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<p>71</p><p>Q</p><p>ue</p><p>st</p><p>õe</p><p>s</p><p>de</p><p>v</p><p>es</p><p>ti</p><p>bu</p><p>la</p><p>r</p><p>6. (UFG-GO) Leia o trecho a seguir.</p><p>Um velho Timbira, coberto de glória,</p><p>Guardou a memória</p><p>Do moço guerreiro, do velho Tupi!</p><p>E à noite, nas tabas, se alguém duvidava</p><p>Do que ele contava,</p><p>Dizia prudente: – “Meninos, eu vi!”</p><p>“Eu vi o brioso no largo terreiro</p><p>Cantar prisioneiro</p><p>Seu canto de morte, que nunca esqueci:</p><p>Valente, como era, chorou sem ter pejo;</p><p>Parece que o vejo,</p><p>Que o tenho nest’hora diante de mi.</p><p>“Eu disse comigo: que infâmia d’escravo!</p><p>Pois não, era um bravo;</p><p>Valente e brioso, como ele, não vi!</p><p>E à fé que vos digo: parece-me encanto</p><p>Que quem chorou tanto,</p><p>Tivesse a coragem que tinha o Tupi!”</p><p>Assim o Timbira, coberto de glória,</p><p>Guardava a memória</p><p>Do moço guerreiro, do velho Tupi!</p><p>E à noite nas tabas, se alguém duvidava</p><p>Do que ele contava,</p><p>Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”</p><p>DIAS, Gonçalves. I-Juca Pirama seguido de Os Timbiras.</p><p>Porto Alegre: LP&M Pocket, 2007. p. 28.</p><p>A respeito do canto transcrito, correspondente à parte</p><p>final de I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, responda:</p><p>a) Por que o guerreiro Tupi, prisioneiro dos Timbiras</p><p>no passado, parece ainda mais heroico na fala do ve-</p><p>lho que narra a história do que ao longo do poema?</p><p>Tupi, o último descendente de sua tribo, foi aprisionado por uma tribo</p><p>inimiga, Timbira, e um dos nativos dessa tribo narra a história do</p><p>guerreiro Tupi, de forma a evidenciar sua honra e coragem e, assim,</p><p>concedendo mais valorização ao índio.</p><p>b) Que efeito produz a sentença “Meninos, eu vi!”,</p><p>repetida duas vezes no poema?</p><p>A repetição da expressão “eu vi” enfatiza o que é dito pelo índio, como</p><p>forma de dar mais veracidade ao que ele conta, por estar presente no</p><p>momento em que tudo ocorreu.</p><p>7. (UEPG-PR)</p><p>Canto IX – I Juca Pirama</p><p>O guerreiro parou, caiu nos braços</p><p>Do velho pai, que o cinge contra o peito,</p><p>Com lágrimas de júbilo bradando:</p><p>“Este, sim, que é meu filho muito amado!</p><p>E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,</p><p>Corram livres as lágrimas que choro,</p><p>Estas lágrimas, sim, que não desonram”.</p><p>(Gonçalves Dias. “Poesias Americanas”)</p><p>Com relação à obra indianista de Gonçalves Dias, e</p><p>sobre este poema em particular, assinale o que for</p><p>correto.</p><p>01) O herói do poema não é apenas um índio tupi:</p><p>representa todos os índios brasileiros ou ainda</p><p>todos os brasileiros, uma vez que o índio foi du-</p><p>rante o Romantismo o representante de nossa</p><p>nacionalidade.</p><p>02) O poeta, ao pôr em discussão profundos valores</p><p>e sentimentos humanos, como a bondade filial</p><p>e a honra, supera os limites da abordagem pura-</p><p>mente indianista e ganha universalidade.</p><p>7. Todas as assertivas estão corretas, o poema, que narra a história de um guer-</p><p>reiro aprisionado pela tribo inimiga Timbira, trata não apenas de um índio em si,</p><p>mas também de valores e qualidade de todos os índios, inclusive como referência</p><p>aos brasileiros – marca também do Romantismo de cunho nacionalista ufanista.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 71 7/15/15 10:36 AM</p><p>72</p><p>04) O índio de Gonçalves Dias diferencia-se do de</p><p>Joaquim Norberto e Gonçalves Magalhães, não</p><p>pela questão de autenticidade do índio, mas por</p><p>ser mais poético, como vemos em “I-Juca Pirama”.</p><p>O deslumbramento sem vulgaridade do herói in-</p><p>dígena traduz a poesia do poeta, malabarista de</p><p>ritmos nos sentimentos de heroísmo, dignidade,</p><p>generosidade, bravura, maldição e tradição.</p><p>08) Quanto aos aspectos formais, em “I-Juca Pirama”</p><p>Gonçalves Dias variou a métrica de trecho em</p><p>trecho. Teoricamente, o poeta teria desprezado</p><p>a metrificação. No entanto, do ponto de vista</p><p>expressivo, a variação métrica utilizada produz</p><p>a iconicidade sonora do texto, construindo plas-</p><p>ticamente o poema como um significante rítmico</p><p>do ritual narrado.</p><p>16) I-Juca Pirama significa “aquele que é digno de</p><p>ser morto”; o poema conta a história de um guer-</p><p>reiro tupi, aprisionado pelos Timbiras, que vai</p><p>morrer em um festim canibal.</p><p>Soma: 31 (1 + 2 + 4 + 8 + 16)</p><p>8. (Unifesp)</p><p>Canção do Exílio</p><p>(...)</p><p>Minha terra tem palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá;</p><p>As aves, que aqui gorjeiam,</p><p>Não gorjeiam como lá.</p><p>Nosso céu tem mais estrelas,</p><p>Nossas várzeas têm mais flores,</p><p>Nossos bosques têm mais vida,</p><p>Nossa vida mais amores.</p><p>Em cismar, sozinho, à noite,</p><p>Mais prazer encontro eu lá;</p><p>Minha terra tem palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>Minha terra tem primores,</p><p>Que tais não encontro eu cá;</p><p>Em cismar – sozinho, à noite –</p><p>Mais prazer encontro eu lá;</p><p>Minha terra tem palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>Não permita Deus que eu morra,</p><p>Sem que eu volte para lá;</p><p>Sem que desfrute os primores</p><p>Que não encontro por cá;</p><p>Sem qu’inda aviste as palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>(Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos)</p><p>8. A poesia de Gonçalves Dias exalta a terra natal, pois mostra a natureza brasileira</p><p>de forma idealizada e demonstra saudosismo quanto à pátria.</p><p>Gonçalves Dias consolidou o romantismo no Brasil.</p><p>Sua “Canção do exílio” pode ser considerada tipica-</p><p>mente romântica porque:</p><p>a) apoia-se nos cânones formais da poesia clássica</p><p>greco-romana; emprega figuras de ornamento,</p><p>até com certo exagero; evidencia a musicalidade</p><p>do verso pelo uso de aliterações.