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<p>A INTERPRETAÇÃO DOS</p><p>SONHOS</p><p>AULA 7</p><p>Profª: Juliana dos Santos Lourenço</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Essa aula pretende levantar algumas reflexões sobre a disciplina A</p><p>Interpretação dos Sonhos, a fim de que possamos nos aprofundar sobre os</p><p>principais temas que Freud desenvolveu em seu livro.</p><p>Sabemos que para Freud o sonho é a via régia do inconsciente, e foi</p><p>através da análise dos sonhos que ele pode conceber toda a sua formulação a</p><p>respeito do aparelho psíquico.</p><p>O interesse de Freud pelos sonhos decorreu de seus atendimentos</p><p>clínicos, onde os pacientes por associação livre narravam com frequência os</p><p>seus sonhos, despertando a aguçada curiosidade de Freud, que passou a</p><p>depreender uma análise minuciosa dos sonhos relatados em busca do</p><p>verdadeiro sentido dos sonhos para o sonhador.</p><p>Assim, o livro A interpretação dos sonhos teve a sua publicação oficial em</p><p>1900, e trouxe um profundo estudo acerca das teorias dos sonhos e, é onde</p><p>Freud apresenta pela primeira vez os processos inconscientes, conscientes e</p><p>pré-conscientes do aparelho psíquico. Contudo, vale a pena lembrar que a obra</p><p>que temos hoje não é a original, pois Freud até 1930 a cada nova edição incluía</p><p>novas notas, alterava conteúdos e até excluía certas teorias que caiam por terra.</p><p>Hoje, no meio psicanalítico e científico A interpretação dos Sonhos tem</p><p>um grande reconhecimento, mas, nem sempre foi assim. Nos dois primeiros</p><p>anos de sua publicação foram vendidos apenas 228 exemplares, e só após oito</p><p>anos da tiragem foi que alcançou vender os 600 livros de sua edição. Porém</p><p>Freud nunca abriu mão de sua descoberta e seguiu defendendo a importância</p><p>da interpretação dos sonhos como método da psicanálise.</p><p>A Interpretação dos Sonhos representa o marco inicial da psicanálise, pois</p><p>tudo que foi escrito e publicado antes dele pertence ao período pré-psicanalítico.</p><p>Desse modo, a psicanálise nasceu com a Interpretação dos Sonhos, cuja tese</p><p>sustentada por Freud é que – o sonho é a realização de um desejo inconsciente.</p><p>Trata-se, portanto, de um desejo que não pode ser vivido a luz da consciência,</p><p>pelo qual, ele se encontra nas trevas do esquecimento, retirado da consciência</p><p>por um mecanismo específico – o recalque.</p><p>Assim, Freud lança de forma completamente inédita a ideia de um</p><p>funcionamento psíquico, onde o sonho é uma atividade psíquica que exerce a</p><p>função de realizar os desejos que sofreram censura pela consciência e foram</p><p>recalcados se tornando inconscientes. Desse modo, através dos sonhos tais</p><p>3</p><p>desejos chegam à consciência completamente mascarados, pois só dessa forma</p><p>a censura é ultrapassada.</p><p>A ideia dessa aula é recuperar os principais conceitos apresentados por</p><p>Freud nesta obra inaugural, dando um enfoque ao capítulo VII, onde a primeira</p><p>tópica do aparelho psíquico nos é apresentada e onde Freud nos aproxima da</p><p>formação dos sintomas, visto que eles seguem a mesma lógica dos sonhos, cujo</p><p>objetivo é a realização de um desejo inconsciente.</p><p>TEMA 1 – A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS</p><p>Se antes da Interpretação dos Sonhos (1900), Freud ainda se esforçava</p><p>para colocar seus escritos em termos aceitos pela medicina, a partir da</p><p>publicação de seu livro ele está disposto a romper com esses ares</p><p>neurofisiológicos e mergulhar no campo da recém-parida psicanálise.</p><p>O livro A Interpretação dos Sonhos (1900), foi dividido em sete capítulos,</p><p>onde Freud caminha com os seus leitores de forma gradual até o cerne de sua</p><p>teoria que se encontra no capítulo sete. É importante ressaltar que o capítulo</p><p>sete se categoriza como um dos textos da metapsicologia, visto que nele Freud</p><p>postula um saber inédito e específico da psicanálise.</p><p>Mas antes de nos aprofundarmos no capítulo que mais nos interessa</p><p>precisamos reconhecer a teoria central dos sonhos, e para isso vamos rever o</p><p>sonho paradigmático da psicanálise: o sonho da injeção de Irma.