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NEGÓCIOS JURÍDICOS ANULÁVEIS Defeitos do negócio jurídico são vícios que tornam a declaração da vontade do agente viciada, pois a declaração de vontade é realizada em desacordo com a VONTADE REAL do sujeito, tornando o NJ passível de anulabilidade (art. 171, CC) Victor Realce ESPÉCIES DE VÍCIOS VÍCIOS DE CONSENTIMENTO ▪ O prejudicado é um dos contratantes, pois há manifestação da vontade sem corresponder com o seu íntimo e verdadeiro querer. O agente é enganado, coagido, induzido a erro, pratica o ato em estado de perigo, etc. VÍCIOS SOCIAIS ▪ Os vícios sociais consubstanciam-se em atos contrários à boa fé ou à lei, prejudicando terceiro. O sujeito pratica o ato de forma consciente, mas tem a intenção de prejudicar terceiros (ex. credores – FRAUDE CONTRA CREDORES ATO ANULÁVEL) ou fraudar a aplicação da lei (simulação – art. 167, CC – ATO NULO). ▪ a vontade funciona normalmente, havendo correspondência entre a vontade interna e sua manifestação, CONTUDO TEM POR OBJETIVO PREJUDICAR TERCEIROS OU DESVIAR-SE DA APLICAÇÃO DA LEI Victor Realce VC - ERRO – ART. 138 ao 144, CC VC - DOLO – 145 ao 150, CC VC - COAÇÃO – art. 151 ao 155, CC VC - ESTADO DE PERIGO – artigo 156, CC VC - LESÃO – artigo 157, CC VS - FRAUDE CONTRA CREDORES ART. 158 AO 165, CC DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO (ANULABILIDADE) Erro é o engano espontâneo, a falsa noção que se tem de um objeto, inconscientemente, SEM QUE A OUTRA PARTE DO CONTRATO TENHA INDUZIDO O SUJEITO AO ERRO, OU SEJA, sem que qualquer provocação ou induzimento tenha ocorrido por parte de outrem. No ERRO, O AGENTE SE ENGANA SOZINHO, NO DOLO O ERRO É INDUZIDO Erro é uma noção inexata, não verdadeira, sobre alguma coisa ou pessoa, que influencia a formação de vontade. É o estado da mente que, por defeito do conhecimento do verdadeiro estado das coisas, impede uma real manifestação da vontade ERRO – DE DIFÍCIL APLICAÇÃO PRÁTICA , DADO O CUNHO EXTREMAMENTE SUBJETIVO – ART. 138 A 144, CC Trata-se de manifestação de vontade em desacordo com a realidade, quer porque o declarante a desconhece (ignorância), quer porque tem representação errônea dessa realidade (erro). No erro o agente engana-se sozinho, sendo muito difícil a sua prova, pois é difícil penetrar no íntimo do autor para descobrir o que se passou em sua mente no momento da celebração do negócio. Exemplos doutrinários - Ato de pagar a credor, ignorando que o preposto da empresa já tinha efetuado, via banco, o referido pagamento; uma pessoa empresta uma coisa e a outra entende que foi doação; da pessoa que quer alugar e a outra supõe que é venda a prazo; aquele que transfere o bem a titulo de venda e o adquirente recebe como doação; sujeito compra um conjunto de talheres, achando que era de prata, quando na realidade é apenas prateado. ATENÇÃO!! – ANÁLISE DO CASO CONCRETO – ARREPENDIMENTO POSTERIOR NÃO ANULA O CONTRATO!! ERRO – DE DIFÍCIL APLICAÇÃO PRÁTICA , DADO O CUNHO EXTREMAMENTE SUBJETIVO – ART. 138 A 144, CC Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal (ERRO ESCUSÁVEL, DESCULPAVEL, O ERRO GROSSEIRO NÃO ANULA O CONTRATO!!!), em face das circunstâncias do negócio. PRIMEIRO REQUISITO PARA A ANULABILIDADE, A QUESTÃO DO ERRO SUBSTANCIAL! O erro substancial é o que tem papel decisivo na determinação da vontade do declarante, de modo que, se conhecesse o verdadeiro estado de coisas, não teria desejado concluir o negócio. É o que recaí sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio. Há de ser a causa determinante, ou seja, se conhecida a realidade o negócio não seria celebrado (substancial). O erro é acidental quando não ocasiona a invalidez do negócio, que, mesmo com a imperfeição que o afeta, seria praticado pelo equivocado, com alguma modificação, visto que essa espécie de engano incide sobre as CARACTERÍSTICAS SECUNDÁRIAS do objeto. ERRO ESCUSÁVEL: Erro inevitável, erro invencível. Erro que ocorreu não obstante o emprego, pelo agente, dos cuidados normais exigíveis nas circunstâncias. O erro deve ser sempre desculpável, isto é, de natureza tal que qualquer pessoa de mediana inteligência poderia cair nele. O indesculpável será o que consiste em ‘ não entender o que todos entendem’, ’todos na cidade sabem o que só ele ignora’” – ERRO GROSSEIRO JURISPRUDÊNCIA APELAÇÃO. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. Veículo montado no exterior e fabricado no ano de 2012. Autor que alega que sua vontade era adquirir bem do mesmo modelo, mas fabricado no Brasil e no mesmo ano da compra, realizada em fevereiro de 2013. Erro acidental que não dá ensejo à anulação do negócio jurídico. Art. 138 do CC. Requerente que não tece nenhuma consideração acerca da essencialidade das características cuja ausência determinaria o desfazimento do negócio. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO (Ap. Cível n. 0003289-16.2013.8.26.0541; Relator(a): AZUMA NISHI; Comarca: Santa Fé do Sul., TJSP) TRECHO DO VOTO DO RELATOR Com efeito, o fato de o bem ter sido fabricado no ano de 2012, quando a compra foi realizada em fevereiro de 2013, e ter sido montado na Argentina, não acarretam nenhum prejuízo ao autor, visto que o preço pago foi o equivalente ao que custam os veículos fabricados em 2012 e tampouco há qualquer óbice ao exercício dos direitos consumeristas do requerente, uma vez que há fábricas da Chevrolet no Brasil. Assim, o erro apontado pelo autor é acidental, já que não acarreta efetivo prejuízo e, portanto, não dá respaldo à anulação do negócio jurídico, razão pela qual despicienda a produção de prova oral, cujo objetivo era demonstrar que o veículo ofertado pela ré não tem as características daquele que pretendia o autor adquirir. JURISPRUDÊNCIA APELAÇÃO. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. Veículo montado no exterior e fabricado no ano de 2012. Autor que alega que sua vontade era adquirir bem do mesmo modelo, mas fabricado no Brasil e no mesmo ano da compra, realizada em fevereiro de 2013. Erro acidental que não dá ensejo à anulação do negócio jurídico. Art. 138 do CC. Requerente que não tece nenhuma consideração acerca da essencialidade das características cuja ausência determinaria o desfazimento do negócio. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO (Ap. Cível n. 0003289-16.2013.8.26.0541; Relator(a): AZUMA NISHI; Comarca: Santa Fé do Sul., TJSP) JURISPRUDÊNCIA BEM MÓVEL. PERMUTA DE VEÍCULOS USADOS. VÍCIO REDIBITÓRIO. ERRO. DISTINÇÃO. ERRO ACIDENTAL. Pedido de transferência do veículo para o nome do réu- reconvinte. Transferência efetivada. Pleito prejudicado. Indenização, porém, devida ao autor pelo custo da notificação feita em razão de o réu não haver transferido o bem para seu nome. A alienação de veículo com motor de potência inferior à informada caracteriza erro acidental, e não vício redibitório, de modo que inaplicável ao caso o prazo decadencial do art. 445 do CC. Há erro, porque a coisa difere daquela que o comprador queria adquirir. Erro acidental. Qualidades secundárias do objeto. Princípio da cognoscibilidade. Interpretação do art. 138 do CC. Indenização decorrente da diferença de valor entre os veículos devida. Recurso parcialmente provido (Ap. Cível nº 0010110-25.2008.8.26.0084 , Relator(a): Hamid Bdine Comarca: Campinas Órgão julgador: 29ª Câmara de Direito Privado - TJSP Techo do voto do relator Assim, da análise dos autos, conclui-se que o apelado agiu em erro no momento da aquisição do veículo, pois se soubesse das reais qualidades do automóvel, não teria realizado o negócio jurídico pelos valores ajustado Pouco importa se o apelante sabia ou não da real quantidade de potência que o veículo possui, uma vez tinha conhecimento de que o apelado supunha que o carro tinha 180 