</p><p>b) exalta terra natal; é nostálgica e saudosista; o</p><p>tema é tratado de modo sentimental, emotivo.</p><p>c) utiliza-se do verso livre, como ideal de liberdade</p><p>criativa; sua linguagem é hermética, erudita; glo-</p><p>rifica o canto dos pássaros e a vida selvagem.</p><p>d) poesia e música se confundem, como artifício sim-</p><p>bólico; a natureza e o tema bucólico são tratados</p><p>com objetividade; usa com parcimônia as formas</p><p>pronominais de primeira pessoa.</p><p>e) refere-se à vida com descrença e tristeza; expõe</p><p>o tema na ordem sucessiva, cronológica; utiliza-se</p><p>do exílio como o meio adequado de referir-se à</p><p>evasão da realidade.</p><p>9. (UFG-GO) Os gêneros textuais circulam no mundo</p><p>com características próprias e exercem determinadas</p><p>funções sociais, em conformidade com as quais os</p><p>gêneros literários se transformam e se reconfiguram.</p><p>Nesse sentido, em I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias,</p><p>a função social do gênero épico de exaltar um povo</p><p>ou retratá-lo em sua totalidade deixa de se realizar</p><p>plenamente porque:</p><p>a) o protagonista do poema, o prisioneiro Tupi, re-</p><p>presenta ideais ainda presentes no século XIX.</p><p>b) os escritores do século XIX já não se dedicam a</p><p>longas narrativas em versos.</p><p>c) o tempo do poema, no enredo narrado, desenvol-</p><p>ve ações em sentido linear.</p><p>d) o espaço representado – as selvas tropicais</p><p>brasileiras – expressa valores de uma cultura</p><p>extinta.</p><p>e) os leitores do século XIX já não se sentem repre-</p><p>sentados em narrativas heroicas.</p><p>Textos para as questões 10 e 11.</p><p>Oh! quem foi das entranhas das águas,</p><p>O marinho arcabouço arrancar?</p><p>Nossas terras demanda, fareja...</p><p>Esse monstro... – o que vem cá buscar?</p><p>Não sabeis o que o monstro procura?</p><p>Não sabeis a que vem, o que quer?</p><p>Vem matar vossos bravos guerreiros,</p><p>Vem roubar-vos a filha, a mulher!</p><p>Vem trazer-vos crueza, impiedade –</p><p>Dons cruéis do cruel Anhangá;</p><p>(O Canto do Piaga, de Gonçalves Dias)</p><p>Anhangá: deus indígena maligno</p><p>9. O índio de I-Juca-Pirama, poema épico-dramático, é apresentado de forma semelhante aos cavaleiros medievais, mas a narrativa segue um tema romântico, que tem como</p><p>valores honra, coragem, bravura, luta até a morte, entre outros, idealizando, dessa forma, o índio brasileiro. Apesar disso, os leitores da época não sentiam essa semelhança</p><p>com os heróis apresentados nessas narrativas.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 72 7/16/15 4:59 PM</p><p>73</p><p>Q</p><p>ue</p><p>st</p><p>õe</p><p>s</p><p>de</p><p>v</p><p>es</p><p>ti</p><p>bu</p><p>la</p><p>r</p><p>o poema tenha sido inspirado em meus olhos,</p><p>que ele via verdes mas infelizmente são da cor</p><p>do mel, um mel turvo, quase verdes quando olho</p><p>a luz, o mar quando viajávamos na costa do Ce-</p><p>ará, Natalícia admitiu que meus olhos estavam</p><p>verdes. Desejo acreditar no que diz Maria Luíza,</p><p>mas acredito apenas em meu coração, sei quan-</p><p>to fel pode haver</p><p>no coração de uma romântica.</p><p>Talvez ele tenha confundido meus olhos com as</p><p>vagens do feijão verde e com as paisagens que</p><p>ele tanto ama de palmeiras esbeltas e cajazei-</p><p>ros cobertos de cipós, talvez estivesse apenas</p><p>ensaiando o grande amor que iria sentir na sua</p><p>vida adulta, quando escreveria tantos poemas,</p><p>dos mais dedicados, apaixonados, melancólicos,</p><p>dos mais saudosos, e ao pensar nisso uma triste-</p><p>za funda, inexprimível, o coração me anseia.</p><p>MIRANDA, Ana. Dias e dias. São Paulo:</p><p>Companhia das Letras, 2002. p. 19.</p><p>Tendo em vista que Gonçalves Dias foi um poeta ro-</p><p>mântico da chamada primeira geração, indique a que</p><p>características da poesia dessa fase os fragmentos a</p><p>seguir se referem:</p><p>a) “... com as paisagens que ele tanto ama de palmei-</p><p>ras esbeltas e cajazeiros cobertos de cipós,”</p><p>Há elementos que remetem à natureza, à paisagem, como palmeiras e</p><p>cajazeiros, o que caracteriza o nacionalismo, exaltação da natureza</p><p>brasileira, o que deixa em evidência o amor à pátria, característica dessa</p><p>geração.</p><p>O Zé Pereira chegou de caravela</p><p>E preguntou pro guarani da mata virgem</p><p>– Sois cristão?</p><p>– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte</p><p>Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!</p><p>Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!</p><p>(...)</p><p>(Brasil, de Oswald de Andrade)</p><p>10. (ESPM-SP) Quanto aos aspectos formais, assinale a</p><p>opção errada:</p><p>a) O vocabulário usado no texto de Oswald de An-</p><p>drade é comum, aproxima-se do coloquial.</p><p>b) Os versos de Gonçalves Dias apresentam medida</p><p>regular, o fragmento está metrificado.</p><p>c) A seleção léxica, de escolha das palavras, é muito</p><p>mais formal, culta, no primeiro texto.</p><p>d) O fragmento de Gonçalves Dias demonstra certa</p><p>preocupação com as rimas, especialmente nos</p><p>versos pares.</p><p>e) O segundo texto apresenta versos brancos, sem</p><p>rima, mas com mesmo número de sílabas poéticas.</p><p>11. (ESPM-SP) Considere as seguintes afirmações:</p><p>I. O texto de Gonçalves Dias apresenta o ponto de</p><p>vista indianista de que o europeu é invasor e,</p><p>em busca de riquezas, destrói a vida regular do</p><p>nativo brasileiro.</p><p>II. Oswald de Andrade, em seu poema, ironiza o</p><p>contato do europeu com o índio brasileiro no</p><p>choque entre suas respectivas ideologias.</p><p>III. Gonçalves Dias usa um tom sentencioso em seu</p><p>texto; Oswald de Andrade prefere um tratamento</p><p>mais jocoso.</p><p>Está(ão) correta(s):</p><p>a) I e II, apenas.</p><p>b) I e III, somente.</p><p>c) I, II e III.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, somente.</p><p>12. (UFRRJ) Este texto é um capítulo da obra Dias e Dias,</p><p>de Ana Miranda, publicado em 2002, que reconstitui</p><p>a vida de Antônio Gonçalves Dias. É, portanto, um ro-</p><p>mance histórico “escrito no século XXI” que retrata o</p><p>século XIX.