Prévia do material em texto
6 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho Campus Abolicionista Joaquim Nabuco APPCC – SISTEMA DE ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (HACCP) ISO 22000 (FSSC 22000) CABO DE SANTO AGOSTINHO/PERNAMBUCO AGOSTO – 2024. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho Campus Abolicionista Joaquim Nabuco APPCC – SISTEMA DE ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (HACCP) ISO 22000 (FSSC 22000) Atividade entregue à Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho (UACSA), da Universidade Federal Rural do Cabo de Santo Agostinho (UFRPE), em cumprimento às exigências da disciplina Higiene e Segurança do Trabalho, ministrada pelo docente Alisson Castro do Nascimento. Graduandos: Aline Barbosa de Lima Silva, Érika da Silva Rocha, Marcelo Manoel de Barros, Marcio Roberto Serra Cadiz e Sthela Thaíse de Carvalho Silva. CABO DE SANTO AGOSTINHO/PERNAMBUCO AGOSTO – 2024 RESUMO A busca e o aperfeiçoamento pela qualidade dos alimentos, por exigência de consumidores e mercado, aumentam a procura por sistemas que possam proporcioná-la e, que também, sejam efetivos não só no quesito sanitário, mas na redução de perdas e no aumento da competitividade. O sistema APPCC vem ao encontro da satisfação dessas exigências, por ser um programa que tem como filosofia a prevenção e, por trabalhar junto a outros já utilizados, não desperdiçando pré-investimentos, ou seja, aproveitando os investimentos feitos em outros programas. Além disso, existem outras ferramentas de gestão da segurança de alimentos disponíveis no mercado que fazem uma abordagem no que há de mais recente em gestão de segurança de alimentos, a norma ISO 22.000 e a FSSC 22000. Para tal, foi realizada uma minuciosa revisão bibliográfica dos termos relacionados e das referidas normas ISO, do esquema de certificação FSSC 22000 e do sistema APPCC. Palavras-chave: APPCC, ISO 22000, FSSC 22000, Segurança de alimentos. ABSTRACT The search for and improvement in food quality, as demanded by consumers and the market, has increased the demand for systems that can provide this quality and that are also effective not only in terms of health, but also in reducing losses and increasing competitiveness. The HACCP system meets these demands, as it is a program that has prevention as its philosophy and, by working together with others already in use, does not waste pre-investments, that is, taking advantage of investments made in other programs. In addition, there are other food safety management tools available on the market that address the latest developments in food safety management, such as ISO 22000 and FSSC 22000. To this end, a thorough bibliographic review of related terms and the aforementioned ISO standards, the FSSC 22000 certification scheme and the HACCP system was carried out. Keywords: HACCP, ISO 22000, FSSC 22000, Food safety. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 6 1.1 OBJETIVO DO RELATÓRIO 6 1.2 IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA ALIMENTAR 6 1.3 VISÃO GERAL DO APPCC E ISO 22000 7 1.4 RELEVÂNCIA DA FSSC 22000 NO CONTEXTO GLOBAL 7 2 SISTEMA DE ANÁLISES DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (APPCC/HACCP) 8 2.1 DEFINIÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS 8 2.2 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DO APPCC 9 2.3 PRINCÍPIOS DO APPCC 9 2.3.1 Identificação de Perigos 9 2.3.2 Determinação dos Pontos Críticos de Controle (PCC) 10 2.3.3 Estabelecimento de Limites Críticos 11 2.3.4 Monitoramento dos PCCs 11 2.3.5 Ações Corretivas 12 2.3.6 Verificação 12 2.3.7 Documentação e Registros 12 3 ISO 22000 13 3.1 INTRODUÇÃO À ISO 22000 13 3.2 ESTRUTURA E REQUISITOS DA ISO 22000 13 3.2.1 Objetivo da ISO 22000 13 3.2.2 Principais Elementos da Norma ISO 22000:2005 14 3.2.3 Processo de Implementação 14 3.2.4 Vantagens da aplicação da ISO 22000 15 4 FSSC 22000 – CERTIFICAÇÃO E ESTRUTURA 15 4.1 O QUE É A FSSC 22000? 