CV (fs. 35/36), conforme ele mesmo informou, e isso bastava para que o princípio da cognoscibilidade adotado no art. 138 do CC esteja presentena hipótese. ART. 139. O ERRO É SUBSTANCIAL QUANDO: I - Interessa à natureza do negócio (categoria jurídica), ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; Ex. CATEGORIA JURÍDICA- Uma das partes manifesta sua vontade pretendendo e supondo celebrar determinado negócio jurídico e, na verdade, realiza outro diferente. A pessoa crê estar adquirindo a coisa, mas na verdade esta locando; faz uma doação supondo estar vendendo; uma pessoa esta vendendo uma casa e a outra a recebe à título de doação. (depende com que a pessoa esta contratando – do campo e analfabeta) Ex. OBJETO DA DECLARAÇÃO - Supõe estar comprando o lote 2 da quadra “A”, porém esta comprando o lote 2 da quadra “B”; acha que esta adquirindo um quadro do Portinari, mas esta adquirindo de outro pintor; terreno em um ótimo local, quando na realidade, esta em um péssimo local A ANULAÇÃO NESTES CASOS VAI DEPENDER DA ANÁLISE DO CASO CONCRETO, JÁ QUE DEVE SER PROTEGIDO OS DIREITOS DO OUTRO CONTRATANTE, CASO ELE ESTEJA DE BOA- FÉ ART. 139. O ERRO É SUBSTANCIAL QUANDO: II - Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; Ex. - Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; ART. 139. O ERRO É SUBSTANCIAL QUANDO: III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei (art. 3º, LINDB), for o motivo único ou principal do negócio jurídico. É o falso conhecimento, a ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica aplicável. O agente emite uma declaração de vontade, pressupondo estar agindo em consonância com a lei. EXEMPLO - Uma pessoa contrata a importação de determinada mercadoria ignorando existir legislação que proíba a importação. Como tal ignorância foi a causa determinante do ato, pode ser alegada a invalidade do negócio. FALSO MOTIVO – ARTIGO 140 CC MOTIVO = SÃO AS RAZÕES PELAS QUAIS O SUJEITO CONTRATA. EM TESE, NÃO SÃO RELEVANTES, MAS SE ESTIVER NO CONTRATO COMO RAZÃO DETERMINANTE , PODERÁ SER ANULADO Razões de ordem interna ou pessoais, não servem para anular o NJ, não tem relevância jurídica, somente aquelas que se encontram expressa no negócio jurídico. Por ex.: Alugo um imóvel para restaurante, achando que na frente a linha X do Metro será inaugurada em 1 ano, trazendo, assim, movimento para a rua. Se estiver descrito no contrato esta motivação, o NJ poderá ser anulado, não havendo necessidade de pagamento de multa por rescisão antecipada da locação. Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Art. 141 - A vontade é transmitida errada por anúncio, fax, mensageiro, o ato poderá ser anulado, da mesma maneira quando é a direta. Art. 142 – Um testador refere-se ao filho Antonio, quando só tem o José. O comprador menciona que adquire da marca “x”, quando o vendedor só trabalho com “y”. Art. 143 – É o erro de peso, medida, quantidade. Considera-se erro acidental Não havendo prejuízo, na forma do CC: 144 (“O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante”), não existirá erro invalidante. DOLO – artigos 145 a 150, CC É mais fácil de comprovar, já que o sujeito é induzido a erro, por ato ou omissão, praticada pelo outro contratante É a ação ou omissão ilícita, intencional, por parte de quem, mediante artimanha, ardil, procura manter alguém inconscientemente em erro, visando obter dessa situação, para si ou para outrem, vantagem ilícita. “Manobras feitas com o propósito de obter declaração de vontade que não seria emitida se o declarante não fosse enganado” “Dolo é o artifício empregado para induzir alguém a prática de um ato jurídico que o prejudica, aproveitando o Autor do dolo ou a terceiro” - Ex.: Alguém que induz outrem à venda de um objeto valioso por preço ínfimo, convencendo a vítima, por artimanhas, de que esse objeto vendido é de pequeno valor. Certamente, se