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Resumo de Direito Administrativo NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Para um adequado estudo do Direito Administrativo, é importante termos em mente algumas noções sobre Teoria Geral do Estado, mais precisamente sobre as concepções de Estado, Governo e Administração Pública. Estado Conceito A palavra “estado” pode assumir vários significados, sendo objeto de disciplina específica no Direito. No presente estudo, nos interessa a compreensão Estado como sociedade politicamente organizada em determinado território. Na definição de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos elementos povo, território e governo soberano. Estrutura O Estado é constituído dos seguintes elementos: ● Povo: componente humano do Estado. ● Território: base física. ● Governo soberano: elemento condutor que detém e exerce o poder de auto determinação e auto-organização do povo. Assim, um Estado soberano possui, como regra geral, um governo que é o elemento condutor, um povo, que representa o componente humano e um território que é o espaço físico que ocupa. Poderes O Estado manifesta sua vontade pelos poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. São imanentes e estruturais, com função típica e atípica. A função típica do Legislativo é elaborar lei, a do Executivo é converter a lei em ato individual e concreto e a do Judiciário é a aplicação coativa da lei aos litigantes. Governo Conforme vimos, trata-se de um dos elementos do Estado. A função política ou de governo se relaciona à administração superior dos interesses do Estado, no plano interno e externo, com elevado grau de discricionariedade política das decisões, conforme parâmetros fixados na Constituição. Exemplos: declaração de guerra, decretação de estado de sítio, celebração de tratados internacionais etc. Podemos complementar esse conceito com a afirmação de que governo é a expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. No sistema presidencialista, o governo é exercido pelo Presidente da República, ao passo que no Parlamentarismo o Primeiro-Ministro é quem faz este papel. Administração pública Significados A Administração Pública é uma expressão que possui dois significados: ● Subjetivo ou orgânico ou formal: identifica quem é a Administração Pública. É um conjunto de pessoas jurídicas, órgãos e agentes que exercem a função administrativa. ● Objetivo ou funcional ou material: identifica a atividade da Administração Pública. É a função administrativa. Sentido subjetivo de administração pública A expressão Administração Pública, em sentido formal, orgânico ou subjetivo, designa o conjunto de órgãos e agentes estatais no exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam – seja ao Executivo, Judiciário, Legislativo ou a qualquer outro organismo estatal. Em nome do princípio da separação de Poderes, podemos afirmar que os três poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) exercem função administrativa: os Poderes Legislativo e Judiciário, de forma atípica, e o Poder Executivo, de forma típica. Função administrativa pelo Legislativo É exercida pelo Legislativo quando organiza os seus serviços internos, por intermédio das Secretarias e da prática dos atos administrativos pelos parlamentares (leis de efeito concreto). Função administrativa pelo Judiciário É exercida pelo Judiciário quando organiza os seus serviços internos, por meio das Secretarias e da prática dos atos administrativos pelos magistrados, como provimento de cargos na magistratura. Função administrativa pelo Executivo Dentro do Poder Executivo, a função administrativa é exercida pela Administração Pública, que, por sua vez, pode ser dividida de duas formas: Vertical É a que divide a Administração Pública em federal, estadual, distrital e municipal; é a divisão que decorre da forma federativa do Estado Brasileiro. Horizontal É a que divide a Administração Pública em direta ou centralizada e indireta ou descentralizada (leva em conta o grau de complexidade). A divisão horizontal ingressou na ordem jurídica brasileira com o Decreto-lei n. 200/67, que sistematizou a estrutura da Administração Federal e estabeleceu as diretrizes para a reforma administrativa. A divisão horizontal está contida em cada parte da divisão vertical; ou seja, a divisão de Administração Pública em direta e indireta existe nos quatro níveis da federação: federal, estadual, distrital e municipal. Sentido objetivo de administração pública Por sua vez, administração pública, embasada no critério material ou objetivo, se confunde com a função administrativa, devendo ser entendida como a atividade administrativa exercida pelo Estado, ou seja, a defesa concreta do interesse público. Função Administrativa A função administrativa é exercida pelo administrador público, que a exerce representando os interesses da coletividade, pelo cumprimento fiel dos preceitos do Direito e da moral administrativa que regem a sua atuação. Assim, a função administrativa é a atividade exercida no cumprimento do dever de alcançar o interesse público, mediante o uso dos poderes conferidos pela ordem jurídica. Função Administrativa como múnus público O exercício da função administrativa representa para o administrador público um múnus público, ou seja, um encargo de conservação, defesa e aprimoramento dos interesses da coletividade. Todos os poderes e deveres do administrador público são outorgados e exercidos em benefício do bem comum da coletividade administrada. Características É uma atividade concreta, pois executa a vontade da lei, submetida a regime jurídico de direito público e que visa à satisfação direta e imediata dos fins do Estado, que é conservar o bem-estar individual e o progresso social. Abrangência A função administrativa abrange o exercício das seguintes atividades: ● Fomento: é a concessão de incentivos pelo Poder Público aos interessados colaboradores do interesse público. ● Polícia administrativa: é a limitação da liberdade e propriedade do particular em nome do interesse público. ● Serviço público: prestado pela Administração ou por seus delegados para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade. ● Intervenção: é a interferência do Estado no domínio econômico. Administração pública e administração privada Na Administração Pública, o administrador recebe as ordens e instruções de como agir, das leis e regulamentos. Sua finalidade de atuação é buscar o bem comum da coletividade administrada. Na Administração Privada, o administrador recebe as ordens e instruções de como agir do proprietário. Sua finalidade de atuação é buscar satisfazer os interesses do proprietário. Administração e propriedade O administrador é quem cuida dos bens e interesses alheios, possuindo, dessa forma, poderes de zelo e conservação de bens e interesses. O proprietário é quem cuida dos bens e interesses próprios, possuindo, dessa forma, poderes de disponibilidade. https://bit.ly/memorex-topo Direito administrativo Conceito É ramo do Direito Público, formado por um conjunto de normas jurídicas, que regem a Administração Pública. Critérios de definição Critério do serviço público: o Direito Administrativo está ligado à prestação de serviços públicos (crítica: é muito restrito). Critério do Poder Executivo: o Direito Administrativo diz respeito a toda a atuação do Poder Executivo (crítica: nem toda a atuação do executivo é analisada no Direito Administrativo, pois existem as funções atípicas). Critério das relações jurídicas: o Direito Administrativo trata das relações entre o Estado e o administrado (crítica: outros ramos do direito também o fazem). Critério residual: afasta a função legislativa, judiciáriae atividades de direito privado. Critério teleológico (finalidade): o Direito Administrativo estuda toda a atuação do Estado visando interesse da coletividade (crítica: critério insuficiente). Critério da administração pública ou critério funcional (Hely Lopes Meireles): o Direito Administrativo é um conjunto harmônico de princípios que regem os órgãos, os agentes e a atividade pública para a realização dos fins desejados pelo Estado de forma direta (independente de provocação), concreta (diferente da função Legislativa que é geral e abstrata) e imediata (resolve problemas de governo específicos, diferentemente da função política). Sistema administrativo O