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<p>DIREITO PROCESSUAL</p><p>PENAL</p><p>PARTE I</p><p>CARREIRAS JURÍDICAS</p><p>Sumário</p><p>1. Princípios e sistemas processuais penais 1</p><p>a. Regime jurídico processual penal 1</p><p>b. Diferença entre Princípios e Regras 1</p><p>c. Funções dos Princípios Processuais Penais 4</p><p>d. Princípios Processuais Penais 4</p><p>e. Sistemas processuais penais 34</p><p>2. Lei processual penal no tempo e no espaço 41</p><p>a. Lei processual penal no espaço 41</p><p>b. Lei processual penal no tempo 41</p><p>3. Investigação Criminal 47</p><p>a. Introdução 47</p><p>b. Inquérito policial 51</p><p>4. Ação Penal 107</p><p>a. Trilogia estrutural do processo 107</p><p>b. Evolução do processo 109</p><p>c. Direito de ação 111</p><p>d. Classificação das ações penais 130</p><p>e. Aditamento da denúncia 173</p><p>f. Ação civil ex delicto 177</p><p>5. Competência 185</p><p>a. Introdução 185</p><p>b. Formas de arguição dos vícios de incompetências 189</p><p>c. Critérios que fixam a competência 192</p><p>1.Princípios e sistemas processuais</p><p>penais</p><p>a. Regime jurídico processual penal</p><p>i. Introdução</p><p>● Sempre que tratamos de uma matéria jurídica,</p><p>devemos abordar o regime jurídico, que é o</p><p>conjunto de normas (princípios e regras) que</p><p>sistematizam/orientam aquela matéria.</p><p>b. Diferença entre Princípios e Regras</p><p>i. Normas jurídicas são o gênero, que tem como espécies</p><p>regras e princípios. A diferença é abordada com</p><p>profundidade por autores jurídicos, como:</p><p>● Ronald Dworkin</p><p>○ Para o autor, princípios e regras se</p><p>diferenciam em três aspectos:</p><p>■ Conteúdo</p><p>➢ Regras: possuem conteúdo</p><p>objetivo determinado.</p><p>→ Ex: não pise na grama.</p><p>Caso descumpra, haverá</p><p>sanção.</p><p>➢ Princípios: possuem conteúdo</p><p>vago e moral.</p><p>→ Princípios trazem os</p><p>valores morais da</p><p>sociedade para o direito.</p><p>→ Ex: isonomia – todos são</p><p>iguais perante a lei.</p><p>■ Atividade do intérprete</p><p>1</p><p>➢ Regras: a atividade do intérprete</p><p>é reduzida e silogística, sendo</p><p>uma atividade limitada.</p><p>➢ Princípios: há espaço de</p><p>liberdade e aplicação, sendo uma</p><p>atividade criativa.</p><p>■ Resultado</p><p>➢ Regras: são aplicadas com base</p><p>no critério do “tudo ou nada”.</p><p>Dessa forma, ou aplica uma regra</p><p>ou aplica outra. As regras</p><p>conflituam em abstrato.</p><p>→ Ex: “não pise na grama” e</p><p>“é permitido pisar na</p><p>grama”.</p><p>→ Antinomias1 são</p><p>solucionadas por</p><p>determinados critérios, que</p><p>estabelecem qual norma</p><p>prevalecerá.</p><p>➢ Princípios: são dimensões de</p><p>peso. Assim, deve observar, no</p><p>caso concreto, a norma que será</p><p>aplicada. Abstratamente,</p><p>princípios não colidem.</p><p>→ Ex: Há a colisão entre</p><p>direito à vida e direito ao</p><p>próprio corpo no caso de</p><p>transfusão de sangue por</p><p>1 Segundo o professor Flávio Tartuce, a antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e</p><p>emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em</p><p>determinado caso concreto (lacunas de colisão).</p><p>2</p><p>determinados grupos</p><p>religiosos.</p><p>● Robert Alexy</p><p>○ Para o autor, princípios e regras têm funções</p><p>diferentes no sistema jurídico.</p><p>■ As regras são de aplicação rotineira e</p><p>cotidiana.</p><p>■ Princípios servem como mandados de</p><p>otimização, apontando em</p><p>determinada direção cuja aplicação</p><p>depende de outros fatores, tais como:</p><p>➢ Situação em concreto</p><p>➢ Estágio de desenvolvimento da</p><p>sociedade</p><p>➢ Recursos que o Estado possui</p><p>para aplicá-los</p><p>→ Ex: Princípio social da</p><p>erradicação da pobreza,</p><p>previsto na Constituição de</p><p>1988, dependerá de</p><p>critérios da realidade social</p><p>para concretização do</p><p>princípio.</p><p>● Celso Antônio Bandeira de Mello</p><p>○ Para o autor, os princípios possuem função</p><p>mais apurada e notável do que as regras.</p><p>■ Princípios são pilares do ordenamento</p><p>jurídico, orientando a atuação dos</p><p>atores sociais (juízes, promotores e</p><p>advogados).</p><p>3</p><p>➢ Detêm função interpretativa,</p><p>resolvendo antinomias e</p><p>situações difíceis.</p><p>c. Funções dos Princípios Processuais Penais</p><p>i. Função Normativa: possui a função de regular o caso</p><p>concreto, sendo aplicados diretamente.</p><p>○ Função resgatada pelo pós-positivismo.</p><p>■ Positivismo: vislumbrava o Direito</p><p>como ciência pura, dava, aos princípios,</p><p>função acessória, aplicando-os em</p><p>casos de conflito de normas.</p><p>○ Ex: Princípio do in dubio pro reo. Quando o</p><p>juiz se encontra em dúvida no caso concreto,</p><p>necessariamente, deve absolver o réu.</p><p>■ Princípio se aplica diretamente, não há</p><p>orientação ou função interpretativa.</p><p>ii. Função Interpretativa: há a função de orientação do</p><p>intérprete na resolução dos casos concretos</p><p>(principalmente casos difíceis).</p><p>○ Ex: O art. 260 do CPP2 vinha sendo aplicado</p><p>para se valer da condução coercitiva do</p><p>acusado para fins de interrogatório. O STF,</p><p>com base no princípio da vedação à</p><p>autoincriminação , afastou essa possibilidade</p><p>de interpretação da norma. Logo, houve a</p><p>função interpretativa do princípio da vedação</p><p>à autoincriminação.</p><p>d. Princípios Processuais Penais</p><p>i. Princípio do Devido Processo Legal</p><p>2 Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer</p><p>outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua</p><p>presença.</p><p>4</p><p>● Previsão Legal: art. 5º, inciso LIV, CF.3</p><p>● Histórico</p><p>○ Origem remete à Inglaterra medieval, na</p><p>elaboração da Magna Carta que era formada</p><p>por um conjunto de direitos que a nobreza</p><p>reivindicou do rei João Sem-Terra (1.215).</p><p>■ Assim, houve a imposição de limites ao</p><p>rei no que toca à propriedade e à</p><p>liberdade, especificamente no</p><p>processo de desapropriação. Esse se</p><p>torna um procedimento para tomar a</p><p>propriedade, com participação dos</p><p>interessados.</p><p>➢ Garantia para evitar a tomada da</p><p>propriedade</p><p>○ Desenvolvimento nos EUA, due process of</p><p>law.</p><p>■ Ideia de que para a propriedade ou</p><p>liberdade da pessoa ser privada, pelo</p><p>Estado, é necessário que siga um</p><p>procedimento que é um conjunto de</p><p>atos que dão o mínimo de garantia</p><p>para justificar a atuação interventiva do</p><p>Estado.</p><p>● Definição ampla de Princípio do Devido Processo</p><p>Legal</p><p>○ Garantia concedida ao cidadão de que o</p><p>Estado, em sua atuação interventiva, ao</p><p>privar o cidadão de liberdade ou de bens, terá</p><p>de seguir determinado procedimento.</p><p>3 LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;</p><p>5</p><p>● Desdobramento do Princípio do Devido Processo</p><p>Legal em dois tipos:</p><p>○ Devido Processo Legal Formal</p><p>■ É o conjunto de atos encadeados que o</p><p>Estado terá de seguir na atuação</p><p>interventiva para privar o indivíduo de</p><p>liberdade ou bens.</p><p>➢ É um procedimento.</p><p>➢ O devido processo legal formal</p><p>não é suficiente. É necessário que</p><p>o procedimento seja</p><p>minimamente adequado.</p><p>○ Devido Processo Legal Material</p><p>■ Processo adequado e justo, garantindo</p><p>os direitos daquele Estado ao cidadão.</p><p>● Definição do Princípio do Devido Processo Legal</p><p>que engloba os dois tipos (material e formal)</p><p>○ Garantia individual do cidadão de que o</p><p>Estado, para agir, terá de seguir uma</p><p>sequência de atos pré-determinada na lei</p><p>que seja justa, adequada e respeite as</p><p>garantias legais.</p><p>■ Observação: em provas, deve-se definir</p><p>o conceito do devido processo legal</p><p>abordando a perspectiva formal e</p><p>material.</p><p>● Devido Processo Legal é considerado, pela</p><p>doutrina, uma cláusula aberta e genérica que</p><p>deve ser complementada por outros subprincípios.</p><p>Então, a seguir, iremos estudar diversos outros</p><p>princípios que complementam o devido processo</p><p>legal em sua perspectiva material.</p><p>6</p><p>ii. Princípio do Contraditório</p><p>● Subprincípio (cláusula) do Devido Processo Legal</p><p>● Previsão legal: art. 5º, inciso LV, CF.4</p><p>● Definição</p><p>○ Garantia de que, no devido processo, a</p><p>pessoa interessada será necessariamente</p><p>informada dos seus atos, tendo a</p><p>oportunidade de reagir e influenciar na</p><p>decisão.</p><p>■ Logo, o contraditório exige a</p><p>informação e capacidade de influência</p><p>na decisão.</p><p>➢ Assim, é, do contraditório, que</p><p>surge a necessidade de citação e</p><p>notificação em processo</p><p>investigativo. E, é do</p><p>contraditório, que surge a</p><p>capacidade de influenciar nos</p><p>autos (oportunidade de reagir).</p><p>● Exigências do Contraditório no âmbito do</p><p>Processo Penal</p><p>○ Obrigatoriedade de defesa técnica</p><p>■ Para ser efetivo o Princípio do</p><p>Contraditório, o acusado precisa estar</p><p>assistido por defensor técnico</p><p>○ Conceito: o inquérito possui uma única</p><p>finalidade, qual seja a de apuração dos fatos,</p><p>não cabendo ao Delegado de Polícia emitir</p><p>nenhum juízo de valor na apuração dos fatos.</p><p>○ Discussão doutrinária a respeito</p><p>59Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3</p><p>(dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha</p><p>colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que</p><p>dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:</p><p>III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;</p><p>58Alegando que houve violação à súmula vinculante 14.</p><p>60</p><p>■ 1ª corrente60: o doutrinador Paulo</p><p>Rangel coaduna nesse sentido,</p><p>ensinando que ainda há relatórios em</p><p>inquéritos policiais que são verdadeiras</p><p>denúncias ou sentenças, sendo isso um</p><p>resquício do inquisitorialismo no seio</p><p>policial. Assim, para ele, o inquérito</p><p>teria caráter unidirecional.</p><p>➢ Assim, o inquérito é dirigido ao</p><p>membro do Ministério Público,</p><p>que deve formar a sua opinio</p><p>delicti, cabendo à autoridade</p><p>policial tão somente apurar os</p><p>fatos.</p><p>■ 2ª corrente61: o inquérito não possui</p><p>caráter unidirecional, sendo que o 1º</p><p>destinatário da investigação é a</p><p>autoridade policial e, posteriormente, o</p><p>Ministério Público. Logo, o inquérito</p><p>policial não é unidirecional e sua</p><p>missão não se resume a angariar</p><p>substrato probatório mínimo para a</p><p>acusação.</p><p>● Oficial</p><p>○ Conceito: inquérito policial deve ser</p><p>conduzido por autoridade pública dotada de</p><p>poderes e incumbência própria para</p><p>conduzir o procedimento.</p><p>61Adotar essa corrente em provas de delegado (subjetiva)</p><p>60Adotar essa corrente em provas de Defensoria e Ministério Público (provas subjetiva), mas citar a</p><p>outra corrente.</p><p>61</p><p>■ O inquérito policial é conduzido pelo</p><p>delegado62 de polícia civil (âmbito</p><p>estadual) ou federal (âmbito federal).</p><p>Indo Além: É necessária prévia</p><p>autorização judicial do</p><p>Desembargador Relator para a</p><p>instauração de investigações</p><p>penais contra autoridades com</p><p>foro privativo no Tribunal de</p><p>Justiça, seja a investigação</p><p>conduzida pela Polícia Judiciária,</p><p>seja pelo Ministério Público (STF.</p><p>Plenário. ADI 7.447/PA, Rel. Min.</p><p>Alexandre de Moraes, julgado em</p><p>21/11/2023 (Info 1117).</p><p>○ Legislação: Lei 12.830/2013 dispõe sobre a</p><p>investigação criminal conduzida pelo</p><p>delegado de polícia.</p><p>○ Inquérito policial militar</p><p>■ Oficial designado que conduz o</p><p>procedimento.</p><p>● Oficioso</p><p>○ Interessante observar que o inquérito pode</p><p>ser iniciado de várias formas, conforme o</p><p>artigo 5º, CPP63, sendo: (I) de ofício: a</p><p>63Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:</p><p>I - de ofício;</p><p>II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do</p><p>ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.</p><p>§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:</p><p>62Antes, usava-se o termo "autoridade policial”. Atualmente, legislador usa a expressão “delegado de</p><p>polícia” para reforçar que não é qualquer policial, mas o delegado, que é carreira específica que</p><p>preside o procedimento</p><p>62</p><p>autoridade responsável tomando o</p><p>conhecimento de um crime possui a</p><p>obrigatoriedade de instaurar uma</p><p>investigação, se o crime for de ação penal</p><p>incondicionada64; (II) mediante requisição da</p><p>autoridade judiciária ou do Ministério</p><p>Público, nos casos de crimes de ação penal</p><p>condicionada à representação65 e (III)</p><p>requerimento do ofendido, nos crimes de</p><p>ação penal privada.</p><p>○ Conceito de oficiosidade do inquérito:</p><p>tomando conhecimento de um crime, a</p><p>autoridade oficial responsável tem obrigação</p><p>de instaurar inquérito e conduzir as</p><p>investigações, quando os crimes forem de</p><p>ação penal incondicionada. Perceba que</p><p>essa característica somente é presente no</p><p>âmbito dos crimes de ação penal pública</p><p>incondicionada.</p><p>■ Exemplo interessante: se a vítima não</p><p>representar contra o autor, o delegado</p><p>sequer poderá fazer o auto de prisão</p><p>65Exemplo: crime de ameaça</p><p>64Exemplo: roubo é um crime de ação penal pública incondicionada.</p><p>a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;</p><p>b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de</p><p>presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;</p><p>c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.</p><p>§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe</p><p>de Polícia.</p><p>§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba</p><p>ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada</p><p>a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.</p><p>§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela</p><p>ser iniciado.</p><p>§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a</p><p>requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.</p><p>63</p><p>em flagrante e nem instaurar o</p><p>inquérito.</p><p>○ Notitia66 criminis</p><p>■ Conceito: é o conhecimento,</p><p>espontâneo ou provocado (vítima,</p><p>representante legal ou de forma</p><p>anônima), a respeito de um crime</p><p>■ Espécies de notitia criminis</p><p>➢ notitia criminis de cognição</p><p>imediata ou espontânea:</p><p>Conhecimento próprio,</p><p>espontâneo e imediato da</p><p>autoridade responsável a</p><p>respeito do crime. Caso o crime</p><p>seja de ação penal pública</p><p>incondicionada, pode instaurar o</p><p>inquérito de imediato</p><p>➢ notitia criminis de cognição</p><p>mediata ou provocada:</p><p>conhecimento a respeito de</p><p>crime que vem de outra pessoa,</p><p>podendo ser da vítima ou</p><p>terceiro identificado.</p><p>→ Caso o crime seja de ação</p><p>penal pública</p><p>condicionada à</p><p>representação, simples</p><p>comunicação pela vítima</p><p>serve como representação</p><p>e permite o início do</p><p>inquérito.</p><p>66Pronúncia da seguinte forma: notitia criminis.</p><p>64</p><p>➢ notitia criminis coercitiva: a</p><p>autoridade é obrigada a instaurar</p><p>o inquérito, sendo o caso do auto</p><p>de prisão em flagrante (art 302,</p><p>CPP)67.</p><p>→ É um ato de ofício, de</p><p>modo que se não for</p><p>cumprido pode ensejar a</p><p>crime de prevaricação.</p><p>➢ notitia criminis delatio criminis:</p><p>trata-se de uma modalidade de</p><p>notitia criminis provocada por</p><p>qualquer pessoa do povo.</p><p>➢ notitia criminis anônima ou</p><p>apócrifa: levada a conhecimento</p><p>da autoridade sem identificação</p><p>da pessoa que a promoveu.</p><p>→ Há um problema em</p><p>relação a esse tipo de</p><p>notitia criminis, qual seja:</p><p>vedação ao anonimato.</p><p>Logo, há a permissão da</p><p>comunicação anônima,</p><p>porém não para</p><p>instauração de inquérito ou</p><p>para decretação de medida</p><p>interventiva, mas para</p><p>instauração de um</p><p>procedimento preliminar</p><p>67Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de</p><p>cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em</p><p>situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos,</p><p>armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.</p><p>65</p><p>(art 5º, §3º, CPP)68. Assim, a</p><p>partir desse procedimento</p><p>preliminar, pode-se</p><p>confirmar as alegações por</p><p>meios formais para</p><p>instaurar o inquérito.</p><p>● Discricionário</p><p>○ Conceito: a autoridade que o conduz tem</p><p>ampla discricionariedade para conduzir as</p><p>diligências previstas em lei. Logo, quando</p><p>verifica-se o art 6º, CPP há uma série de</p><p>diligências que devem ser tomadas pela</p><p>autoridade, porém não diz quando deve</p><p>tomá-las, já que depende do crime e das</p><p>circunstâncias fáticas. Da mesma forma,</p><p>consta o art 7º, CPP, de modo que a</p><p>reprodução simulada do crime depende da</p><p>discricionariedade da autoridade para ser</p><p>realizada ou não.</p><p>○ Artigo 14, CPP69: a realização das diligências</p><p>poderão ser feitas ou não a cargo da</p><p>autoridade, mesmo que requeridas pela</p><p>parte.</p><p>■ Logo, uma questão interessante de</p><p>provas pode ser a elaboração de uma</p><p>pergunta se o inquérito foi nulo,</p><p>porque o delegado negou uma</p><p>69Art.</p><p>14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência,</p><p>que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.</p><p>68Art. 5º, § 3º, do CPP: Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração</p><p>penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade</p><p>policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.</p><p>66</p><p>diligência da testemunha, de modo</p><p>que deverá considerar que não é nulo.</p><p>○ Artigo 13-A, CPP e Artigo 13-B, CPP70</p><p>Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148,</p><p>149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do</p><p>Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de</p><p>1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no</p><p>8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da</p><p>Criança e do Adolescente), o membro do</p><p>Ministério Público ou o delegado de polícia</p><p>poderá requisitar, de quaisquer órgãos do</p><p>poder público ou de empresas da iniciativa</p><p>privada, dados71 e informações cadastrais da</p><p>vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>Parágrafo único. A requisição, que será</p><p>atendida no prazo de 24 (vinte e quatro)</p><p>horas, conterá: (Incluído pela Lei nº 13.344, de</p><p>2016) (Vigência)</p><p>I - o nome da autoridade requisitante;</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>II - o número do inquérito policial; e (Incluído</p><p>pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>III - a identificação da unidade de polícia</p><p>judiciária responsável pela investigação.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à</p><p>repressão dos crimes relacionados ao tráfico</p><p>71Sem necessidade de autorização judicial</p><p>70Esses artigos são muito importantes, caem muito em prova.</p><p>67</p><p>de pessoas, o membro do Ministério Público</p><p>ou o delegado de polícia poderão requisitar,</p><p>mediante autorização judicial, às empresas</p><p>prestadoras de serviço de telecomunicações</p><p>e/ou telemática que disponibilizem</p><p>imediatamente os meios técnicos adequados</p><p>- como sinais, informações e outros - que</p><p>permitam a localização72 da vítima ou dos</p><p>suspeitos do delito em curso. (Incluído pela</p><p>Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa</p><p>posicionamento da estação de cobertura,</p><p>setorização e intensidade de radiofrequência.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal:</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>I - não permitirá acesso ao conteúdo da</p><p>comunicação de qualquer natureza, que</p><p>dependerá de autorização judicial, conforme</p><p>disposto em lei; (Incluído pela Lei nº 13.344,</p><p>de 2016) (Vigência)</p><p>II - deverá ser fornecido pela prestadora de</p><p>telefonia móvel celular por período não</p><p>superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma</p><p>única vez, por igual período; (Incluído pela Lei</p><p>nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>III - para períodos superiores àquele de que</p><p>trata o inciso II, será necessária a</p><p>72Precisa de autorização judicial.</p><p>68</p><p>apresentação de ordem judicial. (Incluído</p><p>pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o</p><p>inquérito policial deverá ser instaurado no</p><p>prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas,</p><p>contado do registro da respectiva ocorrência</p><p>policial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>§ 4o Não havendo manifestação judicial no</p><p>prazo de 12 (doze) horas, a autoridade</p><p>competente requisitará às empresas</p><p>prestadoras de serviço de telecomunicações</p><p>e/ou telemática que disponibilizem</p><p>imediatamente os meios técnicos adequados</p><p>- como sinais, informações e outros - que</p><p>permitam a localização da vítima ou dos</p><p>suspeitos do delito em curso, com imediata</p><p>comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>● Inquisitivo</p><p>○ Conceito: no inquérito, quem conduz é a</p><p>autoridade policial, de modo que não há</p><p>contraditório e ampla defesa.</p><p>○ Discussão sobre essa característica</p><p>■ Crítica: o contraditório pode ser pleno</p><p>(além do conhecimento, há a</p><p>possibilidade influir na decisão) e</p><p>postergado (somente dá, em um</p><p>primeiro momento, o conhecimento. E,</p><p>posteriormente, há possibilidade de</p><p>influir na decisão). Nesse ponto,</p><p>perceba que o contraditório</p><p>69</p><p>postergado é o observado no inquérito,</p><p>já que é dado informações para a</p><p>defesa, bastando ver a súmula</p><p>vinculante 14 que garante o</p><p>contraditório.</p><p>➢ Então, no inquérito, deve-se</p><p>observar o mínimo do</p><p>contraditório (oferecer</p><p>informação à defesa). E,</p><p>posteriormente, a defesa poderá</p><p>reagir em situações de urgência,</p><p>como o HC para trancar o</p><p>inquérito policial. Ainda, a defesa</p><p>poderá reagir posteriormente no</p><p>processo.</p><p>→ Perceba que, no inquérito,</p><p>não há a possibilidade de</p><p>contra-argumentar, impor</p><p>a realização de uma</p><p>diligência e realizar</p><p>grandes atos de defesa, o</p><p>que caracteriza o inquérito</p><p>como inquisitivo. Porém, é</p><p>errado (na visão crítica)</p><p>dizer que o inquérito não</p><p>possui contraditório.</p><p>○ Apontamentos da doutrina</p><p>■ 1ª corrente (Paulo Rangel)73: se inexiste</p><p>acusação formalizada no inquérito,</p><p>inexiste contraditório e ampla defesa,</p><p>73Seguir essa posição para delegado civil em uma prova do Rio de Janeiro.</p><p>70</p><p>tendo como efeito a regra do artigo 14,</p><p>CPP74. Como vimos, requerimentos</p><p>dirigidos pelos envolvidos, vítimas e</p><p>indiciados, podem ser deferidos ou</p><p>não, sem fundamentação, afinal, não</p><p>há contraditório nem ampla defesa a</p><p>serem observados.</p><p>➢ Essa orientação, atualmente, não</p><p>vem tendo guarida na</p><p>jurisprudência e nas recentes</p><p>inovações legislativas.</p><p>■ 2ª corrente (contemporânea -</p><p>jurisprudência): o artigo 5º, LXIII, CF já é</p><p>manifestação do contraditório e ampla</p><p>defesa no inquérito. Ainda, a garantia</p><p>de participação no inquérito já é uma</p><p>manifestação. Assim, o inquérito é sim</p><p>inquisitório, mas pelo fato de que o</p><p>contraditório e ampla defesa são de</p><p>exercício facultativo e não</p><p>imprescindível como são à validade do</p><p>processo acusatório.</p><p>○ Exercício endógeno e exógeno do</p><p>contraditório</p><p>■ Endógeno: é o dentro do inquérito, de</p><p>modo que não há contraditório, exceto</p><p>se a autoridade permitir.</p><p>■ Exógeno: por meio da informação</p><p>assegurada à defesa, é cabível mover</p><p>74Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência,</p><p>que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.</p><p>71</p><p>ação de impugnação (mandado de</p><p>segurança, habeas corpus) para trancar</p><p>o inquérito por abuso ou restrição</p><p>muito grave aos direitos de defesa do</p><p>investigado.</p><p>● Temporário</p><p>v. Valor probatório do inquérito</p><p>● Introdução</p><p>○ Prova é um termo polissêmico (tem vários</p><p>significados), podendo significar um</p><p>elemento de prova, como uma testemunha,</p><p>um procedimento probatório, um</p><p>interrogatório e uma reprodução simulada</p><p>○ Ao tratarmos de inquérito policial, não</p><p>podemos falar em prova, como resultado de</p><p>elemento apto a interferir na convicção do</p><p>juiz que precisa do devido processo legal,</p><p>contraditório, ampla defesa e publicidade. O</p><p>termo mais técnico é falar que o inquérito</p><p>coleta os elementos de informação.</p><p>● Elementos de informação</p><p>○ Artigo 155, CPP75</p><p>■ Juiz, em sua convicção, deve se valer do</p><p>produzido no processo, que é o que</p><p>pode ser realmente chamado de prova,</p><p>por ter cumprido com o requisito de</p><p>devido processo legal. Todavia, pode</p><p>usar os elementos informativos</p><p>colhidos no inquérito com o que</p><p>75Art. 155 do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em</p><p>contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos</p><p>informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e</p><p>antecipadas.</p><p>72</p><p>chamamos de obter dictum</p><p>(argumento de reforço).</p><p>➢ Consequência: se o juiz, no</p><p>momento de sentenciar, apenas</p><p>possui os elementos do inquérito,</p><p>não pode condenar, tendo em</p><p>vista o princípio da presunção de</p><p>inocência e regra do in dubio pro</p><p>reo.</p><p>➢ Assim, os elementos de</p><p>informação do inquérito são</p><p>argumentos de reforço76, exceto</p><p>quando o juiz formar sua</p><p>convicção com base em:</p><p>→ Provas irrepetíveis:</p><p>provas</p><p>em que há o esgotamento</p><p>do objeto e procedimento,</p><p>de modo que não poderá</p><p>ser reproduzida no futuro.</p><p>↠ Exemplo: prova de</p><p>corpo de delito.77</p><p>→ Provas cautelares e</p><p>antecipadas: são provas</p><p>que satisfazem o requisito</p><p>do devido processo legal,</p><p>porém não são realizadas</p><p>no momento de instrução,</p><p>porque há uma urgência.78</p><p>78Exemplo: há um risco de perecimento, de perda do conhecimento, de falecimento de testemunha</p><p>77Exame de corpo de delito em caso de lesão. A prova é irrepetível porque lesão não estará mais lá</p><p>durante o processo</p><p>76Não precisa excluir dos autos, porém não pode argumentar exclusivamente com base nesses</p><p>elementos.</p><p>73</p><p>↠ STJ admite produção</p><p>de prova cautelar</p><p>para policiais que</p><p>estão</p><p>constantemente</p><p>expostos à repetição</p><p>de casos</p><p>semelhantes,</p><p>possível a</p><p>antecipação para não</p><p>esquecer. É</p><p>necessária a</p><p>presença das partes,</p><p>Ministério Público e</p><p>defesa</p><p>vi. Vícios do inquérito policial e sua interferência no</p><p>processo</p><p>● Questiona-se: havendo nulidade no inquérito</p><p>policial. Esse vício será transportado para o</p><p>processo?</p><p>○ 1ª corrente: a jurisprudência do STF e do STJ é</p><p>consolidada no sentido de que os vícios não</p><p>são transferidos do inquérito ao processo.</p><p>Isso porque o inquérito é etapa inquisitiva,</p><p>inicial, valendo exclusivamente como peça de</p><p>informação para o autor da ação, de modo</p><p>que as provas serão produzidas</p><p>posteriormente.</p><p>○ 2ª corrente: o inquérito policial é o que forma</p><p>a justa causa (condição da ação penal), sendo</p><p>74</p><p>o lastro probatório mínimo para que a ação</p><p>seja admitida. Então, se esse lastro probatório</p><p>estiver viciado (maculado), haverá prejuízo no</p><p>processo, porque a acusação não será</p><p>recebida.</p><p>■ Exemplo: imagine que há um inquérito</p><p>em que foi pautado em uma confissão</p><p>feita mediante tortura. É evidente que</p><p>eventual acusação penal que não</p><p>apresentar um evento novo, haverá a</p><p>falta de justa causa.</p><p>vii. Diligências</p><p>● Artigo 6º, CPP</p><p>Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da</p><p>infração penal, a autoridade policial deverá:</p><p>I - dirigir-se ao local, providenciando para que não</p><p>se alterem o estado e conservação das coisas, até a</p><p>chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela</p><p>Lei nº 8.862, de 28.3.1994)</p><p>II - apreender os objetos que tiverem relação com o</p><p>fato, após liberados pelos peritos criminais;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)</p><p>III - colher todas as provas que servirem para o</p><p>esclarecimento do fato e suas circunstâncias;</p><p>IV - ouvir o ofendido;</p><p>V - ouvir o indiciado, com observância, no que for</p><p>aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll,</p><p>deste Livro, devendo o respectivo termo ser</p><p>assinado por duas testemunhas que Ihe tenham</p><p>ouvido a leitura;</p><p>● Aqui, trata-se do interrogatório, de</p><p>modo que os regramentos do</p><p>75</p><p>interrogatório judicial, no que for</p><p>cabível, serão observados no</p><p>interrogatório policial.</p><p>● Não há a obrigatoriedade de presença</p><p>do advogado no interrogatório policial</p><p>(diferente do interrogatório judicial). É</p><p>claro que se o defensor estiver</p><p>presente, poderá fazer perguntar.</p><p>● Direito ao silêncio: aplica-se o direito</p><p>ao silêncio no interrogatório policial79,</p><p>sendo uma garantia constitucional.</p><p>VI - proceder a reconhecimento de pessoas80 e</p><p>coisas e a acareações;</p><p>● Nesse ponto, realizar uma remissão ao</p><p>artigo 226, CPP</p><p>VII - determinar, se for caso, que se proceda a</p><p>exame de corpo de delito e a quaisquer outras</p><p>perícias;</p><p>VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo</p><p>processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar</p><p>aos autos sua folha de antecedentes;</p><p>IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o</p><p>ponto de vista individual, familiar e social, sua</p><p>condição econômica, sua atitude e estado de</p><p>ânimo antes e depois do crime e durante ele, e</p><p>quaisquer outros elementos que contribuírem para</p><p>a apreciação do seu temperamento e caráter.</p><p>80Prova em que uma pessoa, ofendido ou testemunha é chamada a reconhecer um objeto ou</p><p>pessoa que visualizou por meio da descrição e comparação. Somente após a descrição e</p><p>comparação é que esse procedimento terá validade. Porém, atualmente, na prática processual, o</p><p>reconhecimento é feito de forma anômala (ex: reconhecimento fotográfico e individualizado), de</p><p>modo que a jurisprudência vem ressaltando que essas formas de reconhecimento fotográfico e</p><p>individualizado deve ser somente em último caso.</p><p>79A autoridade policial deve ressaltar o direito ao silêncio ao indiciado, de modo que, se não fizer isso,</p><p>haverá nulidade.</p><p>76</p><p>X - colher informações sobre a existência de filhos,</p><p>respectivas idades e se possuem alguma</p><p>deficiência e o nome e o contato de eventual</p><p>responsável pelos cuidados dos filhos, indicado</p><p>pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de</p><p>2016)</p><p>● Artigo 7º, CPP</p><p>Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a</p><p>infração sido praticada de determinado modo, a</p><p>autoridade policial poderá proceder à reprodução</p><p>simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a</p><p>moralidade ou a ordem pública.</p><p>● Artigo 13-A, CPP e artigo 13-B, CPP</p><p>Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 14881, 14982</p><p>e 149-A83, no § 3º do art. 15884 e no art. 159 do</p><p>Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940</p><p>(Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13</p><p>de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do</p><p>Adolescente), o membro do Ministério Público ou o</p><p>delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer</p><p>órgãos do poder público ou de empresas da</p><p>84Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para</p><p>si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer</p><p>alguma coisa:</p><p>§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária</p><p>para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da</p><p>multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º,</p><p>respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)</p><p>83Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,</p><p>mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº</p><p>13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>82Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos</p><p>forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer</p><p>restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou</p><p>preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>81Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº</p><p>10.446, de 2002)</p><p>77</p><p>iniciativa privada, dados e informações cadastrais</p><p>da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>Parágrafo único. A requisição, que será atendida</p><p>no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído</p><p>pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela</p><p>Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>III - a identificação da unidade de polícia judiciária</p><p>responsável pela investigação. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão</p><p>dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o</p><p>membro do Ministério Público ou o delegado de</p><p>polícia poderão requisitar, mediante autorização</p><p>judicial, às empresas prestadoras de serviço de</p><p>telecomunicações e/ou telemática que</p><p>disponibilizem imediatamente os meios técnicos</p><p>adequados - como sinais, informações e outros -</p><p>que permitam a localização da vítima ou dos</p><p>suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa</p><p>posicionamento da estação de cobertura,</p><p>setorização e intensidade de radiofrequência.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal:</p><p>(Incluído</p><p>pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>I - não permitirá acesso ao conteúdo da</p><p>comunicação de qualquer natureza, que</p><p>78</p><p>dependerá de autorização judicial, conforme</p><p>disposto em lei; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>II - deverá ser fornecido pela prestadora de</p><p>telefonia móvel celular por período não superior a</p><p>30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por</p><p>igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>III - para períodos superiores àquele de que trata o</p><p>inciso II, será necessária a apresentação de ordem</p><p>judicial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito</p><p>policial deverá ser instaurado no prazo máximo de</p><p>72 (setenta e duas) horas, contado do registro da</p><p>respectiva ocorrência policial. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.344, de 2016) (Vigência)</p><p>§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo</p><p>de 12 (doze) horas, a autoridade competente</p><p>requisitará às empresas prestadoras de serviço de</p><p>telecomunicações e/ou telemática que</p><p>disponibilizem imediatamente os meios técnicos</p><p>adequados - como sinais, informações e outros -</p><p>que permitam a localização da vítima ou dos</p><p>suspeitos do delito em curso, com imediata</p><p>comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, de</p><p>2016) (Vigência)</p><p>→ São constitucionais os arts. 13-A e 13-B do</p><p>CPP, inseridos pela Lei nº 13.344/2016.</p><p>79</p><p>▪ É constitucional norma que permite,</p><p>mesmo sem autorização judicial, que</p><p>delegados de polícia e membros do</p><p>Ministério Público requisitem de</p><p>quaisquer órgãos do Poder Público ou</p><p>de empresas da iniciativa privada o</p><p>repasse de dados e informações</p><p>cadastrais da vítima ou dos suspeitos</p><p>em investigações sobre os crimes de</p><p>cárcere privado, redução a condição</p><p>análoga à de escravo, tráfico de</p><p>pessoas, sequestro relâmpago,</p><p>extorsão mediante sequestro e envio</p><p>ilegal de criança ao exterior (art. 13-A,</p><p>CPP).</p><p>▪ É constitucional norma que possibilita,</p><p>mediante autorização judicial, a</p><p>requisição às empresas prestadoras de</p><p>serviço de telecomunicações e/ou</p><p>telemática da disponibilização</p><p>imediata de sinais, informações e</p><p>outros dados que viabilizem a</p><p>localização da vítima ou dos suspeitos</p><p>daqueles mesmos delitos (art. 13-B,</p><p>CPP). STF. Plenário. ADI 5.642/DF, Rel.</p><p>Min. Edson Fachin, julgado em</p><p>19/04/2024 (Info 1133).</p><p>viii. Indiciamento</p><p>● Conceito: ato privativo da autoridade policial que</p><p>individualiza a investigação, fazendo um juízo de</p><p>80</p><p>valor a respeito de determinado fato em relação a</p><p>determinado indivíduo, atribuindo a condição de</p><p>investigado principal a determinada pessoa.</p><p>○ É um ato considerado negativo, que</p><p>prejudica a dignidade do indiciado, portanto</p><p>deve ser devidamente fundamentado</p><p>■ STJ reconhece firmemente a nulidade</p><p>de indiciamentos feitos sem a devida</p><p>fundamentação</p><p>● Competência: atribuição privativa e discricionária</p><p>do delegado de polícia</p><p>○ Art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/201385</p><p>● Momento de realização do indiciamento</p><p>○ Pode ser concomitante a instauração do</p><p>inquérito, quando se tem auto de prisão em</p><p>flagrante que inicia o inquérito policial.