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<p>Relações Estatais, Meio Ambiente e Sustentabilidade</p><p>PODER ADMINISTRATIVO – PARTE 02</p><p>E</p><p>AGENTES PÚBLICOS</p><p>PODERES ADMINISTRATIVOS</p><p>6. Delegação do Poder de Polícia aos Particulares</p><p>Não é possível delegar o poder de polícia aos particulares. Inclusive, o art. 4º, III, da Lei das Parcerias Público-Privadas (Lei n. 11.079/2005) estabelece que não pode ser objeto de contrato de PPP o exercício do poder de polícia, por consistir em transferir para particulares essa atividade estatal.</p><p>Por que não?</p><p>Porque o Estado, para praticar os atos que decorrem do poder de polícia, age com seu poder de império, sua supremacia. E o particular não tem esse poder. Se fosse admitido, seria o mesmo que repassar ao particular o poder de império do Estado.</p><p>Carvalho Filho entende que a atividade fiscalizatória é mera constatação de fatos, passível de delegação aos particulares, a exemplo da operacionalização material de máquinas em triagem realizada em aeroportos, por pessoas privadas, mediante contrato, para detectar eventual porte de objetos ilícitos ou proibidos. É também possível que particulares sejam encarregados de praticar ato material SUCESSIVO/ POSTERIOR a ato jurídico de polícia. Como, por exemplo, a demolição/implosão de uma obra irregular. Nesse caso, o estado pode não ter tecnologia para fazer a implosão. Assim, contrata uma empresa privada que o faz. É um simples ato material de execução de um ato (ordem) administrativo anterior.</p><p>O STF, sentido diverso, fixou a seguinte tese:</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.</p><p>É importante saber esta posição: José dos Santos Carvalho Filho (2011) entende que inexiste qualquer vedação constitucional para que pessoas administrativas de direito privado possam exercer o poder de polícia na modalidade fiscalizatória. Entende o autor que não lhes cabe, é claro, o poder de criação das normas restritivas de polícia. Mas deve ser verificado o preenchimento de três condições:</p><p>• a entidade deve integrar a estrutura da administração indireta;</p><p>• competência delegada conferida por lei;</p><p>• somente atos de natureza fiscalizatória.</p><p>7. Polícia Administrativa e Polícia Judiciária</p><p>A polícia administrativa e a polícia judiciária são expressões do poder de polícia, ambas voltadas ao interesse público. O que efetivamente distingue as duas espécies de polícia é que a polícia administrativa visa impedir ou paralisar atividades antissociais, enquanto a polícia judiciária visa à responsabilização daqueles que cometem ilícito penal.</p><p>A polícia administrativa visa assegurar a observância dos limites impostos pelo Estado para o exercício de direitos, podendo ser por meio de atos de fiscalização, prevenção ou repressão. A polícia judiciária tem por função auxiliar a atuação do Poder Judiciário. Quando ocorre um crime, ela realiza o inquérito policial e repassa as provas colhidas ao Poder Judiciário, ao qual caberá aplicar a lei penal.</p><p>A polícia administrativa atua preventivamente, visando evitar que danos aconteçam à sociedade. No entanto, os agentes de polícia administrativa também agem repressivamente, quando, por exemplo, interditam um estabelecimento comercial ou apreendem bens obtidos por meios ilícitos.</p><p>A atuação da polícia administrativa incide sobre BENS, ATIVIDADES E DIREITOS. Sua conduta é regida por normas administrativas.</p><p>A polícia judiciária, em princípio, atua repressivamente, realizando investigação de crimes já ocorridos. Essa atividade é desenvolvida por órgãos especializados, a exemplo da polícia federal e da polícia civil, entre outras corporações que eventualmente tenham essa atribuição conferida pelo art. 144 da Constituição Federal. Entretanto, ela pode também atuar de maneira preventiva, evitando que crimes venham a ocorrer ou, até mesmo, nas fronteiras e aeroportos, tendo um caráter mais ostensivo.