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<p>Alto Contraste A- A+ Imprimir INCAPACIDADE, DEFICIÊNCIA E FUNCIONALIDADE Aula 1 A FUNCIONALIDADE E os COMPONENTES DA SAÚDE DO IDOSO A funcionalidade e os componentes da saúde do idoso Olá, estudante! Esperamos encontrá-lo bem. Nesta videoaula estudaremos a importância da avaliação funcional do idoso e suas ferramentas para avaliá-la. Esses conteúdos são importantes para sua prática profissional, pois a incapacidade funcional é o fator mais impactante na qualidade de vida dos idosos. Portanto, conhecer as ferramentas é imprescindível para avaliar as incapacidades e promover saúde dessa população.</p><p>Ponto de Partida O aumento progressivo e acelerado de idosos no mundo constitui um processo de transição demográfica, no qual as projeções estatísticas apontam que, em 2050, o Brasil terá a sexta maior população de idosos do mundo. Junto com essa transição também enfrentamos o aumento das doenças e agravos relacionados ao envelhecimento, tornando-se um problema de saúde pública devido aos altos custos gerados aos serviços de saúde. objetivo primordial do envelhecimento é o aumento da expectativa de uma vida saudável e com qualidade. Em relação à promoção do envelhecimento, o maior desafio dos profissionais de saúde é prevenir incapacidades e evitar o agravamento daquelas previamente instaladas, para que, assim, essa população possa suas possibilidades de viver com a máxima qualidade possível. Enquanto futuros técnicos em gerontologia, como poderemos atuar para garantir qualidade na assistência e, principalmente, para produzirmos ações efetivas e capazes de modificar a realidade?</p><p>funcional do idoso sobre diferentes aspectos: cognitivo, emocional, comportamental e competência física. O conteúdo foi organizado para que você tenha uma formação de destaque e alinhada com o mercado de trabalho. Bons estudos! Vamos Começar! Nas últimas décadas, o Brasil e o mundo vivenciam importantes mudanças nos padrões demográficos e de saúde que, entre várias consequências, conduz ao progressivo aumento da população idosa. Segundo o último censo divulgado em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais no país chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% comparando-se a 2010. O índice de envelhecimento passou de 30,7, em 2010, para 55,2, em 2022, indicando que há 55,2 pessoas com mais de 65 anos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Apesar do fato de as pessoas viverem por mais anos ser considerado um triunfo da humanidade, um ponto de reflexão levantado é: Será que a maior longevidade está relacionada com um aumento na qualidade de vida (QV)? Essa reflexão tem sido alvo de intensa preocupação nos diferentes níveis de saúde em relação às incapacidades que acompanham o envelhecimento fisiológico, prejudicando a independência dos idosos, inclusive nas atividades de vida diárias (AVD). Funcionalidade O envelhecimento é um processo natural da vida, e, à medida que avançamos em idade, é essencial promover a funcionalidade para</p><p>necessárias para conservar sua autonomia e independência. É vista como um item primordial na atenção à saúde do idoso, uma vez que expande o campo e a visão acerca do processo de avaliação saúde- doença. A funcionalidade pode ser avaliada considerando dois aspectos: atividades instrumentais de vida diária (AIVD) e atividades básicas de vida diária (ABVD). As AIVD correspondem às ações mais complexas que se referem à capacidade de ter independência na sociedade, tais como: fazer compras, usar o telefone, dirigir, usar transporte coletivo, manusear o próprio dinheiro ou administrar seus remédios. Já as ABVD são aquelas relativas ao autocuidado, como banhar-se, vestir-se, alimentar-se, caminhar da sala para a cozinha ou transferir-se da cama para a cadeira. Dessa forma, a avaliação da capacidade funcional tornou-se fundamental para a elaboração das condutas terapêuticas, visando à individualidade e, assim, possibilitando o melhor acompanhamento da situação clínica funcional do idoso, uma vez que fornece dados fundamentais para a assistência multiprofissional, que pode minimizar ou evitar a perda da capacidade funcional e prevenir complicações. Uma boa funcionalidade proporciona aos idosos melhor qualidade de vida, aumentando a autoestima e reduzindo a dependência de outros indivíduos para executar tarefas básicas. Além disso, a funcionalidade está diretamente relacionada à prevenção de doenças e à promoção do envelhecimento ativo. Por isso a avaliação funcional dos idosos é necessária, pois já existe evidência da relação entre a redução de medidas funcionais e o desenvolvimento da