</p><p>○ Pode ser realizado também ao longo do</p><p>inquérito, quando iniciado por portaria no</p><p>início, meio ou final</p><p>● Formas de realização do indiciamento</p><p>○ Direto</p><p>■ O investigado está presente, de modo</p><p>que toma conhecimento do</p><p>indiciamento, podendo reagir. Ele</p><p>assina o documento referente.</p><p>○ Indireto</p><p>■ Investigado toma conhecimento de</p><p>seu indiciamento posteriormente, por</p><p>terceiros, por exemplo.</p><p>85Art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013: O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato</p><p>fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade</p><p>e suas circunstâncias.</p><p>81</p><p>● Pressupostos</p><p>○ Indício de autoria</p><p>○ Devida fundamentação que aponte os</p><p>indícios de autoria</p><p>■ Há uma ampla possibilidade, segundo</p><p>a jurisprudência, do controle desses</p><p>indiciamentos feitos sem os</p><p>pressupostos.</p><p>● Desindiciamento</p><p>○ Conceito: conclusão em sentido contrário ao</p><p>indiciamento. Assim, depois de indiciada</p><p>determinada pessoa, autoridade repensa e</p><p>substitui a pessoa</p><p>○ É possível o desindiciamento, desde que</p><p>ainda dentro do prazo do inquérito policial.</p><p>○ Indiciamento só é possível na fase de</p><p>investigação</p><p>■ Há jurisprudência do STJ que</p><p>reconheceu abusividade em</p><p>indiciamento realizado no meio do</p><p>processo (depois da acusação). Isso</p><p>porque se a fase de investigação</p><p>terminou, não há de se falar em</p><p>indiciamento</p><p>○ Controle de constitucionalidade a respeito do</p><p>artigo 17-D, da lei 9.613/199886</p><p>■ O artigo colocava, como efeito</p><p>automático do indiciamento, o</p><p>afastamento do servidor. Assim, o STF,</p><p>86Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de</p><p>remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão</p><p>fundamentada, o seu retorno.</p><p>82</p><p>em 2020, reconheceu a</p><p>inconstitucionalidade do dispositivo,</p><p>pois o afastamento do servidor público</p><p>só pode ter como base decisão judicial,</p><p>por ser medida cautelar. Assim, esse</p><p>artigo violava a presunção de inocência</p><p>e ampla defesa.</p><p>ix. Conclusão do inquérito policial</p><p>● Prazo de conclusão do inquérito policial87</p><p>○ Natureza jurídica do prazo88</p><p>■ Quando o inquérito interfere</p><p>diretamente na liberdade do indivíduo:</p><p>prazo penal</p><p>■ Quando o inquérito não interfere</p><p>diretamente na liberdade do indivíduo:</p><p>prazo processual</p><p>○ Prazo de conclusão do inquérito judicial89</p><p>■ Em caso de inquérito de réu solto: 30</p><p>dias (prazo processual - art 798, §1º,</p><p>CPP), sendo um prazo impróprio (não</p><p>gera efeito no processo).</p><p>➢ Exemplo: se ultrapassar o prazo</p><p>de 30 dias, poderá ser estendido,</p><p>desde que haja controle do</p><p>Ministério Público.</p><p>89Decorar os prazos, porque é sempre cobrado em provas.</p><p>88Deve-se lembrar que há:</p><p>O prazo materialmente penal previsto no art. 10, CP, de modo que se conta, incluindo o dia do</p><p>início.</p><p>O prazo processual é previsto no artigo 798, §1º, CPP, de modo que esse prazo exclui o dia do início e</p><p>computa o dia de término.</p><p>87O inquérito não pode tramitar de forma indefinida, pois geraria insegurança jurídica para o</p><p>investigado e sociedade</p><p>83</p><p>➢ De acordo com o STJ, nos casos</p><p>em que se prorroga o prazo para</p><p>conclusão do inquérito policial, é</p><p>possível realizar controle da</p><p>razoabilidade da duração por</p><p>meio de habeas corpus, sendo</p><p>cabível o trancamento se</p><p>demonstrada excessiva demora90.</p><p>■ Em caso de inquérito de réu preso: 10</p><p>dias (prazo penal - art 10, CP), não</p><p>sendo admitida a prorrogação, porém,</p><p>se for necessária novas diligências</p><p>(aumento do prazo), deverá o réu ser</p><p>colocado em liberdade.</p><p>➢ Existe posição doutrinária</p><p>minoritária, defendida por</p><p>autores como Afrânio Silva</p><p>Jardim e Geraldo Prado, segundo</p><p>a qual se o indiciado está preso</p><p>é porque já há prova da</p><p>existência do crime e indícios de</p><p>autoria, portanto haveria justa</p><p>causa para ação penal.</p><p>➢ Desse modo, para essa posição,</p><p>implementada a prisão</p><p>preventiva, os autos deveriam</p><p>ser encaminhados ao MP para</p><p>denúncia em 5 dias, sem prejuízo</p><p>90Há excesso de prazo para conclusão de inquérito policial, quando, a despeito do investigado se</p><p>encontrar solto e de não sofrer efeitos de qualquer medida restritiva, a investigação perdura por</p><p>longo período e não resta demonstrada a complexidade apta a afastar o constrangimento ilegal.</p><p>STJ. 6ª Turma. HC 653.299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em</p><p>16/08/2022 (Info 747).</p><p>84</p><p>da investigação em 10 dias, feita</p><p>paralelamente. O que, na prática,</p><p>acaba encurtando o prazo da</p><p>prisão preventiva.</p><p>■ Prazo para polícia federal conduzir os</p><p>inquéritos: 15 dias prorrogados por</p><p>mais 15 dias.91</p><p>■ Lei de drogas (Art. 51, p. único, da Lei</p><p>11.343/2006)92</p><p>➢ 30 dias, prorrogáveis por mais 30,</p><p>se réu estiver preso</p><p>➢ 90 dias, prorrogáveis por mais 90,</p><p>se réu estiver solto</p><p>■ Legislação vigente sobre crimes contra</p><p>a economia popular (Lei 1.521/1951, art.</p><p>10, §1º)93</p><p>➢ 10 dias, indiciado preso ou solto.</p><p>x. Prisão temporária</p><p>● Conceito: trata-se de prisão que se justifica na</p><p>investigação criminal, tendo como objetivo</p><p>permitir que autoridade policial investigue, ao</p><p>afastar o suspeito da cena do crime</p><p>● Prazo</p><p>93Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo V, Título II, Livro II, do Código de Processo Penal,</p><p>o processo das contravenções e dos crimes contra a economia popular, não submetidos ao</p><p>julgamento pelo júri. § 1º. Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão</p><p>terminar no prazo de 10 (dez) dias.</p><p>92Art. 51, p. único, da Lei 11.343/2006: O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias,</p><p>se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Parágrafo único. Os prazos a que se</p><p>refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido</p><p>justificado da autoridade de polícia judiciária.</p><p>91Art. 66 da Lei 5.010/66: O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o</p><p>indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente</p><p>fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do</p><p>processo.</p><p>85</p><p>○ Tem prazo de 5 dias, prorrogável por 5 dias,</p><p>em regra.</p><p>○ Tem prazo de 30 dias, prorrogável por 30 dias,</p><p>em caso de crimes hediondos.</p><p>● O prazo do inquérito é afetado pela decretação</p><p>de prisão temporária?</p><p>○ Primeiramente, se tivermos no âmbito da</p><p>prisão temporária com base em 5 dias, não</p><p>há dúvidas, porque a prisão irá terminar no</p><p>prazo de 10 dias que a lei exige para finalizar</p><p>o inquérito</p><p>○ O problema surge, no caso de crimes</p><p>hediondos, tendo em vista que o prazo para</p><p>finalizar o inquérito é 10 de dias, de modo</p><p>que o sujeito ainda estará preso. Nesse caso,</p><p>o prazo máximo do inquérito será de 30 dias</p><p>prorrogáveis por mais 30 dias, segundo a</p><p>jurisprudência.</p><p>xi. Relatório do inquérito</p><p>● Conceito: peça obrigatória do inquérito em que</p><p>autoridade aponta o que foi feito, conforme o</p><p>artigo 10, §1º, CPP.</p><p>● Regra especial da Lei de drogas, Lei 11.343, art. 52,</p><p>inciso I94</p><p>○ Deverá indicar as razões que levaram a</p><p>classificação do crime para tráfico e consumo</p><p>próprio.</p><p>xii. Destinatário do inquérito policial</p><p>94Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária,</p><p>remetendo os autos do inquérito ao juízo:</p><p>I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à</p><p>classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido,</p><p>o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a</p><p>conduta, a qualificação e os antecedentes do agente;</p><p>86</p><p>● O artigo 10, CPP, aponta que o inquérito será</p><p>enviado ao juiz competente. Esse artigo é criticado</p><p>em virtude do sistema acusatório, já que o</p><p>magistrado não pode tomar parte na acusação, de</p><p>modo que o inquérito deveria ser, na verdade,</p><p>direcionado ao Ministério Público.</p><p>● Divergência doutrinária quanto ao destinatário</p><p>○ 1ª corrente (André Luiz Nicolitt e pela previsão</p><p>do artigo 10, CPP95): o inquérito deve ser</p><p>destinado ao Juiz, de modo que é ele que faz</p><p>o controle dos atos que foram tomados no</p><p>inquérito, sobretudo em relação ao prazo96.</p><p>Porém, nesse caso, o juiz deveria ser o juiz de</p><p>garantia.</p><p>○ 2ª corrente97: o inquérito deve ser destinado</p><p>diretamente ao Ministério Público, pois essa</p><p>tramitação direta para o Poder Judiciário</p><p>viola o sistema acusatório e a imparcialidade</p><p>do órgão jurisdicional. Ainda, valores</p><p>importantes como a celeridade, eficiência,</p><p>desburocratização e diminuição dos riscos da</p><p>prescrição recomendam, pois, que as peças</p><p>investigatórias sejam remetidas ao titular da</p><p>97Adotar essa nas provas do Ministério Público.</p><p>96O que poderá ensejar o relaxamento da prisão, em caso de abuso no prazo.</p><p>95Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante,</p><p>ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se</p><p>executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem</p><p>ela.</p><p>§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz</p><p>competente.</p><p>§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,</p><p>mencionando o lugar onde possam ser encontradas.</p><p>§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer</p><p>ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo</p><p>juiz.</p><p>87</p><p>ação penal, salvo se houver necessidade de</p><p>medidas cautelares.</p><p>■ Há Resoluções que apontam esse</p><p>entendimento, como a Resolução nº 63</p><p>no âmbito da Justiça Federal (Conselho</p><p>da Justiça Federal).</p><p>xiii. Providências a serem adotadas após a remessas dos</p><p>autos do inquérito policial</p><p>● Oferecer a denúncia</p><p>○ O STJ possui entendimento sumulado de</p><p>que a participação de membro do MP no</p><p>inquérito não gera impedimento para o</p><p>mesmo oferecer a denúncia.</p><p>■ Súmula 234 STJ - A participação de</p><p>membro do Ministério Público na fase</p><p>investigatória criminal não acarreta o</p><p>seu impedimento ou suspeição para o</p><p>oferecimento da denúncia.</p><p>■ Todavia, oferecida a denúncia, o</p><p>membro do MP não poderia ser</p><p>arrolado como testemunha, uma vez</p><p>que não se pode figurar como autor e</p><p>testemunha de uma mesma ação</p><p>penal.</p><p>■ Diferente é o caso de um promotor de</p><p>justiça que, como pessoa física,</p><p>testemunha um crime - aqui sim ele</p><p>poderia ser arrolado como testemunha.</p><p>● Baixar os autos do inquérito para nova diligência</p><p>○ Se o réu estiver preso e o prazo de tramitação</p><p>do inquérito estiver esgotado, configura-se</p><p>excesso de prazo e o juiz deve relaxar o prazo.</p><p>88</p><p>● Formular o acordo não persecução penal</p><p>○ Artigo 28-A, CPP</p><p>● Arquivamento do inquérito policial98</p><p>○ Conceito de arquivamento com base no</p><p>antigo artigo 28, CPP: ato administrativo de</p><p>natureza complexa99 que envolve</p><p>provimento do Ministério Público e decisão</p><p>do juiz, entendendo que não há elementos</p><p>para persecução penal em juízo.</p><p>■ A atuação do juiz não é jurisdicional,</p><p>sendo administrativa, fazendo um</p><p>controle da atuação do MP e do</p><p>princípio da obrigatoriedade da ação</p><p>penal.</p><p>➢ Críticas em relação a esse</p><p>controle: retira a imparcialidade</p><p>do juiz.</p><p>○ Conceito de arquivamento com base no</p><p>novel artigo 28, CPP: ato administrativo de</p><p>natureza composta, de modo que, para seu</p><p>aperfeiçoamento, passa a necessitar da</p><p>manifestação da vontade de sujeitos que</p><p>compõem o mesmo órgão, sendo que o ato é</p><p>formado com a manifestação da vontade do</p><p>promotor natural, sendo apenas ratificado</p><p>pela instância revisora.</p><p>99O aperfeiçoamento do ato exige a atuação de órgão de natureza diversa, de modo que para a</p><p>formação do ato há a necessidade de manifestação de duas vontades independentes entre si, de</p><p>modo que ele somente existe após manifestação dessas vontades.</p><p>98Atenção! Autoridade policial não pode realizar o arquivamento do inquérito.</p><p>89</p><p>CPP (antes do pacote anticrime) CPP (após o pacote</p><p>anticrime)</p><p>Artigo 28, CPP: Se o órgão do Ministério</p><p>Público, ao invés de apresentar a</p><p>denúncia, requerer o arquivamento do</p><p>inquérito policial ou de quaisquer peças</p><p>de informação, o juiz, no caso de</p><p>considerar improcedentes as razões</p><p>invocadas, fará remessa do inquérito ou</p><p>peças de informação ao procurador-geral,</p><p>e este oferecerá a denúncia, designará</p><p>outro órgão do Ministério Público para</p><p>oferecê-la, ou insistirá no pedido de</p><p>arquivamento, ao qual só então estará o</p><p>juiz obrigado a atender.</p><p>Art 28, CPP: Ordenado o</p><p>arquivamento do</p><p>inquérito policial ou de</p><p>quaisquer elementos</p><p>informativos da mesma</p><p>natureza, o órgão do</p><p>Ministério Público</p><p>comunicará à vítima, ao</p><p>investigado e à</p><p>autoridade policial e</p><p>encaminhará os autos</p><p>para a instância de</p><p>revisão ministerial para</p><p>fins de homologação, na</p><p>forma da lei.</p><p>O juiz poderia:</p><p>(I) concordar com o membro do MP</p><p>(decidir pelo arquivamento)</p><p>(II) discordar com o arquivamento,</p><p>remetendo para o chefe</p><p>do Ministério</p><p>Público que terá a palavra final, podendo</p><p>o chefe: I) concordar com o arquivamento,</p><p>devendo o juiz arquivar II) discordar do</p><p>arquivamento e oferecer denúncia</p><p>diretamente III) discordar do</p><p>arquivamento e designar outro promotor</p><p>para fazer denúncia</p><p>O controle do</p><p>arquivamento passa a</p><p>ser realizado no âmbito</p><p>exclusivo do Ministério</p><p>Público, segundo a</p><p>literalidade da lei.</p><p>Todavia, com a nova</p><p>decisão do STF, há uma</p><p>nova interpretação,</p><p>explicada adiante.</p><p>xiv. Arquivo 28, CPP - interpretação dada pelo STF</p><p>● O STF, recentemente (ADIs 6298, 6299, 6300 e</p><p>6305), manteve o controle do juiz sobre o</p><p>arquivamento do inquérito policial mesmo com a</p><p>atual redação do artigo 28, CPP. Ainda, houve uma</p><p>interpretação conforme para assentar que a</p><p>autoridade judicial competente poderá submeter a</p><p>matéria à revisão da instância competente do</p><p>órgão ministerial, caso verifique patente ilegalidade</p><p>ou teratologia no ato do arquivamento.</p><p>xv. Modalidades de arquivamento</p><p>90</p><p>● Arquivamento direto: o promotor de justiça se</p><p>manifesta diretamente pelo arquivamento, de</p><p>modo que o juiz, concorda ou não.</p><p>● Arquivamento implícito segundo o professor</p><p>Afrânio Silva Jardim, o arquivamento implícito é o</p><p>fenômeno de ordem processual decorrente de o</p><p>titular da ação penal deixar de incluir na denúncia</p><p>algum fato investigado ou algum dos indiciados,</p><p>sem expressa manifestação ou justificação deste</p><p>procedimento. Este arquivamento se consuma</p><p>quando o juiz não se pronuncia na forma do artigo</p><p>28, CPP com relação ao que foi omitido na peça</p><p>acusatória. Assim, o Ministério Público se omite e o</p><p>juiz também se omite.</p><p>○ Exemplo: inquérito investiga dois indivíduos</p><p>por roubo. O MP denuncia apenas um e nada</p><p>fala do outro, de modo que, nesse caso,</p><p>deveria o juiz aplicar o artigo 28, CPP de</p><p>forma a remeter a decisão ao Procurador</p><p>Geral de Justiça. Caso o juiz não se manifeste,</p><p>haveria o arquivamento implícito subjetivo.</p><p>○ A doutrina e jurisprudência não admitem</p><p>essa forma de arquivamento, porque toda</p><p>decisão de arquivamento deve ser</p><p>fundamentada. Logo, mesmo que o MP não</p><p>se manifeste e nem o Juiz, não há que se</p><p>falar em arquivamento implícito.</p><p>● Arquivamento indireto100: ocorre quando o juiz,</p><p>em virtude do não oferecimento da denúncia pelo</p><p>Ministério Público, fundamentado em razões de</p><p>incompetência da autoridade jurisdicional, recebe</p><p>100Defendida pelo Prof. Eugênio Pacelli.</p><p>91</p><p>tal manifestação como se tratasse de um pedido</p><p>de arquivamento.</p><p>○ Quando o magistrado não concorda com o</p><p>pedido de declinação de competência</p><p>formalizado pelo Ministério Público, não</p><p>pode obrigar o parquet a oferecer denúncia,</p><p>sob pena de violação da independência</p><p>funcional.</p><p>○ Nesse caso, há um impasse, porém não se</p><p>trata de conflito de competência, porque não</p><p>há conflito entre duas autoridades</p><p>jurisdicionais. Assim, deverá o juiz receber a</p><p>manifestação como se tratasse de um pedido</p><p>indireto de arquivamento, aplicando por</p><p>analogia o disposto no artigo 28, CPP,</p><p>remetendo os autos à instância de revisão</p><p>ministerial, consoante entendimento de</p><p>Renato Brasileiro.</p><p>■ Todavia, segundo o professor Marcos</p><p>Paulo, não há aplicação do artigo 28,</p><p>CPP, porque ele trata do controle do</p><p>princípio da obrigatoriedade nos casos</p><p>em que o Ministério Público entende</p><p>não ser hipótese de denúncia, devendo</p><p>o persecução ficar estagnada até a</p><p>definição do promotor natural.</p><p>○ Críticas: essa concepção é imprecisa,</p><p>porque não se trata de arquivamento, de</p><p>modo que simplesmente o promotor natural</p><p>deixa de oferecer a denúncia, porque não</p><p>tem atribuição para tanto.</p><p>xvi. Fundamento do arquivamento</p><p>92</p><p>● Espécies</p><p>○ Ausência de elementos de justa causa, pela</p><p>falta de elementos probatórios</p><p>○ Atipicidade da conduta</p><p>○ Excludente de ilicitude</p><p>○ Ausência de culpabilidade</p><p>■ Exceção: não cabe arquivamento</p><p>fundamentado na inimputabilidade,</p><p>pois haverá ação penal para imposição</p><p>de medida de segurança.</p><p>● Fundamento com base na prescrição virtual</p><p>○ Não é admitida pela jurisprudência, bastando</p><p>ver a súmula 438 do STJ101</p><p>○ Ex: MP recebe inquérito que tramitou</p><p>longamente. Vislumbrando possível pena em</p><p>eventual condenação, afirma que muito</p><p>provavelmente haverá prescrição analisando</p><p>a pena em concreto, ou seja, com base na</p><p>possível pena que aplicaria para o réu se ele</p><p>fosse condenado.</p><p>xvii. Coisa julgada na decisão de arquivamento</p><p>● Conceito de coisa julgada: é aptidão que uma</p><p>decisão judicial tem, quando há cognição</p><p>exauriente, de gerar imutabilidade, para fins de</p><p>segurança jurídica e estabilidade de relações.</p><p>● Possibilidade de coisa julgada na decisão de</p><p>arquivamento</p><p>○ 1ª corrente (Afrânio Silva Jardim e Nicolitt) -</p><p>posição minoritária): não é possível, pois a</p><p>101Súmula 438 do STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão</p><p>punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do</p><p>processo penal.</p><p>93</p><p>decisão não é judicial, sendo administrativa,</p><p>tendo como finalidade controlar a atuação</p><p>do MP. Nesse sentido, perceba: coisa julgada</p><p>pressupõe processo, decisão judicial e</p><p>cognição exauriente, de modo que nenhum</p><p>desses três requisitos está presente na</p><p>decisão de arquivamento.</p><p>○ 2ª corrente (STF)102: a depender do</p><p>fundamento, é possível dizer que decisão faz</p><p>coisa julgada. Se assim não entendêssemos,</p><p>seria mais interessante a qualquer indiciado,</p><p>em vez de ter seu inquérito arquivado, ser</p><p>denunciado e ato contínuo ter a denúncia</p><p>não recebida ou rejeitada, havendo, assim, a</p><p>coisa julgada formal</p><p>■ Fundamentos que fazem coisa julgada</p><p>formal</p><p>➢ Ausência de justa causa,</p><p>podendo haver o</p><p>desarquivamento com base em</p><p>novas provas, incidindo com base</p><p>na súmula 524, STF.</p><p>■ Fundamentos que fazem coisa julgada</p><p>material</p><p>➢ Excludente da ilicitude,</p><p>atipicidade e excludente da</p><p>culpabilidade, de modo que não</p><p>poderá haver desarquivamento</p><p>com base em novas provas, não</p><p>incidindo a súmula 524 STF.</p><p>xviii. Jurisprudência sobre Inquérito</p><p>102Escolher essa posição em provas.</p><p>94</p><p>● Compartilhamento de informações coletadas em</p><p>inquérito com a Controladoria-Geral da União103</p><p>○ De acordo com o STJ, é legal o</p><p>compartilhamento de informações coletadas</p><p>em inquérito com a Controladoria-Geral da</p><p>União, com respaldo no art. 3º, VIII, da Lei nº</p><p>12.850/2013 (Lei de Organização Criminosa) e</p><p>em tratados internacionais, como a</p><p>Convenção de Palermo, a Convenção de</p><p>Mérida e a Convenção de Caracas.</p><p>● É aplicável a Teoria do Juízo Aparente para</p><p>ratificar medidas cautelares no curso de</p><p>inquérito policial autorizadas por juízo</p><p>aparentemente competente104.</p><p>○ Assim, segundo o STJ, quando a</p><p>incompetência de um juízo é reconhecida, o</p><p>juízo competente deve avaliar os atos</p><p>processuais até então praticados, e decidir</p><p>validá-los ou não.</p><p>○ A Teoria do Juízo Aparente, portanto, pode</p><p>ser aplicada inclusive no processo de</p><p>investigação, a exemplo da ratificação a</p><p>posteriori de provas colhidas ou autorizadas</p><p>por juízo aparentemente incompetente.</p><p>● É constitucional o Inquérito instaurado para</p><p>investigar “fake news” e ameaças contra o STF105</p><p>105 STF. Plenário. ADPF 572 MC/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17 e 18/6/2020 (Info 982).</p><p>104STJ. 5ª Turma.AgRg no RHC 156.413-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/04/2022 (Info 733).</p><p>103É legal o compartilhamento com a Controladoria-Geral da União de informações coletadas em</p><p>inquérito em que se apura suposta prática de crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro</p><p>e corrupção ativa e passiva.</p><p>STJ. Corte Especial. AgRg na Pet 15.270/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/2/2023 (Info 764).</p><p>95</p><p>○ Para tanto, o inquérito deve cumprir os</p><p>seguintes requisitos:</p><p>■ o procedimento deve ser</p><p>acompanhado pelo Ministério Público;</p><p>■ deve ser observada a Súmula</p><p>Vinculante 14;</p><p>■ o objeto do inquérito deve se limitar a</p><p>investigar manifestações que</p><p>acarretem risco à independência do</p><p>Poder Judiciário (art. 2º da CF/88)</p><p>➢ exemplo: ameaças aos membros</p><p>do STF e a seus familiares, atos</p><p>contra os Poderes instituídos,</p><p>o</p><p>Estado de Direito e a democracia;</p><p>■ a investigação deve respeitar a</p><p>proteção da liberdade de expressão e</p><p>de imprensa, excluindo-se matérias</p><p>jornalísticas e postagens,</p><p>compartilhamentos ou outras</p><p>manifestações na internet.</p><p>● O MP possui o dever de submeter a sua</p><p>manifestação de arquivamento à</p><p>autoridade judicial, que poderá submeter a</p><p>matéria à revisão da instância competente</p><p>do órgão ministerial, caso verifique patente</p><p>ilegalidade ou teratologia no ato do</p><p>arquivamento.106</p><p>106 A Lei nº 13.964/2019 alterou a redação do art. 28 do CPP, que tem atualmente a seguinte</p><p>redação:</p><p>Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos</p><p>informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao</p><p>investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão</p><p>ministerial para fins de homologação, na forma da lei.</p><p>§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial,</p><p>poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão</p><p>96</p><p>xix. Juiz das Garantias - Arts. 3º-A a 3º-F do CPP</p><p>● Na sessão de 23/08/2023, o plenário do Supremo</p><p>Tribunal Federal decidiu no bojo de quatro Ações</p><p>Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 6.298, 6.299,</p><p>6.300 e 6.305) que a alteração no CPP que instituiu</p><p>o juiz das garantias, introduzida pelo Pacote</p><p>Anticrime (Lei nº 13964/2019), é constitucional,</p><p>ficando determinado que a regra é de aplicação</p><p>obrigatória, cabendo aos estados, ao Distrito</p><p>Federal e à União definir o formato em suas</p><p>respectivas esferas107.</p><p>● O juiz das garantias terá competência para o</p><p>controle da legalidade do procedimento</p><p>investigatório e pela salvaguarda dos direitos</p><p>individuais dos investigados.</p><p>● Ele deverá atuar apenas na fase da investigação</p><p>criminal, ou seja, sua competência termina com o</p><p>107O STF estabeleceu um prazo de 12 meses, prorrogáveis por outros 12, para que leis e regulamentos</p><p>dos tribunais sejam alterados, permitindo a implementação do novo sistema a partir de diretrizes</p><p>fixadas pelo Conselho Nacional de Justiça. Este prazo começará a contar a partir da publicação da</p><p>ata do julgamento. Outrossim, para o colegiado do Supremo, as regras introduzidas pelo Pacote</p><p>Anticrime são uma opção legítima do Congresso, visando a assegurar a imparcialidade no processo</p><p>penal. O entendimento foi de que, como as normas são de processo penal, não há violação do poder</p><p>de auto-organização dos tribunais, pois apenas a União tem competência para propor leis sobre o</p><p>tema, nos termos do artigo 22, I, da Constituição.</p><p>da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. § 2º Nas</p><p>ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão</p><p>do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a</p><p>sua representação judicial. O STF atribuiu interpretação conforme à Constituição ao dispositivo para</p><p>assentar que: 1) Mesmo sem previsão legal expressa, o MP possui o dever de submeter a sua</p><p>manifestação de arquivamento à autoridade judicial. Assim, ao se manifestar pelo arquivamento do</p><p>inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério</p><p>Público submeterá sua manifestação ao juiz competente e comunicará à vítima, ao investigado e à</p><p>autoridade policial. 2) Não existe uma obrigatoriedade de o MP encaminhar os autos para o PGJ ou</p><p>para a CCR. Segundo decidiu o STF, o membro do Ministério Público poderá encaminhar os autos</p><p>para o Procurador-Geral ou para a instância de revisão ministerial, quando houver, para fins de</p><p>homologação, na forma da lei. 3) Mesmo sem previsão legal expressa, o juiz pode provocar o PGJ ou</p><p>a CCR caso entenda que o arquivamento é ilegal ou teratológico. Desse modo, além da vítima ou de</p><p>seu representante legal, a autoridade judicial competente também poderá submeter a matéria à</p><p>revisão da instância competente do órgão ministerial, caso verifique patente ilegalidade ou</p><p>teratologia no ato do arquivamento. Se o juiz entender que a manifestação de arquivamento foi</p><p>correta, ele não precisa proferir decisão homologatória. Basta se manter inerte. STF. Plenário. ADI</p><p>6.298/DF, ADI 6.299/DF, ADI 6.300/DF e ADI 6.305/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 24/08/2023 (Info</p><p>1106).</p><p>97</p><p>oferecimento da denúncia, cuja análise passa a ser</p><p>da competência do juiz da instrução (art. 3º-C).</p><p>○ ATENÇÃO! A Corte decidiu que a remessa</p><p>dos autos ao juiz da instrução é obrigatória,</p><p>declarando inconstitucional o § 3º do art. 3º-C</p><p>do CPP, norma que previa a permanência</p><p>dos autos com o juiz das garantias.</p><p>● O exercício do contraditório será realizado,</p><p>preferencialmente, em audiência pública e oral.</p><p>○ Contudo, o juiz pode deixar de realizar a</p><p>audiência quando houver risco para o</p><p>processo ou adiá-la em caso de necessidade.</p><p>○ Em caso de urgência, a audiência de</p><p>custódia poderá ser realizada por</p><p>videoconferência.</p><p>■ Em regra, a audiência de custódia deve</p><p>ser realizada na localidade em que</p><p>ocorreu a prisão. No caso, porém, o</p><p>Investigado já foi conduzido à Comarca</p><p>do Juízo que determinou a busca e</p><p>apreensão, há aparente conexão</p><p>probatória com outros casos e</p><p>prevenção daquele Juízo, de forma que</p><p>não se mostra razoável determinar o</p><p>retorno do Investigado para análise do</p><p>auto de prisão em flagrante,</p><p>notadamente em razão da celeridade</p><p>que deve ser empregada em casos de</p><p>análise da legalidade da custódia (Info</p><p>714).</p><p>● A Corte deixou assentado que as normas relativas</p><p>ao juiz das garantias não se aplicam:</p><p>98</p><p>○ aos processos de competência originária do</p><p>STF e do STJ, regidos pela Lei nº 8.038/1990;</p><p>○ aos processos de competência do Tribunal</p><p>do Júri;</p><p>○ aos casos de violência doméstica e familiar;</p><p>○ às infrações penais de menor potencial</p><p>ofensivo.</p><p>● Em relação aos processos pendentes na data da</p><p>entrada em vigor da nova lei, esta somente não</p><p>atingirá aqueles em que já houve recebimento da</p><p>peça acusatória, com fulcro no art. 2º do CPP.</p><p>○ Ou seja, relativamente às ações penais em</p><p>curso (estejam elas em primeiro grau, nos</p><p>tribunais, no STJ ou no STF), se um juiz,</p><p>desembargador ou ministro deferiu alguma</p><p>medida requerida durante a fase de</p><p>investigação, o processo deve ser</p><p>encaminhado para outro magistrado, seja o</p><p>substituto legal, seja um novo relator.</p><p>● Ainda, o STF, recentemente, manteve o controle do</p><p>juiz sobre o arquivamento do inquérito policial.</p><p>xx. Investigação pelo Ministério Público</p><p>● Questiona-se: O MP tem incumbência de</p><p>investigação criminal?</p><p>○ 1ª corrente: não pode, houve um silêncio</p><p>eloquente do legislador no artigo 129, CF/88.</p><p>Nesse artigo, o legislador trata da titularidade</p><p>da ação penal, da possibilidade de requisitar</p><p>diligências, da função de controlar o</p><p>inquérito e da possibilidade de mover</p><p>inquérito civil público, silenciando-se a</p><p>99</p><p>respeito do inquérito policial, assim o</p><p>constituinte deixou o MP fora da atribuição</p><p>de investigar.</p><p>○ 2ª corrente: pode, com base na teoria dos</p><p>poderes implícitos108, tendo em vista que se o</p><p>constituinte deu a atribuição para o</p><p>Ministério Público de promover a ação penal</p><p>e de requisitar diligências investigatórias, não</p><p>haveria sentido em não admitir que o próprio</p><p>Ministério Público faça a investigação penal.</p><p>■ Ora, "quem pode o mais, pode o</p><p>menos"109</p><p>■ Obter dicta, o artigo 129, VI e VII da</p><p>CF/88 estabelece que o MP pode</p><p>expedir procedimentos administrativos</p><p>de sua competência, ainda realizar o</p><p>controle externo da atividade policial, o</p><p>que leva a crer a possibilidade de</p><p>investigação criminal pelo Ministério</p><p>Público. Ainda, invoca-se o artigo 8º, V</p><p>c/c IX da LC 75/93110 e o artigo 26, I e II,</p><p>da Lei 8.625/93111.</p><p>111Art. 26. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá:</p><p>I - instaurar inquéritos civis e outras medidas e procedimentos administrativos pertinentes (isso vai</p><p>incluir a investigação penal, por causa da alínea a que faz referência a Polícia Civil, de modo que é</p><p>nítido que os procedimentos administrativos de sua atribuição incluem os investigatórios de cunho</p><p>penal) e, para instruí-los:</p><p>110V - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União e dos serviços de relevância pública</p><p>quanto:</p><p>a) aos direitos assegurados na Constituição Federal relativos às ações e aos serviços de saúde e à</p><p>educação;</p><p>b) aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade;</p><p>VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal e na lei.</p><p>109Não é para escrever isso na prova, é somente para a compreensão.</p><p>108Segundo a teoria dos poderes implícitos, na hipótese da Constituição Federal atribuir poderes a</p><p>determinado órgão está, também, ainda que implicitamente, conferindo os meios necessários para a</p><p>execução.</p><p>100</p><p>➢ Por fim, o artigo 129, III, CF/88112</p><p>possibilita que o MP formalize o</p><p>inquérito civil público, então por</p><p>qual motivo não seria possível</p><p>formalizar um inquérito para</p><p>sustentar a ação penal?</p><p>➢ Em nenhum momento a</p><p>Constituição Federal deu o</p><p>monopólio da investigação à</p><p>polícia, basta ver as Comissões</p><p>Parlamentares de Inquérito que</p><p>possui poderes de investigação.</p><p>■ Resolução do CNMP nº 181</p><p>regulamentou a investigação direta</p><p>pelo MP, denominado procedimento</p><p>de investigação criminal (PIC)</p><p>■ Crítica à segunda corrente: não há</p><p>previsão normativa em lei federal que</p><p>estabelece de forma expressa a</p><p>prerrogativa do Ministério Público para</p><p>realizar investigação criminal. Ainda, a</p><p>Constituição estabelece uma divisão</p><p>de tarefas, de modo que, ao MP, foi</p><p>112Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:</p><p>III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,</p><p>do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;</p><p>a) expedir notificações para colher depoimento ou esclarecimentos e, em caso de não</p><p>comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar,</p><p>ressalvadas as prerrogativas previstas em lei;</p><p>b) requisitar informações, exames periciais e documentos de autoridades federais, estaduais e</p><p>municipais, bem como dos órgãos e entidades da administração direta, indireta ou fundacional, de</p><p>qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;</p><p>c) promover inspeções e diligências investigatórias junto às autoridades, órgãos e entidades a que se</p><p>refere a alínea anterior;</p><p>II - requisitar informações e documentos a entidades privadas, para instruir procedimentos ou</p><p>processo em que oficie;</p><p>101</p><p>dada a função da defesa da ordem</p><p>jurídica. Assim, o MP deve ter um olhar</p><p>desinteressado, não estando na linha</p><p>de frente interagindo com o alvo da</p><p>investigação.</p><p>○ Jurisprudência</p><p>■ STF, em 2015, no REsp 593.727113 com</p><p>repercussão geral, reconheceu</p><p>expressamente a possibilidade do MP</p><p>investigar.</p><p>■ STF reiterou que o Ministério Público</p><p>pode realizar investigações de natureza</p><p>penal, no entanto, definiu novos</p><p>parâmetros e exigências (Info 1135 do</p><p>STF)</p><p>- 1. O Ministério Público dispõe de</p><p>atribuição concorrente para</p><p>promover, por autoridade</p><p>própria, e por prazo razoável,</p><p>investigações de natureza penal,</p><p>desde que respeitados os direitos</p><p>e garantias que assistem a</p><p>qualquer indiciado ou a qualquer</p><p>pessoa sob investigação do</p><p>Estado. Devem ser observadas</p><p>113“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo</p><p>razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que</p><p>assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas,</p><p>sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as</p><p>prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994,</p><p>art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre</p><p>presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos,</p><p>necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros</p><p>dessa Instituição.”</p><p>STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes,</p><p>julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).</p><p>102</p><p>sempre, por seus agentes, as</p><p>hipóteses de reserva</p><p>constitucional de jurisdição e,</p><p>também, as prerrogativas</p><p>profissionais da advocacia, sem</p><p>prejuízo da possibilidade do</p><p>permanente controle</p><p>jurisdicional dos atos,</p><p>necessariamente documentados</p><p>(Súmula Vinculante 14),</p><p>praticados pelos membros dessa</p><p>Instituição (Tema 184 RG);</p><p>- 2. A realização de investigações</p><p>criminais pelo Ministério Público</p><p>tem por exigência: (i)</p><p>comunicação imediata ao juiz</p><p>competente sobre a instauração</p><p>e o encerramento de</p><p>procedimento investigatório,</p><p>com o devido registro e</p><p>distribuição; (ii) observância dos</p><p>mesmos prazos e regramentos</p><p>previstos para conclusão de</p><p>inquéritos policiais; (iii)</p><p>necessidade de autorização</p><p>judicial para eventuais</p><p>prorrogações de prazo, sendo</p><p>vedadas renovações</p><p>desproporcionais ou imotivadas;</p><p>iv) distribuição por dependência</p><p>ao Juízo que primeiro conhecer</p><p>de PIC ou inquérito policial a fim</p><p>103</p><p>de buscar evitar, tanto quanto</p><p>possível, a duplicidade de</p><p>investigações; v) aplicação do</p><p>artigo 18 do Código de Processo</p><p>Penal ao PIC (Procedimento</p><p>Investigatório Criminal)</p><p>instaurado pelo Ministério</p><p>Público;</p><p>- 3. Deve ser assegurado o</p><p>cumprimento da determinação</p><p>contida nos itens 18 e 189 da</p><p>Sentença no Caso Honorato e</p><p>Outros versus Brasil, de 27 de</p><p>novembro de 2023, da Corte</p><p>Interamericana de Direitos</p><p>Humanos - CIDH, no sentido de</p><p>reconhecer que o Estado deve</p><p>garantir ao Ministério Público,</p><p>para o fim de exercer a função de</p><p>controle externo da polícia,</p><p>recursos econômicos e humanos</p><p>necessários para investigar as</p><p>mortes de civis cometidas por</p><p>policiais civis ou militares;</p><p>- 4. A instauração de</p><p>procedimento investigatório pelo</p><p>Ministério Público deverá ser</p><p>motivada sempre que houver</p><p>suspeita de envolvimento de</p><p>agentes dos órgãos de segurança</p><p>pública na prática de infrações</p><p>penais ou sempre que mortes ou</p><p>104</p><p>ferimentos graves ocorram em</p><p>virtude da utilização de armas de</p><p>fogo por esses mesmos agentes.