Prévia do material em texto
APG - SOI II
AFYAAFYA
Júlia Morbeck
@med.morbeck
PARTE 2
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a embriologia da hipófise e do
hipotálamo;
2- Compreender a morfologia da hipófise e do
hipotálamo.
Embriologia do hipotálamo e da hipófise
EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO
O desenvolvimento do sistema nervoso começa na terceira semana
de gestação a partir de um espessamento do ectoderma conhecido
como placa neural. A placa se dobra para dentro e forma um sulco
longitudinal, o sulco neural. As margens elevadas da placa neural são
chamadas de pregas neurais. À medida que o desenvolvimento
progride, as pregas neurais ficam mais altas e se encontram para
formar um tubo – o tubo neural (TORTORA, 14ª ed.).
A fusão das pregas neurais e a formação do tubo neural começa no
quinto somito e prossegue nas direções cranial e caudal até que
somente pequenas áreas do tubo permaneçam abertas em ambas as
extremidades (MOORE, 10ª ed.).
A abertura cranial (neuróporo rostral) se fecha aproximadamente no
25° dia e o neuróporo caudal se fecha aproximadamente no 27° dia
(MOORE, 10ª ed.).
DESENVOLVIMENTO DO ENCÉFALO
O encéfalo começa a se desenvolver durante a terceira semana,
quando a placa e o tubo neural estão se desenvolvendo do
neuroectoderma. O tubo neural, cranial ao quarto par de somitos, se
desenvolve no encéfalo. As células neuroprogenitoras proliferam,
migram e se diferenciam para formar áreas específicas do encéfalo.
A fusão das pregas neurais na região cranial e o fechamento do
neuroporo rostral formam três vesículas encefálicas primárias, das
quais se desenvolve o encéfalo: (MOORE, 10ª ed.).
Prosencéfalo (encéfalo anterior).
Mesencéfalo (encéfalo médio).
Rombencéfalo (encéfalo posterior).
Durante a quinta semana, o prosencéfalo se divide parcialmente em
duas vesículas encefálicas secundárias, o telencéfalo e o diencéfalo
(MOORE, 10ª ed.).
PROSENCÉFALO
Conforme ocorre o fechamento do neuróporo rostral, surgem duas
protuberâncias laterais (vesículas ópticas), uma de cada lado do
prosencéfalo. Essas vesículas são o primórdio da retina e dos nervos
ópticos. Um segundo par de divertículos, as vesículas telencefálicas,
logo surgem mais dorsal e rostralmente. Eles são os primórdios dos
hemisférios cerebrais, e suas cavidades se tornam os ventrículos
laterais (MOORE, 10ª ed.).
A parte rostral (anterior) do prosencéfalo, incluindo os primórdios dos
hemisférios cerebrais, é o telencéfalo; a parte caudal (posterior) do
prosencéfalo é o diencéfalo (MOORE, 10ª ed.).
As cavidades do telencéfalo e do diencéfalo contribuem para a
formação do terceiro ventrículo, embora a cavidade do diencéfalo
contribua mais (MOORE, 10ª ed.).
DIENCÉFALO
↠ Três intumescências se desenvolvem nas paredes
laterais do terceiro ventrículo, que se tornam o tálamo, o
hipotálamo e o epitálamo. O tálamo é separado do
epitálamo pelo sulco epitalâmico e do hipotálamo pelo
sulco hipotalâmico (MOORE, 10ª ed.).
↠ O hipotálamo se origina pela proliferação de
neuroblastos na zona intermediária das paredes
diencefálicas, ventral ao sulco hipotalâmico.
Posteriormente, desenvolve-se um número de núcleos
envolvidos em atividades endócrinas e homeostase. Um
par de núcleos forma intumescências do tamanho de uma
ervilha (corpos mamilares) na superfície ventral do
hipotálamo (MOORE, 10ª ed.).
ÅPG 15 – “De onde vem? ËMBRÏØLØGÏÅ, ÅÑÅTØMÏÅ Ë HÏSTØLØGÏÅ
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ O epitálamo se desenvolve do teto e da porção dorsal
da parede lateral dos diencéfalos. Inicialmente, as
intumescências epitalâmicas são grandes, mas
posteriormente se tornam relativamente pequenas
(MOORE, 10ª ed.).
↠ A glândula pineal (corpo pineal) se desenvolve como
um divertículo mediano da parte caudal do teto do
diencéfalo. A proliferação de células em suas paredes logo
se converte em uma glândula sólida e cônica (MOORE, 10ª
ed.).
↠ A hipófise tem origem ectodérmica. A sinalização da
via de Notch foi implicada na proliferação e diferenciação
das células progenitoras hipofisárias. A hipófise se
desenvolve de duas fontes: (MOORE, 10ª ed.).
O desenvolvimento do teto ectodérmico de
estomodeu, o divertículo hipofisário (bolsa de
Rathke);
Uma invaginação do neuroectoderma do
diencéfalo, o divertículo neuro-hipofisário.
DERIVAÇÃO E TERMINOLOGIA DA HIPÓFISE
DERIVAÇÃO TIPO DE TECIDO PARTE LOBO
Ectoderma Oral
– Divertículo
hipofisário do
teto do
estomodeu
Adeno-hipófise
(tecido
glandular)
Parte anterior
Parte tuberal
Parte
intermédia
Lobo anterior
Neuroectoderma
– Divertículo
neuro-hipofisário
do assoalho do
diencéfalo
Neuro-hipófise
(tecido
nervoso)
Parte nervosa
Tronco
infundibular
Eminência
mediana
Lobo posterior
↠ Essa origem dupla explica porque a hipófise é
composta por dois tipos diferentes de tecidos: (MOORE,
10ª ed.).
A adeno-hipófise (tecido glandular), ou lobo
anterior, desenvolve-se a partir do ectoderma
oral.
A neuro-hipófise (tecido nervoso), ou lobo
posterior, desenvolve-se a partir do
neuroectoderma.
↠ Na terceira semana, o divertículo hipofisário se projeta
do teto do estomodeu e fica adjacente ao assoalho
(parede ventral) do diencéfalo (MOORE, 10ª ed.).
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Pela quinta semana, o divertículo é alongado e sofre
constrição em sua ligação ao epitélio oral. Nesse estágio,
ele entra em contato com o infundíbulo (derivado do
divertículo neuro-hipofisário), uma invaginação ventral do
diencéfalo (MOORE, 10ª ed.).
↠ O pedúnculo do divertículo hipofisário passa entre os
centros de condrificação dos ossos pré-esfenoide e
basisfenoide do crânio em desenvolvimento (MOORE, 10ª
ed.).
↠ Durante a sexta semana, a conexão do divertículo com
a cavidade oral se degenera. As células da parede anterior
do divertículo hipofisário se proliferam e originam a parte
anterior da hipófise. Posteriormente, uma extensão, a
parte tuberal, cresce ao redor do infundíbulo. A
proliferação extensa da parede anterior do divertículo
hipofisário reduz sua luz para uma fenda estreita (MOORE,
10ª ed.).
A fenda residual usualmente não é reconhecível na hipófise em
adultos; entretanto, pode ser representada por uma zona de cistos
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Células na parede posterior da bolsa hipofisária não
proliferam; originam uma parte intermediária delgada e
mal definida (MOORE, 10ª ed.).
↠ A parte da hipófise que se desenvolve do
neuroectoderma (divertículo neuro-hipofisário) é a neuro-
hipófise. O infundíbulo origina a eminência mediana, o
tronco infundibular e a parte nervosa (MOORE, 10ª ed.).
↠ Inicialmente, as paredes do infundíbulo são delgadas,
mas a extremidade distal do infundíbulo logo se torna
sólida conforme as células neuroepiteliais proliferam. Essas
células posteriormente se diferenciam em pituicitos, as
células principais do lobo posterior da hipófise, que estão
intimamente relacionadas com as células neurogliais. As
fibras nervosas se desenvolvem na parte nervosa da área
hipotalâmica, à qual o tronco infundibular está ligado
(MOORE, 10ª ed.).
Ela tem origem embriológica dupla: nervosa e ectodérmica. A porção
de origem nervosa se desenvolve pelo crescimento do assoalho do
diencéfalo em direção caudal, e a porção ectodérmica da hipófise se
desenvolve a partir de um trecho do ectoderma do teto da boca
primitiva que cresce em direção cranial, formando a bolsa de Rathke.
Uma constrição na base dessa bolsa acaba separando-a da cavidade
bucal. Ao mesmo tempo, a parede anterior da bolsa de Rathke se
espessa, diminuindo o tamanho da cavidade da bolsa, que se torna
reduzida a uma pequena fissura. A porção originada do diencéfalo
mantém continuidade com o sistema nervoso, constituindo o pedículo
da glândula (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Morfologia da Hipófise e do Hipotálamo
ANATOMIA DO HIPOTÁLAMO
↠ O hipotálamo é parterestante (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Langerhans descobriu as células endócrinas do
pâncreas, que consistem em cerca de menos de 2% do
total de massa contida no órgão em questão. As ilhotas
de Langerhans contêm quatro tipos distintos de células,
cada um associado à secreção de um ou mais hormônios
peptídicos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Cada ilhota pancreática apresenta quatro tipos de
células secretoras de hormônio: (TORTORA, 14ª ed.).
As células alfa ou A constituem cerca de 17%
das células das ilhotas pancreáticas e secretam
glucagon.
As células beta ou B constituem cerca de 70%
das células das ilhotas pancreáticas e secretam
insulina.
As células delta ou D constituem cerca de 7%
das ilhotas pancreáticas e secretam
somatostatina.
As células F constituem o restante das células
das ilhotas pancreáticas e secretam polipeptídio
pancreático. Segundo Silverthorn também pode ser
chamada de células PP.
Somatostatina (SOM): A SOM, sintetizada pelas células D, é considerada
um pan-inibidor, pois age inibindo a secreção de outros hormônios,
como INS e GLUC no pâncreas, bem como hormônios
APG 17: “SENTINDO NA PELE”
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
gastrointestinais como gastrina, colecistoquinina, secretina, polipeptídeo
pancreático, enteroglucagon e motilina. A SOM também inibe a
secreção de ácido gástrico, a motilidade gástrica e duodenal, a
secreção pancreática exócrina, a contração da vesícula biliar e a
absorção de nutrientes. A secreção de SOM é incitada pela acidez no
interior do estômago, de glicose, aminoácidos e gordura no intestino,
além dos hormônios colecistoquinina e do GLUC pancreático (LOPES,
2017)
Polipeptídeo pancreático (PP): o PP é observado em células acinares
e células das ilhotas pancreáticas (células PP). A secreção de PP é
estimulada pelos hormônios colecistoquinina, gastrina e secretina, e
também pelo nervo vago. Este atua na musculatura do tubo digestivo
estimulando o esvaziamento gástrico. Os níveis de PP aumentam após
a alimentação, a ingestão de proteínas, o jejum, o exercício e a
hipoglicemia, sendo inibida pela SOM e glicose intravenosa. Este
hormônio controla as secreções de ácido gástrico e enzimas, a
motilidade do tubo digestivo e as secreções pancreáticas (LOPES,
2017)
↠ As quantidades relativas dos quatro tipos de células
encontrados em ilhotas variam em diferentes espécies e
de acordo com o local da ilhota no pâncreas (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
As interações dos quatro hormônios pancreáticos são complexas e
não completamente compreendidas. Sabemos que o glucagon eleva
o nível sanguíneo de glicose e a insulina reduz. A somatostatina atua
de maneira parácrina para inibir a liberação tanto de insulina quanto de
glucagon das células beta e alfa vizinhas. Além disso, pode funcionar
como hormônio circulante para retardar a absorção de nutrientes do
sistema digestório. Ademais, a somatostatina inibe a secreção de GH.
O polipeptídio pancreático inibe a secreção de somatostatina, a
contração da vesícula biliar e a secreção de enzimas digestivas pelo
pâncreas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Colorações rotineiras ou por corantes tricrômicos
possibilitam a distinção das células que, em virtude de suas
afinidades pelos corantes, são denominadas acidófilas ou
basófilas. Por meio de imunocitoquímica e por hibridização
in situ, distinguem-se pelo menos cinco tipos de células
nas ilhotas: alfa, beta, delta, PP e épsilon (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
Insulina e glucagon
INERVAÇÃO NEURONAL
Terminações de fibras nervosas em células de ilhotas podem
ser observadas por microscopia de luz ou eletrônica. Junções
comunicantes existentes entre as células das ilhotas
provavelmente servem para transferir, entre as células, sinais
originados dos impulsos da inervação autonômica. Além disso,
há influência mútua entre células por meio de substâncias
solúveis que agem a curta distância (controle parácrino de
secreção) (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Como toda glândula endócrina, as ilhotas estão intimamente
associadas aos capilares nos quais seus hormônios são liberados.
Os neurônios simpáticos e parassimpáticos terminam nas
ilhotas, fornecendo um meio pelo qual o sistema nervoso pode
influenciar o metabolismo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
No SNC, o hipotálamo ventromedial (VMH) é uma região
particularmente importante na detecção de hipoglicemia. Nessa
região existem os neurônios excitados pela glicose (GE), que
aumentam sua atividade quando a glicose sérica aumenta, e os
neurônios inibidos pela glicose (GI), que aumentam sua atividade
quando a glicose sérica cai. Num modelo integrativo de
detecção de hipoglicemia, os níveis baixos de glicemia
plasmática são detectados por células e neurônios sensíveis à
insulina presentes no cérebro e tecidos periféricos. No VMH,
neurônios GE e GI, bem como astrócitos, se comunicam e
interagem com vias de sinalização eferentes que iniciam uma
resposta contrarregulatória de estímulo à produção de
glucagon, adrenalina, GH e cortisol, reduzindo a captação de
glicose pelos tecidos periféricos e aumentando sua produção
endógena. De uma perspectiva evolucionária, parece provável
que este mecanismo tenha se desenvolvido para garantir um
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
adequado aporte de combustível para o cérebro durante
períodos prolongados de fome por causa da capacidade limitada
do cérebro em estocar energia em depósitos como glicogênio
e gordura (PAIVA, 2014).
As ilhotas pancreáticas são invervadas pelos SNP e pelo SNS.
As terminações nervosas dos SNP liberam neurotrasmissores,
como aceticolina, e outros neuropeptidos, tais como: peptídeo
vasoativo intestinal (VIP), peptídeo ativador da adenilato-ciclase
pituitária (PACAP) e o peptídeo liberador de gastrina (GRP), os
quais interagem com receptores específicos nas células a ou ß
pancreáticas. O principal neurotramissor liberado pelas
terminações do SNS é a noraepinefrina, além dela libera
também neuropeptído Y (NPY) e galanina. As terminações do
SNA intervam tanto as células a como as ß pancreáticas,
controlando assim a secreção de glucagon e insulina,
respectivamente. Enquanto o SNP potencializa a secreção de
insulina, via nervo vago, através de receptores muscarínicos
presentes na célula ß, o SNS, por meio de receptores a-
adrenérgicos, inibe a secreção de insulina. Além disso, tanto a
acetilcolina como a noraepinefrina, também desempenham
função importante no controle da secreção de glucagon, em
resposta a hipoglicemia (LUBACZEUSKI, 2017).
↠ A insulina e o glucagon atuam de forma antagonista
para manter a concentração de glicose plasmática dentro
de uma faixa aceitável. Ambos os hormônios estão
presentes no sangue na maior parte do tempo. É a
proporção entre os dois hormônios que determina qual
hormônio predomina (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ No estado alimentado, quando o corpo está
absorvendo os nutrientes, a insulina é o hormônio
dominante, e o organismo entra em estado anabólico. A
ingestão de glicose é utilizada como fonte de energia e
todo e qualquer excesso será estocado como glicogênio
e gordura no corpo. Os aminoácidos vão primeiro para a
síntese proteica (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ No estado de jejum, as reações metabólicas previnem
a queda da concentração da glicose plasmática
(hipoglicemia). Quando o glucagon predomina, o fígado
usa glicogênio e intermediários não glicídicos para
sintetizar glicose para liberação no sangue
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
A Figura mostra as concentrações de glicose, glucagon e insulina antes
e após uma refeição. Em uma pessoa com metabolismo considerado
normal, a concentração de glicose no jejum é mantida em cerca de
90 mg/dL de sangue, a secreção de insulina é mantida baixa e os
níveis de glucagon estão relativamente elevados. Após a absorção dos
nutrientes de uma refeição, a glicose plasmática aumenta. Esse
aumento na glicose plasmática inibe a secreção de glucagon e estimula
a liberaçãode insulina. A insulina, por sua vez, promove a maior entrada
de glicose às células. Como resultado, a concentração de glicose
começa a baixar até os níveis normais de jejum. Isso ocorre a cada
refeição feita. A secreção de insulina é reduzida em conjunto com a
concentração de glicose, e o glucagon lentamente começa a
aumentar (SILVERTHORN, 7ª ed.).
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
INSULINA
↠ A insulina é uma proteína pequena (51 aminoácidos)
que consiste em duas cadeias de aminoácidos ligadas por
pontes dissulfeto (- S-S-) (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A insulina é sintetizada nas células beta pelo modo
usual como as proteínas são sintetizadas, começando
com a tradução do mRNA da insulina por meio dos
ribossomos ligados ao retículo endoplasmático para
formar uma pré-proinsulina. Essa pré-proinsulina inicial
apresenta peso molecular em torno de 11.500, sendo
então clivada no retículo endoplasmático, para formar a
proinsulina, com peso molecular de aproximadamente
9.000, e consiste em três cadeias de peptídeos, A, B e C.
A maior parte da proinsulina é novamente clivada no
aparelho de Golgi, para formar insulina composta pelas
cadeias A e B, conectadas por ligações dissulfeto e
peptídeo cadeia C, denominado peptídeo conector
(peptídeo C) (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A insulina e o peptídeo C são revestidos nos grânulos
secretores e secretados em quantidades equimolares.
Aproximadamente 5% a 10% do produto final secretado
se encontram ainda sob a forma de proinsulina (GUYTON,
13ª e.d).
Quando a insulina é secretada na corrente sanguínea, ela circula quase
inteiramente em sua forma livre. Uma vez que a sua meia-vida
plasmática é de, aproximadamente, apenas 6 minutos, assim ela é, na
sua maior parte, eliminada da circulação dentro de 10 a 15 minutos. Com
exceção da porção da insulina que se liga aos receptores nas células-
alvo, o restante é degradado pela enzima insulinase, em sua maior
parte no fígado e em menor quantidade nos rins e músculos e, menos
ainda, na maioria dos outros tecidos. Essa rápida remoção do plasma
é importante, porque, às vezes, sua pronta desativação bem como
sua ativação são fundamentais para o controle das funções da insulina
(GUYTON, 13ª ed.).
FATORES QUE ESTIMULAM A SECREÇÃO E INIBIÇÃO DA
INSULINA
↠ A glicose é um importante estímulo à secreção da
insulina, porém outros fatores têm influência sobre o
aumento, a amplificação ou mesmo a inibição da
secreção (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Aumento da concentração de glicose plasmática: O
estímulo principal para liberação da insulina é a
concentração plasmática de glicose maior do que 100
mg/dL. A glicose absorvida no intestino delgado chega às
células beta do pâncreas, onde é captada pelo
transportador GLUT2. Com mais glicose disponível como
substrato, a produção de ATP aumenta, e os canais de K+
sensíveis ao ATP se fecham. Quando a célula se
despolariza, os canais de Ca+2 dependentes de voltagem
se abrem e mais Ca+2 entra, iniciando a exocitose da
insulina
Aumento da concentração de aminoácidos: O aumento da
concentração de aminoácidos no plasma após uma
refeição também desencadeia a secreção de insulina.
Efeitos antecipatórios dos hormônios GI: Recentemente,
tem sido demonstrado que mais de 50% de toda a
secreção de insulina é estimulada por um hormônio
chamado de peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1). O
GLP-1 e o GIP (peptídeo inibidor gástrico) são hormônios
pertencentes à família das incretinas e produzidos pelas
células localizadas no intestino (jejuno e íleo) em resposta
à ingestão de nutrientes. As incretinas vão pela circulação
até as células beta-pancreáticas e podem alcançá-las antes
mesmo que a primeira glicose seja absorvida. A liberação
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
antecipatória da insulina em resposta a esses hormônios
evita um aumento súbito na concentração de glicose
plasmática quando os alimentos são absorvidos. Outros
hormônios GI, como CCK e gastrina, amplificam a secreção
de insulina.
Atividade parassimpática: A atividade parassimpática para o
trato GI e para o pâncreas aumenta durante e após uma
refeição. O estímulo parassimpático para as células beta
estimula a secreção de insulina.
Atividade simpática: A secreção de insulina é inibida pelos
neurônios simpáticos. Em momentos de estresse, os
estímulos simpáticos dão início a uma cascata de
regulações no pâncreas endócrino, fato que também é
reforçado pela liberação de catecolaminas da medula da
glândula suprarrenal. A adrenalina e a noradrenalina inibem
a secreção de insulina e desviam o metabolismo para a
gliconeogênese, a fim de fornecer combustível extra para
o sistema nervoso e o músculo esquelético.
Alguns hormônios também influenciam a secreção de insulina. Por
exemplo, qualquer hormônio hiperglicêmico (como o glucagon, a
adrenalina, o hormônio do crescimento, a tiroxina ou os
glicocorticóides) que entra em ação quando os níveis sanguíneos de
glicose diminuem, indiretamente estimula a liberação de insulina por
promover a entrada de glicose na corrente sanguínea. A somatostatina
diminui a liberação de insulina. Assim, os níveis sanguíneos de glicose
representam um equilíbrio de influências humorais e hormonais. A
insulina e a somatostatina (indiretamente) são os fatores hipoglicêmicos
que contrabalançam os diversos hormônios hiperglicêmicos (MARIEB,
3ª ed.).
ATIVAÇÃO DOS RECEPTORES DAS CÉLULAS-ALVO PELA
INSULINA E OS EFEITOS CELULARES RESULTANTES
↠ Para começar a exercer seus efeitos nas células-alvo,
a insulina, em primeiro lugar, liga-se e ativa um receptor
proteico de membrana (GUYTON, 13ª ed.).
↠ O receptor de insulina é a combinação de quatro
subunidades que se mantêm unidas por meio de ligações
dissulfeto: duas subunidades alfa, que se situam
inteiramente do lado externo da membrana celular e duas
subunidades beta, que penetram através da membrana,
projetando-se no citoplasma celular. A insulina se acopla
às subunidades alfa do lado externo da célula, mas, devido
às ligações com as subunidades beta, as porções das
subunidades beta que se projetam para o interior da
célula são autofosforiladas (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A autofosforilação das subunidades beta do receptor
ativa uma tirosina cinase local, que, por sua vez, causa
fosforilação de diversas outras enzimas intracelulares,
inclusive do grupo chamado substratos do receptor de
insulina (IRS). Tipos diferentes de IRS (p. ex., IRS-1, IRS-2 e
IRS-3) são expressos nos diferentes tecidos. O efeito
global é a ativação de algumas enzimas e, ao mesmo
tempo, a inativação de outras. Dessa maneira, a insulina
dirige a maquinaria metabólica intracelular, de modo a
produzir os efeitos desejados no metabolismo de
carboidratos, lipídios e proteínas. Os principais efeitos finais
da estimulação da insulina são os seguintes: (GUYTON, 13ª
ed.).
Em segundos depois que a insulina se acopla a
seus receptores de membrana, as membranas
de cerca de 80% das células do organismo
aumentam acentuadamente sua captação de
glicose. Isso ocorre, de modo especial, nas células
musculares e adiposas, mas não na maioria dos
neurônios do encéfalo (GUYTON, 13ª ed.).
O tecido adiposo e o músculo esquelético necessitam de insulina para
captarem quantidades suficientes de glicose. Sem a insulina, os
transportadores GLUT4 nesses tecidos se reduzem significativamente
na membrana e permanecem estocados nas vesículas do citosol –
outro exemplo de reciclagem da membrana. Quando a insulina se liga
ao receptor e o ativa, a cascata de transdução de sinal resultante faz
as vesículas se moverem para a captação da glicose aumenta. A
sinalização intracelular é bastante complexa e ainda não totalmente
elucidada, porém claramente envolve o metabolismo do Ca+2, bem
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
como uma variedade de proteínas intracelulares (SILVERTHORN, 7 ª
ed..).
Sob duas condiçõesos músculos utilizam grande quantidade de glicose.
Uma delas é durante a realização de exercícios moderados ou intensos.
Essa utilização de glicose não precisa de grande quantidade de insulina,
porque a contração muscular aumenta a translocação da molécula
transportadora de glicose 4 (GLUT 4) dos depósitos intracelulares para
a membrana celular, o que, por sua vez, facilita a difusão da glicose na
célula. A segunda condição para a utilização muscular de grande
quantidade de glicose ocorre nas poucas horas seguintes à refeição.
Nesse período, a concentração de glicose no sangue fica bastante
elevada, e o pâncreas está secretando grande quantidade de insulina.
Essa insulina adicional provoca transporte rápido da glicose para as
células musculares. Por isso, nesse período, a célula muscular utiliza a
glicose preferencialmente aos ácidos graxos (GUYTON, 13ª ed.).
Diante do gráfico acima, fica claro que a insulina pode elevar o
transporte de glicose no músculo em repouso pelo menos em 15
vezes (GUYTON, 13ª ed.).
O transporte de glicose no fígado (hepatócitos) não é diretamente
dependente de insulina, contudo é influenciado pela presença ou
ausência da mesma. Os hepatócitos possuem transportadores GLUT2,
sempre presentes na membrana da célula. No estado de jejum, quando
os níveis de insulina estão baixos, a glicose move-se para fora do
fígado, em direção à circulação sanguínea, no intuito de manter a
homeostasia da glicose. Nesse processo os hepatócitos estão
convertendo o glicogênio armazenado e os aminoácidos em glicose.
A glicose recém-formada se move a favor de seu gradiente de
concentração, para fora da célula, utilizando os facilitadores de
transporte GLUT2. Se os transportadores GLUT fossem retirados da
membrana durante o estado de jejum, como ocorre no músculo e no
tecido adiposo, a glicose não teria como deixar o hepatócito
(SILVERTHORN, 7 ª ed..).
No estado alimentado, a insulina ativa a hexocinase, uma enzima que
fosforila a glicose à glicose-6-fosfato. Essa reação de fosforilação
mantém a concentração de glicose intracelular mais baixa que a
concentração plasmática. Agora, a glicose difunde-se nos hepatócitos,
e os transportadores GLUT2 operam em direção reversa
(SILVERTHORN, 7 ª ed..).
A insulina aumenta a utilização e o
armazenamento da glicose. A insulina ativa
enzimas para a utilização de glicose (glicólise) e
a síntese de glicogênio (glicogênese).
Simultaneamente, a insulina inibe as enzimas de
degradação do glicogênio (glicogenólise), síntese
de glicose (gliconeogênese) e degradação da
gordura (lipólise), no intuito de garantir que o
metabolismo vá em direção ao anabolismo. Se
for ingerida mais glicose do que é necessário
para a síntese e a produção de energia, o
excesso é convertido em glicogênio ou ácidos
graxos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A insulina aumenta a utilização de aminoácidos.
A insulina ativa enzimas para a síntese proteica
e inibe enzimas que promovem a quebra de
proteínas. Se uma refeição inclui proteínas, os
aminoácidos do alimento ingerido são usados
para a síntese proteica pelo fígado e pelo
músculo. O excesso de aminoácidos é
convertido em ácidos graxos (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
A insulina promove a síntese de lipídeos. A
insulina inibe a beta-oxidação de ácidos graxos e
promove a conversão do excesso de glicose e
aminoácidos em triacilgliceróis (lipogênese). Os
triacilgliceróis em excesso são armazenados
como gotículas de lipídeos no tecido adiposo
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
ÏMPØRTÅÑTË: Em resumo, a insulina é um hormônio
anabólico porque promove a síntese de glicogênio, de
proteínas e de gorduras. Quando a insulina está ausente
ou deficiente, as células vão para o metabolismo
catabólico (SILVERTHORN, 7ª ed.). Assim, ela se opõe a
qualquer atividade metabólica que poderia aumentar os
níveis plasmáticos de glicose (MARIEB, 3ª ed.).
A UTILIZAÇÃO EXCESSIVA DAS GORDURAS DURANTE A FALTA DE
INSULINA CAUSA CETOSE E ACIDOSE
A ausência de insulina também forma quantidades excessivas
de ácido acetoacético nas células hepáticas, em consequência
do seguinte efeito: na ausência de insulina, mas, na presença
de grande quantidade de ácidos graxos nas células hepáticas, o
mecanismo de transporte da carnitina, para levar os ácidos
graxos para as mitocôndrias, fica cada vez mais ativado
(GUYTON, 13ª ed.).
Nas mitocôndrias, a betaoxidação dos ácidos graxos ocorre
rapidamente, liberando quantidades extremas de acetil-CoA.
Grande parte desse excesso de acetil-CoA é, então,
condensada, de modo a formar o ácido acetoacético que é
liberado no sangue circulante. A maior parte do ácido
acetoacético passa para as células periféricas, onde é
novamente convertido em acetil-CoA e utilizado como energia
na forma usual (GUYTON, 13ª ed.).
Ao mesmo tempo, a ausência de insulina também deprime a
utilização de ácido acetoacético nos tecidos periféricos. Assim,
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
tanto ácido acetoacético é liberado pelo fígado que não pode
ser metabolizado pelos tecidos. A concentração de ácido
acetoacético aumenta nos dias seguintes à interrupção da
secreção de insulina, chegando, às vezes, a concentrações de
10 mEq/L ou mais, o que é estado grave de acidose (GUYTON,
13ª ed.).
Parte do ácido acetoacético também é convertida em ácido b-
hidroxibutírico e acetona. Essas duas substâncias, junto com o
ácido acetoacético, são chamadas corpos cetônicos, e sua
presença, em grande quantidade nos líquidos do corpo, é
chamada cetose (GUYTON, 13ª ed.).
GLUCAGON
↠ O glucagon é secretado pelas células alfa-pancreáticas,
as quais são geralmente antagonistas à insulina e a seus
efeitos metabólicos. Quando a concentração de glicose
plasmática se reduz após algumas horas de uma refeição,
a secreção de insulina torna-se bastante baixa, e os
efeitos da secreção do glucagon sobre o metabolismo
celular em todo o organismo crescem significativamente
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O glucagon, um polipeptídeo formado por 29
aminoácidos, é um agente hiperglicêmico extremamente
potente. Uma molécula deste hormônio pode gerar a
liberação de 100 milhões de moléculas de glicose para o
sangue! (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A função do glucagon é prevenir a hipoglicemia, de
modo que a concentração de glicose é considerada o
estímulo primário mais importante para a secreção do
hormônio. Quando a glicose plasmática se torna menor
que 100 mg/dL, a secreção de glucagon aumenta
significativamente. Em uma concentração de glicose
acima de 100 mg/dL, ou seja, quando a insulina é secretada
em maior quantidade, o glucagon é inibido e permanece
em níveis baixos, mas constantes (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A forte relação entre a secreção de insulina e a
inibição de glucagon tem levado à especulação de que
as células alfa são reguladas por algum fator associado à
insulina, em vez de diretamente pela concentração da
glicose no plasma. O fígado é o tecido-alvo primário do
glucagon. O glucagon estimula a glicogenólise e a
gliconeogênese para aumentar a produção de glicose
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Estima-se que, durante o jejum noturno, 75% da
glicose produzida pelo fígado é proveniente das reservas
de glicogênio, e os 25% restantes, da gliconeogênese. A
liberação de glucagon também é estimulada por
aminoácidos plasmáticos. Esta via evita a hipoglicemia após
a ingestão de uma refeição com proteína pura
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O principal alvo do glucagon é o fígado, onde ele
promove as seguintes ações: (MARIEB, 3ª ed.).
Quebra do glicogênio em glicose (glicogenólise).
Síntese de glicose a partir do lactato e de
moléculas não-carboidratos (gliconeogênese).
Liberação de glicose pelas células do fígado para
o sangue, o que produz um aumento nos níveis
sanguíneos de glicose.
Um efeito secundário é a queda na concentração de aminoácidos no
sangue à medida que as células do fígado sequestram estas moléculas
para produzir novas moléculas de glicose.(MARIEB, 3ª ed.).
O AUMENTO DE AMINOÁCIDOS NO SANGUE ESTIMULA A SECREÇÃO
DE GLUCAGON
Concentrações elevadas de aminoácidos, como ocorre no
sangue depois de uma refeição de proteína (especialmente, os
aminoácidos alanina e arginina), estimulam a secreção do
glucagon. Esse é o mesmo efeito que os aminoácidos
apresentam no estímulo da secreção de insulina. Desse modo,
nessas circunstâncias, as respostas do glucagon e da insulina
não são opostas. A importância do estímulo da secreção do
glucagon pelos aminoácidos é que o glucagon promove, então,
a conversão rápida dos aminoácidos em glicose, disponibilizando
ainda mais glicose para os tecidos (GUYTON, 13ª ed.).
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
O EXERCÍCIO ESTIMULA A SECREÇÃO DO GLUCAGON
Em exercícios exaustivos, a concentração plasmática de
glucagon aumenta de quatro a cinco vezes. Não se sabe ao
certo o que provoca esse aumento, porque a concentração da
glicose sanguínea não cai obrigatoriamente. Efeito benéfico do
glucagon é que ele impede a redução da glicose sanguínea. Um
dos fatores que podem elevar a secreção do glucagon no
exercício é o aumento dos aminoácidos circulantes (GUYTON,
13ª ed.).
A SOMATOSTATINA INIBE A SECREÇÃO DE GLUCAGON E DE
INSULINA
↠ As células delta das ilhotas de Langerhans secretam o
hormônio somatostatina, polipeptídeo com 14 aminoácidos
e meia-vida extremamente curta, de apenas 3 minutos,
no sangue circulante (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Quase todos os fatores relacionados à ingestão de
alimentos estimulam a secreção de somatostatina. Eles
compreendem: (GUYTON, 13ª ed.).
glicose sanguínea aumentada;
aminoácidos aumentados;
ácidos graxos aumentados;
concentrações elevadas de diversos hormônios
gastrointestinais, liberados do trato
gastrointestinal superior, em resposta à ingestão
de alimentos.
↠ Por sua vez, a somatostatina apresenta efeitos
inibidores múltiplos, como veremos a seguir: (GUYTON,
13ª ed.).
A somatostatina age localmente nas próprias
ilhotas de Langerhans para deprimir a secreção
de insulina e de glucagon.
A somatostatina diminui a motilidade do
estômago, do duodeno e da vesicular biliar.
A somatostatina diminui a secreção e a
absorção no trato gastrointestinal.
↠ Reunindo todas essas informações, sugeriu-se que o
principal papel da somatostatina é prolongar o tempo em
que os nutrientes alimentares são assimilados pelo sangue.
Ao mesmo tempo, o efeito da somatostatina de deprimir
a secreção da insulina e do glucagon reduz a utilização
dos nutrientes absorvidos pelos tecidos, impedindo, assim,
consumo imediato dos alimentos, o que os torna
disponíveis durante um período de tempo mais longo
(GUYTON, 13ª ed.).
Devemos também recordar que a somatostatina é a
mesma substância química que o hormônio inibidor do
hormônio do crescimento, secretado no hipotálamo e que
suprime a secreção do hormônio do crescimento pela
hipófise anterior (GUYTON, 13ª ed.).
RESUMÃO CONTROLE DA SECREÇÃO DE GLUCAGON E INSULINA –
TORTORA, 14ª ED.
↠ A principal ação do glucagon é de elevar o nível sanguíneo
de glicose que se encontra abaixo do normal. A insulina, por
outro lado, ajuda a reduzir o nível de glicose sanguínea que se
encontra muito elevado. O nível de glicose sanguínea controla
a secreção de glucagon e insulina via feedback negativo
O nível sanguíneo baixo de glicose (hipoglicemia)
estimula a secreção de glucagon pelas células alfa das
ilhotas pancreáticas.
O glucagon atua nos hepatócitos, acelerando a
conversão de glicogênio em glicose (glicogenólise) e
promovendo a formação de glicose a partir do ácido
láctico e de determinados aminoácidos
(gliconeogênese).
Consequentemente, os hepatócitos liberam glicose
no sangue de maneira mais rápida e a glicemia se
eleva.
Se a glicemia continua subindo, o nível sanguíneo
elevado de glicose (hiperglicemia) inibe a liberação de
glucagon (feedback negativo).
A glicose sanguínea alta (hiperglicemia) estimula a
secreção de insulina pelas células beta das ilhotas
pancreáticas.
A insulina age em várias células do corpo para
acelerar a difusão facilitada da glicose para as células;
para apressar a conversão de glicose em glicogênio
(glicogênese); para intensificar a captação de
aminoácidos pelas células e para aumentar a síntese
de proteína; para acelerar a síntese de ácidos graxos
(lipogênese); para retardar a conversão de glicogênio
em glicose (glicogenólise) e para tornar mais lenta a
formação de glicose a partir do ácido láctico e de
aminoácidos (gliconeogênese).
O resultado disso é a queda do nível de glicose do
sangue.
Quando o nível sanguíneo de glicose cai para abaixo
do normal, ocorre inibição da liberação de insulina
(feedback negativo) e estímulo à liberação de
glucagon.
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Embora o nível sanguíneo de glicose seja o regulador mais
importante da insulina e do glucagon, diversos hormônios e
neurotransmissores também regulam a liberação desses dois
hormônios. Além das respostas ao nível sanguíneo de glicose descritas
anteriormente, o glucagon estimula a liberação de insulina de maneira
direta; a insulina exerce o efeito oposto, suprimindo a secreção de
glucagon. Conforme o nível de glicose no sangue vai declinando e
menos insulina é secretada, as células alfa do pâncreas são liberadas
do efeito inibitório da insulina de forma que possam secretar mais
glucagon. Indiretamente, o hormônio do crescimento humano (GH) e
o ACTH estimulam a secreção de insulina porque atuam para elevar
a glicose sanguínea.
RESUMO DA REGULAÇÃO DA GLICOSE SANGUÍNEA
↠ Na pessoa normal, a concentração de glicose sanguínea está
sob controle estrito, geralmente entre 80 e 90 mg/100 mL de
sangue na pessoa em jejum, a cada manhã, antes do desjejum.
Essa concentração aumenta para 120 a 140 mg/100 mL durante
a primeira hora ou um pouco mais, depois da refeição, mas os
sistemas de feedback para o controle da glicose sanguínea
restabelecem a concentração de glicose rapidamente de volta
aos níveis de controle, em geral, dentro de 2 horas depois da
última absorção de carboidratos. Inversamente, na ausência de
alimentação, a função da gliconeogênese do fígado produz a
glicose necessária para manter o nível sérico de glicose em
jejum (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Os mecanismos para atingir esse alto nível de controle
podem resumir-se do seguinte modo: (GUYTON, 13ª ed.).
1. O fígado funciona como importante sistema tampão
da glicose sanguínea. Ou seja, quando a glicose
sanguínea sobe a uma concentração elevada depois
de uma refeição e a secreção da insulina também
aumenta até uns dois terços da glicose absorvida pelo
intestino, são quase imediatamente armazenadas no
fígado, sob a forma de glicogênio. Então, durante as
horas seguintes, quando tanto a concentração de
glicose sanguínea quanto a secreção de insulina
caem, o fígado libera a glicose de volta ao sangue.
Dessa maneira, o fígado reduz as flutuações da
concentração da glicose sanguínea para cerca de um
terço do que seria na ausência desse mecanismo. De
fato, nos pacientes portadores de doença hepática
grave, é quase impossível manter a faixa estreita da
concentração da glicose sanguínea.
2. Tanto a insulina como o glucagon funcionam como
importantes sistemas de controle por feedback para
manter a concentração de glicose sanguínea normal.
Quando a concentração da glicose está muito
elevada, a secreção aumentada de insulina faz com
que a concentração de glicose sanguínea diminua em
direção aos valores normais. Inversamente, a redução
da glicose sanguínea estimula a secreção do
glucagon; o glucagon, então, funciona na direção
oposta, para aumentar a glicose até o normal. Na
maioria das condições normais, o mecanismo de
feedback da insulina é mais importante do que o
mecanismo do glucagon, mas, nos casos de falta de
ingestão ou de utilização excessiva da glicose duranteo exercício e outras situações de estresse, o
mecanismo do glucagon também torna-se valioso.
3. Também, na hipoglicemia grave, o efeito direto dos
baixos níveis de glicose sanguínea no hipotálamo
estimula o sistema nervoso simpático. A epinefrina
secretada pelas glândulas adrenais aumenta ainda
mais a liberação de glicose pelo fígado, o que
também ajuda a proteger contra a hipoglicemia
grave.
4. E finalmente, durante um período de horas e dias,
tanto o hormônio do crescimento como o cortisol
são secretados em resposta à hipoglicemia e ambos
diminuem a utilização da glicose pela maioria das
células do organismo, convertendo, por sua vez, uma
quantidade maior de utilização das gorduras. Isso
também ajuda a concentração da glicose sanguínea
a retornar ao normal.
A IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO DA GLICOSE SANGUÍNEA
↠ Por que é tão importante manter a concentração constante
da glicose no sangue se, particularmente, a maioria dos tecidos
pode mudar para a utilização das gorduras e proteínas como
10
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
fonte de energia, na ausência da glicose? A resposta é que a
glicose é o único nutriente que pode ser utilizado normalmente
pelo encéfalo, pela retina e pelo epitélio germinativo das
gônadas, em quantidade suficiente para supri-los de modo ideal
com a energia requerida. Consequentemente, isso é importante
para manter a concentração da glicose sanguínea em níveis
suficientes para fornecer essa nutrição necessária (GUYTON,
13ª ed.).
Referências:
PAIVA, M. C. O papel fisiológico da insulina e dos
hormônios contrarregulatórios na homeostase glicêmica.
Revista Brasileira de Nutrição Clínica Funcional, 2014.
LOPES, D. A. V. Anatomia microscópica do pâncreas e
detecção de células neuroendócrinas imunorreativas a
insulina, glucagon, somatostatina, serotonina e
polipeptídeo pancreático de Phrynops geoffroanus
(Schweigger, 1812) e Hydromedusa maximiliani (Mikan,
1820) (Testudines, Chelidae). Tese de Pós-Graduação, RJ,
2017.
LUBACZEUSKI, C. Envolvimento do sistema nervoso
parassimpático sobre o controle glicêmico e função das
ilhotas pancreáticas em camundongos desnutridos
submetidos à dieta hiperlipídica. Tese de Doutorado,
Campinas, 2017.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Compreender a embriologia da tireoide e
paratireoide;
2- Estudar a morfofisiologia da tireoide e
paratireoide;
3- Explicar os tipos de erros médicos;
Embriologia da Tireoide
↠ A glândula tireoide é a primeira glândula endócrina a
se desenvolver no embrião. Sob a influência de vias de
sinalização do fator de crescimento do fibroblasto, ela
começa a se formar aproximadamente com 24 dias após
a fecundação a partir de um espessamento endodérmico
mediano no assoalho da faringe primitiva. Esse
espessamento rapidamente forma uma pequena
evaginação, o primórdio da tireoide (MOORE, 10ª ed.).
↠ À medida que o embrião e a língua crescem a glândula
tireoide em desenvolvimento desce pelo pescoço,
passando ventralmente ao osso hioide a as cartilagens
laríngeas em desenvolvimento. Por um curto tempo, a
glândula está ligada à língua por um tubo estreito, o ducto
tireoglosso (MOORE, 10ª ed.).
↠ A princípio, o primórdio da tireoide é oco, mas logo se
torna uma massa sólida de células. Ele se divide em lobos,
direito e esquerdo, que são ligados pelo istmo da glândula
tireoide, que se encontra anterior ao segundo e terceiro
anéis traqueais em desenvolvimento (MOORE, 10ª ed.).
↠ Em 7 semanas, a glândula tireoide assume sua forma
definitiva e está geralmente localizada em seu local final
no pescoço. Nessa altura, o ducto tireoglosso
normalmente já degenerou e desapareceu. A abertura
proximal do ducto persiste como uma pequena fosseta
no dorso (superfície posterossuperior) da língua, o
forame cego. Um lobo piramidal da glândula tireoide
estende-se superiormente, a partir do istmo, em
aproximadamente 50% das pessoas. Esse lobo pode estar
anexado ao osso hioide por tecido fibroso ou músculo liso,
ou ambos (MOORE, 10ª ed.).
HISTOGÊNESE DA GLÂNDULA TIREOIDE
O primórdio da tireoide consiste em uma massa sólida de células
endodérmicas. Esse agregado celular posteriormente se rompe em
uma rede de cordões epiteliais conforme é invadido por mesênquima
vascular circundante. Com 10 semanas, os cordões dividem-se em
pequenos grupos celulares. Um lúmen rapidamente se forma em cada
aglomerado celular, e essas células ficam dispostas em uma única
camada em torno dos folículos tireoidianos (MOORE, 10ª ed.).
Durante a 11ª semana, o coloide (material semifluido nos folículos)
começa a aparecer; depois disso, a concentração de iodo e a síntese
de hormônios da tireoide podem ser demonstradas. Por volta da 20ª
semana, os níveis do hormônio estimulante da tireoide e a tiroxina
começam a aumentar, alcançando níveis adultos com 35 semanas
(MOORE, 10ª ed.).
APG 18 – CAROÇO NO PESCOÇO
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Embriologia da Paratireoide
ARCOS FARÍNGEOS
Os arcos faríngeos começam a se desenvolver no início da quarta
semana, quando as células da crista neural migram para as futuras
regiões da cabeça e do pescoço. Ao final da quarta semana, quatro
pares de arcos são visíveis externamente. O quinto e o sexto arco
são rudimentares e não são visíveis na superfície do embrião
(MOORE, 10ª ed.).
Os arcos faríngeos são separados pelos sulcos faríngeos (fendas).
Como os arcos, os sulcos são numerados em uma sequência
craniocaudal. O primeiro arco separa-se nas proeminências maxilar e
mandibular. Juntamente com o terceiro arco, o segundo arco (arco
hioide) contribui para a formação do osso hioide (MOORE, 10ª ed.).
Os arcos faríngeos contribuem extensivamente para a formação da
face, das cavidades nasais, da boca, da laringe, da faringe e do pescoço.
Durante a quinta semana, o segundo arco aumenta e recobre o
terceiro e o quarto arcos, formando uma depressão ectodérmica, o
seio cervical. Ao final da sétima semana, o segundo até o quarto sulcos
faríngeos e o seio cervical desaparecem, dando ao pescoço um
contorno liso (MOORE, 10ª ed.).
BOLSAS FARÍNGEAS
↠ A faringe primitiva, que é derivada do intestino anterior,
alarga-se cranialmente conforme se une ao estomodeu e
estreita-se à medida que se une ao esôfago. O
endoderma da faringe reveste as superfícies internas dos
arcos e das bolsas faríngeas. As bolsas desenvolvem-se
em uma sequência craniocaudal entre os arcos. O
primeiro par de bolsas, por exemplo, encontra-se entre
o primeiro e o segundo arcos. Quatro pares de bolsas
são bem definidos; o quinto par (quando presente) é
rudimentar (MOORE, 10ª ed.).
TERCEIRA BOLSA FARÍNGEA
↠ A terceira bolsa expande-se e forma uma parte dorsal
bulbar sólida e uma parte ventral oca alongada. Sua
conexão com a faringe é reduzida a um ducto estreito
que logo se degenera. Por volta da sexta semana, o
epitélio de cada parte bulbar dorsal da bolsa começa a se
diferenciar em uma glândula paratireoide inferior (MOORE,
10ª ed.).
↠ O epitélio das partes ventrais da bolsa alongada se
prolifera, obliterando suas cavidades. Essas partes se
unem no plano mediano para formar o timo, que é o
órgão linfoide primário. Mais tarde, as glândulas
paratireoides separam-se do timo e vão se situar na
superfície dorsal da glândula tireoide (MOORE, 10ª ed.).
QUARTA BOLSA FARÍNGEA
↠ A quarta bolsa expande-se emuma parte bulbar dorsal
e uma ventral alongada. Sua conexão com a faringe é
reduzida a um ducto estreito que logo degenera. Por volta
da sexta semana, cada porção dorsal se desenvolve em
uma glândula paratireoide superior, que se localiza na
superfície dorsal da glândula tireoide (MOORE, 10ª ed.).
↠ Como as glândulas paratireoides derivadas das
terceiras bolsas acompanham o timo, elas estão em uma
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
posição mais inferior que as glândulas paratireoides
derivadas das quartas bolsas (MOORE, 10ª ed.).
HISTOGÊNESE DA PARATIREOIDE
O epitélio das partes dorsais da terceira e da quarta bolsa prolifera
durante a quinta semana e forma pequenos nódulos na face dorsal de
cada bolsa. O mesênquima vascular logo cresce nesses nódulos,
formando uma rede capilar. As células principais diferenciam-se durante
o período embrionário e, acredita-se, tornam-se funcionalmente ativas
na regulação do metabolismo do cálcio fetal. As células oxífilas da
glândula paratireoide diferenciam-se entre os 5 e 7 anos após o
nascimento (MOORE, 10ª ed.).
