 
cardiovasculares; doenças pulmonares; câncer; doenças neurodegenerativas; 
transtornos mentais comuns.
Crianças e adolescentes
As crianças e adolescentes são fi siologicamente adaptáveis tanto aos treinamen-
tos aeróbicos quanto aos de força muscular (resistência). Para essa população, 
o exercício físico contribui na redução dos fatores de risco cardiometabólicos, 
3Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
auxiliando no controle do peso corporal, no aumento da força óssea e no 
bem-estar psicossocial. Além disso, a atividade física (AF) e a aptidão física 
parecem estar associadas positivamente ao melhor desempenho escolar e 
cognitivo (ACSM, 2018). 
Crianças apresentam menor eficiência ventilatória quando comparadas aos 
adultos, além de possuírem menor amplitude e maior frequência de passadas. 
Além disso, apresentam menores valores de capacidade aeróbica absoluta (l/
min) e menor capacidade de gerar potência muscular. As crianças pré-púberes, 
quando comparadas às crianças púberes e aos adultos, possuem capacidade 
limitada para aumentar a massa muscular, principalmente devido aos níveis 
mais baixos de andrógenos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
Envelhecimento
A partir dos 35–40 anos de idade, a tendência é que nossa capacidade fun-
cional comece a declinar, com a deterioração variando em qualquer idade, 
porém sofrendo infl uências genéticas, sexuais e de estilo de vida de cada um. 
Nosso pico de força muscular geralmente é alcançado entre os 20 e 40 anos, 
quando, então, a força concêntrica da maioria dos grupos musculares começa 
a declinar (MCARDLE; KATCH; KATCH TCH, 2018). A perda de força 
sofre infl uência direta do nível mais baixo de AF em indivíduos idosos; no 
entanto, a perda acelerada que ocorreentre os 60 e 80 anos de idade decorre 
da própria perda de massa muscular, inerente ao envelhecimento, chamada 
de sarcopenia (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Observa-se ainda que o ritmo de perda de força é maior nos membros 
inferiores do que nos membros superiores, o que se torna uma preocupação por 
elevar o risco de quedas (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). No entanto, o 
treinamento de força é capaz de promover alterações positivas, aumentando a 
força muscular nos idosos de forma muito similar ao que ocorre em indivíduos 
mais jovens (POWERS; HOWLEY, 2017). De fato, cargas equivalentes a 80% 
de uma repetição máxima (1–RM) são capazes de promover tanto o aumento 
de massa quanto de força muscular (Figura 1), indicando que os idosos apre-
sentam impressionante plasticidade nas características fisiológicas, estruturais 
e relacionadas com o desempenho, mesmos que as capacidades de responder 
aos sinais de crescimento muscular diminuíam com a idade (MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2018).
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais4
Figura 1. Plasticidade na resposta fisiológica de resistência em dutos mais 
velhos: (a) corte transversal da coxa de idoso de 92 anos antes e (b) depois 
de 112 semanas de treinamento de força. Houve aumento de 44% na área 
magra de corte transversal.
Fonte: Adaptada de McArdle, Katch e Katch (2018).
A potência aeróbica máxima (VO2máx) declina com o passar dos anos, em 
aproximadamente 1% ao ano (0,4–0,5 ml/kg) sendo influenciada por reduções 
no nível de AF e aumento no percentual de gordura corporal. A manutenção 
de programas de treinamento é útil para promover menores perdas no VO2máx 
e maior cinética do consumo de O2 de forma semelhante para indivíduos 
jovens, sendo necessário um tempo maior para ocorrer o efeito do treinamento 
(POWERS; HOWLEY, 2017). Durante o envelhecimento, ainda se observam 
outras alterações cardiovasculares, como o declínio da FC e do volume sistólico, 
devido à diminuição do efluxo simpático ao coração, menor débito cardíaco 
e redução na complacência das grandes artérias, com consequente elevação 
da pressão arterial (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
Gestantes
A gestação é marcada por modifi cações fi siológicas e anatômicas progressi-
vas. O organismo da grávida está constantemente tentando adequar as suas 
demandas às necessidades do feto em desenvolvimento. Para isso, vários 
mecanismos tentam manter um ambiente fi siologicamente estável. As principais 
adaptações cardiovasculares e metabólicas à gestação incluem um aumento 
do volume sanguíneo em torno de 40–50%, ligeiro aumento do consumo do 
O2, aumento do gasto energético para exercícios com sustentação de peso, 
5Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
maiores valores para frequência cardíaca e aumento do débito cardíaco durante 
os dois primeiros trimestres, com sua redução no terceiro trimestre, gerando 
maior risco de hipotensão. Dessa forma, a implementação de um programa de 
exercício físico deve levar em consideração essas modifi cações (POWERS; 
HOWLEY, 2017).
De fato, gestantes sem contraindicações são orientadas a se exercitar ao 
longo da gravidez, pois, além dos benefícios do exercício para essa população, 
existe uma preocupação com os riscos a curto e a longo prazos associados ao 
comportamento sedentário. Alguns dos benefícios incluem (ACSM, 2018):
  prevenção no ganho excessivo de peso durante a gestação;
  prevenção de desenvolvimento de diabetes melito gestacional;
  redução do risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia;
  redução dos sintomas de lombalgia;
  risco reduzido de incontinência urinária;
  prevenção e/ou melhora de sintomas da depressão;
  manutenção da aptidão física;
  prevenção de retenção de peso no pós-parto. 
Atualmente, diversas evidências apontam para o benefício da prática de exercício físico 
durante a gestação; no entanto, ainda existem barreiras que precisam ser quebradas, 
tal como o temor de profissionais da saúde com o risco de complicações na gestação 
devido ao exercício físico. Isso é lamentável, pois já é comprovado que a AF praticada 
de forma regular está associada positivamente com a prevenção de várias condições 
e melhora da qualidade de vida da gestante. Portanto, deve-se enfatizar a divulgação 
dessas informações para o grupo de profissionais que atuam junto a essa população, 
para que tenham real conhecimento sobre os riscos e benefícios da AF durante a 
gestação (POWERS; HOWLEY, 2017).
Diabetes melito
Diabetes melito é um termo que abrange um grupo de doenças metabólicas 
caracterizadas pela difi culdade de se produzir insulina sufi ciente ou de utilizá-la 
de forma adequada, resultando em hiperglicemia. A insulina é um hormônio 
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais6
produzido pelas células beta do pâncreas, e é extremamente necessária para 
que os músculos, tecido adiposo e o fígado, consigam utilizar glicose. Os 
tipos que mais acometem os indivíduos são o diabetes melito tipo 1 (DM1) 
(5 a 15% dos casos) e o diabetes metilo tipo 2 (DM2) (90 a 95% dos casos) 
(EHRMAN et al., 2017). 
O DM1 é uma condição ocasionada principalmente pela destruição 
autoimune das células beta do pâncreas, embora, em alguns casos, seja 
idiopático. Pela ausência quase absoluta de insulina, o portador de DM1 
tem grande tendência a desenvolver cetoacidose diabética por acúmulo de 
cetonas (corpos cetônicos) devido a maior metabolismo de ácidos graxos. 
Dessa forma, é prescrito insulina via injeções regulares (insulinodepen-
dentes). A cetoacidose diabética pode ocorrer principalmente se estiverem 
descompensados e/ou quando a insulina encontra-se muito baixa ou o seu 
uso não está correto. Os sintomas associados a essa condição incluem 
dor abdominal, náusea, vômito, hálito com odor adocicado ou de fruta e 
respiração acelerada ou profunda (taquipneico) (EHRMAN et al., 2017; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
O DM2 acomete principalmente indivíduos acima de 40 anos; no entanto, 
atualmente observa-se um aumento da sua incidência em adolescentes. Essa 
condição é complexa e multifatorial, manifestando-se geralmente com resis-
tência à insulina (RI) nos tecidos periféricos e/ou secreção diminuída de tal 
hormônio (EHRMAN et al., 2017). Dessa forma, o organismo é incapaz de 
utilizar a insulina de modo adequado, sobretudo nos músculos esqueléticos, 
gerando uma sobrecarga do pâncreas, que aumenta a produção desse hormô-
nio. Uma vez que o pâncreas não consegue mais elevar essa produção para 
compensar a RI, haverá a elevação da glicemia sanguínea (hiperglicemia) 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Os fatores que influenciam o risco de desenvolver o DM2 são genéticos, 
a obesidade, principalmente central (circunferência de cintura maior que 102 
cm nos homens e 89 cm nas mulheres), a idade, o sedentarismo e a presença 
de hipertensão; além disso, a dislipidemia parece contribuir com a sua fisio-
patologia. De fato, 80% dos indivíduos com DM2 tem excesso de peso ou são 
obesos (EHRMAN et al., 2017). 
Indivíduos que apresentam obesidade central e RI frequentemente evoluem 
para uma condição de pré-diabetes, marcada por hiperglicemia em resposta 
a dietas carboidratadas (intolerância à glicose) e/ou glicemia plasmática em 
jejum elevada (intolerância à glicose em jejum) (Quadro 1). Esses indivíduos 
7Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
apresentam risco elevado de desenvolver DM, uma vez que a capacidade de 
secreção das células beta tende a diminuir com o tempo (ACSM, 2018). O 
exercício físico é capaz de promover o aumento da sensibilidade à insulina e 
melhora no transporte de glicose para as células musculares, por sinalização 
celular via AMPK (POWERS; HOWLEY, 2017).
Fonte: Adaptado de ACSM, (2018).
Normal Pré-diabetes DM
HbA1c < 5,7% HbA1c = 5,7 a 6,4% HbA1c > 6,4%
GPJ < 100 mg.dl-1 GPJ = 100 a 125 mg.dl-1 GPJ > 125 mg.dl-1
GP de 2h < 140 mg.dl-1 GP de 2h = 140 
a 199 mg.dl-1
GP de 2h > 199 mg.dl-1
HbA1c: hemoglobina glicada;GPJ: glicose plasmática de jejum; GP: glicose 
plasmática.
Quadro 1. Critérios diagnósticos para pré-diabetes e DM
Obesidade
O sobrepeso e a obesidade são defi nidos com base na avaliação do índice 
de massa corporal (IMC), correspondendo a 25–29,9 kg.m-2 e a 30 kg.m-2 ou 
mais, respectivamente. Para todas as idades e etnias, ambas condições estão 
associadas a um aumento no risco de diversas condições crônicas como doenças 
cardiovasculares, DM, alguns tipos de cânceres e até alterações musculoes-
queléticas (EHRMAN et al., 2017; POWERS; HOWLEY, 2017; ACSM, 2018).
Embora o IMC seja utilizado para avaliar a obesidade, é necessária a rea-
lização de outras avaliações para corroborar o real estado do indivíduo, pois 
esse dado isolado não leva em consideração sua proporção de massa gorda e 
massa magra (Figura 2) (EHRMAN et al., 2017).
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais8
Figura 2. Comparação entre dois homens com 
mesma estatura e mesmo peso corporal, mas com 
diferenças nas outras variáveis antropométricas. 
Fonte: Adaptada de Ehrman et al. (2017).
O sobrepeso e a obesidade resultam de um balanço calórico positivo a longo 
prazo, associado ao consumo e ao gasto energético (CE e GE, respectivamente); 
portanto, entende-se que a redução do peso exige uma elevação do GE e uma 
diminuição do CE a médio e longo prazos (ACSM, 2018). O GE envolve a taxa 
metabólica basal (TMB), a termogênese dos alimentos e a prática de exercício/
AF. A primeira corresponde à velocidade do gasto energético mensurado em 
condições padronizadas, e representa um gasto entre 60 a 75% do total de um 
indivíduo sedentário, sendo maior em indivíduos mais jovens e, após os 20 anos, 
diminui cerca de 2 a 3% por década em mulheres e homens, respectivamente. 
Além disso, o aumento do percentual de gordura corporal e dietas restritivas 
prolongadas contribuem para redução da TMB. A termogênese dos alimentos 
corresponde a cerca de 10 a 15% do GE total, não sendo, portanto, um preditor 
de obesidade quando se avalia o GE. Por fim, a AF e o exercício representam 
um gasto de até 40% do GE diário. De fato, estudos mostram uma associação 
inversa entre AF e o peso corporal, havendo melhor distribuição de peso em 
pessoas fisicamente ativas (POWERS; HOWLEY, 2017). 
9Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
Atualmente, admite-se que uma inflamação sistêmica crônica subclínica 
está associada a uma gama de doenças crônicas como a hipertensão, car-
diopatias e acidente vascular encefálico, alguns tipos de câncer, condições 
respiratórias, DM2 e síndrome metabólica. Essa inflamação é caracterizada por 
aumento na concentração de citocinas inflamatórias como o TNFα, interleucina 
6 (IL–6), interleucina 1β (IL–1β) e proteína C reativa (PCR). A quantidade 
excessiva de tecido adiposo parece promover o aumento na concentração de 
alguma dessas citocinas, o que poderia justificar o elo entre a obesidade e as 
variadas doenças crônicas (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Em condições normais, células chamadas adipócitos sintetizam e armazenam lipídeos, 
além de liberar hormônios anti-inflamatórios como a adiponectina. No entanto, essas 
mesmas células possuem a capacidade de secretar citocinas inflamatórias. De fato, o 
aumento dos adipócitos, principalmente viscerais, promove maior secreção de IL–6, 
concomitantemente à redução de adiponectina. Além disso, macrófagos começam 
a se infiltrar no tecido adiposo aumentado, contribuindo para uma inflamação local, 
onde passam a secretar TNFα. O tecido adiposo passa então a liberar ácidos graxos 
livres (AGL), juntamente com a IL–6 e o TNFα no fígado, que, em seguida, cairão na 
circulação geral. Esses fatores inflamatórios estimulam o fígado a secretar a PCR, e esta 
é usada como marcador inflamatório (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Doenças cardiovasculares 
Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças 
cardiovasculares (DCV) são sobrepeso e obesidade, comportamento seden-
tário e componente genético (EHRMAN et al., 2017). As DCVs mais comuns 
englobam a insufi ciência cardíaca (IC) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) 
(EHRMAN et al., 2017; POWERS E HOWLEY, 2017; ACSM, 2018; MCAR-
DLE; KATCH; KATCH, 2018).
Pacientes que sofrem de IC apresentam uma incapacidade cardíaca em 
acompanhar as demandas metabólica dos órgãos e tecidos. Essa condição 
está associada principalmente ao ventrículo esquerdo (VE), podendo ser 
causada por falhas na função sistólica ou diastólica (EHRMAN et al., 2017). 
Cerca de 60% dos casos de IC estão associados a doença cardíaca isquêmica 
(DCI), ou seja, aterosclerose coronariana, gerando infarto do miocárdio (IM), 
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais10
além de consumo crônico de álcool, hipertensão a longo prazo, disfunções 
das válvulas cardíacas, infecções virais e/ou outros fatores desconhecidos 
(EHRMAN et al., 2017).
Essa condição gera várias adaptações fisiológicas e mudanças compen-
satórias associadas à disfunção do VE. De forma resumida, podem ocorrer 
reduções da fração de ejeção, aumento da massa do VE, com volume diastólicos 
e sistólicos finais elevados (insuficiência sistólica) ou diminuídos (insuficiência 
diastólica), edemas ou retenção de líquido tanto pelo aumento da pressão dias-
tólica quanto pela ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAA) 
e ainda um desequilíbrio do sistema nervoso autônomo, podendo promover 
inibição da atividade parassimpática e aumento da atividade simpática, que 
promove maior resistência periférica, além da diminuição da secreção de óxido 
nítrico (NO) e aumento de endoteliana–1 (EHRMAN et al., 2017). O treina-
mento físico é amplamente reconhecido como um complemento extremamente 
importante na terapêutica para o atendimento de indivíduos com IC crônica e 
estável, promovendo melhoras no VO2pico , na função hemodinâmica central, 
na regulação do sistema nervoso autônomo, na função vascular periférica e 
no aumento da capacidade oxidativa do músculo esquelético dos membros e 
da musculatura respiratória (ACSM, 2018).
A HAS é considerada, atualmente, a doença cardiovascular mais comum, 
afetando milhões de pessoas pelo mundo. Segundo as diretrizes internacionais, 
a HAS é diagnosticada quando o indivíduo apresenta pressão arterial sistólica 
(PAS) em repouso maior que 139mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) 
superior a 89mmHg, confirmadas por no mínimo duas medições em pelo menos 
dois dias separados, ou pela ingestão de algum medicamento anti-hipertensivo 
(EHRMAN et al., 2017; ACSM, 2018).
Os fatores patogênicos que contribuem para a HAS estão associados a 
aumento do débito cardíaco, da resistência periférica total (RPT) ou de ambos, 
sendo mais comumente associada ao aumento da RPT (EHRMAN et al., 
2017). A manutenção de valores pressóricos elevados causa lesão no endotélio 
vascular, contribuindo para o processo de aterosclerose, elevando a RPT. Dessa 
forma, ocorre aumento da pós-carga cardíaca, o que contribui para remodelação 
hipertrófica do VE, que, como já descrito, é uma das principais causas de IC.
Doenças pulmonares
As alterações pulmonares podem ser subdivididas em condições obstrutivas, 
em que há difi culdade do fl uxo de ar pulmonar, ou restritivas, em que há 
redução das dimensões pulmonares (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
11Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) envolve um conjunto de 
doenças do trato respiratório que geram obstrução ao fluxo de ar, sendo as mais 
comuns o enfisema e a bronquite crônica, que se manifestam mais frequen-
temente em indivíduos tabagistas crônicos; seus sintomas incluem dispneia, 
hipercapnia, tosse persistente e cianose. Atualmente a asma não é considerada 
uma DPOC; no entanto, suas condições ventilatórias se assemelham a uma, 
e, por isso, será discutida juntamente com as DPOCs (MCARDLE; KATCH; 
KATCH, 2018). 
O enfisema é caracterizado por um aumento permanente e anormaldos 
bronquíolos e alvéolos, devido à destruição do parênquima pulmonar sem a 
presença de fibrose. Os indivíduos enfisematosos costumam apresentar uma 
baixa capacidade física e sensação de dispneia extrema mediante esforços físi-
cos. Já a bronquite se manifesta como uma inflamação que, quando prolongada, 
pode levar a bronquite crônica. Essa inflamação pode ser desencadeada por 
agentes irritantes como a fumaça do cigarro. As membranas mucosas tendem a 
se dilatar, o que eleva a produção de muco, obstruindo as veias respiratórias e 
gerando a tosse crônica típica desses pacientes. Assim como no enfisema, esses 
indivíduos apresentam capacidade funcional reduzida, podendo apresentar 
fadiga mesmo em esforços mais leves (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Estudos tem demonstrado que, além das alterações pulmonares, a DPOC 
contribui para a disfunção da musculatura esquelética, o que poderia, por sua 
vez, contribuir para a intolerância aos exercícios nesses indivíduos. Biopsias 
de músculos de pacientes com DPOC demonstraram uma menor proporção 
de fibras do tipo 1 (oxidativas), o que poderia ser justificado pela hipoxemia 
crônica (baixa concentração de O2 no sangue) (MCARDLE; KATCH; KA-
TCH, 2018).
Por sua vez, a asma é uma condição que acomete vários indivíduos ao 
redor do mundo, caracterizada por uma inflamação e hipersensibilidade das 
vias aéreas inferiores, gerando broncoconstrição. É uma condição crônica que 
gera episódios recorrentes de falta de ar, sibilo, dor no peito e tosse, estando 
associada a uma ampla variação de obstruções, frequentemente reversíveis. 
Assim, observa-se sintomas característicos da DPOC (EHRMAN et al., 2017; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). Algumas metanálises sugerem que o 
exercício pode ser benéfico, demonstrando melhora na quantidade de dias 
sem sintomas de asma, na capacidade aeróbica, na taxa de trabalho máxima, 
na tolerância ao exercício e na ventilação-minuto pulmonar (POWERS; HO-
WLEY, 2017; ACSM, 2018). 