</p><p>Havendo representação ao</p><p>Ministério Público, a não</p><p>instauração do procedimento</p><p>investigatório deverá ser sempre</p><p>motivada;</p><p>- 5. Nas investigações de natureza</p><p>penal, o Ministério Público pode</p><p>requisitar a realização de perícias</p><p>técnicas, cujos peritos deverão</p><p>gozar de plena autonomia</p><p>funcional, técnica e científica na</p><p>realização dos laudos. STF.</p><p>Plenário. ADI 2.943/DF, ADI</p><p>3.309/DF e ADI 3.318/MG, Rel. Min.</p><p>Edson Fachin, julgado em</p><p>02/05/2024 (Info 1135)</p><p>● Conflito de atribuições no âmbito do Ministério</p><p>Público</p><p>○ Conceito: por conflito de atribuições deve-se</p><p>entender a divergência, estabelecida entre os</p><p>membros do Ministério Público, acerca da</p><p>responsabilidade ativa para a persecução</p><p>penal, em razão da matéria ou das regras</p><p>processuais que definem a distribuição das</p><p>atribuições ministeriais.</p><p>○ Entre órgãos do Ministério Público do</p><p>mesmo Estado: cabe ao Procurador-Geral de</p><p>Justiça resolver.</p><p>105</p><p>○ Entre membros de Ministérios Públicos</p><p>diferentes: cabe ao Procurador-Geral da</p><p>República resolver.</p><p>106</p><p>4. Ação Penal</p><p>a. Trilogia estrutural do processo</p><p>Conjunto de conceitos que formam o tripé, que estrutura</p><p>a teoria geral do processo.</p><p>i. Jurisdição</p><p>● É um método de heterocomposição de</p><p>conflitos em que o Estado, substituindo a</p><p>vontade das partes, diante de um conflito,</p><p>resolve-no com definitividade.</p><p>○ O Estado como terceiro decide o</p><p>conflito com definitividade, isto é, com</p><p>aptidão para coisa julgada.</p><p>● Em um Estado Democrático de Direito, é de</p><p>se esperar que a jurisdição seja dominada</p><p>pelo Estado. Este é a abstração que</p><p>representa o interesse público de forma</p><p>imparcial.</p><p>○ Exceção à jurisdição do Estado:</p><p>arbitragem;</p><p>■ Doutrina e jurisprudência do STJ:</p><p>vem reconhecendo a jurisdição</p><p>privada da arbitragem;</p><p>➢ Solução por</p><p>órgão privado,</p><p>escolhido pelas partes.</p><p>ii. Direito de ação</p><p>● É o direito subjetivo de exigir do Estado a</p><p>jurisdição. O Estado detém o monopólio da</p><p>jurisdição, por isso, é um direito fundamental</p><p>107</p><p>a inafastabilidade de jurisdição, previsto no</p><p>art. 5°, XXXV, da Constituição Federal (CF)114.</p><p>○ Direito subjetivo público de exigir</p><p>prestação jurisdicional do Estado.</p><p>iii. Processo</p><p>● Majoritariamente, entende-se que o processo</p><p>representa uma relação jurídica processual</p><p>entre as partes que se relacionam a partir da</p><p>manifestação de uma prestação.</p><p>○ O Autor manifesta direito de ação</p><p>perante o Estado. O Estado integra o</p><p>réu, triangulando a relação jurídica.</p><p>■ Processo é essa relação jurídica,</p><p>que difere da relação material.</p><p>➢ Ex: Contrato de locação.</p><p>Locador, locatário - se</p><p>houver conflito no contrato,</p><p>locador pode ir ao</p><p>Estado-juiz, citando o</p><p>locatário.</p><p>➔ Os conceitos de trilogia estrutural do processo se aplicam</p><p>ao processo penal?</p><p>◆ No processo penal, não existe vontade de ir ao</p><p>Judiciário, não existe liberdade, maleabilidade e</p><p>faculdade;</p><p>● O processo penal é obrigatório para aplicação</p><p>de sanção, sendo que esta é a manifestação</p><p>do Poder do Estado em face de um crime</p><p>praticado.</p><p>◆ Os conceitos devem ser adaptados;</p><p>114Art. 5º, XXV, da CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;</p><p>108</p><p>● Há sempre poder e coercitividade envolvidos</p><p>no processo penal;</p><p>○ Há sempre pretensão de impor penas;</p><p>○ Garantias no processo penal servem</p><p>para balancear a força que o Estado</p><p>possui.</p><p>◆ Sistema de pesos e contrapesos.</p><p>● Nulla culpa sine judicio</p><p>○ Não há culpa sem processo;</p><p>○ Processo é necessário para impor uma</p><p>pena.</p><p>◆ Processo como manifestação de</p><p>poder e garantia</p><p>b. Evolução do processo</p><p>i. Processo como procedimento</p><p>● Conceito mais antigo, entendia o processo</p><p>como procedimento, isto é, sucessão de</p><p>etapas e atos processuais.</p><p>○ Não existia autonomia em relação ao</p><p>direito material;</p><p>○ Não era matéria autônoma.</p><p>ii. Processo como contrato ou quase contrato</p><p>● Nessa fase, o processo era entendido como</p><p>acordo de vontade das partes em se</p><p>submeterem à jurisdição.</p><p>○ Era exigida a anuência de ambas as</p><p>partes para submissão do conflito ao</p><p>processo.</p><p>iii. Processo como relação jurídica processual</p><p>● Terceira fase, de autoria do alemão Oskar</p><p>von Büllow.</p><p>109</p><p>○ O autor, conforme explica Rodrigo</p><p>Vaslin, em seu Manual de Processo</p><p>Civil, fez três constatações: i) afirmou</p><p>que a relação jurídica material é</p><p>distinta da relação jurídica processual;</p><p>ii) constatou diferenças nos sujeitos</p><p>que dela participam, em seus objetos e</p><p>pressupostos; iii) elaborou a distinção</p><p>de processo e procedimento, aquele é</p><p>um instrumento de jurisdição,</p><p>enquanto este é o modo que se inicia,</p><p>desenvolve e termina o processo.</p><p>■ Ex: Locatário que não integra o</p><p>pólo processual, estando revel.</p><p>Ainda assim, a relação jurídica</p><p>processual continuará e a revelia</p><p>produzirá efeitos.</p><p>■ Ex: Nos processos coletivos,</p><p>consumidores não irão ao</p><p>processo, sendo representados</p><p>por associação que tem</p><p>legitimidade para tanto. Relação</p><p>jurídica processual independente</p><p>da relação jurídica material.</p><p>iv. Processo como situação jurídica</p><p>● O autor James Goldsmith, conforme ensina</p><p>Rodrigo Vaslin, concebeu o processo como</p><p>uma sucessão de diferentes situações</p><p>jurídicas, capazes de gerar para os sujeitos</p><p>deveres, poderes, ônus, faculdades e</p><p>sujeições.</p><p>110</p><p>○ Tal corrente não é muito acolhida,</p><p>surgindo críticas ao seu</p><p>posicionamento. Em relação a estas,</p><p>suscita Vaslin, é equivocado dizer que</p><p>não há relação jurídica entre o juiz e as</p><p>partes, bem como entre estas. Além</p><p>disso, a situação de incerteza expressa</p><p>em ônus, perspectivas, expectativas,</p><p>possibilidades, refere-se à demanda,</p><p>isto é, aquilo que foi deduzido em juízo,</p><p>e não ao processo.</p><p>v. Processo como contraditório</p><p>● O italiano Elio Fazzalari inaugurou a teoria a</p><p>partir da ideia de módulo processual.</p><p>○ Defende que o procedimento é a</p><p>sucessão de atos interligados de</p><p>maneira lógica e regida por certas</p><p>normas, sendo que o ato subsequente</p><p>depende do anterior, e assim</p><p>sucessivamente. Para a prática de cada</p><p>ato, deve-se permitir a participação das</p><p>partes em contraditório.</p><p>■ Valorização do contraditório, bem</p><p>como do procedimento, para que</p><p>a decisão que gere ônus ou</p><p>eventual pena seja legítima.</p><p>c. Direito de ação</p><p>i. Conceito</p><p>● É o direito subjetivo público de exigir do</p><p>Estado uma prestação jurisdicional, tendo</p><p>como fundamento constitucional o art. 5°,</p><p>111</p><p>XXXV, que corresponde ao direito de</p><p>inafastabilidade da jurisdição.</p><p>○ Não se pode criar obstáculos para que</p><p>cidadão recorra ao Estado em caso de</p><p>lesão ou ameaça de lesão a direito.</p><p>○ Não se confunde o direito de ação com</p><p>a ação propriamente dita.</p><p>■ Ação é um ato jurídico, sendo o</p><p>fato gerador do processo,</p><p>definindo a imputação, fixando</p><p>os limites da atividade</p><p>jurisdicional.</p><p>○ Não se confunde o direito de ação com</p><p>o direito que se afirma ter quando se</p><p>exercita o direito de ação.</p><p>ii. Características do direito de ação</p><p>● Caráter público do direito de ação</p><p>○ Não é uma relação de direito privado, já</p><p>que um dos entes participantes é o</p><p>Estado;</p><p>■ Mesmo nos casos em que há</p><p>transferência ao ofendido ou ao</p><p>seu representante legal da</p><p>manifestação ou exercício do</p><p>direito de ação (ação penal</p><p>privada), o direito permanece</p><p>como sendo direito público.</p><p>➢ O Estado tem interesse na</p><p>aplicação da pena/ sanção.</p><p>● Direito subjetivo</p><p>○ Não se confunde com direito</p><p>potestativo;</p><p>112</p><p>■ Direito potestativo: caracteriza-se</p><p>por uma imposição a outra parte</p><p>de uma sujeição;</p><p>➢ Ex: Representação no</p><p>processo penal. O ofendido</p><p>ou representante legal tem</p><p>direito potestativo de</p><p>representar ou não. Em</p><p>relação à outra parte,</p><p>caberá se sujeitar.</p><p>➢ Possui prazo decadencial, o</p><p>qual limita o exercício do</p><p>direito potestativo.</p><p>○ Direito de ação é subjetivo</p><p>■ É necessário um agir do Estado,</p><p>que é a própria jurisdição;</p><p>■ O direito subjetivo impõe uma</p><p>prestação a outrem;</p><p>➢ Ex: direito de cobrar dívida,</p><p>é subjetivo, pois outra parte</p><p>terá que cumprir obrigação</p><p>de dar, fazer ou não fazer</p><p>■ Possui prazo prescricional que</p><p>limita seu exercício.</p><p>● Direito autônomo</p><p>○ Não se confunde com o direito</p><p>material, que se persegue.</p><p>■ Ex: locador e locatário. O locador</p><p>quer ver adimplidas seu aluguel,</p><p>esse é o direito material. Direito</p><p>de ação é de exigir do Estado</p><p>113</p><p>prestação de análise e tutela pelo</p><p>Estado desse direito material</p><p>■ No processo penal, o direito</p><p>material é aplicação de pena.</p><p>● Direito abstrato</p><p>○ Para entender a abstração é preciso</p><p>analisar as etapas de evolução do</p><p>direito de ação;</p><p>○ 1ª Fase - Imanentista;</p><p>■ Savigny dizia que ação é o direito</p><p>de pedir em juízo o que nos é</p><p>devido. Não há ação sem direito e</p><p>não há direito sem ação.</p><p>➢ Conforme explica Daniel</p><p>Assumpção, nessa fase, o</p><p>direito de ação é</p><p>considerado o próprio</p><p>direito material em</p><p>movimento, reagindo a</p><p>uma agressão ou ameaça</p><p>de agressão.</p><p>○ 2ª Fase - Concretista;</p><p>■ O alemão Adolf Wach começou a</p><p>defender que o direito de ação é</p><p>autônomo em relação ao direito</p><p>material. Direito autônomo, de</p><p>natureza pública e subjetiva.</p><p>➢ O direito de ação só existia</p><p>se a sentença fosse</p><p>favorável, isto é, o direito de</p><p>ação é um direito ao</p><p>114</p><p>julgamento de</p><p>procedência.</p><p>➢ Críticas segundo</p><p>Assumpção: i) quando o</p><p>acolhimento do pedido do</p><p>autor declara a inexistência</p><p>do direito material, não</p><p>teria havido um direito de</p><p>ação? ii) na sentença de</p><p>improcedência, há a</p><p>declaração de que o direito</p><p>material alegado pelo</p><p>autor não existe.</p><p>○ 3ª fase - Abstrata;</p><p>■ Evolução da fase concretista;</p><p>■ Direito de ação existe,</p><p>autonomamente de forma</p><p>abstrata, independentemente do</p><p>resultado do processo, cidadão</p><p>possui direito de ação, de exigir</p><p>prestação jurisdicional do Estado.</p><p>■ Autores referidos: Degenkolb e</p><p>Plósz.</p><p>■ Grande problema é a</p><p>vulgarização do direito de ação,</p><p>assoberbamento de demandas;</p><p>➢ Necessidade de restrição</p><p>do direito de ação.</p><p>○</p><p>4ª Fase - Eclética;</p><p>■ Criada por Enrico Tullio Liebman;</p><p>■ Direito de ação existe</p><p>autonomamente,</p><p>115</p><p>independentemente do</p><p>resultado;</p><p>■ Necessário impor limites e</p><p>restrições para não cair nos</p><p>problemas da fase abstrata;</p><p>■ Condições da ação são os</p><p>requisitos que limitam o direito</p><p>de ação;</p><p>■ Alguns doutrinadores não falam</p><p>em condição da ação, pois todos</p><p>têm o direito de ação. O limite é</p><p>para o exercício legítimo de</p><p>direito de ação. Movendo ação</p><p>sem condições, o judiciário não</p><p>receberá a ação.</p><p>iii. Condições da ação</p><p>● Necessárias para o exercício regular do</p><p>direito de ação.</p><p>● Independentemente da discussão que se</p><p>tem no Código de Processo Civil (CPC), essa</p><p>categoria das condições de ação continua</p><p>existindo.</p><p>○ 1ª Corrente: Diante do novo CPC, não</p><p>há mais razão para o uso da categoria</p><p>das condições de ação. De todo modo,</p><p>o órgão jurisdicional ainda tem de</p><p>examinar a legitimidade, o interesse e a</p><p>possibilidade jurídica do pedido. Tais</p><p>questões devem ser examinadas ou</p><p>como questões de mérito</p><p>(possibilidade e legitimação ordinária)</p><p>ou como pressupostos processuais de</p><p>116</p><p>validade – a legitimidade ad causam é</p><p>requisito de admissibilidade subjetivo</p><p>relacionado às partes, ao passo que o</p><p>interesse de agir é requisito objetivo</p><p>extrínseco positivo.</p><p>○ 2ª Corrente: A despeito do silêncio do</p><p>novo CPC, as condições da ação</p><p>subsistem como categoria autônoma</p><p>no Direito.</p><p>● Espécies de condições de ação</p><p>○ Genérica:</p><p>■ São requisitos que devem ser</p><p>preenchidos para que o direito</p><p>de ação se desenvolva de forma</p><p>regular. Qual o momento em que</p><p>devem estar presentes?</p><p>➢ No processo penal, no</p><p>momento de receber a</p><p>acusação (denúncia ou</p><p>queixa), conforme art. 395,</p><p>CPP115.</p><p>➢ Se não estiverem</p><p>presentes, juiz irá rejeitar a</p><p>denúncia e haverá</p><p>sentença de extinção do</p><p>processo sem resolução do</p><p>mérito</p><p>➢ Isso não quer dizer que as</p><p>condições da ação estejam</p><p>presentes só naquele</p><p>115 Art. 395 do CPP A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II -</p><p>faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa</p><p>para o exercício da ação penal.</p><p>117</p><p>momento. Devem estar</p><p>presentes em todo o</p><p>processo;</p><p>→ Em caso de perda de</p><p>uma condição,</p><p>haverá sentença de</p><p>extinção do processo</p><p>sem resolução do</p><p>mérito.</p><p>■ É possível dizer que há uma</p><p>evolução do nível de cognição do</p><p>juiz ao longo do processo?</p><p>➢ Ao receber a acusação,</p><p>trata-se de um cognição</p><p>superficial, uma vez que</p><p>não desce a fundo nos</p><p>documentos, meios de</p><p>prova a fim de analisar a</p><p>condição da ação;</p><p>➢ Na sentença, a cognição é</p><p>profunda, exauriente. Juiz</p><p>deve ter certeza para</p><p>condenar, se não tiver, in</p><p>dubio pro reo, devendo</p><p>absolver o réu.</p><p>■ Teoria da asserção ou Dela</p><p>prospettazione ou Teoria da</p><p>adstrição116</p><p>➢ As condições da ação</p><p>devem ser demonstradas</p><p>in statu assertionis, ou seja,</p><p>116Em provas de concurso, a teoria adotada pelos Tribunais é a teoria da asserção.</p><p>118</p><p>de maneira em que forem</p><p>apresentadas na petição</p><p>inicial.</p><p>➢ Consoante Didier, segundo</p><p>a teoria da asserção, a</p><p>análise pode ser feita</p><p>depois da petição inicial e,</p><p>inclusive, depois da</p><p>resposta do réu, mas desde</p><p>que sob condição</p><p>superficial das alegações</p><p>feitas pelo autor.</p><p>➔ Quais são os elementos da condição de</p><p>ação?</p><p>◆ 1ª Elemento: possibilidade jurídica do</p><p>pedido;</p><p>● Para que a ação seja</p><p>desenvolvida regularmente, o</p><p>pedido que autor faz deve ser</p><p>possível do ponto de vista fático e</p><p>jurídico;</p><p>○ Ex: pedido de pagamento</p><p>de terreno na lua.</p><p>Impossibilidade fática do</p><p>pedido;</p><p>○ Ex: pedido de pagamento</p><p>de obrigação natural.</p><p>Dívidas prescritas e de jogo</p><p>não são exigíveis, existem</p><p>validamente, se pagas não</p><p>podem ser repetíveis, mas</p><p>119</p><p>não podem ser cobradas</p><p>judicialmente.</p><p>● Tal elemento é objeto de críticas.</p><p>○ Possibilidade não é só do</p><p>pedido, mas de toda a</p><p>demanda. O que torna a</p><p>ação imprestável não está</p><p>no pedido, mas no que</p><p>fundamenta o pedido;</p><p>◆ Possibilidade deveria</p><p>ser da demanda</p><p>inteira, não apenas</p><p>do pedido.</p><p>◆ Ex: compromisso de</p><p>assunção de dívida</p><p>que tem lastro em</p><p>crime. Traficante</p><p>entra na justiça -</p><p>pedido condenatório</p><p>é válido. O problema</p><p>está na causa de</p><p>pedir, o que lastreia a</p><p>dívida.</p><p>○ Possibilidade jurídica da</p><p>demanda não deveria ser</p><p>tratada como condição do</p><p>direito de agir autônoma,</p><p>mas deveria estar</p><p>agregada ao interesse e</p><p>agir;</p><p>◆ Antes de falar em</p><p>possibilidade,</p><p>120</p><p>deveria-se falar em</p><p>interesse de agir;</p><p>◆ O CPC não fala em</p><p>possibilidade jurídica</p><p>do pedido, mas fala</p><p>de interesse de agir.</p><p>● Possibilidade jurídica da</p><p>demanda no processo penal;</p><p>○ Perde sentido, pois o autor</p><p>da ação penal pede</p><p>aplicação da pena</p><p>correspondente à infração</p><p>penal;</p><p>○ A quem cabe o direito de</p><p>punir? Ao Estado, e não à</p><p>parte.</p><p>◆ 2º Elemento: legitimidade de agir ou</p><p>ad causam (para a causa);</p><p>● Trata-se da pertinência subjetiva</p><p>daquelas pessoas que estão no</p><p>processo em razão da relação</p><p>jurídica de direito material;</p><p>○ Ex: locador e locatário na</p><p>relação de direito material,</p><p>também na relação</p><p>processual. Terceiro vem e</p><p>quer discutir direito de</p><p>crédito do locador - falta de</p><p>legitimidade subjetiva para</p><p>fazê-lo.</p><p>○ Só se pode tutelar direito</p><p>próprio, salvo exceções</p><p>121</p><p>legais. O que vale como</p><p>regra é o titular do direito</p><p>material tutelar seu direito</p><p>no processo.</p><p>● No processo penal, a</p><p>legitimidade de agir é reduzida;</p><p>○ A titularidade da ação</p><p>penal é</p><p>constitucionalmente</p><p>incumbida ao Ministério</p><p>Público, conforme art. 129,</p><p>I117.</p><p>○ Nos casos que o</p><p>ordenamento jurídico</p><p>confere o exercício do</p><p>direito de ação ao ofendido</p><p>ou seu representante legal,</p><p>nos casos de ação penal</p><p>privada, estes serão os</p><p>legítimos;</p><p>○ Quanto ao réu, apenas será</p><p>legitimado passivo em um</p><p>processo penal aquele que</p><p>vier a cometer crime e/ou</p><p>contravenção penal;</p><p>◆ Princípio da</p><p>intranscendência das</p><p>penas. Ninguém</p><p>pode ser punido por</p><p>fato alheio, não</p><p>117Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação</p><p>penal pública, na forma da lei;</p><p>122</p><p>podendo a pena</p><p>ultrapassar a pessoa</p><p>que cometeu o fato.</p><p>◆ 3º Elemento: interesse de agir;</p><p>● Divide-se em necessidade;</p><p>utilidade e adequação.</p><p>● Necessidade: Relaciona-se ao</p><p>fato do processo ser necessário</p><p>para tutelar o direito, isto é, se a</p><p>tutela poderá ser garantida por</p><p>meios menos onerosos;</p><p>○ Ex: causas previdenciárias</p><p>perante o INSS. Inexistindo</p><p>pedido administrativo</p><p>prévio, a jurisprudência não</p><p>considera que houve o</p><p>cumprimento do requisito</p><p>necessidade do interesse</p><p>de agir. O processo será</p><p>mais oneroso, podendo o</p><p>referido objetivo ser</p><p>garantido de forma menos</p><p>onerosa que é o pedido</p><p>administrativo, salvo</p><p>negativa da administração</p><p>ou negação reiterada da</p><p>administração daquele</p><p>caso.</p><p>○ No processo penal, o</p><p>requisito necessidade é</p><p>implícito para aplicação da</p><p>sanção. Não há meio</p><p>123</p><p>menos oneroso, é o único</p><p>meio para aplicar a sanção</p><p>penal.</p><p>● Utilidade: o processo deve ser útil</p><p>ao resultado que se busca, para</p><p>garantir o que se pretende. Se</p><p>não for útil, não há interesse de</p><p>agir.</p><p>○ Ex: Prescrição virtual. O</p><p>promotor, ao fazer a</p><p>denúncia, deve observar e</p><p>estimar a pena provável a</p><p>ser aplicada ao fato</p><p>delituoso, como forma de</p><p>se verificar eventual</p><p>prescrição.</p><p>◆ Tal espécie de</p><p>prescrição não é</p><p>aceita, conforme</p><p>súmula 438, STJ118.</p><p>● Adequação: a parte deve se valer</p><p>de meio adequado, previsto em</p><p>lei, para a tutela daquele direito.</p><p>Se a parte se valer de meio</p><p>inadequado segundo previsão</p><p>normativa, não há interesse de</p><p>agir;</p><p>◆ 4º Elemento: justa causa;</p><p>● Só existe no processo penal;</p><p>118Súmula 438 do STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão</p><p>punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do</p><p>processo penal.</p><p>124</p><p>● Trata-se do lastro probatório</p><p>mínimo que deve se demonstrar</p><p>na peça inicial para que ela seja</p><p>recebida e a ação seja legítima,</p><p>devendo se ter indícios de</p><p>autoria ou de participação</p><p>(advogado) que conheça os requisitos</p><p>do Direito, para ser informado do</p><p>trâmite do processo.</p><p>■ A Lei exige o acompanhamento do</p><p>processo penal por defesa técnica.</p><p>4 LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados</p><p>o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.</p><p>7</p><p>Todavia, isso nem sempre ocorre em</p><p>todas as etapas.</p><p>→ Por exemplo, há</p><p>necessidade de defesa</p><p>técnica na fase de</p><p>acusação formal, mas não</p><p>na investigação.</p><p>○ Suspensão no caso de citação editalícia</p><p>■ Art. 366, do CPP.5</p><p>➢ CItação Editalícia é uma citação</p><p>fictícia, que a pessoa</p><p>normalmente não toma</p><p>conhecimento, havendo um</p><p>edital no tribunal que cita a</p><p>pessoa.</p><p>■ Não comparecimento da pessoa ou</p><p>defensor técnico deve ensejar a</p><p>suspensão do processo. Necessidade</p><p>de informação e influência na decisão.</p><p>● Espécies de contraditório, trazidos pela doutrina</p><p>e jurisprudência</p><p>○ Contraditório diferido, postergado ou</p><p>postecipado</p><p>■ Ocorre muitas vezes na investigação</p><p>➢ Isso porque é quase unânime</p><p>que, se o investigado estiver com</p><p>defensor técnico, esse poderá</p><p>saber o que ocorreu, mas não</p><p>5 Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão</p><p>suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção</p><p>antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos</p><p>do disposto no art. 312</p><p>8</p><p>poderá reagir naquele momento,</p><p>apenas no processo.</p><p>→ Perceba a súmula</p><p>vinculante 146 que garante</p><p>ao advogado ter acesso aos</p><p>elementos investigativos,</p><p>porém não pode reagir no</p><p>momento investigativo,</p><p>somente, posteriormente,</p><p>durante o processo.</p><p>○ Julgamento das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305</p><p>sobre o juiz das garantias:</p><p>▪ O STF decidiu que a alteração no CPP</p><p>que instituiu o juiz das garantias é</p><p>constitucional. Ficou estabelecido que</p><p>a regra é de aplicação obrigatória, mas</p><p>cabe aos estados, o Distrito Federal e a</p><p>União definir o formato em suas</p><p>respectivas esferas. Entre vários</p><p>entendimentos propostos nesse</p><p>julgado decidiu que o exercício do</p><p>contraditório nas audiências de</p><p>custódia será realizado,</p><p>preferencialmente, em audiência</p><p>pública e oral. Contudo, o juiz pode</p><p>deixar de realizar a audiência quando</p><p>houver risco para o processo ou adiá-la</p><p>em caso de necessidade.</p><p>6 É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,</p><p>já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia</p><p>judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.</p><p>9</p><p>iii. Princípio da Ampla Defesa</p><p>● Subprincípio do Devido Processo Legal</p><p>● Previsão legal: art. 5º, inciso LV, CF.</p><p>● Introdução</p><p>○ Não basta, no Processo Penal, que acusado</p><p>esteja informado dos atos, com possibilidade</p><p>de reação e acompanhado por defensor</p><p>técnico. A defesa precisa ser ampla, a mais</p><p>extensa possível, para que a decisão seja</p><p>legítima. Caso contrário, o processo será</p><p>autoritário, limitando a defesa.</p><p>● Conceito</p><p>○ O direito de defesa está ligado diretamente</p><p>ao princípio do contraditório. A defesa</p><p>garante o contraditório e por ele se</p><p>manifesta. Afinal, o exercício da ampla defesa</p><p>só é possível em virtude de um dos</p><p>elementos que compõem o contraditório: a</p><p>informação. Além disso, a ampla defesa se</p><p>exprime por intermédio da reação. Com isso,</p><p>observa-se que o contraditório e a ampla</p><p>defesa são manifestações simultâneas,</p><p>intimamente ligadas ao processo, sem que</p><p>daí se possa concluir que uma derive da</p><p>outra. O contraditório deve ser aplicado em</p><p>relação a ambas as partes, além da</p><p>obrigatória observância pelo próprio</p><p>magistrado. Logo, se o acusador não for</p><p>comunicado em relação a determinado ato</p><p>processual, ou se lhe foi negado o direito de</p><p>reagir à determinada prova ou alegação da</p><p>defesa, conquanto não se possa falar em</p><p>10</p><p>violação ao direito de defesa, certamente terá</p><p>havido violação ao contraditório, por este se</p><p>manifesta em relação a ambas as partes, ao</p><p>passo que a defesa diz respeito apenas ao</p><p>acusado.7</p><p>■ A ampla defesa deve ser sempre</p><p>exercida dentro dos limites do direito.</p><p>● Duas espécies de Ampla Defesa.</p><p>○ Defesa técnica</p><p>■ É a necessidade de advogado inscrito</p><p>na OAB que vá postular defesa em</p><p>juízo.</p><p>■ A defesa técnica é necessária e</p><p>irrenunciável.</p><p>➢ Se o acusado recusar a defesa</p><p>técnica, o juiz deverá nomear</p><p>defensor dativo ou Defensor</p><p>Público. Exceto, no caso de</p><p>advogado acusado que pode</p><p>fazer autodefesa, sem</p><p>necessidade de um defensor</p><p>técnico nomeado.</p><p>○ Autodefesa</p><p>■ Realizada pelo próprio réu (próprio</p><p>acusado no processo).</p><p>➢ Não basta o defensor atuar, de</p><p>modo que o acusado deve ter</p><p>voz, podendo fazer sua</p><p>autodefesa, falando nos autos.</p><p>■ Consequências da autodefesa</p><p>7LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal: volume único. 8º ed. rev, ampl. e atual. - Salvador:</p><p>Ed. JusPodivm, 2022</p><p>11</p><p>➢ Necessidade, imposta por lei, de</p><p>citação pessoal para se defender.</p><p>Há outros tipos de citação, como</p><p>a citação por hora certa e</p><p>editalícia, porém elas são</p><p>excepcionais.</p><p>→ Nesse sentido, encontra-se:</p><p>a súmula 351 do STF8, de</p><p>modo que o juiz, em</p><p>determinado Estado, para</p><p>citar um réu que está</p><p>preso, deve citá-lo</p><p>pessoalmente, sendo,</p><p>relativamente, nula a</p><p>citação por edital.</p><p>↠ É nulidade relativa,</p><p>porque o STF vem</p><p>relativizando o</p><p>entendimento de</p><p>que a nulidade da</p><p>súmula 351 do STF</p><p>seria absoluta, dado</p><p>o caos penitenciário</p><p>(quantidade de</p><p>presos). Dessa forma,</p><p>a nulidade seria</p><p>relativa, necessitando</p><p>da demonstração de</p><p>prejuízo.</p><p>➢ Direito de audiência</p><p>8 Súmula 351 do STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em</p><p>que o Juiz exerce a sua jurisdição.</p><p>12</p><p>→ Origem: tradição</p><p>anglo-saxã do day in court</p><p>(direito ao dia na corte).</p><p>→ O réu possui o direito de</p><p>estar presente na</p><p>audiência. A privação do</p><p>réu de estar em audiência</p><p>é excepcional e deve ser</p><p>justificada pelo juiz.</p><p>→ Duas exceções ao direito</p><p>de audiência:</p><p>↠ Art. 217 do CPP9: se o</p><p>juiz verificar que a</p><p>presença do réu</p><p>poderá causar</p><p>humilhação, temor,</p><p>ou sério</p><p>constrangimento à</p><p>testemunha ou ao</p><p>ofendido, de modo</p><p>que prejudique a</p><p>verdade do</p><p>depoimento. Assim,</p><p>o magistrado,</p><p>prioritariamente, fará</p><p>uma</p><p>videoconferência (ou</p><p>fazer uso de outra</p><p>tecnologia) para o</p><p>9Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério</p><p>constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento,</p><p>fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a</p><p>retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor.</p><p>13</p><p>réu acompanhar a</p><p>audiência. Caso não</p><p>seja possível a</p><p>realização da</p><p>videoconferência,</p><p>justificadamente</p><p>pelo magistrado, o</p><p>réu não participará</p><p>do ato processual.</p><p>↠ Oitiva sem dano (cai</p><p>em provas) - incluída</p><p>pela Lei 13.431/2017.</p><p>nos casos de</p><p>violência contra</p><p>criança ou</p><p>adolescente. Assim,</p><p>há uma previsão</p><p>normativa de que</p><p>criança ou</p><p>adolescente será</p><p>ouvida por</p><p>profissional</p><p>capacitado</p><p>(formação em</p><p>psicologia, por</p><p>exemplo). Ainda, a</p><p>criança e o</p><p>adolescente</p><p>possuem o direito,</p><p>pela lei, de não ser</p><p>ouvido na presença</p><p>do acusado. Todavia,</p><p>14</p><p>a defesa técnica</p><p>permanece na</p><p>audiência.</p><p>iv. Princípio da Publicidade</p><p>● É um princípio de exigência democrática da</p><p>Constituição que garante transparência na atuação</p><p>do Estado, dando possibilidade de controle dos</p><p>atos processuais pelas partes e sociedade.</p><p>○ A regra é a publicidade dos julgamentos.</p><p>● Previsão legal: artigo 93, IX, CF.10 e Pacto de San</p><p>José da Costa Rica (Convenção Americana Sobre</p><p>Direitos Humanos - CADH) que foi integralizado</p><p>pelo Decreto 678/92. Art. 8.5.11</p><p>● Exceções ao princípio da publicidade</p><p>○ São os casos de segredo de justiça. Veja a</p><p>seguir:</p><p>■ Crimes contra a dignidade sexual - art.</p><p>234-B.12 Nesse caso, o interesse da</p><p>parte sobrepõe-se ao coletivo.</p><p>■ Medidas cautelares no curso das</p><p>investigações e no</p><p>e da</p><p>existência do delito.</p><p>○ O Ministério público, vítima</p><p>ou representante penal</p><p>devem cumprir esse</p><p>requisito;</p><p>○ Condição de garantia</p><p>contra o uso abusivo do</p><p>direito de acusar, evitando</p><p>a instauração de processos</p><p>levianos ou temerários.</p><p>● Previsão normativa: art. 395, III,</p><p>CPP119;</p><p>○ Inquérito 2033, STF:</p><p>entendeu pela ausência de</p><p>justa causa, porque</p><p>somente a palavra da</p><p>vítima não seria suficiente.</p><p>● Natureza jurídica.</p><p>○ 1ª Corrente: entende que</p><p>seria uma condição</p><p>genérica da ação.</p><p>○ 2ª Corrente: pressuposto</p><p>processual de validade.</p><p>● Justa causa duplicada</p><p>119Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: III - faltar justa causa para o exercício da</p><p>ação penal.</p><p>125</p><p>○ Origem no crime de</p><p>lavagem de capitais, visto</p><p>que neste caso é</p><p>necessário que se</p><p>demonstre o lastro</p><p>probatório mínimo não só</p><p>do crime de lavagem,</p><p>como também no crime</p><p>antecedente.</p><p>○ Art. 2º, § 1º, da Lei</p><p>9.603/98120</p><p>○ Condições específicas</p><p>■ Existem alguns crimes que além</p><p>de exigirem as condições</p><p>genéricas estudadas, exigem</p><p>condições específicas da ação;</p><p>■ Representação do ofendido;</p><p>➢ Nos crimes de ação penal</p><p>pública condicionada à</p><p>representação. Sem a</p><p>representação, o direito de</p><p>ação não poderá ser</p><p>exercido, inclusive, para</p><p>instauração do inquérito</p><p>policial.</p><p>➢ Qual a razão dessa</p><p>condição?</p><p>→ É fato que o crime</p><p>agride o interesse</p><p>público. O legislador</p><p>120 Art. 2º, § 1º, da Lei 9.603/98: A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da</p><p>infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou</p><p>isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente</p><p>126</p><p>penal, quando</p><p>estipula tipos penais,</p><p>deve identificar bem</p><p>jurídico que quer</p><p>proteger, e por</p><p>ultima ratio, coloca o</p><p>direito penal e seus</p><p>tipos</p><p>→ O crime interfere no</p><p>interesse particular</p><p>da vítima. É bom que</p><p>esse interesse seja</p><p>consultado.</p><p>→ Ex: persecução penal</p><p>publiciza o ocorrido,</p><p>que pode ser</p><p>negativo para a</p><p>vítima.</p><p>→ Reconhecimento da</p><p>afetação ao interesse</p><p>da vítima chama-se</p><p>strepitus judicis</p><p>↠ Ex: Crimes de</p><p>ameaça,</p><p>previsto no art.</p><p>147, parágrafo</p><p>único121 do</p><p>Código Penal.</p><p>↠ Ex: Crimes de</p><p>Lesão corporal</p><p>121Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de</p><p>causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.</p><p>127</p><p>leve ou</p><p>culposa,</p><p>condicionada à</p><p>representação</p><p>salvo nas</p><p>hipóteses de</p><p>crimes</p><p>cometidos</p><p>com a previsão</p><p>da Lei n°</p><p>11.340/2006.</p><p>■ Requisição do Ministro da</p><p>Justiça</p><p>➢ Em alguns casos de crimes,</p><p>o Ministro deverá</p><p>concordar com a</p><p>persecução penal, nos</p><p>mesmos moldes da</p><p>representação do ofendido</p><p>➢ Ex: Crimes contra a honra</p><p>do Presidente da</p><p>República.</p><p>➢ Fundamenta-se na</p><p>conveniência política.</p><p>■ Existência de provas novas em</p><p>casos de arquivamento.</p><p>➢ Súmula 524122 do STF;</p><p>➢ Para desarquivamento do</p><p>inquérito policial, o art. 18,</p><p>122Súmula 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do</p><p>promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.</p><p>128</p><p>CPP123, exige notícia de</p><p>novas provas;</p><p>➢ Restringe-se apenas nos</p><p>casos em que houver</p><p>arquivamento.</p><p>■ Existência de laudos periciais</p><p>nos crimes contra a propriedade</p><p>material</p><p>➢ Art. 525, do CPP124.</p><p>● Condições da ação, condições objetivas de</p><p>punibilidade e escusas absolutórias</p><p>○ Condições da ação são requisitos para</p><p>exercício regular do direito de ação;</p><p>■ Genéricas</p><p>■ Específicas</p><p>■ Natureza processual</p><p>○ Condições objetivas de punibilidade</p><p>são questões que, em virtude de</p><p>política criminal, condicionam a</p><p>punibilidade em determinado caso;</p><p>■ Ligam-se ao direito penal, não ao</p><p>processo penal;</p><p>■ Ex: Súmula vinculante 24125;</p><p>➢ Na hipótese de não existir</p><p>lançamento, não se inicia a</p><p>125Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º,</p><p>incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.</p><p>124Art. 525 do CPP: No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será</p><p>recebida ser não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.</p><p>123Art. 18 do CPP: Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por</p><p>falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras</p><p>provas tiver notícia.</p><p>129</p><p>contagem do prazo</p><p>prescricional.</p><p>■ Ex: Sentença que decreta a</p><p>falência. Para tipificar os crimes</p><p>de falência, é necessária essa</p><p>sentença.</p><p>○ Escusas absolutórias, não impedem a</p><p>punibilidade, mas a excluem. Ligadas à</p><p>pessoa, não ao fato.</p><p>■ Art. 181, incisos I e II, do CP126;</p><p>■ Art. 348, CP127;</p><p>d. Classificação das ações penais</p><p>i. Ações penais condenatórias</p><p>● Ação penal de iniciativa pública</p><p>○ Tem sua titularidade investida pelo</p><p>Ministério Público, cujo fundamento</p><p>constitucional se encontra no art. 129,</p><p>I128.</p><p>○ Pode ser incondicionada quando, além</p><p>das condições genéricas, não há</p><p>quaisquer outras a serem satisfeitas;</p><p>■ Movido pela denúncia;</p><p>➢ Termo técnico que designa</p><p>a peça inaugural da ação</p><p>penal de iniciativa pública;</p><p>■ Legitimidade é do Ministério</p><p>Público, salvo ação penal de</p><p>128Art. 129, I, da CF: São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a</p><p>ação penal pública, na forma da lei;</p><p>127Art. 348, § 2º, do CP: Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do</p><p>criminoso, fica isento de pena.</p><p>126Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:</p><p>I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;</p><p>II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.</p><p>130</p><p>iniciativa privada subsidiária da</p><p>pública. Tal ação se faz presente</p><p>quando o parquet se queda</p><p>inerte no prazo a que possui o</p><p>direito e o dever de iniciar a ação.</p><p>Transcorrido esse período é</p><p>oportunizado ao ofendido ou aos</p><p>seus representantes</p><p>apresentarem queixa</p><p>substitutiva.</p><p>■ É a regra do ordenamento</p><p>jurídico. Se legislador nada diz, a</p><p>ação será de iniciativa pública</p><p>incondicionada</p><p>➢ Ex: Estelionato, contém</p><p>expressamente o tipo de</p><p>ação.</p><p>○ Princípios da ação penal de iniciativa</p><p>pública incondicionada</p><p>■ Obrigatoriedade/ legalidade</p><p>processual</p><p>➢ Presentes as condições da</p><p>ação e havendo justa</p><p>causa, o Ministério Público</p><p>é obrigado a denunciar.</p><p>➢ Praticado determinado</p><p>crime, o Estado tem dever,</p><p>de ofício, de promover a</p><p>persecução penal. Tanto a</p><p>persecução da</p><p>investigação quanto a</p><p>processual de acusação.</p><p>131</p><p>→ No mesmo sentido,</p><p>sendo interposto um</p><p>recurso, o Ministério</p><p>Público não pode</p><p>desistir.</p><p>➢ Exceções à</p><p>obrigatoriedade</p><p>→ Transação penal, art.