Direito Administrativo brasileiro adota o sistema administrativo inglês ou judicial, pois os únicos órgãos que tomam decisões definitivas sobre assuntos de interesse da Administração Pública são os do Poder Judiciário. Critérios de interpretação A boa compreensão do Direito Administrativo exige o entendimento dos seguintes critérios de interpretação: ● Existência de desigualdade jurídica entre a Administração Pública e o administrado. ● Existência da presunção de legitimidade dos atos da Administração Pública. ● Existência dos poderes discricionários para a Administração Pública. https://bit.ly/memorex-topo Fontes do direito administrativo Introdução O Direito Administrativo, no Brasil, não se encontra codificado, isto é, os textos administrativos não estão reunidos em um só corpo de leis, como ocorre com outros ramos como o Direito Processual, o Direito Penal e o Direito Civil. As normas administrativas estão espalhadas, tanto no texto da Constituição Federal, como em diversas leis ordinárias e complementares e em outros diplomas normativos como decretos-leis, medidas provisórias, regulamentos e decretos do Poder Executivo. Fontes São fontes do Direito Administrativo: Lei: é a fonte primária do Direito Administrativo, abrangendo a Constituição, as leis ordinárias, delegadas e complementares e os regulamentos administrativos. Doutrina: é resultante de estudo feito por especialistas, que analisam o sistema normativo, resolvem contradições e formulam definições e classificações. Jurisprudência: é o conjunto de decisões reiteradas e uniformes, proferidas pelos órgãos jurisdicionais ou administrativos, em casos idênticos ou semelhantes. Costume: é a norma jurídica não escrita, originada da reiteração de certa conduta por determinado grupo de pessoas, durante certo tempo, com a consciência de sua obrigatoriedade. PRINCÍPIOS: No Direito Administrativo é fundamental o estudo dos princípios, porque eles são postulados que inspiram o modo de agir de toda Administração Pública, trazendo dinamismo ao sistema. Eles representam a conduta do Estado no exercício de suas atividades essenciais. Em suma, os princípios são a forma de raciocinar o Direito Administrativo e de compreender toda sua lógica. https://www.dicasconcursos.com/principios-da-administracao-publica/ Princípios explícitos – LIMPE Legalidade O Princípio da Legalidade decorre da existência do Estado de Direito como uma Pessoa Jurídica responsável por criar o direito, no entanto submissa ao ordenamento jurídico por ela mesmo criado e aplicável a todos os cidadãos. Diferente da legalidade aplicada ao particular, o administrador só pode fazer o que a lei permitir. Impessoalidade O Princípio da Impessoalidade se traduz na ideia de que a atuação do agente público deve-se pautar pela busca dos interesses da coletividade, não visando a beneficiar ou prejudicar ninguém em especial. Além disso, a impessoalidade deve ser enxergada também sob a ótica do agente, isto é, a atividade deste deve imputada ao Estado (e não ao agente estatal). Moralidade O Princípio da Moralidade exige a honestidade, lealdade, boa-fé de conduta no exercício da função administrativa – ou seja, a atuação não corrupta dos gestores públicos, ao tratar com a coisa de titularidade do Estado. Publicidade Este princípio tem por finalidade garantir o conhecimento público acerca das atividades praticadas no exercício da função administrativa. Em um estado democrático de Direito, não se pode admitir que assuntos da Administração, que são do interesse de todos, sejam ocultados. Eficiência Eficiência é produzir bem, com qualidade e com menos gastos. Uma atuação eficiente da atividade administrativa é aquela realizada com presteza e, acima de tudo, um bom desempenho funcional. Assim, buscam-se sempre melhores resultados práticos e menos desperdício nas atividades estatais, uma vez que toda a coletividade se beneficia disso. Princípios implícitos Supremacia do interesse público sobre o privado Define a ideia de que o interesse público é supremo sobre o interesse particular, e todas as condutas estatais têm como finalidade a satisfação das necessidades coletivas. Nesse sentido, os interesses da sociedade devem prevalecer diante das necessidades específicas dos indivíduos, havendo a sobreposição das garantias do corpo coletivo, quando em conflito com as necessidades de um cidadão isoladamente. Este princípio justifica as prerrogativas e garantias do Estado. Indisponibilidade do interesse público Este princípio define os limites da atuação administrativa e decorre do fato de que a impossibilidade de abrir mão do interesse público deve estabelecer ao administrador os seus critérios de conduta. Assim, o agente estatal não pode deixar de atuar quando as necessidades da coletividade exigirem, uma vez que suas atividades são necessárias à satisfação dos interesses do povo. Portanto, pode-se dizer que a indisponibilidade do interesse público se configura como um contrapeso do princípio da supremacia estatal. Resumos esquematizados (com mapas mentais) - ATUALIZAÇÕES 2024 EM ANDAMENTO BAIXAR Contraditório e ampla defesa É o direito conferido ao particular de saber o que acontece no processo administrativo ou judicial de seu interesse, bem como o direito de se manifestar na relação processual, requerendo a produção de provas e provocando sua tramitação. Assim, é a ciência bilateral dos atos e termos processuais e possibilidade de contrariá- los utilizando todos os meios de prova admitidos no Direito. Razoabilidade e proporcionalidade Razoabilidade O Princípio da Razoabilidade visa impedir uma atuação desarrazoada ou despropositada do Administrador, definindo que o agente não se pode valer de seu https://bit.ly/memorex-topo https://bit.ly/memorex-topo https://bit.ly/memorex-topo cargo ou função, com a falsa intenção de cumprir a lei, para agir de forma ilegal e arbitrária fora dos padrões éticos e adequados ao senso comum. Proporcionalidade A grande finalidade deste preceito é evitar abusos na atuação de agentes públicos, ou seja, impedir que as condutas desses agentes ultrapassem os limites no que tange à adequação, no desempenho de suas funções em relação aos fatos que ensejaram a conduta do Estado. Autotutela Representa o poder que a Administração Pública possui de controlar seus próprios atos, podendo ela mesma revê-los para trazer regularidade às suas condutas. Assim, o ente estatal tem a garantia de anular os atos praticados em suas atividades essenciais, quando ilegais, ou revogá-los, quando inoportunos ou inconvenientes, sem que seja necessária a interferência do Poder Judiciário. Motivação O Princípio da Motivação representa o dever imposto ao ente estatal de indicar os pressupostos de fato e de direito que determinaram a prática dos atos administrativos. Dessa forma, a validade da atuação administrativa depende da apresentação formal dos fundamentos fáticos e jurídicos justificadores da decisão adotada, assim como da correlação lógica entre esses motivos e a conduta deles decorrentes. Continuidade A atividade administrativa deve ser ininterrupta. Observaçõesao princípio da continuidade → Direito de greve: o militar não o possui, mas os servidores públicos civis possuem (norma de eficácia limitada, aplicando-se a lei geral de greve até que lei especial superveniente seja editada). → É possível a interrupção do serviço público por inadimplemento? Sim, não configura violação ao princípio, desde que haja a situação de urgência e que haja aviso prévio ⟶ supremacia do interesse público sobre o privado (alguns doutrinadores discordam). → É possível exceção de contrato não cumprido no Direito Administrativo? Sim, se a administração pública for inadimplente por até 90 dias (exceção de contrato não cumprido diferida ou postergada). PODERES ADMINISTRATIVOS: Conceito São os instrumentos de trabalho que o administrador público usa para realizar o bem comum, podendo ser entendidos também como deveres, pois são exercidos em benefício da coletividade. Podem ser usados de forma isolada ou cumulativa. São inerentes à Administração da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Note que os Poderes do Estado não se confundem com os Poderes da Administração, pois não são instrumentais, são poderes estruturais que realizam a atividade pública (Executivo, Legislativo e Judiciário). Abuso de poder O abuso de poder pode decorrer