</p><p>1.1 As lições do sonho da injeção de Irma</p><p>O sonho da injeção de Irma foi um sonho sonhado por Freud e analisado</p><p>por ele mesmo. Irma, cujo nome real é Emma Ekstein era uma amiga próxima à</p><p>família de Freud. Ela sofria de dores abdominais e ele a indicou a seu amigo</p><p>otorrinolaringologista Fliess, que na época fazia uma pesquisa, um tanto</p><p>duvidosa, sobre uma possível associação entre as atividades genitais ao</p><p>funcionamento das mucosas nasais. Assim, Fliess prontamente aceitou Irma</p><p>como sua paciente e propôs uma intervenção cirúrgica que resultou ser</p><p>desastrosa e a deixou em estado crítico.</p><p>O sonho da injeção de Irma foi interpretado como uma resposta ao desejo</p><p>de Freud de se desculpar e, também, poder transferir a culpa a Fliess. Mas Freud</p><p>salienta que no sonho existe uma motivação maior que a do pré-consciente, e</p><p>para pensar no desejo onírico (o desejo inconsciente do sonho) é</p><p>4</p><p>necessário se ater aos afetos discordantes a essas motivações, pelos</p><p>quais, o que se encontra aí é a culpa de Freud que no sonho está transferida</p><p>a Fliess.</p><p>Outra constatação importante para compreender o método da</p><p>interpretação dos sonhos, é que Irma representava em sua imagem outras três</p><p>mulheres: A figura de uma jovem governanta; a imagem de uma amiga de sua</p><p>paciente que o havia impressionado; e a da sua própria esposa.</p><p>Freud apresenta também a imagem condensada masculina, o Dr. M, que</p><p>foi associado a dois de seus irmãos mais velhos por parte de pai e que</p><p>implicavam com o pequeno Freud. E por último o Dr. M veio a ser associado ao</p><p>próprio pai de Freud. Garcia-Roza (2008, p.75) sublinha a conotação da tríade</p><p>feminina e masculina:</p><p>Enquanto a tríade feminina aponta para o fascínio imaginário</p><p>que tem na figura de Irma sua expressão manifesta, a tríade</p><p>masculina aponta para o lugar da lei, o que no sonho aparece</p><p>sob fórmulas persecutórias do tipo “Aterroriza-me a ideia de ter</p><p>descuidado de algo orgânico”. A tríade serve ainda como</p><p>endereçamento dos ataques agressivos que Freud dirige ao pai</p><p>e que são deslocados para as figuras masculinas do sonho.</p><p>A partir da análise do sonho da injeção de Irma, Freud começa a revelar</p><p>que no inconsciente existe uma lógica racional e que, de fato, pode ser um objeto</p><p>de análise. Contudo, Freud evidencia que há parte analisável que ele denomina</p><p>de umbigo do sonho, ou seja, a parte inalcançável e desconhecida, mas que</p><p>estaria na base do sonho. Garcia-Roza (2008, p. 79) diz assim:</p><p>Contrariamente àqueles que julgavam que a noção de</p><p>inconsciente somente poderia conduzir ao lugar do mistério e do</p><p>irracional, Freud começa a nos revelar, a partir do sonho da</p><p>injeção de Irma, a racionalidade do inconsciente. O que</p><p>aterrorizava Freud não era a irracionalidade do inconsciente,</p><p>mas precisamente a sua racionalidade.</p><p>Portanto, frente ao inconsciente estruturado e desejante, resta-nos,</p><p>como psicanalistas, atentarmos para os desejos dos sonhos.</p><p>TEMA 2 – O TRABALHO DO SONHO</p><p>Ao final da análise do sonho da Injeção de Irma, Freud afirmou que todo</p><p>sonho é a realização de um desejo, mas que não era um desejo entregue ao</p><p>consciente, pois se trata de um desejo inconsciente. No capítulo seis de seu livro,</p><p>5</p><p>ele vai demostrar as diferenças entre os conteúdos conscientes dos sonhos e os</p><p>conteúdos inconscientes.</p><p>Antes de entrar nessas diferenças, vale lembrar que Freud (1900, p.41) já</p><p>havia demonstrado inicialmente que as fontes dos sonhos são quanto: “(1)</p><p>excitação sensoriais externas (objetivas); (2) excitações sensoriais internas</p><p>(subjetivas); (3) estímulos somáticos internos (orgânicos); e (4) fontes de</p><p>estimulação puramente psíquicas.”</p><p>1 – As excitações sensoriais externas são os estímulos do ambiente enquanto</p><p>estamos dormindo (barulho, toque);</p><p>2 – As excitações sensoriais internas são percepções sensórias que nos são</p><p>familiares;</p><p>3 – As de estímulos somáticos internos são aqueles que ocorrem internamente,</p><p>em nosso organismo;</p><p>4 – As</p><p>fontes de estimulação puramente psíquicas são as percepções, afetos</p><p>que tivemos em nossa vida, quando acordados. Nessas Lacan localiza o desejo.