</p><p>76 da Lei 9.099/95129</p><p>↠ Lei 9099/95 -</p><p>infrações de</p><p>menor</p><p>potencial</p><p>ofensivo e</p><p>crimes cuja</p><p>pena máxima</p><p>seja até 2 anos;</p><p>↠ A transação</p><p>penal é um</p><p>benefício</p><p>oferecido pelo</p><p>representante</p><p>do Ministério</p><p>Público</p><p>quando o</p><p>processo</p><p>analisa</p><p>infrações de</p><p>menor</p><p>129Art. 76 da Lei 9.099: Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública</p><p>incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação</p><p>imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.</p><p>132</p><p>potencial</p><p>ofensivo.</p><p>↠ Há a</p><p>antecipação da</p><p>aplicação de</p><p>pena, seja ela</p><p>multa, seja ela</p><p>restritiva de</p><p>direitos e o</p><p>processo ser</p><p>arquivado.</p><p>↠ Permite que</p><p>Ministério</p><p>Público</p><p>disponha de</p><p>forma regrada,</p><p>com limites, a</p><p>respeito da</p><p>persecução</p><p>penal.</p><p>→ Acordo de não</p><p>persecução penal;</p><p>↠ Art. 28-A,</p><p>CPP130;</p><p>↠ O órgão do</p><p>Ministério</p><p>Público propõe</p><p>acordo, e se for</p><p>aceito pelo réu,</p><p>130Art. 28-A do CPP: Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e</p><p>circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima</p><p>inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público</p><p>poderá propor acordo de não persecução penal, desde</p><p>que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições</p><p>ajustadas cumulativa e alternativamente:</p><p>133</p><p>na presença de</p><p>seu defensor, a</p><p>persecução</p><p>penal é</p><p>obstada e o MP</p><p>não moverá a</p><p>ação.</p><p>→ Colaboração</p><p>premiada</p><p>↠ Arts. 4 a 7 da</p><p>Lei 12.850/2013;</p><p>↠ Negócio</p><p>jurídico</p><p>personalíssimo</p><p>entre o réu,</p><p>que deve ser</p><p>feito na</p><p>presença do</p><p>defensor e</p><p>delegado ou</p><p>membro do</p><p>Ministério</p><p>Público, em</p><p>que se</p><p>promove</p><p>auxílio a</p><p>persecução em</p><p>troca de</p><p>benefício</p><p>processual,</p><p>dentre eles,</p><p>inclusive, a de</p><p>134</p><p>não</p><p>persecução</p><p>penal.</p><p>↠ Hipóteses</p><p>conhecidas</p><p>como</p><p>“oportunidades</p><p>regradas”.</p><p>→ Acordo de leniência</p><p>(acordo de brandura</p><p>ou doçura) -</p><p>colaboração</p><p>premiada nos crimes</p><p>contra a ordem</p><p>econômica e</p><p>financeira, previstos</p><p>nos arts. 86 e 87 da</p><p>Lei n° 12.529/11.</p><p>→ Parcelamento do</p><p>crédito tributário,</p><p>desde que celebrado</p><p>antes do</p><p>recebimento da</p><p>denúncia (Lei nº</p><p>9.430/96, art. 83, § 2º).</p><p>→ Termo de</p><p>ajustamento de</p><p>conduta em crimes</p><p>ambientais - há</p><p>controvérsias:</p><p>↠ 1ª corrente:</p><p>afirma que o</p><p>135</p><p>termo de</p><p>ajustamento</p><p>de conduta é</p><p>uma exceção</p><p>ao princípio da</p><p>obrigatoriedad</p><p>e. A doutrina</p><p>afirma que,</p><p>pelo menos</p><p>enquanto</p><p>houver o</p><p>cumprimento</p><p>do TAC, não</p><p>haveria</p><p>interesse de</p><p>agir na</p><p>deflagração da</p><p>persecução</p><p>penal.</p><p>↠ 2ª corrente,</p><p>defendida pelo</p><p>STJ: A</p><p>celebração do</p><p>termo de</p><p>ajustamento</p><p>de conduta</p><p>possui reflexos</p><p>cíveis apenas.</p><p>Assim sendo, a</p><p>celebração do</p><p>TAC não</p><p>produz reflexos</p><p>136</p><p>na seara</p><p>criminal.</p><p>➢ Esse princípio exige que o</p><p>Ministério Público peça</p><p>sempre a condenação do</p><p>réu?</p><p>→ Não, entende-se que</p><p>o parquet é custos</p><p>iuris, isto é, protetor</p><p>do ordenamento</p><p>(antes, custus legis -</p><p>protetor da lei). Deve</p><p>procurar o interesse</p><p>público, e pedirá</p><p>absolvição se servir</p><p>ao interesse público.</p><p>→ Na hipótese do órgão</p><p>ministerial pedir a</p><p>absolvição, o juiz</p><p>pode, ainda assim,</p><p>condenar?</p><p>↠ Muitos</p><p>entendem que</p><p>não, como o</p><p>professor</p><p>André Luiz</p><p>Nicolitt. Juiz</p><p>julga</p><p>pretensão, e se</p><p>não há</p><p>pretensão</p><p>acusatória, juiz</p><p>137</p><p>não vai julgar</p><p>nada. Juiz</p><p>estaria</p><p>vinculado ao</p><p>pedido.</p><p>↠ Tribunais</p><p>superiores</p><p>entendem pela</p><p>possibilidade,</p><p>já que juiz é o</p><p>titular do ius</p><p>puniendi. Tem</p><p>que aplicar a</p><p>punição</p><p>adequada, não</p><p>devendo ficar</p><p>adstrito a um</p><p>pedido</p><p>eventualmente</p><p>equivocado.</p><p>■ Princípio da indisponibilidade</p><p>➢ Decorrência da</p><p>obrigatoriedade</p><p>➢ Da mesma forma que MP</p><p>deve propor ação, não</p><p>pode dispor da ação</p><p>manejada</p><p>➢ Se dá ao longo do processo</p><p>a indisponibilidade,</p><p>enquanto a</p><p>obrigatoriedade é na</p><p>propositura da demanda</p><p>138</p><p>➢ Arts 42 e 576, do CPP131</p><p>➢ Exceção - art. 89, lei 9099.132</p><p>→ Sursi processual.</p><p>Fase que ação penal</p><p>já foi movida e MP</p><p>verifica</p><p>preenchimento dos</p><p>requisitos do art. 89 e</p><p>promove suspensão</p><p>condicional do</p><p>processo, requisitos e</p><p>acordo aceito pelo</p><p>réu.</p><p>■ Princípio da intranscendência</p><p>➢ Só pode ser punido por um</p><p>fato o autor deste, não</p><p>podendo a pena atingir</p><p>pessoas estranhas à</p><p>relação jurídica;</p><p>➢ Não pode figurar no</p><p>processo quem não é autor</p><p>ou partícipe.</p><p>■ Princípio da vedação ao bis in</p><p>idem</p><p>➢ Vedação da dupla punição</p><p>pelo mesmo fato.</p><p>132Art. 89 da Lei 9.099: Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,</p><p>abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a</p><p>suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado</p><p>ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a</p><p>suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).</p><p>131Art. 42 do CPP: O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Art. 576 do CPP: O</p><p>Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.</p><p>139</p><p>➢ Previsto não só na</p><p>Constituição Federal, como</p><p>também, na Convenção</p><p>Americana de Direitos</p><p>Humanos (CADH);</p><p>→ Art. 8º, 4, do Decreto</p><p>n° 678/92: O acusado</p><p>absolvido por</p><p>sentença passada</p><p>em julgado não</p><p>poderá ser</p><p>submetido a novo</p><p>processo pelos</p><p>mesmos fatos.</p><p>○ Ação penal de iniciativa pública</p><p>condicionada</p><p>■ Condição de representação do</p><p>ofendido</p><p>➢ Como se sabe, em alguns</p><p>casos, o crime repercute</p><p>mais no interesse privado</p><p>do que no interesse</p><p>público. O legislador</p><p>reconhece a necessidade</p><p>da vítima e/ou</p><p>representante aceitar o</p><p>início da referida</p><p>persecução penal.</p><p>➢ Natureza jurídica de</p><p>condição específica do</p><p>direito de ação</p><p>140</p><p>➢ O objetivo se destina aos</p><p>fatos, e não às pessoas.</p><p>Representação contra fato,</p><p>não contra pessoa.</p><p>→ Autoriza a</p><p>persecução contra</p><p>todos os autores</p><p>envolvidos</p><p>→ Se não deseja</p><p>representar contra o</p><p>determinado autor,</p><p>não representa</p><p>contra o fato. Há</p><p>renúncia ao direito</p><p>de representação</p><p>contra todos.</p><p>➢ Forma da representação;</p><p>→ A lei não estabelece</p><p>forma específica.</p><p>Pode ser feita de</p><p>qualquer maneira,</p><p>desde que</p><p>inequívoca, inclusive,</p><p>a mera comunicação</p><p>na delegacia é</p><p>suficiente.</p><p>→ Recebida a</p><p>representação, esta é</p><p>encaminhada ao</p><p>titular da ação penal,</p><p>a saber, Ministério</p><p>Público, o qual</p><p>141</p><p>deverá verificar se as</p><p>demais condições</p><p>estão presentes.</p><p>➢ Legitimidade para</p><p>representar;</p><p>→ Vítima, quem sofreu</p><p>com a prática do</p><p>crime, ou</p><p>representante legal,</p><p>quando falta</p><p>capacidade</p><p>processual ativa;</p><p>↠ Ex: Menor de 18</p><p>anos, cabendo</p><p>ao</p><p>representante</p><p>legal oferecer a</p><p>representação.</p><p>↠ Existindo</p><p>conflito de</p><p>interesses</p><p>entre</p><p>representante</p><p>e representado,</p><p>- nomeia-se</p><p>curador</p><p>especial.</p><p>→ Em casos de crime</p><p>contra a honra em</p><p>detrimento de</p><p>pessoa jurídica,</p><p>caberá ao estatuto</p><p>142</p><p>da citada empresa</p><p>dispor sobre quem</p><p>tem poder de</p><p>representá-la.</p><p>→ Nos casos de morte</p><p>do ofendido, deve-se</p><p>respeitar a ordem</p><p>prevista no art. 31, do</p><p>CPP133.</p><p>↠ Cônjuge,</p><p>ascendente,</p><p>descendente</p><p>ou irmão</p><p>(CADI);</p><p>➢ Prazo para exercício do</p><p>direito potestativo de</p><p>representação;</p><p>→ Sujeição contra o fato</p><p>representado;</p><p>→ Prazo decadencial de</p><p>6 (seis) meses,</p><p>conforme previsão</p><p>no art. 38, CPP134;</p><p>→ Trata-se de um prazo</p><p>de natureza material,</p><p>sendo, portanto,</p><p>contado na forma</p><p>134Art. 38 do CPP: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no</p><p>direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do</p><p>dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o</p><p>prazo para o oferecimento da denúncia.</p><p>133Art. 31 do CPP: No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o</p><p>direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou</p><p>irmão.</p><p>143</p><p>prevista no art. 10,</p><p>CP135</p><p>➢ É possível se retratar da</p><p>representação?</p><p>→ Sim. Retira-se a</p><p>manifestação</p><p>anterior, por se tratar</p><p>de uma conveniência</p><p>/ discricionariedade</p><p>do ofendido ou do</p><p>seu representante</p><p>legal;</p><p>→ Limitação temporal</p><p>da retratação:</p><p>oferecimento da</p><p>denúncia, conforme</p><p>dispõe o art. 25,</p><p>CPP136;</p><p>↠ Fundamento</p><p>da</p><p>representação</p><p>é strepitus</p><p>judicii, o que</p><p>significa dizer</p><p>que a pessoa</p><p>avalia se quer</p><p>publicizar ou</p><p>não</p><p>136Art. 25 do CPP: A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia</p><p>135Art. 10 do CP: O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em</p><p>flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que</p><p>se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem</p><p>ela.</p><p>144</p><p>determinado</p><p>fato ocorrido.</p><p>➢ É possível retratação da</p><p>retratação?</p><p>→ Doutrina minoritária,</p><p>Tourinho Filho:</p><p>entende que não é</p><p>possível, restando</p><p>configurado abuso</p><p>do direito nesse caso.</p><p>→ Doutrina majoritária</p><p>e jurisprudência:</p><p>entendem que sim, é</p><p>possível a retratação</p><p>da retratação,</p><p>valendo-se como</p><p>nova representação.</p><p>↠ Deve ser feita</p><p>dentro do</p><p>prazo</p><p>decadencial de</p><p>6 (seis) meses.</p><p>→ Nos casos de</p><p>violência doméstica</p><p>e ameaça no</p><p>contexto da Lei Maria</p><p>da Penha, a</p><p>retratação só pode</p><p>ser feita</p><p>em</p><p>audiência específica</p><p>designada para tal</p><p>finalidade.</p><p>145</p><p>↠ Art. 16 da Lei</p><p>11.340/2006137;</p><p>↠ Fundamenta-s</p><p>e no fato de</p><p>que, por meio</p><p>da audiência, o</p><p>juiz consegue</p><p>avaliar se a</p><p>retratação, de</p><p>fato,</p><p>representa a</p><p>vontade livre e</p><p>desimpedida</p><p>da vítima.</p><p>■ Requisição do Ministro da</p><p>Justiça</p><p>➢ Fundamenta-se na</p><p>conveniência e na</p><p>oportunidade de natureza</p><p>política;</p><p>➢ Envolvem determinados</p><p>crimes afetos à relação</p><p>diplomática entre os</p><p>países;</p><p>➢ Natureza jurídica: condição</p><p>específica para o exercício</p><p>de direito de ação;</p><p>➢ Sem forma específica;</p><p>137Art. 16 da Lei 11.340/2006: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida</p><p>de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência</p><p>especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o</p><p>Ministério Público.</p><p>146</p><p>→ Pode ser feita pelo</p><p>Ministério da Justiça</p><p>perante Ministério</p><p>Público, autoridade</p><p>que investiga ou</p><p>perante o juiz.</p><p>↠ Caso seja feito</p><p>junto ao órgão</p><p>ministerial,</p><p>prevalece o</p><p>entendimento</p><p>que deve ser</p><p>feito perante</p><p>ao chefe da</p><p>instituição.</p><p>↠ O parquet não</p><p>está vinculado</p><p>à</p><p>manifestação.</p><p>Deverá o titular</p><p>avaliar se as</p><p>demais</p><p>condições</p><p>estão</p><p>presentes para</p><p>fins de</p><p>persecução</p><p>penal.</p><p>➢ Prazo para requisição</p><p>→ Doutrina majoritária:</p><p>entende que não há</p><p>prazo para a</p><p>147</p><p>realização da</p><p>requisição do</p><p>Ministro da Justiça.</p><p>● Ação penal de iniciativa privada</p><p>○ A legitimidade do exercício da ação</p><p>cabe ao ofendido ou ao representante</p><p>legal.</p><p>■ O ofendido menor de 18 anos</p><p>necessita de representante legal</p><p>para estar em juízo.</p><p>➢ Ofendido emancipado138:</p><p>→ Posição majoritária: a</p><p>emancipação gera</p><p>efeitos apenas nos</p><p>atos da vida civil,</p><p>logo, para fins penais,</p><p>o emancipado</p><p>submete-se às</p><p>mesmas regras</p><p>aplicáveis ao</p><p>ofendido menor de</p><p>18 anos.</p><p>→ Posição minoritária</p><p>(André Luiz Nicolitt):</p><p>com a emancipação,</p><p>a pessoa se torna</p><p>apta para, por si só,</p><p>praticar atos</p><p>processuais, inclusive</p><p>em âmbito</p><p>processual penal.</p><p>138Conferir sobre emancipação no art. 5º, § único, CC.</p><p>148</p><p>Assim sendo,</p><p>poderia o</p><p>emancipado</p><p>deflagrar</p><p>queixa-crime ou</p><p>ofertar</p><p>representação.</p><p>➢ Ofendido maior de 18 anos</p><p>e menor de 21: a ação penal</p><p>pode ser instaurada tanto</p><p>por ele quanto pelo</p><p>representante legal -</p><p>legitimação concorrente</p><p>(art. 34, CPP).</p><p>■ No caso de morte ou declaração</p><p>judicial de ausência da vítima: os</p><p>direitos de queixa e de</p><p>representação são transmitidos</p><p>ao cônjuge/companheiro,</p><p>ascendente, descendente ou</p><p>irmão, os quais possuem</p><p>legitimidade concorrente.</p><p>■ O ofendido pessoa jurídica,</p><p>desde que legalmente</p><p>constituída, possui legitimidade</p><p>ativa, porém deve fazer-se</p><p>representar por quem os</p><p>respectivos contratos</p><p>designarem (art. 37, CPP);</p><p>■ Interesse público continua</p><p>regendo a ação. Por serem</p><p>crimes de menor relevância e</p><p>149</p><p>que dizem mais respeito à esfera</p><p>privada, o legislador coloca na</p><p>mão do ofendido efetivamente</p><p>promover a persecução penal.</p><p>➢ Natureza sempre pública e</p><p>o MP atua como custos</p><p>iuris.</p><p>■ Na representação, há</p><p>necessidade de concordância.</p><p>Aqui, vai além, e dá o direito de</p><p>propositura da persecução penal</p><p>ao particular.</p><p>○ Classificações das ações penais</p><p>privadas</p><p>■ Ação penal exclusivamente</p><p>privada</p><p>➢ Havendo morte do</p><p>ofendido, aplica-se o art. 31,</p><p>do CPP139;</p><p>→ CADI (cônjuge,</p><p>ascendente,</p><p>descendente, irmão,</p><p>nesta ordem</p><p>necessariamente);</p><p>➢ Há possibilidade de</p><p>sucessão;</p><p>■ Ação penal de iniciativa privada</p><p>personalíssima</p><p>➢ Não cabe sucessão na</p><p>forma do art. 31.</p><p>139Art. 31 do CPP: No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o</p><p>direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou</p><p>irmão.</p><p>150</p><p>➢ Havendo a morte,</p><p>extingue-se a punibilidade;</p><p>➢ O único exemplo no direito</p><p>brasileiro é o art. 236, do</p><p>CP140.</p><p>○ Peça inaugural</p><p>■ Queixa-crime ou queixa;</p><p>➢ Denúncia é a peça</p><p>inaugural de iniciativa</p><p>pública;</p><p>➢ É atécnico dizer que vai à</p><p>delegacia fazer uma</p><p>queixa. O termo certo é</p><p>notícia crime.</p><p>➢ Requisitos previstos no</p><p>artigo 41 do CPP, sendo os</p><p>mesmos da denúncia,</p><p>quais sejam:</p><p>→ Exposição do fato</p><p>criminoso, com todas</p><p>as suas</p><p>circunstâncias;</p><p>→ A qualificação do</p><p>acusado ou</p><p>esclarecimentos</p><p>pelos quais se possa</p><p>identificá-lo;</p><p>→ A classificação do</p><p>crime</p><p>140Art. 236 do CP: Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou</p><p>ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois</p><p>anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser</p><p>intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento,</p><p>anule o casamento.</p><p>151</p><p>→ E, quando</p><p>necessário, o rol das</p><p>testemunhas.</p><p>○ Pode ser movida pelo ofendido ou pelo</p><p>seu procurador com poderes especiais;</p><p>■ No instrumento do mandato,</p><p>deve estar indicado o poder para</p><p>mover queixa-crime,</p><p>mencionando o fato, o</p><p>querelante e o querelado;</p><p>➢ Querelante: legitimado</p><p>ativo, ofendido.</p><p>➢ Querelado: legitimado</p><p>passivo, autor do fato;</p><p>○ Prazo decadencial para mover a ação</p><p>penal de iniciativa privada</p><p>■ É o mesmo prazo da</p><p>representação, a saber, 6 (seis)</p><p>meses;</p><p>■ Conta-se a partir do dia em que</p><p>se tornou conhecida a autoria do</p><p>fato.</p><p>■ Prazo de natureza penal,</p><p>conforme art. 10, CP.</p><p>○ Princípios da ação penal de iniciativa</p><p>privada</p><p>■ Princípio da conveniência ou</p><p>oportunidade</p><p>➢ Enquanto na ação penal de</p><p>iniciativa pública, o</p><p>membro do MP tem</p><p>obrigatoriedade de mover</p><p>152</p><p>a ação, na ação penal de</p><p>iniciativa privada, há</p><p>conveniência e</p><p>oportunidade de mover ou</p><p>não a ação.</p><p>➢ Renúncia é ato expresso ou</p><p>tácito, antes do</p><p>oferecimento da queixa,</p><p>em que se deixa</p><p>inequívoco o interesse do</p><p>ofendido de não mover a</p><p>ação de iniciativa privada.</p><p>→ Expressa por termo</p><p>assinado entregue ao</p><p>juiz ou tácita,</p><p>devendo ser</p><p>inequívoco.</p><p>→ Manifestação a um</p><p>dos autores,</p><p>estende-se aos</p><p>outros.</p><p>→ Renúncia é ato</p><p>unilateral, que enseja</p><p>a extinção da</p><p>punibilidade, não</p><p>dependendo de</p><p>aceitação.</p><p>→ Composição civil dos</p><p>danos, etapas do</p><p>Juizado Especial</p><p>Criminal, importa em</p><p>renúncia, conforme</p><p>153</p><p>art. 74, § 1º, da Lei</p><p>9.099/95141.</p><p>■ Princípio da disponibilidade</p><p>➢ Após o exercício do direito</p><p>de queixa, o querelante</p><p>pode dispor do processo,</p><p>isto é, continuar ou não.</p><p>➢ Formas de disposição:</p><p>→ Perda do ofendido,</p><p>em que vítima ou</p><p>representante legal,</p><p>de forma expressa ou</p><p>tácita, coloca-se</p><p>contra a</p><p>continuidade</p><p>daquela ação penal</p><p>privada;</p><p>→ Perdão é ato</p><p>bilateral, o que</p><p>significa dizer que</p><p>precisa ser aceito,</p><p>sendo que esta</p><p>aceitação pode ser</p><p>expressa ou tácita;</p><p>→ Perdão é objetivo,</p><p>isto é, se é oferecido</p><p>a um, deve ser</p><p>141Art. 74, § 1º, da Lei 9.099: A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada</p><p>pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil</p><p>competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal</p><p>pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de</p><p>queixa ou representação.</p><p>154</p><p>oferecido a todos os</p><p>acusados.</p><p>↠ Perdão dado a</p><p>um, estende-se</p><p>aos demais,</p><p>desde que</p><p>aceitos.</p><p>➢ Perempção é sanção</p><p>processual por inatividade</p><p>da parte. Ex: deixar de</p><p>comparecer a audiência,</p><p>deixar de mover a ação por</p><p>mais de 30 dias.</p><p>→ Antes de reconhecer</p><p>a perempção, é</p><p>preciso que o juiz dê</p><p>oportunidade de</p><p>manifestação ao</p><p>interessado</p><p>→ art. 60, CPP142</p><p>➢ Conciliação em crimes</p><p>contra à honra, conforme</p><p>previsão do art. 522, do</p><p>CPP;</p><p>➢ Renúncia.</p><p>142Art. 60 do CPP: Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á</p><p>perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do</p><p>processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua</p><p>incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60</p><p>(sessenta) dias, qualquer</p><p>das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III -</p><p>quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a</p><p>que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV -</p><p>quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.</p><p>155</p><p>→ A renúncia dirigida a</p><p>um estende-se aos</p><p>demais.</p><p>→ Enunciado 117 do</p><p>FONAJE: “A ausência</p><p>da vítima na</p><p>audiência, quando</p><p>intimada ou não</p><p>localizada, importará</p><p>renúncia tácita à</p><p>representação”.</p><p>■ Princípio da indivisibilidade</p><p>➢ Uma vez decidido</p><p>promover ação penal,</p><p>deve-se fazer em razão de</p><p>todos os autores, não</p><p>podendo escolher mover</p><p>ação face a um ou outro.</p><p>→ A ação se</p><p>transformaria em</p><p>instrumento de</p><p>vingança ou</p><p>perseguição pessoal.</p><p>➢ Art. 48, do CPP143</p><p>➢ A atuação do MP é velar</p><p>pela indivisibilidade,</p><p>principalmente, por ser</p><p>considerado fiscal da ação.</p><p>→ Eventual aditamento</p><p>da queixa/</p><p>143Art. 48 do CPP: A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o</p><p>Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.</p><p>156</p><p>representação tem</p><p>que ser feita pelo</p><p>próprio querelante,</p><p>devendo este ser</p><p>intimado no</p><p>processo,</p><p>→ Se o autor omite um</p><p>dos réus, que</p><p>conhece, o Ministério</p><p>Público poderá</p><p>denunciar o</p><p>acusado? Não pode</p><p>fazer, por não ter</p><p>legitimidade de</p><p>propor a ação</p><p>↠ O MP terá de</p><p>requerer ao</p><p>juiz a</p><p>intimação do</p><p>querelante</p><p>para justificar a</p><p>não inclusão</p><p>da pessoa, sob</p><p>pena de</p><p>renúncia em</p><p>relação a todos.</p><p>↠ Não pode</p><p>invadir espaço</p><p>do autor, que</p><p>tem a</p><p>legitimidade</p><p>157</p><p>de propor a</p><p>ação.</p><p>→ Omissão voluntária</p><p>configura renúncia</p><p>tácita, estendendo-se</p><p>aos demais</p><p>acusados;</p><p>→ Omissão involuntária</p><p>deve a parte aditar a</p><p>queixa, sob pena de</p><p>restar configurada</p><p>renúncia, que, por</p><p>sua vez, é estendida</p><p>a todos os autores.</p><p>■ Princípio da intranscendência e</p><p>bis in idem</p><p>➢ Como estudado na ação</p><p>penal de iniciativa pública.</p><p>Não pode ultrapassar a</p><p>pessoa do infrator.</p><p>■ Princípio da indivisibilidade se</p><p>aplica à ação penal de iniciativa</p><p>pública?</p><p>➢ Boa parte da doutrina,</p><p>como Tourinho Filho, Aury</p><p>Lopes Júnior, Afrânio Silva</p><p>Jardim, André Luiz Nicolitt</p><p>entendem que sim;</p><p>→ Se aplica na pública</p><p>com mais razão que</p><p>na privada;</p><p>158</p><p>→ Para não permitir</p><p>que Estado se utilize</p><p>da ação como</p><p>vingança ou</p><p>perseguição</p><p>particular a</p><p>determinada pessoa;</p><p>→ Extinção do processo,</p><p>caso contrário, para</p><p>alguns</p><p>doutrinadores.</p><p>➢ Para os tribunais</p><p>superiores, o princípio da</p><p>indivisibilidade não se</p><p>aplica à ação penal</p><p>pública144;</p><p>→ MP tem ampla</p><p>margem de atuação</p><p>estratégica para</p><p>decidir mover contra</p><p>um, contra todos,</p><p>incluir</p><p>posteriormente,</p><p>desde que faça</p><p>dentro do prazo</p><p>legal;</p><p>→ Só está previsto de</p><p>forma expressa para</p><p>ação privada, como</p><p>144Em provas objetivas, esta deve ser a posição a ser adotada. Em eventual prova discursiva ou oral, é</p><p>possível trazer ambos os posicionamentos.</p><p>159</p><p>se extrai do art. 42,</p><p>CPP;</p><p>● Ação penal privada subsidiária da pública</p><p>○ Também denominada de ação penal</p><p>acidentalmente privada/subjetiva.</p><p>○ Conceito:</p><p>■ Mecanismo de controle do</p><p>princípio da obrigatoriedade da</p><p>ação penal pública.</p><p>○ Previsão constitucional: Art. 5º, inciso</p><p>LIX, CF145.</p><p>■ Pressuposto básico é a inércia</p><p>dos órgãos persecutórios.</p><p>○ Previsão normativa: Art. 29, CPP146</p><p>○ Se o MP, titular da ação penal de</p><p>iniciativa pública, ficar inerte, o próprio</p><p>ofendido poderá mover ação penal</p><p>privada substitutiva da ação penal</p><p>pública.</p><p>■ Controle do cidadão sobre o MP,</p><p>diante de sua inércia</p><p>■ O fundamento da ação deve ser</p><p>total inércia e não a discordância</p><p>por determinada conduta</p><p>tomada pelo Ministério Público.</p><p>➢ Ex: requisitar novas</p><p>diligências ao delegado.</p><p>Não cabe a ação, pois MP</p><p>146Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo</p><p>legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,</p><p>intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo</p><p>tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.</p><p>145LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo</p><p>legal;</p><p>160</p><p>agiu, buscando mais</p><p>elementos.</p><p>→ Nas hipóteses de</p><p>diligências</p><p>procrastinatórias</p><p>haverá configuração</p><p>de inércia.</p><p>↠ STF, HC 74.276:</p><p>somente</p><p>diligências</p><p>imprescindívei</p><p>s que podem</p><p>obstaculizar a</p><p>inércia;</p><p>→ Para o STF, se essas</p><p>diligências forem</p><p>internas do MP</p><p>também poderá se</p><p>configurar inércia.</p><p>↠ ARE 859.251,</p><p>Rel. Min.</p><p>Gilmar</p><p>Mendes, j.</p><p>16/04/2015 -</p><p>Tese 811).</p><p>➢ Pedido de arquivamento</p><p>por parte do MP também</p><p>não permite a ação penal</p><p>privada subsidiária da</p><p>pública.</p><p>■ Prazo decadencial;</p><p>161</p><p>➢ O prazo é de 6 (seis) meses,</p><p>a contar do término do</p><p>prazo do MP, para</p><p>promover a ação;</p><p>➢ Decadência imprópria,</p><p>uma vez que não produz a</p><p>extinção da punibilidade,</p><p>subsistindo a natureza de</p><p>ação penal pública.</p><p>○ Peça é chamada queixa crime</p><p>substitutiva, por substituir uma</p><p>denúncia;</p><p>■ Requisitos do art. 41, CPP147</p><p>○ Princípios aplicáveis</p><p>■ Os princípios aplicáveis são os da</p><p>ação penal de iniciativa pública;</p><p>➢ Ainda que a legitimidade</p><p>seja do ofendido,</p><p>subsidiariamente, é uma</p><p>ação eminentemente</p><p>pública, motivo pelo qual o</p><p>querelante não poderá</p><p>desistir, não poderá</p><p>oferecer perdão, não</p><p>poderá renunciar e não</p><p>restará configurada a</p><p>perempção.</p><p>○ Atuação e poderes do Ministério</p><p>Público</p><p>147Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas</p><p>circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a</p><p>classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.</p><p>162</p><p>■ Opinar pela rejeição da queixa</p><p>crime (art. 395, do CPP);</p><p>■ Aditar a queixa: podendo</p><p>acrescentar elementos essenciais</p><p>e elementos acidentais.</p><p>■ Optar por repudiá-la e,</p><p>necessariamente, oferecer</p><p>denúncia substitutiva.</p><p>■ Intervir em todos os termos do</p><p>processo, sendo obrigatório, sob</p><p>pena de nulidade absoluta.</p><p>■ Fornecer elementos de prova.</p><p>■ Interpor recurso;</p><p>■ No caso de negligência do</p><p>querelante retomar a ação como</p><p>parte principal.</p><p>➢ Não há que se falar em</p><p>perempção como causa</p><p>extintiva da punibilidade</p><p>neste caso.</p><p>➢ Ação penal indireta -</p><p>quando o MP retoma o</p><p>processo.</p><p>ii. Ações penais declaratórias</p><p>● Tutela declaratória em que se exige que</p><p>Estado declare algo. Crise de dúvida sobre</p><p>determinado fato.</p><p>○ Ex: Habeas corpus preventivo. No caso</p><p>da boate Kiss, houve tal uso do</p><p>instrumento.</p><p>163</p><p>iii. Ações penais constitutivas ou desconstitutiva</p><p>● Nessas ações, há crise de situação jurídica,</p><p>em que se quer que Estado constitua ou</p><p>desconstitua algo;</p><p>○ Ex: divórcio, desconstituição de</p><p>casamento.</p><p>● No processo penal, a revisão criminal é um</p><p>exemplo. Diante de condenação transitada</p><p>em julgado, presentes os requisitos para a</p><p>revisão criminal, poderá o réu se valer desse</p><p>instituto.</p><p>○ Visa-se desconstituir condenação</p><p>equivocada.</p><p>● Ações penais cautelares</p><p>○ Busca-se assegurar o risco do tempo</p><p>em determinado processo.</p><p>■ Ex: produção antecipada de</p><p>provas. Risco de testemunha</p><p>falecer</p><p>● Ação executória</p><p>○ Executar decisão judicial anterior, que</p><p>é o caso da execução penal</p><p>iv. Ação de prevenção penal</p><p>● Modalidade de ação em que se busca</p><p>aplicação de medida de segurança</p><p>○ Ajuizada contra o inimputável, com o</p><p>objetivo de aplicação de medida de</p><p>segurança, nos termos do artigo 26, do</p><p>CP.</p><p>v. Ação penal secundária</p><p>● Existe um crime, em que a regra seria uma</p><p>espécie de ação penal, mas que, a depender</p><p>164</p><p>da presença de algumas circunstâncias,</p><p>estar-se-á diante de uma ação penal.</p><p>○ Exemplo: crimes contra a honra.</p><p>● Modalidade alternativa de ação penal;</p><p>○ Ex: súmula 714, STF148</p><p>■ Servidor público é ofendido</p><p>realizando suas funções, ação</p><p>pode ser por representação ou</p><p>ação penal privada</p><p>➢ Cabe ao servidor escolher</p><p>vi. Ação penal popular</p><p>● É aquela que pode ser</p><p>ajuizada por qualquer</p><p>pessoa;</p><p>● Exemplos:</p><p>○ Habeas corpus;</p><p>■ Não há necessidade de</p><p>advogado com capacidade</p><p>postulatória para impetrar o</p><p>remédio constitucional;</p><p>○ Denúncia de agentes políticos em</p><p>relação a crimes de responsabilidade;</p><p>■ Quanto a esta denúncia,</p><p>estar-se-á diante de notitia</p><p>criminis referentes à infração</p><p>político administrativa.</p><p>vii. Ação penal adesiva</p><p>● Esse nome é majoritariamente tratado como</p><p>pretensão indenizatória da vítima ou seu</p><p>148Súmula 714 do STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério</p><p>Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de</p><p>servidor público em razão do exercício de suas funções.</p><p>165</p><p>representante legal junto da ação penal</p><p>condenatória.</p><p>○ Art. 387, IV149</p><p>■ Possibilidade do juiz fixar o</p><p>mínimo de indenização.</p><p>Cognição no processo penal é</p><p>profunda, sendo possível o</p><p>auferimento dos danos;</p><p>➢ É necessário pedido</p><p>expresso da vítima ou MP;</p><p>➢ Manifestação é chamada</p><p>ação penal adesiva.</p><p>viii. Ação Penal nos crimes contra a honra</p><p>● Em regra, são crimes de ação penal privada.</p><p>○ Exceção:</p><p>■ Art. 140, §2°, do CP (injúria real)</p><p>➢ Se praticadas mediante</p><p>vias de fato: mantém ação</p><p>penal privada</p><p>➢ Se praticada mediante</p><p>lesão leve: ação penal</p><p>pública condicionada à</p><p>representação.</p><p>➢ Se praticada mediante</p><p>lesão grave/gravíssima:</p><p>ação penal pública</p><p>incondicionada.</p><p>■ Crime contra a honra do</p><p>Presidente da República/Chefe</p><p>do Governo estrangeiro: ação</p><p>149Art. 387, IV, do CPP: O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para</p><p>reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;</p><p>166</p><p>penal pública condicionada à</p><p>requisição do Ministro da Justiça.</p><p>■ Crimes militares contra a honra.</p><p>➢ Crimes militares, em regra,</p><p>são crimes de ação penal</p><p>pública incondicionada.</p><p>■ Crimes eleitorais contra a honra,</p><p>durante a propaganda eleitoral.</p><p>➢ Crimes eleitorais, em regra,</p><p>são crimes de ação penal</p><p>pública incondicionada.</p><p>■ Crimes de injúria racial - art. 140,</p><p>§3°, do CP.</p><p>➢ Crime de ação penal</p><p>pública condicionada à</p><p>representação.</p><p>➢ Não se confunde com o</p><p>crime de racismo, que está</p><p>previsto no art. 20, da Lei n°</p><p>7.716/89, sendo a oposição</p><p>indistinta.</p><p>➔ Crimes de racismo e Lei 14.532/23150</p><p>◆ A Lei 14.532/23, que entrou em vigor em 11/01/23,</p><p>retirou os elementos referentes a raça, cor, etnia e</p><p>origem do crime de injúria preconceituosa do art.</p><p>140, §3º, do CP, e previu tipo penal específico de</p><p>injúria racial (injúria em razão de raça, cor, etnia ou</p><p>procedência nacional) no art. 2º-A da Lei 7.716/89,</p><p>prevendo, ainda, no parágrafo único, que a pena é</p><p>aumentada de metade se o crime for cometido</p><p>mediante concurso de 2 ou mais pessoas.</p><p>150Inserido em 22/03/2024.</p><p>167</p><p>● Tal alteração vai ao encontro do</p><p>entendimento da jurisprudência dos</p><p>Tribunais Superiores, de que o crime de</p><p>injúria racial é uma espécie de crime de</p><p>racismo.</p><p>◆ O crime de injúria preconceituosa do art. 140, § 3º,</p><p>do CP, ainda permanece, mas sua utilização de</p><p>elementos referentes à religião ou à condição de</p><p>pessoa idosa ou com deficiência.</p><p>● Trata-se de crime de ação penal pública</p><p>condicionada à representação (art. 145, p.</p><p>único, do CP).</p><p>◆ Na injúria racial, que é espécie do crime de racismo,</p><p>há um xingamento com intenção de ofender</p><p>(animus injuriandi), especificamente, a honra</p><p>subjetiva de certa pessoa (vítima determinada), em</p><p>razão de raça, cor, etnia e origem, de modo que se</p><p>consuma quando a ofensa chega ao conhecimento</p><p>da vítima.</p><p>● Já nos demais crimes de racismo da Lei</p><p>7.716/89, há uma pregação genérica contra</p><p>determinada raça, cor, etnia, religião ou</p><p>procedência nacional (vítima indeterminada</p><p>– art. 20) ou mesmo a prática de condutas de</p><p>segregação (demais tipos penais da Lei</p><p>7.716/89 - ex.: impedir matrícula por conta da</p><p>cor da pele).</p><p>◆ Quanto à injúria racial, houve uma alteração</p><p>relevante na descrição do tipo penal. Enquanto o</p><p>art. 140, § 3º, do CP, falava em “utilizando-se de</p><p>elementos referentes a raça, cor, etnia ou</p><p>procedência nacional”, o atual art. 2º-A da Lei</p><p>168</p><p>7.716/89 fala em “injuriar alguém, ofendendo-lhe a</p><p>dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia</p><p>ou procedência nacional”.</p><p>➔ A alteração legislativa promovida no crime de injúria</p><p>racial pela Lei n° 14.532/23 consubstancia novatio legis in</p><p>pejus e, portanto, irretroativa (art. 5°, XL da CF), vez que:</p><p>◆ A pena do crime de injúria racial, inserido no art.</p><p>2º-A da Lei 7.716/89, deixou de ser de 1 a 3 anos de</p><p>reclusão para ser de 2 a 5 anos de reclusão;</p><p>● Não mais é cabível a suspensão condicional</p><p>do processo.</p><p>● Apesar de, em tese, cabível o ANPP em razão</p><p>da pena mínima cominada, a 2ª Turma do</p><p>STF, no RHC 222.599/SC, j. 06/02/2023, decidiu</p><p>que não cabe ANPP em caso de crimes</p><p>169</p><p>Redação anterior à Lei n° 14.532/2023 Redação após a Lei n° 14.532/2023</p><p>Art. 140, § 3º, do CP: Se a injúria</p><p>consiste na utilização de elementos</p><p>referentes a raça, cor, etnia, religião,</p><p>origem ou a condição de pessoa</p><p>idosa ou portadora de deficiência:</p><p>Pena - reclusão de um a três anos e</p><p>multa.</p><p>Art. 140, § 3°, do CP: Se a injúria</p><p>consiste na utilização de elementos</p><p>referentes à religião ou à condição</p><p>de pessoa idosa ou com deficiência:</p><p>Pena - reclusão de um a três anos e</p><p>multa.</p><p>Art. 2º-A da Lei 7.716/89: Injuriar</p><p>alguém, ofendendo-lhe a</p><p>dignidade ou o decoro, em razão de</p><p>raça, cor, etnia ou procedência</p><p>nacional. Pena: reclusão, de 2 a 5</p><p>anos, e multa. Parágrafo único. A</p><p>pena é aumentada de metade se o</p><p>crime for cometido mediante</p><p>concurso de 2 ou mais pessoas.</p><p>raciais, inclusive a injúria racial, porque deve</p><p>ser considerada a teleologia da</p><p>excepcionalidade imposta no art. 28, § 2º, IV,</p><p>do CPP (vedação nos crimes praticados no</p><p>âmbito de violência doméstica ou familiar, ou</p><p>praticados contra a mulher por razões da</p><p>condição de sexo feminino, em favor do</p><p>agressor) e a natureza do bem jurídico a que</p><p>se busca tutelar.</p><p>◆ A ação penal deixou de ser pública condicionada à</p><p>representação para ser pública incondicionada,</p><p>assim como nos demais crimes de preconceito ou</p><p>discriminação da Lei n° 7.716/89;</p><p>◆ Foi inserida majorante, aumentando-se a pena de</p><p>metade, se o crime for cometido mediante</p><p>concurso de duas ou mais pessoas151.</p><p>■ Crime contra a honra de servidor</p><p>em razão das suas funções.</p><p>➢ Súmula n° 714, do STF: é</p><p>concorrente a legitimidade</p><p>do ofendido, mediante</p><p>queixa, e do ministério</p><p>público, condicionada à</p><p>representação do ofendido,</p><p>para a ação penal por</p><p>crime contra a honra do</p><p>servidor público em razão</p><p>do exercício de suas</p><p>funções.</p><p>151Note-se que as causas de aumento de pena do art. 141 do CP, previstas para os crimes</p><p>contra a honra do CP (calúnia, difamação e injúria), não mais se aplicam ao atual art. 2º-A</p><p>da Lei 7.716/89. Por outro lado, a Lei 14.532/23 inseriu causas de aumento de pena</p><p>específicas para o crime do art. 2º-A da Lei 7.716/89.</p><p>170</p><p>➢ A legitimidade é alternativa</p><p>ou concorrente? Quando o</p><p>servidor público for</p><p>ofendido em sua honra em</p><p>razão do exercício de suas</p><p>funções, ele poderá ou</p><p>oferecer queixa crime ou</p><p>oferecer representação, a</p><p>partir da qual poderá o MP</p><p>continuar a ação. Em</p><p>ambos os casos, abre-se</p><p>mão de uma das vias em</p><p>relação a outra.</p><p>ix. Ação penal nos crimes de lesão leve praticados</p><p>com violência doméstica e familiar contra a</p><p>mulher</p><p>● Há súmulas e decisões dos tribunais de que</p><p>esta é uma ação penal pública</p><p>incondicionada.</p><p>● A Lei Maria da Penha é expressa quanto à</p><p>inaplicabilidade da Lei 9.099/95, como se</p><p>extrai do seu artigo 41. Dessa forma, a</p><p>alteração prevista de que passou a ser</p><p>necessária representação nos casos de lesão</p><p>leve, aqui não se aplica.