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TEXTO COMPLEMENTAR 
 
Disciplina: Ética e Regulamentação em Comunicação 
Professora: Andrea Cristiane Barbosa Bruno 
 
 
A ÉTICA NO JORNALISMO E O LIMITE DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
A ética no Jornalismo é sempre colocada em pauta quando assuntos polêmicos 
vêm à tona em portais de notícias, especialmente na editoria de "fofoca". Não são 
raros os casos em que um jornalista expõe assuntos que não deveriam ser 
considerados de interesse público. O último caso que ganhou repercussão e 
reacendeu os limites entre o exercício livre do Jornalismo e da liberdade de 
expressão foi a exposição íntima de uma atriz nas redes sociais. 
O jornalista que expôs a situação da vítima alegou que estava amparado pelo 
Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros sob o art. 6°, inciso IV, que 
regulamenta o livre exercício da profissão. Entretanto, há uma linha tênue entre o 
livre exercício do Jornalismo e a liberdade de expressão, consequentemente, a 
exposição de uma vítima. 
No caso em questão, não houve apuração correta dos fatos antes da divulgação 
das informações. Este tipo de conduta também está tipificado no Código de Ética 
formulado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em seu art. 4°. 
Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é 
com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual 
ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração 
e pela sua correta divulgação. 
Vale ressaltar que o referido Código também aborda questões no que diz respeito 
ao dever do jornalista e consta que é preciso respeitar o direito à intimidade. O 
Jornalismo de "fofoca" muitas vezes é questionado justamente porque explora 
assuntos íntimos ligados a figuras públicas, mas, levando em consideração 
questões claras e objetivas em relação ao teor da intimidade, é considerado "ócio 
do ofício" e quase nunca é discutido. 
Por exemplo, quando um jornalista de "fofoca" divulga que o relacionamento de 
tal famoso acabou, ainda que seja um fato íntimo, não causa prejuízo à imagem 
daquela pessoa. Não há necessidade do profissional se explicar por que publicou 
aquela notícia, desde que não exponha fatos sensíveis. 
No caso da atriz, o jornalista feriu não só o art. 6º, inciso VII - que dita o dever de 
respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão -, 
como também o inciso XI, ao expor uma criança que acabou de nascer, o que 
contraria totalmente o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)1. 
 
Em relação às sanções impostas pela Fenaj, o Código de Ética responde que os 
casos julgados pela comissão - composta por por cinco membros eleitos 
diretamente pelos jornalistas em conjunto com as direções dos sindicatos e da 
própria Fenaj - podem ter quatro penalidades: observação, advertência, 
suspensão e exclusão do quadro social do sindicato. Se o jornalista penalizado 
não compuser o quadro do sindicato, a pena é de impedimento temporário e 
impedimento definitivo de ingresso no quadro social do sindicato2. 
Na prática, quem vai de encontro ao Código de Ética da profissão não recebe 
penalidade alguma. A profissão do jornalista, diferente de um advogado, por 
exemplo, não precisa de formação. O Supremo Tribunal Federal (STF) já julgou 
que não é necessário diploma para exercer a atividade jornalística3. Ou seja, 
qualquer cidadão que tenha um blog pode dizer que é jornalista e muitos sequer 
conhecem as entidades representativas da classe. 
Há anos, as instituições que representam os interesses dos jornalistas tentam 
reverter esse quadro de precarização. Inclusive, desde 2012 está em tramitação 
no Congresso Nacional a PEC 33/09, popularmente conhecida como PEC dos 
Jornalistas, que exige o diploma de Comunicação Social, com habilitação em 
Jornalismo, para o exercício da profissão. 
O Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e o Conselho Federal de 
Enfermagem (Cofen) já se posicionaram contra a conduta da profissional 
responsável pelo vazamento de dados da atriz, que corre o risco de nunca mais 
poder exercer a profissão. Enquanto isso, a Fenaj nada mais pode fazer do que 
soltar uma nota em repúdio à exposição da intimidade da atriz. 
Outrossim, é importante lembrar sobre a liberdade de expressão e seus limites. 
Ao falar acerca de discursos e exposições de fatos e/ou opiniões, a Constituição 
Federal de 1988 (CF/88) elenca como direito fundamental de todos os cidadãos a 
livre manifestação de pensamento conforme prevê o art. 5º, inciso IV, que diz: 
"é livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato." 
Ademais, quando se trata da comunicação social, o direito à liberdade aos 
veículos de comunicação é garantido constitucionalmente, sendo vedado 
qualquer tipo de restrição, desde que observado os limites previstos na própria 
Constituição. É o que prevê o artigo 220 da CF/88: 
"à manifestação do pensamento, a criação, a 
expressão e a informação, sob qualquer forma, 
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, 
observado o disposto nesta Constituição" 
Nessa toada, compreende-se que a Constituição Federal elencou como bem 
jurídico a ser tutelado como direito fundamental, ao ser garantido 
constitucionalmente, a liberdade de expressão. De fato, a liberdade de expressão 
é importante para garantir a livre comunicação, como uma garantia básica para a 
dignidade humana individual e para o funcionamento da estrutura democrática do 
Estado. 
 