A parte ventral alongada de cada uma das quartas bolsas desenvolve-
se em um corpo ultimofaríngeo, que se funde com a glândula tireoide.
Suas células se disseminam dentro da tireoide e formam as células
parafoliculares. Essas células são também chamadas de células C,
indicando que elas produzem calcitonina, um hormônio que reduz os
níveis de cálcio no sangue. As células C diferenciam-se a partir de
células da crista neural que migram dos arcos para o quarto par de
bolsas (MOORE, 10ª ed.).
Morfofisiologia da Tireoide
ANATOMIA DA TIREOIDE
↠ Em forma de borboleta (na vista anterior), a glândula
tireóide está localizada na parte anterior do pescoço,
sobre a traquéia logo abaixo da laringe (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Seus dois lobos laterais são conectados por uma
massa de tecido medial chamada de istmo. A glândula
tireóide é a maior glândula puramente endócrina do corpo
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Cerca de 50% das glândulas tireoides apresentam um
pequeno terceiro lobo, chamado de lobo piramidal, que
se estende superiormente a partir do istmo (TORTORA,
14ª ed.).
↠ A massa normal da tireoide é de aproximadamente de
30 g (TORTORA, 14ª ed.).
VASCULARIZAÇÃO DA TIREOIDE
A glândula tireoide, altamente vascularizada, é suprida pelas artérias
tireóideas superior e inferior. Em geral, os primeiros ramos das artérias
carótidas externas, as artérias tireóideas superiores, descem até os
polos superiores da glândula, perfuram a lâmina pré-traqueal da fáscia
cervical e dividem-se em ramos anterior e posterior que suprem
principalmente a face anterossuperior da glândula (MOORE, 7ª ed.).
As artérias tireóideas inferiores, os maiores ramos dos troncos
tireocervicais que se originam das artérias subclávias, seguem em
sentido superomedial posteriormente às bainhas caróticas até
chegarem à face posterior da glândula tireoide. As artérias tireóideas
superiores e inferiores direita e esquerda fazem extensas
anastomoses dentro da glândula, assegurando sua vascularização
enquanto proporcionam potencial circulação colateral entre as artérias
subclávia e carótida externa (MOORE, 7ª ed.).
Seu extraordinário suprimento sanguíneo (das artérias tireóideas
superior e inferior) faz com que as cirurgias de tireóide exijam um
cuidado especial (MARIEB, 3ª ed.).
Três pares de veias tireóideas geralmente formam um plexo venoso
tireóideo na face anterior da glândula tireoide e anterior à traqueia. As
veias tireóideas superiores acompanham as artérias tireóideas
superiores; elas drenam os polos superiores da glândula tireoide; as
veias tireóideas médias não acompanham, mas seguem trajetos
praticamente paralelos às artérias tireóideas inferiores; drenam a
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
região intermédia dos lobos. As veias tireóideas inferiores geralmente
independentes drenam os polos inferiores (MOORE, 7ª ed.).
HISTOLOGIA DA TIREOIDE
↠ A glândula é revestida por uma cápsula de tecido
conjuntivo frouxo que envia septos para o parênquima.
Os septos se tornam gradualmente mais delgados ao
alcançar os folículos, que são separados entre si
principalmente por fibras reticulares (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A tireoide é um órgão extremamente vascularizado
por uma extensa rede capilar sanguínea e linfática que
envolve os folículos. As células endoteliais dos capilares
sanguíneos são fenestradas, como é comum também em
outras glândulas endócrinas. Essa configuração facilita o
transporte de substâncias entre as células endócrinas e o
sangue (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS FOLICULARES
↠ A tireoide é composta de milhares de folículos
tireoidianos, que são pequenas esferas de 0,2 a 0,9 mm
de diâmetro. A parede dos folículos é um epitélio simples
cujas células são também denominadas tireócitos. A
cavidade dos folículos contém uma substância gelatinosa
chamada coloide (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
As células foliculares produzem a glicoproteína tireoglobulina. A
cavidade central, ou lúmen, dos folículos armazena o colóide, um
material âmbar e pegajoso que consiste de moléculas de tireoglobulina
ligadas a átomos de iodo. Os hormônios da tireóide são derivados desta
tireoglobulina iodada (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Em cortes, o aspecto dos folículos tireoidianos é muito
variado, o que é consequência de: (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
diferentes maneiras em que foram seccionados
os folículos;
diversos níveis de atividade funcional exercidos
pelos vários folículos.
↠ Alguns folículos são grandes, cheios de coloide e
revestidos por epitélio cúbico ou pavimentoso, e outros
são menores, com epitélio colunar. De maneira geral,
quando a altura média do epitélio de um número grande
de folículos é baixa, a glândula é considerada hipoativa. Em
contrapartida, o aumento acentuado na altura do epitélio
folicular acompanhado por diminuição da quantidade de
coloide e do diâmetro dos folículos costuma indicar
hiperatividade da glândula (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS PARAFOLICULARES
↠ Outro tipo de célula encontrado na tireoide é a célula
parafolicular ou célula C. Ela pode fazer parte do epitélio
folicular ou, mais comumente, formar agrupamentos
isolados entre os folículos tireoidianos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
As células parafoliculares produzem um hormônio chamado calcitonina,
também denominado tirocalcitonina, cujo efeito principal é inibir a
reabsorção de tecido ósseo e, em consequência, diminuir o nível de
cálcio no plasma. A secreção de calcitonina é ativada por aumento da
concentração de cálcio do plasma (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Ao microscópio eletrônico de transmissão, as células parafoliculares
mostram uma pequena quantidade de retículo endoplasmático
granuloso, mitocôndrias alongadas e um grande complexo de Golgi. A
característica mais notável dessas células são os numerosos grânulos
que medem de 100 a 180 nm de diâmetro (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
FISIOLOGIA DA TIREOIDE
↠ A glândula tireoide é a única glândula endócrina que
armazena seu produto secretório em grandes
quantidades - normalmente o suficiente para cerca de 100
dias (TORTORA, 14ª ed.).
HORMÔNIO DA TIREOIDE
↠ Referido frequentemente como o principal hormônio
metabólico, o hormônio da tireóide (TH) é na verdade um
par de hormônios derivados de aminoácidos contendo
iodo, a tiroxina, ou T4, e a triiodotironina, ou T3 (MARIEB,
3ª ed.).
↠ O T4 é o principal hormônio secretado pelos folículos
tireoidianos; grande parte do T3 é formada nos tecidos-
alvo pela conversão do T4 em T3. Muito parecidos entre
si, os hormônios são sintetizados a partir de dois
aminoácidos tirosina conectados. A principal diferença é
que o T4 possui quatro átomos de iodo ligados, e o T3
possui três (por isso, T4 e T3) (MARIEB, 3ª ed.).
SÍNTESE
↠ A síntese do hormônio da tireóide envolve seis
processos interligados que iniciamquando o TSH secreta
do pela hipófise anterior se liga aos receptores nas células
foliculares (MARIEB, 3ª ed.).
1. Formação e armazenamento da tireoglobulina:
Após ser sintetizada nos ribossomos, a
tireoglobulina é transportada até o aparelho de
Golgi, onde são adicionados resíduos glicídicos e
as moléculas são empacotadas em vesículas.
Estas vesículas de transporte se movem até o
ápice das células foliculares, onde seus
conteúdos são liberados no lúmen folicular e se
tornam parte do colóide armazenado.
2. Sequestro do iodeto: Para produzir os
hormônios iodados funcionais, as células
foliculares devem acumular iodetos (ânions de
iodo, I-) provenientes do sangue. Como a
concentração intracelular de I- é cerca de 30
vezes maior do que a do sangue, a captura do
iodeto depende de transporte ativo. Uma vez
aprisionado dentro das células foliculares, o
iodeto então se move para dentro do lúmen
folicular por difusão facilitada.
3. Oxidação do iodeto e iodação: No limite entre
as células foliculares e o colóide, os iodetos são
oxidados (pela remoção de elétrons) e
convertidos a iodo (I2). Uma vez formado, o iodo
é ligado aos aminoácidos tirosina que constituem
a tireoglobulina coloidal. Esta reação de iodação
ocorre na junção entre o ápice das células
foliculares e o colóide, sendo mediada por
enzimas peroxidases. A ligação de um iodo a
uma tirosina resulta na monoiodotirosina (MIT ou
T1); a ligação de dois iodos produz a diiodotirosina
(DIT ou T2).
Essa oxidação da tirosina é promovida pela enzima peroxidase,
acompanhada de peróxido de hidrogênio, os quais constituem potente
sistema capaz de oxidar iodetos. A peroxidase localiza-se na membrana
apical da célula ou ligada a ela, produzindo, assim, o iodo oxidado,
exatamente no ponto da célula em que a molécula de tireoglobulina
surge, vinda do aparelho de Golgi e através da membrana celular,
sendo armazenada no coloide da tireoide (GUYTON, 13ª ed.).
A ligação do iodo com a molécula de tireoglobulina é chamada
organificação da tireoglobulina (GUYTON, 13ª ed.).
4. Acomplamento de T2 e T1: A seguir, enzimas
do colóide acoplam o T1 e oT2. Duas DITs ligadas
resultam no T4; o acoplamento entre uma MIT
e uma DIT resulta no T3. Neste ponto, os
hormônios ainda fazem parte da tireoglobulina
coloidal.
Pequenas quantidades de T3 reverso (RT3) são formadas pelo
acoplamento de di-iodotirosina com monoiodotirosina, mas RT3 não
parece ter significância funcional em humanos (GUYTON, 13ª ed.).
5. Endocitose do colóide: Para que ocorra a
secreção do hormônio, é necessário que as
células foliculares recuperem a tireoglobulina
iodada por endocitose e combinem as vesículas
com lisossomos.
6. Clivagem e liberação dos hormônios: Nos
lisossomos, os hormônios são clivados da
tireoglobulina pelas enzimas lisossomais. Os
hormônios então se difundem das células
foliculares para a corrente sanguínea. O principal
produto hormonal secretado é o T4. Um pouco
de T4 é convertido a T3 antes de ser
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
secretado, mas a maioria do T3 é gerada nos
tecidos periféricos.
Embora tenhamos descrito a síntese de TH do começo ao fim
(secreção), a resposta inicial à ligação do TSH é a secreção do
hormônio da tireóide. Após, mais colóide é sintetizado para
"reabastecer" o lúmen folicular. Como regra geral, os níveis de TSH
estão mais baixos durante o dia, atingem o pico um pouco antes da
hora de dormir e permanecem altos durante a noite (MARIEB, 3ª ed.).
Cerca de 93% dos hormônios metabolicamente ativos, secretados pela
tireoide, consistem em tiroxina, e 7% são tri-iodotironina. Entretanto,
quase toda a tiroxina é, por fim, convertida em tri-iodotironina nos
tecidos, de modo que ambas são funcionalmente importantes
(GUYTON, 13ª ed.).
Para formar quantidades normais de tiroxina, é necessária a ingestão
de cerca de 50 miligramas de iodo na forma de iodeto a cada ano, ou
cerca de 1 mg/semana. Para prevenir a deficiência de iodo, o sal comum
de cozinha é suplementado com cerca de uma parte de iodeto de
sódio para cada 100.000 partes de cloreto de sódio (GUYTON, 13ª ed.).
TRANSPORTE E REGULAÇÃO
↠ Grande parte do T4 e do T3 liberados se liga
imediatamente às proteínas transportadoras,
principalmente as globulinas ligadoras de tiroxina (TBGs)
produzidas pelo fígado. Tanto o T4, como o T3 se ligam
aos receptores nos tecidos-alvo, mas o T3., se liga muito
mais avidamente, sendo cerca de dez vezes mais ativo. A
maioria dos tecidos periféricos possui as enzimas
necessárias para a conversão de T4 em T3, um
processo que envolve a remoção enzimática de um
átomo de iodo (MARIEB, 3ª ed.).
T3 e T4 possuem solubilidade limitada no plasma por serem moléculas
lipofílicas. Consequentemente, os hormônios da tireoide ligam-se as
proteínas do plasma, como a globulina ligante da tiroxina (TBG)
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Provavelmente existam diversos mecanismos de ação do TH.
Entretanto, o que sabemos com certeza é que, como os esteróides,
o TH entra na célula-alvo, se liga a receptores dentro do núcleo celular
e inicia a transcrição do RNAm (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A diminuição dos níveis sanguíneos de TH estimula a
liberação do hormônio estimul.ador da tireóide (TSH) e,
consequentemente, de mais TH. O aumento nos níveis
de TH inibe por retroalimentação o eixo hipotálamo-
hipófise, "desligando" temporariamente o estímulo para a
liberação de TSH (MARIEB, 3ª ed.).
Fatores que inibem a liberação de TSH incluem somatostatina e níveis
elevados de glicocorticóides. Níveis excessivamente altos de iodo no
sangue inibem a liberação de TH (MARIEB, 3ª ed.).
AÇÕES DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE
↠ Uma vez que a maioria das células corporais apresenta
receptores para hormônios da tireoide, T3 e T4
exercem seus efeitos por todo o corpo (TORTORA, 14ª
ed.).
Os hormônios da tireoide aumentam a taxa
metabólica basal (TMB), que consiste no
consumo de oxigênio em condições basais ou
padrão (acordado, em repouso e jejum) por
meio da estimulação do uso de oxigênio celular
na produção de ATP. Quando a taxa metabólica
basal aumenta, o metabolismo celular dos
carboidratos, lipídios e proteínas se torna mais
intenso (TORTORA, 14ª ed.).
Outro efeito importante dos hormônios da
tireoide é o de estimular a síntese de bombas
adicionais de sódio e potássio (Na+K+ATPase), o
que utiliza grandes quantidades de ATP para
continuamente ejetar íons sódio (Na+) do citosol
no líquido extracelular e íons potássio (K+) do
líquido extracelular no citosol. Com a produção
e a utilização de mais ATP pelas células, mais
calor é liberado e a temperatura corporal sobe.
Esse fenômeno é chamado de efeito
calorigênico. Dessa maneira, os hormônios da
tireoide têm participação importante na
manutenção da temperaturacorporal normal
(TORTORA, 14ª ed.).
Os hormônios da tireoide intensificam algumas
ações das catecolaminas (norepinefrina e
epinefrina), pois promovem a suprarregulação
dos receptores beta (ß). Por essa razão, os
sinais/sintomas do hipertireoidismo incluem
frequência cardíaca aumentada, batimentos
cardíacos mais fortes e pressão arterial elevada
(TORTORA, 14ª ed.).
Junto com o hormônio do crescimento e com
a insulina, os hormônios da tireoide aceleram o
crescimento corporal, sobretudo o crescimento
dos sistemas nervoso e esquelético. A deficiência
de hormônios da tireoide durante o
desenvolvimento fetal ou infância causa grave
retardo mental e restrição do crescimento
ósseo (TORTORA, 14ª ed.).
Antes de agir nos genes, aumentando sua transcrição, um átomo de
iodo é removido de quase todas as moléculas de tiroxina, formando
tri-iodotironina. Os receptores intracelulares de hormônio tireoidiano
têm afinidade muito alta com a tri-iodotironina. Consequentemente,
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
mais de 90% das moléculas de hormônio tireoidiano que se ligam aos
receptores consistem em tri-iodotironina(GUYTON, 13ª ed.).
Os receptores de hormônio tireoidiano estão ligados às fitas genéticas
de DNA ou se localizam próximos a elas. O receptor do hormônio
tireoidiano, em geral, forma heterodímero com o receptor de retinoide
X (RXR) nos elementos específicos de resposta hormonal tireoidiana
no DNA. Após se ligarem ao hormônio tireoidiano, os receptores são
ativados e iniciam o processo de transcrição. Então, é formado um
grande número de diferentes tipos de RNA mensageiro que, após
alguns minutos ou horas, são traduzidos nos ribossomos
citoplasmáticos, formando centenas de novas proteínas intracelulares
(GUYTON, 13ª ed.).
Um importante efeito do hormônio tireoidiano é promover o
crescimento e desenvolvimento do cérebro durante a vida fetal e nos
primeiros anos de vida pós-natal. Se o feto não secretar quantidade
suficiente de hormônio tireoidiano, o crescimento e a maturação do
cérebro, antes e após o nascimento, são muito retardados, e o
cérebro permanece menor que o normal (GUYTON, 13ª ed.).
CALCITONINA
↠ A calcitonina é um hormônio polipeptídico produzido
pelas células parafoliculares, ou células C, da glândula
tireóide. Como seu principal efeito é diminuir os níveis
sanguíneos de Ca+2, a calcitonina é um antagonista direto
do paratormônio, produzido pelas glândulas paratireóides
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ A calcitonina age no esqueleto, onde: (MARIEB, 3ª ed.).
inibe a atividade dos osteoclastos e
consequentemente a reabsorção (ressorção)
óssea e a liberação de Ca+2 da matriz do osso;
estimula a captação e a incorporação de Ca+2
na matriz do osso. Assim, ela tem efeito
poupador ósseo
Morfofisiologia das glândulas paratireoides
ANATOMIA DAS GLÂNDULAS PARATIREOIDES
↠ São quatro pequenas glândulas, que medem 3 × 6
mm e têm peso total de cerca de 0,4 g. Localizam-se
mais comumente nos polos superiores e inferiores da
face dorsal da tireoide, geralmente na cápsula que
reveste os lobos dessa glândula (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Mais raramente, podem situar-se no interior da tireoide ou no
mediastino, próximo ao timo. Esta última localização se deve ao fato
de as paratireoides e o timo se originarem de esboços embrionários
muito próximos entre si (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As glândulas paratireoides, muito pequenas e com
coloração marrom-amarelada, estão praticamente
escondidas na parte posterior da glândula tireóide.
Normalmente, quatro destas glândulas estão presentes,
mas o número preciso varia entre os indivíduos (MARIEB,
3ª ed.).
Øbs.: Já foram relatadas até oito glândulas, e algumas podem ser
localizadas em outras regiões do pescoço e até mesmo no tórax
(MARIEB, 3ª ed.).
HISTOLOGIA DAS GLÂNDULAS PARATIREOIDES
↠ Cada paratireoide é envolvida por uma cápsula de
tecido conjuntivo. Dessa cápsula partem trabéculas para
o interior da glândula, que são contínuas com as fibras
reticulares que sustentam os grupos de células secretoras
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O parênquima da paratireoide é formado por células
epiteliais dispostas em cordões separados por capilares
sanguíneos. Há dois tipos de células na paratireoide: as
principais e as oxífilas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
CÉLULAS PRINCIPAIS
↠ As células principais predominam amplamente sobre
as outras, têm forma poligonal, núcleo vesicular e
citoplasma fracamente acidófilo; essas células são
secretoras do hormônio das paratireoides, o paratormônio
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS OXÍFILAS
↠ Na espécie humana, as células oxífilas aparecem por
volta dos 7 anos de idade e a partir daí aumentam
progressivamente de número. São poligonais, maiores e
mais claras que as células principais. A função dessas
células é desconhecida (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
FISIOLOGIA DAS GLÂNDULAS PARATIREOIDES
↠ O hormônio paratireoidiano (PTH), ou paratormônio, o
hormônio protéico destas glândulas, é o principal
hormônio regulador do equilíbrio do cálcio no sangue. A
liberação do PTH é desencadeada pela queda nos níveis
sanguíneos de Ca+2 e inibida pela hipercalcemia. O PTH
aumenta os níveis de Ca+2 no sangue pela estimulação
de três órgãos-alvo: o esqueleto (que contém
quantidades consideráveis de sais de cálcio na sua matriz),
os rins e o intestino (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Além de aumentar a concentração de Ca2+
plasmático, o hormônio da paratireoide reduz a
concentração de fosfato no sangue. Esse efeito resulta
da atividade do paratormônio em células dos túbulos
renais, diminuindo a reabsorção de fosfato e aumentando
sua excreção na urina (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Como a homeostase do íon cálcio plasmático é essencial para muitas
funções, incluindo a transmissão de impulsos nervosos, a contração
muscular e a coagulação sanguínea, o controle preciso dos níveis de
Ca+2 é crucial (MARIEB, 3ª ed.).
RELAÇÃO CALCITONINA E PARATORMÔNIO
↠ O nível sanguíneo de cálcio controla diretamente a
secreção de calcitonina e paratormônio por meio de alças
de feedback negativo que não envolvem a glândula
hipófise: (TORTORA, 14ª ed.).
O nível sanguíneo de íons cálcio (Ca2+) acima do
normal estimula as células parafoliculares da
glândula tireoide a liberarem mais calcitonina.
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
A calcitonina inibe a atividade dos osteoclastos,
diminuindo, dessa forma, o nível sanguíneo de
Ca2+.
O nível sanguíneo de íons cálcio (Ca2+) abaixo
do normal estimula as células principais da
glândula paratireoide a liberarem mais PTH.
O PTH promove a reabsorção de matriz óssea
extracelular, o que libera Ca2+ no sangue e
retarda a perda de Ca2+ na urina, elevando o
nível de Ca2+ no sangue.
Erros médicos
↠ Os erros médicos, quase sempre, causam danos e
sofrimento aos pacientes, o que, aliado a uma relação
médico paciente insatisfatória, é responsável por grande
parte das denúncias feitas nos Conselhos Regionais de
Medicina (CRM) (BITENCOURT et. al., 2007).
↠ Quando se acusa um médico de erro entende-se esse
erro como “o dano sofrido pelo paciente que possa ser
caracterizado por imperícia, imprudência ou negligência
do médico, no exercício de suas atividades profissionais
(KOECHE et. al., 2013).
↠ O único artigo do Código de Ética Médica de 1988,
vigente à época da ocorrência dos autos de processos
analisados, compatível com esta definição, é o artigo de
número 29, que veda ao médico: “praticar atos danosos
ao paciente, que possam ser caracterizados como
imprudência, imperícia e negligência” (KOECHE et. al.,
2013).
↠ Há três maneiras de classificar o erro médico:
imperícia, quando o médico realiza procedimento para o
qual não é habilitado, o que corresponde a um despreparo
teórico e/ou prático por insuficiência de conhecimento;
imprudência, quando o médico assume riscos para o
paciente sem respaldo científico para o seu
procedimento, agindo sem a cautela necessária; e
negligência, quando não oferece os cuidados necessários
ao paciente, sugerindo inação, passividade ou um ato
omissivo (BITENCOURT et. al., 2007).
ARTIGO: O ERRO MÉDICO E A MÁ PRÁTICA NOS CÓDIGOS BRASILEIROS DE
ÉTICA MÉDICA (MARTIN, L. M. 2009)
IMPERÍCIA
O código de 1988 se preocupa com a imperícia em duas frentes. A
primeira tem a ver com a situação em que o médico dá cobertura a
pessoas não habilitadas para exercer a medicina. Nesse caso, é vedado
ao médico "delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivos
da profissão médica" (art. 30/1988) e "acumpliciar-se com os que
exercem ilegalmente a Medicina, ou com profissionais ou instituições
médicas que pratiquem atos ilícitos" (art. 38/1988).
A segunda frente é mais complexa e trata da imperícia do próprio
médico. Léo Meyer Coutinho sustenta que, muitas vezes, é difícil
distinguir entre imperícia e imprudência. Genival Veloso de França vai
mais longe e diz que não se pode atribuir imperícia a um médico
devidamente diplomado e que o erro será sempre de imprudência ou
negligência. Talvez do pontode vista jurídico ele tenha razão, mas do
ponto de vista ético parece que ele está desprezando uma distinção
importante entre a pessoa diplomada e a pessoa qualificada. Mesmo
se aceitássemos seu argumento que o recém-diplomado
seguramente tem o preparo prático e os conhecimentos científicos e
técnicos para exercer a profissão de médico, não há nenhuma garantia
que, digamos, cinco anos mais tarde, seu preparo prático e
conhecimentos técnicos tenham acompanhado os avanços da sua
profissão.
Por isso, é possível, eticamente falando, atribuir imperícia a um médico
diplomado. O diploma é algo estático, normalmente concedido só uma
vez. Habilidades e conhecimentos, porém, são algo dinâmico, que
precisa ser constantemente revitalizado, e esta parece ser a posição
adotada pelo Código de Ética Médica de 1988 quando diz, no seu artigo
5º: "O médico deve aprimorar continuamente seus conhecimentos e
usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente".
IMPRUDÊNCIA
Exemplos simples de imprudência se encontram no artigo 62/1988
com sua proibição de "prescrever tratamento ou outros
procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de
urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse
caso, fazê-lo imediatamente cessado o impedimento" e no artigo
39/1988 que veda ao médico: "Receitar ou atestar de forma secreta
ou ilegível, assim como assinar em branco folhas de receituários,
laudos, atestados ou quaisquer outros documentos
Em outros casos, um pouco mais complicados, podemos dizer que
seria, no mínimo, imprudente o médico "efetuar qualquer
procedimento médico sem o esclarecimento e o consentimento
prévios do paciente ou de seu responsável legal, salvo em iminente
perigo de vida" (art. 46/1988); "desrespeitar o direito do paciente de
decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou
terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida" (art. 56/1988);
Nestes casos, a imprudência consiste em não adotar as salvaguardas
estabelecidas pela profissão médica para a proteção do próprio
médico, do paciente e da sociedade, mesmo não havendo danos
maiores em cada caso concreto. Estas imprudências facilmente se
transformam em má prática quando levam o médico a desprezar a
dignidade do ser humano e a provocar-lhe danos graves.
NEGLIGÊNCIA
Segundo Genival Veloso de França, "a negligência caracteriza-se pela
inação, indolência, inércia, passividade. É a falta de observação aos
deveres que as circunstâncias exigem. É um ato omissivo". Casos de
negligência que provocam danos ao paciente podem ser fruto de
preguiça ou desinteresse por parte do médico, mas, também, podem
ser fruto de cansaço e sobrecarga de serviços devido às condições
de trabalho impostas a muitos médicos em hospitais e postos de saúde.
As formas de negligência mais graves que se encontram no código
de 1988 são a omissão de tratamento e o abandono do paciente.
10
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Mais abrangentes ainda são os artigos que caracterizam como erro
culposo a negligência pela qual o médico deixa "de comparecer a
plantão em horário preestabelecido ..., salvo por motivo de força maior"
(art. 37/1988) ou deixa "de utilizar todos os meios disponíveis de
diagnóstico e tratamento a seu alcance em favor do paciente" (art.
57/1988).
Ao lado das situações de negligência caracterizadas por omissão, o
código prevê situações de negligência caracterizadas como abandono
do paciente. O artigo 37/1988, por exemplo, proíbe o médico de
abandonar o plantão, "salvo por motivo de força maior", enquanto o
artigo 36/1988 proíbe-o de "afastar-se de suas atividades profissionais,
mesmo temporariamente, sem deixar outro médico encarregado do
atendimento de seus pacientes em estado grave".
↠ Nos países subdesenvolvidos, a probabilidade de
ocorrerem erros médicos é ainda maior, devido à
estrutura inadequada, aos equipamentos precários e ao
baixo investimento em custos operacionais essenciais aos
serviços de saúde. No Brasil, não existem dados sobre o
assunto, mas estudos demonstram que o número de
denúncias por erros médicos vem crescendo
enormemente nos últimos anos (BITENCOURT et. al.,
2007).
↠ Neste contexto, é importante investir na prevenção
dos erros, sendo necessário estimular, desde a graduação
em Medicina, discussões que visem formar profissionais
mais comprometidos com a prática médica e menos
sujeitos a esse tipo de problema.. A educação médica,
neste contexto, tem dois papéis, o de informador e o de
formador. Enquanto o primeiro tem a função de fornecer
ao estudante conhecimentos científicos e de natureza
técnica essenciais ao exercício da futura profissão, o
segundo é responsável pelo amadurecimento de uma
personalidade adulta e equilibrada, capaz de entender a
complexa estrutura biopsicossocial do paciente
(BITENCOURT et. al., 2007).
↠ Vários fatores estão envolvidos no aumento do
número de processos por erro médico, como maior
conscientização da população acerca de seus direitos,
precarização das condições de trabalho, principalmente
no setor público, e influência da mídia. Dentre os fatores
mais importantes na geração deste quadro estão a
deterioração na qualidade da relação médico-paciente e
a formação deficiente dos médicos durante a graduação
e pós-graduação. O reconhecimento do papel da
educação médica na prevenção do erro médico deve
ser discutido com urgência, principalmente devido ao
número crescente de escolas médicas no País
(BITENCOURT et. al., 2007).
↠ Reconhecer a importância e conhecer os fatores
relacionados aos erros médicos é fundamental para
formular medidas no sentido de evitar a má prática
profissional. É inegável a importância do papel da
educação médica na formação dos futuros médicos,
desenvolvendo competências e habilidades técnicas, além
de valores éticos e morais. Este fato tem sido destacado
desde os primórdios da Medicina, com Hipócrates, que já
recomendava: “aquele que quiser adquirir um
conhecimento exato da arte médica deverá possuir boa
disposição para isso, frequentar uma boa escola, receber
instrução desde a infância, ter vontade de trabalhar e ter
tempo para se dedicar aos estudos” (BITENCOURT et. al.,
2007).
ARTIGO: ANÁLISE DO ERRO MÉDICO EM PROCESSOS ÉTICO-
PROFISSIONAIS: IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO MÉDICA.
(BITENCOURT ET. AL., 2007).
Trata-se de um estudo descritivo em que foi feita uma revisão
de todos os Processos Éticos-Profissionais (PEP) julgados nas
três Câmaras do Tribunal de Ética do Conselho Regional de
Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) de 2000 a 2004. Foram
avaliadas as características dos processos com indícios de
infração ao artigo 29 do CEM, bem como dos profissionais
neles envolvidos.
Foram avaliadas as informações de 372 médicos julgados em
238 PEP.
Daqueles, 42,7% (n = 159) foram denunciados por infração ao
artigo 29. A maioria, 78,6% (n = 125), era de homens, e a idade
média, de 44,16 ± 9,67, variando de 25 a 71 anos.
Quanto à especialidade, 27,0% (n = 43) dos denunciados não
tinham especialidade registrada no Cremeb, e em 6,3% (n =
10) a mesma não foi identificada.
A especialidade com maior frequência (37%) foi ginecologia e
obstetrícia.
Foi identificada negligência em 67,3% (n = 107) das denúncias,
imprudência em 23,3% (n = 37) e imperícia em 8,8% (n = 14).
Quanto ao resultado do julgamento, foram absolvidos de
infração ao artigo 29 do CEM 76,1% (n = 121) dos médicos,
sendo que 31,4% (n = 50) foram absolvidos por falta de provas
e 44% (n = 70) por inocência comprovada.
As penalidades recebidas pelos médicos apenados por erro
médico, de acordo com o Código de Processo Ético Profissional
dos Conselhos de Medicina do Brasil1, foram: censura pública
em publicação oficial em 34,2% (n = 13); censura reservada
também em 34,2% (n = 13); aviso reservado em 23,7% (n =
9); e suspensão do exercício profissional por trinta dias em
7,9% (n = 3). Nenhum médico sofreu cassação doexercício
profissional.
11
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
O erro médico é uma frequente causa de denúncias contra
médicos no Cremeb e ocorre em geral por negligência em
atendimento público e principalmente cirúrgico, não havendo
diferença entre atendimento de urgência/emergência e eletivo.
Os médicos denunciados são, em sua maioria, homens com
idade média de 44 anos, sendo as especialidades mais
frequentes Ginecologia e Obstetrícia (GO), Cirurgia Geral e
Anestesia.
Referências
KOECHE et. al. Prevalência de erro médico entre as
especialidades médicas nos processos julgados pelo
Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa
Catarina. Arquivo Catarina Médico, v. 42, n. 2, p. 45-53,
2013.
BITENCOURT et. al. Análise do erro médico em
processos ético-profissionais: implicações na educação
médica. Revista Brasileira de Educação Médica, 2007
MARTIN, L. M. O erro médico e a má prática nos códigos
brasileiros de ética médica, Revista Bioética, 2009.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008
MOORE. Embriologia Clínica, 10ª ed.. Elsevier, RJ, 2016.
MOORE et. al. Moore Anatomia Orientada para a Clínica,
7ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivo
1- Compreender a morfofisiologia da glândula
suprarrenal;
*Relação do glicorticoide com o metabolismo e a
obesidade;
*Eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal com o sistema
imune;
Morfofisiologia da glândula suprarrenal
ANATOMIA DA GLÂNDULA SUPRARRENAL
↠ As glândulas adrenais são órgãos pares, em forma de
pirâmide, situadas na parte superior dos rins (ad =
próximo; renal = rim), onde são envolvidas por uma
cápsula fibrosa e um coxim de gordura. Elas também são
chamadas de glândulas supra-renais (supra = acima)
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Cada uma localizada em cima de cada rim no espaço
retroperitoneal. No adulto, cada glândula suprarrenal tem
de 3 a 5 cm de altura, 2 a 3 cm de largura, um pouco
menos de 1 cm de espessura, massa variando de 3,5 a 5
g e apenas metade do seu tamanho ao nascimento.
Durante o desenvolvimento embrionário, as glândulas
suprarrenais se diferenciam em duas regiões distintas de
ponto de vista estrutural e funcional: um córtex da
glândula suprarrenal grande, perifericamente localizado,
que compreende 80 a 90% da glândula, e uma pequena
medula da glândula suprarrenal, localizada centralmente
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As glândulas suprarrenais, assim como a glândula
tireoide, são altamente vascularizadas. (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As glândulas supra-renais direita e esquerda não são
imagens espelhares uma da outra; ao contrário, a supra-
renal direita tem o formato de uma pirâmide e está
apoiada diretamente no topo do rim direito, enquanto a
supra-renal esquerda tem mais um formato de crescente
e fica localizada ao longo da borda medial do rim esquerdo,
entre o hilo e seu pólo superior (GARTNE, 3ª ed.).
Øbs.: O córtex da glândula suprarrenal produz hormônios esteroides
essenciais à vida. A perda total dos hormônios adrenocorticais leva à
morte por desidratação e desequilíbrios eletrolíticos no período de
poucos dias a 1 semana, a não ser que se comece prontamente a
terapia de reposição hormonal. A medula da glândula suprarrenal
produz três hormônios catecolaminas – norepinefrina, epinefrina e
uma pequena quantidade de dopamina (TORTORA, 14ª ed.).
ARTÉRIAS E VEIAS SUPRARRENAIS
A função endócrina das glândulas suprarrenais torna necessária sua
abundante irrigação. As artérias suprarrenais ramificam-se livremente
antes de entrarem em cada glândula, de modo que 50 a 60 artérias
penetram a cápsula que cobre toda a superfície das glândulas. As
artérias suprarrenais têm três origens: (MOORE, 7ª ed.).
Artérias suprarrenais superiores (6 a 8) das artérias frênicas
inferiores;
Artérias suprarrenais médias (= 1) da parte abdominal da
aorta, perto do nível de origem da MAS;
Artérias suprarrenais inferiores (= 1) das artérias renais;
A drenagem venosa das glândulas suprarrenais se faz para veias
suprarrenais calibrosas. A veia suprarrenal direita curta drena para a
VCI, enquanto a veia suprarrenal esquerda, mais longa, que
frequentemente se une à veia frênica inferior, drena para a veia renal
esquerda (MOORE, 7ª ed.).
HISTOLOGIA DA SUPRARRENAL
Cortando-se o órgão a fresco, nota-se que ele é encapsulado e dividido
nitidamente em duas camadas concêntricas: uma periférica espessa,
de cor amarelada, denominada camada cortical ou córtex adrenal, e
outra central menos volumosa, acinzentada, a camada medular ou
medula adrenal (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Essas duas camadas podem ser consideradas dois órgãos distintos, de
origens embriológicas diferentes, apenas unidos anatomicamente
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
APG 19 – “MAL NECESSÁRIO”
‘”
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
O córtex tem origem no epitélio celomático, sendo, portanto,
mesodérmico, enquanto a medula se origina de células da crista neural,
isto é, tem origem neuroectodérmica (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
As duas camadas apresentam funções e morfologia diferentes,
embora seu aspecto histológico geral seja típico de uma glândula
endócrina formada de células dispostas em cordões cercados por
capilares sanguíneos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA
↠ As glândulas adrenais recebem várias artérias que
entram por vários pontos ao seu redor. Os ramos dessas
artérias formam um plexo subcapsular do qual se originam
três grupos de vasos arteriais: (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
artérias da cápsula;
artérias do córtex, que se ramificam
repetidamente entre as células da camada
cortical e que acabam formando capilares
sanguíneos que deságuam em vasos capilares
da camada medular;
artérias da medula, que atravessam o córtex e
se ramificam, formando uma extensa rede de
capilares na medula
↠ Há, portanto, um suprimento duplo de sangue para a
medula, tanto arterial (diretamente pelas artérias
medulares) como venoso (pelos capilares derivados das
artérias do córtex). O endotélio capilar é fenestrado e
muito delgado, havendo uma lâmina basal contínua abaixo
do endotélio. Os capilares da medula, juntamente com
vasos capilares que proveem o córtex, formam as veias
medulares que se unem para constituir as veias adrenais
ou suprarrenais. Essas veias em geral deságuam na veia
cava inferior do lado direito ou na veia renal do lado
esquerdo (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÓRTEX ADRENAL
↠ As células do córtex adrenal têm a ultraestrutura típica
de células secretoras de esteroides em que a organela
predominante é o retículo endoplasmático liso
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As células do córtex não armazenam os seus produtos
de secreção em grânulos, pois a maior parte de seus
hormônios esteroides é sintetizada após estímulo e
secretada logo em seguida (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Os esteroides, sendo moléculas de baixo peso molecular e solúveis
em lipídios, podem difundir-se pela membrana celular e não são
excretados por exocitose (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Em virtude de diferenças na disposição e na aparência
de suas células, o córtex adrenal pode ser subdividido em
três camadas concêntricas cujos limites nem sempre são
perfeitamente definidos em humanos: (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
a zona glomerulosa;
a zona fasciculada;
zona reticulada.
↠ Essas camadas ocupam, respectivamente, em torno
de 15%, 65% e 7% do volume total das glândulas adrenais
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A zona glomerulosa se situa imediatamente abaixo da
cápsula de tecido conjuntivo e é composta de células
piramidaisdo diencéfalo e se dispõe nas
paredes do III ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico, que
o separa do tálamo (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Lateralmente é limitado pelo subtálamo, anteriormente
pela lâmina terminal e posteriormente pelo mesencéfalo.
Apresenta também algumas formações anatômicas
visíveis na face inferior do cérebro: o quiasma óptico, o
túber cinéreo, o infundíbulo e os corpos mamilares
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Trata-se de uma área muito pequena, mas apesar
disso, o hipotálamo, por suas inúmeras e variadas funções,
é uma das áreas mais importantes do sistema nervoso
(MACHADO, 3ª ed.).
DIVISÕES E NÚCLEOS DO HIPOTÁLAMO
↠ O hipotálamo é constituído fundamentalmente de
substância cinzenta que se agrupa em núcleos, às vezes
de difícil individualização. Percorrendo o hipotálamo,
existem, ainda, sistemas variados de fibras, alguns muito
conspícuos, como o fórnix. Este percorre de cima para
baixo cada metade do hipotálamo, terminando no
respectivo corpo mamilar. O fómix permite dividir o
hipotálamo em uma área medial e outra lateral
(MACHADO, 3ª ed.).
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ A área medial do hipotálamo, situada entre o fórnix e
as paredes do III ventrículo, é rica em substância cinzenta
e nela se localizam os principais núcleos do hipotálamo. A
área lateral, situada lateralmente ao fórnix, contém menos
corpos de neurônios e nela há predominância de fibras
de direção longitudinal. A área lateral do hipotálamo é
percorrida pelo feixe prosencefálico medial (MACHADO,
3ª ed.).
↠ Ele é composto por cerca de doze núcleos agrupados
em quatro regiões principais: (TORTORA, 14ª ed.).
A região mamilar (área hipotalâmica posterior),
adjacente ao mesencéfalo, é a parte mais
posterior do hipotálamo. Ela inclui os corpos
mamilares e os núcleos hipotalâmicos
posteriores. Os corpos mamilares são duas
projeções pequenas e arredondadas que
funcionam como estações de transmissão para
reflexos relacionados com o olfato.
A região tuberal (área hipotalâmica intermédia),
a maior porção do hipotálamo, inclui os núcleos
dorsomedial, ventromedial e arqueado, além do
infundíbulo, que conecta a hipófise com o
hipotálamo.
A região supraóptica (área hipotalâmica rostral)
está situada acima do quiasma óptico (ponto de
cruzamento dos nervos ópticos) e contém os
núcleos paraventricular, supraóptico,
hipotalâmico anterior e supraquiasmático.
A região pré-óptica, anterior à região
supraóptica, é geralmente considerada como
parte do hipotálamo porque ela participa, junto
com ele, na regulação de certas atividades
autônomas.
Suas principais funções relacionadas ao seu papel homeostático são:
controle do SNA, produção de hormônios, regulação dos padrões
emocionais e comportamentais, regulação da alimentação, controle da
temperatura corporal e regulação dos ritmos circadianos e níveis de
consciência (TORTORA, 14ª ed.).
ANATOMIA DA HIPÓFISE
↠ A glândula hipófise é uma estrutura em forma de
ervilha com 1 a 1,5 cm de diâmetro e que se localiza na
fossa hipofisial da sela turca do esfenoide (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A hipófise ou pituitária é um pequeno órgão que pesa
cerca de 0,5 g no adulto (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Fixa-se ao hipotálamo por um pedículo, o infundíbulo,
e apresenta duas partes anatômica e funcionalmente
separadas: a adeno-hipófise (lobo anterior) e a neuro-
hipófise (lobo posterior) (TORTORA, 14ª ed.).
A hipófise lembra bastante um taco de golfe: a própria glândula forma
a cabeça do taco, e o pedículo hipofisário, chamado infundíbulo (“funil”),
forma a haste do taco. O infundíbulo conecta-se superiormente a uma
parte do hipotálamo chamada túber cinéreo, situada entre o quiasma
óptico, anteriormente, e os corpos mamilares, posteriormente
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ A adeno-hipófise representa cerca de 75% do peso
total da glândula e é composta por tecido epitelial. No
adulto, a adeno-hipófise consiste em duas partes: a parte
distal, que é a porção maior, e a parte tuberal que forma
uma bainha ao redor do infundíbulo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A neuro-hipófise é composta por tecido neural.
Também consiste em duas partes: a parte nervosa, a
porção bulbosa maior, e o infundíbulo (TORTORA, 14ª ed.).
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Uma terceira região da glândula hipófise, chamada de
parte intermédia, atrofia-se durante o desenvolvimento
fetal humano e deixa de existir como um lobo separado
nos adultos. Entretanto, algumas de suas células migram
para partes adjacentes da adeno-hipófise, onde persistem
(TORTORA, 14ª ed.).
CONEXÕES COM A NEURO-HIPÓFISE
O feixe hipotálamo-hipofisário é uma via nervosa constituída pelos
axónios, que se estendem desde o hipotálamo, pelo infundíbulo, até à
neurohipófise. Nos neurônios magnocelulares hipotalâmicos, localizados
no corpo celular, ocorre no retículo endoplasmático a síntese da pré
e pró-hormona da hormona anti-diurética (ADH) e da ocitocina (LIMA,
2015).
O hipotálamo tem apenas conexões eferentes com a hipófise, que
são feitas através dos tratos hipotálamo-hipofisário e túbero-
infundibular: (MACHADO, 3ª ed.).
Trato hipotálamo-hipofisário: é formado por fibras que se
originam nos neurônios grandes (magnocelulares) dos
núcleos supraóptico e paraventricular e terminam na
neuro-hipófise. As fibras deste trato, que constituem os
principais componentes estruturais da neuro-hipófise, são
ricas em neurossecreção, transportando os hormônios
vasopressina e ocitocina;
Trato túbero-infundibular (ou túbero-hipofisário): é
constituído de fibras que se originam em neurônios
pequenos (parvicelulares) do núcleo arqueado e em áreas
vizinhas do hipotálamo tuberal e terminam na eminência
mediana e na haste infundibular. Essas fibras transportam os
hormônios que ativam ou inibem as secreções dos
hormônios da adeno-hipófise.
SISTEMA PORTA HIPOFISÁRIO
O sangue arterial chega à hipófise através de dois ramos da artéria
carótida interna, uma das grandes artérias que fornecem sangue para
o encéfalo (MARIEB, 7ª ed.).
A artéria hipofisária superior irriga a adeno-hipófise e o infundíbulo,
enquanto a artéria hipofisária inferior irriga a parte nervosa da neuro-
hipófise. As veias dos amplos leitos capilares na hipófise drenam sangue
para o seio cavernoso e para outros seios da dura-máter vizinhos
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ As artérias hipofisárias superiores, ramos das artérias
carótidas internas, levam sangue para o hipotálamo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Na junção da eminência mediana do hipotálamo e o
infundíbulo, essas artérias se dividem em uma rede capilar
chamada de plexo primário do sistema porta hipofisário.
Do plexo primário, o sangue drena para as veias porto-
hipofisárias que passam por baixo da parte externa do
infundíbulo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Na adenohipófise, as veias porto-hipofisárias se dividem
mais uma vez e formam outra rede capilar chamada de
plexo secundário do sistema porta hipofisário (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Acima do quiasma óptico há grupos de neurônios
especializados chamados de células neurossecretoras
(TORTORA, 14ª ed.).
HISTOLOGIA DA HIPÓFISE
↠ A glândula é revestida por uma cápsula de tecido
conjuntivo, contínua com a rede de fibras reticulares que
suporta as células do órgão (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ADENO-HIPÓFISE
Pars distalis (lobo anterior)
↠ A pars distalis representa em torno de 75% da massa
da hipófise. É formada por cordões e ilhas de células
epiteliais cuboides ou poligonais produtoras de hormônios
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os hormônios produzidos pelas células secretoras são
armazenados em grânulos de secreção. Há na pars distalis
um tipo de célula que se supõe não ser secretora. São
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
as células foliculoestelares, que constituem cerca de 10%
das células dessa região da adeno-hipófise. Elas têm
muitos prolongamentos, os quais estabelecem contato
com outrasou colunares, organizadas em cordões que têm
forma de arcos envolvidos por capilares sanguíneos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Essas células são as únicas, na glândula adrenal, capazes de secretar
quantidade significativa de aldosterona porque contêm a enzima
aldosterona sintase, que é necessária para sua síntese. A secreção
dessas células é controlada, principalmente, pelas concentrações no
líquido extracelular de angiotensina II e de potássio, os quais estimulam
a secreção de aldosterona. (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A região seguinte é chamada zona fasciculada por
causa do arranjo das células em cordões de uma ou duas
células de espessura, retos e regulares, semelhantes a
feixes, entremeados por capilares e dispostos
perpendicularmente à superfície do órgão. As células da
zona fasciculada são poliédricas, contêm um grande
número de gotículas de lipídios no citoplasma e aparecem
vacuoladas em preparações histológicas rotineiras devido
à dissolução de lipídios durante a preparação do tecido.
Por causa dessa vacuolização, essas células são também
chamadas espongiócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Secreta os glicocorticoides cortisol e corticosterona, bem como
pequenas quantidades de androgênios e estrogênios adrenais. A
secreção dessas células é controlada, em grande parte, pelo eixo
hipotalâmico-hipofisário por meio do hormônio adrenocorticotrópico
(ACTH) (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A zona reticulada, a região mais interna do córtex
situada entre a zona fasciculada e a medula, contém
células dispostas em cordões irregulares que formam uma
rede anastomosada. Essas células são menores que as das
outras duas camadas e contêm menos gotas de lipídios
que as da zona fasciculada. Grânulos de pigmento de
lipofuscina são grandes e bastante numerosos nessas
células em adultos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Secreta os androgênios adrenais desidroepiandrosterona (DHEA) e
androstenediona, bem como pequenas quantidades de estrogênios e
alguns glicocorticoides (GUYTON, 13ª ed.).
MEDULA ADRENAL
↠ A medula adrenal é composta de células poliédricas
organizadas em cordões ou aglomerados arredondados,
sustentados por uma rede de fibras reticulares
(JUNQUEIRA, 13ª ed.)..
↠ A medula supra-renal, que se desenvolve a partir de
células das cristas neurais, compreende duas populações
de células parenquimatosas: células cromafins, as quais
produzem as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina),
e células ganglionares simpáticas, que estão dispersas por
todo o tecido conjuntivo da medula (GARTNER, 3ª ed.).
