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CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL 
Dr. Wagner Camargo Gouveia 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 
 
 
1 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. CONCEITO DE CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL 
 
Objetivo 
Conhecer o conceito de controle externo da atividade policial como função 
institucional do Ministério Público. 
 
Reconhecer os meios que visam a garantia dos direitos fundamentais previstos na 
Constituição Federal. 
 
Introdução 
Todos nós sabemos que a atividade policial deverá promover a segurança pública e 
para efetivação dos direitos fundamentais, deverá pautar-se na eficiência e no respeito aos 
cidadãos. 
 
Em decorrência do exercício tais atividades, o policial poderá incorrer em excessos 
por fazer uso da força em nome do Estado, sendo assim, a lei prevê mecanismos de 
controle externo para repressão aos eventuais desvios de conduta dos policiais, combate 
à impunidade e bloqueio das interferências na atividade correcional. 
 
O Ministério Público acompanha o trabalho da polícia judiciária que subsidia a 
propositura da ação penal, principalmente, no que tange a instauração e tramitação dos 
procedimentos investigatórios, assim como a requisição de laudos técnicos e apreensão de 
objetos, armazenamento e destino de armas, entorpecentes e outros produtos controlados, 
sendo-lhe facultado o livre acesso a todos os documentos elaborados no exercício das 
atribuições relativo à primeira fase da persecução penal. 
 
Os órgãos policiais, tanto polícia civil quanto polícia militar deverão agir com 
transparência, prestar contas de seus atos à sociedade e prevenir os abusos. De outro lado, 
o cidadão tem o direito de questionar a legalidade e a legitimidade da conduta policial, bem 
como receber uma pronta resposta sobre as providências adotadas para apuração dos 
fatos e a eventual sanção aplicada ao policial violador das normas que regem sua atuação. 
 
 
 
 
2 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.1. Conceito 
O controle externo da atividade policial é aquele realizado por órgãos externos às 
corporações, como é o caso do Ministério Público, do Legislativo, do Judiciário, mas 
também inclui o controle executado pela sociedade. No Brasil, o controle externo da 
atividade policial cabe formalmente ao Ministério Público. A Constituição Federal de 1988 
confere de modo explícito poderes para o exercício do controle externo sobre as instituições 
policiais, inclusive o de acompanhar todas as etapas do seu trabalho, bem como abusos e 
desvios de conduta praticados por seus agentes, garantindo a observância da lei e o 
respeito aos direitos humanos. 
 
A nossa carta magna estendeu as atribuições do Ministério Público, acrescentando 
ao seu papel tradicional de promotoria a incumbência de defensor da ordem jurídica, dos 
direitos constitucionais, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
 
Tais atribuições estão disciplinadas no artigo 129 da nossa carta magna. 
O artigo 2° da Resolução nº 20/2007 editada pelo Conselho Nacional do Ministério 
Público estabelece que: “O controle externo da atividade policial pelo Ministério Público tem 
como objetivo manter a regularidade e a adequação dos procedimentos empregados na 
execução da atividade policial, bem como a integração das funções do Ministério Público e 
das Polícias voltada para a persecução penal e o interesse público”. 
 
Portanto, o Ministério público deverá verificar a eficiência da atividade policial, 
zelando para que sejam fornecidos elementos suficientes para o oferecimento da denúncia 
ou arquivamento do caso, bem como corrigir eventuais desvios e abusos da atividade 
policial, garantindo-se o respeito aos direitos e garantias dos cidadãos. 
 
Os organismos policiais relacionados no artigo 144 da Constituição Federal, bem 
como as polícias legislativas ou qualquer outro órgão ou instituição, civil ou militar 
relacionada com a segurança e a persecução criminal estão sujeitos ao controle externo do 
Ministério Público, conforme disciplina o artigo 1º da citada Resolução. 
 
 
 
 
 
3 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Atribuições do Ministério Público (artigo 129 da Constituição Federal) 
Resolução nº 20/2007 
 
 
 
Como você viu a Constituição Federal é muito clara ao definir as funções 
institucionais do Ministério Público. Portanto, é seu dever como órgão externo assegurar 
que a atuação policial, a um só tempo, atenda aos princípios da efetividade e da legalidade, 
tornando compatível a característica de máxima eficiência e absoluto respeito aos direitos 
fundamentais. 
 
1.2. Concretização Das Garantias e Dos Direitos e Deveres Constitucionais 
Os direitos e garantias fundamentais consagrados na Constituição Federal existem 
para proteger o cidadão contra eventuais excessos do Estado, reprimindo os abusos por 
parte dos agentes públicos. 
 
O Estado democrático de direito não admite poder absoluto ou ilimitado, de modo 
que todas as atividades estão sujeitas a controle. É visível o poder do Estado através da 
atividade policial, pois esta mostra a força e coercitividade decorrente de seu poder, 
podendo afetar significativamente os direitos essenciais do cidadão, como por exemplo, a 
vida, a liberdade e os bens. Deste modo, num Estado Democrático de Direito a atividade 
policial deve sempre ser pautada pelo respeito aos direitos e garantias. 
 
Segundo Rodrigo César Rebello Pinho (p.96) “Direitos fundamentais são os 
considerados indispensáveis à pessoa humana, necessários para assegurar a todos uma 
existência digna, livre e igual. Não basta ao Estado reconhecer direitos formalmente, deve 
buscar concretizá-los, incorporá-los no dia a dia dos cidadãos e de seus agentes” 
 
O título II da Constituição Federal é dedicado aos direitos e garantias fundamentais 
do cidadão, dentre eles destacam-se o “de somente ser processado pela autoridade 
competente, o do devido processo legal, o de não ser preso senão em flagrante delito ou 
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, ainda, o de ser 
 
 
4 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
informado de seus direitos, dentre os quais o de permanecer calado e de receber a 
assistência da família e de advogado”. 
 
Para você entender melhor, descrevo abaixo o texto da lei. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar 
ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
 
 
 
Como você pode perceber esses direitos não são simples 
recomendações, não podem ser ignorados ou flexibilizados sem 
consequências, sua inobservância resulta em ilegalidade. 
Portanto, a atividade policial exercida no combate à criminalidade 
deverá ser realizada com estrita observância aos direitos fundamentais. 
O policial que pratica crime falta com o dever de legalidade e 
honestidade, principalmente de lealdade à instituição que representa. 
Assim, o policial que desrespeita tais princípios no exercício da atividade 
policial, denigre a imagem e a credibilidade das polícias perante aa Distância 
As condutas criminalizadas são ; invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, 
ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele 
permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições 
estabelecidas em lei; cumprir mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte 
e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas); coagir alguém, mediante violência ou grave 
ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências. 
 
Não haverá crime de violação de domicilio quando a invasão ocorrer em 
cumprimento de ordem judicial, caso o agente público não tenha em mão a ordem judicial 
ou autorização legal, apenas poderá adentrar no domicilio com a manifestação de vontade 
do titular do imóvel, essa autorização deverá ser expressa, com assinatura do termo. 
 
No caso de denúncias anônimas, o entendimento jurisprudencial do Superior 
Tribunal de Justiça é no sentido de que: A existência de denúncias anônimas somada à 
fuga do acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial 
no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial. 
 
 
6.6.7. Fraude processual especial em caso de abuso de autoridade 
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de 
processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de 
responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a 
responsabilidade: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de: 
I - Eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no 
curso de diligência; 
II - Omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para 
desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo. 
 
Esse crime será praticado por todo o agente público, mas pode contar com a 
participação de terceiros, como advogados, investigados. Será qualificado crime quando o 
agente público; omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos 
 
 
37 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
para desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo; eximir-se de 
responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência. 
 
No caput o tipo requer a especifica vontade do agente se eximir da responsabilidade 
criminal ou indevidamente responsabilizar, ou agravar a responsabilidade criminal de 
terceiros. 
 
Exemplos que podem se configurar o crime em questão é recolhimento de projéteis 
e estojos deflagrados e a autolesão, para fins de isenção de responsabilidade; 
 
6.6.8. Abuso de autoridade na obtémcão ou uso de prova ilícita 
 
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou 
fiscalização, por meio manifestamente ilícito: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do 
investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua i licitude. 
 
Este crime se concretiza quando o agente público, consiste em proceder a manobra 
de provas em procedimento de investigação ou fiscalização, por meios ilícitos. 
 
A Constituição Federal em seu Artigo 5º, LVI, prevê; 
 
"são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;" 
 
Para que o crime de abuso esteja configurado não pode haver dúvida quanto à 
ilicitude do meio de obtenção de prova. Isso porque o legislador determinou que para a 
tipificação esse meio deve ser “manifestamente ilícito”. Quando a lei menciona 
procedimentos de investigação ou fiscalização, deve-se entender que abrange tanto 
apurações criminais como administrativas. Em todos esses confrontos de normas deve ser 
aplicado o Princípio da Especialidade. 
 
Antes mesmo da lei 13.964/2019 existir, os agentes públicos já eram punidos por 
crimes quando realizavam a interceptação de comunicações telefônicas ou quebravam 
 
 
38 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
segredo de justiça sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Esses 
dispositivos continuam em vigor, mas não se aplicam mais quando se tratar de agente 
público agindo com dolo especifico. Veremos um exemplo corriqueiro; seria o de uma busca 
pessoal e a avaliação subjetiva da existência de “fundada suspeita”. Não seria possível 
afirmar que a prova obtida é manifestamente ilegal. Isso salvo em casos evidentes de 
perseguição, nos quais fique comprovada a atuação caprichosa do policial e claro abuso. 
 
6.7. Das penas restritivas de direitos 
 
As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade na Lei de 
Abuso de Autoridade são; prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) 
meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; as penas restritivas de direito 
podem ser aplicadas de forma autônoma ou cumulativamente. 
 
A lei abuso de autoridade busca alternativas seguras e eficazes para separar aqueles 
que são perigosos e que mereçam ficar segregados dos que não oferecem risco a 
incolumidade pública. A alternativa que foi encontrada para reduzir a pena privativa de 
liberdade foi a sua substituição em alguns casos, pelas penas restritivas de direitos. 
 
A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição 
de tarefas gratuitas ao condenado e dar-se a entidades assistenciais, hospitais, escolas, 
orfanatos e outros estabelecimentos. Deveram ser cumpridas cerca de uma hora de tarefas 
por dia de condenação, as tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do condenado. 
 
O abuso de autoridade fará com que o agente público fique suspenso do exercício 
do cargo, da função ou mandato pelo prazo de seis meses, perdendo naquele período das 
vantagens, e vencimentos, que poderá significar a perda da moradia da família, em caso 
de locação, a falta de assistência médica, em caso de plano de saúde particular, e até 
mesmo a fome e a mendicância por parte da prole. como dispõe o artigo 5º, II da Lei 
13.964/19. 
 
As características das penas restritivas de direitos são as seguintes; são 
substitutivas, pois visam afastar as penas privativas de liberdade de curta duração; gozam 
 
 
39 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
de autonomia, pois têm características e forma de execução própria; a pena substituída 
deve ser não superior a 4 (quatro) anos ou resultante de crime culposo; o crime não pode 
ter sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa; exigem como condição objetiva 
que o réu não seja reincidente em crime doloso; para a substituição também devem ser 
analisados os elementos subjetivos do condenado, pois somente são aplicadas se a 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a sua personalidade, bem como os 
motivos e as circunstâncias do crime, indicarem que a transformação operada seja 
suficiente. 
 
Obrigatoriamente, a pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade 
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. Do cálculo da pena 
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de 
direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão. 
 
 
 
 
 
40 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6.8. CORRUPÇÃO 
 
6.8.1. RESPONSABILIDADE PENAL DO SERVIDOR PÚBLICO 
Objetivo: neste modulo iremos conhecer os crimes, aspectos gerais que disciplinam 
o tema, e falar um pouco sobre objetos, elementos, sujeitos e consumaçãodos crimes 
cometidos por funcionário público. 
 
Palavras-chaves: Código Penal; Crimes cometidos por funcionário público; 
 
Introdução 
Olá, iniciamos aqui nossa disciplina, matéria tão importante, visto que relacionada a 
um dos aspectos mais estratégicos em crimes contra a administração pública. 
 
Abordaremos na disciplina alguns aspectos essenciais acerca do tema, mas que não 
se esgotam por aqui. Vamos conhecer um pouco de assuntos tais como: 
 
1. CAPÍTULO I - DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
2. CAPÍTULO II - DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
3. CAPÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 
 
CAPÍTULO I - DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
Todos os crimes funcionais são crimes próprios ou especiais, pois exigem 
qualidade especial do sujeito ativo. 
 
 
 
41 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Crime funcional próprio x crime funcional impróprio 
Nos crimes funcionais próprios, a retirada da qualidade especial de “funcionário 
público” acarreta a atipicidade do fato (ex. prevaricação - art. 319, CP), que aliás é crime 
de mão própria, pois não admite a coautoria, admitindo, porém, a participação. 
 
Por outro lado, a retirada da expressão “funcionário público” nos crimes funcionais 
impróprios, acarretará a desclassificação da conduta para outro crime no código penal ou 
na legislação extravagante (ex. peculato - art. 312, CP. 
 