</p><p>● Súmula n° 536, do STJ: “A suspensão</p><p>condicional do processo e a transação penal</p><p>não se aplicam na hipótese de delitos</p><p>sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”.</p><p>● Súmula n° 542, do STJ: “A ação penal relativa</p><p>ao crime de lesão corporal resultante de</p><p>171</p><p>violência doméstica contra a mulher é</p><p>pública</p><p>incondicionada”.</p><p>x. Mudança da espécie de ação penal nos crimes</p><p>contra a dignidade sexual e no crime de</p><p>estelionato</p><p>● Crimes contra a dignidade sexual152</p><p>● Crime de estelionato;</p><p>○ Foi alterado com o Pacote Anticrime;</p><p>○ Antes do Pacote:</p><p>■ Ação penal pública</p><p>incondicionada.</p><p>○ Depois do Pacote:</p><p>■ Ação penal pública condicionada</p><p>à representação.</p><p>○ Pergunta-se: essa alteração retroage</p><p>para alcançar ações penais em curso?153</p><p>■ STJ154: não retroage aos processos</p><p>cuja denúncia já foi oferecida. A</p><p>fundamentação está na própria</p><p>mens legis, pois o legislador</p><p>154 STJ. 3ª Seção. HC 610201/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691).</p><p>153 Inserido em 10/2023.</p><p>152Indicamos os alunos a assistirem a aula do professor Renato Brasileiro, disponível no Youtube,</p><p>podendo ser acessada por meio do seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=JpU7ev_sz6w</p><p>172</p><p>previu somente hipótese de</p><p>procedibilidade, e não de</p><p>prosseguibilidade. Além disso, há</p><p>de se resguardar a segurança</p><p>jurídica e o ato jurídico perfeito.</p><p>■ STF155: deve retroagir para</p><p>abranger tanto as ações penais</p><p>não iniciadas quanto as ações</p><p>penais em curso até o trânsito</p><p>em julgado. Portanto, se a vítima</p><p>não fez a representação, ela</p><p>deverá ser intimada para que o</p><p>faça, no prazo de 30 dias, sob</p><p>pena de decadência. O</p><p>fundamento utilizado foi a</p><p>aplicação, por analogia do art. 91</p><p>da Lei 9.099/95156.</p><p>e. Aditamento da denúncia</p><p>i. Conceito</p><p>● É o ato processual em que se busca</p><p>complementar, fazer inclusões à peça</p><p>acusatória.</p><p>ii. Objeto do aditamento</p><p>● Pode ser próprio ou impróprio;</p><p>○ Próprio</p><p>■ Inclusão de algo realmente novo</p><p>na peça inaugural, sendo um</p><p>sujeito ou fato criminoso novo;</p><p>○ Impróprio</p><p>156Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação penal</p><p>pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias,</p><p>sob pena de decadência.</p><p>155STF. Plenário. HC 208817 AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 13/04/2023.</p><p>173</p><p>■ Apenas alguma correção de</p><p>impropriedade, sem inclusão de</p><p>algo novo</p><p>➢ Ex: capitulação,</p><p>qualificação.</p><p>iii. Voluntariedade</p><p>● Aditamento pode ser espontâneo ou</p><p>provocado;</p><p>○ Espontâneo</p><p>■ Titular da ação</p><p>espontaneamente acrescenta</p><p>algo no processo;</p><p>○ Provocado</p><p>■ Nos meios em que a legislação</p><p>permite que juiz provoque o</p><p>titular da ação a realizar</p><p>aditamento</p><p>➢ Ex: art. 384, do CPP157</p><p>➢ Mutatio libelli</p><p>→ Encerrada a</p><p>instrução, juiz verifica</p><p>que em virtude de</p><p>elemento novo que</p><p>surgiu ao longo da</p><p>instrução, houve</p><p>necessidade de</p><p>mudar capitulação</p><p>de determinado fato,</p><p>157Art. 384 do CPP (mutatio libelli): Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova</p><p>definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou</p><p>circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a</p><p>denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o</p><p>processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.</p><p>174</p><p>é necessário que MP</p><p>realize aditamento e</p><p>mude capitulação</p><p>↠ Se MP não</p><p>concordar,</p><p>aplica-se o art.</p><p>28, do CPP158</p><p>→ Emendatio libelli</p><p>(será estudado no</p><p>tópico de sentença)</p><p>↠ Nela, art. 383,</p><p>CPP, o juiz</p><p>altera a</p><p>capitulação</p><p>jurídica do fato</p><p>sem ter</p><p>circunstância</p><p>nova, pode</p><p>fazer de forma</p><p>ampla, para</p><p>melhorar ou</p><p>piorar a</p><p>situação do</p><p>réu.</p><p>iv. Aditamento e interrupção da prescrição</p><p>● O recebimento da denúncia é um dos</p><p>marcos interruptivos da prescrição. Quando é</p><p>realizado o aditamento, há interrupção da</p><p>prescrição?</p><p>158Art. 28 do CPP: Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos</p><p>informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado</p><p>e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de</p><p>homologação, na forma da lei.</p><p>175</p><p>○ A resposta é que depende:</p><p>■ Se incluir novo fato, há</p><p>interrupção em relação a ele.</p><p>Aditamento é recebimento de</p><p>nova denúncia contra aquele</p><p>fato.</p><p>➢ Tráfico, aditando para</p><p>lavagem de capitais. Contra</p><p>o 2º crime, há a interrupção</p><p>da prescrição.</p><p>■ Aditamento impróprio ou</p><p>aditamento próprio subjetivo,</p><p>incluindo autor ou partícipe, não</p><p>há interrupção. Não há</p><p>interrupção quanto a agentes,</p><p>apenas a fatos.</p><p>v. Aditamento da queixa-crime pelo Ministério</p><p>Público</p><p>● Art. 45, CPP159 e princípio da indivisibilidade</p><p>da ação penal;</p><p>○ O MP só pode atuar quando for para</p><p>realizar aditamento impróprio.</p><p>○ Se for próprio, para incluir sujeitos ou</p><p>fatos, não pode fazê-lo, conforme o</p><p>princípio da conveniência e</p><p>oportunidade</p><p>○ Se tiver sendo omitido algum sujeito,</p><p>pelo princípio da indivisibilidade, MP irá</p><p>requerer a intimação do querelante.</p><p>159Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo</p><p>Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo.</p><p>176</p><p>■ Se não incluir o sujeito, juiz</p><p>reconhecerá a renúncia</p><p>vi. Aditamento de queixa-crime substitutiva na</p><p>ação penal privada subsidiária da pública</p><p>● Aditamento amplo, já que ação é pública em</p><p>sentido amplo.</p><p>f. Ação civil ex delicto</p><p>i. Conceito</p><p>● É a pretensão de reparação que surge em</p><p>virtude de fato delituoso. Crime pode ser</p><p>ilícito civil, administrativo, ensejando</p><p>reparação nas outras searas do direito.</p><p>● Por conta de uma mesma infração penal,</p><p>cuja prática é atribuída a determinada</p><p>pessoa, podem ser exercidas duas pretensões</p><p>distintas: de um lado, a chamada pretensão</p><p>punitiva, isto é, a pretensão do Estado em</p><p>impor a pena cominada em lei; do outro lado,</p><p>a pretensão à reparação do dano que a</p><p>suposta infração penal possa ter causado à</p><p>determinada pessoa.</p><p>○ Art. 186, do Código Civil: “Aquele que,</p><p>por ação ou omissão voluntária,</p><p>negligência ou imprudência, violar</p><p>direito e causar dano a outrem, ainda</p><p>que exclusivamente moral, comete ato</p><p>ilícito”.</p><p>○ Art. 927, do Código Civil: “Aquele que,</p><p>por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar</p><p>dano a outrem, fica obrigado a</p><p>repará-lo”.</p><p>177</p><p>ii. Previsão normativa</p><p>● Art. 63 e 64 do CPP160;</p><p>iii. Sistemas atinentes à relação entre ação civil ex</p><p>delicto e o processo penal</p><p>● Sistema da confusão:</p><p>○ Na antiguidade, muito antes de o</p><p>Estado trazer para si a solução dos</p><p>conflitos intersubjetivos, cabia ao</p><p>ofendido buscar a reparação do dano e</p><p>a punição do autor do delito por meio</p><p>da ação direta sobre o ofensor. Por</p><p>meio deste sistema, a mesma ação era</p><p>utilizada para a imposição da pena e</p><p>para fins de ressarcimento do prejuízo</p><p>causado pelo delito.</p><p>● Sistema da solidariedade:</p><p>○ Neste sistema, há uma cumulação</p><p>obrigatória de ações distintas perante o</p><p>juízo penal, uma de natureza penal, e</p><p>outra cível, ambas exercidas no mesmo</p><p>processo, ou seja, apesar de separadas</p><p>as ações, obrigatoriamente são</p><p>resolvidas em conjunto e no mesmo</p><p>processo.</p><p>● Sistema da livre escolha:</p><p>○ Caso o interessado queira promover a</p><p>ação de reparação do dano na seara</p><p>cível, poderá fazê-lo. Porém, neste caso,</p><p>160Art. 63 do CPP: Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a</p><p>execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou</p><p>seus herdeiros.</p><p>Art. 64 do CPP: Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano</p><p>poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.</p><p>178</p><p>face à influência que a sentença penal</p><p>exerce sobre a civil, incumbe ao juiz</p><p>cível determinar a paralisação do</p><p>andamento do processo até a</p><p>superveniência do julgamento</p><p>definitivo da demanda penal,</p><p>evitando-se assim, decisões</p><p>contraditórias. De todo modo, a critério</p><p>do interessado, admite-se a cumulação</p><p>das duas pretensões no processo</p><p>penal, daí por que se fala em</p><p>cumulação facultativa, e não</p><p>obrigatória, como se dá no sistema da</p><p>solidariedade.</p><p>● Sistema da independência:</p><p>○ As duas</p><p>ações podem ser propostas de</p><p>maneira independente, uma no juízo</p><p>cível, outra no âmbito penal. Isso</p><p>porque, enquanto a ação cível versa</p><p>sobre questão de direito privado, de</p><p>natureza patrimonial, a outra versa</p><p>sobre o interesse do Estado em sujeitar</p><p>o suposto autor de uma infração penal</p><p>ao cumprimento da pena cominada</p><p>em lei.</p><p>■ Adota-se esse sistema, com certa</p><p>mitigação, visto que o CPP prevê</p><p>a possibilidade de o juiz fixar um</p><p>valor mínimo para a reparação</p><p>dos danos causados pelo delito,</p><p>mas a vítima pode decidir que</p><p>não vale a pena esperar o</p><p>179</p><p>resultado do processo penal para</p><p>ser ressarcida pelos danos</p><p>sofridos.</p><p>iv. Possibilidades alternativas e independentes</p><p>para o ofendido buscar o ressarcimento do dano</p><p>causado pelo delito</p><p>● Ação de execução ex delicto - art. 63, do CPP:</p><p>Ação de execução tramita no juízo cível e</p><p>tem como pressuposto o trânsito em julgado</p><p>da sentença condenatória. Após o trânsito, a</p><p>vítima ou seus sucessores terá um título e</p><p>poderá ir diretamente para a fase de</p><p>execução</p><p>● Ação civil ex delicto - art. 64, do CPP: Há uma</p><p>ação ordinária de conhecimento, ajuizada no</p><p>âmbito cível e não uma ação de execução</p><p>como a prevista anteriormente.</p><p>○ Pode ser promovida contra o autor do</p><p>delito e contra o responsável civil.</p><p>v. Efeitos civis da absolvição penal</p><p>● Reconhecida a inexistência do fato ou a</p><p>negativa de autoria, de maneira categórica,</p><p>irá produzir efeitos no cível.</p><p>○ Não há que se falar em coisa julgada</p><p>diante de uma absolvição por in dubio</p><p>pro reo.</p><p>○ Art. 386, do CPP:</p><p>■ Inciso I - estar provada a</p><p>inexistência do fato;</p><p>➢ Faz coisa julgada.</p><p>■ Inciso II - não haver prova da</p><p>existência do fato;</p><p>180</p><p>➢ Não faz coisa julgada.</p><p>■ Inciso III - não constituir o fato</p><p>infração penal;</p><p>➢ Não faz coisa julgada.</p><p>■ Inciso IV - estar provado que o</p><p>réu não concorreu para a infração</p><p>penal;</p><p>➢ Faz coisa julgada.</p><p>■ Inciso V - não existir prova de ter</p><p>o réu concorrido para a infração</p><p>penal;</p><p>➢ Não faz coisa julgada.</p><p>■ Inciso VI - existirem</p><p>circunstâncias que excluam o</p><p>crime ou isentem o réu de pena</p><p>(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art.</p><p>28, todos do Código Penal), ou</p><p>mesmo se houver fundada</p><p>dúvida sobre sua existência.</p><p>➢ Provada a existência de</p><p>causa excludente da</p><p>ilicitude real: faz coisa</p><p>julgada.</p><p>➢ Provada a existência de</p><p>causa excludente da</p><p>ilicitude putativa e erro na</p><p>execução: não faz coisa</p><p>julgada.</p><p>➢ Provada a existência de</p><p>causa excludente da</p><p>culpabilidade: não faz coisa</p><p>julgada.</p><p>181</p><p>➢ Fundada dúvida acerca da</p><p>causa excludente da</p><p>ilicitude ou da</p><p>culpabilidade: não faz coisa</p><p>julgada.</p><p>➢ STJ: “(...) O STJ pacificou</p><p>entendimento no sentido</p><p>de que a absolvição na</p><p>esfera criminal, por</p><p>ausência de prova nos</p><p>autos relativa ao fato de ter</p><p>o acusado concorrido para</p><p>a infração penal, não tem o</p><p>condão de excluir a</p><p>condenação</p><p>administrativa. Recurso</p><p>especial a que se nega</p><p>provimento”. (STJ, 5ª</p><p>Turma, REsp 1.028.436/SP,</p><p>Rel. Min. Adilson Vieira</p><p>Macabu, DJe 17/11/2011).</p><p>➢ STJ: “(...) CIVIL. DANO</p><p>MORAL. LEGÍTIMA DEFESA</p><p>PUTATIVA. A legítima</p><p>defesa putativa supõe</p><p>negligência na apreciação</p><p>dos fatos, e por isso não</p><p>exclui a responsabilidade</p><p>civil pelos danos que dela</p><p>decorram. Recurso especial</p><p>conhecido e provido”. (STJ,</p><p>3ª Turma, REsp 513.891/RJ,</p><p>182</p><p>Rel. Min. Ari Pargendler, j.</p><p>20/03/2007).</p><p>○ Não existir prova suficiente para a</p><p>condenação;</p><p>■ Não faz coisa julgada.</p><p>● Efeitos civis de outras decisões - não fazem</p><p>coisa julgada.</p><p>○ Sentença absolutória imprópria;</p><p>○ Sentença absolutória proferida pelo</p><p>júri;</p><p>○ Arquivamento do Inquérito Policial;</p><p>○ Transação penal;</p><p>■ Art. 76, §5°, da Lei n° 9.099/95.</p><p>vi. Quantificação do montante a ser indenizado ao</p><p>ofendido</p><p>● Antes da lei n° 11.719/2008:</p><p>○ Sentença condenatória limitava-se a</p><p>reconhecer o que você deve, cabendo à</p><p>vítima ir ao juízo cível para liquidar.</p><p>● Depois da lei n° 11.719/2008:</p><p>○ Sentença condenatória reconhece o</p><p>que e quanto se deve.</p><p>■ Fixa-se um valor mínimo, sem</p><p>prejuízo em realizar uma</p><p>execução em busca do valor real.</p><p>● Art. 387, IV161 - “danos causados”</p><p>○ Quais danos? Doutrina entende que</p><p>qualquer dano.</p><p>161Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:</p><p>IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos</p><p>sofridos pelo ofendido;</p><p>183</p><p>● É necessário que se tenha um pedido</p><p>expresso?</p><p>○ Alguns doutrinadores entendem que</p><p>não, visto que o dever de indenização é</p><p>previsto em lei.</p><p>○ A jurisprudência, especificamente o</p><p>STJ, entende que é preciso especificar.</p><p>vii. Vítima pobre e ação pelo MP</p><p>● Art. 68 do CPP162</p><p>○ Garante legitimidade da ação civil ex</p><p>delicto ao MP.</p><p>■ Quando o CPP foi redigido, não</p><p>existia Defensoria Pública.</p><p>○ STF, em face do citado dispositivo,</p><p>proferiu decisão de modalidade de</p><p>declaração de inconstitucionalidade</p><p>pro futuro ou constitucionalidade em</p><p>trânsito para inconstitucionalidade;</p><p>■ Reconhece a irregularidade e</p><p>conflito com a Constituição</p><p>Federal, mas reconhece que a</p><p>Defensoria não está presente de</p><p>forma integral em todo o</p><p>território nacional.</p><p>■ A não recepção seria prejudicial</p><p>às vítimas que não teriam</p><p>condição de propor a ação.</p><p>162Art. 68 do CPP: Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre, a execução da sentença</p><p>condenatória ou a ação civil será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.</p><p>184</p><p>5. Competência</p><p>a. Introdução</p><p>● O tema da competência é afeto ao da</p><p>jurisdição, conforme estudado. Se todo órgão</p><p>jurisdicional no Brasil exerce a jurisdição,</p><p>apenas aqueles competentes o fazem de</p><p>forma legítima.</p><p>● Competência é o limite, a medida do</p><p>exercício jurisdicional legítimo;</p><p>○ Ex: Juiz de determinada comarca</p><p>exerce jurisdição de forma ampla, mas</p><p>só a exerce de forma legítima para</p><p>aqueles processos em que é</p><p>competente segundo as regras de</p><p>organização.</p><p>● Só existem dois tipos de competência,</p><p>absoluta ou relativa.</p><p>○ As outras classificações são critérios</p><p>que tanto a Constituição Federal</p><p>quanto a legislação infraconstitucional</p><p>encontram para definir a competência</p><p>absoluta ou relativa.</p><p>○ Competência absoluta</p><p>■ É aquela firmada/criada com</p><p>base no interesse público;</p><p>➢ Prevista na Constituição</p><p>Federal.</p><p>■ A regra de competência absoluta</p><p>não pode ser modificada, ou seja,</p><p>185</p><p>cuida-se de competência</p><p>improrrogável ou imodificável.</p><p>➢ As partes não podem</p><p>alterá-la por acordo;</p><p>■ Consequências:</p><p>➢ Nulidade absoluta e não</p><p>inexistência.</p><p>→ Pode ser arguida a</p><p>qualquer momento,</p><p>inclusive após o</p><p>trânsito em julgado</p><p>de sentença</p><p>condenatória ou</p><p>absolutória</p><p>imprópria.</p><p>→ Prejuízo presumido.</p><p>■ Pode e deve ser reconhecida a</p><p>qualquer tempo, de ofício, até o</p><p>esgotamento da jurisdição,</p><p>conforme art. 494 do Código de</p><p>Processo Civil.</p><p>■ Em nosso sistema processual as</p><p>hipóteses de competência</p><p>absoluta são as que decorrem</p><p>dos critérios em razão da</p><p>matéria, em razão da pessoa; em</p><p>razão da função.</p><p>○ Competência relativa</p><p>■ É aquela firmado sobre o</p><p>interesse das partes,</p><p>primordialmente. Há interesse</p><p>público por trás;</p><p>186</p><p>➢ Prevista em legislação</p><p>ordinária.</p><p>■ A regra de competência relativa</p><p>pode ser modificada, ou seja,</p><p>cuida-se de competência</p><p>prorrogável ou derrogável.</p><p>➢ Assim, sujeita-se às regras</p><p>de conexão e de</p><p>continência</p><p>■ Consequências:</p><p>➢ Nulidade relativa, devendo</p><p>ser arguida no momento</p><p>oportuno, sob pena de</p><p>preclusão;</p><p>➢ Prejuízo às partes deve ser</p><p>comprovado.</p><p>■ Pode ser reconhecida de ofício?</p><p>➢ 1ª Corrente: Entendem que</p><p>não pode ser reconhecida</p><p>de ofício, baseando-se na</p><p>súmula n° 33 do STJ;</p><p>→ Súmula n° 33 do STJ:</p><p>“Não pode o Juiz</p><p>apreciar de ofício a</p><p>sua incompetência</p><p>relativa. Sendo</p><p>relativa a</p><p>competência do foro</p><p>da mulher para a</p><p>ação de separação</p><p>judicial, não pode o</p><p>Juiz do domicílio do</p><p>187</p><p>marido, onde por</p><p>este ajuizada a causa,</p><p>declinar de sua</p><p>competência sem</p><p>arguição da mulher.”</p><p>→ Tal súmula, contudo,</p><p>não possui aplicação</p><p>no processo penal.</p><p>➢ 2ª Corrente: Entendem que</p><p>sim, uma vez que,</p><p>residualmente, há um</p><p>interesse</p><p>público, pelo</p><p>menos até o início da</p><p>instrução probatória.</p><p>➢ O princípio do juiz natural</p><p>justifica tal possibilidade.</p><p>➢ Marco temporal do art. 109,</p><p>CPP163</p><p>→ Até a sentença</p><p>■ Em nosso sistema processual as</p><p>hipóteses de competência</p><p>relativa são critério em razão do</p><p>local/territorial</p><p>➢ STF, ADI 5.264, final de</p><p>2020, 2021 reconheceu que</p><p>a competência do Juizado</p><p>Especial Criminal (JECRIM)</p><p>é também de natureza</p><p>relativa.</p><p>163Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente,</p><p>declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior.</p><p>188</p><p>b. Formas de arguição dos vícios de</p><p>incompetências</p><p>● O CPP fala que vício pode ser indicado por</p><p>escrito ou oral;</p><p>○ Previsão no Código de Processo Penal</p><p>de um incidente específico de</p><p>incompetência:</p><p>■ Incidente de exceção de</p><p>incompetência</p><p>○ Formalidade e limite temporal não é</p><p>imposto ao juiz</p><p>i. Consequência do reconhecimento da</p><p>incompetência</p><p>● Art. 567, CPP164;</p><p>○ Doutrina:</p><p>■ Entende-se que o referido</p><p>dispositivo se aplica apenas às</p><p>incompetências relativas e que</p><p>no caso de incompetência</p><p>absoluta, deverá todos os atos</p><p>serem anulados e não apenas os</p><p>decisórios.</p><p>○ Jurisprudência:</p><p>■ Entende que o dispositivo se</p><p>aplica tanto a incompetência</p><p>absoluta quanto a relativa e que</p><p>os atos decisórios poderão ser</p><p>ratificados pelo juízo</p><p>competente.</p><p>164Art. 567 do CPP: A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo,</p><p>quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.</p><p>189</p><p>○ Somente atos decisórios serão nulos.</p><p>Juiz competente, ao receber os autos,</p><p>poderá manter atos não decisórios.</p><p>■ Ex: intimações, citações, atos</p><p>ordinatórios</p><p>○ Atos decisórios ficarão anulados;</p><p>■ STF: Vem entendendo pela</p><p>possibilidade de manutenção,</p><p>desde que ratificados pelo</p><p>magistrado que os receber</p><p>expressamente;</p><p>○ Atos probatórios seguem a lógica do</p><p>art. 567, não decisórios ficam mantidos.</p><p>Atos decisórios podem ser mantidos</p><p>pelo juiz.</p><p>■ Princípio da identidade física do</p><p>juiz</p><p>➢ O Juiz responsável pela</p><p>produção probatória,</p><p>tomada de depoimento</p><p>das testemunhas, oitiva do</p><p>ofendido, interrogatório do</p><p>réu, é o juiz legitimado</p><p>para sentenciar;</p><p>→ Acredita-se que esse</p><p>juiz tenha</p><p>subjetivamente</p><p>conhecimento maior</p><p>sobre o caso.</p><p>→ Herança do sistema</p><p>acusatório</p><p>anglo-saxão.</p><p>190</p><p>■ Se houver uma produção</p><p>probatória e reconhecimento do</p><p>vício de incompetência, será que</p><p>o juiz que receberá terá</p><p>condições de emitir decisão</p><p>justa?</p><p>➢ Aplica-se a mesma regra</p><p>do art. 567.</p><p>➢ A digressão é uma crítica.</p><p>ii. Decisão proferida pelo juízo incompetente e</p><p>coisa julgada</p><p>● Há diferença na hipótese de se tratar de</p><p>competência absoluta ou de competência</p><p>relativa;</p><p>○ Competência absoluta</p><p>■ Vício pode ser suscitado a</p><p>qualquer momento, inclusive</p><p>após o trânsito em julgado, a</p><p>princípio;</p><p>➢ Se o comando da decisão</p><p>for absolutório ou extintivo</p><p>da punibilidade, não é</p><p>possível. Não existe revisão</p><p>pro societate, em prol do</p><p>Estado contra o réu;</p><p>➢ Se a decisão for</p><p>condenatória ou</p><p>absolutória imprópria</p><p>(aquela que impõe medida</p><p>de segurança ao réu</p><p>incapaz), será possível</p><p>suscitar incompetência por</p><p>191</p><p>revisão criminal ou Habeas</p><p>Corpus,</p><p>○ Competência relativa</p><p>■ Só pode ser suscitada até a</p><p>sentença;</p><p>■ Efeito da sanatória geral da coisa</p><p>julgada. Sana todos os vícios,</p><p>exceto os absolutos.</p><p>c. Critérios que fixam a competência</p><p>i. Itinerário de como achar o juiz competente para</p><p>determinado caso</p><p>● 1º) Definir se caso é de competência</p><p>internacional ou brasileira;</p><p>● 2º) A jurisdição é típica ou atípica?</p><p>○ Existem casos em que, pelos freios e</p><p>contrapesos, órgãos políticos exercem</p><p>jurisdição.</p><p>■ Ex: crimes de responsabilidade</p><p>do Presidente da República,</p><p>sendo julgados pela Câmara e</p><p>pelo Senado.</p><p>● 3º) Há caso de competência por prerrogativa</p><p>de função? Pessoa exerce cargo que lhe</p><p>confere prerrogativa de função?</p><p>○ Ratione funcionae</p><p>■ Ex: desembargadores, juízes,</p><p>ministros, membros do MP.</p><p>● 4º) Há critério em razão da matéria?</p><p>○ Ratione materiae</p><p>■ Olhar se é caso de justiça</p><p>especial (trabalhista, eleitoral,</p><p>192</p><p>militar) ou comum (federal,</p><p>estadual);</p><p>● 5º) Território, local;</p><p>○ Ratione loci</p><p>○ Olhar dentro da organização territorial,</p><p>qual a comarca competente.</p><p>■ Em regra, é relativa.</p><p>● 6°) Encontrar um juízo competente;</p><p>○ Dentro da competência territorial, é</p><p>possível que os tribunais ou legislação</p><p>de organização judiciária definam</p><p>determinados juízos competentes;</p><p>■ Ex: juizado do torcedor, crimes</p><p>falimentares, organização</p><p>criminosa e lavagem de dinheiro</p><p>● 7°) Ver se há caso de modificação de</p><p>competência</p><p>○ Conexão e continência;</p><p>● Objetivo é verificar cada um dos critérios</p><p>○ Muito dos casos julgados pelo STJ é</p><p>justamente disso que se trata.</p><p>ii. Competência internacional brasileira</p><p>● No direito penal, arts. 5º a 7º, estão os casos</p><p>de territorialidade e extraterritorialidade;</p><p>○ A lei penal brasileira pode ser aplicada</p><p>a fatos ocorridos no exterior;</p><p>○ Regra é que seja aplicada a fatos</p><p>cometidos no território brasileiro, físico</p><p>ou por extensão ou ficção</p><p>● Caso das imunidades diplomáticas;</p><p>193</p><p>○ Decorrem de normas do direito</p><p>internacional público, previstas em</p><p>convenções e tratados internacionais;</p><p>○ Estabelecidas pela função essencial</p><p>desenvolvida por agentes no panorama</p><p>internacional;</p><p>■ Ex: chefes de estado e familiares,</p><p>diplomatas, membros das</p><p>missões diplomáticas</p><p>permanentes</p><p>○ A previsão penal da imunidade está no</p><p>art. 31 da Convenção de Viena de 1961165.</p><p>Internalizado pelo decreto 56435/1965</p><p>○ Qual a natureza jurídica da imunidade</p><p>penal?</p><p>■ É divergente, mas maioria da</p><p>doutrina entende como causa</p><p>de isenção de pena;</p><p>➢ Não interfere na estrutura</p><p>do crime (típico, ilícito e</p><p>culpável), mas na</p><p>punibilidade;</p><p>➢ Internacionalistas dizem</p><p>que é intraterritorialidade</p><p>da legislação estrangeira. O</p><p>165Art. 31 da Convenção de Viena de 1961 (Decreto 56435/65): 1. O agente diplomático gozará de</p><p>imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição</p><p>civil e administrativa, a não ser que se trate de: a) uma ação real sobre imóvel privado situado no</p><p>território do Estado acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado</p><p>acreditado para os fins da missão. b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a</p><p>titulo privado e não em nome do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou</p><p>legatário. c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo</p><p>agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais. 2. O agente diplomático não é</p><p>obrigado a prestar depoimento como testemunha. 3. O agente diplomático não está sujeito a</p><p>nenhuma medida de execução a não ser nos casos previstos nas alíneas " a ", " b " e " c " do parágrafo</p><p>1 deste artigo e desde que a execução possa realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou</p><p>residência. 4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o</p><p>isenta da jurisdição do Estado acreditante.</p><p>194</p><p>sujeito será punido</p><p>segundo lei do país de</p><p>origem, país acreditante.</p><p>País acreditado recebe a</p><p>autoridade estrangeira, no</p><p>caso, Brasil.</p><p>○ Essas imunidades são irrenunciáveis</p><p>pelo titular;</p><p>■ Quem pode renunciar é o Estado</p><p>acreditante, de origem.</p><p>○ Agentes consulares</p><p>■ Não confundir a imunidade dos</p><p>agentes diplomáticos com os</p><p>consulares.</p><p>■ Agentes consulares só possuem</p><p>imunidade em relação ao serviço</p><p>que prestam, inclusive</p><p>penalmente.</p><p>● Tribunal Penal Internacional</p><p>○ O Brasil reconhece jurisdição no art. 5º,</p><p>§ 4º, da Constituição Federal166</p><p>■ Internalizou o tratado</p><p>internacional também, pelo</p><p>DECRETO Nº 4.388, DE 25 DE</p><p>SETEMBRO DE 2002.</p><p>■ Princípio da complementaridade.</p><p>Só atua quando jurisdição</p><p>nacional específica não se</p><p>mostrar capaz de reprimir o</p><p>ilícito;</p><p>166Art. 5º, § 4º, da CF: O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação</p><p>tenha manifestado adesão.</p><p>195</p><p>➢ Repressão apenas de</p><p>crimes com repercussão</p><p>internacional.</p><p>➢ Crimes de guerra,</p><p>genocídio, contra a</p><p>humanidade.</p><p>■ O Brasil não admite extradição,</p><p>mas é possível a entrega de</p><p>nacionais ao tribunal.</p><p>iii. Jurisdição típica ou atípica</p><p>● Reconhecer se é típica, de órgãos</p><p>jurisdicionais, ou órgãos políticos, que</p><p>exercem de forma atípica</p><p>○ Ex: Impeachment do Presidente da</p><p>República em cometimento de crimes</p><p>de responsabilidade. Câmara recebe a</p><p>acusação e julgamento é feito pelo</p><p>Senado, presidido pelo STF.</p><p>iv. Critério da prerrogativa de função</p><p>● A Competência por Prerrogativa de Função,</p><p>também denominada Ratione Personae, é</p><p>fixada a partir de infrações penais</p><p>perpetradas durante e em razão da função</p><p>política ora exercida.</p><p>○ Ou seja, para haver foro por</p><p>prerrogativa de função, é necessário o</p><p>crime ser cometido por agente político</p><p>valendo-se da sua função.</p><p>● Fundamento: para o exercício regular e</p><p>legítimo de cargos políticos, faz-se necessário</p><p>que a ordem constitucional reconheça</p><p>prerrogativas, que podem ser imunidades.</p><p>196</p><p>○ Não são privilégios pessoais, mas</p><p>prerrogativas do cargo.</p><p>○ É um critério que se define em razão</p><p>da função desempenhada, e não da</p><p>pessoa.</p><p>● Princípio do duplo grau de jurisdição</p><p>○ Uma primeira crítica advém desse</p><p>princípio;</p><p>○ Para que o julgamento seja justo e</p><p>adequado, é necessário que o caso seja</p><p>analisado por duas instâncias ao</p><p>menos.</p><p>■ Normalmente, juiz e tribunal,</p><p>sendo que este fará revisão por</p><p>apelação ou outro recurso</p><p>cabível.</p><p>➢ Não é um princípio</p><p>expresso.</p><p>■ Majoritariamente, entende-se</p><p>que existe, pelo escalonamento</p><p>de nossa jurisdição.</p><p>○ Esse princípio não é absoluto. Em</p><p>vários casos, cede espaço para outras</p><p>garantias. Aqui é um exemplo.</p><p>○ É justo que duplo grau ceda espaço</p><p>para a prerrogativa dessa atividade;</p><p>■ Para STF e STJ, não há</p><p>irregularidade</p><p>● Quais os critérios para aplicação da</p><p>prerrogativa de função?</p><p>○ 1º Posicionamento do STF: Regra da</p><p>atualidade.</p><p>197</p><p>■ Havendo a posse em cargo,</p><p>passava a ser afetado ao órgão</p><p>da prerrogativa da função todos</p><p>os processos anteriores em curso.</p><p>➢ Não importava quando os</p><p>processos haviam iniciado;</p><p>➢ Deputados federais e</p><p>senadores possuem</p><p>prerrogativa de função no</p><p>STF;</p><p>➢ Cessada a função, todos os</p><p>processos que ainda não</p><p>tivessem sido julgados</p><p>seriam devolvidos à 1ª</p><p>instância.</p><p>➢ Não basta a simples</p><p>menção a autoridades</p><p>detentoras de foro por</p><p>prerrogativa de função</p><p>para deslocar a</p><p>competência,</p><p>prevalecendo a</p><p>compreensão de validade</p><p>dos atos praticados pela</p><p>autoridade judicial</p><p>aparentemente</p><p>competente. STJ. 5ª Turma.</p><p>AgRg no HC 820.933-TO,</p><p>Rel. Min. Reynaldo Soares</p><p>da Fonseca, julgado em</p><p>26/2/2024 (Info 804).</p><p>○ 2º Posicionamento do STF.</p><p>198</p><p>■ Desde 2018/2019, o Tribunal vem</p><p>restringindo o critério para fatos</p><p>praticados durante exercício da</p><p>função e que tenham relação</p><p>com a função;</p><p>➢ Min. Barroso: se o critério é</p><p>exceção à jurisdição</p><p>regular e se justifica de</p><p>modo a isentar a atividade,</p><p>só se justifica a aplicação</p><p>aos fatos cometidos</p><p>durante exercício da</p><p>função e que ela tenha</p><p>facilitado a prática do</p><p>crime.</p><p>→ Salvaguardar o duplo</p><p>grau de jurisdição.</p><p>➢ É consolidado no sentido</p><p>da aplicação apenas no</p><p>exercício da função e que</p><p>tenha relação com sua</p><p>função.</p><p>➢ Ex: sujeito que responde a</p><p>vários processos e se torna</p><p>governador de Estado. Não</p><p>leva processos para o STJ,</p><p>pois não foram cometidos</p><p>durante exercício da</p><p>função. Se o governador</p><p>comete furto, também é</p><p>julgado em juízo de 1º grau,</p><p>já que o crime não se</p><p>199</p><p>relaciona à função</p><p>exercida.</p><p>○ Súmula 721 do STF e súmula vinculante</p><p>45.167</p><p>■ A Constituição do Estado pode</p><p>prever foro por prerrogativa de</p><p>função, mas não pode instituir</p><p>novas hipóteses além daquelas</p><p>previstas na Constituição</p><p>Federal168.</p><p>➢ O Tribunal do Júri é</p><p>previsto na Constituição</p><p>Federal, prevalecendo</p><p>sobre a constituição</p><p>estadual.</p><p>➢ Ex: No RJ, o</p><p>vice-governador tem</p><p>prerrogativa de função no</p><p>tribunal. Se comete crime</p><p>de competência do júri,</p><p>será julgado por este.</p><p>○ Súmula 702 do STF169</p><p>169Súmula 702 do STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos</p><p>crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária</p><p>caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.</p><p>168É inconstitucional norma de constituição estadual que estende o foro por prerrogativa de função a</p><p>autoridades não contempladas pela Constituição Federal de forma expressa ou por simetria.</p><p>STF. Plenário. ADI 6501/PA, ADI 6508/RO, ADI 6515/AM e ADI 6516/AL, Rel. Min. Roberto Barroso,</p><p>julgados em 20/8/2021 (Info 1026).</p><p>167Súmula 721 do STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por</p><p>prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.</p><p>Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por</p><p>prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.</p><p>200</p><p>■ O tribunal de justiça têm, pela</p><p>Constituição, competência para</p><p>julgar seus juízes e prefeitos;</p><p>➢ No caso dos juízes, há</p><p>ressalva das competências</p><p>sobre TRF e TRE.</p><p>➢ Também se aplica ao</p><p>prefeito tal ressalva.</p><p>→ Ex: verbas do</p><p>governo federal</p><p>recebidas pelo</p><p>prefeito. Apropriação</p><p>das verbas,</p><p>competência do TRF.</p><p>→ Já tendo havido a</p><p>prestação de contas,</p><p>entende-se que a</p><p>verba entrou no</p><p>patrimônio do</p><p>município, ficando</p><p>afastado o interesse</p><p>da União e, por</p><p>consequência, a</p><p>competência será do</p><p>tribunal de justiça.</p><p>○ Por muitos anos, as constituições</p><p>estaduais ampliaram as prerrogativas</p><p>de funções para vários cargos.</p><p>Defensores, Delegados, Procuradores</p><p>de Estado.</p><p>■ Em 2020, o STF definiu a questão.</p><p>201</p><p>➢ Só é possível conceder</p><p>competência ou critério</p><p>em virtude da função para</p><p>autoridades locais em que</p><p>a autoridade correlata em</p><p>âmbito federal possua</p><p>prerrogativa de função;</p><p>➢ Quebra-se a autonomia e</p><p>separação de poderes, caso</p><p>contrário.</p><p>➢ Ex: Não há prerrogativa a</p><p>delegados de polícia,</p><p>defensores públicos,</p><p>procuradores dos estados,</p><p>procuradores da ALE, já</p><p>que delegados federais,</p><p>defensores públicos</p><p>federais e advogados da</p><p>União não tem foro por</p><p>prerrogativa de função170;</p><p>➢ Vice-governador tem, já</p><p>que vice-presidente tem,</p><p>de acordo com a</p><p>Constituição Federal.</p><p>● Concurso de prerrogativas de função</p><p>170É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de</p><p>função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores</p><p>Públicos e Delegados de Polícia.</p><p>A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais,</p><p>estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas</p><p>hipóteses de foro por prerrogativa de função.</p><p>STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado</p><p>em 15/5/2019 (Info 940).</p><p>202</p><p>○ Indivíduo com prerrogativa pratica</p><p>crime com outro sem prerrogativa;</p><p>■ Ex: o deputado estadual comete</p><p>crime no exercício de suas</p><p>funções com assessor. O</p><p>Deputado tem prerrogativa, o</p><p>assessor não. Aplica-se regra de</p><p>modificação de competência</p><p>chamada continência, órgão de</p><p>hierarquia inferior cede espaço</p><p>ao de hierarquia superior. Ambos</p><p>serão julgados pelo tribunal.</p><p>○ Concorrência entre prerrogativas</p><p>■ Desembargador julgado pelo STJ</p><p>e deputado estadual</p><p>■ Entendimento reiterado é que</p><p>autoridade de maior grau</p><p>prevalece sobre de menor grau</p><p>■ Competência do STJ prevalecerá</p><p>sobre do tribunal de justiça</p><p>■ Súmula 704171 do STJ.</p><p>● A instauração de inquérito, em casos de</p><p>prerrogativa de função, é de legitimidade do</p><p>órgão com a prerrogativa.</p><p>○ Ex: No caso de juiz, quem deve</p><p>investigar é o tribunal.</p><p>■ Autoriza, pela falta de</p><p>possibilidade de investigação,</p><p>que a polícia investigue,</p><p>171Súmula 704 do STJ: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo</p><p>legal a atração por continência ou</p><p>conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função</p><p>de um dos denunciados.</p><p>203</p><p>supervisionando o inquérito</p><p>policial</p><p>○ Indiciamento também é limitado;</p><p>■ Só pode ser realizado pela</p><p>autoridade que detém o foro por</p><p>prerrogativa de função.</p><p>● Delação premiada</p><p>○ O acordo de colaboração premiada é</p><p>negócio jurídico processual em que</p><p>determinado investigado ou acusado</p><p>quer colaborar com persecução e o faz</p><p>em troca de benefícios processuais e</p><p>sanções premiadas.</p><p>■ Ex: diminuição de pena.</p><p>○ Se aponta um co-réu ou partícipe,</p><p>ganha nome de delação premiada</p><p>○ Sabe-se que a homologação de acordo</p><p>deve ser feita por juiz competente. Se</p><p>indicar autoridade com prerrogativa de</p><p>função, a competência poderá ser</p><p>alterada.</p><p>■ Competência para homologar</p><p>será o Tribunal com competência</p><p>para a prerrogativa de função.</p><p>➢ Juiz deve desapensar</p><p>acordo e enviar ao STF em</p><p>caso de deputado federal.</p><p>v. Critério em razão da matéria</p><p>● Em relação a este critério, considera-se</p><p>competência absoluta172.