</p><p>O fluido elétrico</p><p>Quando chegava perto de Antonio alguma</p><p>endiabrada moça requebrando e seduzindo-o</p><p>com palavras, com os gestos, com os olhos e com</p><p>os modos, ele confessa numa carta que sentia</p><p>um fluido elétrico a correr pela medula da sua</p><p>coluna vertebral, então por que não sentiria isso</p><p>também por mim? Antonio é fraco para com as</p><p>mulheres e nunca sincero com elas, nem consigo</p><p>mesmo, sincero apenas com Alexandre Teófilo e</p><p>com a poesia, sua Musa, por isso acredito que</p><p>10. As demais alternativas estão coerentes com o que é apresentado nos textos,</p><p>como a linguagem comum utilizada por Oswaldo de Andrade, sendo o texto de</p><p>Gonçalves Dias mais formal, apresentando rimas, o que não é encontrado no texto</p><p>2, tampouco métrica, são versos livres, o que torna a alternativa incorreta.</p><p>11. Todas estão corretas. Gonçalves Dias</p><p>apresenta uma poesia em que idealiza</p><p>o índio brasileiro, por sua vez, assume</p><p>a posição de que o europeu é o invasor.</p><p>Em seu texto, Dias trabalha o tom sen-</p><p>tencioso, isto é, de seriedade, já o poe-</p><p>ma de Oswald de Andrade é jocoso, ao</p><p>reforçar as diferenças entre o índio e o</p><p>colonizador.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 73 7/15/15 10:36 AM</p><p>74</p><p>b) “quando escreveria tantos poemas, dos mais de-</p><p>dicados, apaixonados, melancólicos, dos mais</p><p>saudosos,”</p><p>Esse fragmento remete à característica do subjetivismo, pois faz</p><p>referência a elementos subjetivos presentes na poesia, como a</p><p>melancolia, o amor, a dor etc.</p><p>13. (UFG-GO) A literatura se articula à realidade, à his-</p><p>tória e aos fatos, na medida em que ela cria, e até fun-</p><p>da, mundos imaginados. Gonçalves Dias, em I-Juca</p><p>Pirama, ao criar um passado indígena para a nação</p><p>brasileira,</p><p>13. Gonçalves Dias, em I-Juca-Pirama, retrata a história de um índio tupi que foi</p><p>prisioneiro de uma tribo inimiga, denominada Timbira. Nessa obra, ele relaciona</p><p>o mundo real, ao apresentar alguns costumes dos indígenas, como o canibalismo</p><p>e rituais, com o mundo ficcional, ao representar o índio de forma idealizada, com</p><p>grande honra e coragem.</p><p>a) configura as personagens do poema a partir de</p><p>seu convívio com os Timbira.</p><p>b) retrata a história dos índios antes da coloni-</p><p>zação, ampliando a informação dos livros dos</p><p>viajantes.</p><p>c) recupera princípios da conduta dos Timbira, do-</p><p>cumentando a imagem cotidiana dessa nação in-</p><p>dígena.</p><p>d) representa o povo Timbira, compondo um mundo</p><p>entre o real e o ficcional.</p><p>e) reproduz o quadro de costumes dos índios que vi-</p><p>viam no Brasil em sua época.</p><p>14. (UFG-GO) Leia os trechos apresentados a seguir.</p><p>As tribos vizinhas, sem força, sem brio,</p><p>As armas quebrando, lançando-as ao rio,</p><p>O incenso aspiraram dos seus maracás:</p><p>Medrosos das guerras que os fortes acendem,</p><p>Custosos tributos ignavos lá rendem,</p><p>Aos duros guerreiros sujeitos na paz.</p><p>No centro da taba se estende um terreiro,</p><p>Onde ora se aduna o concílio guerreiro</p><p>Da tribo senhora, das tribos servis:</p><p>Os velhos sentados praticam d’outrora,</p><p>E os moços inquietos, que a festa enamora,</p><p>Derramam-se em torno de um índio infeliz.</p><p>[…]</p><p>Acerva-se a lenha da vasta fogueira,</p><p>Entesa-se a corda da embira ligeira,</p><p>Adorna-se a maça com penas gentis:</p><p>A custo, entre as vagas do povo da aldeia</p><p>Caminha o Timbira, que a turba rodeia,</p><p>Garboso nas plumas de vário matiz.</p><p>DIAS, Gonçalves. I-Juca Pirama. Porto Alegre:</p><p>LP&M Pocket, 2007. p. 11-12.</p><p>maracás: chocalho usado pelos indígenas em solenidades</p><p>ignavo: fraco, covarde</p><p>adunar: reunir</p><p>embira: cipó usado para amarração</p><p>maça: bastão ou porrete com que se sacrifica o prisioneiro</p><p>garboso: elegante, distinto</p><p>O poema I-Juca Pirama se destaca por representar</p><p>um painel da cultura indígena. Nos versos transcri-</p><p>tos, o elemento desse painel que se evidencia é:</p><p>a) o confronto entre povos inimigos.</p><p>b) o modo de vida cotidiano.</p><p>c) a preparação de um ritual.</p><p>d) a caracterização dos papéis tribais.</p><p>e) a relação com a natureza.</p><p>14. O texto faz referência a uma tradição indígena de ritual de sacrifício de um pri-</p><p>sioneiro, como se observa nos versos: E os moços inquietos, que a festa enamora,</p><p>/ Derramam-se em torno de um índio infeliz.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 74 7/15/15 10:36 AM</p><p>75</p><p>Q</p><p>ue</p><p>st</p><p>õe</p><p>s</p><p>de</p><p>v</p><p>es</p><p>ti</p><p>bu</p><p>la</p><p>r</p><p>Em relação aos poemas de Cacaso e Casimiro de</p><p>Abreu, assinale o que for correto.</p><p>01. O poema de Cacaso retoma o romantismo – mais</p><p>especialmente desenvolvido por Casimiro de</p><p>Abreu; a paródia denota um tom meio cruel ao</p><p>referenciar os “negros verdes anos”, ou seja, os</p><p>anos 70.</p><p>02. Os dois poemas pertencem à estética romântica,</p><p>cuja característica principal é a busca pela per-</p><p>feição formal.</p><p>04. Os poetas pertencem, respectivamente, aos mo-</p><p>vimentos literários árcade e simbolista.</p><p>08. A evasão no tempo marca os poemas; em Cacaso</p><p>como forma de crítica e em Casimiro de Abreu</p><p>corresponde à nostalgia do passado.</p><p>Soma: 9 (1 + 8)</p><p>3. (UFF-RJ) Leia os textos a seguir:</p><p>Texto I</p><p>Nenhum cartão de Natal é mais bonito que o</p><p>som da sua voz.</p><p>“Eu te amo, te adoro, morro de saudade.”</p><p>“Este ano a gente não vai poder ir, mas no</p><p>ano que vem é certeza.”</p><p>“A coisa que eu mais queria era estar perto</p><p>de você.”</p><p>“Seria tão bom que você estivesse aqui.”</p><p>Frases como estas, é sempre melhor ouvir do</p><p>que ler.