Concurso de pessoas nos crimes funcionais 
É possível a imputação de um crime funcional a um particular, desde que este saiba 
que pratica um crime na companhia de um funcionário público, pois tal expressão 
(funcionário público) funciona como elementar dos crimes funcionais (art. 30, CP), assim se 
comunica a todos os partícipes do crime. 
 
INTRANEUS: É a expressão utilizada para identificar o funcionário público que 
comete o crime. 
 
EXTRANEUS: Se refere ao particular que comete o crime funcional em coautoria 
com o funcionário público 
 
CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICOS PARA EFEITOS PENAIS (ART. 327, 
CP) 
 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função 
pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função 
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração 
Pública. 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes 
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de 
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de 
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
 
 
42 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
É considerado funcionário público para fins penais aquele que exerce emprego, 
cargo ou função pública, mesmo que de forma eventual e gratuita. Tal conceito abrange 
ainda aqueles que trabalham em entidade paraestatal, empresa prestadora de serviço 
público contratada ou conveniada para a execução de atividade típica de Estado (conceito 
de funcionário público por equiparação. 
 
Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou 
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E CRIME DE PECULATO 
O STJ NÃO ADMITE a incidência do princípio da insignificância, sob o argumento de 
que lesão à moralidade administrativa não pode ser qualificada como insignificante (STJ 
RESP 100000062533). 
 
Por outro lado, o STF ADMITE (STF HC 107370/SP) a incidência do princípio, desde 
que presentes os seus pressupostos, quais sejam: a nenhuma periculosidade social da 
ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; a mínima ofensividade 
da conduta; a inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
 
PECULATO DE USO 
Imagine a seguinte situação (“baseada em fatos reais”): João, servidor público 
estadual, tinha à sua disposição, em razão de seu cargo, um veículo pertencente à 
Administração Pública, para que pudesse deslocar-se no interesse do serviço. 
Ocorre que ele acaba utilizando o referido automóvel como meio de transporte para 
realizar encontro sexual com uma garota de programa em um motel da cidade. 
Descoberto esse fato, o Ministério Público denunciou o agente pela prática de 
peculato-desvio (art. 312, parte final, do Código Penal): 
O juiz deverá receber essa denúncia? O fato narrado é típico? 
NÃO. Segundo a doutrina e jurisprudência majoritárias, é atípico o “uso momentâneo 
de coisa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao patrimônio pessoal ou de terceiro, 
seguido da sua integral restituição a quem de direito.” (MASSON, Cleber. Direito Penal 
 
 
43 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Esquematizado. São Paulo: Método, 2011, p. 586). Vale ressaltar que essa conduta 
configuraria, obviamente, improbidade administrativa (art. 9º, IV, da Lei n.º 8.429/92): 
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento 
ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício 
de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 
1° desta lei, e notadamente: IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, 
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à 
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o 
trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas 
entidades; 
 
Peculato Próprio 
 
1. Objetos 
a) Jurídico 
b) Material 
 
2. Sujeitos 
a) Ativo 
b) Passivo 
 
3. Elementos: 
a) Objetivos: 
Funcionário público no exercício da função 
1. Apropriar 
Bem móvel: público e particular 
O que é peculato malversação? 
Qual crime contra a administração que pune a forma culposa? 
 
b) Subjetivo 
1. Agente 
Tipo: doloso ou culposo 
 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
 
44 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. Consumação e tentativa 
 
Peculato impróprio 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a 
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em 
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade 
de funcionário. 
 
1. Elementos: 
a) Objetivos: 
Funcionário público no exercício da função 
1. Subtração 
2. Bem móvel: público e particular 
 
2. Consumação e tentativa 
 
Extinção de punibilidade 
§ 3º: 
1. No caso do parágrafo anterior; 
2. a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a 
punibilidade; 
3. se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
Peculato estelionato 
Peculato mediante erro de outrem 
 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do 
cargo, recebeu por erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
O denominado “peculato-estelionato” consiste na captação indevida por parte do 
funcionário público de dinheiro ou qualquer utilidade que no exercício do cargo recebeu, 
espontaneamente, por erro de outrem. 
 
 
 
 
45 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. Culposo 
2. X (funcionário público imprudente ou negligente) –X (age dolosamente para 
subtração) 
3. 2. Estelionato 
4. X (funcionário público age dolosamente para apropriar) – X (particular no erro) 
 
Peculato eletrônico 
 
Inserção de dados falsos em sistema de informações 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados 
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados 
ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida 
para si ou para outrem ou para causar dano: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
O crime em estudo tutela a preservação dos bancos de dados da Administração 
Pública. 
 
Requisitos: 
 
1. funcionário autorizado 
2. Inserir ou facilitar ou alterar ou excluir 
3. sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública 
4. obter vantagem indevida 
5. reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos 
 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações 
 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou 
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
O crime em estudo tutela a preservação dos sistemas de informações e programas 
de informática da Administração. 
 
 
 
46 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Requisitos: 
 
1. o funcionário; 
2. Modificar ou alterar; 
3. sistema de informações ou programa de informática; 
4. detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos 
 
Concussão 
 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora 
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
Trata-se do crime contra a administração pública em que o funcionário público, 
valendo-se de sua condição, que causa receio a vítima, exige, direta ou indiretamente, 
indevida vantagem, mesmo que ainda não tenha assumido efetivamente o cargo, mas em 
razão dele. 
 
Se o funcionário público exigir mediante violência ou grave ameaça indevida 
vantagem, no exercício do cargo, mas relacionada a mal estranho a função pública 
exercida, responderá pelo crime de extorsão, art. 158, CP e não concussão. 
 
HC n° 72936/MG. Julgado em 22/08/95. Ainda que a conduta delituosa tenha sido 
praticada por funcionário público, o qual teria se valido dessa condição para a obtenção da 
vantagem indevida, o crime por ele cometido corresponde ao delito de extorsão e não ao 
de concussão, uma vez configurado o emprego de grave ameaça, circunstância elementar 
do delito de extorsão. Precedentes. (HC 54.776/SP, Rel. Ministro. 
 
1. Objetos 
a) Jurídico 
b) Material 
 
2. Sujeitos 
a) Ativo 
b) Passivo 
 
 
47 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
3. Elementos: 
a) objetivos: 
Funcionário público no exercício da função 
Exigir 
Vantagem indevida 
b) Subjetivo 
Agente 
Tipo: doloso 
 
4. Consumação e tentativa 
 
Excesso de exação 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria 
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, 
que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Requisitos: 
 
1. exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido; 
2. quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não 
autoriza 
 
Corrupção passiva 
 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem 
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
Trata-se de crime contra a administração pública que pune o funcionário púbico que 
solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida, para si ou para outrem, em 
virtude do cargo que exerce ou que exercerá. 
 
 
 
48 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
EXCEÇÃO PLURALISTA A TEORIA MONISTA 
Trata-se de exceção pluralista a teoria monista prevista no art. 29, CP, pois o 
particular que oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público para que ele 
pratique, omita ou retarde ato de oficio responderá pelo crime de corrupção ativa (art. 333, 
CP), enquanto que o funcionário público que recebe ou aceita promessa de vantagem 
indevida responderá pelo crime de corrupção passiva (art. 317, CP) 
 
1. Objetos 
a) Jurídico 
b) Material 
 
2. Sujeitos 
a) Ativo 
b) Passivo 
 
3. Elementos: 
a) objetivos: 
 
Funcionário público no exercício da função 
Solicitar, receber ou aceitar promessa 
Vantagem indevida 
 
b) Subjetivo 
Agente 
Tipo: doloso 
 
4. Consumação e tentativa 
 
Corrupção ativa 
 
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para 
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa 
 
 
 
 
49 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. Objetos 
a) Jurídico 
b) Material 
 
2. Sujeitos 
a) Ativo 
b) Passivo 
 
3. Elementos: 
a) objetivos: 
 
Funcionário público no exercício da função 
Oferecer ou prometer 
Vantagem indevida 
b) Subjetivo 
Agente 
Tipo: doloso 
 
5. Consumação e tentativa 
 
ATIVA (particular) X PASSIVA (funcionário público) 
 
1. Oferecer X Receber 
2. Prometer X Aceitar promessa 
3. Pagar X Solicitar 
4. Pagar X Exigir 
 
 
 
Corrupção passiva: 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou 
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o 
pratica infringindo dever funcional. 
 
 
 
50 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Corrupção ativa: Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão 
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica 
infringindo dever funcional. 
 
Prevaricação 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou 
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento 
pessoal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Prevaricação é a infidelidade ao dever de ofício, à função exercida. É o não 
cumprimento das obrigações funcionais em razão de interesses pessoais. 
 
1. Objetos 
a) Jurídico 
b) Material 
 
2. Sujeitos 
a) Ativo 
b) Passivo 
 
3. Elementos: 
a) objetivos: 
Funcionário público no exercício da função 
Retardar ou deixar de praticar ou praticar 
Interesse ou sentimento pessoal 
 
b) Subjetivo 
Agente 
Tipo: doloso 
 
 
 
51 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. Consumação e tentativa 
 
Corrupção passiva privilegiada 
 
Art. 317: 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com 
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
 
Prevaricação (FC) X Corrupção passiva privilegiada (FC) 
1. Retardar x Retardar 
2. deixar de praticar x deixar de praticar 
3. Praticar x praticar 
4. satisfazer interesse x pedido ou influência de outrem 
ou sentimento pessoal 
 
Art. 317: 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou 
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o 
pratica infringindo dever funcional. 
 
1. Qual a diferença da corrupção passiva privilegiada, prevaricação ea causa de 
aumento do Art. 317, § 1º? 
2. O que é prevaricação imprópria? 
 
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (ART. 320, CP) 
 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado 
que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não 
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa 
 
Trata-se do crime praticado pelo funcionário público que tolera e não toma qualquer 
atitude para responsabilizar o seu subordinado, que praticou uma infração disciplinar 
relacionada ao cargo, independentemente da obtenção de qualquer tipo de vantagem ou 
intenção de satisfação de interesse ou sentimento pessoal. 
 
 
52 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O tipo penal exige que a infração cometida pelo agente se relacione ao exercício de 
seu cargo, de modo que eventual infração a ele não relacionado, não caracterizará o crime 
de condescendência criminosa na hipótese em que o superior hierárquico não tomar 
nenhuma atitude visando a responsabilização de seu subordinado. 
 
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA 
 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a 
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de 
um a três meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a 
um ano, além da multa. 
 
CONCEITO 
 
Caracteriza-se pela defesa de interesses privados perante a Administração Pública, 
aproveitando-se o funcionário público das facilidades proporcionadas pelo seu cargo. 
A conduta é ilícita, pois a missão de todo agente público é única e exclusivamente a 
defesa e a promoção de interesses públicos e nunca particulares. 
 
 
 
¨Crenças geram decisões baseadas em experiências do passado. Valores nos 
levam a decisões baseadas em sentimentos que queremos experimentar no 
futuro. A intuição nos permite criar um futuro baseado na emergência do ser 
(eu superior). Quando criamos as condições que permitem à nossa mente 
entrar em contato com espaço mental coletivo, nossa intuição nos comunica 
aquilo que quer, ou precisa emergir ¨ (Manual da Autoliderança – o Novo 
Paradígma da Liderança”de Richard Barrett) 
 
 
 
53 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. LEI ANTICORRUPÇÃO 
 
Objetivo: neste módulo iremos conhecer a lei anticorrupção, aspectos gerais que 
disciplinam o tema, e falar um pouco sobre objetos, elementos, sujeitos e consumação dos 
crimes cometidos por funcionário público. 
 
Palavras-chaves: Código Penal; Crimes cometidos por funcionário público; 
 
Introdução 
Olá, iniciamos aqui nossa disciplina, matéria tão importante, visto que relacionada a 
um dos aspectos mais estratégicos em combater a corrupção. 
Abordaremos na disciplina alguns aspectos essenciais acerca do tema mas que não 
se esgotam por aqui. Vamos conhecer um pouco de assuntos tais como: 
 
1. LEI ANTICORRUPÇÃO 
 
A Lei nº 12.846/2013, também conhecida como Lei Anticorrupção, representa 
importante avanço ao prever a responsabilização objetiva, no âmbito civil e administrativo, 
de empresas que praticam atos lesivos contra a administração pública nacional ou 
estrangeira. 
 
Além de atender a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, a lei fecha 
uma lacuna no ordenamento jurídico do país ao tratar diretamente da conduta dos 
corruptores. A Lei Anticorrupção prevê punições como multa administrativa - de até 20% do 
faturamento bruto da empresa - e o instrumento do acordo de leniência, que permite o 
ressarcimento de danos de forma mais célere, além da alavancagem investigativa. 
 
A Controladoria-Geral da União (CGU) é responsável grande parte dos 
procedimentos como instauração e julgamento dos processos administrativos de 
responsabilização e celebração dos acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo 
Federal. 
 
