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SUPORTE BÁSICO DE VIDA 
Ellen Maria Hagopin 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO AO SUPORTE BÁSICO DE VIDA .......................................... 3 
2 CICLO VITAL E VULNERABILIDADE ......................................................... 18 
3 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA .......................................................... 32 
4 TRAUMA ................................................................................................ 48 
5 OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE) ........ 67 
6 ATENDIMENTOS EM SBV ....................................................................... 80 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO AO SUPORTE BÁSICO DE VIDA 
Apresentação 
O primeiro bloco desta disciplina presume o primeiro contato do aluno com os princípios 
do Suporte Básico de Vida (SBV). Para garantir o melhor aproveitamento do aprendizado 
pertinente a todo conteúdo teórico que será apresentado, o propósito neste conjunto é 
desenvolver a construção do conhecimento sobre os seguintes assuntos: 
1.1. Importância da capacitação ao suporte básico de vida 
1.2. História da reanimação cardiopulmonar 
1.3. Princípios fundamentais para o suporte básico de vida 
1.4. Avaliação da cena, segurança e situação 
1.5. Controle, comando e comunicação 
1.1 Importância da capacitação ao suporte básico de vida 
O SBV contempla um conjunto de medidas realizadas de forma linear que podem ser 
feitas por pessoas capacitadas, tanto leigas quanto com formação na área da saúde. 
A prestação de atendimento em SBV tem como foco propiciar a primeira assistência a 
uma vítima de enfermidade clínica aguda ou traumática com os objetivos de minimizar 
agravamentos de possíveis lesões e evitar a morte da vítima. 
Exemplos de situações que requerem o SBV: atendimento a vítimas de acidentes 
automobilísticos, quedas, obstrução de vias aéreas superiores (engasgos), intoxicações 
endógenas ou exógenas, parada cardiorrespiratória (PCR), entre outros. 
A importância do correto atendimento prestado nos casos citados, sobretudo, nas PCR, 
destina-se, além de evitar deteriorações, assegurar que a vítima possa manter sua 
qualidade de vida após reabilitação, sem ou com o mínimo de sequelas (BERTELLI et al., 
1999). 
Um fator indeclinável é o determinante agilidade: a continuidade da vida de uma vítima 
que necessita do atendimento de uma pessoa capacitada em SBV, assim como a 
 
 
 
4 
 
qualidade com que esse ser humano poderá continuar desenvolvendo suas atividades 
cotidianas (autonomia das necessidades básicas humanas) e sociais, tem relação estreita 
com um atendimento ágil e habilidoso que justifica e empodera a importância da 
qualificação e aptidões que serão apresentadas em toda esta disciplina. 
Segundo a Associação Americana de Cardiologia (2020), cada minuto de duração da PCR 
sem atendimento adequado diminui em até 10% a chance de sobrevida. Ainda sobre a 
importância da rapidez do reconhecimento e atendimento de uma PCR, após três 
minutos sem ação, iniciam-se as lesões cerebrais por hipóxia e, após dez minutos, as 
chances de reanimação são mínimas, em média, aproximadamente 2,5%. 
Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), a morte súbita é 
considerada um agravo relevante na saúde pública no Brasil, por afetar cerca de 300.000 
pessoas por ano. Estima-se que 86% das PCRs ocorrem nas próprias residências, 14% em 
vias públicas de grande concentração (supermercado, shopping, aeroporto, estádios 
esportivos, parques e academias). Esses índices são considerados como alta incidência, 
logo, o percentual de óbitos ocorre em maior quantidade em ambiente não hospitalar. 
A chance de sobrevivência de uma vítima de PCR aumenta quando o atendimento é 
realizado por pessoas capacitadas. Tais fatos demonstram que a imediata identificação 
do agravo e o início da assistência são fundamentais para o desfecho da vítima. 
Para finalizar este primeiro tópico da disciplina, considera-se importante que o aluno 
compreenda o que é o SBV e seus principais objetivos para que se aproprie das suas 
responsabilidades no adquirir e desenvolver conhecimentos, habilidades e 
competências necessárias para prestar atendimento nas situações que serão 
apresentadas na sequência. 
Em suma, o SBV consta de um tratamento imediato e provisório em vítimas de 
enfermidades imprevistas ou traumáticas, geralmente prestado no local do ocorrido 
com a intenção de evitar o agravamento de lesões e/ou a morte da vítima até o 
momento da chegada do suporte que prosseguirá com as ações avançadas de 
assistência e encaminhamento à instituição hospitalar. 
 
 
 
 
5 
 
1.2 História da reanimação cardiopulmonar 
Este tópico objetiva conhecer elementos históricos sobre a reanimação cardiopulmonar, 
assim como o início da formação de atendimentos a situações de emergência e urgência. 
E qual a importância em estudar história? 
A necessidade de reconhecer a história de um assunto e/ou fenômeno é alusiva à 
própria construção do conhecimento acerca deste conteúdo. Os relatos históricos 
demonstram o sentido sobre o qual desenvolvemos na atualidade, ou seja, por que 
fazemos da forma como fazemos? Como chegamos a este pensamento, a esta decisão? 
É necessário, ao olhar para a história, compreender que ela é contada a partir do 
momento em que a tradição finda. Simultaneamente, na área da saúde, esse ensejo 
oportuniza o avanço da ciência. 
A interrupção definitiva da vida de um organismo designada como morte foi 
considerada imutável por longo período de tempo na história da humanidade. Próximo 
ao século XVIII, iniciou uma nova era de acreditar em reanimar um organismo sem vida 
e, subsequentemente, começaram as buscas por estratégias que permitissem essa 
reanimação. 
Nesse cenário, é importante entender os significados de reanimação e ressuscitação. 
Ressuscitação origina-se do latim, sendo que “re” e “suscito” remetem ao despertar 
e/ou recobrar os sentidos. O “suscito” também pode significar colocar em movimento. 
Em referência à reanimação, “anima”, em latim, pode ser compreendida como sopro, 
respiração e/ou como vida e alma (GUIMARÃES et al., 2009). Ambos os conceitos 
aproximam, ou até mesmo, vinculam o oxigênio com o estar vivo. 
A primeira alusão histórica relatada no tocante ao fato de “dar a vida”, fornecendo 
oxigênio, foi um relato bíblico no momento em que Deus sopra Adão e ele passa a ter 
uma vida. “Então formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e lhe soprou nas 
narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Bíblia; Gênesis, 2:7). 
Já a primeira narrativa relacionada com reanimação está descrita no livro bíblico dos 
Reis e retrata o profeta Eliseu se debruçando sobre uma criança que retorna ao estado 
vivo após o sopro recebido. “... subiu à cama, deitou-se sobre o menino e, pondo a sua 
 
 
 
6 
 
boca sobre a boca dele, os seus olhos sobre os olhos dele e suas mãos sobre as mãos 
dele, se estendeu sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos” (II REIS 
4:34-35). 
 
Portanto, o primeiro contato histórico no tocante à reanimação configura uma visão 
induzida por crenças religiosas conforme cultura da época, indicando que este 
desempenho era êxito de um fenômeno divino, não explicado pelas leis naturais, isto é, 
um milagre. 
Com fortes intenções religiosas que tangenciam a relação saúde e doença, destacam-se 
médicos que percorreram os estudos das descrições anatômicas e fisiológicas e, como 
resultado, despertaram o interesse e a busca por ciência no que diz respeito a ressuscitar 
pessoas possivelmente mortas. 
A seguir, você encontra um breve histórico em como a ciência prosperou em referência 
à reanimação mediante descrições anatômicas, sistêmicas, fisiológicas e suas relações 
com o efeito de tentativas de manobras de ressuscitação. A exposição cronológica, 
nesse contexto, corresponde sempre à tentativa de encontrar✓ 100-120 compressões torácicas por minuto; 
✓ Profundidade 1/3 do diâmetro anteroposterior (adultos 5-6 cm, 4-5 cm 
crianças, 4 cm bebês); 
✓ Aguardar retorno do tórax (permitir sístole e diástole completas); 
✓ Garantir o mínimo de interrupções. 
Observação: em ambiente extra-hospitalar, não dispondo do recurso 
para ventilação e/ou o socorrista não se sentindo seguro para tal (pela 
possibilidade de contaminação), a escolha será sempre manter as 
compressões torácicas, entretanto, a abertura das vias aéreas deve ser 
realizada. Inclinar a cabeça e elevar a mandíbula; na suspeita de trauma, 
somente elevar o ângulo da mandíbula. 
 
3 - Desfibrilação: 
✓ A utilização do Desfibrilador Externo Automático (DEA), equipamento 
portátil, acontecerá fora do hospital conforme DISPONIBILIDADE, caso 
contrário, somente com a chegada da ambulância (algumas leis 
municipais obrigam a manutenção do DEA em locais com alta circulação 
de pessoas, por exemplo, lei nº 13.945 de 7 de janeiro de 2005). 
✓ A função do DEA é reconhecer o ritmo cardíaco da PCR e identificar se 
um choque elétrico poderá corrigir a arritmia propulsora da parada dos 
batimentos cardíacos. 
✓ O DEA tem funcionalidades próprias, isso quer dizer que o socorrista 
deve apenas conectar os eletrodos e pás sobre o tórax do paciente, ligar 
 
 
 
45 
 
o aparelho e quando o equipamento emitir o comando, acionar o botão 
designado ao choque. Atenção: as compressões torácicas não devem 
parar, o ideal é que um segundo socorrista faça a manipulação do DEA. 
4 - Ressuscitação avançada: 
✓ A RCP avançada será realizada com a chegada do suporte avançado 
acionado em primeira instância. Realizada por profissionais médicos, 
enfermeiros e fisioterapeutas com associação de medicamentos como a 
epinefrina e amiodarona e demais manejos identificados como 
necessários pela equipe especializada. 
5 - Cuidados pós-PCR: 
✓ O retorno dos batimentos cardíacos na palpação do pulso indica que o 
coração voltou às suas funcionalidades. Assim, os cuidados após serão 
realizados em ambiente hospitalar em unidades de terapia intensiva 
(UTI). De imediato, as prioridades são: identificar a causa da PCR e 
realizar controles hemodinâmicos e da temperatura. Os objetivos são 
minimizar as disfunções orgânicas pelos efeitos da PCR. 
✓ Identificada(s) a(s) causa(s), planejar o tratamento direcionado. 
 6 - Recuperação. 
✓ Após estabilização das funções hemodinâmicas e tratamento das causas 
e sequelas da PCR, aprimoram-se os cuidados referentes à reabilitação e 
retorno das funções preservadas. 
Conclusão 
Este bloco permitiu que você tivesse contato com conteúdos que se relacionam entre si 
e, assim, construir seu conhecimento, assimilando as dinâmicas e processos do 
organismo. Valorizar os detalhes faz diferença no momento da ação. Um exemplo 
simples é entender como funciona um dado que utilizamos frequentemente, que é a 
pressão arterial, o que significa a pressão máxima e a mínima e o que acontece no 
coração que reflete essas medidas. 
 
 
 
46 
 
Como profissional, é extremamente importante encontrar sentido nos dados que 
identificamos para posterior avaliação. Esse sentido traçará com toda a certeza a melhor 
decisão a ser tomada por você em suas vivências profissionais. 
Referências 
AHA. American Heart Association. Guidelines 2021. Available on: 
https://www.ahajournals.org/doi/pdf/10.1161/CIR.0000000000001029. Access on: 31 
mar. 2023. 
BARROSO et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol., v. 116, 
n. 3, p. 516-658, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.36660/abc.20201238. Acesso 
em: 11 mar. 2023. 
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2006. 
LIMA, S. D. S.; MOREIRA, T. O.; OLIVEIRA, P. M.; GALLERT, D. D. B. Síndrome de Burnout: 
complicações para os profissionais de área de enfermagem. Epitaya E-Books, v. 1, n. 31, 
p. 184-193, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.47879/ed.ep.2023717p184. 
Acesso em: 12 mar. 2023. 
PASTORE, C. A. et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre análise e 
emissão de laudos eletrocardiográficos. Diretriz. Arq. Bras. Cardiol., v. 106, abr. 2016. 
(4 Supl. 1). Disponível em: https://doi.org/10.5935/abc.20160054. Acesso em: 10 mar. 
2023. 
PAZIN, F. A.; SANTOS, J. C.; CASTRO, R. B. P.; BUENO, C. D. F.; SCHMIDT, A. Parada 
cardiorrespiratória (PCR). Medicina (Ribeirão Preto), v. 36, n. 2/4, p. 163-78, 2003. 
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp / article/view/543. Acesso em: 13 
mar. 2023. 
POTTER, P. A.; PERRY, A. G.; STOCKERT, P.; HALL, A. Fundamentos de Enfermagem. 
9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. 
https://www.ahajournals.org/doi/pdf/10.1161/CIR.0000000000001029
https://doi.org/10.36660/abc.20201238
https://doi.org/10.47879/ed.ep.2023717p184.
https://doi.org/10.5935/abc.20160054.
https://www.revistas.usp.br/rmrp%20/%20article/view/543
 
 
 
47 
 
SOUSA, F. A. E. F. S. Dor: o quinto sinal vital. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 10, n. 
3, jun. 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-11692002000300020. 
Acesso em: mar. 2023. 
VORPAGEL, K. M.; SANGOI, K. C. M.; SCHEIN, J. L.; CARGNIN, M. B.; HESLER, L. Z.; 
MENEGHETE, M. C. Assesment of pain the critical patient: na experience 
report. Research, Society and Development, v. 11, n. 5, p. e19211527918, 2022. 
Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/27918. Acesso em: 12 
mar. 2023. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://doi.org/10.1590/S0104-11692002000300020
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/27918
 
 
 
48 
 
 
4 TRAUMA 
Apresentação 
O quarto bloco desta disciplina diz respeito ao trauma, sua relevância e importância nas 
abordagens realizadas em SBV, visto que é alta a incidência de ocorrências resultantes 
de causas externas que geram o trauma e, muitas vezes, o óbito. 
Causa externa é um termo utilizado para situações súbitas, intencionais ou não, de 
agravo à saúde, cuja procedência é externa ao organismo; consideram-se como causas 
não naturais. Esse agravo culmina em lesão ou ferimento que varia de acordo com a 
intensidade gerada pelo agente agressor e extensão da lesão decorrente. 
São exemplos das causas externas: acidentes oriundos de veículos automobilísticos, 
violência, homicídio, suicídio, queda, afogamento, envenenamento, queimadura, e, 
decorrente de eventos ambientais como deslizamentos de terra, enchente, vazamento 
químico, relacionados com condução elétrica e/ou radiação (OPAS, 2003). 
A problemática da causa externa é justificada pela prevalência e incidência tanto no 
contexto mundial quanto nacional. Dados comprovam tal adversidade e alargamento 
dos casos durante o passar dos anos. 
- Mais de 5 milhões de mortes no mundo têm como causas acidentes e violências, 
aproximadamente 9% da mortalidade global (OMS, 2018). 
- Dentre as causas externas, 16% decorrem de suicídios, 10% de homicídios, 24% de 
acidentes de trânsito, 14% de quedas (NOGUEIRA, 2020). 
- 10% da mortalidade mundial tem como causa o trauma (32% maior do que a soma da 
AIDS, tuberculose e malária) que, por sua vez, atinge principalmente adultos jovens com 
idade de 15 a 29 anos e é a terceira causa na faixa etária de 30 a 44 anos (OPAS, 2019). 
As causas externas no Brasil figuram efeitos alusivos às questões econômicas e sociais 
no Sistema Único de Saúde (SUS), consecutivamente ao grande número das internações 
hospitalares, não somente relacionadas à causa, mas à procura dilatada à assistência 
especializada, reabilitação física e psicológica (OMS, 2012). 
 
 
 
49 
 
Segundo a Fiocruz, até 2033, as causas externas, motivadas por violência e acidentes de 
trânsito, elevarão as taxas de mortalidade a tal ponto que podem interferir na tendência 
do envelhecimento populacional, visto que a população jovem é a mais atingida (REIS; 
BARBOSA; PIMENTEL, 2016).O manejo no cuidar ao traumatizado requer atenção especial, pois o risco em sobrepor 
uma lesão existente e causar a segunda ou demais lesões e agravamentos têm relação 
direta com essa atenção. 
O presente bloco será dividido em: 4.1. Cinemática e biomecânica, 4.2. Avaliação 
primária, 4.3. Avaliação secundária, 4.4. Tipos de ferimentos, 4.5. Trauma 
cranioencefálico e raquimedular. 
4.1 Cinemática e biomecânica 
O sentido da palavra cinemática provém da mecânica e condiz com o estudo dos 
movimentos de corpos ou partículas. Já a biomecânica é aplicada às leis da mecânica, 
ou seja, à compreensão do processo de troca de energia. 
Ambos os conceitos são utilizados nas diretrizes do trauma. A cinemática consiste na 
avaliação da cena e do mecanismo do trauma e a biomecânica pretende determinar 
quais lesões podem resultar das forças envolvidas no acidente. São a cinemática e a 
biomecânica consideradas como parte do cuidado ao traumatizado, ou seja, o início do 
socorro a uma vítima de acidente cujo resultado seja uma lesão pelo trauma é analisar 
a cena previamente ao atendimento direto à pessoa acometida (CHAVES et al., 2017) 
sem prejuízo ao início da assistência direta. 
Segundo Tobase et al. (2017), a capacitação profissional ao SBV, incorporada pelo 
entendimento e ações a serem realizadas conforme cinemática do trauma, possibilita 
maior brevidade ao identificar e prever lesões graves, assim como tratá-las de forma 
antecipada. 
A avaliação da cinemática do trauma deve considerar os fatores ambientais, a vítima e 
o agente transmissor da energia (causa externa) (VALENTE et al., 2018). É importante 
que você, como aluno, relacione o conhecimento da cinemática do trauma com o 
 
 
 
50 
 
padrão de lesões que podem ser originadas de cada impacto conforme agente causador 
(acidente automobilístico, atropelamento, quedas, explosões etc.). 
Os acidentes devem ser considerados no contexto de três momentos: a pré-colisão 
(condições agravantes como uso de álcool e drogas, doenças crônicas, uso de 
medicamentos, desatenção); a colisão (considerar a máquina, o corpo e os órgãos); e a 
pós-colisão (as informações levantadas na pré-colisão e na colisão são utilizadas para 
encaminhamento). 
Vamos a alguns exemplos do que observar na cena do acidente e das possíveis lesões 
relacionadas referentes a colisões automobilísticas, queda e acidentes com objetos 
penetrantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 
a. Colisões automobilísticas: como se apresenta o local; número e tipo de veículos; 
número de vítimas envolvidas (adultos, crianças); quem atingiu o quê; direção do 
impacto; se houve frenagem; velocidade aproximada; dispositivos de segurança em uso 
(cinto, cadeirinhas infantis, capacete); se airbag foi acionado; se ocorreu ejeção de 
vítimas, colisões, estragos no carro. As lesões variam conforme direção do impacto. 
Impacto frontal: fratura de coluna cervical, tórax instável anterior, contusão miocárdica, 
pneumotórax, secção de aorta, lesão de baço ou fígado, fratura ou luxação de quadril 
e/ou de joelho e tornozelo, ejeção (considerar a trajetória, vítima por cima do volante, 
a cabeça está em direção ao para-brisa ou por baixo do volante?; verificar deformidades 
na parte anterior, no volante, marcas no painel). 
Impacto lateral: fratura de clavícula, fratura de costelas, contusão pulmonar, 
pneumotórax, compressão de órgãos sólidos, entorse contralateral do pescoço, fratura 
de coluna cervical, fratura de pelve ou acetábulo (considerar intrusão da porta e/ou do 
painel lateral). 
Impacto traseiro: lesão de coluna por hiperextensão (chicote), importante avaliar a 
posição do encosto da cabeça (considerar intrusão da parte posterior do veículo-alvo). 
Capotamento: lesões variadas derivadas dos diferentes impactos sofridos (órgãos 
internos mesmo com uso do cinto), ejeção (considerar impactos de ângulos diferentes). 
 