</p><p>Nenhum cartão de Natal, por mais bonito que</p><p>seja, vai conseguir comunicar o carinho, o amor,</p><p>a saudade que a voz da gente transmite.</p><p>Este ano, passe a mão no telefone e use o</p><p>DDD como extensão do seu afeto, do seu abraço,</p><p>do seu calor humano, do seu beijo.</p><p>Telefone existe pra isso mesmo.</p><p>TELAMAZON</p><p>“Clube de Criação de São Paulo” (Adaptação)</p><p>Texto II</p><p>Pra ti, formosa, o meu sonhar de louco</p><p>E o dom fatal, que desde o berço é meu;</p><p>Mas se os cantos da lira achares pouco,</p><p>Pede-me a vida, porque tudo é teu.</p><p>Se queres culto – como um crente adoro,</p><p>Se preito queres – eu te caio aos pés,</p><p>Se rires – rio, se chorares – choro,</p><p>E bebo o pranto que banhar-te a tez.</p><p>Vem reclinar-te, como a flor pendida,</p><p>Sobre este peito cuja voz calei;</p><p>Pede-me um beijo... e tu terás, querida,</p><p>Toda a paixão que para ti guardei.</p><p>Brasil: 2a e 3a gerações de poesia</p><p>romântica</p><p>1. (Unifesp) Leia o texto para responder à questão a seguir.</p><p>Casimiro de Abreu pertence à geração dos</p><p>poetas que morreram prematuramente, na casa</p><p>dos vinte anos, como Álvares de Azevedo e ou-</p><p>tros, acometidos do “mal” byroniano. Sua poe-</p><p>sia, reflexo autobiográfico dos transes, imaginá-</p><p>rios e verídicos, que lhe agitaram a curta exis-</p><p>tência, centra-se em dois temas fundamentais: a</p><p>saudade e o lirismo amoroso. Graças a tal fundo</p><p>de juvenilidade e timidez, sua poesia saudosista</p><p>guarda um não sei quê de infantil.</p><p>(Massaud Moisés. A literatura brasileira através dos textos,</p><p>2004. Adaptado.)</p><p>Os versos de Casimiro de Abreu que se aproximam</p><p>da ideia de saudade, tal como descrita por Massaud</p><p>Moisés, encontram- se em:</p><p>a) Minh’alma é triste como a flor que morre / Pendida</p><p>à beira do riacho ingrato; / Nem beijos dá-lhe a vi-</p><p>ração que corre, / Nem doce canto o sabiá do mato!</p><p>b) Tu, ontem, / Na dança / Que cansa, / Voavas / Co’as</p><p>faces/ Em rosas / Formosas / De vivo, / Lascivo /</p><p>Carmim; / Na valsa / Tão falsa, / Corrias, / Fugias,</p><p>/ Ardente, / Contente,/ Tranquila, / Serena, / Sem</p><p>pena / De mim!</p><p>c) Naqueles tempos ditosos / Ia colher as pitangas, /</p><p>Trepava a tirar as mangas, / Brincava à beira do</p><p>mar; / Rezava às Ave-Marias, / Achava o céu sem-</p><p>pre lindo, / Adormecia sorrindo / E despertava a</p><p>cantar!</p><p>d) Oh! não me chames coração de gelo! / Bem vês: traí-me</p><p>no fatal segredo. / Se de ti fujo é que te adoro e</p><p>muito, / És bela – eu moço; tens amor, eu – medo!...</p><p>e) Se eu soubesse que no mundo / Existia um coração,</p><p>/ Que só por mim palpitasse / De amor em terna ex-</p><p>pansão; / Do peito calara as mágoas, / Bem feliz eu</p><p>era então!</p><p>2. (UEPG-PR Adaptada)</p><p>E com vocês a modernidade</p><p>Meu verso é profundamente romântico.</p><p>Choram cavaquinhos luares se desenterram</p><p>[e vai</p><p>por aí a longa sombra de rumores e ciganos.</p><p>Ai que saudade que tenho dos meus negros</p><p>[verdes anos!</p><p>(Cacaso)</p><p>Meus oito anos</p><p>Oh! Que saudades que tenho</p><p>Da aurora da minha vida,</p><p>Da minha infância querida</p><p>Que os anos não trazem mais!</p><p>(Casimiro de Abreu)</p><p>1. A única alternativa que apresenta a saudade como tema é a c, na qual o eu lírico</p><p>relembra a infância: naquele tempo / brincava....</p><p>2. As assertivas 2 e 4 estão incorretas. A perfeição formal era o principal obje-</p><p>tivo dos parnasianos e não da estética romântica; Cacaso fez parte da Geração</p><p>Mimeógrafo ou Poesia Marginal, enquanto Casimiro de Abreu, do Romantismo.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 75 7/15/15 10:36 AM</p><p>76</p><p>Do morto peito vem turbar a calma,</p><p>Virgem, terás o que ninguém te dá;</p><p>Em delírios d’amor dou-te a minha alma,</p><p>Na terra, a vida, a eternidade – lá!</p><p>Casimiro de Abreu. Obras de Casimiro de Abreu.</p><p>a) Nos textos I e II os autores se dirigem a um leitor</p><p>virtual. Aponte, em cada texto, pelo menos uma</p><p>comprovação de que isto efetivamente ocorre.</p><p>Justifique sua resposta em pelo menos duas frases</p><p>completas.</p><p>No texto I, há presença do pronome você, que é usado pelo autor para</p><p>se dirigir ao leitor, à pessoa com quem se fala, assim como os pronomes</p><p>possessivos seu, sua, como é possível verificar nos trechos: seu afeto,</p><p>seu abraço, seu calor humano, seu beijo. Já no texto II, há o emprego</p><p>de pronomes que se dirigem à segunda pessoa do singular, tu, além do</p><p>uso de vocativos formosa, querida e virgem.</p><p>b) Justifique, em pelo menos uma frase completa,</p><p>por que o texto II pertence ao Romantismo.</p><p>No texto II, observa-se a presença de subjetivismo, com o eu lírico se</p><p>declarando a sua amada, o que caracteriza o tom confessional</p><p>característico do Romantismo.</p><p>4. (Unifesp) Para responder à questão, leia os versos do</p><p>poeta romântico Casimiro de Abreu.</p><p>Meus Oito Anos</p><p>Oh! que saudades que tenho</p><p>Da aurora da minha vida,</p><p>Da minha infância querida</p><p>Que os anos não trazem mais!</p><p>Que amor, que sonhos, que flores,</p><p>Naquelas tardes fagueiras</p><p>À sombra das bananeiras,</p><p>Debaixo dos laranjais!</p><p>O estilo dos versos de Casimiro de Abreu:</p><p>a) é brando e gracioso, carregado de musicalidade</p><p>nas redondilhas maiores.</p><p>b) traduz-se em linguagem grandiosa, por meio das</p><p>quais estabelece a crítica social.</p><p>c) é preciso e objetivo, deixando em segundo plano o</p><p>subjetivismo.</p><p>d) reproduz o padrão romântico da morbidez e me-</p><p>lancolia.</p><p>e) é rebuscado e altamente subjetivo, o que o</p><p>aproxima do estilo de Castro Alves.</p><p>5. (UFRJ)</p><p>Texto 1</p><p>Happy End</p><p>(Cacaso)</p><p>O meu amor e eu</p><p>nascemos um para o outro</p><p>agora só falta quem nos apresente</p><p>Texto 2</p><p>Adeus, meus sonhos!</p><p>(Álvares de Azevedo)</p><p>Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!