síndrome da fragilidade do idoso. A avaliação funcional procura observar em qual nível as doenças ou os agravos impedem a execução das atividades do dia a dia de forma independente e autônoma, isto é, sem o auxílio de outra</p><p>idoso. Existem algumas ferramentas utilizadas para avaliação da funcionalidade (avaliação de ABVD e AIVD), em que podem ser utilizados como instrumentos os seguintes questionários: Índice de Katz, Escala de Lawton, Escala de Barthel, entre outros. Os instrumentos de avaliação de equilíbrio/quedas também auxiliam na avaliação da funcionalidade, sendo eles o Timed Up and Go (TUG), Índice de Tinetti e a Escala de Berg, testes que iremos estudar mais adiante. Siga em Frente... Avaliação funcional Segundo a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), os idosos compõem um grupo de maior vulnerabilidade e, por isso, é necessária a incorporação de ferramentas, principalmente, no que tange à atenção básica, para melhoria da qualidade e resolutividade da atenção. Para isso, é importante uma abordagem multidimensional, com instrumentos técnicos, para avaliação funcional e psicossocial e o rastreio de fatores de risco a eventos adversos, bem como o desenvolvimento de ações preventivas ou curativas em tempo hábil. A capacidade funcional é um importante parâmetro de avaliação e de intervenção na população idosa, principalmente quando buscamos um envelhecimento ativo. Isso porque a incapacidade funcional provoca grande impacto na vida do idoso, seja ela de natureza física e/ou mental, podendo ocasionar o aumento da morbimortalidade e o risco de hospitalização e permanência em instituições de longa permanência, gerando sobrecargas sociais e</p><p>precoce a limitação funcional, além de prevenir eventos adversos, como incapacidade e quedas nessa população. Podemos definir a avaliação funcional como um meio para avaliar, de forma objetiva, a capacidade de um indivíduo de desenvolver função ou atividade específica com habilidades variadas para desenvolver funções da vida cotidiana, atividades de lazer, interações sociais e outras funções do dia a dia, ou seja, a capacidade de uma pessoa de realizar ou não atividades para seu autocuidado, atividades em sua volta, considerando a necessidade de ajuda parcial ou total. Testes de funcionalidade As ferramentas são uma boa opção para avaliar tanto o grau de funcionalidade como a evolução do caso, além da capacidade e riscos do idoso. Vários são os instrumentos utilizados para classificar o grau de dependência desse idoso. Vamos exemplificar alguns deles, porém podem ser encontrados outros na literatura. Escala de Barthel: Avalia a capacidade do idoso de desempenhar determinadas tarefas de forma independente para a realização de dez atividades básicas de vida: comer; higiene pessoal; vestir-se e despir-se; controle dos esfíncteres; deambular; passagem da cadeira para a cama; subir e descer escadas. O questionário pode ser realizado ao sujeito, amigos/familiares e enfermeiros. Consideram-se a observação direta e o juízo clínico como valências importantes. Escala de Lawton e Brody: Avalia o nível de independência na realização das atividades instrumentais de vida diárias. O questionário é aplicado diretamente aos idosos ou aos seus cuidadores. As atividades avaliadas são: usar o telefone; fazer</p><p>tratar de assuntos financeiros. Índice de Katz: Avalia as competências de funcionamento por meio da observação direta da pessoa idosa. O questionário é aplicado ao sujeito, aos familiares ou cuidadores. Esse instrumento avalia a independência em seis tarefas de autocuidado: banho; vestir-se; utilização do banheiro; mobilidade; continência e alimentação. OARS (Older Americans Resources and Services. Multidimensional Functional Assessment Questionnaire): Este questionário avalia capacidade multifuncional do idoso, e é dividido em duas partes: uma que permite a avaliação funcional multidimensional (recursos sociais e econômicos, saúde mental e física, atividades de vida diária); e uma segunda parte que avalia a utilização e necessidade percebida de serviços. Essas dimensões podem ser utilizadas em conjunto ou separadamente. GPM (Geriatric Pain Mesure): Avalia o impacto da dor na funcionalidade e qualidade de vida do idoso. O questionário é respondido diretamente pela pessoa idosa ou mediante entrevista. Avalia a dor e o impacto que esta tem no humor, nas atividades de vida diária e ainda na qualidade de vida do sujeito. Os itens da GPM estão agrupados em cinco subescalas: intensidade da dor; descomprometimento; dor na deambulação; dor nas atividades vigorosas e dor em outras atividades. MMSE (Mini-Mental State Examination): Avalia o declínio cognitivo global, como o rastreio. É um instrumento de autorresposta ou realizado mediante entrevista. São 30 itens divididos em seis domínios cognitivos: orientação espacial; retenção; atenção e cálculo; evocação; linguagem; habilidade construtiva.