 
 
51 
 
A ejeção coloca o paciente no grupo de risco de praticamente todo tipo de lesão e 
aumenta o índice de óbito. 
O acidente com motocicletas e atropelamentos também tem relacionadas as feridas 
mais comumente apresentadas. Nos acidentes com motocicletas, consideram-se as 
lesões do traumatismo craniano, raquimedular, lesão de MMII, lesões torácicas e 
abdominais, fraturas das extremidades inferiores (o capacete é um item a ser avaliado). 
Nos atropelamentos, são comuns os impactos contra MMII e quadril, tronco contra o 
capô e paciente contra o chão (vítimas adultas). O peso e altura da vítima em relação à 
altura do veículo devem também ser considerados. Lesões como traumatismo craniano, 
raquimedular, lesões torácicas e abdominais, fraturas das extremidades inferiores são 
cogitadas nesse tipo de acidente. 
b. Quedas: 
Avaliar aspectos gerais: estimativa da altura da queda, superfície sobre a qual o 
paciente caiu e qual a primeira parte do corpo que entrou em contato com a superfície. 
As lesões esperadas dependem de como foi a queda. Lesão de calcâneos, tornozelos, 
tíbias, fíbulas, joelhos, ossos longos e quadril quando o primeiro contato após queda foi 
com os pés; traumatismo craniano, raquimedular quando atingir a cabeça; lesões 
torácicas e abdominais; fratura de extremidades superiores se cair de frente com as 
mãos espalmadas. 
c. Ferimentos penetrantes: 
Faz parte da observação pela cinemática: 
➢ Tipo de objeto e alta, média ou baixa energia (fuzis e metralhadoras, revólveres 
e rifles, faca); 
➢ Distância do agressor; 
➢ Órgãos próximos, local do ferimento (único ou múltiplo?); 
➢ Características dos ferimentos externos. 
A partir do aprendizado da cinemática do trauma, iremos avançar para as abordagens 
no trauma nos próximos tópicos. 
 
 
 
52 
 
4.2 Avaliação primária 
As abordagens do trauma a princípio são realizadas em 3 níveis: a avaliação primária, a 
secundária e a cinemática do trauma. Dependendo de cada caso, seguem-se as 
avaliações específicas para cada tipo de trauma. A cada quatro anos, as diretrizes para 
o atendimento ao trauma são atualizadas e publicadas pelas instituições norte-
americanas National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT) em 
cooperação com o American College of Surgeons (ACS). 
A Prehospital Trauma Life Support (PHTLS), ou Atendimento Pré-Hospitalar ao 
Traumatizado, engloba sistematizações no atendimento ao paciente vítima de trauma 
no ambiente pré-hospitalar. Na avaliação primária, é realizada uma abordagem 
sistematizada e indicada pelas letras X, A, B, C, D, E. Cada letra corresponde a uma 
avaliação e possui uma ordem específica. Vale ressaltar que a letra X foi recentemente 
incorporada ao algoritmo. 
Abordagem primária: a padronização do atendimento XABCDE na avaliação primária do 
trauma permite a identificação precoce de lesões graves para reduzir os índices de 
mortalidade e morbidade em pacientes traumatizados. 
Inicialmente, é realizado o reconhecimento rápido ao identificar o cenário com uma ou 
mais vítimas suspeitas de agravo súbito à sua saúde e/ou integridade física, proveniente 
de uma emergência clínica, traumática ou psiquiátrica, que seja necessária prestação de 
socorros (lembrar dos 3S). 
Após avaliar e garantir a segurança do local da ocorrência na avaliação primária, 
sistematiza-se o X, A, B, C, D, E para abordagem primária que consiste em (NAEMT, 
2019): 
X - Hemorragia externa grave: 
➢ Priorizar o controle de grandes hemorragias empregando curativos 
compressivos e/ou torniquete antes, inclusive, anterior ao manejo das vias 
aéreas. 
 
 
 
 
53 
 
A - Desobstrução de vias aéreas com controle da coluna cervical: 
➢ Avaliar a responsividade da vítima: 
o Se estiver responsiva: prosseguir com a avaliação; 
o Se não responde, mas possui pulso, continuar na avaliação; 
o Se não responde e não apresenta pulso e ventilação, iniciar RCP; 
o Manter estabilização da cabeça com alinhamento neutro da coluna 
cervical; 
➢ Para manutenção das vias aéreas, utiliza-sedas técnicas de elevação do queixo 
e anteriorização da mandíbula. 
➢ Abrir e visualizar a boca da vítima retirando corpos estranhos visíveis da cavidade 
oral e se houver obstrução das vias aéreas (OVACE), executar manobra de 
Heimlinch (veremos no Bloco 5). 
B - Boa ventilação e respiração: 
➢ Avaliar ventilação e frequência respiratória: 
o Expor o tórax e avaliar a frequência ventilatória, simetria bilateral na 
expansão torácica, posicionamento da traqueia e presença ou não de 
turgência jugular, observar presença de sinais de esforço ventilatório ou 
uso de musculatura acessória; 
o Avaliar a presença de lesões abertas e/ou fechadas no tórax; 
o Se a vítima estiver com ventilação anormal, realizar inspeção e palpação 
de todo o tórax. 
C - Circulação com controle de hemorragias: 
➢ Avaliar a circulação: 
o Avaliar a frequência cardíaca, pulso central (carotídeo) ou periférico 
(radial); em crianças (bebês), avaliar o pulso braquial; ter preferência por 
pulso carotídeo se vítima estiver não responsiva (se estiver não 
responsiva, iniciar RCP); 
➢ Avaliar características da pele (temperatura, umidade e coloração). 
➢ Avaliar enchimento capilar periférico (considerar normal até 2 segundos). 
 
 
 
54 
 
➢ Controlar sangramentos externos com compressão direta da lesão e/ou 
torniquete (conforme indicado). 
➢ Prevenir e/ou tratar choque (se possível, aferir a pressão arterial 
precocemente). 
Você deve estar se perguntando, mas e o X, conforme mencionado no início deste 
tópico? A diferença entre o “X” e o “C” é que o X se refere a hemorragias externas 
grandes e o “C” refere-se a perdas de volumes não visíveis, podendo ser internas ao 
organismo. 
D - Disfunção neurológica: 
➢ Avaliar o nível de resposta neurológica: 
o Escala de Coma de Glasgow: instrumento para identificar o nível de 
consciência da vítima por meio da abertura ocular, resposta verbal e 
motora. A pontuação é de 3 a 15, indicando 3 o mais grave e o 15 menos 
grave. A escala de coma de Glasgow é parametrizada seguindo as 
pontuações e informações conforme as variáveis abertura ocular, 
resposta verbal e resposta motora: 
▪ Abertura ocular (4-espontâneo, 3-responde à voz, 2-responde à 
dor, 1-não responde a comando); 
▪ Resposta verbal (5-orientada, 4-confusa, 3-palavras 
inapropriadas, 2-palavras compreensivas, 1-nenhuma resposta); 
▪ Resposta motora (6-obedece a comandos, 5-localiza a dor, 4-faz 
movimento de retirada, 3-flexão anormal, 2-extensão anormal, 1-
nenhuma resposta). 
o Na avaliação de pupilas, deve-se considerar o diâmetro (normal 2,5-4,5 
mm, miose 1-2 mm, midríase 6-8 mm), simetria (isocórica ou anisocórica) 
e reação à exposição da luz (foto reagente ou não reagente). 
 
 
 
55 
 
 
E - Exposição da vítima com prevenção e controle da hipotermia: 
➢ Cortar as roupas das partes necessárias para avaliar ferimentos, traumas de 
extremidades, queimaduras que podem agravar o estado da vítima. 
o Evitar movimentação excessiva; 
o Controle do ambiente com prevenção da hipotermia. 
4.3 Avaliação secundária 
A avaliação secundária é realizada posteriormente à primária e visa investigar seus SSVV 
como forma de complemento à coleta de dados, realizada durante a avaliação primária. 
Sempre que necessário por alguma suspeita de instabilidade, deve-se retornar à 
abordagem primária. Algumas ações só serão possíveis com os recursos disponíveis no 
suporte disponibilizado pela ambulância. 
Logo após completude do X, A, B, C, D, E da avaliação primária, estando a vítima 
consciente, é indicado coletar os dados como nome completo, idade, procedência, local 
de residência, contato familiar etc. Caso a vítima não esteja consciente, verificar se 
existe algum familiar ou acompanhante no local que possa fornecer os dados. 
Na sequência, identificar os SSVV conforme entrevista SAMPLA (sinais vitais, alergias, 
medicamentos, passado/histórico médico, líquidos/alimentos recentemente ingeridos, 
ambiente). A monitorização da oximetria de pulso, glicemia capilar, pressão arterial e 
ausculta pulmonar seguem como avaliação complementar. 
 
 
 
56 
 
Na avaliação secundária, são realizados os exames de todo segmento corporal, da 
cabeça aos pés, de forma objetiva e específica, por meio da inspeção e palpação, com 
objetivo de detectar quaisquer alterações não identificadas anteriormente (ferimentos, 
sangramentos, afundamentos, desvios, hematomas, alterações na cor da pele ou 
mucosas, assimetrias, instabilidades, alterações de motricidade e sensibilidade). A 
avaliação contempla as estruturas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016): 
✓ Crânio e face: couro cabeludo, orelhas, ossos da face, olhos, pupilas, nariz, boca; 
observar alterações na coloração e temperatura da pele. 
✓ Pescoço: região anterior e posterior; observar distensão de veias jugulares. 
✓ Tórax: uso de musculatura acessória, tiragem intercostal, movimentos 
assimétricos; observar presença de edema, hematoma, deformidade e 
crepitação óssea. 
✓ Abdome: distensão, dor e/ou massas visíveis; observar hematomas, edemas, 
deformidades e crepitações ósseas. 
✓ Pelve: sangramentos, contusões ou lesões abertas; realizar palpação das cristas 
ilíacas na busca de dor e/ou instabilidade. 
✓ Membros superiores e inferiores: pulsos distais e perfusão dos membros, 
sensibilidade; avaliar a força motora, solicitando que a vítima aperte a mão, 
eleve um braço de cada vez e movimente os pés, eleve a perna (se descartada 
qualquer potencial lesão). 
4.4 Tipos de ferimentos 
Dentre as causas externas de ocorrências súbitas e óbitos, o trauma é uma das principais 
consequências que pode acometer as vítimas. O significado semântico da palavra 
trauma, do grego “traûma”, denota ferida, dano ou avaria. Semelhante à noção de 
trauma, é designado como traumatismo o transtorno resultante desse dano que, por 
sua vez, significa conjunto de lesões de um tecido, órgão ou parte de um corpo 
provocadas por um agente externo. 
Conforme a OMS (2020), trauma é conceituado como lesão de extensão, intensidade e 
gravidade variáveis, produzido por agentes diversos físicos (mecânico, elétrico, 
 
 
 
57 
 
irradiante e térmico) ou químicos (ácidos), podendo ser acidental ou intencional, capaz 
de produzir perturbações locais ou sistêmicas. 
Os acidentes de trânsito com carros, motocicletas e pedestres são as principais causas 
de traumas. As lesões provenientes podem ser leves ou graves, únicas e/ou coincidentes 
a diversos órgãos. O atendimento, desde o reconhecimento a ações planejadas, até o 
final, de forma adequada, ágil e realizado por pessoas capacitadas, tem impacto no 
desfecho final da vítima, podendo esta ser reabilitada, apresentar sequelas reversíveis, 
irreversíveis ou ir a óbito. 
A lesão traumática, também conhecida como ferimento ou ferida, é a alteração tecidual 
ocasionada por um agente externo que ao atingir as superfícies corporais internas ou 
externas altera a fisiologia do local afetado com ou sem continuidade do tecido, ou seja, 
pode ou não romper a integridade da pele, expondo tecidos e estruturas internas. A 
partir da conservação tecidual e características específicas, é possível definir o tipo de 
ferimento. 
Para que você possa entender o que identificar e como agir com uma vítima de trauma, 
é importante saber diferenciar os tipos de lesões e como cada um pode atingir cada 
estrutura do organismo humano. Em posse dessa informação, é possível planejar as 
possíveis ações diante de cada situação no SBV. 
As lesões podem ser de três tipos: traumáticas, patológicas e cirúrgicas, e classificadas 
por quatro dimensões: profundidade, complexidade, contaminação e natureza do 
agente transmissor. Nesta disciplina, você acessará a classificação de lesões, 
principalmente, pelo agente traumático responsável, também conhecido como 
vulnerante, ou seja, a identificação gira em torno da causa. 
Em relação à profundidade, as lesões podem ser consideradascomo traumatismos 
superficiais, atingem estruturas como pele, subcutâneo, aponeurose e músculo, ou 
profundas, comprometem nervos, vasos, tendões, ossos e vísceras. 
No que tange ao universo do trauma, existem alguns tipos de lesões comumente 
denominadas ferimentos. São: incisivos ou cortantes, contusos, perfurantes, 
 
 
 
58 
 
penetrantes, transfixantes, escoriações ou abrasões, avulsões ou amputações e 
lacerações. 
Abaixo, as principais características de cada tipo de ferimento (MILCHESKI et al., 2013): 
➢ Incisivos ou cortantes: 
 
 
o decorrentes do contato com instrumentos cortantes e afiados, penetram 
a pele; 
o as feridas são lineares com bordas regulares. 
➢ Contusos ou corto-contusos: 
o causados por objetos com superfície romba, instrumento cortante 
menos afiado (exemplo: pau, pedra); 
o causam rompimento da pele, têm bordas traumatizadas. 
 
 
 
 
59 
 
➢ Perfurantes: 
 
o objetos finos e pontiagudos são os responsáveis por este tipo de 
ferimento, ocorre perfuração da pele e tecidos subjacentes; 
o atinge estruturas que não têm cavidades (braços, pernas, joelho, coxa); 
o lesões puntiformes ou lineares, bordas podem ou não ser regulares; 
o esse tipo de ferida pode ser perfuro-contusa, o causador tem superfície 
romba (ferimento de arma fogo – FAF), ou perfurocortante, causador tem 
superfície laminar ou pontiaguda (ferimento por arma branca, faca, 
estilete). 
➢ Penetrantes: 
 
 
 
 
60 
 
o o objeto causador compromete cavidades naturais do organismo (tórax, 
abdome); 
o formato externo deste ferimento varia; geralmente, é linear ou 
puntiforme. 
➢ Transfixantes: 
o o objeto vulnerante penetra e atravessa as estruturas do organismo 
(tecido, órgão) em toda a sua espessura, entrando por uma superfície e 
saindo por outra; 
o variação da ferida perfuro-contusa ou cortante que pode ser penetrante 
ou transfixante; 
o orifício de entrada: circular ou oval, pequeno, como bordas irregulares 
com detritos do agente causador (projétil de arma de fogo, pólvoras, 
fragmentos de roupas); 
o orifício de saída: ferida maior, bordas irregulares, exteriorizadas. 
➢ Escoriações ou abrasões: 
o derivadas do atrito de uma superfície áspera e dura contra a pele, 
podendo apresentar partículas de corpo estranho (cinza, graxa, terra, 
asfalto). 
➢ Avulsões ou amputações: 
 
o parte do corpo é desagregada (membros inferiores, superiores, orelha, 
nariz). 
 