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais12
Uma atenção especial deve ser dada ao indivíduo com asma, pois os sintomas podem 
ser provocados ou piorados pelo exercício, uma condição associada à broncoconstrição 
induzida pelo exercício (BIE), chamada de asma induzida pelo exercício (AIE). Uma 
forma de minimizar essa condição é evitar a realização de exercícios em ambientes 
frios e secos, bem como com alto nível de poluição (ACSM, 2018).
Por fim, as doenças pulmonares restritivas (DPR) se caracterizam por uma 
redução na mobilidade do tórax, pois os tecidos pulmonares ficam enrijeci-
dos, opondo-se à expansão torácica. Essa resistência aumentada exige maior 
realização de força da musculatura inspiratória para manter uma ventilação 
adequada. Dessa forma, o custo energético da ventilação se eleva, podendo 
corresponder a até cerca de 50% da demanda total de O2 durante a AF. Das 
condições de DPR, a que mais parece se beneficiar pela prática de exercício 
físico é a doença pulmonar intersticial (fibrose pulmonar) (MCARDLE; KA-
TCH; KATCH, 2018). 
Câncer
O câncer engloba um grupo de doenças caracterizadas por um crescimento 
descontrolado de células anormais. Dentre as consequências mais sérias para 
o sobrevivente do câncer, podemos destacar a perda de massa corporal e o seu 
estado funcional, incluindo difi culdade na deambulação, fadiga séria, perda de 
endurance cardiovascular e força muscular, afetando suas atividades diárias. 
Dessa forma, a realização de exercícios e atividades físicas para os pacientes 
durante e após as diferentes modalidades de tratamento pode auxiliar na 
retomada de seu cotidiano, além de parecer prevenir recaídas (MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2018). De fato, existe uma associação inversa entre a prática 
de exercício físico regular após o diagnóstico e a recidiva do câncer, além da 
mortalidade específi ca da doença e geral. Além disso, o exercício parece ter 
um papel preventivo ao desenvolvimento de certos tipos de câncer, como o 
de mama, de próstata e o colorretal (EHRMAN et al., 2017). 
Os tratamentos do câncer acabam por desenvolver manifestações clínicas 
como sensação de dispneia, com redução da capacidade pulmonar, fraqueza 
muscular, incontinência urinária, diarreia, náuseas, vômitos, aterosclerose 
prematura, miocardiopatias, disfunção sexual, anorexia, anemia, perda de 
massa muscular, osteoporose, cefaleia, alterações da pressão arterial, dentre 
13Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
outras (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). A reabilitação para câncer 
com AF auxilia na recuperação e na retomada do estilo de vida normal, com 
maior independência e capacidade funcional, mitigando a sensação de fadiga 
e aumentando a força muscular e o endurance cardiovascular (ACSM, 2018; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Evidências atuais demonstram que a AF está fortemente associada a um menor risco 
de desenvolvimento de câncer de cólon, com uma associação um pouco mais fraca 
para o câncer de mama e de endométrio e ainda limitada para cânceres de próstata, 
estômago, pâncreas, ovários e pulmão. Estima-se uma média de redução nos riscos 
entre 20 a 30%, e acredita-se que esses efeitos protetivos estejam associados a múltiplos 
fatores, como a redução da adiposidade central, mudanças nos biomarcadores e na 
resistência a insulina, aprimoramento da função imune e menores níveis de inflamação 
(KRUK; CZERNIAK, 2013).
Doenças neurodegenerativas
As duas condições neurodegenerativas mais comuns são a doença de Pa-
rkinson (DP) e doença de Alzheimer (DA), que afetam principalmente 
indivíduos idosos. A DP confi gura-se como um transtorno neurológico 
crônico e progressivo marcado por sintomas que consistem em tremores em 
repouso, bradicinesia (redução da velocidade da amplitude do movimento), 
rigidez, instabilidade postural e anormalidade na marcha. A sua causa ainda 
é desconhecida; no entanto, parece haver infl uências genéticas e do meio 
ambiente. Além disso, o processo de envelhecimento, respostas autoimunes 
e a disfunção mitocondrial dos neurônios também parecem contribuir com 
a doença. O exercício físico representa um tratamento complementar no 
auxílio ao paciente com DP. De fato, a prática regular de exercícios parece 
retardar as sequelas secundárias que podem afetar os sistemas musculoes-
quelético e cardiorrespiratório, além de melhorar a performance da marcha, 
a qualidade de vida e a capacidade aeróbica do paciente (ACSM, 2018). Um 
estudo conduzido por Zigmond e Smeyne (2014) propôs a hipótese de que 
o exercício físico apresenta um papel neuroprotetor em indivíduos com DP, 
mas sua comprovação ainda exige mais estudos.
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais14
A DA também é uma doença crônica que apresenta um declínio progressivo 
na capacidade funcional, gerando perda gradual da autonomia do indivíduo. 
É considerada a principal causa de demência nos idosos. Geralmente, co-
meça com sintomas leves, marcados pela piora da memória, principalmente 
para eventos recentes, além de dificuldades de raciocínio e de julgamento e 
problemas de orientação no tempo e no espaço. Na sua evolução, o indivíduo 
passa a ter dificuldade de aprender coisas novas e lembrar de informações 
pouco utilizadas, passando a esquecer de coisas importantes e a apresentar 
comprometimento da linguagem. Estudos tem demonstrado que o nível de 
AF é um fator modificável de risco que pode atenuar o declínio cognitivo 
nas fases progressivas da DA. Além disso, a prática de exercícios revela-se 
uma estratégia importante para melhorar as capacidades neuromotoras e as 
funções cognitivas, contribuindo para a melhora da capacidade funcional e 
outras complicações da DA (FORLENZA et al., 2012).
Transtornos mentais comuns
São considerados transtornos mentais comuns (TMC) as alterações do hu-
mor que, em questões epidemiológicas, atingem grande parte da população. 
Abrangem a depressão, a ansiedade e os transtornos somáticos, condições 
que têm sido incluídas entreos maiores problemas do século XXI, estando 
relacionadas com a correria do dia a dia, pressões cotidianas, questões fi nan-
ceiras e familiares, bem como o trabalho (VIEIRA, 2015).
Estudos demonstram que o nível de AF está positivamente associado com 
a boa saúde mental quando esta é avaliada pelo bom humor, bem-estar geral 
e sintomas relativamente esporádicos de ansiedade e depressão. Entre outros 
aspectos, o exercício físico regular parece modular a liberação de alguns neu-
rotransmissores como a serotonina, demonstrando ser positivo para pacientes 
com depressão. A manutenção de um programa de exercícios para indivíduos 
propensos a distúrbios psicológicos parece promover alegria, motivação e 
sociabilização (VIEIRA, 2015).
Distúrbios do sono são uma característica marcante das condições de 
TMC, e muitos medicamentos utilizados no tratamento de TMC parecem 
influenciar no sono (EHRMAN et al., 2017). Um estudo realizado por Singh 
et al. (2005) demonstrou que 8 semanas de treinamento de força promoveram 
melhora em sintomas depressivos e na qualidade do sono em relação ao grupo 
de controle, além de revelar que o treinamento de força de alta intensidade foi 
mais significativo que o treinamento de baixa intensidade.
15Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
Condutas iniciais para prescrição de exercícios
O Colégio Americano de Medicina do Esporte propõe que todos os indivíduos 
antes de iniciarem um programa de exercícios físicos devem passar por uma 
triagem pré-participação (ACSM, 2018). Nessa etapa, deve ser avaliado seu 
histórico médico de forma minuciosa, incluindo informações anteriores e 
atuais a respeito de sua condição. Além disso, devem ser avaliadas as variá-
veis associadas à aptidão física relacionada à saúde (MCARDLE; KATCH; 
KATCH, 2018). Devido às peculiaridades das condições aqui discutidas, 
apresentaremos a seguir as principais orientações e condutas para cada uma 
no que tange a prescrição de exercícios.
No link a seguir, você poderá acompanhar um vídeo de apresentação do instrumento 
proposto pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) para a realização 
da triagem pré-participação em exercícios.
https://qrgo.page.link/6cpdJ
Crianças e adolescentes
Crianças e adolescentes saudáveis podem iniciar um programa de exercícios 
sem a necessidade de realização de teste de esforço; no entanto, se apre-
sentarem condições como asma, diabetes, obesidade ou alguma condição 
cardiovascular, o teste de esforço pode ser solicitado. Em geral, podem ainda 
ser realizados testes de saúde e aptidão, como, por exemplo, a bateria de testes 
do FitnessGram, que avalia os seguintes componentes: composição corporal 
(IMC, dobras cutâneas ou impedância bioelétrica) aptidão cardiorrespiratória; 
e aptidão muscular e fl exibilidade (ACSM, 2018).
Geralmente, as diretrizes de treinamento de força para adultos podem ser 
aplicadas a esta população, respeitando-se as características inerentes a cada 
idade (ACSM, 2018). A maneira como crianças e adolescentes respondem ao 
exercício pode ser diferente de como o adulto responderia, e suas adaptações 
ao treinamento estão associadas, até certo ponto, ao crescimento e maturação 
(EHRMAN et al., 2017).
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais16
Envelhecimento 
As recomendações para programas de treinamento físico voltados para idosos 
são similares àquelas para pessoas mais jovens, com a necessidade de realização 
de um exame clínico e de triagem de fatores de risco, já que idosos apresen-
tam maior probabilidade de terem DCV e outras comorbidades. Devem ser 
investigados os padrões de AF habituais, seu nível de capacidade funcional 
e os sintomas induzidos pelo exercício (dor no peito, dispneia, palpitações, 
tonturas ou claudicações). Caso o idoso apresente histórico desses sintomas 
ou infarto do miocárdio, revascularização periférica, presença de DM e/ou 
outros distúrbios, ele deverá ser colocado em uma categoria de maior risco. 
Devido às possíveis condições que essa população pode apresentar, é importante 
identifi car os medicamentos utilizados, pois podem infl uenciar no desempenho 
e na segurança do exercício físico. Exemplo disso são os fármacos psicoativos 
(como os ansiolíticos), que podem aumentar o risco de quedas (ACSM, 2018; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Deve ser realizado um exame físico focado na PA e na auscultação cardíaca 
e pulmonar, além de avaliações físicas que incluem medidas antropométricas 
para composição corporal, avaliação postural e avaliação funcional. Um teste 
simples de caminhada por um corredor pode revelar alterações na marcha. 
Geralmente, idosos que não apresentam alterações da PA e nenhuma outra DCV 
podem iniciar um programa de exercício de intensidade baixa ou moderada (de 
3 a 6 METs; 40–60% do VO2máx estimado) sem a necessidade de um teste de 
esforço (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). No caso de idosos com riscos 
maiores ou que desejam realizar exercícios mais intensos, é recomendado a 
realização de um teste de esforço, incluindo capacidade cardiorrespiratória, 
força e flexibilidade. Se apresentarem histórico de queda, é importante a 
avaliação do equilíbrio. Alguns dos testes de desempenhos mais utilizados 
são o Senior Fitness Test, Short Physical Performance Battery, Velocidade de 
Marcha Usual, Teste de Caminhada de 6 min e Teste de Desempenho Físico 
de Escala Contínua (ACSM, 2018).
Gestantes
A avaliação médica da gestante para prática de exercícios físicos pode incluir 
a aplicação do PARmed-X para gestação, que é um instrumento que avalia o 
seu estado de prontidão para AF (ACSM, 2018). Os testes de esforço máximo 
não devem ser realizados, a menos que seja uma necessidade médica e desde 
17Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
que a grávida não apresente qualquer contraindicação para a realização de 
exercícios físicos (POWERS; HOWLEY, 2017; ACSM, 2018).
De maneira geral, as seguintes recomendações devem ser observadas junto 
a gestantes (POWERS; HOWLEY, 2017):
  se forem previamente sedentárias e desejam iniciar a prática de exercício 
físico, devem preferir atividades de baixo risco, como caminhada, 
natação, hidroginástica, etc.;
  se já praticam atividade física e desejam continuar, é recomendado 
atividades de médio risco, como ginástica aeróbica, musculação e 
esportes com raquetes;
  atividades que apresentam grandes possibilidades de trauma, como 
esportes coletivos e ginástica de alto impacto, devem ser evitados. 
Diabetes melito
O exercício físico regular em indivíduos com DM2 resulta em melhorias na 
tolerância à glicose, na sensibilidade à insulina e na diminuição da hemoglo-
bina glicada (HbA1c). Além disso, existem outros benefícios para indivíduos 
com DM1, DM2 ou pré-diabéticos, que incluem melhoria nos fatores de risco 
associados a doenças cardiovasculares, bem como no bem-estar geral. A prática 
de exercícios 150 minutos/semana está associada à diminuição da morbimor-
talidade em todas as populações, incluindo aquelas com DM (EHRMAN et 
al., 2017). 
A prescrição de exercícios físicos para indivíduos com DM1 deve ter como 
preocupação a possibilidade de hiperglicemia e cetose, que podem resultar em 
coma diabético (ACSM, 2018). Os sintomas comuns associados à hiperglicemia 
são fadiga, poliúria, fraqueza, sede e hálito cetônico. É recomendado avaliar 
a concentração de cetonas se a glicemia do paciente estiver superior a 250 
mg.dl-1. Indivíduos que apresentem uma glicemia maior que 299 mg.dl -1, se 
estiverem se sentindo bem e não apresentarem corpos cetônicos nos testes de 
sangue e urina, podem praticar exercícios de intensidade moderada, abstendo-se 
de exercícios de intensidade vigorosa. Caso apresentem corpos cetônicos, o 
exercício deve ser adiado (Figura 3) (LAMOUNIER et al., 2015; EHRMAN 
et al., 2017).
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais18
Figura 3. Exercício físico e hiperglicemia.
Fonte: Adaptada de Lamounier et al.(2015).
Porém, outra preocupação é a possibilidade de ocorrência de hipoglicemia 
(glicose sanguínea inferior a 60–70 mg.dl -1) ocasionada pelo excesso de insulina 
ou agente hipoglicemiante oral, ingestão inadequada de carboidratos, jejuns 
prolongados e prática de exercícios excessivos ou mal planejados, sendo os 
principais sintomas tremores, fraqueza, sudorese anormal, ansiedade, formi-
gamento na boca e nos dedos e fome, podendo evoluir para dor de cabeça, 
distúrbios visuais, confusão mental e até coma. A hipoglicemia pode ocorrer 
tanto durante o exercício quanto várias horas após o término da sessão. Em 
indivíduos com DM1, uma glicemia inferior a 70 mg.dl -1 é uma contraindica-
ção relativa para início de exercícios aeróbicos agudos. Dessa forma, quem 
faz uso de insulina deve monitorar a sua glicemia antes, durante e após o 
exercício. A maioria desses indivíduos pode precisar consumir entre 15 e 45 
g de carboidratos (incluindo glicose, sacarose ou lactose) antes da prática 
de exercícios se sua glicemia estiver abaixo de 100 mg.dl -1, dependendo da 
intensidade e da duração do exercício (EHRMAN et al., 2017; MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2018).
Já os indivíduos com DM2 tendem a não apresentar as mesmas flutuações 
na glicemia durante os exercícios. Nesse caso, se sua glicemia estiver elevada 
por duas ou três horas após uma refeição (pós-prandial), eles provavelmente 
sofrerão queda no nível de glicose sanguínea durante o exercício aeróbico, uma 
vez que os níveis endógenos de insulina estarão altos (ACSM, 2018). Nessa 
situação, é preciso ter cuidado, pois pode haver um aumento na micção de 
forma exagerada, o que poderia levar a uma desidratação e uma diminuição 
da atividade mental, podendo resultar em coma. Essa condição é chamada de 
síndrome hiperosmolar não cetótica, e ocorre quando a glicemia é intensa e 
prolongada. Nesse caso, o exercício é contraindicado (EHRMAN et al., 2017).
19Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
Obesidade
Embora a obesidade seja, aparentemente, uma condição médica óbvia, é 
necessária uma avaliação completa para determinar sua real condição. Para 
isso, é preciso realizar uma avaliação da massa corporal, da estatura, das cir-
cunferências de cintura, quadril e pescoço (recentemente sendo demonstrado 
como fator de risco para DM e DCV), gordura corporal, problemas musculo-
esqueléticos e/ou ortopédicos, além de outras medidas para identifi cação de 
possíveis comorbidades, como HAS e DM (ACSM, 2018). 
Um teste de esforço não é indicado para indivíduos com sobrepeso ou obesos 
antes do início de um programa de exercícios de intensidade leve à moderada 
(2–6 METs). Porém, caso seja realizado, principalmente para os indivíduos 
obesos, é recomendado a utilização de bicicletas ergométricas que permitam 
com que o indivíduo possa ficar sentado (ACSM, 2018). Apesar disso, um 
estudo conduzido por McCullough et al. (2006) com indivíduos obesos que 
possuíam indicação para cirurgia bariátrica (IMC > 45 km.m-2), demonstrou 
que apenas um não pode realizar o protocolo de caminhada testado. Além 
disso, recomenda-se a realização de teste de força, para orientar na elaboração 
de um programa de força, e a avaliação da flexibilidade, para identificar 
articulações com amplitude limitada (EHRMAN et al., 2017).
Doenças cardiovasculares 
Antes de iniciar um programa de AF, é necessário realizar uma triagem de 
saúde que deve incluir anamnese, exame físico, avaliações laboratoriais e 
testes fi siológicos pertinentes. O histórico médico deve estar atualizado, 
sendo importante seu acompanhamento ao longo do programa de treinamento 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). O ACSM (2018) propõe a utilização 
do algoritmo de triagem de pré-participação, um instrumento desenvolvido 
para identifi car participantes com risco de complicações cardiovasculares 
durante ou imediatamente após exercícios.
Para indivíduos com sinais/sintomas ou alguma DCV diagnosticada, é reco-
mendada a avaliação dos níveis plasmáticos de colesterol e triglicerídeos, além 
da glicemia de jejum. Além disso, deve ser realizado, com base na avaliação 
médica, eletrocardiograma de 12 derivações em repouso, angiografia coronária, 
ecocardiograma, radiografia de tórax (em caso de suspeita ou presença de IC), 
perfil bioquímico e hemograma completo (EHRMAN et al., 2017).
O teste de esforço limitado por sintomas é seguro junto a pacientes com 
IC, e, quando associados à medição indireta de gases inspirados, fornece 
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais20
informações úteis sobre respostas eletrocardiográficas e hemodinâmicas ao 
exercício (ACSM, 2018). 
Já para indivíduos hipertensos, controlados e assintomáticos, o teste de 
esforço não é uma indicação; porém, pode ser útil para avaliar a resposta 
da PA ao exercício. Indivíduos com HAS podem apresentar respostas exa-
geradas da PA durante a AF, mesmo se ela estiver controlada em repouso 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). A utilização de medicamentos pelos 
praticantes sempre deve ser levada em consideração, como é o caso dos be-
tabloqueadores, que podem reduzir a capacidade submáxima e máxima do 
exercício. Medicamentos anti-hipertensivos e vasodilatadores podem levar 
a reduções excessivas e súbitas da PA pós-exercício, justificando uma volta 
à calma de forma gradual e prolongada, com monitorização da PA e da FC 
até que retornem aos níveis de repouso. Independentemente dessa resposta, 
indivíduos que sofrem de HAS tendem a apresentar hipotensão pós-exercício, 
principalmente aeróbico, e devem ser conscientizados sobre isso (EHRMAN 
et al., 2017; ACSM, 2018). 