</p><p>saúde e é composta por 30 itens na versão completa e 15 itens na versão reduzida. Apresenta questões com duas alternativas de resposta (sim ou não). As respostas que sugerem a existência de depressão correspondem a um ponto; a soma da pontuação corresponde a: sem depressão, depressão ligeira, depressão grave. Como você pôde perceber, os instrumentos apresentados abordam aspectos cognitivos, emocionais, comportamentais e a competência física. Assim, quando esses instrumentos são aplicados em conjunto, são capazes de descrever a funcionalidade e qualidade de vida do idoso. Muitos dos instrumentos são direcionados para a capacidade do indivíduo de realizar ou não as atividades de vida diária. Mas precisamos pensar que alguns idosos podem experimentar sentimentos de desânimo, depressão até déficit cognitivo. Essas condições podem levar o sujeito a não querer ou a não cumprir tais atividades, por desmotivação (sintomatologia depressiva ou ansiosa). Portanto, os instrumentos devem avaliar três grandes dimensões: funcional, cognitiva e emocional. Outro ponto importante é que alguns instrumentos nos permitem também considerar a perspectiva do cuidador/familiar, porque o cuidador é o sujeito que acompanha o idoso a maior parte do tempo, sendo imprescindível sua escuta e seu olhar, principalmente, quando o idoso apresenta algum déficit cognitivo. Vamos Exercitar? Falamos que um dos grandes desafios do aumento acelerado da expectativa de vida é lidar com os problemas relacionados ao envelhecimento, como o aumento de doenças e agravos que acompanham essa população. Por isso um dos grandes desafios</p><p>Com isso, levantamos a questão sobre como podemos atuar para garantir qualidade na assistência e, principalmente, para produzirmos ações efetivas e capazes de modificar essa realidade. Conforme estudamos, a capacidade funcional é um importante parâmetro de avaliação e de intervenção na população idosa, principalmente quando buscamos um envelhecimento ativo, permitindo que as pessoas percebam o seu potencial para o bem- estar físico, social e mental ao longo do curso da vida. Desse modo, é importante conhecermos as diferentes ferramentas disponíveis com o objetivo de avaliar, de forma precoce, tanto o grau de funcionalidade como a evolução do caso, além da capacidade e dos riscos para o idoso, para prevenir eventos adversos, como incapacidade e quedas nessa população. Saiba Mais Para uma intervenção mais precisa, é necessário conhecer ferramentas que nos permitam uma avaliação clínica da funcionalidade e suas dimensões. Para que você se aprofunde nesse assunto, recomendamos a leitura do artigo Instrumentos de avaliação da funcionalidade em idosos validados para a população portuguesa, de Fonseca e Medeiros (2019), que fala sobre os instrumentos de avaliação da funcionalidade em idosos. Além da funcionalidade, a mobilidade também é um importante preditor de incapacidade. Sendo assim, indicamos o artigo Avaliação da funcionalidade e mobilidade de idosos comunitários na atenção primária à saúde, de Silva e colaboradores (2019). Por fim, sugerimos a leitura do artigo Incapacidade funcional em idosos brasileiros: uma revisão sistemática e metanálise, publicado</p><p>Referências FONSECA, A.; MEDEIROS, S. Instrumentos de avaliação da funcionalidade em idosos validados para a população portuguesa. Psicologia, Saúde & Doenças, V. 20, n. 3, p. 711-725, 2019. GAMA, D. E. T.; SILVA, M. A. S.; PIMENTEL, P. H. R. A funcionalidade de idosos institucionalizados: uma revisão integrativa. Eletrônica Acervo Saúde, V. 13, n. 10, 2021. MENEGUCI, C. A. G. et al. Incapacidade funcional em idosos brasileiros: uma revisão sistemática e metanálise. RBCEH, Passo Fundo, V. 16, n. 3, p. 98-124, 2019. REBELO, F. L. et al. Avaliação e fatores associados à incapacidade funcional de idosos residentes em instituições de longa permanência. Conscientiae Saúde, V. 20, n. 1, p. 1-11, 2021. SILVA, A. B. da C. et al. Avaliação funcional de idosos comunitários ativos. Rev. V. 23, n. 1, p. 105-124, 2020. SILVA, L. G. C. et al. Avaliação da funcionalidade e mobilidade de idosos comunitários na atenção primária à saúde. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., V. 22, n. 5, 2019. Aula 2 INCAPACIDADE NA VELHICE: CONHECENDO</p><p>Incapacidade na velhice: conhecendo suas particularidades Olá, estudante! Nesta videoaula iremos estudar a incapacidade funcional e seus impactos sociais. envelhecimento populacional é uma realidade experimentada em todos os países, favorecendo o aparecimento de doenças relacionadas a essa fase e incapacidades, tornando-se um desafio tanto para os profissionais quanto para os outros setores envolvidos. Portanto os conteúdos que iremos trabalhar nesta aula são de suma importância lidar com os desafios de sua profissão. Preparados para essa jornada? Vamos lá! Ponto de Partida O envelhecimento populacional é uma realidade no Brasil e no mundo, que traz mudanças na demografia e no perfil social,</p><p>Dentre as principais mudanças que envolvem e envelhecimento, podemos destacar aquelas que afetam a estabilidade, como diminuição da força e massa muscular, alterações posturais e de equilíbrio, que afetam a marcha, e todos os mecanismos relacionados à mobilidade, predispondo o idoso a quedas. Pesquisas nos mostram que mais de um terço das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos têm uma queda ao ano e, em muitos casos, ela é recorrente. Por isso, há tantas discussões acerca do tema. Agora, convidamos você a refletir: como podemos avaliar de forma integral a pessoa idosa e como utilizar esse recurso para entender os níveis de saúde e as necessidades dessa população? Para ajudá-lo nessa reflexão, iremos tratar de alguns aspectos da funcionalidade e incapacidade e seus fatores de risco. Estudaremos também o impacto social gerado pela incapacidade e passaremos pela avaliação dos aspectos físicos, para, assim, determinar alterações na funcionalidade e estabelecer o diagnóstico, prognóstico e julgamento clínico, importantes para o planejamento do tratamento e cuidados a serem definidos para o idoso. Bons estudos! Vamos Começar! Com o rápido crescimento da população idosa no mundo e no Brasil, observamos uma crescente preocupação com a manutenção da funcionalidade e a prevenção de incapacidades entre os idosos. Isso porque eles são mais suscetíveis à redução do desempenho funcional devido as alterações fisiológicas que acompanham o envelhecimento e, também, em decorrência da alta prevalência de</p><p>Incapacidade funcional A incapacidade funcional é definida pela dificuldade ou incapacidade de realizar atividades básicas de vida diária ou atividades instrumentais de vida diária, seja por problemas físicos ou de saúde. Tal incapacidade gera um desfecho negativo: o indivíduo fica impossibilitado de exercer papéis e atividades na sociedade de maneira independente, causando impactos negativos na saúde dos idosos, tais como risco aumentado de quedas, hospitalização e aumento nos dias de internação. Alguns dos fatores de risco para as incapacidades descritos na literatura são a idade avançada, sexo feminino, multimorbidade, menor nível de escolaridade, menor posição socioeconômica e pior autopercepção de saúde. Além disso, temos o comportamento sedentário como um dos fatores de risco modificáveis, que está associado à incapacidade funcional no idoso, pouco evidenciado na literatura. Conforme as pessoas vão envelhecendo, elas passam mais tempo deitadas ou sentadas, influenciando de forma negativa as capacidades cardiorrespiratórias e aeróbicas, causando perda de massa muscular, além da incidência e agravo das doenças crônicas não transmissíveis e comorbidades. Portanto, poderia associar-se à incapacidade funcional. Incapacidade funcional e impacto social Se analisarmos bem, o envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade, mas também um dos nossos grandes desafios pois, junto com esse crescimento, as demandas sociais e econômicas também aumentam. Conforme os indivíduos envelhecem, as doenças não transmissíveis que acompanham os idosos transformam-se nas principais causas de morbidades,</p><p>voltados ao "envelhecimento ativo". Mas, afinal, o que é envelhecimento ativo? Envelhecimento ativo é processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas (World Health Organization, 2005). Quando analisamos o envelhecimento da população em países desenvolvidos, esse processo foi acontecendo durante décadas e gerações, de forma gradual e acompanhado de crescimento socioeconômico. Já nos países em desenvolvimento, esse processo de envelhecimento está sendo reduzido há duas ou três décadas. E isso deixa claro que, enquanto os países desenvolvidos tiveram tempo para se preparar, tanto com riquezas quanto com programas e políticas, os países em desenvolvimento não. Portanto, diante de tantos desafios que enfrentamos e iremos enfrentar durante o processo de envelhecimento, manter a autonomia e independência tem se tornado meta fundamental para indivíduos e governantes. Siga em Frente... Instrumentos