16 4.2 CERTIFICAÇÃO FSSC 22000 16 4.3 REQUISITOS ADICIONAIS DA FSSC 22000 17 4.4 BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO FSSC 22000 17 5 CONCLUSÃO 18 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19 1 INTRODUÇÃO 1.1 OBJETIVO DO RELATÓRIO A realização do presente estudo consiste em uma análise bibliográfica e documental, com o objetivo de apresentar os princípios para implantação do APPCC, ISO 22000 e FSSC 22000 e sua importância na indústria de alimentos. Este trabalho objetiva demonstrar como a implantação do APPCC no sentido de uma ferramenta de qualidade, pode garantir a qualidade dos produtos processados nas indústrias alimentícias. Pretende também promover uma revisão bibliográfica do sistema de gestão da segurança dos alimentos propriamente dito, bem como os princípios da ISO 22000 e suas formas de aplicação, fazendo a comparação entre os princípios do APPCC e ISO 22000. Por fim, é realizado um estudo aprofundado, sobre a norma FSSC 22000, seus principais requisitos (ABNT NBR ISO 22000:2019, ABNT NBR ISO/TS 22002-1:2012 e requisitos adicionais da certificação FSSC 22000) e sua implementação. O relatório é estruturado em seis seções para a apresentação do estudo, cuja relevância é mostrar todas essas ferramentas como um diferencial na indústria alimentícia, garantindo a qualidade e segurança do produto, proporcionando sua aceitação no mercado e atendendo às exigências nacionais e internacionais. 1.2 IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA ALIMENTAR Produzir um alimento seguro inclui o atendimento a legislações e adoção de metodologias de qualidade para análise de todo o processo de fabricação, prevenindo as causas de contaminação física, química ou microbiológica, que podem afetar a saúde do consumidor. As inovações e avanços da tecnologia trouxeram às indústrias alimentícias os desafios da globalização e concorrência no mercado externo e interno, sendo assim as indústrias também atribuíram maior preocupação com a segurança alimentar. Através dessas evoluções, as exigências dos órgãos federais e estaduais e da sociedade cresceram devido aos direitos do consumidor de ter acesso ao produto final devidamente saudável, estabelecendo assim normas e leis para obter a segurança do alimento. 1.3 VISÃO GERAL DO APPCC E ISO 22000 A Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC/HACCP) é considerada a principal ferramenta capaz de garantir a segurança, a qualidade e a integridade dos alimentos, através da prevenção dos perigos associados ao processo produtivo e da identificação de pontos que permitem o controle desses perigos, que podem ser químicos, físicos ou biológicos. A International Standard Organization (ISO) publicou em 2005 a norma ISO 22000 - Sistemas de gestão da segurança alimentar - Requisitos para qualquer organização que opere na cadeia alimentar. Esta norma permite às organizações demonstrar a sua capacidade para controlar os perigos e fornecer produtos finais seguros, que cumpram não só os requisitos acordados com os clientes, como os requisitos estatutários e regulamentares em matéria de segurança alimentar. 1.4 RELEVÂNCIA DA FSSC 22000 NO CONTEXTO GLOBAL A globalização da economia e a industrialização exercem um papel importante, devido à gama e variação de produtos e serviços distribuídos em escala mundial. Para alcançar os níveis de qualidade exigidos no atual contexto competitivo, se faz necessário que as empresas estejam preparadas para implementar, de forma rápida e satisfatória, todas as mudanças sociais, tecnológicas e econômicas do cenário no qual estão inseridas. A FSSC 22000 é um esquema de certificação do sistema de segurança de alimentos, que abrange os requisitos da ISO 22000, programa de pré-requisitos relevantes com base nas especificações técnicas do setor, conforme a categoria avaliada e requisitos adicionais do esquema FSSC. As certificações FSSC são reconhecidas no mercado mundial mais do que a ISO 22000, isso porque a FSSC, é cada vez mais, o sistema de preferência das organizações que procuram acessar o mercado exterior. 2 SISTEMA DE ANÁLISES DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (APPCC/HACCP) 2.1 DEFINIÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS O princípio fundamentalpara que uma empresa permaneça no mercado é satisfazer as necessidades dos consumidores. No entanto, é crucial garantir um serviço ou produto de alta qualidade e seguro que não cause danos aos clientes ou manipuladores, prevenindo contaminações ou acidentes. As empresas, portanto, estão investindo em programas de qualidade que ajudem a manter os padrões de qualidade. Das ferramentas disponíveis podemos citar a BPF (Boas Práticas de Fabricação), PPHO (Procedimentos Padrão de Higiene Operacional), MRA (Avaliação de Riscos Microbiológicos), Gerenciamento da Qualidade (Série ISO), TQM (Gerenciamento da