Doenças pulmonares
Antes de iniciarem um programa de exercício físico, os pacientes que apre-
sentam doenças pulmonares devem ser orientados a realizar testes de esforço, 
pois eles fornecem medidas objetivas da capacidade de exercício, mecanismos 
de intolerância ao exercício, prognóstico, progressão da doença e resposta 
ao tratamento. Em indivíduos cuja doença é leve ou moderada, os sintomas 
podem surgir apenas quando o sistema respiratório é demandado, como du-
rante o exercício. Já nas condições graves, a sua capacidade está tão reduzida 
que até a atividade simples se torna um desafi o para o sistema respiratório 
(EHRMAN et al., 2017). 
Durante os testes, devem ser realizados a monitorização da PA, a atividade 
elétrica cardíaca (eletrocardiograma), a saturação de O2 arterial e a medição 
da dispneia. Já existem aparelhos validados para a medição da PA durante 
exercícios. Além disso, um oxímetro de pulso, também validado, pode ser 
utilizado. Para avaliação da dispneia, podem ser utilizadas escalas subjetivas 
(como a escala de Borg CR-10 modificada para dispneia) (EHRMAN et al., 
2017; ACSM, 2018).
Para indivíduos com DPOC, é preciso tomar um cuidado especial com seu 
risco de desenvolver hipertensão pulmonar, tanto durante os testes quanto 
durante os exercícios. É recomendada cautela ao realizar exercícios de membros 
superiores, pois o aumento da pressão adicional nos músculos assessórios da 
21Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
respiração pode dificultar ainda mais a ventilação nesses indivíduos, aumen-
tando sua dispneia. Para os pacientes que sofrem de asma, deve-se acompanhar 
a utilização do medicamento broncodilatador inalatório de curta duração 
(como albuterol, bitolterol e pirbuterol), que pode ser indicado para evitar BIE 
(ACSM, 2018). Além disso, uma dessaturação de oxi-hemoglobina inferior 
a 80% pode ser utilizada como forma de término tanto do teste quanto do 
exercício. Se houver exacerbações da asma, o paciente não deve se exercitar 
até que os sintomas e a função respiratória tenham melhorado. Também deve 
ser evitada a realização de exercícios em ambientes frios ou com poluentes, 
sob risco de desenvolvimento de broncoconstrição (EHRMAN et al., 2017). 
Câncer
Ainda são poucas as pesquisas que demonstram a prescrição adequada de 
exercícios para indivíduos com câncer, bemcomo o momento mais adequado 
para iniciar o programa em relação às fases do tratamento. Por conta disso, as 
recomendações para a reabilitação oncológica, em geral, incluem exercícios 
que são limitados por sintomas. Devem ser avaliados o estado nutricional, 
possíveis problemas metabólicos, além de sinais agudos ou sintomas que 
são específi cos de um tipo de câncer e que poderiam impedir a participação 
no exercício (uma mulher que realizou mastectomia recente, por exemplo, 
pode estar limitada a realizar exercícios de membros superiores). Também 
deve ser realizada uma avaliação funcional que permita identifi car possíveis 
instabilidades na marcha associadas à quimioterapia ou ao envolvimento do 
sistema nervoso, alterações na cicatrização, imunossupressão e sangramentos. 
Além disso, alguns sintomas agudos podem exigir mudanças no planejamento, 
como náusea, vômito, fadiga e fraqueza. Isso requer uma reavaliação constante 
durante o programa de treinamento (EHRMAN et al., 2017). 
Os procedimentos utilizados para os testes de esforço são os mesmos 
adotados para indivíduos sadios, com a ressalva de que tais pacientes devem 
receber uma atenção especial em termos de suas sensações de fadiga. Não é 
recomendado que se exercitem ao máximo, e algumas informações podem 
sugerir uma contraindicação para a realização de exercícios (EHRMAN et 
al., 2017):
  Hemoglobina < 10 g.dl-1
  Células brancas (leucócitos) < 3.000/ml
  Neutrófilos < 0,5.109.ml-1
  Plaquetas < 50.109.ml-1
Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais22
  Febre > 38°C (100,4° F)
  Marcha instável (ataxia)
  Caquexia ou perda de > 35% do peso pré-comorbidade
  Dispneia limitante com esforços físicos
  Dor óssea
  Náusea severa
  Metástase esquelética extensa
Doenças neurodegenerativas
Como estas condições afetam principalmente os idosos e apresentam re-
percussões signifi cativas nas suas capacidades funcionais, é recomendada 
a realização de testes de aptidão física específi cos para idosos, que incluam 
avaliações de equilíbrio, marcha, mobilidade geral, amplitude de movimento 
articular, fl exibilidade e força e resistência musculares (ACSM, 2018).
Como se tratam de condições degenerativas progressivas, pode haver dis-
função do sistema nervoso autônomo, o que talvez acarrete em anormalidades 
na pressão arterial. Dessa forma, deve-se ter cuidado na prescrição e deve 
ser realizado monitoramento constante das variáveis hemodinâmicas. Além 
disso, esses indivíduos podem apresentar com maior frequência hipotensão 
ortostática, sendo recomendado, portanto, a realização de exercícios com a 
maior segurança possível, evitando-se a mudança de posição rápida e constante 
(FORLENZA et al., 2012; ACSM, 2018).
Transtornos mentais comuns
As orientações para indivíduos com TMC são as mesmas, respeitando-se sua 
idade, sexo e/ou alguma comorbidade que apresentem. No entanto, deve-se 
dar uma atenção especial ao seu estado motivacional e à sua percepção de 
esforço, pois eles tendem apresentar menor tolerância à fadiga. Portanto, 
o profi ssional deve criar estratégias que promovam a maior adesão destes 
indivíduos ao programa de treinamento, preferencialmente promovendo a 
prática de exercícios mais prazerosos para cada um. É importante também que 
os profi ssionais conheçam os sintomas específi cos da condição apresentada. 
Sendo assim, todo um processo de pré-participação deve ser realizado junto 
a estes indivíduos (VIEIRA, 2015; EHRMAN et al., 2017).
Com base no que foi exposto, podemos perceber a importância dos co-
nhecimentos em fisiologia aplicada à prescrição de exercícios, principalmente 
associados às populações especiais. Foi possível identificar os principais 
23Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
cuidados, necessidades e restrições que devem ser levados em conta durante 
a prescrição e orientação do treinamento. São procedimentos a serem segui-
dos para a análise das principais condições associadas aos indivíduos, que 
permitem nortear com segurança a atuação do profissional de educação física 
e outros profissionais que atuem na área do exercício físico. A fisiologia do 
exercício é uma área em constante crescimento, e hoje existe um ramo dessa 
disciplina, chamado fisiologia do exercício clínico, que amplia o entendimento 
das principais doenças crônicas e o papel do exercício físico no seu tratamento. 
ACSM. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 10. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2018. 
EHRMAN, J. K. et al. Fisiologia do exercício clínico. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2017.
FORLENZA, O. et al. Doença de Alzheimer: uma perspectiva do tratamento multiprofis-
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KRUK, J.; CZERNIAK, U. Physical activity and its relation to cancer risk: updating the 
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Acesso em: 1 ago. 2019.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: nutrição, energia e 
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mento e ao desempenho. 9. ed. Barueri: Manole 2017.
SINGH, N. et al. A randomized controlled trial of high versus low intensity weight training 
versus general practitioner care for clinical depression in older adults. Journal of Geron-
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VIEIRA, A. A. U. Exercícios físicos e seus benefícios no tratamento das doenças. Rio de 
Janeiro: Atheneu, 2015.
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Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais24
Leituras recomendadas
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Brasileiros de Cardiologia, v. 97, n. 2, p. 171–178, 2011.
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GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
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Brasileira de Fisioterapia, v. 16, n. 4, p. 261–267, 2012.
SILVERTHORN, D. V. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
WEST, J. B. Fisiologia respiratória: princípios básicos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
25Fundamentos da fisiologia do exercício para populações especiais
EXERCÍCIO FÍSICO 
PARA POPULAÇÕES 
ESPECIAIS 
Alexandre Machado Lehnen
Exercícios para gestantes
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Enumerar os cuidados quedevem ser adotados para a prática de 
exercícios físicos, com atenção especial aos três primeiros meses de 
gestação.
  Aplicar programas de treinamento específicos para fortalecimento 
do core: músculos do quadril, lombar e pelve.
  Desenvolver estratégias de treinamento para atendimento e otimiza-
ção do treinamento aplicado a diferentes perfis de gestante: sedentária 
e atleta.
Introdução
Gravidez não é doença, mas requer cuidados especiais. Esta frase traduz 
o tema que será abordado neste capítulo. De fato, a gestação não implica 
doença ou condição patológica alguma. Contudo, as gestantes são clas-
sificadas como “população especial” perante os programas de exercícios 
físicos, por exigirem cuidados extras àqueles normalmente aplicados 
na população em geral. Não são todas as modalidades, volumes, inten-
sidades e/ou posições de exercícios que as gestantes podem executar. 
O entendimento dos principais cuidados, especialmente no primeiro 
trimestre de gestação, pode determinar o sucesso de um programa 
de exercício físico. Além disso, o fortalecimento do assoalho pélvico e 
lombar, entre outros objetivos, tanto para gestantes sedentárias quanto 
para aquelas habituadas a treinos, deve ser executado com segurança.
Assim, neste capítulo você conhecerá os cuidados que devem ser 
adotados para a prática de exercícios físicos, com atenção especial 
aos três primeiros meses de gestação. Também aprenderá a aplicar 
programas de treinamento específicos para fortalecimento do core: 
músculos do quadril, lombar e pelve. Por fim, ficará a par das dife-
rentes estratégias de treinamento para perfis distintos de gestantes: 
sedentárias e atletas.
Cuidados para a prática de exercícios físicos 
em gestantes
É importante respeitar as alterações no corpo da mulher frente à gestação, 
principalmente quando o assunto é a prática de atividade física e/ou exer-
cício físico. Ainda circulam por aí mitos de que o exercício físico pode ser 
prejudicial tanto para a mãe quanto para o bebê. Assim, é fundamental 
entender as alterações que a gestação proporciona e confrontá-las com os 
possíveis mitos. As modifi cações ocorrem em todos os planos: físico, emo-
cional, psicológico etc. Todas as alterações manifestadas nos 9 meses (ou 
aproximadamente 40 semanas) de gestação servem para preparar a mulher 
para o nascimento do fi lho.
Primeiramente, o aumento do hormônio gonadotrofina coriônica (HCG, na 
sigla em inglês) e da progesterona tem a função de inibir a musculatura lisa para 
evitar contrações e movimentos indesejáveis neste período (LEVENO, 2014; 
CARVALHO, 2016). Contudo, o sistema gastrointestinal possui musculatura 
lisa ao seu redor, que também é afetada. Assim, a digestão torna-se mais lenta, 
elevando a probabilidade de acidez e azias no estômago. Com a motilidade 
mais lenta, aumentam as chances de constipações, e os enjoos e regurgitações 
são comuns em 70–80% das gestantes (GOMES, 2012). A tendência é que 
esse quadro, iniciado principalmente pelo HCG, perca intensidade no início 
do segundo trimestre.
Em paralelo, o corpo da gestante apresenta metabolismo mais acelerado, 
com objetivo de desenvolver o embrião ou feto. Essa aceleração leva a um 
maior esgotamento geral, exigindo mais horas de sono. No segundo trimestre 
de gravidez, outra mudança latente é a maior frequência de micção. Isto ocorre 
porque durante a gestação a mulher aumenta sua volemia (quantidade de sangue 
total no corpo) entre 40-50%, e a maior parte deste aumento se dá na forma de 
volume plasmático (SOUZA; BATISTA FILHO; FERREIRA, 2002). Com isso, 
os rins trabalham mais para que todo o sangue seja filtrado, produzindo maior 
quantidade de urina. Além disso, o crescimento do feto no útero pressiona 
fisicamente a bexiga, reduzindo sua capacidade de armazenamento. Os seios 
Exercícios para gestantes2
ficam maiores, preparando-se para a produção de leite e maior circulação 
sanguínea. Em paralelo a isso, as aréolas tornam-se bem mais sensíveis, o 
que pode trazer desconforto para as mulheres, principalmente durante um 
exercício físico em que haja atrito pelo movimento corporal.
Por definição, o embrião, produto da união do gameta masculino e do gameta femi-
nino, ocupa os primeiros estágios de desenvolvimento gestacional, estendendo-se 
até a 8ª semana (período embrionário). A partir da 8ª semana, começa o período de 
desenvolvimento do feto, já implantado no útero, o que exige maior mobilização de 
nutrientes, oxigenação etc. para este local.
Embora estes aspectos físicos sejam importantes, são os aspectos emo-
cionais que requerem maiores cuidados. Há mulheres, especialmente na 
primeira gestão, que transitam do riso ao choro com extrema facilidade. 
Essas alterações de humor e sensibilidade à flor da pele são causadas pela 
variação hormonal do primeiro trimestre, bem como pelas incertezas que 
surgem pela nova situação. Embora o quadro geral possa parecer preocupante 
em relação às alterações no corpo da mulher, muitas respostas corporais 
são benéficas e podem ser potencializadas pela prática regular de atividade 
física e/ou exercício físico.
Você sabe qual é a diferença entre atividade física e exercício físico? Atividade física 
é todo movimento corporal realizado pela musculatura esquelética que requer gasto 
calórico acima do repouso. Exercício físico, por sua vez, é uma atividade física com o 
objetivo específico de aumentar a aptidão física relacionada à saúde e/ou desempenho 
esportivo. Assim, por atividade física, entenda “movimentar-se mais”, e por exercício 
físico, entenda “[...] praticar atividade física programada e com objetivo definido sobre 
a aptidão física” (GUEDES; GUEDES, 1995, documento on-line).
3Exercícios para gestantes
Em relação à prática de exercícios físicos, se na população geral a pre-
valência de sedentarismo fica entre 40–50% (BRASIL, 2015), para as 
gestantes a prevalência é ainda maior. Em uma coorte de 118 gestantes, 
a maioria mostrou um baixo nível de atividade física durante o período 
gestacional. Além disso, 100% da amostra apresentaram comportamento 
sedentário na 32ª semana de gestação (NASCIMENTO et al., 2014). Em 
outro trabalho, foram avaliadas 305 gestantes, verificando-se que 80% 
apresentaram um padrão de leve atividade física ou sedentarismo. A di-
retriz do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 
COMMITTEE OBSTETRIC PRACTICE, 2002) recomenda a prática de 
atividade física na gestação, o que é reconhecidamente seguro para todas 
as gestantes saudáveis.
Inúmeros benefícios podem ser elencados tanto para a mãe quanto para o 
feto pela prática de atividade física. Os benefícios maternos são:
  manutenção do gasto energético, associado à capacidade cardiorrespiratória;
  controle do peso corporal para esta condição;
  prevenção/tratamento do diabetes gestacional;
  prevenção/tratamento da pré-eclampsia;
  menor estresse cardiovascular;
  ajuda no trabalho de parto;
  melhora da recuperação pós-parto;
  melhora da postura para esta condição;
  prevenção de dores na região lombo-sacra;
  melhorados aspectos psicológicos e emocionais (humor, autoimagem, 
ansiedade etc.).
Para o feto, os benefícios estão associados a menor risco de complicações 
no parto e menor prematuridade.No entanto, por se tratar de uma população 
que requer um cuidado adicional, foram elaboradas certas contraindicações 
absolutas (aquelas que são indiscutíveis e não exigem avaliação) e relativas 
(aquelas que são vistas “caso a caso” e que podem ser avaliadas mediante 
pontos de cortes para cada contraindicação) para a prática de exercícios 
(Quadro 1). Embora essas contraindicações possam se impor em qualquer 
período da gestação, o primeiro trimestre é o mais preocupante, porque 
o desenvolvimento do bebê ainda é muito dependente das condições ma-
ternas, incluindo nutrição, nível de oxigenação (fluxo sanguíneo) e grau 
de imunidade.
Exercícios para gestantes4
Fonte: Adaptado de Nascimento et al. (2014).
Absolutas Relativas
Doença cardíaca Anemia(hemoglobina inferior a 10 mg/dL)
Doença pulmonar restritiva Arritmia cardíaca
Incompetência istmocervical Bronquite
Gestação múltipla (após 30 semanas) Diabetes não controlado
Sangramento durante a gestação Hipertensão arterial crônica, epilepsia ou 
doença da tireoide
Placenta prévia Obesidade extrema, desnutrição ou 
desordem alimentar
Trabalho de parto prematuro Restrição de crescimento fetal
Ruptura prematura de membrana Fumante em excesso
Pré-eclampsia ou qualquer hiperten-
são arterial não controlada
Estilo de vida sedentário
Quadro 1. Contraindicações absolutas e relativas na prática de exercícios físicos para 
gestantes
A prescrição adequada de exercício físico passa, obrigatoriamente, por 
uma bateria de avaliações, incluindo as avaliações físicas. Para a população 
gestante, devem ser observadas algumas orientações especiais nesse caso:
  Não deve ser prescrito exercício máximo, mesmo que seja para avaliação.
  É recomendada a presença ou supervisão de um médico.
  Para avaliação do consumo máximo de oxigênio (VO2máx), pode ser 
realizado um teste submáximo (até 80% FCmáx predita pela idade, ou 
65–70% FC de reserva).
  Gestantes sedentárias devem ser avaliadas pelo médico antes da rea-
lização dos testes físicos.
A resposta fisiológica durante os testes, sejam eles para determinação de 
VO2máx ou de força, é similar à da população em geral, porém com mais in-
tensidade. Assim, a frequência cardíaca responderá de forma mais acentuada e, 
em consequência, o mesmo ocorrerá com o débito cardíaco e a pressão arterial. 
A ventilação será maior em profundidade e frequência para garantir o aporte 
5Exercícios para gestantes
de ar necessário em resposta ao exercício físico. Este cenário provoca exaustão 
mais precocemente em mulheres gestantes, se comparadas às não gestantes.
Outros cuidados gerais são importantes para a prática de exercício físico, 
tais como:
  evitar esportes de contato físico;
  evitar exercícios isométricos e posições supinadas após o primeiro 
trimestre, especialmente devido à obstrução venosa;
  evitar a manobra de Valsalva, prática comum nos exercícios de muita 
força; e
  evitar, sob todos os aspectos, o estresse térmico, ou seja, manter a 
gestante hidratada e praticar o exercício físico em ambiente ameno.
Mesmo com estas precauções, é importante que o profissional de educação 
física reconheça os principais sinais para interromper o exercício físico:
  todo e qualquer sangramento vaginal;
  dispneia durante e/ou imediatamente após exercício físico;
  tonturas, dor de cabeça ou dor no peito;
  dor muscular excessiva ou inchaços repentinos;
  diminuição do movimento fetal;
  perda de líquido amniótico.
A adoção de um estilo de vida mais saudável deve fazer parte da vida de 
todos. Na condição de gestantes, essa prática deveria ser ainda mais incisiva. 
A falta de conhecimento dessa condição, partindo da fisiológica da gestante 
até os sinais de alerta, é uma realidade que deve ser revista. As diretrizes 
apresentadas, embasadas na ciência, garantem os benefícios e a segurança da 
prática regular de exercícios físicos. Uma grande parte destes exercícios deve 
objetivar o fortalecimento do core, como você verá a seguir.
Programas de treinamento específicos 
para fortalecimento do core
O conceito de “core” vem do signifi cado da palavra em inglês (núcleo, cerne, 
centro, âmago etc.), ou seja, uma região central que é responsável por grande 
parte do equilíbrio (realinhamento central) e postura do corpo. São músculos 
profundos da região abdominal, lombar e pélvica, cujo objetivo é manter a 
Exercícios para gestantes6
estabilidade dessa região proporcionando melhor equilíbrio e postura (EVAN-
GELISTA, 2015). Pessoas com core enfraquecido têm maior chance de desvios 
posturais e lesões, principalmente hérnia de disco. Assim, o fortalecimento 
do core para as gestantes é de grande valia.