Responsabilidade Objetiva: empresas podem ser responsabilizadas em casos de 
corrupção, independentemente da comprovação de culpa. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12846.htm
 
 
54 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Penas mais rígidas: valor das multas pode chegar até a 20% do faturamento bruto 
anual da empresa, ou até 60 milhões de reais, quando não for possível calcular o 
faturamento bruto. Na esfera judicial, pode ser aplicada até mesmo a dissolução 
compulsória da pessoa jurídica. 
 
Acordo de Leniência: Se uma empresa cooperar com as investigações, ela pode 
conseguir uma redução das penalidades. 
 
Abrangência: Lei pode ser aplicada pela União, estados e municípios e tem 
competência inclusive sobre as empresas brasileiras atuando no exterior. 
 
O acordo é um instrumento sancionador negocial, celebrado com uma pessoa 
jurídica, que colabora, de livre e espontânea vontade, entregando informações e provas 
sobre os atos de corrupção de que tem conhecimento e sobre os quais assume a sua 
responsabilidade objetiva. 
 
Qual a diferença de acordo de leniência e delação premiada? 
 
Por outro lado, há algumas diferenças, dentre as quais, destacam-se a de quem pode 
fazer uso e o tipo de infração passível de uso, pois no acordo de leniência é a pessoa 
jurídica (empresa) em infrações cíveis e administrativas, já na delação premiada é a pessoa 
física (sócio, diretor, empregado etc.) 
 
O acordo de leniência antevisto na Lei Anticorrupção, diferente daquele previsto na 
Lei Antitruste, apresenta algumas fragilidades. Dentre elas, a ausência de incentivos para 
o auxílio no combate e apuração das práticas de corrupção, como a não extensão à esfera 
criminal e às pessoas físicas. 
 
O acordo de leniência antevisto na Lei Anticorrupção se baseou naquele previsto na 
Lei Antitruste. 
 
Nesse sentido, a Lei Anticorrupção não antevê qualquer efeito penal na celebração 
do acordo de leniência, tornando-o, assim, pouco ou nada atrativo, ante os riscos que a 
pessoa física se submeterá ao propor um acordo sabedora do grave risco de vir a ser 
processada criminalmente. 
 
 
55 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Já delação premiada, feita por pessoas físicas, encontra-se regulada por diversas 
leis: Lei 7.492/86, artigo 25, parágrafo 2º (crimes contra o sistema financeiro); Código 
Penal, artigo 159, parágrafo 4º (extorsão mediante sequestro); Lei 8.072/90, 
artigo 8º, parágrafo único (crimes hediondos); Lei 8.137/90, artigo 16, parágrafo 
único(crimes contra a ordem tributária); Lei 9.613/98, artigo 1º, parágrafo 5º (crimes de 
lavagem de dinheiro); Lei 9.807/99, artigos 13 e 14 (aplica-se a quaisquer 
delitos); Lei 11.343/2006, artigo 41 (tráfico de entorpecentes); Lei 12.850/2013 
(organização criminosa). 
 
A diferença importante da colaboração premiada é que se trata de um negócio 
jurídico processual personalíssimo, celebrado entre o Ministério Público, ou o Delegado 
de Polícia com a manifestação do MP, o acusado e seu defensor. 
 
O ato de colaborar ocorre quando o investigado ou acusado renunciam seu direito 
ao silêncio e se comprometem a dizer a verdade sobre a organização do crime, ou seja, 
este deve contribuir efetivamente com as investigações. 
 
Portanto, se houver o preenchimento dos requisitos e os resultados pretendidos 
foram alcançados, o colaborador receberá os benefícios legais, como a diminuição da 
pena ou até mesmo o perdão judicial. 
 
Desse modo, notamos diferenças aparentes entre os dois institutos. 
A delação premiada consiste em delatar - revelar - os partícipes e os coautores do 
crime. 
 
A colaboração premiada por sua vez, pressupõe, além da revelação dos partícipes 
e coautores, outras formas de contribuição, como a confissão do crime, a revelação daestrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa, a recuperação do 
produto ou do proveito da infração, a localização de eventual vítima com a sua integridade 
física preservada. 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7492.htm#art25
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7492.htm#art25
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11753322/artigo-25-da-lei-n-7492-de-16-de-junho-de-1986
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11753271/paragrafo-2-artigo-25-da-lei-n-7492-de-16-de-junho-de-1986
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91614/codigo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91614/codigo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618841/artigo-159-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618702/paragrafo-4-artigo-159-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm#art8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm#art8
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11269409/artigo-8-da-lei-n-8072-de-25-de-julho-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11269386/paragrafo-1-artigo-8-da-lei-n-8072-de-25-de-julho-de-1990
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8137.htm#art16
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8137.htm#art16
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11263418/artigo-16-da-lei-n-8137-de-27-de-dezembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11263379/paragrafo-1-artigo-16-da-lei-n-8137-de-27-de-dezembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11263379/paragrafo-1-artigo-16-da-lei-n-8137-de-27-de-dezembro-de-1990
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9613.htm#art1
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11320276/artigo-1-da-lei-n-9613-de-03-de-marco-de-1998
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11319709/paragrafo-5-artigo-1-da-lei-n-9613-de-03-de-marco-de-1998
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9807.htm#art13
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9807.htm#art13
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11702877/artigo-13-da-lei-n-9807-de-13-de-julho-de-1999
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11702733/artigo-14-da-lei-n-9807-de-13-de-julho-de-1999
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm#art41
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm#art41
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10866363/artigo-41-da-lei-n-11343-de-23-de-agosto-de-2006
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm
 
 
56 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
12846/13 – LEI ANTICORRUPÇÃO 
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela 
prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras 
providências. 
 
CAPÍTULO I 
 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de 
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou 
estrangeira. 
 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às 
sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização 
ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades 
ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no 
território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente. 
 
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, 
nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei 
praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. 
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a 
responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou 
de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito. 
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da 
responsabilização individual das pessoas naturais referidas no caput. 
§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão 
responsabilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade. 
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de 
alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão 
societária. 
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da 
sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e 
reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio 
 
 
57 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas 
nesta Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão 
ou incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de 
fraude, devidamente comprovados. 
§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito 
do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamente 
responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringindo-se 
tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação 
integral do dano causado. 
 
CAPÍTULO II 
DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL OU 
ESTRANGEIRA 
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para 
os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no 
parágrafo único do art. 1º , que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, 
contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais 
assumidos pelo Brasil, assim definidos: 
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente 
público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; 
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo 
subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei; 
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar 
ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos 
praticados; 
IV - no tocante a licitações e contratos: 
 
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro 
expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público; 
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento 
licitatório público; 
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de 
vantagem de qualquer tipo; 
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; 
 
 
58 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de 
licitação pública ou celebrar contrato administrativo; 
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações 
ou prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem 
autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos 
respectivos instrumentos contratuais; ou 
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos 
celebrados com a administração pública; 
V - Dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou 
agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências 
reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional. 
§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e 
entidades estatais ou representações diplomáticas de país estrangeiro, 
de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas jurídicas 
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país 
estrangeiro. 
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública 
estrangeira as organizações públicas internacionais. 
§ 3º Considera-seagente público estrangeiro, para os fins desta Lei, 
quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça cargo, 
emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou em 
representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como em 
pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder 
público de país estrangeiro ou em organizações públicas 
internacionais. 
CAPÍTULO III 
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradas 
responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções: 
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do 
faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo 
administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem 
auferida, quando for possível sua estimação; e 
II - publicação extraordinária da decisão condenatória. 
 
 
59 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada ou 
cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso concreto e 
com a gravidade e natureza das infrações. 
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será precedida da 
manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou pelo órgão 
de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público. 
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, em 
qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano causado. 
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível utilizar o 
critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, a multa será 
de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões 
de reais). 
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocorrerá na 
forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídica, em meios 
de comunicação de grande circulação na área da prática da infração e 
de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação de 
circulação nacional, bem como por meio de afixação de edital, pelo 
prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio estabelecimento ou no local 
de exercício da atividade, de modo visível ao público, e no sítio 
eletrônico na rede mundial de computadores. 
§ 6º (VETADO). 
Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções: 
I - a gravidade da infração; 
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; 
III - a consumação ou não da infração; 
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão; 
V - o efeito negativo produzido pela infração; 
VI - a situação econômica do infrator; 
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações; 
VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria 
e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de 
ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica; 
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade 
pública lesados; e 
X - (VETADO). 
 
 
60 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e procedimentos 
previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos em regulamento do Poder Executivo 
federal. 
CAPÍTULO IV 
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO 
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrativo para apuração da 
responsabilidade de pessoa jurídica cabem à autoridade máxima de cada órgão ou 
entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante 
provocação, observados o contraditório e a ampla defesa. 
§ 1º A competência para a instauração e o julgamento do processo 
administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa jurídica 
poderá ser delegada, vedada a subdelegação. 
§ 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-Geral da 
União - CGU terá competência concorrente para instaurar processos 
administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas ou para 
avocar os processos instaurados com fundamento nesta Lei, para 
exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento. 
 
Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apuração, o processo e 
o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta Lei, praticados contra a administração pública 
estrangeira, observado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da 
Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais 
Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de 30 de novembro de 2000. 
 
Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa 
jurídica será conduzido por comissão designada pela autoridade instauradora e composta 
por 2 (dois) ou mais servidores estáveis. 
 
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação judicial, 
ou equivalente, a pedido da comissão a que se refere o caput , poderá 
requerer as medidas judiciais necessárias para a investigação e o 
processamento das infrações, inclusive de busca e apreensão. 
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade 
instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da 
investigação. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3678.htm
 
 
61 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 (cento e 
oitenta) dias contados da data da publicação do ato que a instituir e, ao 
final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e eventual 
responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma motivada as 
sanções a serem aplicadas. 
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante ato 
fundamentado da autoridade instauradora. 
 
Art. 11. No processo administrativo para apuração de responsabilidade, será 
concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias para defesa, contados a partir da 
intimação. 
Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comissão, será remetido à 
autoridade instauradora, na forma do art. 10, para julgamento. 
Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de reparação integral do 
dano não prejudica a aplicação imediata das sanções estabelecidas nesta Lei. 
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo pagamento, o crédito apurado 
será inscrito em dívida ativa da fazenda pública. 
Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada 
com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos 
nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos das 
sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e sócios com poderes de 
administração, observados o contraditório e a ampla defesa. 
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabilidade de pessoa 
jurídica, após a conclusão do procedimento administrativo, dará conhecimento ao Ministério 
Público de sua existência, para apuração de eventuais delitos. 
CAPÍTULO V 
DO ACORDO DE LENIÊNCIA 
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar 
acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos 
nesta Lei que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo, 
sendo que dessa colaboração resulte: 
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e 
II - a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob 
apuração. 
 
 
62 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebrado se 
preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: 
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperarpara a apuração do ato ilícito; 
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada 
a partir da data de propositura do acordo; 
III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e 
permanentemente com as investigações e o processo administrativo, 
comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos 
processuais, até seu encerramento. 
§2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das 
sanções previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e 
reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável. 
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação 
de reparar integralmente o dano causado. 
§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias para 
assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo. 
§ 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas 
jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e de direito, 
desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as condições nele 
estabelecidas. 
§ 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pública após 
a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das investigações 
e do processo administrativo. 
§ 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito 
investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada. 
§ 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa 
jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3 (três) 
anos contados do conhecimento pela administração pública do referido 
descumprimento. 
§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo 
prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei. 
§ 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão competente para 
celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal, 
 
 
63 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
bem como no caso de atos lesivos praticados contra a administração 
pública estrangeira. 
Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acordo de leniência com a 
pessoa jurídica responsável pela prática de ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho 
de 1993, com vistas à isenção ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas em 
seus arts. 86 a 88. 
CAPÍTULO VI 
DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL 
Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a 
possibilidade de sua responsabilização na esfera judicial. 
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas 
ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar 
ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras: 
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito 
direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de 
terceiro de boa-fé; 
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades; 
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; 
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou 
empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas 
ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 
(cinco) anos. 
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada 
quando comprovado: 
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para 
facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou 
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou 
a identidade dos beneficiários dos atos praticados. 
§ 2º (VETADO). 
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa. 
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de 
representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá requerer 
a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários à garantia 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art86
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art88
 
 
64 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
do pagamento da multa ou da reparação integral do dano causado, 
conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do terceiro de boa-fé. 
Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser aplicadas as 
sanções previstas no art. 6º, sem prejuízo daquelas previstas neste Capítulo, desde que 
constatada a omissão das autoridades competentes para promover a responsabilização 
administrativa. 
Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rito previsto na Lei 
nº 7.347, de 24 de julho de 1985. 
Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de reparar, integralmente, o 
dano causado pelo ilícito, cujo valor será apurado em posterior liquidação, se não constar 
expressamente da sentença. 
 