Qualidade Total) e o Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). Este último tem sido recomendado pelos órgãos de fiscalização e usado em toda a cadeia produtiva de alimentos porque se baseia na racionalidade, prevenção e especificidade para controlar os riscos associados à qualidade sanitária dos alimentos. O APPCC é uma abordagem de controle de processo sistemático e científico que visa evitar problemas garantindo que os controles sejam aplicados em etapas específicas do sistema de produção de alimentos onde possam surgir situações de riscos ou críticas (BRASIL, 1998). Da sigla APPCC, o “AP” significa Análise de Perigos, e torna-se a parte principal do sistema, assim como a determinação dos PCCs que são os Pontos Críticos de Controle (DIAS; BARBOSA; COSTA, 2010 apud VERGARA, 2015, p. 99). O sucesso da melhoria do sistema APPCC, garantindo a qualidade e segurança do alimento, depende do comprometimento da alta direção, do envolvimento e do treinamento de todos os funcionários da empresa. A qualidade do processo industrial depende da qualidade dos fornecedores de matéria prima, da inspeção de coleta, do armazenamento, da aprovação de materiais e insumos, do cumprimento de procedimentos e roteiros de produção, da higienização adequada de instalações e equipamentos e do controle rigoroso do processo por funcionários capacitados. 2.2 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DO APPCC O sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), cuja sigla original em inglês é HACCP (Hazard Assessment and Critical Control Points), começou em indústrias químicas na Grã-bretanha nos anos 50. Nos anos 60 e 70, foi amplamente utilizado em plantas de energia nuclear. Após um pedido da NASA, a Pillsbury Company modificou o sistema, para que não houvesse nenhum problema com os astronautas relativo a enfermidades transmitidas por alimentos (ETA) e equipamentos (migalhas de alimentos) em pleno vôo. No Brasil o sistema APPCC foi introduzido na década de 1990 pelo Serviço de Inspeção de Pescados e Derivados - SEPES, órgão do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária - MARA, atual Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA (BRUM, 2004). Em 1993, a Portaria nº 1.428, do Ministério da Saúde, estabeleceu a obrigatoriedade e os procedimentos para a implantação do sistema nas indústrias de alimentos (BRASIL, 1993). 2.3 PRINCÍPIOS DO APPCC Sete princípios fundamentais para a implementação do APPCC foram definidos pela Portaria 46 do MAPA de 10 de fevereiro de 1998: identificação de risco, identificação de ponto crítico, estabelecimento do limite crítico, monitoramento, ações corretivas, procedimentos de verificação e registros de resultados (BRASIL, 1998). 2.3.1 Identificação de Perigos Este princípio serve como base para a identificação de PCCs e PCs. O objetivo é identificar perigos relevantes e estabelecer medidas preventivas adequadas. Os perigos são identificados usando dados como o histórico dos produtos e consultas bibliográficas, entre outras ferramentas. A atenção é dada aos elementos que podem representar perigo de qualquer tipo. Todas as matérias-primas, ingredientes e etapas são avaliados e, se não for possível eliminar, prevenir ou diminuir o perigo por meio de medidas preventivas, o fluxograma deve ser alterado. 2.3.2 Determinação dos Pontos Críticos de Controle (PCC) Os PCCs são pontos caracterizados como realmente críticos à segurança, e devem ser restritos ao mínimo possível. Para determinação de PCCs e PCs uma árvore decisória deverá ser utilizada, e encontra-se disponível em várias literaturas e manuais sobre APPCC (FORSYTHE, 2002). Os pontos considerados como PCCs, devem ser identificados e enumerados no fluxograma. Figura 1 – Árvore Decisória para determinação do PC e PCC. Fonte: BRASIL, 1998. Figura 2 - Árvore Decisória para ingredientes/matéria-prima. Fonte: Mortinore e Walllace, 1996. 2.3.3 Estabelecimento de Limites Críticos São valores (máximo e/ou mínimo) que representam a acessibilidade de cada medida preventiva monitorada pelo PCC e estão relacionados a medidas como tempo, temperatura, pH e acidez titulável. Como forma de reduzir a probabilidade de desvios, algumas empresas usam limites de segurança, também conhecidos como faixa de trabalho, que são padrões mais rígidos em comparação com limites críticos. 