Para que seja possível determinar um treinamento específico da região, é 
importante conhecer os músculos envolvidos no core. Ao todo são 29 músculos, 
sendo os principais deles apresentados no Quadro 2, acompanhados das respectivas 
ações. Além dos músculos elencados no Quadro 2, os glúteos têm fundamental 
importância para o core, pois realizam diversas ações sobre os quadris. Para 
complementar, temos ainda os músculos do assoalho pélvico: quando contraídos, 
elevam os órgãos pélvicos e mantêm a continência urinária e fecal; quando rela-
xados, permitem o esvaziamento intestinal e vesical. São músculos com ação de 
grande distensão para permitir e auxiliar no trabalho de parto. Evidências indicam 
que cerca de 10% das mulheres sofrem lesão na musculatura do assoalho pélvico 
durante o parto. Assim, o trabalho de fortalecimento prévio é fundamental.
Ação geral Ação específica
Reto abdominal: a contração 
aumenta a pressão intra-abdominal 
para a respiração, regurgitação, defe-
cação, micção e trabalho de parto.
Multífidos: estabilização e extensão da 
coluna vertebral, rotação e flexão lateral.
Oblíquo externo: rotação do tórax, 
flexão do tronco e aumento da 
pressão intra-abdominal.
Psoas maior: a flexão da coxa e a contra-
ção unilateral inclinam a coluna lombar e a 
contração bilateral eleva o tronco, saindo da 
posição supina.
Oblíquo interno (porção anterior): 
similar ao oblíquo externo; contudo, 
rota o tronco para o mesmo lado da 
contração.
Transverso do abdômen: aumenta a 
pressão intra-abdominal e estabiliza a coluna 
lombar.
Iliocostais: inclinam a cabeça 
lateralmente, estendem a cabeça e 
parte da coluna vertebral.
Quadrado lombar: inclinação lateral do 
tronco e depressão da 12ª costela.
Oblíquo interno (porção posterior): similar 
ao oblíquo externo; contudo, rota o tronco 
para o mesmo lado da contração.
Quadro 2. Principais músculos para o fortalecimento do core
(Continua)
7Exercícios para gestantes
O fortalecimento do core, baseado na musculatura envolvida, pode ser 
feito por diversas modalidades, tais como: exercícios de força com o peso 
corporal, utilização de bolas grandes, faixas elásticas, BOSU (meia lua de 
borracha em que a pessoa fica em cima), exercícios com métodos Pilates ou 
ioga, entre outros. Os exercícios podem ser feitos em sequência ou “circui-
tado”, de acordo com a necessidade. Você deve priorizar a utilização do peso 
corporal da praticante e faixas elásticas, em vez de pesos guiados (aparelhos de 
musculação). Evite tensões elevadas e fique atento aos exercícios isométricos 
intensos que coloquem a gestante em risco quanto à posição de execução. 
Para exercitar especificamente o assoalho pélvico, a gestante pode realizar 
contrações sustentadas durante 5 a 10 segundos ou contrações rápidas (contrair 
e relaxar) em diferentes posturas. Uma orientação segura é realizar diariamente 
2 séries de 8 a 10 contrações.
Após os exercícios para fortalecimento do core, utilize técnicas de alonga-
mento muscular leve, que já foram evidenciadas para a diminuição das queixas 
de dor pélvica posterior e de dor lombar durante a gestação. Cabe ressaltar que 
durante a gestação ocorre um aumento dos níveis dos hormônios relaxina e 
progesterona; assim, devem-se evitar alongamentos extremos.
(Continuação)
Fonte: Adaptado de Evangelista (2015).
Ação geral Ação específica
Longuíssimo: extensão da coluna vertebral 
e flexão lateral.
Diafragma: as bases dos pulmões estão 
apoiadas no diafragma; quando da sua con-
tração, aumenta a área do pulmão e diminui 
a pressão intrapulmonar e, por diferença 
de pressão em relação ao ambiente, o ar 
entra nos pulmões (inspiração). Quando do 
seu relaxamento, a musculatura expiratória 
comprime o pulmão, elevando a pressão 
intrapulmonar, e o ar é expirado. Além deste 
processo, o diafragma é importante para o 
espirro, a tosse, a defecação e no trabalho 
de parto.
Quadro 2. Principais músculos para o fortalecimento do core
Exercícios para gestantes8
Seguem alguns exemplos de exercícios para o fortalecimento do core que 
podem ser executados pelas gestantes,sempre observando os critérios e sinais 
de alerta. Os movimentos devem ser realizados em baixa velocidade e com 
estabilização da cintura pélvica para melhor resultado. As gestantes jamais 
devem realizar a manobra de Valsalva (segurar a respiração) durante os exer-
cícios. A partir dos exemplos recomendados, pode-se criar variações com o 
BOSU ou faixas elásticas para aumentar a dificuldade (somente para aquelas 
gestantes que já praticavam exercícios físicos e que tenham condicionamento 
e experiência motora) (EVANGELISTA, 2015).
  Prancha reta ou com os joelhos apoiados: 2 a 3 séries; contrações sus-
tentadas de 10 a 15 segundos; descansar por 20 a 30 segundos.
  Elevação do quadril (ponte): em decúbito dorsal, pés apoiados ao chão 
e com os joelhos dobrados, realizar a elevação do centro gravitacional 
e sustentar na posição elevada (2 a 3 séries; contrações sustentadas 
de 10 a 15 segundos, sem manobra de Valsalva; descansar por 20 a 30 
segundos). Uma alternativa é apoiar os pés em uma bola grande.
  Agachamentos podem ser feitos preferencialmente sem peso adicional 
(somente o peso corporal). Executar 2 a 3 séries de 10 repetições e inter-
valos de 45 segundos a 1 minuto. Uma alternativa para o agachamento 
é a utilização da bola grande na parede, com ângulo próximo a 90º na 
articulação do joelho e do quadril.
  Abdominal sobre a bola grande é ótimo e seguro; basta ter cuidado 
para não estender demasiadamente a coluna vertebral na bola para não 
sobrecarregar a região abdominal. Movimentos em decúbito ventral 
não são recomendados em hipótese alguma.
  Elevação das pernas com a bola grande presa nos joelhos ou nos pés, 
sempre em decúbito dorsal. Elevar as pernas (articulação do quadril) 
e ao mesmo tempo pressionar a bola (adutores).
No link a seguir, você encontra exemplos de exercícios com método Pilates para 
reforçar o core. É necessário ajustar os exercícios de acordo com a individualidade 
biológica das gestantes, levando-se em consideração a experiência prévia, possíveis 
dores e desconfortos etc.
https://qrgo.page.link/dmBmL
9Exercícios para gestantes
Além do fortalecimento do core, a prática de exercícios aeróbicos também 
tem sua relevância. Contudo, é preciso separar as gestantes com experiência 
prévia (atletas profissionais e/ou amadoras) daquelas que não praticavam 
exercícios e, por recomendação médica, querem praticá-los durante a gra-
videz. A seguir, você verá pontos de otimização do treinamento físico que 
devem ser observados para as diferentes populações: gestantes sedentárias e 
gestantes atletas.
Estratégias de treinamento para diferentes 
perfis de gestantes: sedentárias e atletas
A recomendação de prática regular de exercício físico na condição de gestante 
está muito bem consolidada, e há consenso sobre o tema (ARTAL; O’TOOLE; 
WHITE, 2003; BARAKAT; LUCIA; RUIZ, 2009; ROBLEDO-COLONIA, 
2012). No entanto, quando a gestante já é uma atleta profi ssional ou mesmo 
uma atleta amadora muito bem condicionada, qual seria a recomendação 
neste caso? Ela pode competir em esportes que não sejam de contato? Dois 
exemplos são emblemáticos e ajudam a embasar essa discussão. Em 2017, a 
fi nal do Aberto da Austrália de tênis foi vencida por Serena Willians. Nada 
fora do comum, não fosse o fato dela estar na 8ª semana de gestação. O se-
gundo caso foi um pouco mais intenso: a corredora americana Alysia Montano 
participou de uma prova de 800 m entre o 7º e 8º mês de gestação! Ficou 
na última colocação, mas participou de uma prova ofi cial de 800 m. Estes 
fatos não devem ser levados como regra na sustentação de “fazer exercícios 
físicos na gestação é amplamente recomendado”. Existem limites na gravidez 
que devem ser respeitados. É verdade que a regra básica determina que a 
mulher deve seguir a sua rotina pré-gestação, ou seja, praticar os exercícios 
de acordo com o que o corpo estava acostumado antes da gravidez. Porém, é 
necessário ajustar a prática de exercícios à nova realidade, tal como: reduzir 
os impactos, diminuir a intensidade e grandes volumes, evitar determinadas 
posições, fi car em alerta contra choques térmicos e ricos de quedas, entre 
outros. Na Figura 1, podem ser observadas duas realidades, ambas de com-
petição: Alysia Montano em uma prova ofi cial de 800 m e uma segunda, 
aparentemente em uma prática mais leve, sem a preocupação e a carga do 
profi ssionalismo. Qual é a sua opinião quanto à conduta de um profi ssional 
de educação física frente a estes dois panoramas?
Exercícios para gestantes10
Figura 1. “Competição” no período gestacional.
Fonte: UOL Esporte (2014, documento on-line); Halfpoint/Shutterstock.com.
Tradicionalmente, a rotina recomendada de exercícios e esporte para grávidas 
costuma abranger acima de tudo hidroginástica, ioga e Pilates. Existem várias 
outras modalidades que precisam ser encorajadas, de acordo com o histórico da 
gestante e sua experiência prévia. Contudo, não é porque a ioga é aparentemente 
mais calma que não possa trazer prejuízo à gestante. O cerne da questão ultrapassa 
a modalidade e recai sobre a intensidade, volume, posições e condições ambientais.
A prescrição de exercícios aeróbicos deve preferencialmente partir de ca-
minhadas e/ou corridas leves, de acordo com o condicionamento prévio da 
gestante (NASCIMENTO et al., 2014). Outras opções incluem a bicicleta e 
modalidades aquáticas (deep running ou water bike). A intensidade dos exercí-
cios de característica aeróbica pode ser controlada pela frequência cardíaca e/
ou escala subjetiva de Borg. Neste sentido, a intensidade relativa para FCmáx 
predita pela idade fica entre 60 e 80%. Outra opção é controlar a intensidade 
pela frequência cardíaca de reserva com intervalo entre 45 e 65% da FCreserva. 
Na escala de Borg, esta intensidade encontra-se entre 12 e 14 (para a escala de 6 
a 20 pontos). A Sociedade Canadense de Ginecologistas e Obstetras (WOLFE; 
DAVIES, 2003) generalizou estas zonas de treinamento da seguinte forma:
  idade inferior a 20 anos —140 a 155 bpm;
  entre 20 e 29 anos —135 a 150 bpm;
  entre 30 e 39 anos —130 a 145 bpm;
  mulheres com mais 40 anos —125 a 140 bpm.
Para as mulheres atletas, esta intensidade pode ser reavaliada de acordo 
com a condição física da gestante. Contudo, não é aconselhável ultrapassar 
o liminar anaeróbico.
11Exercícios para gestantes
Para utilizar a fórmula de Karvonen (frequência cardíaca de reserva) deve-se conhecer 
(ACSM, 2018):
  FCmáxima: por se tratar de gestante, não é aconselhável a realização de um teste de 
esforço para a FCmáxima real. Uma alternativa é a utilizar “220 – idade”. 
  FCrepouso: menor frequência cardíaca em 15 minutos de repouso absoluto (decúbito 
dorsal), sem pernas ou braços cruzados.
  FCtreino = [ (FCmáxima – FCrepouso) × %intensidade ] + FCrepouso.
Quanto à frequência semanal e tempo da sessão, para mulheres sedentárias 
pode-se iniciar um programa de exercícios com 3 vezes por semana de 15–20 
minutos e progredir até 5 vezes por semana de 30 minutos, paulatinamente 
(meta: 150 minutos por semana de exercícios leves à moderados). Em mulheres 
atletas, treinos de 4 a 5 vezes por semana em sessões de 30–45 minutos já 
garantem benefícios maternos e fetais.
Embora a prática de exercícios regulares seja encorajada durante todo 
período gestacional, o 2º trimestre é o mais apropriado e seguro. Isso porque 
no 1º trimestre a formação fetal deixa a gestante mais propensa a elevação da 
frequência cardíaca em maior magnitude, indisposição (enjoos e regurgita-
ções), desequilíbrio hormonal, entre outros. No 2º trimestre, estas alterações 
tendem a se estabilizar, e os aspectos corporal, emocional e psicológico 
da mulher já estão em maior harmonia. Ademais, o desenvolvimento do 
feto já não é tão delicado em comparação ao 1º trimestre. No 3º trimestre, 
os cuidados recaem sobre o peso corporal agindo sobre a lombar, cintura 
pélvica, espaço interno dos órgãos etc. Assim, os exercícios, especialmente 
com deslocamentos corporais, devem ser aplicadoscom parcimônia frente 
a esta realidade.
Resumidamente, a maior diferença entre a prática de exercícios físicos por 
mulheres atletas e mulheres sedentárias é que em gestantes atletas pode-se 
continuar realizando os mesmos exercícios que antes, devido à sua memória 
muscular, mas ajustando alguns parâmetros, como a intensidade, tempo da 
sessão, posições e condições ambientais. Já para as gestantes sedentárias, a 
prática deve ser incentivada com progressões mais amenas e sem agressões 
extras, como impactos ou sobrecargas na coluna vertebral. A prática regular de 
exercícios físicos é o meio mais saudável e com menor custo para a população 
geral, incluindo as gestantes.
Exercícios para gestantes12
Patrícia tem 30 anos e experiência mediana na prática de exercícios (realiza somente 
exercícios aeróbicos 2 vezes por semana, por 60 minutos). No 1º trimestre de gestação, 
os exercícios aeróbicos que ela já praticava foram reduzidos para 30–45 minutos por 
sessão com intensidade moderada. Ela também incorporou um fortalecimento muscular 
com aulas de Pilates. Atualmente está na 20ª semana de gestação, e por se mostrar 
muito bem-disposta, ela quer evoluir e pediu para fazer uma aula experimental de HIIT 
(high intensity interval training) na academia, modalidade ministrada por você. Nesse 
caso, qual seria a sua conduta? Reflita sobre o caso e discuta com os seus colegas.
ACOG COMMITTEE OBSTETRIC PRACTICE. ACOG Committee opinion. Number 267, 
January 2002: exercise during pregnancy and the postpartum period. Obstetrics & 
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Acesso em: 12 jul. 2019.
Exercícios para gestantes14
TREINAMENTO EM MÉDIA ALTITUDE E OUTRAS SITUAÇÕES ESPECIAIS DO MEIO AMBIENTE526
capacidade integral de trabalho somente entre o sétimo e
o décimo dia. De maneira geral, propõe-se que para cada
hora de diferença é necessário um dia de adaptação.
Klein (1977), citado por Platonov, refere que, quando
se voa em direção oeste, a adaptação é 30 a 50% mais rápida
do que na direção leste. Essa assimetria na influência dos
vôos transoceânicos deve-se ao fato de que o ritmo circa-
diano natural na direção oeste supera as 24 horas e, na
direção leste, diminui.
Como em algumas ocasiões a alteração no fuso horário
está acompanhada de alteração no clima, na temperatura
e na alimentação, recomenda-se que, no caso de competi-
ções fundamentais (como olimpíadas e campeonatos mun-
diais), os esportistas com possibilidade de medalha partam,
junto com seus treinadores e equipe médica, 2 a 3 semanas
antes do evento, a fim de garantir uma adaptação completa.
A defasagem de horário é também conhecida como jet-
lag, expressão inglesa que se refere ao desequilíbrio que
acompanha as viagens de avião através das diferentes zonas
de fusos horários no mundo. Isto é, voando transversal-
mente sobre o globo terrestre no sentido leste-oeste ou vice-
versa.
Possíveis recomendações:
� Quando se voa na direção oeste: o dia fica maior,
assim, o mais provável é que haja interesse em man-
ter-se acordado, o que é o melhor para a adaptação.
É importante uma dieta rica em proteínas (carne,
peixe, ovos, derivados do leite), o que ajuda a man-
ter-se desperto.
� Quando se voa na direção leste: o dia se torna mais
curto, de forma que é melhor descansar no avião.
Para dormir, é conveniente uma dieta rica em car-
boidratos (massa, arroz, frutas, vegetais, etc.).
De maneira geral:
� Antes e durante o vôo, pensar positivamente em rela-
ção ao próprio vôo e a futura permanência.
� Beber em abundância água mineral ou sucos para
evitar a perda de líquidos que ocorre nos vôos. Não
é conveniente ingerir bebidas alcoólicas, nem bebi-
das com cafeína (café, chá, bebidas à base de cola).
� Durante as escalas nos terminais de aeroporto, apro-
veitar para andar e realizar alongamentos.
� No local de destino: estabelecer um cronograma aco-
plado ao novo horário, sendo muito rigoroso com os
horários de treinamento, de alimentação e de des-
canso. Evitar comer ou dormir fora de horário. O
primeiro treinamento deve ser uma sessão curta com
caráter aeróbio (corrida contínua, não mais de 30
min), realizando aquecimento e resfriamento apro-
priados.
As reações do esportistaao calor: adaptação
Sabemos que aproximadamente 75% da energia produzida
durante um treinamento intenso ou uma competição é li-
berada para o meio externo sob a forma de calor. O meio
mais ativo dessa liberação de calor é a exalação durante a
ventilação e a difusão de líquidos através da pele. Produto
disso, se a temperatura ótima do ar para a atividade vital
do ser humano oscila entre 18 e 22oC, a atividade física
intensa requer uma diminuição na temperatura ótima. Por
exemplo, para uma atividade física que requeira uma fre-
qüência cardíaca de 140 bpm, a temperatura ideal seria
entre 16 e 17oC e, para 170 a 180 bpm, a realização ótima
de trabalho seria a uma temperatura de 13 a 14oC.
O aumento da temperatura externa acima de um nível
relativamente suportável elimina a diferença útil, do ponto
de vista fisiológico, entre a temperatura interna do corpo e
a externa, o que dificulta seriamente a liberação de calor e
gera uma ameaça por meio do superaquecimento do corpo.
A evaporação do suor da superfície do corpo torna-se
mais difícil quando ocorre aumento na umidade. Com a
pressão dos vapores de água do ar ambiente superior a 40
mm rrtst, a evaporação do suor é quase nula. Por isso, o
esportista suporta melhor uma temperatura do ar muito
alta quando a umidade não é significativa em relação a
uma temperatura relativamente baixa mas com grande
umidade.
O aumento da temperatura e da umidade do ar em rela-
ção ao nível de bem-estar (Tabela 19.5) está relacionado
com uma diminuição importante do nível de consumo de
oxigênio com o qual o ser humano mantém a temperatura
corporal constante. O treinamento ou a competição em
temperaturas muito elevadas sem que haja aumento da
temperatura do corpo exige uma forte diminuição da inten-
sidade da atividade, o que produz uma diminuição do
VO2máx em aproximadamente 33% e uma marcada dimi-
nuição do rendimento esportivo, de forma mais notória
nas modalidades de tempo prolongado.