para mensurar a incapacidade funcional Além das ferramentas que estudamos na aula anterior para avaliação da funcionalidade, também temos instrumentos para avaliar o estado físico e, assim, determinar alterações na</p><p>podendo ajudar na atenção básica ao idoso e, assim, prevenir efeitos adversos, como incapacidade funcional e quedas. Então vamos conhecer alguns desses testes? Neste primeiro momento, vamos conhecer o teste Timed Up and Go (TUG), teste muito utilizado no meio científico, sendo um indicador de funcionalidade e preditor de quedas. O teste consiste em levantar-se de uma cadeira, caminhar em um percurso de três metros, virar, caminhar de volta e sentar-se novamente. Quanto menor o tempo utilizado, melhor é o desempenho no teste. Agora vamos para a Escala de Equilíbrio de Berg, que avalia o equilíbrio estático e dinâmico por meio de atividades funcionais, através de 14 tarefas, sendo direcionados para a habilidade do sujeito de sentar-se, ficar de pé, alcançar, girar em volta de si mesmo, olhar por cima de seus ombros, ficar em apoio unipedal e transpor degraus. Temos também o Índice de Tinetti, teste que classifica diversos aspectos da marcha e o equilíbrio em pé por meio de 16 itens, em que nove são para o equilíbrio do corpo e sete para a marcha. O instrumento possibilita diversas ações preventivas, assistências e de reabilitação, pois apresenta importantes implicações na qualidade de vida dos idosos. Já o teste de levantar-se da cadeira e sentar-se, de 30s (TLS30s), é utilizado para avaliar a força máxima dos membros inferiores, sendo um preditivo do risco de quedas e incapacidade funcional, uma vez que esse movimento faz parte de muitas atividades de vida diária. Outro teste similar é o Teste de Sentar-Levantar Cinco Vezes (TSLCV). O TSLCV mede o tempo que o sujeito leva para levantar- se cinco vezes, a partir de uma posição sentada, o mais rapidamente possível. Tempos longos para executar o teste têm sido</p><p>Por fim, temos o teste de Apoio Unipodal (TAU), que avalia o equilíbrio estático do idoso em uma perna É um teste simples e fácil de ser aplicado, com elevada sensibilidade e especificidade para determinar o risco de quedas e examinar a força na musculatura dos membros inferiores. Dessa forma, podemos ter uma dimensão dos principais testes físicos funcionais que podemos utilizar na avaliação da população idosa nas diversas enfermidades. Vamos Exercitar? Como você pôde perceber, o rápido crescimento da população idosa também trouxe desafios a serem enfrentados e uma crescente preocupação com a manutenção da funcionalidade e a prevenção de incapacidades desses indivíduos. Agora que aprendeu a respeito da avaliação física e funcional, você está apto a retomar a reflexão descrita no início da aula sobre como podemos avaliar de forma integral a pessoa idosa e como utilizarmos esse recurso para entender os níveis de saúde e as necessidades dessa população. Então, vamos lá! A avaliação dos idosos inclui não só o diagnóstico das moléstias, mas também uma compreensão quanto aos aspectos funcionais. Estes envolvem, além da saúde física e mental, as condições socioeconômicas e de capacidade de autocuidado, as quais irão revelar o grau de independência funcional do idoso. Uma maneira eficaz para avaliar os idosos e capaz de fornecer informações essenciais para a escolha do melhor tipo de intervenção e monitorização do estado clínico-funcional é através da avaliação física e funcional. Para isso, devemos avaliar o idoso em</p><p>Saiba Mais Para complementar os estudos dos conteúdos trabalhados nesta aula, recomendamos a leitura do artigo Avaliação da capacidade funcional dos idosos e fatores associados à incapacidade, de Barbosa e colaboradores (2014), sobre a avaliação da capacidade funcional dos idosos e fatores associados. A fim de uma maior compreensão acerca da incapacidade funcional e os fatores socioeconômicos e demográficos associados, sugerimos o artigo Incapacidade funcional e fatores socioeconômicos e demográficos associados em idosos, de Brito e colaboradores (2015). Conforme estudamos, o da mobilidade nessa faixa etária também é considerado um importante preditor de saúde, por isso recomendamos a leitura do artigo Relação entre dois testes funcionais: teste de levantar-se e se sentar da cadeira de 30s e time up and go, em que o pesquisador avaliou a relação de dois testes, o de sentar e levantar-se e o Timed Up and Go. Referências Bibliográficas APOSTOLO, J. Instrumentos para avaliação em geriatria. Coimbra: Escola Superior de Enfermagem, 2012. BARBOSA et al. Avaliação da capacidade funcional dos idosos e fatores associados à incapacidade. Ciências & Saúde Coletiva, V. 19, n. 8, p. 3317-3325, 2014. BRITO, K. Q. D. et al. Incapacidade funcional e fatores socioeconômicos e demográficos associados em idosos. Rev. Bras.