a vítima conhecesse o real valor da coisa, não a venderia por preço tão baixo. DOLO- artigo 145 a 150, CC a) intenção de induzir o declarante a praticar o ato jurídico prejudicial; b) utilização de artifícios, tais como, emissão de informação falsa, omissão da informação; c) que esses artifícios sejam a causa determinante da declaração de vontade (O CONTRATO FOI REALIZADO EM RAZÃO DO DOLO); d) que procedam do outro contratante ou sejam por estes conhecidos como procedentes de terceiros (DOLO DE TERCEIRO' DOLO- artigo 145 a 150, CC DOLO BOM E DOLO MAL É preciso considerar que o dolo que leva à anulação do negócio jurídico é o dolo principal e mau (dolus malus), em que se concretiza o prejuízo à vítima com a manobra ardilosa do agente. O dolo bom (dolus bonus) não chega a causar prejuízo, pois qualquer pessoa pode detectá-lo, com facilidade, como por exemplo a publicidade exagerada, SEM SER ENQUADARADA COMO ENGANOSA. São elogios da boa qualidade (O MAIS RENTÁVEL, O MELHOR BOLO DE CHOCOLATE DO MUNDO, SUJEITO ESTÁ VENDENDO O PEIXE DELE, O ORDENAMENTO JURÍDICO TOLERA. ESPÉCIES DE DOLO Dolo principal (essencial) ou acidental Dolo principal encontra-se positivado no artigo 145 do Código Civil. É aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído. Ex.: A pessoa é induzida a vender um imóvel de grande valor, por baixo preço, em virtude do expediente ardiloso usado pelo comprador; engano sobre qualidades essenciais do produto, etc. Dolo acidental – recai sobre características secundárias do negócio, que não enseja a invalidade e sim ao pagamento de indenização, se for o caso ESPÉCIES DE DOLO Dolo principal (essencial) ou acidental EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. Seguro de vida empresarial. Informação equivocada quanto ao número de empregados da pessoa jurídica segurada que impedia a contratação na forma avençada – seguro empresarial, mas não de outra espécie de seguro. Omissão deliberada do proponente de informação relevante para a contratação que caracteriza dolo acidental (CC, art. 146), impondo a redução dos valores das indenizações à metade. Pontos que foram explicitados no julgado. Discordância de pronunciamento que não atende ao que preceitua o art. 535 do CPC/1973 – art. 1022 do CPC/2015. Ausência de omissão, contradição, obscuridade ou erro material que não admite a oposição de embargos com a finalidade de prequestionar dispositivos tidos como violados. - 0021433-03.2013.8.26.0003 : Embargos de Declaração Cível / Seguro Relator(a): Dimas Rubens Fonseca Comarca: São Paulo Órgão julgador: 28ª Câmara de Direito Privado ESPÉCIES DE DOLO Dolo principal (essencial) ou acidental DOLO ACIDENTAL – DATA DE FABRICAÇÃO DO VEÍCULO Apelação Com Revisão Relator(a): José Malerbi Comarca: F.D. CONCHAL/MOGI MIRIM Órgão julgador: 35ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 01/12/2008 Ementa: BEM MÓVEL - NEGÓCIO JURÍDICO - ANULAÇÃO - Está presente a viabilidade da tutela jurisdicional Não se retifica madmissibilidade da demanda e sua utilidade está demonstiada. pois é apta a eliminai a crise de direito substancial afirmada - Dolo acidental do vendedor, que não impediria a tealização do negócio jurídico, mas sim pequena alteração no preço - Não é caso de rescisão do contiato - Apelo paicialmeme provido ESPÉCIES DE DOLO Dolo positivo ou negativo Dolo positivo (comissivo) é o artifício astucioso que consta de ação, manobra, conduta dolosa, expedientes verbais ou de outra natureza. Dolo negativo é a ausência maliciosa de ação, omissão dolosa de algumacoisa que o contratante deveria saber, pois caso contrário não realizaria o contrato (art. 147). Ex.: Omissão do estado precário que se encontra o prédio, seguro de vida omitindo moléstia grave, venda de cachorro com câncer, piano com cupim, omitindo tais informações ao comprador. Estes dolos poderão ser enquadrados como PRINCIPAIS ou