A partir dos 37oC de temperatura seca ou dos 29oC de
temperatura úmida, o esportista apresenta sérias dificulda-
des fisiológicas, e a manutenção da atividade física prolon-
gada provoca uma diminuição no rendimento e, em tempe-
raturas extremamente elevadas, como observado na Tabela
19.5, pode colocar em perigo a saúde do atleta. Essas si-
tuações influenciam negativamente os sistemas circulató-
rio e respiratório, alteram a formação do suor e a transpi-
ração, assim como o balanço salino e hídrico. Por exemplo,
o fluxo de sangue e o VO2 não são diferenciados do nível
alcançado no início do trabalho em condições normais e
em condições de calor, porém são diferenciados em qualida-
de, já que com o calor há aumento da circulação da pele
(cutânea) até 20% do fluxo cardíaco (cerca de quatro vezes
527MEDICINA DO ESPORTE
mais que em condições normais). Esse aumento em direção
à rede capilar cutânea é necessário para impedir um supera-
quecimento do corpo.
Uma das conseqüências mais negativas da desidratação
é a diminuição do volume do plasma sangüíneo. Durante
a desidratação, como conseqüência do trabalho prolongado
em altas temperaturas secas e/ou úmidas, perde-se aproxi-
madamente 4% do peso corporal, e o volume do plasma
diminui em 16 a 18%. Também há diminuição do volume
sangüíneo circulante e do volume sistólico, observando-se
uma hemoconcentração com um aumento do hematócrito
e da viscosidade do sangue, aumentando a carga de traba-
lho que o coração pode suportar e diminuindo a sua produ-
tividade. Isso leva a uma diminuição da circulação nos mús-
culos que estão sendo utilizados devido ao aumento da por-
centagem do fluxo cardíaco dirigido aos vasos cutâneos
para intensificar a perda de calor, diminuindo o volume de
sangue circulante. Isso leva a um acúmulo de lactato e,
por conseguinte, diminui o ritmo de trabalho. Uma conse-
qüência da desidratação é, inclusive, a diminuição do volu-
me de líquido intercelular e intracelular. Nas células com
baixo conteúdo de água e com um equilíbrio alterado de
eletrólitos, a atividade normal altera-se. Esse desvio do flu-
xo sangüíneo em direção à pele também afeta o suprimento
para o fígado, para os rins e para o intestino. Essa situação
crítica de insuficiência coronariana aumenta a freqüência
cardíaca, a qual é insuficiente. Se isso persistir por um tem-
po prolongado, em condições de competição, pode provo-
car no esportista um choque térmico e colocar sua vida em
perigo. Pode ser típico da maratona.
O treinamento e a competição do esportista com altas
temperaturas e umidade ambiental provocam, pouco a pou-
co, o desenvolvimento de reações de adaptação, fazendo
com que a atividade do organismo seja mais efetiva e o
rendimento aumente.
As pessoas que vivem em países quentes caracterizam-
se por um limiar menor de perda de calor, não só por adap-
tação, mas também por um aumento de 0,2oC na tempera-
tura corporal e, inclusive, um acentuado aumento na quan-
tidade de glândulas sudoríparas por cada cm2 de superfície
corporal em comparação com as pessoas que vivem em paí-
ses de temperaturas moderadas.
Tem-se observado que pessoas de climas moderados e
de olhos negros e castanhos adaptam-se, de forma geral,
mais facilmente. Pessoas de olhos claros, em algumas oca-
siões, são acometidas no período de aclimatação com irri-
tabilidade, insônia, hipertensão arterial, etc.
Quando os atletas devem deslocar-se de países frios para
competir em países quentes, é necessário organizar uma
aclimatação prévia, entre 7 e 14 dias, com sessões diárias
de 2 ou 3 horas, inicialmente com baixa intensidade. Se
não for possível treinar nessas condições, é preciso utilizar
uma roupa que bloqueie a liberação de calor e limite a eva-
poração do suor, com a finalidade de ir criando mecanismos
de adaptação.
Os esportistas jovens suportam menos o calor do que
os adultos, já que se aclimatam mais lentamente a um clima
quente.
De maneira geral, são dadas algumas recomendações
para a adaptação ao calor:
� Quando nos deslocamos em direção a um país com
temperaturas e/ou umidade elevada, a adaptação an-
tes da competição deve ser, no mínimo, de 7 a 14
dias.
� É preciso, no início, diminuir a duração e a intensida-
de e aumentar progressivamente as cargas. Realizar
mais de uma sessão diária de treinamento. Não pas-
sar de 2 a 3 horas de treinamento nos primeiros dias.
� Os esportistas devem estar bem-hidratados antes de
treinar e de competir. É preciso repor as necessida-
des hidreletrolíticas mediante bebidas isotônicas e,
em algumas ocasiões, somente água, durante o
treinamento e a competição, em uma proporção de
150 a 200 mL a cada 20 a 30 minutos.
� Essas condições críticas de temperatura fazem o or-
ganismo consumir de 2 a 2,5 vezes mais do que em
condições normais, devido à grande quantidade de
água absorvida.
� A alimentação deve ser balanceada e com poucas
calorias no início da adaptação.
� Utilizar roupas leves, as quais devem ter apenas uma
camada de tecido para permitir a evaporação da água
e abrir o máximo possível a superfície da pele.
� Ainda devemos ser mais cuidadosos com crianças e
adolescentes, já que sua adaptação é mais lenta, es-
pecialmente as crianças.
� Lembrar que a resposta é individual e que alguns se
recuperam mais rapidamente.
� A adaptação do esportista ao calor seco não é garan-
tia de adaptação ao calor úmido.
� A adaptação ao trabalho de baixa intensidade (25%
do VO2máx ou um pouco mais) em condições de
calor não garante a adaptação a um trabalho de
maior intensidade nas mesmas condições.
Tabela 19.5 Condições de temperatura e rendimento
Temperatura Temperatura
Classificação seca (oC) úmida (oC)
Agradável 27 22
Quente 37 29
Muito quente 40 32,5
TREINAMENTO EM MÉDIA ALTITUDE E OUTRAS SITUAÇÕES ESPECIAIS DO MEIO AMBIENTE528
� Em algumas ocasiões, as alterações de adaptação nas
modalidades esportivas de tempo prolongado, como
é o caso de algumas modalidades de resistência em
clima quente, são bastante complexas e necessitam
de 3 a 4 semanas.
� Os esportistas de países mais quentes e úmidos adap-
tam-se melhor ao treinamentoe à competição nessas
condições.
� O aumento da temperatura retal do corpo é um índi-
ce que informa sobre a ação da carga no organismo
do esportista, e há uma elevação considerável dessa
temperatura quando estamos realizando trabalho
em condições de alta temperatura. Tem sido proposta
como um indicador para classificar a intensidade
de trabalho, segundo os registros da temperatura,
em: leve até 38,1oC; difícil de 38,1 até 39,4ºC; ex-
tremamente difícil (crítica) em mais de 39,4°C. Tem-
se demonstrado, em um seguimento de esportistas,
durante um trabalho intenso e durante a recupe-
ração, a relação desse indicador (temperatura retal)
com a freqüência cardíaca, com o fluxo sangüíneo e
com a ventilação pulmonar.
As reações do esportista ao frio: adaptação
A adaptação aguda e crônica do esportista ao frio é muito
menos complexa. Não obstante, para os esportistas de paí-
ses quentes, é mais lenta e um pouco arriscada para a saúde,
observando-se o aumento da incidência de lesões esporti-
vas.
As reações de adaptação aguda do organismo a certas
temperaturas estão condicionadas pela necessidade de de-
fesa do corpo ante a perda de calor.
O aumento da capacidade de isolamento por meio de
vasoconstrição cutânea é fundamental. Isso provoca uma
diminuição da temperatura cutânea, pela qual é produzida
uma diferença de temperatura entre a superfície do corpo
e o meio ambiente.
A vasoconstrição mais importante é produzida nas ex-
tremidades, especialmente nos dedos das mãos e dos pés.
A circulação entre os dedos das mãos e dos pés pode dimi-
nuir cerca de cem vezes, enquanto os tecidos das partes
distais das extremidades podem diminuir até a temperatura
do meio ambiente. Por isso, a capacidade de isolamento da
pele pode aumentar 5 ou 6 vezes.
É importante conservar o calor do corpo em temperatu-
ras baixas. Para que isso seja garantido, deve-se:
� Utilizar roupas adequadas. Utilizar roupa e calçado
esportivos durante o treinamento e a competição,
para garantir a manutenção de uma temperatura
ótima e proteger as áreas do corpo que podem ser
mais afetadas. Por exemplo, utilizar luvas nos dedos
das mãos e, se possível, durante a prática do esporte,
como pode ocorrer no futebol, atletismo de fundo,
etc. É fundamental evitar doenças respiratórias, as-
sim como lesões do esporte, incluindo fraturas devi-
das a quedas após nevar.
� Dieta balanceada, com um maior aporte de calorias
do que o habitual em esportistas que não tenham
dificuldades com sobrepeso, com um pequeno au-
mento das proteínas e dos lipídeos a fim de garantir
um maior aporte calórico e enfrentar os gastos extras
devidos ao frio.
� Realizar um ótimo aquecimento para garantir o au-
mento e a manutenção do calor corporal por meio
do aumento do metabolismo, evitando também fu-
turas lesões.
O não-cumprimento dessas medidas conduz à diminui-
ção da temperatura corporal abaixo do normal, devido ao
resfriamento, o que diminui o VO2máx, o fluxo cardíaco, a
capacidade de trabalho e a recuperação. Também decrescem
significativamente os índices de força e velocidade, cujo
nível está diretamente relacionado com a temperatura mus-
cular. A capacidade de resistência também diminui. A adap-
tação crônica ao frio diminui a vasoconstrição cutânea, in-
tensificando a circulação sangüínea periférica e diminuindo
menos a temperatura cutânea e muscular. Aumenta a coor-
denação dos esportistas, assim como a força-velocidade, a
mobilidade articular e a resistência. A adaptação deve durar
entre 7 e 14 dias, lembrando que as crianças se adaptam
mais lentamente do que os adultos.
Influência das condições climáticas
sobre o rendimento esportivo
As condições climáticas também influenciam o treinamen-
to, a competição e a preparação do esportista para o desen-
volvimento da competição. A informação sobre o tempo
real permite aumentar a qualidade da preparação do es-
portista e a realização das competições, assim como permite
resolver melhor os problemas envolvendo o treinamento e
a competição.
Para organizar o treinamento e a competição, convém
conhecer a previsão do tempo em curto prazo (segurança
de 80 a 90%), em médio prazo (70 a 75%) e em longo prazo
(60 a 65%).
Quando o tempo é agradável e quente, pode-se reduzir
a duração do aquecimento e diminuir um pouco a sua in-
tensidade. Quando, por exemplo, sopra um vento forte,
deve-se corrigir a técnica e a tática da atividade competitiva
em esportes que dependem do tempo, como vela, remo,
canoagem, esqui, ciclismo, triatlo, futebol e vôlei de praia.
529MEDICINA DO ESPORTE
As temperaturas baixas podem modificar os programas das
sessões de treinamento e alterar os programas das com-
petições; por exemplo, quando chove forte são adiadas as
corridas do ciclismo em pista aberta, beisebol, etc.
Influência das condições de poluição
ambiental sobre o rendimento esportivo
Existem muitos compostos químicos que, isoladamente ou
em combinação com outros compostos, produzem efeitos
danosos sobre a saúde, afetando principalmente o sistema
respiratório por meio da diminuição ou alteração de sua
função. Essas substâncias tóxicas terão uma maior ou
menor repercussão no rendimento físico do esportista que
compete ou treina sob condições atmosféricas adversas,
dependendo de diferentes fatores, como a concentração
do produto químico no meio e a combinação com outros
produtos químicos, ocasionando uma soma por adição de
efeitos tóxicos; o nível de ventilação do esportista; o estado
prévio da árvore brônquica do atleta; o estado de saúde e a
forma física do esportista; a combinação com outros fatores
atmosféricos (altitude, temperatura, umidade, etc.).
Os agentes contaminantes são classificados em primá-
rios e secundários. Os secundários são muito mais prejudi-
ciais. Formam-se por meio de reações químicas de precurso-
res naturais ou emitidos por fontes artificiais; estes incluem
o ozônio (O3), o HNO3, o H2SO4, o peroxiacetil nitrato e
uma grande quantidade de compostos inorgânicos que
pode existir em forma gasosa ou de partículas. A principal
fonte dos agentes de poluição, tanto primários quanto se-
cundários, é a combinação de produtos derivados do pe-
tróleo pelos meios de transporte nas cidades e nas áreas
industriais.
É preocupante que esportistas treinem em áreas onde
existe contaminação ambiental, correndo por grandes ave-
nidas em que a contaminação ambiental é elevada devido
aos produtos da combustão dos meios de transporte, ou
tenham parte de seu circuito de treinamento em zonas in-
dustriais.
Drobnic (1996) propõe uma série de recomendações
para o esporte em um meio ambiente com contaminação
ambiental, que citaremos a seguir:
Organizadores do evento:
� Estudar os locais onde se vai competir.
� Avaliar os locais de treinamento.
� Estabelecer um horário compatível com os horários
de menor contaminação.
� Estabelecer medidas oportunas para limitar a poluição
durante a atividade física (indústrias, transportes).
Equipe esportiva (técnicos do esporte, equipe médica e
esportistas):
� Colaborar, oportunamente, na avaliação da organiza-
ção do evento.
� Prever a chegada para ao menos três dias antes do
evento.
� Pode ser útil manter um tratamento com uma fór-
mula antioxidante via oral.
� Usar uma medicação preventiva da tosse induzida
pelo esforço após exercício em indivíduos sensíveis,
como o Nedocromil, o qual produz efeitos benéficos
nessas situações e não é um produto proibido.
� Avaliar a presença de outros possíveis contaminantes
e, conseqüentemente, fazer profilaxia da bronco-
constrição em indivíduos hiper-reativos, sejam ou
não asmáticos. Devem ser utilizados medicamentos
simpaticomiméticos que não se encontrem na lista
de substâncias proibidas pelo COI.
� Se a área estiver muito contaminada, deve-se avaliar
seriamente a possibilidade de não competir, sobretu-
do atletas de esportes de moderada e alta intensida-
de e duração, como ciclismo, provas de fundo no
atletismo, marcha, triatlo, e, fundamentalmente, es-
portistas com maior sensibilidade.
Asma e hiper-reatividade brônquica nos
esportistas derendimento
A presença de asma no esportista deve ser avaliada com
certa cautela e deve-se estar preparado para atendê-la e
preveni-la durante as competições. Em condições de conta-
minação ambiental, esses esportistas são mais suscetíveis.
Em condições ambientais normais, a porcentagem de espor-
tistas asmáticos é similar à da população em geral, oscilando
entre 5 e 10%; porém, nos atletas, existe uma hiper-rea-
tividade brônquica superior à da população em geral. O
motivo ainda não está claro, mas suspeita-se de que a hi-
perventilação durante períodos longos, desde idades muito
jovens, em muitos casos, provoca o envio de certas subs-
tâncias irritantes e/ou hipersensibilizantes em maior quan-
tidade e intensidade.
Além do efeito do exercício, há o próprio efeito do ar
frio e seco sobre a mucosa brônquica. Devemos lembrar
que um atleta de maratona ventila, em duas horas e meia,
o mesmo volume que ventilaria em 5 ou 6 dias levando
uma vida sedentária.
Como hiper-reatividade brônquica entende-se um esta-
do de maior sensibilidade dos brônquios ante um determi-
nado estímulo físico (exercício) ou químico (substâncias
provocadoras), resultando em uma diminuição da capaci-
dade brônquica. O esportista hiper-reativo pode jamais
apresentar uma crise, porém, em condições de gripe ou
durante um clima muito frio ou seco, pode apresentar sinto-
mas leves de “sufoco”, tosse ou sensação de aperto no peito
TREINAMENTO EM MÉDIA ALTITUDE E OUTRAS SITUAÇÕES ESPECIAIS DO MEIO AMBIENTE530
e sibilos. A diferença em relação à asma é que esta é uma
doença crônica, caracterizada pela presença de dispnéia e
revertida com a ajuda de um broncodilatador.
A população esportista que sofre de asma ou de hiper-
reatividade brônquica é mais sensível à contaminação am-
biental. Lembrar de utilizar os medicamentos estabelecidos
pelo COI. Não devemos esquecer que atletas fumantes
apresentam um risco maior, já que sofrem com maior
intensidade os efeitos da contaminação ambiental.
Substâncias químicas tóxicas
próprias do esporte
� Altos níveis de monóxido de carbono estão relaciona-
dos com a patinação sobre o gelo, juntamente com
outro gás, o NO2. São convertidos em irritantes do
sistema respiratório dos esportistas. Seus efeitos são
parecidos aos efeitos do tabagismo.
� O cloro, o qual é utilizado na esterilização dos depósi-
tos de água e nas piscinas, é um poderoso irritante
do sistema respiratório. Os nadadores, ao estarem
expostos desde idades muito precoces, podem apre-
sentar obstruções repentinas das vias aéreas com hi-
per-reatividade brônquica.
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http://www.fims.org/
 
NUTRIÇÃO. SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS E ESPORTE DE COMPETIÇÃO DE ALTO NÍVEL436
conseqüente eliminação pelas fezes. A Tabela 15.7
apresenta os primeiros sinais e sintomas de de-
ficiência do ferro, e a Figura 15.11 mostra a rela-
ção do ferro em seus depósitos de reserva e fun-
cional e sua relação com a anemia do esportista.
� Considerando as características do atleta e sua mo-
dalidade esportiva, idade e sexo, deve-se orientá-lo
ao consumo da dieta apresentada anteriormente. As
carnes vermelhas, as vísceras, a gema do ovo, os le-
gumes secos, o cacau, os mariscos e a salsa são ali-
mentos ricos em ferro. Às vezes, é necessário utilizar
suplementos com a combinação de ferro ferroso e
ácido fólico, assim como complexo de vitamina B,
principalmente a B12.
Embora seja caro, o controle sérico é importante. Às
vezes, os controles de exames de Hb e Fe de rotina podem
mascarar o estado de carência dos depósitos (ferritina).
Nos atletas de elite, o controle da ferritina deve ser acompa-
nhado sempre.
AJUDA ERGOGÊNICA E ESPORTE
DE ALTO NÍVEL
A ajuda ergogênica constitui qualquer intervenção realizada
sobre o esportista cujo objetivo seja melhorar o rendimento.
O auxílio pode ser um suporte mecânico, a utilização de
substâncias farmacológicas, a adoção de medidas psicoló-
gicas (biofeedback, hipnose e placebos) e fisiológicas (aque-
cimento, massagens, autotransfusão, etc.) e orientação nu-
tricional (supercompensação de carboidratos, suplemen-
tação de aminoácidos, bicarbonato de sódio, ginseng, pró-
polis, etc.).
No esporte de alto nível é necessário utilizar suplemen-
tos nutricionais como ajuda ergogênica devido às exigên-
cias do nível competitivo, existindo cada vez mais compe-
tições de elite, com maiores prêmios e menos tempo para a
recuperação biológica e psicológica. Assim, pode-se apli-
car a ajuda ergogênica para atletas que tenham assimilado
bons hábitos alimentares. A ajuda ergogênica é um suple-
mento à quantidade e à qualidade calórica.
Ergogenia é uma palavra de origem grega que, em rela-
ção ao esporte, significa economia na utilização, no controle
e na eficiência da energia. Não se deve confundir ajuda
ergogênica com ingestão de substâncias proibidas (doping)
e/ou com administração de transfusões sangüíneas ou ma-
nipulações químicas. É um dever de todos lutar contra o
doping, por isso é importante educar os atletas desde seu
início para evitar esse hábito prejudicial. Todos os treina-
dores, dirigentes de federações, médicos e profissionais do
esporte, em seus respectivos comitês olímpicos nacionais,
federações esportivas e instituições estatais do esporte, de-
vem informar sobre substâncias que contenham doping e
que anualmente aparecem publicadas nas listas oficiais
emitidas pelo COI.
Objetivos da ajuda ergogênica
por meio de suplementos nutricionais
Colaborar para manter o equilíbrio endócrino-metabólico
com predomínio anabólico e evitar a depleção de substratos
importantes.