</p><p>Não levo da existência uma saudade!</p><p>E tanta vida que meu peito enchia</p><p>Morreu na minha triste mocidade!</p><p>Misérrimo! votei meus pobres dias</p><p>À sina doida de um amor sem fruto,</p><p>E minh’alma na treva agora dorme</p><p>Como um olhar que a morte envolve em luto.</p><p>Que me resta, meu Deus? morra comigo</p><p>A estrela de meus cândidos amores,</p><p>Já que não levo no meu peito morto</p><p>Um punhado sequer de murchas flores!</p><p>4. O poeta possui um estilo mais gracioso, fazendo uso de linguagem simples e</p><p>juvenil; sua poesia retrata temas da infância e apresenta musicalidade devido à</p><p>estruturação dos versos, em redondilhas maiores.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 76 7/15/15 10:36 AM</p><p>77</p><p>Q</p><p>ue</p><p>st</p><p>õe</p><p>s</p><p>de</p><p>v</p><p>es</p><p>ti</p><p>bu</p><p>la</p><p>r</p><p>O poema de Álvares de Azevedo (texto II), assim</p><p>como o de Cacaso (texto I), trabalha com o par dese-</p><p>jo/realidade. Com base nessa afirmação, demonstre,</p><p>a partir de elementos textuais, que “Adeus, meus so-</p><p>nhos!” constitui forte ilustração da poética da segun-</p><p>da geração romântica, à qual pertence o autor.</p><p>A segunda geração romântica, período denominado Ultrarromantismo, ficou</p><p>conhecida por apresentar obras com forte apelo sentimental, cujas</p><p>características eram a temática da morte, sofrimento amoroso, pessimismo</p><p>e tom melancólico. O verso Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro</p><p>evidencia o tom melancólico e mórbido.</p><p>As questões 6 e 7 tomam por base um fragmento de</p><p>Glória moribunda, do poeta romântico brasileiro</p><p>Álvares de Azevedo (1831-1852).</p><p>É uma visão medonha uma caveira?</p><p>Não tremas de pavor, ergue-a do lodo.</p><p>Foi a cabeça ardente de um poeta,</p><p>Outrora à sombra dos cabelos loiros.</p><p>Quando o reflexo do viver fogoso</p><p>Ali dentro animava o pensamento,</p><p>Esta fronte era bela. Aqui nas faces</p><p>Formosa palidez cobria o rosto;</p><p>Nessas órbitas – ocas, denegridas! –</p><p>Como era puro seu olhar sombrio!</p><p>Agora tudo é cinza. Resta apenas</p><p>A caveira que a alma em si guardava,</p><p>Como a concha no mar encerra a pérola,</p><p>Como a caçoula a mirra incandescente.</p><p>Tu outrora talvez desses-lhe um beijo;</p><p>Por que repugnas levantá-la agora?</p><p>Olha-a comigo! Que espaçosa fronte!</p><p>Quanta vida ali dentro fermentava,</p><p>Como a seiva nos ramos do arvoredo!</p><p>E a sede em fogo das ideias vivas</p><p>Onde está? onde foi? Essa alma errante</p><p>Que um dia no viver passou cantando,</p><p>Como canta na treva um vagabundo,</p><p>Perdeu-se acaso no sombrio vento,</p><p>Como noturna lâmpada apagou-se?</p><p>E a centelha da vida, o eletrismo</p><p>Que as fibras tremulantes agitava</p><p>Morreu para animar futuras vidas?</p><p>Sorris? eu sou um louco. As utopias,</p><p>Os sonhos da ciência nada valem.</p><p>A vida é um escárnio sem sentido,</p><p>Comédia infame que ensanguenta o lodo.</p><p>Há talvez um segredo que ela esconde;</p><p>Mas esse a morte o sabe e o não revela.</p><p>Os túmulos são mudos como o vácuo.</p><p>Desde a primeira dor sobre um cadáver,</p><p>Quando a primeira mãe entre soluços</p><p>Do filho morto os membros apertava</p><p>Ao ofegante seio, o peito humano</p><p>Caiu tremendo interrogando o túmulo...</p><p>E a terra sepulcral não respondia.</p><p>(Poesias completas, 1962.)</p><p>6. (Vunesp)</p><p>E a centelha da vida, o eletrismo</p><p>No contexto em que é empregado, o termo eletrismo,</p><p>que não consta dos dicionários, significa:</p><p>6. Ao considerar que eletrismo deriva das palavras eletricidade, elétrico, pode-se</p><p>entender que seu significado, nesse contexto, representa energia de vida, no ser</p><p>vivo – é o que dá dinamismo ao organismo.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 77 7/15/15 10:36 AM</p><p>78</p><p>Quantos anos, contudo, já passaram!</p><p>Não olvido porém amor tão santo!</p><p>Guardo ainda num cofre perfumado</p><p>O lenço dela que molhava o pranto...</p><p>[...]</p><p>(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos Vinte Anos.</p><p>São Paulo: Martins Fontes,</p><p>1996. Coleção Poetas do Brasil)</p><p>Interprete os Textos I e II e, a seguir, relacione-os às</p><p>afirmativas abaixo:</p><p>I. O amor na concepção do poeta romântico mos-</p><p>tra-se capaz de conciliar, em sua abrangência,</p><p>componentes materiais e espirituais.</p><p>II. Bilac se junta à tradição antirromântica ao tratar</p><p>o desejo como o que há de mais humano e terre-</p><p>no nas relações homem/mulher.</p><p>III. Sendo a forma de composição uma violenta ma-</p><p>neira de demarcar a oposição entre as estéticas,</p><p>os autores utilizam métricas diferentes nos versos</p><p>acima.</p><p>IV. Nos versos de Álvares de Azevedo a experiência</p><p>afetiva é espiritual e intimamente ligada a uma</p><p>culpa que violentamente simboliza e reprime o</p><p>desejo.</p><p>De acordo com as afirmativas acima, a alternativa</p><p>correta é:</p><p>a) I e II</p><p>b) III e IV</p><p>c) III</p><p>d) II, III e IV</p><p>e) IV</p><p>9. (UEPA) A literatura, ao longo dos anos, tem sido</p><p>veículo de comunicação entre o sujeito e o mun-</p><p>do. A poesia de Castro Alves intitulada condoreira</p><p>é uma forte representante do poder comunicativo</p><p>exercido pela palavra através da literatura. Com</p><p>base nesta afirmação, marque a alternativa em</p><p>que os versos demonstrem este caráter condoreiro</p><p>da comunicação do poeta fundamentado no uso da</p><p>hipérbole.</p><p>a) Oh, Eu quero viver, beber perfumes</p><p>Na flor silvestre, que embalsama os ares;</p><p>Ver minh’alma adejar pelo infinito,</p><p>Qual branca vela n’amplidão dos mares,</p><p>b) Tu és, ó filha de Israel formosa...</p><p>Tu és, ó linda, sedutora Hebreia...</p><p>Pálida rosa da infeliz Judeia</p><p>Sem ter orvalho, que do céu deriva.</p><p>c) (...)</p><p>Ó mar, por que não apagas</p><p>co’a esponja de tuas vagas</p><p>de teu manto este borrão?...