</p><p>levantar-se e se sentar da cadeira de 30s e timed up and go. PsychTech & Health Journal, V. 6, n. 1, p.36-45, 2022. MELO, T. A. et al. Teste de sentar-levantar cinco vezes: segurança e confiabilidade em pacientes idosos na alta da unidade de terapia intensiva. Rev. Bras. Ter. Intensiva. V. 31, n. 1, p.27-33, 2019. NOGUEIRA, L. V. et al. Risco de quedas e capacidade funcional em idosos. Rev. Soc. Bras. Clin. Méd., V. 15, n. 2, p. 90-93, 2017. SILVA, A. B. da C. et al. Avaliação funcional de idosos comunitários ativos. Rev. V. 23, n. 1, p. 105-124, 2020. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Tradução: Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. Aula 3 BENEFÍCIOS DA INCORPORAÇÃO TECNOLÓGICA EM IDOSOS COM DEFICIÊNCIA Benefícios da incorporação tecnológica em idosos com</p><p>Nesta videoaula estudaremos a avaliação biopsicossocial das deficiências em idosos e suas implicações, além do efeito da inclusão social e tecnológica em idosos com deficiências. Segundo pesquisas, um em cada quatro idosos apresentam alguma deficiência, por isso, capacitar-se em questões relacionadas à deficiência nessa população é tão importante para sua formação, possibilitando a melhora da assistência e, assim, da qualidade de vida dessa população Preparado para essa jornada de conhecimento? Então, vamos lá! Ponto de Partida Já mencionamos que o crescimento da população idosa é um aspecto demográfico experimentado no Brasil e no mundo, e que apresenta complexos desafios. Além da perda de funcionalidades na velhice, outro desafio a ser enfrentado é o aumento da expectativa de vida das pessoas com deficiência. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita em 2019, 17,3 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência, e cerca de 8,5</p><p>Imagine a seguinte situação: como uma instituição de longa permanência (ILP) determinou a abertura de vagas para técnicos em gerontologia, devido ao aumento crescente da demanda na instituição, Fernanda, técnica em gerontologia, candidatou-se e, ao chegar para a entrevista, foi questionada como ela poderia ajudar os idosos que apresentam alguma deficiência na melhora da sua funcionalidade e qualidade de vida. Para iniciar nossos estudos e ajudarmos Fernanda nessa questão, nos aprofundaremos nas questões relacionadas à deficiência na população idosa e em alguns aspectos a serem considerados. Para isso, começaremos definindo a deficiência, depois passaremos para a avaliação biopsicossocial dessa condição e suas implicações, e, por fim, a inclusão social e tecnológica em idosos com deficiência. Vamos lá! Vamos Começar! Segundo os dados divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde (2019), dos 17,3 milhões de pessoas com deficiência no país, quase metade (49,4%) era idosa. A deficiência visual teve o maior percentual (9,2%) nessa faixa etária, seguido da deficiência auditiva (4,3%). Quando analisamos o que é a deficiência, a analista da pesquisa Maíra Lenzi diz: Tendo como referência a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, assim como a Lei Brasileira de Inclusão, entendemos que a deficiência é um conceito em evolução e é composta pela interação de três dimensões principais: os impedimentos, as barreiras e as restrições de participação</p><p>acuidade visual, auditiva ou motora. Isso explica alto percentual de idosos com deficiência (Agência IBGE Notícias, 2021). Deficiência A deficiência é definida como a repercussão imediata da doença sobre o corpo, impondo uma alteração estrutural ou funcional ao nível tecidual ou orgânico. Assim, entendemos a deficiência como uma anormalidade ou perda de uma função corporal, ou de uma parte do corpo, incluindo as funções mentais. É importante ressaltar que a pessoa pode ter uma deficiência apenas ou várias deficiências. Enquanto a incapacidade é a redução ou falta de capacidade de realizar uma atividade num padrão considerado normal para o ser humano, em decorrência de uma deficiência. Vamos conhecer quais são os tipos de deficiência? Para isso, vamos agrupá-las em quatro grupos: visual, auditiva, motora, mental ou intelectual. Essas condições levam o indivíduo a inúmeras consequências e ao desenvolvimento de incapacidades funcionais, como a dificuldade em tomar decisões, realizar as atividades cotidianas e associar informações, ocasionando um impacto negativo na qualidade de vida do idoso. Além das limitações para realizar atividades de vida diária, as pessoas com deficiência enfrentam diversos