� Poupador de glicogênio. Produtos: glutamina, tri-
glicerídeos de cadeia média e carnitina, que, por seus
efeitos, também pode contribuir para a diminuição
do peso.
� Poupador de glicogênio, melhora a reserva de ami-
noácidos e colabora no desenvolvimento da força.
Produtos: ornitina, arginina e lisina (aminoácidos
essenciais) e aminoácidos ramificados.
� Recuperador cardiovascular, colabora no desenvol-
vimento da força. Produto: inosina.
� Desenvolvimento da força. Produtos: creatina, con-
centrados protéicos, como o superamino, que se utili-
za para aumento de peso à custa do peso magro.
� Reguladores do metabolismo, aporte de agentes an-
tioxidantes, imunomoduladores, aporte de ferro.
Produtos: vitaminas e minerais.
� Reposição hidromineral. Bebidas istônicas que apor-
tam a necessidade de água, minerais e carboidratos,
necessários para o treinamento e para a competi-
ção. Produtos: Gatorade, Isostar, Flectomin, etc.
Caracterização dealguns produtos ergogênicos
� Glutamina: é um aminoácido não-essencial regula-
dor da síntese hepática do glicogênio, poupador de
glicogênio muscular e dos aminoácidos essenciais
em nível muscular e precursor dos aminoácidos es-
senciais valina, leucina e isoleucina. A ingestão ade-
quada garante um sistema protetor das proteínas
que participam na construção muscular. Aporte ime-
diato de energia. Dosagem: 2 a 4 cápsulas de 400
Tabela 15.7 Conseqüências da deficiência de ferro
Perda de apetite
Apatia
Fadiga
Palpitações ao exercício
Inflamação da língua e do estômago
Diminuição da produção de hemoglobina
437MEDICINA DO ESPORTE
mg, 15 a 20 minutos antes do treinamento principal
do dia. Deve ser ingerida sempre depois das refeições
para evitar a competição com outros aminoácidos
existentes nos alimentos.
� Triglicerídeos de cadeia média: poupador de glico-
gênio e de proteínas. Utilidade principal em provas
de fundo, principalmente em maratonas e em triatlo.
De 1 a 3 colheres, duas vezes ao dia, dependendo do
peso corporal. Apresentação: 1.000 mL.
� Inosina: recuperador cardiovascular, contribui para
o desenvolvimento da força. Melhora a síntese de
ATP, já que é um elo natural na cadeia bioquímica
da produção de ATP. É um nucleotídeo da purina,
componente natural que se encontra nos tecidos do
organismo, principalmente no coração e no músculo
esquelético. Melhora a potência aeróbia e a anae-
róbia. Dosagem: 1 a 3 cápsulas de 500 mg no almo-
ço e jantar. Tomar dois dias e descansar um, já que
pode elevar o ácido úrico. Atualmente está entrando
em desuso.
� Arginina, ornitina e lisina: são aminoácidos que, em
sua forma livre, colaboram com o treinamento de for-
ça, contribuindo para eliminar os radicais de amônia.
Retardam a produção de lactato e poupam glicogênio.
Acredita-se que atuem indiretamente sobre o hormô-
nio do crescimento. Dosagem: 1 a 3 comprimidos uma
hora antes de deitar, já que nesse horário têm maior
efeito. Cada um dos aminoácidos contém 500 mg.
� L-Carnitina: poupador de glicogênio. Ativa especifi-
camente o metabolismo dos lipídeos, ajudando a re-
duzir a gordura corporal por metabolizá-la, favore-
cendo a obtenção de energia. Colabora indiretamen-
te na melhora da capacidade aeróbia pela utilização
dos lipídeos como fonte energética. É usada tam-
bém para diminuir o peso em esportistas ou pesso-
as com sobrepeso. Dosagem: 1 a 3 comprimidos di-
ários de 1.000 mg nas refeições ou meia hora antes
do treinamento.
� Creatina: é um metabólito rico em energia que se
encontra no músculo. Colabora na elevação da capa-
cidade anaeróbia aláctica, melhorando o desenvol-
vimento da força, a explosão e a velocidade. Melhora
a potência e a recuperação do músculo. Dosagem: o
Plus Creatine deve ser administrado nos primeiros
cinco dias na razão de 200 mg/kg em quatro doses
acompanhadas de suco de frutas com açúcar, após
o café da manhã, o almoço e o jantar e 15 minutos
antes do treinamento principal. A partir da segunda
semana, diminui-se a dosagem para 50 mg/kg, em
dose única 15 a 20 minutos antes do treinamento
principal. Próximo à competição, em modalidades
esportivas individuais ou em campeonatos de tem-
poradas extensas, não se deve administrar esse pro-
duto, ou deve-se reduzi-lo ao máximo, uma vez que
os esportistas podem perder elasticidade em seu
aparelho musculoesquelético, o que pode ocorrer so-
bretudo em atletas extremamente musculosos, favo-
recendo as rupturas de miofibrilas. Em atletas com
pouco desenvolvimento muscular não se deve utili-
zar esse produto.
� Aminoácidos ramificados (AAR ou BCaa): compos-
tos pela L-Leucina (200 mg), pela L-Valina (200 mg)
e pela L-Isoleucina (100 mg). Têm uma atividade
essencial para o desenvolvimento da massa muscu-
lar e contribuem para melhorar a resistência, o ren-
dimento físico e a regeneração das fibras musculares.
Possuem um efeito anabólico natural. Indiretamen-
te, são poupadores de glicogênio. Apresentação em
cápsulas de 500 mg. Dosagem: 6 a 9 cápsulas ao dia
em três doses diárias, entre as refeições e antes do
treinamento.
� Superamino 2000: é uma fórmula de aminoácidos
obtida mediante processamento de alto valor biológi-
co. É um produto composto 100% por lactoalbumina
e albumina de ovo digerida por enzimas. É usado
para aumentar o peso à custa do peso magro. Seu
aporte de gordura é praticamente nulo. Dosagem:
nove comprimidos diários divididos em três doses;
cada comprimido contém 2.000 mg de aminoácidos.
Existem similares desse produto no mercado, em
diferentes apresentações.
� Suplementos vitamínicos e minerais: encontram-se
vários nas casas comerciais. Aportam as necessida-
des extras dos micronutrientes exigidos no esporte
de alta competição para obter uma nutrição balan-
ceada. Como sabemos, os micronutrientes intervêm
em diferentes processos endócrino-metabólicos, in-
cluindo a obtenção de energia. Também possuem
ações antioxidantes e imunomoduladoras. Depen-
dendo da apresentação, deve-se tomar 1 ou 2 compri-
midos ao dia, em diferentes etapas, durante a tem-
porada.
� Bebidas isotônicas: aportam hidratação e minerais.
São uma pequena fonte energética necessária para
responder às necessidades hidrominerais durante
treinamentos ou competições, devendo-se repor lí-
quidos entre 150 e 200 mL a cada 15 a 20 minutos.
Existem diferentes marcas, como Gatorade, Isostar,
Flectomin, etc. Observamos na Tabela 15.8 algumas
características de diferentes bebidas isotônicas.
NUTRIÇÃO. SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS E ESPORTE DE COMPETIÇÃO DE ALTO NÍVEL438
Tabela 15.8 Características de algumas bebidas comerciais utilizadas no esporte
Bebida Osmolaridade Conteúdo g/L HC Na+ (mEq/L) K+ (mEq/L) Cl- (mEq/L)
Isostar 296 73 24 4 12
Gatorade 349 62 23 3 14
Lucozado Sport 280 69 23 4 1
Prips Energy 260 75 13 2 7
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
RELACIONADAS AOS SUPLEMENTOS
NUTRICIONAIS
� Devemos levar em conta em sua dosagem: a super-
fície corporal do atleta, seu peso atual e o peso dese-
jado, com um adequado desenvolvimento muscular,
estado de saúde, objetivos a desenvolver nos micro-
ciclos, capacidades funcionais motoras da modalida-
de esportiva, características individuais do atleta,
etapa do treinamento e sistema competitivo.
� A ajuda ergogênica em nenhum momento substitui
uma nutrição balanceada. Antes da ajuda ergogêni-
ca, devemos promover bons hábitos de alimentação
e hidratação dos esportistas, assim como uma ade-
quada carga de treinamento e recuperação.
� É muito importante selecionar adequadamente o
produto e a etapa em que será administrado, cor-
respondendo sempre a um objetivo bem-definido.
Produtos indevidamente utilizados podem entorpe-
cer as capacidades morfofuncionais a desenvolver.
� O êxito não reside na ajuda ergogênica, uma vez que
ela é parte da estratégia de recuperação biológica do
atleta.
� É obrigação do médico e do treinador zelar pelo uso
correto dos suplementos nutricionais, evitando a au-
tomedicação e os efeitos prejudiciais que pode oca-
sionar. O trabalho educativo é especialmente impor-
tante.
� Existem produtos naturais, como o mel, a espirulina,
entre outros, que são utilizados como suplementos
nutricionais. O mel no aporte de carboidratos de qua-
lidade, com a finalidade de poupar glicogênio, e no
aporte de aminoácidos, vitaminas e sais minerais; a
espirulina, no aporte de minerais e de aminoácidos.
� Pesquisas recentes de diferentes suplementos nu-
tricionais em laboratórios de doping credenciados de-
monstraram:
– Alguns suplementos declaram possuir certos
componentes que não possuem, ou que possu-
em em quantidades diferentes das mencionadas,
ou, ainda, não mencionam em seus rótulos com-
ponentes que foram detectados.
– Cientificamente se comprovou que muitos bene-
fícios anunciados na maioria dos suplementos
nutricionais são falsos.
– A demonstração mais perigosa desses estudos é
a de entre os componentes substâncias que são
detectadas e que de forma direta ou indireta são
substâncias proibidas. As que se encontram com
maior freqüência são os agentes anabolizantes,
hormôniosou pró-hormônios que produzem efei-
tos anabolizantes, entre outras.
Com relação a isso, a Comissão Médica do COI indi-
cou ao Instituto Antidoping de Colônia, Alemanha, a
realização um amplo estudo, que se realizou de outu-
bro de 2000 a novembro de 2001, em que se demons-
trou a falta de seriedade de algumas empresas de
suplementos nutricionais, as quais atentavam contra
a saúde de seus clientes e a ética esportiva e médica.
O estudo realizou-se com empresas de 13 países de-
senvolvidos, 12 da Europa e os Estados Unidos, sen-
do analisados 634 diferentes suplementos nutricio-
nais, todos declarados livres de agentes anabolizan-
tes e de pró-hormônios que pudessem possuir efeitos
anabolizantes. O estudo demonstrou que 94 suple-
mentos nutricionais foram positivos por conter hor-
mônios não-listados. Nesses casos, esses suplemen-
tos foram positivos no controle de doping por pos-
suirem agentes anabolizantes. Desse estudo, 14,8%
foram positivos o que deve servir de alerta, confir-
mando a grave situação que permeia suplementos
nutricionais.
O trabalho realizado pelo Instituto de Colônia tem o
título: “Analysis of Non-Hormonal Nutritional Su-
plements for Anabolic-Androgenic Steroides. An In-
ternational Study”. Pode ser encontrado no site do
Comitê Olímpico Internacional: www.olympics.org,
em que se deve buscar a Comissão Médica do COI.
A falta de informação em relação aos suplementos
nutricionais pode afetar outras substâncias ou méto-
http://www.olympics.org/
439MEDICINA DO ESPORTE
dos proibidos, como estimulantes e diuréticos, muito
utilizados para diminuir o peso corporal.
Se este foi o resultado encontrado ao avaliar-se em-
presas de países desenvolvidos, é muito provável que
a situação de países menos desenvolvidos seja mais
grave.
� A Agência Mundial Antidoping, WADA, informa ao
Movimento Desportivo Olímpico e a todos os prati-
cantes de exercícios físicos que o uso de suplemen-
tos nutricionais não é necessário para a performance
e recuperação do atleta, ressaltando que o verdadeiro
êxito do rendimento esportivo e da longevidade do
atleta encontra-se no sucesso de um planejamento
e controle do treinamento cientificamente funda-
mentados e personalizados, necessitando-se de uma
ótima relação entre as cargas de treinamento e com-
petições aplicadas, uma boa recuperação e ótima nu-
trição.
DOPING E ESPORTE
Com o objetivo de melhorar o rendimento esportivo, alguns
treinadores, atletas e, lamentavelmente, certos médicos e
investigadores do esporte recorrem a fármacos e/ou méto-
dos para conseguir tal objetivo, tentando justificar que o
preço não é demasiado elevado para atingir o objetivo de
vencer. Além dos problemas éticos, por tentar obter uma
vantagem adicional sobre seus adversários, tal prática põe
a saúde do atleta em risco.
O doping não é novo, embora nos últimos tempos a pro-
fissionalização e a comercialização excessivas do esporte,
repleto de competições de alto nível e poucas possibilidades
de recuperação, associadas ao aparecimento de fármacos
novos (alguns deles obtidos por técnicas recombinantes,
que dificultam ou impossibilitam sua detecção na análise
da urina), possam sugerir que tais meios têm sofrido um
considerável aumento. No entanto, deve-se levar em con-
ta que a detecção de um maior número de positivos tem
exercido um papel importante no controle e na regulamen-
tação mais rigorosa a que em épocas anteriores.
A Agência Mundial Antidoping com a elaboração de seu
código ético, em união ao Comitê Olímpico Internacional,
da mesma forma que as diferentes federações esportivas
internacionais, exerce um papel importante na atualização
das substâncias e dos métodos considerados doping,
tentando, com isso, assegurar o jogo limpo e a segurança
dos esportistas. Os fármacos proibidos são um arsenal
terapêutico reduzido. Portanto, o atleta que, por motivos
clínicos, necessite de um tratamento, dispõe de alternativas
válidas que garantem seu direito a um tratamento apro-
priado.
De forma breve, apresentaremos a classificação atual
da Agência Mundial Antidoping (WADA - AMA) e do Comitê
Olímpico Internacional para 2004, relacionada às substân-
cias e aos métodos proibidos.
Substâncias proibidas
S1. Estimulantes
S2. Narcóticos
S3. Canabinóides
S4. Agentes anabolizantes
S5. Hormônios peptídicos
S6. Beta-2-agonistas
S7. Agentes com atividades antiestrogênica
S8. Agentes mascarantes
S9. Glicorticosteróides
Métodos proibidos
M1. Aumento do transporte do oxigênio
M2. Manipulação farmacológica, química e física
M3. Dopagem genética
Substâncias proibidas para
determinada disciplina esportiva
Sustâncias como álcool, diuréticos e beta-bloqueadores
encontram-se registradas como substâncias proibidas para
determinadas disciplinas esportivas. A nova classificação
de dopagem é discutida no Capítulo 22.
Cada vez mais as federações esportivas internacionais
exigem o cumprimento do regulamento oficial do COI –
WADA que relaciona a lista das substâncias proibidas
(doping).
A recente criação da Agência Internacional Antidoping
fortaleceu essa posição em nível mundial.
Os controles sangüíneos incorporados contribuirão de
forma definitiva para a detecção de substâncias não-detec-
tadas na urina.
ESPORTE DE ALTO RISCO E NUTRIÇÃO
MARGINAL: EFEITOS FISIOPATOLÓGICOS
DA RESTRIÇÃO CALÓRICA E DIMINUIÇÃO
DE PESO E DO PERCENTUAL DE GORDURA
CORPORAL
A perda da gordura corporal abaixo dos valores normais
mínimos do percentual de gordura corporal (5% nos ho-
mens e 10 a 12% nas mulheres), a longo prazo, não melhora
o rendimento esportivo. Ocorre primeiro um estancamen-
to nos resultados e, posteriormente, uma redução, o que
NUTRIÇÃO. SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS E ESPORTE DE COMPETIÇÃO DE ALTO NÍVEL440
se acentua quando a situação ocorre por meses ou tempo-
radas, ainda que seja de forma flutuante (ver Capítulo 13).
A Tabela 15.9 mostra um grupo de modalidades esporti-
vas nas quais isso pode ocorrer se os atletas possuírem di-
ficuldades com sua composição corporal. Observamos dois
grupos com diferentes características metodológicas com-
petitivas, ambos com um possível problema de peso.
Mecanismos desencadeantes de fadiga
por deficiência de reserva energética
Ao diminuir a reserva de gordura corporal do organismo
esgotam-se também as reservas do glicogênio e, assim, ini-
ciam-se mecanismos catabólicos no organismo do atleta,
que se caracterizam por:
� Depleção de substratos (triglicerídeos e glicogênio),
acúmulo de metabólitos, alterações hidreletrolíticas,
alteração na captação de aminoácidos ramificados
e alteração de enzimas cinases.
� A depleção do glicogênio e dos triglicerídeos armaze-
nados exerce um papel muito importante nas altera-
ções endócrino-metabólicas.
Depleção de carboidratos endógenos: efeitos
Alteração na função dos aminoácidos, importante mudança
na relação aminoácidos intramusculares e plasmáticos, uti-
lização dos aminoácidos ramificados e aumento rápido dos
produtos finais protéicos. Tudo isso leva à limitação do ren-
dimento esportivo.
A ação crônica desse quadro produz desequilíbrio hor-
monal, favorecendo dos processos catabólicos.
Nos Capítulos 17 e 20 trataremos de diferentes estados
fisiopatológicos que ocorrem no esporte de alto rendimento,
como a tríade da atleta, problemas de depressão imuno-
lógica e fadiga crônica, em que a perda exagerada de peso
e uma diminuição excessiva do percentual da gordura cor-
poral, com nutrição deficiente e maus mecanismos de re-
cuperação biológica, incluindo má relação carga de treina-
mento e/ou competição com recuperação insuficiente, são
causas multifatoriais desses quadros negativos para a per-
formance esportiva e o futuro dos atletas. Tudo isso está
relacionado à depleção de carboidratos endógena.
CUIDADOS NOS PROGRAMAS DE
PERDA OU AUMENTO DE PESO
Na hora de definir os programas de perda ou aumento de
peso dos atletas, deve-se levar em consideração importantes
aspectos que caracterizam a qualidade desse programa:
� Conhecer o estado de saúde do atleta, já que a causa
do problema de baixo peso ou sobrepeso geralmenteestá associada a hábitos de alimentação incorretos.
Devem ser descartadas alterações endócrino-meta-
bólicas, parasitismo, entre outras.
� Caracterizar o esportista do ponto de vista morfo-
funcional. Conhecer a superfície corporal, o gasto
energético da modalidade, tanto nas sessões de trei-
namento como na competição e no resto de sua ati-
vidade diária.
� Começar o programa desde o início da etapa prepara-
tória e, inclusive, se for necessário, iniciá-lo entre 4
e 8 semanas antes que seus demais companheiros
de modalidade para poder criar uma base ideal, do
ponto de vista morfofuncional, combinando a nu-
trição e o treinamento necessário.
� Conhecer o gasto energético diário do atleta, incluin-
do o do treinamento.
� As modificações que forem necessárias na ingestão
calórica e no treinamento não podem afetar a saúde
do atleta.
� A combinação do programa de nutrição (incluída a
ajuda ergogênica) com o treinamento não deve
produzir aumento ou perda de peso maior de 1 kg
por semana.
� Obter o peso corporal e a distribuição de sua com-
posição corporal ideal pelo menos uma semana an-
tes da competição.
� Estabilizar o peso corporal do atleta de maneira que
responda à estratégia competitiva, sem afetar o esta-
do de saúde, o rendimento e a longevidade atlética.
� Para competir ou treinar com menos de 5% de gordu-
ra corporal nos homens e de 12% nas mulheres, de-
vemos ter permissão do médico especialista. Procu-
rar evitar essa situação para qualquer modalidade,
idade e sexo.