 
 
61 
 
➢ Lacerações: 
o mecanismo de ação do objetivo vulnerante é por pressão exercida sobre 
o tecido; 
o lesões são irregulares. 
4.5 Trauma cranioencefálico e raquimedular 
O manejo no atendimento em SBV ao traumatizado considera a cinemática do trauma 
em todas as suas etapas e os princípios dos “3S” e “3C”. As especificidades decorrem 
das regiões impactadas, sua gravidade conforme extensão. Veremos agora dois 
principais traumas nos casos de emergência e urgência e suas características mais 
destacadas: o trauma cranioencefálico e o trauma raquimedular. 
4.5.1 Trauma cranioencefálico 
O traumatismo cranioencefálico (TCE) é definido como qualquer agressão gerada por 
forças externas capazes de ocasionar lesão anatômica ou comprometimento funcional 
de estruturas do crânio ou do encéfalo. Pode ser pelo impacto de um objeto ou por 
aceleração e desaceleração rápida da cabeça, gerando movimentos bruscos do tecido 
encefálico dentro da caixa craniana, liberação de neurotransmissores excitatórios e 
morte celular. É possível que o TCE resulte em fraturas ósseas, lesões encefálicas e/ou 
hematomas. 
Em relação às fraturas ósseas, elas podem ser lineares, deprimidas, compostas (contato 
do tecido encefálico com o meio externo, sendo denominadas de fratura exposta) e de 
base de crânio. 
As lesões encefálicas podem ser classificadas como: 
o Concussões: são microlesões no encéfalo devido a movimentos bruscos, 
principalmente, rotacionais, caracterizadas por perda de consciência 
momentânea, amnésia, letargia temporária e irritabilidade; 
o Contusões: são lesões estruturais do tecido encefálico que podem apresentar 
pequenas áreas de hemorragia, os sinais são alterações neurológicas por mais 
de 24 horas, déficits neurológicos focais conforme área atingida; 
 
 
 
62 
 
o Lesão axional difusa: estiramento dos neurônios em decorrência dos 
movimentos súbitos de aceleração ou desaceleração, perda de consciência é 
superior a seis horas; 
o Tumefação cerebral: edema cerebral (aumento de teor de água extravascular) 
ou aumento de volemia do cérebro pela vasodilatação, que pode ser difusa ou 
focal. 
Os hematomas são classificados conforme região atingida e são: 
o Epidural ou extradural: entre a calota craniana e a membrana mais externa de 
revestimento do cérebro, os sinais e sintomas são perda progressiva da 
consciência, hemiparesia e anisocoria. 
o Subdural agudo: entre a dura máter e a aracnoide, a fratura de crânio pode ou 
não estar presente, os sinais e sintomas são irritabilidade, vômitos, alterações 
do nível de consciência, assimetria de pupilas e alterações sensitivas e motoras. 
o Subaracnoide: entre a aracnoide e a pia máter, ocorre irritação meníngea, os 
sinais são cefaleia, fotofobia, náuseas e vômitos. 
o Intracerebrais ou intraparenquimatosos, com alta taxa de mortalidade, volume 
de sangue acima é superior a 5 ml; geralmente, evolui para coma, atinge o lobo 
temporal e frontal, a vítima apresenta déficit neurológico (depende da área 
afetada e do tamanho da hemorragia). 
Os cuidados à vítima de TCE remetem à avaliação primária contemplando a escala de 
coma de Glasgow já descrita anteriormente, o exame da cabeça e pescoço, a atenção 
para outros sinais de gravidade do TCE como sinais de perda liquórica, fraturas abertas, 
exposição de tecido cerebral, ferimentos extensos de couro cabeludo, e sinais de fratura 
de base de crânio. O histórico nos casos de TCE na possibilidade de levantar as 
informações deve enfatizar o histórico de convulsões, diabetes, acidente vascular 
cerebral (AVC), uso de drogas ilícitas ou álcool. 
Sobre o controle de sangramentos: no couro cabeludo, aplicar pressão direta nas bordas 
do ferimento, seguida de curativo compressivo (os sangramentos nessa região podem 
ser muito intensos). Em caso de deformidade óssea ou fratura aberta, não aplicar 
pressão sobre a lesão, somente na região adjacente, com cobertura sem compressão 
 
 
 
63 
 
excessiva; na orelha ou nariz, tamponar com material de curativo, permitindo 
vazamento leve para evitar elevação da pressão intracraniana (PIC). 
4.5.2 Trauma raquimedular 
A medula espinhal (ME) é um órgão que contém 31 pares de nervos espinhais que 
conduzem várias áreas do corpo humano e remete um sinal de alerta para casos de 
lesão, pois um dano pode interferir na comunicação das áreas inervadas pela ME com o 
sistema nervoso central. Em geral, as funções da ME são produzir células, transmitir e 
receber impulsos nervosos e gerar movimentos rápidos involuntários necessários em 
resposta a alguns estímulos: os reflexos (MACHADO, 2014). 
A lesão da medula espinhal pode ser originada por um trauma referente às causas 
externas, ou por fatores intrínsecos ao organismo como algum tipo específico de 
malformação, tumores que afetam a região da ME. É descrita pela alteração no 
funcionamento da medula pelo bloqueio parcial ou total da conexão com o sistema 
nervoso central e pode resultar em disfunções como: déficit sensitivo, superficial ou 
profundo, motor, hipotonia, ausência de reflexos, perdas motoras, paralisia, mudança 
na termorregulação, frequência cardíaca e pressão arterial, alterações nas funções 
sexuais, autonômicas e esfincterianas (CEREZETTI et al., 2012). 
O trauma raquimedular (TRM) ocorre por agressão, ou pode-se dizer, pela transferência 
de energia cinética para a medula espinhal. O TRM é dividido em duas etapas. A primária 
acontece logo após o acidente até oito horas, posteriorà ocorrência, e tem-se danos 
dos tecidos, rompimento dos axônios, a lesão das células nervosas e a ruptura dos vasos 
sanguíneos. 
Na etapa secundária, após uma a quatro semanas, formam-se tecidos de cicatrização e 
cistos no interior da medula espinhal, liberação de radicais livres que geram reações 
inflamatórias, hemorragias, edema e morte celular. As alterações do canal vertebral 
neste estágio implicam redução do fluxo sanguíneo e podem ser responsáveis por 
formar a lesão secundária (ALVARENGA et al., 2017). 
 
 
 
64 
 
O TRM em ambiente externo ao hospital deve ser investigado principalmente quando 
diante à cena do acidente for identificado: impacto violento na cabeça, no pescoço, no 
tronco ou na pelve; aceleração ou desaceleração repentina, inclinação lateral do 
pescoço ou tronco; qualquer tipo de queda, especialmente em idosos; ejeção ou queda 
de veículo motorizado ou outro dispositivo de transporte; acidente em águas rasas; 
lesão na cabeça, com qualquer alteração do nível de consciência; dano significativo no 
capacete; lesão contusa importante no tronco; fratura por impacto ou outro tipo de 
desaceleração nas pernas ou quadril; lesão na área da coluna. 
Na prestação de socorros em SBV ao trauma, até o serviço médico de urgência e 
emergência chegar ao local da ocorrência, o socorrista seguirá com a avaliação primária. 
Para conhecimento, as imobilizações necessárias que devem ser realizadas ao paciente 
com suspeita de TRM visam à proteção da medula espinhal para diminuir o risco de nova 
lesão ou agravamento do quadro. Na chegada do suporte avançado, serão realizadas: 
- Imobilização em posição supina (decúbito dorsal), alinhada e neutra em prancha rígida; 
- Estabilização e alinhamento manual da coluna cervical é uma medida de proteção, 
sendo realizada segurando a cabeça da vítima com cuidado e movendo-a até uma 
posição neutra, a não ser que seja contraindicado (como é o caso de piora da dor, do 
padrão respiratório, resistência ao movimento, aumento do déficit neurológico). Na 
posição alinhada neutra, deve ser mantida manualmente sem tração significativa, até 
que a imobilização mecânica do tronco e da cabeça seja completada (PHTLS, 2007). 
Conclusão 
O tema pertinente ao trauma provindo de causas externas é amplo, não havendo 
possibilidade de esgotar os conhecimentos sobre o assunto. Entretanto, a identificação 
prévia das ações da força e mecânica estudadas em cinemática e a previsão do tipo de 
lesão que pode ser resultado desse trauma são imprescindíveis quando na avaliação de 
uma vítima que sofreu um trauma. 
As avaliações primárias serão sempre a primeira escolha nas abordagens ao trauma e a 
qualquer momento se tornam necessárias repetidas séries de avaliações, e até mesmo, 
 
 
 
65 
 
da RCP. A lógica de imobilização da coluna cervical é padrão-ouro no que tangencia à 
minimização de novas fraturas e agravamento do estado de saúde. 
Referências 
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MACHADO, A. N. Politraumatizado em choque medular por traumatismo raquimedular. 
In: Seminário Científico da FACIG, 3., 2017. Manhuaçu, Brasil. Minas Gerais: Faculdade 
de Ciências Gerenciais de Manhuaçu. Anais... Manhuaçu, Brasil. Minas Gerais: 
Faculdade de Ciências Gerenciais de Manhuaçu, 9-10 nov. 2017. 
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para o SAMU 192 ̶ Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. 2. ed. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2016. 
CEREZETTI, C. R.; NUNES, G. R.; CORDEIRO, D. R.; TEDESCO, S. Lesão medular traumática 
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MACHADO, A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional. 3. ed. Atheneu, 2014. 
MILCHESKI, D. A.; FERREIRA, M. C.; NAKAMOTO, H. A.; PEREIRA, D. D.; BATISTA, B. N.; 
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http://www.who.int/gho/mortality_burden_disease/daly_rates/en/
http://www.who.int/gho/mortality_burden_disease/daly_rates/en/
 
 
 
67 
 
 
5 OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE) 
Apresentação 
O quinto e penúltimo bloco da nossa disciplina traz um assunto de extrema importância 
ao atendimento prestado no SBV por pessoas capacitadas, tendo em vista o período 
mínimo de tempo em que a vítima pode ir a óbito caso não seja prestada assistência 
adequada. Trata-se da obstrução de vias aéreas por corpos estranhos (OVACE). 
A OVACE é considerada dentre as causas de emergências no mundo e no Brasil a 
responsável por um número relevante de óbitos em ambos os contextos. Incide 
principalmente na faixa etária do período infantil, sendo uma das principais causas de 
acidentes entre um e três anos de idade. 
O bloco se divide em tópicos que reportarão assuntos predecessores da situação de 
OVACE, sua definição e classificação e, por último, o conteúdo relacionado às 
habilidades na prestação de socorro a uma vítima sufocada. Os tópicos são: 
5.1. Insuficiência respiratória aguda 
5.2. Vias aéreas 
5.3. Definição e tipos da OVACE 
5.4. Manejo da OVACE em vítimasadultas 
5.5. Manejo da OVACE em bebês até um ano (lactentes) 
5.1 Insuficiência respiratória aguda 
O conceito de insuficiência respiratória (IR) está relacionado com uma condição clínica 
concebida no organismo na qual o sistema respiratório apresenta déficit em manter os 
valores assentados como normais da pressão arterial de oxigênio (PaO2) e/ou da pressão 
arterial de gás carbônico (PaCO2). Em outras palavras, acontece a ineficácia da troca 
gasosa nos processos de ventilação, perfusão e difusão do oxigênio (PÁDUA et al., 2003). 
A IR é distinguida pelo tempo relacionado para sua instalação e manifestação no 
organismo. Pode ser aguda quando o tempo da deterioração das funções respiratórias 
 
 
 
68 
 
é dito como súbito de forma intensa; ou crônica. Isso significa que os declínios entre as 
trocas gasosas são configurados progressivamente no organismo por um período X de 
tempo (meses, anos). 
É evidenciado, entretanto, que, apesar da distinção entre aguda versus crônica, a IR 
aguda pode comprometer um indivíduo sadio, mas também um crônico com piora 
súbita de sintomas, por exemplo: a doença pulmonar obstrutiva crônica pode perdurar 
por um tempo longo, o que a caracteriza como crônica. Mas havendo piora abrupta dos 
sintomas, se converte para uma IR crônica agudizada (PÁDUA et al., 2003). 
As causas da IR podem ser por hipoxemia ou hipercapnia. Vamos entender o processo 
fisiopatológico de ambas (SCALAN et al., 2000). 
Hipoxemia: conhecida como causa hipoxêmica ou tipo I, os distúrbios acometem 
principalmente aos vasos e alvéolos pulmonares e resultam na instalação de hipoxemia 
(baixa concentração de oxigenação), representada por quedas dos valores de pressão 
arterial de oxigênio (PaO2). As principais patologias ligadas à IR hipoxêmica são: 
Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA), pneumonias, atelectasias, edema 
pulmonar, embolia pulmonar, asma grave, pneumotórax e DPOC. 
Hipercapnia: designada causa hipercápnica ou tipo II, a elevação dos níveis de gás 
carbônico incorre no aumento da pressão arterial de dióxido de carbono (PCO2) e resulta 
em declínio dos processos ventilatórios. A instalação do aumento da PCO2 é definida por 
patologias acometidas pelos seguintes motivos: 
➢ Alterações do sistema nervoso central; 
➢ Alterações neuromusculares, periféricas; 
➢ Disfunção da parede torácica e pleura; 
➢ Obstrução das vias aéreas superiores. 
Em relação aos indícios da IR, são distintos e reconhecidos conforme a causa (hipoxemia 
ou hipercapnia) e as particularidades de cada patologia ou situação, como por exemplo, 
a obstrução das vias aéreas, assunto dos próximos tópicos até o fim deste bloco. 
De forma abrangente, os sinais comuns na fase aguda são dispneia, taquicardia, 
ansiedade, vertigens e alteração do nível de consciência. A IR é evidenciada por sinais 
 
 
 
69 
 
decorrentes do sistema cardiovascular, podendo progredir para o choque do sistema 
circulatório seguido da PCR. 
5.2 Vias aéreas 
A obstrução de vias aéreas por corpos estranhos (OVACE) condiz com a situação onde 
acontece a oclusão das estruturas responsáveis pela respiração devido à aspiração 
(entrada) de um corpo estranho na laringe ou traqueia. 
As vias aéreas são as estruturas do organismo responsáveis em auxiliar o processo de 
ventilação, entrada de oxigênio da atmosfera para os pulmões, seguida da difusão, 
passagem das moléculas de oxigênio para os alvéolos, e perfusão, dos alvéolos para as 
hemácias. A partir desse ponto, as hemácias realizam o transporte das moléculas de 
oxigênio pelas diversas e distintas artérias para todos os órgãos e estruturas do 
organismo humano. Tal efeito é realizado por três caminhos: a circulação pulmonar 
(suprimento para os pulmões); a coronária (para os corações); e sistêmica (demais 
estruturas). 
Você pode estar se perguntando quais são as estruturas que compõem as vias do trato 
respiratório. São divididas em: 
Porção condutora: tem como função acondicionar, aquecer, umidificar e filtrar o 
oxigênio. É formada pelas cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios e 
bronquíolos. 
Porção respiratória: a sua função é de troca gasosa, ou seja, do processo de difusão e 
perfusão descrito anteriormente. É composta pelos bronquíolos respiratórios, dutos 
alveolares, sacos alveolares e alvéolos. 
A compreensão do mecanismo da obstrução das vias aéreas requer o entendimento de 
como cada estrutura das vias aéreas se comporta no nosso organismo. Assim, será 
possível relacionar com impacto e rapidez a gravidade em uma vítima da OVACE. A 
seguir, resumidamente serão descritas essas particularidades (GENESER, 2003). 
 
 
 
70 
 
 
➢ Fossas nasais: são revestidas por mucosas específicas que têm como funções 
manter as características necessárias para dificultar a entrada de partículas do 
meio externo, atuando como mecanismo de defesa e sensibilidade olfatória. 
➢ Seios paranasais: espaços aéreos situados no interior dos ossos frontal, etmoide, 
esfenoide e o maxilar, que se abrem para a cavidade nasal. 
➢ Faringe: conjunção entre a cavidade nasal e laringe, exercendo funções 
relacionadas ao sistema respiratório (ciclo respiratório), e digestivo (passagem 
de alimentos). Fazem parte da faringe: a nasofaringe e a orofaringe. 
➢ Laringe: estrutura tubular cartilaginosa responsável pela comunicação entre a 
faringe e a traqueia. Essa estrutura fica exposta a atritos e desgaste, e para tal, é 
revestida por tecido rico em fibras elásticas e mastócitos, os quais, por sua vez, 
reagem a hipersensibilidades que podem desenvolver o edema e a obstrução da 
laringe; 
➢ Traqueia: extensão da laringe. Sua função principal é a ação secretora, sendo 
que, por meio da produção de muco, são acionadas barreiras linfocitárias às 
partículas externas (exemplo: pó) que entram junto com o ar inspirado. As 
 
 
 
71 
 
estruturas que resultam da ramificação da traqueia são denominadas brônquios, 
que se dividem nos bronquíolos. Ambos auxiliam o sistema imune. 
➢ Dutos alveolares: são condutos longos e tortuosos formados pela ramificação 
dos bronquíolos. Em suas paredes, contêm os alvéolos e sacos alveolares. 
➢ Saco alveolar e alvéolos: pequenas evaginações em forma de saco, encontradas 
nos sacos alveolares, dutos alveolares e bronquíolos respiratórios com células 
epiteliais distintas. É nos alvéolos que ocorre a hematose popularmente 
conhecida como troca gasosa. 
➢ Barreira hematoaérea: camada lipoproteica que envolve os alvéolos e auxilia no 
processo de inspiração por meio da expansão dos alvéolos. 
➢ Pleura: camada serosa que envolve o pulmão. 
O conhecimento sobre a insuficiência respiratória e as vias aéreas permite com que 
você, aluno, avance ao conceito e características da OVACE a fim de adquirir habilidades 
para as ações realizadas, sequencialmente, no atendimento à desobstrução das vias 
aéreas. 
5.3 Definição e tipos da OVACE 
O engasgo ou sufocamento é um reflexo do organismo para expelir algo estranho que 
durante a deglutição, ou de forma inesperada, foi direcionado para o local incorreto do 
organismo que não possui estruturas e funções para absorvê-lo. Para compreender esse 
mecanismo, vale relembrar rapidamente que na parte superior da laringe localiza-se a 
epiglote, estrutura composta de tecido cartilaginoso cujo função é atuar como uma 
válvula que se abre com a intenção de permitir a entrada do oxigênio nos pulmões, e se 
fecha para impedir a entrada de alimentos ou quaisquer objetos no ato de engolir, 
dificultando o ato de respirar. 
Assim sendo, a aspiração por corpo estranho (ACE) é uma situação em que, por um 
descuido, ocorre a entrada de um objeto ou substância nas vias aéreas, podendo 
progredir para penetração dos pulmões. Essa ocorrência dificulta ou impede a 
respiração, ou seja, obstrui as vias respiratórias. Esse processo é considerado súbito e 
grave, define-se como asfixia. 
 
 
 
72 
 
A falta da entradado oxigênio nos pulmões reflete no déficit da sua distribuição para as 
estruturas do organismo humano que, por sua vez, necessitam do oxigênio para manter 
suas funcionalidades e vitalidade. Os possíveis resultados de uma OVACE sem 
atendimento adequado são lesões e sequelas por hipóxia celular que podem evoluir a 
óbito. 
Corpo estranho é assinalado como um objeto ou substância que invade o organismo por 
um orifício. São exemplos: brinquedos, tampas de caneta, botões, anéis, moedas, 
alimentos sólidos (amendoim, nozes, pipocas, castanhas, grãos diversos, caroços de 
frutas, espinhos de peixes etc.) e líquidos (FOLTRAN et al., 2013). 
A OVACE, geralmente, é alocada na laringe ou traqueia e pode ser considerada acidental 
ou intencional, de etiologia interna ou externa ao organismo. As vias respiratórias 
podem ser parciais ou totalmente obstruídas, o que acarretará a maior ou menor 
gravidade. 
➢ Etiologia 
o Intrínseca: interna ao organismo, queda da base da língua, trauma ou 
angioedema de laringe, também conhecida como edema de glote. 
o Extrínseca: externa ao organismo, com objetos e alimentos. 
➢ Gravidade 
o obstrução parcial ou incompleta da via (leve): passagem de ar acontece 
com dificuldade; capacidade de tossir preservada, são comuns sinais de 
ansiedade, agitação e angústia. 
o obstrução total ou completa da via (grave): incapacidade de respirar, 
tossir e falar; cianose de lábios e extremidades (reflexo da hipóxia), a 
vítima pode vir a perder a consciência, não respondendo a estímulos ou 
comandos. 
Os sinais e sintomas típicos para identificar um bloqueio na passagem do ar para os 
pulmões caracterizam-se pelo início súbito de desconforto respiratório com ruídos na 
respiração, tosse, dificuldade em falar, rouquidão, afonia ou disfonia, palidez e cianose 
labial. Como reflexo, a vítima nessas condições costuma levar as mãos ao pescoço. 
Usualmente, essa ação é considerada o sinal de socorro universal da asfixia. 
 
