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Aula 13 - Romantismo No Brasil – Segunda Geração 129 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Nem de amor, ‒ de compaixão. Fonte: GONCALVES DIAS, 2000. p. 63-68. Uma leitura comparativa dos excertos permite afirmar que os dois eu líricos a) sentem-se imperturbados pelo sentimento amoroso não correspondido. b) realizam o amor na sua plenitude justamente porque sofrem com ele. c) censuram o descaso com que é tratado seu sentimento amoroso. d) externam prazer quanto ao sentimento amoroso que despertam. e) sentem-se satisfeitos com o sofrimento amoroso apesar da dor. Questão 06 (Upe-ssa 1 2017) Leia atentamente os textos verbais e não verbais a seguir. Texto 1 Meus Oito Anos Oh! que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida. De minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Da rua de Santo Antônio Debaixo dos laranjais Casimiro de Abreu Texto 2 Meus Oito Anos Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra! Da rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais Oswald de Andrade Texto 3 Texto 4 CARAMURU Canto VI XXXVII Copiosa multidão da nau francesa Corre a ver o espetáculo, assombrada; E, ignorando a ocasião de estranha empresa, Pasma da turba feminil, que nada. Uma, que às mais precede em gentileza, Não vinha menos bela do que irada; Era Moema, que de inveja geme, E já vizinha à nau se apega ao leme. XXXVIII — “Bárbaro (a bela diz:) tigre e não homem... Porém o tigre, por cruel que brame, Acha forças no amor que enfim o domem; Só a ti não domou, por mais que eu te ame. Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem, Como não consumis aquele infame? Mas apagar tanto amor com tédio e asco... Ah que corisco és tu... raio... penhasco? (...) José de Santa Rita Durão Texto 5 130 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) Texto 6 Com base nos textos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, analise as afirmativas a seguir e assinale com V as Verdadeiras e com F as Falsas. ( ) É considerado um intertexto todo aquele texto que cruza com outro texto e estabelece com este uma inter-relação nova e singular. Dessa forma, pode-se afirmar que os Textos 1 e 2 são considerados um intertexto. ( ) O Texto 3 se trata de um cartaz sobre uma campanha publicitária promovida pelo Ministério da Educação, em 2003. Nele se observa a predominância de uma função da linguagem, que é a função emotiva ou expressiva. ( ) O Texto 4 é um trecho do poema lírico do Barroco brasileiro, o qual narra os feitos heroicos de Diogo Álvares Correia, que ensina aos índios tupinambás as leis e a cultura dos europeus. Esse poema foi parodiado no filme Caramuru – A Invenção do Brasil, conforme está indicado no Texto 5. ( ) A paródia é a recriação de um texto com a finalidade de ironizar, criticar, provocar humor, satirizar um outro texto que serviu de referência. Assim, pode-se afirmar que o Texto 6 é um exemplo de paródia. A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: a) V – V – F – V b) F – V – V – F c) F – F – V – F d) V – F – V – F e) V – F – F – V Questão 07 (UFRRJ 2004) Relacione aos fragmentos de texto abaixo as seguintes características da poesia ultra-romântica no Brasil. (1) temática da morte. (2) angústia existencial. (3) tédio da vida. (4) melancolia. (5) busca de um princípio universal. ( ) Oh! Vem depressa, minha vida foge... Sou como o lírio que já murcho cai! (Casimiro de Abreu) ( ) Como varia o vento, o céu - o dia, Como estrelas e estrelas e nuvens e mulheres, Pela regra geral de todos os seres, Minha lira também seus tons varia, (Álvares de Azevedo) ( ) Eis o que sou! - A dúvida encarnada, Que perenal vacila (Junqueira Freire) ( ) Escrevi porque a alma tinha cheia Numa insônia que o spleen entristecia De vibrações convulsas de ironia! (Álvares de Azevedo) ( ) Adeus meus sonhos, eu pranteio e morro! Não levo da existência uma saudade! (Álvares