2.3.4 Monitoramento dos PCCs A primeira coisa a fazer é decidir o que monitorar, quando, como e quem será responsável por isso, bem como quem precisa ser treinado e capacitado. O monitoramento é a medição ou observação esquematizada de um PCC em relação a seus limites críticos. As técnicas usadas devem ser capazes de identificar perdas de controle do PCC e fornecer informações rápidas para correção (FORSYTHE, 2002). Os métodos de monitoramento devem ser fáceis e de rápida mensuração, já que não haverá tempo para exames analíticos extensos, por isso são preferidos testes químicos (acidez titulável) e físicos (tempo/temperatura) já que os microbiológicos, com exceção de alguns testes rápidos que geralmente são limitados a algumas etapas, são muito demorados. Toda monitorização gera documento associado a cada PCC e deve ser assinado pelas pessoas que executam esta tarefa e pelos supervisores e responsáveis da empresa. 2.3.5 Ações Corretivas Cada PCC deve desenvolver ações corretivas específicas para controlar qualquer desvio dos limites críticos ou da faixa de segurança, bem como para garantir a segurança do processo. Estas ações incluem ajustar a temperatura e destruir um lote de produto. 2.3.6 Verificação Para garantir a segurança total do processo, todos os procedimentos anteriores são revisados. A verificação inclui o uso de procedimentos em conjunto com a monitorização. Um exemplo desses procedimentos são as análises microbiológicas tradicionais, que, embora demoradas, são mais seguras e estão autorizadas pela legislação. Esta ação deverá ser conduzida rotineiramente ou aleatoriamente para assegurar que os PCCs estão sob controle e que o plano APPCC é cumprido; quando há eventuais dúvidas sobre a segurança do produto ou, que ele tenha sido implicado como veículo de doenças e para validar as mudanças implementadas no plano original. Em relatórios de verificação devem constar todos os registros já efetuados, os de monitorização, de desvios de ações corretivas, de treinamento de funcionários, entre outros. A verificação permite também, avaliar se algumas determinações estão sendo muito rigorosas, fora da realidade ou desnecessárias. 2.3.7 Documentação e Registros Todos os documentos (ex.: análise de perigos) ou registros (ex.: atividades de monitoramento dos PCCs) gerados ou utilizados (ex.: material para subsídio técnico) devem ser catalogados e guardados, tomando cuidado para não fazer o mesmo com documentos desnecessários. É fundamental que estes documentos sejam organizados e arquivados em um local de fácil acesso para que a equipe se sinta comprometida e responsável. Isso também facilitará uma auditoria. Relatórios de auditoria do cliente, registros de desvios e ações corretivas e registros de treinamento são exemplos adicionais de documentos e registros. Se for necessário fazer uma observação, os princípios 6 e 7 mudam de ordem quando se trata de validação ou auditorias do plano APPCC. 3 ISO 22000 3.1 INTRODUÇÃO À ISO 22000 O processo de garantia da qualidade e da segurança dos alimentos depende de sistemas de gestão de qualidade e segurançaalimentar. Assim, é cada vez mais comum que as organizações se perguntem sobre qual referencial de segurança alimentar implementar e se será necessário implementar. Em seguida, eles certificam todos os referenciais existentes no mercado para garantir a segurança alimentar e atender às expectativas dos clientes. Com a globalização e a internacionalização das empresas, escolher o referencial para implementação e reconhecimento tornou-se uma questão complicada. Isso pode levar uma organização a vários sistemas certificados para o mesmo objetivo - a segurança alimentar. É neste contexto que, em Setembro de 2005, a ISO (International Standard Organization) e o CEN (European Comitte for Standardization) publicaram um referencial também ele auditável e que permite a certificação - EN ISO 22000:2005 Food Safety Management systems - Requirements for any organization in the food chain. Este referencial integra os requisitos do sistema de gestão da ISO 9001:2000 e a metodologia HACCP. A versão portuguesa, NP EN ISO 22000:2005 Sistemas de gestão da segurança alimentar - Requisitos para qualquer organização que opere na cadeia alimentar, foi publicada no final de 2005. 