 
 
73 
 
Com os conhecimentos adquiridos nos próximos tópicos, você irá aprender o que fazer 
diante de uma situação que seja identificada como uma OVACE. 
5.4 Manejo da OVACE em adultos 
Diante de uma OVACE, a restauração e a manutenção da permeabilidade das vias são 
essenciais e devem ser feitas de maneira rápida e prioritária, pois a OVACE resulta em 
morte caso não tratada, em período curto de tempo. 
A técnica de escolha para desobstrução é a manobra de Heimlich, descrita em 1974 pelo 
médico norte-americano Henry Heimlich. A concepção principal na época era a indução 
da tosse de forma artificial através do aumento da pressão abdominal para expulsar o 
corpo estranho causador da obstrução. A partir de então, os estudos foram aprimorados 
e a manobra é utilizada nos dias atuais com algumas diferenças da técnica entre faixas 
etárias e grau de obstrução. 
Inicialmente, na identificação de um episódio testemunhado ou referido de engasgo 
com tosse e/ou sinais de sufocamento deve-se avaliar a gravidade e, a partir de então, 
realizar as ações de atendimento. A seguir, veremos as descrições do atendimento nos 
casos de OVACE e as particularidades que as diferenciam conforme descrito pelo 
protocolo de suporte básico da saúde do Ministério da Saúde (2016). 
O primeiro passo ao suspeitar que uma pessoa consciente esteja com a respiração 
prejudicada é perguntar: “VOCÊ ESTÁ SUFOCADO?”. 
1. Obstrução leve 
 Se a pessoa consegue falar, tossir com vigor (som) e respirar, você deve: 
➢ Não realizar nenhum tipo de manobra; 
➢ Acalmar a vítima; 
➢ Incentivar tosse vigorosa; 
➢ Observar atenta e constantemente (caso evolua para obstrução grave, 
realizar a manobra de Heimlich conforme próximas descrições); 
➢ Acionar ajuda, serviço de urgência e emergência. 
 
 
 
 
74 
 
2. Obstrução grave em vítima responsiva 
Se a pessoa acenar que sim, mas não consegue falar, tossir ou respirar, de forma 
adequada (tosse silenciosa), podemos concluir que é um caso grave e requer manobras 
de desobstrução imediatas. 
➢ Posicionar-se por trás do paciente, com seus braços à altura da crista ilíaca; 
➢ Uma das mãos deve se manter fechada, com a face do polegar encostada na 
parede abdominal, entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical, a outra mão 
deve estar espalmada sobre a primeira (para ficar mais claro, pense em 
abraçar ou contornar a vítima); 
➢ Com o correto posicionamento, realizar compressões abdominais firmes em 
movimentos rápidos e sucessivos, direcionados para dentro e para cima, até 
a expulsão do corpo estranho (para elucidar, o movimento de dentro para 
cima emite a sensação de levantar a pessoa do chão); 
➢ Repetir a manobra até a desobstrução ou a vítima tornar-se não responsiva 
(no caso de não responsiva, manobra descrita no item 3 Obstrução grave em 
vítima não responsiva, mais adiante). 
Observações importantes: 
❖ Em vítimas gestantes, realize as compressões sobre o esterno (tórax, 
linha intermamilar) e não sobre o abdome. 
 
 
 
 
 
 
75 
 
❖ Em vítimas crianças, conforme estatura, é necessário abaixar à altura que 
permita a posição correta da manobra (braços à altura das cristas ilíacas). 
 
3. Obstrução grave em vítima não responsiva 
Uma terceira situação que pode ocorrer é a suspeita de obstrução grave e a vítima 
acometida encontra-se inconsciente ou irresponsiva a estímulos e comandos (não 
acena, não coloca as mãos no pescoço). Nesse caso, a sequência estabelecida consta de: 
 
➢ Acionar ou solicitar a alguém próximo que acione o serviço de emergência e 
urgência; 
➢ A vítima deve ser posicionada em decúbito dorsal, preferencialmente em 
uma superfície rígida, checar pulso e, na sua ausência, realizar manobras da 
RCP; 
➢ Na ausência de respiração, mas com presença de pulso, realizar as 
compressões torácicas para remoção do corpo estranho; 
➢ Abrir vias aéreas, visualizar a cavidade oral e remover o corpo estranho, se 
visível e alcançável (com dedos ou pinça); 
➢ Manter manobras até resolução, checar pulso de forma síncrona e, na 
ausência, iniciar RCP. 
5.5 Manejo da OVACE em bebês até um ano (lactentes) 
Acidentes não intencionais são a principal causa de morte na infância no Brasil, sendo 
que a OVACE é responsabilizada por 84% desses acidentes na faixa etária entre cinco e 
 
 
 
76 
 
quatorze anos e a principal causa de morte acidental de bebês de até um ano de idade 
(AMARAL, 2019). 
Segundo Marsili e Machado (2020), grande parte dos acidentes que acontecem com as 
crianças e indicam situações de emergência são evitáveis recorrendo a questões simples 
como: 
➢ Oferecer o alimento adequado para cada faixa etária (processo de mastigação, 
reflexo da deglutição), cortar os alimentos de forma adequada, alimentação 
deve ser realizada sem pressa, estimular que a mastigação seja lenta, sentada; 
➢ A oferta de brinquedos deve ser apropriada para a faixa etária (tamanhos, 
formatos e composição condizentes); 
➢ Recém-nascidos e lactentes devem ser adequadamente posicionados no 
momento de dormir sem que ocorra risco de broncoaspiração, como por 
exemplo, do refluxo do leite materno após amamentação por falta de reflexo das 
estruturas necessárias para impedir esse processo. 
Os exemplos citados anteriormente indicam nas situações tangenciadas pela 
alimentação, diversão e sono, a possibilidade de pausas respiratórias ocasionadas por 
elementos que são potencialmente obstrutivos. 
Assim sendo, o manejo da OVACE em bebês até um ano deve ser realizado 
considerando, igualmente à fase adulta, os sinais de gravidade e, a partir de então, 
seguir a sequência para cada situação. 
1) Obstrução leve em bebê responsivo 
Se o bebê apresenta obstrução leve observada pelo ato de tossir, emitir alguns sons e 
respirar, os cuidados serão semelhantes às vítimas adultas, não sendo indicada a 
realização da manobra, e sim o estímulo à tosse. 
Caso o bebê evolua para obstrução grave refletida por intensa dificuldaderespiratória, 
incapacidade de tossir ou emitir qualquer som como chorar, é considerada abordagem 
específica para essa faixa etária, descrita a seguir conforme presença ou ausência da 
responsividade. 
 
 
 
77 
 
2) Obstrução grave em bebê responsivo 
 
➢ Sentar: a posição sentada é a escolha para realização das manobras em 
bebês; 
➢ Posicionar o bebê em cima do antebraço (deve estar apoiado na coxa do 
socorrista) em decúbito ventral (barriga para baixo / bruços); 
➢ Apoiar a região mentoniana do bebê com os dedos próximos à clavícula e 
fúrcula; 
o Esse apoio é imprescindível para abertura das vias aéreas, impede 
que o pescoço flexione, o que poderia dificultar a expulsão do objeto 
causador da obstrução; 
➢ Realizar inclinação para que a cabeça fique em nível inferior aos membros; 
➢ Com a outra mão, utilizar a região hipotênar para efetuar cinco compressões 
entre as escápulas; 
➢ Retornar o bebê para posição dorsal (barriga para cima) e realizar cinco 
compressões sobre o osso esterno (região intermamilar) com dois dedos; 
➢ Caso seja possível visualizar o corpo estranho, este deve ser retirado sem 
movimentos bruscos, de forma delicada, para que não ocorra nova aspiração; 
 
 
 
78 
 
➢ As compressões devem ser repetidas até expulsão ou chegada a um serviço 
de emergência; 
➢ Caso o bebê evolua irresponsivo, seguir orientações descritas no item 3. 
3) Obstrução grave em bebê irresponsivo 
➢ Acionar e/ou solicitar que outra pessoa acione o serviço de urgência e 
emergência; 
➢ Interromper as compressões anteriores à inconsciência apresentada, 
posicionar o bebê em decúbito dorsal em uma superfície rígida; 
➢ Verificar pulso; se ausente, realizar RCP; 
➢ Se pulso presente, iniciar as manobras aplicando inicialmente 30 
compressões torácicas sobre o esterno, logo abaixo da linha intermamilar, 
com o objetivo de expelir o corpo estranho; 
➢ Abrir vias aéreas e inspecionar a cavidade oral e remover (com os dedos) o 
corpo estranho, se visível e facilmente alcançável; 
➢ Repetir ciclos de compressões até que o objeto seja expelido ou houver 
chegada ao suporte avançado. 
Conclusão 
Este bloco foi conduzido em torno dos aspectos relacionados à interrupção inesperada 
da respiração pelo motivo obstrutivo, suas repercussões imediatas que auxiliam o 
reconhecimento rápido para direcionar as ações. Os manejos são guiados conforme a 
gravidade, se diferenciando para bebês e gestantes. 
Com todo o aprendizado, é importante que, como aluno, você compreenda a 
importância das ações desenvolvidas e realizadas pelos profissionais da saúde 
destinadas à população em relação à prevenção da OVACE que foram citadas no 
percorrer do bloco, são de simples entendimento e de fácil aplicação. 
Referências 
AMARAL, J. B. et al. Caracterização dos casos de óbito acidental de crianças por 
aspiração de corpos estranhos em Minas Gerais. Revista Mineira de Enfermagem, 
v. 23, p. 1-6, 2019. Disponível em: 
 
 
 
79 
 
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1051144. Acesso em: 23 fev. 
2023 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Intervenção 
para o SAMU 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2016. 
GENESER, F. Histologia: com bases moleculares. 3. ed. Buenos Aires: Médica 
Panamericana/ Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. p. 423. 
FOLTRAN, F.; BALLALI, S.; RODRIGUEZ, H.; VAN, A. B.; PASSALI, D.; GULATI, A et al. 
Inhaled foreign bodies in children: a global perspective on their epidemiological, clinical, 
and preventive aspects. Pediatr Pulmonol. v. 48, n. 4, p. 344-51, 2013. Disponível 
em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23169545. Acesso em: 22 mar. 2023. 
MARSILI, E.; MACHADO, V. Casa Segura. Criança Segura Brasil. 2020. Disponível em: 
https://bit.ly/3MeliZG. Acesso em: 26 mar. 2020. 
PÁDUA, A. I.; ALVARES, F.; MARTINEZ, J. A. B. Insuficiência respiratória. Medicina 
(Ribeirão Preto), v. 36, n. 2/4, p. 205-13, 30 dez. 2003. Disponível em: 
https://www.revistas.usp.br/rmrp/article / view/549. Acesso em: 20 mar. 2023. 
SCALAN, C. L.; HEUER, A. Gasoterapia medicinal. In: SCALAN, C. L.; WILKINS, R. L.; 
STOLLER, J. K. Fundamentos da terapia respiratória de Egan. São Paulo: Manole, 2000. 
p. 761-796. 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.revistas.usp.br/rmrp/article%20/%20view/549
 
 
 
80 
 
 
6 ATENDIMENTOS EM SBV 
Apresentação 
O último bloco desta disciplina contempla o conhecimento de outros acometimentos 
súbitos que gerem a necessidade de uma ação imediata a fim de não agravar o estado 
da vítima e minimizar as chances de óbito. Para finalizar a disciplina, é primordial elencar 
as questões éticas que abrangem o atendimento à população no tocante à saúde. Serão 
abordados os principais aspectos dos seguintes assuntos: 
6.1. Desmaio e convulsões 
6.2. Queimaduras 
6.3. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) 
6.4. Acidente Vascular Cerebral (AVC) 
6.5. Ética no atendimento em SBV 
 
6.1 Desmaio e convulsões 
6.1.1 Desmaio 
O desmaio, também conhecido como síncope, consiste na perda súbita e transitória da 
consciência e postura resultante em queda. Justificado por hipoperfusão cerebral difusa. 
Isso quer dizer diminuição da irrigação sanguínea cerebral. O desmaio tem curta 
duração, e conforme a causa, é revertido espontaneamente. 
As causas da ocorrência de um desmaio são distintas como hipoglicemia, hipotensão, 
estresse intenso e reflexos de algumas patologias como doenças cardíacas, 
respiratórias, circulatórias etc. Previamente a um desmaio, o organismo sinaliza a 
disfunção através de sintomas como vertigem, sensação de mal-estar, pele fria e pálida, 
sudorese e visão embaçada e é possível agir na prevenção da queda. 
A ação diante de uma situação de desmaio, ou na identificação dos sinais e sintomas 
que o antecedem, deve ser posicionar a pessoa deitada e elevar os membros inferiores 
acima do nível da cabeça, fato que auxilia o aumento do fluxo sanguíneo para as regiões 
 
 
 
81 
 
do coração e cérebro, aumentando os níveis da pressão arterial e auxiliando no retorno 
das funções. 
Vale ressaltar que é importante investigar e agir conforme a causa específica do 
desmaio, ou seja, perguntar à vítima ou caso seja possível a quem está a acompanhando 
sobre fatores que podem ter desencadeado o desmaio. Exemplo simples é quando a 
pessoa relata ser diabética e estar um período longo de tempo sem se alimentar. 
Situações em que a consciência não retorne e sejam identificados sinais de PCR devem 
seguir com manobras de RCP, acionamento do serviço de urgência e cuidados alusivos 
à situação. 
 
6.1.2 Crise convulsiva 
A crise convulsiva ocorre por desequilíbrio nas atividades de excitação e inibição devido 
a alterações eletroquímicas provenientes dos impulsos elétricos cerebrais. São divididas 
entre focais ou generalizadas conforme região cerebral atingida. 
São manifestados sinais e sintomas como: movimentos musculares involuntários, rigidez 
generalizada, tremores, alterações sensitivas, ausência da consciência, salivação 
excessiva e rigidez da mandíbula. Após período da convulsão, há sinais como liberação 
esfincteriana (eliminação de urina ou fezes), sonolência, confusão mental, agitação, 
flacidez e cefaleia. O tempo de duração de uma crise convulsiva é curto, entre 3 e 5 
minutos. 
As causas são diversas e podem ser devido à desidratação severa, intoxicação endógena 
ou exógena, hipertermia, traumatismo cranioencefálico, meningites, presença de 
tumores/massas cerebrais, uso de drogas etc. 
As ações frente a uma situação de crise convulsiva fora do ambiente hospitalar são 
destinadas principalmente à proteção da integridade da pessoa até o término da crise. 
É importante, assim, posicionar a pessoa deitada com a cabeça lateralizada (evitar que 
ela aspire secreções, excesso de saliva ou vômito e obstrua as vias aéreas) e proteger a 
cabeça para evitar traumasdevido aos movimentos involuntários. Manter-se ao lado da 
pessoa, retirar objetos (brincos, relógios, roupas apertadas) que possam prejudicá-la e 
aguardar a crise cessar. 
 
 
 
82 
 
Nas crises convulsivas, não se deve introduzir nenhum tipo de objeto na boca da vítima, 
não oferecer água, medicamentos ou qualquer elemento para ingestão. Ressalta-se que 
não se deve tentar conter, segurar a vítima, mas sim protegê-la. 
6.2 Queimaduras 
As queimaduras são definidas como lesões dos tecidos orgânicos, também ditas como 
traumas térmicos, derivadas da ação direta ou indireta de temperaturas extremas sobre 
a estrutura humana (VALE, 2005). 
Podem ser desencadeadas por exposição ou contato com fontes de calor (chama, 
líquidos, objetos sólidos ou vapor); por radiação (exposição prolongada aos raios 
ultravioleta, queimaduras solares, bronzeamento artificial, radiografia ou outras 
radiações não solares); por contatos químicos (ácidos fortes, álcalis fortes, fenóis, 
fósforo e derivados de petróleo, como a gasolina) e causas elétricas (contato com alta 
voltagem acomete músculos, nervos e vasos sanguíneos). 
As complicações provenientes das queimaduras incluem agravamentos físicos e 
psicológicos. O rompimento das barreiras da epiderme propicia a entrada de bactérias 
e, consequentemente, um possível processo infeccioso, o extravasamento de líquidos e 
o comprometimento da regulação térmica. Fatores como idade maior que sessenta ou 
menor que dois anos, presença de inalação de fumaça ou trauma e queimaduras com 
profundidade de espessura parcial aumentam a gravidade e índices de mortalidade. 
As repercussões sistêmicas consequentes das queimaduras são: hipovolemia, processos 
infecciosos, anormalidades metabólicas e hipotermia. 
Assim como as complicações de queimaduras variam, a escolha do tratamento e 
prognóstico também são distintos, conforme os fatores relacionados à própria 
queimadura, como extensão, profundidade, localização, agente causal, e inerentes à 
vítima, como idade, comorbidades prévias como diabetes, coagulopatias, entre outras. 
A classificação das queimaduras varia conforme porcentagem da área de superfície 
corporal atingida e profundidade. Em relação à profundidade, a nomenclatura antes 
designada como primeiro, segundo e terceiro grau foi alterada para, respectivamente, 
superficial, espessura parcial e espessura total. Suas características são (MÉLEGA, 2002): 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/rea%C3%A7%C3%B5es-%C3%A0-luz-solar/queimadura-solar
 
 
 
83 
 
➢ Superficial: restrita à epiderme, tem presença de eritema, é dolorosa e acontece 
a reepitelização total em alguns dias; 
➢ Espessura parcial: atinge parte da derme e pode ser superficial ou profunda: 
o as lesões superficiais são rosadas, úmidas e doloridas, formam bolhas e 
vesículas e sua cicatrização acontece em até 14 dias. 
o as profundas se apresentam esbranquiçadas e secas, podem formar bolhas e 
vesículas; devido à perda dos nervos terminais, a dor é diminuída ou ausente 
e a cicatrização acontece em até 34 dias. 
➢ Espessura total: 
o abrange toda a derme e subcutâneo, podendo se estender; 
o não é dolorosa, uma vez que atravessa toda a espessura da epiderme e 
derme; 
o não acontece a reepitelização, uma vez que as terminações nervosas 
foram rompidas. 
Em relação à superfície corporal atingida nos adultos, é considerada a cada segmento 
corporal o valor nove ou o dobro. A indicação é realizada em porcentagem e soma 100% 
da superfície corporal. Vamos exemplificar: 
1) Cabeça e pescoço (considerar um segmento corporal): 9% 
2) Tronco anterior (dois segmentos, tórax e abdome): 18% 
3) Tronco posterior (dois segmentos, costas e nádegas): 18% 
4) Braços direito e esquerdo, anterior e posterior (cada braço 9%): 18% 
5) Pernas direita e esquerda, anterior e posterior (cada perna 18%): 36% 
6) Região da genitália: 1% 
 
 
 
 
 
 
84 
 
 
Com o cálculo da porcentagem corporal, é possível identificar rápido e agilmente a 
superfície corporal atingida. Vamos exercitar! 
- Caso você encontre uma vítima de queimadura e identifique que a área atingida seja 
em ambos os lados da perna direita, conclui-se que a superfície corporal atingida é de 
18%. 
- Outra vítima apresenta ambos os troncos (anterior e posterior) atingidos e o braço 
esquerdo. A superfície corporal atingida é de 45%. 
Agora, vamos à ação! O que fazer ao se deparar com alguém vítima de queimadura? 
Muitos mitos populares indicam receitas para uma ação imediata ao encontro com uma 
pessoa em “chamas”. A intenção popular não deve ser julgada como negativa, pois se 
entende que existe sempre o intuito em ajudar, no caso de a queimadura amenizar a 
percepção sensorial da dor. O embasamento científico, entretanto, na prestação de 
cuidados às vítimas queimadas pressupõe o conhecimento prévio sobre as estruturas e 
funções da pele, a fisiopatologia da queimadura, assim como suas classificações e 
principais complicações. 
 