</p><p>Portanto, segundo Freud, o sonho é a combinação dessas diversas fontes</p><p>que estão nos pensamentos pré-conscientes que se ligam aos restos diurnos,</p><p>isto é, as ocorrências do dia, e que vão se conectar ao conteúdo latente dos</p><p>sonhos e produzir o conteúdo manifesto no sonho.</p><p>2.1 Conteúdo manifesto e pensamento latente</p><p>Freud inicia o capítulo seis dizendo: “Introduzimos uma nova classe de</p><p>material psíquico entre o conteúdo manifesto dos sonhos e as conclusões de</p><p>nossas investigações: a saber, seu conteúdo latente, ou (como dizemos) os</p><p>pensamentos dos sonhos.”</p><p>O trabalho do sonho é justamente este: transformar o pensamento</p><p>latente do sonho em conteúdo manifesto. Ou seja, nos sonhos o primeiro</p><p>registro (consciente), não é nada menos que o substituto do segundo</p><p>(inconsciente). Dessa forma, Freud faz a seguinte distinção:</p><p>Conteúdo manifesto: é a lembrança do sonho, aquilo que o sonhador tem</p><p>acesso, ou seja, as recordações do sonho ao despertar. Esta lembrança, toda</p><p>via, é um substituto distorcido daquilo que se encontra inconsciente e que é o</p><p>material que verdadeiramente importa para a psicanálise: o pensamento latente.</p><p>6</p><p>Pensamento latente: é a matéria-prima dos sonhos, isto é, o desejo</p><p>inconsciente. O sonhador não tem acesso direto a esse conteúdo, a única via de</p><p>acesso a ele é pelo conteúdo manifesto.</p><p>O trabalho de interpretação vai no sentido contrário do trabalho do sonho,</p><p>ou seja, enquanto o ultimo transforma o pensamento do sonho em conteúdo</p><p>manifesto, o primeiro toma o conteúdo manifesto para alcançar o pensamento</p><p>latente do sonho.</p><p>Trabalho do sonho: Pensamento latente >>> conteúdo manifesto.</p><p>Trabalho de interpretação: conteúdo manifesto >>> pensamento latente.</p><p>O conteúdo manifesto representa uma distorção do pensamento latente,</p><p>mas isso não significa que ele seja uma degradação do pensamento latente,</p><p>como nos indica Garcia-Roza (2008, p.86):</p><p>O caráter distorcido, deformado e desconexo presente no</p><p>conteúdo manifesto não decorre de uma degradação ou de um</p><p>desgaste de um material original; na deformação do sonho</p><p>manifesto reside precisamente a sua eficiência, ele não é</p><p>deficiente em relação aos pensamentos latentes, sua eficiência</p><p>se faz por caminhos diferentes.</p><p>Portanto o conteúdo manifesto dos sonhos diz respeito a uma carta</p><p>enigmática, onde as palavras são substituídas por imagens, que são uma</p><p>desfiguração dos pensamentos latentes. Nesse sentido, o método proposto</p><p>por Freud na interpretação do sonho é o de decifração onde o sonho é</p><p>tomado por seus elementos separadamente e não pela sua totalidade.</p><p>2.2 A censura do sonho</p><p>O trabalho de interpretação não ocorre de forma suave em direção ao</p><p>pensamento latente, pois logo de cara o analista se depara com as resistências</p><p>do eu, que já havia censurado esse conteúdo e recalcado. Nesse sentido, Freud</p><p>declara que quanto maior a resistência, maior se mostra a proximidade entre o</p><p>conteúdo manifesto e o desejo inconsciente.</p><p>A censura se localiza na fronteira entre o inconsciente e consciente, nada</p><p>passa à consciência sem passar pelo seu crivo. Portanto, a censura é</p><p>responsável por passar à consciência somente o que lhe convém, já o que não</p><p>passa por ela fica reprimido.</p><p>7</p><p>Ocorre que, durante o sono a censura tem uma baixa, permitindo que o</p><p>conteúdo reprimido escape pela formação dos sonhos. É então nessa hora que</p><p>o conteúdo manifesto consegue superar a censura imposta durante o estado de</p><p>vigília. Então, veja que em oposição a interpretação do sonho encontramos:</p><p>1 – A censura que parte do ego e impede o pensamento latente chegar a</p><p>consciência. É pela censura que o pensamento latente é deformado.</p><p>2 – A resistência é tudo aquilo que impede a continuação do trabalho</p><p>analítico, são fatores externos que ganham força exacerbada para impedir</p><p>que o trabalho continue.</p><p>2.3 Condensação e Deslocamento</p><p>Freud (1900) sublinha que os sonhos são curtos, insuficientes e lacônicos</p><p>se comparados à riqueza dos pensamentos oníricos que precipitam muitos</p><p>outros elementos. Do mesmo modo, ele destaca que aquilo que surge no</p><p>conteúdo manifesto e parece sem relevância, ao chegar ao pensamento latente,</p><p>vê-se que se tratava do ponto fundamental. Portanto o sonho tem foco diferente</p><p>do pensamento onírico.