CAPÍTULO VII 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Cadastro Nacional de 
Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará publicidade às sanções aplicadas pelos 
órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de 
governo com base nesta Lei. 
§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar e 
manter atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções por eles 
aplicadas. 
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações acerca 
das sanções aplicadas: 
I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou entidade 
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ; 
II - tipo de sanção; e 
III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador ou 
impeditivo da sanção, quando for o caso. 
§ 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos de 
leniência previstos nesta Lei, também deverão prestar e manter 
atualizadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as 
informações acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse 
procedimento vier a causar prejuízo às investigações e ao processo 
administrativo. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7347orig.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7347orig.htm
 
 
65 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
§ 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo de 
leniência, além das informações previstas no § 3º , deverá ser incluída 
no Cnep referência ao respectivo descumprimento. 
§ 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão excluídos 
depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no ato 
sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência e da 
reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do órgão ou 
entidade sancionadora. 
 
Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de 
todas as esferas de governo deverão informar e manter atualizados, para fins de 
publicidade, no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de 
caráter público, instituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados relativos 
às sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 da Lei no 
8.666, de 21 de junho de 1993. 
Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores aplicados com 
fundamento nesta Lei serão destinados preferencialmente aos órgãos ou entidades 
públicas lesadas. 
Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas nesta Lei, contados da 
data da ciência da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do 
dia em que tiver cessado. 
Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescriçãoserá interrompida 
com a instauração de processo que tenha por objeto a apuração da infração. 
Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo administrativo na forma do 
seu estatuto ou contrato social. 
§ 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão representadas 
pela pessoa a quem couber a administração de seus bens. 
§ 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo gerente, 
representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta 
ou instalada no Brasil. 
Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento das infrações previstas 
nesta Lei, não adotar providências para a apuração dos fatos será responsabilizada penal, 
civil e administrativamente nos termos da legislação específica aplicável. 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art87
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art88
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art88
 
 
66 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa jurídica brasileira 
contra a administração pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior. 
Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do Conselho Administrativo 
de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça e do Ministério da Fazenda para processar 
e julgar fato que constitua infração à ordem econômica. 
Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os processos de 
responsabilização e aplicação de penalidades decorrentes de: 
I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 
1992 ; e 
II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ou outras 
normas de licitações e contratos da administração pública, inclusive no tocante ao 
Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, 
de 4 de agosto de 2011. 
 
 
 
 
 
¨Crenças geram decisões baseadas em experiências do passado. Valores nos 
levam a decisões baseadas em sentimentos que queremos experimentar no 
futuro. A intuição nos permite criar um futuro baseado na emergência do ser 
(eu superior). Quando criamos as condições que permitem à nossa mente entrar 
em contato com espaço mental coletivo, nossa intuição nos comunica aquilo 
que quer, ou precisa emergir ¨ (Manual da Autoliderança – o Novo Paradígma 
da Liderança”de Richard Barrett) 
 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/Lei/L12462.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/Lei/L12462.htm
 
 
67 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. CONTROLE SOCIAL E CIDADANIA 
 
Objetivo 
 Identificar a relação entre polícia e sociedade. 
 Entender a participação popular como forma de controle social. 
 
Introdução 
Em sociologia, uma sociedade (do latim: societas, que significa "associação 
amistosa com outros" é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações 
e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade. 
 
É um grupo de indivíduos que formam um sistema semiaberto, no qual a maior parte 
das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade 
é uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade 
interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de 
pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada. 
 
8.1. Sociedade e Polícia 
A sociedade pode ser vista como um grupo de pessoas com semelhanças étnicas, 
culturais, políticas e/ou religiosas ou mesmo pessoas com um objetivo comum. Uma 
delimitação física (como um território, um país ou um continente) não pode definir uma 
sociedade, já que entre eles podem ter diferenças que podem se afastar do conceito da 
sociedade. 
 
A sociedade sofre com a violência praticada por determinadas pessoas que não 
respeitam as regras pré-estabelecidas. 
 
No Brasil, a ditadura militar deixou muitas marcas na sociedade brasileira, dentre 
elas o autoritarismo. 
 
Com o golpe de 1964, os militares concentraram o poder em suas mãos. As tropas 
da Polícia Militar passaram a ser treinadas para dispersar multidões. 
 
 
68 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Em face de suspensão dos direitos constitucionais, os cidadãos perderam suas 
liberdades civis e democráticas. O povo não tinha voz, não era possível manifestar-se sobre 
qualquer assunto. 
 
Em 1985, iniciou o reestabelecimento da democracia no país, reafirmada pela 
Constituição de 1988 e pelas primeiras eleições diretas para presidente no ano de 1989. 
 
A democracia somente se materializa quando há, não só, a garantia dos direitos civis 
como o direito à vida, liberdade, igualdade, mas também a garantia dos direitos socais: 
saúde, educação, segurança, acesso à justiça, lazer, moradia dentre outros. 
 
Para ser plena, a democracia requer uma ativa participação popular para 
acompanhamento e avaliação das políticas públicas que garantam o cumprimento destes 
direitos. 
 
Por meio dos movimentos sociais e populares, o país conseguiu grandes avanços 
na área da saúde, educação e moradia. Entretanto, a segurança pública e o acesso à justiça 
continuaram a ser assuntos reservados poucos. 
 
No artigo 6° da Constituição federal, a segurança pública é considerada um direito 
social. 
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, 
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
 
Ainda, no artigo 144 que trata da responsabilidade pela segurança pública, a 
constituição federal afirma que ela “dever do Estado, direito e responsabilidade de todos” e 
tem como finalidade a “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio”. 
 
Portanto, na democracia, Estado e sociedade devem trabalhar juntos para a 
elaboração conjunta de políticas de segurança pública que sejam eficazes e respeitem os 
direitos humanos. 
 
 
 
69 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Segurança pública não é somente responsabilidade da polícia, deve ser discutida e 
assumida por todos, Estado e sociedade. 
 
8.2. Participação Popular Como Forma De Controle Social 
Para que a população possa participar das políticas de segurança pública será 
necessário conhecer os problemas de segurança específicos de cada localidade e das 
cidades como um todo. 
 
Os Conselhos Comunitários de Segurança Pública são os órgãos que se situam 
entre o controle formal e o informal. A sua função é justamente representar a comunidade 
no diálogo com o poder público e com as instituições de segurança pública, permitindo que 
estas incorporem as prioridades e preocupações da sociedade. 
 
A participação popular é fundamental para a implementação das políticas públicas 
de segurança pública. Essa participação pode ser direta, no caso dos representantes em 
Conselhos de Segurança Pública, ou o caso dos que participam de audiências públicas ou 
conferências de segurança pública ou indiretas, mediante a participação e o apoio a 
programas e projetos coletivos. 
 
Cooperação e parceria são a base do relacionamento para a segurança pública. Elas 
podem ocorrer entre países, entre diferentes níveis do governo (local, estadual e federal, 
entre órgãos do governo, entre segmentos da sociedade: como igrejas, organizações não 
governamentais, comerciais, empresas, e outras representações da sociedade civil). 
 
8.3. Conselhos Comunitários de Segurança(CONSEGs) 
Os CONSEGs são grupos de pessoas do mesmo bairro ou município que se reúnem 
para discutir e analisar, planejar e acompanhar a solução de seus problemas de segurança, 
desenvolver campanhas educativas e estreitar laços de entendimento e cooperação entre 
as várias lideranças locais. 
 
Foram criados através do Decreto estadual n° 23.455, de 10 de maio de 2985, e, 
regulamentado pela Resolução SSP – 37 de 10 de maio de 1985, sendo a função de 
Coordenador dos CONSEG, criada pelo Decreto Estadual n° 25.366, de 11 de junho de 
1986. 
 
 
 
70 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Para ser homologado pelo Secretário da Segurança Pública, é exigido a participação 
de dois membros natos, quais sejam o Delegado de Polícia Titular e o Comandante Mi litar 
no bairro ou município onde funciona o Conselho. 
 
Além deles, participam também representantes dos poderes públicos, das entidades 
associativas, dos clubes de servir, da imprensa, instituições religiosas ou de ensino, 
organizações de indústria, comércio ou prestação de serviços, bem como outros líderes 
comunitários que reside, trabalham ou estudam na área de circunscrição do respectivo 
CONSEG. 
 
As reuniões ordinárias de cada Conselho são mensais, realizadas normalmente no 
período noturno, em imóveis de uso comunitário, sempre fora das Delegacias ou 
Companhias da Polícia Militar, segundo uma agenda definida por período anual. 
 
A filosofia básica do CONSEG está calcada na crença de que quando as pessoas 
passam a se relacionar com outros cidadãos, seus problemas comuns tendem a ser 
equacionados e compreendidos de modo mais racional. 
 
Sua legitimidade tem sido reconhecida pelas várias esferas de Governo e por 
institutos independentes, o que permite afirmar que os CONSEGS representam, hoje, a 
mais ampla, sólida, duradoura e bem-sucedida iniciativa de Polícia orientada para a 
comunidade em curso no Brasil. 
 
A independência de uma organização comunitária favorece a imparcialidade das 
ações da sociedade e da polícia, favorecendo a isenção da denúncia de abusos, 
reivindicações de direitos e comportamentos sociais inadequados. 
 
 
 
Leia o artigo: “A necessidade da Interatividade entre a Polícia e a 
População” 
Disponível em http://www.infoescola.com/sociedade/a-necessidade-
da-interatividade-entre-a-policia-e-a-populacao/ Acesso em 31 de 
agosto de 2016. 
 
 
71 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Não devem ser confundidos os Conselhos Comunitários de Segurança com os 
Conselhos Municipais de Segurança Pública. Esses são criações dos poderes 
legislativos, municipais com propósitos político-partidários e voltados para a 
definição de ações estratégicas que influenciem no ente federativo como um 
todo. 
O Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) é responsável por diagnosticar 
problemas das comunidades, o que possibilita ações estratégicas preventivas na 
área de Segurança Pública. São importantes porque fazem parte da perspectiva 
segundo a qual os problemas de segurança são responsabilidade de todos e não 
apenas das organizações policiais. 
 
 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2012. 
FREITAS, Geovani Jacó. Organizações policiais em revista. São Paulo: 
Pontes editores, 2009. 138 p. 
MENEZES, Sidrak da Silva. Atividade policial: direitos e garantias 
individuais. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. 352 p. 
LEMGRUBER, Julita. Quem vigia os vigias? Um estudo sobre controle 
externo da polícia no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 2003. 317 p. 
	1. CONCEITO DE CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL
	1.1. Conceito
	1.2. Concretização Das Garantias e Dos Direitos e Deveres Constitucionais
	2. OS MECANISMOS DE DEFESA
	2.1. Ferramentas De Gestão E Controle
	3. CORREGEDORIAS
	3.1. Estrutura e funcionamento das Corregedorias
	3.2. Conselhos Participativos
	4. CONTROLE CIVIL DA POLÍCIA
	4.1. Formas de Controle Externo
	5. O MINISTÉRIO PÚBLICO PODE REALIZAR DIRETAMENTE A INVESTIGAÇÃO DE CRIMES?
	6. ABUSO DE AUTORIDADE
	6.1. Surgimento da lei abuso de autoridade
	6.2. A nova lei de abuso de autoridade nº 13.964/2019– origem e alterações
	6.2.1. Lei nº 4.898/65 e lei nº 13.869 De 2019: breves comparações entres as leis sobre abuso de autoridade
	6.2.2. Gráfico: Denúncias de crime abuso de autoridade
	6.3. SUJEITOS DO CRIME
	6.3.1. Sujeito ativo
	6.3.2. Sujeito passivo
	6.4. Elemento subjetivo especial
	6.5. Ação penal
	6.6. Crimes com mais índice de serem praticados
	6.6.1. Constrangimento de preso ou detento
	6.6.2. Omissão de identificação ou identificação falsa ao preso
	6.6.3. Submissão de preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno
	6.6.4. Restrição, sem justa causa, da entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado.
	6.6.5. Manutenção de presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento. Manutenção de criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado.
	6.6.6. Violação de domicílio em um contexto de abuso de autoridade
	6.6.7. Fraude processual especial em caso de abuso de autoridade
	6.6.8. Abuso de autoridade na obtémcão ou uso de prova ilícita
	6.7. Das penas restritivas de direitos
	6.8. CORRUPÇÃO
	6.8.1. RESPONSABILIDADE PENAL DO SERVIDOR PÚBLICO
	7. LEI ANTICORRUPÇÃO
	8. CONTROLE SOCIAL E CIDADANIA
	8.1. Sociedade e Polícia
	8.2. Participação Popular Como Forma De Controle Social
	8.3. Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEGs)população. 
 As atividades de polícia judiciária e administrativa não estão sujeitas 
ao poder disciplinar dos membros do Ministério Público, que, na 
realidade, não tem pretensão de assumir a função correcional das 
polícias. Desta forma, há que se entender que não existe no exercício 
do controle externo qualquer vínculo com a ideia de subordinação ou 
hierarquia. 
 
 
 
 
5 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. OS MECANISMOS DE DEFESA 
 
Objetivo 
Conhecer os mecanismos de defesa e ferramentas de gestão de controle que será 
fundamental para a compreensão da do conteúdo da disciplina. 
 
Identificar a estrutura e atribuições das Ouvidorias. 
 
Introdução 
Fundamentalmente existem dois tipos de controle das polícias: o controle sobre a 
instituição policial e os controles sobre a conduta dos seus agentes individuais, ambos são 
interdependentes e complementares. (Cano, 2006). 
 