</p><p>É interessante trazer um trecho do voto do Min. Barroso:</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>Não se pode associar poder de polícia, cuja competência é fixada legalmente a partir dos parâmetros constitucionais incidentes em cada caso, com a instituição da polícia, à qual a Constituição atribuiu, com exclusividade, a promoção da segurança pública. A propósito, vale lembrar algumas das inúmeras hipóteses em que o poder de polícia é exercido por órgãos ou entidades não policiais, muitas vezes das três esferas da federação: poder de polícia sanitário, poder de polícia para proteção do patrimônio público, poder de polícia para proteção do meio ambiente, poder de polícia de consumo, poder de polícia alfandegário e poder de polícia tributário. As atividades de poder de polícia, distintas que são, portanto, das de segurança pública, podem ser exercidas por diferentes órgãos e entes estatais. Não há imposição constitucional ao seu exercício apenas por agentes policiais. A segurança pública é que foi limitada, pelo art. 144 da Constituição, às polícias federais e estaduais, com possibilidade de atuação das guardas municipais somente para proteção de bens, serviços e instalações do Município.</p><p>AGENTES PÚBLICOS</p><p>De um modo geral, os agentes públicos são todos aqueles que exercem alguma função pública, não importando o vínculo. Pode ser servidor estatutário, um “celetista”, um estagiário, um terceirizado. Enfim, se está exercendo atividade administrativa é agente público. Inclusive, temos um conceito de agente público na Lei de Improbidade administrativa (Lei n. 8429/1992). Vejamos:</p><p>Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de cooperação ou ajuste administrativo equivalente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)</p><p>1ª corrente: em que os agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitivamente ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal: (É a corrente mais tradicional de Hely Lopes Meirelles)</p><p>a) AGENTES POLÍTICOS: são os componentes do Governo nos seus primeiros escalões, para o exercício de atribuições constitucionais. Atuam com plena liberdade funcional, desempenham suas atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas na CF e em leis esparsas. Não estão hierarquizados, sujeitando-se apenas aos graus e limites constitucionais impostos. Têm plena liberdade funcional, ficando a salvo de responsabilização civil por seus eventuais erros de atuação, a menos que tenham agido com culpa grosseira, má-fé ou abuso de poder. Ex: Chefes do Executivo e seus auxiliares (Ministros e Secretários); Membros das Corporações Legislativas (Senadores, Deputados e Vereadores); membros do Poder Judiciário (magistrados); membros do MP; membros dos Tribunais de Contas; representantes diplomáticos e demais autoridades do alto escalão.</p><p>b) AGENTES ADMINISTRATIVOS: são os servidores públicos, com maior ou menor grau de hierarquia, encargos e responsabilidades profissionais dentro do órgão ou da entidade a que servem. São os servidores públicos concursados, servidores exercentes de cargo em comissão, servidores temporários.</p><p>c) AGENTES HONORÍFICOS: são cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar, transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica, sua honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional, mas sem qualquer vínculo</p><p>empregatício ou estatutário e, normalmente, sem remuneração. Ex: função de jurado; mesário eleitoral.</p><p>d) AGENTES DELEGADOS: são particulares que recebem a incumbência da execução de determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e permanente fiscalização do agente. Ex: concessionários e permissionários de obras e serviços públicos; serventuários de ofícios e cartórios;</p><p>e) AGENTES CREDENCIADOS: são aqueles que recebem a incumbência de representar a Administração em prática de determinado ato ou para praticar determinada atividade específica mediante remuneração.</p><p>2ª corrente: os Agentes Públicos são de 4 espécies (É a corrente mais moderna de Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Z Di Pietro):</p><p>a) AGENTES POLÍTICOS: são os titulares dos cargos estruturais à organização do País, sendo os ocupantes dos cargos que compõe o arcabouço constitucional do Estado. Sua função é formar a vontade superior do Estado. Para esses autores somente são agentes políticos o Presidente e Vice, os Governadores e Vices, os Prefeitos e Vices, os auxiliares diretos como os Ministros e Secretários, e mais os Senadores, Deputados Federais e Estudais, e ainda os Vereadores.