</p><p>Assim, a esses mecanismos dos sonhos Freud nomeou de condensação</p><p>e deslocamento, cuja compreensão desses processos se torna imprescindível</p><p>para o trabalho de interpretação.</p><p>Por ação do mecanismo de condensação, o pensamento latente aparece</p><p>compactado no conteúdo manifesto, ou dito de outro modo, o pensamento</p><p>latente surge condensado no conteúdo manifesto. Assim, o conteúdo manifesto</p><p>é sempre uma visão distorcida do pensamento latente. Garcia-Roza (2008, p.93)</p><p>salienta três formas de operação da condensação:</p><p>1 – Omitindo determinados elementos dos pensamentos latentes;</p><p>2 – Permitindo que apenas um fragmento do conteúdo latente apareça no sonho</p><p>manifesto;</p><p>3 – Combinando vários elementos do conteúdo latente que possuem algo em</p><p>comum num único elemento do conteúdo manifesto.</p><p>Como vimos anteriormente no sonho de Irma, onde a imagem dela</p><p>representava pelo menos três pessoas condensadas no sonho de Freud.</p><p>8</p><p>Há outros modos do mecanismo de condensação se presentificar, sendo</p><p>um deles no chiste, como nos indica Garcia-Roza (2008), onde há uma</p><p>produção de significação cujo efeito chistoso é resultado do inantecipável e do</p><p>imprevisível dessa significação.</p><p>O deslocamento representa um mecanismo que opera realizando</p><p>mudanças de um lugar para outro, ou seja, ele substitui os pensamentos</p><p>mais significativos do pensamento latente por pensamentos acessórios,</p><p>dessa forma, ele desfoca a intencionalidade do sonho, pelo qual a</p><p>realização do desejo fica dissimulada.</p><p>Lacan, ao abordar a teoria de deslocamento e condensação, vai dar uma</p><p>nova leitura a partir da linguística, pelo qual, o sonho é uma escrita e funciona</p><p>pelas mesmas leis da linguagem. Desse modo, em Lacan temos:</p><p>Metáfora: é o que corresponde à condensação.</p><p>Metonímia: é o que corresponde ao deslocamento.</p><p>TEMA 3 – O APARELHO PSIQUICO</p><p>A partir de agora abordaremos um texto da metapsicologia freudiana, pois</p><p>como já havíamos mencionado, trata-se de um dos textos fundamentais da</p><p>psicanálise, pois é onde Freud apresenta pela primeira vez a sua teoria sobre o</p><p>funcionamento do aparelho psíquico.</p><p>No capítulo sete Freud apresenta a estrutura e a função do aparelho</p><p>psíquico, contudo, essa elaboração não se inicia desde aí, ele já vinha</p><p>formulando suas hipóteses sobre um aparelho que se constitui enquanto</p><p>aparelho de memória e de linguagem desde o texto, pouco lembrado, das</p><p>Afasias (1891), bem como, é possível também encontrar nas correspondências</p><p>a Fliess o processo de elaboração do aparelho psíquico que agora ele apresenta.</p><p>Outro ponto importante que Freud nos faz entender antes de sua</p><p>exposição é que, não podemos identificar os lugares psíquicos com lugares</p><p>anatômicos, usando as suas palavras, diz: “desprezaremos por completo o fato</p><p>de que o aparelho mental em que estamos aqui interessados também nos é</p><p>conhecido sob a forma de uma preparação anatômica” e ainda acrescenta:</p><p>“evitarei cuidadosamente a tentação de determinar essa localização psíquica</p><p>como se fosse anatômica”. (Freud, 1900, p.516-17). Nesse ponto podemos</p><p>9</p><p>verificar uma ruptura com o Projeto (1896) que visava localizar uma estrutura</p><p>neuronal no psiquismo.</p><p>Na sequência, Freud estabelece que o aparelho psíquico será tomado</p><p>como um instrumento composto por “instâncias” ou, para ter mais clareza, ele</p><p>diz, “sistemas”.</p><p>Freud destaca que os sistemas que compõem o aparelho psíquico</p><p>possuem uma direção nos processos psíquicos, cujo sentido vai da</p><p>extremidade</p><p>perceptiva à extremidade motora, ou seja, corresponde a um modelo do arco</p><p>reflexo, assim como ele já havia demonstrado no Projeto.