� Os atletas que estão acima de seu peso ideal devem
reduzi-lo gradualmente, na razão de não mais que
1 kg/semana, para preservar seu peso magro (massa
livre de gordura). Isso deve ser alcançado mediante
Tabela 15.9 Esportes de alto risco em nutrição marginal
Critérios Modalidades esportivas
Peso baixo Ginástica esportiva e artística,
< % Gordura patinação artística, balé, aeróbica, nado
Aparência corporal sincronizado, salto de trampolim, salto
de esqui, hípica (jóquei)
Competição vs Judô, boxe, luta, taekwondo, remo
categoria de peso (categorias leves), halterofilismo,
fisiculturismo
 
47MEDICINA DO ESPORTE
Tais modificações estão relacionadas aos seguintes prin-
cípios:
� Individualidade (incluindo herança genética)
� Especificidade do treinamento (com predomínio
aeróbio, anaeróbio ou misto)
� Relação entre volume e intensidade
� Progressão da carga
� Manutenção (a perda é reversível)
AJUSTES CARDIOVASCULARES AO ESFORÇO
A realização de qualquer exercício físico pressupõe o estabe-
lecimento de uma situação de sobrecarga para o sistema
cardiovascular. A atividade física traduz-se na existência
de um aumento de substâncias nutritivas e no aumento
do aporte de oxigênio necessário para os músculos ativos.
Secundariamente, aumentam também os níveis de anidri-
do carbônico e de metabólitos, os quais precisam ser eli-
minados. Para responder a isso, é necessária uma série de
ajustes no sistema cardiovascular e em sua inter-relação
com os diferentes órgãos e sistemas do corpo.
Freqüência cardíaca
O controle da freqüência cardíaca (FC) durante o repouso
e o exercício é um bom indicador do nível de intensidade
em que o coração está trabalhando e é uma informação
importante do estado de saúde de uma pessoa. O músculo
cardíaco responderá diretamente à necessidade de oxigênio
e de fluxo sangüíneo do organismo em diferentes momen-
tos da vida, tanto para realizar um exercício de determinado
nível de intensidade como durante períodos de doença ou
de necessidade externa, em que o organismo responde en-
viando fluxo sangüíneo aos músculos e/ou órgãos que ne-
cessitem do aporte de sangue e de O2. A freqüência cardíaca
é parte importante de diferentes variáveis fisiológicas. Por
exemplo, junto ao volume sistólico forma o débito cardíaco.
A freqüência cardíaca é também parte do duplo produto.
Existe uma correlação linear entre o aumento do consumo
máximo de O2 (VO2máx) durante o exercício e o aumento
da freqüência cardíaca. Nesse caso, com respeito ao per-
centual da FC máxima. A seguir, abordaremos a importân-
cia do controle da freqüência cardíaca.
Freqüência cardíaca de repouso
Considerações importantes:
� A freqüência cardíaca de repouso (FCR) é de 60 a
80 batimentos por minuto (bpm) em média. Em in-
divíduos sedentários e de meia-idade, ela pode supe-
rar 100 bpm. Esportistas em forma e de modalidades
de resistência podem apresentar entre 28 e 40 bpm,
pelo aumento do volume sistólico, a partir de uma
hipertrofia ventricular esquerda de caráter fisiológico.
� A FC normalmente diminui com a idade, tanto em
repouso como durante exercícios submáximos e má-
ximos (principalmente neste último, em conseqüên-
cia do processo biológico do envelhecimento).
� Fatores como aumento de temperatura e altitude
aumentam a FC de repouso.
� Antes do exercício, a FC costuma aumentar acima
dos valores normais, o que se denomina resposta
antecipatória. Devido a isso, as verificações de FC
de repouso prévias ao exercício devem ser desconsi-
deradas. A verdadeira FC de repouso deve ser verifi-
cada nas primeiras horas da manhã, quando a pessoa
levanta.
� Se quando estivermos deitados nossa FC de repou-
so for de 50 bpm, quando estivermos sentados au-
mentará para 55 bpm e, quando estivermos de pé,
para 60 bpm. A FC de repouso aumenta porque,
quando nosso corpo passa de uma posição, deitado,
para outra, de pé, o volume sistólico cai imediata-
mente. Isso se deve sobretudo ao efeito da gravidade,
que faz com que o sangue se acumule nas pernas,
reduzindo o volume de sangue que retorna para o
coração. Isso, ao mesmo tempo, produz um aumento
da FC de repouso, para manter o débito cardíaco de
repouso.
� Por fim, determinadas doenças e medicamentos po-
dem aumentar ou diminuir a FC de repouso.
Freqüência cardíaca durante o exercício
Algumas considerações que devemos lembrar:
� Quando se inicia um exercício, a FC aumenta propor-
cionalmente à sua intensidade (de acordo com a ca-
pacidade física atual).
� Existe uma correlação direta entre a intensidade da
FCmáx e o VO2máx durante o exercício, embora pró-
ximo do VO2máx se perca a linearidade.
� A freqüência cardíaca máxima é muito importante
para o planejamento do treinamento e seu controle,
assim como para determinados testes de laboratório
e de campo, tanto para esportistas como para a po-
pulação em geral.
� Segundo a fórmula da OMS-Karvonen, a FCmáx é
220 – idade (fórmula aplicada pela Organização
Mundial de Saúde [OMS]). No entanto, isso é uma
estimativa, e os valores individuais variam conside-
ravelmente em relação a esses valores médios. Por
exemplo, em uma pessoa com 40 anos de idade, a
FCmáx seria estimada em 180 bpm. No entanto, se-
INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO48
gundo estudos realizados, dentre pessoas de 40 anos,
68% apresentam uma FCmáx entre 168 e 192 bpm
e 95% entre 156 e 204 bpm. O próprio Karvonen
possui outra fórmula para avaliar o VO2máx ou a FC
de reserva: FCmáx – FCR. Ambas as fórmulas são
importantes para conhecer o potencial cardiovascular,
mas as duas possuem margem de erro. A partir des-
ses resultados planeja-se o pulso de treinamento.
� A fórmula da OMS é a mais utilizada na população
(FCmáx = 220 – idade).
� Perde-se 1 bpm por ano de vida.
� Quando o ritmo de esforço se mantém constante,
em níveis submáximos de exercício, a FC aumenta
muito rapidamente, até estabilizar-se. O ponto de
estabilização é conhecido como estável da FC e é o
ritmo ideal do coração para satisfazer as exigências
circulatórias a esse ritmo específico de esforço. Para
cada incremento posterior de intensidade, a FC al-
cançará um novo valor dentro de um ou dois minu-
tos. Apesar disso, quanto mais intenso é o exercício,
mais se demora para alcançar o estado estável.
� Nesse princípio de cargas crescentes, utiliza-se um
teste de laboratório para o diagnóstico da capacidade
funcional.
� Após seis meses de treinamento moderado a mode-
rado-intenso, a FC durante o exercício submáximo
costuma diminuir cerca de 20 a 40 bpm. A FC sub-
máxima de uma pessoa reduz-se proporcionalmenteà quantidade de treinamento realizado.
� O período de recuperação da FC diminui aumentan-
do-se o treinamento de resistência; é uma variável
considerada para avaliar o progresso do treinamento.
� Wilmore e Costill (2000) referem que quando se pas-
sa da posição de pé, em relativo repouso, a caminhar,
a FC pode aumentar de 60 para 90 bpm aproximada-
mente. Fazendo jogging (trote) a um ritmo modera-
do de 140 bpm, pode-se chegar a 180 bpm ou mais
se passamos a correr a uma grande velocidade. O
débito cardíaco (DC) aumentará por duas causas:
maior volume sistólico e maior FC durante o exercí-
cio, em virtude da demanda de fluxo sangüíneo e
O2 dos músculos que estão trabalhando.
� Vários fatores afetam a FC durante o repouso e du-
rante o exercício, como temperatura, umidade, horá-
rio do exercício, modificação de posição, ingestão
de alimentos, etc. O uso de determinados medica-
mentos pode alterar a FC durante a prática de exercí-
cios; por exemplo, os beta-bloqueadores diminuem
a FC. Situações parecidas também ocorrem durante
o repouso (ver Tabelas 2.2 e 2.3).
� Fatores como as modificações de posição durante o
exercício (posição ortostática – como ocorre durante
Tabela 2.2 Variações na resposta da FC a uma velocidade
de 14 km/h na esteira ergométrica com alterações
ambientais
Freqüência cardíaca
Fatores ambientais Repouso Exercício
Temperatura com 50% de umidade
21oC 60 165
35oC 70 170
Umidade com 21oC
50% umidade 60 165
90% umidade 65 175
Nível de ruído (21oC e 0% de umidade)
Baixo 60 165
Alto 70 165
Ingestão de comida (21oC e 50% de umidade)
Uma pequena refeição 3 horas antes
 do exercício 60 165
Uma grande refeição 3 horas antes
 do exercício 70 175
Fonte: Wilmore e Costill, 2000.
a corrida –, ou sentado – como ocorre no ciclismo e
durante a natação) afetam a freqüência cardíaca em
uma intensidade similar de trabalho (ver Tabela 2.7).
Como podemos determinar a freqüência cardíaca
máxima prevista de uma pessoa e o pulso de
treinamento?
Tanto no esporte de rendimento como nos programas de
saúde direcionados à população utilizamos diferentes fór-
mulas, como as seguintes:
� FCmáx = 220 – idade (OMS-Karvonen)
� FCmáx de reserva ou VO2máx = FCmáx – FC de
repouso (Karvonen)
� FCmáx = 208 – (0,7 × idade) (fórmula da Universi-
dade do Colorado, EUA)
A aplicação dessas fórmulas é abordada em outros ca-
pítulos, principalmente nos Capítulos 4 e 13.
De posse dessa informação, o médico com conhecimen-
tos de fisiologia do exercício, o professor de educação física
ou o técnico do esporte, entre outros profissionais da área,
podem planejar de forma simples em que faixa do percen-
tual de intensidade da FCmáx devem treinar seu atleta,
cliente ou paciente para obter os resultados esperados,
criando um nível inferior e outro superior de intensidade,
controlado, nesse caso, pelos bpm, o que constitui, então,
a banda ou faixa de pulso de treinamento.
49MEDICINA DO ESPORTE
Em casos de doença, trabalha-se a partir da freqüência
de trabalho submáximo, e a fórmula que se utiliza para
obtê-la é:
FC submáxima= FC máxima × 0,85
Em cardiologia e em medicina do esporte, utilizam-se
as fórmulas de Vivacqua e Spagna para a reserva cronotró-
pica (RC) e o déficit cronotrópico (DF).
RC = FCmáx – FC de repouso (também conhecida como
FCmáx de reserva ou percentual de VO2máx, utilizado por
Karnoven)
FCmáx prevista – FCmáx alcançada
DC = ________________________________
FCmáx prevista
Débito cardíaco: a capacidade
funcional do sistema cardiovascular
O débito cardíaco é o primeiro indicador da capacidade fun-
cional da circulação para satisfazer as demandas da ativi-
dade física. Os dois fatores que determinam a capacidade
do débito cardíaco são a freqüência cardíaca e o volume
sistólico (VS). A relação é:
DC = FC × VS
Dispõe-se de vários métodos, invasivos (como o método
de Fick) e não-invasivos (como o método de reinalação),
para medir o débito cardíaco. Cada um tem suas vantagens
e desvantagens, sobretudo quando utilizados durante a prá-
tica de exercícios.
A fórmula do método de Fick é esta:
VO2máx × 100 = mL/minDC = __________________________
Diferença a-vO2
Em condições de repouso, o organismo dispõe de aproxi-
madamente 250 mL de VO2máx, os quais são utilizados
durante um minuto em repouso para responder ao gasto
energético, e a diferença arteriovenosa durante esse tem-
po é de 5 mL de O2 por 100 mL de sangue. Assim, confor-
me a fórmula de Fick, teríamos um DC de 5.000 mL/min
de sangue, ou seja, de 5 L/min.
Débito cardíaco em condições de repouso
e durante o exercício
O DC aumenta proporcionalmente à intensidade do exer-
cício, desde 5 L em condições de repouso a um máximo de
20 a 25 L/min em homens jovens e que realizam atividade
física; em esportistas de elite o DC é maior, sendo mais
evidente nos esportistas de resistência, que podem ter entre
35 e 40 L/min de sangue de DC. Essas diferenças devem-se
inteiramente ao grande volume sistólico de indivíduos trei-
nados, já que o exercício físico contínuo de características
aeróbias produz hipertrofia fisiológica do ventrículo esquer-
do, com aumento do volume sistólico, gerando um bati-
mento mais forte.
Em conseqüência disso, aqueles que realizam exercícios
aeróbios possuem um DC de repouso mais econômico, com
menor FC do que pessoas sedentárias, uma vez que seu VS
é maior (de 70 a 71 mL em indivíduos sedentários e de
aproximadamente 100 mL em indivíduos treinados). Os
valores médios do DC em condições de repouso são resumi-
dos a seguir:
� Repouso
– Débito cardíaco =
freqüência cardíaca × volume sistólico
– Indivíduos sedentários:
4.970 mL/min = 70 bpm × 71 mL/batimento
– Indivíduos treinados:
5.000 mL/min = 50 bpm × 100 mL/batimento
Durante o exercício máximo, a diferença não é só de
economia, mas também de quantidade e qualidade do DC.
Ao possuir um VS maior, a pessoa treinada tem um DC
maior diante de um esforço máximo. Em homens sedentá-
Tabela 2.3 Variações, durante o dia, da FC de um mesmo indivíduo em repouso e durante o exercício
Horas do dia. Freqüência cardíaca (bpm)
Condição 2 h 6 h 10 h 14 h 18 h 22 h
Repouso 65 69 73 74 72 69
Exercício leve 100 103 109 109 105 104
Exercício moderado 130 131 138 139 135 134
Exercício intenso 179 179 183 184 181 181
Recuperação, 3 min 118 122 129 128 128 125
Fonte: Reilly e Brooks, in Wilmore e Costill, 2000.
INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO50
rios, o VS médio fica entre 103 e 113 mL de sangue por
batimento, enquanto em pessoas treinadas pode ser entre
150 e 210 mL/batimento. Como exemplo, consideremos
duas pessoas que realizam um esforço máximo de 195 bpm:
� Esforço máximo
– Débito cardíaco =
freqüência cardíaca × volume sistólico
– Indivíduos sedentários:
21.450 mL/min = 195 bpm × 110 mL/batimento
– Indivíduos treinados:
34.950 mL/min = 195 bpm × 179 mL/batimento
Devemos salientar que a eficiência do trabalho é muito
diferente entre os exemplos que podemos apresentar, já
que o que é um esforço máximo para um sedentário (por
exemplo, correr 2 km em 13 minutos e 30 segundos) pode
ser um esforço submáximo ou moderado (correr esses 2
km em 12 minutos e 45 segundos) para uma pessoa que
realiza atividade física aeróbia de forma sistemática e pode
ser um esforço leve para um esportista de alto rendimento
(que percorra 2 km em 11 minutos e 20 segundos). Os
mecanismos de recuperação da FC, do VS e, por conseguin-
te, do DC são mais rápidos em indivíduos treinados.
Durante exercícios realizados em pé, o volume sistólico
aumenta durante a transição do repouso ao exercício leve,
com valores máximos que chegam a 45% do VO2máx. De-
pois desse ponto, o débito cardíaco intensifica-se conforme
aumenta a freqüência cardíaca. Os aumentos no volume
sistólico em exercícios realizados em pé devem-se geral-
mente a um esvaziamento sistólico mais completo, em lu-
gar de um maior enchimento dos ventrículos durante a
diástole. A ejeção sistólica aumenta por meio dos hormô-
nios simpáticos. O treinamento de fundo melhora a força
miocárdica, que também contribui consideravelmentepara
a potência do batimento durante a sístole.
A freqüência cardíaca e o consumo de O2 estão relacio-
nados de maneira linear, tanto em indivíduos treinados
como em não-treinados, durante a maior parte do exercício.
Com o treinamento de resistência, essa relação desloca-se
significativamente para a direita, devido à melhora no vo-
lume sistólico cardíaco. Por conseguinte, a freqüência car-
díaca reduz-se consideravelmente, em nível de trabalho
submáximo, nos indivíduos treinados em exercícios de re-
sistência aeróbia.
Na Tabela 2.4, observa-se o comportamento do volume
sistólico em condições de repouso e durante o exercício
em pessoas sedentárias, em pessoas ativas que treinam para
melhorar o condicionamento cardiorrespiratório e em es-
portistas de alto rendimento de modalidades de resistência.
Vê-se que o volume sistólico de repouso das pessoas ativas
que treinam o condicionamento aeróbio ou cardiorrespi-
ratório e o dos esportistas de resistência é praticamente
igual ou superior ao volume sistólico dos sedentários du-
rante o exercício. Se a pessoa tiver uma maior atividade de
resistência aeróbia, terá um maior volume sistólico de re-
pouso e durante o exercício.
Após um treinamento de resistência cardiorrespiratória,
o volume sistólico aumenta em repouso, assim como ao
realizar exercícios de nível submáximo ou máximo de in-
tensidade. Durante o treinamento aeróbio, ocorre um au-
mento do volume diastólico final, causado principalmente
pelo aumento do volume plasmático.
O ventrículo esquerdo é a câmara do coração mais modi-
ficada em resposta ao treinamento de resistência. As di-
mensões internas do ventrículo esquerdo aumentam sobre-
tudo como resposta a um aumento no enchimento ventri-
cular. Durante o treinamento de resistência cardiorrespi-
ratória, a espessura da parede ventricular esquerda também
aumenta, intensificando o potencial de força das contrações
do ventrículo esquerdo.
A lei de Frank Starling descreve que o fator principal
no controle e no desenvolvimento do volume sistólico é o
grau de estiramento dos ventrículos. Quando os ventrículos
se estiram mais, eles se contraem com mais força. Por exem-
plo, se um grande volume de sangue entra na câmara quan-
do os ventrículos se enchem durante a diástole, as paredes
dos ventrículos se distenderão mais do que quando entra
um volume menor de sangue. Com o objetivo de expulsar
essa quantidade maior de sangue, os ventrículos devem
reagir ao estiramento, contraindo-se com mais força.
O trabalho sistemático de treinamento de resistência
aeróbia ou de condicionamento cardiorrespiratório produz
uma hipertrofia cardíaca esquerda com predomínio do ven-
trículo esquerdo, o que garante um coração mais forte e
eficiente em condições de repouso e durante o exercício
submáximo e máximo.
O volume ou débito sistólico previsto pode ser calculado
(Ellestad) por meio da seguinte fórmula indireta:
� Volume sistólico previsto em homens:
VSp = 112 – (0,363 × idade) mL/min
� Volume sistólico previsto em mulheres:
VSp = 74 – (0,172 × idade) mL/min
Tabela 2.4 Volumes sistólicos típicos para diferentes esta-
dos de treinamento
VS em VS
Indivíduos repouso (mL) máximo (mL)
Sedentários 55-75 80-110
Ativos 80-90 130-150
Esportistas de resistência 100-120 160-220 ou >220
51MEDICINA DO ESPORTE
O volume sistólico avaliado durante um teste de esforço
é obtido, para ambos os sexos:
1.000 × DC
VS = _________ = mL/bpm
FCmáx
Distribuição do débito cardíaco
O sangue que flui para os diferentes tecidos do organismo
é geralmente proporcional à atividade metabólica realizada
em estado de repouso ou em atividade física. Problemas
de saúde podem alterar o fluxo sangüíneo, em condições
de repouso, para diferentes órgãos. O exercício físico mo-
difica o volume de fluxo sangüíneo no organismo, deslo-
cando uma quantidade significativa de sangue para os mús-
culos que trabalham.