As células do parênquima se originam de células da crista neural, as
quais aparecem durante a formação do tubo neural na vida
embrionária, e que migraram para o interior da adrenal, constituindo lá
a camada medular (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O citoplasma das células da medular têm grânulos de
secreção que contêm epinefrina ou norepinefrina,
pertencentes a uma classe de substâncias denominadas
catecolaminas. Os grânulos também contêm trifosfato de
adenosina (ATP), proteínas chamadas cromograninas
(que podem servir como proteína de ligação para
catecolaminas), dopamina beta-hidroxilase (que converte
dopamina em norepinefrina) e peptídios semelhantes a
opiáceos (encefalinas). Há evidências que indicam que a
epinefrina e a norepinefrina são secretadas por diferentes
células da medula (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Todas as células da medula adrenal são inervadas por terminações
colinérgicas de neurônios simpáticos pré-ganglionares (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
FISIOLOGIA DA GLÂNDULA SUPRARRENAL
FISIOLOGIA DA MEDULA DA GLÂNDULA SUPRARRENAL
A região interna da glândula suprarrenal, a medula da glândula
suprarrenal, consiste em um gânglio simpático da divisão autônoma do
sistema nervoso (SNA) modificado. Essa área se desenvolve a partir
do mesmo tecido embrionário de todos os outros gânglios simpáticos,
porém suas células, que não possuem axônios, formam grupos em
torno de grandes vasos sanguíneos. Em vez de liberar um
neurotransmissor, as células da medula da glândula suprarrenal
secretam hormônios. As células produtoras de hormônio, chamadas de
células cromafins, são inervadas por neurônios pré-ganglionares
simpáticos do SNA. Uma vez que o SNA exerce controle direto sobre
as células cromafins, a liberação de hormônio pode ocorrer com muita
rapidez (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os dois principais hormônios sintetizados pela medula
suprarrenal são a epinefrina e a norepinefrina, também
chamadas de adrenalina e noradrenalina, respectivamente.
As células cromafins da medula da glândula suprarrenal
secretam quantidades desiguais desses hormônios –
cerca de 80% de epinefrina e 20% de norepinefrina. Os
hormônios da medula da glândula suprarrenal intensificam
respostas simpáticas que ocorrem em outras partes do
corpo (TORTORA, 14ª ed.).
CONTROLE DE SECREÇÃO DE EPINEFRINA E NOREPINEFRINA
↠ Em situações de estresse e durante a prática de
exercícios, impulsos provenientes do hipotálamo acionam
os neurônios pré-ganglionares simpáticos que, por sua
vez, estimulam as células cromafins a secretarem
epinefrina e norepinefrina. Esses dois hormônios
intensificam a resposta de luta ou fuga. Ao aumentar a
frequência e a força de contração cardíacas, a epinefrina
e a norepinefrina elevam o débito cardíaco e a pressão
arterial. Além disso, aumentam o fluxo de sangue para o
coração, o fígado, os músculos esqueléticos e o tecido
adiposo; dilatam as vias respiratórias para os pulmões e
elevam os níveis sanguíneos de glicose e ácidos graxos
(TORTORA, 14ª ed.).
FISIOLOGIA DO CÓRTEX DA GLÂNDULA SUPRARRENAL
As três classes dos hormônios corticosteróides — mineralocorticóides,
glicocorticóides e andrógenos—são todas sintetizadas a partir do
colesterol, o principal componente das lipoproteínas de baixa
densidade (GURTNER, 3ª ed.).
OS HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS SÃO ESTEROIDES DERIVADOS DO
COLESTEROL
Todos os hormônios esteroides humanos, incluindo os produzidos pelo
córtex adrenal, são sintetizados a partir do colesterol. Embora as células
do córtex adrenal possam apresentar síntese, de novo, de pequenas
quantidades de colesterol a partir do acetato, aproximadamente 80%
do colesterol usado para a síntese dos esteroides é fornecido por
lipoproteínas de baixa densidade (LDL) no plasma circulante (GUYTON,
13ª ed.).
As LDLs, com alta concentração de colesterol, difundem-se do plasma
para o líquido intersticial e ligam-se a receptores específicos, contidos
em estruturas chamadas depressões revestidas na membrana das
células adrenocorticais. As depressões revestidas são, então,
internalizadas por endocitose, formando vesículas, que, por fim,
fundem-se com lisossomos celulares e liberam o colesterol que pode
ser usado para sintetizar os hormônios esteroides adrenais (GUYTON,
13ª ed.).
O transporte do colesterol para as células adrenais é regulado por
mecanismos de feedback que podem alterar, acentuadamente, a
quantidade disponível para a síntese dos esteroides. Por exemplo, o
ACTH, que estimula a síntese de esteroides adrenais, aumenta o
número de receptores de LDL nas células adrenocorticais, bem como
a atividade das enzimas que liberam o colesterol da LDL (GUYTON, 13ª
ed.).
Uma vez que o colesterol entra na célula, é transportado para as
mitocôndrias, onde é clivado pela enzima colesterol desmolase,
formando pregnenolona; essa é a etapa limitante na formação de
esteroides adrenais (GUYTON, 13ª ed.).
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
MINERALOCORTICOIDES
Aldosterona (muito potente; responsável por cerca de
90% do total da atividade mineralocorticoide).
Desoxicorticosterona (1/30 da potência da aldosterona, e
secretada em quantidades muito pequenas).
Corticosterona (fraca atividade mineralocorticoide).
GLICOCORTICOIDES
Cortisol (muito potente; responsável por aproximadamente95% do total da atividade glicocorticoide).
Corticosterona (responsável por volta de 4% do total da
atividade glicocorticoide, mas muito menos potente que o
cortisol).
OS HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS LIGAM-SE A PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
Aproximadamente 90% a 95% do cortisol plasmático liga-se a
proteínas plasmáticas, especialmente uma globulina chamada globulina
ligadora de cortisol ou transcortina, e, em menor quantidade, à
albumina. Esse alto grau de ligação às proteínas plasmáticas reduz a
velocidade de eliminação do cortisol do plasma; portanto, o cortisol
apresenta uma meia-vida relativamente longa, de 60 a 90 minutos
(GUYTON, 13ª ed.).
OS HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS SÃO METABOLIZADOS NO FÍGADO
Os esteroides adrenais são degradados, principalmente, pelo fígado e
conjugados, formando, especialmente, ácido glicurônico e, em menor
quantidade, sulfatos. Essas substâncias são inativas, sem apresentar
atividades mineralocorticoides ou glicocorticoides. Cerca de 25%
desses conjugados são excretados na bile e, em seguida, nas fezes.
Os conjugados restantes formados pelo fígado entram na circulação,
mas não são ligados a proteínas plasmáticas, sendo muito solúveis no
plasma e, portanto, rapidamente filtrados pelos rins e excretados na
urina (GUYTON, 13ª ed.).
MINERALOCORTICOIDES
↠ A principal função dos mineralocorticóides é a
regulação das concentrações de eletrólitos (sais minerais)
no líquido extracelular. Embora existam diversos
mineralocorticóides, a aldosterona é o mais potente e
representa mais do que 95% dos mineralocorticóides
produzidos (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A aldosterona é o principal mineralocorticoide; regula
a homeostasia de dois íons minerais – íons sódio (Na+) e
potássio (K+) – e ajuda a ajustar a pressão arterial e o
volume de sangue. A aldosterona também promove a
excreção de H+ na urina; essa remoção de ácidos do
corpo pode ajudar a evitar a acidose (pH abaixo de 7,35)
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A via renina-angiotensina-aldosterona (RAA) controla a
secreção de aldosterona: (TORTORA, 14ª ed.).
Desidratação, deficiência de Na+ e hemorragia
são estímulos que iniciam a via da renina-
angiotensina-aldosterona.
Essas condições promovem a diminuição do
volume sanguíneo.
O volume sanguíneo reduzido promove a queda
da pressão arterial.
A pressão arterial mais baixa estimula certas
células renais, chamadas de células
justaglomerulares, a secretar a enzima renina.
O nível de renina no sangue sobe.
A renina converte a angiotensina, uma proteína
plasmática produzida pelo fígado, em
angiotensina I.
Sangue contendo níveis mais altos de
angiotensina I circula pelo corpo.
Conforme o sangue flui pelos capilares,
sobretudo dos pulmões, a enzima conversora de
angiotensina (ECA) converte angiotensina I no
hormônio angiotensina II.
O nível sanguíneo de angiotensina II sobe.
A angiotensina II estimula o córtex da glândula
suprarrenal a secretar aldosterona.
Sangue contendo níveis mais elevados de
aldosterona circula para os rins.
Nos rins, a aldosterona aumenta a reabsorção
de Na+, que, por sua vez, promove a reabsorção
de água por osmose.
Em consequência disso, perde-se menos água
na urina. A aldosterona também estimula os rins
a intensificarem a secreção de K+ e H+ na urina.
Com a reabsorção mais intensa de água pelos
rins, o volume de sangue aumenta.
Na medida em que o volume de sangue
aumenta, a pressão arterial se eleva ao normal.
A angiotensina II também estimula a contração
da musculatura lisa das paredes das arteríolas. A
constrição resultante das arteríolas aumenta a
pressão sanguínea e, desse modo, ajuda a
elevar a pressão de volta ao normal.
Além da angiotensina II, um segundo fator que
estimula a secreção de aldosterona é uma
concentração maior de K+ no sangue (ou líquido
intersticial). A diminuição no nível sanguíneo de
K+ produz o efeito oposto.
MECANISMOS QUE REGULAM A SECREÇÃO DA ALDOSTERONA
Peptídeo atrial natriurético (PAN): O peptídeo atrial
natriurético, um hormônio secretado pelo coração quando
a pressão sangüínea aumenta, ajusta precisamente a
pressão sanguínea e o equilíbrio de sódio e água do corpo.
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Seu principal efeito é inibir o sistema renina-angiotensina.
Ele bloqueia a secreção de renina e de aldosterona e inibe
os outros mecanismos induzidos pela angiotensina, que
aumentam a reabsorção de água e Na+.
ANDROGÊNIOS ADRENAIS
↠ Diversos hormônios sexuais masculinos
moderadamente ativos, chamados androgênios adrenais
(dos quais o mais importante é a desidroepiandrosterona),
são continuamente secretados pelo córtex adrenal,
especialmente durante a vida fetal (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Normalmente, os androgênios adrenais têm um efeito
fraco em humanos. É possível que parte do
desenvolvimento precoce dos órgãos sexuais masculinos
resulte da secreção, na infância, dos androgênios adrenais.
Eles também exercem efeitos leves em mulheres, não
apenas antes da puberdade, mas também ao longo da
vida. Uma boa parte do crescimento dos pelos pubianos
e axilares, em mulheres, resulta da ação desses
hormônios (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Em tecidos extra-adrenais, alguns dos androgênios
adrenais são convertidos em testosterona, o principal
hormônio sexual masculino, que, provavelmente, é
responsável por grande parte de sua atividade
androgênica (GUYTON, 13ª ed.).
GLICOCORTICOIDES
↠ Essenciais para a vida, os glicocorticóides influenciam o
metabolismo energético da maioria das células do corpo
e nos ajudam a resistir ao estresse. Sob circunstâncias
normais, eles ajudam o corpo a se adaptar à ingestão
intermitente de alimento, mantendo os níveis de glicose
praticamente constantes, e mantêm a pressão sanguínea,
aumentando a ação dos vasoconstritores. Contudo, um
estresse importante devido a hemorragias, infecções ou
traumas físicos ou emocionais provoca um grande
aumento na liberação dos glicocorticóides, os quais
ajudam a controlar a crise (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Os hormônios glicocorticóides incluem o cortisol
(hidrocortisona), a cortisona e a corticosterona, mas
apenas o cortisol é secretado em quantidades
significativas em humanos (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Como para todos os outros hormônios esteróides, o
mecanismo básico de ação dos glicocorticóides nas
células-alvo é modificar a atividade gênica (MARIEB, 3ª ed.).
SECREÇÃO DE CORTISOL É CONTROLADA PELO ACTH
↠ A secreção de glicocorticóides é regulada por
retroalimentação negativa. A liberação de cortisol é
estimulada pelo ACTH, o qual, por sua vez, é estimulado
pelo hormônio de liberação hipotalâmico (CRH). Níveis
aumentados de cortisol agem por meio de
retroalimentação tanto no hipotálamo como na hipófise
anterior, evitando a liberação de CRH e interrompendo a
secreção de ACTH e cortisol (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Os picos de liberação de cortisol, regulados pelos
padrões de alimentação e atividade, ocorrem em um
perfil definido ao longo do dia e da noite. Os níveis de
cortisol alcançam o pico um pouco antes de acordarmos
pela manhã. Os níveis mais baixos ocorrem durante a
noite, um pouco antes ou logo depois de conciliarmos o
sono. O ritmo normal de secreção do cortisol é
interrompido pelo estresse agudo de qualquer tipo,
quando o sistema nervoso simpático supera os efeitos
inibitórios (normais) dos níveis elevados de cortisol e
desencadeia a liberação de CRH. O aumento resultante
nos níveis sanguíneos de ACTH gera uma grande
liberação de cortisol pelo córtex supra-renal (MARIEB, 3ª
ed.).
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
O principal efeito do ACTH nas células adrenocorticais é a ativação da
adenilil ciclase na membrana celular. Essa ativação induz a formação
de AMPc no citoplasma celular, atingindo seu efeito máximo em cerca
de 3 minutos. O AMPc, por sua vez, ativa as enzimas intracelulares
que causam a formação dos hormônios adrenocorticais. Esse éoutro
exemplo do AMPc como um sistema sinalizador de segundo
mensageiro (GUYTON, 13ª ed.).
O mais importante de todos os estágios estimulados por ACTH no
controle da secreção adrenocortical é a ativação da enzima proteina
cinase A, que causa a conversão inicial do colesterol em pregnenolona.
Essa é a “etapa limitante” da produção de todos os hormônios
adrenocorticais, o que explica por que o ACTH é, normalmente,
necessário para que qualquer hormônio adrenocortical seja formado.
O estímulo em longo prazo do córtex adrenal pelo ACTH não apenas
aumenta a atividade secretora, mas também provoca hipertrofia e
proliferação das células adrenocorticais, especialmente nas zonas
fasciculada e reticular, onde o cortisol e os androgênios são secretados
(GUYTON, 13ª ed.).
EFEITOS DO CORTISOL NO METABOLISMO
↠Todos os efeitos metabólicos do cortisol têm o
objetivo de prevenir a hipoglicemia. Globalmente, o
cortisol é catabólico (SILVERTHORN, 7ª ed.).
EFEITOS NO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS
ESTÍMULO DA GLICONEOGÊNESE
↠ O efeito metabólico mais bem conhecido do cortisol e
de outros glicocorticoides é sua capacidade de estimular
a gliconeogênese (i. e., a formação de carboidratos a partir
de proteínas e algumas outras substâncias) pelo fígado,
cuja atividade, frequentemente, aumenta de 6 a 10 vezes
(GUYTON, 13ª ed.).
O cortisol aumenta as enzimas necessárias para
a conversão de aminoácidos em glicose pelas
células hepáticas. Isso resulta do efeito dos
glicocorticoides na ativação da transcrição de
DNA nos núcleos das células hepáticas, ação
semelhante à da aldosterona nas células
tubulares renais, com a formação de mRNA, que,
por sua vez, geram o conjunto de enzimas
necessárias para a gliconeogênese.
O cortisol provoca a mobilização de aminoácidos
a partir dos tecidos extra-hepáticos,
principalmente dos músculos. Como resultado,
mais aminoácidos são disponibilizados no plasma
para entrar no processo de gliconeogênese pelo
fígado e, assim, promover a formação de
glicose.
REDUÇÃO DA UTILIZAÇÃO CELULAR DE GLICOSE
↠ O cortisol também provoca redução moderada da
utilização de glicose pela maior parte das células do
organismo. Embora a causa exata dessa redução não seja
conhecida, um efeito importante do cortisol é a
diminuição da translocação dos transportadores de glicose
GLUT 4 para a membrana celular, em especial nas células
do músculo esquelético, o que conduz à resistência à
insulina (GUYTON, 13ª ed.).
Tanto o aumento da gliconeogênese quanto a redução moderada da
velocidade de utilização da glicose pelas células provocam a elevação
da concentração sanguínea de glicose. Essa elevação, por sua vez,
estimula a secreção de insulina. Os maiores níveis plasmáticos de
insulina, entretanto, não são tão efetivos na manutenção da glicose
plasmática como em condições normais. Pelos motivos discutidos
anteriormente, os altos níveis de
glicocorticoides reduzem a sensibilidade de muitos tecidos,
especialmente do músculo esquelético e tecido adiposo, aos efeitos
estimulantes da insulina na captação e utilização da glicose. Além dos
possíveis efeitos diretos do cortisol na expressão dos transportadores
de glicose e nas enzimas envolvidas na regulação da glicose, os altos
níveis de ácidos graxos, causados pelo efeito dos glicocorticoides na
mobilização de lipídios a partir dos depósitos de gordura, podem
prejudicar as ações da insulina nos tecidos (GUYTON, 13ª ed.).
Em alguns casos, o aumento da concentração sanguínea de glicose é
tão grande (50% ou mais acima do normal), que a condição é chamada
diabetes adrenal (GUYTON, 13ª ed.).
EFEITOS NO METABOLISMO DE PROTEÍNAS
REDUÇÃO DAS PROTEÍNAS CELULARES
↠ Um dos principais efeitos do cortisol nos sistemas
metabólicos do organismo é a redução dos depósitos de
proteínas em, praticamente, todas as células corporais,
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
exceto no fígado. Essa redução é causada tanto pela
diminuição da síntese de proteínas como pelo aumento
do catabolismo das proteínas já presentes nas células.
Ambos os efeitos podem resultar, parcialmente, da
redução do transporte de aminoácidos para os tecidos
extra-hepáticos (GUYTON, 13ª ed.).
↠ O cortisol também reduz a formação de RNA e a
subsequente síntese proteica em muitos tecidos extra-
hepáticos, especialmente nos músculos e tecidos linfoides
(GUYTON, 13ª ed.).
Na presença de grande excesso de cortisol, os músculos podem ficar
tão fracos, que o indivíduo não consegue se levantar da posição
agachada. Além disso, as funções imunológicas dos tecidos linfoides
podem ser reduzidas até apenas uma fração do normal (GUYTON, 13ª
ed.).
EFEITOS NO METABOLISMO DA GORDURA
MOBILIZAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
↠ Quase da mesma maneira como promove a
mobilização de aminoácidos dos músculos, o cortisol
mobiliza os ácidos graxos do tecido adiposo. Essa
mobilização eleva a concentração de ácidos graxos livres
no plasma, o que também aumenta sua utilização para a
geração de energia. O cortisol também parece exercer
efeito direto no aumento da oxidação de ácidos graxos
nas células (GUYTON, 13ª ed.).
↠ O mecanismo pelo qual o cortisol promove a
mobilização de ácidos graxos não é completamente
compreendido. Entretanto, parte do efeito,
provavelmente, resulta do transporte menor de glicose
para as células adiposas. Lembre-se que o a-glicerofosfato
derivado da glicose é necessário para a deposição e
manutenção de triglicerídeos nessas células. Em sua
ausência, as células adiposas começam a liberar ácidos
graxos (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A elevada mobilização de gorduras pelo cortisol,
combinada à maior oxidação de ácidos graxos nas células,
contribui para que os sistemas metabólicos celulares
deixem de utilizar glicose para a geração de energia e
passem a utilizar ácidos graxos em momentos de jejum
ou outros estresses. Esse mecanismo do cortisol,
entretanto, precisa de muitas horas para ficar plenamente
funcional (GUYTON, 13ª ed.).
Ø ËXÇËSSØ DË ÇØRTÏSØL ÇÅÛSÅ ØBËSÏDÅDË: Apesar de o cortisol
poder provocar um grau moderado de mobilização de ácidos
graxos do tecido adiposo, em muitas pessoas com excesso de
secreção de cortisol se desenvolve um tipo peculiar de
obesidade, com deposição excessiva de gordura no tórax e na
cabeça, gerando sinais clínicos chamados “giba de búfalo” e
“face em lua cheia”. Embora sua causa seja desconhecida, foi
sugerido que essa obesidade resulta do estímulo excessivo à
ingestão alimentar, de modo que a gordura seja gerada em
alguns tecidos mais rapidamente do que é mobilizada e oxidada
(GUYTON, 13ª ed.).
CORTISOL É IMPORTANTE NA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE E À
INFLAMAÇÃO
↠ Praticamente, qualquer tipo de estresse físico ou
neurogênico provoca aumento imediato e acentuado da
secreção de ACTH pela hipófise anterior, seguido,
minutos depois, por grande aumento da secreção
adrenocortical de cortisol (GUYTON, 13ª ed.).
Embora a secreção de cortisol, frequentemente, aumente muito em
situações de estresse, não sabemos por que isso representa benefício
significativo para o animal. Uma possibilidade é que os glicocorticoides
causam rápida mobilização de aminoácidos e gorduras a partir de suas
reservas celulares, tornando-os disponíveis para a geração de energia
e para a síntese de novos compostos, incluindo a glicose, necessários
aos diferentes tecidos do organismo (GUYTON, 13ª ed.).
EFEITOS ANTI-INFLAMATÓRIOS DOS ALTOS NÍVEIS DE
CORTISOL
↠ Quando os tecidos são lesados por trauma, infecção
bacteriana ou outros fatores, quase sempre ficam
“inflamados”. A administração de grande quantidade de
cortisol, geralmente, pode bloquear essa inflamação ou
até mesmo reverter seus efeitos, uma vez iniciada
(GUYTON, 13ª ed.).
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
A inflamação tem cinco estágios principais: (GUYTON, 13ª ed.).
liberação por células de tecidos lesados de substâncias
químicas que ativam o processo inflamatório,histamina,
bradicinina, enzimas proteolíticas, prostaglandinas e
leucotrienos;
aumento do fluxo sanguíneo na área inflamada, causado
por alguns dos produtos liberados pelos tecidos, que é
chamado eritema;
extravasamento de grande quantidade de plasma quase
puro dos capilares para as áreas lesadas, devido ao
aumento da permeabilidade capilar, seguido pela
coagulação do líquido tecidual, provocando, assim, edema
não deprimível;
infiltração da área por leucócitos;
após dias ou semanas, o crescimento de tecido fibroso que,
frequentemente, contribui para o processo regenerativo.
↠ Quando uma grande quantidade de cortisol é
secretada ou injetada na pessoa, o glicocorticoide exerce
dois efeitos anti-inflamatórios básicos: (GUYTON, 13ª ed.).
o bloqueio dos estágios iniciais do processo
inflamatório, antes mesmo do início da
inflamação considerável;
se a inflamação já se iniciou, a rápida resolução
da inflamação e o aumento da velocidade da
regeneração.
O CORTISOL IMPEDE O DESENVOLVIMENTO DA INFLAMAÇÃO
↠ O cortisol apresenta os seguintes efeitos na
prevenção da inflamação: (GUYTON, 13ª ed.).
O cortisol estabiliza as membranas dos
lisossomos. Essa estabilização é um dos mais
importantes efeitos anti-inflamatórios porque
torna muito mais difícil a ruptura das membranas
dos lisossomos intracelulares. Portanto, a maior
parte das enzimas proteolíticas liberadas por
células lesadas que provocam inflamação,
principalmente armazenadas nos lisossomos, é
liberada em quantidades muito reduzidas.
O cortisol reduz a permeabilidade dos capilares,
provavelmente como efeito secundário da
redução da liberação de enzimas proteolíticas.
Essa redução da permeabilidade impede a perda
de plasma para os tecidos.
O cortisol reduz a migração de leucócitos para
a área inflamada e a fagocitose das células
lesadas. Esses efeitos resultam provavelmente
do fato de o cortisol diminuir a formação de
prostaglandinas e leucotrienos que aumentariam
a vasodilatação, a permeabilidade capilar e a
mobilidade dos leucócitos.
O cortisol suprime o sistema imunológico,
reduzindo acentuadamente a reprodução de
linfócitos. Os linfócitos T são, especificamente,
suprimidos. Por sua vez, a menor quantidade de
células T e anticorpos na área inflamada reduz
as reações teciduais que promoveriam o
processo inflamatório.
O cortisol atenua a febre, principalmente por
reduzir a liberação de interleucina 1 a partir dos
leucócitos, que é um dos principais estimuladores
do sistema de controle hipotalâmico da
temperatura. A diminuição da temperatura, por
sua vez, reduz o grau de vasodilatação.
↠ Assim, o cortisol apresenta um efeito praticamente
global na redução de todos os aspectos do processo
inflamatório (GUYTON, 13ª ed.).
O CORTISOL PROVOCA A RESOLUÇÃO DA INFLAMAÇÃO
↠ Até mesmo depois do estabelecimento completo da
inflamação, a administração de cortisol pode,
frequentemente, reduzi-la dentro de horas ou alguns dias.
O efeito imediato é o bloqueio da maior parte dos fatores
que favorecem a inflamação (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Além disso, ocorre aumento da regeneração.
Provavelmente, isso resulta dos mesmos basicamente
indefinidos fatores que permitem que o organismo resista
a muitos outros tipos de estresse físico quando uma
grande quantidade de cortisol é secretada. Talvez, isso
resulte: (GUYTON, 13ª ed.).
da mobilização de aminoácidos e do uso destes
ácidos para reparar os tecidos lesados;
do estímulo da gliconeogênese que disponibiliza
maior quantidade de glicose nos sistemas
metabólicos essenciais;
da maior disponibilidade de ácidos graxos para a
produção de energia celular;
de algum outro efeito do cortisol na inativação
ou remoção de produtos inflamatórios.
O CORTISOL BLOQUEIA A RESPOSTA INFLAMATÓRIA A
REAÇÕES ALÉRGICAS
↠ A reação alérgica básica entre antígeno e anticorpo
não é afetada pelo cortisol, e até mesmo alguns efeitos
secundários da reação alérgica ainda ocorrem. Entretanto,
como a resposta inflamatória é responsável por muitos
dos efeitos graves e, às vezes, letais das reações
alérgicas, a administração de cortisol, seguida por seu
efeito na redução da inflamação e a liberação de
10
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
produtos inflamatórios, pode salvar a vida do paciente. Por
exemplo, o cortisol previne efetivamente o choque ou a
morte por anafilaxia (GUYTON, 13ª ed.).
EFEITO NAS CÉLULAS SANGUÍNEAS E NA IMUNIDADE EM
DOENÇAS INFECCIOSAS
↠ O cortisol reduz o número de eosinófilos e linfócitos
no sangue; esse efeito começa alguns minutos após a
injeção de cortisol e fica acentuado após algumas horas.
De fato, o achado de linfocitopenia ou eosinopenia é um
critério diagnóstico importante na superprodução de
cortisol pelas adrenais (GUYTON, 13ª ed.).
SÍNDROME DE CUSHING
A hipersecreção pelo córtex adrenal causa uma cascata complexa de
efeitos hormonais, chamada síndrome de Cushing. Muitas das
anormalidades dessa síndrome se devem à quantidade anormal de
cortisol, mas a secreção excessiva de androgênios também pode
causar efeitos importantes (GUYTON, 13ª ed.).
A secreção excessiva de ACTH é a causa mais comum de síndrome
de Cushing e se caracteriza por altos níveis plasmáticos de ACTH e
cortisol. A superprodução primária de cortisol pelas adrenais é
responsável por 20% a 25% dos casos clínicos de síndrome de
Cushing, estando, em geral, associada aos níveis reduzidos de ACTH,
devido à inibição por feedback da secreção de ACTH pela hipófise
anterior, causada pelo cortisol (GUYTON, 13ª ed.).
A síndrome de Cushing também pode ocorrer quando grandes doses
de glicocorticoides são administradas durante longos períodos, por
motivos terapêuticos. (GUYTON, 13ª ed.).
Uma característica especial da síndrome de Cushing é a mobilização
de gordura da parte inferior do corpo e sua deposição concomitante
nas regiões torácica e epigástrica, gerando aparência de giba de búfalo.
A secreção excessiva de esteroides também produz aparência
edematosa da face, e a potência androgênica de alguns dos hormônios,
às vezes, causa acne e hirsutismo (crescimento excessivo dos pelos
faciais). A aparência da face é, frequentemente, descrita como uma
“lua cheia” (GUYTON, 13ª ed.).
Referências:
MOORE et. al. Moore Anatomia Orientada para a Clínica,
7ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de Histologia em
Cores, 3ª ed. Editora Elsevier Ltda., 2007.
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a morfologia das mamas;
2- Compreender a fisiologia da lactação;
Morfologia das mamas
LOCALIZAÇÃO
↠ Cada mama é uma projeção hemisférica de tamanho
variável anterior aos músculos peitoral maior e serrátil
anterior, e ligada a eles por uma camada de fáscia
composta por tecido conjuntivo denso irregular
(TORTORA, 14ª ed.). As glândulas mamárias, os órgãos de
produção de leite, estão localizadas dentro das mamas
(SEELY, 10ª ed.).
O papel biológico das glândulas mamárias é produzir leite para nutrir
um bebê recém-nascido; assim, elas são importantes apenas quando
a reprodução já ocorreu. Do ponto de vista do desenvolvimento, as
glândulas mamárias são glândulas sebáceas modificadas que são parte
da pele, ou do sistema tegumentar (MARIEB, 3ª ed.).
↠ As mamas femininas variam em tamanho, formato e
simetria — até mesmo entre as duas mamas de uma
pessoa. As faces superiores achatadas não mostram
demarcação nítida da face anterior da parede torácica,mas as margens laterais e inferiores são bem definidas.
Muitas vezes há proeminência das veias na superfície das
mamas, principalmente durante a gravidez (MOORE, 7ª
ed.).
Anatomicamente as mamas estão situadas entre as camadas
superficial e profunda da pele, as mamas estendem- se entre a
segunda e a sexta costelas e do esterno à linha axilar média (VIEIRA;
MARTINS, 2018)
QUADRANTES MAMÁRIOS
↠ A superfície da mama é dividida em quatro quadrantes
para localização anatômica e descrição de tumores e
cistos. Por exemplo, o médico pode escrever no
prontuário: “Foi palpada massa irregular, de consistência
dura, no quadrante superior medial da mama na posição
de 2 horas, distante cerca 2,5 cm da margem da aréola.”
(MOORE, 7ª ed.).
ESTRUTURAS
↠ Ligeiramente abaixo do centro de cada mama, há um
anel de pele pigmentado, a aréola, a qual circunda a papila
mamária (mamilo) central que protrui (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A papila mamária tem uma série de aberturas pouco
espaçadas de ductos chamados ductos lactíferos, dos
quais emergem leite (TORTORA, 14ª ed.).
Grandes glândulas sebáceas na aréola da mama a tornam levemente
rugosa e produzem sebo que reduz as rachaduras da pele da papila
mamária. O sistema neurovegetativo controla as fibras de músculo liso
na aréola e no mamilo, tornando a papila mamária ereta quando
estimulada por estímulo tátil ou sexual e quando exposta ao frio
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Internamente, cada glândula mamária consiste de 15 a
25 lobos que se distribuem radialmente em torno da
papila mamária, na qual se abrem. Os lobos são
acolchoados e separados uns dos outros por tecido
conjuntivo fibroso e gordura (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O tecido conjuntivo interlobar forma ligamentos
suspensores que unem as mamas à fáscia muscular
subjacente e à derme sobrejacente. Como sugerido pelo
seu nome, os ligamentos suspensores fornecem a
sustentação natural para as mamas, como um sutiã
embutido (MARIEB, 3ª ed.).
Esses ligamentos tornam-se mais soltos com a idade ou com a tensão
excessiva que pode ocorrer na prática prolongada de corrida ou
atividade aeróbica de alto impacto. Utilizar um sutiã com bom apoio
pode retardar este processo e ajudar a manter a força dos ligamentos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Dentro de cada lobo, estão unidades menores
chamadas de lóbulos, os quais contêm alvéolos glandulares
que produzem leite quando uma mulher está lactando.
Essas glândulas alveolares compostas passam o leite para
ÅPG 20
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
os ductos lactíferos, os quais se abrem para o exterior na
papila mamária (MARIEB, 3ª ed.).
A contração das células mioepiteliais em torno dos alvéolos ajuda a
impulsionar o leite em direção às papilas mamárias (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Logo abaixo da aréola, cada ducto tem uma região
dilatada chamada de seio lactífero onde o leite se acumula
durante a amamentação (MARIEB, 3ª ed.).
Próximo do mamilo, os ductos mamários se expandem discretamente
para formar seios chamados seios lactíferos, onde um pouco de leite
pode ser armazenado antes de ser drenado para um ducto lactífero.
Cada ducto lactífero normalmente transporta leite de um dos lobos
para o exterior (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em mulheres não-grávidas, a estrutura glandular das
mamas é pouco desenvolvida e o sistema de ductos é
rudimentar; portanto, o tamanho da mama é
principalmente devido à quantidade de depósitos de
gordura (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Antes da puberdade, a estrutura geral das mamas é
semelhante em ambos os sexos. As mamas possuem um
sistema glandular rudimentar, que consiste principalmente
em ductos com alvéolos esparsos. As mamas femininas
começam a crescer durante a puberdade, sobretudo sob
a influência do estrogênio e da progesterona. Aumento
da sensibilidade ou dor nas mamas muitas vezes
acompanham esse crescimento (SEELY, 10ª ed.).
↠ Os homens muitas vezes experimentam as mesmas
sensações durante a puberdade precoce, e suas mamas
podem até mesmo desenvolver pequenos inchaços; no
entanto, em geral, esses sintomas desaparecem
rapidamente. Em raras ocasiões, as mamas de um homem
podem crescer em demasia, uma condição chamada
ginecomastia (SEELY, 10ª ed.).
SUPRIMENTO SANGUÍNEO
↠ A irrigação arterial da mama provém de: (MOORE, 7ª
ed.).
Ramos mamários mediais de ramos perfurantes
e ramos intercostais anteriores da artéria
torácica interna, originados da artéria subclávia
Artérias torácica lateral e toracoacromial, ramos
da artéria axilar
Artérias intercostais posteriores, ramos da parte
torácica da aorta no 2º, 3º e 4º espaços
intercostais.
↠ A drenagem venosa da mama se faz principalmente
para a veia axilar, mas há alguma drenagem para a veia
torácica interna (MOORE, 7ª ed.).
DRENAGEM LINFÁTICA
↠ A drenagem linfática da mama é importante devido ao
seu papel na metástase de células cancerosas. A linfa
passa da papila, da aréola e dos lóbulos da glândula
mamária para o plexo linfático subareolar. Desse plexo:
(MOORE, 7ª ed.).
A maior parte da linfa (>75%), sobretudo dos
quadrantes laterais da mama, drena para os
linfonodos axilares, inicialmente para os
linfonodos anteriores ou peitorais.
A maior parte da linfa remanescente, sobretudo
dos quadrantes mediais da mama, drena para os
linfonodos paraesternais ou para a mama oposta,
enquanto a linfa dos quadrantes inferiores flui
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
profundamente para os linfonodos abdominais
(linfonodos frênicos inferiores subdiafragmáticos).
↠ A linfa da pele da mama, com exceção da papila e da
aréola, drena para os linfonodos axilares, cervicais
profundos inferiores e infraclaviculares ipsilaterais e,
também, para os linfonodos paraesternais de ambos os
lados (MOORE, 7ª ed.).
A linfa dos linfonodos axilares drena para os linfonodos claviculares
(infraclaviculares e supraclaviculares) e daí para o tronco linfático
subclávio, que também drena a linfa do membro superior. A linfa dos
linfonodos paraesternais entra nos troncos linfáticos
broncomediastinais, que também drena linfa das vísceras torácicas. A
interrupção dos troncos linfáticos varia; tradicionalmente, esses troncos
se fundem um ao outro e com o tronco linfático jugular, drenando a
cabeça e o pescoço para formar um ducto linfático direito curto no
lado direito ou entrando no ducto torácico do lado esquerdo. No
entanto, em muitos casos (talvez na maioria), os troncos se abrem
independentemente na junção das veias jugular interna e subclávia, no
ângulo venoso direito ou esquerdo, que formam as veias
braquiocefálicas direita e esquerda. Em alguns casos, eles se abrem
em duas veias imediatamente antes do ângulo (MOORE, 7ª ed.).
INERVAÇÃO
↠ Os nervos da mama derivam dos ramos cutâneos
anteriores e laterais dos 4º – 6º nervos intercostais. Os
ramos dos nervos intercostais atravessam a fáscia peitoral
que cobre o músculo peitoral maior para chegar à tela
subcutânea superposta e à pele da mama (MOORE, 7ª
ed.).
↠ Os ramos dos nervos intercostais conduzem fibras
sensitivas da pele da mama e fibras simpáticas para os
vasos sanguíneos nas mamas e músculo liso na pele e
papila mamária sobrejacentes (MOORE, 7ª ed.).
Histologia
ESTRUTURA DAS GLÂNDULAS MAMÁRIAS DURANTE A
PUBERDADE E NA MULHER ADULTA
↠ A unidade lobular do ducto terminal (ULDT) da glândula
mamária representa um aglomerado de pequenos
alvéolos secretores (na glândula em lactação) ou ductos
terminais (na glândula inativa) circundado por estroma
intralobular, consistindo nas seguintes estruturas: (ROSS,
7ª ed.)
Os ductos terminais estão presentes na glândula
inativa. Durante a gravidez e após o nascimento,
os ductos terminais, que são revestidos por
células epiteliais secretoras, diferenciam-se em
alvéolos secretores totalmente funcionais,
produtores de leite.
O ducto coletor intralobular transporta
secreções alveolares para dentro do ducto
galactóforo.
O estromaintralobular é um tecido conjuntivo
frouxo especializado sensível a hormônios, que
circunda os ductos terminais e os alvéolos. O
tecido conjuntivo intralobular contém poucos
adipócitos.
Antes da puberdade, as glândulas mamárias são compostas de
porções dilatadas, os seios galactóforos, e várias ramificações desses
seios, os ductos galactóforos. Seu desenvolvimento em meninas
durante a puberdade faz parte do processo de aquisição das
características sexuais secundárias (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Durante esse período, as mamas aumentam de tamanho e
desenvolvem um mamilo proeminente. Em meninos, as mamas
normalmente permanecem planas. O aumento das mamas durante a
puberdade resulta do acúmulo de tecido adiposo e conjuntivo, além
de certo crescimento e ramificação dos ductos galactóforos. A
proliferação desses ductos e o acúmulo de gordura se devem ao
aumento da quantidade de estrógenos circulantes durante a
puberdade (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Na mulher adulta, a estrutura característica da glândula – o lóbulo –
desenvolve-se a partir das extremidades dos menores ductos. Um
lóbulo consiste em vários ductos intralobulares que se unem em um
ducto interlobular terminal. Cada lóbulo é imerso em tecido conjuntivo
intralobular frouxo e muito celularizado, sendo que o tecido conjuntivo
interlobular que separa os lóbulos é mais denso e menos celularizado
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Próximo à abertura do mamilo, os ductos galactóforos
se dilatam para formar os seios galactóforos. As aberturas
externas dos ductos são revestidas por epitélio
estratificado pavimentoso, o qual bruscamente se
transforma em estratificado colunar ou cuboide nos
ductos galactóforos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O revestimento dos ductos galactóforos e ductos
interlobulares terminais é formado por epitélio simples
cuboide, envolvido por células mioepiteliais (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
↠ O tecido conjuntivo que cerca os alvéolos contém
muitos linfócitos e plasmócitos. A população de
plasmócitos aumenta significativamente no fim da
gravidez; eles são responsáveis pela secreção de
imunoglobulinas (IgA secretora), que conferem imunidade
passiva ao recém-nascido (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A estrutura histológica dessas glândulas sofre pequenas alterações
durante o ciclo menstrual, como, por exemplo, proliferação de células
dos ductos em torno da época de ovulação. Essas mudanças
coincidem com o período no qual o estrógeno circulante está no seu
pico. A maior hidratação do tecido conjuntivo na fase pré-menstrual
pode provocar aumento do volume da mama (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O mamilo tem forma cônica e pode ser rosa, marrom-
claro ou marrom-escuro. Externamente, é coberto por
epitélio estratificado pavimentoso queratinizado contínuo
com o da pele adjacente. A pele ao redor do mamilo
constitui a aréola. Sua cor escurece durante a gravidez,
como resultado de acúmulo local de melanina, e após o
parto pode ficar mais claro, mas raramente retorna à sua
tonalidade original (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A aréola contém glândulas sebáceas, glândulas
sudoríparas e glândulas mamárias modificadas (glândulas
de Montgomery). Essas glândulas apresentam estrutura
intermediária entre as glândulas sudoríparas e as glândulas
mamárias verdadeiras e produzem pequenas elevações
na superfície da aréola. Acredita-se que as glândulas de
Montgomery produzam uma secreção lubrificante e
protetora que modifica o pH da pele e inibe o
crescimento microbiano (ROSS, 7ª ed.)
O epitélio do mamilo repousa sobre uma camada de tecido conjuntivo
rico em fibras musculares lisas, as quais estão dispostas circularmente
ao redor dos ductos galactóforos mais profundos e paralelamente a
eles quando entram no mamilo. O mamilo é provido de abundantes
No estado de repouso, a glândula é formada por ductos
galactóforos imersos em tecido conjuntivo.
Durante a lactação, há crescimento de inúmeros alvéolos (A) nas
extremidades dos ductos galactóforos que cresceram e se ramificaram;
frequentemente se observa secreção no interior dos alvéolos (setas).
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
terminações nervosas sensoriais, importantes para produzir o reflexo
da ejeção do leite pela secreção de ocitocina (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
GLÂNDULAS MAMÁRIAS DURANTE A GRAVIDEZ E A
LACTAÇÃO
As glândulas mamárias sofrem intenso crescimento durante a gravidez
por ação sinérgica de vários hormônios, principalmente estrógenos,
progesterona, prolactina e lactogênio placentário humano. Uma das
ações desses hormônios é o desenvolvimento de alvéolos nas
extremidades dos ductos interlobulares terminais (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As glândulas mamárias exibem várias alterações
durante sua preparação para a lactação. Essas alterações
ocorrem de acordo com o trimestre de gravidez. (ROSS,
7ª ed.)
O primeiro trimestre caracteriza-se por
alongamento e ramificação dos ductos terminais.
As células epiteliais de revestimento e as células
mioepiteliais proliferam e diferenciam-se a partir
das células progenitoras da mama encontradas
no epitélio dos ductos terminais. As células
mioepiteliais proliferam entre a base das células
epiteliais e a lâmina basal nas porções tanto
alveolares quanto ductais da glândula
O segundo trimestre caracteriza-se pela
diferenciação dos alvéolos a partir das
extremidades em crescimento dos ductos
terminais. O desenvolvimento do tecido glandular
não é uniforme. Observa-se variação no grau de
desenvolvimento até mesmo em um único
lóbulo. As células variam quanto a seu formato,
de achatadas a colunares baixas. O estroma de
tecido conjuntivo intralobular é infiltrado por
plasmócitos, linfócitos e eosinófilos à medida que
a mama se desenvolve. Nesse estágio, a
quantidade de tecido glandular e a massa da
mama aumentam principalmente devido ao
crescimento dos alvéolos.
O terceiro trimestre começa com a maturação
dos alvéolos. As células glandulares epiteliais
tornam-se cuboides, com núcleos localizados no
citoplasma basal da célula. Essas células
desenvolvem um RER extenso, e surgem
vesículas secretoras e gotículas de lipídios no
citoplasma. A proliferação efetiva das células
estromais interlobulares declina, e ocorre
aumento subsequente da mama por meio de
hipertrofia das células secretoras e acúmulo de
produto secretor nos alvéolos.
↠ As alterações no tecido glandular durante a gravidez
são acompanhadas de uma diminuição na quantidade de
tecido conjuntivo e tecido adiposo (ROSS, 7ª ed.).
SECREÇÃO MERÓCRINA E APÓCRINA
As glândulas mamárias são glândulas sudoríparas apócrinas
tubuloalveolares modificadas (ROSS, 7ª ed.).
↠ As células secretoras contêm retículo endoplasmático
rugoso abundante, um número moderado de
mitocôndrias grandes, um complexo de Golgi
supranuclear e vários lisossomos densos. Dependendo do
estado secretor, pode haver grandes gotículas de lipídios
e vesículas secretoras no citoplasma apical. As células
secretoras produzem dois produtos distintos, que são
liberados por mecanismos diferentes (ROSS, 7ª ed.).
Secreção merócrina: O componente proteico
do leite é sintetizado no RER, acondicionado em
vesículas secretoras limitadas por membrana
para o seu transporte no complexo de Golgi e
liberado da célula por fusão da membrana da
vesícula com a membrana plasmática.
Secreção apócrina: O componente de gordura
ou lipídios do leite surge como gotículas de
lipídios livres no citoplasma. O lipídio coalesce
para formar grandes gotículas que passam para
a região apical da célula e projetam-se no lúmen
do ácino. As gotículas são revestidas por um
envoltório de membrana plasmática quando são
liberadas. Uma fina camada de citoplasma é retida
entre a membrana plasmática e a gotícula de
lipídio e liberada juntamente com o lipídio, mas a
perda de citoplasma nesse processo é mínima.
Fotomicrografia de uma glândula mamária ativa durante o finalda gravidez. B: aumento maior de
uma área em A. As células alveolares secretoras vistas na imagem são, em sua maior parte,
cuboides. Pode-se identificar uma célula mioepitelial (CM), bem como vários plasmócitos (setas),
no tecido frouxo adjacente.
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
REGRESSÃO PÓS-LACTACIONAL
↠ Quando cessa a amamentação (desmame), a maioria
dos alvéolos desenvolvidos durante a gravidez sofre
degeneração por apoptose. Assim, células inteiras são
liberadas no lúmen dos alvéolos, e seus restos são
retirados por macrófagos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Depois da menopausa, ocorre a involução das
glândulas mamárias em consequência da diminuição da
produção regular de hormônios sexuais. A involução é
caracterizada por redução em tamanho e atrofia das
porções secretoras e, até certo ponto, dos ductos.
Modificações atróficas afetam também o tecido
conjuntivo interlobular (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Fisiologia da Lactação
DESENVOLVIMENTO DAS MAMAS
As mamas começam a se desenvolver na puberdade. Esse
desenvolvimento é estimulado pelos estrogênios do ciclo sexual
feminino mensal; os estrogênios estimulam o crescimento da parte
glandular das mamas, além do depósito de gordura que dá massa às
mamas. Além disso, ocorre crescimento bem mais intenso durante o
estado de altos níveis de estrogênio da gravidez, e só então o tecido
glandular fica inteiramente desenvolvido para a produção de leite
(GUYTON, 13ª ed.).
ESTROGÊNIO
↠ Durante toda a gravidez, a grande quantidade de
estrogênios secretada pela placenta faz com que o
sistema de ductos das mamas cresça e se ramifique
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ Quatro outros hormônios são igualmente importantes
para o crescimento do sistema de ductos: hormônio do
crescimento, prolactina, os glicocorticoides adrenais e
insulina. Sabe-se que cada um desses hormônios tem pelo
menos algum papel no metabolismo das proteínas, o que,
presumivelmente, explica a função deles no
desenvolvimento das mamas (GUYTON, 13ª ed.).
PROGESTERONA
↠ O desenvolvimento final das mamas em órgãos
secretores de leite também requer progesterona.
Quando o sistema de ductos estiver desenvolvido, a
progesterona - agindo sinergicamente com o estrogênio,
bem como com os outros hormônios mencionados -
causará o crescimento adicional dos lóbulos mamários,
com multiplicação dos alvéolos e desenvolvimento de
características secretoras nas células dos alvéolos. Essas
mudanças são análogas aos efeitos secretores da
progesterona no endométrio uterino na última metade do
ciclo menstrual feminino (GUYTON, 13ª ed.).
AÇÃO DA PROLACTINA E DO SEU INIBIDOR
Embora o estrogênio e a progesterona sejam essenciais ao
desenvolvimento físico das mamas durante a gravidez, um efeito
especial de ambos esses hormônios é inibir a verdadeira secreção de
leite (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Por outro lado, o hormônio prolactina tem o efeito
exatamente oposto na secreção de leite, promovendo-a.
A prolactina é secretada pela hipófise anterior materna, e
sua concentração no sangue da mãe aumenta
uniformemente a partir da quinta semana de gravidez até
o nascimento do bebê, época em que já aumentou de 10
a 20 vezes o nível normal não grávido. Esse nível elevado
de prolactina, no final da gravidez, é mostrado na figura
abaixo (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Além disso, a placenta secreta grande quantidade de
somatomamotropina coriônica humana, que
provavelmente tem propriedades lactogênicas, apoiando,
assim, a prolactina da hipófise materna durante a gravidez.
Mesmo assim, devido aos efeitos supressivos do
estrogênio e da progesterona, não mais do que uns
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
poucos mililitros de líquido são secretados a cada dia até
após o nascimento do bebê (GUYTON, 13ª ed.).
O líquido secretado, nos últimos dias antes e nos primeiros dias após
o parto, é denominado colostro, que contém, essencialmente, as
mesmas concentrações de proteínas e lactose do leite, mas quase
nenhuma gordura, e sua taxa máxima de produção é cerca de 1/100
da taxa subsequente de produção de leite (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Imediatamente depois que o bebê nasce, a perda
súbita tanto de secreção de estrogênio quanto de
progesterona da placenta permite que o efeito
lactogênico da prolactina da hipófise materna assuma seu
papel natural de promotor da lactação, e no período de 1
a 7 dias as mamas começam a secretar quantidades
copiosas de leite, em vez de colostro (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Essa secreção de leite requer uma secreção de
suporte adequada da maioria dos outros hormônios
maternos também, porém os mais importantes são
hormônio do crescimento, cortisol, paratormônio e insulina.