</p><p>172A competência em razão da matéria é absoluta. No entanto, a reunião dos feitos por força de</p><p>conexão não ostenta natureza absoluta. Por tal razão, o STJ entendeu “adequado excepcionar a</p><p>204</p><p>○ Fixada pelo interesse público, sendo</p><p>possível arguí-la em qualquer</p><p>momento.</p><p>○ Fundamento do critério é divisão do</p><p>poder judiciário.</p><p>■ A Constituição Federal</p><p>estabelece como justiça especial</p><p>a do trabalho, a eleitoral, e a</p><p>militar e, como justiça residual, a</p><p>estadual e a federal.</p><p>● Justiça eleitoral</p><p>○ O fundamento está no art. 121, CF173</p><p>■ Crimes eleitorais são previstos no</p><p>Código Eleitoral (Lei n° 4.737 de</p><p>1965), o qual foi recepcionado</p><p>com status de lei complementar;</p><p>■ Legislação ordinária.</p><p>○ Como se dá a competência para</p><p>crimes eleitorais?</p><p>■ Basta analisar a subsunção do</p><p>fato à norma para se configurar</p><p>um crime eleitoral? Não, sendo</p><p>necessária uma análise material,</p><p>dos interesses tutelados.</p><p>173Art. 121 da CF: Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos</p><p>juízes de direito e das juntas eleitorais.</p><p>incidência da conexão na hipótese em que a aplicação ensejaria atraso na tramitação de ação em</p><p>estágio avançado, com a instrução encerrada”. (3ª Seção. CC 190.445-SP, Rel. Min. Sebastião Reis</p><p>Júnior, julgado em 28/9/2022)</p><p>Outrossim, “quando houver sentença prolatada quanto ao delito conexo, a competência para</p><p>julgamento do delito remanescente deve ser aferida isoladamente”. (STJ. 3ª Seção. CC 193.005-MG,</p><p>Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 8/2/2023)</p><p>205</p><p>➢ STJ, 3° Seção, CC 127.101/RS,</p><p>Rel. Min Rogerio Schietti</p><p>Cruz, Dje 20/02/2015.</p><p>■ 1ª Instância: competência é dos</p><p>juízes eleitorais. São juízes</p><p>estaduais temporariamente</p><p>alocados à justiça eleitoral. Não</p><p>tem existência própria a justiça</p><p>eleitoral;</p><p>➢ STF julgou em 2021 que</p><p>atribuição de juiz de 1º grau</p><p>não pode ser feita aos</p><p>juízes federais</p><p>■ Na 2ª instância, há os tribunais</p><p>regionais federais eleitorais.</p><p>○ Conexão entre crime eleitoral e</p><p>comum</p><p>■ Conexão é quando dois crimes</p><p>têm uma relação subjetiva em</p><p>virtude de concurso de pessoas;</p><p>objetiva/instrumental, um crime</p><p>interfere no outro, para garantir</p><p>impunidade, conexão probatória,</p><p>de produção provas;</p><p>➢ Nesse caso, recomenda-se</p><p>que julgamento seja</p><p>conjunto</p><p>→ Prevalência de um</p><p>órgão para julgar os</p><p>crimes.</p><p>■ Em caso de conexão entre crime</p><p>eleitoral e comum (estadual ou</p><p>206</p><p>federal), a justiça que prevalece é</p><p>a eleitoral174, mesmo quando há o</p><p>reconhecimento da prescrição da</p><p>pretensão punitiva do delito</p><p>eleitoral175. Regra clara do CPP e</p><p>com amparo na jurisprudência.</p><p>➢ No que se refere à Justiça</p><p>Federal, tem-se que esta é</p><p>prevista na Constituição</p><p>Federal. Com isso, muitos</p><p>entendem que o melhor</p><p>seria se tivesse a separação</p><p>dos processos.</p><p>➢ No âmbito da lava jato, isso</p><p>foi muito discutido.</p><p>Membros do MP queriam</p><p>que o julgamento fosse na</p><p>justiça federal</p><p>→ Ex: falsidade</p><p>ideológica eleitoral -</p><p>crime de caixa dois.</p><p>Verba não declarada</p><p>provoca falsidade</p><p>ideológica. Dinheiro</p><p>passa por lavagem,</p><p>comum. Conexão,</p><p>175A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar crime comum conexo com crime eleitoral,</p><p>ainda que haja o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do delito eleitoral.</p><p>STF. 2ª Turma. RHC 177243/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/6/2021 (Info 1024).</p><p>174A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe</p><p>forem conexos.</p><p>STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933).</p><p>STJ. 5ª Turma. HC 612636-RS, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel.</p><p>Acd. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/10/2021 (Info 713).</p><p>207</p><p>julgamento será na</p><p>justiça eleitoral.</p><p>■ Caso seja um crime doloso</p><p>contra a vida - ambos também</p><p>serão julgados pela Justiça</p><p>Eleitoral.</p><p>➢ Todavia, a competência do</p><p>Tribunal do Júri está</p><p>prevista na Constituição,</p><p>com isso, o melhor seria se</p><p>tivesse a separação dos</p><p>processos.</p><p>■ Não tendo havido imputação de</p><p>crime eleitoral ou a ocorrência de</p><p>conexão de delito comum com</p><p>delito eleitoral, não se justifica o</p><p>encaminhamento do feito à</p><p>Justiça Eleitoral. (STJ. 5ª Turma.</p><p>HC 746.737-DF, Rel. Min. Joel Ilan</p><p>Paciornik, julgado em</p><p>06/09/2022).</p><p>● Justiça militar</p><p>○ Competência para julgar crimes</p><p>militares.</p><p>○ Previsão constitucional: art. 124176, 125, §</p><p>4º177;</p><p>○ Justiça Militar da União</p><p>177§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes</p><p>militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a</p><p>competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda</p><p>do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.</p><p>176Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.</p><p>208</p><p>■ O dispositivo constitucional n°</p><p>124, dispõe “Crimes militares</p><p>definidos em lei”;</p><p>➢ Há, assim, uma</p><p>competência criminal;</p><p>➢ Nada diz quanto ao</p><p>acusado, o que permitiria</p><p>dizer que a Justiça Militar</p><p>poderia julgar tanto</p><p>militares, quanto civis.</p><p>■ Crimes militares</p><p>➢ Na hipótese de ser</p><p>praticado um crime</p><p>comum em conexão/</p><p>continência, o processo é</p><p>desmembrado, de forma</p><p>que o crime comum será</p><p>julgado pela Justiça</p><p>Comum.</p><p>➢ Crimes propriamente</p><p>militares</p><p>→ Considerados como</p><p>aqueles que apenas</p><p>podem ser</p><p>cometidos por</p><p>militares, a exemplo</p><p>do crime de</p><p>deserção, art. 187,</p><p>CPM178.</p><p>178Art. 187 do CPM: Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que</p><p>deve permanecer, por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena</p><p>é agravada.</p><p>209</p><p>→ Em relação a estes</p><p>crimes, a própria</p><p>Constituição autoriza</p><p>a prisão do militar,</p><p>ainda que sem</p><p>flagrante e sem</p><p>prévia autorização</p><p>judicial.</p><p>→ Para fins de</p><p>reincidência, não são</p><p>considerados os</p><p>crimes próprios</p><p>militares e políticos.</p><p>→ Infração específica e</p><p>funcional do militar.</p><p>➢ Crimes impropriamente</p><p>militares</p><p>→ Crimes que não se</p><p>tem a qualidade de</p><p>militar como</p><p>elementar do delito,</p><p>mas se torna militar</p><p>por ser praticado por</p><p>uma das condições</p><p>previstas no art. 9° do</p><p>Código Penal Militar</p><p>(CPM).</p><p>210</p><p>→ O CPM divide em 3</p><p>(três) subtipos os</p><p>crimes</p><p>impropriamente</p><p>militares;</p><p>↠ Os previstos</p><p>exclusivament</p><p>e na legislação</p><p>militar. Ex:</p><p>ingresso</p><p>clandestino</p><p>↠ Os também</p><p>previstos na</p><p>legislação</p><p>comum, mas</p><p>de forma</p><p>distinta. Ex:</p><p>desacato;</p><p>↠ Os previstos de</p><p>forma</p><p>equivalente na</p><p>legislação</p><p>comum.</p><p>■ Acusados: podem ser sujeitos</p><p>dos delitos cuja competência</p><p>será da Justiça Militar da União,</p><p>tanto os militares, quanto os civis.</p><p>■ Crimes dolosos contra a vida</p><p>➢ Quando tratamos desses</p><p>crimes praticados por</p><p>militar contra vítima civil,</p><p>faz-se necessário dividir a</p><p>211</p><p>justiça militar federal e a</p><p>justiça militar estadual</p><p>→ Estadual, pela</p><p>ressalva do art. 125,</p><p>justiça militar nunca</p><p>terá competência;</p><p>→ Federal, art. 9º, § 2º,</p><p>do CPM, que traz</p><p>processo penal</p><p>➢ Exemplo: Interceptação</p><p>telefônica no curso de um</p><p>inquérito policial. É evidente que</p><p>esse ato será sigiloso, sendo</p><p>restrito ao delegado, promotor e</p><p>12Art. 234-B do CP: Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em</p><p>segredo de justiça.</p><p>11Artigo 8. Garantias judiciais 5.O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para</p><p>preservar os interesses da justiça.</p><p>10Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e</p><p>fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em</p><p>determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a</p><p>preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à</p><p>informação;</p><p>15</p><p>juiz. Dessa forma, depois de</p><p>documentado, a defesa terá</p><p>acesso, consoante a súmula</p><p>vinculante 14.13</p><p>→ Esse sigilo é conferido</p><p>devido ao risco de</p><p>prejudicar a diligência que</p><p>justifica a restrição.</p><p>v. Princípio da motivação das decisões judiciais</p><p>● Previsão legal: previsto no art. 93, XI, CF, segunda</p><p>parte.14</p><p>○ Além da exigência democrática de</p><p>publicidade, é necessário que as decisões</p><p>sejam motivadas, de modo que a</p><p>coletividade e o cidadão tomem ciência do</p><p>motivo que levou o juiz ou tribunal a decidir</p><p>daquela forma. Então, a motivação é uma</p><p>exigência democrática que permite o</p><p>controle intersubjetivo pelas partes do</p><p>processo e pela coletividade, garantindo uma</p><p>atuação racional por parte do Estado.</p><p>➢ A falta de motivação e</p><p>fundamentação leva a recursos.</p><p>● Aqui, cabe apontar que existem alguns sistemas</p><p>que orientam a formação de convicção pelo juiz.</p><p>Porém, o tópico será aprofundado na parte de</p><p>provas no processo penal.</p><p>14Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e</p><p>fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em</p><p>determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a</p><p>preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à</p><p>informação;</p><p>13É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,</p><p>já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia</p><p>judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.</p><p>16</p><p>○ Sistema da prova tarifada - valoração pré</p><p>determinada pela lei</p><p>○ Sistema da íntima convicção - jurados não</p><p>precisam fundamentar seu veredito no Júri.</p><p>○ Sistema do livre convencimento motivado</p><p>(regra) - concretização do princípio da</p><p>motivação das decisões judiciais aplicado ao</p><p>processo penal brasileiro.</p><p>■ Esse sistema confere ampla liberdade</p><p>na análise das provas, pelo juiz, desde</p><p>que ele motive, colocando, na decisão,</p><p>as razões que o levaram a decidir de</p><p>uma forma ou de outra. Aqui, é</p><p>possível verificar uma concretização</p><p>clara do princípio da motivação das</p><p>decisões judiciais.</p><p>vi. Princípio do Juiz Natural</p><p>● Previsão legal: Art. 5º, inciso XXXVII, CF.15</p><p>● Conceito: o cidadão, para ser julgado de forma</p><p>devida, é preciso que a autoridade competente</p><p>para julgá-lo seja escolhida previamente, por</p><p>critérios legais. Assim, o princípio veda a escolha de</p><p>juiz para o caso e formação de Tribunais de</p><p>Exceção (Tribunais determinados para julgar caso</p><p>específico).</p><p>○ Isso veda que juízes determinados, após o</p><p>fato criminoso ter ocorrido (post factum),</p><p>sejam escolhidos para decidir. Caso fosse</p><p>permitido a escolha de juiz após o fato</p><p>15Art. 5º, XXXVII, da CF: não haverá juízo ou tribunal de exceção</p><p>17</p><p>criminoso, haveria uma atuação arbitrária e</p><p>perseguição pessoal por parte do Estado.</p><p>● Nesse ponto, questiona-se: é possível que</p><p>resoluções dos tribunais, no âmbito de sua</p><p>competência regulamentar, criem varas</p><p>especializadas (polo de competência)?16</p><p>○ Resposta: é possível, desde que o Tribunal</p><p>faça de forma objetiva e impessoal.</p><p>■ Exemplo: vara especializada para tratar</p><p>de crimes de organização criminosa.</p><p>vii. Princípio da vedação à autoincriminação ou da não</p><p>autoincriminação (nemo tenetur se detegere)17</p><p>● Conceito: não ser obrigado a produzir provas</p><p>contra si mesmo.</p><p>○ É o direito ao silêncio, especificamente, pois</p><p>garantir o direito ao silêncio é uma forma de</p><p>implementar a não autoincriminação.</p><p>● Previsão legal: artigo 5º, LXIII, CF18 e garantido na</p><p>Convenção Interamericana de Direitos Humanos.</p><p>● Origem</p><p>○ Historicamente, remonta a tempos antigos.</p><p>Sua base é valorativa, pois não é moralmente</p><p>aceitável que pessoas se autoincriminem</p><p>para o Estado conseguir realizar sua</p><p>atividade persecutória.</p><p>○ Ex: Miranda Rights. Miranda vs. Arizona, 1966,</p><p>Suprema Corte dos EUA. Reconheceu-se a</p><p>invalidade das declarações prestadas pelo</p><p>18Art. 5º, LXIII, da CF: O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer</p><p>calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.</p><p>17Ninguém é obrigado a se descobrir.</p><p>16Exemplo de limitação que a garantia do juiz natural irá exigir</p><p>18</p><p>preso sem que eles tivessem sido alertados</p><p>pelos policiais de seu direito de ficar em</p><p>silêncio e que suas declarações poderiam ser</p><p>usadas contra o preso. Isso porque houve</p><p>uma violação ao direito da não</p><p>autoincriminação.</p><p>○ Há recurso extraordinário no STF19 que trata</p><p>da necessidade de o policial informar o</p><p>direito ao silêncio ao preso.</p><p>● Dois tipos de condutas do acusado (réu) podem</p><p>ser analisadas</p><p>○ Ativas</p><p>■ Réu age efetivamente.</p><p>➢ Não há possibilidade de exigir do</p><p>acusado uma atuação, pois isso</p><p>viola a não autoincriminação.</p><p>→ Exemplo: Obrigar que</p><p>acusado forneça padrão</p><p>grafotécnico para</p><p>realização de perícia é</p><p>constragimento ilegal. Se</p><p>um investigador fizer isso,</p><p>será cabível Habeas</p><p>Corpus.</p><p>■ No caso das condutas ativas, há uma</p><p>zona de certeza da garantia da não</p><p>autoincriminação, tendo em vista que</p><p>o réu não pode ser obrigado a agir</p><p>nesses casos.</p><p>19 Tema 1185 - Obrigatoriedade de informação do direito ao silêncio ao preso, no momento da</p><p>abordagem policial, sob pena de ilicitude da prova, tendo em vista os princípios da não</p><p>auto-incriminação e do devido processo legal. Esse tema já reconhecido sua repercussão geral,</p><p>porém ainda está em julgamento.</p><p>19</p><p>→ Não há divergência, nesse</p><p>ponto, o grande problema</p><p>ocorre com as condutas</p><p>passivas.</p><p>○ Passivas</p><p>■ Réu não age, de modo que a ação do</p><p>Estado recai sobre ele.</p><p>➢ Ex: intervenções corporais.</p><p>Acusado de homicídio,</p><p>comparece à sede policial e deixa</p><p>amostra de DNA, cabelo e</p><p>cigarro.</p><p>→ Sobre a licitude de se</p><p>recolher tais provas,</p><p>deixadas pelo acusado,</p><p>com resquícios de DNA, há</p><p>divergência na doutrina e</p><p>na jurisprudência.</p><p>20</p><p>21</p><p>viii. Princípio da vedação a provas ilícitas</p><p>● Art. 5o, LVI, CF.20</p><p>○ Previsão mais limitada.</p><p>● Art. 157, CPP.21</p><p>○ Complementa a previsão constitucional</p><p>● Conceito: exigência de cunho democrático de que</p><p>o Estado, na sua atividade persecutória para</p><p>formação da culpa contra determinada pessoa,</p><p>deve agir de forma lícita.</p><p>● Diferenciação da doutrina entre prova ilícita e</p><p>ilegítima22</p><p>○ Ilícita</p><p>■ Quanto ao conteúdo</p><p>➢ Viola norma de direito material/</p><p>substantivo.</p><p>→ Exemplo: confissão</p><p>mediante tortura. Viola-se</p><p>norma de conteúdo</p><p>material, sendo a norma</p><p>que proíbe a tortura.</p><p>■ Quanto ao momento da ocorrência do</p><p>vício</p><p>➢ O vício está na origem, ou seja,</p><p>no momento da obtenção do</p><p>meio de prova.</p><p>22Isso cai muito em prova.</p><p>21Art. 157 do CPP: São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim</p><p>entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.</p><p>20Art. 5º, LVI, da CF: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos</p><p>22</p><p>→ Ex: quando a confissão, por</p><p>meio de tortura foi obtida,</p><p>ela veio viciada.</p><p>■ Quanto a providência a ser tomada</p><p>em caso de prova ilícita</p><p>➢ Haverá a declaração de nulidade</p><p>e desentranhamento da prova e</p><p>suas correlatas do processo. Por</p><p>exemplo, quando há uma</p><p>série de</p><p>circunstâncias em</p><p>que crime será</p><p>julgado na justiça</p><p>militar. Exército,</p><p>marinha e</p><p>aeronáutica.</p><p>■ Órgãos jurisdicionais;</p><p>➢ Conselho de Justiça:</p><p>→ Permanente;</p><p>→ Especial.</p><p>➢ Justiça Federal da Justiça</p><p>Militar da União:</p><p>→ Lei n° 13.774/2018 -</p><p>até esta lei o juiz era</p><p>conhecido como juiz</p><p>auditor da União.</p><p>↠ Altera a Lei n°</p><p>8.457/92,</p><p>passando a</p><p>prever</p><p>hipóteses de</p><p>julgamento</p><p>singular para o</p><p>212</p><p>juiz federal da</p><p>justiça militar,</p><p>conforme art.</p><p>30.</p><p>↠ Entende-se</p><p>que a entrada</p><p>em vigor da lei,</p><p>abrange</p><p>também o</p><p>processo em</p><p>curso.</p><p>↠ A condição de</p><p>civil e militar</p><p>deve ser</p><p>aferida à época</p><p>do delito,</p><p>mesmo que</p><p>venha a perder</p><p>a titularidade</p><p>de militar.</p><p>■ Juízo ad quem: Supremo</p><p>Tribunal Militar.</p><p>○ Justiça Militar do Estado</p><p>■ O dispositivo constitucional n°</p><p>125, §§4º e 5º, dispõe “julgar os</p><p>militares dos Estados” ;</p><p>➢ Refere-se à polícia militar e</p><p>ao corpo de bombeiros.</p><p>→ Tais condições</p><p>devem ser aferidas à</p><p>época do delito.</p><p>213</p><p>■ Crimes militares definidos em lei</p><p>e as ações judiciais contra atos</p><p>disciplinares militares.</p><p>➢ Exceção: competência do</p><p>júri contra a vítima for civil.</p><p>■ Conselhos de Justiça</p><p>➢ Permanente</p><p>→ Julgar não oficiais</p><p>➢ Especial</p><p>→ Julgar oficiais.</p><p>■ Acusados: militares do Estado.</p><p>➢ Na hipótese de concurso</p><p>com civis, haverá o</p><p>desmembramento do</p><p>processo, sendo que estes</p><p>serão julgados pela Justiça</p><p>Comum.</p><p>■ Competência fixada com base</p><p>em dois critérios: ratione</p><p>materiae e ratione personae.</p><p>➢ Órgãos jurisdicionais:</p><p>→ Juiz de Direito do</p><p>Juízo Militar;</p><p>↠ Pode julgar</p><p>singularmente</p><p>os crimes</p><p>cometidos</p><p>contra civis e as</p><p>ações judiciais</p><p>contra atos</p><p>disciplinares.</p><p>→ Conselho de Justiça;</p><p>214</p><p>↠ Julga os</p><p>demais crimes</p><p>militares.</p><p>➢ Juízo ad quem:</p><p>→ Tribunal de Justiça</p><p>Militar nos Estados</p><p>em que este se faz</p><p>presente, a saber,</p><p>Minas Gerais, São</p><p>Paulo e Rio Grande</p><p>do Sul;</p><p>→ Demais Estados, a</p><p>competência será do</p><p>Tribunal de Justiça</p><p>respectivo.</p><p>■ Súmulas atinentes à matéria:</p><p>➢ Súmula n° 53, do STJ:</p><p>“Compete à Justiça</p><p>Comum Estadual</p><p>processar e julgar civil</p><p>acusado de prática de</p><p>crime contra instituições</p><p>militares estaduais”.</p><p>➢ Súmula n° 78, do STJ:</p><p>“Compete à Justiça Militar</p><p>processar e julgar policial</p><p>de corporação estadual,</p><p>ainda que o delito tenha</p><p>sido praticado em outra</p><p>unidade federativa”.</p><p>215</p><p>■ Súmulas ultrapassadas179.</p><p>➢ Súmula n° 172, do STJ;</p><p>➢ Súmula n° 6, do STJ</p><p>➢ Súmula n° 75, do STJ</p><p>➢ Súmula n° 90, do STJ;</p><p>➢ Súmula n° 47, do STJ.</p><p>■ Crimes dolosos contra a vida</p><p>➢ Art. 9°, §1°, do CPM: “Os</p><p>crimes de que trata este</p><p>artigo, quando dolosos</p><p>contra a vida e cometidos</p><p>por militares contra civis,</p><p>serão da competência do</p><p>Tribunal do Júri”.</p><p>→ Vai ao encontro ao</p><p>artigo 125, §4°, da</p><p>CF/88;</p><p>➢ Art. 9º, §2°, do CPM: “Os</p><p>crimes de que trata este</p><p>artigo, quando dolosos</p><p>contra a vida e cometidos</p><p>por militares das Forças</p><p>Armadas contra civil, serão</p><p>da competência da Justiça</p><p>Militar da União”.</p><p>➢ Competência do Tribunal</p><p>do Júri da Justiça Comum</p><p>Estadual para o processo e</p><p>julgamento de crimes</p><p>dolosos contra a vida</p><p>179Quanto a esses enunciados sumulares, remetemos aos alunos à leitura no vademecum e/ou site</p><p>do respectivo Tribunal.</p><p>216</p><p>praticados por militares</p><p>estaduais contra civis.</p><p>➢ Julgados em tramitação no</p><p>STF:</p><p>→ ADPF n° 289 -</p><p>questiona o</p><p>julgamento de civis</p><p>pela JMU.</p><p>→ ADI 5.032 - objetiva a</p><p>declaração de</p><p>inconstitucionalidad</p><p>e do artigo 15, §7°, da</p><p>LC 97/99, que inseriu</p><p>na competência da</p><p>Justiça Militar o</p><p>julgamento de</p><p>crimes cometidos no</p><p>exercício das</p><p>atribuições</p><p>subsidiárias das</p><p>Forças Armadas.</p><p>■ (In) constitucionalidade do veto</p><p>do Presidente da República ao</p><p>artigo 2° da Lei n° 13.491/2017 e</p><p>transformação de uma lei</p><p>temporária em permanente.</p><p>● Justiça do trabalho</p><p>○ Não tem competência penal;</p><p>○ Única repercussão é julgamento dos</p><p>Habeas Corpus dos próprios atos. Não</p><p>julga crime praticado por empregado</p><p>contra empregador.</p><p>217</p><p>■ Ex: prisão civil por dívida do</p><p>empregador determinada pelo</p><p>juiz do trabalho. Habeas Corpus</p><p>será impetrado no tribunal do</p><p>trabalho.</p><p>● Justiça federal</p><p>○ A competência da Justiça Federal</p><p>decorre em razão da matéria, estando</p><p>pautada no art. 109 da Constituição</p><p>Federal.</p><p>○ Art. 109, IV da CF180</p><p>■ Inciso mais importante quando</p><p>tratamos de justiça federal.</p><p>■ Crimes políticos;</p><p>➢ Entende-se</p><p>majoritariamente ser os</p><p>previstos na Lei de</p><p>Segurança Nacional (Lei</p><p>7.170/83);</p><p>➢ Se caracterizam por lesão a</p><p>integridade do território ou</p><p>soberania nacional, do</p><p>regime representativo,</p><p>democrático, da federação,</p><p>do Estado de Direito e</p><p>pessoa do chefe dos</p><p>poderes da União</p><p>→ Rol de valores na lei</p><p>180Art. 109, IV da CF: os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,</p><p>serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as</p><p>contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;</p><p>218</p><p>→ Ex: art. 29181 da lei</p><p>➢ Art. 30, da lei, não foi</p><p>recepcionado pela</p><p>Constituição Federal de</p><p>1988. Estabelecia a</p><p>competência para a justiça</p><p>militar182 para processar e</p><p>julgar os crimes previstos</p><p>na lei.</p><p>■ Crimes em detrimento de bens,</p><p>serviços ou interesse da União ou</p><p>de suas entidades autárquicas ou</p><p>empresas públicas;</p><p>➢ Necessidade de lesão</p><p>direta e imediata.</p><p>➢ Súmula n° 107 do STJ: “Não</p><p>havendo lesão ao</p><p>patrimônio público e sim a</p><p>particular, cabe à Justiça</p><p>Comum Estadual</p><p>processar e julgar o</p><p>acusado de crime de</p><p>estelionato praticado</p><p>mediante falsificação da</p><p>autenticação</p><p>mecanográfica das guias</p><p>de recolhimento das</p><p>182Art. 30 da Lei 7.170/83: Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes previstos nesta Lei,</p><p>com observância das normas estabelecidas no Código de Processo Penal Militar, no que não</p><p>colidirem com disposição desta Lei, ressalvada a competência originária do Supremo Tribunal</p><p>Federal nos casos previstos na Constituição</p><p>Parágrafo único - A ação penal é pública, promovendo-a o Ministério Público.</p><p>181Art. 29 da Lei 7.170/83: Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26. Pena: reclusão, de 15 a</p><p>30 anos.</p><p>219</p><p>contribuições</p><p>previdenciárias”.</p><p>220</p><p>➢ Exemplos:</p><p>221</p><p>222</p><p>223</p><p>➢ Legislador enumerou de</p><p>forma taxativa as pessoas</p><p>jurídicas.</p><p>→ União: pessoa da</p><p>federação que</p><p>representa os</p><p>interesses federais;</p><p>→ Entidades</p><p>autárquicas: as</p><p>autarquias e</p><p>fundações públicas</p><p>de direito público;</p><p>↠ Fundações de</p><p>direito privado</p><p>não são</p><p>julgados pela</p><p>justiça federal;</p><p>→ Conselhos</p><p>profissionais:</p><p>regulamentam as</p><p>profissões. Eram</p><p>entidades</p><p>autárquicas, mas em</p><p>1998 foi editada a Lei</p><p>n° 9.649, que</p><p>permitiu a</p><p>constituição como</p><p>pessoa de direito</p><p>privado183.</p><p>183O STF, no julgamento de uma medida cautelar na ADI 1717, suspendeu os efeitos da norma por</p><p>inconstitucionalidade. Entendeu que os conselhos profissionais, por exercerem atividade típica de</p><p>Estado, não podem ter natureza jurídica de direito privado, sendo necessariamente pública. Hoje,</p><p>necessariamente, são entidades autárquicas</p><p>224</p><p>→ Empresas públicas;</p><p>↠ Excluem-se as</p><p>sociedades de</p><p>economia</p><p>mista. Súmula</p><p>42, STJ184</p><p>↠ Competência</p><p>da justiça</p><p>estadual.</p><p>➢ Bens e serviços</p><p>→ Ex: peculato de bens</p><p>de autarquia. Será</p><p>crime em detrimento</p><p>de bem.</p><p>→ Ex: serviço praticado</p><p>pelos Correios. Crime</p><p>será da justiça</p><p>federal.</p><p>➢ Interesse da pessoa federal</p><p>→ Dificuldade em se</p><p>determinar e</p><p>restringir a</p><p>abrangência dessa</p><p>nomenclatura.</p><p>→ Para o STF, trata-se</p><p>de interesse direto.</p><p>184Súmula 42 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que</p><p>é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.</p><p>A única exceção é a OAB. STF reconheceu que regime jurídico da OAB é sui generis, por realizarem</p><p>fiscalização da advocacia, considerado como função essencial à justiça. Não é considerado entidade</p><p>autárquica, não precisa fazer licitação e concurso, verba não tem natureza tributária.</p><p>Ainda assim, crimes relacionados com a OAB são de competência da justiça federal.</p><p>225</p><p>→ Súmula 208 e 209 do</p><p>STJ185</p><p>→ Súmula 147, STJ186.</p><p>➢ Contravenções penais</p><p>nunca são julgadas pela</p><p>justiça federal, ainda que</p><p>em concurso com crime.</p><p>➢ Crimes da Justiça Militar e</p><p>Eleitoral são especiais em</p><p>face dos crimes federais.</p><p>○ Art. 109, V da CF187</p><p>■ Requisitos para que seja da</p><p>competência da Justiça Federal:</p><p>➢ Previsão em tratado ou</p><p>convenção internacional;</p><p>→ Necessário</p><p>documento</p><p>internacional,</p><p>ratificado pelo Brasil,</p><p>em que assuma o</p><p>combate a</p><p>determinado crime;</p><p>➢ Necessária</p><p>internacionalidade na</p><p>prática da conduta;</p><p>187V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no</p><p>País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;</p><p>186Súmula 147 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra</p><p>funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.</p><p>185Súmula 208 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de</p><p>verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.</p><p>Súmula 209 do STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba</p><p>transferida e incorporada ao patrimônio municipal.</p><p>226</p><p>→ Iniciada a execução</p><p>no País, o resultado</p><p>tenha ou devesse ter</p><p>ocorrido no</p><p>estrangeiro, ou</p><p>reciprocamente.</p><p>■ Art. 109, V-A, da CF188</p><p>■ Art. 109, § 5º, da CF189</p><p>➢ Prevê incidente de</p><p>deslocamento (IDC).</p><p>➢ O incidente de</p><p>deslocamento se dá</p><p>189Art. 109, § 5º, da CF: Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da</p><p>República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados</p><p>internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior</p><p>Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de</p><p>competência para a Justiça Federal.</p><p>188Art. 109, V-A, da CF: A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;</p><p>(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)</p><p>227</p><p>quando há grave violação</p><p>de direitos humanos e a</p><p>justiça estadual e demais</p><p>autoridades não têm</p><p>capacidade de reprimir o</p><p>ocorrido e coloca o Brasil</p><p>diante da impossibilidade</p><p>de cumprir compromisso</p><p>em tratado internacional.</p><p>➢ Requisitos:</p><p>→ Grave violação de</p><p>direitos humanos;</p><p>→ Justiça estadual e</p><p>demais autoridades</p><p>não têm capacidade</p><p>de reprimir o</p><p>ocorrido;</p><p>→ Impossibilidade de</p><p>cumprir</p><p>compromisso em</p><p>tratado internacional.</p><p>➢ Apenas o Procurador Geral</p><p>da República tem</p><p>legitimidade.</p><p>➢ A competência é do STJ;</p><p>→ Primeiro caso foi o da</p><p>Dorothy Stang, freira</p><p>assassinada no norte</p><p>do país. O STJ</p><p>entendeu pela não</p><p>transferência para a</p><p>Justiça Federal.</p><p>228</p><p>➢ Indo Além: É constitucional</p><p>o incidente de</p><p>deslocamento de</p><p>competência (IDC) para a</p><p>Justiça Federal, previsto no</p><p>inciso V-A e no § 5º ao art.</p><p>109 da CF (STF. Plenário.</p><p>ADI 3.486/DF e ADI</p><p>3.493/DF, Rel. Min. Dias</p><p>Toffoli, julgados em</p><p>12/9/2023 - Info 1107).</p><p>➢</p><p>○ Art. 109, VI, da CF190</p><p>■ Crimes contra a organização do</p><p>trabalho</p><p>➢ Atentam contra os direitos</p><p>e deveres dos</p><p>trabalhadores, pelos seus</p><p>empregadores, na relação</p><p>de emprego;</p><p>➢ Não se refere a crime</p><p>contra patrimônio ou</p><p>integridade física, mas sim</p><p>violação a direitos e</p><p>deveres da relação do</p><p>trabalho.</p><p>➢ Ex: crime de redução à</p><p>condição de análoga à</p><p>escravidão.</p><p>190Art. 109, VI, da CF: os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,</p><p>contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira</p><p>229</p><p>➢ Em regra, competência da</p><p>Justiça Estadual.</p><p>→ Exceção: quando</p><p>existir lesão aos</p><p>direitos dos</p><p>trabalhadores</p><p>coletivamente</p><p>considerados</p><p>→ Súmula n° 115, TFR</p><p>■ Nos casos determinados por lei,</p><p>contra o sistema financeiro e a</p><p>ordem econômico-financeira</p><p>➢ Não é qualquer crime</p><p>contra ordem financeira,</p><p>apenas os determinados</p><p>em lei.</p><p>➢ Lei n° 1.51/1951, versa sobre</p><p>os crimes contra a</p><p>economia popular, sem,</p><p>contudo, tratar acerca da</p><p>competência para</p><p>julgamento dos referidos</p><p>crimes. Assim, a</p><p>competência é da Justiça</p><p>Estadual.</p><p>→ Súmula 498 do STF191</p><p>➢ Lei n° 4.595/54, dispõe</p><p>sobre a política, as</p><p>instituições monetárias,</p><p>bancárias e creditícias - a</p><p>191Súmula 498 do STF: Compete à Justiça dos Estados, em ambas as instâncias, o processo e o</p><p>julgamento dos crimes contra a economia popular.</p><p>230</p><p>lei é silente quanto à</p><p>competência para</p><p>julgamento dos crimes.</p><p>Assim, competência da</p><p>Justiça Estadual.</p><p>➢ Lei n° 7.492/86 - art. 26</p><p>→ Operação</p><p>envolvendo compra</p><p>ou venda de</p><p>criptomoedas:</p><p>competência da</p><p>Justiça Estadual (STJ,</p><p>3ª Seção, CC</p><p>170.392/SP, Rel. Min.</p><p>Joel Ilan, DJe</p><p>16/06/2020).</p><p>→ Negociação de</p><p>criptomoedas pode</p><p>ser utilizada como</p><p>meio para a prática</p><p>de eventual crime de</p><p>evasão de divisas (art.</p><p>22, da Lei n° 7.492/86)</p><p>- competência da</p><p>Justiça Federal.</p><p>➢ Lei n° 8.137/90.</p><p>→ Crime contra a</p><p>ordem tributária:</p><p>depende da natureza</p><p>do tributo para que</p><p>seja possível fixar a</p><p>competência.</p><p>231</p><p>➢ Lei n° 9.613/98, trata acerca</p><p>dos crimes de lavagem de</p><p>capitais.</p><p>→ Em regra,</p><p>competência da</p><p>Justiça Estadual.</p><p>→ Exceção: art. 2°, III, da</p><p>referida lei192.</p><p>➢ Lei n° 8.176/91, dispõe sobre</p><p>o crime de adulteração de</p><p>combustível, a venda</p><p>irregular de combustível,</p><p>petróleo e gás natural.</p><p>→ Competência da</p><p>Justiça Estadual.</p><p>→ Art. 1º, I, da Lei</p><p>8176/91193</p><p>○ Art. 109, VII, da CF194</p><p>■ Habeas corpus que versa sobre</p><p>matéria da Justiça Federal ou</p><p>quando a autoridade coatora é</p><p>federal.</p><p>○ Art. 109, VIII, da CF195</p><p>195Art. 109, VIII, da CF: os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade</p><p>federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;</p><p>194Art. 109, VII, da CF: os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o</p><p>constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra</p><p>jurisdição;</p><p>193Art. 1º, I, da Lei 8176/91: Constitui crime contra a ordem econômica: I - adquirir, distribuir e</p><p>revender derivados de petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado</p><p>carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as normas estabelecidas</p><p>na forma da lei</p><p>192III - são da competência da Justiça Federal:</p><p>a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em</p><p>detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas</p><p>públicas;</p><p>b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.</p><p>232</p><p>■ Mandado de segurança contra</p><p>ato de autoridade federal,</p><p>excetuados os casos de</p><p>competência dos tribunais</p><p>federais.</p><p>○ Art. 109, IX, da CF196</p><p>■ Crimes cometidos a bordo de</p><p>navios e de aeronaves.</p><p>➢ Navio, de acordo com a</p><p>doutrina e com a</p><p>jurisprudência, é uma</p><p>embarcação de grande</p><p>porte e que seja capaz de</p><p>circular em alto-mar.</p><p>➢ STJ exige potencial de</p><p>internacionalidade em sua</p><p>trajetória. Transatlântico</p><p>parado no Brasil prestes a ir</p><p>a águas internacionais.</p><p>➢ A bordo: entendido como</p><p>crime praticado no interior</p><p>do navio.</p><p>➢ Aeronave</p><p>→ Definição - Art. 106</p><p>da Lei n° 7.565/1986 -</p><p>Considera-se</p><p>aeronave todo</p><p>aparelho manobrável</p><p>em voo, que possa</p><p>sustentar-se e</p><p>196Art. 109, IX, da CF: os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a</p><p>competência da Justiça Militar;</p><p>233</p><p>circular no espaço</p><p>aéreo, mediante</p><p>reações</p><p>aerodinâmicas, apto</p><p>a transportar pessoas</p><p>ou coisas.</p><p>→ STJ entende que não</p><p>precisa de potencial</p><p>de</p><p>internacionalidade</p><p>➢ Não importa se a aeronave</p><p>está em voo ou no solo.</p><p>→ Ex: caso legacy vs</p><p>boeing 737 da Gol</p><p>→ STJ reconheceu</p><p>como competência</p><p>da justiça federal.</p><p>➢ Crimes ocorridos a bordo</p><p>de balões de ar quente</p><p>tripulados;</p><p>→ Competência da</p><p>Justiça Estadual (STJ,</p><p>3ª Seção, CC</p><p>143.400/SP)</p><p>○ Art. 109, X, da CF197</p><p>■ Crime contra ingresso e</p><p>permanência irregular de</p><p>estrangeiro</p><p>197Art. 109, X, da CF: os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de</p><p>carta rogatória, após o "exequatur",</p><p>e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas</p><p>referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;</p><p>234</p><p>➢ Não é qualquer crime</p><p>praticado por ou contra</p><p>estrangeiro;</p><p>➢ Crimes com objetivo de</p><p>regularizar sua presença</p><p>➢ Ex: falsificação de visto para</p><p>ficar no país.</p><p>○ Art. 109, XI, da CF198</p><p>■ Via de regra, crimes cometidos</p><p>por ou contra indígenas, são</p><p>julgados pela justiça estadual;</p><p>➢ Súmula n° 140 do STJ:</p><p>“Compete à Justiça</p><p>Comum Estadual</p><p>processar e julgar crime</p><p>em que o indígena figure</p><p>como autor ou vítima”.</p><p>■ Para reclamar competência da</p><p>justiça federal, é necessária a</p><p>disputa sobre direitos indígenas.</p><p>➢ Disputa de terras, por</p><p>exemplo.</p><p>➢ Art. 231 da Constituição</p><p>Federal.</p><p>■ “O que importa para configurar a</p><p>violação dos direitos indígenas e,</p><p>por conseguinte, atrair a</p><p>competência da Justiça Federal</p><p>para o processamento do feito, é</p><p>o impacto negativo da atuação</p><p>198Art. 109, XI, da CF: a disputa sobre direitos indígenas.</p><p>235</p><p>dos acusados nas tradições,</p><p>modo de viver e terras que os</p><p>indígenas habitam e utilizam,</p><p>sendo despiciendo discutir se</p><p>ocorreu ou não a efetiva</p><p>demarcação da terra como</p><p>território indígena”. STJ. 3ª Seção.</p><p>AgRg no CC 175.037/AM, Rel. Min.</p><p>Jesuíno Rissato (Desembargador</p><p>convocado do TJDFT), julgado</p><p>em 26/10/2022 (Info Especial 10).</p><p>■ Genocídio contra índios - Lei n°</p><p>2.889/56.</p><p>➢ Competência da Justiça</p><p>Federal, por envolver</p><p>disputa sobre direitos</p><p>indígenas. Contudo, faz-se</p><p>necessário que se avalie o</p><p>bem jurídico tutelado,</p><p>afastando-se, assim, a</p><p>competência do Tribunal</p><p>do Júri, visto que, em regra,</p><p>não é caracterizado como</p><p>crime doloso contra a vida,</p><p>passando a competência</p><p>para um juiz singular.</p><p>→ Caso o genocidio seja</p><p>praticado mediante</p><p>morte dolosa contra</p><p>a vida, haverá um</p><p>concurso formal</p><p>entre todos os</p><p>236</p><p>homicidios e o crime</p><p>de genocídio,</p><p>atraindo, assim, a</p><p>competencia do</p><p>Tribunal do juri. STF,</p><p>RE 351.487.</p><p>○ Outros julgados relevantes acerca da</p><p>competência da Justiça Federal:</p><p>■ “Compete ao Tribunal do Júri</p><p>Federal julgar causa na qual há</p><p>demonstração de interesse</p><p>federal específico em relação ao</p><p>crime doloso contra a vida, ou</p><p>quando há conexão deste com</p><p>crime federal”. STJ. 3ª Seção. CC</p><p>194.981-SP, Rel. Min. Laurita Vaz,</p><p>julgado em 24/5/2023 (Info 778).</p><p>■ Compete à Justiça Federal julgar</p><p>os crimes de produção de</p><p>medicamentos sem registro na</p><p>ANVISA. STJ. 3ª Seção. CC</p><p>188.135-GO, Rel. Min. Laurita Vaz,</p><p>Rel. para acórdão Min. Rogerio</p><p>Schietti Cruz, julgado em</p><p>8/2/2023 (Info 779).