</p><p>O primeiro modelo gráfico, conhecido como pente, apresentado por Freud</p><p>(1900, p. 518) é este:</p><p>Apenas as extremidades do aparelho são demonstradas, e apenas a</p><p>direção do processo fica exposta (percepção >> motilidade). Portanto o sistema</p><p>perceptivo se caracteriza pela permeabilidade, mas ela se distingue das marcas</p><p>mnêmicas, pois o sistema perceptivo tem que ficar sempre livre para as próximas</p><p>percepções. Freud demonstra no gráfico seguinte: (p.519)</p><p>Os traços mnêmicos, ou seja, as memórias, são em si inconscientes, mas</p><p>eles podem tornar-se conscientes. Enquanto inconscientes, evidencia Garcia-</p><p>Roza (2008), eles não possuem nenhuma qualidade, posto que esta é uma</p><p>propriedade do sistema percepção-consciência e não do sistema psíquico. No</p><p>W = percepção; M = motilidade</p><p>Er = traço mnêmico; Er, Er’, Er’’ = diferentes sistemas mnêmicos</p><p>10</p><p>esquema seguinte, já alcançamos a compreensão necessária para entender o</p><p>funcionamento do aparelho psíquico. (p.521)</p><p>A partir desse último gráfico, conseguimos vislumbrar a noção completa</p><p>do funcionamento psíquico postulado por Freud. Então temos da esquerda para</p><p>a direita a entrada das percepções, que ficam registradas nas memorias, como</p><p>traços mnêmicos. A novidade começa a partir daí, agora, da direita para a</p><p>esquerda, Freud localiza o sistema pré-consciente-consciente, deste modo o</p><p>pré-consciente pode acender a consciência quando evocado.</p><p>O sistema inconsciente não terá acesso direto a consciência, ele precisa</p><p>passar pelo crivo do pré-consciente. É nele onde se encontram as ideias</p><p>formadoras do sonho que foram censuradas e ficam retidas de modo</p><p>inconsciente, ou seja, fora da consciência, mas não banidas do aparelho</p><p>psíquico.</p><p>O aparelho psíquico não é tão linear quanto aparenta no gráfico, pois a</p><p>consciência ela é posta por Freud nas duas extremidades, isto é, tanto no</p><p>sistema perceptivo quanto no motor. Nesse sentido, a consciência está presente</p><p>na recepção de estímulo quanto na eliminação do estímulo por vias motoras.</p><p>Portanto, ainda que pareça simples esse modelo, a sua dinâmica entre os</p><p>sistemas é bem complexa.</p><p>3.1 A primeira tópica do aparelho psíquico</p><p>A primeira tópica do aparelho psíquico é composta por três sistemas:</p><p>consciente, pré-consciente e inconsciente. No vocabulário de psicanálise de</p><p>Laplanche e Pontalis (2001), encontramos as seguintes definições:</p><p>Sistema consciente: do ponto de vista tópico, o sistema percepção-consciente</p><p>está situado na periferia do aparelho psíquico, recebendo ao mesmo tempo as</p><p>P = percepção; Mn = sistemas mnêmicos; Ics = Sistema inconsciente;</p><p>Pcs = sistema pré-consciente; M = motilidade</p><p>11</p><p>informações do mundo exterior e as provenientes do interior, isto é, as</p><p>sensações que se inscrevem na série desprazer-prazer e as revivências</p><p>mnésicas. (P.93)</p><p>Sistema pré-consciente: estes não estão presentes no campo atual da</p><p>consciência e, portanto, são inconscientes no sentido “descritivo” […] mas</p><p>distinguem-se do conteúdo do sistema inconsciente na medida em que</p><p>permanecem de direito acessível à consciência (conhecimentos e recordações</p><p>não atualizadas, por exemplo). (p.350)</p><p>Sistema inconsciente: do ponto de vista tópico, o inconsciente é constituído por</p><p>conteúdo recalcados aos quais foi recusado o acesso ao sistema pré-consciente-</p><p>consciente pela ação do recalque. (p.235)</p><p>O desejo ao qual o sonho está fortemente vinculado é proveniente do</p><p>inconsciente. Sobre isso Freud (1900, p.53’) é enfático: “um desejo consciente</p><p>só se torna excitador de um sonho se consegue despertar outro desejo</p><p>inconsciente do mesmo teor e dele obter reforço”. Portanto, não é qualquer</p><p>desejo que tem o poder de produzir um sonho numa pessoa adulta. Garcia-Roza</p><p>(2008) explica que um desejo diurno que permaneceu insatisfeito pode, quando</p><p>muito, contribuir para o induzimento de um sonho, mas será incapaz, ele apenas,</p><p>de produzir um sonho.</p><p>Os desejos inconscientes são aqueles que foram recalcados, de</p><p>origem infantil, por isso eles se manterão no psiquismo imutáveis e</p><p>indestrutíveis, pois segundo Freud são desejos que jamais serão</p><p>plenamente satisfeitos.</p><p>O fato de esses desejos serem recalcados, e aqui temos a última novidade</p><p>trazida por Freud, é que se trata de desejos sexuais infantis, onde ele toma o</p><p>mito do Complexo de Édipo para explicar. O Complexo de Édipo foi escrito</p><p>paralelamente a Interpretação do Sonho em correspondência a Fliess, que se</p><p>inicia no Rascunho N e segue adiante em outras cartas.