Esses hormônios são necessários para fornecer
aminoácidos, ácidos graxos, glicose e cálcio, fundamentais
para a formação do leite (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Depois do nascimento do bebê, o nível basal da
secreção de prolactina retorna aos níveis não grávidos
durante algumas semanas. Entretanto, cada vez que a
mãe amamenta o bebê, sinais neurais dos mamilos para
o hipotálamo causam um pico de 10 a 20 vezes da
secreção de prolactina, que dura aproximadamente 1 hora
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ Essa prolactina age nas mamas maternas para manter
as glândulas mamárias secretando leite nos alvéolos para
os períodos de amamentação subsequentes. Se o pico
de prolactina estiver ausente, ou for bloqueado em
decorrência de dano hipotalâmico ou hipofisário, ou se a
amamentação não prosseguir, as mamas perdem a
capacidade de produzir leite dentro de mais ou menos
uma semana. Entretanto, a produção de leite pode se
manter por vários anos se a criança continuar a sugar,
embora a formação de leite, normalmente, diminua
consideravelmente depois de 7 a 9 meses (GUYTON, 13ª
ed.).
↠ O hipotálamo tem papel essencial no controle da
secreção de prolactina, como na maioria de todos os
outros hormônios hipofisários anteriores. Contudo, esse
controle é diferente em um aspecto: o hipotálamo
essencialmente estimula a produção de todos os outros
hormônios, mas efetivamente inibe a produção de
prolactina. Por conseguinte, o comprometimento do
hipotálamo ou o bloqueio do sistema portal hipotalâmico-
hipofisário geralmente aumenta a secreção de prolactina,
enquanto deprime a secreção dos outros hormônios
hipofisários anteriores (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Por isso, acredita-se que a secreção pela hipófise
anterior de prolactina seja controlada totalmente, ou
quase totalmente, por fator inibidor formado no
hipotálamo e transportado pelo sistema portal
hipotalâmico-hipofisário à hipófise anterior. Este fator é,
por vezes, chamado hormônio inibidor de prolactina, se
bem que ele é quase certamente o mesmo que a
catecolamina dopamina, conhecida por ser secretada
pelos núcleos arqueados do hipotálamo e que pode
diminuir a secreção de prolactina em até 10 vezes
(GUYTON, 13ª ed.).
AÇÃO DA OCITOCINA NA EJEÇÃO DO LEITE
↠ O leite é secretado de maneira contínua nos alvéolos
das mamas, mas não flui facilmente dos alvéolos para o
sistema de ductos e, portanto, não vaza continuamente
pelos mamilos. Em vez disso, o leite precisa ser ejetado
dos alvéolos para os ductos, antes de o bebê poder obtê-
lo. Essa ejeção é causada por um reflexo neurogênico e
hormonal combinado, que envolve o hormônio hipofisário
posterior ocitocina (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Quando o bebê suga, ele não recebe quase nenhum
leite por mais ou menos 30 segundos. Primeiramente, é
preciso que impulsos sensoriais sejam transmitidos
através dos nervos somáticos dos mamilos para a medula
espinal da mãe e, então, para o seu hipotálamo, onde
desencadeiam sinais neurais que promovem a secreção
de ocitocina, ao mesmo tempo em que causam secreção
de prolactina (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A ocitocina é transportada no sangue para as mamas,
onde faz com que as células mioepiteliais (que circundam
as paredes externas nos alvéolos) se contraiam, assim
transportando o leite dos alvéolospara os ductos, sob
uma pressão de +10 a 20 mmHg. Em seguida, a sucção
do bebê fica efetiva em remover o leite. Assim, dentro
de 30 segundos a 1 minuto depois que o bebê começa a
sugar, o leite começa a fluir. Esse processo é denominado
ejeção ou descida do leite (GUYTON, 13ª ed.).
O ato de sugar uma mama faz com que o leite flua não só naquela
mama, mas também na oposta. É especialmente interessante que,
quando a mãe pensa no bebê ou o escuta chorar, muitas vezes isso
proporciona um sinal emocional suficiente para o hipotálamo provocar
a ejeção de leite (GUYTON, 13ª ed.).
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
INIBIÇÃO DA EJEÇÃO DE LEITE: Um problema particular na
amamentação vem do fato de que diversos fatores psicogênicos ou
até mesmo a estimulação generalizada do sistema nervoso simpático
em todo o corpo materno possam inibir a secreção de ocitocina e,
consequentemente, deprimir a ejeção de leite. Por essa razão, muitas
mães devem ter um período de ajuste após o nascimento, sem
transtornos para obter sucesso na amamentação de seus bebês
(GUYTON, 13ª ed.).
COMPOSIÇÃO DO LEITE
↠ As características bioquímicas do leite materno são
variáveis de acordo com a própria biologia do corpo da
mãe, a sua alimentação, a hora do dia, a etapa de
amamentação (colostro, transição ou maduro) e até
durante uma mesma mamada (GUINÉ; GOMES, 2020).
↠ A secreção liberada nos primeiros dias após o parto é
conhecida como colostro. Esse pré-leite é uma secreção
alcalina e amarelada, com maior conteúdo de proteína,
vitamina A, sódio e cloreto e menor conteúdo de lipídios,
carboidratos e potássio do que o leite (ROSS, 7ª ed.). A
coloração amarelada é devido ao seu elevado teor de
betacaroteno (FERNANDES; SANTANA, 2020).
↠ O colostro contém quantidades consideráveis de
anticorpos (principalmente IgA secretora) que
proporcionam ao recém-nascido algum grau de
imunidade passiva. Acredita-se que os anticorpos do
colostro sejam produzidos pelos linfócitos e plasmócitos
que infiltram o tecido conjuntivo frouxo da mama durante
a sua proliferação e desenvolvimento e são secretados
por células glandulares, como ocorre nas glândulas
salivares e no intestino (ROSS, 7ª ed.).
↠ À medida que essas células diminuem de número após
o parto, a produção de colostro cessa, e ocorre produção
de leite rico em lipídios (ROSS, 7ª ed.).
↠ O aporte calórico do leite materno deve-se
essencialmente à gordura (que representa 50% da
energia) e, mais propriamente, aos triglicerídeos, que
representam 98% da fração lipídica (GUINÉ; GOMES,
2020).
↠ Dentre a composição nutricional do leite, o conteúdo
de gorduras é o que sofre a variação mais acentuada,
onde sua concentração aumenta de forma progressiva
desde o início até o final de cada amamentação
(FERNANDES; SANTANA, 2020).
↠ No que respeita às proteínas, o leite materno é
constituído por caseínas (28%) e proteínas do soro
(72%). As proteínas do leite materno fornecem todos os
aminoácidos essenciais (isoleucina, leucina, lisina, valina,
entre outros) e ainda outros não essenciais (GUINÉ;
GOMES, 2020).
↠ A lactose constitui o principal carboidrato do leite
humano, estando presente em concentrações mais
baixas no colostro do que no leite maduro. A lactose
fornece ao redor de 50% do conteúdo energético total
do leite materno (FERNANDES; SANTANA, 2020).
↠ O leite humano possui uma composição nutricional
balanceada, na qual inclui todos os nutrientes essenciais.
Este é composto basicamente por proteínas,
carboidratos, minerais, vitaminas e enzimas, sendo
suficiente para suprir as necessidades das crianças, a
Organização Mundial da Saúde preconiza aleitamento
materno exclusivo até seis meses de vida, com a
complementação de outros alimentos a partir do sexto
mês até pelo menos dois anos de idade, devido a sua
importância e seus benefícios (FERNANDES; SANTANA,
2020).
Não só o leite fornece ao recém-nascido os nutrientes adequados,
como também proporciona uma proteção importante contra
infecções. Por exemplo, vários tipos de anticorpos e outros agentes
anti-infecciosos são secretados no leite, em conjunto com outros
nutrientes. Além disso, diversos tipos de leucócito são secretados,
incluindo neutrófilos e macrófagos, alguns dos quais são especialmente
letais a bactérias que poderiam causar infecções mortais aos recém-
nascidos. Particularmente importantes são anticorpos e macrófagos
que destroem a bactéria Escherichia coli, que, com frequência, causa
diarreia letal em recém-nascidos (GUYTON, 13ª ed.).
No auge da lactação na mulher, 1,5 litro de leite pode ser formado a
cada dia (e até mais se a mulher tiver gêmeos). Com esse grau de
lactação, grande quantidade de energia é drenada da mãe;
aproximadamente 650 a 750 quilocalorias por litro (ou 19 a 27,15
quilocalorias por grama) estão contidas no leite materno, embora a
composição e o teor calórico do leite dependam da dieta da mãe e
de outros fatores, como a dimensão dos seios (GUYTON, 13ª ed.).
Grandes quantidades de substratos metabólicos são perdidas da mãe.
Por exemplo, cerca de 50 gramas de gordura que entram no leite
todos os dias, bem como cerca de 100 gramas de lactose, que deve
ser derivada da conversão da glicose materna. Além disso, 2 a 3
gramas de fosfato de cálcio podem ser perdidos por dia; a menos que
a mãe beba grandes quantidades de leite e tenha uma ingestão
adequada de vitamina D, o débito de cálcio e fosfato pela nutriz,
geralmente, será bem maior do que a ingestão dessas substâncias.
Para suprir as necessidades de cálcio e fosfato, as glândulas
paratireoides aumentam bastante, e os ossos são progressivamente
descalcificados. Normalmente, a descalcificação óssea materna não
representa grande problema durante a gravidez, mas pode tornar-se
mais importante durante a lactação (GUYTON, 13ª ed.).
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
ARTIGO: Leite humano em diferentes estágios de lactação:
composição nutricional no município de Cuité (FERNANDES;
SANTANA, 2020)
O levantamento de dados foi referente ao período de setembro de
2012 a abril de 2013.
Uma amostra de 23 lactantes no primeiro mês da coleta de dados, o
que correspondeu a 19,66% das mães registradas nas USF do
município de Cuité. Na realização da segunda coleta de dados em
domicílios registrou-se uma perda de seguimento em 10 mães que
informaram a inexistência da demanda de leite para a coleta de
amostras, permanecendo assim 13 mães no quarto mês de lactação
para coleta de dados.
A composição média obtida para o leite humano nos diferentes
estágios de lactação é apresentada na Tabela 1. Em seus resultados
ocorreu variação significativa nos itens proteína, lactose e valor calórico
para o leite do primeiro mês de lactação em relação ao leite do quarto
mês (p
0,005).
Com relação às características físico-químicas, foi dada ênfase a acidez
em ácido láctico que é um parâmetro qualitativo e apresentou um
valor médio de 5 ºD no primeiro mês de lactação e de 6 °D no quarto
mês de lactação. Segundo a RDC 171, de 4 de setembro de 2006 o
limite estabelecido para grau de acidez em leite humano é inferior a
8°D. Esta investigação foi realizada pelo fato de que a acidificação do
leite pode levar à redução dos componentes nutricionais -
principalmente a diminuição da biodisponibilidade do cálcio e fósforo
presentes e imunológicos e desqualificar sua utilização
Referências
VIEIRA; L. G.; MARTINS, G. F. Fisiologia da mama e papel
dos hormônios na lactação, 2018.
GUINÉ, R. P. F.; GOMES, A. L. A nutrição na lactação
humana, Millenium, 2015.
FERNANDES, D. P.; SANTANA, C. M. Leite humano em
diferentes estágios de lactação: composição nutricional no
município de Cuité, Revista Interdisciplinar em Saúde,
2020.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO,J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
PAWLINA, W. Ross Histologia: Texto e Atlas, 7ª edição.
Guanabara Koogan, RJ, 2016
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
MOORE et. al. Moore Anatomia Orientada para a Clínica,
8ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a morfologia do sistema reprodutor
feminino;
2- Explicar a gametogênese e o ciclo menstrual;
3- Compreender as mudanças que ocorrem no
corpo feminino durante a gestação
(morfofuncionais e hormonais);
Morfologia do Sistema Reprodutor Feminino
↠ Os órgãos do sistema genital feminino incluem os
ovários (gônadas femininas); as tubas uterinas; o útero; a
vagina; e órgãos externos, que são coletivamente
chamados de pudendo feminino (também conhecido
como vulva). As glândulas mamárias são consideradas
parte do tegumento e do sistema genital feminino
(TORTORA, 14ª ed.).
Anatomia dos Ovários
↠ Os ovários são as gônadas femininas. Os ovários
produzem gametas, os oócitos secundários que se
desenvolvem em óvulos maduros após a fertilização, e
hormônios, incluindo a progesterona e os estrogênios
(hormônios sexuais femininos), a inibina e a relaxina
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os ovários têm a forma de amêndoas e medem
aproximadamente 3 cm de comprimento, 1,5 cm de
largura e 1 cm de espessura (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os ovários são pares, localizados um de cada lado do
útero. Duas vezes maior e com a forma semelhante a
uma amêndoa, cada ovário é fixo em sua posição, na
bifurcação dos vasos sanguíneos ilíacos dentro da
cavidade peritoneal, por vários ligamentos (MARIEB, 3ª
ed.).
↠ O ligamento útero ovárico fixa o ovário medialmente
ao útero, o ligamento suspensor do ovário liga o ovário
lateralmente à parede pélvica, e o mesovário suspende o
ovário. O ligamento suspensor do ovário e o mesovário
são parte do ligamento largo do útero, uma dobra
peritoneal que forma uma "tenda" sobre o útero e
sustenta as tubas uterinas, o útero e a vagina. Os
ligamentos ovarianos são envolvidos pelo ligamento largo
do útero (MARIEB, 3ª ed.). Cada ovário contém um hilo, o
ponto de entrada e saída para os vasos sanguíneos e
nervos com os quais o mesovário está ligado (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Os ovários são irrigados pelas artérias ováricas, ramos
da aorta abdominal, e pelo ramo ovárico das artérias
uterinas. Os vasos sanguíneos ovarianos chegam aos
ovários passando pelos ligamentos suspensor e
mesovário (MARIEB, 3ª ed.).
Histologia dos Ovários
↠ A sua superfície é coberta por um epitélio
pavimentoso ou cúbico simples, o epitélio germinativo
(Segundo Tortora, agora que o termo epitélio germinativo em seres
humanos não é correto, porque esta camada não dá origem aos
óvulos; o nome surgiu porque, antigamente, acreditava-se que
originasse os óvulos. Descobriu-se recentemente que as células que
produzem os óvulos surgem a partir do saco vitelino e migram para
os ovários durante o desenvolvimento embrionário). Sob o epitélio
germinativo há uma camada de tecido conjuntivo denso,
a túnica albugínea, que é responsável pela cor
esbranquiçada do ovário (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Abaixo da túnica albugínea, há uma região denominada
cortical, na qual predominam os folículos ovarianos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ÅPG 21
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Folículo é o conjunto do ovócito e das células que o envolvem. Os
folículos se localizam no tecido conjuntivo (estroma) da região cortical,
o qual contém fibroblastos dispostos em um arranjo muito
característico, formando redemoinhos. Esses fibroblastos respondem a
estímulos hormonais de um modo diferente dos fibroblastos de outras
regiões do organismo (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A parte mais interna do ovário é a região medular,
que contém tecido conjuntivo frouxo com um rico leito
vascular. O limite entre a região cortical e a medular não
é muito distinto (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Anatomia das Tubas Uterinas
↠ As tubas uterinas, antes chamadas de trompas de
Falópio ou ovidutos, formam a parte inicial do sistema
feminino de ductos. Elas recebem o ovócito ovulado e
são o local onde a fertilização geralmente ocorre
(MARIEB, 3ª ed.).
Elas fornecem uma via para os espermatozoides chegarem até o
óvulo e transportam os oócitos secundários e óvulos fecundados dos
ovários até o útero (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Cada tuba uterina tem cerca de 10 cm de
comprimento e se estende medialmente, a partir da
região de um ovário desembocando na região
súperolateral do útero, via uma região mais fina chamada
de istmo (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A extremidade distal de cada tuba uterina se expande
quando ela se curva em torno do ovário, formando a
ampola; a fertilização em geral ocorre nessa região. A
extremidade da ampola é o infundíbulo, estrutura aberta
em forma de funil com projeções ciliadas semelhantes a
dedos chamadas de fímbrias, que caem sobre o ovário
(MARIEB, 3ª ed.)..
Diferentemente do sistema masculino de ductos, o qual é contínuo
com os túbulos dos testículos, as tubas uterinas têm pouco ou nenhum
contato real com os ovários (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A tuba uterina contém camadas de músculo liso, e sua
mucosa muito pregueada e espessa contém células
ciliadas e não-ciliadas. O ovócito é transportado em
direção ao útero por uma combinação de peristalse
muscular e batimento dos cílios. Células não-ciliadas da
mucosa possuem microvilos densos e produzem uma
secreção que mantém o ovócito (e o espermatozóide,
se estiver presente) úmido e nutrido (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Externamente, as tubas uterinas são cobertas por
peritônio visceral e sustentadas ao longo de seu
comprimento por um mesentério curto (parte do
ligamento largo) chamado de mesossalpinge ("mesentério
da tuba"; salpin=trombeta, trompa), uma referência à tuba
uterina em forma de trombeta, que ele sustenta (MARIEB,
3ª ed.).
Histologia das Tubas Uterinas
↠ A parede da tuba uterina é composta de três camadas:
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
uma mucosa;
uma espessa camada muscular de músculo liso
disposto em uma camada circular ou espiral
interna e uma camada longitudinal externa;
uma serosa formada de um folheto visceral de
peritônio.
↠ A mucosa tem dobras longitudinais muito numerosas
na ampola (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Em razão dessas pregas, o lúmen da ampola se assemelha a um
labirinto em seções transversais da tuba. Essas dobras se tornam
menores nos segmentos da tuba mais próximos ao útero. Na porção
intramural (atravessa a parede do útero e se abre no seu interior), as
dobras são reduzidas a pequenas protuberâncias, e a superfície interna
da mucosa é quase lisa (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ A mucosa é formada por um epitélio colunar simples
e por uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo. O
epitélio contém dois tipos de células: ciliadas e secretoras.
Os cílios batem em direção ao útero, movimentando
nesta direção uma película de muco que cobre sua
superfície. Este líquido consiste principalmente em
produtos das células secretoras (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
No momento da ovulação, a tuba uterina exibe movimentos ativos
decorrentes de sua musculatura lisa, e a extremidade afunilada da
ampola (com numerosas fímbrias) se posiciona muito perto da
superfície do ovário. Isso favorece a captação do ovócito que foi
ovulado (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A secreção tem funções nutritivas e protetoras em relação ao
ovócito, além de promover ativação (capacitação) dos
espermatozoides(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Øbs.: A contração de músculo liso e a atividade das células ciliadas
transportam o ovócito ou o zigoto ao longo do infundíbulo e do
restante da tuba. Esse movimento também impossibilita a passagem
de microrganismos do útero para a cavidade peritoneal. O transporte
do ovócito ou do zigoto para o útero é normal em mulheres com
síndrome de cílio imóvel, indicando que a atividade ciliar não é essencial
para este transporte (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Anatomia do Útero
O útero serve como parte da via para o espermatozoide depositado
na vagina alcançar as tubas uterinas. É também o local da implantação
de um óvulo fertilizado, desenvolvimento do feto durante a gestação
e trabalho de parto. Durante os ciclos reprodutivos, quando a
implantação não ocorre, o útero é a fonte do fluxo menstrual
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O útero está localizado na pelve, anterior ao reto e
póstero-superior à bexiga urinária (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O útero tem o tamanho e o formato de uma pera
invertida. Nas mulheres que nunca engravidaram
(nuligestas), tem aproximadamente 7,5 cm de
comprimento, 5 cm de largura e 2,5 cm de espessura. O
útero é maior em mulheres que estiveram grávidas
recentemente, e menor (atrofiado) quando os níveis de
hormônios sexuais são baixos, como ocorre após a
menopausa (TORTORA, 14ª ed.).
Normalmente, o útero se flexiona anteriormente no ponto onde ele
se une à vagina, fazendo com que o útero como um todo seja
inclinado para a frente ou anteversofletido. Contudo, com frequência o
órgão está inclinado para trás, ou retroversofletido, em mulheres mais
velhas (MARIEB, 3ª ed.).
↠ As subdivisões anatômicas do útero incluem:
(TORTORA, 14ª ed.).
uma parte em forma de cúpula superior às
tubas uterinas chamada de fundo do útero;
uma parte central afilada chamada de corpo do
útero;
uma parte inferior estreita chamada de colo do
útero (cérvice), que se abre para o interior da
vagina.
↠ Entre o corpo do útero e o colo do útero está o istmo
do útero, uma região de aproximadamente 1 cm de
comprimento. O interior do corpo do útero é chamado
de cavidade uterina, e o interior do colo do útero é
chamado de canal do colo do útero. O canal do colo do
útero se abre para a cavidade uterina no óstio histológico
interno do útero e na vagina no óstio externo do útero
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Vários ligamentos que são extensões do peritônio
parietal ou cordões fibromusculares mantêm a posição do
útero. O par de ligamentos largos do útero são pregas
duplas de peritônio que fixam o útero em ambos os lados
da cavidade pélvica. O par de ligamentos uterossacros,
também extensões peritoneais, encontram-se em cada
lado do reto e ligam o útero ao sacro. Os ligamentos
transversos do colo estão localizados inferiormente às
bases dos ligamentos largos e se estendem da parede
pélvica ao colo do útero e vagina. Os ligamentos redondos
são bandas de tecido conjuntivo fibroso entre as camadas
do ligamento largo; estendem-se de um ponto no útero
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
imediatamente inferior às tubas uterinas até uma parte
dos lábios maiores do pudendo da genitália externa
(TORTORA, 14ª ed.).
Embora os ligamentos normalmente mantenham a posição de
anteflexão do útero, também possibilitam movimentação suficiente de
seu corpo útero, de modo que o útero pode tornar-se mal
posicionado. A inclinação posterior do útero, chamada retroflexão, é
uma variação inofensiva da posição normal do útero. Muitas vezes não
há causa para esta condição, mas ela pode ocorrer após o parto
(TORTORA, 14ª ed.).
Histologia do Útero
↠ A parede do útero é relativamente espessa e formada
por três camadas. Externamente, há uma delgada serosa
– constituída de mesotélio e tecido conjuntivo – ou,
dependendo da porção do órgão, uma adventícia –
constituída de tecido conjuntivo sem revestimento de
mesotélio. As outras camadas uterinas são o miométrio,
uma espessa camada de músculo liso, e o endométrio ou
mucosa uterina, revestindo a cavidade do útero
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A camada exterior - o perimétrio ou túnica serosa - é
parte do peritônio visceral; é composta por epitélio
escamoso simples e tecido conjuntivo areolar.
Lateralmente, torna-se o ligamento largo do útero.
Anteriormente, recobre a bexiga urinária e forma uma
escavação rasa, a escavação vesicouterina.
Posteriormente, recobre o reto e forma uma escavação
profunda entre o útero e a bexiga urinária, a escavação
retouterina – o ponto mais inferior da cavidade pélvica
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O miométrio, camada mais espessa do útero, é
composto de pacotes ou grandes feixes de fibras
musculares lisas separadas por tecido conjuntivo. Os
pacotes de músculo liso se distribuem em quatro camadas
não muito bem definidas. A primeira e a quarta camadas
são compostas principalmente de fibras dispostas
longitudinalmente, isto é, paralelas ao eixo longo do útero.
Pelas camadas intermediárias passam os grandes vasos
sanguíneos que irrigam o órgão (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Øbs.: Durante a gravidez, o miométrio passa por um período de
grande crescimento, como resultado de hiperplasia (aumento no
número de células musculares lisas) e hipertrofia (aumento no tamanho
das células). Durante essa fase, muitas células musculares lisas adquirem
características ultraestruturais de células secretoras de proteínas e
sintetizam ativamente colágeno, cuja quantidade aumenta
significativamente no útero. Após a gravidez, há degeneração de
algumas células musculares lisas, redução no tamanho de outras e
degradação enzimática de colágeno. O útero, então, tem seu tamanho
reduzido para as dimensões aproximadas de antes da gravidez
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O endométrio consiste em um epitélio e uma lâmina
própria que contém glândulas tubulares simples, as quais,
às vezes, se ramificam nas porções mais profundas
(próximo do miométrio). As células que revestem a
cavidade uterina se organizam em um epitélio simples
colunar formado por células ciliadas e células secretoras
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O epitélio das glândulas uterinas é semelhante ao epitélio superficial,
mas células ciliadas são raras no interior das glândulas. O tecido
conjuntivo da lâmina própria é rico em fibroblastos e contém
abundante matriz extracelular. As fibras de tecido conjuntivo são
constituídas principalmente de colágeno de tipo III (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O endométrio pode ser subdividido em duas camadas,
que não podem ser bem delimitadas morfologicamente:
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
a camada basal, mais profunda, adjacente ao
miométrio, constituída por tecido conjuntivo e
pela porção inicial das glândulas uterinas;
a camada funcional, formada pelo restante do
tecido conjuntivo da lâmina própria, pela porção
final e desembocadura das glândulas e também
pelo epitélio superficial.
Enquanto a camada funcional sofre mudanças intensas durante os
ciclos menstruais, a basal permanece quase inalterada (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Ramos da artéria ilíaca interna chamados artérias uterinas fornecem
sangue para o útero. As artérias uterinas emitem ramos chamados
artérias arqueadas que estão dispostas em formato circular no
miométrio. Estas artérias se ramificam em artérias radiais, que
penetram profundamente no miométrio. Pouco antes de os ramos
entrarem no endométrio, eles se dividem em dois tipos de arteríolas:
as arteríolas retas irrigam o estrato basal com os materiais necessários
para regenerar o estrato funcional; as arteríolas espirais irrigam o
estrato funcional e se alteram acentuadamente durante o ciclo
menstrual. O sangue que deixa o útero é drenado pelas veias uterinas
para as veias ilíacas internas. A substancial irrigação sanguínea do útero
é essencial para possibilitar o crescimento de um novo estrato
funcional após a menstruação, a implantação de um óvulo fertilizado e
o desenvolvimento da placentacélulas do mesmo tipo por meio de junções
intercelulares: desmossomos e junções comunicantes
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A função dessas células, que estabelecem redes em torno das células
secretoras, ainda não é totalmente conhecida (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Entre os cordões e ilhas de células há muitos capilares
sanguíneos (que pertencem ao plexo capilar secundário
do sistema porta-hipofisário). Os poucos fibroblastos dessa
região produzem fibras reticulares que sustentam os
cordões de células (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS SECRETORAS DA PARS DISTALIS
A pars distalis secreta vários hormônios, fatores de crescimento e
citocinas. Pelo menos seis importantes hormônios são produzidos,
porém só três tipos de células costumam ser reconhecidos por
colorações rotineiras (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Essas células são classificadas em cromófobas (pouco
coradas) e cromófilas (contêm grânulos bem corados)
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As células cromófilas são constituídas de dois subtipos,
as acidófilas e as basófilas, de acordo com sua afinidade
por corantes ácidos ou básicos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
As células acidófilas podem ser ainda subdivididas em dois grupos, com
base nas características citoquímicas e ultraestruturais espaciais. Um
grupo denominado somatotropos, produz o hormônio do crescimento;
o outro grupo de células acidófilas, denominadas lactotropos, produz a
prolactina (PRL) (ROSS, 7ª ed.).
Os grupos de células basófilas também podem ser distinguidos com o
microscópio eletrônico e com procedimentos citoquímicos especiais.
Um grupo de tireotropos produz o hormônio tireoestimulante (TSH);
outro grupo de gonadotropos produz os hormônios gonadotrópicos,
o hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH); e
um terceiro grupo de corticoropos produz o hormônio
adrenocorticotrópico e o hormônio lipotrópico (ROSS, 7ª ed.).
↠ As células cromófobas têm poucos grãos (ou nenhum)
de secreção e são mais difíceis de serem reconhecidas
que as células cromófilas. É possível que algumas das
cromófobas sejam células cromófilas degranuladas ou que
possam ser células-tronco da adeno-hipófise, pois se sabe
que há renovação celular nessa glândula (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
Embora muitos corantes tenham sido desenvolvidos em tentativas de
indicar que hormônios são secretados por quais células, a
imunocitoquímica e a hibridização in situ são atualmente as melhores
técnicas utilizadas para reconhecer essas células (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Por essas técnicas é possível distinguir cinco tipos
principais de células secretoras, sendo que quatro tipos
produzem um único hormônio cada, e um tipo (células
gonadotrópicas) produz dois (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS SECRETORAS DA PARS DISTALIS DA HIPÓFISE E SEUS
HORMÔNIOS
CÉLULA PROPORÇÃO
APROXIMADA (%)
HORMÔNIO
PRODUZIDO
Somatotrópica 50 Hormônio do
crescimento ou
somatotropina (GH)
Mamatrópica ou
Iactotrópica
15 Prolactina (PRL)
Gonadotrópica 10 Hormônio
foluculoestimulante
(FSH) e Hormônio
luteinizante (LH)
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Tireotrópica 5 Hormônio
estimulante da
tireoide ou
tireotropina (TSH)
Corticotrópica 15 Produtos da
clivagem do pró-
opiomelanocortina
(POMC): hormônio
adrenocorticotrófico
(ACTH) e hormônio
melanotrópico (alfa-
MSH)
CONTROLE FUNCIONAL DA PARS DISTALIS
O padrão de secreção de vários hormônios produzidos na pars distalis
não é contínuo, porém pulsátil, por picos de secreção. Além disso, a
secreção de vários deles obedece a um ritmo circadiano, isto é, varia
nas diferentes horas do dia e da noite (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
As atividades das células da pars distalis são controladas por vários
mecanismos. Um deles é representado por hormônios peptídicos
produzidos pelos agregados de células neurossecretoras dos núcleos
dorsomediano, dorsoventral e infundibular do hipotálamo. Esses
hormônios são armazenados nos terminais axônicos situados na
eminência mediana e, após sua liberação, são transportados à pars
distalis pelo plexo capilar, também situado na eminência mediana
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
PARS TUBERALIS
↠ A pars tuberalis é uma região em forma de funil que
cerca o infundíbulo da neuro-hipófise. É uma região
importante em animais que mudam seus hábitos em
função da estação do ano (p. ex., animais que hibernam)
por meio do controle da produção de prolactina
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
PARS INTERMEDIA
↠ A pars intermedia, que se localiza na porção dorsal da
antiga bolsa de Rathke, em humanos adultos é uma região
rudimentar composta de cordões e folículos de células
fracamente basófilas que contêm pequenos grânulos de
secreção (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
NEURO-HIPÓFISE
Já a neuro-hipófise, que constitui cerca de 20% da glândula, não tendo
função produtora, assegura o armazenamento e libertação das
hormonas hipotalâmicas: oxitocina e hormona antidiurética (ADH)
(SOUSA, 2019).
↠ A neuro-hipófise consiste na pars nervosa e no
infundíbulo. A pars nervosa, diferentemente da adeno-
hipófise, não contém células secretoras. Apresenta um
tipo específico de célula glial muito ramificada, chamada
pituícito (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O componente mais importante da pars nervosa é
formado por cerca de 100 mil axônios não mielinizados de
neurônios secretores cujos corpos celulares estão
situados nos núcleos supraópticos e paraventriculares
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os neurônios secretores têm todas as características
de neurônios típicos, inclusive a habilidade de liberar um
potencial de ação, mas têm corpos de Nissl muito
desenvolvidos relacionados com a produção de
neurossecreção (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A neurossecreção (que pode ser observada por
colorações especiais, como a hematoxilina crômica de
Gomori) é transportada ao longo dos axônios e se
acumula nas suas extremidades, situadas na pars nervosa.
Seus depósitos formam estruturas conhecidas como
corpos de Herring, visíveis ao microscópio de luz
↠ Quando os grânulos são liberados, a secreção entra
nos capilares sanguíneos fenestrados que existem em
grande quantidade na pars nervosa, e os hormônios são
distribuídos pela circulação geral (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Essa neurossecreção armazenada na pars nervosa
consiste em dois hormônios, ambos peptídios cíclicos
compostos de nove aminoácidos. A composição de
aminoácidos desses dois hormônios é ligeiramente
diferente, resultando em funções muito diferentes
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Cada um desses hormônios – a ocitocina e a
vasopressina -arginina, também chamada hormônio
antidiurético (ADH) – é unido a uma proteína chamada
neurofisina. O complexo hormônio neurofisina é
sintetizado como um único longo peptídio, e por
proteólise há a liberação do hormônio de sua proteína de
ligação (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Embora haja alguma sobreposição, as fibras de núcleos
supraópticos estão relacionadas principalmente com a
secreção de vasopressina, enquanto a maioria das fibras
dos núcleos paraventriculares está envolvida com a
secreção de ocitocina (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ARTIGO: Alterações da haste hipofisária e suas implicações
clínicas (DRUMMOND et. al., 2003)
A glândula hipofisária passa por mudanças dramáticas no seu
tamanho e forma durante a vida. Estas variações devem ser
consideradas sempre que avaliarmos um exame de RM da
região hipotálamo-hipofisária.
Em neonatos, a glândula é tipicamente convexa e de sinal mais
intenso que o tronco cerebral nas imagens ponderadas em T1.
Este sinal é atribuído à significativa atividade endócrina da
glândula nessa fase, com hiperplasia das células produtoras de
PRL e aumento da síntese protéica. Este padrão persiste até
aproximadamente os 2 meses de idade, a partir daí, a glândula
vai assumindo gradualmente o padrão morfológico da criança
mais velha, com uma superfície superior plana ou ligeiramente
côncava e de intensidade de sinal similar à da(TORTORA, 14ª ed.).
CÉRVICE UTERINA
A cérvice é a porção cilíndrica e mais baixa do útero, cuja estrutura
histológica difere do restante do útero. A mucosa é revestida por um
epitélio simples colunar secretor de muco. A cérvice tem poucas fibras
de músculo liso e consiste principalmente (85%) em tecido conjuntivo
denso. Sua extremidade externa, que provoca saliência no lúmen da
vagina, é revestida por epitélio estratificado pavimentoso. A mucosa da
cérvice contém as glândulas mucosas cervicais, que se ramificam
intensamente (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
MUCO CERVICAL
As células secretoras da túnica mucosa do colo do útero produzem
uma secreção chamada de muco cervical, uma mistura de água,
glicoproteínas, lipídios, enzimas e sais inorgânicos. Durante seus anos
férteis, as mulheres secretam 20 a 60 ml de muco cervical por dia. O
muco cervical é mais propício aos espermatozoides próximo ou no
momento da ovulação, porque é menos viscoso e mais alcalino (pH
8,5) (TORTORA, 14ª ed.).
Em outros momentos, um muco mais viscoso forma um tampão
cervical que impede fisicamente a penetração dos espermatozoides.
O muco cervical suplementa as necessidades de energia dos
espermatozoides, e tanto o colo do útero quanto o muco cervical
protegem o espermatozoide dos fagócitos e do ambiente hostil da
vagina e do útero (TORTORA, 14ª ed.).
O muco cervical também pode atuar na capacitação - várias mudanças
funcionais pelas quais os espermatozoides passam no sistema genital
feminino antes de serem capazes de fertilizar um oócito secundário.
A capacitação faz com que a cauda de um espermatozoide se mova
ainda mais vigorosamente, e prepara a membrana plasmática do
espermatozoide para se fundir com a membrana plasmática do oócito
(TORTORA, 14ª ed.).
Anatomia da Vagina
↠ A vagina é um canal tubular fibromuscular de 10 cm de
comprimento, alinhado com a túnica mucosa que se
estende do exterior do corpo até o colo do útero. Ela é
o receptáculo para o pênis durante a relação sexual, a
saída para o fluxo menstrual e a via de passagem para o
parto. Situada entre a bexiga urinária e o reto, a vagina é
dirigida superior e posteriormente, onde se insere no
útero (TORTORA, 14ª ed.).
Histologia da Vagina
↠ A parede da vagina não tem glândulas e consiste em
três camadas: mucosa, muscular e adventícia. O muco
existente no lúmen da vagina se origina das glândulas da
cérvice uterina.
↠ O epitélio da mucosa vaginal de uma mulher adulta é
estratificado pavimentoso e tem uma espessura de 150 a
200 µm. Suas células podem conter uma pequena
quantidade de queratina. Sob o estímulo de estrógenos, o epitélio
vaginal sintetiza e acumula grande quantidade de glicogênio, que é
depositado no lúmen da vagina quando as células do epitélio vaginal
descamam. Bactérias da vagina metabolizam o glicogênio e produzem
ácido láctico, responsável pelo pH da região, que é normalmente baixo.
O ambiente ácido tem ação protetora contra alguns microrganismos
patogênicos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ A camada muscular da vagina é composta
principalmente de conjuntos longitudinais de fibras
musculares lisas. Há alguns pacotes circulares,
especialmente na parte mais interna (próximo à mucosa)
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Externamente à camada muscular, uma camada de
tecido conjuntivo denso, a adventícia, rica em espessas
fibras elásticas, une a vagina aos tecidos circunvizinhos. A
grande elasticidade da vagina se deve ao elevado número
de fibras elásticas no tecido conjuntivo de sua parede, no
qual há um plexo venoso extenso, feixes nervosos e
grupos de células nervosas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Ao nascimento, a abertura externa da vagina está
parcialmente fechada por um anel fino de tecido,
chamado de hímen, ou “virgindade” (SILVERTHORN, 7ª
ed.). O hímen é muito vascularizado e tende a sangrar
quando é rompido durante o primeiro coito (relação
sexual). Contudo, sua durabilidade varia (MARIEB, 3ª ed.).
O hímen é externo à vagina, e não dentro dela, de modo que o uso
normal de tampões durante a menstruação não rompe o hímen.
Entretanto, ele pode ser estirado durante atividades normais, como
andar de bicicleta e andar a cavalo, e, dessa forma, não é um indicador
preciso da virgindade feminina (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Anatomia e Histologia do Pudendo Feminino
↠ A genitália externa feminina é coletivamente
conhecida como vulva ou pudendo (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ Anteriormente às aberturas vaginal e uretral está o
monte do púbis, uma elevação de tecido adiposo
recoberta por pele e pelos pubianos grossos que
acolchoam a sínfise púbica (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Do monte do púbis, duas pregas de pele longitudinais,
os lábios maiores do pudendo, se estendem
inferiormente e posteriormente. Os lábios maiores do
pudendo são recobertos por pelos pubianos e contêm
tecido adiposo, glândulas sebáceas e glândulas sudoríferas
apócrinas. Eles são homólogos ao escroto (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Medialmente aos lábios maiores do pudendo estão
duas pregas de pele menores chamadas lábios menores
do pudendo. Ao contrário dos lábios maiores do pudendo,
os lábios menores do pudendo são desprovidos de pelos
pubianos e gordura e têm poucas glândulas sudoríferas,
mas contêm muitas glândulas sebáceas (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ O clitóris é uma pequena massa cilíndrica composta
por dois pequenos corpos eréteis, os corpos cavernosos,
e diversos nervos e vasos sanguíneos. O clitóris está
localizado na junção anterior dos lábios menores do
pudendo. Uma camada de pele chamada prepúcio do
clitóris é formada no ponto em que os lábios menores do
pudendo se unem e recobrem o corpo do clitóris. A parte
exposta do clitóris é a glande do clitóris. O clitóris é homólogo
à glande nos homens. Como a estrutura do sexo masculino, o clitóris
é capaz de aumentar de tamanho à estimulação tátil e tem um papel
na excitação sexual da mulher (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O clitóris, que é coberto por um epitélio estratificado
pavimentoso (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A região entre os lábios menores do pudendo é o
vestíbulo da vagina. No interior do vestíbulo estão o hímen
(se ainda existir), o óstio da vagina, o óstio externo da
uretra e as aberturas dos ductos de várias glândulas
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O óstio da vagina, a abertura da vagina para o exterior,
ocupa a maior parte do vestíbulo e é limitada pelo hímen.
Anteriormente ao óstio da vagina e posteriormente ao
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
clitóris está o óstio externo da uretra, a abertura da uretra
para o exterior. Em ambos os lados do óstio externo da
uretra estão aberturas dos ductos das glândulas
parauretrais. Estas glândulas secretam muco e estão
embutidas na parede da uretra (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em ambos os lados do óstio da vagina propriamente
dito estão as glândulas vestibulares maiores, que se
abrem por ductos em um sulco entre o hímen e os lábios
menores do pudendo. Elas produzem algum muco
durante a excitação sexual e as relações sexuais, que
contribui para o muco cervical e fornece lubrificação.
Várias glândulas vestibulares menores também se abrem
para o vestíbulo da vagina (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O bulbo do vestíbulo consiste em duas massas
alongadas de tecido erétil imediatamente profundas aos
lábios de cada lado do óstio da vagina. O bulbo do
vestíbulo fica cheio de sangue durante a excitação sexual,
estreitando o óstio da vagina e colocando pressão sobre
o pênis durante a relação sexual (TORTORA, 14ª ed.). Isso
pode auxiliar a segurar o pênis dentro da vagina e também a
pressionar fechando o óstio da uretra, o que impede que o sêmen (e
bactérias) seja transportado superiormente para a bexiga urinária
durante a relação sexual (MARIEB, 3ª ed.).
A genitália externa é abundantemente provida de terminações
nervosas sensoriais táteis, além de corpúsculos de Meissner e de
Pacini, que contribuem para a fisiologiado estímulo sexual (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
Períneo
↠ O períneo feminino é uma região em forma de
losango. Ele contém os órgãos genitais externos e o ânus.
O períneo é limitado anteriormente pela sínfise púbica,
lateralmente pelas tuberosidades isquiáticas e
posteriormente pelo cóccix. Uma linha transversal traçada
entre as tuberosidades isquiáticas divide o períneo em
uma região urogenital anterior que contém os órgãos
genitais externos e uma região anal posterior que contém
o ânus (TORTORA, 14ª ed.).
Gametogênese e o Ciclo Menstrual
Os folículos ovarianos estão no córtex e consistem em
oócitos em várias fases de desenvolvimento, além das
células que os circundam. Quando as células circundantes
formam uma única camada, são chamadas células
foliculares; mais tarde no desenvolvimento, quando se
formam diversas camadas, elas são chamadas células
granulosas. As células circundantes nutrem o oócito em
desenvolvimento e começam a secretar estrogênios
conforme o folículo cresce (TORTORA, 14ª ed.).
O folículo maduro é um folículo grande, cheio de líquido,
que está pronto para romper e expulsar seu oócito
secundário, em um processo conhecido como ovulação
O corpo lúteo contém os restos de um folículo maduro
após a ovulação. O corpo lúteo produz progesterona,
estrogênios, relaxina e inibina, até que se degenera em um
tecido cicatricial fibroso chamado corpo albicante.
Oogênese e desenvolvimento folicular
↠ A formação de gametas nos ovários é denominada
oogênese. Em contraste com a espermatogênese, que
no sexo masculino começa na puberdade, a oogênese
nas mulheres começa antes mesmo de elas nascerem. A
oogênese ocorre essencialmente do mesmo modo que
a espermatogênese; ocorre uma meiose e as células
germinativas resultantes sofrem maturação (TORTORA,
14ª ed.).
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
DIFERENCIAÇÃO DURANTE O PROCESSO FETAL
↠ Durante o início do desenvolvimento fetal, as células
germinativas primordiais (primitivas) migram do saco
vitelino para os ovários. Lá, as células germinativas se
diferenciam no interior dos ovários em oogônias
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As oogônias são células-tronco diploides (2n) que se
dividem por mitose produzindo milhões de células
germinativas. Mesmo antes do nascimento, a maior parte
destas células germinativas se degenera em um processo
conhecido como atresia. Algumas, no entanto, se
desenvolvem em células maiores chamadas oócitos
primários, que entram na prófase da meiose I durante o
desenvolvimento fetal, mas não concluem essa fase até
depois da puberdade (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Durante esta pausa na fase de desenvolvimento, cada
oócito primário é circundado por uma camada única de
células foliculares planas, e a estrutura como um todo é
chamada folículo primordial. O córtex ovariano em torno
dos folículos primordiais consiste em fibras colágenas e
células estromais semelhantes a fibroblastos (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Ao nascer, aproximadamente 200 mil a 2 milhões de
oócitos primários permanecem em cada ovário. Destes,
aproximadamente 40 mil ainda estão presentes na
puberdade, e aproximadamente 400 vão amadurecer e
ovular durante a vida fértil da mulher. A parte restante
dos oócitos primários sofre atresia (TORTORA, 14ª ed.).
DIFERENCIAÇÃO MENSAL ATÉ A MENOPAUSA
↠ A cada mês, da puberdade até a menopausa,
gonadotropinas (FSH e LH) secretadas pela adeno-
hipófise estimulam adicionalmente o desenvolvimento de
vários folículos primordiais, embora apenas um
geralmente alcance a maturidade necessária para a
ovulação (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Alguns folículos primordiais começam a crescer,
tornando-se folículos primários. Cada folículo primário
consiste em um oócito primário, que em um estágio
posterior de desenvolvimento estará circundado por
várias camadas de células cuboides e colunares baixas
chamadas de células granulosas. As células granulosas mais
externas repousam sobre uma membrana basal
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ À medida que o folículo principal cresce, ele forma
uma camada glicoproteica transparente chamada zona
pelúcida entre o oócito primário e as células granulosas.
Além disso, as células estromais em torno da membrana
basal começam a formar uma camada organizada
chamada teca folicular (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Com a continuidade da maturação, um folículo
primário se desenvolve em folículo secundário. Em um
folículo secundário, a teca se diferencia em duas camadas:
(TORTORA, 14ª ed.).
a teca interna, uma camada interna bem
vascularizada de células cuboides secretoras que
secretam hormônios estrogênicos,
a teca externa, uma camada exterior de células
estromais e fibras colágenas.
↠ Além disso, as células granulosas começam a secretar
líquido folicular, que se acumula em uma cavidade
chamado antro, no centro do folículo secundário. A
camada mais interna das células granulosas torna-se
firmemente ligada à zona pelúcida e agora é chamada de
coroa radiada (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O folículo secundário aumenta de tamanho e se torna
um folículo maduro (TORTORA, 14ª ed.).
Enquanto neste folículo, e pouco antes da ovulação, o oócito primário
diploide completa a meiose I, produzindo duas células haploides (n) de
tamanho desigual – cada uma com 23 cromossomos A célula menor
produzida pela meiose I, chamada de primeiro corpo polar, é
essencialmente material nuclear descartado. A célula maior, conhecida
como oócito secundário, recebe a maior parte do citoplasma. Uma vez
que um oócito secundário é formado, ele começa a meiose II, mas
em seguida, para na metáfase (TORTORA, 14ª ed.).
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ O folículo maduro rompe-se e libera rapidamente seu
oócito secundário, em um processo conhecido como
ovulação (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Na ovulação, o oócito secundário é expelido para o
interior da cavidade pélvica, juntamente com o primeiro
corpo polar e a coroa radiada. Normalmente estas células
são impulsionadas para dentro da tuba uterina (TORTORA,
14ª ed.).
Se a fertilização não ocorrer, as células degeneram. Se houver
espermatozoides na tuba uterina e um deles penetrar o oócito
secundário, no entanto, a meiose II é retomada. O oócito secundário
se divide em duas células haploides, novamente de tamanhos desiguais.
A célula maior é o óvulo, ou ovo maduro; a menor é o segundo corpo
polar(TORTORA, 14ª ed.).
Os núcleos do espermatozoide e do óvulo então se unem, formando
um zigoto diploide. Se o primeiro corpo polar sofrer outra divisão para
produzir dois corpos polares, então o oócito primário por fim dá
origem a três corpos polares haploides, que se degeneram, e um
único óvulo haploide. Assim, um oócito primário dá origem a um único
gameta (um óvulo). Por outro lado, é importante lembrar que nos
homens um espermatócito primário produz quatro gametas
(espermatozoides) (TORTORA, 14ª ed.).
Controle hormonal do ciclo menstrual
↠ Os ciclos ovariano e uterino estão sob o controle
primário de vários hormônios: (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) do
hipotálamo.
Hormônio foliculoestimulante (FSH) e hormônio
luteinizante (LH) da adeno-hipófise.
Estrogênio, progesterona, inibina e AMH do
ovário.
↠ Esses diversos hormônios são secretados com
intensidades drasticamente distintas, durante as diferentes
partes do ciclo sexual feminino mensal (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A quantidade de GnRH liberada pelo hipotálamo
aumenta e diminui de modo bem menos drástico durante
o ciclo sexual mensal. Esse hormônio é secretado em
pulsos curtos, em média uma vez a cada 90 minutos,
como ocorre nos homens (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Durante a fase folicular do ciclo, o estrogênio é o
hormônio esteroide dominante. A ovulação é
desencadeada pelo pico de LH e de FSH. Na fase lútea, a
progesterona é dominante, embora o estrogênio ainda
esteja presente (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O hormônio anti-mülleriano (AMH) foiinicialmente
conhecido pelo seu papel no desenvolvimento masculino,
porém os cientistas descobriram que o AMH também é
produzido pelos folículos ovarianos na primeira parte do
10
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
ciclo ovariano. O AMH aparentemente atua como um
regulador para evitar que muitos folículos ovarianos se
desenvolvam ao mesmo tempo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Fases do ciclo reprodutivo/menstrual
↠ As mulheres produzem gametas em ciclos mensais
(em média de 28 dias, com variação normal de 24-35
dias). Esses ciclos são comumente denominados ciclos
menstruais, uma vez que apresentam um período de 3
a 7 dias de sangramento uterino, conhecido como
menstruação (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O ciclo menstrual pode ser descrito de acordo com as
mudanças que ocorrem nos folículos ovarianos, o ciclo
ovariano, ou pelas mudanças que ocorrem no
revestimento endometrial do útero, o ciclo uterino
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
CICLO OVARIANO
↠ Observe que o ciclo ovariano é dividido em três fases:
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Fase folicular: A primeira parte do ciclo ovariano,
conhecida como fase folicular, é um período de
crescimento folicular no ovário. Essa fase é a que
tem duração mais variável, de 10 a 21 dias.