</p><p>■ “Compete à Justiça Federal</p><p>processar e julgar o crime de</p><p>esbulho possessório de imóvel</p><p>vinculado ao Programa Minha</p><p>Casa Minha Vida”. STJ. 3ª Seção.</p><p>CC 179.467-RJ, Rel. Min. Laurita</p><p>237</p><p>Vaz, julgado em 09/06/2021 (Info</p><p>700)</p><p>■ A inserção de dados falsos em</p><p>sistema de dados federais não</p><p>fixa, por si só, a competência da</p><p>Justiça Federal, a qual somente é</p><p>atraída quando houver ofensa</p><p>direta a bens, serviços ou</p><p>interesses da União ou órgão</p><p>federal (STJ. 3ª Seção. AgRg no</p><p>CC 193.250-GO, Rel. Min. Antonio</p><p>Saldanha Palheiro, julgado em</p><p>24/5/2023 - Info 780).</p><p>● Justiça estadual</p><p>○ Tem competência residual ou</p><p>subsidiária.</p><p>○ Quando não for caso de nenhuma das</p><p>competências acima descritas.</p><p>○ Conexão e continência entre crimes</p><p>da justiça federal e estadual</p><p>■ Havendo um crime conexo</p><p>federal e estadual, prevalece a</p><p>competência da Justiça Federal,</p><p>ainda que o crime estadual</p><p>tenha uma pena mais grave.</p><p>➢ O STJ tem entendimento</p><p>consolidado de que a</p><p>justiça federal é especial</p><p>em relação à justiça</p><p>estadual.</p><p>238</p><p>→ Súmula 122 STJ199.</p><p>↠ Somente se</p><p>aplica a crimes</p><p>conexos, não</p><p>sendo aplicado</p><p>nos casos de</p><p>contravenções</p><p>penais.</p><p>→ No caso de crime</p><p>doloso contra a vida,</p><p>permanece o</p><p>entendimento de</p><p>que a competência</p><p>será da Justiça</p><p>Federal, na qual</p><p>existirá um Tribunal</p><p>do Júri.</p><p>■ Compete à Justiça estadual</p><p>processar e julgar crimes sem</p><p>conexão probatória com os que</p><p>estão em curso na Justiça</p><p>Federal, mesmo que os delitos</p><p>tenham sido descobertos dentro</p><p>do mesmo contexto fático STJ. 3ª</p><p>Seção. AgRg no CC 200.833-PR,</p><p>Rel. Min. Reynaldo Soares da</p><p>Fonseca, julgado em 13/3/2024</p><p>(Info 804).</p><p>199Súmula 122 do STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes</p><p>conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de</p><p>Processo Penal.</p><p>239</p><p>○ Súmulas relevantes sobre a</p><p>competência da justiça estadual:</p><p>■ Súmula 38 do STJ: Compete à</p><p>Justiça Estadual Comum, na</p><p>vigência da Constituição de 1988,</p><p>o processo por contravenção</p><p>penal, ainda que praticada em</p><p>detrimento de bens, serviços ou</p><p>interesse da União ou de suas</p><p>entidades.</p><p>■ Súmula 62 do STJ: Compete à</p><p>Justiça Estadual processar e</p><p>julgar o crime de falsa anotação</p><p>na carteira de trabalho e</p><p>previdência social, atribuído à</p><p>empresa privada.</p><p>■ Súmula 104 do STJ: Compete à</p><p>Justiça Estadual o processo e</p><p>julgamento dos crimes de</p><p>falsificação e uso de documento</p><p>falso relativo a estabelecimento</p><p>particular de ensino.</p><p>■ Súmula 107 do STJ: Compete à</p><p>Justiça Comum Estadual</p><p>processar e julgar crime de</p><p>estelionato praticado mediante</p><p>falsificação das guias de</p><p>recolhimento das contribuições</p><p>previdenciárias, quando não</p><p>ocorrente lesão à autarquia</p><p>federal.</p><p>240</p><p>■ Súmula 140 do STJ: Compete à</p><p>Justiça Comum Estadual</p><p>processar e julgar crime em que</p><p>o indígena figure como autor ou</p><p>vítima.</p><p>■ Súmula 546 do STJ: A</p><p>competência para processar e</p><p>julgar o crime de uso de</p><p>documento falso é firmada em</p><p>razão da entidade ou órgão ao</p><p>qual foi apresentado o</p><p>documento público, não</p><p>importando a qualificação do</p><p>órgão expedidor.</p><p>vi. Critério territorial ou ratione loci</p><p>● Uma vez verificada a competência de justiça,</p><p>critério de matéria, agora é preciso achar o</p><p>território.</p><p>○ Achar a seção judiciária ou comarca.</p><p>Unidade territorial dentro daquela</p><p>justiça que é competente.</p><p>○ Via de regra, competência relativa.</p><p>● Regra:</p><p>○ Local da consumação, enquanto que</p><p>na tentativa, é o local dos últimos atos</p><p>de execução.</p><p>■ Art. 70, do CPP200</p><p>○ Consagração do princípio da</p><p>consumação para determinar a</p><p>competência</p><p>200Art. 70 do CPP: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a</p><p>infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.</p><p>241</p><p>■ Local da consumação do crime</p><p>■ Tentativa, local do último ato da</p><p>execução</p><p>■ Crimes formais possuem</p><p>resultado naturalístico, mas esse</p><p>não é necessário para</p><p>consumação do crime</p><p>➢ Ex: extorsão. Consuma com</p><p>conduta de exigir,</p><p>recebimento da vantagem</p><p>é mero exaurimento.</p><p>○ Enquanto no tempo do crime, no</p><p>Código Penal, há a consagração do</p><p>princípio da atividade</p><p>■ Momento da ação ou omissão;</p><p>○ No lugar do crime, no Código Penal,</p><p>teoria da ubiquidade</p><p>■ Local da ação ou omissão e</p><p>resultado.</p><p>○ Crime à distância ou de espaço</p><p>máximo.</p><p>■ Art. 70, parágrafos 1º e 2º201</p><p>■ Crimes à distância. Competência</p><p>onde foi praticado último ato, ou</p><p>onde foi produzido o resultado.</p><p>■ Infrações em que as ações ou as</p><p>omissões começaram no Brasil e</p><p>produziram seu resultado em</p><p>outro lugar.</p><p>201Art. 70, §§ 1º e 2º, do CPP: § 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar</p><p>fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último</p><p>ato de execução.</p><p>§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz</p><p>do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.</p><p>242</p><p>● Crimes permanentes ou continuados que</p><p>perpassam vários territórios são fixados pela</p><p>prevenção.</p><p>○ Sempre será utilizada a prevenção</p><p>quando houver mais um território</p><p>competente.</p><p>○ Exemplo: art. 159 do Código Penal.</p><p>○ Juízo que praticar primeiro ato</p><p>decisório, conforme art. 83 do CPP,</p><p>ainda que anterior ao oferecimento da</p><p>denúncia ou da queixa, será prevento;</p><p>■ Juiz das garantias: se ele praticar</p><p>algum ato na fase de inquérito,</p><p>será prevento para ser juiz das</p><p>garantias, sendo impedido de</p><p>figurar como juiz no processo de</p><p>conhecimento.</p><p>○ Segundo entendimento sumulado</p><p>pelo STJ, a inobservância da</p><p>competência penal por prevenção gera</p><p>nulidade relativa202.</p><p>● Inovação no estelionato</p><p>○ Sempre houve discussão da</p><p>competência nos estelionatos</p><p>cometidos pela internet, com</p><p>transferência etc.</p><p>○ Posição do STJ: O crime estelionato é</p><p>majoritariamente material, com isso,</p><p>será competente o juízo da obtenção</p><p>da vantagem.</p><p>202Súmula 706 do STJ: É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por</p><p>prevenção.</p><p>243</p><p>■ Súmula 48, STJ203</p><p>➢ Era específica para cheque,</p><p>mas se aplicava para casos</p><p>de depósito e transferência</p><p>bancária.</p><p>○ Grande problema, pois sempre se</p><p>considerou mais útil e salutar</p><p>considerar a competência da agência</p><p>da vítima.</p><p>■ Vítima com maior participação,</p><p>facilidade de prestar depoimento</p><p>■ Houve pressão para considerar</p><p>competente o juízo do local da</p><p>agência da vítima;</p><p>■ Enunciado IJJ DPP (Jornada</p><p>Direito Processual Penal)</p><p>(2020)204</p><p>○ Lei 14155/2021 definiu a questão - art.</p><p>70, § 4º, CPP205</p><p>■ No estelionato mediante</p><p>depósito, cheque sem fundo,</p><p>cheque com pagamento</p><p>frustrado ou transferência de</p><p>205§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código</p><p>Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente</p><p>provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência</p><p>de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade</p><p>de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.” (NR)</p><p>204Enunciado IJJDPP (2020): Nos casos de Estelionato (art. 171, CP) cometido por meio virtual, a</p><p>competência para processo e julgamento da ação será do local da agência bancária da conta</p><p>depositária, se a vítima realizou depósito bancário em dinheiro, ou o local da agência bancária da</p><p>vítima, se ela realizou transferência bancária (TED).</p><p>203Súmula 48 do STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar</p><p>crime de estelionato cometido mediante a falsificação de cheque.</p><p>244</p><p>valores, competência será</p><p>domicílio da vítima.</p><p>■ No caso de cheque adulterado</p><p>será no local de obtenção do</p><p>benefício.</p><p>■ Saques indevidos da conta - não</p><p>há estelionato, mas furto</p><p>mediante fraude. Não segue essa</p><p>competência.</p><p>● Exceções ao art. 70, CPP</p><p>○ JECRIM206 e ECA207</p><p>■ Estabelecem a teoria da</p><p>atividade</p><p>➢ O que importa é o local da</p><p>ação ou omissão.</p><p>● Homicídio e princípio do esboço do</p><p>resultado</p><p>○ Crimes plurilocais: ação ou omissão</p><p>ocorre em um local, enquanto que o</p><p>resultado ocorre em outro local.</p><p>○ André Luiz Nicolitt e alguns julgados</p><p>do STJ e STF:</p><p>■ O que importa é o local da ação</p><p>ou omissão. Onde a vítima morre,</p><p>normalmente pouco importa.</p><p>207Art. 147 do ECA: A competência será determinada: I - pelo domicílio dos pais ou responsável; II -</p><p>pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável. § 1º. Nos casos</p><p>de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras</p><p>de conexão, continência e prevenção. § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade</p><p>competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que</p><p>abrigar a criança ou adolescente. § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão</p><p>simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação</p><p>da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a</p><p>sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.</p><p>206Art. 63 da Lei 9.099/95: A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi</p><p>praticada a infração penal.</p><p>245</p><p>Relevância pela competência da</p><p>ação ou omissão, não da</p><p>consumação, desde que</p><p>evidenciado isso.</p><p>● Por fim, critério subsidiário no âmbito da</p><p>competência territorial</p><p>○ Domicílio do réu, quando não se</p><p>conhece o local da consumação.</p><p>■ Art. 72 do CPP208</p><p>○ Mais de uma residência, prevenção.</p><p>○ Se não tiver domicílio conhecido, será</p><p>prevendo o 1º juiz que tomar</p><p>conhecimento do fato.</p><p>● Ação penal privada exclusiva</p><p>○ Ofendido ou representante legal pode</p><p>promover a queixa-crime</p><p>independentemente de conhecer o</p><p>local da infração no local do domicílio</p><p>do réu;</p><p>■ Possibilidade de escolha. Fórum</p><p>shopping é a possibilidade de</p><p>escolha, que só ocorre nessa</p><p>hipótese.</p><p>vii. Competência de juízo</p><p>● Dentre os juízes que atuam no território, qual</p><p>o competente?</p><p>○ Pode ser fixado pela natureza da</p><p>infração.</p><p>208Art. 72 do CPP: Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo</p><p>domicílio ou residência do réu.</p><p>§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.</p><p>§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que</p><p>primeiro tomar conhecimento do fato.</p><p>246</p><p>■ Chamados casos de</p><p>especialização de vara, com base</p><p>na lei de organização judiciária.</p><p>➢ Lei estadual ou federal</p><p>podem reconhecer</p><p>necessidade de</p><p>especializar a vara para</p><p>julgar e processar crimes</p><p>específicos</p><p>➢ Ex: Lei Maria da Penha (nº</p><p>11.340/2006). Criou o</p><p>juizado de violência</p><p>doméstica e familiar contra</p><p>a mulher.</p><p>→ Competência</p><p>criminal e cível para a</p><p>realização de</p><p>divórcio, dissolução</p><p>de união estável,</p><p>guarda e visitação.</p><p>→ O STJ reconheceu a</p><p>possibilidade de</p><p>tratar de saída de</p><p>menor do território</p><p>nacional.</p><p>→ Partilha de bens,</p><p>contudo, deve ser</p><p>feita perante à vara</p><p>de família.</p><p>➢ Ex: varas especializadas</p><p>para tratar de crimes</p><p>falimentares, organização</p><p>247</p><p>criminosa, lavagem de</p><p>dinheiro</p><p>○ Pluralidade de juízos</p><p>■ Resolvido pelo critério da</p><p>distribuição</p><p>➢ Art. 75, CPP209</p><p>➢ Sem competência</p><p>especializada em virtude</p><p>da natureza da infração,</p><p>pela distribuição, direciona</p><p>qual juízo atuará no caso.</p><p>➢ A distribuição realizada</p><p>para o efeito da concessão</p><p>de fiança ou da decretação</p><p>de prisão preventiva ou de</p><p>qualquer diligência</p><p>anterior à denúncia ou</p><p>queixa prevenirá a da ação</p><p>penal.</p><p>→ Critério da</p><p>prevenção.</p><p>● Prevenção</p><p>○ Sempre que houver mais de um juízo</p><p>competente, é preciso verificar qual o</p><p>primeiro a atuar, sendo este o juízo</p><p>prevento.</p><p>209Art. 75 do CPP: A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma</p><p>circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.</p><p>Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de</p><p>prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.</p><p>248</p><p>viii. Modificação de competência</p><p>● Ocorre sempre que houver a reunião de dois</p><p>ou mais processos, em razão de ligação</p><p>íntima entre eles;</p><p>○ Uma das competências cede espaço</p><p>para outra;</p><p>○ Visa garantir previsibilidade na atuação</p><p>do judiciário e evitar decisões</p><p>contraditórias;</p><p>○ Os processos serão atraídos para serem</p><p>julgados em conjunto;</p><p>○ Há um foro prevalente.</p><p>● Conexão</p><p>○ Compreendida como o nexo, a</p><p>dependência recíproca que dois ou</p><p>mais fatos delituosos guardam entre si,</p><p>recomendando a união de todos eles</p><p>em um mesmo processo penal,</p><p>perante o mesmo órgão jurisdicional, a</p><p>fim de que este tenha uma perfeita</p><p>visão do quadro probatório.</p><p>→ Indo Além: É incabível a conexão</p><p>de processos quando ausente a</p><p>exposição de um liame</p><p>circunstancial que demonstre a</p><p>relação de interferência ou</p><p>prejudicialidade entre as</p><p>condutas criminosas (STJ. 3ª</p><p>Seção. CC 185.511-SP, Rel. Min.</p><p>249</p><p>Antonio Saldanha Palheiro,</p><p>julgado em 26/4/2023 - Info 773)</p><p>○ Espécies:</p><p>■ Conexão intersubjetiva</p><p>➢ Existem vários crimes e</p><p>várias pessoas, autores ou</p><p>partícipes, relacionadas</p><p>➢ Conexão intersubjetiva</p><p>pode se dar por</p><p>simultaneidade - art. 76, I,</p><p>1ª parte, CPP210</p><p>→ Várias pessoas</p><p>reunidas, sem</p><p>concurso crimes,</p><p>aproveitando-se</p><p>circunstância de</p><p>tempo e lugar</p><p>➢ Conexão intersubjetiva</p><p>concursal - art.</p><p>76, I, meio,</p><p>CPP211;</p><p>→ Pessoas em</p><p>concurso, mas</p><p>tempo ou local</p><p>diverso.</p><p>211Art. 76, I, do CPP: A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais</p><p>infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias</p><p>pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as</p><p>outras;</p><p>210Art. 76, I, do CPP: A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais</p><p>infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por</p><p>várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra</p><p>as outras;</p><p>250</p><p>➢ Conexão intersubjetiva por</p><p>reciprocidade - art. 76, I,</p><p>última parte, CPP212</p><p>→ “Por várias pessoas,</p><p>umas contra as</p><p>outras”;</p><p>→ Prática de duas ou</p><p>mais infrações, por</p><p>duas ou mais</p><p>pessoas, uma contra</p><p>as outras.</p><p>■ Conexão objetiva, material,</p><p>lógica ou teleológica</p><p>➢ Art. 76, II, CPP213</p><p>➢ Uma infração é praticada</p><p>para garantir a</p><p>impunidade, facilitar a</p><p>prática de outra;</p><p>➢ Infrações serão reunidas</p><p>para julgamento conjunto;</p><p>➢ Ex: para sequestrar uma</p><p>pessoa, mata o segurança</p><p>da vítima. Homicídio</p><p>guarda relação de</p><p>instrumentalidade com o</p><p>sequestro que quer</p><p>praticar.</p><p>213Art. 76, II, do CPP: A competência será determinada pela conexão II - se, no mesmo caso,</p><p>houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou</p><p>vantagem em relação a qualquer delas;</p><p>212Art. 76, I, do CPP: A competência será determinada pela conexão:I - se, ocorrendo duas ou mais</p><p>infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias</p><p>pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as</p><p>outras;</p><p>251</p><p>■ Conexão instrumental ou</p><p>probatória</p><p>➢ Art. 76, III, CPP214;</p><p>➢ Prova de uma infração</p><p>interfere na prova de outra.</p><p>Recomenda-se que os</p><p>julgamentos se deem de</p><p>forma conjunta.</p><p>➢ Ex: homicídio e ocultação</p><p>de cadáver. Ambos tem</p><p>como objeto do crime o</p><p>cadáver. Provas em</p><p>comum</p><p>● Continência</p><p>○ Na continência, vínculo de duas ou</p><p>mais pessoas entre dois ou mais</p><p>resultados.</p><p>○ Art. 77, CPP215</p><p>■ Concurso de pessoas, duas ou</p><p>mais pessoas forem acusadas</p><p>pela mesma infração;</p><p>➢ Ex: duas pessoas cometem</p><p>roubo. Continência em</p><p>relação ao fato praticado</p><p>pelos dois autores.</p><p>Recomenda-se o</p><p>julgamento em conjunto.</p><p>■ Relação entre resultados</p><p>delitivos, “no caso de infração</p><p>215Art. 77 do CPP: A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais</p><p>pessoas forem acusadas pela mesma infração; II - no caso de infração cometida nas condições</p><p>previstas nos arts. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.</p><p>214Art. 76, III, do CPP: A competência será determinada pela conexão: III - quando a prova de uma</p><p>infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.</p><p>252</p><p>cometida nas condições</p><p>previstas nos arts. 51, § 1º, 53,</p><p>segunda parte, e 54 do Código</p><p>Penal”</p><p>➢ Referidos à parte geral</p><p>antes da reforma. Hoje, a</p><p>referência correta é aos</p><p>artigos 70, 73, 74 do Código</p><p>Penal.</p><p>➢ Continência no caso de</p><p>duas infrações em que há</p><p>concurso formal entre</p><p>elas216, desvio na</p><p>execução217 (aberratio</p><p>ictus) ou resultado diverso</p><p>do pretendido218 (aberratio</p><p>criminis).</p><p>● Foro prevalente</p><p>○ Art. 78, CPP - traz as regras do foro</p><p>prevalente219;</p><p>219Art. 78 do CPP: Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas</p><p>as seguintes regras: I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição</p><p>comum, prevalecerá a competência do júri; Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: a)</p><p>preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; b) prevalecerá a do</p><p>lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual</p><p>gravidade; c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; III - no concurso de</p><p>218Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime,</p><p>sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como</p><p>crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.</p><p>(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>217Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir</p><p>a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime</p><p>contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também</p><p>atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.</p><p>(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>216Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,</p><p>idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,</p><p>mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,</p><p>cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios</p><p>autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).</p><p>253</p><p>○ Inciso I - prevalece o Tribunal do Júri</p><p>em face de órgão de jurisdição</p><p>comum.</p><p>■ O Júri é previsto na Constituição</p><p>Federal.</p><p>■ Ex: homicídio e ocultação de</p><p>cadáver. Ocultação de cadáver é</p><p>de competência comum.</p><p>Homicídio é do júri. Prevalece o</p><p>júri, e ambos serão julgados por</p><p>este.</p><p>○ Inciso II - Se forem jurisdições de</p><p>mesma categoria que concorrem,</p><p>primeiro deve-se analisar a infração</p><p>com pena mais grave, segundo o maior</p><p>número de infrações, e, por fim, a</p><p>prevenção.</p><p>■ Ex: Extorsão e furto, com</p><p>conexão, prevalece a extorsão.</p><p>■ Ex: Mesmo crime, 10 furtos no Rio</p><p>de Janeiro e 2 em Niterói; Rio de</p><p>Janeiro prevalecerá pelo número</p><p>de infrações.</p><p>○ Inciso III - Jurisdições de categorias</p><p>diversas, prevalecendo a de maior</p><p>categoria;</p><p>■ Ex: Infração atribuída</p><p>originariamente a tribunal de</p><p>justiça tem conexão com 30</p><p>(trinta) infrações de jurisdição do</p><p>jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; IV - no concurso entre a</p><p>jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.</p><p>254</p><p>1º grau. Prevalece o tribunal, não</p><p>importa o inciso II.</p><p>○ Inciso IV - Prevalece a justiça especial</p><p>sobre a comum.</p><p>■ Ex: caixa dois eleitoral e lavagem</p><p>de dinheiro, prevalece justiça</p><p>eleitoral;</p><p>■ A Justiça Federal é considerada</p><p>especial em relação a Estadual,</p><p>como se extrai da súmula 122220;</p><p>● Exceções à força atrativa dos processos</p><p>○ Regras podem ser obrigatórias ou</p><p>facultativas;</p><p>○ Separação obrigatória;</p><p>■ Previstas no art. 79, CPP221, ainda</p><p>que haja conexão ou continência,</p><p>necessariamente há separação;</p><p>■ Justiça Comum e Militar</p><p>■ Jurisdição de menores</p><p>➢ No concurso entre maior e</p><p>menor de idade,</p><p>necessariamente haverá</p><p>separação.</p><p>■ Art. 79 do CPP, §1º -</p><p>superveniência de doença</p><p>221Art. 79 do CPP: A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: I -</p><p>no concurso entre a jurisdição comum e a militar; II - no concurso entre a jurisdição comum e a do</p><p>juízo de menores.</p><p>§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o</p><p>caso previsto no art. 152.</p><p>§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa</p><p>ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.</p><p>220Súmula 122 do STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes</p><p>conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de</p><p>Processo Penal.</p><p>255</p><p>mental de um dos corréus,</p><p>necessidade de separação;</p><p>■ Art. 79 do CPP, § 2º - citação por</p><p>edital de um dos corréus,</p><p>seguido do não</p><p>comparecimento;</p><p>➢ Citação por edital é ficta,</p><p>com isso, ao investigado,</p><p>citado por edital e que não</p><p>compareceu, terá o</p><p>processo suspenso.</p><p>→ Em relação aos</p><p>demais, o processo</p><p>continua</p><p>a tramitar.</p><p>○ Separação facultativa;</p><p>■ Prevista no art. 80, CPP222 - fica a</p><p>cargo do magistrado;</p><p>■ Juiz, em virtude das</p><p>circunstâncias de tempo ou</p><p>lugar, ou do número excessivo de</p><p>réus, decide separar. Juízo de</p><p>conveniência.</p><p>● Perpetuação de competência nos casos de</p><p>conexão ou continência</p><p>○ Havendo a reunião de processos,</p><p>mesmo que depois o juízo se entenda</p><p>incompetente para aquele fato que</p><p>gerou essa atração, pelo princípio da</p><p>perpetuação da competência</p><p>222Art. 80 do CPP: Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido</p><p>praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de</p><p>acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar</p><p>conveniente a separação.</p><p>256</p><p>(perpetuatio jurisdictionis), ele</p><p>permanecerá competende para julgar</p><p>a infração conexa, continente;</p><p>■ O que justifica? Se há ali reunião,</p><p>modificação de competência, é</p><p>necessário que órgão permaneça</p><p>competente para julgar ainda</p><p>que haja alteração no futuro, pois</p><p>perante ele foram produzidas as</p><p>provas, caracterizando o princípio</p><p>da identidade física do juiz.</p><p>➢ Esse princípio, perpetuação</p><p>da competência, garante</p><p>que a modificação de</p><p>competência seja</p><p>excepcional;</p><p>→ Risco do processo</p><p>mudar</p><p>sucessivamente de</p><p>competência,</p><p>gerando prejuízo na</p><p>prestação</p><p>jurisdicional.</p><p>■ Uma vez levado para</p><p>determinado juízo por regra de</p><p>modificação de competência,</p><p>perante ele o processo tramitará</p><p>e será findado.</p><p>○ Exceções à perpetuação da</p><p>competência</p><p>■ Tribunal do Júri;</p><p>257</p><p>➢ Se na 1ª fase do júri, em</p><p>que há análise perante o</p><p>juiz togado, houver</p><p>desclassificação, remete-se</p><p>a infração desclassificada e</p><p>a conexa para o juízo</p><p>competente. Não há</p><p>perpetuação da jurisdição.</p><p>→ Art. 81, p. único, do</p><p>CPP223</p><p>→ Crime doloso e</p><p>infração conexa. Se</p><p>entende que não é</p><p>de sua competência,</p><p>pelo fato de não ser</p><p>crime doloso contra a</p><p>vida, desclassifica a</p><p>infração e também</p><p>envia crime conexo</p><p>ao outro magistrado</p><p>competente.</p><p>➢ Se a desclassificação</p><p>ocorrer na 2ª fase do júri,</p><p>por decisão dos jurados, o</p><p>juiz-presidente será</p><p>competente para julgar a</p><p>infração desclassificada e a</p><p>infração conexa ou</p><p>continente.</p><p>223Art. 81, p. único, do CPP: Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou</p><p>continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de</p><p>maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.</p><p>258</p><p>→ Art. 492, § 2º do</p><p>CPP224</p><p>→ Já se deu toda a</p><p>instrução probatória,</p><p>se houvesse remessa,</p><p>haveria prejuízo ao</p><p>réu pelo tempo.</p><p>Violação à identidade</p><p>física do juiz</p><p>224Art. 492, § 2º do CPP: Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a</p><p>vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no</p><p>§ 1o deste artigo.</p><p>259</p><p>1</p><p>confissão sob tortura, deverá</p><p>desentrar do processo.</p><p>○ Ilegítima</p><p>■ Quanto ao conteúdo</p><p>➢ Viola norma de direito</p><p>processual e adjetivo.</p><p>→ Exemplo: interrogatório</p><p>sem presença de defesa</p><p>técnica. Viola-se norma de</p><p>direito processual que</p><p>exige presença da defesa</p><p>técnica no interrogatório.</p><p>■ Quanto ao momento da ocorrência do</p><p>vício</p><p>➢ O vício está na produção, ou seja,</p><p>a violação só irá ocorrer quando,</p><p>no processo, a prova for</p><p>produzida sem a observância de</p><p>uma norma de direito processual.</p><p>Por exemplo, o CPP exige a</p><p>presença do defensor do réu</p><p>durante o seu interrogatório,</p><p>logo, se o defensor estiver</p><p>23</p><p>ausente durante o interrogatório</p><p>do réu, a prova produzida será</p><p>ilegítima, dado o</p><p>descumprimento de uma norma</p><p>processual.23</p><p>■ Quanto a providência a ser tomada</p><p>em caso de prova ilegítima</p><p>➢ Quando houver uma prova</p><p>ilegítima, o juiz irá remarcar a</p><p>produção da prova.</p><p>→ Ex: irá remarcar</p><p>interrogatório, tendo em</p><p>vista que o primeiro foi</p><p>feito sem a presença do</p><p>advogado.</p><p>● Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada</p><p>(Ilicitude por derivação)</p><p>○ Origem: Estados Unidos- Julgados da</p><p>Suprema Corte dos EUA).</p><p>○ Previsão legal</p><p>■ Art. 157, § 1º, do CPP24</p><p>○ Conceito: quando se tem uma prova ilícita,</p><p>todas as dependentes (consectárias), que</p><p>tem como base a prova ilícita, também serão</p><p>ilícitas.</p><p>■ Exemplo: em confissão sob tortura,</p><p>indica local do objeto do crime. Lá, no</p><p>local, obtém-se outra prova. É evidente</p><p>que há uma correlação direta com</p><p>24Art. 157, § 1º, do CPP: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não</p><p>evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser</p><p>obtidas por uma fonte independente das primeiras.</p><p>23 Redação alterada em 07/02/2024.</p><p>24</p><p>prova ilícita anterior, prova derivada</p><p>seria ilícita. Nesse caso, há a aplicação</p><p>da teoria dos frutos da árvore</p><p>envenenada, de modo que a prova</p><p>posterior será ilícita.</p><p>○ Regras de exclusão (Exclusionary rules): é</p><p>uma exceção da Teoria dos Frutos da Árvore</p><p>Envenenada.</p><p>■ São regras em que, mesmo havendo</p><p>provas em situação de ilicitude, haverá</p><p>o aproveitamento dessas provas.</p><p>➢ 1ª Regra - Teoria das Fontes</p><p>independentes ou Independent</p><p>sources: há uma prova</p><p>decorrente de uma situação</p><p>ilícita, porém ela tem uma fonte</p><p>independente que a assegura,</p><p>portanto essa prova será</p><p>utilizada, não se declarará a</p><p>ilicitude da prova.</p><p>↠ Exemplo: há uma</p><p>delação premiada</p><p>em que o delator</p><p>indica a possível</p><p>prática de crime de</p><p>um indivíduo com</p><p>prerrogativa de</p><p>função. Porém, essa</p><p>delação do indivíduo</p><p>com prerrogativa de</p><p>função não foi feita</p><p>perante o órgão</p><p>25</p><p>competente. Todavia,</p><p>nesse órgão que</p><p>seria o competente, o</p><p>relator já havia</p><p>determinado a</p><p>produção da prova</p><p>de indivíduo com</p><p>prerrogativa. Então,</p><p>há duas fontes para a</p><p>delação, de modo</p><p>que ela poderá ser</p><p>mantida.</p><p>➢ 2ª Regra- Descoberta inevitável</p><p>ou Inevitable discovery: só há</p><p>uma fonte que é a ilícita, mas a</p><p>prova derivada seria</p><p>inevitavelmente descoberta com</p><p>a evolução e continuação da</p><p>instrução processual.</p><p>↠ Exemplo: ingresso</p><p>em residência, sem</p><p>mandado, em que se</p><p>encontra um</p><p>cadáver. Por mais</p><p>que não seja possível</p><p>o ingresso na</p><p>residência, seria</p><p>inevitável descobrir</p><p>aquele cadáver pela</p><p>decomposição e</p><p>mau cheiro, de modo</p><p>que pessoas iriam</p><p>26</p><p>descobrir. Assim, a</p><p>prova será mantida</p><p>por ser a descoberta</p><p>da prova inevitável</p><p>com base no decurso</p><p>natural das</p><p>investigações.</p><p>Em relação a essas duas teorias,</p><p>o próprio legislador processual</p><p>penal se confundiu. Veja o art.</p><p>157, § 1º, do CPP25 está correto ao</p><p>conceituar fonte independente.</p><p>→ O art. 157, § 2º, do CPP26</p><p>está errado, pois conceitua</p><p>fonte independente,</p><p>quando o conceito trata de</p><p>Descoberta inevitável.</p><p>➢ 3ª Regra - Teoria dos Campos</p><p>abertos ou Open fields theory:</p><p>tudo aquilo que estiver no</p><p>campo aberto da autoridade</p><p>policial quando realizar</p><p>diligência, poderá ser utilizado.</p><p>↠ Ex: equipe policial</p><p>cumpre busca e</p><p>apreensão para</p><p>apurar crime de</p><p>26Art. 157, § 2º, do CPP: Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites</p><p>típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato</p><p>objeto da prova.</p><p>25Art. 157, § 1º, do CPP: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não</p><p>evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser</p><p>obtidas por uma fonte independente das primeiras.</p><p>27</p><p>tráfico de drogas, em</p><p>determinada</p><p>residência e encontra</p><p>um dedo. Poderá</p><p>apreender aquilo,</p><p>mesmo que o</p><p>mandado seja</p><p>específico para</p><p>tráfico de drogas,</p><p>tudo no campo</p><p>aberto poderá ser</p><p>apreendido.</p><p>→ Vem sendo usado no STJ</p><p>para validar apreensões em</p><p>mandados de busca e</p><p>apreensão mesmo não</p><p>relacionado com aquele</p><p>objeto que juiz</p><p>determinou, autorizou na</p><p>ordem judicial</p><p>ix. Aplicação do Princípio da Proporcionalidade</p><p>● No direito processual penal, talvez seja o local de</p><p>maior aplicação da proporcionalidade.</p><p>● Conceito: prescreve vedação de excessos por parte</p><p>do Estado.</p><p>● Na análise de prova ilícita há aplicação do princípio</p><p>da proporcionalidade.</p><p>○ Deve-se aproveitar a prova, em certas</p><p>situações, pois é melhor para interesse</p><p>público.</p><p>■ A doutrina é quase unânime em</p><p>admitir que ilicitude não se aplica em</p><p>28</p><p>prova que aproveite o réu (ilicitude pro</p><p>reo), justamente por uma questão de</p><p>proporcionalidade, sendo o interesse</p><p>de não condenar uma pessoa inocente</p><p>de maior importância do que o</p><p>respeito às normas.</p><p>→ Ex: Conversa que é captada</p><p>por duas pessoas pelo</p><p>acusado sem permissão</p><p>judicial. Nesse caso, é mais</p><p>proporcional utilizar essa</p><p>prova (mesmo que ilícita).</p><p>x. Princípio da presunção da inocência</p><p>● Previsão legal: Art. 5º, LVII, da CF27 e Art. 8, 2, do</p><p>Pacto de San José da Costa Rica (Convenção</p><p>Americana Sobre Direitos Humanos - CADH)28</p><p>● Conceito: toda pessoa que é investigada ou</p><p>acusada, tem presunção a seu favor, e é ônus do</p><p>Estado afastar essa presunção com base em</p><p>elementos objetivos e concretos de prova que</p><p>apontam para sua culpa.</p><p>○ Ônus da produção da prova da culpabilidade</p><p>é do Estado</p><p>● Presunção da não culpabilidade ou da</p><p>inocência?</p><p>○ Discussão superada - CADH é clara ao afirmar</p><p>inocência</p><p>28Art. 8º, 2, do Pacto de São José da Costa Rica: Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que</p><p>se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. [...]</p><p>27Art. 5º, LVII, da CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal</p><p>condenatória</p><p>29</p><p>■ CADH integra o bloco de</p><p>constitucionalidade brasileiro, sendo</p><p>esta a posição majoritária.</p><p>➢ CF fala em não culpabilidade</p><p>→ Min. Gilmar Mendes dizia</p><p>que presunção seria de</p><p>não culpabilidade.</p><p>↠ Diferença de grau</p><p>● 1ª Regra de tratamento (1ª Vertente): toda pessoa</p><p>deve ser tratada como inocente, não como</p><p>culpada.</p><p>■ Uma aplicação clássica é que toda</p><p>prisão no curso do processo é cautelar,</p><p>e deve ser fundamentada em riscos</p><p>concretos e previstos em lei (art. 312,</p><p>CPP) para ser implementada.</p><p>➢ A prisão não pode ser aplicada</p><p>diretamente</p><p>➢ Até pouco tempo, havia prisão</p><p>decorrente de sentença</p><p>condenatória. Isso não se</p><p>justifica, pois há fase recursal</p><p>posterior. Logo, não há prisões</p><p>automáticas no processo penal</p><p>brasileiro</p><p>● 2ª Regra de julgamento (2ª vertente) ou in dubio</p><p>pro reo</p><p>■ Conceito: no caso de dúvida, o juiz ou</p><p>Tribunal deve sempre absolver o réu.</p><p>Não há espaço de liberdade. Assim, o</p><p>juiz, quando manifesta dúvida, deve</p><p>absolver.</p><p>30</p><p>➢ Princípio com função normativa</p><p>(função de regra)</p><p>● 3ª Regra - Favor Rei (3ª Vertente)</p><p>■ Conceito: é um conjunto de benefícios</p><p>previstos, exclusivamente para o réu,</p><p>com o intuito de prevalecer a liberdade</p><p>do réu em relação ao direito de punir.</p><p>Assim, é um princípio geral de</p><p>liberdade que orienta não só os</p><p>processos em curso, mas após a</p><p>condenação. Ao fim e ao cabo, atua</p><p>limitando o poder do Estado.</p><p>➢ Há o favorecimento da pessoa</p><p>frente ao Estado, em virtude do</p><p>princípio</p><p>da dignidade da pessoa</p><p>humana.</p><p>■ A diferença entre o Princípio do Favor</p><p>Rei e do in dubio pro reo é que o</p><p>Princípio do Favor Rei é mais amplo,</p><p>pois atinge todo o processo penal. Por</p><p>outro lado, o princípio do in dubio pro</p><p>reo é aplicado para a teoria das provas</p><p>e livre convencimento do magistrado.</p><p>xi. Princípio da imparcialidade do juiz</p><p>● Conceito: todo indivíduo tem como garantia ser</p><p>julgado por juiz (autoridade judicial imparcial), que</p><p>mantenha a sua equidistância e não tenha</p><p>interesse particular no resultado da lide.</p><p>○ Nesse ponto, precisa-se apontar a diferença</p><p>entre imparcialidade e neutralidade</p><p>■ Neutralidade é inexistência de</p><p>interesse em qualquer coisa, de</p><p>31</p><p>qualquer pré-determinação daquele</p><p>juiz. Isso é Impossível, pois não existe</p><p>pessoa neutra. É fato que emoções e</p><p>paixões compõe necessariamente a</p><p>pessoa.</p><p>→ Logo, a imparcialidade não</p><p>impõe neutralidade.</p><p>Todavia, não há permissão</p><p>em transformar o juiz em</p><p>alguém interessado em</p><p>determinado, já que isso</p><p>afastaria a equidistância.</p><p>■ A função da imparcialidade é impor ao</p><p>juiz uma posição equilibrada,</p><p>permitindo às partes o diálogo e</p><p>produção de provas.</p><p>○ Atuação oficiosa do juiz na produção</p><p>probatória29</p><p>■ Em nosso processo penal, existe uma</p><p>série de previsões que permitem ao</p><p>juiz agir de ofício, sem ser provocado,</p><p>para produzir provas. Isso é um</p><p>descumprimento da imparcialidade,</p><p>pois o juiz, ao agir, se aproxima de um</p><p>dos lados.</p><p>■ Uma crítica que deve ser feita, a partir</p><p>desse princípio da imparcialidade, é a</p><p>permanência em nosso sistema</p><p>processual penal de normas que</p><p>permitem essa atuação</p><p>29Crítica antiga do sistema acusatório</p><p>32</p><p>➢ Ex: art. 156, incisos, CPP.30</p><p>→ Esse artigo é um claro</p><p>exemplo de violação ao</p><p>princípio da imparcialidade</p><p>xii. Busca da verdade real31</p><p>● Conceito: como o processo penal está orientado</p><p>para aplicação de uma pena, deve</p><p>necessariamente primar pela busca da verdade</p><p>dos fatos (busca pelo o que efetivamente</p><p>aconteceu), para que a condenação seja justa.</p><p>Logo, o processo penal deve buscar a verdade</p><p>histórica dos fatos.</p><p>■ Crítica: a verdade histórica é impossível</p><p>de alcançar. Ainda, essa ideia justifica</p><p>arbítrios e violações.