</p><p>Na interpretação dos Sonhos, encontramos na seção D do capítulo V. E</p><p>ainda que não trabalharemos ele nessa aula a fundamentação do Complexo de</p><p>Édipo, não podemos deixar de destacar a importância dele para a descoberta</p><p>psicanalítica:</p><p>12</p><p>Cada pessoa da platéia foi, um dia, um Édipo em potencial na</p><p>fantasia, e cada uma recua, horrorizada, diante da realização de</p><p>sonho ali transplantada para a realidade, com toda a carga de</p><p>recalcamento que separa seu estado infantil do estado atual.</p><p>(Freud 1897, p.200)</p><p>O Complexo de Édipo aparece atrelado à teoria dos sonhos como</p><p>manifestação de um desejo inconsciente infantil e lança luz para o projeto da</p><p>teoria da fantasia e da sexualidade infantil.</p><p>TEMA 4 – OS SONHOS DE ANGÚSTIAS</p><p>Os sonhos de angústia ou pesadelos, parecem não ser explicado pela</p><p>teoria da Interpretação dos Sonhos, onde o sonho é a realização de um desejo.</p><p>Segundo Freud, o pesadelo escapa a tarefa de proteger o sono, mas não foge a</p><p>regra da realização de um desejo inconsciente. Contudo, ele encontrou</p><p>dificuldades para conformizar os sonhos de angústia a sua tese.</p><p>Freud em 1916, em Conferências Introdutórias à Psicanálise, ele faz uma</p><p>revisão em sua teoria do sonho e afirma que os sonhos de angústia seriam uma</p><p>falha na produção onírica, onde o desejo cesurado rompe com a barreira da</p><p>censura e chega à consciência em forma de angústia.</p><p>A observação é a de que os sonhos de angústia exibem muitas</p><p>vezes um conteúdo que prescinde inteiramente da deformação</p><p>e, por assim dizer, escapam à censura. O sonho de angústia é</p><p>muitas vezes a realização desvelada de um desejo; por certo,</p><p>não de um desejo aceitável, e sim de um desejo condenável. Em</p><p>lugar da censura, surge o desenvolvimento da angústia. (Freud</p><p>1916, p. 236)</p><p>Garcia-Roza (2008), nos lembra que Freud não desenvolveu a sua teoria</p><p>do sonho baseada no conteúdo manifesto e sim no desejo onírico. E no caso dos</p><p>pesadelos o que causa angústia é o conteúdo manifesto, que não tem</p><p>compromisso direto com o pensamento latente do sonho.</p><p>Portanto, temos que tomar as referências das divisões do aparelho para</p><p>poder entender que, quando um sonho de angústia é penoso para uma instância</p><p>(Pcs/Cs), para outra instância (Ics) realiza um desejo. O mesmo ocorre nos</p><p>sintomas onde há sempre um ganho econômico (de energia) para uma das</p><p>instâncias.</p><p>13</p><p>No texto Além do princípio de prazer, Freud (1920) evidencia os sonhos</p><p>traumáticos e os distingue dos sonhos de angústia. De fato, os sonhos</p><p>traumáticos não confirmam a sua tese do sonho ser a realização de um desejo,</p><p>pois nesses casos os sonhos representam uma repetição de um trauma vivido</p><p>que não foi elaborado, pelo qual, o sonho é uma tentativa de uma elaboração.</p><p>Para a compreensão dos sonhos traumáticos Knobloch (2005) diz que, o sonho</p><p>que não realiza o desejo inconsciente, mas ao invés disso repete situações</p><p>desprazerosas para todas as instâncias, repete na tentativa de se ligar a um</p><p>objeto de satisfação na vida mais ampla do psiquismo. É um sonho que não</p><p>protege o sono, mas o rompe. Um fato importante, que não podemos deixar</p><p>passar, é que nos sonhos traumáticos, diferente dos sonhos de angustia que se</p><p>trata de um desejo recalcado, eles não são recalcados, pois o traumático é</p><p>exatamente uma falta de uma representação psíquica. Nesse sentido, os sonhos</p><p>traumáticos obedecem a lei da pulsão de morte.</p><p>O desejo ao qual Freud nos remete, não podemos esquecer, é um desejo</p><p>que não da ordem biológica, de uma necessidade, na verdade o que ele confirma</p><p>com a sua tese é a realização de um desejo simbólico.</p><p>TEMA 5 – O SONHO E SUA RELAÇÃO COM O SIGNIFICANTE EM LACAN</p><p>Lacan (1957), retomou a questão da interpretação dos sonhos no texto: A</p><p>instância da letra no inconsciente, onde faz uma importante contribuição para a</p><p>clínica ao nos remeter a ideia de que o sonho é uma linguagem de uma escrita</p><p>psíquica, cujas imagens não devem ser consideradas em seu valor de imagem,</p><p>mas em seu valor significante: “Essa estrutura de linguagem que possibilita a</p><p>operação da leitura está no princípio da significância do sonho, da</p><p>Traumdeutung”.