de condutas comissivas – quando o ato administrativo é praticado fora dos limites legalmente postos – ou de condutas omissivas – situações nas quais o agente público deixa de exercer uma atividade imposta a ele por lei, ou seja, quando se omite no exercício de seus deveres. Em ambos os casos, o abuso de poder configura ilicitude que atinge o ato decorrente dele. Se divide em duas espécies: ● Excesso de poder: vício de competência (sanável). ● Desvio de poder: vício de finalidade. Espécies ● Quanto à organização e disciplina: poder hierárquico e disciplinar. ● Quanto à finalidade normativa: poder regulamentar. ● Quanto à limitação aos direitos individuais: poder de polícia. ● Quanto à liberdade de atuação: poder vinculado e discricionário. Poder regulamentar ou normativo Poder conferido à Administração Pública de expedir normas gerais, ou seja, atos administrativos gerais e abstratos com efeito erga omnes. Não se confunde com edição de lei, sendo apenas mecanismo para edição de normas complementares à lei. https://www.dicasconcursos.com/poderes-da-administracao-publica/ https://www.dicasconcursos.com/poderes-da-administracao-publica/ Há duas espécies de regulamento: Executivo: aquele expedido para fiel execução da lei. Caso inove o ordenamento jurídico haverá violação ao Princípio da Legalidade. Autônomo: aquele expedido para substituir o texto legal e possui o condão de inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre matérias não disciplinadas em lei. No Direito brasileiro, é possível afirmar, inclusive com respaldo da jurisprudência do STF, que é permitida edição de decreto autônomo, em dois casos: ● Organização e funcionamento da Administração Pública, quando não implicar aumento de despesa, nem criação ou extinção de órgãos. ● Extinção de cargos ou funções públicas, quando vagos. A competência para editar decreto autônomo pode ser delegada ao Ministro de Estado, ao Advogado-Geral da União ou ao Procurador-Geral da República. Poder disciplinar É o poder de apurar infrações, aplicando sanções e penalidades por parte do Poder Público a todos aqueles que possuam vínculo de natureza especial com o Estado (servidores ou não, normalmente por relação hierárquica ou contratual). Não é possível, portanto, aplicação deste poder a particulares, que por não possuírem vínculo com a Administração não estão sujeitos à disciplina interna do Estado. O ato disciplinar deve ser motivado mencionando sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. A Administração não pode escolher entre punir ou não punir tendo conhecimento da falta do servidor, sob pena de cometer o crime do art. 320 do CP e de praticar ato de improbidade administrativa. Poder hierárquico Poder de estruturação interna da atividade pública (atribuição para organizar, distribuir e escalonar funções dos órgãos). Não existe manifestação hierárquica externa (entre pessoas jurídicas distintas). Hierarquia é a relação de coordenação e subordinação existente entre os diversos órgãos e agentes da Administração Pública. Em razão da hierarquia, surge para o superior hierárquico os poderes de delegar, avocar, disciplinar, ordenar, normatizar, controlar, comandar e revisar. https://bit.ly/memorex-topo Avocação É a tomada temporária de competência legalmente atribuída a um agente subordinado por outro agente de hierarquia superior. Só pode ocorrer quando não se tratar de competência exclusiva. Delegação É a extensão ou ampliação temporária de competência/atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior, tornando-se os dois competentes para prática do ato enquanto durar a delegação. Poder de polícia Conceito É o poder que a Administração tem de restringir o exercício de liberdades individuais e o uso/gozo/disposição da propriedade privada, sempre para adequálos ao interesse público. É uma atividade tipicamente administrativa e aplica-se a todos os particulares, sem necessidade de demonstração de qualquer vínculo de natureza especial. Polícia Administrativa X Polícia Judiciária Polícia judiciária visa a prevenção e a repressão à pratica de ilícitos criminais e tem seu estudo situado nas disciplinas de Direito Processual Penal, incidindo sobre pessoas. Já a polícia administrativa, estabelecida no art. 78 do CTN, incide sobre bens e direitos, condicionando-os à busca pelo interesse da coletividade. Atributos do poder de polícia ● Discricionariedade: liberdade estabelecida em lei ao administrador para decidir diante do caso concreto e só pode ser reconhecida como atributo do poder de polícia quando este for entendido em sentido amplo. ● Autoexecutoriedade: é a possibilidade de a Administração Pública executar seus atos sem precisar de ordem judicial. Só existe quando houver previsão legal ou quando, não previsto em lei, for urgente para assegurar a segurança da coletividade. ● Coercibilidade: é a possibilidade de a Administração Pública impor seus atos, independentemente do consentimento do administrado. https://bit.ly/memorex-topo Não confunda autoexecutoriedade das sanções de polícia com punição sumária e sem defesa: só é possível a aplicação de sanção sumariamente e sem defesa em situações urgentes, capazes de colocar em risco a segurança ou saúde pública (ex.: a interdição de um bar que está vendendo coxinhas estragadas) ou quando se tratar de situação de flagrância. Em todos os demais casos é necessária a instauração de processo administrativo. Espécies ● Poder de polícia originário: é o exercido pela Administração direta. ● Poder de polícia delegado: é o exercido pela Administração indireta. Prescrição das sanções de polícia O prazo prescricional das ações punitivas decorrentes do exercício do poder de polícia é de cinco anos contados da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. Se o fato constituir crime aplicam-se os prazos da prescrição penal. Prescrição intercorrente: Há hipótese de prescrição intercorrente em procedimento administrativo decorrente do exercício de poder de polícia, quando o procedimento ficar paralisado por mais de três anos pendente de julgamento ou despacho. Nesse caso, o processo será arquivado e será apurada a responsabilidade funcional decorrente da paralisação. Interrupção da prescrição As hipóteses de interrupção da prescrição das ações punitivas decorrentes do exercício do poder de polícia são: ● Citação do indiciado ou acusado. ● Qualquer ato inequívoco que importe apuração do fato.● Decisão condenatória recorrível. Suspensão da prescrição As hipóteses de suspensão da prescrição das ações punitivas decorrentes do exercício do poder de polícia são: ● Durante a vigência dos compromissos de cessação ou de desempenho assumidos perante o CADE. ● Durante a vigência do termo de compromisso firmado com a CVM. Discricionariedade e vinculação Vinculação Se a lei não dá opções ao administrador público, estabelecendo qual a forma de agir, o poder é vinculado. Nesse caso, a lei estabelece a única solução possível diante da situação de fato, fixando todos os requisitos. Discricionariedade Se a lei dá opções ao administrador público, ou seja, certa margem de liberdade de decisão de acordo com os critérios de oportunidade, conveniência, justiça e equidade, o poder é discricionário. Cabe ressaltar que não existe poder totalmente discricionário, pois alguns elementos são sempre vinculados: forma, finalidade e competência. ATOS ADMINISTRATIVOS Conceito São atos por meio dos quais a Administração Pública atua, no exercício da função administrativa, sob o regime de direito público e ensejando manifestação de vontade do Estado ou de quem lhe faça as vezes. Atos administrativos x Atos da administração Nem todo ato praticado pela Administração Pública é ato administrativo. Algumas vezes ela atua na esfera privada ou praticando atos no exercício da função política, ou ainda, exercendo atividades meramente materiais, que não traduzem manifestação de vontade. Todo ato administrativo tem que manifestar vontade. Assim, atos da administração são gênero, do qual são espécies os atos administrativos. Os atos da administração podem ser: ● Atos privados: regime de direito privado. ● Atos materiais (fatos administrativos): mera execução de atividade. ● Atos políticos: exercício da função política. ● Atos Administrativos: regime de direito público. Classificação dos Atos Administrativos Quanto aos destinatários ● Atos gerais (ou regulamentares), os