</p><p>Astros! Noites! Tempestades!</p><p>Rolai das imensidades,</p><p>Varrei os mares, tufão!</p><p>8. Estão incorretas as assertivas III e IV, visto que os au-</p><p>tores utilizam versos decassílabos; o poema de Álvares</p><p>de Azevedo, poeta romântico, não apresenta culpa que</p><p>reprime o desejo, mas sim versos que sugerem sensua-</p><p>lidade, amor carnal.</p><p>9. A poesia condoreira é uma poesia de caráter libertário, abolicionista; os versos</p><p>da alternativa c apresentam o uso de hipérbole.</p><p>a) o fato de a morte ter sido por choque elétrico.</p><p>b) o dinamismo presente em todos os tecidos do ser</p><p>vivo.</p><p>c) a característica de quem é versado nas belas</p><p>-letras.</p><p>d) o resultado do longo processo de letramento.</p><p>e) a existência eletrizante dos poetas românticos.</p><p>7. (Vunesp)</p><p>Morreu para animar futuras vidas?</p><p>No verso em destaque, sob forma interrogativa, o eu</p><p>lírico sugere com o termo animar que:</p><p>a) a morte de uma pessoa deve ser festejada pelos</p><p>que ficam.</p><p>b) o verdadeiro objetivo da morte é demonstrar o</p><p>desvalor da vida.</p><p>c) a vida do poeta é mais consistente e animada que</p><p>todas as outras.</p><p>d) a alma que habitou o corpo talvez possa reencar-</p><p>nar em novo corpo.</p><p>e) outras pessoas passam a viver melhor quando um</p><p>homem morre.</p><p>8. (UEPA) Leia os Textos I e II para responder à questão.</p><p>Texto I</p><p>[…]</p><p>Não me basta saber que sou amado,</p><p>Nem só desejo o teu amor: desejo</p><p>Ter nos braços teu corpo delicado,</p><p>Ter na boca a doçura de teu beijo.</p><p>E as justas ambições que me consomem</p><p>Não me envergonham: pois maior baixeza</p><p>Não há que a terra pelo céu trocar;</p><p>E mais eleva o coração de um homem</p><p>Ser de homem sempre e, na maior pureza,</p><p>Ficar na terra e humanamente amar.</p><p>(BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. São Paulo:</p><p>Martin Claret, 2002. p. 37-55: Via-Láctea.</p><p>Coleção a obra-prima de cada autor).</p><p>Texto II</p><p>Quando, a primeira vez, da minha terra</p><p>Deixei as noites de amoroso encanto,</p><p>A minha doce amante suspirando</p><p>Volveu-me os olhos úmidos de pranto.</p><p>Um romance cantou de despedida,</p><p>Mas a saudade amortecia o canto!</p><p>Lágrimas enxugou nos olhos belos...</p><p>E deu-me o lenço que molhava o pranto.</p><p>7. O termo como está empregado sugere a possibilidade de dar vida a algo, a</p><p>alguém; nesse caso, reencarnar em outras vidas.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 78 7/15/15 10:36 AM</p><p>79</p><p>Q</p><p>ue</p><p>st</p><p>õe</p><p>s</p><p>de</p><p>v</p><p>es</p><p>ti</p><p>bu</p><p>la</p><p>r</p><p>Porque eu pequei... e do pecado escuro</p><p>Tu foste o fruto cândido, inocente,</p><p>– Borboleta, que sai do – lodo impuro...</p><p>– Rosa, que sai de – pútrida semente!</p><p>Filho! Bem vês... fiz o maior dos crimes</p><p>– Criei um ente para a dor e a fome!</p><p>Do teu berço escrevi nos brancos vimes</p><p>O nome de bastardo – impuro nome.</p><p>Por isso agora tua mãe te implora</p><p>E a teus pés de joelhos se debruça.</p><p>Perdoa à triste – que de angústia chora,</p><p>Perdoa à mártir – que de dor soluça!</p><p>[...]</p><p>(www.dominiopublico.gov.br. Acessado em 07/10/2011)</p><p>A fala do sujeito poético exprime uma das formas da</p><p>violência simbólica denunciada por Castro Alves. No</p><p>poema, mais do que os maus-tratos sofridos fisica-</p><p>mente, é denunciada a consequência:</p><p>a) da humilhação imposta pelos algozes que tortu-</p><p>ram a mulher chicoteando-a.</p><p>b) da subordinação da mulher negra que serve aos</p><p>desejos sexuais do senhor de engenho.</p><p>c) do erotismo livre que leva a mulher a realizar seus</p><p>desejos sem pensar em consequências.</p><p>d) do excesso de religiosidade que leva a mulher ne-</p><p>gra a uma confissão de culpa.</p><p>e) da tortura psicológica que obriga a mãe a abando-</p><p>nar o filho.</p><p>Texto para as questões 12 e 13.</p><p>Ontem a Serra Leoa,</p><p>A guerra, a caça ao leão,</p><p>O sono dormido à toa</p><p>Sob as tendas d’amplidão!</p><p>Hoje... o porão negro, fundo,</p><p>Infecto, apertado, imundo,</p><p>Tendo a peste por jaguar...</p><p>E o sono sempre cortado</p><p>Pelo arranco de um finado,</p><p>E o baque de um corpo ao mar...</p><p>Ontem plena liberdade,</p><p>A vontade por poder...</p><p>Hoje... cúm’lo de maldade,</p><p>Nem são livres p’ra morrer...</p><p>Prende-os a mesma corrente</p><p>– Férrea, lúgubre serpente –</p><p>Nas roscas da escravidão.</p><p>E assim roubados à morte,</p><p>Dança a lúgubre coorte</p><p>Ao som do açoite... Irrisão!...</p><p>(Castro Alves. Fragmento de O navio negreiro – tragédia no mar.)</p><p>d) Canta, criança, és a ave da inocência.</p><p>Tu choras porque um ramo de baunilha</p><p>Não pudeste colher,</p><p>Ou pela flor gentil da granadilha*?</p><p>*o mesmo que maracujá</p><p>e) Se a natureza apaixonada acorda</p><p>Ao quente afago do celeste amante,</p><p>Diz!... Quando em fogo o teu olhar transborda,</p><p>Não vês minh’alma reviver ovante?</p><p>10. (UFSM-RS) A literatura romântica é conhecida por</p><p>representar as doenças da alma. O poeta românti-</p><p>co não tenta controlar, esconder seus sentimentos,</p><p>como fazia o poeta clássico. Ao contrário, ele con-</p><p>fessa seus conflitos mais íntimos. Por isso, predo-</p><p>minam no Romantismo o desespero, a aflição, a</p><p>instabilidade, a sensação de desamparo que leva a</p><p>maioria dos poetas a pensar na morte, como aconte-</p><p>ce no fragmento do poema “Mocidade e morte”, de</p><p>Castro Alves:</p><p>E eu sei que vou morrer... dentro em meu peito</p><p>Um mal terrível me devora a vida:</p><p>Triste Ahasverus*,</p><p>que no fim da estrada,</p><p>Só tem por braços uma cruz erguida.</p><p>Sou o cipreste, qu’inda mesmo flórido,</p><p>Sombra de morte no ramal encerra!</p><p>Vivo – que vaga sobre o chão da morte,</p><p>Morto – entre os vivos a vagar na terra.</p><p>*Ahasverus: Jesus ter-lhe-ia amaldiçoado, condenando-o a</p><p>vagar pelo mundo sem nunca morrer.