ACIDENTAIS, o que depende da análise do caso concreto. ESPÉCIES DE DOLO Dolo de terceiro (art. 148, CC). Sujeito que não faz parte do contrato, pode ser um amigo, uma esposa, um familiar, corretor, colega de sala, do trabalho, etc. Art. 148 – “Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite (VENDEDOR BENEFICIADO) dele tivesse (SABIA DO EMPREGO DO DOLO) ou devesse ter conhecimento (O TERCEIRO É MUITO PRÓXIMO DO BENEFICIADO, POR EXEMPLO, A ESPOSA; em caso contrário, ainda que subsista (permaneça) o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou (Ex. – danos morais, materiais).” “A” adquire um joia de “B”, por influência de terceiro, que o convence de ser uma raridade. Se “B” tem a ciência de tal fato e não alerta o comprador, o negócio poderá ser anulado. Caso contrário, cabe pagamento e indenização pelo terceiro que induziu o comprador a erro ESPÉCIES DE DOLO Dolo do Representante Legal ou Convencional (art. 149, CC) REPRESENTANTE LEGAL – NÃO É DE ESCOLHA DO SUJEITO, POR EX. OS PAIS, TUTORES, CURADORES. - O representado efetuará apenas a devolução da quantia que foi beneficiado. REPRESENTANTE CONVECIONAL – QUALQUER PESSOA CAPAZ ESCOLHIDA PELO SUJEITO PARA REPRESENTÁ-LO ( vendedor, qualquer pessoa com poderes para a prática do ato, mediante procuração, etc.) - O representado efetuará a devolução da quantia que foi beneficiado, podendo responder, ainda, por danos morais, por exemplo. Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos (O ordenamento jurídico pune o representado, pois escolheu mal o sujeito que lhe representou no momento de consumação do ato). ESPÉCIES DE DOLO Dolo Bilateral (dolo de ambas as partes, torpeza bilateral – art. 150, CC) Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. – AMBAS AS PARTES OBTINHAM VANTAGENS EM RAZÃO DO DOLO PRATICADO. A alegação de dolo em juízo é considerado um comportamento contraditório. ESPÉCIES DE DOLO COAÇÃO – artigos 151 a 155, CC co.a.gir (co+agir) vtd Constranger, forçar É o vício mais grave, profundo que pode afetar o Negócio Jurídico, pois na coação a vontade deixa ser espontânea como resultado de violência contra ela. Constitui vício de vontade e torna anulável o NJ. Conceito: “Coação é toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um individuo para força-lo contra sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio”. “A coação seria qualquer pressão física ou moral exercida sobre a pessoa, os bens ou a honra de um contratante para obriga-lo ou induzi-lo a efetivar um negócio jurídico” Caracterização: Emprego de violência psicológica para viciar a vontade. Com a coação vem o temor que vicia a vontade. COAÇÃO – artigos 151 a 155, CC Espécies: Coação absoluta ou física Absoluta – não há consentimento ou manifestação da vontade. A vantagem é obtida mediante força física. Ex.: colocar a arma na cabeça ou colocar a digital da pessoa no contrato. Seria causa de ausência de manifestação ou vício? ´Depende do entendimento doutrinário. Coação relativa ou moral. Na coação relativa o agente deixa uma escolha à vitima. Praticar o ato ou sofrer o risco da consequência de ameaça feita por ele. Ex – se vc não celebrar o contrato, eu conto para sua esposa o que você fez ontem a noite....kkkkkkk....eu sei que vc foi pro motel com a fulana, sua esposa vai te matar, vou acabar com teu casamento, tenho as fotos no celular....!!!! Coação principal ou acidental (não tem no CC. Decorre da análise do sistema. Causa determinante ou não. COAÇÃO – REQUISITOS – ART. , 151 CC “A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta (penetrar, introduzir) ao paciente fundado temor de dano eminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens” a) Causa determinante do ato (Essencialidade do ato) Deve haver um nexo causal entre o meio intimidativo e o ato realizado pela vítima. Sem a coação o negócio não teria sido realizado B) Deve ser