quais não têm destinatários específicos. ● Atos individuais (ou especiais), os quais possuem destinatários certos. Quanto ao alcance ● Atos internos: destinados a produzir efeitos dentro da Administração Pública. ● Atos externos: alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos, os próprios servidores. Somente entram em vigor depois de divulgados pelo órgão oficial. Quanto ao regramento ● Atos vinculados: para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização (não existe liberdade de opção para o administrador público). ● Atos discricionários: os quais a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e do modo de sua realização. Quanto à formação ● Ato simples: resultante da manifestação de vontade de um único órgão. ● Ato complexo: se forma pela conjugação de vontades de mais de um órgão. ● Ato composto: resultante da vontade única de um órgão, mas que depende da verificação por parte de outro para se tornar exequível. Efeito prodrômico: acontece nos atos administrativos que dependem de duas manifestações de vontade. Este efeito se configura com o dever da segunda autoridade se manifestar quando a primeira já o fez. Esse dever vem antes do aperfeiçoamento do ato, que se chama preliminar ou prodrômico. Quanto à estrutura ● Ato concreto: exaure-se em uma única aplicação (ex.: concessão de férias). ● Ato abstrato: comporta reiteradas aplicações, sempre que se apresente a hipótese nele prevista (ex.: aplicação de penalidade). Elementos dos atos administrativos Forma Modelo determinado pela lei para exteriorização do ato administrativo. A regra para os atos administrativos é a forma escrita. No entanto, existem atos que são praticados de forma verbal, através de sinais (ex.: semáforo) ou outros sons (ex.: apito do guarda de trânsito). No processo administrativo federal (Lei n. 9.784/99, art. 22) vigora o princípio do informalismo: “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”. Finalidade É o escopo do ato. É tudo aquilo que se busca proteger com a prática do ato administrativo. O ato administrativo tem que atender duas finalidades: ● Finalidade Genérica: tutela do interesse público (pode ser expressa ou implícita na lei). ● Finalidade Específica: finalidade prevista na lei que rege a prática do ato, de forma explícita ou implícita. A infração da finalidade leva à ilegalidade do ato por desvio de poder. Competência Refere-se à pessoa que pratica o ato administrativo. A competência funda-se na necessidade de divisão do trabalho entre os agentes estatais. Há necessidade de distribuir a intensa quantidade de tarefas decorrentes de cada uma das funções entre os vários agentes do Estado. A competência administrativa é irrenunciável, porque criada por lei e atribuída ao cargo ou função, não ao indivíduo. Então, o sujeito pode renunciar ao cargo que ocupa, mas não pode manter o cargo e eliminar a competência correspondente. Objeto Aquilo que o ato enumera, dispõe, declara, enuncia, certifica, extingue, autoriza, modifica. Consiste em determinar qual o efeito jurídico imediato que o ato produz. Para que serve determinado ato? O objeto é o que se cria, modifica, extingue, adquire, resguarda, transfere na ordem jurídica. Motivo É a situação de fato e de direito que determina ou autoriza a realização do ato administrativo, que serve de fundamento para a prática do ato administrativo. A situação de direito é a descrita na lei, já a situação de fato é o conjunto de circunstâncias que levam a Administração a praticar o ato. Motivação A motivação se relaciona à forma do ato e consiste na exposição formal do motivo. O motivo é o processo mental interno ao agente que pratica o ato. A motivação consiste na exteriorização formal do motivo, visando a propiciar o controle quanto à regularidade do ato. Todo ato deve ter um motivo, mas não é obrigatória a motivação. Motivação aliunde Em algumas situações, a motivação do ato não precisa estar expressa em sua redação, se admitindo, no ordenamento jurídico brasileiro, o que se convencionou denominar motivação aliunde, presente sempre que, ao invés de expor os motivos que deram ensejo à prática do ato, o administrador público remete sua motivação aos fundamentos apresentados por um ato administrativo anterior que o justificou. Teoria dos motivos determinantes Por essa teoria, os atos administrativos, quando tiverem sua prática motivada, vinculam-se aos motivos expostos, que devem corresponder perfeitamente à realidade. Os atos discricionários, se motivados, ficam vinculados aos motivos dados. Atributos do ato administrativo Presunção de legitimidade Todo ato administrativo é presumivelmente legítimo, cabendo ao particular provar o contrário. Significa que, uma vez praticado o ato administrativo, este presume-se que foi praticado em conformidade com a lei, e que os atos e fatos alegados pelo administrador são verdadeiros e morais. Essa presunção é relativa, ou seja, admite prova em contrário, cabendo o ônus dessa prova ao administrado. Imperatividade A imperatividade significa que o ato administrativo constitui obrigações unilateralmente. É o atributo do ato administrativo que impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou execução. Autoexecutoriedade Possibilidade de a Administração executar determinados atos administrativos diretamente, independentemente de ordem judicial. Cabível quando prevista em lei ou em casos de urgência. Assim, a Administração Pública pode colocar em prática as decisões que tomou sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, gozando, para isso, de mecanismos coercitivos próprios, inclusive o uso da força se necessáriofor. Tipicidade Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei. A tipicidade é uma garantia para o administrado e afasta a possibilidade de ato totalmente discricionário. A tipicidade só existe nos atos unilaterais. É uma decorrência do princípio da legalidade. Formas de extinção dos atos administrativos São formas de extinção do ato administrativo: ● Anulação: é motivada pela ilegalidade. ● Revogação: é motivada pela conveniência e/ou oportunidade da Administração. ● Cassação: quando o beneficiário descumpre requisitos que permitem a manutenção do ato e de seus efeitos. ● Extinção natural: é o cumprimento dos efeitos do ato. ● Extinção subjetiva: é o desaparecimento do beneficiário do ato. ● Extinção objetiva: é o desaparecimento do objeto do ato. ● Caducidade: nova legislação impede a permanência da situação antes consentida pelo Poder Público. ● Contraposição: extinção por ato superveniente com fundamento em competência diversa de efeitos contrapostos. ● Renúncia: o beneficiário abre mão de uma vantagem que antes desfrutava. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO Introdução Centralização A centralização administrativa ocorre quando o Estado executa suas tarefas por meio dos órgãos e agentes integrantes da Administração Direta. Não há transferência de competência de uma pessoa para outra. Descentralização A transferência dos serviços a pessoas jurídicas diversas recebe o nome de descentralização, haja vista o fato de que a prestação, até então, centralizada é entregue a outra entidade. A descentralização poderá ser feita mediante a transferência na prestação de serviços públicos a particulares, por meio de contratos de concessão ou permissão de serviços públicos, nos termos da legislação aplicável. Além disso, a descentralização pode ser executada com a transferência na prestação do serviço a pessoas jurídicas criadas pela própria Administração Pública, especializadas na execução daquela atividade. São os chamados entes da Administração Indireta ou entes da Administração Descentralizada, os quais se dividem em autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Concentração e Desconcentração A concentração administrativa ocorre quando, dentro da pessoa jurídica, não há divisão interna de serviços. Já a desconcentração há distribuição de competências dentro da mesma pessoa jurídica. Tanto a concentração como a desconcentração são técnicas administrativas existentes na Administração Direta e Indireta. Resumindo ● Prestação direta ou centralizada do serviço (centralização): União, Estados, Municípios e Distrito Federal. ● Prestação indireta ou descentralizada (descentralização): particulares ou entidades da administração indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). ● Desconcentração: especialização interna, já que não houve transferência das atividades da administração direta para a indireta e vice-versa. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA OU CENTRALIZADA É o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado. Estão inseridos na chefia do Executivo e nos órgãos auxiliares da chefia do Executivo. Enquanto a Administração Direta é composta de órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se compõe de pessoas jurídicas. Cabe ressalvar que a Administração Pública Direta existe não apenas no Poder Executivo, mas também nos demais poderes, Legislativo e Judiciário, pois todos os poderes exercem função administrativa. Esfera Federal Na esfera federal, a estruturação da Administração Direta é composta pela Presidência da República, Vice-Presidência da República, Ministros e órgãos de apoio (assessoria em geral). Esfera Estadual Na esfera estadual, a Administração Direta será composta pela Governadoria do Estado, pelos órgãos de assessoramento direto do Governador e pelas Secretarias Estaduais. Esfera Municipal Na esfera municipal, a Administração Direta é composta pela Prefeitura, pelos órgãos de apoio direto ao Prefeito e pelas Secretarias Municipais. Órgãos Públicos Conceito Os órgãos públicos não são pessoas jurídicas, mas integrantes de uma. Todos eles são meros instrumentos de ação do Estado, não podendo ser sujeitos de direitos e obrigações. São centros de competência especializada, dispostos, na intimidade de uma pessoa jurídica, com a intenção de garantir especialização nas atividades prestadas e, consequentemente, maior eficiência. Teorias Teoria da representação: o agente e o órgão público são representantes do Estado (crítica: o Estado não é incapaz). Teoria do mandato: o agente e o órgão público são mandatários do Estado (crítica: não é uma relação contratual). Teoria do órgão (imputação volitiva): em virtude de lei e considerando que os agentes fazem parte do Estado, a vontade dos agentes e órgãos é imputada à pessoa jurídica do Estado. Classificação Quanto à posição estatal ou hierarquia ● Independentes: estão no topo da hierarquia administrativa, sendo que, na esfera administrativa, não cabe recurso contra suas decisões (ex.: Presidência da República). ● Autônomos: imediatamente inferiores aos órgãos independentes, gozam de autonomia financeira e administrativa (ex.: Ministério da Fazenda). ● Superiores: não tem independência ou autonomia, mas podem proferir decisões para determinar as formas de ação de seus agentes (ex.: Procuradoria Geral da Fazenda Nacional). ● Subalternos: órgãos de mera execução de atividades (ex.: Coordenadoria Geral de RH). Quanto à esfera ● Central: tem competência em toda a extensão da pessoa jurídica que ele integra (ex.: TJ-BA). ● Local: tem competência limitada a parte territorial da pessoa jurídica a que ele integra (ex.: TRT 5ª região). ● Quanto à estrutura ● Simples: tem estrutura formada por um único órgão (exemplo: Senado Federal). ● Composto: estrutura formada por dois ou mais órgãos (exemplo: Congresso Nacional). Quanto à atuação funcional ● Singulares: manifestam a vontade de um agente. ● Colegiados: manifestam a vontade de dois órgãos (exemplo: Assembleia Legislativa). Quanto às funções ● Ativos: atuam diretamente na execução da atividade pública. ● Consultivos: emitem opinião, mas não produzem manifestação de vontade e não geram obrigação. ● Controle: atuam no controle da administração pública. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA OU DESCENTRALIZADA Conceito É o conjunto de pessoas jurídicas administrativas (não tem capacidade de legislar) com personalidade jurídica própria (aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações) que, vinculadas à Administração Direta, têm a competência para o exercício, de forma descentralizada, de atividades administrativas. Composição A Administração Indireta é composta da seguinte forma: ● Autarquias. ● Fundações públicas. ● Empresas públicas. ● Sociedades de economia mista. Características Na Administração Indireta, são características comuns: ● Possuir personalidade jurídica própria ● Possuir patrimônio próprio. ● Vinculação à Administração Pública Direta. Autarquias Conceito As Autarquias serão criadas por lei. Elas são pessoas jurídicas de direito público que desenvolvem atividade típica de Estado, com liberdade para agirem nos limites administrativos da lei específica que as criou. Assim como os demais entes da Administração Indireta, não estão hierarquicamente subordinadas aos entes federativos, mas se sujeitam a controle finalístico exercido pelos entes da Administração Direta responsável pela sua criação. Tem imunidade tributária recíproca, privilégios processuais (prazos dilatados, remessa necessária),responsabilidade civil objetiva e regime de pessoal estatutário. Espécies Autarquias profissionais Autarquias profissionais são aquelas que exercem o serviço de fiscalização de profissões regulamentadas, por delegação do poder público, mediante autorização legislativa (ex.: CREA, CRM). Os Conselhos de Profissão gozam de parafiscalidade, ou seja, a eles é transferida a capacidade tributária. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que a OAB não ostenta a qualidade de autarquia. A OAB é serviço público independente, não sendo integrante da Administração Indireta, o que, inclusive, afasta a incidência do controle orçamentário, financeiro, operacional e patrimonial exercido pelo Tribunal de Contas da União. Autarquias em regime especial Algumas autarquias, por terem regime legal diferenciado, gozam de mais liberdade em face dos entes da administração direta do que as demais autarquias, as comuns. São elas: ● Universidades públicas: possuem independência pedagógica e forma diferenciada de escolha dos dirigentes, os quais possuem um mandato certo. ● Agências reguladoras: buscam fiscalizar, regular e normatizar a prestação de serviços públicos por particulares, evitando, assim, a busca desenfreada pelo lucro dentro do serviço público. Agências executivas As agências executivas são autarquias ou fundações públicas que, por iniciativa da Administração Direta, recebem status de agência, e, por estarem ineficientes, celebram contrato de gestão com o Ministério supervisor. Ao celebrar o contrato de gestão, a autarquia comum ganha status de agência executiva, adquirindo vantagens especiais (concessão de mais independência e mais orçamento), mas, em troca, se compromete a cumprir um plano de reestruturação definido no próprio contrato de gestão para se tornar, mais eficiente. Extinto o contrato de gestão, volta a ser autarquia comum, o que denota o fato de que a qualificação de agência executiva é temporária, durando somente o prazo de duração do contrato celebrado com o ministério supervisor. Fundações Públicas São formadas pela destinação de um patrimônio público à criação de uma nova pessoa jurídica, dependem de lei específica para sua criação, têm finalidade pública e integram a Administração Indireta do ente instituidor. Pode ser criada como pessoa jurídica de direito público ou como pessoa jurídica de direito privado. No primeiro caso, ela é considerada uma autarquia fundacional, seguindo o regime de autarquia; no segundo caso, ela é uma fundação governamental, seguindo o regime misto/híbrido (sem as prerrogativas dadas as autarquias, mas submetendo às limitações impostas às mesmas). Nos termos do art. 37, XIX, CF, somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação. Empresas estatais Aspectos comuns Engloba as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ambas sociedades civis ou comerciais, que possuem o Estado como controlador acionário, criadas por meio de autorização de lei específica. A personalidade jurídica é de direito privado, todavia, submetem-se, em diversas situações, a regras e princípios de direito público, derrogadores deste re- gime privado. As empresas estatais podem ser criadas com a finalidade de prestar serviços públicos mediante delegação do ente estatal, ou para exploração de determinadas atividades econômicas de interesse da sociedade. É importante salientar que, ainda que sejam criadas para fins de exploração de atividades econômicas, a finalidade destas empresas estatais deve ser o interesse público, não sendo possível a criação de entidade com a finalidade de obtenção