Ovulação: Quando um ou mais folículos
amadurecem, o ovário libera o(s) ovócito(s)
durante a ovulação.
Fase lútea: A fase do ciclo ovariano que segue
a ovulação é conhecida como pós-ovulatória ou
fase lútea. O segundo nome tem origem na
transformação do folículo rompido em um
corpo lúteo, assim denominado devido ao
pigmento amarelo e aos depósitos de lipídeos. O
corpo lúteo secreta hormônios que continuam a
preparação para a gestação. Se a gestação não
ocorre, o corpo lúteo para de funcionar após
cerca de duas semanas, e o ciclo ovariano é
reiniciado.
FASE FOLICULAR
↠ O primeiro dia da menstruação é o dia 1 do ciclo. Este
ponto foi escolhido como o início do ciclo porque o
sangramento menstrual é um sinal físico facilmente
observável. Pouco antes do início de cada ciclo, a
secreção de gonadotrofinas pela adeno-hipófise aumenta.
Sob a influência do FSH, um grupo de folículos ovarianos
terciários começa a crescer (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Conforme os folículos crescem, as suas células da
granulosa (sob a influência do FSH) e suas células da teca
(sob a influência do LH) começam a produzir hormônios
esteroides (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ As células da granulosa também começam a secretar
AMH. Esse AMH diminui a sensibilidade do folículo ao FSH,
o que aparentemente impede o recrutamento de
folículos primários adicionais após um grupo ter iniciado o
desenvolvimento (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os médicos, atualmente, usam os níveis sanguíneos de AMH como
indicador de quantos folículos estão em desenvolvimento inicial em um
ciclo e como um marcador para uma condição chamada de síndrome
dos ovários policísticos (SOP), em que os folículos ovarianos formam
cistos cheios de líquido (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Gradualmente, os níveis crescentes de estrogênio na
circulação têm diversos efeitos. Os estrogênios exercem
retroalimentação negativa na secreção de FSH e de LH
pela adeno-hipófise, o que impede o desenvolvimento
adicional de folículos no mesmo ciclo (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ Ao mesmo tempo, o estrogênio estimula a produção
de mais estrogênio pelas células da granulosa. Esta alça
de retroalimentação positiva permite que os folículos
continuem sua produção de estrogênio mesmo que os
níveis de FSH e de LH diminuam (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ No útero, a menstruação termina durante a fase
folicular inicial. Sob a influência do estrogênio proveniente
dos folículos que estão se desenvolvendo, o endométrio
começa a crescer, ou proliferar. Este período é
caracterizado por aumento no número de células e
aumento do suprimento sanguíneo para levar nutrientes
e oxigênio para o endométrio espessado. O estrogênio
também estimula as glândulas mucosas do colo do útero
a produzirem um muco claro e aquoso (SILVERTHORN,
7ª ed.).
FASE FOLICULAR TARDIA
↠ Conforme a fase folicular se aproxima do final, a
secreção de estrogênio ovariano atinge o seu ponto
máximo. Neste ponto do ciclo, somente um folículo ainda
está se desenvolvendo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Assim que a fase folicular está completa, as células da
granulosa do folículo dominante começam a secretar
inibina e progesterona, além do estrogênio. O estrogênio,
que até então tinha exercido um efeito de
retroalimentação negativa sobre a secreção de GnRH na
fase folicular inicial, muda para uma retroalimentação
11
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
positiva, levando ao pico pré-ovulatório de GnRH
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Imediatamente antes da ovulação, os níveis
persistentemente altos de estrogênio, auxiliados pelos
níveis crescentes de progesterona, aumentam a
responsividade da adeno-hipófise ao GnRH. Como
resultado, a secreção de LH aumenta significativamente,
um fenômeno conhecido como pico de LH. O FSH
também aumenta, mas em menor grau,
presumivelmente por estar sendo suprimido pela inibina
e pelo estrogênio (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O pico de LH é parte essencial da ovulação, pois ele
desencadeia a secreção de inúmeros sinais químicos
necessários para os passos finais da maturação do
ovócito. A meiose é retomada no folículo em
desenvolvimento com a primeira divisão meiótica. Esta
etapa divide o ovócito primário em ovócito secundário
(2n DNA) e em um primeiro corpúsculo polar (2n), que
se degenera. Enquanto essa divisão ocorre, o líquido antral
acumula-se, e o folículo cresce, atingindo seu maior
tamanho, preparando-se para liberar o ovócito
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os altos níveis de estrogênio na fase folicular tardia preparam o útero
para uma possível gestação. O endométrio cresce até uma espessura
de 3 a 4 mm. Imediatamente antes da ovulação, as glândulas cervicais
produzem grandes quantidades de muco fino e filante (elástico) para
facilitar a entrada do espermatozoide. A cena está preparada para a
ovulação (SILVERTHORN, 7ª ed.).
OVULAÇÃO
↠ Cerca de 16 a 24 horas após o pico de LH, a ovulação
ocorre. O folículo maduro secreta prostaglandinas e
enzimas proteolíticas, como metaloproteinases de matriz
(MMPs) que dissolvem o colágeno e outros componentes
do tecido conectivo que mantêm as células foliculares
unidas (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ As prostaglandinas podem contribuir para a ruptura da
parede folicular em seu ponto mais fraco. O líquido antral
jorra do ovário junto com o ovócito, o qual é circundado
por duas ou três camadas de células da granulosa. O
óvocito é arrastado para dentro da tuba uterina para ser
fertilizado ou para morrer (SILVERTHORN, 7ª ed.).
FASE LÚTEA INICIAL
↠ Após a ovulação, as células foliculares da teca migram
para o espaço antral, misturando-se com as células da
granulosa e preenchendo a cavidade. Ambos os tipos
celulares, então, transformam-se em células lúteas do
corpo lúteo. Esse processo, conhecido como luteinização,
envolve mudanças bioquímicas e morfológicas
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ As células lúteas recém-formadas acumulam gotículas
de lipídeos e grânulos de glicogênio em seu citoplasma e
começam a secretar hormônios. Conforme a fase lútea
progride, o corpo lúteo produz continuamente
quantidades crescentes de progesterona, estrogênio e
inibina (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A progesterona é o hormônio dominante na fase lútea.
A síntese de estrogênio diminui inicialmente e depois
aumenta. Entretanto, os níveis de estrogênio nunca
atingem o pico observado antes da ovulação. A
combinação de estrogênio e progesterona exerce
retroalimentação negativa sobre o hipotálamo e a adeno-
hipófise. A secreção de gonadotrofinas, adicionalmente
inibidas pela produção de inibina lútea, permanece baixa
ao longo da maior parte da fase lútea (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ Sob influência da progesterona, o endométrio continua
sua preparação paraa gestação e se torna uma estrutura
secretora (SILVERTHORN, 7ª ed.).
As glândulas endometriais enrolam-se e crescem vasos sanguíneos
adicionais na camada de tecido conectivo. As células endometriais
depositam lipídeos e glicogênio no seu citoplasma. Esses depósitos
fornecerão a nutrição para o embrião em desenvolvimento enquanto
a placenta, a conexão materno-fetal, está se desenvolvendo. A
progesterona também causa o espessamento do muco cervical. O
muco mais espesso cria um tampão que bloqueia a abertura do colo
uterino, impedindo que bactérias e espermatozoides entrem no útero
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Um efeito interessante da progesterona é a sua capacidade
termogênica. Durante a fase lútea de um ciclo ovulatório, a
temperatura corporal basal da mulher, medida logo que ela acordar
pela manhã e antes de sair da cama, aumenta cerca de 0,3 a 0,5°C e
permanece elevada até a menstruação. Como essa mudança no ponto
de ajuste da temperatura ocorre após a ovulação, ela não pode ser
usada para prever efetivamente a ovulação. Todavia, é uma maneira
simples de verificar se a mulher está tendo ciclos ovulatórios ou ciclos
anovulatórios (sem ovulação). (SILVERTHORN, 7ª ed.).
12
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
FASE LÚTEA TARDIA E MENSTRUAÇÃO
↠ O corpo lúteo tem uma duração intrínseca de
aproximadamente 12 dias. Se a gestação não ocorrer, o
corpo lúteo sofre apoptose espontânea. Conforme as
células lúteas degeneram, a produção de progesterona e
de estrogênio diminui. Essa queda retira o sinal de
retroalimentação negativa sobre a hipófise e o
hipotálamo, e, assim, a secreção de FSH e de LH
aumenta (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os remanescentes do corpo lúteo formam uma
estrutura inativa, chamada de corpo albicante. A
manutenção de um endométrio secretor depende da
presença de progesterona. Quando o corpo lúteo
degenera e a produção hormonal diminui, os vasos
sanguíneos da camada superficial do endométrio
contraem. Sem oxigênio e nutrientes, as células
superficiais morrem. Cerca de dois dias após o corpo lúteo
parar de funcionar, ou 14 dias após a ovulação, o
endométrio começa a descamar a sua camada superficial,
e a menstruação inicia (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A quantidade total de menstruação liberada do útero é de
aproximadamente 40 mL de sangue e 35 mL de líquido seroso e
restos celulares. Em geral, existem poucos coágulos no fluxo menstrual
devido à presença de plasmina, que degrada os coágulos. A
menstruação continua por 3 a 7 dias, já na fase folicular do próximo
ciclo ovulatório (SILVERTHORN, 7ª ed.).
CICLO UTERINO
↠ O revestimento endometrial do útero também segue
um ciclo - o ciclo uterino - regulado por hormônios
ovarianos: (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Menstruação: O começo da fase folicular no
ovário corresponde ao sangramento menstrual
do útero.
Fase proliferativa: A parte final da fase folicular
do ovário corresponde à fase proliferativa no
útero, durante a qual o endométrio produz uma
nova camada de células em antecipação à
gestação.
Fase secretora: Após a ovulação, os hormônios
liberados pelo corpo lúteo convertem o
endométrio espessado em uma estrutura
secretora. Assim, a fase lútea do ciclo ovariano
corresponde à fase secretora do ciclo uterino.
Se não ocorrer gravidez, as camadas superficiais
do endométrio secretor são perdidas durante a
menstruação, quando o ciclo uterino inicia
novamente.
Mudanças que ocorrem no corpo feminino durante a
gestação
Mudanças hormonais
↠ Na gravidez, a placenta forma quantidades
especialmente grandes de gonadotropina coriônica
humana, estrogênios, progesterona e
somatomamotropina coriônica humana, e as três
primeiras, e provavelmente também a quarta, são
essenciais à gravidez normal (GUYTON, 13ª ed.).
A gonadotropina coriônica humana causa
persistência do corpo lúteo e evita a
menstruação: A sua função mais importante é
evitar a involução do corpo lúteo ao final do ciclo
sexual feminino mensal. Em vez disso, faz com
que o corpo lúteo secrete quantidades ainda
maiores de seus hormônios sexuais -
progesterona e estrogênios - pelos próximos
meses. Esses hormônios sexuais impedem a
menstruação e fazem com que o endométrio
continue a crescer e armazenar grandes
quantidades de nutrientes, em vez de se
descamar em produto menstrual. Por
conseguinte, as células semelhantes às células
deciduais, que se desenvolvem no endométrio
durante o ciclo sexual feminino normal,
transformam-se, na verdade, em células
deciduais verdadeiras - bastante inchadas e
nutritivas - mais ou menos na mesma época em
que o blastocisto se implanta (GUYTON, 13ª ed.).
Secreção de estrogênio pela placenta: os
estrogênios exercem basicamente função
proliferativa na maioria dos órgãos reprodutores
e anexos da mulher. Durante a gravidez, as
quantidades extremas de estrogênios causam
aumento do útero materno; aumento das
mamas maternas e crescimento da estrutura
dos ductos da mama; e aumento da genitália
externa feminina da mãe. Os estrogênios
também relaxam os ligamentos pélvicos da mãe,
13
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
assim as articulações sacroilíacas ficam
relativamente maleáveis; e a sínfise pubiana,
elástica. Essas mudanças facilitam a passagem do
feto pelo canal de parto (GUYTON, 13ª ed.).
Secreção da progesterona pela placenta: A
progesterona faz com que células deciduais se
desenvolvam no endométrio uterino. Essas
células têm papel importante na nutrição do
embrião inicial. A progesterona diminui a
contratilidade do útero grávido, evitando, assim,
que contrações uterinas causem aborto
espontâneo (GUYTON, 13ª ed.).
Somatomamotropina coriônica humana: diminui
a sensibilidade à insulina e a utilização de glicose
pela mãe, disponibilizando, assim, quantidades
maiores de glicose ao feto. Como a glicose é o
principal substrato usado pelo feto para fornecer
energia ao seu crescimento, a possível
importância desse efeito hormonal é óbvia.
Ademais, o hormônio promove a liberação de
ácidos graxos livres das reservas de gordura da
mãe, assim, proporcionando essa fonte
alternativa de energia para o metabolismo
materno durante a gravidez. Portanto, parece
que a somatomamotropina coriônica humana é
um hormônio metabólico geral, com implicações
nutricionais específicas tanto para a mãe quanto
para o feto (GUYTON, 13ª ed.).
Secreção Hipofisária: A hipófise anterior da mãe
aumenta pelo menos 50% durante a gravidez e
aumenta sua produção de corticotropina,
tireotropina e prolactina. Por sua vez, a secreção
hipofisária do hormônio foliculoestimulante e do
hormônio luteinizante é quase totalmente
suprimida, como consequência dos efeitos
inibidores dos estrogênios e progesterona da
placenta (GUYTON, 13ª ed.).
Secreção de Corticosteroide Aumentada: A
secreção adrenocortical de glicocorticoides fica,
moderadamente, elevada durante a gravidez. É
possível que esses glicocorticoides ajudem a
mobilizar aminoácidos dos tecidos maternos, de
maneira que possam ser usados na síntese de
tecidos no feto (GUYTON, 13ª ed.).
Secreção da Glândula Tireoide Aumentada: A
glândula tireoide materna aumenta, em geral, até
50% durante a gravidez e eleva sua produção
de tiroxina em quantidade correspondente. A
maior produção de tiroxina é causada pelo
menos parcialmente por efeito tireotrópico da
gonadotropina coriônica humana, secretada pela
placenta e por pequenas quantidades do
hormônio específico estimulante da tireoide, a
tireotropina coriônica humana, também
secretada pela placenta (GUYTON, 13ª ed.).
Secreção da Glândula Paratireoide Aumentada:
As glândulas paratireoides maternas geralmente
aumentam durante a gravidez; esse aumento é,
sobretudo, verdadeiro se a mãe estiver sob
dieta deficiente em cálcio. O aumento dessas
glândulas causa absorção de cálcio dos ossos
maternos (GUYTON, 13ª ed.).
Secreção de “Relaxina” pelos Ovários e pela
Placenta: Outra substânciaalém dos estrogênios
e da progesterona, um hormônio denominado
relaxina, é secretada pelo corpo lúteo do ovário
e pelos tecidos placentários. Sua secreção
aumenta por efeito estimulador da
gonadotropina coriônica humana, ao mesmo
tempo em que o corpo lúteo e a placenta
secretam grande quantidade de estrogênios e
progesterona (GUYTON, 13ª ed.).
Mudanças anatomofuncionais
↠ A mais aparente dentre as diversas reações da mãe
ao feto e os altos níveis de hormônios da gravidez é o
aumento de tamanho dos vários órgãos sexuais. Por
exemplo, o útero aumenta de aproximadamente 50
gramas para 1.100 gramas, e as mamas quase dobram de
tamanho. Ao mesmo tempo, a vagina aumenta, e o
introito se expande mais. Além disso, os diversos
hormônios podem causar mudanças acentuadas na
aparência da gestante, às vezes resultando no
desenvolvimento de edema, acne e traços masculinos ou
acromegálicos (GUYTON, 13ª ed.).
Ganho de peso na gestação: Em média, a
gestante engorda durante a gravidez cerca de 11
kg a 15 kg, e grande parte desse ganho de peso
ocorre nos últimos dois trimestres. Desse peso
adicional, cerca de 3,5 kg são do feto e 2 kg do
líquido amniótico da placenta e das membranas
fetais. O útero aumenta perto de 1,3 kg, e as
mamas outro 1 kg, ainda restando aumento
médio de peso de 3,4 kg a 7,8 kg. Cerca de 2
kg são líquido extra no sangue e no líquido
extracelular, e geralmente o restante 1,3 kg a 5,6
kg é acúmulo de gordura. O líquido extra é
eliminado na urina, nos primeiros dias após o
14
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
parto, ou seja, depois da perda dos hormônios
retentores de líquido da placenta (GUYTON, 13ª
ed.).
Metabolismo durante a gravidez: Como
consequência de maior secreção de muitos
hormônios durante a gravidez, incluindo a
tiroxina, hormônios adrenocorticais e hormônios
sexuais, o metabolismo basal da gestante
aumenta cerca de 15% na última metade da
gravidez. Por conseguinte, frequentemente ela
tem sensações de calor excessivo (GUYTON, 13ª
ed.).
Nutrição durante a gravidez: Sem dúvida, o
maior crescimento do feto ocorre durante o
último trimestre de gestação; seu peso quase
duplica nos últimos dois meses da gestação.
Comumente, a mãe não absorve proteínas,
cálcio, fosfato e ferro suficientes de sua dieta,
nos últimos meses de gestação, para suprir
essas necessidades extras do feto. Entretanto,
antecipando tais necessidades extras, o corpo da
mãe já trata de armazenar essas substâncias -
parte na placenta, mas a maioria nos depósitos
normais da mulher. Se os elementos nutricionais
apropriados não estiverem presentes na dieta
da gestante, pode ocorrer uma série de
deficiências maternas, especialmente de cálcio,
fosfatos, ferro e vitaminas (GUYTON, 13ª ed.).
Sistema circulatório materno durante a gravidez:
o fluxo de sangue através da placenta e o débito
cardíaco materno aumentam durante a gravidez
e o volume de sangue materno aumenta
durante a gravidez. (O volume de sangue
materno pouco antes do termo é cerca de 30%
acima do normal. Esse aumento ocorre,
principalmente, durante a última metade da
gravidez. A causa desse aumento de volume,
provavelmente, é devido, pelo menos em parte,
à aldosterona e aos estrogênios, que elevam
muito durante a gravidez, e à maior retenção
de líquido pelos rins. Além disso, a medula óssea
fica cada vez mais ativa e produz hemácias
extras circulantes no excesso de volume de
líquido. Portanto, na época do nascimento do
bebê, a mãe tem por volta de 1 a 2 litros de
sangue extra no seu sistema circulatório)
(GUYTON, 13ª ed.).
A respiração materna aumenta durante a
gravidez: Devido ao aumento do metabolismo
basal da gestante e por causa do aumento de
tamanho da mãe, a quantidade total de oxigênio
usado por ela, pouco antes do nascimento do
bebê, é de aproximadamente 20% acima do
normal, e uma quantidade proporcional de
dióxido de carbono é formada. Esses efeitos
fazem com que a ventilação minuto da mãe
aumente (GUYTON, 13ª ed.).
Função renal materna durante a gravidez: A
formação de urina na gestante geralmente é
maior, devido ao aumento da ingestão de líquido
e à maior carga de produtos excretores. Mas,
além disso, várias alterações especiais ocorrem
na função renal (GUYTON, 13ª ed.).
Líquido amniótico: Normalmente, o volume de
líquido amniótico (o líquido dentro do útero no
qual o feto flutua) fica entre 500 mililitros e 1 litro,
mas pode ser de até poucos milímetros ou
vários litros (GUYTON, 13ª ed.).
Pré-eclâmpsia e eclâmpsia: Cerca de 5% de
todas as gestantes apresentam hipertensão
induzida pela gravidez, que é um rápido
aumento da pressão arterial em níveis
hipertensivos nos últimos meses de gravidez.
Isso também está associado à perda de grande
quantidade de proteína na urina. Essa condição
é denominada pré-eclâmpsia ou toxemia
gravídica e se caracteriza por retenção
excessiva de sal e água pelos rins maternos e
pelo ganho de peso e desenvolvimento de
edema e hipertensão na mãe. Eclâmpsia é um
grau extremo de pré-eclâmpsia, caracterizada
por espasmo vascular por todo o corpo;
convulsões clônicas na mãe, às vezes seguidas
por coma; grande redução do débito renal;
disfunção hepática; geralmente hipertensão
grave; e toxemia generalizada. Geralmente,
ocorre pouco antes do nascimento do bebê
(GUYTON, 13ª ed.).
15
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Referências
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a embriogênese do sistema reprodutor
masculino;
2- Estudar a anatomia do sistema reprodutor
masculino, a histologia e a vascularização das
gônadas masculinas;
3- Entender a espermatogênese;
4- Compreender a diferenciação sexual e gonadal
(cascatas de masculinização e feminilização);
Diferenciação sexual e gonadal
Os órgãos sexuais de homens e mulheres consistem em três
conjuntos de estruturas: gônadas, genitália interna e genitália externa.
As gônadas são os órgãos que produzem os gametas, os ovócitos e
os espermatozoides que se unem para formar novos indivíduos. As
gônadas masculinas são os testículos, que produzem espermatozoides.
As gônadas femininas são os ovários, que produzem os ovócitos. As
células indiferenciadas das gônadas que se destinam à produção de
ovócitos e de espermatozoides são chamadas de células germinativas.
A genitália interna consiste em glândulas acessórias e ductos que
conectam as gônadas ao meio externo. A genitália externa inclui todas
as estruturas reprodutivas externas (SILVERTHORN, 7ª ed.)
Determinação do sexo
↠ O desenvolvimento sexual é programado no genoma
humano (SILVERTHORN, 7ª ed.)
Cada célula nucleada do corpo, com exceção dos ovócitos e dos
espermatozoides, contém 46 cromossomos. Esse número de
cromossomos é chamado de número diploide, pois os cromossomos
ocorrem em pares: 22 pares de cromossomos autossomos, ou
homólogos, mais um par de cromossomos sexuais (SILVERTHORN, 7ª
ed.)
↠ Os dois cromossomos sexuais, denominados X ou Y,
contêm genes que determinam o desenvolvimento dos
órgãos sexuais internos e externos. O cromossomo X é
maior do que o Y e inclui muitos genes que faltam no
cromossomo Y (SILVERTHORN, 7ª ed.)
Os ovócitos e os espermatozoides são células haploides (1n) com 23
cromossomos, sendo um proveniente de cada par dos 22
cromossomos pareados, mais um cromossomo sexual. Quando um
ovócito e um espermatozoide se unem, o zigoto resultantecontém
um único conjunto de 46 cromossomos, com um cromossomo de
cada par homólogo proveniente da mãe e outro do pai
(SILVERTHORN, 7ª ed.)
↠ Os cromossomos sexuais que uma pessoa herda
determinam o seu sexo genético. As mulheres genéticas
são XX e os homens genéticos são XY (SILVERTHORN,
7ª ed.)
↠ O cromossomo Y carrega um gene que codifica um
fator determinador de testículos. Esse fator organiza a
gônada em um testículo em vez de um ovário (GILBERT,
5ª ed.).
DETERMINAÇÃO SECUNDÁRIA DO SEXO
↠ A determinação secundária do sexo se refere ao
fenótipo corporal externo às gônadas (GILBERT, 5ª ed.).
↠ As características sexuais secundárias são geralmente
determinadas pelos hormônios secretados pelas gônadas.
Porém, na ausência das gônadas, é gerado o fenótipo
feminino. Quando Jost (1953) removeu as gônadas de fetos de
coelhos antes da sua diferenciação, os coelhos resultantes eram
fêmeas, independentemente de serem XX ou XY. Cada um tinha
ovidutos, um útero e uma vagina, mas não tinha um pênis ou
estruturas acessórias masculinas (GILBERT, 5ª ed.).
Desenvolvimento das gônadas
↠ O desenvolvimento das gônadas é uma situação
embriológica única. Os sistemas genitais precoces nos dois
sexos são similares; portanto, o período inicial do
desenvolvimento genital é um estágio indiferenciado do
desenvolvimento sexual (MOORE, 10ª ed.).
As gônadas são derivadas de três fontes: (MOORE, 10ª ed.).
Mesotélio (epitélio mesodérmico) revestindo a parede
abdominal posterior.
Mesênquima subjacente (tecido conjuntivo embrionário).
Células germinativas primordiais (primeiras células sexuais
indiferenciadas).
↠ Em humanos, o rudimento da gônada aparece no
mesoderma intermediário durante a quarta semana e
permanece sexualmente indiferente até a sétima semana
(GILBERT, 5ª ed.).
↠ A genitália interna bipotencial é constituída por dois
pares de ductos acessórios: os ductos de Wolff (ductos
ÅPG 22
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
mesonéfricos), derivados do rim embrionário, e os ductos
de Müller (ductos paramesonéfricos). À medida que o
desenvolvimento prossegue ao longo das linhagens
masculina ou feminina, um dos pares de ductos se
desenvolve, ao passo que o outro se degenera
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os estágios iniciais do desenvolvimento gonadal
ocorrem durante a quinta semana, quando uma área
espessada de mesotélio se desenvolve no lado medial do
mesonefro, rim primitivo. A proliferação desse epitélio e
do mesênquima subjacente produz uma saliência no lado
medial dos mesonefros, as cristas gonadais. Cordões
epiteliais digitiformes, os cordões gonadais, logo crescem
para dentro do mesênquima subjacente (MOORE, 10ª ed.).
↠ As gônadas indiferenciadas (órgãos primordiais antes
da diferenciação) agora consistem de um córtex externo
e uma medula interna (MOORE, 10ª ed.).
↠ Em embriões com um complexo cromossômico
sexual XX, o córtex da gônada indiferenciada se diferencia
em ovário, e a medula regride. Em embriões com um
complexo cromossômico sexual XY, a medula se
diferencia em um testículo, e o córtex regride (MOORE,
10ª ed.).
DESENVOLVIMENTO DE UM FENÓTIPO MASCULINO
↠ O desenvolvimento de um fenótipo masculino
(características de um indivíduo) requer um cromossomo
Y funcional. O gene SRY (região determinante do sexo no
cromossomo Y) para o fator determinante do testículo foi
localizado na região do braço curto do cromossomo Y. É
o fator determinante do testículo regulado pelo
cromossomo Y que determina a diferenciação testicular
(MOORE, 10ª ed.).
↠ O gene SRY codifica uma proteína (fator de
determinação testicular, ou TDF, que se liga ao DNA e
ativa genes adicionais, incluindo SOX9, WT1 (proteína
tumoralde Wilms) e SF1 (fator esteroidogênico). Os
produtos proteicos destes e de outros genes promovem
o desenvolvimento da medula gonadal em testículo
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Observe que o desenvolvimento testicular não requer hormônios
sexuais masculinos, como a testosterona. O embrião em
desenvolvimento não pode secretar testosterona até as gônadas se
diferenciarem em testículos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Se o feto for XY, as cordas sexuais continuam a
proliferar durante a oitava semana, estendendo-se
profundamente no tecido conjuntivo. Essas cordas
fundem-se uma com a outra, formando uma rede de
cordas sexuais internas (medulares) e, em seu terminal
mais distal, a rede testicular (rete testis) mais fina. No fim,
as cordas testiculares perdem o contato com o epitélio
superficial e dele ficam separadas pela grossa matriz
extracelular, a túnica albugínea. Assim, as células
germinativas são encontradas nas cordas dentro dos
testículos (GILBERT, 5ª ed.).
Durante a vida fetal e a infância, essas cordas permanecem sólidas. Na
puberdade, porém, ficam ocas para formar os túbulos seminíferos, e
as células germinativas começam a produção de espermatozóide. O
espermatozóide é transportado do interior dos testículos através da
rede testicular, que se junta com os dutos eferentes. Esses túbulos
eferentes são os remanescentes do rim mesonéfrico, e ligam os
testículos ao ducto Wolffiano. Esse ducto tinha sido o tubo coletor do
rim mesonéfrico. Em machos, o ducto Wolffiano se diferencia em
vasos deferentes, o tubo através do qual o espermatozóide passa para
uretra e para fora do corpo (GILBERT, 5ª ed.).
↠ No intervalo, durante o desenvolvimento fetal as células
mesenquimatosas intersticiais dos testículos se
diferenciaram em células de Leydig, que produzem a
testosterona. As células das cordas testiculares se
diferenciam em células de Sertoli, que criam o
espermatozóide e secretam o hormônio anti-duto
Müllerian (GILBERT, 5ª ed.).
↠ Uma vez que os testículos se diferenciam, eles
começam a secretar três hormônios que influenciam o
desenvolvimento da genitália masculina, externa e interna.
As células de Sertoli testiculares secretam a glicoproteína
hormônio anti-mülleriano (AMH, do inglês, antimüllerian
hormone, também chamado de substância inibidora
Mülleriana). As células intersticiais (Leydig) testiculares
secretam androgênios: testosterona e seu derivado, di-
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
hidrotestosterona (DHT). A testosterona e a DHT são os
hormônios esteroides dominantes em homens. Ambos se
ligam ao mesmo receptor de androgênios, porém os dois
ligantes levam a respostas diferentes (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ No feto em desenvolvimento, o hormônio anti-
mülleriano causa a regressão dos ductos de Müller A
testosterona converte os ductos de Wolff nas estruturas
acessórias masculinas: epidídimo, ducto deferente e
vesícula seminal (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Mais adiante no desenvolvimento fetal, a testosterona controla a
migração dos testículos da cavidade abdominal para o escroto, ou saco
escrotal (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ As demais características sexuais masculinas, como a
diferenciação da genitália externa, são controladas
principalmente pela DHT (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A testosterona, produzida pelos testículos fetais, a diidrotestosterona
(um metabólito da testosterona) e o hormônio antimülleriano (HAM),
determinam a diferenciação sexual masculina normal, a qual começa
durante a sétima semana (MOORE, 10ª ed.).
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO FEMININO
↠ No embrião feminino, que não expressa o gene SRY,
o córtex da gônada bipotencial desenvolve-se e forma
tecido ovariano. Pesquisas indicam que o
desenvolvimento feminino é mais complexo do que
originalmente se pensou, com diversos genes
necessários para o desenvolvimento de ovários funcionais
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Na ausência do AMH testicular, o ducto de Müller dá
origem à porção superior da vagina, ao útero e às
trompas uterinas. Na ausência de testosterona, os ductos
de Wolff degeneram. Na ausência de DHT, a genitália
externa assume características femininas (SILVERTHORN,
7ª ed.).
↠ Em fêmeas, as células germinativas irão residir perto
dasuperfície externa da gônada. Ao contrário das cordas
sexuais nos machos, que continuam sua proliferação, as
cordas sexuais iniciais de gônadas XX degeneram. Porém,
o epitélio logo passa a produzir um novo conjunto de
cordas sexuais, que não penetram profundamente no
mesênquima, mas permanecem perto da superfície
externa (córtex) do órgão. Por isso, são chamadas cordas
sexuais corticais. Essas cordas são divididas em agregados,
cada qual envolvendo uma célula germinativa (GILBERT,
5ª ed.).
↠ A célula germinativa se transformará em óvulo, e as
cordas sexuais epiteliais que a rodeiam irão se diferenciar
em células granulosas. As células mesenquimatosas do
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
ovário diferenciam-se em células tecais. Juntas, as células
tecais e granulosas formam os folículos que envolvem as
células germinativas e secretam hormônios esteróides.
Cada folículo irá conter uma única célula germinativa. Em
fêmeas, o ducto Mülleriano permanece intacto, e se diferencia em
ovidutos, útero, cérvix e vagina superior; o duto Wolffiano, privado de
testosterona, degenera. (GILBERT, 5ª ed.).
O desenvolvimento ovariano começa por volta da 12ª semana. A
diferenciação sexual feminina primária não depende de hormônios; ela
ocorre mesmo se os ovários estiverem ausentes (MOORE, 10ª ed.).
ÏMPØRTÅÑTË: O SRY é encontrado em machos XY e nos
raros machos XX, estando ausente em fêmeas normais
XX e em muitas fêmeas XY. Outro grupo de fêmeas XY
foi achado ter mutações de ponta ou de mudança de
moldura no gene SRY, e essas mutações impedem a
proteína SRY de se ligar ao DNA ou curvá-lo (GILBERT,
5ª ed.).
Embriologia do Sistema Reprodutor Masculino
DESENVOLVIMENTO DOS TESTÍCULOS
↠ O fator determinante dos testículos induz os cordões
seminíferos a se condensarem e se estenderem para
dentro da medula da gônada indiferenciada, onde eles se
ramificam e se anastomosam para formarem a rede
testicular, uma rede de canais (MOORE, 10ª ed.).
↠ A conexão dos cordões seminíferos com o epitélio de
superfície é perdida quando uma cápsula fibrosa espessa,
a túnica albugínea, se desenvolve. O desenvolvimento da
densa túnica albugínea é o aspecto característico do
desenvolvimento testicular. Gradualmente, o testículo
aumentando se separa do mesonefro em degeneração
e é suspenso pelo seu próprio mesentério, o mesórquio
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Os cordões seminíferos se desenvolvem nos túbulos
seminíferos, túbulos retos e rede testicular. Os túbulos
seminíferos são separados pelo mesênquima que dá
origem às células intersticiais (células de Leydig). Pela oitava
semana, essas células começam a secretar hormônios androgênicos,
testosterona e androstenediona, os quais induzem a diferenciação
masculina dos ductos mesonéfricos e da genitália externa. (MOORE,
10ª ed.).
↠ Os túbulos seminíferos não têm luz até a puberdade.
As paredes dos túbulos seminíferos são compostas de
dois tipos de células: (MOORE, 10ª ed.).
As células de Sertoli que sustentam a
espermatogênese, elas são derivadas do epitélio
de superfície do testículo.
As espermatogônias, as células espermáticas
primordiais, são derivadas de células germinativas
primordiais (MOORE, 10ª ed.).
↠ As células de Sertoli constituem a maior parte do
epitélio seminífero no testículo fetal. Durante o
desenvolvimento fetal tardio, o epitélio de superfície do
testículo se achata para formar o mesotélio (uma camada
de células) sobre a superfície externa dos testículos. A
rede testicular torna-se contínua com 15 a 20 túbulos
mesonéfricos que se tornam os dúctulos eferentes. Esses
dúctulos são conectados com o ducto mesonéfrico, que
se torna o ducto do epidídimo (MOORE, 10ª ed.).
DESENVOLVIMENTO DOS DUCTOS E DAS GLÂNDULAS GENITAIS
MASCULINAS
↠ A testosterona estimula os ductos mesonéfricos a
formar ductos genitais masculinos, enquanto o HAM faz
os ductos paramesonéfricos regredirem. Sob a influência
da testosterona produzida pelos testículos fetais na oitava
semana, a parte proximal de cada ducto mesonéfrico se
torna altamente convoluta para formar o epidídimo
(MOORE, 10ª ed.).
↠ À medida que o mesonefro degenera, alguns túbulos
mesonéfricos persistem e são transformados em
dúctulos eferentes. Esses dúctulos se abrem no ducto do
epidídimo. Distal ao epidídimo, o ducto mesonéfrico
adquire um revestimento espesso de músculo liso e se
torna o ducto deferente (MOORE, 10ª ed.).
↠ Evaginações laterais da extremidade caudal de cada
ducto mesonéfrico tornam-se as glândulas (vesículas)
seminais, as quais produzem uma secreção que constitui
a maior parte do líquido no ejaculado e nutre os
espermatozoides. A parte do ducto mesonéfrico entre o
ducto dessa glândula e da uretra se torna o ducto
ejaculatório (MOORE, 10ª ed.).
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Múltiplas evaginações do endoderma surgem da parte
prostática da uretra e crescem adentro do mesênquima
circundante. O epitélio glandular da próstata se diferencia
a partir dessas células endodérmicas, e o mesênquima
associado diferencia-se no estroma (arcabouço de tecido
conjuntivo) e no músculo liso da próstata. Os genes Hox
controlam o desenvolvimento da próstata bem como das
glândulas seminais. Secreções da próstata contribuem
para o sêmen (ejaculado) (MOORE, 10ª ed.).
↠ As glândulas bulbouretrais do tamanho de uma ervilha
desenvolvem-se a partir de evaginações pareadas
derivadas da parte esponjosa da uretra (Fig. 12-33A). As
fibras musculares lisas e o estroma se diferenciam do
mesênquima adjacente. As secreções dessas glândulas
também contribuem para o sêmen (MOORE, 10ª ed.).
DESENVOLVIMENTO DA GENITÁLIA EXTERNA MASCULINA
Até a sétima semana, as genitálias externas são semelhantes em
ambos os sexos. As características sexuais distintas começam a
aparecer durante a nona semana, mas as genitálias externas não estão
completamente diferenciadas até a 12ª semana. No início da quarta
semana, o mesênquima em proliferação produz um tubérculo genital
(primórdio do pênis ou do clitóris) em ambos os sexos na extremidade
cranial da membrana cloacal (MOORE, 10ª ed.).
As saliências labioescrotais e as pregas urogenitais logo se
desenvolvem em cada lado da membrana cloacal. O tubérculo genital
se alonga formando um falo primordial (pênis ou clitóris). A membrana
urogenital reside no assoalho de uma fenda mediana, o sulco uretral,
que é limitado pelas pregas uretrais (MOORE, 10ª ed.).
↠ À medida que o falo primordial aumenta e se alonga
para formar o pênis, as pregas uretrais formam as
paredes laterais do sulco uretral na superfície ventral do
pênis. Esse sulco é revestido por uma proliferação de
células endodérmicas, a placa uretral, a qual se estende a
partir da parte fálica do seio urogenital. As pregas uretrais
se fundem uma com a outra ao longo da superfície
ventral do pênis para formar a uretra esponjosa (MOORE,
10ª ed.).
↠ O ectoderma superficial se funde no plano mediano
do pênis, formando a rafe peniana e confina a uretra
esponjosa dentro do pênis (MOORE, 10ª ed.).
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Na extremidade da glande peniana, uma invaginação
ectodérmica forma um cordão ectodérmico, que cresce
na direção da raiz do pênis para encontrar a uretra
esponjosa. À medida que esse cordão se recanaliza, sua
luz se une à uretra esponjosa previamente formada. Essa
junção completa a parte terminal da uretra e move o
orifício uretral externo para a extremidade da glande do
pênis (MOORE, 10ª ed.).
↠ Os genes HOX, FGF, e Shh regulam o
desenvolvimento do pênis. Durante a 12ª semana, uma
invaginação circular de ectoderma ocorre na periferia da
glande peniana. Quando essa invaginação se decompõe,
ela forma o prepúcio, uma prega de pele (MOORE, 10ª
ed.).
↠ O corpo cavernoso do pênis (uma de duas colunas de
tecido erétil) e o corpo esponjoso do pênis (coluna
mediana de tecido erétil entreos dois corpos cavernosos)
se desenvolvem a partir do mesênquima do falo. As duas
saliências labioescrotais crescem uma em direção a outra
e se fundem para formar o escroto. A linha de fusão
dessas pregas é claramente visível como a rafe escrotal
(MOORE, 10ª ed.).
DESCIDA DOS TESTÍCULOS
↠ A descida dos testículos está associada:
Ao aumento dos testículos e atrofia do
mesonefro (rins mesonéfricos), permitindo o
movimento dos testículos caudalmente ao longo
da parede abdominal posterior.
À atrofia dos ductos paramesonéfricos induzida
pela SIM, possibilitando o movimento
transabdominal dos testículos para os anéis
inguinais profundos.
Ao aumento do processo vaginal que guia o
testículo através do canal inguinal para dentro do
escroto.
↠ Com 26 semanas, os testículos já desceram
retroperitonealmente (externos ao peritônio) da região
lombar superior da parede abdominal posterior para os
anéis inguinais profundos. Essa mudança de posição
ocorre à medida que a pelve fetal aumenta e o corpo ou
tronco se alonga (MOORE, 10ª ed.).
↠ A descida dos testículos através dos canais inguinais
para dentro do escroto é controlada por androgênios (p.
ex., testosterona) produzidos pelos testículos fetais. O
gubernáculo forma um caminho através da parede
abdominal anterior para o processo vaginal seguir durante
a formação do canal inguinal. O gubernáculo ancora o
testículo ao escroto e dirige sua descida para dentro do
escroto. A passagem do testículo através do canal inguinal
também pode ser auxiliada pelo aumento na pressão
intra-abdominal que resulta do crescimento das vísceras
abdominais (MOORE, 10ª ed.).
↠ A descida dos testículos através dos canais inguinais
para dentro do escroto usualmente começa durante a
26ª semana, e em alguns fetos leva de 2 a 3 dias. Em
torno de 32 semanas, ambos os testículos estão
presentes no escroto, na maioria dos casos (MOORE, 10ª
ed.).
↠ O modo de descida do testículo explica porque o
ducto deferente cruza anterior ao ureter; também explica
o trajeto dos vasos testiculares. Esses vasos se formam
quando os testículos estão localizados no alto da parede
abdominal posterior (MOORE, 10ª ed.).
↠ Dentro do escroto, o testículo se projeta dentro da
extremidade distal do processo vaginal. Durante o período
perinatal, o pedículo de conexão do processo
normalmente se oblitera, formando uma membrana
serosa, a túnica vaginal, a qual cobre a frente e os lados
do testículo (MOORE, 10ª ed.).
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Morfologia do Sistema Reprodutor Masculino
↠ Os órgãos do sistema genital masculino incluem os
testículos, um sistema de ductos (epidídimo, ducto
deferente, ductos ejaculatórios e uretra), glândulas sexuais
acessórias (glândulas seminais, próstata e glândulas
bulbouretrais) e várias estruturas de apoio, incluindo o
escroto e o pênis (TORTORA, 14ª ed.)
Os testículos (gônadas masculinas) produzem espermatozoides e
secretam hormônios. O sistema de ductos transporta e armazena os
espermatozoides, auxilia em sua maturação, e libera-os para o meio
externo. O sêmen contém espermatozoides mais as secreções
produzidas pelas glândulas sexuais acessórias. As estruturas de apoio
têm várias funções. O pênis entrega os espermatozoides no aparelho
reprodutivo feminino e o escroto contém os testículos (TORTORA,
14ª ed.)
ESCROTO
↠ O escroto ("saco") é um saco de pele e fáscia
superficial suspenso para fora da cavidade
abdominopélvica na raiz do pênis. Ele é coberto por pêlos
esparsos e contém um par de testículos ovais (MARIEB,
3ª ed.)
↠ Externamente, o escroto parece uma bolsa de pele
ímpar separada em porções laterais por uma crista
mediana chamada de rafe do escroto. Internamente, o
septo do escroto divide o escroto em dois sacos, cada
um contendo um testículo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O septo do escroto é constituído por uma tela
subcutânea e tecido muscular chamado músculo dartos,
que é composto de feixes de fibras de músculo liso. O
músculo dartos também é encontrado na tela subcutânea
do escroto. Associado a cada testículo no escroto está o
músculo cremaster, várias pequenas bandas de músculo
esquelético que descem como uma extensão do músculo
oblíquo interno do abdome por meio do funículo
espermático para circundar os testículos (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ O músculo dartos ("coberto de pele"), uma camada de
músculo liso na fáscia superficial, enruga a pele escrotal.
O músculo cremaster ("suspensório"), bandas de músculo
esquelético formadas a partir do músculo oblíquo interno
do abdome, eleva os testículos. (MARIEB, 3ª ed.)
Contudo, como os espermatozoides viáveis não podem ser
produzidos em abundância na temperatura corporal interna (37ºC), a
localização superficial do escroto, a qual fornece uma temperatura
cerca de 3ºC mais baixa, é uma adaptação essencial. Além disso, o
escroto responde a alterações de temperatura. Quando está frio, os
testículos são puxados para mais perto da parede aquecida do corpo,
e o escroto se torna menor e muito enrugado, aumentando sua
espessura para reduzir a perda de calor. Quando está quente, a pele
do escroto fica flácida e solta para aumentar a área de superfície para
o resfriamento (sudorese), e o testículo desce se afastando do tronco
corporal. Essas alterações na área da superfície escrotal auxiliam a
manter uma temperatura intra-escrotal razoavelmente constante e
refletem a atividade de dois grupos de músculos (MARIEB, 3ª ed.)
TESTÍCULOS
↠ Os testículos são um par de glândulas ovais no escroto
com aproximadamente 5 cm de comprimento e 2,5 cm
de diâmetro. Cada testículo tem massa de 10 a 15 g
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As artérias testiculares longas, as quais são ramos da
parte abdominal da aorta que se dirigem para a pelve,
irrigam os testículos. As veias testiculares que drenam os
testículos originam- se de uma rede chamada de plexo
pampiniforme ("forma de gavinha"), a qual circunda a
porção da artéria testicular que se localiza dentro do
escroto, semelhante a uma videira (MARIEB, 3ª ed.)
O plexo pampiniforme absorve calor do sangue arterial, resfriando-o
antes que ele chegue aos testículos. Assim, esse plexo fornece uma
maneira adicional de manter os testículos em sua temperatura
homeostática resfriada (MARIEB, 3ª ed.)
↠ Os testículos são inervados por ambas as divisões do
sistema neurovegetativo. Nervos sensoriais associados
transmitem impulsos que resultam em dor pancinante e
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
náusea quando os testículos são atingidos com força. As
fibras nervosas estão localizadas ao longo dos vasos
sanguíneos e linfáticos, em uma bainha de tecido
conjuntivo chamada de funículo espermático, o qual passa
através do canal inguinal (MARIEB, 3ª ed.)
↠ O testículo é circundado por duas túnicas. A túnica
mais externa é a túnica vaginal, com duas camadas,
derivada de uma projeção do peritônio. Mais
profundamente a essa camada serosa está a túnica
albugínea (tecido conjuntivo denso) ("casaco branco"), a
cápsula fibrosa do testículo (MARIEB, 3ª ed.)
Por causa da migração, cada testículo arrasta consigo um folheto do
peritônio, a túnica vaginal. Esta túnica consiste em uma camada parietal
exterior e uma camada visceral interna, que recobrem a túnica
albugínea nas porções laterais e anterior do testículo (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
↠ Um septo se estendendo a partir da túnica albugínea
divide o testículo em 250 a 300 lóbulos em forma de
cunha, cada um contendo 1 a 4 túbulos seminíferos
("carreadores de espermatozóides") contorcidos, as
verdadeiras "fábricas de espermatozóides" (MARIEB, 3ª
ed.)
↠ Cada lóbulo é ocupado por um a quatro túbulos
seminíferos, que se alojam como novelos envolvidos por
um tecido conjuntivo frouxo rico em vasos sanguíneos e
linfáticos, nervos e células intersticiais (células de Leydig)
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O processo pelo qual os túbulos seminíferos contorcidosdos testículos
produzem esperma é chamado de espermatogênese (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A parede dos túbulos seminíferos é formada por
várias camadas de células denominadas epitélio
germinativo ou epitélio seminífero, o qual é envolvido por
uma lâmina basal e por uma bainha de tecido conjuntivo.
O tecido conjuntivo, por sua vez, é formado por
fibroblastos, e sua camada mais interna, aderida à lâmina
basal, é formada por células mioides achatadas e
contráteis e que têm características de células musculares
lisas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O epitélio seminífero é formado por duas populações
distintas de células: as células de Sertoli e as células que
constituem a linhagem espermatogênica. Essas duas
populações têm morfologia, origem embriológica e
funções bastante distintas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As células espermatogênicas, as células formadoras de
esperma, e as células sustentaculares ou células de Sertoli,
que têm várias funções no apoio à espermatogênese.
Células-tronco chamadas espermatogônias se
desenvolvem a partir das células germinativas primordiais
que surgem a partir do saco vitelino e entram nos
testículos durante a quinta semana de desenvolvimento.
Nos testículos embrionários, as células germinativas
primordiais se diferenciam em espermatogônias, que
permanecem dormentes durante a infância e começam
a produzir espermatozoides ativamente na puberdade
(TORTORA, 14ª ed.).
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Em direção ao lúmen do túbulo seminífero contorcido
estão camadas de células progressivamente mais
maduras. Da menor para a maior maturidade estão os
espermatócitos primários, espermatócitos secundários,
espermátides e espermatozoides. Depois que um
espermatozoide é formado, ele é liberado para o lúmen
do túbulo seminífero (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Incorporado entre as células espermatogênicas nos
túbulos seminíferos estão grandes células sustentaculares
ou células de Sertoli, que se estendem da membrana
basal ao lúmen do túbulo. Internamente a membrana basal
e espermatogônias, junções oclusivas unem células
sustentaculares vizinhas. Estas junções formam uma
obstrução conhecida como barreira hematotesticular,
porque as substâncias devem passar primeiro pelas
células sustentaculares antes de poderem alcançar o
espermatozoide em desenvolvimento. Ao isolar os
gametas em desenvolvimento do sangue, a barreira
hematotesticular evita uma resposta imune contra
antígenos de superfície da célula espermatogênica, que
são reconhecidas como “estranhas” pelo sistema imune.