3.2 ESTRUTURA E REQUISITOS DA ISO 22000 3.2.1 Objetivo da ISO 22000 A ISO 22000 tem como objetivo fornecer uma ferramenta de base para sistemas de certificação que se estendam além dos limites nacionais. O objetivo é reduzir a variedade de sistemas existentes para gerenciar a segurança de alimentos. A ISO 22000:2005 foi lançada com o objetivo principal de complementar a abordagem global centrada na satisfação dos clientes da ISO 9001:2000, focando na segurança alimentar dos produtos e serviços oferecidos, em vez de substituí-la. No entanto, a ISO 9001:2000 foi ultrapassada pela ISO 22000:2005 por algumas organizações. São requisitos da ISO 22000:2005 a conformidade com a metodologia HACCP e o cumprimento integral da legislação em vigor. A implementação desta norma implica também o cumprimento dos requisitos do cliente em matéria de segurança alimentar e acrescenta a promoção da melhoria contínua. Uma organização pode confirmar o cumprimento destes requisitos através da certificação do seu sistema de gestão da segurança alimentar, de acordo com a ISO 22000:2005, por um organismo certificador competente. 3.2.2 Principais Elementos da Norma ISO 22000:2005 Cada produtor organizacional de alimentos deve demonstrar habilidade em identificar os perigos para garantir que os alimentos permaneçam seguros até o momento do consumo, de acordo com esta norma. Esses cinco elementos - gestão do sistema, comunicação interativa, programa de pré-requisitos, rastreabilidade e plano HACCP - são considerados essenciais para um sistema de segurança de alimentos. Isso se aplica a todos os organizadores que participam de qualquer etapa da cadeia alimentar. A norma em questão tem uma estrutura semelhante à da série ISO 9001, o que permite uma fácil integração se uma organização já tiver um SGQ baseado nessa norma. Isso também ajuda a reduzir os custos porque a adoção e implementação de várias normas na mesma empresa pode resultar em custos mais altos. 3.2.3 Processo de Implementação Por implementação entende-se a avaliação do cumprimento dos requisitos estabelecidos na documentação e no planejamento do sistema feito pela empresa. A adequação e a implementação são avaliadas, de maneira formal e evidenciável na prática, por meio de uma auditoria externa, independente, realizada por um Organismo acreditado de Avaliação da Conformidade. Tais organismos são acreditados por entidades de acreditação, seguindo as regras do International Accreditation Forum (IAF). No caso do Brasil, o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia Legal) é a entidade brasileira de acreditação (INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL, 2007). No Brasil, a representante oficial da International Organization for Standardization é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), responsável pela tradução e divulgação das normas. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006). 3.2.4 Vantagens da aplicação da ISO 22000 A norma ISO 22000 tem como objetivo melhorar os níveis de qualidade, segurança, confiabilidade e eficácia para aumentar a satisfação e a segurança do consumidor e oferecer vantagens significativas às empresas em termos econômicos. A produção, a fabricação e a distribuição de produtos são mais eficientes e seguras com as normas. Além disso, facilitam as transações internacionais porque fornecem uma base técnica sólida para as leis de saúde, segurança e ambiente (Associação Portuguesa de Certificação, 2006). Em suma, a implementação de normas é hoje em dia imprescindível para garantir o padrão de qualidade e segurança nos diversos produtos, processos e/ou serviços. Entre as várias vantagens da normalização destacam-se as seguintes: utilização adequada de recursos; uniformidade do trabalho; melhoria da qualidade; aumento da eficiência da produção; aumento do nível de fiabilidade; vantagens econômicas para as empresas; segurança de pessoas e bens; proteção dos interesses do consumidor (Batista et al., 2003). 4 FSSC 22000 – CERTIFICAÇÃO E ESTRUTURA 4.1 O QUE É A FSSC 22000? A FSSC 22000 é um esquema de certificação, composto pela junção das Normas ABNT NBR ISO 22000:2006 – Sistemas de Gestão da Segurança de Alimentos – Requisitos para Qualquer Organização na Cadeia Produtiva de Alimentos, ABNT ISO/TS 22002-1 – Programa de Pré-Requisitos na Segurança de Alimentos. Parte 1: Processamento Industrial de Alimentos e requisitos adicionais da própria FSSC 22000 que vêm sendo complementados a cada atualização de versão (Martins, 2015). A FSSC 22000 auxilia na definição de processos e demonstra um controle consistente por parte da empresa, sobre os perigos identificados, adaptação às mudanças no processo e na atualização e melhoria do sistema. Independente do porte da empresa ou complexidade, a norma agrega valor real às organizações e uniformiza o campo de atuação de fornecedores e compradores ao longo da cadeia de alimentos e em todo o mundo (SGS, 2014). 