Os mecanismos de controle das polícias visam coibir desvios e abusos promovendo 
a transparência da atividade policial. 
 
Portanto, o controle da atividade policial é essencial para garantir um policiamento 
eficaz a fim de evitar desvios de função. Muitas vezes o controle depende da transparência 
institucional. 
 
O controle interno é aquele realizado pela própria polícia. As policias brasileiras têm 
diversas formas de controle interno previstas em seus regimentos disciplinares e estatutos. 
O órgão específico responsável pela investigação de crimes e infrações administrativas 
envolvendo policiais denomina-se Corregedoria. 
 
2.1. Ferramentas De Gestão E Controle 
A atividade funcional dos policiais é regida pelo Estatuto dos Policiais Civis, devendo 
observar os princípios ditados pelo Código de Ética Policial. Como exemplo, no Estado de 
São Paulo a Polícia Civil é regida pela Lei Orgânica da Polícia Civil nº 207/79. Já a Polícia 
Militar, o Regulamento Disciplinar da Policia Militar do Estado de São Paulo criado pela Lei 
Complementar 893/2001. 
 
Entretanto, se ocorrerem desvios de conduta no exercício das funções deverão os 
mesmos ser investigados pelas Corregedorias Gerais de Polícia, que fazem parte do 
 
 
6 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
organograma das polícias estaduais, com atribuição de penalidades compatíveis com a 
transgressão apurada. 
 
As Ouvidorias são órgãos responsáveis por fiscalizar as irregularidades praticadas 
por policiais (civis e militares), cumprindo assim um importante papel como mecanismo de 
controle da sociedade sobre as ações policiais. 
 
É atribuição da ouvidoria receber, encaminhar e acompanhar denúncias e 
reclamações da população com relação a abusos, atitudes injustas, desonestas e 
excessivas praticadas por autoridades ou agentes policiais. Apesar de não investigar 
diretamente os casos que recebe, a Ouvidoria acompanha cada denúncia e cobra agilidade 
e rigor nas apurações feitas pela Corregedoria de Polícia. 
 
As ouvidorias de Polícia representam um canal de participação da sociedade civil e 
dos cidadãos em geral no âmbito da segurança pública. 
 
Por iniciativa do Condepe – Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana foi 
criada em 1995 a primeira Ouvidoria de Polícia no Estado de São Paulo. No Brasil em 2006 
já havia 14 instituições do gênero reconhecidas oficialmente e vinculadas ao Fórum 
Nacional dos Ouvidores de Polícia, órgão este criado em 1999, com a finalidade de traçar 
diretrizes básicas para o funcionamento dessas instituições, visando garantir a autonomia, 
a independência e a transparência dos órgãos de controle externo. 
 
Tais diretrizes parcialmente incorporadas às leis, decretos ou portarias que criaram 
os órgãos de controle externo hoje em funcionamento, disciplinam que os ouvidores devem 
ser representantes da sociedade civil organizada, ter compromisso com a defesa dos 
direitos humanos e estar no pleno gozo de seus direitos políticos. 
 
Os ouvidores não podem ser membros ativos ou inativos das polícias, nem estar 
hierarquicamente subordinados a elas. Logo, devem ter independência em relação aos 
organismos que controlam, para que fique assegurado o caráter externo desse controle. 
 
Apesar de nomeados pelos governadores, devem ter suficiente independência, 
também, em relação à política estadual. 
 
 
 
7 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Em alguns Estados, a escolha ocorre mediante listas tríplices encaminhadas ao 
poder executivo por conselhos estaduais de direitos humanos ou de segurança pública e, 
em outros, mediante consulta a entidades da sociedade civil. 
 
O quadro de pessoal nas Ouvidorias se compõe de: um ouvidor, assessores das 
polícias civil e militar, um ou mais assessores jurídicos, profissionais de psicologia e serviço 
social, estagiários para o atendimento direto aos denunciantes. Algumas Ouvidorias como 
dos Estados do Ceará, Goiás, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul contam um sub 
ouvidor ou ouvidor adjunto que responde pelo órgão na ausência do titular. 
 
A organização e as atribuições das Ouvidorias estão expressas essencialmente nas 
leis, portarias ou decretos estaduais que as instituíram. Há algumas variações de estado 
para estado quanto à denominação, à localização na estrutura institucional da segurança 
pública e a certos aspectos organizacionais dessas entidades. 
 
Como não existe vínculo constitucional nem lei federal que estabeleça um modelo, 
as semelhanças se explicam pelo fato da Ouvidoria de São Paulo, a primeira criada, ter 
servido de protótipo para as que surgiram depois e para o próprio Guia Prático de 
Funcionamento de uma Ouvidoria de Polícia, elaborado em 1999 pelo Fórum Nacional de 
Ouvidores. 
 
Para você entender melhor, descrevo abaixo o Decreto Lei 39.669/95 que estabelece 
as atribuições da ouvidoria no estado de São Paulo. 
Artigo 2º - A Ouvidoria da Polícia tem as seguintes atribuições: 
I – Ouvir as reclamações de qualquer do povo contra abusos de autoridades e 
agentes policiais, civis e militares. 
II – Receber denúncias contra atos arbitrários e ilegais, neles incluídos os que 
atentem contra a moralidade pública, bem como qualquer ato de improbidade administrativa 
praticados por servidores públicos de qualquer natureza, vinculados à Secretaria da 
segurança Pública. 
III – promover as ações necessárias à apuração da veracidade das reclamações e 
denúncias e, sendo o caso, tomar as medidas necessárias ao saneamento das 
irregularidades, ilegalidades e arbitrariedades constatadas, bem como para a 
responsabilização civil, administrativa e criminal, dos imputados. 
 
 
8 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Parágrafo Único – A Ouvidoria da Polícia manterá sigilo da fonte e a proteção do 
denunciante, quando for o caso. 
Artigo 3º - No desempenho das suas atribuições, a Ouvidoria da Polícia deverá: 
I – Formular e encaminhar as denúncias e queixas aos órgãos competentes, em 
especial à Corregedoria da Polícia Civil, à Corregedoria da Polícia Militar, à Procuradoria 
Geral do Estado e ao Ministério Público; e 
II – Nos casos de violação de direitos humanos, individuais ou coletivos, dar ciência 
ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa Humana. 
 
Como você pode perceber a Ouvidoria de Polícia não dispõe de autonomia para 
investigar por conta própria as reclamações recebidas, nem de autoridade para exigir que 
as investigações sejam feitas ou que as decisões finais sejam revistas. 
 
O modelo de Ouvidoria previsto nas legislações estaduais tem fundamento na coleta 
de denúncias, no seu encaminhamento aos órgãos investigativos e disciplinares, e no 
monitoramento dos procedimentos resultantes, ou seja, uma das principais funções das 
Ouvidorias seria fornecer umcanal externo de denúncias que protegesse o sigilo dos 
denunciantes, para que eles não se sentissem intimidados tendo de queixar-se à mesma 
instituição que violou seus direitos. 
 
Qualquer pessoa pode relatar um caso à Ouvidoria, seja comparecendo 
pessoalmente à sede, seja por telefone, carta, correio eletrônico, fax ou, em alguns 
Estados, pela internet. 
 
Para encaminhar uma denúncia à Ouvidoria de Polícia, é muito importante fazer um 
relato detalhado do que aconteceu, procurando informar dados como: local, data, horário, 
nome dos policiais envolvidos, número da viatura, se são policiais civis ou militares, etc. 
Quanto mais informações forem dadas, maiores são as chances de o caso ser resolvido. 
As denúncias podem ser feitas anonimamente, isto é, sem que o denunciante se identifique. 
 
O caso é analisado primeiramente pelo ouvidor e ou por seus assessores. Faz-se 
uma rápida verificação da pertinência do relato e em seguida se encaminha por ofício uma 
cópia do protocolo à Corregedoria ou ao órgão responsável para tomar as providências 
cabíveis, uma vez que nem todas as comunicações dizem respeito a desvios ou crimes, 
 
 
9 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
podendo referir-se, por exemplo, a elogios e sugestões, ou falta de policiamento numa 
determinada localidade. 
 
 
 
Outras fontes legais do controle da polícia exercido pelas Ouvidorias são os 
códigos, leis e regimentos. Como por exemplo: 
O Código Penal e Código de Processo Penal; 
A Lei 4898/65 que dispõe os casos de Abuso de Autoridade 
O Decreto Lei 667/69 que dispõe sobre a Organização das Polícias Militares e 
Corpo de Bombeiros dos Estados, Territórios e do Distrito Federal. 
O Decreto 88.777/83 – Regulamento para as polícias militares e corpo de 
bombeiros militares (R-200). 
O Decreto 40/91 que promulga a Convenção contra Tortura e outros 
tratamentos degradantes 
A Lei 9299/96 que define o crime militar e altera o Código Penal Militar e o 
Código de Processo Penal Militar – 
O Decreto 7037/09– Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH 
A Lei 9455/97 – Define os crimes de tortura 
 
 
 
 
O funcionamento das Ouvidorias de Polícia tem como base os princípios 
constitucionais de igualdade perante a lei e a proteção dos direitos de cidadania, 
principalmente contra violações cometidas por agentes do poder público. 
Por esta razão os instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos 
e de regulação do uso da força policial já ratificados ou não pelo Brasil são fontes 
normativas para atuação das Ouvidorias de Polícia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Quando a Ouvidoria conclui que houve crime, encaminha uma cópia do 
procedimento e da apuração da Corregedoria para o Ministério Público. Não obstante as 
próprias Corregedorias tenham obrigação de instaurar inquérito policial para apurar a 
infração penal. São órgãos de controle interno responsáveis pela apuração de denúncias 
contra policiais, sejam denúncias feitas diretamente pela vítima ou por testemunhas, ou 
encaminhadas pelos comandantes e delegados, pelo Ministério Público, Ouvidoria de 
Polícia pelo Disque Denúncia ou pelos outros meios de comunicação. 
 
 
 
11 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. CORREGEDORIAS 
 
Objetivo 
Conhecer o conceito de Corregedoria e suas funções. 
Identificar a estrutura e funcionamento das Corregedorias. 
 
Introdução 
As Corregedorias são órgãos especializados no controle interno das polícias. Têm 
dupla função: repressiva e corretivo-preventiva. São conhecidas como “polícia da polícia”. 
 
Na função repressiva, são incumbidas de investigar abusos e irregularidades, aplicar 
punições administrativas e, no caso de crime, encaminhar os autos de inquérito policial ao 
Ministério Público. Na função corretivo-preventiva, devem zelar pela qualidade do trabalho 
policial, tomando medidas de correção e de prevenção. 
 
3.1. Estrutura e funcionamento das Corregedorias 
No Brasil existem em todos os Estados as Corregedorias da Polícia Militar e 
Corregedorias da Policia Civil. 
 
A Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo atualmente está subordinada 
à Secretaria da Segurança Pública. 
 
As polícias militares do país acompanham o padrão de organização jurídico -
burocrática de controle interno deixado pelo Exército. 
 
Os códigos disciplinares militares e os regulamentos privilegiam a repressão a 
conduta que questionam a disciplina e a hierarquia internas, mais do que reprimir 
comportamento que possam representar uma ameaça social. Como por exemplo, faltar ao 
serviço (desertar) é uma falta considerada mais grave do que agredir um cidadão. 
 
De um modo geral, o funcionamento das Corregedorias se restringe ao recebimento 
da queixa, à investigação do desvio e à punição dos culpados. Após o recebimento da 
queixa, geralmente é realizada uma apuração preliminar. 
 
 
 
12 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Quando a queixa não se confirma, ocorre o arquivamento. Caso contrário, os desvios 
comuns são encaminhados à unidade do policial militar envolvido para investigação. 
 
Os indícios de crime originam inquéritos policiais militares que são remetidos à 
Justiça Militar Estadual, enquanto as transgressões disciplinares são apuradas através de 
procedimentos disciplinares administrativos. Neste caso, o policial responde perante um 
Conselho de Disciplina, se for praça, e perante um Conselho de Justificação, se oficial. 
 
A Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo dispõe na sua estrutura de 
uma Seção de Fiscalização Ostensiva para realizar o trabalho de correição sobre os 
policiais militares tanto em serviço quanto na folga. 
 
Dentro da estrutura da Polícia Civil, nos Estados, está prevista a existência de uma 
Corregedoria de Polícia, responsável para apurar as denúncias de irregularidades 
praticadas por policiais civis, bem como a prática de abusos cometidos por esses policiais 
contra cidadãos. 
 
Por exemplo, no Estado de São Paulo foi criada a primeira legislação 
regulamentadora em 1928, através do Decreto 4.405 que instituiu o Regulamento Policial 
do Estado de São Paulo. Tal estatuto não previa nenhum órgão corregedor para a polícia 
civil, mas continha um Título V com a rubrica “das imposições de penas Disciplinares”. 
Atribuía ao Presidente do Estado (atual governador) ao chefe de polícia (atual secretário da 
Segurança Pública) e aos demais Delegados de Polícia a imposição das penas disciplinares 
aos seus subordinados. As penas de suspensão de funcionários deveriam ser avalizadas 
pelo Chefe de Polícia e as de suspensão de delegados de polícia necessitariam da 
aprovação do Presidente do estado, para produzir efeito. 
 