O fluxo sangüíneo de 5 L, em condições de repouso, distri-
bui-se em proporções aproximadas às ilustradas na Tabela
2.5. Cerca de um quinto do débito cardíaco dirige-se ao tecido
muscular, ao passo que a maior parte do sangue irriga o
baço, o fígado, o intestino, o trato gastrintestinal e o cérebro.
O fluxo sangüíneo durante o exercício possui uma distri-
buição diferente, dependendo de o exercício ser leve, mo-
derado, intenso ou máximo (Tabela 2.6). Embora a irrigação
sangüínea durante a atividade física varie consideravel-
mente segundo o tipo de exercício, sua intensidade e du-
ração, o nível de condicionamento físico, o estado de saúde
e a idade do indivíduo e as condições ambientais, a maior
parte do débito cardíaco desvia-se para os músculos ativos.
Em repouso, em torno de 4 a 7 mL de sangue são fornecidos
a cada minuto para cada 100 g de músculo. Esse débito
aumenta constantemente; com esforço máximo, o fluxo
sangüíneo muscular pode ser tão alto quanto 50 a 75 mL
por 100 g de tecido. Isso representa em torno de 85% do
débito cardíaco total. Na Tabela 2.6, observamos as diferen-
ças marcadas no fornecimento de sangue aos vários órgãos
e o percentual que representam do débito cardíaco total
nos diversos níveis de intensidade do exercício.
Observamos como órgãos importantes, como o coração,
aumentam gradualmente a quantidade de fluxo sangüíneo
que necessitam e, ao mesmo tempo, mantêm constante o
percentual (4%) durante os diferentes níveis de intensida-
de de exercício. Mesmo durante o repouso, podem aumen-
tar de 4 a 5 vezes de condições de repouso ao exercício
vigoroso. Já o cérebro aumenta apenas 50 mL de condições
de repouso ao exercício leve, mantendo-se constante nos
exercícios moderados e máximos.
O débito cardíaco, ou volume cardíaco por minuto, pode
ser previsto pelas seguintes fórmulas indiretas de Hossack:
� DC previsto (homens) =
26,5 – (0,17 × idade) L/min
� DC previsto (mulheres) =
15 – (0,071 × idade) L/min
O débito cardíaco durante um teste de esforço cardior-
respiratório é avaliado de forma indireta por meio da se-
guinte fórmula de Hossack e colaboradores:
� DC previsto (homens) =
(VO2máx/kg × peso kg × 0,0046) + 5,31 = L/min
� DC previsto (mulheres) =
(VO2máx/kg × peso kg × 0,00407) + 4,72 = L/min
� DC cardiopatas =
(VO2máx/kg × peso kg × 0,0046) + 3,10 = L/min
O débito cardíaco informa quanto sangue abandona o
coração a cada minuto, enquanto a diferença arteriovenosa
de oxigênio (dif a-vO2) indica quanto oxigênio é extraído
do sangue pelos tecidos. O produto desses dois fatores indi-
ca o ritmo de consumo de oxigênio (VO2), expresso na se-
guinte fórmula:
VO2 = VS × FC × dif a-vO2
Tabela 2.5 Distribuição relativa do débito cardíaco em
condições de repouso
Órgão Porcentagem Volume por minuto (mL)
Hepático-esplênico 27 1.350
Rins 22 1.100
Músculos 20 1.000
Cérebro 14 700
Pele 6 300
Coração 4 200
Outros 7 350
Total 100 5.000
Tabela 2.6 Distribuição do débito cardíaco durante
exercícios leves, moderados e vigorosos
Fluxo sangüíneo do exercício (mL/min e porcentagem)
Órgão-tecido Leve Moderado Intenso
Esplâncnico 1.100 (12%) 600 (3%) 300 (1%)
Renal 900 (10%) 600 (3%) 250 (1%)
Cerebral 750 (8%) 750 (4%) 750 (3%)
Coronário 350 (4%) 750 (4%) 1.000 (4%)
Muscular 4.500 (47%) 12.500 (71%) 22.000 (88%)
Epitelial 1.500 (15%) 1.900 (12%) 600 (2%)
Outros 400 (4%) 400 (3%) 100 (1%)
Total 9.500 mL/min 17.500 mL/min 25.000 mL/min
INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO52
Existe uma relação direta entre o exercício e o aumento
do DC, porque este assegura o aumento de O2 durante o
exercício.
Na Tabela 2.7, observam-se, durante a prática de exercí-
cios intensos, as alterações na FC, no VS e no DC de uma
pessoa ativa, saudável e com bons indicadores de condicio-
namento cardiorrespiratório (não-esportista de rendimen-
to). Tais alterações dependem da posição anatômica e do
percentual de músculos usados na corrida, no ciclismo e
na natação.
Fluxo sangüíneo e exercício
O fluxo sangüíneo aumenta durante o esforço, principal-
mente pelo exercício que desenvolve o condicionamento
cardiorrespiratório, com um aumento do volume sistólico
e do débitocardíaco. Esse aumento é devido a três fatores:
� Maior capilarização
� Maior abertura dos capilares existentes
� Redistribuição mais efetiva do sangue
Nas Tabelas 2.5 e 2.6, podem-se observar a distribuição
e a redistribuição do fluxo sangüíneo durante repouso e
durante exercícios de intensidades leve, moderada e intensa.
Pressão arterial e exercício
A pressão sistólica (PAS) aumenta em proporção ao consu-
mo de O2, ao débito cardíaco e à progressão do exercício,
enquanto a pressão diastólica (PAD) permanece relativa-
mente igual ou aumenta apenas levemente. Com a mes-
ma carga relativa de trabalho, as pressões sistólicas são
maiores quando o trabalho se realiza mais com os braços
do que com as pernas, devido à menor massa muscular e à
menor vascularização que existe nos membros superiores.
Em pacientes hipertensos ou com predisposição, o estí-
mulo do exercício escalonado, com o objetivo de levar à
freqüência cardíaca máxima durante um teste de esforço,
pode produzir uma resposta hipertensiva tanto sistólica
como diastólica, como ilustra a Tabela 2.8.
Em pessoas treinadas em exercícios aeróbios com a fina-
lidade de prevenir doenças ou recuperar a saúde, e sobretu-
do em esportistas de competição, principalmente nas mo-
dalidades de resistência, durante exercícios de grande in-
tensidade, aumenta consideravelmente a pressão arterial
diferencial, elevando a sistólica e diminuindo a diastólica
e produzindo uma diminuição da resistência periférica geral
com o propósito de levar um maior fluxo sangüíneo e de
O2 aos tecidos que trabalham (em especial aos músculos)
de uma forma econômica e efetiva.
Durante o exercício isométrico (estático), com pesos e
com máquinas hidráulicas, as pressões sistólica e diastólica
aumentam o estado hipertensivo, o que constitui um risco
para o indivíduo hipertenso ou com outra doença cardio-
vascular.
Como se sabe, a hipertensão arterial sistêmica (HAS)
impõe uma carga crônica sobre a função cardíaca. O treina-
mento aeróbio (caminhada, trote, natação, ciclismo, etc.)
regular, de forma individualizada e conservadora para cada
paciente, produz melhora da hipertensão arterial, tanto em
condições de repouso como no exercício submáximo. De-
vemos ser cuidadosos com os estágios graves e muito graves
da HAS; apenas com acompanhamento médico a prática
de exercícios físicos é indicada para esses indivíduos.
Pacientes com hipertensão arterial leve podem realizar,
sem exageros, exercícios de força, de caráter isotônico ou
dinâmico (ver Capítulo 4), sempre sob prescrição médica e
com pressão arterial normal.
Devem-se observar as seguintes considerações:
� Antes de mais nada, deve-se recordar que a pressão
sistólica de repouso oscila entre 135 e 100 mmHg e
que a diastólica ou mínima, entre 85 e 60 mmHg.
Podem-se observar valores tensionais normais, prin-
cipalmente no sexo feminino, entre 100 e 90 mmHg
de sistólica e 60 mmHg de diastólica. Uma pressão
normal típica é de 120/80 ou 110/70 mmHg, o que
assegura uma pressão diferencial de 40 mmHg.Tabela 2.7 Modificações na FC, no VS e no DC
Tipo de FC VS DC
exercício Condição (bpm) (mL/bat) (L/min)
Corrida Repouso 60 70 4,2
Exercício máximo 190 130 24,7
Ciclismo Repouso 60 70 4,2
Exercício máximo 185 120 22,2
Natação Repouso* 55 95 5,2
Exercício máximo 170 135 22,0
*Medição realizada em posição supina. Adaptada de Wilmore, 2000.
Tabela 2.8 Resposta hipertensiva ao esforço durante o
teste ergométrico funcional (Instituto de Cardiologia de
Cuba)
Resposta hipertensiva Sistólica Diastólica
Leve 190-210 110-119
Moderada 220-249 120-129
Grave ≥ 250 ≥ 130
53MEDICINA DO ESPORTE
� A pressão (ou tensão) arterial sistólica aumenta, du-
rante o exercício, proporcionalmente ao consumo
de O2 e ao débito cardíaco, que aumenta durante o
exercício progressivo. A pressão diastólica permane-
ce relativamente igual, aumenta levemente ou dimi-
nui, dependendo do grau de atividade da pessoa, do
estado de saúde e do tipo de exercício realizado.
� Em esportistas submetidos a esforços máximos, po-
de-se obter 200 a 250 mmHg de PAS. Relataram-se
240 a 250 mmHg em esportistas de alto nível e sau-
dáveis.
� A atividade física sistemática melhora a qualidade
da resposta da PAS e da PAD durante o exercício,
elevando a pressão arterial diferencial.
� Durante um exercício máximo progressivo, podemos
encontrar em esportistas, sobretudo de modalidades
de resistência, valores de 250 mmHg na sistólica e
de 30 ou menos na diastólica, garantindo uma pres-
são arterial diferencial grande, para obter a eficiência
do aumento do débito cardíaco com um maior fluxo
de sangue e de oxigenação para os músculos.
� Indivíduos sedentários e/ou com hipertensão arterial
não respondem de forma fisiológica ao exercício ae-
róbio, com dificuldades na pressão arterial diastólica,
que geralmente aumenta, diminuindo a pressão arte-
rial diferencial, que torna o trabalho menos econômico.
� Na hipertensão arterial leve ou moderada, a ativi-
dade física aeróbia sistemática diminui, em condi-
ções de repouso, uma média de 11 mmHg da PAS e
de 8 mm da PAD, reduzindo, assim, a pressão média
(ver Capítulo 6).
� Um aumento de 15 mm na pressão arterial diastólica
durante o exercício é considerado uma resposta anor-
mal ao exercício, sobretudo em pessoas “aparente-
mente saudáveis”.
� A resposta ao trabalho de halterofilismo de grande
intensidade e volume pode chegar até o valor pato-
lógico de PAS de 480 e de PAD 350 mm (480/350
mmHg), segundo refere Wilmore (2000), em pessoas
hipertensas e que praticam halterofilismo ou fisicul-
turismo de forma intensa e perigosa.
� O treinamento de força isotônico bem-realizado não
gera problemas de saúde em pessoas saudáveis. É
um método importante de exercícios para melhorar
de forma notável o condicionamento musculoesque-
lético e também colabora com o condicionamento
cardiorrespiratório (ver Capítulos 4 e 6).
� Veja no Capítulo 6 a classificação da pressão arterial
e da hipertensão arterial segundo a Organização
Mundial de Saúde.
� A pressão diferencial é obtida subtraindo-se a pres-
são arterial diastólica da pressão arterial sistólica;
por exemplo: se a PA de repouso for 120/80 mmHg,
a pressão diferencial será 40; para uma PA de 220/30
durante o exercício de um atleta de esporte de resis-
tência, em um teste de esforço máximo progressivo,
a tensão ou pressão diferencial será de 190 mmHg.
� A pressão ou tensão arterial média (PAM ou TAM;
ver Capítulo 6) é obtida por meio da seguinte fórmula:
PAS + (2 × PAD)
PAM = _______________
3
� Vivacqua e Spagna (Lamb, 1985) propuseram uma
avaliação de parâmetros da pressão arterial com res-
peito à pressão arterial durante repouso (basal) e
esforço, relacionada aos equivalentes metabólicos de
tarefa (METs) alcançados durante o esforço, que se
expressam em mmHg/MET. Essa avaliação é usada
principalmente em cardiologia, mas também em me-
dicina do esporte. As fórmulas são as seguintes:
– Variação da pressão arterial sistólica (VAR PAS):
PAS máxima – PAS repouso
VAR PAS = _________________________
METs
– Variação da pressão arterial diastólica (VAR PAD):
PAD máxima – PAD repouso
VAR PAD = _________________________
METs
Lembrar que 1 MET equivale ao consumo metabólico
de uma pessoa sentada e em condições de repouso (1 MET=
3,5 mL O2/kg/min).
Para garantir que uma pessoa possa caminhar a um passo
normal, necessita-se de 5 METs (17,5 mL de O2/kg/min).
Esse tema é abordado nos Capítulos 4 e 6.
Duplo produto
O consumo de O2 pelo miocárdio e o fluxo miocárdico de
sangue são diretamente proporcionais ao produto da fre-
qüência cardíaca e da pressão arterial sistólica, o que é defi-
nido como duplo produto (DP).
DP = FC × PAS
O DP é uma estimativa do trabalho do miocárdio e do
VO2máx.
Em cardiologia, utiliza-se o duplo produto para avaliar
o risco cardiovascular ao esforço físico, tanto por aumento
da FC quanto da PAS.
O DP é utilizado para análise comparativa em um mes-
mo indivíduo, para avaliar a ação terapêutica de um medi-
camento e sua utilização ou não e para a prescriçãode exer-
cícios físicos e de procedimentos clínicos de cardiologia,
como a evolução da revascularização miocárdica.
INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO54
Durante exercícios contínuos, a FC e a PAS aumentam
paralelamente com a intensidade do esfoço, como ocorre
nos testes máximos de ergonomia funcional.
Nos esportistas, sobretudo das modalidades de resis-
tência, e em pessoas ativas e saudáveis que realizam exercí-
cio de forma sistemática para melhorar o condicionamento
cardiorrespiratório, o duplo produto diminui em condições
de repouso. O DP é utilizado pelos cardiologistas e pelos
médicos do esporte.
Segundo Ellestad, obtemos o duplo produto (mmHg/
bpm) por meio das seguintes fórmulas:
DPmáx previsto = 360 – (0,54 × idade) × 100
DPmáx avaliado = PAS × FCmáx
A partir da obtenção do DP, podemos saber de forma
indireta o VO2máx do miocárdio (Hellesterns et al., in
Lamb, 1985), que se expressa em unidade de mL × 100 g
de ventrículo esquerdo, e o déficit funcional do ventrículo
esquerdo (DFVE), que se expressa em porcentagem; ambos
são muito utilizados em cardiologia, mediante as seguintes
fórmulas:
VO2máx do miocárdio = (DP × 0,0014) – 6,3 mL
100 × DPmáx previsto – DPmáx alcançado
DFVE = _____________________________________
DPmáx previsto
Utilização de oxigênio pelo miocárdio
Em repouso, cerca de 80% do oxigênio que flui pelas artérias
coronárias é extraído pelo miocárdio. Essa extração de alto
nível significa que as demandas elevadas de O2 para o mio-
cárdio, durante o exercício, só podem ser atendidas com
um aumento proporcional da irrigação sangüínea corona-
riana. Durante esforço intenso, a quantidade de fluxo san-
güíneo coronariano aumenta cinco vezes para atender a
demanda de O2 acima do nível de repouso.
Como o miocárdio é um tecido essencialmente aeróbio,
deve ter uma provisão contínua de O2. O impedimento do
fluxo sangüíneo coronariano causa dor anginosa e pode
provocar um dano irreversível ao músculo cardíaco, como
no infarto do miocárdio.
Os principais substratos que geram energia no miocár-
dio são a glicose, os ácidos graxos e o ácido láctico. O per-
centual de utilização desses substratos dependerá da inten-
sidade e da duração do exercício.
Algumas considerações sobre
variações hematológicas no exercício
Durante a atividade física, ocorrem alterações hematoló-
gicas, dependendo do tipo de exercício, da duração, da in-
tensidade, da temperatura ambiental, do grau de treina-
mento, do nível de hidratação, da postura, etc. Tais altera-
ções podem modificar esses parâmetros.
O treinamento bem-planejado permite modificações ne-
cessárias nas variações hematológicas, tanto com fins de
alto rendimento como nos programas de saúde dirigidos à
população. Essas modificações são menos bruscas pela
adaptação ao exercício, como se verá a seguir.
Hemoconcentração e hemodiluição
A hemoconcentração refere-se ao aumento progressivo dos
componentes intravasculares devido à perda contínua de
líquido plasmático da corrente sangüínea. A hemodiluição
é o contrário, o conteúdo vascular aumenta graças a um
ganho resultante de líquido proveniente do espaço inters-
ticial. Os elementos figurados e os solutos diluem-se.
O trânsito de líquidos pelos tecidos depende do equilí-
brio entre pressões hidrostáticas e coloidosmóticas capilares
e teciduais. Assim, a tendência à hemodiluição ou à he-
moconcentração depende de vários fatores específicos:
� Quanto maior a temperatura ambiental maior será
a tendência à hemoconcentração, devido, logica-
mente, à eliminação de suor.
� Gravidade e duração: a magnitude da hemoconcen-
tração costuma ser propocional ao exercício intenso
e prolongado. Durante trabalho intenso e curto, tam-
bém a observamos.
� A postura de execução pode condicionar a resposta.
Um exercício em posição ortostática facilita a hemo-
concentração, porque predomina a filtração no leito
capilar da parte inferior do corpo.
� O estado de hidratação pode influir qualitativa e
quantitativamente nas respostas do volume intra-
vascular ao exercício. Comprovou-se que reposições
líquidas durante o esforço podem atenuar a hemo-
concentração gerada no treinamento e na compe-
tição.
Capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue
É um fator determinante da capacidade física e tem como
base a concentração de hemoglobinas (Hb), o número de
hemácias circulantes e a eficácia de suas funções. O exer-
cício físico gera aumentos na concentração de hemoglobi-
na, no hematócrito e na contagem de eritrócitos no sangue
periférico, por:
� Desidratação.
� Catecolaminas, que provocam contrações de reserva-
tórios sangüíneos como o baço ou o fígado, capazes
de liberar certa quantidade de eritrócitos para a cir-
culação.
	Capa
	As reações do esportista ao calor: adaptação
	As reações do esportista ao frio: adaptação
	Influência das condições climáticas sobre o rendimento esportivo
	Influência das condições de poluição ambiental sobre o rendimento esportivo
	Asma e hiper-reatividade brônquica nos esportistas de rendimento
	Substâncias químicas tóxicas próprias do esporte
	Capa
	Ajuda ergogênica e esporte de alto nível
	Objetivos da ajuda ergogênica por meio de suplementos nutricionais
	Caracterização de alguns produtos ergogênicos
	Algumas considerações relacionadas aos suplementos nutricionais
	Doping e esporte
	Substâncias proibidas
	Métodos proibidos
	Substâncias proibidas para determinada disciplina esportiva
	Esporte de alto risco e nutrição marginal: efeitos fisiopatológicos da restrição calórica e diminuição de peso e do percentual de gordura corporal
	Capa
	Ajustes cardiovasculares ao esforço
	Frequência cardíaca
	Frequência cardíaca de repouso
	Frequência cardíaca durante o exercício
	Débito cardíaco: a capacidade funcional do sistema cardiovascular
	Débito cardíaco em condições de repouso e durante o exercício
	Distribuição do débito cardíaco
	Fluxo sanguíneo e exercício
	Pressão arterial e exercício
	Duplo produto
	Utilização de oxigênio pelo miocárdio

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