</p><p>Ou seja, para Lacan a interpretação do sonho visa transcender a</p><p>linguagem em seu sentido cristalizado, pelo qual, a univocidade da palavra não</p><p>pode ser sustentada, já que a apropriação da linguagem se constitui de forma</p><p>singular. RavizziniI e Baldin (2021), declaram em seu artigo assim:</p><p>Lacan insiste em dizer que se pretendemos respeitar a</p><p>descoberta freudiana do inconsciente não é possível</p><p>concebermos uma interpretação que vise a completude do</p><p>sentido, pois, tal como nos revela Freud, o inconsciente só se</p><p>faz ouvir como a parte do discurso imune ao advento da palavra</p><p>- há algo que escapa a qualquer compreensão e evidencia a</p><p>inadequação entre o homem e o mundo, entre as palavras e as</p><p>coisas.</p><p>14</p><p>Portanto, o sonho é a parte que escapa do discurso, nesse sentido, a</p><p>interpretação não visa uma explicação, mas uma construção em análise que</p><p>aponta para a singularidade do sujeito.</p><p>A interface com a linguística dá aos ensinos de Lacan substâncias para</p><p>justificar a leitura do inconsciente estruturado como uma linguagem. Contudo,</p><p>ele evidencia que um significante não consegue abranger a totalidade do</p><p>significado, pois ele se encontra isolado como uma letra, que sozinha não tem</p><p>um sentido, mas em um conjunto se produz um dizer. Dessa forma, RavizziniI e</p><p>Baldin (2021), afirmam que “estaremos iludidos quanto à natureza da linguagem</p><p>se não situarmos o significante em sua devida função.”</p><p>Portanto, a imagem não porta sua significação, mas ela articula uma rede</p><p>de significantes que, pela sua relação de oposição, vai constituindo o significado</p><p>do sonho. Dessa forma, para Lacan dizer que a fumaça é signo do fogo não é</p><p>suficiente. Pois, ele nos ensina que precisamos ouvir o ser que fala para</p><p>alcançarmos o signo.</p><p>A fumaça bem pode ser também o signo do fumante. E mesmo</p><p>ela o é sempre, por essência. Não há fumaça senão como signo</p><p>do fumante. Todos sabem que, se vocês veem uma fumaça no</p><p>momento em que abordam uma ilha deserta, vocês dizem logo</p><p>para si mesmos que há todas as chances que lá haja alguém</p><p>que saiba fazer fogo. Até nova ordem, será um homem. O signo</p><p>não é portanto signo de alguma coisa, mas de um efeito que é</p><p>aquilo que se supõe, enquanto tal, de um funcionamento do</p><p>significante. Este efeito é o que Freud nos ensina, e que é o</p><p>ponto de partida do discurso analítico, isto é, o sujeito (Lacan,</p><p>1972, p. 68).</p><p>Portanto, a lição dada por Lacan na análise do sonho é que o tomemos a</p><p>partir dos seus furos, pelo qual, a interpretação dada em um trabalho de análise</p><p>deve ir na direção de sustentar o sonho à sua função delimitadora do furo que</p><p>nos é inerente.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Em nossa prática clínica os sonhos serão elementos de análise. Eles</p><p>devem ser ouvidos assim como os sintomas e ato-falhos. Os sonhos contêm</p><p>elementos inconscientes, ainda que pareça não ter relação nenhuma com o que</p><p>o analisante diz.</p><p>15</p><p>Os sonhos surgem quando a barreira de recalque dá uma relaxada, mais</p><p>ou menos o que ocorre quando o sujeito se embebeda e o seu juízo já se</p><p>encontra relaxado, no sono ocorre o mesmo, o juízo já não se encontra com tanta</p><p>rigidez, e o conteúdo inconsciente aproveita para alcançar a consciência de</p><p>forma mascarada, para enganar a consciência.</p><p>No segundo sonho de Dora, retomado por Lacan (1954), ele evidencia os</p><p>elementos obscuros e enigmáticos que Freud deixou escapar. Trata-se da</p><p>pergunta central de sua paciente sobre o que quer uma mulher. Lacan evidencia</p><p>que que Freud ficou preso a sua ideia de interpretar a posição do pai em</p><p>contraposição à sua filha, e na relação inerente a ela. O próprio Freud</p><p>reconheceu o seu mal posicionamento em uma nota de rodapé.