</p><p>b) SERVIDORES PÚBLICOS: são todos que se ligam ao Estado ou às entidades da Administração Indireta com vínculo empregatício. Incluem-se aí os servidores propriamente ditos, regidos pelo regime estatutário, empregados regidos pela CLT e os contratados temporariamente (Lei n. 8.745/1993)</p><p>c) MILITARES: abrange os militares das forças armadas e os militares dos Estados e do DF (art. 42, CF). São servidores estatutários sujeitos a regime jurídico próprio.</p><p>d) PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O PODER PÚBLICO: são as pessoas físicas que prestam serviço ao Estado, com ou sem vínculo empregatício, compreendendo: - Os empregados das concessionárias de serviços públicos, os notários e registradores (art. 236, CF)- Os requisitados, nomeados e designados para funções públicas, tais como jurados, mesários, os convocados para o serviço militar, comissários de menores;</p><p>TEORIA DO ÓRGÃO - Esta é a teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro. Segundo esta teoria, o agente ocupa um órgão que integra um organismo maior. O agente público faz parte do Estado, ele PRESENTA o Estado. Dessa forma, onde estiver presente o agente, estará presente o Estado. De acordo com essa teoria, “a pessoa jurídica manifesta a sua vontade por meio dos órgãos, de tal modo que quando os agentes que os compõem manifestam a sua vontade, é como se o próprio Estado o fizesse; substitui a ideia de representação pela de imputação.</p><p>Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2012), “são servidores públicos, em sentido amplo, as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos”. Perceba que essa expressão é espécie de agentes públicos, mas é gênero em relação as categorias abaixo:</p><p>Servidores Estatutários - São pessoas físicas ocupantes de cargo público, contratadas sob o regime estatutário. Art. 37, V, CF 88.</p><p>Empregados Públicos - São pessoas físicas ocupantes de emprego público contratadas sob o regime celetista, “assim qualificados porque as regras disciplinadoras de sua relação de trabalho são as constantes da Consolidação das Leis do Trabalho”.</p><p>Servidores Temporários - A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público, conforme estabelece o art. 37, IX da CR/88. Esses servidores exercem função pública, sem estarem vinculados a cargo ou emprego público. Observe que esses servidores são contratados para exercer funções temporárias, por meio de um regime jurídico especial disciplinado em lei de cada ente federado. Perceba que, da leitura do texto constitucional, há o caráter de excepcionalidade de tais agentes públicos. Importante observar que o STJ expressamente admitiu a contratação temporária de servidor por excepcional interesse público, para a atividades de caráter permanente.8 De acordo com o STF, na tese de repercussão geral fixada no RE 1066677, os servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e férias remuneradas acrescidas do terço constitucional, salvo (I) expressa previsão legal e/ou contratual em sentido contrário, ou (II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela Administração Pública, em razão de sucessivas e reiteradas renovações e/ou prorrogações.</p><p>MILITAR - Os militares são as pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas, isto é, à Marinha, Exército e Aeronáutica, além daqueles que prestam serviços às polícias militares e corpos de bombeiro dos estados. Estes são os chamados militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios.</p><p>Art. 142, §3º da CR/88. - Os membros das Forças Armadas são denominados militares:</p><p>a) O militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei;</p><p>b) Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;</p><p>c) Aplicam-se ao Militar as regras do teto remuneratório;</p><p>d) Aplica-se também a vedação a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;</p><p>e) Ademais, aplica-se a regra constitucional que afirma que os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.