Em 1956, o governador Jânio Quadros criou o Serviço Disciplinar da Polícia 
constituído de Comissões Processantes, mas outras atividades apuratórias, como as 
sindicâncias, eram de responsabilidade dos departamentos policiais denominados 
Delegacias Auxiliares. Cada departamento tinha o seu corregedor para apurar eventuais 
desvios praticados pelos policiais subordinados. 
 
Em 1966 o Serviço foi reformulado e, em 1975, novamente estruturado, agora sob o 
nome de Corregedoria da Polícia Civil, com atuação apenas na capital e, com atribuições 
 
 
13 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
de instaurar sindicâncias e registrar penalidades. A Corregedoria não tinha nível 
departamental e era subordinada a Delegacia Geral, em nível de assessoria, enquanto os 
departamentos continuavam mantendo seus corregedores departamentais, sem 
subordinação outra que não fosse ao seu diretor, criando assim uma situaçãopeculiar: o 
diretor departamental determinava as ações policiais e depois ordenava ao seu corregedor 
que apurasse as eventuais transgressões que ocorressem no desenrolar dessas ações. 
 
Em 1982, o órgão tornou autônomo, um decreto posterior elevou o cargo de 
corregedor ao segundo cargo da hierarquia policial do Estado, abaixo apenas do chefe da 
polícia civil. 
 
Só faltava estender a atuação da Corregedoria em todo o Estado de são Paulo, pois 
os chefes das unidades de polícia territorial, no interior ainda determinavam as apurações 
referentes às faltas de seus subordinados e designavam os apuradores. No Governo Mário 
Covas, finalmente atingiu-se o objetivo desejado e foram criadas Corregedorias regionais 
em todo o interior e litoral, subordinadas à Corregedoria de São Paulo. 
 
Dessa forma, desapareceram as apurações administrativas e criminais realizadas de 
forma autônoma pelos superiores hierárquicos da polícia no interior do Estado. 
 
Em 2002, com a promulgação da lei complementar n° 922, conhecida como “Via 
Rápida”, alterando a Lei Orgânica 207/79, houve necessidade de adaptar o órgão 
corregedor à nova realidade. 
 
Assim, o Decreto 47.236/2002 reorganizou a Corregedoria de São Paulo, em face 
da criação da figura da apuração preliminar prevista na Lei Complementar 922/02, sendo 
necessária uma nova divisão para executar o novo procedimento (apurações preliminares). 
 
Com esta reorganização passou a funcionar no interior e litoral as Corregedorias 
Auxiliares. Atualmente o Estado de São Paulo conta com nove Corregedorias Auxiliares. 
 
 
 
 
 
 
 
14 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Organograma da Secretaria da Segurança Pública no site: 
http://www.ssp.sp.gov.br/institucional/organograma/default.aspx 
 
 
 
Visando o fortalecimento das investigações de desvios de conduta e crimes 
praticados por policiais, a Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo passou a 
ser subordinada diretamente ao gabinete do secretário da Segurança Pública. O decreto nº 
54.710, de 25 de agosto de 2009, publicado no Diário Oficial do Estado, estabeleceu uma 
nova relação de subordinação da Corregedoria, vinculando-a ao gabinete do secretário. 
 
Com a mudança, o Secretário da Segurança Pública deve ser informado previamente 
sobre o andamento de todas as atividades da unidade. Todas as decisões de penas de 
remoção compulsórias são submetidas ao titular da pasta. Antes, quem recebia essas 
informações era a própria Polícia Civil. 
 
A mudança propiciou um melhor desempenho da Corregedoria nas investigações. 
 
3.2. Conselhos Participativos 
A existência de órgãos comunitários que fiscalizem a prática de atos abusivos por 
parte dos órgãos policiais estava, no Brasil, exclusivamente, à atuação de Organizações 
não governamentais ou de associações civis independentes. Atualmente, de forma ainda 
principiante, nos Estados em que se está implantando a filosofia de polícia comunitária, a 
sociedade tem-se feito mais presente na fiscalização e cooperação com os órgãos policiais. 
 
Os Conselhos Comunitários de Segurança constituem mecanismo de controle 
externo das polícias realizado pela sociedade civil. Representam a sociedade, e em contato 
com as polícias permitem uma ação mais preventiva do que dos demais mecanismos de 
controle. 
 
A participação dos conselhos passa a ganhar valor e sentido nas relações sociais e 
nas relações entre Estado e sociedade no Brasil a partir da década de 70. 
http://www.ssp.sp.gov.br/institucional/organograma/default.aspx
 
 
15 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
A Constituição Federal de 1988 prevê o direito da sociedade de articular com os 
órgãos de governo a formulação, implementação e acompanhamento das políticas 
públicas, colocando em pauta a participação popular na gestão e no controle da 
administração pública. 
 
A População e suas polícias permaneceram distantes durante décadas e este 
distanciamento pode ser explicado por diferentes razões. No nosso caso a chamada 
“segurança pública” durante muitos anos foi vista mais como uma faculdade do Estado do 
que um “direito social” propriamente dito. A “segurança pública” foi muito tardiamente 
pensada como algo que deveria ser compartilhado com os cidadãos. 
 
A participação popular é fundamental para a implementação das políticas públicas 
de segurança pública. Essa participação pode ser direta (no caso dos representantes em 
Conselhos de Segurança Pública – CONSEGs, ou no caso dos que participam de 
audiências públicas ou conferências de segurança pública) ou indiretas, mediante a 
participação e o apoio a programas e projetos coletivos. 
 
 
Normalmente definidos como espaços consultivos cujo objetivo é, dentre 
outros, aproximar as instituições policiais da sociedade, fazendo com que estes 
passem a contribuir com o controle e a redução da violência e da 
criminalidade. 
Os conselhos comunitários de segurança representam um desses mecanismos 
de participação social criados pelo Estado com o objetivo de fazer com que a 
população contribua na gestão das políticas públicas de segurança. 
A criação dos conselhos comunitários de segurança data do início da década 
de 80, mas esta experiência é intensificada e disseminada no Brasil a partir de 
2002, ano que coincide com publicação de modificações na lei do Fundo 
Nacional de Segurança Pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. CONTROLE CIVIL DA POLÍCIA 
 
Objetivo 
Conhecer o controle civil da polícia; controle interno e controle externo. 
Identificar as formas de controle externo, bem como os órgãos incumbidos de realizar 
este controle, quanto a fiscalização e monitoramento da atividade policial. 
 
Introdução 
O controle interno atua nas esferas penal e administrativa. Na primeira, a 
Corregedoria, através de um inquérito, apura crimes praticados por policiais e essa 
apuração é posteriormente submetida ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, que 
decidirão pela instauração ou não de uma ação penal e peça punição ou não dos acusados. 
Já na esfera administrativa são apuradas faltas disciplinares por meio de sindicância ou 
processos administrativos, e o desdobramento dos casos é decidido pelas próprias polícias. 
 
Essa diferença de encaminhamento é importante uma vez que, no âmbito penal, o 
trabalho da Corregedoria se sujeita a órgãos externos, enquanto no administrativo, não 
necessariamente, embora duas determinações sejam sempre recorríveis na esfera judicial. 
 
Assim como em qualquer instituição, quando se fala em controle externo da polícia, 
cabe perguntar que ações, exatamente, devem ser objeto do controle. No caso da polícia, 
costuma-se entender o controle essencialmente como punição de desvios cometidos pelos 
agentes e adoção de medidas preventivas para evitar a repetição das condutas irregulares. 
Se o objeto do controle é a “atividade policial”, em sentido amplo, esse controle pode ser 
entendido de forma bem mais abrangente e pode incluir, por exemplo, a fiscalização da 
qualidade do serviço policial ou o monitoramento do grau em que a instituição consegue 
satisfazer o direito das pessoas à segurança. 
 
4.1. Formas de Controle Externo 
O controle externo das polícias no Brasil cabe formalmente ao Ministério Púbico. 
Essa atribuição não se limita à atividade-fim, ou seja, ao controle do inquérito policial e do 
cumprimento dos prazos. Estende-se também à própria prestação de serviços de 
segurança, o que inclui fiscalização de toda a atividade de polícia para garantir a 
observância da lei, o respeito aos direitos humanos e a eficácia da ação policial. 
 
 
17 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nãoexiste definição exata de controle externo da atividade policial. Hugo Nigro 
Mazzili (1989, p.117) ensina que o controle realizado pelo Ministério Público é chamado de 
externo, pois o mesmo está fora da estrutura da polícia, porém, não há subordinação entre 
membros das referidas instituições. 
 
Portanto não há hierarquia ou subordinação entre a autoridade policial e seus 
funcionários aos agentes do Ministério Público. 
 
Assim, referido controle compreende tão somente os aspectos de legalidade 
relacionados com o exercício da atividade de polícia judiciária. 
 
Conforme entendimento de Luiz Marcelo da Fontoura Xavier: 
 
“O alcance do controle externo cinge-se a fiscalização. E tal fiscalização representa 
a verificação dos aspectos extrínsecos de legalidade dos atos praticados pela Polícia 
Judiciária. A atividade de Polícia judiciária, em síntese, compreende diligências 
investigatórias que se destinam a apurar um fato delituoso e sua autoria. Sendo assim, 
sobre todo e qualquer ato desta natureza deverá o Ministério Público verificar a legalidade 
do ato praticado”. 
 
O artigo 3°da Resolução CNMP n° 20 de 28 de maio de 2007 prevê que o controle 
da atividade policial apresenta sob as espécies difusa e concentrada. 
 
O controle difuso é exercido por todos os membros do Ministério Público com 
atribuição criminal, através do acompanhamento e fiscalização do inquérito e outros 
procedimentos de investigação policial. 
 
O controle concentrado, por sua vez, é exercido pelos grupos de membros com 
atribuições especificas, que devem também realizar inspeções periódicas nas unidades de 
polícia. 
 
Na capital do Estado de São Paulo o Procurador Geral de Justiça reorganizou 
através do ato 650/10 o Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade 
Policial (GECEP), órgão este criado em 2003 através do ato Normativo nº 324-PGJ-CGMP-
CPJ. 
 
 
18 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os focos de atuação do GECEP são o recebimento de representações, petições e 
notícias relacionadas a irregularidades ou infrações penais praticadas por membros das 
polícias Militar e Civil no exercício de suas funções, e a realização de visitas aos 
estabelecimentos policiais e cadeias públicas, com a elaboração de atas descrevendo as 
constatações e ocorrências encontradas ali. O órgão também tem atuação preventiva, 
visando a aprimorar a rotina e o procedimento de trabalho das Polícias. 
 
Outros Órgãos De Controle Externo Da Atividade Policial 
O controle externo da polícia pode e deve ser exercido pelos Poderes Executivo, 
Legislativo e Judiciário. Não obstante sofram de algumas restrições operacionais práticas, 
eles são extremamente necessários como complementação do controle interno. 
 
Enquanto as próprias polícias podem aplicar sanções disciplinares, somente o 
Judiciário pode determinar a punição penal dos policiais envolvidos em atos criminosos. 
 
São três as esferas de atuação importantes para o controle externo das polícias. 
 Justiça Militar – que processa a e julga crimes praticados por policiais militares, 
de acordo com o Código Penal Militar. 
 Justiça Criminal - que processa e julga crimes praticados com envolvimento de 
policiais e crimes praticados por policiais militares, que não constem do Código 
Penal Militar. Desde 1996, incluem-se também no âmbito da Justiça comum os 
crimes dolosos contra a vida cometidos por policiais militares em exercício da 
função. 
 Justiça Cível – que pode responsabilizar civilmente policiais que cometam 
abusos, condenando-os a indenizar as vítimas de seus atos, sem prejuízo do 
processo penal, quando for o caso. 
 
 
A participação do Poder Judiciário no controle da polícia não se limita 
ao julgamento de lides e a punição dos culpados. Estende-se como já 
dito anteriormente à fiscalização da qualidade dos inquéritos e à 
apuração de denúncias sobre métodos ilegais de investigação e abusos 
praticados em unidades policiais. Como exemplo, torturas e maus 
tratos, são muitas vezes levados diretamente ao conhecimento do 
 
 
19 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Judiciário, que pode instaurar procedimentos para determinar a 
veracidade dos fatos. 
O controle que o Poder Judiciário exerce sobre a atividade policial 
manifesta-se de forma bastante clara quando da avaliação das provas 
em Juízo. Assim, as provas obtidas ilegalmente não são admitidas no 
Judiciário, o que indiretamente, se constitui em um sistema de controle 
da atuação do órgão policial. 
 
Além de criar e modificar leis cabe ao Poder Legislativo controlar os outros poderes, 
o que inclui as instituições e as políticas de segurança do Executivo. 
 
Nas unidades da federação são os deputados estaduais que exercem esse controle, 
geralmente por meio de comissões existentes nas Assembleias Legislativas. 
 