4.2 CERTIFICAÇÃO FSSC 22000 O sistema de gestão inicial é certificado em duas fases de auditoria. Na primeira etapa, o SGSA e o plano HACCP são revisados, incluindo todos os requisitos. Na segunda etapa, os PCCs, PPROs e PPRs são revisados para verificar a implementação e a eficácia do sistema. Se a auditoria for bem-sucedida, é emitido um certificado com validade de três anos. Em seguida, são realizadas auditorias de supervisão duas vezes por ano. Uma auditoria de recertificação é realizada a cada três anos, no qual todo o sistema é revisado (Foundation FSSC 22000, 2016). Quando uma empresa certificada na ISO 22000 pretende obter a certificação FSSC 22000, não necessita passar pelas fases 1 e 2 da auditoria. A auditoria de transição é combinada com uma auditoria de acompanhamento da ISO 22000 ou de uma auditoria de recertificação. Esta auditoria deve incluir a ISO 22000, o PPR do setor e os requisitos adicionais da FSSC 22000. A validade do certificado FSSC 22000 corresponderá à validade do certificado ISO 22000, a qual não pode ser superior a 3 anos (Foundation FSSC 22000, 2014b). 4.3 REQUISITOS ADICIONAIS DA FSSC 22000 Os requisitos adicionais da FSSC 22000, ou seja, que não são contemplados pela ABNT NBR ISO 22000:2006 e/ou ISO/TS 22002 são: As organizações devem ter uma lista de requisitos estrangeiros (internacionais), reguladores e estatutários de segurança de alimentos, incluindo matérias-primas; serviços oferecidos; e produtos fabricados e entregues. Além disso, o fabricante deve cumprir os códigos de práticas de segurança de alimentos e quaisquer outros requisitos de segurança de alimentos que o cliente determinar; O sistema de segurança de alimentos deve assegurar e demonstrar conformidade com estes requisitos; Além disso, a organização deve garantir que todos os serviços (incluindo transporte, utilidade e manutenção) que possam afetar a segurança dos alimentos possuam requisitos específicos,sejam descritos em documentos dentro do âmbito necessário para a realização da análise de perigos e sejam administrados de acordo com os requisitos da ISO/TS 22002; A organização deve assegurar que o pessoal receba supervisão eficaz para a aplicação dos princípios de segurança do alimento e práticas relativas a suas atividades. 4.4 BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO FSSC 22000 Há benefícios para todos os envolvidos na cadeia de abastecimento, em busca da certificação como forma de demonstrar o cumprimento dos requisitos legais e de segurança de alimentos da indústria, promovendo assim a confiança do cliente e acesso ao mercado. Segundo a própria organização GFSI (2011), há fortes evidências de que as empresas certificadas apresentam margens mais elevadas através de ganhos de eficiência, resultantes da aplicação dos requisitos definidos por uma das normas. As empresas certificadas também são capazes de mostrar consistência em seus respectivos processos em diferentes países e continentes, o que, por sua vez, facilita o comércio internacional, reduz custos e a duplicação, aumenta a confiança de clientes e auxilia no fornecimento de produtos alimentícios seguros para o consumidor. Para os governos, a certificação de terceira parte, que é financiado pelas próprias indústrias de alimentos, é bem-vindo, já que fornece um panorama que permite a redistribuição de recursos para áreas que necessitam de mais atenção, além da garantia do cumprimento da legislação e o compromisso das empresas para controlar e gerenciar os riscos de segurança de alimentos. E para os varejistas e os consumidores finais, a garantia de que uma verificação minuciosa do processo ocorreu (GFSI, 2011). 