 
 
85 
 
O tratamento da queimadura será direcionado conforme ações realizadas no primeiro 
atendimento à vítima, ou seja, as ações básicas realizadas em ambiente fora do hospital 
são enfatizadas, pela necessidade em minimizar complicações. 
Os cuidados iniciais com a vítima de queimadura são neutralizar a fonte de calor ou 
agente da queimadura e cobrir a superfície queimada com tecidos secos e limpos para 
diminuir o risco de infecção. Para cessar a fonte de calor, deve-se colocar a área afetada 
em contato com água preferencialmente corrente em jato leve por aproximadamente 
15 a 20 minutos, em temperatura ambiente (nem gelada e nem quente) e, após, isolar 
com pano limpo e seco. Atentar para retirar roupas, adornos como brincos, relógios, 
anéis etc. Não deve ser aplicado qualquer outro tipo de substância, como pomadas, 
alimentos, folhas etc. 
Em casos de a vítima estar com o corpo em chamas, ela deve ser orientada a ‘PARAR, 
DEITAR E ROLAR’ para que o fogo pare. Não solicitar que ela corra (aumento das 
chamas). Após, realizar os cuidados. 
Os cuidados posteriores serão via suporte avançado de acordo com as complicações 
estabelecidas para restabelecer as funções sistêmicas acometidas. O acionamento do 
serviço médico de urgência, a identificação dos sinais de uma PCR e consequentes 
manobras para RCP, se assim for necessário, bem como especificidades do cuidado 
conforme necessidades (traumas, OVACE etc.) devem ser realizados conforme tópicos 
já vistos anteriormente. 
6.3 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) 
O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a causa mais prevalente de óbitos por doença 
cardíaca no Brasil, sendo o responsável por mais de 60.000 óbitos por ano. Apesar dos 
avanços tecnológicos e terapêuticos, a estimativa é um caso de óbito a cada cinco casos, 
o que infere elevada taxa de mortalidade relacionada ao IAM (MANSUR, 2012). 
O infarto agudo do miocárdio (IAM) consiste na existência de lesão na camada mais 
espessa do coração, chamada de miocárdio. O miocárdio é uma estrutura formada por 
músculo e está localizado entre outras camadas que revestem o coração, que são o 
pericárdio e o endocárdio. 
 
 
 
86 
 
Para entender como a lesão se instala e é eleita como causa do IAM, é necessário 
entender o início do processo que leva à ocorrência do infarto. A origem do IAM 
acontece pelo desprendimento súbito de uma placa aterosclerótica (contém gordura 
acumulada geralmente por altos índices de colesterol, cálcio e outros) cuja característica 
aterotrombótica (formação de trombos) procede em: rupturas, erosões superficiais, 
fissuras nas paredes das artérias, podendo evoluir a hemorragias profundas (SIERVULE 
et al., 2014). 
No IAM, as placas soltas causam oclusão parcial ou total da(s) artéria(s) envolvidas. O 
início, a evolução e as complicações decorrentes do IAM são mediados por processos 
inflamatórios das lesões instaladas e direcionarãoo tratamento e a reabilitação. 
De forma resumida, a sequência da instalação fisiopatológica do IAM se dá pela 
(MANSUR; FAVARATO, 2016): 
➢ Modificação abrupta da morfologia da placa aterosclerótica; 
➢ Desenvolvimento de trombos em razão da exposição do conteúdo necrótico e 
colágeno subepitelial da placa às plaquetas; 
➢ Vasoespasmo provocado por mediadores liberados por plaquetas; 
➢ Extensão do trombo ocasionado pela ativação da cascata de coagulação e pelo 
fator tecidual; 
➢ Oclusão do lúmen do vaso. 
A isquemia do miocárdio apresenta em um período curto de tempo (segundos) 
alterações bioquímicas pela interrupção do metabolismo aeróbico as quais são nocivas 
ao organismo. Explica-se devido à produção insuficiente de creatinina e adenosina que 
resultam no aumento de produtos resultantes de degradações como altas taxas de ácido 
lático, por exemplo. 
Como sinal e sintoma comum do IAM, identifica-se a dor com características específicas: 
➢ Localização: tórax, região epigástrica, mandíbula, ombro, dorso e membros 
superiores; 
➢ Qualidade: aperto, peso, opressão, desconforto; 
 
 
 
87 
 
o Irradiação da dor: membros superiores (esquerdo e direito ou ambos), 
mandíbula, pescoço, dorso e região epigástrica. 
➢ Duração: longa (mais de 20 minutos), se não intervenção; 
Náuseas, vômitos, sudorese, palidez, dispneia, síncope, agitação, ansiedade são sinais e 
sintomas que se associam à dor e caracterizam o IAM. 
Os fatores de risco que predispõem o acontecimento do IAM são hipertensão arterial, 
elevação dos níveis de colesterol, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo, uso 
excessivo de álcool e drogas e questões genéticas (hereditariedade). Já os aspectos que 
potencializam o desencadeamento do início súbito do IAM podem estar relacionados a 
condições súbitas relacionadas a questões físicas, de temperatura e estresse intenso. 
O diagnóstico do IAM procede diante de um tripé que contempla: 
1. Avaliação clínica dos sinais e sintomas; 
2. Alterações no exame de eletrocardiograma; 
3. Elevação no resultado das enzimas cardíacas. 
No caso do atendimento em SBV, a identificação será por meio dos sinais e sintomas e 
a vítima deve ser imediatamente encaminhada a um serviço médico de urgência e 
emergência onde prosseguirá com o tratamento medicamentoso e/ou hemodinâmico 
intervencionista para reperfusão da área acometida. 
6.4 Acidente Vascular Cerebral (AVC) 
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é considerado uma situação de emergência médica. 
Sua causa é consequência do desajuste do fluxo da circulação sanguínea destinada à 
região cerebral, que tem como resultado a morte celular pela carência do suprimento 
de oxigênio transportado pela circulação, ou seja, por hipóxia (BOTELHO, 2016). 
O AVC pode ser proveniente da obstrução de determinadas artérias e veias do sistema 
circulatório ou de um rompimento desses vasos. São respectivamente designados como 
AVC isquêmico e hemorrágico. 
O isquêmico, também conhecido como infarto cerebral, contempla a maioria dos casos 
de AVC. Os motivos podem ser por conta de trombose (formação de placas nas artérias 
 
 
 
88 
 
que irrigam o cérebro) ou embolia (deslocamento de um trombo ou placa de gordura 
originada em outra estrutura do organismo para a região de irrigação cerebral). 
No hemorrágico, o rompimento dos vasos sanguíneos pode acontecer em distintas 
áreas cerebrais (como vimos ao falarmos de trauma raquimedular), acarretando o 
aumento da pressão intracraniana, dificuldade no suprimento de oxigênio para as áreas 
afetadas. As lesões resultantes cuja causa é hemorrágica são consideradas de maior 
gravidade e são responsáveis por índices maiores de óbito por AVC. 
Os sintomas e sinais manifestados, de forma geral, são equivalentes em ambos os tipos 
de AVC. A peculiaridade é que podem acometer somente um dos lados do corpo 
conforme área e extensão cerebral atingida e podem ser transitórios (sintoma regride 
com o tempo e tratamento) ou permanentes. São exemplos típicos de sintomas em 
ambos os casos (MONTEIRO et al., 2022): 
➢ Fortes dores de cabeça que podem ter início súbito, associadas a náuseas e 
vômitos; 
➢ Diminuição da sensibilidade (sensação de dormência) em um dos lados da face 
e/ou membros superiores e inferiores; 
➢ Paralisias, dificuldade ou incapacidade de movimentar determinado lado dos 
membros superiores e inferiores; 
➢ Dislalia, perda súbita da fala ou dificuldade para se comunicar e compreender o 
que se diz; 
➢ Perda da visão ou dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos. 
Os sintomas específicos do AVC isquêmico são: vertigem, perda de equilíbrio, 
coordenação e/ou força, alterações na memória e cognição. Já no AVC hemorrágico é 
peculiar a confusão mental e, até mesmo, perda de consciência, sonolência, alterações 
nos batimentos cardíacos e na frequência respiratória e, eventualmente, convulsões. 
O estabelecimento do AVC no organismo está atrelado a fatores predisponentes 
apontados como de risco. Alguns fatores são a hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, 
consumo frequente de álcool e drogas, estresse, colesterol elevado, doenças 
cardiovasculares e sedentarismo. Fatores genéticos e hereditários também são motivos 
de atenção ao risco para o AVC. 
 
 
 
89 
 
O que fazer em situações em que sejam identificados critérios de suspeita de AVC 
compete em considerar os 3S, 3C e 3T do SBV, acionamento do serviço médico de 
urgência e emergência (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016): 
➢ Realizar avaliação primária: 
o Importante atentar para a permeabilidade das vias aéreas e a ventilação 
adequada. 
➢ Avaliar estado neurológico: 
o Escala de Coma de Glasgow e reação pupilar. 
➢ Posicionar a vítima em decúbito elevado: 
o Se inconsciência, mantê-la em decúbito lateral evitando episódios de 
obstrução de vias aéreas (principalmente, em caso de vômitos). 
➢ Em caso de ausência de frequência cardíaca e respiratória, iniciar manobras de 
RCP. 
➢ Aguardar chegada ao serviço médico de urgência e emergência. 
O desfecho do AVC está sujeito à gravidade da extensão e área cerebral acometida. Visto 
que é um caso grave, a vítima será encaminhada ao tratamento em ambiente hospitalar 
e, após alta para sua residência, continua com processo de reabilitação das funções 
corporais afetadas (mobilidade, independência física e psíquica e demais habilidades). 
6.5 Ética no atendimento em SBV 
A atuação na área da saúde é pautada no reconhecimento da saúde para as 
transformações exigidas ao desenvolvimento social, na possibilidade de melhorias da 
capacidade de organização e funcionamento do sistema, e na solução de problemas de 
saúde que afetam a maioria da população. 
Nesse cenário, a dimensão da formação tecnicista dos profissionais é evidenciada pelo 
processo de trabalho no intento da ação terapêutica de saúde do indivíduo ou grupos 
doentes, sadios ou expostos a risco, que requerem medidas que ensejam a preservação 
da saúde, a prevenção ou a cura de doenças (PIRES, 1999). 
A ocorrência de frenética evolução científica e tecnológica tangenciada pelo processo 
de globalização da economia mundial é fruto de mudanças que ocorreram nas 
 
 
 
90 
 
estruturas organizacionais. Para o exercício das profissões que atuam no cuidado em 
saúde à população, tanto de forma preventiva como intervencionista, é necessária a 
incorporação de uma série de competências e habilidades, relativas ao conhecimento 
teórico propriamente dito, bem como relacional, ético e político, coerentes com as 
demandas exigidas para o exercício profissional. 
Nessa conjuntura, pode-se afirmar que o agir do profissional inclui dois componentes 
igualmente importantes: o técnico-operativo e o ético-moral adquiridos e construídos 
na sua trajetória existencial e armazenados em sua bagagem cultural (OGUISSO et al., 
2017). 
Mas como podemos compreender a ética? 
A ética é um tipo de saber normativo que permite orientar as ações dosa melhor forma de 
garantir a troca gasosa assimilada com a inspiração e expiração. 
Os relatos mais antigos de reanimação consistiam em: aplicação de calor mediante 
exposição do abdome a objetos queimantes; chicoteamento ou flagelação com urtigas, 
plantas que têm como efeito causar reação irritativa na pele; utilização de foles de 
madeira nas vias aéreas para ventilação artificial; introdução de fumaça quente por via 
retal da vítima (TIMERMAN et al., 2007). 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Gradativo ao progresso das evidências científicas do corpo humano, sistema circulatório 
e respiração, as investidas nos métodos de manobras também evoluíram. Com o intuito 
de garantir a respiração e ativação dos pulmões, as estratégias ao fim do século XVIII à 
metade do XX consistiam em movimentos ritmados que permitiam a compressão e 
relaxamento do tórax. Alguns exemplos são: rolamento de vítimas de afogamento em 
barril; enterrar de forma parcial a vítima, deixando a cabeça exposta; acomodar a vítima 
sobre um cavalo e trotar com este (COSTA et al., 2007). 
 
 
 
 
 
9 
 
 
No avanço do empenho ao melhor método de manobra manual de primeiros socorros, 
considerando os aspectos circulatórios, padrões de fluxo de ar e gasto de energia, 
chegou-se ao método que perdurou por anos, denominado de “Holger-Nielsen” 
(manobras de compressão realizadas com a vítima em decúbito ventral) que foi 
aprimorado em “Holger-Nielsen” modificado, com elevação dos braços. 
Por fim, em 1960, é definido o terço inferior do osso esterno como o local de escolha 
para as compressões torácicas nos casos de PCR, que, realizadas de forma adequada, 
asseguram o funcionamento do sistema cardiovascular durante a RCP. A desfibrilação 
cardíaca, a ventilação artificial e os medicamentos utilizados durante o atendimento a 
uma PCR prosperaram em conjunto com a definição do local das manobras de 
massagem. 
1.3 Princípios fundamentais para o suporte básico de vida 
A capacitação para o atendimento em suporte básico de vida requer vários estágios, fato 
explicado pelas intérminas e complexas situações que acontecem no cotidiano do ser 
humano que demanda uma pessoa com conhecimento e treinamento necessários para 
evitar a sua morte e/ou a deterioração de seu estado no momento da assistência que 
será prestada. 
 
 
 
10 
 
Para tanto, o tema decorrente que será desenvolvido nesse ensejo diz respeito aos 
pressupostos básicos do atendimento em SBV. Isso significa: o que é prévio ao 
atendimento a uma vítima, o que se deve saber para concretizar o início de um socorro? 
Inicialmente, é recomendado entender como o organismo humano reage a uma 
situação que lhe causa estresse e sensação de perigo. Diante dos dois fenômenos, no 
corpo, ao perceber o estímulo, é despertada inquietação emocional. O corpo humano, 
conhecendo essa sensação, reage para enfrentar o que não está normal e libera um 
hormônio denominado adrenalina que, em instantes (pode-se dizer que de imediato), 
reflete sinais no próprio organismo. 
Aumento do ritmo cardíaco, da pressão arterial, das atividades metabólicas e da glicose 
são alguns dos efeitos da adrenalina dispensada para ajudar nosso organismo em 
situações de estresse, perigo e/ou medo. Dificuldade de concentração para tomada de 
decisão, tremores, impulsividade podem também ser efeitos da adrenalina liberada. 
Destarte, torna-se indispensável que cada um que escolha realizar o atendimento em 
suporte básico de vida, após capacitação adequada, identifique as suas próprias 
percepções diante de situações que acontecerão no dia a dia e possam vir a causar 
algum tipo de estresse e liberação de adrenalina. Por meio desse conhecimento, ou 
pode-se dizer autoconhecimento, é possível articular ações para minimizar esses efeitos. 
Assim, os princípios básicos e fundamentais a situações que requerem a assistência 
imediata de pessoas preparadas em suporte básico de vida são: 
→ Proteção ao perigo: 
✓ o socorrista deve perceber se não há perigo que possa vir a atingir mais 
uma pessoa ou ele mesmo (esse assunto será desenvolvido neste bloco 
nos próximos tópicos em avaliação de cena e segurança). 
→ Acionamento do serviço de atendimento emergencial (chamar ajuda!): 
✓ SAMU (192), Corpo de bombeiros (193); 
✓ organização do cenário: pode-se delegar à outra pessoa que esteja no 
local fazer esse acionamento (avaliar se a pessoa tem condições para 
 
 
 
11 
 
realizar; geralmente, identifica-se de forma rápida quem possa e queira 
apoiar; certificar que o fez); 
✓ tentar transmitir as informações com precisão e completudes: local (via 
pública, estrada, domicílio, referências), situação/riscos (vias 
movimentadas, bloqueios, riscos de desmoronamento, vítima presa em 
ferragens ou dentro do veículo, chuva no local), vítimas (quantidade, 
estado aparente, idades), tipo de acidente (doméstico, escolar, 
automobilístico, violência física / com arma de fogo, quedas), 
identificação de quem está ligando (nome e telefone – próprio ou de via 
pública). 
→ Manter a calma e serenidade (lembrar da ação da adrenalina no organismo); 
→ Comunicação firme, clara e efetiva com as pessoas que estão presentes no local 
e não são vítimas: 
✓ evitar que removam ou manipulem a vítima para evitar agravamento de 
lesões. 
→ Realizar a prestação da assistência necessária conforme identificação rápida 
das necessidades para evitar agravamento de lesões e/ou óbito: 
✓ as ações devem ser realizadas conforme conhecimento e segurança do 
socorrista; 
✓ cada um deve respeitar as suas limitações. 
→ Caso a vítima esteja consciente, manter contato verbal: 
✓ o objetivo é tentar, na medida do possível, manter a vítima tranquila para 
minimizar efeitos negativos. 
O atendimento ao SBV contempla algumas etapas divididas como: “3S” (cena, do inglês, 
scene, situação e segurança), “3C” (controle, comando e comunicação) e “3T” (triagem, 
tratamento e transporte). Os “3S” e os “3C” conheceremos mais a fundo a seguir. 
1.4 Avaliação de cena, segurança e situação 
O conteúdo abordado na avaliação de cena, segurança e situação pormenoriza alguns 
pontos destacados nos princípios fundamentais e acrescenta orientações necessárias. 
Importante assimilar que esses três parâmetros acontecem de forma sincronizada. 
 