Embora a estrutura das Assembleias varie de um Estado para outro, geralmente as 
comissões que englobam a questão policial são a Comissão de Segurança Pública (ou 
afim) que atua na fiscalização da política de segurança e na elaboração de pareceres em 
projetos de leis que versem sobre o tema, e a Comissão de Direitos Humanos, que trabalha 
com situações de abuso de poder e violações dos direitos fundamentais dos cidadãos 
cometidos por agentes do Estado. 
 
O Legislativo é um parceiro das Ouvidorias que pode oferecer apoio político, cuja 
função fiscalizadora pode reforçar o controle externo das polícias. 
 
 
 
20 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. O MINISTÉRIO PÚBLICO PODE REALIZAR DIRETAMENTE A 
INVESTIGAÇÃO DE CRIMES? 
 
O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por 
autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação 
deverá respeitar alguns parâmetros que podem ser a seguir listados: 
 
1. Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados; 
2. Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e 
praticados por membros do MP; 
3. Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou 
seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder 
Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, 
quebra de sigilo bancário etc); 
4. Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos 
advogados; 
5. Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É 
direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa”); 
6. A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável; 
7. Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente 
controle do Poder Judiciário. 
 
A tese fixada em repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério Público dispõe de 
competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações 
de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer 
indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por 
seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as 
prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados 
(Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo 
da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109252/estatuto-da-advocacia-e-da-oab-lei-8906-94
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11710723/artigo-7-da-lei-n-8906-de-04-de-julho-de-1994
 
 
21Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula 
Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.” 
 
Neste sentido: STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. Orig. Min. Cezar Peluso, red. P/ 
o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785). 
 
O Ministério Público pode realizar diretamente a investigação de crimes? SIM. 
 
O MP pode promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal. 
 
Mas a CF/88 expressamente menciona que o MP tem poder para investigar crimes? 
NÃO. A CF/88 não menciona isso de forma expressa. Adota-se aqui a teoria dos poderes 
implícitos. Segundo essa doutrina, nascida nos EUA (Mc CulloCh vs. Maryland – 1819), 
se a Constituição outorga determinada atividade-fim a um órgão, significa dizer que 
também concede todos os meios necessários para a realização dessa atribuição. A CF/88 
confere ao MP as funções de promover a ação penal pública (art. 129, I). Logo, ela atribui 
ao Parquet também todos os meios necessários para o exercício da denúncia, dentre eles 
a possibilidade de reunir provas para que fundamentem a acusação. Ademais, a CF/88 
não conferiu à Polícia o monopólio da atribuição de investigar crimes. Em outras palavras, 
a colheita de provas não é atividade exclusiva da Polícia. Desse modo, não é 
inconstitucional a investigação realizada diretamente pelo MP. Esse é o entendimento do 
STF e do STJ. 
 
Qual é o fundamento constitucional? Além da doutrina dos poderes implícitos, 
podemos citar como fundamento constitucional que autoriza, de forma implícita, o poder 
de investigação do MP: 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, 
privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; VI - expedir notificações nos 
procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e 
documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o 
controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo 
anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, 
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer 
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8870903/recurso-extraordinario-re-593727-mg-stf
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constituicao-federal-constituicao-da-republica-federativa-do-brasil-1988
 
 
22 Controle Externo da Atividade Policial 
 
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outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, 
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 
 
A Lei Complementar n. 75/1993, também de forma implícita, autoriza a realização 
de atos de investigação nos seguintes termos: 
 
Art. 8º Para o exercício de suas atribuições, o Ministério Público da União poderá, 
nos procedimentos de sua competência: I - notificar testemunhas e requisitar sua 
condução coercitiva, no caso de ausência injustificada; (...) V - realizar inspeções e 
diligências investigatórias; (...) VII - expedir notificações e intimações necessárias aos 
procedimentos e inquéritos que instaurar; 
 
Decisão do Plenário do STF O STJ e a 2ª Turma do STF possuíam diversos 
precedentes reconhecendo o poder de investigação do Ministério Público. 
 
A novidade está no fato de que esse entendimento foi reafirmado agora pelo 
Plenário do STF no julgamento do RE 593727, submetido a repercussão geral. No 
julgamento, o Plenário do STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para 
promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que 
essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros (requisitos). 
 
É como se fosse uma súmula. A tese fixada pela Corte foi a seguinte: 
 
“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade 
própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os 
direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob 
investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva 
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham 
investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos 
I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado 
democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente 
documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa 
Instituição.” 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103973/estatuto-do-ministerio-publico-da-uniao-lei-complementar-75-93
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8870903/recurso-extraordinario-re-593727-mg-stf
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109252/estatuto-da-advocacia-e-da-oab-lei-8906-94
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11710723/artigo-7-da-lei-n-8906-de-04-de-julho-de-1994
 
 
23 Controle Externo da Atividade Policial 
 
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6. ABUSO DE AUTORIDADE 
 
INTRODUÇÃO 
A lei nº 13.869/19 define os crimes cometidos por agentes públicos, servidor ou não, 
que em exercício de sua função abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. 
 
A nova lei de abuso de autoridade, também promover alterações em algumas 
legislações, com destaque a lei de prisão temporária (Lei nº7.960/1989), determinando que 
o mandado de prisão conterá prazo de duração e o dia em que o preso deverá ser libertado. 
 
A função dos órgãos policiais, dos agentes públicos é a preservação da ordem 
pública e a segurança das pessoas e patrimônios. Os policiais são autorizados a empregar 
a força necessárias para o restabelecimento da paz e da tranquilidade pública. 
 
Ocorre que em algumas situações, alguns policiais em exercício de sua função 
extrapolam e cometem abusos, que não são permitidos em suas funções, causando danos 
a terceiros. 
 
O abuso de autoridade pode sujeitar o agente público diversas penalidades, 
sansões, e com a nova lei de Abuso de Autoridade, podendo até se sujei tar a perca do 
cargo. 
 
6.1. Surgimento da lei abuso de autoridade 
A lei 4.898/65 foi promulgada em 9 de dezembro de 1965, o país vivia em uma das 
situações mais trágicas da história brasileira, está lei foi criada para punir exclusivamente 
os abusos militares, que envolvia um comportamento de violência. 
 
A lei definia o abuso de poder como crime, e sua conduta é incondicionalmente 
pública, sendo a pena máxima de seis meses de reclusão, multa, perde do mandato e 
inibição. 
 
A finalidade desta lei 4.898/65 era garantir que ninguém, nenhum cidadão fosse 
vítima de abuso de poder e caso houvesse vítima, garantir que tem o direito de chamar as 
autoridades para sua defesa. 
 
 
24 Controle Externo da Atividade Policial 
 
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Em 2009, o senado começou a discutir uma possível atualização para a Lei abuso 
de Autoridade, pois a lei atual 4.898/65 tratava-se apenas genericamente dos crimes, pois 
os tipos penais eram mais brandos, as pessoas que estavam no poder não tinham um 
interesse em se criminalizar o abuso por elas mesmo praticados. Havendo diversas falhas 
técnicas na legislação, um exemplo é o Artigo 3º, alínea a, não tem uma definição, era uma 
lei muito indefinida com várias interpretações, sendo necessário uma mudança, para 
impedir o abuso de autoridade, proteger todos os cidadãos. Observa-se; 
 
"Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
a) à liberdade de locomoção; " 
 
6.2. A nova lei de abuso de autoridade nº 13.964/2019– origem e alterações 
A nova lei de abuso de autoridade, 13.869/19, que entrou em vigor em 3 janeiro de2019, foi resultado de dois anos de debates no Congresso Nacional. 
 
Na sua origem, a nova lei descendente de dois projetos de lei , PLS 85/2017 do 
Randolfe Rodrigues ( REDE - AP) e PLS 280/2016, do senador Renan Calheiros (MDB-
AL). 
 
O presidente da república Jair Messias Bolsonaro, vetou 19 artigo, sendo 14 
integralmente e cinco de forma parcial na nova lei de Abuso de Autoridade. Dos vetos, 10 
foram derrubados pelo Congresso Nacional, sendo oito de forma integral e dois 
parcialmente e, portanto, continuaram validos. 
 
Sendo uma lei mais definida, a nova norma expandiu as condutas descritas como 
abusiva, e sua novação é que ela se aplica a servidores públicos e autoridade. A nova lei 
tem um elemento subjetivo especifico expresso, um dolo especifico, não podendo ser 
combinada, havendo a necessidade de se aplicar a lei porque é mais benéfica tem que 
aplicar ela toda. 
 
Após a edição da lei ocorreu diversas críticas, pois foi durante a operação lava jato, 
assim, acharam que era pra limitar o poder das autoridades e também que levaria a 
impunidade. 
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/126377
 
 
25 Controle Externo da Atividade Policial 
 
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No total, são 45 condutas definidas pela lei como abuso de autoridade, podendo 
agora ser punidas com até quatro anos de detenção, multa e indenização, e podendo 
também o servidor perder o cargo. 
 
6.2.1. Lei nº 4.898/65 e lei nº 13.869 De 2019: breves comparações entres as leis sobre 
abuso de autoridade 
 
A lei antiga era menos organizada, não tendo uma definição. Enquanto a nova lei 
tem uma definição e sendo mais organizadas. A lei 4.898/65 começa falando dos crimes e 
depois de quem poderia cometer eles, enquanto a lei 13.869/29 começa falando sobre as 
disposições gerais, sujeitos e por fim sobre crimes e penas. 
 
A primeira lei, os legisladores não se preocupavam em conceituar o crime de abuso 
de poder, esse erro foi corrigido na nova lei, que entende como abuso de poder todos os 
atos de agentes públicos, mesmo que não haja remuneração. 
 
A lei 4.898/19 prevê em seu Capitulo IV, artigo 6º, parágrafo I, c; 
 
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor entidades públicas; 
à sanção administrativa civil e penal. 
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, 
vencimentos e vantagens; 
 
Já na lei 13.869/19 a sansão para a autoridade será a suspensão do cargo, função 
pelo prazo de 1 (um) ano e 6 (seis) meses. 
 
Outra diferença importante é a classificação das ações e sanções típicas. Na Lei nº 
4.898 / 65, existem os chamados “crimes de agressão”, que, no caso dos crimes formais, 
não precisam exigir indenização do contribuinte. 
 
Na nova lei, os crimes passam a ser muito importantes, exigindo a perda efetiva de 
um terceiro ou buscando benefícios para os titulares ou outros, reconhecendo-se, portanto, 
as tentativas de crimes. Além disso, muitos dos crimes descritos na Lei nº 13.869 / 2019 
 
 
26 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
são multicores, ou seja, possuem múltiplos tipos nucleares, e a prática de apenas um deles 
levou à concretização do tipo de crime. 
 
Além disso, nos próprios crimes são exigidos vínculos funcionais ativos, pelo que, 
mesmo quando os agentes públicos estão de férias ou férias, também podem cometer 
crimes de abuso de poder. No entanto, a mesma situação não ocorrerá para os 
aposentados, que não podem se tornar sujeitos ativos do crime de abuso de poder por não 
terem mais contato funcional ativo com a administração pública (FERREIRA; 
PORTOCARRERO, 2019, p. 39). 
 
6.2.2. Gráfico: Denúncias de crime abuso de autoridade 
 
 fonte: Site G1-SP 
 Segundo pesquisas do G1- SP, as denúncias por abuso de autoridade cometidos 
por Policias militares teve um aumento de 74% entre 2017 e 2019. 
 
fonte: Portal Justiça em Numeroso o Conselho Nacional de Justiça. 
Os crimes de abuso de Autoridade têm crescido muito com os anos, em 2014 foram 
registrados 5984 e no ano de 2015 foram registrados 4676, somando os dois anos ao total 
foram registados 10.660 casos registrados. 
 
6.3. SUJEITOS DO CRIME 
 
6.3.1. Sujeito ativo 
 Pode cometer o crime de abuso de autoridade, agente público, seja ele servidor ou 
não, que no exercício de suas funções ou pretexto de exerce-las, abuse do poder que lhe 
tenha sido atribuído. Segundo o art. 1° da nova lei de abuso de autoridade (13.869/2019). 
Os crimes previstos na nova lei, são classificados como próprios, ou seja, só pode ser 
praticado por agente públicos. Mas sendo admissíveis a coautoria e a participação de 
particulares casos esses concorram de qualquer modo para o crime, nos termos dos artigos 
29 e 30 do Código Penal. 
 
Segundo o Art. 2° da 13 869/2019, o rol dos agentes públicos que podem cometer o 
crime é o mais amplo possível. O sujeito ativo pode ser qualquer agente público, seja 
 
 
27 Controle Externo da Atividade Policial 
 
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servidor público ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos 
poderes da União, dos estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território. 
 
O conceito de agente público para afins de aplicação da Nova Lei de Abuso de 
Autoridade é amplo e abarca todas as formas de vínculo que o agente possa ter com a 
administração pública. Como exemplo, podem enquadrar-se no conceito mencionado 
servidores públicos, empregados públicos, militares, servidores temporários, 
comissionados, detentores de cargo eletivo, função de confiança, voluntários, estagiários, 
mesários e demais particulares em colaboração com o poder público. 
 