5 CONCLUSÃO O estudo com a metodologia sistemática do APPCC nos proporciona distinguir os pontos de controle dos pontos críticos de controle. Os pontos críticos de controle devem ser analisados e tomados às medidas corretivas necessárias para a contenção dos perigos, enquanto os pontos críticos de controle além de controlados devem ser monitorados rigorosamente, pois são pontos fundamentais de possíveis contaminações com consequências severas para a saúde humana. No presente trabalho, observou-se que a norma ISO 22000 é uma ferramenta essencial, visto que estabelece os princípios do sistema de gestão alimentar e permite colocar em ação os princípios do HACCP, em complemento de uma estrutura de gestão que pode e deverá ser introduzida com facilidade nos demais procedimentos das empresas. O principal objetivo da implementação da norma ISO 22000:2005 é a obtenção da certificação por uma entidade externa internacionalmente reconhecida, comprovando deste modo que o sistema de gestão de segurança alimentar cumpre com os requisitos da norma. O esquema FSSC 22000 surgiu a partir da necessidade de grandes organizações, como uma forma de demonstrar num formato internacionalmente compreendido que uma empresa possui um sistema integrado de gestão que é capaz de atender requisitos legais e de clientes. Ela é composta pela ISO 22000, Programa de Pré-Requisitos e Requisitos Adicionais. Foi relacionada a importância de sua aplicação com a segurança de alimentos, através da explanação detalhada dos benefícios da implantação da norma para a segurança do alimento, colaborando com os interesses da empresa e partes interessadas e de todo o processo de certificação. Portanto, tendo em vista que os países buscam cada vez mais mecanismos para garantir a segurança e saúde do consumidor, prezando por produtos de origem confiável e com controles rigorosos no que diz respeito à qualidade e segurança dos alimentos, conclui-se que para as indústrias de alimentos que querem expandir seu mercado interno ou iniciar atividades no mercado externo, a certificação FSSC 22000, ISO 22000 e o sistema APPCC se fazem muito importantes ou até mesmo essenciais. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (ABNT). NBR ISO 22000: Sistemas de gestão da segurança de alimentos - requisitos para qualquer organização na cadeia de alimentos. Rio de Janeiro, 2006. 35р. Associação Portuguesa de Certificação. 2006. Guia interpretativo NP EN ISO 22000:2005. APCER. Leça da Palmeira. Portugal. Batista P., Pinheiro G., Alves P. 2003. Sistemas de Gestão de Segurança Alimentar. Forvisão - Consultoria em formação integrada, Lda. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 46, de 10 de fevereiro de 1998. Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC a ser implantado, gradativamente, nas indústrias de produtos de origem animal sob o regime do Serviço de Inspeção Federal - SIF, de acordo com o Manual Genérico de Procedimentos. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 16 de março de 1998. Seção 1, p. 24. Disponível em: . Acesso em: 15 de ago. 2024. Brasil. (1993) Portaria nº 1.428/MS, de 26 de novembro de 1993- Aprova o regulamento técnico para inspeção sanitária de alimentos, diretrizes para o estabelecimento de boas práticas de produção e de prestação de serviços na área de alimentos e regulamento técnico para o estabelecimento de padrão de identidade e qualidade para serviços e produtos na área de alimentos. Disponível em: . Acesso em: 15 de ago. 2024. Brum, J. V. F. (2004). Análise de perigos e pontos críticos de controle em indústria de laticínios de Curitiba - Dissertação (Mestre em Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 129 p. FORSYTHE, S. J. Microbiologia de segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2002. 424 p. Foundation FSSC 22000 (2016). Strengths and Benefits FSSC 22000. Foundation for Food Safety Certification. Netherlands. FSSC. Food Safety System Certification 22000: Certification scheme for food safety systems in compliance with ISO 22000:2005 and technical specifications for sector PRPs. GFSI. Enhancing Food Safety Through Third Party Certification: Overview of GFSI and Accredited Certification. 2011. Disponível em: . Acesso em: 15 de ago. 2024. INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL (INMETRO). Disponível em: . Acesso em: 15 de ago. 2024. Martins, V. (2015). Certificação FSSC 22000 em indústrias de alimentos. Revista de Tecnologias, 7(1). Mortimore, S. & Wallace, C. (1996). HACCP: enfoque prático, Zaragoza: Acribia, 291 p. SGS. ISO 22000: Soluções em auditorias, certificação e treinamento em segurança do alimento. Disponível em: . Acesso em: 15 de ago. 2024. VERGARA, C. M. A. C. Gestão da qualidade na área de alimentos. NUTRIVISA. v.2, n.3, p. 99-100, 2015, 2016. Disponível em: . Acesso em: 15 de ago. 2024. image3.png image4.png image1.png image2.png