</p><p>→ Ex: colocar em xeque o</p><p>direito do indivíduo ao</p><p>contraditório e a verdade</p><p>real, o primeiro se torna</p><p>desimportante em relação</p><p>à verdade real.</p><p>↠</p><p>● Em relação à busca da verdade real dos fatos, os</p><p>juízes, promotores e delegados devem se contentar</p><p>com a verdade formal, respeitando os limites e</p><p>garantias constitucionais. Isso porque a busca pela</p><p>verdade real é utópica.</p><p>31Há muitas críticas sobre sua categorização como princípio, de modo que deve ser adotado mais</p><p>como uma anotação do que um princípio.</p><p>30Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I –</p><p>ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas</p><p>urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;II –</p><p>determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para</p><p>dirimir dúvida sobre ponto relevante.</p><p>33</p><p>● Atenção! Em uma prova de concurso, é possível</p><p>cair o conceito da busca da verdade real e uma</p><p>crítica, de modo que, na crítica, deve mencionar a</p><p>verdade processual ou formal.</p><p>xiii. Princípio da vedação de revisão pro societate</p><p>● Conceito: a vedação de revisão para a sociedade</p><p>impede que alguém seja julgado mais de uma vez</p><p>por fato do qual já tenha sido absolvido por decisão</p><p>passada em julgado.</p><p>○ O STF e o STJ, respectivamente, nos</p><p>julgamentos do HC 87.69/CE e do HC</p><p>146.208/PB, manifestaram que mesmo o vício</p><p>de decisão absolutória proferida por juiz</p><p>absolutamente incompetente não pode ser</p><p>revisto.</p><p>● Não se aplica: quando não há participação ou</p><p>responsabilidade do Estado na constituição do</p><p>erro; quando houve extinção de punibilidade, e não</p><p>absolvição.</p><p>○ O STF (HC 84525/MG; HC 104998/SP) rejeitou</p><p>a aplicação do aludido princípio em processo</p><p>cuja extinção de punibilidade arrimava-se</p><p>em falsa certidão de óbito.</p><p>e. Sistemas processuais penais</p><p>i. Conceito: o sistema processual é conjunto de normas</p><p>(princípios e regras) interligadas, orientadas por um vetor</p><p>que dará orientação de como o sistema se comportará.</p><p>ii. Historicamente, há 3 grandes sistemas</p><p>● Sistema inquisitivo ou inquisitorial</p><p>○ Historicamente, deriva do direito canônico, a</p><p>partir do século XVIII. Utilizado pelos grandes</p><p>34</p><p>tribunais da inquisição, daí a origem</p><p>etimológica.</p><p>■ Seu vetor orientador é a posição do juiz</p><p>como um inquisidor</p><p>○ O juiz congrega a função de julgador e</p><p>acusador/instrutor do processo (inquirir,</p><p>buscar provas)</p><p>○ Características que moldam o sistema</p><p>inquisitorial</p><p>■ Processos sigilosos, em regra</p><p>➢ Audiências a portas fechadas,</p><p>sem exigência de transparência</p><p>com a sociedade e defesa.</p><p>■ Necessidade de formação de dossiê</p><p>escrito</p><p>➢ A prática se mantém até hoje,</p><p>processo escrito, categorizado,</p><p>com todos os atos e diligências</p><p>tomadas etc.</p><p>■ Orientado pelo primado da busca da</p><p>verdade</p><p>➢ Garantias do indivíduo deixadas</p><p>de lado, em nome da verdade</p><p>histórica dos fatos.</p><p>→ Daí decorrem os fatos</p><p>históricos de abuso e</p><p>tortura.</p><p>■ Posição do réu não sujeito de direito,</p><p>mas objeto de prova</p><p>➢ A função do réu era viabilizar a</p><p>confissão.</p><p>○ Críticas ao sistema</p><p>35</p><p>■ Sistema processual avesso a garantias</p><p>➢ As garantias atrapalham a busca</p><p>da verdade real acreditada pelo</p><p>sistema</p><p>■ Sistema autoritário</p><p>➢ Centralização das funções de</p><p>acusação e julgamento.</p><p>→ Posição do Estado superior</p><p>ao réu e defesa</p><p>● Sistema acusatório ou acusatorial</p><p>○ Historicamente, deriva do direito</p><p>anglo-saxão, Inglaterra antiga e medieval.</p><p>Grécia antiga. Atualmente, EUA adota esse</p><p>sistema</p><p>○ Seu vetor orientador é a separação das</p><p>funções de acusar e julgar.</p><p>■ Juiz é responsável pelo julgamento,</p><p>sem função instrutória, inerte,</p><p>equidistante das provas, mantendo sua</p><p>imparcialidade para ter condições de</p><p>julgar</p><p>■ Acusação, instrução e alegação cabe a</p><p>outro órgão</p><p>➢ Na Inglaterra medieval, as</p><p>pessoas tinham esse papel.</p><p>➢ Atualmente, o Ministério Público</p><p>cumpre esse papel, tendo</p><p>origem francesa.</p><p>○ Características que moldam o sistema</p><p>acusatório</p><p>■ Processos públicos, em regra</p><p>36</p><p>➢ Inglaterra medieval e eras</p><p>seguintes, julgamentos eram nas</p><p>praças públicas</p><p>➢ Atualmente, na maioria dos</p><p>países latinos pós-reforma</p><p>processual, os processos são</p><p>públicos.</p><p>➢ Possibilidade das pessoas</p><p>acompanharem os atos</p><p>processuais</p><p>■ Processos centrados na oralidade</p><p>➢ Partes se manifestam oralmente.</p><p>Ao juiz, tal característica traz mais</p><p>contato com os meios de prova</p><p>→ Juiz não lê a petição no frio</p><p>do gabinete, mas de frente</p><p>ao réu, tomando seu</p><p>depoimento</p><p>↠ Fauzi Hassan Choukr</p><p>ressalta que a</p><p>oralidade traz maior</p><p>qualidade ao</p><p>julgamento,</p><p>tornando-o mais</p><p>fidedigno.</p><p>■ Procedimento com alta carga de</p><p>persuasão</p><p>➢ Por permitir oralidade e</p><p>discussões, o processo é</p><p>orientado muitas vezes pela</p><p>carga de persuasão</p><p>○ Crítica ao sistema</p><p>37</p><p>■ Preocupação com carga de persuasão</p><p>➢ Processo não é resolvido</p><p>puramente por questões</p><p>jurídicas, mas também por</p><p>questões de argumentação e</p><p>capacidade de persuasão</p><p>■ Preocupação com impunidade</p><p>➢ Criminoso com alto grau de</p><p>poder aquisitivo pode contratar</p><p>advogado com alto grau de</p><p>persuasão, o que garante a</p><p>impunidade</p><p>→ Em determinado</p><p>momento, países europeus</p><p>adotaram o sistema</p><p>acusatório, mas retornaram</p><p>ao inquisitivo pela</p><p>preocupação com a</p><p>impunidade e</p><p>criminalidade.</p><p>● Sistema misto ou francês</p><p>○ Origem na França napoleônica</p><p>○ Sistema congrega duas etapas</p><p>■ Inquisitiva ou inquisitorial</p><p>➢ Concentração das funções</p><p>➢ Processos sigilosos</p><p>➢ Menor preocupação com</p><p>garantias</p><p>➢ Maior preocupação com a busca</p><p>da verdade</p><p>■ Acusatória</p><p>➢ Democrática</p><p>38</p><p>➢ Observância das garantias</p><p>➢ Publicidade</p><p>➢ Oralidade</p><p>iii. Sistema previsto no Processo Penal brasileiro</p><p>contemporâneo</p><p>● Formalmente: sistema misto</p><p>○ 1ª fase Investigativa: realizado pelo</p><p>inquérito</p><p>policial ou Procedimento Investigatório</p><p>criminal (PIC) do Ministério Público. Nessa</p><p>fase, seria um sistema inquisitivo</p><p>■ Uma autoridade que tem todas as</p><p>funções: instrução e inquirição</p><p>➢ Busca-se a “verdade dos fatos”</p><p>para concluir o inquérito e</p><p>apresentar a acusação</p><p>○ 2ª fase: processo com acusação formal.</p><p>Nessa fase, seria um sistema acusatório.</p><p>■ Preocupação com garantias,</p><p>contraditório, ampla defesa,</p><p>publicidade, dentre outras.</p><p>● Materialmente: sistema inquisitivo (conforme</p><p>doutrina do Prof. Jacinto Nelson de Miranda</p><p>Coutinho e prof. Geraldo Prado)</p><p>■ Isso porque, através das normas,</p><p>municiamos o juiz com tantas</p><p>prerrogativas que acabamos formando</p><p>juízes parciais.</p><p>➢ Mesmo na fase de acusação,</p><p>teríamos sistema inquisitivo</p><p>● Constituição de 1988 e Código de Processo Penal</p><p>de 1941</p><p>39</p><p>○ A CF fez clara opção por sistema acusatório</p><p>no art. 129, I32, ao dar iniciativa da ação penal</p><p>ao Ministério Público</p><p>■ Preocupação do constituinte foi</p><p>reservar ao juiz apenas o julgamento,</p><p>promovendo sua parcialidade</p><p>Em provas de concurso público, adotar que o</p><p>sistema processual penal brasileiro é acusatório,</p><p>pela opção clara da Constituição Federal, em que</p><p>pese o inquérito policial seja uma fase inquisitiva.</p><p>32Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:I - promover, privativamente, a ação penal</p><p>pública, na forma da lei;</p><p>40</p><p>2. Lei processual penal no tempo e no</p><p>espaço</p><p>a. Lei processual penal no espaço</p><p>i. Adota-se o Princípio da Territorialidade</p><p>● Jurisdição brasileira aplicará a lei processual penal</p><p>brasileira no território brasileiro</p><p>○ Não há possibilidade de aplicação da lei</p><p>processual penal brasileira no exterior</p><p>○ Previsão legal: Art. 1º,do CPP.33</p><p>● Exceções:</p><p>○ os tratados, as convenções e regras de direito</p><p>internacional;</p><p>○ as prerrogativas constitucionais do</p><p>Presidente da República, dos ministros de</p><p>Estado, nos crimes conexos com os do</p><p>Presidente da República, e dos ministros do</p><p>Supremo Tribunal Federal, nos crimes de</p><p>responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, §</p><p>2º, e 100);</p><p>○ os processos da competência da Justiça</p><p>Militar;</p><p>b. Lei processual penal no tempo</p><p>i. Questiona-se: qual a legislação que será aplicada em</p><p>determinado fato histórico? Lei em vigor naquele</p><p>momento? Ou posterior? Ou anterior?</p><p>● Vejamos o Art. 2º, do CPP.34:</p><p>34Art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos</p><p>realizados sob a vigência da lei anterior</p><p>33Art. 1º do CPP: Reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: Parágrafo</p><p>único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis</p><p>especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.</p><p>41</p><p>○ Dispositivo traz o Princípio da aplicação</p><p>imediata</p><p>■ Lei vigente em determinado momento</p><p>é a lei que regerá aquele ato processual</p><p>➢ Lei posterior puramente</p><p>processual regerá os atos</p><p>posteriores, apenas.</p><p>■ Em caso de ato complexos em que há</p><p>o decurso de tempo, de modo que eles</p><p>se prolongam no tempo.</p><p>➢ Deve-se observar a Teoria do</p><p>isolamento dos atos processuais.</p><p>Assim, devemos ver o ato como</p><p>um todo e quando foi iniciado, de</p><p>modo que a lei aplicável será a</p><p>vigente no início do ato.</p><p>→ Exemplo: a reforma do</p><p>Processo Penal 2008</p><p>mudou o procedimento</p><p>ordinário, passando o</p><p>interrogatório do 1º para o</p><p>último ato da instrução.</p><p>↠ Imagine um</p><p>Interrogatório feito</p><p>em 3 dias, cada dia</p><p>em um mês. No</p><p>meio dessa sucessão,</p><p>veio a nova lei. Fará o</p><p>isolamento do ato,</p><p>Assim, se começou</p><p>no dia X, deverá</p><p>42</p><p>respeitar a lei vigente</p><p>no dia X.</p><p>ii. Lei híbrida / mista - discussão</p><p>● Conceito: leis que contém previsão processual</p><p>penal e penal.</p><p>● Questiona-se: em caso de lei híbrida, aplica-se o</p><p>Princípio da aplicação imediata (relacionado às leis</p><p>processuais penais) ou os princípios penais da</p><p>irretroatividade maléfica e retroatividade</p><p>benigna35?</p><p>○ Doutrina clássica e tribunais superiores são</p><p>unânimes em admitir que, no caso de leis</p><p>híbridas, deve-se aplicar as disposições do</p><p>direito penal (retroatividade benigna e</p><p>irretroatividade maléfica).</p><p>■ Exemplo 1: lei que versa sobre natureza</p><p>da ação penal. Imagine que a ação</p><p>penal em determinado crime é de</p><p>iniciativa privada (iniciativa cabe ao</p><p>ofendido, no prazo decadencial de 6</p><p>meses, será visto). E, uma nova lei diz</p><p>que o crime agora é regido por ação</p><p>penal pública condicionada à</p><p>representação (iniciada pelo MP).</p><p>➢ Nesse caso, a posição clássica,</p><p>unânime de doutrina e</p><p>jurisprudência irá dispor que lei</p><p>que versa sobre ação penal é</p><p>35Relembrando que a lei penal regula fatos e traz sanção. Assim, nesse caso, a lei aplicável é a do</p><p>momento em que ocorreu a ação ou omissão com o seguinte regramento:</p><p>Lei benéfica retroagirá (retroatividade benigna)</p><p>Lei maléfica não retroage (irretroatividade maléfica)</p><p>43</p><p>híbrida ou mista, aplicando-se as</p><p>disposições de direito penal,</p><p>irretroatividade maléfica e</p><p>retroatividade benigna.</p><p>■ Exemplo 2: necessidade de</p><p>representação. O estelionato (art. 171,</p><p>CP) e lesão corporal leve (art. 88, lei</p><p>9.099/95) passaram a ser de ação penal</p><p>pública condicionados à</p><p>representação, sendo norma benéfica.</p><p>Nesse caso, por ser lei mais benéfica,</p><p>retroage para todos os casos em que</p><p>não haja trânsito em julgado.</p><p>➢ Ainda nesse caso, o STF36 e STJ37</p><p>comungavam que a necessidade</p><p>da representação seria restrita à</p><p>fase policial, sem acusação ainda.</p><p>Todavia, posteriormente, o STF38</p><p>deu uma decisão recente de</p><p>38A alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao</p><p>condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado à representação da pessoa ofendida, deve</p><p>ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações penais não iniciadas quanto às ações</p><p>penais em curso até o trânsito em julgado.</p><p>STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/6/2021.</p><p>37 A exigência de representação da vítima no crime de estelionato não retroage aos processos cuja</p><p>denúncia já foi oferecida.</p><p>STJ. 3ª Seção. HC 610.201/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691).</p><p>36Em face da natureza mista (penal/processual) da norma prevista no §5º do artigo 171 do Código</p><p>Penal, sua aplicação retroativa será obrigatória em todas as hipóteses onde ainda não tiver sido</p><p>oferecida a denúncia pelo Ministério Público, independentemente do momento da prática da</p><p>infração penal, nos termos do art. 2º, do CPP, por tratar-se de verdadeira “condição de</p><p>procedibilidade da ação penal”.</p><p>Assim, é inaplicável a retroatividade do §5º do art. 171 do Código Penal, às hipóteses onde o Ministério</p><p>Público tiver oferecido a denúncia antes da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019; uma vez que,</p><p>naquele momento a norma processual em vigor definia a ação para o delito de estelionato como</p><p>pública incondicionada, não exigindo qualquer condição de procedibilidade para a instauração da</p><p>persecução penal em juízo. Em suma, a nova legislação não prevê a manifestação da vítima como</p><p>condição de prosseguibilidade quando já oferecida a denúncia pelo Ministério Público.</p><p>(STF. 1ª Turma. HC 187341, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/10/2020).</p><p>44</p><p>turma exigindo representação</p><p>em todos os casos que não</p><p>tivessem trânsito em julgado. Em</p><p>2023, o STF mudou o</p><p>posicionamento antes firmado.</p><p>Agora o entendimento é o de</p><p>que a regra da representação</p><p>deve retroagir a “todos” os casos</p><p>de estelionato em andamento</p><p>quando de sua promulgação,</p><p>tendo a vítima um prazo de 30</p><p>dias para manifestar-se sob pena</p><p>de decadência e não importando</p><p>a fase em que o procedimento se</p><p>encontre (HC 208817 AgR / RJ,</p><p>02/05/2023)</p><p>■ Exemplo 3 (Lei 9.099): tornou a ação</p><p>penal pública condicionada à</p><p>representação para todos os crimes de</p><p>lesão leve e crimes culposos. Então,</p><p>nesse caso, a lei penal retroage, de</p><p>modo que todos os ofendidos</p><p>passaram a ter um prazo de 6 meses</p><p>para representação.</p><p>■ Exemplo 4: protesto por novo júri foi</p><p>suprimido pela legislação. Nesse caso, a</p><p>lei é processual,</p><p>sendo aplicado a lei</p><p>vigente ao momento do fato.</p><p>■ Exemplo 5: crimes contra dignidade</p><p>sexual tornaram-se de ação penal</p><p>pública. Assim, houve uma lei maléfica</p><p>ao réu, de modo que não irá retroagir.</p><p>45</p><p>iii. Artigo 3º, Lei de Introdução do Direito Processual</p><p>Penal</p><p>● Art. 3º O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido</p><p>para a interposição de recurso, será regulado pela</p><p>lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do</p><p>que o fixado no Código de Processo Penal.</p><p>○ Esse artigo que vale a regra da lei anterior</p><p>quando houver uma lei nova alterando o</p><p>prazo que já havia iniciado, exceto se a lei</p><p>nova prevê um prazo maior.</p><p>■ Ex: Um determinado procedimento</p><p>previsto no CPP possui um prazo de 30</p><p>dias. Faltando 15 dias para o fim do</p><p>prazo, uma nova lei entra em vigor,</p><p>determinando um novo prazo, de 20</p><p>dias, para o mesmo procedimento.</p><p>Nesse caso, deve seguir o prazo da lei</p><p>anterior (30 dias).</p><p>46</p><p>3. Investigação Criminal</p><p>a. Introdução</p><p>i. Terminologia</p><p>● Há alguns doutrinadores que utilizam o termo</p><p>investigação preliminar, porém esse termo não é</p><p>adequado, sendo o correto investigação criminal.</p><p>ii. Conceito de investigação criminal</p><p>● É a atividade do Estado voltada à apuração de</p><p>indícios de autoria e provas da materialidade de</p><p>infrações penais, buscando dar subsídios ao titular</p><p>da ação penal (ex: Ministério Público e ofendido)</p><p>para o exercício de sua acusação e promoção da</p><p>persecução penal em juízo.</p><p>iii. Formas de investigação criminal</p><p>● Inquérito policial desenvolvida pela polícia</p><p>judiciária</p><p>● Procedimento de investigação criminal (PIC)</p><p>realizada pelo Ministério Público</p><p>● Juízos de instrução</p><p>● Investigações anômalas</p><p>iv. Seletividade</p><p>● Conceito: é evidente que, em qualquer sociedade,</p><p>seria absolutamente impossível investigar todos os</p><p>crimes, de modo que a seletividade é</p><p>reconhecimento de que Estado deve optar pelos</p><p>crimes que serão efetivamente investigados e</p><p>reprimidos.</p><p>○ Seletividade é contrária ao princípio da</p><p>obrigatoriedade da ação penal</p><p>47</p><p>● Aspectos importantes: nas reformas processuais</p><p>penais ao redor do mundo39 é que essa seletividade</p><p>seja feita objetivamente, com base em critérios</p><p>democrático para que seletividade reflita interesse</p><p>da sociedade e não de grupo político ou classe</p><p>social.</p><p>○ Hoje, observamos no Brasil, a seletividade na</p><p>apuração de crimes patrimoniais e de tráfico.</p><p>Nesse sentido, não há seletividade em outros</p><p>crimes como os de colarinho branco,</p><p>praticado por grandes empresários. Com isso,</p><p>conclui-se que há a necessidade de criar</p><p>critérios para que a seletividade atenda</p><p>efetivamente os anseios da sociedade.</p><p>39Argentina e Uruguai, por exemplo.</p><p>48</p><p>○ O artigo 28-A, CPP40 é a concretização da</p><p>40 Art. 28-A, caput, do CPP: Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado</p><p>formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com</p><p>pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não</p><p>persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime,</p><p>mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:</p><p>I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela Lei</p><p>nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como</p><p>instrumentos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena</p><p>mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da</p><p>execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7</p><p>de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo</p><p>juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou</p><p>semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>(Vigência)</p><p>V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que</p><p>proporcional e compatível com a infração penal imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>(Vigência)</p><p>§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão</p><p>consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº</p><p>13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta</p><p>criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em</p><p>acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e (Incluído</p><p>pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a</p><p>mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964,</p><p>de 2019) (Vigência)</p><p>§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do</p><p>Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>(Vigência)</p><p>§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz</p><p>deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor,</p><p>e sua legalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de</p><p>não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta</p><p>de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>(Vigência)</p><p>§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao</p><p>Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal. (Incluído pela Lei</p><p>nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando</p><p>não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>(Vigência)</p><p>§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da</p><p>necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia. (Incluído pela</p><p>Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu</p><p>descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o</p><p>Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de</p><p>denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>49</p><p>seletividade. Isso porque, analisando os</p><p>dados obtidos através das pesquisas</p><p>realizadas, foi possível perceber que o</p><p>alcance do acordo de não persecução penal</p><p>é grande e sua utilização vasta (DOS SANTOS,</p><p>2019), pois envolve novo tratamento</p><p>extrajudicial aos crimes de média gravidade</p><p>que preencham os requisitos negativos</p><p>previstos no artigo 18, §1º, da Resolução nº</p><p>181/2017, do CNMP (BRASIL, 2017). De outra</p><p>sorte, dentre os quatro crimes que mais</p><p>ocorrem no país, apenas um deles (furto)</p><p>permite a aplicação do instituto. Nessa toada,</p><p>percebemos que o mecanismo</p><p>acaba por</p><p>revelar evidente seletividade penal, já que, ao</p><p>passo que pode ser utilizado em casos de</p><p>corrupção e de lesões a bens jurídicos</p><p>exorbitantes, não agraciará boa parte do</p><p>seleto público penal brasileiro, posto que</p><p>inaplicável a crimes como roubo (mesmo na</p><p>modalidade simples) ou tráfico de drogas.</p><p>→ Indo Além: É possível a deflagração de</p><p>investigação criminal com base em</p><p>§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser</p><p>utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão</p><p>condicional do processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão</p><p>de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído</p><p>pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a</p><p>extinção de punibilidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução</p><p>penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste</p><p>Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>50</p><p>matéria jornalística. STJ. 6ª Turma. RHC</p><p>98056-CE, Rel. Min. Antonio Saldanha</p><p>Palheiro, julgado em 04/06/2019 (Info</p><p>652).</p><p>b. Inquérito policial</p><p>i. Conceito: procedimento administrativo, inquisitivo,</p><p>conduzido pela polícia judiciária, presidido pelo delegado</p><p>de polícia, que tem como objetivo apurar indícios de</p><p>autoria e provas da materialidade de infrações penais.</p><p>Assim, irá colher elementos informativos acerca da</p><p>materialidade e autoria da infração penal.</p><p>● Diferença entre elementos informativos e provas</p><p>○ Elementos informativos</p><p>■ Colhidos na fase investigatória</p><p>■ Não é obrigatória a observância do</p><p>contraditório e da ampla defesa;</p><p>■ O juiz deve intervir apenas quando</p><p>necessário e se provocado</p><p>■ Auxilia na formação da opinio delicti41</p><p>○ Provas</p><p>■ Produzido na fase judicial sob o crivo</p><p>contraditório.</p><p>■ A prova deve ser produzida na</p><p>presença do juiz.</p><p>ii. Legislação: artigo 4º ao 23, CPP</p><p>iii. Diferença entre polícia judiciária e polícia</p><p>administrativa</p><p>41Teoria segundo a qual o Ministério Público, para oferecer uma denúncia, deve ter ao menos</p><p>suspeita da existência do crime e de sua autoria.</p><p>51</p><p>● Polícia judiciária42: é exercida pelas autoridades</p><p>policiais no território de suas respectivas</p><p>circunscrições e terá por fim a apuração das</p><p>infrações penais e da sua autoria.</p><p>○ Função: incumbência de apurar indícios de</p><p>autoria e provas da materialidade de</p><p>infrações penais, ou seja, é a polícia</p><p>responsável pelo inquérito policial</p><p>○ Característica</p><p>■ Atividade essencialmente repressiva,</p><p>após a infração penal ter sido praticada.</p><p>○ Organização da polícia judiciária</p><p>■ Desenvolvida em âmbito federal pela</p><p>polícia federal (artigo 144, §1º, CF/88)43</p><p>■ Desenvolvida em âmbito estadual</p><p>pelas polícias civis de cada estado (art</p><p>144, §4ºº, CF/88)44</p><p>● Polícia administrativa ou poder de polícia</p><p>○ Conceito: atividade de natureza</p><p>administrativa do Estado que tem por</p><p>objetivo limitar os direitos do indivíduo em</p><p>virtude do interesse público</p><p>○ Características</p><p>44§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a</p><p>competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as</p><p>militares.</p><p>43§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União</p><p>e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou</p><p>em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas</p><p>públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional</p><p>e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de</p><p>entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de</p><p>outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia</p><p>marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia</p><p>judiciária da União.</p><p>42Origem tem a expressão que tem origem no código imperial brasileiro, que adotava a modalidade</p><p>de investigação de juizados de instrução. Havia Incumbência dos juízes de paz, que delegavam ao</p><p>chefe de polícia (daí a expressão delegados)</p><p>52</p><p>■ Atividade preventiva, antes da</p><p>ocorrência do crime. Ocorre por meio</p><p>do policiamento, patrulhamento,</p><p>monitoramento e abordagens.</p><p>■ Objetivo é evitar que o crime ocorra</p><p>○ Organização da polícia administrativa</p><p>■ Desenvolvida pela polícia federal em</p><p>alguns temas (art. 144, § 1º, CF), como</p><p>na segurança de aeroportos, portos, e</p><p>no combate ao tráfico de drogas.</p><p>■ Polícia rodoviária federal que possui a</p><p>função de polícia administrativa nas</p><p>rodovias federais, avaliando conteúdo</p><p>de veículos e fazendo abordagens de</p><p>patrulhamento.</p><p>➢ Atenção! Polícia rodoviária</p><p>federal não possui função</p><p>repressiva (art 144, §2º, CF/88)45</p><p>■ Polícia ferroviária federal, art. 144, § 3º,</p><p>CF/8846, faz exclusivamente polícia</p><p>administrativa nas ferrovias.</p><p>■ No âmbito dos Estados, é desenvolvida</p><p>pelas polícias militares (art 144, §5º,</p><p>CF/88)47</p><p>47§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos</p><p>de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de</p><p>defesa civil.</p><p>46§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado</p><p>em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Redação</p><p>dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)</p><p>45 § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado</p><p>em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.</p><p>53</p><p>É muito importante a leitura do artigo 144, CF/88, a seguir:</p><p>Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade</p><p>de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da</p><p>incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:</p><p>I - polícia federal;</p><p>II - polícia rodoviária federal;</p><p>III - polícia ferroviária federal;</p><p>IV - polícias civis;</p><p>V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.</p><p>VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 104, de 2019)</p><p>§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado</p><p>e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: (Redação</p><p>dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)</p><p>I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em</p><p>detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades</p><p>autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática</p><p>tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão</p><p>uniforme, segundo se dispuser em lei;</p><p>II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o</p><p>contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros</p><p>órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;</p><p>III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;</p><p>(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)</p><p>IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.</p><p>§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido</p><p>pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao</p><p>patrulhamento ostensivo das rodovias federais. (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 19, de 1998)</p><p>54</p><p>§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido</p><p>pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao</p><p>patrulhamento ostensivo</p><p>das ferrovias federais. (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 19, de 1998)</p><p>§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,</p><p>incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia</p><p>judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.</p><p>§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema</p><p>penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos</p><p>estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº</p><p>104, de 2019)</p><p>§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças</p><p>auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias</p><p>civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados,</p><p>do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda</p><p>Constitucional nº 104, de 2019)</p><p>§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos</p><p>responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de</p><p>suas atividades. (Vide Lei nº 13.675, de 2018) Vigência</p><p>§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais (polícia</p><p>administrativa)48 destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,</p><p>conforme dispuser a lei. (Vide Lei nº 13.022, de 2014)</p><p>§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos</p><p>relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído</p><p>pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)</p><p>§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da</p><p>incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído</p><p>pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)</p><p>48O STF reconheceu o porte de armas para todos os guardas municipais, o que amplia as</p><p>funções das guardas municipais.</p><p>55</p><p>I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de</p><p>outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à</p><p>mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82,</p><p>de 2014)</p><p>II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,</p><p>aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,</p><p>estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 82, de 2014)</p><p>iv. Características do inquérito policial</p><p>● Procedimento administrativo: conduzido por</p><p>autoridade com posição dentro da Administração</p><p>Pública</p><p>● Escrito: a necessidade de ser um procedimento</p><p>escrito é, na verdade, a necessidade de ser</p><p>documentado49 para ter um controle. Art. 9º, CPP.</p><p>● Dispensável: não há necessidade de que o</p><p>processo se inicie por meio do inquérito. Se o</p><p>Ministério Público dispuser de outros elementos</p><p>concretos que permitam a ele ter conhecimento a</p><p>respeito do crime, pode acusar</p><p>independentemente do inquérito.50</p><p>○ Logo, o inquérito não é obrigatório.</p><p>● Indisponibilidade: em que pese ser dispensável</p><p>para o autor da ação (Ministério Público ou</p><p>ofendido), para o delegado de polícia, quem</p><p>50Se não tiver os elementos, requisita a instauração de inquérito ao delegado</p><p>49Com paginação e sequência racional.</p><p>56</p><p>conduz o procedimento, não há possibilidade de</p><p>dispor o inquérito, de modo que uma vez</p><p>instaurado ele deve chegar ao seu término, ser</p><p>concluído e relatado ao Ministério Público</p><p>○ Cuidado! Característica de indisponibilidade</p><p>é para quem conduz o inquérito, qual seja: o</p><p>Delegado Público. Por outro lado, a</p><p>dispensabilidade é para os destinatários,</p><p>quais sejam: o Ministério Público e o</p><p>ofendido.</p><p>● Sigiloso51</p><p>○ Introdução</p><p>■ Conforme o art. 93, IX, CF, todos os atos</p><p>do Estados devem ser públicos, como</p><p>forma de controle democrático da</p><p>sociedade. Porém, há exceções ao</p><p>princípio da publicidade, tais como:</p><p>casos de segredo de justiça e o</p><p>inquérito policial (art 20, CPP).</p><p>○ Conceito: há a necessidade do sigilo pela</p><p>necessidade de apuração de crimes,</p><p>infrações penais, de forma efetiva. Há dois</p><p>tipos de sigilo:</p><p>■ Sigilo externo (regra)</p><p>➢ Sigiloso para a sociedade, de</p><p>modo que a autoridade policial</p><p>não precisa dar conhecimento</p><p>para a sociedade a respeito do</p><p>conteúdo do seu inquérito</p><p>■ Sigilo interno</p><p>51Em provas objetivas, adotar a posição que é sigiloso consoante o artigo 20, CPP.</p><p>57</p><p>➢ Perceba que para o juiz e o</p><p>Ministério Público não é possível</p><p>o sigilo. Em relação ao Defensor</p><p>Público (advogado) da parte52,</p><p>também não é possível o sigilo,</p><p>exceto em relação a diligências</p><p>em andamento, diligências que</p><p>ainda não foram documentadas</p><p>ou que possam comprometer</p><p>diligências em andamento.</p><p>Admitir o sigilo fora dessas</p><p>hipóteses excepcionais seria um</p><p>cerceamento do direito de</p><p>defesa. Com esse entendimento.</p><p>foi editada a Súmula Vinculante</p><p>1453. Ainda, essa garantia é</p><p>reconhecida no artigo 32, da Lei</p><p>13.869/1954 e no artigo 16 da</p><p>Resolução 181 CNMP55</p><p>→ Perceba: o Delegado não</p><p>pode restringir o acesso da</p><p>55Art. 16. O presidente do procedimento investigatório criminal poderá decretar o sigilo das</p><p>investigações, no todo ou em parte, por decisão fundamentada, quando a elucidação do fato ou</p><p>interesse público exigir, garantido o acesso aos autos ao investigado e ao seu defensor, desde que</p><p>munido de procuração ou de meios que comprovem atuar na defesa do investigado, cabendo a</p><p>ambos preservar o sigilo sob pena de responsabilização.</p><p>54Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação</p><p>preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório</p><p>de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o</p><p>acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras,</p><p>cujo sigilo seja imprescindível:</p><p>53É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,</p><p>já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia</p><p>judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.</p><p>52Essa possibilidade de acessar os inquéritos não pode ser dada a quem não seja</p><p>advogado/defensor da parte.</p><p>58</p><p>defesa em relação ao que</p><p>já foi documentado56.</p><p>Porém, em relação a</p><p>diligências em andamento,</p><p>diligências que ainda não</p><p>foram documentadas ou</p><p>que possam comprometer</p><p>diligências em andamento,</p><p>poderá haver o sigilo.</p><p>↠ Exemplo: no caso da</p><p>interceptação</p><p>telefônica, a</p><p>autoridade policial</p><p>não fornece cópia no</p><p>que tange a essa</p><p>diligência, pois isso</p><p>comprometeria a</p><p>efetividade da</p><p>investigação</p><p>criminal.</p><p>➢ No julgamento do RMS</p><p>70.411/RJ57, em 18/04/2023, o STJ</p><p>garantiu a familiares da vítima o</p><p>acesso aos elementos de prova já</p><p>documentados nos autos do</p><p>Inquérito Policial e dos apensos.</p><p>57É cabível o acesso aos elementos de prova já documentados nos autos de inquérito policial aos</p><p>familiares das vítimas, por meio de seus advogados ou defensores públicos, em observância aos</p><p>limites estabelecidos pela Súmula Vinculante n. 14.</p><p>STJ. 6ª Turma. RMS 70.411/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/4/2023 (Info 775).</p><p>56Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que o investigado</p><p>tenha amplo acesso aos autos, sendo permitido, contudo, que se negue acesso a peças que digam</p><p>respeito a dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça.</p><p>59</p><p>○ Caso de negativa de acesso ao autos de</p><p>investigação pelo Defensor/Advogado</p><p>■ Será possível impetrar Habeas Corpus,</p><p>se o que estiver sendo tutelado for a</p><p>liberdade do acusado.</p><p>■ Será possível ajuizar Reclamação</p><p>Constitucional ao STF58 e impetrar</p><p>mandado de segurança, se o que</p><p>estiver sendo tutelado for o próprio</p><p>acesso do defensor/advogado aos</p><p>autos.</p><p>● Retrospectividade</p><p>○ Conceito: manifestação do próprio poder</p><p>de polícia judiciária que cumpre um viés</p><p>repressivo. Assim, o olhar é retrospectivo.</p><p>Porém, isso não significa que não possam ser</p><p>tomadas medidas prospectivas, de modo</p><p>que isso faz presente quando se visualiza</p><p>colaboração premiada (art 4º, III, Lei 12.850)59.</p><p>● Caráter unidirecional (característica</p><p>controvertida)</p>