 
 
12 
 
A avaliação de cena é o primeiro contato com o incidente e consiste de forma sucinta 
em olhar para o local do ocorrido (cena), e realizar uma avaliação rápida com 
informações completas e precisas na medida do possível, dos seguintes aspectos: 
✓ Segurança da cena: 
Cena segura: o local apresenta segurança para proceder com as demais etapas do 
atendimento e manter a vítima até a chegada do suporte avançado; sinalizar o local. 
Cena insegura: o local apresenta risco para atingir outras pessoas e o próprio socorrista; 
sem possibilidades de manter as ações nesta cena. 
Exemplos: risco de: desmoronamento; explosões (vazamento de gás, combustível); risco 
e/ou o próprio incêndio; choque elétrico (colisão com poste de energia, fios soltos); 
fatos relacionados ao trânsito (fluxo intenso de veículos, curvas fechadas, vias estreitas, 
chuvas, período noturno); quedas e afogamento (risco de outras pessoas sofrerem 
quedas e/ou afogamento). 
✓ Vítima(s): quantidade e condições 
É importante reconhecer o quantitativo de pessoas envolvidas no acidente (pode ser 
somente uma vítima ou múltiplas vítimas). Essa informação direciona o planejamento 
de recursos envolvidos pela equipe que prestará o suporte avançado ao chegar ao local. 
Na avaliação da cena, identificar as condições da(s) vítima(s) é imprescindível para 
transmitir a informação quando solicitado, o que ajuda aos suportes avançados, e, para 
que o(s) socorrista(s) possa(m) tomar a decisão mais adequada em relação à prioridade 
no atendimento mediante a gravidade das lesões. Quem atender primeiro? 
O método de classificação em SBV conforme a gravidadeseres humanos; 
pode ser assimilada como a ciência do fim, que norteia a conduta humana e deve ser o 
ideal ao qual o homem deve, por natureza, voltar-se. Assim, a ética proporciona uma 
reflexão sobre os profusos modos de justificar racionalmente a vida moral (CORTINA; 
NAVARRO, 2005). 
Entende-se que a partir da aplicação da ética o comportamento humano é direcionado 
pelo comportamento moral, o qual, no ambiente de trabalho, pode variar conforme as 
condições em que o homem organiza suas práticas relacionais no labor. 
Muitos são os dilemas éticos no cotidiano de quem vivencia o atendimento aos usuários 
do sistema de saúde, tanto pré quanto intra-hospitalar, sendo comum se deparar com 
limites impostos ao processo, ponto em que a postura ética se torna essencial para 
analisar, conforme a situação, as prioridades, os riscos e conseguir, assim, escolher a 
melhor opção para tratar determinado assunto (MASSAROLLO et al., 2019). 
Alguns dos diversos exemplos de dilemas éticos são: 
- O desrespeito aos direitos dos usuários dos serviços de saúde: na prática assistencial, 
muitas vezes, é negligenciada pelos profissionais da saúde a autonomia dos usuários do 
serviço com relação à tomada de decisões relativas à sua saúde, sua adesão ou não ao 
tratamento indicado conforme seus valores, crenças, necessidades, expectativas e 
prioridades; 
 
 
 
91 
 
- A distribuição justa de recursos disponíveis: apesar da intensidade dos avanços 
científicos e tecnológicos, não são incomuns ambientes cuja precariedade de recursos 
obrigue o profissional a escolher entre um ou outro paciente. São decisões que devem 
ter critério, fundamento e embasamento ético, além do compartilhamento com pessoas 
envolvidas (MASSAROLO et al., 2019). 
- A assistência a pacientes em cuidados paliativos: o tratamento de pacientes em 
cuidados paliativos no processo de morte e morrer implica dilemas éticos, tanto a 
profissionais da área da saúde quanto ligados ao direito, e inclusive a população leiga, 
no que diz respeito à conduta ética e mais adequada ante à terminalidade da vida 
humana (KIPPER, 2003). 
- A violência no ambiente de trabalho: as condições de trabalho que concedem relações 
pautadas em desrespeito e desordem, condicionadas à ocorrência de situações que 
envolvam características de violência no trabalho, não devem ser aceitas como 
inerentes ao labor e, sim, como inadmissíveis (HAGOPIAN, 2019). 
Em todos os contextos citados acima, reside a questão ética na prestação de serviços à 
saúde. Essa dimensão conota como inerente ao exercício da profissão os fundamentos 
e saberes que incluem os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à igualdade, à 
segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade, e a ser tratada sem distinção de classe 
social, geração, etnia, cor, crença religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, 
identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou 
condição social. 
Conclusão 
Finalizamos com este bloco a disciplina de Suporte Básico de Vida. Com os 
conhecimentos adquiridos, é possível estabelecer ações para auxiliar e atender a 
população, em geral, em situações súbitas que acontecem diariamente sem aviso 
prévio. 
Vale ressaltar que a cada conteúdo ministrado as possibilidades de aprofundar e 
especificar o conhecimento são vastas e percorrem continuamente com os avanços 
científicos e tecnológicos. 
 
 
 
92 
 
Por último, é importante que você, como estudante, possa assimilar que a todo evento 
agudo que pode aumentar os riscos de mortalidade na população em geral há ações de 
prevenção e promoção. Como profissional da área da saúde, deve incentivá-las. 
 
Referências 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Intervenção 
para o SAMU 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2016. 
BOTELHO, T. S. et al. Epidemiologia do acidente vascular cerebral no Brasil. Temas em 
Saúde, v. 16, n. 2, 2016. 
CORTINA, A.; NAVARRO, E. M. Ética. São Paulo: Loyola, 2005. 
HAGOPIAN, E. M. Contornos da violência na Enfermagem: abordagem quantitativa 
[Tese]. São Paulo: Escola de Enfermagem, 2019. 
KIPPER, D. J. Medicina e os cuidados de final de vida: uma perspectiva brasileira e latino-
americana. In: PESSINI, L.; GARRAFA, V. (org.). Bioética: poder e injustiça. São Paulo: 
Loyola, 2003. p. 409-14. 
MANSUR, A. P.; FAVARATO, D. Tendências da Taxa de Mortalidade por Doenças 
Cardiovasculares no Brasil, 1980-2012. Arq. Bras. Cardio., v. 107, n. 1, p. 20-25, 2016. 
MASSAROLLO, M. C. K. B; FERNANDES, M. F. P.; SANTOS, M. J. Ética e Gerenciamento 
em Enfermagem. In: KURCGANT, P. Gerenciamento em Enfermagem. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. p. 13-20. 
MÉLEGA, J. M. Cirurgia plástica – Fundamentos e arte: princípios gerais. 1. ed. Rio de 
Janeiro: Medsi, 2002. 
MONTEIRO, W. A.; OLIVEIRA, C. R. V.; BITTENCOURTL, R. P.; REIS, B. A importância da 
mobilização precoce em acidente vascular cerebral prévio: uma revisão de 
literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 8, p.e9921, 2022. 
 
 
 
93 
 
OGUISSO, T.; ZOBOLI, E. Ética e bioética: desafios para a enfermagem e a saúde. 2. ed. 
Manole, 2017. 415 p. 
PIRES, D. A estrutura objetiva do trabalho em saúde. In: Programa de Pós-Graduação em 
Enfermagem/UFSC. Processo de trabalho em saúde: organização e subjetividade. 
Florianópolis: Papa-Livros, 1999. p. 25-48. 
SIERVULE, M. T. F.; SILVA, A. S.; SILVA, A. C. et al. Infarto do miocárdio: alterações 
morfológicas e breve abordagem da influência do exercício físico. Rev. Bras. Cardiol., 
v. 27, n. 5, p. 349-355, 2014. 
VALE, E. C. S. Primeiro atendimento em queimaduras: a abordagem do dermatologista. 
EMC. An. Bras. Dermatol, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0365-
05962005000100003. Acesso em: 29 mar. 2023. 
 
 
 
 
https://doi.org/10.1590/S0365-05962005000100003
https://doi.org/10.1590/S0365-05962005000100003das vítimas, definido como 
triagem, evoluiu concomitante à evolução das boas práticas de atendimento em 
urgência/emergência e, nesse sentido, instrumentos foram desenvolvidos com o 
objetivo de facilitar essa identificação. É notório, entretanto, que a utilização desses 
instrumentos será conforme disponibilidade de socorristas versus vítimas. 
Existem três níveis de triagem na prestação de assistência em SBV fora do ambiente 
hospitalar. A capacitação prevista em SBV contempla a triagem primária que é o 
 
 
 
13 
 
primeiro contato com a vítima em cena segura para estabelecer a gravidade. As demais 
triagens, segundo e terceiro níveis, consistem em reclassificar a vítima por profissional 
médico e, por último, a triagem da evacuação que está interligada com a quantidade de 
recursos móveis para transporte, disponibilidade de vagas e tempo de deslocamento 
(FIOCRUZ, 2003). 
Em nível primário, um método conhecido como START (triagem simples e tratamento 
rápido) tornou-se escolha em vários locais do mundo pela simplicidade em sua 
aplicação. Consiste em avaliar a capacidade de andar, realizar a avaliação da respiração, 
circulação e nível de consciência. A partir da análise desses parâmetros, a vítima é 
identificada conforme prioridade de atendimento por cores destacadas, a seguir (FRANC 
et al., 2021): 
Verde: a vítima é capaz de andar, pode apresentar lesões leves (por exemplo: estar 
assustada, com dores, escoriações, presença de sangue); 
Amarela: a vítima apresenta lesões, mas pode aguardar por um tempo até atendimento 
(por exemplo: estar com fraturas de membros superiores ou inferiores); 
Vermelha: a vítima apresenta lesões graves e é a prioridade no atendimento devido à 
probabilidade de sobrevida (por exemplo: estar com tórax instável por trauma); 
Cinza: lesões críticas que indicam óbito (a pessoa não responde, não respira, tem PCR 
com massa encefálica exposta). 
A ordem de avaliação segundo o método START segue o fluxo e desdobramentos 
apresentados a seguir: 
1. Capaz de andar: VERDE 
2. Não é capaz de andar: verificar a respiração 
2.1. Não respira: checar obstrução de vias aéreas (OVAS), alinhar a cabeça, 
proteger a coluna cervical e tracionar a mandíbula 
2.1.1. Não respira após verificação de OVAS: CINZA 
2.1.2. Respira após verificação de OVAS: VERMELHA 
 
 
 
14 
 
2.2. Respira 
2.2.1. >30 MRM: VERMELHA 
2.2.2.Dados sobre morte súbita. 22 fev. 
2023. Disponível em: https://www.sobrac.org/campanha/arritmias-cardiacas-mortes-
subita. Acesso em: 4 mar. 2023. 
TIMERMAN, A. et al. Passado, presente e futuro: a história da ressuscitação no mundo 
e no Brasil. In: TIMERMAN, A.; GONZALEZ, M. M. C.; RAMIRES, J. A. F. Ressuscitação e 
emergências cardiovasculares: do básico ao avançado. Barueri: Manole, 2007. p. 7-26. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.sobrac.org/campanha/arritmias-cardiacas-mortes-subita
https://www.sobrac.org/campanha/arritmias-cardiacas-mortes-subita
 
 
 
18 
 
 
2 CICLO VITAL E VULNERABILIDADE 
Apresentação 
O segundo bloco da disciplina de SBV contempla o conteúdo referente a duas 
perspectivas preliminares para o desenvolvimento dos atendimentos em situações que 
exijam o SBV, que são: o ciclo vital e a vulnerabilidade; e os sinais vitais temperatura e 
frequência respiratória (os demais serão vistos no Bloco 3). Ambas as vertentes 
preparam o estudante para reconhecer sinais clínicos e sociais que indiquem 
adversidades e requerem ações. 
O desenvolvimento será apresentado nos tópicos: 
2.1. Etapas vitais 
2.2. Vulnerabilidade e risco 
2.3. Vulnerabilidade individual, social e programática 
2.4. Sinais Vitais – definição e importância 
2.5. Sinais Vitais – temperatura e frequência respiratória 
2.1 Etapas vitais 
Ciclo vital requer um breve entendimento sobre a palavra ciclo, a qual é originária do 
latim cyclus e remete a um período de tempo que ao findar retorna ao início. Apropriar-
se desse conhecimento direcionando para a esfera do ser vivo irradia a ideia de 
perpetuação da espécie, uma vez que o ser vivo ao chegar ao fim (morte), não retorna 
ao início (nascimento). Oportunizar condições para continuidade da espécie 
(reprodução) permite voltar ao começo, ideia de ciclo. 
Posto isso, o ciclo vital é o período compreendido entre o início e o fim, ou seja, 
condicional a todo ser vivo, compreende o espaço de tempo entre o nascer e o morrer, 
a vitalidade e o finamento. Segundo Simões (2004), o ciclo vital é o tempo projetado 
como progressão cronológica rumo à finitude. 
O ciclo vital varia conforme as características biológicas estabelecidas e definidas para 
cada espécie, por exemplo, o ciclo de vida dos insetos é diferente do dos mamíferos e, 
 
 
 
19 
 
entre estes, é diferente também. O aluno não deve esquecer que os determinantes 
sociais interferem na dinâmica de cada etapa. 
O ciclo vital é dividido em etapas que irão percorrer as atividades entre origem e finitude 
mediante nascimento, desenvolvimento, reprodução e morte. Cada fase é representada 
pelas conexões do “ser” biológico com o “ser” social. Você, como aluno da área da 
saúde, deve compreender que no ciclo vital está o processo saúde-doença no qual o 
profissional atuará tanto de forma generalizada quanto especializada. 
Para que possa entender a complexidade do processo saúde-doença, é necessário 
dominar as etapas do ciclo vital e o que é considerado adequado para cada fase. 
Posteriormente, será possível estabelecer um elo entre normal versus anormal, saúde 
versus doença, e assim, tomar as decisões pertinentes para cada etapa e situação. 
As etapas do ciclo vital de forma compacta são: concepto (antes do nascimento), recém-
nascido, infância, adolescência, adulto, meia-idade e idoso. As nomenclaturas podem 
variar de acordo com a referência, cultura e/ou época. 
Pormenor, as fases podem ser classificadas com maior precisão segundo suas 
características em relação a tempo cronológico, desenvolvimento cognitivo, psicomotor 
e habilidades sociais (GONÇALVES, 2016). Por conseguinte, você pode observar em 
síntese o que vincula cada fase, todavia, a descrição é considerada pela evidência de 
cada etapa o que pode variar conforme determinação social e cultural. 
✓ Concepção: início do ciclo vital e ocorre a união do espermatozoide com o 
óvulo. 
✓ O período da vida intrauterina é evidenciado pelo desenvolvimento e 
multiplicação das células para formação dos órgãos e maturação das 
funções e características desse novo ser humano. Os comportamentos, 
exposições e processos que a gestante vivencia interferem na 
programação neurofisiológica do feto e são responsáveis pelas 
características e possíveis alterações que esse ser vivo irá desenvolver. 
Exemplo: processos de estresse e ansiedade vivenciados durante a 
gestação aumentam os riscos de alterações de comportamento como 
 
 
 
20 
 
déficit de atenção, agressividade e hiperatividade durante a infância 
(GARBELINI, 2022). 
✓ Pré-natal: 
✓ Ovo ou zigoto, do início até 14 dias, as células se multiplicam. 
✓ Embrião, de 14 dias a 3 meses, os órgãos se formam. 
✓ Feto, de 3 a 9 meses, desenvolvimento dos órgãos e amadurecimento das 
suas funções para sobrevivência no ambiente extrauterino. 
✓ Infância: 
✓ 1ª infância, até 3 anos: desenvolvimento da linguagem e locomoção, 
importância da alimentação, estímulos, interação e calendário vacinal. 
✓ 2ª infância, de 3 a 6 anos: expansão da imaginação e criatividade, início 
da socialização. 
✓ 3ª infância, de 6 a 11 anos: inserção no ambiente escolar, fortalecimento 
da socialização, conhecimento de limites. 
✓ Adolescência: 
✓ Pré-adolescência, de 11 a 14 anos, surgem manifestações no corpo que 
caracterizam e fortalecem as características femininas e masculinas pela 
atuação de hormônios. Biologicamente, o organismo inicia as 
transformações para reprodução. 
✓ Adolescência, de 14 a 17 anos, progressão no amadurecimento dos 
órgãos reprodutores, alterações comportamentais tendem a labilidade 
de humor (fragilidade e sentimentos extremos de euforia e tristeza, amor 
e ódio). 
✓ Juventude, 17 a 20 anos, construção social, escolhas profissionais. 
✓ Fase adulta: 
✓ Adulto jovem, de 20 a 40 anos, inserção no mercado de trabalho, auge da 
produtividade, estabelecimento de relações como casamento e 
maternidade / paternidade. 
✓ Meia-idade, de 40 a 60 anos, alterações corporais e comportamentais do 
climatério para as mulheres, saída dos filhos de casa (síndrome do ninho 
 
 
 
21 
 
vazio, sentimento de “luto” pela saída dos filhos dos lares), prevalência 
do aparecimento de doenças crônicas. 
✓ Idoso, acima de 60 anos, aposentadoria, declínio das funções físicas e 
cognitivas, diminuição da autonomia, necessidade de apoio familiar e 
social para atividades cotidianas. 
✓ Morte, caracterizada pelo fim do ciclo vital, idade cronológica indefinida, 
caracterizada por rituais conforme cultura. 
Em função das características biológicas e sociais de cada etapa vital, é possível discorrer 
sobre as questões de vulnerabilidade e risco, no próximo tópico. 
2.2 Vulnerabilidade e risco 
Uma linha tênue reveste a proximidade entre os conceitos de vulnerabilidade e risco 
que serão apontados a seguir. Você deve, contudo, entender que ambos os conceitos 
estão envoltos por contextos históricos e sociais. Isso quer dizer que a vulnerabilidade e 
o risco diferem entre populações conforme o histórico construído por cada uma. São 
distintas também as áreas da ciência que se utilizam da completude do significado de 
ambos os fenômenos. 
A vulnerabilidade antecede ao risco e evoca fragilidade que, por sua vez, indica “ser 
frágil”, ou ter um risco de se quebrar com facilidade. Transferindo essa primeira 
descrição para a área de atuação do profissional da saúde, associa-se à vulnerabilidade 
a concepção de fraqueza. 
A palavra vulnerável, do latim, vulnerare, tem o significado de ferir, e vulnerabilis, que 
causa lesão. Como dito anteriormente, a aplicação da vulnerabilidade abrange múltiplas 
dimensões. Algumas definições a seguir exemplificam o sentido dessa condição para 
cada área de interesse. 
No domínio jurídico, a vulnerabilidade está intrinsecamente relacionada com o modo de 
reconhecer situações de fragilidade que atingem certas populações, principalmente,no 
que concerne à não garantia de seus direitos civis, políticos e sociais (FIGUEIREDO et al., 
2017). Na alçada biológica, segundo Ayres (2014), a probabilidade de uma pessoa 
 