obstáculos, incluindo barreiras atitudinais, ambientais e institucionais, o que impede sua participação plena e igualitária em todos os aspectos da vida. Siga em Frente</p><p>A avaliação biopsicossocial da deficiência é a forma de identificar os indivíduos que possuem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual e sensorial, considerando os fatores contextuais que interagem com tais impedimentos, obstruindo a sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Nesse contexto, os aspectos que merecem destaque são o da inclusão social e da acessibilidade das pessoas com deficiência, que podem significar a independência nas situações mais rotineiras de sua vida. objetivo da avaliação biopsicossocial das deficiências é facilitar o acesso a políticas públicas por meio da implantação de um sistema estruturado de acesso, multidisciplinar e multiprofissional, valorizando o contexto e a interação da pessoa com deficiência e o seu ambiente. Este é um item importante: a acessibilidade da pessoa deficiente deve ser analisada de acordo com as suas necessidades. Não é possível pensar em um padrão de acessibilidade, porque, conforme estudamos, uma deficiência pode ser física e a outra mental, por exemplo, ou até estarem associadas. Sendo assim, a equipe multidisciplinar deverá considerar na avaliação biopsicossocial: 1. Os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo. 2. Os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais. 3. A limitação no desempenho de atividades. 4. A restrição de participação. Lembre-se: a deficiência é uma experiência resultante da interação entre características corporais do indivíduo e as condições da</p><p>corporal. Esse é o ponto de partida do modelo social. É possível um indivíduo ter lesões e não experimentar a deficiência. Isso depende do quanto a sociedade está preparada para receber a diversidade. Por exemplo, o fato de não conseguir caminhar é expresso na lesão; a deficiência consiste na inacessibilidade imposta a esses indivíduos que utilizam cadeira de rodas. A lesão não é o único fator determinante da deficiência, talvez nem seja o principal. Muitas vezes, idosos em ambientes hostis podem ter a acumulação de pequenas limitações e estas se tornarem grandes deficiências. Inclusão social e tecnológica em idosos com deficiências De acordo com o que aprendemos, o conceito de deficiência é resultante da interação entre as pessoas com limitações e as barreiras atitudinais e ambientais, que podem impedir a plena e efetiva participação desses indivíduos na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais. Alterar essa condição é um dos mais importantes desafios sociais e políticos de nossos dias. Nesse contexto, as tecnologias assistivas (TAs) vêm ao encontro dessa perspectiva: permitir a acessibilidade, promover a inclusão, a participação e o engajamento de pessoas com deficiências, idosos ou com comorbidades incapacitantes. Afinal, o que é tecnologia assistiva? A TA nada mais é que a aplicação de conhecimentos e habilidades relacionados a produtos ou serviços que objetivam manter ou melhorar a funcionalidade e independência do indivíduo,</p><p>São exemplos de produtos assistivos: muletas, próteses, órteses, cadeiras de roda, próteses auditivas, implantes cocleares, bengalas, audiolivros, lupas, dispositivos oculares e os softwares de ampliação de leitura de tela. A TA vem se tornando essencial atualmente para compensar uma deficiência incapacitante, reduzir as consequências do declínio da funcionalidade, minimizar a necessidade de cuidadores, prevenir complicações secundárias e reduzir os custos com a saúde. Desse modo, a inclusão das TAs nos programas de governo é essencial para garantir a acessibilidade, promover a inclusão, a participação e o engajamento das pessoas com deficiência, sejam idosos com declínio na capacidade funcional ou comorbidades incapacitantes. Vamos Exercitar? Falamos que uma ILP determinou a abertura de vagas para técnicos em gerontologia. Devido ao aumento crescente da demanda na instituição, Fernanda candidatou-se e, ao chegar para a entrevista, foi questionada como ela poderia ajudar os idosos que apresentavam alguma deficiência na melhora da sua funcionalidade e qualidade de vida. Conforme estudamos, uso das tecnologias assistivas permite que a acessibilidade promova a inclusão, a participação e o engajamento de pessoas idosas, com deficiências ou com comorbidades incapacitantes. Elas constituem um mecanismo essencial para compensar uma deficiência incapacitante ou a perda da capacidade intrínseca, reduzir as consequências do declínio gradual da funcionalidade, minimizar a necessidade de