</p><p>REGIMES JURÍDICOS FUNCIONAIS</p><p>REGIME ESTATUTÁRIO - O primeiro regime jurídico que merece ser estudado é o regime jurídico estatutário, o qual é “o conjunto de regras que regulam a relação jurídica funcional entre o servidor público estatutário e o Estado”.</p><p>REGIME ESPECIAL - Os servidores temporários possuem com o Poder Público uma relação jurídica funcional. Perceba que o texto da Constituição da República, no art. 37, IX, diz que “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. Ora, perceba que, por meio desse artigo constitucional, há de se entender que a relação jurídica funcional existente entre o servidor temporário e o Poder Público é de natureza contratual. Veja que o contrato não é um contrato de trabalho, mas um contrato de direito administrativo, o qual estabelece “um vínculo de trabalho subordinado entre a Administração e o servidor”.</p><p>ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL</p><p>QUADRO FUNCIONAL, CARREIRAS, CLASSES E CARGOS QUADRO FUNCIONAL - é a reunião de carreiras, cargos isolados e funções públicas remuneradas que integram o mesmo órgão ou a mesma pessoa jurídica. Por sua vez, CARREIRA é a reunião de classes funcionais em que os seus servidores integrantes irão percorrer no que se constitui a progressão funcional. As CLASSES funcionais são a reunião de cargos de mesma atribuição. Por fim, os CARGOS são as menores unidades integrantes de um órgão. Há os cargos de carreira, aqueles que integram as classes funcionais; há também os cargos isolados, aqueles que não possibilitam a progressão funcional do servidor.</p><p>CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA - De acordo com o art. 3º da Lei nº 8.112/90, cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Perceba, portanto, que cargo público é o local dentro da organização funcional dos entes federados e suas autarquias e fundações que, ocupados por um servidor, tem atribuições específicas e terá uma remuneração fixada em lei. Por sua vez, a expressão “função pública” é utilizada de diversas formas pela administração pública. Atualmente, de acordo com a Constituição da República de 1988, função pública pode ser:</p><p>a) “A atividade em si mesma, ou seja, função é sinônimo de atribuição e corresponde às inúmeras tarefas que constituem o objeto</p><p>dos serviços prestados pelos servidores públicos”27</p><p>b) A função temporária a ser exercida pelos servidores temporários, nos termos do art. 37, IX da CR/88. Importante dizer que para provimento dessa função não é necessário concurso público, mas, apenas, um processo seletivo simplificado.</p><p>c) A função de confiança, correspondente a chefia, direção e assessoramento. De acordo com o art. 37, V da CR/88, as funções de confiança serão exercidas, exclusivamente, por servidores titulares de cargos efetivos. Ademais, é necessário explicar o termo “emprego”. Esta expressão serve para identificar a relação trabalhista existente entre um empregado público e o Poder Público.</p><p>INVESTIDURA: NOMEAÇÃO, POSSE E EXERCÍCIO - A investidura é o conjunto de atos do Poder Público e do particular, no intuito de permitir o provimento do cargo público de forma legítima. Em outras palavras, a investidura constitui-se da nomeação, da posse e do exercício. É por meio da nomeação que ocorre o provimento originário de um cargo público. Por sua vez, a posse é o ato da investidura pelo qual ficam delegados aos servidores os direitos, os deveres e as prerrogativas do cargo.</p><p>O ato da posse completa a investidura, afinal, é o momento em que os servidores assumem a obrigação do fiel cumprimento das atribuições e deveres a eles delegadas28 . Por fim, o exercício, de fato, é o efetivo desempenho das funções atribuídas ao cargo ocupado pelo servidor.</p><p>ESTABILIDADE - CONCEITO E REQUISITOS - Estabilidade é o direito do servidor de exercer suas atribuições sem perturbações externas. Perceba que o art. 41 da CR/88 estabeleceu determinados requisitos para a aquisição da estabilidade.</p><p>image5.png</p><p>image6.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p>

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