 
 
22 
 
adoecer e o potencial para o enfrentamento de uma doença indica a vulnerabilidade a 
que esse ser está exposto. 
Em referência às questões sociais, a vulnerabilidade pode ser designada como: 
O estado de indivíduos ou grupos que, por alguma razão, têm sua capacidade 
de autodeterminação reduzida, podendo apresentar dificuldades para 
proteger seus próprios interesses devido a déficits de poder, inteligência, 
educação, recursos, força ou outros atributos (BARCHIFONTAINE, 2006, p. 
437). 
Para Carneiro e Veiga (2004), a vulnerabilidade é consonante com a exposição 
acentuada de riscos, aliada à diminuição da capacidade material, comportamental e 
simbólica de pessoas e famílias para enfrentar e superar situações adversas. 
Agora, vamos ao significado de risco. Risco indica a probabilidade de algo acontecer e 
pode ser utilizado como um instrumento para identificar possíveis efeitos. A partir da 
análise da evidência do risco, torna-se possível planejar ações para diminuir efeitos 
indesejados. Exemplo: o idoso encontra-se em uma fase do ciclo vital em que ocorrem 
declínios físicos e mentais justificados pelo tempo cronológico de sua idade, sendo 
assim, essa é uma etapa em que a pessoa idosa se torna vulnerável a quedas. 
Identificando quais os fatores de risco que elevam a possibilidade de o idoso cair, é 
possível agir nesses elementos e minimizar esse risco, como por exemplo, uso de 
dispositivos que o ajudem a deambular (bengala). 
A percepção de risco implica, além do resultado subsequente de um dano, a 
possibilidade de perda de qualidade de vida pela ausência de ação preventiva. 
(JANCZURA, 2012). Para esclarecer, pense no exemplo anterior que relaciona a queda 
com o idoso. O que pode vir a ocorrer caso um idoso sofra uma queda da própria altura? 
Ele pode apresentar uma fratura do osso fêmur, precisar de intervenção cirúrgica e 
durante sua internação hospitalar, dependendo do seu histórico de saúde 
(comorbidades previamente existentes como hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
doenças cardiovasculares), devido à baixa imunidade contrair uma infecção. 
Esse quadro tende a interferir diretamente na piora de qualidade de vida desse idoso, 
de forma multifatorial, como alimentação, locomoção, perda de autonomia, 
 
 
 
23 
 
necessidade de maior apoio familiar e social, aumento de gastos financeiros com 
medicamentos, entre outros. 
Com base no conhecimento da conceituação e distinção entre vulnerabilidade e risco, 
no próximo item serão apresentadas as três dimensões em que a vulnerabilidade pode 
ser expressada. 
2.3 Vulnerabilidade individual, social e programática 
A vulnerabilidade pode ser resultado de três condições distintas: a individual, a social e 
a programática, sendo que as referências sociais e programáticas fazem parte do grupo 
coletivo. 
A dimensão individual engloba aspectos biológicos, emocionais, cognitivos, 
comportamentais e alusivos aos relacionamentos sociais. A dimensão social é 
influenciada por inúmeros aspectos, que são: culturais, sociais, econômicos, estruturais 
relacionados à educação, comunicação, políticas sociais, questões de gênero, cultura e 
religião, os quais corroboram com a acessibilidade a bens e serviços. 
Por sua vez, as particularidades da dimensão programática contemplam os recursos 
sociais cruciais para a segurança do indivíduo no que pode violar sua integridade e 
deteriorar seu bem-estar físico, psicológico e social. O acesso a tais instrumentos deve 
ser efetivo e democrático. 
Os três domínios são fundamentais ao entendimento da vulnerabilidade, levando em 
consideração as experiências emitidas por cada um e como as pessoas os enfrentaram 
mediante histórias de superação ou não. 
Segundo Ayres et al. (2009), algumas características devem ser destacadas na tentativa 
de particularizá-las. Podemos citar: 
1. Individual: 
✓ Valores, crenças, interesses, desejos, conhecimentos, atitudes, 
comportamentos; 
✓ Relações: familiares, de amizades, afetivo-sexuais, profissionais; 
✓ Situações: material, emocional, física; 
 
 
 
24 
 
✓ Redes de apoio e suportes sociais. 
2. Social: 
✓ Normas sociais, crenças religiosas e referências culturais; 
✓ Relações: gênero, raça/etnia, gerações (conflitos); 
✓ Estigmas e discriminação; 
✓ Empregabilidade (questões salariais); 
✓ Acessos: educação, justiça, cultura, lazer, esporte e mídia; 
✓ Liberdade de pensamento e expressão, participação política e cidadania. 
3. Programática: 
✓ Política: compromisso dos governos; definição, planejamento e avaliação de 
políticas específicas, assim como a participação social nessas funções e na 
sua gestão; recursos humanos e materiais dispendidos; 
✓ Governabilidade e controle social; sustentabilidade institucional e material; 
✓ Articulações multissetoriais das ações e atividades intersetoriais; 
✓ Organização, acesso e qualidade dos serviços de saúde; 
✓ Integralidade e equidade da atenção; enfoque interdisciplinar, integrando 
promoção, prevenção e assistência; 
✓ Profissionais: preparo tecno-científico; comprometimento e 
responsabilidade; respeito, proteção e promoção dos direitos humanos; 
✓ Participação da comunidade na gestão dos serviços. 
A fim de exemplificar alguns cenários que potencializam as vulnerabilidades, podemos 
elencar: índices elevados de desemprego, analfabetismo, situações de violência, 
precariedade na educação/escolarização; alimentação deficitária; profissões insalubres; 
relações de poder; condições sanitárias inadequadas, entre outros (DIMENSTEIN et al., 
2020). 
Como aluno, você deve entender que as assimetrias sociais acrescem os cenários de 
vulnerabilidades nos países e é a partir da análise desses indicadores que ações de 
planejamento, na área da saúde, devem concentrar esforços, intensificando o princípio 
de equidade do Sistema Único de Saúde. Através do reconhecimento das necessidades 
 
 
 
25 
 
de grupos específicos (importância de entender conceitos e distinções de 
vulnerabilidade e risco), as práticas almejam diminuir o impacto dessas discrepâncias. 
2.4 Sinais Vitais – definição e importância 
Agora que já foi delimitado o conhecimento necessário para reconhecer situações que 
envolvem vulnerabilidade e risco, sejam elas individuais, sociais e/ou programáticas, 
nossos estudos transportam-se para questões biológicas do organismo humano. Neste 
e no próximo tópico, os aprendizados serão direcionados para a construção do domínio 
dos sinais vitais. 
O que são sinais vitais? Parece simples e realmente é, mas o importante é compreender 
o que cada sinal vital indica sobre o funcionamento do organismo no ser humano. 
Vitalidade significa capacidade de viver conforme o conjunto das funções vitais dos 
órgãos do ser humano. Assim sendo, os sinais vitais são definidos como critérios do 
funcionamento regular dos órgãos vitais, e quando alterados, sinalizam as necessidades 
de ações (MURTA, 2009). 
Em outras palavras, os sinais vitais são parâmetros básicos e indispensáveis que indicam 
o estado de saúde e, por meio da aferição, identificação e avaliação, é possível assegurar 
o funcionamento dos sistemas circulatório, respiratório, neural e endócrino. 
Veja bem: um dos grandes desafios em cuidar, nos processos de saúde e doença durante 
todo o clico vital, é a tomada de decisão, portanto, saber identificar e avaliar o 
significado dos sinais vitais e o que suas alterações podem dizer sobre o organismo 
humano favorece a melhor escolha no momento da tomada de decisão do profissional. 
Complementar a importância da verificação seriada dos sinais que indicam o 
funcionamento e as alterações do organismo humano é analisar como se comportam 
esses sinais mediante ações planejadas ao diagnóstico comotratamento, a fim de 
manter ou mudar a rota do recurso terapêutico. Contribuir na prevenção de danos 
através da identificação precoce de eventos que podem afetar a qualidade do cuidado 
é ponto crucial que tangencia a verificação e análise dos SSVV. 
 
 
 
26 
 
Um exemplo simples que evidencia o efeito de um recurso terapêutico nos sinais vitais 
é o estudo que teve como objetivo comparar a comunicação não verbal de crianças 
hospitalizadas antes e durante sua interação com palhaços através da avaliação dos 
SSVV pré e pós-interação. Truques de mágicas, malabarismos, cantar e brincar com 
bolhas de sabão por aproximadamente vinte minutos proporcionaram normalidade das 
pressões arteriais sistólicas e diastólicas e diminuição da pontuação da dor (percepção) 
na maioria das crianças (ALCANTARA et al., 2016). 
Ao aprofundar a interferência do riso como consequência de um recurso terapêutico 
planejado e manifestado pelos SSVV pressão arterial e dor, é possível discorrer o que 
acontece com o organismo quando manifesta o riso (BERN; LEVY, 2000): 
✓ Redução de hormônios relacionados com a fisiologia do estresse (adrenalina e 
cortisol); 
✓ Diminuição da dor (aumenta a produção de endorfina, hormônio produzido pela 
hipófise que induz sensação de bem-estar, satisfação e felicidade); 
✓ Melhora da resposta do sistema imune (estimulação da produção de 
imunoglobulina ‘A’ e estimulação do timo que produz linfócitos ‘T’); 
✓ Aumento da atividade respiratória, das trocas de oxigênio, da atividade muscular 
e do ritmo cardíaco que segue com sensação de relaxamento muscular, 
normalização da pressão sanguínea (Sinal Vital), o que previne doenças 
cardíacas. 
O exemplo do riso demonstra efeitos gerados no organismo por meio de uma ação (riso) 
que é manifestada mediante aferição, identificação e avaliação dos SSVV. Com isso, é 
visível a importância desses sinais como métodos valiosos para o profissional saber o 
que está acontecendo nos bastidores internos do organismo. 
2.5 Sinais Vitais – Temperatura e frequência respiratória 
Tendo em conta a notabilidade dos SSVV e seus desdobramentos diante da classificação 
e características de cada parâmetro, os SSVV são compreendidos por temperatura, 
frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão arterial e pela dor que, em meados 
do ano 2000, foi incluída como parâmetro vital, também designada como o 5º sinal vital. 
 
 
 
27 
 
A respeito da temperatura, os seres humanos são considerados endotérmicos, ou seja, 
produzem seu próprio calor e controlam sua temperatura para manter a homeotermia 
por meio de um sistema denominado termorregulação, independente do meio externo. 
Diferentes são os seres ectotérmicos, que não possuem essa capacidade e dependem 
do meio ambiente externo como fonte de calor. 
A temperatura é controlada pelo hipotálamo, estrutura endócrina situada na base do 
encéfalo que possui, dentre várias funcionalidades, o controle da temperatura corporal, 
ou seja, quando exposto a altas ou baixas temperaturas, o hipotálamo administra os 
comandos para regulação da temperatura corporal média. 
Em baixas temperaturas (frio), o estímulo é para que ocorra contração dos capilares da 
pele a fim de reduzir o fluxo de circulação sanguínea e o calor, assim, não seja 
desperdiçado ao meio externo. Manifestações como contração muscular e tremores são 
consequentes desse mecanismo. Em contrapartida, em altas temperaturas (calor), os 
capilares recebem a mensagem por meio de estímulos nervosos para que dilatem e o 
calor, assim, se dissipe, ou seja, o calor é eliminado do corpo humano através, por 
exemplo, do suor. 
Alterações consideradas normais aos parâmetros da temperatura corporal podem ser 
designadas como fisiológicas, como consequência de estresse, extremos de idade 
(recém-natos / idosos), ação da atividade física e níveis hormonais alterados (ciclo 
menstrual, menopausa). Por outro lado, como sinal de alerta, a febre aumenta a 
temperatura corporal acima dos parâmetros considerados normais em resposta à 
ativação do sistema imune, devido a fatores que devem ser investigados (doenças 
causadas por bactérias ou vírus, reações inespecíficas, intoxicações, entre outros). 
Os parâmetros de temperatura podem sofrer mínimas variações de acordo com a 
localização geográfica e/ou referência científica, mas normalmente são considerados 
parâmetros normais a média de 36,7° (35,3° – 37,3°); febrícula entre 37,3° e 37,8º; febre 
acima de 37,8°, e febre alta acima de 39° (BICUDO, 2002). Os termos hipotermia e 
hipertermia são utilizados, respectivamente, para indicar temperatura abaixo de 35° 
(hipo) ou acima do ponto de regulação térmica (hiper). 
 
 
 
28 
 
Sinais e sintomas de alerta às alterações não fisiológicas relacionadas à temperatura 
podem se manifestar por calafrios, extremidades frias, taquicardia, taquipneia, 
náusea/vômitos, crises convulsivas, confusão mental, inapetência, apatia, cefaleia e 
sudorese intensa. 
As aferições da temperatura evoluem em paralelo às tecnologias e podem ser 
verificadas por vias axilar (comum, menos precisa, pode sofrer interferência do suor), 
retal (precisa, porém, desagradável e menos comum), oral (leitura lenta, a saliva pode 
alterar), timpânica (mais comum em bebês, mas cerume pode interferir) (POTTER et al., 
2018) e, recentemente, com a pandemia, por termômetros infravermelhos na testa. 
A frequência respiratória está ligada à respiração e é condizente com o número de ciclos 
respiratórios (inspiração e expiração) em um período específico de tempo. É controlada 
pelo centro respiratório localizado na região do bulbo no tronco cerebral e tem a função 
de manter as pressões parciais de oxigênio (PO2) e de gás carbônico (PCO2) dentro da 
normalidade. 
Nesse contexto, os conceitos de ventilação, difusão e perfusão devem ser assimilados 
como momentos da movimentação de oxigênio e gás carbônico, sendo a ventilação a 
movimentação desses gases de dentro para fora dos pulmões; a difusão ocorre para 
alvéolos e hemácias, e, na perfusão, das hemácias para os capilares sanguíneos 
(GUYTON, 2000). 
Conceitos relacionados à frequência respiratória são definidos a seguir, com alguns 
exemplos de causas: 
✓ Taquipneia: rápida e superficial (derrame pleural, edema pulmonar, ansiedade, 
febre); 
✓ Hiperpneia: aumento da amplitude dos movimentos (ingestão de drogas ilícitas, 
acidose metabólica); 
✓ Bradipneia: redução do número de movimentos respiratórios (lesões neurológicas); 
✓ Apneia: interrupção dos movimentos respiratórios por um determinado período de 
tempo prolongado (apneia do sono); 
 
 
 
29 
 
✓ Suspirosa: suspiros frequentes entre os movimentos respiratórios (questões 
emocionais). 
As aferições devem ser realizadas pelo número de respirações por minuto (movimentos 
respiratórios por minuto – MRM), indicando sua ventilação; profundidade (superficial, 
profunda ou normal), e ritmo regular ou irregular. Exercício físico, dor, ansiedade, 
tabagismo, posição corporal, uso de determinados medicamentos, alterações 
neurológicas e/ou hemorragias podem ser responsáveis por alterações dos parâmetros 
normais da FR (POTTER et al., 2018). 
As referências normais da FR variam conforme idade, sendo estabelecidas pela 
American Heart Association (AHA, 2015) e consistem em: 
✓ 1 a 12 meses de idade: 30 a 53 MRM 
✓ 1 a 2 anos: 22 a 37 MRM 
✓ 3 a 5 anos: 20 a 28 MRM 
✓ 6 a 12 anos: 18 a 25 MRM 
✓ 13 a 18 anos: 12 a 16 MRM 
✓ Adultos: 12 a 20 MRM 
✓ Adultos > 40 anos: 16 a 25 MRM 
Valores abaixo dos parâmetros mínimos de cada fase são considerados bradipneia e 
acima taquipneia. 
Conclusão 
Este bloco conduziu, você, aluno, a adquirir conhecimentos que lhe permitam olhar para 
o ser humano por determinados ângulos, como os relacionados a vulnerabilidades e 
riscos, que atingem de forma individual e/ou coletiva determinadas populações por 
motivos que podem ser considerados individuais,sociais e/ou com nível 
estrutural/programático. 
A oportunidade em aprimorar o nivelamento das identificações de situações que 
aumentem ou diminuam riscos de fragilidade, independente do motivo, nos 
responsabiliza a pensar e planejar ações que mitiguem esses riscos. 
 
 
 
 
30 
 
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https://doi.org/10.21527/2179-1309.2016.98.79-110
 
 
 
32 
 
 
3 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA 
Apresentação 
O terceiro bloco da disciplina de SBV dá continuidade ao conhecimento e 
desenvolvimento sobre os sinais vitais: frequência cardíaca, pressão arterial e dor, e 
você irá aprender sobre as habilidades e competências necessárias na parada 
cardiorrespiratória (PCR) e, consequentemente, ressuscitação cardiopulmonar (RCP). 
O desenvolvimento será apresentado nas etapas: 
3.1. Sinal vital – frequência cardíaca 
3.2. Sinal vital – pressão arterial 
3.3. Sinal vital – dor 
3.4. Parada cardiorrespiratória 
3.5. Ressuscitação cardiorrespiratória 
 
3.1 Sinal vital – frequência cardíaca 
A frequência cardíaca (FC) representa a velocidade do ciclo cardíaco pelo número de 
vezes que o coração bate por um minuto. O início e término do batimento cardíaco é o 
tempo entre a contração (sístole) e relaxamento (diástole) do coração. 
Comumente, remete-se circulação sanguínea à função de distribuição de oxigênio entre 
coração-pulmão, coração-tecidos (demais órgãos) através do sangue. O sangue rico em 
oxigênio é distribuído para o pulmão e restante dos órgãos, e ao coração, é retornado 
do pulmão e demais órgãos com sangue rico em gás carbônico. Nesse retorno, acontece 
a troca gasosa, ou seja, através da expiração é eliminado o gás carbônico, e da 
inspiração, recebido o oxigênio. Mas o que significa todo esse processo analisado pelos 
olhos internos de nosso sistema? 
O sistema circulatório é composto pelo sistema sanguíneo: coração, vasos (artérias, 
veias e capilares) e sangue; sistema linfático, que contempla linfonodos, vasos linfáticos, 
 
 
 
33 
 
linfa e tonsila; órgãos hematopoiéticos, que são representados pelo timo, baço e medula 
óssea. 
Vamos delimitar nosso olhar, nesse momento, para o sangue. O sangue é um fluido ou 
tecido corpóreo que tem como funções transportar, regular e proteger. O transporte é 
referente a: oxigênio e gás carbônico, do coração para o pulmão, para tecidos e para o 
próprio coração; a nutrientes relacionados ao trato gastrointestinal; a células 
relacionadas ao sistema renal, e a hormônios relacionados ao sistema hormonal. A 
regulação refere-se ao pH, temperatura e proteínas presentes em nosso sistema, e por 
último, a função de proteção corresponde ao sistema de coagulação e sistema imune. 
Com essa breve descrição, é possível que você entenda a complexidade das 
composições e funções do sangue que circula pelo organismo humano através dos 
mecanismos de comando do coração. Para entender a frequência cardíaca (FC), você 
deve relembrar o que acontece entre o período inicial e final de batimento. 
Didaticamente, esse aprendizado é estabelecido pelas etapas e funções do ciclo 
cardíaco: 
1) Início do batimento, ou origem do ciclo, é a contração do músculo cardíaco 
denominada sístole. O que acontece com o coração na sístole? 
Na sístole, os ventrículos cardíacos se contraem e ejetam sangue para a circulação 
pulmonar e sistêmica através das artérias. A circulação pulmonar é também conhecida 
como pequena circulação e consiste na relação estabelecida entre coração e pulmão. A 
circulação sistêmica ou grande circulação é a interação do coração com todos os tecidos 
dos demais órgãos. Existe também a circulação coronária, que é intrínseca ao coração. 
Isso quer dizer que faz o suprimento do próprio órgão (GUYTON, 2006). 
2) Término do batimento, ou fim do ciclo, é o relaxamento do músculo cardíaco, 
intitulado como diástole. Na diástole, os ventrículos desativam a contração por meio do 
relaxamento e o sangue é retornado ao coração (enchimento) através das veias. Ao fim 
de um batimento e completude do ciclo, inicia-se outro de forma ininterrupta. 
 