</p><p>Assim, não se trata de alcançar uma nova interpretação sobre os textos</p><p>de Freud, o que Lacan chama a atenção e que é imprescindível, é para que</p><p>tomemos o texto de um sonho como um escrito sagrado, respeitando aquilo que</p><p>nos é dirigido. E ainda que esta também tenha sido a postura de Freud, Lacan</p><p>alcança um ponto onde Freud não alcançou, pois nos momentos onde o paciente</p><p>para, onde não há fala, aí deve seguir a análise, pois há uma verdade do sujeito</p><p>para ser dita. Para entendermos, trago um recorte do sonho de Dora, descrito no</p><p>artigo das autoras RavizziniI e Baldin (2021):</p><p>No sonho, Dora encontra uma carta da mãe que lhe comunica a respeito</p><p>da morte do pai com as seguintes palavras: "Agora ele está morto e, se você</p><p>quiser, pode voltar". Ela está perdida, caminha a esmo por uma cidade estranha</p><p>e não encontra a estação. Embora tenha perguntado por ela diversas vezes, é</p><p>tomada por uma angústia de imobilidade. Chega ao apartamento e todos já</p><p>estavam no cemitério. Em seguida, sobe ao quarto e vai ler um livro. Dora não</p><p>segue em direção ao pai. Detém-se diante de um escrito e, em suas</p><p>associações, descreve através de suas lembranças como permanecera absorta</p><p>diante da imagem da Madona Sistina. Ao ser indagada por Freud</p><p>(1905[1901]/1976) sobre o que a fascinara tanto no quadro, as palavras lhe</p><p>escapam. Um vazio lhe vem à memória. Enfim, lhe responde: "a Madona!"</p><p>(Freud, 1901-1905/1976). Perante tal fascinação, o que Dora de fato quer?</p><p>Do sonho, Lacan (1954-1955/1985) nos instiga a lê-lo a partir de seus</p><p>furos e ressalta o quanto Dora está capturada pelo mistério da feminilidade. Ali</p><p>o feminino se entreabre para um ponto de não reconhecimento, de suspensão</p><p>radical do sentido, e aponta para a questão do elemento não interpretável que</p><p>16</p><p>assim se apresenta: um nó no dizível, o umbigo que nenhum significante é capaz</p><p>de esclarecer e o que faz faltarem as palavras.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Tema 1 – A interpretação dos Sonhos: fizemos uma breve apresentação da obra</p><p>e destacamos os pontos chaves do sonho paradigmático da psicanálise: A</p><p>injeção de Irma.</p><p>Tema 2 – O trabalho do sonho: estabelecemos o modo como os sonhos operam,</p><p>distinguimos o conteúdo manifesto do pensamento do sonho; a censura do</p><p>sonho e os mecanismos de deslocamento e condensação.</p><p>Tema 3 – O aparelho psíquico: vimos o primeiro modelo topológico do psiquismo</p><p>apresentado por Freud.</p><p>Tema 4 – O sonhos de angustia: apresentamos o modo como Freud estabeleceu</p><p>que os sonhos de angústia ou pesadelos não contradizem a teoria dos sonhos,</p><p>pois há sempre uma instância que se satisfaz no sonho.</p><p>Tema 5 – O sonho e sua relação com o significante em Lacan: finalizamos com</p><p>a leitura de Lacan sobre a interpretação dos sonhos, onde ele aponta para a</p><p>verdade singular do sujeito no sonho.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Absáber, T. O sonhar restaurado: formas de sonhar em Bion, Winnicott e</p><p>Freud. São Paulo: Editora 34, 2005.</p><p>Garcia-Roza. L.A. Introdução a metapsicologia freudiana. A interpretação dos</p><p>sonhos. Vol II. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.</p><p>Freud, S. (1900). A interpretação dos sonhos. Edição comemorativa 100 anos.</p><p>Rio de Janeiro: Imago, 2001.</p><p>Freud, S. (1916). Conferências introdutórias à psicanálise. In obras completas,</p><p>v. XIII. São Paulo: Companhia das Letras. 2014</p><p>Laplanche e Pontalis. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes,</p><p>2001.</p><p>Lacan, J. (1954). O seminário, livro 2: o eu na teoria de Freud e na técnica da</p><p>psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.</p><p>Lacan, J. A (1957) instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud.</p><p>In, Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.</p><p>17</p><p>RAVIZZINI, Simone e BALDIN, Talita. A interpretação dos sonhos e sua relação</p><p>com o significante: um achado que implica a dimensão da perda. Tempo</p><p>psicanal. [online]. 2021, vol.53, n.1 [citado 2023-02-21], pp. 58-83 . Disponível</p><p>em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-</p><p>48382021000100003&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0101-4838.</p><p>Conversa inicial</p><p>1.1 As lições do sonho da injeção de Irma</p><p>2.1 Conteúdo manifesto e pensamento latente</p><p>2.2 A censura do sonho</p><p>2.3 Condensação e Deslocamento</p><p>3.1 A primeira tópica do aparelho psíquico</p><p>Na prática</p><p>FINALIZANDO</p>