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ER 600 – Operações Unitárias Secagem e psicrometria UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS Profa. Dra. Laís Pellizzer Gabriel 1 Definição 2 A secagem é uma operação unitária de transferência de massa e calor envolvendo a remoção de umidade de uma substância por evaporação normalmente em uma corrente de gás. GásTransferência de calor Transferência de massa Histórico 3 Secagem 4 Normalmente, o líquido a ser removido é a água, entretanto outros líquidos (benzeno ou solventes orgânicos) também podem ser removidos. Esse líquido pode estar: • Na superfície do material (ex.: secagem de cristais de sal); • Inteiramente dentro do material (ex.: remoção de solvente de uma folha); • Parte na superfície e parte dentro do material (ex.: secagem de frutas). Equilíbrio de fases 5 Exemplo: Secar roupas no varal ao ar livre. Deixando as roupas em contato com o ar à temperatura constante, atinge-se um estado de equilíbrio entre as duas fases contatadas. O componente água distribui-se em ambas as fases (umidade de equilíbrio). AR + água Sólidos + água T constante: a água contida nas roupas entra em equilíbrio com o vapor d´água presente no ar. AP 6 A umidade final do produto seco depende do tipo de material Exemplos: • Sal- contém cerca de 0,5% de água • Carvão- cerca de 4% • Muitos alimentos- cerca de 5% A secagem significa a redução do conteúdo de umidade de um valor inicial para um valor final aceitável. Geralmente é o passo final do processamento, antes da embalagem Secagem Classificação de secadores 7 Modo de transferência de calor DIRETOS - Contato direto entre sólido úmido e ar quente (por convecção) Descontínuos e Contínuos INDIRETOS - Transferência de calor através de paredes aquecidas (por condução): Calor necessário é transportado por vapor através de uma superfície metálica. OUTROS - Radiações (infravermelho, microondas), resistência elétrica, paredes refratárias, etc Tipos de secadores • Secador de bandejas; • Secador de bandejas à vácuo; • Secador de túnel contínuo; • Secador de esteira; • Secadores rotativos (tambor e à vácuo). 8 • Câmara com isolamento térmico, onde o material a ser seco é colocado em bandejas. • A secagem ocorre pela circulação do meio secante sobre o material colocado nas bandejas. 9 Secador de bandejas • Meio secante: vapor de água, gás ou ar aquecido; • Bandejas: podem ser de fundo fechado (chapa) ou de fundo perfurado (tela); • Possuem custos de capital inicial e de manutenção baixos e alto custo de operação; • Operação: Batelada; • Carga do material nas bandejas colocadas sobre prateleiras aquecidas; • Materiais que não podem ser agitados; • Produtos farmacêuticos, corantes, sais efervescentes, hormônios. 10 Secador de bandejas Secador de bandejas à vácuo • Alguns materiais não podem ser satisfatoriamente secos ao ar em pressão atmosférica normal, seja por se deteriorarem nas temperaturas necessárias para se terem taxas de secagem razoáveis, seja por reagirem com o oxigênio do ar; • Secagem em baixa temperatura; • Alto custo, utilizado para produto com elevado preço unitário, como produtos farmacêuticos e café de alta qualidade. 11 https://www.youtube.com/watch?v=HqP45slStpw Secador de túnel contínuo 12 Bandejas movimentando-se no interior de um túnel de secagem (operação contínua) Secadores de esteira • Transporte contínuo do material por meio de uma esteira (normalmente construída de aço inoxidável, dotada de seções perfuradas e interligadas ou em forma de tela trançada); • Normalmente construídos de forma modular, de modo que cada seção apresenta seu ventilador e aquecimento próprio; • Mais indicado para produção em larga escala e onde existe disponibilidade contínua de matéria-prima; • Não é indicado para operar em situações onde a matéria-prima ou as condições de secagem mudam frequentemente; 13 Secadores rotativos 14 • Os sólidos úmidos granulares são alimentados na parte mais alta, movendo-se enquanto o corpo do secador se movimenta; • Meio secante: gases de combustão, vapor superaquecido ou mesmo o ar aquecido eletricamente; https://www.youtube.com/watch?v=V3SBE41vJ64 Secadores rotativos 15 • O fluxo de ar quente pode ser em paralelo ou contracorrente; • Em alguns secadores, existem tubos aquecidos a vapor de água, que correm longitudinalmente ao longo do cilindro, para manter a temperatura do ar e atuar como superfícies de secagem; Secadores de tambor • Tambores: Ferro fundido, aço inox, aço carbono, Cr e Ni/Cr; • Material é retirado da superfície pelas facas; • Facas: Em aço temperado e podem ser afiadas; • Operação: Contínua; • Aquecimento por vapor; • Secagem por contato do vapor com a superfície aquecida do tambor. 