A barreira hematotesticular não inclui as espermatogônias
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As células de Sertoli apoiam e protegem as células
espermatogênicas em desenvolvimento de várias
maneiras. Elas nutrem os espermatócitos, espermátides e
espermatozoides; fagocitam o excesso de citoplasma das
espermátides conforme o desenvolvimento avança e
controlam os movimentos das células espermatogênicas
e a liberação do espermatozoide no lúmen dos túbulos
seminíferos. Elas também produzem líquido para o
transporte do espermatozoide, secretam o hormônio
inibina e regulam os efeitos da testosterona e do FSH
(hormônio foliculoestimulante) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Nos espaços entre túbulos seminíferos adjacentes
existem aglomerados de células chamadas células
intersticiais ou células de Leydig. Estas células secretam
testosterona, o androgênio mais prevalente. Um
androgênio é um hormônio que promove o
desenvolvimento de características masculinas. A
testosterona também promove a libido no homem
(impulso sexual) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Circundando cada túbulo seminífero estão as células
mióides, semelhantes a músculo liso. Contraindo
ritmicamente, essas células podem auxiliar a empurrar os
espermatozóides e líquidos testiculares ao longo dos
túbulos e para fora dos testículos. Os túbulos seminíferos
de cada lóbulo convergem para formar um túbulo
seminífero reto, que leva os espermatozóides para a rede
do testículo, uma rede tubular situada na face posterior
dos testículos. A partir da rede do testículo, os
espermatozóides deixam os testículos pelos dúctulos
eferentes e entram no epidídimo, o qual envolve a
superfície externa dos testículos (MARIEB, 3ª ed.)
ESPERMATOGÊNESE
↠ Nos seres humanos, a espermatogênese leva de 65 a
75 dias. Começa com a espermatogônias, que contêm o
número diploide (2n) de cromossomos. As
espermatogônias são tipos de células-tronco; quando
sofrem mitose, algumas espermatogônias permanecem
próximo da membrana basal dos túbulos seminíferos em
um estado não-diferenciado, para servir como um
reservatório de células para a divisão celular futura e
subsequente produção de espermatozoides (TORTORA,
14ª ed.).
↠ O restante das espermatogônias perde contato com
a membrana basal, espreme-se através das junções
oclusivas da barreira hematotesticular, sofre alterações de
desenvolvimento e diferencia-se em espermatócitos
primários (TORTORA, 14ª ed.).
10
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
As células-filhas podem seguir dois caminhos: continuar se dividindo,
mantendo-se como células-tronco de outras espermatogônias
(chamadas espermatogônias de tipo A), ou diferenciarem-se durante
sucessivos ciclos de divisão mitótica para se tornar espermatogônias
de tipo B (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os espermatócitos primários, como as
espermatogônias, são diploides (2n); ou seja, contêm 46
cromossomos. Pouco depois de se formar, cada
espermatócito primário replica seu DNA e então começa
a meiose. Na meiose I, pares de cromossomos homólogos
se alinham na placa metafásica, e ocorre o crossingover.
Em seguida, o fuso meiótico puxa um cromossomo
(duplicado) de cada par para um polo oposto da célula em
divisão (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As duas células formadas pela meiose I são chamadas
de espermatócitos secundários. Cada espermatócito
secundário tem 23 cromossomos, o número haploide (n).
Cada cromossomo dentro de um espermatócito
secundário, no entanto, é constituído por 2 cromátides
(2 cópias do DNA) ainda ligadas por um centrômero. Não
há replicação de DNA nos espermatócitos secundários
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Na meiose II, os cromossomos se alinham em fila
indiana ao longo da placa metafásica, e as duas cromátides
de cada cromossomo se separam. As quatro células
haploides resultantes da meiose II são chamadas de
espermátides. Portanto, um único espermatócito primário
produz quatro espermátides por meio de dois episódios
de divisão celular (meiose I e meiose II) (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Durante a espermatogênese ocorre um processo
único. Conforme as células espermatogênicas proliferam,
elas não conseguem completar a separação
citoplasmática (citocinese). As células permanecem em
contato por meio de pontes citoplasmáticas ao longo de
todo o seu desenvolvimento. Este padrão de
desenvolvimento provavelmente é responsável pela
produção sincronizada de espermatozoides em qualquer
área do túbulo seminífero. Também pode ser importante
para a sobrevivência de metade dos espermatozoides
contendo um cromossomo X e metade contendo um
cromossomo Y. O cromossomo X maior pode transportar
os genes necessários para a espermatogênese que estão
faltando no cromossomo Y menor (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A fase final da espermatogênese, a espermiogênese,
consiste no desenvolvimento de espermátides haploides
em espermatozoides. Não ocorre divisão celular na
espermiogênese; cada espermátide se torna um
espermatozoide único. Durante este processo, as
espermátides esféricas se transformam no
espermatozoide delgado e alongado. Um acrossomo
forma-se no topo do núcleo, que se condensa e se
alonga, um flagelo se desenvolve, e as mitocôndrias se
multiplicam (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As células sustentaculares eliminam o excesso de
citoplasma que se desprende. Por fim, os
espermatozoides são liberados de suas conexões com as
células sustentaculares, em um evento conhecido como
espermiação.O espermatozoide então entra no lúmen
do túbulo seminífero. O líquido secretado pelas células
sustentaculares “empurra” os espermatozoides ao longo
de seu caminho em direção aos ductos dos testículos.
Neste momento, os espermatozoides ainda não
conseguem se deslocam sozinhos (TORTORA, 14ª ed.).
ESPERMATOZOIDE
↠ A cada dia, aproximadamente 300 milhões de
espermatozoides concluem o processo de
espermatogênese. Um espermatozoide tem
aproximadamente 60 µm de comprimento e contém
várias estruturas que são adaptadas para alcançar e
penetrar um oócito secundário. As principais partes de
11
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
um espermatozoide são a cabeça e a cauda. A cabeça
pontiaguda e achatada do espermatozoide mede
aproximadamente 4 a 5 µm de comprimento. Ela contém
um núcleo com 23 cromossomos bem acondicionados.
Englobando os dois terços anteriores do núcleo está o
acrossomo, uma vesícula semelhante a capa preenchida
com enzimas que ajudam o espermatozoide a penetrar
no oócito secundário para promover a fertilização. Entre
as enzimas estão as proteases e a hialuronidase
(TORTORA, 14ª ed.).
FORMAÇÃO DO ACROSSOMO
O citoplasma das espermátides contém um complexo de Golgi
bastante desenvolvido. Pequenos grânulos PAS positivos, chamados
grânulos proacrossômicos, acumulam-se no complexo de Golgi.
Depois, fundem-se para formar um único grânulo acrossômico no
interior de uma vesícula limitada por membrana, chamada vesícula
acrossômica. Os centríolos migram para perto da superfície da célula,
em posição oposta à vesícula acrossômica, e iniciam a formação do
axonema (o conjunto de microtúbulos que formam o eixo central de
um flagelo) (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A vesícula e o grânulo acrossômico se estendem sobre a metade
anterior do núcleo como um capuz e passam a ser chamados
inicialmente de capuz acrossômico e finalmente de acrossomo. O
acrossomo contém várias enzimas hidrolíticas, como hialuronidase,
neuraminidase, fosfatase ácida e uma protease que tem atividade
semelhante à da tripsina. O acrossomo, portanto, assemelha-se a um
lisossomo. As enzimas são capazes de dissociar as células da corona
radiata e de digerir a zona pelúcida, estruturas que envolvem os
ovócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O flagelo cresce a partir de um dos centríolos, enquanto mitocôndrias
se acumulam ao redor da porção proximal do flagelo, chamada de
peça intermediária. A disposição das mitocôndrias é outro exemplo da
concentração dessas organelas em locais relacionados com
movimento celular e alto consumo de energia. O movimento flagelar
é resultado da interação de microtúbulos, trifosfato de adenosina (ATP)
e dineína, uma proteína com atividade de ATPase (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
↠ A cauda de um espermatozoide é subdividida em
quatro partes: colo, peça intermediária, peça principal e
peça terminal. O colo é a região encontrada
imediatamente atrás da cabeça, que contém centríolos.
Os centríolos formam os microtúbulos que
compreendem o restante da cauda. A peça intermediária
contém mitocôndrias dispostas em espiral, que fornecem
energia (ATP) para a locomoção dos espermatozoides
até o local da fertilização e para o metabolismo do
espermatozoide. A peça principal é a parte mais longa da
cauda, e a peça terminal é a parte distal e afilada da cauda.
Uma vez ejaculados, a maior parte dos espermatozoides
não sobrevive por mais de 48 h no sistema genital
feminino (TORTORA, 14ª ed.).
CONTROLE HORMONAL DA FUNÇÃO TESTICULAR
Embora os fatores de iniciação sejam desconhecidos, na puberdade,
determinadas células neurosecretoras do hipotálamo aumentam a sua
secreção de hormônio liberador de gonadotropina (GnRH). Este
hormônio estimula, por sua vez, os gonadotropos na adenohipófise a
aumentar sua secreção de duas gonadotropinas (TORTORA, 14ª ed.).
O LH estimula as células intersticiais que estão localizadas entre os
túbulos seminíferos a secretar o hormônio testosterona. A
testosterona, via feedback negativo, suprime a secreção de LH pelos
gonadotropos da adeno-hipófise e suprime a secreção de GnRH pelas
células neurossecretoras do hipotálamo. Em algumas células-alvo, como
aquelas dos órgãos genitais externos e da próstata, a enzima 5-
alfarredutase converte a testosterona em outro androgênio, chamado
di-hidrotestosterona (DHT) (TORTORA, 14ª ed.).
12
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
O FSH atua indiretamente ao estimular a espermatogênese. O FSH e
a testosterona atuam sinergicamente nas células sustentaculares
estimulando a secreção da proteína de ligação a androgênios (ABP)
no lúmen dos túbulos seminíferos e no líquido intersticial em torno das
células espermatogênicas. A ABP se liga à testosterona, mantendo a
sua concentração elevada. A testosterona estimula as etapas finais da
espermatogênese nos túbulos seminíferos. Uma vez alcançado o grau
de espermatogênese necessário para as funções reprodutivas
masculinas, as células sustentaculares liberam inibina, um hormônio
proteico assim chamado por inibir a secreção de FSH pela adeno-
hipófise (TORTORA, 14ª ed.).
Um sistema de feedback negativo regula a produção de testosterona
Quando a concentração de testosterona no sangue aumenta até um
determinado nível, isso inibe a liberação de GnRH pelas células
hipotalâmicas (TORTORA, 14ª ed.).
SISTEMA DE DUCTOS MASCULINO
↠ Os espermatozóides viajam dos testículos para o
exterior do corpo por meio de um sistema de ductos. Em
ordem (proximal a distal), os ductos acessórios são o
epidídimo, os dúctulos eferentes, o ducto ejaculatório e a
uretra (MARIEB, 3ª ed.).
EPIDÍDIMO
↠ O epidídimo é um órgão em forma de vírgula de
aproximadamente 4 cm de comprimento que fica ao
longo da margem posterior de cada testículo. Cada
epidídimo consiste principalmente em ductos do
epidídimo bem enrolados. Os ductos eferentes do
testículo se unem aos ductos do epidídimo na parte maior
e superior do epidídimo, chamada de cabeça do
epidídimo. O corpo do epidídimo é a parte média estreita,
e a cauda do epidídimo é a parte inferior menor. Na sua
extremidade distal, a cauda do epidídimo continua como
o ducto deferente (TORTORA, 14ª ed.).
Os ductos do epidídimo mediriam aproximadamente 6 m de
comprimento se fossem desenrolados. São revestidos por epitélio
pseudoestratificado e circundados por camadas de músculo liso. As
superfícies livres das células cilíndricas contêm estereocílios, que
apesar de seu nome são microvilosidades longas e ramificadas (não
cílios) que aumentam a área de superfície para a reabsorção de
espermatozoides degenerados. Funcionalmente, o epidídimo é o local
de maturação dos espermatozoides, processo pelo qual o
espermatozoide adquire motilidade e a capacidade de fertilizar um
óvulo. Isto ocorre ao longo de um período de aproximadamente 14
dias. O epidídimo também ajuda a impulsionar os espermatozoides
pelos ductos deferentes durante a excitação sexual, pela contração
peristáltica do seu músculo liso. Além disso, o epidídimo armazena
espermatozoides, que permanecem viáveis aqui por até vários meses.
Qualquer espermatozoide armazenado que não seja ejaculado durante
esse período de tempo é, por fim, reabsorvido. (TORTORA, 14ª ed.).
DUCTO DEFERENTE
↠ No interior da cauda do epidídimo, o ducto do
epidídimo torna-se menos enrolado e o seu diâmetro
aumenta. Além deste ponto, o ducto é conhecido como
ducto deferente O ducto deferente, que mede
aproximadamente 45 cm de comprimento, ascende ao
longo da margem posterior do epidídimo através do
funículo espermático e, em seguida, entra na cavidade
pélvica. Ele contorna o ureter e passa lateralmente e
desce pela face posterior da bexiga urinária. A parte
terminal dilatada do ducto deferente é a ampola
(TORTORA, 14ª ed.).
O funículo espermático é uma estrutura de suporte do sistema genital
masculino que ascende a partir do escroto. Ele consiste na porção do
ducto deferente que ascende através do escroto (TORTORA,ponte. O
crescimento hipofisário durante a infância é discreto, com um
padrão de crescimento linear e em todas as direções, atingindo
uma altura não superior a 6mm nas crianças abaixo de 12 anos,
sem diferença significativa entre os sexos.
Na puberdade ocorre hipertrofia fisiológica da hipófise, sendo
10mm o limite máximo da altura para o sexo feminino (com a
convexidade superior da glândula ultrapassando, às vezes, os
limites da sela) e 7 a 8mm para o sexo masculino. Hipertrofia
"fisiológica" da glândula também pode ser observada em
pacientes com puberdade precoce central. Por razões ainda
não esclarecidas, apenas um terço destes pacientes apresenta
aumento da hipófise.
Na gestação, a glândula hipofisária aumenta progressivamente
de tamanho. No terceiro trimestre, ela usualmente atinge a
altura de 10mm e apresenta a superfície superior convexa, com
relativo aumento de intensidade em T1. A altura máxima é
atingida no pós-parto imediato, chegando a medir 12mm. Após
a primeira semana, a glândula hipofisária rapidamente retorna
ao seu tamanho normal, aparentemente independente do
aleitamento materno (2). Há um alargamento da haste
hipofisária nesse período, nunca ultrapassando, todavia, 4mm
de diâmetro transverso.
O espessamento da haste hipofisária pode se associar, em
todas as faixas etárias, a disfunções neuro ou adeno-hipofisárias,
e o seu achado em exames de imagem exige o
aprofundamento da propedêutica.
Em adultos, à semelhança do que ocorre em crianças, o
aumento na espessura da haste está correlacionado ao quadro
de Diabetes Insipidus (DI), ao comprometimento variável na
função adeno-hipofisária e à hiperprolactinemia discreta em
cerca de 40% dos pacientes (13). A etiologia mais provável no
adulto é infundíbulo-neuro-hipofisite auto-imune.
Referências
LIMA, N. F. S. O. Distúrbios da Hipófise. Dissertação de
Mestrado, Universidade Fernando Pessoa, 2015.
SOUSA, R. I. N. Caracterização de tumores da hipófise
diagnosticados na população octogenária. Dissertação de
Mestrado, 2019.
DRUMMOND et. al. Alterações da haste hipofisária e suas
implicações clínicas. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia
& Metabologia, 2003.
PAWLINA, W. Ross Histologia: Texto e Atlas, 7ª edição.
Guanabara Koogan, RJ, 2016
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana, 7ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2014.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
MOORE. Embriologia Clínica, 10ª ed.. Elsevier, RJ, 2016.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivo
1- Compreender o eixo hipotálamo-hipofisário e
glândulas periféricas.
*Feedback hormonal positivo e negativo
Comparação do controle exercido pelos sistemas nervoso e
endócrino
↠ Os sistemas nervoso e endócrino atuam juntos para
coordenar funções de todos os sistemas do corpo.
Lembre-se de que o sistema nervoso atua por meio de
impulsos nervosos (potenciais de ação) conduzidos ao
longo dos axônios dos neurônios. Nas sinapses, os
impulsos nervosos desencadeiam a liberação de
moléculas mediadoras (mensageiras) chamadas de
neurotransmissores (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O sistema endócrino também controla atividades
corporais por meio da liberação de mediadores,
chamados hormônios, porém os meios de controle dos
dois sistemas são bastante diferentes (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Um hormônio é uma molécula mediadora liberada em
alguma parte do corpo que regula a atividade celular em
outras partes do corpo. A maioria dos hormônios entra
no líquido intersticial e, depois, na corrente sanguínea. O
sangue circulante leva hormônios às células de todo o
corpo. Tanto os neurotransmissores quanto os hormônios
exercem seus efeitos ligando-se a receptores
encontrados nas suas “células-alvo” (TORTORA, 14ª ed.).
Inúmeros mediadores atuam tanto como neurotransmissor quanto
como hormônio. Um exemplo comum é a norepinefrina, que é liberada
como neurotransmissor pelos neurônios pós-ganglionares simpáticos
e como hormônio pelas células cromafins da medula da glândula
suprarrenal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Muitas vezes, as respostas do sistema endócrino são
mais lentas que as respostas do sistema nervoso; embora
alguns hormônios ajam em segundos, a maioria demora
alguns minutos ou mais para produzir uma resposta. Em
geral, os efeitos da ativação pelo sistema nervoso são
mais breves que os do sistema endócrino. O sistema
nervoso atua em glândulas e músculos específicos. A
influência do sistema endócrino é muito mais ampla; ajuda
a regular praticamente todos os tipos de células do corpo
(TORTORA, 14ª ed.).
Sistema Hipotálamo-Hipofisário
Por muitos anos, a glândula hipófise foi chamada de glândula endócrina
“mestra” porque secreta vários hormônios que controlam outras
glândulas endócrinas. Hoje, sabemos que a hipófise propriamente dita
tem um mestre – o hipotálamo. Essa pequena região do encéfalo
abaixo do tálamo é a principal conexão entre os sistemas nervoso e
endócrino. As células no hipotálamo sintetizam, pelo menos, nove
hormônios diferentes e a hipófise secreta sete. Juntos, esses
hormônios desempenham funções importantes na regulação de
praticamente todos os aspectos do crescimento, desenvolvimento,
metabolismo e homeostasia (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Há no sistema hipotálamo-hipofisário pelo menos três
locais em que são produzidos diferentes grupos de
hormônios: (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Peptídios produzidos por agregados de
neurônios secretores situados no hipotálamo,
nos núcleos supraópticos e paraventriculares. Os
hormônios produzidos nos corpos celulares
desses neurônios são transportados ao longo
dos seus axônios e acumulados nas terminações
destes axônios, situadas na pars nervosa da
neuro-hipófise. Quando estimulados, esses
neurônios liberam a secreção, que se difunde
pelo meio extracelular e entra em capilares
sanguíneos da neuro-hipófise. Esses capilares
originam vênulas e veias que acabam distribuindo
os hormônios pelo corpo
Peptídios produzidos por neurônios secretores
dos núcleos dorsomediano, dorsoventral e
infundibular do hipotálamo. Esses hormônios são
levados ao longo dos axônios até suas
terminações na eminência mediana, onde são
armazenados. Quando liberados, os hormônios
entram nos capilares que formam o plexo capilar
primário na eminência mediana e são
transportados para a pars distalis por vasos que
comunicam o plexo capilar primário com o plexo
secundário. Esses hormônios controlam a
secreção de hormônios da pars distalis.
Proteínas e glicoproteínas produzidas por células
da pars distalis. Esses hormônios entram nos
vasos que formam o segundo trecho do sistema
porta-hipofisário, o plexo capilar secundário.
Deste plexo são transportados por veias e
distribuídos pela circulação sanguínea.
A ocitocina é produzida principalmente pelos neurônios
paraventriculares, e o hormônio antidiurético (ADH) é produzido
principalmente pelos neurônios supra-ópticos (MARIEB, 3ª ed.).
ÅPG 16 – “TODO DIA ELE FAZ TUDO SEMPRE IGUAL”
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Sistema porta-hipofisário
↠ A pars distalis é responsável pela secreção de
hormônios que controlam outros órgãos endócrinos
importantes. Para entender bem o controle da secreção
de hormônios pela pars distalis é necessário conhecer o
suprimento sanguíneo da hipófise como um todo
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Ele é feito por dois grupos de artérias originadas das
artérias carótidas internas: as artérias hipofisárias
superiores, direita e esquerda, irrigam a eminência
mediana e o infundíbulo; as artérias hipofisárias inferiores,
direita e esquerda, irrigam principalmente a neuro-hipófise,
mas enviam alguns ramos para o pedículo14ª ed.).
DUCTO EJACULATÓRIO
↠ Cada ducto ejaculatório mede aproximadamente 2 cm
de comprimento e é formado pela união do ducto da
glândula seminal e a ampola do ducto deferente. Os curtos
13
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
ductos ejaculatórios formam-se imediatamente superiores
à base (parte superior) da próstata e passam inferior e
anteriormente através da próstata. Eles terminam na
parte prostática da uretra, onde ejetam os
espermatozoides e secreções das glândulas seminais
pouco antes da liberação do sêmen da uretra para o
exterior (TORTORA, 14ª ed.).
URETRA
↠ Nos homens, a uretra é o ducto terminal compartilhado
dos sistemas reprodutivo e urinário; serve como uma
passagem tanto para o sêmen quanto para a urina.
Medindo aproximadamente 20 cm, passa através da
próstata, dos músculos profundos do períneo e do pênis;
é subdividida em três partes
↠ A parte prostática da uretra mede 2 a 3 cm de
comprimento e passa através da próstata. Conforme esse
ducto continua inferiormente, passa através dos músculos
profundos do períneo, onde é conhecido como parte
membranácea da uretra. A parte membranácea da uretra
mede aproximadamente 1 cm de comprimento. Quando
esse ducto passa através do corpo esponjoso do pênis,
é conhecido como parte esponjosa da uretra, que mede
aproximadamente 15 a 20 cm de comprimento. A parte
esponjosa da uretra termina no óstio externo da uretra
(TORTORA, 14ª ed.).
GLÂNDULAS SEXUAIS ACESSÓRIAS
↠ Os ductos do sistema genital masculino armazenam e
transportam os espermatozoides, mas as glândulas
sexuais acessórias secretam a maior parte da porção
líquida do sêmen. As glândulas sexuais acessórias incluem
as glândulas seminais, a próstata e as glândulas
bulbouretrais (TORTORA, 14ª ed.).
GLÂNDULAS SEMINAIS
↠ O par de glândulas seminais são estruturas enroladas
em forma de bolsa que medem aproximadamente 5 cm
de comprimento e se encontram posteriormente à base
da bexiga urinária e anteriormente ao reto (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Por meio dos ductos das glândulas seminais, elas
secretam um líquido viscoso alcalino que contém frutose
(um açúcar monossacarídio), prostaglandinas e proteínas
de coagulação, que são diferentes das do sangue. A
natureza alcalina do líquido seminal ajuda a neutralizar o
meio ácido da uretra masculina e do sistema genital
feminino, que de outro modo inativariam e matariam os
espermatozoides (TORTORA, 14ª ed.).
A frutose é utilizada para a produção de ATP pelos espermatozoides.
As prostaglandinas contribuem para a mobilidade e a viabilidade dos
espermatozoides e podem estimular as contrações do músculo liso no
sistema genital feminino. As proteínas de coagulação ajudam o sêmen
a coagular após a ejaculação. O líquido secretado pelas glândulas
seminais normalmente constitui aproximadamente 60% do volume do
sêmen (TORTORA, 14ª ed.).
PRÓSTATA
↠ A próstata é uma glândula única em forma de rosca,
aproximadamente do tamanho de uma bola de golfe. Ela
mede cerca de 4 cm de um lado a outro,
aproximadamente 3 cm de cima a baixo, e cerca de 2
cm de anterior a posterior (TORTORA, 14ª ed.).
Encontra-se inferiormente à bexiga urinária e circunda a parte
prostática da uretra. A próstata aumenta de tamanho lentamente
desde o nascimento até a puberdade. Em seguida, se expande
rapidamente até aproximadamente os 30 anos de idade; após esse
período, seu tamanho normalmente permanece estável até os 45
anos, quando podem ocorrer novos aumentos (TORTORA, 14ª ed.).
14
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ A próstata secreta um líquido leitoso e ligeiramente
ácido (pH de aproximadamente 6,5) que contém diversas
substâncias: (TORTORA, 14ª ed.).
O ácido cítrico do líquido prostático é usado
pelos espermatozoides para a produção de ATP
por meio do ciclo de Krebs.
Várias enzimas proteolíticas, como o antígeno
prostático específico (PSA), pepsinogênios,
lisozima, amilase e hialuronidase, que por fim
quebram as proteínas de coagulação das
glândulas seminais.
A função da fosfatase ácida secretada pela
próstata é desconhecida.
A plasmina seminal do líquido prostático é um
antibiótico que pode destruir as bactérias.
A plasmina seminal pode ajudar a diminuir a quantidade de bactérias
que ocorrem naturalmente no sêmen e no sistema genital inferior da
mulher. As secreções da próstata entram na parte prostática da uretra
por meio de diversos canais prostáticos. As secreções prostáticas
constituem aproximadamente 25% do volume do sêmen e
contribuem para a motilidade e viabilidade dos espermatozoides
(TORTORA, 14ª ed.).
GLÂNDULAS BULBOURETRAIS
↠ O par de glândulas bulbouretrais mede
aproximadamente o tamanho de ervilhas. Elas se
encontram inferiormente à próstata em ambos os lados
da parte membranácea da uretra, no interior dos
músculos profundos do períneo, e seus ductos se abrem
para dentro da parte esponjosa da uretra (TORTORA, 14ª
ed.).
Durante a excitação sexual, as glândulas bulbouretrais secretam um
líquido alcalino na uretra que protege os espermatozoides que passam
a neutralizar os ácidos da urina na uretra. Também secretam um muco
que lubrifica a ponta do pênis e a túnica mucosa da uretra, diminuindo
a quantidade de espermatozoides danificados durante a ejaculação.
Alguns homens liberam uma ou duas gotas de muco durante a
estimulação sexual e a ereção. Esse líquido não contém
espermatozoides (TORTORA, 14ª ed.).
SEMÊN
O sêmen é uma mistura de espermatozoides e líquido seminal, um
líquido que consiste nas secreções dos túbulos seminíferos, glândulas
seminais, próstata e glândulas bulbouretrais. O volume de sêmen em
uma ejaculação típica é de 2,5 a 5 mililitros (ml), com 50 a 150 milhões
de espermatozoides por ml (TORTORA, 14ª ed.).
Apesar da leve acidez do líquido prostático, o sêmen tem um pH
ligeiramente alcalino de 7,2 a 7,7, em decorrência do pH mais elevado
e maior volume do líquido proveniente das glândulas seminais. A
secreção prostática confere ao sêmen um aspecto leitoso, e os
líquidos das glândulas seminais e glândulas bulbouretrais lhe dão uma
consistência pegajosa. O líquido seminal fornece aos espermatozoides
um meio de transporte, nutrientes e proteção do ambiente ácido hostil
da uretra masculina e da vagina feminina (TORTORA, 14ª ed.).
PÊNIS
↠ O pênis contém a uretra e é uma passagem para a
ejaculação do sêmen e a excreção de urina. Ele tem uma
forma cilíndrica e é composto por um corpo, uma glande
e uma raiz (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O corpo do pênis é constituído por três massas
cilíndricas de tecido, cada uma circundada por tecido
fibroso chamado de túnica albugínea. As duas massas
dorsolaterais são chamadas de corpos cavernosos do
pênis. A massa médio-ventral menor, o corpo esponjoso
do pênis, contém a parte esponjosa da uretra e a
mantém aberta durante a ejaculação. A pele e uma tela
subcutânea envolvem todas as três massas, que
consistem em tecido erétil (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O tecido erétil é composto por diversos seios
sanguíneos (espaços vasculares) revestidos por células
endoteliais e circundados por músculo liso e tecido
conjuntivo e elástico (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A extremidade distal do corpo esponjoso do pênis é
uma região um pouco aumentada, em forma de bolota,
chamada de glande do pênis; a sua margem é a coroa. A
uretra distal aumenta no interior da glande do pênis e
forma uma abertura terminal em forma de fenda, o óstio
externo da uretra (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Recobrindo a glande em um pênis não circuncidado
está o frouxamente ajustado prepúcio do pênis
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A raiz do pênis é a porção de inserção (porção
proximal). Consiste no bulbo do pênis, a continuação
posterior expandida da base do corpo esponjoso do
pênis, e o ramo do pênis, as duas porções separadas e
cônicas do corpo cavernoso do pênis. O bulbo do pênis
está ligado à face inferior dos músculos profundos do
períneo e é fechado pelo músculo bulboesponjoso,um
músculo que auxilia na ejaculação. Cada ramo do pênis se
dobra lateralmente para longe do bulbo do pênis para se
inserir no ísquio e ramo púbico inferior, e é circundado
pelo músculo isquiocavernoso (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O peso do pênis é suportado por dois ligamentos que
são contínuos com a fáscia do pênis. O ligamento
fundiforme do pênis surge a partir da parte inferior da
linha alba. O ligamento suspensor do pênis surge a partir
da sínfise púbica (TORTORA, 14ª ed.).
15
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Após a estimulação sexual (visual, tátil, auditiva, olfatória ou imaginada),
fibras parassimpáticas da porção sacral da medula espinal iniciam e
mantêm uma ereção, o alargamento e o enrijecimento do pênis. As
fibras parassimpáticas produzem e liberam óxido nítrico (NO). O NO
faz com que o músculo liso das paredes das arteríolas que irrigam o
tecido erétil relaxe, o que possibilita que estes vasos sanguíneos se
dilatem (TORTORA, 14ª ed.).
Referências
GILBERT, S. F. Biologia do desenvolvimento, Editora
Funpec, 5ª ed., SP, 2003.
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008
16
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Compreender os processos de fecundação até
a nidação;
2- Estudar o desenvolvimento fetal (mudanças
ocorridas em cada semana);
3- Diferenciar a idade gestacional da idade
embrionária.
Fecundação até a Nidação
Primeira semana de desenvolvimento humano
Uma vez que o ovócito é liberado a partir da ruptura do folículo, ele é
levado para dentro da tuba uterina pelos batimentos ciliares. Enquanto
isso, os espermatozoides depositados no trato reprodutor feminino
devem passar pela etapa de maturação final, a capacitação, que
permitirá que o espermatozoide nade rapidamente e fertilize o ovócito.
Aparentemente, o processo envolve mudanças na membrana externa
da cabeça do espermatozoide (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A fertilização do ovócito pelo espermatozoide é o
resultado de um encontro ao acaso, possivelmente
auxiliado por moléculas químicas de atração produzidas
pelo ovócito. Um ovócito pode ser fertilizado durante
apenas cerca de 12 a 14 horas após a ovulação. No trato
reprodutor feminino, os espermatozoides permanecem
viáveis por cerca de 5 a 6 dias. Aparentemente, eles
ligam-se ao epitélio das tubas uterinas enquanto aguardam
os sinais químicos liberados pelo ovócito recém-ovulado
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Depois que o homem ejacula sêmen na vagina da
mulher durante a relação sexual, alguns espermatozoides
são transportados, de 5 a 10 minutos, na direção
ascendente da vagina e através do útero e das trompas
uterinas até as ampolas das trompas uterinas, próximas
às terminações ovarianas das trompas. Esse transporte
dos espermatozoides é auxiliado por contrações do útero
e das trompas uterinas, estimuladas por prostaglandinas
no líquido seminal masculino e também por ocitocina
liberada pela hipófise posterior da mulher durante o seu
orgasmo (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Dos milhões de espermatozoides oriundos de uma
única ejaculação, somente cerca de 100 chegam até a
ampola de uma das trompas uterinas (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
PASSAGEM DE UM ESPERMATOZOIDE ATRAVÉS DA CORONA
RADIATA E PENETRAÇÃO DA ZONA PELÚCIDA
↠ Para fertilizar o ovócito, o espermatozoide deve
penetrar uma camada externa de células frouxamente
unidas, chamadas de células da granulosa (a corona
radiata), e uma capa protetora de glicoproteínas, chamada
de zona pelúcida (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Para passar por essas barreiras, o espermatozoide
capacitado libera enzimas poderosas a partir do
acrossomo da cabeça do espermatozoide, em um
processo conhecido como reação acrossômica. As
enzimas dissolvem as junções celulares e a zona pelúcida,
permitindo que o espermatozoide siga seu caminho em
direção ao ovócito (SILVERTHORN, 7ª ed.).
As enzimas esterase, acrosina e neuraminidase parecem causar a lise
(dissolução) da zona pelúcida, formando assim uma passagem para o
espermatozoide penetrar o oócito. A mais importante dessas enzimas
é a acrosina, uma enzima proteolítica (MOORE, 10ª ed.).
REAÇÃO ZONAL OU CORTICAL
↠ O primeiro espermatozoide a encontrar o ovócito
encontra receptores ligadores de espermatozoides na
membrana do ovócito e liga-se a este. A fusão da
membrana do espermatozoide com a membrana do
ovócito inicia uma reação química, chamada de reação
cortical, que impede que outros espermatozoides
fecundem este ovócito. Na reação cortical, os grânulos
corticais ligados à membrana na região periférica do
citoplasma do ovócito liberam seus conteúdos no espaço
imediatamente externo da membrana do ovócito
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Esses compostos químicos alteram rapidamente a membrana e a zona
pelúcida circundante para prevenir a polispermia, em que um ovócito
é fertilizado por mais de um espermatozoide (SILVERTHORN, 7ª ed.).
FUSÃO DAS MEMBRANAS PLASMÁTICAS DO OÓCITO E DO
ESPERMATOZOIDE
↠ As membranas plasmáticas ou celulares do oócito e
do espermatozoide se fundem e se rompem na região
da fusão. A cabeça e a cauda do espermatozoide entram
no citoplasma do oócito, mas a membrana celular
APG 23 – DEPOIS DE 9 MESES VOCÊ VÊ O RESULTADO
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
espermática (membrana plasmática) e as mitocôndrias
não entram. A fosfolipase C-zeta do espermatozoide gera
mudanças na concentração de cálcio que, por sua vez,
reativam o ciclo celular do oócito (MOORE, 10ª ed.).
TÉRMINO DA SEGUNDA DIVISÃO MEIÓTICA DO OÓCITO E
FORMAÇÃO DO PRONÚCLEO FEMININO
↠ Quando o espermatozoide penetra o oócito, este é
ativado e termina a segunda divisão meiótica formando
um oócito maduro e um segundo corpo polar. Em
seguida, os cromossomos maternos se descondensam e
o núcleo do oócito maduro se torna o pronúcleo feminino
(MOORE, 10ª ed.).
FORMAÇÃO DO PRONÚCLEO MASCULINO
↠ Dentro do citoplasma do oócito, o núcleo do
espermatozoide aumenta para formar o pronúcleo
masculino, e a cauda do espermatozoide degenera.
Morfologicamente, os pronúcleos masculino e feminino
são indistinguíveis. Durante o crescimento dos pronúcleos,
eles replicam seu DNA-1 n (haploide), 2c (duas cromátides).
O oócito contendo os dois pronúcleos haploides é
denominado oótide (MOORE, 10ª ed.).
A ÓTIDE SE TORNA UM ZIGOTO
Logo que os pronúcleos se fundem em um único agregado diploide
de cromossomos, a oótide se torna um zigoto. Os cromossomos no
zigoto se organizam em um fuso de clivagem, em preparação para
as sucessivas divisões do zigoto (MOORE, 10ª ed.).
↠ O zigoto é geneticamente único porque metade dos
cromossomos é materna e a outra metade é paterna. O
zigoto contém uma nova combinação de cromossomos
diferente da combinação das células paternas. Esse
mecanismo é a base da herança biparental e da variação
da espécie humana. A meiose possibilita a distribuição
aleatória dos cromossomos paternos e maternos entre
as células germinativas. O crossing-over dos cromossomos, por
relocação dos segmentos dos cromossomos paterno e materno
“embaralha” os genes, produzindo uma recombinação do material
genético. O sexo cromossômico do embrião é determinado na
fecundação dependendo do tipo de espermatozoide (X ou Y) que
fecunde o oócito (MOORE, 10ª ed.).
RESUMO DA FECUNDAÇÃO
Estimula o oócito a completar a segunda divisão meiótica.
Restaura o número diploide normal de cromossomos (46)
no zigoto.
Resulta na variação da espécie humana por meio da mistura
de cromossomospaternos e maternos.
Determina o sexo cromossômico do embrião.
Causa a ativação metabólica da oótide (oócito quase
maduro) e inicia a clivagem do zigoto.
Clivagem do zigoto
↠ A clivagem consiste em divisões mitóticas repetidas do
zigoto, resultando em um aumento rápido do número de
células (blastômeros). Essas células embrionárias tornam-
se menores a cada divisão. A clivagem ocorre conforme
o zigoto passa pela tuba uterina em direção ao útero
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Durante a clivagem, o zigoto continua dentro da zona
pelúcida. A divisão do zigoto em blastômeros se inicia
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
aproximadamente 30 horas após a fecundação. As
divisões subsequentes seguem-se uma após a outra,
formando, progressivamente, blastômeros menores. Após
o estágio de nove células, os blastômeros mudam sua
forma e se agrupam firmemente uns com os outros para
formar uma bola compacta de células (MOORE, 10ª ed.).
Esse fenômeno, a compactação, é provavelmente mediado por
glicoproteínas de adesão de superfície celular. A compactação
possibilita uma maior interação célula-célula e é um pré-requisito para
a separação das células internas que formam o embrioblasto (massa
celular interna) do blastocisto (MOORE, 10ª ed.).
↠ Quando existem 12 a 32 blastômeros, o ser humano
em desenvolvimento é chamado de mórula. As células
internas da mórula são circundadas pelas células
trofoblásticas. A mórula se forma aproximadamente 3 dias
após a fecundação e chega ao útero (MOORE, 10ª ed.).
Formação do blastocisto
O embrião em divisão leva de 4 a 5 dias para se mover da tuba
uterina até a cavidade uterina. Sob a influência da progesterona, as
células musculares lisas da tuba relaxam, e o transporte ocorre
lentamente. Quando o embrião em desenvolvimento chega ao útero,
ele consiste em uma bola oca de cerca de 100 células, denominada
blastocisto (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Logo após a mórula ter alcançado o útero (cerca de
4 dias após a fecundação), surge no interior da mórula
um espaço preenchido por líquido, a cavidade
blastocística. O líquido passa da cavidade uterina através
da zona pelúcida para formar esse espaço. Conforme o
líquido aumenta na cavidade blastocística, ele separa os
blastômeros em duas partes: (MOORE, 10ª ed.).
Uma delgada camada celular externa, o
trofoblasto (Grego trophe, nutrição), que
formará a parte embrionária da placenta
Um grupo de blastômeros localizados
centralmente, o embrioblasto (massa celular
interna), que formará o embrião.
Uma proteína imunossupressora, o fator de gestação inicial, é
secretada pelas células trofoblásticas e aparece no soro materno cerca
de 24 a 48 horas após a fecundação. O fator de gestação inicial é a
base do teste de gravidez durante os primeiros 10 dias de
desenvolvimento (MOORE, 10ª ed.).
↠ Durante esse estágio de desenvolvimento, ou
blastogênese, o concepto (embrião e suas membranas)
é chamado de blastocisto. O embrioblasto agora se
projeta para a cavidade blastocística e o trofoblasto forma
a parede do blastocisto. Depois que o blastocisto flutuou
pelas secreções uterinas por aproximadamente 2 dias, a
zona pelúcida gradualmente se degenera e desaparece
(MOORE, 10ª ed.).
A degeneração da zona pelúcida permite o rápido crescimento do
blastocisto. Enquanto está flutuando no útero, o blastocisto obtém
nutrição das secreções das glândulas uterinas (MOORE, 10ª ed.).
↠ Aproximadamente 6 dias após a fecundação (dia 20
de um ciclo menstrual de 28 dias), o blastocisto adere ao
epitélio endometrial, normalmente adjacente ao polo
embrionário. Logo que o blastocisto adere ao epitélio
endometrial, o trofoblasto se prolifera rapidamente e se
diferencia em duas camadas: (MOORE, 10ª ed.).
Uma camada interna, o citotrofoblasto.
Uma camada externa, o sinciciotrofoblasto, que
consiste em uma massa protoplasmática
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
multinucleada na qual nenhum limite celular pode
ser observado.
↠ Em torno de 6 dias, os prolongamentos digitiformes
do sinciciotrofoblasto se estendem pelo epitélio
endometrial e invadem o tecido conjuntivo. No final da
primeira semana, o blastocisto está superficialmente
implantado na camada compacta do endométrio e obtém
a sua nutrição dos tecidos maternos erodidos (MOORE,
10ª ed.).
↠ O sinciciotrofoblasto, altamente invasivo, se expande
rapidamente em uma área conhecida como polo
embrionário, adjacente ao embrioblasto. O
sinciciotrofoblasto produz enzimas que erodem os tecidos
maternos, possibilitando ao blastocisto se “entocar”, ou
seja, se implantar, no endométrio. As células endometriais
também participam controlando a profundidade da
penetração do sinciciotrofoblasto (MOORE, 10ª ed.).
↠ Por volta de 7 dias, uma camada de células, o
hipoblasto (endoderma primário), aparece na superfície
do embrioblasto voltada para a cavidade blastocística
(MOORE, 10ª ed.).
Segunda semana do desenvolvimento humano
Término da implantação do blastocisto
↠ A implantação do blastocisto termina durante a
segunda semana. Ela ocorre durante um período restrito
entre 6 e 10 dias após a ovulação e a fecundação.
Conforme o blastocisto se implanta, mais o trofoblasto
entra em contato com o endométrio e se diferencia em
duas camadas: (MOORE, 10ª ed.).
Uma camada interna, o citotrofoblasto, que é
mitoticamente ativa (isto é, figuras mitóticas são
visíveis) e forma novas células que migram para
a massa crescente de sinciciotrofoblasto, onde
se fundem e perdem as membranas celulares.
O sinciciotrofoblasto, uma massa multinucleada
que se expande rapidamente, na qual nenhum
limite celular é visível.
↠ O sinciciotrofoblasto é erosivo e invade o tecido
conjuntivo endometrial enquanto o blastocisto
vagarosamente vai se incorporando ao endométrio. As
células sinciciotrofoblásticas deslocam as células
endometriais no local de implantação. As células
endometriais sofrem apoptose (morte celular
programada), o que facilita a invasão (MOORE, 10ª ed.).
↠ As células do tecido conjuntivo ao redor do local da
implantação acumulam glicogênio e lipídios e assumem
um aspecto poliédrico (muitos lados). Algumas dessas
células, as células deciduais, se degeneram nas
proximidades do sinciciotrofoblasto invasor. O
sinciciotrofoblasto engolfa essas células que servem como
uma rica fonte de nutrientes para o embrião. O
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
sinciciotrofoblasto produz um hormônio glicoproteico, o
hCG, que entra na circulação sanguínea materna através
de cavidades isoladas (lacunas) no sinciciotrofoblasto
(MOORE, 10ª ed.).
O hCG mantém a atividade hormonal do corpo lúteo no ovário,
durante a gestação. O corpo lúteo é uma estrutura glandular endócrina
que secreta estrogênio e progesterona para manter a gestação
(MOORE, 10ª ed.).
A implantação do blastocisto normalmente ocorre no endométrio da
região superior do corpo do útero, um pouco mais frequente na
parede posterior do que na parede anterior do útero (MOORE, 10ª ed.).
↠ À medida que a implantação do blastocisto ocorre,
mudanças morfológicas no embrioblasto produzem um
disco embrionário bilaminar formado pelo epiblasto e pelo
hipoblasto. O disco embrionário origina as camadas
germinativas que formam todos os tecidos e órgãos do
embrião. As estruturas extraembrionárias que se formam
durante a segunda semana são a cavidade amniótica, o
âmnio, a vesícula umbilical conectada ao pedículo e o saco
coriônico (MOORE, 10ª ed.).
FORMAÇÃO DA CAVIDADE AMNIÓTICA, DO DISCO
EMBRIONÁRIO E DA VESÍCULA UMBILICAL
↠ Com a progressão da implantação do blastocisto,
surge um pequeno espaço no embrioblasto; o primórdio
da cavidade amniótica. Logo, as células amniogênicas
(formadoras do âmnio), os amnioblastos, se separam do
epiblasto e formam o âmnio, que reveste a cavidade
amniótica. Concomitantemente, ocorrem mudanças
morfológicasno embrioblasto (massa celular da qual se
desenvolve o embrião) que resultam na formação de
uma placa bilaminar, quase circular, de células achatadas
(MOORE, 10ª ed.).
↠ O disco embrionário, que é formado por duas
camadas: (MOORE, 10ª ed.).
O epiblasto, uma camada mais espessa,
constituída de células cilíndricas altas, voltadas
para a cavidade amniótica.
O hipoblasto, composto de células cuboides
pequenas adjacentes à cavidade exocelômica.
↠ O hipoblasto forma o teto da cavidade exocelômica e
é contínuo à delgada membrana exocelômica. Essa
membrana, juntamente com o hipoblasto, reveste a
vesícula umbilical primitiva. O disco embrionário agora
situa-se entre a cavidade amniótica e a vesícula (MOORE,
10ª ed.).
↠ Assim que se formam o âmnio, o disco embrionário e
a vesícula umbilical aparecem lacunas (pequenos espaços)
no sinciciotrofoblasto. As lacunas são preenchidas por uma
mistura de sangue materno proveniente dos capilares
endometriais rompidos e os restos celulares das glândulas
uterinas erodidas (MOORE, 10ª ed.).
↠ Esse fluido dos espaços lacunares, o embriotrofo,
chega ao disco embrionário por difusão e fornece
material nutritivo para o embrião. A comunicação dos
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
capilares endometriais rompidos com as lacunas no
sinciciotrofoblasto estabelece a circulação
uteroplacentária primitiva. Quando o sangue materno flui
para rede lacunar, o oxigênio e as substâncias nutritivas
passam para o embrião. O sangue oxigenado passa para
as lacunas a partir das artérias endometriais espiraladas, e
o sangue pouco oxigenado é removido das lacunas pelas
veias endometriais (MOORE, 10ª ed.).
↠ No décimo dia, o concepto (embrião e membranas)
está completamente implantado no endométrio uterino.
O final da segunda semana é marcado pelo aparecimento
das vilosidades coriônicas primárias (MOORE, 10ª ed.).
IMPORTANTE
TERCEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
↠ O rápido desenvolvimento do embrião a partir do disco
embrionário trilaminar durante a terceira semana é
caracterizado por: (MOORE, 10ª ed.).
Aparecimento da linha primitiva.
Desenvolvimento da notocorda.
Diferenciação das três camadas germinativas.
↠ A terceira semana do desenvolvimento coincide com a
semana seguinte à primeira ausência do período menstrual, isto
é, 5 semanas após o primeiro dia do último período menstrual
normal (MOORE, 10ª ed.).
↠ A gastrulação é o processo pelo qual as três camadas
germinativas - que são as precursoras de todos os tecidos
embrionários e a orientação axial - são estabelecidos nos
embriões. Durante a gastrulação, o disco embrionário bilaminar
é convertido em um disco embrionário trilaminar (MOORE, 10ª
ed.).
↠ Cada uma das três camadas germinativas (ectoderma,
mesoderma e endoderma) dá origem a tecidos e órgãos
específicos: (MOORE, 10ª ed.).
O ectoderma embrionário dá origem à epiderme,
aos sistemas nervosos central e periférico, aos olhos
e ouvidos internos, às células da crista neural e a
muitos tecidos conjuntivos da cabeça.
O endoderma embrionário é a fonte dos
revestimentos epiteliais dos sistemas respiratório e
digestório, incluindo as glândulas que se abrem no
trato digestório e as células glandulares de órgãos
associados ao trato digestório, como o fígado e o
pâncreas.
O mesoderma embrionário dá origem a todos os
músculos esqueléticos, às células sanguíneas, ao
revestimento dos vasos sanguíneos, à musculatura
lisa das vísceras, ao revestimento seroso de todas as
cavidades do corpo, aos ductos e órgãos dos
sistemas genitais e excretor e à maior parte do
sistema cardiovascular. No tronco, ele é a fonte de
todos os tecidos conjuntivos, incluindo cartilagens,
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
ossos, tendões, ligamentos, derme e estroma (tecido
conjuntivo) dos órgãos internos.
DA QUARTA À OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
↠ Todas as principais estruturas internas e externas são
estabelecidas durante a quarta à oitava semana. Ao final do
período embrionário, os principais sistemas de órgãos iniciaram
seu desenvolvimento. Os tecidos e órgãos se formam, a forma
do embrião muda e ao final desse período, o embrião possui
uma aparência nitidamente humana (MOORE, 10ª ed.).
↠ O desenvolvimento humano é dividido em três fases que, de
certa forma, estão inter-relacionadas: (MOORE, 10ª ed.).