</p><p>Qual o estado sentimental do sujeito lírico nessa estrofe?</p><p>a) Sente-se muito próximo da morte, devido aos ma-</p><p>les causados por uma grave doença física.</p><p>b) Deseja a morte, pois só na eternidade seria capaz</p><p>de encontrar a paz do espírito.</p><p>c) Sente-se muito próximo da morte, devido à triste-</p><p>za profunda que lhe devora a alma.</p><p>d) Sente-se totalmente morto, pois não lhe resta ne-</p><p>nhum sinal de vida.</p><p>e) Sente-se muito próximo da morte, pois não é ca-</p><p>paz de lutar pela vida.</p><p>11. (UEPA) Leia o texto para responder à questão.</p><p>Mãe Penitente</p><p>Ouve-me, pois!... Eu fui uma perdida;</p><p>Foi este o meu destino, a minha sorte...</p><p>Por esse crime é que hoje perco a vida,</p><p>Mas dele em breve há de salvar-me a morte!</p><p>E minh’alma, bem vês, que não se irrita,</p><p>Antes bendiz estes mandões ferozes.</p><p>Eu seria talvez por ti maldita,</p><p>Filho! sem o batismo dos algozes!</p><p>10. O eu lírico declara eu sei que vou morrer, isso indica que ele se sente próximo</p><p>da morte, devido a um mal que está destruindo sua vida – a tristeza.</p><p>11. A poesia de Castro Alves é marcada por um caráter de denúncia social, como a</p><p>escravidão. No poema, o eu lírico – uma escrava – teve um filho com seu senhor de</p><p>engenho e clama por perdão do próprio filho, que dessa relação recebeu a alcunha</p><p>de bastardo – revelando-se aí a violência abordada pelo autor.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 79 7/15/15 10:36 AM</p><p>80</p><p>12. (Unifesp) Considere as seguintes afirmações.</p><p>I. O texto é um exemplo de poesia carregada de</p><p>dramaticidade, própria de um poeta-condor,</p><p>que mostra conhecer bem as lições do “mes-</p><p>tre” Victor Hugo.</p><p>II. Trata-se de um poema típico da terceira fase ro-</p><p>mântica, voltado para auditórios numerosos,</p><p>em que se destacam a preocupação social e o</p><p>tom hiperbólico.</p><p>III. É possível reconhecer nesse fragmento de</p><p>um longo poema de teor abolicionista o</p><p>gosto romântico por uma poesia de recursos</p><p>sonoros.</p><p>Está correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) II, apenas.</p><p>c) III, apenas.</p><p>d) I e II, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>13. (Unifesp) Nesse fragmento do poema,</p><p>a) o poeta se vale do recurso ao paralelismo de</p><p>construção apenas na primeira estrofe.</p><p>b) o eu poemático aborda o problema da escravi-</p><p>dão segundo um jogo de intensas oposições.</p><p>c) os animais evocados – leão, jaguar e serpente –</p><p>têm, respectivamente, sentidos denotativo, de-</p><p>notativo e metafórico.</p><p>d) o tom geral assumido pelo poeta revela um</p><p>misto de emoção, vigor e resignação diante da</p><p>escravidão.</p><p>e) os versos são constituídos alternadamente por</p><p>sete e oito sílabas poéticas.</p><p>Texto para as questões 14 e 15.</p><p>“Onde estás”</p><p>É meia-noite... e rugindo</p><p>Passa triste a ventania,</p><p>Como um verbo de desgraça,</p><p>Como um grito de agonia.</p><p>E eu digo ao vento, que passa</p><p>Por meus cabelos fugaz:</p><p>“Vento frio do deserto,</p><p>Onde ela está? Longe ou perto?”</p><p>Mas, como um hálito incerto,</p><p>Responde-me o eco ao longe:</p><p>“Oh! minh’amante, onde estás?...”</p><p>Vem! É tarde! Por que tardas?</p><p>São horas de brando sono,</p><p>Vem reclinar-te em meu peito</p><p>Com teu lânguido abandono!...</p><p>’Stá vazio nosso leito...</p><p>12. Todas as afirmativas estão corretas. Os poetas</p><p>do Condoreirismo, a exemplo de Castro Alves, da</p><p>3a geração romântica, tinham sua maior inspira-</p><p>ção no escritor Victor Hugo, buscando, assim como</p><p>ele, lutar em favor de um bem, no caso do Brasil,</p><p>o fim da escravidão; algumas das características</p><p>eram a poesia voltada para grandes públicos, car-</p><p>regadas de figuras de linguagem, como hipérbo-</p><p>les, aliterações etc.</p><p>13. O paralelismo se dá na segunda estrofe, continuando com as oposições da primeira estrofe. Os animais presentes na poesia são usados da seguinte forma: leão – de-</p><p>notativa, jaguar – metafórica e serpente – metafórica. Um dos temas abordados pelas poesias de Castro Alves é a abolição da escravidão, uma forma de lutar em favor do</p><p>seu fim e demonstrar à sociedade sua indignação – perceptível pelo vocabulário adotado (infecto, imundo, “cúmulo” de maldade). O poema em questão é estruturado em</p><p>redondilhas maiores.</p><p>’Stá vazio o mundo inteiro;</p><p>E tu não queres qu’eu fique</p><p>Solitário nesta vida...</p><p>Mas por que tardas, querida?...</p><p>Já tenho esperado assaz...</p><p>Vem depressa, que eu deliro</p><p>Oh! minh’amante, onde estás?...</p><p>Estrela – na tempestade,</p><p>Rosa – nos ermos da vida,</p><p>Íris – do náufrago errante,</p><p>Ilusão – d’alma descrida!</p><p>Tu foste, mulher formosa!</p><p>Tu foste, ó filha do céu!...</p><p>... E hoje que o meu passado</p><p>Para sempre morto jaz...</p><p>Vendo finda a minha sorte,</p><p>Pergunto aos ventos do Norte...</p><p>“Oh! minh’amante, onde estás?”</p><p>(CASTRO ALVES, A. F. Espumas flutuantes.</p><p>São Paulo: Companhia Editora</p><p>Nacional, 2005. p. 84-85.)</p><p>14. (UEL-PR) Pode-se afirmar que são temas de Espu-</p><p>mas f lutuantes, de Castro Alves:</p><p>a) a culpa, a religiosidade e a morte.</p><p>b) a religiosidade, o fazer poético e o indianismo.</p><p>c) a morte, o fazer poético e o amor.</p><p>d) o indianismo, a pátria e o amor.</p><p>e) a pátria, a culpa e a melancolia.</p><p>15. (UEL-PR) Sobre o poema, considere as afirmativas</p><p>a seguir.</p><p>I. Na primeira estrofe, o eu lírico dirige-se ao</p><p>vento frio do deserto; na segunda, dirige-se</p><p>à amada distante.</p><p>II. O eu lírico pergunta ao vento sobre o paradeiro</p><p>de sua amada, revelando a dor pela distância</p><p>que os separa.</p><p>III. O eu lírico acusa os ventos do Norte, que pas-</p><p>sam como gritos de agonia, por ter finda sua</p><p>sorte e estar morto seu passado.