16https://www.youtube.com/watch?v=wpzZ6ahp0Yg Secador rotativo à vácuo • Equipamento: Cilindro encamisado (vácuo ou pressão), agitador interno, abertura de carga e descarga. • Relativamente rápidos; • Secagem a baixa temperatura; • Operação: Batelada; • Agitador distribui o material uniformemente; • Contato do produto com a superfície aquecida; 17 https://www.youtube.com/watch?v=HtQKK-jfr-I Classificação geral 18 19 Classificação geral 20 Secagem – estágio inicial Quando ocorre a evaporação na superfície de um sólido, a umidade se desloca das camadas internas do sólido para a superfície. Secagem – estágio intermediário 21 Quantidade de umidade na superfície do sólido muito baixa; A partir desse momento, umidade se encontra no interior do sólido 22 Secagem – estado final Movimento da umidade 23 O movimento da água contida no sólido até a superfície do material pode ocorrer através de dois mecanismos: a) Capilaridade: É o escoamento de um líquido através dos interstícios de um sólido, provocados por atração molecular entre o líquido e o sólido. Mecanismo mais rápido e de mais fácil remoção da umidade na superfície. b) Difusão interna: É o movimento de um líquido ou de vapor através de um sólido em consequência de diferença de concentração. É um mecanismo molecular, e portanto, mais lento. Secagem 24 Comportamento geral na secagem: 1. Período de secagem a taxa constante; 2. Teor de umidade crítico; 3. Período de taxa decrescente; 4. Umidade de equilíbrio (menor teor de umidade possível). 25 Curva de secagem A-B: Período inicial; B: Regime permanente; C: Teor de umidade crítico; B-C: Período de taxa constante C-D: Período de taxa decrescente; XE = Umidade de equilíbrio Taxa decrescente 26 O período de taxa decrescente depende: • da estrutura do sólido; • taxa de secagem durante o período constante; • e do teor de umidade crítico; A vazão do gás de secagem não influencia esta etapa Teor de umidade de equilíbrio O teor de umidade de equilíbrio depende: • da estrutura do sólido; • da temperatura do gás; • do teor de umidade do gás; 27 T = 25oC 28 Umidade ligada: Umidade que será removida da amostra. Umidade não ligada: Valor acima da umidade de equilíbrio, não influencia na secagem. Teor de umidade de equilíbrio Cinética de secagem • As taxas de secagem devem ser relacionadas para um determinado produto e operação (processo e equipamento); • Com o conhecimento das limitações dos processos para um determinado produto podemos avaliar, projetar e/ou otimizar o processo de secagem permitindo a avaliação do tempo de secagem; 29 • Umidade absoluta (X): É a massa de vapor de água por unidade de massa de ar seco; Em condições de pressão atmosférica, a mistura de ar seco e vapor de água pode ser considerada ideal: • Umidade do ar saturado (Xsat): Umidade do ar quando este está saturado de vapor de água; • Umidade relativa (UR): Relação entre a fração molar do vapor de água na mistura e a fração de vapor de água numa mistura saturada, à mesma temperatura e pressão total; 30 Cinética de secagem Os dados de secagem são geralmente obtidos como: • Massa total do material úmido em diferentes tempos de processamento; • Esses dados podem ser convertidose expressos em termos de taxa de secagem. 31 Cinética de secagem • Outro parâmetro importante no processo de secagem é o conteúdo de umidade livre (X), que pode ser calculado por: • Representa a diferença entre a umidade do sólido e a umidade de equilíbrio com o ar em condições determinadas. 32 Cinética de secagem A taxa de secagem é proporcional a mudança de umidade (X) pelo tempo (t): Cálculo da taxa de secagem: 33 Cinética de secagem Diagrama Psicrométrico • Diagramas contendo as propriedades da mistura entre o ar seco e o vapor de água; • São fáceis de serem manuseados, permitem leitura de dados com rapidez e suficiente precisão. 34 Diagrama Psicrométrico Temperatura da mistura indicada pelo termômetro comum, por um par termo- elétrico (termopar) ou por um sensor eletrônico. Temperatura atingida por uma pequena quantidade de água, sob condições adiabáticas, exposta a uma corrente de ar de temperatura, umidade e velocidade constantes. 35 Diagrama Psicrométrico 36 Exemplo 37 Diagrama Psicrométrico 38 Temperatura do bulbo seco = 10oC P1 Umidade relativa inicial 85% Diagrama Psicrométrico 39 Temperatura do bulbo seco final = 20oC P1 P2 Umidade absoluta= 65 g de mistura / kg de ar seco Umidade relativa inicial 85% Umidade relativa P2 = 40% Umidades Diagrama Psicrométrico 40 Temperatura do bulbo seco final = 20oC Umidade relativa inicial 85% P1 P2 Umidade relativa P2 = 40% Umidade absoluta = 65 g de mistura / kg de ar seco Entalpias Entalpia P1 = 27 kJ/kg ar seco Entalpia P2 = 37 kJ/kg ar seco Diagrama Psicrométrico 41 Temperatura do bulbo seco final = 20oC Umidade relativa inicial 85% P1 P2 Umidade relativa P2 = 40% Umidade absoluta = 65 g de mistura / kg de ar seco Ponto de orvalho de P1 Entalpia P1 = 27 kJ/kg ar seco Entalpia P2 = 37 kJ/kg ar seco Ponto de orvalho = 7,5oC Exercício 1 O ar numa sala tem temperatura de 26,7°C e pressão de 101,325 kPa, contém vapor cuja pressão é de 2,76 kPa e pressão de vapor saturado igual a 3,50 kPa. Calcule: (a) Umidade (X); (b) Umidade do ar saturado (Xsat); (c) Umidade relativa (UR). 42 43 Exercício 2 Tendo: Volume específico = 0,91 m3/kg e umidade relativa = 30%, use a carta psicrométrica para determinar as propriedades: a) T bulbo úmido; b) Umidade absoluta; c) Entalpia; d) Ponto de orvalho.