de lucro. Diferenças ● Capital: na empresa pública, o capital é 100% público, não se admitindo investimento de particular; na sociedade de economia mista, o capital é misto com maioria do capital votante pertencente ao poder público. ● Forma: as empresas públicas podem ser criadas sobre qualquer forma societária prevista no direito, já a sociedade de economia mista tem que ser necessariamente S/A. Consórcios Públicos – Autarquias Interfederativas Consórcio público é uma pessoa jurídica criada por lei com a finalidade de executar a gestão associada de serviços públicos, onde os entes consorciados, que podem ser a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no todo ou em parte, destinarão pessoal e bens essenciais à execução dos serviços transferidos. Assim, o consórcio público forma uma nova pessoa jurídica, não se confundindo com os entes consorciados. Pode ter personalidade jurídica de direito público, hipótese em que faz parte da Administração indireta de cada um dos entes consorciados (como uma espécie de autarquia). https://bit.ly/memorex-topo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cons%C3%B3rcio_p%C3%BAblico https://pt.wikipedia.org/wiki/Cons%C3%B3rcio_p%C3%BAblico Além disso, pode ter personalidade jurídica de direito privado, caso em que não será integrante da Administração Pública, no entanto, será formada com verba estatal, sujeitando-se ao controle efetivado pelo Tribunal de Contas. TERCEIRO SETOR As entidades do terceiro setor, também chamadas de paraestatais, atuam ao lado do Estado na proteção do interesse público. Não integram a estrutura da administração pública e não precisam realizar concurso para contratação de seus empregados. Organizações sociais Organização social é uma associação civil sem fim lucrativo ou fundação que, em virtude do preenchimento de certos requisitos legais, é submetida a um regime jurídico especial, que contempla benefícios especiais do Estado para a execução de determinadas atividades de interesse coletivo. Celebram com o Poder Público contrato de gestão – elaborado de comum acordo entre o órgão ou entidade supervisora e a organização social, com discriminação das atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e da organização social. Serviços sociais autônomos Os serviços sociais autônomos são entes paraestatais, organizados para fins de amparo, de educação ou de assistência social, comunitária ou restrita a determinadas categorias profissionais, com patrimônio e renda próprios, que, no caso da União, pode ser auferida por contribuições parafiscais, tudo obedecendo a parâmetros constitutivos instituídos por lei, que lhes confere delegação legal no campo do ordenamento social e do fomento público. Organizações da sociedade civil de interesse público É uma qualificação especial ou título jurídico concedido pelo Poder Público. Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei n. 9.790/99. Entidades de apoio São formadas por servidores públicos em nome de determinada entidade estatal e com seus próprios recursos. A forma pode ser de fundação, associação ou cooperativa. O vínculo jurídico com a Administração Pública é estabelecido por meio de convênio. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO Introdução O surgimento e a evolução do Estado de Direito fazem nascer a ideia de que a Administração Pública se submete ao direito posto, assim como os demais sujeitos de direitos da sociedade. Nesse sentido, ela tem o dever de ressarcir particulares por danos decorrentes de atos praticados por seus agentes. Esse dever de ressarcir particulares por danos causados é manifestação da responsabilidade extracontratual, uma vez que não decorre de qualquer contrato ou vínculo anterior com o sujeito indenizado. Responsabilidade Civil do Estado na CF/88 As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privadoprestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Assim, a responsabilidade do Estado, estampada no texto constitucional, é objetiva, mas a responsabilização do agente, perante o Estado, é subjetiva, decorrendo de comprovação de dolo ou de culpa. Agentes da Responsabilidade Civil Não é apenas o Estado que responde, uma vez que o texto constitucional abarca todos aqueles que atuam na prestação de serviços públicos. Assim, estão incluídas as pessoas jurídicas de Direito Público da Administração Direta (os entes políticos) e indireta (autarquias e fundações públicas de Direito Público). As Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista somente se incluem neste dispositivo, quando criadas para a prestação de serviços públicos. Dessa forma, a responsabilidade civil do Estado não abarca as empresas estatais que exploram atividade econômica. https://www.dicasconcursos.com/responsabilidade-civil-do-estado/ https://www.dicasconcursos.com/responsabilidade-civil-do-estado/ https://www.dicasconcursos.com/responsabilidade-civil-do-estado/ Além dos entes da administração direta e indireta, também se submetem a esse regime os particulares prestadores de serviço público por delegação, como é o caso das concessionárias e permissionárias de serviços. Nesses casos em que o particular prestador do serviço ou entidade da administração indireta causa o dano, por conduta de seus agentes, a responsabilidade da concessionária (ou entidade da administração indireta) é objetiva e o Estado tem responsabilidade subsidiária – e objetiva – por esta atuação. Responsabilidade Objetiva A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das prestadoras de serviços públicos não depende da comprovação de elementos subjetivos ou ilicitude, baseando-se somente em três elementos, quais sejam conduta de agente público, dano e nexo de causalidade. Teoria do Risco Administrativo Por meio dessa teoria, a obrigação econômica de reparação de dano pelo Estado surge pelo simples fato de se assumir o risco de exercer tal atividade, independentemente da má prestação do serviço ou da culpa do agente público faltoso. Nessa teoria, são admitidas as causas excludentes de responsabilidade. É a regra adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro. Teoria do Risco Integral Segundo essa teoria, o ente público é garantidor universal e a simples existência do dano e do nexo causal é suficiente para que surja a obrigação de indenizar para a Administração, pois não admite nenhuma das excludentes de responsabilidade. A doutrina majoritária indica que esta Teoria do Risco Integral deve ser aplicada em determinados casos, quais sejam: ● Atividade nuclear. ● Dano ao meio ambiente. ● Acidente de trânsito (DPVAT). ● Crimes ocorridos a bordo de aeronaves que estejam sobrevoando o espeço aéreo brasileiro. ● Danos decorrentes de ataques terroristas. Teoria do Risco Criado Pela Teoria do Risco Criado ou Suscitado, a responsabilidade civil do Estado é objetiva, mesmo sem a conduta do agente. Ela se aplica nas situações em que existem pessoas ou coisas sob custódia do Estado. Exemplos: ● Preso foge de presídio e causa danos na vizinhança. ● Preso se suicida dentro do presídio. ● Crianças morrem na escola em virtude de um tiroteio. Responsabilidade Subjetiva Teoria da Culpa do Serviço A Teoria da Culpa do Serviço diz respeito à responsabilidade civil do Estado em casos de omissão. É considerada subjetiva e seus elementos são: ● Conduta estatal omissa. ● Dano ● Nexo causal. ● Faute du service (culpa do serviço), ou seja, no caso ou o serviço não funcionou ou funcionou mal ou funcionou atrasado – tudo isso por dolo ou culpa por parte do Estado. ● Se o Estado tivesse atuado e fosse possível atuar, o dano teria sido evitado. Assim, em se tratando de responsabilidade civil subjetiva, deve-se comprovar que o dano ocorreu pela má execução do serviço. Responsabilidade do Agente Público Os agentes públicos respondem somente de forma subjetiva – ou seja, após a análise de dolo ou culpa – perante o Estado em ação de regresso. Sendo assim, não obstante a responsabilidade seja atribuída à Pessoa Jurídica, o agente que ensejou o dano não se exime de ressarcir os prejuízos causados ao ente público. Responsabilidade do Estado por atos legislativos e judiciais Atos legislativos: em regra não haverá para o Estado responsabilidade decorrente de atos legislativos, exceto se houver lei declarada inconstitucional (ou em controle difuso ou em controle concentrado) causadora de dano ao particular – por se tratar de atuação indevida por parte do Poder Legislativo. Atos judiciais: haverá a responsabilidade do Estado no caso de erro judiciário conforme estabelecido no art. 5º, LXXV, CF: “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença” ou em se tratando de condutas manifestamente dolosas por parte do magistrado (nos termos do art. 143 do CPC/2015). SERVIÇOS PÚBLICOS Conceito Serviço público é todo aquele prestado pela Administração Pública ou por seus delegados, sob as normas e controle estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou até mesmo simples conveniências do Estado (art. 175, CF). Classificação Quanto à utilização: Individuais: são aqueles em que há a possibilidade de mensurar a utilização individual, ou seja, serviços em que o Estado tem como medir o quanto cada pessoa utiliza. São custeados mediante taxa ou tarifa. Exemplo: energia elétrica. Gerais: são aqueles prestados a todos e usufruído por todos simultaneamente e, por isso, é impossível saber o quanto cada pessoa utiliza de cada serviço, dessa forma, esses serviços são custeados pelo Estado com a receita geral decorrente de impostos. Exemplo: iluminação pública. Quanto à prestação: Exclusivos Indelegáveis: são aqueles serviços que o Estado tem o dever de prestar diretamente. Nesse caso, não se admite a prestação mediante delegação a particulares ou pessoas jurídicas de direito privado. Exemplo: segurança pública. Exclusivos Delegáveis: são aqueles serviços que o Estado tem o dever de prestar, mas que pode prestar de forma direta ou indireta. Exemplo: transporte público. Exclusivos de delegação obrigatória: são aqueles que o Estado tem o dever de prestar, mas também tem o dever de delegar, ou seja, aqueles serviços que o Estado não pode prestar com monopólio. Exemplo: televisão e rádio. https://www.dicasconcursos.com/poder-legislativo/ https://www.dicasconcursos.com/poder-legislativo/ Não exclusivos de Estado: serviços públicos de prestação obrigatória pelo Estado e facultativa pelos particulares. Como não existe delegação, não é uma prestação indireta pelo Estado, é uma prestação por conta e risco do particular. Exemplos: saúde, educação, previdência. OBS.: quando o particular atuar na prestação de serviço não exclusivo de Estado, esse serviço não será considerado serviço público propriamente dito, será chamado de serviço de utilidade pública ou de relevante utilidade pública. Princípios dos Serviços Públicos Continuidade Também denominado de princípio da permanência, indica que os serviços públicos não devem sofrer interrupção, a fim de evitar que sua paralisação provoque o colapso. Exceções: Em situação de emergência. Após prévio aviso, quando: ● Motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações. ● Por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. Atualidade Os serviços públicos devem ser continuamente atualizados, assimilando novas tecnologias e tendências, evitando-se a obsolescência. A doutrina costuma denominá- lo de princípio do aperfeiçoamento,da adaptabilidade ou da mutabilidade, também sendo reconhecido como cláusula do progresso. Generalidade Por força dos princípios da generalidade e da universalidade, os serviços públicos devem ser prestados, sem discriminação, a todos que satisfaçam as condições para sua obtenção, sendo imprescindível a observância de um padrão uniforme em relação aos administrados. Modicidade das tarifas O prestador do serviço público deve ser remunerado de maneira razoável, a fim de assegurar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Contudo, os usuários não devem ser onerados de maneira excessiva, ou seja, as tarifas devem ser módicas, acessíveis. Competência para prestação de serviço Competência da União: em matéria de serviços públicos, abrange os que lhe são privativos (art. 21, CF) e os que lhe são comuns (art. 23), permitindo atuação paralela dos Estados membros e Municípios. Competência do Município: restringe-se aos serviços de interesse local. A Constituição Federal elegeu determinados serviços de interesse local como dever expresso dos Municípios, como o transporte coletivo, a educação pré-escolar, o ensino fundamental, os serviços de atendimento à saúde da população e outros. Competência do Estado membro: é residual. A única exceção diz respeito à exploração e distribuição dos serviços de gás canalizado (art. 25, §2º). Assim, pertencem aos Estados todos os serviços não reservados à União nem distribuídos ao Município. Concessão de Serviço Público Conceito e características É o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública delega a outrem a execução de um serviço público, para que o faça em seu nome, por sua conta e risco, assegurada a remuneração mediante tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente da exploração de serviço (art. 175, CF). Tem as mesmas características dos demais contratos administrativos, além dessas exclusivas: ● Só existe concessão de serviço público quando se tratar de serviço próprio do Estado, definido em lei. ● O Poder Público transfere ao particular apenas a execução dos serviços, continuando a ser seu titular. ● A concessão deve ser feita sempre por meio de licitação, na modalidade concorrência. ● O concessionário executa o serviço em seu próprio nome e corre os riscos normais do empreendimento. ● A tarifa tem a natureza de preço público e é fixada em contrato. ● O usuário tem direito à prestação dos serviços. ● A rescisão unilateral da concessão antes do prazo estabelecido, por interesse público, denomina-se encampação. ● A rescisão unilateral por inadimplemento denomina-se caducidade ou decadência. ● Em qualquer caso de extinção da concessão é cabível a incorporação dos bens dos concessionários mediante indenização (é o que se chama de reversão). Espécies de concessão Concessão Comum: A concessão comum se divide em: Concessão simples: são contratos cujo objeto se resume à transferência da execução do serviço público para o particular, que o executará por sua conta e risco mediante cobrança de tarifa dos usuários. Concessão precedida de obra: são contratos de concessão nos quais o ente público determina ao particular que realize uma obra pública de relevância para a sociedade e indispensável à prestação do serviço público delegado. Nestes casos, o particular deverá executar a obra às suas expensas, sendo remunerado, posteriormente, pela exploração do serviço decorrente da obra. Concessão Especial – Parceria Público-Privada (PPP): Pode existir nas modalidades: Patrocinada: quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Administrativa: quando a Administração Pública for a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. É vedada a Parceria Público-Privada nas seguintes hipóteses: ● Valor do contrato inferior a R$ 10 milhões; ● Período de prestação do serviço seja inferior a cinco anos e superior a 35 anos; ● Que tenha como objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. Permissão de Serviço Público Trata-se de contrato administrativo, precedido de licitação (não necessariamente na modalidade concorrência) que, mediante delegação, transfere a execução de serviços públicos a particulares, os quais podem ser pessoa física ou jurídica. Diferencia-se da concessão na medida em que admite outras modalidades de licitação, admite celebração por pessoa física, é realizada a título precário e independe de lei específica. https://www.dicasconcursos.com/modalidades-de-licitacao/ https://www.dicasconcursos.com/modalidades-de-licitacao/ A Lei n. 12.869/2013 regulou nova forma de permissão, a permissão lotérica, assim considerada como a outorga, a título precário e mediante licitação, do serviço de comercialização das loterias federais e de outros produtos autorizados, bem como a delegação de outros serviços definidos na legislação, como é o caso de serviços bancários, figurando como outorgante a Caixa Econômica Federal e como outorgado o permissionário lotérico particular. Autorização de Serviço Público A autorização de serviço público é ato administrativo unilateral, discricionário e precário, que não deve ser precedido de procedimento licitatório. Diferentemente da concessão e da permissão, não é contrato administrativo, mas ato administrativo. AGENTES PÚBLICOS Conceito Qualquer pessoa que age em nome do Estado é agente público, independentemente de vínculo jurídico, ainda que atue sem