</p><p>IV. “Estrela” e “rosa” são usadas pelo eu lírico para</p><p>designar sua agonia; “íris” e “ilusão” referem-se</p><p>à ventania.</p><p>Assinale a alternativa correta.</p><p>a) Somente as afirmativas I e II são corretas.</p><p>b) Somente as afirmativas I e III são corretas.</p><p>c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.</p><p>d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.</p><p>e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.</p><p>14. A obra Espumas flutuantes contém a poesia lírica de Castro Alves; nela, o amor</p><p>deixa de ser impossível e pode passar a ser consumado, o amor sem culpa está</p><p>presente. A morte está presente quando o eu lírico se mostra preocupado ao não</p><p>ter notícias da amada E hoje que o meu passado / Para sempre morto jaz... / Vendo</p><p>finda a minha sorte / Pergunto aos ventos norte... / “Oh! minh’amante, onde estás?”.</p><p>15. Apenas as assertivas III e IV são incorretas, pois o eu lírico se dirige a elemen-</p><p>tos da natureza como forma de dialogar com eles acerca da saudade que sente de</p><p>sua amada; as palavras citadas na assertiva IV são características positivas dadas</p><p>à amada pelo eu lírico.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-075-095-LA-M004.indd 80 7/15/15 10:36 AM</p><p>81</p><p>Q</p><p>ue</p><p>st</p><p>õe</p><p>s</p><p>de</p><p>v</p><p>es</p><p>ti</p><p>bu</p><p>la</p><p>r</p><p>Romance urbano</p><p>1. (PUC-RJ)</p><p>Texto 1</p><p>A primeira vez que vim ao Rio de Janeiro foi</p><p>em 1855.</p><p>Poucos dias depois da minha chegada, um</p><p>amigo e companheiro de infância, o Dr. Sá, le-</p><p>vou-me à festa da Glória; uma das poucas fes-</p><p>tas populares da corte. Conforme o costume, a</p><p>grande romaria desfilando pela Rua da Lapa e</p><p>ao longo do cais serpejava nas faldas do outeiro</p><p>e apinhava-se em torno da poética ermida, cujo</p><p>âmbito regurgitava com a multidão do povo.</p><p>Era ave-maria quando chegamos ao adro;</p><p>perdida a esperança de romper a mole de gente</p><p>que murava cada uma das portas da igreja, nos</p><p>resignamos a gozar da fresca viração que vinha</p><p>do mar, contemplando o delicioso panorama da</p><p>baía e admirando ou criticando as devotas que</p><p>também tinham chegado tarde e pareciam satis-</p><p>feitas com a exibição de seus adornos.</p><p>Enquanto Sá era disputado pelos numerosos</p><p>amigos e conhecidos, gozava eu da minha tran-</p><p>quila e independente obscuridade, sentado co-</p><p>modamente sobre a pequena muralha e resolvi-</p><p>do a estabelecer ali o meu observatório. Para um</p><p>provinciano recém-chegado</p><p>à corte, que melhor</p><p>festa do que ver passar-lhe pelos olhos, à doce</p><p>luz da tarde, uma parte da população desta gran-</p><p>de cidade, com os seus vários matizes e infinitas</p><p>gradações?</p><p>Todas as raças, desde o caucasiano sem</p><p>mescla até o africano puro; todas as posições,</p><p>desde as ilustrações da política, da fortuna ou</p><p>do talento, até o proletário humilde e desconhe-</p><p>cido; todas as profissões, desde o banqueiro até</p><p>o mendigo; finalmente, todos os tipos grotescos</p><p>da sociedade brasileira, desde a arrogante nuli-</p><p>dade até a vil lisonja, desfilaram em face de mim,</p><p>roçando a seda e a casimira pela baeta ou pelo</p><p>algodão, misturando os perfumes delicados às</p><p>impuras exalações, o fumo aromático do havana</p><p>às acres baforadas do cigarro de palha.</p><p>ALENCAR, José de. Lucíola. São Paulo: Editora Ática, 1988, p. 12.</p><p>Texto 2</p><p>Quando a manhã chuvosa nasceu, as pessoas</p><p>que passavam para o trabalho se aproximavam</p><p>dos corpos para ver se eram conhecidos, se-</p><p>guiam em frente. Lá pelas nove horas, Cabeça de</p><p>Nós Todo, que entrara de serviço às sete e trinta,</p><p>foi ver o corpo do ladrão. Ao retirar o lençol de</p><p>cima do cadáver, concluiu: “É bandido”. O de-</p><p>funto tinha duas tatuagens, a do braço esquerdo</p><p>era uma mulher de pernas abertas e olhos fecha-</p><p>dos, a do direito, são Jorge guerreiro. E, ainda,</p><p>O ROmantismO nO BRasiltEma</p><p>5</p><p>calçava chinelo Charlote, vestia calça boquinha,</p><p>camiseta de linha colorida confeccionada por</p><p>presidiários. Porém, quando apontou na extremi-</p><p>dade direita da praça da Quadra Quinze, em seu</p><p>coração de policial, nos passos que lhe apresen-</p><p>tavam a imagem do corpo de Francisco, um ner-</p><p>vosismo brando foi num crescente ininterrupto</p><p>até virar desespero absoluto. O presunto era de</p><p>um trabalhador.</p><p>LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo:</p><p>Companhia das Letras, 2002, p. 55-56.</p><p>a) O romance Lucíola, publicado em 1862, é conside-</p><p>rado uma das mais importantes obras de José de</p><p>Alencar. Cite três aspectos que marcam o estilo de</p><p>época a que se filia o autor, tendo como referência</p><p>o fragmento selecionado.</p><p>Podem ser citados os seguintes aspectos que caracterizam a obra como</p><p>romântica: valorização da cultura nacional (Todas as raças, desde o</p><p>caucasiano sem mescla até o africano puro [...] ), descrição minuciosa</p><p>do ambiente e a visão subjetiva da realidade ([...] todas as posições,</p><p>desde as ilustrações da política, da fortuna ou do talento, até o proletário</p><p>humilde e desconhecido [...] desfilaram em face de mim [...] ), como se</p><p>todas as classes sociais convivessem em harmonia.</p><p>b) Os Textos 1 e 2 são narrativas urbanas que têm</p><p>como cenário o Rio de Janeiro. Compare os tre-</p><p>chos dos dois romances anteriormente trans-</p><p>critos, estabelecendo diferenças em relação à</p><p>percepção da cidade e suas personagens e à lin-</p><p>guagem utilizada pelos respectivos autores.</p><p>Enquanto Alencar apresenta as diferenças socioeconômicas entre os</p><p>habitantes do Rio de Janeiro de forma idealizada, poética, Paulo Lins</p><p>descreve essa disparidade de forma crua e realista, expondo-a como a</p><p>causa principal da violência nas grandes cidades.</p><p>D0-LIT-EM-3013-CA-VU-096-122-LA-M005.indd 81 7/15/15 10:36 AM</p>