Entretanto, dentro deste mesmo ordenamento jurídico, a Carta Magna impôs 
limites ao exercício desse direito, como se observou nos artigos mencionados 
anteriormente, assim como elencou como direito e garantias fundamentais o 
exercício de direitos e os limites desse exercício. É o que se apresenta no art. 5º, 
inciso II, da CF/88: 
"II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;" 
Partindo-se dessa premissa, faz-se necessário avaliar que existem limites a esse 
direito. Muitos afirmam que esses limites se trata de uma opção política. Adotando 
ou não opção política à esquerda ou à direita, a nossa Carta Magna é quem 
delimita quando a liberdade de expressão deixa de ser um direito. E é quando as 
manifestações, falas e opiniões passam a configurar aquilo que a lei proíbe. 
E aqui entramos nos limites da liberdade de expressão, que é quando essa 
liberdade de expressão deixa de ser manifestação de pensamento e/ou opinião e 
passa a estar sujeita a uma sanção imposta pelo Direito, ou seja, quando em 
virtude da lei o indivíduo é obrigado a deixar de fazer a manifestação de 
pensamento e/ou opinião, que passa a configurar uma prática criminosa ou 
caracterizar danos materiais ou morais, como o discurso de ódio, injúria, 
difamação, a violação de privacidade, intimidade, entre outros. 
A título de exemplo, o caso tratado acima em que uma atriz foi exposta por um 
jornalista de "fofoca" e por uma blogueira. Pode-se avaliar três fatos tipificados 
como crime: 1) ter sido acusada falsamente de ter cometido um crime de 
abandono de incapaz, sem ter cometido, que é configurado o crime de calúnia 
previsto no art. 138 do Código Penal. 2) A exposição de dados processuais 
sigilosos, referentes ao processo de entrega voluntária do bebê, constitui crime de 
divulgação de segredo previsto no art. 153 § 1º-A do CP. 3) A violação de segredo 
profissional, crime previsto no art. 154 do CP, que a enfermeira comete ao divulgar 
dados do prontuário médico da atriz para o jornalista de "fofoca". 
Nesse sentido, ainda impõe lembrar que art. 5º, inciso X, da Constituição Federal 
de 1988, afirma serem invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação. 
Portanto, conclui-se que o Estado Democrático de Direito garante a livre 
manifestação de pensamento, mas para que possamos conviver em democracia, 
há a necessidade de compreender que para todo direito existe um limite que é 
preciso ser observado sob pena de atingir direitos de outrem. 
________________________________________________________________1 Art. 6º. É dever do jornalista: VIII - respeitar o direito à intimidade, à privacidade, 
à honra e à imagem do cidadão; XI - defender os direitos do cidadão, contribuindo 
para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das 
crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos idosos, dos negros e das minorias. 
2 Art. 17. Os jornalistas que descumprirem o presente Código de Ética estão 
sujeitos às penalidades de observação, advertência, suspensão e exclusão do 
 
quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em 
veículo de ampla circulação. Parágrafo único - Os não filiados aos sindicatos de 
jornalistas estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, 
impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do 
sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla 
circulação. 
3 Recurso Extraordinário nº 511.961 
 
 
 
 
Autoras: Joyce Mazzoco do Nascimento e Ingrid Nerys 
 
 
Fonte: https://www.migalhas.com.br/depeso/370811/a-etica-no-jornalismo-e-o-
limite-da-liberdade-de-expressao. Acesso em 30 nov. 2023.

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