de Azevedo) A correspondência correta entre os fragmentos e suas características ultrarromânticas resulta na seguinte sequência: a) (4) (5) (2) (1) (3). b) (4) (5) (3) (2) (1). c) (5) (4) (1) (2) (3). d) (4) (5) (2) (3) (1). e) (1) (4) (5) (3) (2). TEXTO PARA AS PRÓXIMAS DUAS QUESTÕES Namoro a cavalo Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça Que rege minha vida malfadada Pôs lá no fim da rua do Catete A minha Dulcinéia namorada. Alugo (três mil réis) por uma tarde Um cavalo de trote (que esparrela!) Só para erguer meus olhos suspirando À minha namorada na janela... Todo o meu ordenado vai-se em flores E em lindas folhas de papel bordado Onde eu escrevo trêmulo, amoroso, Algum verso bonito... mas furtado. Ontem tinha chovido... que desgraça! Eu ia a trote inglês ardendo em chama, Mas lá vai senão quando uma carroça Minhas roupas tafuis encheu de lama... Eu não desanimei. Se Dom Quixote No Rocinante erguendo a larga espada Nunca voltou de medo, eu, mais valente, Fui mesmo sujo ver a namorada... Mas eis que no passar pelo sobrado Onde habita nas lojas minha bela Por ver-me tão lodoso ela irritada Bateu-me sobre as ventas a janela... O cavalo ignorante de namoros Entre dentes tomou a bofetada, Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo Com pernas para o ar, sobre a calçada... Dei ao diabo os namoros. Escovado Meu chapéu que sofrera no pagode Dei de pernas corrido e cabisbaixo E berrando de raiva como um bode. Circunstância agravante. A calça inglesa Rasgou-se no cair de meio a meio, O sangue pelas ventas me corria Em paga do amoroso devaneio!... Álvares de Azevedo Aula 13 - Romantismo No Brasil – Segunda Geração 131 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Questão 08 O texto acima é de autoria de um dos principais poetas do romantismo brasileiro. Estabelecendo relação entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico e social, podemos afirmar que o poema: a) reflete perfeitamente o ultrarromantismo do autor, uma vez que apresenta como núcleo temático a idealização do amor. b) por conta do seu caráter cômico, se afasta dos ideais românticos e não deixa entrever os verdadeiros hábitos e valores da burguesia da época. c) parodia o estilo romântico, criticando e negando através do humor a ideia de que o amor é a mola mestra da sociedade. d) reflete e ironiza os hábitos e valores da sociedade burguesa de sua época, que apresentava uma visão idealizada da relação amorosa. e) faz uso da linguagem pomposa do romantismo, para mostrar os sacrifícios necessários a uma vivência pela do amor. Questão 09 O texto acima está concentrado, principalmente, sobre qual elemento do sistema de comunicação: a) o código, porque há explicação do significado das expressões. b) o receptor, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação. c) o emissor, pois a linguagem é subjetiva e traz constantes marcas de pessoalidade. d) o referente, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais. e) a mensagem, pois se chama a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto. Questão 10 Meus oito anos Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! Casemiro de Abreu O estilo dos versos de Casimiro de Abreu a) é brando e gracioso, adotando um ritmo popular carregado de musicalidade. b) traduz-se em linguagem grandiosa, por meiodas quais estabelece a crítica social. c) é preciso e objetivo, deixando em segundo plano o subjetivismo. d) reflete o padrão ultrarromântico da morbidez e melancolia. e) é rebuscado e altamente subjetivo, o que o aproxima do estilo de Castro Alves. Texto para a próxima questão: Já dois anos se passaram longe da pátria. Dois anos! Diria dois séculos. E durante este tempo tenho contado os dias e as horas pelas bagas do pranto que tenho chorado. Tenha embora Lisboa os seus mil e um atrativos, ó eu quero a minha terra; quero respirar o ar natal (...). Nada há que valha a terra natal. Tirai o índio do seu