A primeira fase é a de crescimento, que envolve
divisão celular e a elaboração de produtos celulares.
A segunda fase é a morfogênese, desenvolvimento
da forma, tamanho e outras características de um
órgão em particular ou parte de todo o corpo. A
morfogênese é um processo molecular complexo
controlado pela expressão e regulação de genes
específicos em uma sequência ordenada. Mudanças
no destino celular, na forma da célula e no movimento
celular permitem que as células interajam uma com
as outras durante a formação dos tecidos e dos
órgãos.
A terceira fase é a diferenciação, durante a qual as
células são organizadas em um padrão preciso de
tecidos e de órgãos capazes de executar funções
especializadas.
Desenvolvimento fetal
↠ A transformação de um embrião em um feto é
gradual, mas a mudança do nome é significativa, pois
indica que o embrião se desenvolveu em um ser humano
reconhecível e que os primórdios de todos os principais
sistemas se formaram (MOORE, 10ª ed.).
↠ O desenvolvimento durante o período fetal é
primariamente voltado para o crescimento corporal
rápido e para a diferenciação dos tecidos, órgãos e
sistemas. Uma notável mudança que ocorre durante o
período fetal é a relativa redução da velocidade do
crescimento da cabeça em comparação com o restante
do corpo. A taxa de crescimento corporal durante o
período fetal é muito grande e o ganho de peso fetal é
fenomenal durante as últimas semanas. Os períodos de
crescimento contínuo normal se alternam com intervalos
prolongados de ausência de crescimento (MOORE, 10ª ed.).
TRIMESTRES DA GESTAÇÃO
↠ Clinicamente, o período gestacional é dividido em três
trimestres, cada um durando três meses. Por volta do final
do primeiro trimestre, um terço da duração da gravidez,
os principais sistemas terão se desenvolvido (MOORE, 10ª
ed.).
↠ No segundo trimestre, o feto cresce o suficiente em
tamanho de modo que um bom detalhamento anatômico
pode ser visualizado durante a ultrassonografia (MOORE,
10ª ed.).
↠ Por volta do início do terceiro trimestre, o feto pode
sobreviver se nascer prematuramente. O feto atinge um
importante marco do seu desenvolvimento na 35ª
semana pesando, aproximadamente, 2.500 g; esses dados
são usados para definir o nível de maturidade fetal. Na 35ª
semana, os fetos geralmente sobrevivem se nascerem
prematuramente (MOORE, 10ª ed.).
PRINCIPAIS EVENTOS DO PERÍODO FETAL
↠ Não existe um sistema formal para mensurar o
período fetal; todavia, é útil descrever as alterações que
ocorrem em períodos de quatro a cinco semanas
(MOORE, 10ª ed.).
9ª a 12ª semana
↠ No início do período fetal (nona semana), a cabeça
constitui, aproximadamente, a metade da medida do
comprimento cabeça-nádegas (CCN) do feto.
Subsequentemente, o crescimento no comprimento
corporal se acelera rapidamente, de modo que, por volta
de 12 semanas, o CCN mais que dobrou. Apesar de o
crescimento da cabeça reduzir consideravelmente a sua
velocidade nesse período, a cabeça ainda é
desproporcionalmente grande em comparação com o
restante do corpo (MOORE, 10ª ed.).
↠ Às nove semanas, a face é larga, os olhos estão
amplamente separados, as orelhas apresentam uma baixa
implantação e as pálpebras estão fusionadas. No início da
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
nona semana, as pernas são curtas e as coxas são
relativamente pequenas (MOORE, 10ª ed.).
↠ Por volta do final da 12ª semana, os centros de
ossificação primária surgem no esqueleto, especialmente
no crânio e nos ossoslongos. Ademais, os membros
superiores quase atingiram os seus comprimentos
relativos finais, mas os membros inferiores ainda não
estão bem desenvolvidos e são ligeiramente mais curtos
do que os seus comprimentos relativos finais (MOORE, 10ª
ed.).
↠ As genitálias externas dos sexos masculino e feminino
parecem semelhantes até o final da nona semana. A sua
forma madura não está estabelecida até a 12ª semana
(MOORE, 10ª ed.).
↠ As alças intestinais são claramente visíveis na
extremidade proximal do cordão umbilical até a metade
da 10ª semana. Por volta da 11ª semana, os intestinos
retornaram para o abdome (MOORE, 10ª ed.).
↠ Na nona semana, início do período fetal, o fígado é o
principal local de eritropoiese (formação de hemácias). Por
volta do final de 12ª semana, essa atividade é reduzida no
fígado e começa no baço (MOORE, 10ª ed.).
↠ A formação de urina começa entre a nona e a 12ª
semanas e esta é eliminada através da uretra para o
líquido amniótico na cavidade amniótica. O feto reabsorve
(absorve de novo) algum líquido amniótico após degluti-lo.
Os produtos residuais fetais são transferidos para a
circulação materna por meio da passagem através da
membrana placentária (MOORE, 10ª ed.).
13ª à 16ª semana
↠ O crescimento é muito rápido durante esse período.
Por volta da 16ª semana, a cabeça é relativamente menor
do que a cabeça do feto de 12 semanas e os membros
inferiores cresceram (MOORE, 10ª ed.).
↠ Os movimentos dos membros, que ocorrem
primeiramente ao final do período embrionário, tornam-
se coordenados por volta da 14ª semana, mas são muito
leves para serem percebidos pela mãe. Todavia, esses
movimentos são visíveis durante os exames
ultrassonográficos (MOORE, 10ª ed.).
↠ A ossificação do esqueleto fetal é ativa durante esse
período e os ossos em desenvolvimento são claramente
visíveis nas imagens de ultrassom por volta do início da
16ª semana. Movimentos lentos dos olhos ocorrem na 14ª
semana (MOORE, 10ª ed.).
↠ O padrão dos cabelos no couro cabeludo também é
determinado durante esse período. Por volta da 16ª
semana, os ovários estão diferenciados e contêm os
folículos ovarianos primordiais, que contêm oogônias, ou
células germinativas primordiais (MOORE, 10ª ed.).
↠ A genitália dos fetos masculinos e femininos pode ser
identificada por volta da 12ª à 14ª semanas. Por volta da 16ª
semana, os olhos miram anteriormente e não
Um feto de 11 semanas (1,5x). Observe a sua cabeça relativamente grande e que os intestinos
não estão mais no cordão umbilical.
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
anterolateralmente. Além disso, as orelhas externas estão
próximas às suas posições definitivas nos lados da cabeça
(MOORE, 10ª ed.).
17ª à 20ª semana
↠ O crescimento desacelera durante esse período, mas
o feto ainda aumenta seu CCN em, aproximadamente, 50
mm. Os movimentos fetais (pontapés) são comumente
sentidos pela mãe (MOORE, 10ª ed.).
↠ A pele é agora coberta por um material gorduroso,
semelhante a queijo, o verniz caseoso. Ela consiste em
uma mistura de células epiteliais mortas e uma substância
gordurosa proveniente das glândulas sebáceas fetais. O
verniz protege a delicada pele fetal de abrasões,
rachaduras e endurecimento que resultam da exposição
ao líquido amniótico (MOORE, 10ª ed.).
↠ Os fetos são cobertos por um pelo fino, aveludado, o
lanugo, que ajuda o verniz a aderir à pele. O pelo das
sobrancelhas e os cabelos são visíveis na 20ª semana. A
gordura marrom se forma durante esse período e é o
local de produção de calor. Essa gordura especializada, o
tecido adiposo, é um tecido conjuntivo que consiste
principalmente em células gordurosas; ele é
principalmente encontrado na base do pescoço, posterior
ao esterno e na área perirrenal. A gordura marrom
produz calor por meio da oxidação dos ácidos graxos
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Por volta da 18ª semana, o útero fetal é formado e a
canalização da vagina se inicia. Muitos folículos ovarianos
primários contendo oogônias também são visíveis
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Por volta da 20ª semana, os testículos começam a sua
descida, mas ainda estão localizados na parede abdominal
posterior, assim como os ovários (MOORE, 10ª ed.).
21ª à 25ª semana
↠ Um substancial ganho de peso ocorre durante esse
período e o feto já está mais proporcional. A pele
geralmente está enrugada e mais translúcida,
particularmente durante a parte inicial desse período. A
pele é rósea a avermelhada porque os capilares
sanguíneos são visíveis (MOORE, 10ª ed.).
↠ Na 21ª semana, os movimentos oculares rápidos se
iniciam e as repostas de piscar ao sobressalto foram
descritas na 22ª e na 23ª semanas (MOORE, 10ª ed.).
↠ As células epiteliais secretórias (pneumócitos do tipo II)
nas paredes interalveolares do pulmão começam a
secretar surfactante, um lipídio tensoativo que mantém
abertos os alvéolos pulmonares em desenvolvimento
(MOORE, 10ª ed.).
A, Um feto de 17 semanas. Uma vez que há pouco tecido subcutâneo e a pele é fina, os vasos
sanguíneos do couro cabeludo são visíveis. Os fetos dessa idade são incapazes de sobreviver
quando nascem prematuramente. B, Uma visão frontal de um feto de 17 semanas. Observe
que os olhos estão fechados nesse estágio
Recém-nascido normal do sexo feminino, nascido com 25 semanas e pesando 725 g.
10
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ As unhas dos dedos das mãos estão presentes por
volta da 24ª semana. Embora um feto de 22 a 25
semanas nascido prematuramente possa sobreviver se
receber cuidados intensivos, ainda há uma chance de que
possa vir a falecer porque o seu sistema respiratório é
imaturo até aquele momento. O risco de
comprometimento do desenvolvimento nervoso (p. ex.,
deficiência mental) é alto nos fetos nascidos antes de 26
semanas (MOORE, 10ª ed.).
26ª à 29ª semana
↠ Durante esse período, os fetos geralmente
sobrevivem se nascerem prematuramente e receberem
cuidados intensivos. Os pulmões e a vasculatura pulmonar
se desenvolveram suficientemente para proporcionar
uma troca gasosa adequada. Além disso, o sistema
nervoso central amadureceu para um estágio no qual
pode comandar movimentos respiratórios ritmados e
controlar a temperatura corporal (MOORE, 10ª ed.).
A taxa mais alta de mortalidade neonatal ocorre em recém-nascidos
classificados como de baixo peso ao nascimento (= 2.500 g) e de peso
muito baixo ao nascimento (=1.500 g) (MOORE, 10ª ed.).
↠ As pálpebras estão abertas na 26ª semana e o lanugo
(pelo fino e aveludado), assim como o cabelo estão bem
desenvolvidos. As unhas dos pés são visíveis e uma
quantidade considerável de gordura subcutânea é
encontrada sob a pele, suavizando muitas das rugas
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Durante esse período, a quantidade de gordura
amarela aumenta para, aproximadamente, 3,5% do peso
corporal. O baço fetal tem se constituído em um
importante sítio de eritropoiese (formação de hemácias).
Isso termina na 28ª semana, momento no qual a medula
óssea se torna o principal local de eritropoiese (MOORE,
10ª ed.).
30ª à 34ª semana
↠ O reflexo pupilar (alteração do diâmetro da pupila em
resposta a um estímulo provocado pela luz) pode ser
evocado na 30ª semana (MOORE, 10ª ed.).
↠ Geralmente, por volta do final desse período, a pele é
rosada e lisa e os membros superiores e inferiores
possuem um aspecto rechonchudo. Nessa idade, a
quantidade de gordura amarela é de, aproximadamente,
8% do peso corporal. Fetos com 32 semanas ou mais
geralmente sobrevivem se nascidos prematuramente
(MOORE, 10ª ed.).
35ª à 38ª semana
↠ Os fetos nascidos com 35 semanas apresentam uma
preensão firme e exibem uma orientação espontânea
em relação à luz. À medida que o termo se aproxima, o
sistema nervoso está suficientemente maduro para
realizar algumas funções integrativas (MOORE, 10ª ed.).
↠ Por volta da 36ª semana, as circunferências da cabeça
e do abdome são aproximadamente iguais. Após isso,a
circunferência do abdome pode ser maior do que a da
cabeça. O comprimento do pé dos fetos costuma ser
ligeiramente maior do que o comprimento femoral (osso
longo da coxa) na 37ª semana e constitui um parâmetro
alternativo para a conformação da idade fetal. Há uma
redução da velocidade do crescimento à medida que o
momento do parto se aproxima (MOORE, 10ª ed.).
↠ A termo (38 semanas), a maior parte dos fetos
geralmente atinge um CCN de 360 mm e um peso de,
aproximadamente, 3.400 g (MOORE, 10ª ed.).
↠A quantidade de gordura amarela é de,
aproximadamente, 16% do peso corporal. Um feto ganha
cerca de 14 g de gordura por dia durante essas últimas
semanas (MOORE, 10ª ed.).
↠ O tórax é proeminente e as mamas frequentemente
se projetam ligeiramente em ambos os sexos. Os
testículos geralmente estão na bolsa escrotal no recém-
nascido a termo do sexo masculino; os neonatos
prematuros do sexo masculino comumente exibem
ausência da descida testicular (MOORE, 10ª ed.).
↠ Embora no recém-nascido a termo a cabeça seja
menor em relação ao restante do corpo do que o era
anteriormente na vida fetal, ela ainda é uma das maiores
regiões do feto. Em geral, os fetos do sexo masculino são
maiores e pesam mais ao nascer do que os femininos
(MOORE, 10ª ed.).
Idade gestacional X Idade embrionária
As medidas ultrassonográficas do comprimento cabeça-nádegas
(CCN) do feto podem ser usadas para determinar o seu tamanho e a
idade provável e oferecer uma previsão da data provável do parto. As
medidas da cabeça fetal e do comprimento do fêmur também são
usadas para avaliar a idade (MOORE, 10ª ed.).
Recém-nascidos saudáveis. A, Com 34 semanas. B, Com 38 semanas.
11
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Na prática clínica, a idade gestacional geralmente é
cronometrada a partir do início do último período
menstrual normal (UPMN). Em embriologia, a idade
gestacional baseada no UPMN é supérflua porque a
gestação (momento da fecundação) não se inicia até que
o oócito seja fecundado, o que ocorre por volta da
metade do ciclo menstrual (MOORE, 10ª ed.).
Essa diferença no emprego do termo idade gestacional pode provocar
confusão; portanto, é importante que a pessoa que esteja solicitando
o exame ultrassonográfico empregue a terminologia embriológica
(MOORE, 10ª ed.).
↠O período intrauterino pode ser dividido em dias,
semanas ou meses, mas a confusão surge quando não
se afirma se a idade é calculada a partir do início do UPMN
ou do dia estimado da fecundação do oócito. As dúvidas
sobre a idade surgem quando meses são usados,
particularmente quando não é estabelecido se o período
indica meses do calendário (28 a 31 dias) ou meses lunares
(28 dias) (MOORE, 10ª ed.).
↠ A menos que seja afirmado de outro modo, a idade
embriológica ou fetal neste livro é calculada a partir do
momento estimado da fecundação (MOORE, 10ª ed.).
CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL
↠ Os métodos para esta estimativa dependem da data
da última menstruação (DUM), que corresponde ao
primeiro dia de sangramento do último período menstrual
referido pela mulher (MS, 2005).
↠ Quando a data da última menstruação (DUM) é
conhecida e de certeza, é o método de escolha para se
calcular a idade gestacional em mulheres com ciclos
menstruais regulares e sem uso de métodos
anticoncepcionais hormonais: (MS, 2005).
Uso do calendário: somar o número de dias do
intervalo entre a DUM e a data da consulta,
dividindo o total por sete (resultado em
semanas);
Uso de disco (gestograma): colocar a seta sobre
o dia e mês correspondente ao primeiro dia da
última menstruação e observar o número de
semanas indicado no dia e mês da consulta atual.
↠ Quando a data da última menstruação é desconhecida,
mas se conhece o período do mês em que ela ocorreu:
(MS, 2005).
Se o período foi no início, meio ou final do mês,
considerar como data da última menstruação os
dias 5, 15 e 25, respectivamente. Proceder,
então, à utilização de um dos métodos acima
descritos.
DATA PROVÁVEL DO PARTO
↠ A data provável do parto de um feto é de 266 dias
ou 38 semanas após a fecundação, ou seja, 280 dias ou
40 semanas após o UPMN. Aproximadamente 12% dos
fetos nascem uma ou duas semanas após a data provável
do parto (MOORE, 10ª ed.).
↠ Calcula-se a data provável do parto levando-se em
consideração a duração média da gestação normal (280
dias ou 40 semanas a partir da DUM), mediante a
utilização de calendário (MS, 2005).
↠ Com o disco (gestograma), colocar a seta sobre o dia
e mês correspondente ao primeiro dia da última
menstruação e observar a seta na data (dia e mês)
indicada como data provável do parto (MS, 2005).
REGRA DE NAGELE
↠ Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao
primeiro dia da última menstruação e subtrair três meses
ao mês em que ocorreu a última menstruação (ou
adicionar nove meses, se corresponder aos meses de
janeiro a março) – Regra de Näegele (MS, 2005).
Ëxëmpløs: Data da última menstruação: 13/9/01 Data
provável do parto: 20/6/02 (13+7=20 / 9-3=6) Data da
última menstruação: 27/1/01 Data provável do parto: 3/11/02
(27+7=34 / 34-31=3 / 1+9+1=11)
ÏMPØRTÅÑTË: É consensual que o cálculo da idade
gestacional e da data provável do parto baseado na DUM
não é fidedigno já que vários problemas podem interferir
com a validade deste método. Tal acontece quando uma
mulher refere ciclos irregulares, ou abandonou a
contracepção oral há menos de três meses ou após um
período de amenorreia subsequente, por exemplo, à
amamentação (MATIAS et. al., 2002).
12
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Referências
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
MOORE. Embriologia Clínica, 10ª ed.. Elsevier, RJ, 2016.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pré-natal e puerpério – Atenção
qualificada e humanizada. Manual Técnico, Brasília, DF,
2005.
MATIAS et. al. Cálculo da idade gestacional: métodos e
problemas. Acta Médica Portuguesa, 2002.
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Compreender os mecanismos fisiológicos do
parto;
2- Descrever os diferentes tipos de células-tronco;
Parto
↠ O parto normalmente ocorre entre a 38ª e a 40ª
semana de gestação (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O trabalho de parto é o processo pelo qual o feto é
expelido do útero por meio da vagina, também chamado
de dar à luz. Um sinônimo de trabalho de parto é
parturição (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Ao final da gravidez, o útero fica progressivamente
mais excitável, até que, por fim, desenvolve contrações
rítmicas tão fortes que o bebê é expelido. Não se sabe a
causa exata do aumento da atividade uterina, mas pelo
menos duas categorias principais de eventos levam às
contrações intensas, responsáveis pelo parto: (GUYTON,
13ª ed.).
mudanças hormonais progressivas que
aumentam a excitabilidade da musculatura
uterina;
mudanças mecânicas progressivas.
Fatores hormonais
↠ O início do trabalho de parto é determinado por
complexas interações de vários hormônios placentários e
fetais (TORTORA, 14ª ed.).
MAIOR PROPORÇÃO DE ESTROGÊNIOS EM RELAÇÃO À
PROGESTERONA
Tanto a progesterona quanto o estrogênio são secretados em
quantidades progressivamente maiores durante grande parte da
gravidez, mas, a partir do sétimo mês, a secreção de estrogênio
continua a aumentar, enquanto a de progesterona permanece
constante ou até mesmo diminui um pouco. Por isso, já se postulou
que a produção estrogênio-progesterona aumenta o suficiente até o
final da gravidez para ser pelo menos parcialmente responsável pelo
aumento da contratilidade uterina (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A progesterona inibe a contratilidade uterina durante
a gravidez, ajudando, assim, a evitar a expulsão do feto.
Por sua vez, os estrogênios têm tendência definida para
aumentar o grau decontratilidade uterina, em parte
porque elevam o número de junções comunicantes entre
as células do músculo liso uterino adjacentes, mas
também devido a outros efeitos pouco entendidos ainda
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ O aumento nos estrogênios resulta da secreção
crescente do hormônio liberador da corticotropina pela
placenta, que estimula a adeno-hipófise do feto a secretar
ACTH (hormônio adrenocorticotrófico). Por sua vez, o
ACTH estimula a glândula suprarrenal fetal a secretar
cortisol e desidroepiandrosterona (DHEA), o principal
androgênio suprarrenal. A placenta então converte o
DHEA em um estrogênio. Os níveis elevados de
estrogênios fazem com que o número de receptores
para a ocitocina nas fibras do músculo uterino aumente,
e fazem com que as fibras do músculo uterino formem
junções comunicantes entre si (TORTORA, 14ª ed.).
ÏMPØRTÅÑTË: O estrogênio estimula também a placenta a
liberar prostaglandinas, as quais induzem a produção de
enzimas que digerem as fibras colágenas no colo do
útero, fazendo com que ele amoleça (TORTORA, 14ª ed.).
A OCITOCINA CAUSA CONTRAÇÃO DO ÚTERO
↠ A ocitocina é um hormônio secretado pela neuro-
hipófise que, especificamente, causa contrações uterinas.
Existem quatro razões para se acreditar que a ocitocina
pode ser importante para aumentar a contratilidade do
útero próximo ao termo: (GUYTON, 13ª ed.).
A musculatura uterina aumenta seus receptores
de ocitocina e, portanto, aumenta sua
sensibilidade a uma determinada dose de
ocitocina nos últimos meses de gravidez.
A secreção de ocitocina pela neuro-hipófise é,
consideravelmente, maior no momento do parto.
Muito embora animais hipofisectomizados ainda
consigam ter seus filhotes a termo, o trabalho
de parto é prolongado.
Experimentos em animais indicam que a irritação
ou a dilatação do colo uterino, como ocorre
durante o trabalho de parto, pode causar reflexo
neurogênico, através dos núcleos paraventricular
e supraóptico, que faz com que a hipófise
posterior (a neuro-hipófise) aumente sua
secreção de ocitocina.
↠ A ocitocina liberada pela neuro-hipófise estimula as
contrações uterinas, auxiliada pela relaxina liberada pela
placenta que aumenta a flexibilidade da sínfise púbica e
ajuda a dilatar o colo do útero (TORTORA, 14ª ed.).
OS EFEITOS DE HORMÔNIOS FETAIS NO ÚTERO
↠ A hipófise do feto secreta grande quantidade de
ocitocina, o que teria algum papel na excitação uterina.
Além disso, as glândulas adrenais do feto secretam
ÅPG 24
2
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
grande quantidade de cortisol, outro possível estimulante
uterino. E, mais, as membranas fetais liberam
prostaglandinas em concentrações elevadas, no
momento do trabalho de parto, que também podem
aumentar a intensidade das contrações uterinas
(GUYTON, 13ª ed.).
Fatores mecânicos
DISTENSÃO DA MUSCULATURA UTERINA
↠ A simples distensão de órgãos de musculatura lisa
geralmente aumenta sua contratilidade. Ademais, a
distensão intermitente, como ocorre repetidamente no
útero, por causa dos movimentos fetais, pode também
provocar a contração dos músculos lisos (GUYTON, 13ª
ed.).
Observe, particularmente, que os gêmeos nascem em média 19 dias
antes de um só bebê, o que enfatiza a importância da distensão
mecânica em provocar contrações uterinas (GUYTON, 13ª ed.).
DISTENSÃO OU IRRITAÇÃO DO COLO UTERINO
↠ Há razões para se acreditar que a distensão ou a
irritação do colo uterino seja particularmente importante
para provocar contrações uterinas. Por exemplo, os
próprios obstetras, muitas vezes, induzem o trabalho de
parto, rompendo as membranas, de maneira que a
cabeça do bebê distenda o colo uterino mais
efetivamente que o usual, ou irritando-o de outras formas
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ Não se sabe o mecanismo pelo qual a irritação cervical
excita o corpo uterino. Já foi sugerido que a distensão ou
irritação de terminais sensoriais no colo uterino provoque
contrações uterinas reflexas; no entanto, as contrações
poderiam ser resultantes da pura e simples transmissão
miogênica de sinais do colo ao corpo uterino (GUYTON,
13ª ed.).
Feedback positivo – contrações uterinas
Durante grande parte da gravidez, o útero sofre episódios periódicos
de contrações rítmicas fracas e lentas, denominadas contrações de
Braxton Hicks. Essas contrações ficam progressivamente mais fortes
ao final da gravidez; então, mudam subitamente, em questão de horas,
e ficam excepcionalmente fortes, começando a distender o colo
uterino e, posteriormente, forçando o bebê através do canal de parto,
levando, assim, ao parto. Esse processo é denominado trabalho de
parto, e as contrações fortes, que resultam na parturição final, são
denominadas contrações do trabalho de parto (GUYTON, 13ª ed.).
O controle das contrações durante o trabalho de parto ocorre por
meio de um ciclo de feedback positivo (TORTORA, 14ª ed.). Em
primeiro lugar, as contrações do trabalho de parto obedecem a todos
os princípios de feedback positivo, ou seja, quando a força da
contração uterina ultrapassa certo valor crítico, cada contração leva a
contrações subsequentes que vão se tornando cada vez mais fortes,
até atingir o efeito máximo (GUYTON, 13ª ed.).
As contrações do miométrio uterino forçam a cabeça ou o corpo do
recém-nascido contra o colo do útero, distendendo-o (alongamento).
Os receptores de estiramento do colo do útero enviam impulsos
nervosos às células neurossecretoras do hipotálamo, levando-as a
liberar ocitocina nos capilares sanguíneos da neuro-hipófise. A ocitocina
então é transportada pelo sangue até o útero, onde ela estimula o
miométrio a se contrair com mais força. Conforme as contrações se
intensificam, o corpo do recém-nascido distende ainda mais o colo do
útero, e os impulsos nervosos resultantes estimulam a secreção
adicional de ocitocina. Após o parto, o ciclo de feedback positivo é
quebrado, porque a distensão do colo do útero repentinamente
diminui (TORTORA, 14ª ed.).
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
As contrações uterinas ocorrem em ondas (muito semelhantes às
ondas peristálticas do sistema digestório) que começam na parte
superior do útero e se movem para baixo, por fim expelindo o feto
(TORTORA, 14ª ed.).
Poderíamos questionar a respeito dos muitos casos de trabalho de
parto falso, nos quais as contrações ficam cada vez mais fortes e
depois diminuem e desaparecem. Lembre-se de que para o feedback
positivo persistir, cada novo ciclo devido ao processo de feedback
positivo deve ser mais forte que o precedente. Se em algum
momento, depois de iniciado o trabalho de parto, as contrações não
conseguirem reexcitar o útero suficientemente, o feedback positivo
poderia entrar em declínio retrógrado, e as contrações do trabalho de
parto desapareceriam (GUYTON, 13ª ed.).
Trabalho de parto (fases)
O trabalho de parto verdadeiro começa quando as contrações uterinas
ocorrem em intervalos regulares, geralmente provocando dor.
Conforme o intervalo entre as contrações se encurta, as contrações
se intensificam. Outro sintoma de trabalho de parto verdadeiro em
algumas mulheres é a dor localizada nas costas que se intensifica com
a deambulação (TORTORA, 14ª ed.).
Quando as contrações uterinas se tornam fortes durante o trabalho
de parto, sinais de dor originam-se tanto do útero quanto do canal de
parto. Esses sinais, além de causarem sofrimento, provocam reflexos
neurogênicos na medula espinal para os músculos abdominais,
causando contrações intensas desses músculos. As contrações
abdominais acrescentam muito à força que provoca a expulsão do
bebê (GUYTON, 13ª ed.).
O indicador mais confiável de trabalho de parto verdadeiro é a dilatação
do colo do útero e a “saída do tampão”, uma descarga de muco
contendo sangue do interior do canal do colo do útero. No trabalho de
parto falso, a dor é sentida no abdome em intervalos irregulares, mas
não se intensifica e a deambulação não a alterade modo significativo.
Não há “saída de tampão” nem dilatação cervical (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O trabalho de parto verdadeiro pode ser dividido em
três fases: (TORTORA, 14ª ed.).
Fase de dilatação: O período de tempo que vai
do início do trabalho de parto até a dilatação
completa do colo do útero é a fase de dilatação.
Esta fase, que normalmente dura de 6 a 12 h,
apresenta contrações regulares do útero,
geralmente uma ruptura do âmnio e a dilatação
completa (10 cm) do colo do útero. Se o âmnio
não se romper espontaneamente, ele é
rompido intencionalmente (TORTORA, 14ª ed.). O
chamado primeiro estágio do trabalho de parto
é o período de dilatação cervical progressiva,
que dura até a abertura cervical estar tão grande
quanto a cabeça do feto. Esse estágio,
geralmente, tem duração de 8 a 24 horas, na
primeira gestação, mas muitas vezes apenas
alguns minutos depois de várias gestações
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ As contrações uterinas durante o trabalho de parto
começam basicamente no topo do fundo uterino e se
espalham para baixo, por todo o corpo uterino. Além
disso, a intensidade da contração é grande no topo e no
corpo uterino, mas fraca no segmento inferior do útero
adjacente ao colo. Portanto, cada contração uterina tende
a forçar o bebê para baixo, na direção do colo uterino
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ No início do trabalho de parto, as contrações ocorrem
apenas a cada 30 minutos. À medida que o trabalho de
parto progride, as contrações finalmente surgem com
tanta frequência quanto uma vez a cada 1 a 3 minutos, e
sua intensidade aumenta bastante, com períodos muito
breves de relaxamento entre elas (GUYTON, 13ª ed.).
↠ As contrações da musculatura uterina e abdominal
combinadas durante a expulsão do bebê causam força
descendente do feto equivalente a 12 kg, durante cada
contração forte (GUYTON, 13ª ed.).
ÏMPØRTÅÑTË: Felizmente, essas contrações do trabalho de
parto ocorrem intermitentemente, pois contrações fortes
impedem ou às vezes até mesmo interrompem o fluxo
sanguíneo através da placenta e poderiam causar o óbito
do feto, se fossem contínuas. Na verdade, o uso
excessivo de diversos estimulantes uterinos, como a
ocitocina, pode causar espasmo uterino em vez de
contrações rítmicas e levar o feto ao óbito (GUYTON, 13ª
ed.).
Fase de expulsão: O período de tempo (10 min
a várias horas) que vai da dilatação cervical
completa até o nascimento do recém-nascido
consiste na fase de expulsão (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em mais de 95% dos nascimentos, a cabeça é a
primeira parte do bebê a ser expelida e, na maioria dos
outros casos, as nádegas apresentam-se primeiro.
Quando o bebê entra no canal de parto primeiro com as
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
nádegas ou os pés, isso é chamado apresentação pélvica
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ A cabeça age como uma cunha que abre as estruturas
do canal de parto enquanto o feto é forçado para baixo.
A primeira grande obstrução à expulsão do feto é o
próprio colo uterino. Ao final da gravidez, o colo se torna
friável, permitindo-lhe que se distenda quando as
contrações do trabalho de parto começam no útero
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ Quando o colo está totalmente dilatado, as membranas
fetais geralmente se rompem, e o líquido amniótico vaza
subitamente pela vagina. Em seguida, a cabeça do feto se
move rapidamente para o canal de parto, e, com a força
descendente adicional, ele continua a forçar caminho
através do canal até a expulsão final. Trata-se do segundo
estágio do trabalho de parto, e pode durar tão pouco
quanto 1 minuto, depois de várias gestações, até 30
minutos ou mais, na primeira gestação (GUYTON, 13ª ed.).
Durante o segundo estágio do trabalho de parto, quando o feto está
sendo expelido através do canal de parto, uma dor muito mais forte
é causada pela distensão cervical, distensão perineal e distensão ou
ruptura de estruturas no próprio canal vaginal. Essa dor é conduzida à
medula espinal e ao cérebro da mãe por nervos somáticos, em vez
de por nervos sensoriais viscerais (GUYTON, 13ª ed.).
Fase placentária: O período de tempo (5 a 30
min ou mais) após o parto até que a placenta
seja expelida pelas potentes contrações uterinas
é a fase placentária. Essas contrações também
contraem os vasos sanguíneos que foram
dilacerados durante o parto, reduzindo a
probabilidade de hemorragia (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Durante 10 a 45 minutos depois do nascimento do
bebê, o útero continua a se contrair, diminuindo cada vez
mais de tamanho, causando efeito de cisalhamento entre
as paredes uterinas e placentárias, separando, assim, a
placenta do seu local de implantação (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A separação da placenta abre os sinusoides
placentários e provoca sangramento. A quantidade de
sangue limita-se, em média, a 350 mililitros pelo seguinte
mecanismo: as fibras dos músculos lisos da musculatura
uterina estão dispostas em grupos de oito ao redor dos
vasos sanguíneos, onde estes atravessam a parede
uterina. Portanto, a contração do útero, depois da
expulsão do bebê, contrai os vasos que antes proviam
sangue à placenta. Além disso, acredita-se que
prostaglandinas vasoconstritoras, formadas no local da
separação placentária, causem mais espasmo nos vasos
sanguíneos (GUYTON, 13ª ed.).
Uma placenta retida é aquela que não é expelida em 60 minutos após
o nascimento (MOORE, 10ª ed.).
Involução do útero depois do parto
↠ Após o parto e a saída da placenta, existe um período
de 6 semanas durante o qual a fisiologia e os órgãos
genitais maternos retornam ao estado pré-gestacional.
Este período é chamado de puerpério. Por meio de um
processo de catabolismo dos tecidos, o útero sofre
redução notável em seu tamanho na chamada involução,
especialmente em lactantes (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Durante as primeiras 4 a 5 semanas depois do parto,
o útero involui. Seu peso fica menor que a metade do
peso imediatamente após o parto no prazo de uma
semana; e, em quatro semanas, se a mãe amamentar, o
útero torna-se tão pequeno quanto era antes da gravidez.
Esse efeito da lactação resulta da supressão da secreção
de gonadotropina hipofisária e dos hormônios ovarianos
durante os primeiros meses de lactação (GUYTON, 13ª
ed.).
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Durante a involução inicial do útero, o local placentário
na superfície endometrial sofre autólise, causando uma
excreção vaginal conhecida como “lóquia”, que primeiro é
de natureza sanguinolenta e depois serosa, mantendo-se
por cerca de 10 dias, no total. Depois desse tempo, a
superfície endometrial é reepitalizada e pronta mais uma
vez para a vida sexual normal não gravídica (GUYTON, 13ª
ed.).
OBSERVAÇÕES
Como regra geral, o trabalho de parto dura mais tempo no primeiro
filho, normalmente cerca de 14 h. Nas mulheres que já deram à luz, a
duração média do trabalho de parto é de aproximadamente 8 h,
embora o tempo varie enormemente entre os partos (TORTORA, 14ª
ed.).
Como o feto pode permanecer espremido pelo canal do parto (colo
do útero e vagina) por até várias horas, o feto é estressado durante
o parto: a cabeça fetal é comprimida e o feto sofre algum grau de
hipoxia intermitente em decorrência da compressão do cordão
umbilical e da placenta durante as contrações uterinas. Em resposta a
esse estresse, as medulas das glândulas suprarrenais secretam níveis
fetais muito elevados de epinefrina e norepinefrina, os hormônios de
“luta ou fuga”. Grande parte da proteção contra o estresse do parto,
bem como a preparação da criança para sobreviver à vida
extrauterina, é fornecida por esses hormônios. Entre outras funções,
a epinefrina e a norepinefrina desobstruem os pulmões e alteram a
sua fisiologia em prontidão para respirar ar, mobilizam nutrientes
prontamente utilizáveis para o metabolismo celular, e promovem um
maior fluxo sanguíneo para o encéfalo e coração (TORTORA, 14ª ed.).
Aproximadamente 7% das gestantes não dão à luz2 semanas após
a sua data estimada para o parto. Estes casos impõem um risco maior
de danos encefálicos ao feto, e até mesmo de morte fetal em
decorrência de aporte inadequado de oxigênio e nutrientes em virtude
de uma placenta envelhecida. Os partos pós-termo podem ser
facilitados pela indução do trabalho de parto, iniciada pela administração
de ocitocina, ou pelo parto cirúrgico (cesariana) (TORTORA, 14ª ed.).
ARTIGOS
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE
PARTO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA (GAYESKI; BRUGGMANN, 2010).
Essa dor resulta de complexas interações, de caráter inibitório e
excitatório e, embora, seus mecanismos sejam semelhantes aos da
dor aguda, existem fatores específicos do trabalho de parto de
natureza neurofisiológica, obstétrica, psicológica e sociológica que
interferem no seu limiar. Desta forma, as opções não farmacológicas
podem auxiliar a parturiente no alívio da dor.
A manutenção do equilíbrio emocional durante o trabalho de parto é
fundamental, pois quando os níveis de adrenalina estão altos, o sistema
nervoso simpático é imediatamente ativado, aumentando os níveis
plasmáticos do hormônio liberador de corticotrofinas, do hormônio
adenocorticotrófico e do cortisol, comprovando que o estresse é um
mecanismo biológico adaptativo e de defesa
Alguns métodos não farmacológicos para o alívio da dor: banho de
imersão, massagem, aromaterapia.
O banho de imersão apresenta mais benefícios quando utilizado a partir
dos 3 cm de dilatação cervical, principalmente quando controlados,
conjuntamente, o tempo de ruptura das membranas e permanência
na água, pois todos esses parâmetros podem influenciar
negativamente nos resultados neonatais e no tempo de trabalho de
parto. Esse método mostrou-se eficiente na redução da dor,
independente dos parâmetros citados anteriormente. No entanto, a
sua aplicabilidade, no cenário de cuidado brasileiro não é uma realidade,
uma vez que não há banheira instalada na maioria dos centros
obstétricos.
DOR E COMPORTAMENTO DE MULHERES DURANTE O TRABLAHO DE PARTO E
PARTO EM DIFERENTES POSIÇÕES (NILSEN et. al., 2011).
A intensidade da dor sentida pelas mulheres no trabalho de parto e
parto é amplamente variável, e está sujeita a influências psíquicas
(comportamental), temperamentais (motivação), culturais (educação),
orgânicas (constituição genética) e aos possíveis desvios da
normalidade (estresse), além de fatores outros tais como distócias, que
podem aumenta-la, e liberação de endorfinas, que pode diminuí-la.
Por ser um fenômeno passível de tais influências, a dor é considerada
uma experiência subjetiva e pessoal, e deve ser mensurada para
permitir a escolha eficaz de um método de alívio.
Outro fator que pode interferir na sensação dolorosa parece ser a
posição no parto. Um estudo com 20 ensaios clínicos sobre as
posições no segundo período do parto confirmou que na posição
vertical ou lateral, há diminuição da sensação dolorosa intensa durante
o período expulsivo, quando comparada com a supina ou litotomia. Os
partos realizados nas diversas formas de posições verticais apresentam
redução do período expulsivo quando comparados com partos em
litotomia. A redução da duração do expulsivo, das taxas de parto
assistido e de episiotomia afirmam o conceito de que os puxos no
período expulsivo são mais eficientes em posições verticais.
Em contraste, a posição horizontal dificulta esses aspectos, gerando a
percepção negativa sobre a mesma, uma vez que dificulta a
movimentação, aumenta o sofrimento, o cansaço, a duração do
período expulsivo e as intervenções obstétricas.
As mulheres, independente da posição, descreveram a intensidade da
sensação dolorosa durante o trabalho de parto com valores médios
de 7 a 8 e maioria delas referiu dor suportável ou dificilmente
suportável.
Sabe-se que na posição vertical, as contrações apresentam menos
irregularidades em sua forma e ritmo. Certamente por isso, a posição
vertical, durante o trabalho de parto, interfira de forma favorável sobre
as contrações, permitindo uma melhor qualidade na obtenção da
dinâmica uterina, uma diminuição na duração do parto e uma menor
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
necessidade de administração da ocitocina. Ainda comenta o mesmo
autor que, na posição vertical, a ação da gravidade sobre o feto é
sinérgica com a das contrações.
TERAPIAS COMPLEMENTARES NO TRABALHO DE PARTO: ENSAIO CLÍNICO
RANDOMIZADO (CAVALCANTI et. al., 2019).
Trata-se de estudo clínico, randomizado e controlado do tipo fatorial,
utilizando desenho pré e pós-intervenção, oriundo da dissertação
intitulada: “Avaliação da dor e ansiedade no trabalho de parto com o
uso de intervenções não farmacológicas: ensaio clínico randomizado e
controlado”. As parturientes foram alocadas aleatoriamente em um dos
três diferentes grupos de intervenção: banho quente de chuveiro,
exercícios com bola suíça e o grupo do banho e da bola de forma
combinada.
A percepção da dor e ansiedade foram avaliadas antes e 30 minutos
após a intervenção. Estes desfechos foram avaliados por meio da
Escala Visual Analógica (EVA), que compreende uma linha horizontal
de 10 cm com extremidades indicando a intensidade, sendo zero (0)
“ausência de dor” e dez (10) “pior dor possível”. A EVA é usada para
medir vários fenômenos clínicos subjetivos, incluindo dor e ansiedade.
A terapia combinada foi realizada com a parturiente sentada sobre a
bola, executando exercícios perineais por 30 minutos, durante o banho
quente de aspersão (região lombo-sacral).
128 parturientes foram randomizadas e alocadas aleatoriamente nos
três grupos de terapias - Grupo Banho Quente de chuveiro (n=44),
Grupo Bola Suíça (n=45) e Grupo Banho Quente de chuveiro e Bola
Suíça combinados (n= 39).
As terapias utilizadas não interferiram na redução da dor durante o
trabalho de parto, entretanto todas demostraram efeito positivo no
que se refere a abreviação do tempo de evolução do trabalho de
parto ao nascimento, especialmente quando utilizadas de forma
combinada.
Células-tronco
↠ O termo célula-tronco (CT), do inglês stem cell, diz
respeito a células precursoras que possuem a capacidade
de diferenciação e auto-renovação ilimitadas, podendo
dar origem a uma variedade de tipos teciduais (SOUZA
et. al., 2003).
↠ As CT são células indiferenciadas que apresentam
como características: capacidade de proliferação ilimitada,
autorrenovação, produção de diferentes linhagens
celulares e regeneração de tecidos (ROCHA et. al., 2012).
↠ A proliferação das CT ocorre por meio de mitoses
sendo responsável por garantir um número adequado de
células-tronco em determinado local do organismo, em
um momento específico de seu desenvolvimento
(ROCHA et. al., 2012).
↠ A autorrenovação é o processo pelo qual as CT
geram cópias idênticas de si mesmas por meio de
sucessivas mitoses, o que significa que o organismo
mantém um “estoque” permanente deste tipo celular
(ROCHA et. al., 2012).
↠ A diferenciação é a capacidade que as CT apresentam
de gerar tipos celulares distintos. Não se sabe exatamente
como isso ocorre, mas é possível afirmar que o processo
de diferenciação é regulado pela expressão preferencial
de genes específicos nas CT (ROCHA et. al., 2012).
↠ A regeneração de tecidos ocorre quando as CT
presentes em diversos locais do organismo recebem
sinais específicos para se dividirem e reporem as células
perdidas se houver lesão tecidual (ROCHA et. al., 2012).
↠ Em virtude dessas propriedades peculiares das CT,
muitos cientistas buscam a possibilidade de encontrar a
cura para diversas enfermidades por meio da substituição
dos tecidos danificados por grupos de CT (ROCHA et. al.,
2012).
As células-tronco originam células-filhas, que seguem dois destinos:
algumas permanecem como células-tronco, mantendo sua população
(autorrenovação), e outras se diferenciam em outros tipos celulares
com características específicas. Acredita-seque a decisão inicial pela
autorrenovação ou diferenciação seja aleatória (modelo estocástico),
enquanto a diferenciação posterior seria determinada por agentes
reguladores no microambiente medular, de acordo com as
necessidades do organismo (modelo indutivo) (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Normalmente, entre uma célula-tronco e sua progênie
totalmente diferenciada existe uma população
intermediária conhecida como células amplificadoras
transitórias, que possuem uma capacidade proliferativa
mais limitada e um potencial de diferenciação restrito. A
presença destas células amplificadoras transitórias
também explica como um tecido pode manter uma
produção elevada de células diferenciadas a partir de um
pequeno número de células-tronco. Como, normalmente,
as células-tronco possuem um ciclo celular lento, muitas
das células em divisão em um determinado tecido são
células amplificadoras transitórias, que estão destinadas a
se diferenciar após um determinado número de divisões
(SOUZA et. al., 2003).
↠ Desse modo, a capacidade de divisão celular não é,
por si mesma, um indicador da condição de célula-tronco.
As células-tronco estão presentes no embrião, quando
são designadas células-tronco embrionárias, mas podem
também ser encontradas em tecidos adultos, originando
as células-tronco adulta (SOUZA et. al., 2003).
↠ As CT podem ser classificadas segundo sua
potencialidade em toti, pluri ou multipotentes (SCHWINDT
et. al., 2005)
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
CÉLULAS-TRONCO TOTIPOTENTES
↠ As células-tronco totipotentes podem originar tanto
um organismo totalmente funcional, como qualquer tipo
celular do corpo, inclusive todo o sistema nervoso central
e periférico. Correspondem às células do embrião recém-
formado e têm potencial para originar até mesmo as
células do folheto extraembrionário que formarão a
placenta. Entretanto, estas células são efêmeras e
desaparecem poucos dias após a fertilização (SOUZA et.
al., 2003).
Totipotentes: capazes de gerar todos os tipos celulares embrionários
e extraembrionários. Ex: zigoto, células embrionárias na fase de mórula
(ROCHA et. al., 2012).
CÉLULAS-TRONCO PLUTIPOTENTES
↠ As pluripotentes são células capazes de originar
qualquer tipo de tecido sem, no entanto, originar um
organismo completo, visto que não podem gerar a
placenta e outros tecidos de apoio ao feto. Formam a
massa celular interna do blastocisto depois dos quatro dias
de vida e participam da formação de todos os tecidos do
organismo (ROCHA et. al., 2012).
Apesar de existirem em menor número, as células-tronco
pluripotentes estão presentes, também, em indivíduos adultos. Se
oriundas da medula óssea, por exemplo, podem originar células de
sangue, ossos, cartilagem, músculos, pele e tecido conjuntivo (SOUZA
et. al., 2003).
↠ A proliferação das células-tronco pluripotentes origina
células-filhas com potencialidade menor – as células
progenitoras multipotentes, que produzem as células
precursoras (blastos). É nas células precursoras que as
características morfológicas diferenciais das linhagens
aparecem pela primeira vez, pois as células-tronco
pluripotentes e as progenitoras são indistinguíveis
morfologicamente e se parecem com os linfócitos
grandes. (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Pluripotentes: capacidade de diferenciação em células pertencentes
aos três folhetos embrionários: ectoderma, mesoderma e endoderma,
assim como as células germinativas primordiais (CGP). Ex: células
embrionárias derivadas da massa interna do blastocisto (ROCHA et. al.,
2012).
CÉLULAS-TRONCO MULTIPOTENTES
↠ As células-tronco multipotentes são um pouco mais
diferenciadas, presentes no indivíduo adulto, com
capacidade de originar apenas um limitado número de
tipos teciduais. Estas células são designadas de acordo
com o órgão de que derivam e podem originar apenas
células daquele órgão, possibilitando a regeneração
tecidual (SOUZA et. al., 2003).
Multipotentes: diferenciação limitada a determinados tipos celulares. Ex:
células em estágio posterior ao desenvolvimento fetal e que persistem
após o nascimento (ROCHA et. al., 2012).
ØBS.: Existem ainda células oligopotentes, capazes de gerar
células mais restritas a uma linhagem do que as multipotentes
(SCHWINDT et. al., 2005)
CÉLULAS-TRONCO UNIPOTENTES
↠ Unipotentes: capacidade de gerar um único tipo de
tecido. Ex: células da camada germinativa da epiderme,
eritroblastos, espermatogônias dos testículos (ROCHA et.
al., 2012).
Quanto à origem, as células-tronco podem ser divididas em células-
tronco embrionárias (CTE), derivadas da massa celular interna de um
blastocisto (embrião prematuro), e células germinativas embrionárias
(CGE), obtidas do tecido fetal em um estágio mais avançado de
desenvolvimento (da espinha gonadal) (SOUZA et. al., 2003).
ØBS.: As células oligopotentes e unipotentes devem ser
consideradas células progenitoras e não CT. Sendo esta uma
área nova, é comum a confusão de conceitos e o uso
impróprio das definições acima (SCHWINDT et. al., 2005)
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS
↠ No embrião em estágio de blastocisto, as células-
tronco da massa celular interna se diferenciam para
formar o ectoderma primitivo, o qual, durante a
gastrulação, finalmente se diferencia nos três folhetos
embrionários (ectoderma, mesoderma e endoderma).
Quando removidas do seu ambiente embrionário normal
e cultivadas sob condições apropriadas, estas células dão
origem a células que se proliferam e se renovam
indefinidamente (SOUZA et. al., 2003).
↠ As células-tronco embrionárias são células
pluripotentes dotadas de grande plasticidade, que
apresentam características essenciais, como uma ilimitada
capacidade de proliferação indiferenciada in vitro, além de
formar os derivados dos três folhetos embrionários
mesmo após um longo período em cultura (SOUZA et.
al., 2003).