grave (gravidade do mal colimado); A coação deve ser de tal gravidade que introduz à vítima um temor justificado, como a morte (vida), cárcere privado (liberdade), mutilação, desonra (honra), escândalo, ameaçar incendiar ou depredar o bem da vítima, etc. O grau de ameaça será segundo o art. 152 do CC e ameaças vagas ou impossíveis não são caracterizadoras de coação. COAÇÃO – REQUISITOS – ART. , 151 CC C) Deve ser injusta: A pressão deve ser contrária ao direito, abusiva Art. 153, primeira parte: Não constitui coação a ameaça do credor de processar o devedor, de protestar, de pedir sua falência, etc (EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO). Porém, é injusta se o credor propaga um escândalo ou um crime em que o devedor esta envolvido, mesmo se for verdade, ou para realizar um negócio ameaça denunciá-lo do crime, A da esposa que surpreende o marido com outro(a) e exige que ele renuncie aos bens para não contar o fato aos familiares, no clube, na igreja, etc. d)Dano atual ou iminente; O dano deve ser razoavelmente próximo, de modo a não ensejar tempo ao coacto de socorrer-se da autoridade pública, ou de não ser eficaz a intervenção desta. O mal é eminente sempre que a vítima não tiver meios para evitá-lo, quer com recursos próprios, quer com auxílio de outrem ou da autoridade pública. e) Tal prejuízo deve recair a pessoa, aos bens ou a família. Art. 151, parágrafo único EXCLUSÃO DA COAÇÃO (art. 153) Ameaça do exercício normal de um direito: A violência deve ser injusta, assim se for justa o autor da ameaça terá exercido um direito seu; Simples temor reverencial: Não se reveste de gravidade suficiente o simples temor de desgostar os pais, o patrão, enfim, alguém hierarquicamente superior (não pode ser acompanhado de ameaças irresistíveis). DEPENDE DO CASO CONCRETO Coação de terceiro (art. 155): Só viciará o NJ se a parte que se beneficiou tinha conhecimento (cumplicidade com o ato) EXCLUSÃO DA COAÇÃO (art. 153) Simples temor reverencial: EX 1 – OS PAIS AMEAÇARAM A FILHA DE 16 ANOS DE IDADE A CASAR-SE COM O “VÉIO DA LANCHA”, COM SEU CONSENTIMNENTO, POIS CASO CONTRÁRIO SERIA EXPULSA DA RESIDÊNCIA - NESTE CASO, EM TESE, ANULA-SE O CASAMENTO, POIS ULTRAPASSA A BARREIRA DO SIMPLES TEMOR REVERENCIAL. A FILHA DE TENRA IDADE, NÃO TERIA OUTRA OPÇÃO.... EX 2 – OS PAIS AMEAÇARAM A FILHA DE 35 ANOS DE IDADE QUE TEM UMA VIDA PROFISSIONAL E FINANCEIRA EXTREMAMENTE PRÓSPERA, A CASAR-SE COM FULANO, COM SEU CONSENTIMENTO, POIS CASO CONTRÁRIO SERIA EXPULSA DA RESIDÊNCIA DOS GENITORES – NESTE CASO, EM TESE, NÃO ANULA., POIS NÃO ULTRAPASSA A BARREIRA DO “SIMPLES TEMOR REVERENCIAL, ELA CASOU PORQUE QUIS, CASOU COM RECEIO DE DESGOSTAR OS PAIS – PODERIA TER OPTADO EM NÃO CASAR E SAIR DE CASA, POIS TEM RENDIMENTO, MATURIDADE E DISCERNIMENTO SUFICIENTE PARA TANTO. JURISPRUDÊNCIA 0077745-25.2011.8.26.0114 Apelação Cível / Indenização por Dano Material Relator(a): Fábio Podestá Comarca: Campinas Órgão julgador: 5ª Câmara de Direito Privado Ementa: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS – Sentença de improcedência. Autora que alega ter sido seduzida, mediante promessa de casamento e coagida moralmente para ingressar em sociedade empresária, como "testa de ferro" de seu então namorado. Não demonstração da alegada coação – Ausência de prova constitutiva do direito.Elementos que demonstram que a autora exercia administração da empresa, inclusive, efetuando pagamento de contas. Autora que não logrou comprovar que o requerido, enquanto administrador da empresa tenha agido com "excesso de mandato". Danos morais – não configuração. Iniciativa da autora/apelante pelo término do relacionamento. Ausência de exposição à situação vexatória apta a ensejar-lhe danos morais indenizáveis. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, nos termos do artigo 252, do Regimento Interno deste Tribunal. Recurso improvido