ninho e apresentai-o d'improviso em Paris: será por um momento fascinado diante dessas ruas, desses templos, desses mármores; mas depois falam-lhe ao coração as lembranças da pátria, e trocará de bom grado ruas, praças, templos, mármores, pelos campos de sua terra, pela sua choupana na encosta do monte, pelos murmúrios das florestas, pelo correr dos seus rios. Arrancai a planta dos climas tropicais e plantai-a na Europa: ela tentará reverdecer, mas cedo pende e murcha, porque lhe falta o ar natal, o ar que lhe dá vida e vigor. Como o índio, prefiro a Portugal e ao mundo inteiro, o meu Brasil, rico, majestoso, poético, sublime. Como a planta dos trópicos, os climas da Europa enfezam-me a existência, que sinto fugir no meio dos tormentos da saudade. (ABREU, Casimiro de."Obras de Casimiro de Abreu". Rio de Janeiro: MEC, 1955.) Casimiro de Abreu costuma ser classificado pela crítica literária como integrante da segunda geração do Romantismo. No entanto, o texto acima reflete bem o projeto literário do Romantismo no Brasil e dialoga com o contexto histórico da época, pois o poeta: a) de forma impessoal detalha as riquezas naturais do Brasil, de modo a engrandecê-lo frente a Portugal, reforçando o sentimento da época contra o iminente rompimento com o pacto colonial. b) exalta tanto o Brasil quanto Portugal, elencando as qualidades de ambos, como uma forma de evitar que o processo de Independência, que ganhava força, trouxesse prejuízo para a relação entre os dois países. c) ressalta que, apesar da superioridade de Portugal no que diz respeito à sua riqueza natural e cultural, sente-se um exilado, o que reflete o caráter essencialmente nacionalista do Romantismo. d) compara-se a um índio para destacar seu desprezo por Portugal e, consequentemente, pelo pacto colonial, apoiando a Independência recém proclamada e refletindo o caráter nacionalista do Romantismo. e) ao destacar o sentimento de exílio, exaltar a natureza brasileira e fazer referência ao índio, exemplifica boa parte da produção romântica, marcada pelo nacionalismo ufanista, reflexo, também, do processo de Independência. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Casimiro de Abreu pertence à geração dos poetas que morreram prematuramente, na casa dos vinte anos, como Álvares de Azevedo e outros, acometidos do “mal” byroniano. Sua poesia, reflexo autobiográfico dos transes, imaginários e verídicos, que lhe agitaram a curta existência, centra-se em dois temas fundamentais: a saudade e o lirismo amoroso. Graças a tal fundo de juvenilidade e timidez, sua poesia saudosista guarda um não sei quê de infantil. (Massaud Moisés. A literatura brasileira através dos textos, 2004. Adaptado.) Questão 12 (Unifesp 2014) Os versos de Casimiro de Abreu que se aproximam da ideia de saudade, tal como descrita por Massaud Moisés, encontram- se em: a) Se eu soubesse que no mundo / Existia um coração, / Que só por mim palpitasse / De amor em terna expansão; / Do peito calara as mágoas, / Bem feliz eu era então! b) Oh! não me chames coração de gelo! / Bem vês: traí-me no fatal segredo. / Se de ti fujo é que te adoro e muito, / És bela – eu moço; tens amor, eu – medo!... c) Naqueles tempos ditosos / Ia colher as pitangas, / Trepava a tirar as mangas, / Brincava à beira do mar; / Rezava às Ave-Marias, / 132 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) Achava o céu sempre lindo, / Adormecia sorrindo / E despertava a cantar! d) Minh’alma é triste como a flor que morre / Pendida à beira do riacho ingrato; / Nem beijos dá-lhe a viração que corre, / Nem doce canto o sabiá do mato! e) Tu, ontem, / Na dança / Que cansa, / Voavas / Co’as faces/ Em rosas / Formosas / De vivo, / Lascivo / Carmim; / Na valsa / Tão falsa, / Corrias, / Fugias, / Ardente, / Contente,/ Tranquila, / Serena, / Sem pena / De mim! Soneto Ja ́ da morte o palor me cobre o rosto, Nos la ́bios meus o alento desfalece, Surda agonia o corac ̧a ̃o fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!... ja ́ esmorece O corpo exausto que o repouso esquece... Eis o estado em que a ma ́goa me tem posto! O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Da ́-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem ja ́ na ̃o vive! AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. Questão 13 (ENEM 2010) O nu ́cleo tema ́tico do soneto citado e ́ típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é A) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. B) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda. C) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade. D) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. E) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento. Questão 14 (Fei) LEMBRANÇA DE MORRER (Fragmento) Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poento caminheiro - Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro Como o desterro de minh' alma errante, Onde fogo insensato a consumia: Só levo uma saudade - é desses tempos Que amorosa ilusão embelecia. Só levo uma saudade - é dessas sombras Que eu sentia velar nas noites minhas... De ti, ó minha mãe, pobre coitada Que por minha tristeza te definhas! De meu pai!... de meus únicos amigos, Poucos - bem poucos - e que não zombavam Quando, em noite de febre endoudecido, Minhas pálidas crenças duvidaram. Este trecho é de Álvares de Azevedo, famoso poeta romântico brasileiro. Qual das características a seguir NÃO se encontra no poema? a) O autor demonstra um desencanto precoce pela vida e vê na morte a solução de seus problemas b) Álvares de Azevedo, como outros escritores de sua geração, revela intensa necessidade de fugir do real através da lembrança de um passado idealizado. c) Os principais motivos da lânguida tristeza sentida pelo poeta são a desilusão amorosa e a incompreensão de falsos amigos. d) O autor de "Lembrança de Morrer" é um representante da segunda geração romântica, também chamada "mal do século", caracterizada pela melancolia e pelo sentimentalismo exacerbados. e) Através da leitura deste poema, percebe-se que Álvares de Azevedo pode ser considerado um representante da primeira geração romântica, a dos autores nacionalistas. Questão 15 (Pucsp 2001) Fragmento I Pálida à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d'alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Fragmento II É ela! é ela! - murmurei tremendo, E o eco ao longe murmurou - é ela! Eu a vi - minha fada aérea e pura - A minha lavadeira na janela! (...) Esta noite eu ousei mais atrevido Nas telhas que estalavam nos meus passos Ir espiar seu venturoso sono, Vê-la mais bela de Morfeu nos braços! Como dormia! que profundo sono!... Tinha na mão o ferro do engomado...Como roncava maviosa e pura!... Quase caí na rua desmaiado! (...) É ela! é ela! - repeti tremendo; Mas cantou nesse instante uma coruja... Abri cioso a página secreta... Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja! Aula 13 - Romantismo No Brasil – Segunda Geração 133 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Os fragmentos acima são de Alvares de Azevedo e desenvolvem o tema da mulher e do amor. Caracterizam duas faces diferentes da obra do poeta. Comparando os dois fragmentos, podemos afirmar que, a) no primeiro, manifesta-se o desejo de amar e a realização amorosa se dá plenamente entre os amantes. b) no segundo, apesar de haver um tom de humor e sátira, não se caracteriza o rebaixamento do tema amoroso. c) no primeiro, o poeta figura a mulher adormecida e a toma como objeto de amor jamais realizado. d) no segundo, o poeta expressa as condições mais rasteiras de seu cotidiano, porém, atribui à mulher traços de idealização iguais aos do primeiro fragmento. e) no segundo, ao substituir a musa virginal pela lavadeira entretida com o rol de roupa suja, o poeta confere ao tema amoroso tratamento idêntico ao verificado no primeiro fragmento.