 
 
34 
 
As funções de contratilidade e relaxamento do músculo cardíaco são consideradas 
propriedades mecânicas do coração, o qual também possui atividades eletrofisiológicas 
(automatismo, condutibilidade e excitabilidade), que são representadas pelos traçados 
do eletrocardiograma. 
Assimilar a fisiologia de um batimento cardíaco permite ao aluno valorizar a verificação, 
identificação e avaliação do valor resultante da FC. A sua aferição é medida, palpando 
superficialmente o pulso e expressada em batimentos por minuto(bpm). Os locais mais 
comuns da palpação são as artérias radial, carótida, poplítea, femoral, pediosa, e menos 
comum, da tibial anterior. 
 
Três elementos devem ser avaliados ao verificar a FC (POTTER, 2018): 
1. Frequência: número de vezes do batimento em um minuto; 
2. Amplitude: cheia ou normal (fácil palpação, não interrompida pela pressão 
da aferição), e filiforme ou fraca (difícil percepção, facilmente interrompida 
pela pressão do toque); 
3. Ritmo: sequência e intervalos regulares ou irregulares. 
 
 
 
35 
 
Os conceitos indicados, a seguir, referem-se aos parâmetros que podem ser avaliados 
conforme as nomenclaturas (POTTER, 2018): 
✓ Normocardia (o paciente está normocárdio): frequência cardíaca normal; 
✓ Bradicardia (o paciente está bradicárdico): frequência cardíaca abaixo do 
normal; 
✓ Taquicardia (o paciente está taquicárdico): frequência cardíaca acima do 
normal; 
✓ Bradisfigmia: pulso fino (filiforme) e paciente bradicárdico; 
✓ Taquisfigmia: pulso fino (filiforme) e paciente taquicárdico. 
Os parâmetros normais da FC variam conforme faixa etária, durante a prática de 
exercícios físicos, no contato com variações de temperatura, sobre condições 
emocionais, efeitos de determinadas medicações, uso de substâncias como drogas e 
álcool, mudanças posturais e diante diagnóstico de certas patologias. 
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os valores de referência por faixa etária 
variam entre crianças (lactantes 120-160 bpm, pré-escolares 80-110 bpm, e escolares 
74-100 bpm), adolescentes (60-90 bpm) e adultos (60-90 bpm). 
3.2 Sinal vital – pressão arterial 
Os conhecimentos prévios analisados no tópico anterior permitem integrar o 
aprendizado acerca da pressão arterial (PA). Para que as sístoles e diástoles aconteçam, 
é necessário que seja gerada uma força/tensão nas paredes das artérias, o que, por sua 
vez, permite que o sangue flua para o seu destino. 
Essa tensão/força gerada na parede das artérias compreende um sinal vital e reflete as 
pressões arteriais sistólica (PAS) e diastólica (PAD). A pressão máxima também referida 
como PAS representa a sístole e é determinada pelo volume de sangue no momento de 
contração, velocidade de ejeção e elasticidade da aorta. A pressão mínima também 
conhecida como PAD representa a diástole e os seus resultados expõem a resistência 
periférica do vaso e o débito cardíaco (DC). 
O DC é uma medida indicativa do desempenho cardíaco, calculado em litros por minuto, 
faz referência ao fluxo sanguíneo ejetado pelo ventrículo esquerdo para o organismo, 
 
 
 
36 
 
ou seja, multiplica-se a FC pelo débito sistólico. O sentido contrário do débito cardíaco 
é o retorno venoso que é fluxo de sangue que retorna ao coração pelas veias. Ambas as 
medidas (débito cardíaco e retorno venoso) devem ser iguais em parâmetros normais 
(GUYTON, 2006). 
A resistência periférica condiz com a capacidade dos vasos arteriais em contrair 
(vasoconstrição) e dilatar (vasodilatação). Em outras palavras, diminuir e aumentar os 
diâmetros de seus calibres. Assim sendo, quanto maior a PA, o coração 
obrigatoriamente necessita exercer maior força para contrair e relaxar (apresenta maior 
resistência periférica e aumenta o seu débito cardíaco). Do contrário, quanto menor a 
pressão, o coração exerce menos força para completar o ciclo cardíaco e fornecer 
sangue conforme sua fisiologia. 
A PA pode apresentar variações por questões fisiológicas e comportamentais que 
predispõem à instalação da hipertensão arterial sistêmica (HAS), como fatores 
emocionais, estresse, prática de exercício físico e período do dia (atividades e 
descanso/sono), herança genética, tabagismo, sedentarismo, alimentação não 
balanceada (consumo excessivo de sal), consumo excessivo de bebidas alcoólicas, entre 
outros (LIMA et al., 2023). 
Alguns sinais e sintomas que indicam alterações de pressão acima dos parâmetros 
normais são dores no peito, cefaleia, náusea, vertigem, epistaxe e visão turva. A pressão 
abaixo dos parâmetros normais é sinalizada por mal-estar, vertigem, desmaios, 
sensação de falta de ar, entre outros. 
São considerados parâmetros normais da PA ou pré-HAS conforme Diretrizes Brasileiras 
de HAS (2021): indivíduos com PAS entre 120 mmHg e 139 mmHg e PAD entre 80 mmHg 
e 89 mmHg. Indivíduos com valores de PA igual ou acima de 140x90 são considerados 
hipertensos. 
A verificação da PA é realizada posicionando o esfigmomanômetro desinsuflado no 
braço (local mais comum) do paciente, localizar a artéria braquial através da 
palpação da pulsação e posicionar o estetoscópio na mesma. Insuflar o manguito 
até 20 mmHg a 30 mmHg e, após, abrir a válvula para desinsuflar lentamente. 
 
 
 
37 
 
O que ouvimos quando desinsuflamos o manguito são os sons de Korotkoff que 
determinam a PAS e PAD. Nicolai Sergei Korotkoff foi um cientista russo que descreveu 
os sons durante a aferição da PA e determinou qual som representava a sístole e a 
diástole. Os sons são estabelecidos por fases (POTTER, 2016): 
Fase 1: passagem do primeiro fluxo de sangue ao início da desinsuflação, representada 
pelo primeiro ruído audível (som forte) e identificada como pressão sistólica (ao ouvir o 
primeiro som, a pressão que aparece no manômetro é a máxima e deve ser registrada); 
Fase 2: sons definidos como sibilantes são caracterizados pela baixa frequência, também 
conhecidos como murmúrios; 
Fase 3: amplificação dos sons da fase 2, na audição ficam nítidos, firmes e claros; 
Fase 4: abafamento dos sons da fase 3, que parecem desaparecer; 
Fase 5: cessam os sons, o que corresponde à pressão diastólica (ao ouvir o último som, 
a pressão que aparece no manômetro é a mínima e deve ser registrada). 
Além da verificação da pressão arterial pelo método de Korotkoff, existe a técnica que 
não se utiliza da ausculta para identificar sons, mas sim, a palpação da artéria e 
percepção da amplitude no primeiro e último momento do ciclo cardíaco (menos 
comum). Em ambientes hospitalares, a pressão arterial pode ser verificada diretamente 
através da punção arterial e conexão a recursos tecnológicos (monitores). 
A pressão arterial, sua verificação adequada, identificação do significado (o que o 
resultado expresso em valores representa) e avaliação para planejamento da ação são 
fundamentais ao profissional da saúde para estabelecer prioridades em seus cuidados. 
 
 
 
38 
 
 
3.3 Sinal vital – dor 
Em meados do ano 2000, a dor passou a ser considerada e difundida mundialmente 
como o 5º sinal vital, sendo igualmente mensurada, identificada e avaliada no momento 
de verificação dos outros sinais vitais. 
A aferição da variação dos valores mensurados quando fora dos padrões considerados 
normais deve ter a mesma seriedade aplicada na aferição dos demais SSVV no 
tratamento e manejo do cuidado. Justifica-se essa necessidade por entender-se que o 
sinal dor não é apenas um sintoma e pode, muitas vezes, ser indicativo de alerta a 
agravamento do estado de saúde. 
Para exemplificar quadros de dores agudas que revelam alterações: dor no abdome 
pode indicar problemas com o apêndice, vesícula biliar, necrose intestinal que, muitas 
vezes, necessitam de intervenções cirúrgicas; quadro de dor na região torácica 
(popularmente dor no peito) pode indicar o infarto agudo do miocárdio (IAM). A fim de 
diferenciar o diagnóstico, descartar possibilidades de gravidades maiores e planejar o 
tratamento de forma individualizada e integral, é primordial considerar a dor como 
elemento imprescindível no histórico do paciente. 
Você pode estar se questionando: qual o melhor método para mensurar a dor? Antes 
da resposta, é necessário refletir sobre a dor. Segundo Sousa (2002): 
 
 
 
39 
 
A dor pode ser definida como uma experiência subjetiva que pode estar 
associada a dano real ou potencial nos tecidos, podendo ser descrita tanto 
em termos desses danos quanto por ambas as características.A evolução do entendimento da dor levou a defini-la como uma percepção subjetiva e 
pessoal, ou seja, não existe um meio pragmático para especificar a dor, sem, contanto, 
entender o todo. Para Sousa (2002), essa experiência é caracterizada pela 
multidimensionalidade, considerando o fator qualidade e intensidade sensorial. 
Motivações afetivas podem direcionar a percepção da dor. 
Nesse cenário, foram criados instrumentos para aproximar a identificação da percepção 
de dor. Os métodos unidimensionais são os mais utilizados em serviços de saúde como 
hospitais. São escalas que possibilitam rapidez e facilidade na aplicação. 
✓ Escala numérica de dor: progressão numérica entre 0 e 10, sendo 0 nenhuma 
dor e 10 o máximo de dor. 
✓ Escala visual-analógica de dor: régua com diferentes colorações; nas 
extremidades, indica frases como “dor zero” ou “sem dor” e, opostamente, “dor 
máxima” ou “pior dor”. 
✓ Escala verbal de dor: não existe padrão progressivo para classificação, o paciente 
classifica subjetivamente, por exemplo – dor leve, moderada, intensa; dor 
mínima, média e máxima. 
✓ Escala comportamental da dor: utilizada para pacientes em estado crítico, 
geralmente em unidades de terapia intensiva (UTI), após intervenções cirúrgicas 
ou conforme histórico que não permite interação com paciente (neurológico). A 
dor é avaliada identificando situações de sofrimento, como por exemplo, faces 
ou expressões de dor, ato de gemer; aumento da pressão arterial e cardíaca 
podem indicar sofrimento e dor. 
As escolhas dos instrumentos levam em consideração faixa etária, histórico da 
patologia, situação social, familiar e cognição, entre outros. Independente do 
instrumento, a dor deve ser avaliada nos seguintes aspectos: frequência, persistência, 
duração, qualidade da dor (aguda, crônica, prolongada, similar à queimação, se limita 
outras atividades, impede deambulação), localização exata (precisão na identificação do 
local, se é difusa, profunda, superficial, irradia para outro local), fatores exorbitantes ou 
 
 
 
40 
 
atenuantes (se alguma posição do corpo ameniza ou intensifica) (VORPAGEL et al., 
2022). 
Diferente dos unidimensionais, métodos multidimensionais buscam distintos elementos 
da dor, como: fatores comportamentais, sensoriais, afetivos, fisiológicos e contextuais. 
Você acaba de finalizar os estudos sobre os sinais vitais e a importância de cada um no 
desfecho do paciente que irá cuidar. A partir dos próximos temas, você será conduzido 
aos conhecimentos e habilidades de situações relacionadas a atendimentos prestados 
em SBV, como parada cardiorrespiratória (PCR) e ressuscitação cardiopulmonar (RCP), 
traumas, obstrução de vias aéreas superiores (OVAS) e outros acontecimentos súbitos. 
3.4 Parada cardiorrespiratória 
A PCR é determinada pela interrupção da circulação sanguínea devido à parada dos 
batimentos cardíacos e das atividades elétricas do coração. O reflexo da PCR é a 
ausência de FC e FR. Nos casos de PCR, são necessárias ações imediatas e eficazes, caso 
contrário, sem retorno dos batimentos cardíacos em poucos minutos o quadro agrava-
se. Incompatível com a vida, os casos de PCR sem atendimento, ou, sem sucesso no 
desfecho, são seguidos pela morte (PAZIN, 2003). 
De acordo com a AHA (2021), um índice abaixo de 40% de vítimas de PCR recebe o 
atendimento necessário em ambiente fora das instituições de saúde, e a cada minuto 
sem tentativas de RCP, as chances de sobrevida diminuem em 10%. A ocorrência de 
lesões neurológicas, por hipóxia, após 3 minutos, é alta. Isso significa que as vítimas que 
foram acometidas por essas lesões, sobrevivendo à PCR, podem apresentar sequelas. 
Em contrapartida, a brevidade do acesso à vítima e reconhecimento da PCR 
concomitante com a RCP imediata de qualidade, e possibilidade de desfibrilação em até 
3 minutos, triplicam os índices de sobrevida. 
As doenças cardiovasculares prévias, como HAS e trombose coronariana, têm estreita 
relação com as causas da PCR. Outras patologias e/ou eventos são: lesão do miocárdio 
por trauma, ferimento por arma de fogo (FAF), esmagamento do tórax, IAM; 
hemorragias (choque hipovolêmico ou hemorrágico – volume de sangue insuficiente 
 
 
 
41 
 
para manter o ciclo cardíaco); choque séptico (comprometimento e incapacidade do 
fígado em metabolizar substâncias mediadoras da infecção liberadas na circulação); 
lesão neurológica grave por traumatismo (trauma cranioencefálico TCE) ou acidente 
vascular encefálico; intoxicações exógenas ou endógenas (monóxido de carbono, 
ingestão incorreta de determinados medicamentos); falência respiratória por obstrução 
das vias aéreas (afogamento, broncoaspiração); distúrbios eletrolíticos. 
Para elucidar a didática, as causas de PCR são divididas em 5T e 6H. São: Hipóxia, 
Hipovolemia, Hipotermia, Hipo/Hipercalemia, H+ (acidose metabólica/respiratória), 
Hiponatremia; Tromboembolismo pulmonar, Trombose de Coronária, Tamponamento 
Cardíaco, PnemoTórax hipertensivo, Tóxicos. 
Os sinais apresentados em uma PCR são inconsciência da vítima, parada da pulsação e 
respiração, pupilas dilatadas, e anterior à PCR, a pessoa pode apresentar dor torácica, 
palpitações, sudorese excessiva, lipotimia e visão turva. 
Você pode estar se perguntando como irá identificar uma PCR. Ao encontrar uma pessoa 
e suspeitar que possa estar em PCR, você deve checar a responsividade tocando nos 
ombros e a chamando com firmeza. Caso não responda aos seus comandos, verifique a 
presença de pulso. O mais comum é o carotídeo e de movimentos respiratórios 
simultaneamente. 
No próximo tópico, você irá acessar a sequência das ações a serem realizadas durante 
uma PCR, fundamentada nas diretrizes de RCP da AHA. As diretrizes elencam os suportes 
em tópicos: suporte básico e avançado de vida em adultos; suporte básico e avançado 
de vida em crianças; suporte de vida neonatal; e também direcionam ações para as 
ciências de educação em ressuscitação, e por último, de tratamento. 
3.5 Ressuscitação cardiopulmonar 
As diretrizes de RCP intitulam cadeias de sobrevivência o conjunto de ações e 
procedimentos subsequentes para reanimar um coração em PCR e salvar uma vida. 
Essas cadeias visionam aumentar a eficácia da prestação de socorros, tanto no suporte 
básico quanto no avançado, e são fundamentadas através de elos. Você pode entender 
como elos a importância das conexões de cada fase para o melhor desfecho ao paciente. 
 
 
 
42 
 
O primeiro elo atenta ao acionamento do serviço de emergência seguido do segundo 
elo que é a própria ação da RCP. O terceiro elo indica a importância da desfibrilação 
cardíaca precoce através de equipamentos portáteis e, por conseguinte, o quarto elo 
remete aos cuidados ao suporte avançado já com retorno dos batimentos cardíacos a 
fim de estabilizar a vida. O quinto elo recorre aos cuidados realizados após a RCP e o 
sexto elo, adicionado na última atualização das diretrizes em 2021, indica a recuperação 
do paciente. 
O algoritmo universal da RCP se diferencia nas PCRIH (intra-hospitalar) e PCREH (extra-
hospitalar). Nesta disciplina, iremos estudar as recomendações de atendimento extra-
hospitalar, indicando brevemente as intra-hospitalares. 
A cadeia de sobrevivência na RCP extra-hospitalar, após identificação da PCR, diz 
respeito a: 
 
1 - Acionar serviço médico de emergência; 
2 - Realizar a ressuscitação cardiopulmonar de alta qualidade. 
Os elementos fundamentais para uma RCP de alta qualidade são: 
✓ Realizada com a vítima em decúbito dorsal em estrutura rígida e plana; 
✓ Posição do socorrista: próximo ao ombro, com as mãos sobrepostas e 
dedos entrelaçados, braços esticados em um ângulo de 90º ao tórax da 
vítima (não flexionar cotovelos); 
 
 
 
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✓ Posição das mãos durante as manobras: parte hipotênar da mão 
posicionar sobre a metade inferior do osso esterno; em recém-nascidos, 
utilizamos os polegares; 
 
 
 
 
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