remuneração e transitoriamente. Assim, uma vez que o Estado que está atuando por via do sujeito, responderá pelos atos praticados, sendo a responsabilidade objetiva do Estado, conforme vimos Classificação Agentes políticos Para a doutrina majoritária, são agentes políticos os detentores de mandato eletivo e os secretários e ministros de Estado. O Supremo Tribunal Federal acrescenta os membros da Magistratura e os membros do Ministério Público como agentes políticos, haja vista atuarem no exercido de funções essenciais ao Estado e praticarem atos inerentes à soberania do Estado. Particulares em colaboração São aqueles que, sem perderem a qualidade de particulares, atuam em situações excepcionais, em nome do Estado, mesmo em caráter temporário ou ocasional, independentemente do vínculo jurídico estabelecido, exercendo função pública. Podem ser divididos em: “ ● Designados: atuam em virtude de convocação efetivada pelo Poder Público. Também são chamados de agentes honoríficos. Ex.: mesário e jurado. ● Voluntários: atuam voluntariamente em repartições, escolas, hospitais públicos ou em situações de calamidade, nas hipóteses em que o ente estatal realiza programa de voluntariado. ● Delegados: atuam na prestação de serviços públicos mediante delegação do Estado. ● Credenciados: atuam em nome do Estado em virtude de convênios celebrados com o Poder Público. Agentes Administrativos Também são chamados de Servidores Estatais, têm vínculo com o Estado, no exercício da função administrativa. Possuem vínculo de dependência e sua natureza de trabalho é não eventual, haja vista possuírem relação de trabalho de natureza profissional com os entes. Podem ser divididos em: Servidores Temporários Todos aqueles contratados para atendimento, em caráter excepcional, de necessidades não permanentes dos órgãos públicos. Dessa forma, a contratação de servidores temporários deve ser para um serviço temporário de interesse público e de caráter de excepcional. O tipo de serviço deve ser definido por meio de lei específica que determine seus contornos e características, os limites máximos de duração dos contratos, além de regulamentar o regime aplicado a estes servidores, devidamente justificado pela autoridaderesponsável pela contratação, dentro das hipóteses permitidas em lei. Servidores Celetistas Possuem vínculo permanente com o Estado, com prazo indeterminado, sob relação de emprego, sendo-lhes aplicável o regime da CLT, subsidiariamente às normas estipuladas por lei especifica. Devem-se submeter a concurso público de provas ou de provas e títulos, além de respeitar a aplicação do teto remuneratório. Submetem-se a regime geral de previdência social, entre outras normas de direito privado a eles aplicáveis. Não possuem estabilidade. Servidores estatutários Possuem vínculo permanente com a Administração, de natureza profissional, com prazo indeterminado, para execução de atividades permanentes de interesse do Estado. Deve ser aprovado em um concurso público para provimento de cargos e, após nomeação, ao assinar o termo de posse, se submete a todas as normas dispostas na legislação para sua carreira. Cargo Público x Emprego Público Cargo Público Os servidores estatutários são aqueles que ocupam cargo público perante a Administração Pública direta (União, Estados, DF e Municípios) e à Administração Pública Indireta autárquica e fundacional (Autarquias e Fundações Públicas). Eles estão sujeitos ao regime estatutário e são escolhidos através de concurso público. Além disso, possuem estabilidade, que é uma garantia constitucional de permanência no serviço público após 3 (três) anos de estágio probatório e aprovação em avaliação especial de desempenho. Emprego Público Por sua vez, os empregados públicos são os que ocupam emprego público e também são selecionados mediante concurso público. Entretanto, são regidos pela CLT – Consolidação das Leis Trabalhista – e estão localizados na administração pública indireta, especialmente nas Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. Os empregados públicos não gozam da garantia constitucional da estabilidade. Acessibilidade aos cargos e empregos públicos A investidura em cargo ou emprego público depende de prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, salvo as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. O concurso tem validade de até dois anos, contados da homologação, prorrogável uma vez, por igual período (artigo 37, III, CF). https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 Paridade de vencimentos A remuneração e os subsídios do funcionalismo público e dos membros de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do DF e dos Municípios detentores de mandato eletivo, bem como os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas todas as vantagens, não poderão exceder o subsídio mensal dos ministros do STF, aplicando-se como limites: ● No Executivo, o subsidio dos prefeitos nos Municípios, e o subsídio do governador, nos Estados e DF. ● No Legislativo, o subsídio dos deputados estaduais. ● No Judiciário, o subsídio dos desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio dos ministros do STF (este limite também se aplica aos membros do MP, procuradores e defensores públicos). Acumulação de cargos, empregos e funções públicas A regra constitucional é pela vedação de qualquer hipótese de acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários e observado o teto salarial dos ministros do STF (artigo 37, XVI, CF): ● A de dois cargos de professor; ● A de um cargo de professor com outro técnico científico; ● A de dois cargos privativos de profissional de saúde, desde que com profissão regulamentada. Estabilidade São requisitos para a aquisição de estabilidade: ● Nomeação para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. ● Efetivo exercício por três anos (estágio probatório). ● Avaliação especial e obrigatória de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. exoneração não é penalidade, mas simples dispensa do servidor, por não convir à Administração sua permanência. Já a demissão se constitui em pena administrativa e poderá ser aplicada ao servidor que cometa infração disciplinar ou crime funcional regularmente apurado em processo administrativo ou judicial. Uma vez adquirida a estabilidade, o servidor somente poderá perder o cargo: ● Em virtude de sentença judicial transitada em julgado. ● Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa. ● Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa. Vitaliciedade A vitaliciedade é garantia de maior expressão, quando se assegura ao seu beneficiário a titularidade do cargo, só o perdendo, de um modo geral, ressalvadas outras hipóteses expressas na Constituição Federal, através de sentença judiciaria. A conferição de tal direito originou-se por se entender necessário dar aos seus titulares maior independência para pleno exercício de suas funções. Aposentadoria dos Servidores Públicos Por incapacidade permanente: no cargo em que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo. Compulsória: com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar. Voluntária: no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo. Fica vedada a percepção de mais de uma aposentadoria, ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma da CF, que deverão obedecer ao limite fixado. Formas de Provimento dos cargos Públicos Originária: pressupõe a inexistência de uma relação jurídica anterior mantida entre o Servidor e a Administração. A única forma de Provimento Originário é a nomeação, que pode ser realizada em caráter Efetivo ou para Cargos de Provimento em Comissão. Derivada: as formas derivadas de provimento dos cargos públicos decorrem de um vínculo anterior entre Servidor e Administração. São elas: ● Promoção ● Readaptação ● Reversão ● Aproveitamento ● Reintegração ● Recondução Promoção É a elevação de um servidor de uma classe para outra dentro de uma mesma carreira. Com isso, há a vacância do cargo inferior e consequentemente o provimento do cargo superior. Readaptação É a passagem do servidor para outro cargo compatível com a deficiência física que ele venha a apresentar. Reversão É o retorno ao serviço ativo do servidor aposentado por invalidez quando insubsistentes os motivos da aposentadoria, pode acontecer para o mesmo cargo se ele ainda estiver vago ou para outro semelhante.