Devido à sua origem, as CTE podem se distinguir de outras linhagens
de células humanas pluripotentes denominadas células do carcinoma
embrionário (CCE) e células germinativas embrionárias (CGE). As CCEs
são linhagens de células pluripotentes derivadas de componentes de
células-tronco indiferenciadas, originárias de tumores de células
germinativas, que surgem de forma espontânea, encontradas
ocasionalmente em malformações de ratos e humanos. Já as CGEs
são derivadas de células germinativas das cristas genitais de fetos
humanos ou de ratos e, assim como as duas primeiras, são capazes
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
de formar as três camadas germinativas que compõem todos os
órgãos do corpo humano, embora seu potencial seja mais limitado se
comparado com as CTEs, pois se encontram em um estágio mais
avançado de desenvolvimento (SOUZA et. al., 2003).
CÉLULAS-TRONCO ADULTAS
↠ Além de no embrião, as células-tronco também são
encontradas em vários órgãos e tecidos no indivíduo
adulto, onde participam da homeostase tecidual, gerando
novas células devido à renovação fisiológica ou em
resposta a uma injúria. Tais populações celulares
indiferenciadas mantidas no organismo adulto são
denominadas células-tronco adultas (SOUZA et. al., 2003).
↠ Estas células, assim como as CTEs, apresentam a
telomerase, não estando, portanto, sujeitas à senescência
celular, fenômeno que ocorre nas demais células
somáticas diplóides, devido ao encurtamento do telômero
após sucessivas mitoses (SOUZA et. al., 2003).
↠ As células-tronco adultas estão em estado quiescente
ou em baixa proliferação, localizando-se em regiões
específicas essenciais para o seu desenvolvimento e a
manutenção de seus atributos, particularmente a
capacidade de autorenovação. Algumas regiões estão
claramente definidas dentro de seus respectivos tecidos
e as células-tronco ali localizadas podem ser facilmente
identificadas pela sua morfologia e localização espacial. Já
em outros tecidos, não é possível definir a exata
localização de um nicho de células-tronco, sendo
necessário desenvolverda hipófise
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ No infundíbulo as artérias hipofisárias superiores
formam um plexo capilar primário, cujas células endoteliais
são fenestradas. Os capilares do plexo primário se
reúnem para formar vênulas e pequenos vasos que se
encaminham para a pars distalis, onde se ramificam
novamente, formando um extenso plexo capilar
secundário (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Há, portanto, dois sistemas venosos em cascata, o que
caracteriza um sistema porta, denominado sistema porta
hipofisário. O suprimento sanguíneo da pars distalis é feito,
portanto, de sangue vindo principalmente do infundíbulo
através do sistema porta-hipofisário e em escala muito
menor de alguns ramos das artérias hipofisárias inferiores
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Através desse sistema vascular, vários neuro-
hormônios produzidos no hipotálamo são levados
diretamente do infundíbulo à pars distalis, controlando a
função de suas células. O sangue venoso desse sistema
sai por diversas veias hipofisárias (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Os hormônios da adeno-hipófise viajam até os tecidos-alvo ao longo
do corpo. Os hormônios da adeno-hipófise que atuam em outras
glândulas endócrinas são chamados de hormônios tróficos ou trofinas
(TORTORA, 14ª ed.).
CONTROLE DA LIBERAÇÃO HORMONAL
A síntese e a liberação da maioria dos hormônios são reguladas por
algum tipo de sistema de retroalimentação (feedback) negativa. Neste
tipo de sistema, a secreção do hormônio é desencadeada por um
estímulo interno ou externo. À medida que os níveis do hormônio
aumentam, eles produzem seus efeitos no órgão-alvo e inibem a
liberação adicional do hormônio. Como resultado, os níveis sanguíneos
da maioria dos hormônios variam apenas dentro de uma estreita faixa
(MARIEB, 3ª ed.).
As glândulas endócrinas são estimuladas a produzir e liberar seus
hormônios por três principais tipos de estímulos: humoral, neural e
hormonal (MARIEB, 3ª ed.).
ESTÍMULOS HUMORAIS
↠ Algumas glândulas endócrinas secretam seus hormônios
diretamente em resposta a modificações nos níveis sanguíneos de
certos íons e nutrientes importantes. Estes estímulos são chamados
de humorais para distingui-los dos estímulos hormonais, os quais
também são substâncias químicas presentes no sangue (MARIEB, 3ª
ed.).
O termo humoral recupera o antigo uso do termo humor, que se
refere aos diversos líquidos do corpo (sangue, bile e outros). Este é o
mais simples dos sistemas de controle endócrino. Por exemplo, as
células das glândulas paratireóides monitoram os níveis sanguíneos de
Ca+2 e quando detectam valores abaixo do normal, elas secretam o
hormônio paratireoidiano ou paratormônio (PTH). Como o PTH age
por diversas vias para reverter esta diminuição, os níveis sanguíneos
de Ca+2 logo se elevam, e acaba o estímulo para a liberação do PTH.
Outros hormônios liberados em resposta a estímulos humorais incluem
a insulina, produzida no pâncreas, e a aldosterona, um dos hormônios
do córtex da supra-renal (MARIEB, 3ª ed.).
ESTÍMULOS NEURAIS
↠ Em alguns casos, fibras nervosas estimulam a liberação de
hormônios (MARIEB, 3ª ed.).
O exemplo clássico de estímulo neural é a estimulação da medula da
glândula supra-renal pelo sistema nervoso simpático para liberar
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) durante períodos de
estresse (MARIEB, 3ª ed.).
ESTÍMULOS HORMONAIS
↠ Finalmente, muitas glândulas endócrinas liberam seus hormônios
em resposta a hormônios produzidos por outros órgãos endócrinos,
e os estímulos nestes casos são chamados de estímulos hormonais
(MARIEB, 3ª ed.).
3
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Por exemplo, a liberação da maioria dos hormônios da hipófise anterior
é regulada por hormônios liberadores e inibidores produzidos pelo
hipotálamo, e muitos hormônios da hipófise anterior, por sua vez,
estimulam outros órgãos endócrinos a liberarem seus hormônios. À
medida que os níveis sanguíneos dos hormônios produzidos na
glândula-alvo final aumentam, eles inibem a liberação dos hormônios
da hipófise anterior e, consequentemente, sua própria liberação
(MARIEB, 3ª ed.).
Esta alça de retroalimentação hipotálamo-hipófise-órgão endócrino-
alvo está no cerne da endocrinologia. Os estímulos hormonais
promovem uma liberação rítmica de hormônios, com um padrão
específico de aumento e diminuição dos níveis sanguíneos hormonais
(MARIEB, 3ª ed.).
Embora estes três mecanismos representem a maioria dos sistemas
que controlam a liberação dos hormônios, eles não são, de forma
alguma, válidos para todos os hormônios nem são mutuamente
exclusivos, e alguns órgãos endócrinos podem responder a múltiplos
estímulos (MARIEB, 3ª ed.).
Alças de retroalimentação
↠ As vias nas quais os hormônios da adeno-hipófise
atuam como hormônios tróficos estão entre os reflexos
endócrinos mais complexos, uma vez que envolvem três
centros integradores: o hipotálamo, a adeno-hipófise e o
alvo endócrino do hormônio hipofisário (SILVERTHORN,
7ª ed.).
↠ A retroalimentação nessas vias segue um padrão
diferente. Em vez de a resposta agir como um sinal de
retroalimentação negativa, os próprios hormônios são o
sinal de retroalimentação (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Nos eixos hipotálamo-adeno-hipófise, a forma
dominante de retroalimentação é a retroalimentação
negativa de alça longa, em que o hormônio secretado
pela glândula endócrina periférica “retroalimenta” a própria
via inibindo a secreção dos seus hormônios hipotalâmicos
e adeno-hipofisários (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Em vias com dois ou três hormônios em sequência, o hormônio
seguinte na sequência normalmente retroalimenta para suprimir o(s)
hormônio(os) que controla(m) a sua secreção. A grande exceção à
via de retroalimentação negativa de alça longa são os hormônios
ovarianos, estrogênio e progesterona, em que a retroalimentação é
alternada entre positiva e negativa (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Alguns hormônios da hipófise também exibem
retroalimentação negativa de alça curta e ultracurta. Em
uma retroalimentação negativa de alça curta, o hormônio
da hipófise retroalimenta a via, diminuindo a secreção
hormonal pelo hipotálamo. A prolactina, o GH e o ACTH
apresentam retroalimentação negativa de alça curta.
Também pode haver retroalimentação de alça ultracurta
na hipófise e no hipotálamo, onde um hormônio atua
como um sinal autócrino ou parácrino para influenciar a
célula que o secreta. As vias de retroalimentação de alça
curta são normalmente secundárias às vias de alças
longas que são mais significantes (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A maioria dos sistemas regulatórios hormonais atua via feedback
negativo, porém alguns operam por feedback positivo. Por exemplo,
durante trabalho de parto, o hormônio ocitocina estimula as contrações
do útero que, por sua vez, estimulam ainda mais a liberação de
ocitocina, um efeito de feedback positivo (TORTORA, 14ª ed.).
Hormônios da adeno-hipófise
↠ Foram identificados seis distintos hormônios adeno-
hipofisários, todos eles protéicos. Além disso, uma grande
molécula com o nome de pró-opiomelanocortina (POMC)
foi isolada da hipófise anterior. A POMC é um pró-
hormônio, isto é, uma grande molécula precursora que
pode ser enzimaticamente clivada formando um ou mais
hormônios ativos (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A POMC dá origem ao hormônio adrenocorticotrófico,
a dois opióides naturais e ao hormônio estimulante dos
melanócitos (MSH) (MARIEB, 3ª ed.).
Nos humanos e em outros animais, o MSH é um neurotransmissor do
SNC envolvido no controle do apetite. Embora sejam encontrados
baixos níveis de MSH no plasma, seu papel sistêmico ainda não está
bem compreendido (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Quando a adeno-hipófise recebe um estímulo químico
adequado do hipotálamo, um ou mais hormônios são
liberados por algumas de suas células. Embora muitos
hormônios diferentes passem do hipotálamo para o lobo
anterior, cada célula-alvo no lobo anterior distingue a
mensagem direcionada para ela e responde da mesma
forma - secretando oum painel de marcadores
moleculares para este fim (SOUZA et. al., 2003).
Adultas: isoladas de órgãos e tecidos diferenciados, como: medula
óssea, sangue (periférico ou de cordão umbilical), retina, córnea,
cérebro, músculos esqueléticos, polpa dental, fígado, pele, tecido
adiposo, epitélio gastrointestinal e pâncreas (ROCHA et. al., 2012).
↠ Uma das fontes mais utilizadas para extração de CT-
adultas é a medula óssea, amplamente estudada face ao
uso clínico em transplantes. Nesse tecido, encontramos
dois tipos de CT: as hematopoiéticas e as mesenquimais.
As CT-hematopoiéticas são responsáveis por toda
progênie granulocítica e mielocítica (SCHWINDT et. al.,
2005)
ØBS.: As CT-fetais, assim como as adultas, não se diferenciam
espontaneamente e ainda apresentam outras vantagens: estão
presentes em abundância por todo o organismo em desenvolvimento
e possuem maior potencial de auto-renovação. Teoricamente, pode-
se isolar CT-fetais de qualquer tecido, desde que a extração ocorra
durante a formação destes tecidos no período fetal. No entanto, há
importantes questões éticas envolvidas na extração de tais células de
humanos (SCHWINDT et. al., 2005)
OBSERVAÇÃO
As células tronco mesenquimais se sobressaem por serem capazes
de dar origem a tecidos mesodérmicos ou não. Também possui
função de modulação imunológica; as células mesenquimais (MSC) são
grandes secretoras hormonais e são muito importante no processo
inflamatório por secretar substancias de caráter anti-inflamatório
(ALVES et. al., 2019).
De todas as linhagens de células-tronco somáticas estudadas até o
presente momento, as MSC apresentam maior plasticidade, originando
tecidos mesodermais e não mesodermais (ALVES et. al., 2019).
COMO OCORRE A DIFERENCIAÇÃO CELULAR?
As CT-fetais e adultas, sendo mais comprometidas a determinadas
linhagens celulares, são consideradas multipotentes. No entanto, há
inúmeros trabalhos indicando que CT provenientes de um tecido
possuem a capacidade de originar células específicas de um outro
tecido não-relacionado. Assim, foram criadas algumas hipóteses que
tentam explicar os mecanismos pelos quais a diferenciação celular
ocorre. Vale ressaltar que os mecanismos evocados parecem
depender da população celular e do tecido analisado (SCHWINDT et.
al., 2005)
De forma geral, as CT expressam, em sua superfície, muitas moléculas
associadas a interações célula-célula e célula-matriz. Os mecanismos de
sinalização celular são de fundamental importância no processo de
diferenciação, levando em conta que as CT, ao se dividirem, podem
originar uma célula filha idêntica e outra mais especializada (divisão
assimétrica) de acordo com o microambiente (SCHWINDT et. al., 2005)
A transdiferenciação é um dos mecanismos propostos para explicar,
por exemplo, a origem de células da linhagem hematopoiética a partir
de CT-neurais e a diferenciação de células da medula óssea em células
neurais e hepatócitos. Nesse mecanismo, a conversão de uma
linhagem a outra ocorreria diretamente, a partir da ativação de um
conjunto de genes que alteraria a especificidade celular. A conversão
entre diferentes linhagens celulares também poderia ocorrer via
dediferenciação, um estágio intermediário, em que uma célula
especializada torna-se uma célula mais primitiva, multipotente, para
então se rediferenciar em um outro tipo celular. Uma terceira
explicação baseia-se na pureza e na homogeneidade da população
em estudo, ou seja, há a possibilidade de coexistirem distintos tipos de
CT e progenitores em um tecido, que contribuiriam para o surgimento
dos outros tipos celulares (SCHWINDT et. al., 2005)
A contribuição de células entre diversos tecidos também pode ocorrer
a partir da ação de uma única CT-pluripotente, que é capaz de dar
origem a células de tecidos formados a partir de diferentes folhetos
embrionários. O último mecanismo de plasticidade a ser considerado é
a fusão celular em que, após a fusão entre células de diferentes
linhagens, os marcadores das células do hospedeiro são transferidos
para a célula fundida. Terada et al. Demonstraram, in vitro, que células
da medula óssea podem fundir-se espontaneamente com células-
tronco embrionárias. Dessa forma, as células da medula óssea fundidas
podem assumir o fenótipo das células receptoras, sugerindo uma
“transdiferenciação”. No entanto, parece improvável que o mecanismo
de fusão seja responsável pela regeneração tecidual em larga escala,
visto a baixíssima frequência com que esse evento ocorre. Em
diversos estudos, a proporção de CT transplantadas, que foram
incorporadas pelo tecido lesado e que se diferenciaram, não explica a
melhora funcional observada (SCHWINDT et. al., 2005)
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Assim, uma explicação relevante para a regeneração tecidual após
aplicação de CT é a liberação de citocinas e fatores tróficos no local
da lesão. Como a maioria das CT é capaz de identificar e migrar até
o local lesado, é clara sua capacidade de responder a fatores
quimiotáticos (liberados pelo tecido lesado). Há ainda evidências de que
estas células, por sua vez, podem ser capazes de liberar outras
moléculas em resposta aos estímulos recebidos8. Há várias hipóteses
quanto às supostas funções de tais fatores na lesão, dentre elas:
liberação de moléculas que previnem a morte celular, recrutamento
de CT adjacentes do próprio tecido (com subsequente diferenciação),
interferência na inflamação provocada pelo dano tecidual (modulando
a resposta do sistema imune), suporte de moléculas ou enzimas que
suprem defeitos metabólicos (SCHWINDT et. al., 2005)
Nos últimos cinco anos, diversos trabalhos têm fornecido pistas da
existência de CT em praticamente todos os tecidos de um organismo
adulto, não se tratando apenas de progenitores comprometidos, mas
células com capacidade de se diferenciar em tipos celulares não
relacionados ao tecido de onde provêm. Se o próprio corpo possui
essa gama de células com elevada potencialidade, então por que não
ocorre regeneração completa de todos os tecidos, após a lesão aguda
ou mesmo nas situações de desgaste natural e envelhecimento?
(SCHWINDT et. al., 2005)
Provavelmente as CT mais potentes em um organismo adulto
mantêm-se “indiferenciadas” desde estágios iniciais do
desenvolvimento, porém estão sob controle de microambientes que
sinalizam para uma especificidade celular de acordo com o contexto
tecidual. Já na condição de cultura, tais células são estimuladas por
diversos fatores que não existem em seu ambiente de origem e que
alteram o seu comportamento. Assim sendo, muitos experimentos
realizados in vitro não podem ser extrapolados para modelos in vivo
(SCHWINDT et. al., 2005)
TERAPIAS COM CÉLULAS-TRONCO
Uso terapêutico de células tronco em cirrose hepática
O transplante de células de células tronco mesenquimais pode ser visto
com uma nova opção terapêutica para o tratamento de cirrose
hepática, substituindo o transplante hepático ortotópico, que é o
tratamento mais utilizado para as fases finais da doença, embora sua
realização possua restrições (ALVES et. al., 2019).
A utilização de células tronco mesenquimais para o tratamento de
cirrose hepática possui resultados eficazes, porém uso desta técnica
ainda entra em conflito com aspectos éticos e o os efeitos colaterais
a esse transplante ainda não podem ser mesurados (ALVES et. al.,
2019).
Tratamento de Diabetes Mellitus utilizando células-tronco
Cientistas da Universidade de Miller School of Medicine de Miami,
apontam que células tronco presentes no pâncreas possuem a
capacidade de recuperar as células pancreáticas produtoras de insulina.
O estudo consiste em regenerar as células betas que sofreram
destruição autoimunes, utilizando-se de células tronco que farão o
papel da regeneração. Essa descoberta beneficiará tanto portadores
de diabetes tipo I, como também portadores de diabetes tipos II
(ALVES et. al., 2019).
Uso de células tronco nohormônio apropriado em resposta
a hormônios liberadores específicos e interrompendo a
liberação hormonal, em resposta a hormônios inibitórios
específicos (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A adeno-hipófise é uma glândula endócrina muito
importante que secreta não um, mas seis hormônios
fisiologicamente importantes: prolactina (PRL), tireotrofina
(TSH), adrenocorticotrofina (ACTH), hormônio do
crescimento (GH), hormônio folículo-estimulante (FSH) e
hormônio luteinizante (LH) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Dos seis hormônios da adeno-hipófise, somente a
prolactina atua sobre um alvo não-endócrino (a mama).
Os cinco hormônios remanescentes possuem outra
glândula ou célula endócrina como um de seus alvos. Os
hormônios que controlam a secreção de outros
hormônios são denominados hormônios tróficos
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH)
↠ O hormônio do crescimento (GH) é produzido por
células chamadas de somatotrofos do lobo anterior
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ O hormônio do crescimento (GH) é o hormônio mais
abundante da adeno-hipófise. A principal função do GH é
promover a síntese e a secreção de pequenos
hormônios proteicos chamados fatores de crescimento
insulino-símiles ou somatomedinas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Embora o GH estimule a maioria das células a
aumentarem de tamanho e se dividirem, seus principais
alvos são os ossos e os músculos esqueléticos. A
estimulação das placas epifisárias leva ao crescimento dos
ossos longos; a estimulação dos músculos esqueléticos
aumenta a massa muscular (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Em resposta ao hormônio do crescimento, as células
no fígado, no músculo esquelético, na cartilagem, nos
ossos e em outros tecidos secretam fatores de
crescimento insulino-símiles (IGFs), que podem entrar na
corrente sanguínea a partir do fígado ou atuar de maneira
local em outros tecidos como autócrinos ou parácrinos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As funções dos IGF são: (TORTORA, 14ª ed.).
Os IGF fazem com que as células cresçam e se
multipliquem pela intensificação da captação de
aminoácidos nas células e aceleração da síntese
proteica. Os IGF também reduzem a
degradação de proteínas e o uso de
aminoácidos para a produção de ATP. Devido a
esses efeitos dos IGF, o hormônio do
crescimento aumenta a taxa de crescimento do
esqueleto e dos músculos esqueléticos durante
a infância e a adolescência. Em adultos, o
hormônio do crescimento e os IGF ajudam a
manter a massa dos músculos e ossos e
promovem a cicatrização de lesões e o reparo
tecidual.
Os IGF também intensificam a lipólise no tecido
adiposo, aumentando o uso dos ácidos graxos
liberados para a produção de ATP pelas células
corporais.
Além de afetar o metabolismo proteico e
lipídico, o hormônio do crescimento e os IGF
influenciam o metabolismo dos carboidratos pela
redução da captação de glicose, diminuindo o
uso de glicose para a produção de ATP pela
maioria das células corporais. Essa ação
economiza glicose de forma a deixa-la disponível
aos neurônios para produzir ATP nos períodos
de escassez de glicose. Os IGF e o hormônio do
crescimento também podem estimular os
hepatócitos a liberar glicose no sangue.
A elevação nos níveis sanguíneos de glicose, que resulta dessa glicose
economizada, é chamada de efeito diabetogênico do GH, pois
mimetiza os altos níveis sanguíneos de glicose característicos do
diabete melito (MARIEB, 3ª ed.).
ÏMPØRTÅÑTË: A secreção de GH é regulada
principalmente por dois hormônios hipotalâmicos com
efeitos antagônicos. O hormônio liberador do hormônio do
crescimento (GHRH) estimula a liberação de GH, enquanto
o hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH),
também chamado de somatostatina, inibe sua liberação
(MARIEB, 3ª ed.).
A região do hipotálamo onde ocorre a origem da secreção do GHRH
é o núcleo ventromedial; essa é a mesma área do hipotálamo sensível
à concentração de glicose no sangue, levando à saciedade, nos
estados hiperglicêmicos, e à sensação de fome, nos estados
hipoglicêmicos (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A liberação de GHIH é desencadeada
(presumivelmente) pela retroalimentação do GH e dos
IGFs. O aumento nos níveis de GH também exerce um
efeito de retroalimentação que inibe a sua própria
secreção. Tipicamente, a secreção de GH possui um ciclo
diário, com os maiores níveis ocorrendo durante o sono
da noite. A quantidade total secretada diariamente alcança
o pico durante a adolescência e diminui com a idade
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Além de inibir a secreção do hormônio do
crescimento, o GHIH bloqueia a liberação do hormônio
estimulador da tireóide. O GHIH também é produzido em
diversas regiões do sistema gastrintestinal, onde ele inibe
a liberação de praticamente todas as secreções
gastrintestinais e pancreáticas - tanto endócrinas como
exócrinas (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O principal regulador da secreção de GHRH e de GHIH
é o nível de glicose sanguínea: (TORTORA, 14ª ed.).
A hipoglicemia, uma concentração sanguínea de
glicose anormalmente baixa, estimula o
hipotálamo a secretar GHRH, que flui em sentido
à adeno-hipófise nas veias porto-hipofisárias.
Ao chegar à adenohipófise, o GHRH estimula os
somatotrofos a liberar hormônio do crescimento
humano.
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
O hormônio do crescimento estimula a secreção
de fatores do crescimento insulino-símiles, que
aceleram a degradação de glicogênio hepático
em glicose, fazendo com que a glicose entre no
sangue com mais rapidez.
Consequentemente, a glicemia se eleva ao nível
normal (cerca de 90 mg/100 ml de plasma
sanguíneo).
A elevação da glicemia acima do nível normal
inibe a liberação de GHRH.
A hiperglicemia, uma concentração sanguínea
de glicose anormalmente elevada, estimula o
hipotálamo a secretar GHIH (ao mesmo tempo
que inibe a secreção de GHRH).
Ao chegar à adeno-hipófise no sangue portal, o
GHIH inibe a secreção de hormônio do
crescimento pelos somatotrofos.
Níveis baixos de GH e IGF retardam a
degradação de glicogênio no fígado e a glicose
é liberada no sangue mais lentamente.
A glicemia cai para o nível normal.
A queda da glicemia abaixo do nível normal
(hipoglicemia) inibe a liberação de GHIH.
Outros estímulos que promovem a secreção do hormônio do
crescimento são diminuição de ácidos graxos e aumento de
aminoácidos no sangue; sono profundo (estágios 3 e 4 do sono não
REM); intensificação da atividade da parte simpática da divisão
autônoma do sistema nervoso, como pode ocorrer durante o estresse
ou exercícios físicos vigorosos; e outros hormônios, inclusive glucagon,
estrogênios, cortisol e insulina. Os fatores que inibem a secreção do
hormônio do crescimento humano são nível sanguíneo mais elevado
de ácidos graxos e mais baixo de aminoácidos; sono de movimento
rápido dos olhos; privação emocional; obesidade; baixos níveis de
hormônios da tireoide; e hormônio do crescimento propriamente dito
(por meio de feedback negativo). O hormônio inibidor do hormônio do
crescimento (GHIH), alternativamente conhecido como somatostatina,
também inibe a secreção do hormônio do crescimento (TORTORA,
14ª ed.).
O POSSÍVEL PAPEL DA DIMINUIÇÃO DA SECREÇÃO DO HORMÔNIO DO
CRESCIMENTO COMO CAUSA DE MUDANÇAS ASSOCIADAS AO
ENVELHECIMENTO
Nas pessoas que perderam a capacidade de secretar o hormônio do
crescimento, algumas características do processo de envelhecimento
são aceleradas. Por exemplo, uma pessoa de 50 anos de idade que
está há muitos anos sem hormônio do crescimento pode ter o
aspecto de uma pessoa com 65 anos de idade. O aspecto envelhecido
parece resultar, principalmente, da diminuição da deposição de
proteínas na maioria dos tecidos do corpo e do aumento da deposição
de gordura em seu lugar. Os efeitos físicos e fisiológicos consistem no
aumento do enrugamento da pele, diminuição do funcionamento de
alguns dos órgãos e redução da massa e da força muscular (GUYTON,13ª ed.).
Com o envelhecimento, a concentração plasmática média do
hormônio do crescimento em uma pessoa de outra forma normal
muda, aproximadamente, da seguinte maneira: (GUYTON, 13ª ed.).
Dessa maneira, é muito possível que alguns dos efeitos normais do
envelhecimento resultem da diminuição da secreção do hormônio do
crescimento. De fato, testes múltiplos do tratamento com hormônio
do crescimento em pessoas mais idosas demonstraram três efeitos
benéficos importantes de ação antienvelhecimento: (GUYTON, 13ª ed.).
Aumento da deposição de proteínas no corpo,
especialmente nos músculos;
Redução dos depósitos de gordura;
Sensação de aumento de energia.
Outros estudos, no entanto, mostraram que o tratamento de pacientes
idosos com hormônio do crescimento recombinante pode produzir
vários efeitos adversos indesejáveis, incluindo resistência à insulina e
diabetes, edema, síndrome do túnel do carpo e artralgias (dores nas
articulações). Portanto, o tratamento com hormônio do crescimento
recombinante, geralmente, não é recomendado em pacientes idosos
saudáveis, com função endócrina normal (GUYTON, 13ª ed.).
HORMÔNIO ESTIMULADOR DA TIREOIDE
↠ O hormônio estimulador da tireóide (TSH), ou
tireotrofina, é um hormônio trófico que estimula o
desenvolvimento normal e a atividade secretora da
glândula tireóide (MARIEB, 3ª ed.).
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ O hormônio tireoestimulante (TSH) estimula a síntese
e a secreção de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), que
são produzidas pela glândula tireoide (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A liberação do TSH pelas células da hipófise anterior
chamadas de tireotrofos é estimulada por um peptídeo
hipotalâmico, o hormônio liberador de tireotrofina (TRH)
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ A liberação de TRH, por sua vez, depende dos níveis
sanguíneos de T3 e T4; níveis elevados de T3 e T4
inibem a secreção de TRH via feedback negativo. Não
existe hormônio inibidor da tireotrofina (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ O aumento nos níveis sanguíneos dos hormônios
tireoidianos atua tanto na hipófise como no hipotálamo
para inibir a secreção de TSH. O hipotálamo, em resposta,
libera GHIH, o qual reforça o bloqueio à liberação de TSH
(MARIEB, 3ª ed.).
HORMÔNIO ADRENOCORTICOTRÓFICO
↠ O hormônio adreno-corticotrófico (ACTH), ou
corticotrofina, é secretado pelos corticotrofos da adeno-
hipófise. O ACTH estimula o córtex supra-renal a liberar
os hormônios corticosteróides, principalmente os
glicocorticóides que ajudam o corpo a resistir em
condições de estresse (MARIEB, 3ª ed.).
O ACTH controla a produção e a secreção de cortisol e outros
glicocorticoides pelo córtex das glândulas suprarrenais (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A liberação de ACTH, estimulada pelo hormônio
liberador de corticotrofina (CRH) hipotalâmico, possui um
ritmo diário, com um pico matinal logo após o despertar.
Os níveis aumentados de glicocorticóides retroalimentam
e bloqueiam a secreção de CRH e consequentemente de
ACTH (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Fatores internos e externos que alteram o ritmo
normal de liberação de ACTH pela ativação da secreção
de CRH incluem febre, hipoglicemia e todos os tipos de
estressores (MARIEB, 3ª ed.).
GONADOTROFINAS
↠ O hormônio estimulador do folículo (FSH) e o
hormônio luteinizante (LH), referidos coletivamente como
gonadotrofinas, regulam a função das gônadas (ovários e
testículos) (MARIEB, 3ª ed.).
HORMÔNIO FOLICULOESTIMULANTE
↠ Nas mulheres, os ovários são os alvos do hormônio
foliculoestimulante (FSH). A cada mês, o FSH inicia o
desenvolvimento de vários folículos ovarianos, coleções
em forma de saco de células secretoras que rodeiam o
ovócito em desenvolvimento. O FSH também estimula as
células foliculares a secretar estrogênios (hormônios
sexuais femininos). (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Nos homens, o FSH promove a produção de
espermatozoides nos testículos (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) do
hipotálamo estimula a liberação de FSH. A liberação de
GnRH e FSH é suprimida por estrogênios nas mulheres e
pela testosterona (principal hormônio sexual masculino)
nos homens por sistemas de feedback negativo. Não
existe hormônio inibidor da gonadotrofina (TORTORA, 14ª
ed.).
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
HORMÔNIO LUTEINIZANTE
↠ Nas mulheres, o hormônio luteinizante (LH)
desencadeia a ovulação, que consiste na liberação de um
ovócito secundário (futuro ovo) por um ovário. O LH
estimula a formação do corpo lúteo (estrutura formada
após a ovulação) no ovário e a secreção de progesterona
(outro hormônio sexual feminino) pelo corpo lúteo
↠ Juntos, o FSH e o LH também promovem a secreção
de estrogênios pelas células ovarianas. Os estrogênios e a
progesterona preparam o útero para a implantação de
um ovo fertilizado e ajudam a preparar as glândulas
mamárias para a secreção de leite
↠ Nos homens, o LH estimula células nos testículos a
secretarem testosterona. A secreção de LH, assim como
a do FSH, é controlada pelo hormônio liberador de
gonadotrofina (GnRH).
As gonadotrofinas estão praticamente ausentes no sangue de
meninos e meninas pré-adolescentes. Durante a puberdade, os
gonadotrofos na adeno-hipófise são ativados e os níveis de
gonadotrofinas começam a se elevar, gerando a maturação das
gônadas (MARIEB, 3ª ed.).
PROLACTINA
↠ A prolactina (PRL) é um hormônio protéico
estruturalmente semelhante ao GH (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A prolactina (PRL), junto com outros hormônios, inicia
e mantém a produção de leite pelas glândulas mamárias.
Sozinha, a prolactina exerce um efeito fraco. Somente
depois da preparação das glândulas mamárias promovida
pelos estrogênios, progesterona, glicocorticoides, GH,
tiroxina e insulina, que exercem efeitos permissivos, que
a PRL promove a produção de leite (TORTORA, 14ª ed.).
A ejeção de leite das glândulas mamárias depende do hormônio
ocitocina, liberado pela neuro-hipófise. Em conjunto, a produção e a
ejeção de leite constituem a lactação (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O hipotálamo secreta hormônios tanto inibitórios
quanto excitatórios que regulam a secreção de prolactina.
Nas mulheres, o hormônio inibidor de prolactina (PIH), que
vem a ser a dopamina, inibe a liberação de prolactina da
adeno-hipófise na maior parte do tempo. Todo mês,
pouco antes de começar a menstruação, a secreção de
PIH diminui e o nível sanguíneo de prolactina se eleva,
porém não o suficiente para estimular a produção de leite
(TORTORA, 14ª ed.).
Nas mulheres, os níveis de prolactina aumentam e diminuem de acordo
com os níveis sanguíneos de estro gênio. O estrogênio estimula a
liberação de prolactina, tanto direta como indiretamente (MARIEB, 3ª
ed.).
A hipersensibilidade das mamas pouco antes da menstruação pode
ser causada pela elevação do nível de prolactina. Quando o ciclo
menstrual começa de novo, o PIH é mais uma vez secretado e o nível
de prolactina cai (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Durante a gravidez, o nível de prolactina sobe
estimulado pelo hormônio liberador de prolactina (PRH) do
hipotálamo. A sucção realizada pelo recém-nascido
promove a redução da secreção hipotalâmica de PIH
(TORTORA, 14ª ed.).
A função da prolactina não é conhecida nos homens, porém sua
hipersecreção causa disfunção erétil (incapacidade de apresentar ou
manter ereção do pênis). Nas mulheres, a hipersecreção de prolactina
causa galactorreia (lactação inapropriada) e amenorreia (ausência de
ciclos menstruais) (TORTORA, 14ª ed.).
HORMÔNIO MELANÓCITO-ESTIMULANTE
↠ O hormônio melanócito-estimulante (MSH) aumenta a
pigmentação da pele em anfíbios pela estimulação da
dispersão de grânulos de melanina nos melanócitos. Sua
função exata em humanos é desconhecida, porém a
presença de receptores de MSH no encéfalo sugere que
pode influenciar a atividade encefálica. Há pouco MSH
circulante em humanos. Entretanto, a administração
contínua de MSH ao longo de vários dias produz
escurecimentoda pele. Níveis excessivos de hormônio
liberador de corticotrofina (CRH) podem estimular a
liberação de MSH; a dopamina inibe a liberação de MSH
(TORTORA, 14ª ed.).
Hormônios da neuro-hipófise e do hipotálamo
↠ Embora não sintetize hormônios, a neuro-hipófise
armazena e libera dois hormônios. É composta por
axônios e terminais axônicos de mais de 10.000 células
hipotalâmicas neurossecretoras (TORTORA, 14ª ed.).
Os corpos celulares das células neurossecretoras se encontram nos
núcleos paraventricular e supraóptico do hipotálamo; seus axônios
formam o trato hipotálamo-hipofisial. Esse trato começa no hipotálamo
e termina perto de capilares sanguíneos na neuro-hipófise (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Os corpos das células neuronais dos dois núcleos
paraventricular e supraóptico sintetizam o hormônio
ocitocina (OT) e o hormônio antidiurético (ADH), também
chamado de vasopressina. Os terminais axônicos na
neuro-hipófise são associados à neuróglia especializada
chamada de pituitócitos. Essas células apresentam uma
função de suporte similar a dos astrócitos (TORTORA, 14ª
ed.).
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Após sua produção nos corpos celulares das células
neurossecretoras, a ocitocina e o hormônio antidiurético
são envolvidos em vesículas secretoras, que se
movimentam por transporte axônico rápido até os
terminais axônicos na neuro-hipófise, onde são
armazenados até que impulsos nervosos desencadeiam a
exocitose e a liberação hormonal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O ADH e a ocitocina, cada um composto de nove
aminoácidos, são quase idênticos. Eles diferem em apenas
dois aminoácidos, e mesmo assim possuem efeitos
fisiológicos bastante diferentes. O ADH influencia o
equilíbrio hídrico, e a ocitocina estimula a contração do
músculo liso, particularmente do útero e das mamas
(MARIEB, 3ª ed.).
OCITOCINA
↠ Durante e depois do parto, a ocitocina atua em dois
tecidos-alvo: o útero e as mamas da mãe. Durante o
parto, o alongamento do colo do útero estimula a
liberação de ocitocina, que, por sua vez, intensifica a
contração das células musculares lisas da parede uterina;
depois do parto, a ocitocina estimula a ejeção de leite
(“descida”) das glândulas mamárias em resposta ao
estímulo mecânico produzido pela sucção do bebê
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O número de receptores para ocitocina no útero
alcança seu pico próximo do final da gestação, e o
músculo liso uterino se torna cada vez mais sensível ao
efeito estimulador desse hormônio. O estiramento do
útero e do colo uterino próximo ao parto envia impulsos
aferentes para o hipotálamo, o qual responde sintetizando
ocitocina e estimulando sua liberação pela neuro-hipófise
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ A ocitocina age via sistema de segundo mensageiro
do PIP-C – Ca+2 para mobilizar o Ca+2 gerando
contrações mais poderosas. À medida que os níveis de
ocitocina aumentam, as contrações expulsivas do parto
aumentam e finalmente terminam no parto. Este
processo é um mecanismo de retroalimentação positiva.
(MARIEB, 3ª ed.).
Tanto a ocitocina natural como a sintética são utilizadas para induzir o
parto ou para acelerar o parto normal quando este está progredindo
de forma lenta (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A função da ocitocina em homens e mulheres não
grávidas não é clara. Experimentos realizados em animais
sugerem que a ocitocina exerça ações no encéfalo que
promovem o comportamento parental de cuidado em
relação ao filho. Também pode ser responsável, em
parte, pelas sensações de prazer sexual durante e depois
do intercurso (TORTORA, 14ª ed.).
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO
↠ A diurese é a produção de urina. Assim, um
antidiurético é uma substância que inibe ou impede a
formação de urina. O hormônio antidiurético (ADH)
impede grandes modificações no equilíbrio hídrico,
ajudando o corpo a evitar a desidratação e a sobrecarga
de água (MARIEB, 3ª ed.).
9
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ O HAD faz com que os rins devolvam mais água ao
sangue, diminuindo, desse modo, o volume urinário. Na
ausência de HAD o débito urinário aumenta mais de 10
vezes, passando do normal 1 ou 2 dois litros para cerca
de 20 l por dia. Muitas vezes, a ingestão de álcool causa
micção frequente e copiosa porque o álcool inibe a
secreção de hormônio antidiurético (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O HAD também diminui a perda de água pela sudorese
e causa constrição das arteríolas, o que eleva a pressão
do sangue. O outro nome desse hormônio, vasopressina,
traduz esse efeito sobre a pressão arterial (TORTORA,
14ª ed.).
↠ A quantidade de HAD secretado varia com a pressão
osmótica do sangue e com o volume sanguíneo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Regulação da secreção do hormônio antidiurético e as
ações do HAD: (TORTORA, 14ª ed.).
A pressão osmótica sanguínea alta (ou
diminuição do volume sanguíneo) – devido a
desidratação ou um declínio no volume
sanguíneo em decorrência de hemorragia,
diarreia ou sudorese excessiva – estimula os
osmorreceptores, neurônios no hipotálamo que
monitoram a pressão osmótica do sangue. A
pressão osmótica sanguínea elevada ativa os
osmorreceptores diretamente; eles também
recebem estímulo excitatório de outras áreas
encefálicas quando o volume de sangue diminui.
Os osmorreceptores ativam as células
hipotalâmicas neurossecretoras que sintetizam e
liberam hormônio antidiurético.
Quando as células neurossecretoras recebem
estímulo excitatório dos osmorreceptores, elas
geram impulsos nervosos que promovem a
exocitose das vesículas cheias de hormônio
antidiurético nos seus terminais axônicos na
neuro-hipófise. Isso libera hormônio antidiurético,
que se difunde para os capilares sanguíneos da
neurohipófise.
O sangue transporta hormônio antidiurético para
três tecidos-alvo: rins, glândulas sudoríferas
(suor) e musculatura lisa das paredes dos vasos
sanguíneos. Os rins respondem retendo mais
água, o que reduz o débito urinário. A atividade
secretora das glândulas sudoríferas diminui, o
que restringe a taxa de perda de água pela
perspiração da pele. A musculatura lisa nas
paredes das arteríolas contrai em resposta aos
elevados níveis de hormônio antidiurético,
causando constrição desses vasos sanguíneos e
elevando a pressão sanguínea.
A baixa pressão osmótica do sangue (ou
aumento do volume sanguíneo) inibe os
osmorreceptores.
A inibição dos osmorreceptores reduz ou cessa
a secreção de hormônio antidiurético. Os rins
retêm menos água, formando um volume maior
de urina, a atividade secretora das glândulas
sudoríferas se intensifica e as arteríolas se
dilatam. O volume de sangue e a pressão
osmótica dos líquidos corporais voltam ao
normal.
A secreção de HAD também pode ser alterada de outras maneiras.
Dor, estresse, trauma, ansiedade, acetilcolina, nicotina e substâncias
como morfina, tranquilizantes e alguns anestésicos estimulam a
secreção de HAD. O efeito desidratante do álcool etílico, que já foi
mencionado, pode causar tanto a sede quanto a cefaleias típicas da
ressaca. A hipossecreção de HAD ou receptores não funcionais de
HAD causam diabetes insípido (TORTORA, 14ª ed.).
O diabete insípido pode ser causado por uma pancada na cabeça que
danifique o hipotálamo ou a hipófise posterior. Em ambos os casos, há
uma liberação insuficiente de ADH. Mesmo sendo incômodo, esta
condição não é tão séria quando o centro da sede continua
10
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
funcionando corretamente e a pessoa ingere água suficiente para
evitar a desidratação. Entretanto, ela pode ser grave em pacientes
inconscientes ou em estado de coma; por isso, vítimas de acidentes
com trauma na cabeça devem ser cuidadosamente monitoradas
(MARIEB, 3ª ed.).
ARTIGOS
IMPLICAÇÕES METABÓLICAS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO EICCO HIPOTÁLAMO
– PITUITÁRIA – ADRENAL (JESUS; ASSUNÇÃO, 2020)
Quais as implicações metabólicas do exercício físico no eixo hipotálamo
– pituitária – adrenal?
A práticade exercício físico de forma exagerada e crônica gera uma
sobrecarga metabólica, o cortisol é produzido em excesso circulante
na corrente sanguínea causando o aumento da resistência à insulina e
aumento da glicemia potencializando no indivíduo o crescimento da
gordura visceral até mesmo a síndrome metabólica. Por isso destaca-
se a importância do monitoramento da variável volume e intensidade
e a pausa/intervalos de treino, para que o corpo seja estimulado e
exposto ao agente estressor de forma controlada na esfera do
treinamento e que tenha tempo para recuperar-se e voltar aos níveis
normais de concentração do cortisol.
A maioria dos glicocorticoides tem um pico de liberação na faixa da
manhã e cai ao longo do dia, com o cortisol não é diferente o pico de
liberação dele ocorre nos primeiros 30 minutos da manhã havendo
um declínio durante o dia, esse nível pode alterar de indivíduo para
indivíduo, mas já foi comprovado que o pico da excreção é no turno
matutino mesmo com os valores diferentes em cada pessoa
Tendo em vista evidências que esse hormônio liberado em excesso
pode desencadear um quadro de hipertensão arterial pois ele estimula
os receptores a1 nas arteríolas causando um efeito vasoconstritor das
catecolaminas, esse glicocorticoide agem em uma região hipotalâmica
responsável pelo monitoramento do apetite podendo induzir a
ingestão alimentar por isso em níveis elevados no sangue pode
acarretar na obesidade, esse hormônio maior parte dele fica circulante
na corrente sanguínea ligada a outras proteínas entretanto com o
excesso circulante desse glicocorticoide o efeito pode ser no
catabolismo em excesso de proteínas musculares consequentemente
astenias
Deste modo, as influências do exercício físico no eixo HPA e não saber
monitorar as variáveis de treinamento principalmente
intensidade/volume pode acarretar a secreção exagerada do cortisol,
níveis elevados acabam gerando efeitos negativos para o indivíduo.
Todavia, um trabalho executado de forma coesa gera bons resultados
em conformidade com a quantidade circulante de cortisol.
PERFIL DOS USUÁRIOS DE SOMATROPINA EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
(SOUZA et. al., 2020).
A deficiência do hormônio do crescimento (DGH) ocorre em algumas
crianças não com muita frequência, geralmente na população geral
1:4.000 e 1:10.000, população de baixa estatura normal 3:10.000 e no
retardo constitucional do crescimento 100:10.000
O diagnóstico em criança é realizado através do exame laboratorial e
clínico, considerando seu histórico, antecedentes e exame físico. A
criança diagnosticada com déficit de somatropina apresenta estatura
abaixo da esperada pela altura dos pais, segmentos corpóreos
proporcionais, e uma velocidade de crescimento baixa para sua idade
cronológica, podendo ocasionar retardo significativo ósseo esquelético
Para a reposição do hormônio do crescimento recorre-se a terapia
com GH humano obtido por tecnologia do DNA recombinante. O
tratamento visa a normalização da velocidade do crescimento linear
nos períodos da infância e adolescência, dependendo da dose utilizada,
o período de início do tratamento, do seu estado nutricional e da
resposta do paciente a esta terapêutica. O GH é administrado via
subcutânea diariamente seguindo os protocolos da Sociedade de
Endocrinologia
A coleta de dados para esta pesquisa ocorreu no mês de agosto de
2018, na Unidade Básica de Saúde do Parque Interlagos na cidade de
São José dos Campos – São Paulo
A partir da análise dos prontuários e da verificação no sistema de
informação da prefeitura, identificou-se que no momento encontram-
se em utilização do hormônio do crescimento 10 munícipes na
abrangência do Parque Interlagos. Deste total de munícipes foram
encontrados os seguintes dados: 6 são do sexo feminino e 4 do sexo
masculino; as idades destes encontram-se entre os 5 a 15 anos, as
comorbidades em maior número de ocorrência são as gastrointestinais
seguida pelas dermatológicas.
As comorbidades gastrointestinais apresentadas foram: parasitose,
constipação, enterorragia, gastroenterite, diarréia, dor abdominal,
hemorragia, gastroenterite. As comorbidades dermatológicas
apresentadas foram: abscesso pele, furúnculo, antraz cutâneo,
dermatite atópica, lesão pele.
O perfil do usuário de somatropina apresentado pelas buscas
realizadas, reflete em um grupo heterogêneo, onde 4 dos munícipes
encontram-se no período da puberdade e 6 no período da infância.
Como o hormônio do crescimento tem sua eficácia comprovada
anteriormente à puberdade, conclui-se que esta mostra estudada
responde às orientações endocrinológicas para esta terapêutica.
11
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Referências
JESUS, M. B. N.; ASSUNÇÃO, J. R. Implicações metabólicas
do exercício físico no eixo hipotálamo – pituitária –
adrenal. Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva,
Salvador, v. 1, p. 1-14, 2020.
SOUZA et. al. Perfil dos usuários de somatropina em
unidade básica de saúde. Brazilian Journal of Development,
Curitiba, v. 6, n. 12, 2020.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
1
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a morfologia do pâncreas;
2- Compreender a síntese e os efeitos dos
hormônios pancreáticos (insulina e glucagon)
*controle glicêmico
Anatomia do Pâncreas
↠ O pâncreas é um órgão achatado que mede cerca de
12,5 a 15 cm de comprimento. Localiza-se na curvatura do
duodeno, a primeira parte do intestino delgado
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O pâncreas é composto por uma cabeça, localizada
na curvatura do duodeno, um corpo e uma cauda, que
se estende até o baço (SEELY, 10ª ed.).
↠ Localizado no abdome, parcialmente atrás do
estômago, o pâncreas, mole, triangular, é uma glândula
mista composta de células glandulares endócrinas e
exócrinas (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Aproximadamente 99% das células exócrinas do
pâncreas estão distribuídas em grupos chamados ácinos.
Os ácinos produzem enzimas que fluem para o sistema
digestório por uma rede de ductos. Espalhados entre os
ácinos exócrinos existem 1 a 2 milhões de minúsculos
grupos de tecido endócrino, chamados de ilhotas
pancreáticas ou ilhotas de Langerhans. Capilares
abundantes irrigam tanto a parte endócrina quanto a
exócrina do pâncreas (TORTORA, 14ª ed.).
As células acinares, que formam grande parte da glândula, produzem
um suco rico em enzimas que é conduzido por ductos até o intestino
delgado durante a digestão dos alimentos (MARIEB, 3ª ed.).
Histologia do pâncreas endócrino
ILHOTAS DE LANGERHANS
↠ As ilhotas de Langerhans são micro-órgãos endócrinos
localizados no pâncreas, onde são vistos ao microscópio
como grupos arredondados de células de coloração
menos intensa, incrustados no tecido pancreático
exócrino (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A maioria das ilhotas mede 100 a 200 µm de diâmetro e contém
centenas de células, embora haja também agrupamentos menores de
células endócrinas entremeadas entre as células exócrinas do pâncreas.
Pode haver mais de 1 milhão de ilhotas no pâncreas humano, e há uma
pequena tendência para ilhotas serem mais abundantes na região da
cauda do pâncreas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As ilhotas são constituídas por células poligonais,
dispostas em cordões, em volta dos quais existe uma
abundante rede de capilares sanguíneos com células
endoteliais fenestradas. Há uma fina camada de tecido
conjuntivo que envolve a ilhota e a separa do tecido
pancreático