6.3.2. Sujeito passivo 
As vítimas do abuso de autoridade são as pessoas, sendo física ou Jurídica, 
diretamente prejudicada pela conduta abusiva, o estado que tem sua imaginem, 
confiabilidade e patrimônio ofendidos quando o agente público pratica o ato abusivo. 
 
6.4. Elemento subjetivo especial 
Os crimes previstos na Nova Lei de Abuso de Autoridade são todos dolosos. 
 
Além do dolo, o artigo 1°, parágrafo 1 ° da lei exige que esteja presente uma 
finalidade específica de agir para que a conduta criminosa reste configurada, vejamos 
 
"§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade 
quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou 
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação 
pessoal." 
 
Portanto como observado no artigo a cima, além do dolo de praticar a conduta 
prevista no tipo penal, é necessário que o agente pratique a conduta com a finalidade 
específica de prejudicar outrem; com a finalidade específica de beneficiar a si mesmo ou a 
terceiro e por mero capricho ou satisfação pessoal. A atuação dos operadores do Direito 
envolve constantemente a interpretação de leis e atos normativos e a apreciação de fatos 
e provas. 
 
 
 
28 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O parágrafo 2º do Artigo 1º foi criado para evitar o "crime de hermenêutica”, quando 
o Operador de Direito é responsabilizado por sua interpretação ter sido considerada errada. 
Vejamos: 
 
"§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não 
configura abuso de autoridade. 
 
6.5. Ação penal 
O artigo 13.869 / 19 da Lei nº 3 estipula que os crimes previstos nesta lei são públicos 
e incondicionais, nos quais a investigação do órgão competente e a denúncia da 
procuradoria independem de qualquer provocação ou ação do eventual da vítima. 
 
Art. 3º. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. 
 
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo 
legal, cabendoao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia 
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornece elementos de prova, interpor 
recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte 
principal. 
 
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado 
da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. 
 
 Portanto, os crimes de abuso de poder são processados por meio de procedimentos 
criminais públicos incondicionais. O pré-requisito para a reclamação subsidiária é que o 
Ministério da Relações Públicas comprove a sua inércia, que se caracteriza pela ausência 
de qualquer atuação ministerial. 
 
6.6. Crimes com mais índice de serem praticados 
Sua classificação, é que são crimes próprio, doloso, formal, instantâneo, comissivo, 
unissubjetivo, de forma livre, plurissubsistente e admite tentativa. Vejamos 
"Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade 
com as hipóteses legais: 
 
 
29 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de 
prazo razoável, deixar de: 
I - Relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
II - Substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder 
liberdade provisória, quando manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível." 
 
6.6.1. Constrangimento de preso ou detento 
Na Lei 4.898/65 o Artigo 4º, alínea B dizia; 
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não 
autorizado em lei; 
 
Na nova redação da Lei 13.869/19, em seu artigo 13, II, diz; 
 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou 
redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena 
cominada à violência. 
 
O parágrafo I, este crime pode ser pratica por agente público responsável que 
constrange o indevido preso, fazendo exibir seu corpo por curiosidade. Este crime admite 
a tentativa. 
 
O artigo 1º, III, e 5º, II, III, X e XLIX da Constituição Federal prevê a "dignidade da 
pessoa humana”, resguardando que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei”, entro outros. O artigo 40 da LEP dispõe que "impõe-
se a todas as autoridades o respeito a integridade física e moral dos condenados e dos 
presos provisórios" e o Artigo 45, parágrafo 1, da LEP, dispões que as sanções disciplinares 
"não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado." 
 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/762309173/lei-13869-19
 
 
30 Controle Externo da Atividade Policial 
 
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O constrangimento ilegal é o ato de coagir, obrigar, forçar o preso a exibir seu corpo, 
ainda que parcialmente, à curiosidade pública. Está forma de execução ocorre por meio de 
violência, sendo força física ou material e ameaça, podendo ser ameaça moral ou 
intimação. 
 
A curiosidade publica, o sensacionalismo e a intromissão indevida não representam 
o interesse público. 
 
 O responsável pelo custodiado deve evitar a produção de vídeos ou imagens que 
possam resultar em uma situação de vexame e constrangimento ao indivíduo e deve 
impedir também que outras pessoas o façam; evitar a espetacularização da imagem do 
preso à curiosidade pública; respeitar o direito ao silêncio do indivíduo custodiado. 
 
Importante destacar que caberá ao juiz das garantias zelar pela observância dos 
direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido a sua presença, a qualquer 
tempo, antes do oferecimento da denúncia. 
 
O pararão II, dispõe que o preso preserva todos os seus direitos não atingidos pela 
perda de liberdade, impondo todas as autoridades o respeito à sua integridade física e 
moral. O verbo submeter significa levar à sujeição, exercer o domínio, ou seja, a vítima se 
encontra-se em uma sustação vexaminosa ou constrangimento não permitido por lei, este 
termo não permitido por lei significa que o ato esteja fora do padrão legal. 
 
O agente abuso da sua proeminente função e da fragilidade do preso para subjuga -
lo, desonra, atentado contra sua dignidade. Um exemplo é a cusparada. 
 
O parágrafo III, o agente abusa da sua função e da fragilidade inerente à condição 
do preso para contrate-lo a produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro. Trata-se de 
produção de prova ilícita. 
 
6.6.2. Omissão de identificação ou identificação falsa ao preso 
 
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião 
de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: 
 
 
31 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por 
interrogatório em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de 
identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função. 
 
Qualquer pessoa que efetuar a prisão em flagrante do indivíduo ou os demais 
agentes de segurança que efetuarem qualquer tipo de prisão poderá cometer este crime, 
anda poderão cometer o crime em análise os agentes públicos responsáveis por 
interrogatórios em sede de investigações criminais. 
 
O tipo requerer o dolo especifico. Disposto no artigo 1º, pararão 1. Este crime se 
consuma no momento em que a conduta delitiva é cometida. Em sua primeira parte do 
Artigo, o caput o crime é omissivo e perfaz com simples omissão do agente público. Na 
segunda, ocorre por ocasião de sua captura ou quando deve fazê-lo durante sua detenção 
ou prisão. 
 
O tipo penal ora analisado tem correlação com direito fundamental previsto no art. 
5º, LXIV da Constituição Federal, segundo o qual o preso tem direito à identificação dos 
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. 
 
Os agentes de segurança, usar sempre a sua tarjeta de identificação; em seu colete, 
de modo visível, os agentes de segurança responsáveis pela detenção ou interrogatório 
devem sempre identificar-se ao detido ou ao interrogado em sede de investigação criminal. 
 
6.6.3. Submissão de preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno 
 
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso 
noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, 
consentir em prestar declarações: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Este crime pode ser praticado por autoridade policial responsável pelo interrogatório 
na fase de investigação. A lei tutela não apenas a transparência e a lisura dos atos de 
polícia, como também o direito do preso de não ser interrogado durante o repouso noturno. 
 
 
32 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Está artigo é uma precaução contra interrogatórios cansativos, desgastantes e em 
horário impróprio, pois é um horário que estão mais vulneráveis e com mais facilidade de 
produzir provas contra si próprios. E pesquisas medicas apontam que pessoas acordadas 
em período que deveriam descansar, possuem mais fadiga, sonolência, diluição de atenção 
e perturbação do processo metabólico do organismo, assim, a saúde do preso está em 
risco ou sendo prejudicada.Este crime admita tentativa quando a execução iniciada é interrompida, quando o 
crime não se consumou por circunstancias alheias a sua vontade. 
 
Recomenda-se que as instituições de segurança (art. 144 da CF/88) estabeleçam 
normas administrativas fixando padrões objetivos de horários em que possam ser 
realizados interrogatórios policiais, restringindo ao o período de 21h00 a 5h00; e em caso 
o preso esteja assistido juridicamente, por advogado ou Defensor Público, e consinta em 
prestar declarações no período noturno, registrar seu consentimento no termo de 
depoimento de forma destacada, termo esse que deverá ser assinado pelo detido. 
 
6.6.4. Restrição, sem justa causa, da entrevista pessoal e reservada do preso com seu 
advogado. 
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com 
seu advogado: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o 
investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, 
por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele 
comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de 
audiência realizada por videoconferência. 
 
Segundo a lei nº 8.906/1994, Art. 7º, inciso III, São direitos do Advogado; 
"comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem 
procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos 
civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;" 
 
 
 
33 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Esse artigo consiste em impedir, que o preso sem justa causa, seja proibido de 
entrevista pessoal com seus advogados. 
 
Na verdade, é mais comum do que pensamos, os advogados encontram bastante 
obstáculos no exercício de sua atividade. Algumas repartições que abrigam o preso, exigem 
que as entrevistas sejam previamente agendadas com requerimento a direção, por motivo 
de segurança dos funcionários, das unidades, do preso e até mesmo de seu advogado. 
Sem falar que muitas unidades não possuem uma segurança ou estruturas adequadas para 
permitir que o advogado tenha contato com seu cliente. 
 
Um dos motivos para ser negado essa entrevista do réu com seu advogado são 
comuns em cadeias superlotadas, com poucos funcionários ou após uma rebelião. 
 
A conversa do advogado e seu cliente é de extrema importante, faz parte da ampla 
defesa que todos tem direito num processo penal e devem os agentes públicos que atum 
em investigações ou estabelecimentos de custodia conceder uma atenção especial ao 
referido pedido. 
 
Ressalta lembrar que esse direito o não abrange a entrega de objetos ou mensagens 
escritas ao preso, itens estes que poderão ser objeto de análise; 
 
6.6.5. Manutenção de presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de 
confinamento. Manutenção de criança ou adolescente na companhia de maior de 
idade ou em ambiente inadequado. 
 
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de 
confinamento: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança 
ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado 
o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente). 
 
 
 
34 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Este crime pode ser cometido por todo agente público responsável pelo local de 
custodia de presos, policiais civis, militares, penitenciários, agentes do sistema 
socioeducativo na modalidade prevista no parágrafo único do artigo 21, LAA. 
 
Trata-se de um ato incompatível com a Constituição Federal, Artigo 5º, XLIX, que 
assegura aos presos a integridade física e moral. 
 
No parágrafo único o legislador estabeleceu tipicidades para dias situações, ambas 
envolvendo criança e adolescente. No primeiro, o agente público irá cometer o crime se 
mantiver, por ação ou omissão, a criança ou o adolescente na mesma cela que se encontra 
um adulto. E na segunda hipóteses, ele poderá ser responsabilizado por manter a criança 
ou adolescente em qualquer ambiente inadequada, também por ação ou omissão. 
 
E o estudo mostra que lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais são 
pessoas mais vulneráveis aos efeitos da precariedade do sistema prisional brasileiro. Essa 
população sofre constantes violências emocionais, físicas e sexuais, assim como práticas 
de tortura específicas da sua condição de gênero, dentro das prisões masculinas. Por esses 
e diversos motivos que a população LGBT tem um cuidado especifico, como iremos 
observar a seguir; 
 "Art. .3º Às travestis e aos gays privados de liberdade em unidades prisionais 
masculinas, considerando a segurança e especial vulnerabilidade, deverão ser oferecidos 
espaços de vivencia específicos(...)" 
 
"Parágrafo 2º A transferência da pessoa presa para o espaço de vivencia 
especifico ficará condicionada à sua expressa manifestação de vontade" 
 
"Art. 4º As pessoas transexuais masculinas e femininas devem ser encaminhadas 
para as unidades prisionais femininas. 
Parágrafo único. As mulheres transexuais deverão ser garantidas tratamento 
isonômico ao das demais mulheres em previsão de liberdade(...)" 
 
As orientações são; na condução de detidos, não é possível o confinamento de 
detidos de sexos diferentes. Desta forma, a custódia, até a entrega do preso à autoridade 
competente deve ser efetuada em compartimentos distintos; custodiados de sexos diversos 
 
 
35 Controle Externo da Atividade Policial 
 
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devem permanecer sempre separados e deve-se evitar a condução de adolescentes no 
mesmo local ou compartimento que adultos. 
 
6.6.6. Violação de domicílio em um contexto de abuso de autoridade 
 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revel ia da vontade 
do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas 
condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 
I - Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a 
imóvel ou suas dependências; 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma 
horas) ou antes das 5h (cinco horas). 
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver 
fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de 
flagrante delito ou de desastre. 
 
Todo o agente público que viole o domicílio alheio em razão da função ou a pretexto 
de exercê-la. O Art. 5º, XI, da CF, estabelece a inviolabilidade do domicilio como direito 
fundamental; 
 
"a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
 penetrar sem consentimento do morador, 
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, 
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; " 
 
Este Artigo se preocupou com a tranquilidade doméstica, a privacidade do indivíduo 
ainda que ele esteja ausenta no momento da invasão. O termo casa é definido como 
qualquer compartilhamento habitado; aposento ocupado de habilitação coletiva; 
compartilhamento não aberto ao público onde alguém exerce profissão ou atividade. O 
termo imóvel alheio ou suas dependências, abrange qualquer imóvel, independentemente 
da razão de sua ocupação ou utilização. 
 
 
 
36 Controle Externo da Atividade Policial 
 
Universidade Santa Cecília - Educação

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