cuidadores, prevenir</p><p>Desse modo, o técnico em gerontologia que atua em uma ILP deve buscar, conjuntamente com a equipe multidisciplinar, se aprofundar no uso das tecnologias assistivas para a melhora das incapacidades funcionais e, assim, da qualidade de vida dessa população. Saiba Mais A fim de nos aprofundarmos no contexto da deficiência e conhecermos mais as tecnologias assistivas para a população idosa com deficiência, convidamos você a ler os artigos: Fatores de proteção e risco na funcionalidade em adultos e idosos com deficiência, Contextos clínicos, de Marques (2019), e Tecnologia assistiva e deficiência: avaliação clínica e resultados funcionais, de Imamura (2019). Para saber mais a respeito da vulnerabilidade que idoso com deficiência apresenta, não só na parte física mas social, recomendamos o artigo Idosos com deficiência física: vulnerabilidades em relação ao corpo, ambiente físico e social, de Martins e colaboradores (2020). Referências AMARAL, F. L. J. et al. Fatores associados com a dificuldade no acesso de idosos com deficiência aos serviços de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, V. 17, n. 11, p. 2991-3001, 2012. GIRONDI, J. B. R. et al. Rede de suporte social e tecnologias de cuidado para idosos com deficiência. Enferm. em Foco, V. 11, n. 1, p. 81-86, 2020. IMAMURA, M. Tecnologia assistiva e deficiência: avaliação clínica e resultados funcionais. Acta Fisiatr., V. 26, n. 2, p. 119-122, 2019.</p><p>MARQUES, M. A. Fatores de proteção e risco na funcionalidade em adultos e idosos com deficiência. Contextos Clínicos, V. 12, n. 3, 2019. MARTINS, J.A. et al. Idosos com deficiência física: vulnerabilidades em relação ao corpo, ambiente físico e social. Rev. Bras. Enferm. V. 3, n. 3, 2020. Aula 4 A MULTIDIMENSIONALIDADE E SUAS DEMANDAS A multidimensionalidade e suas demandas Olá, estudante! Nesta videoaula estudaremos as restrições ambientais e os fatores extrínsecos associados às alterações da funcionalidade, além da relação entre envelhecimento, funcionalidade e longevidade. Esses conteúdos são importantes, pois as limitações que os idosos enfrentam não estão relacionadas apenas à funcionalidade, mas também ao ambiente e aos fatores extrínsecos, afetando a qualidade de vida. Cabe a nós, profissionais da área, encontrarmos</p><p>Preparado? Então, vamos lá! Ponto de Partida A fragilidade no processo de envelhecimento é uma síndrome de origem multidimensional que envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais, predispondo o idoso à vulnerabilidade, funcional e quedas. Sigamos em nosso eixo-temático proposto no Ponto de Partida da Aula 3, em que Fernanda foi selecionada para entrevista em uma ILP. Após a entrevista, ela foi contratada e passará por um treinamento junto aos profissionais integrantes da equipe atuante na ILP, visando à adequação e à padronização dos processos avaliativos empregados em suas práticas. No treinamento, Fernanda foi indagada como avaliar a qualidade de vida no idoso, de modo a compreendê-lo em toda a sua essência e não apenas no aspecto físico-funcional, considerando questões sociais, culturais, familiares, laborais, religiosas, entre outras.</p><p>funcionalidade e longevidade, estudaremos os fatores extrínsecos associados às alterações da funcionalidade e, por fim, a relação entre as restrições ambientais e as limitações funcionais, que auxiliarão na resolução da situação-problema. Bons estudos! Vamos Começar! O envelhecimento acarreta uma série de mudanças fisiológicas e sociais que impactam diretamente a sociedade devido ao alto custo para os serviços de saúde. Por isso, ao analisarmos a saúde do idoso, além do aspecto biológico também precisamos considerar outras condições de maneira multidimensional, como as psíquicos e sociais. Por meio de uma avaliação multidimensional, conhecemos as demandas biopsicossociais do indivíduo e também o diagnóstico de suas condições de saúde agudas e/ou crônicas. Já falamos que o envelhecimento populacional, junto ao aumento das doenças crônicas, causou um novo paradigma, trazendo desafios para os profissionais de saúde e para a sociedade como um todo. Sabemos que serão necessários programas e políticas públicas voltados à prevenção e ao controle da evolução dessas doenças, visando à manutenção da capacidade funcional, garantindo a independência e a autonomia da pessoa idosa. Para essa análise multidimensional, vários instrumentos foram propostos, por exemplo, a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa (AMI). Os componentes avaliados nesse instrumento são a independência e a autonomia, que podem ser apreciadas através de escalas que avaliam as atividades básicas e instrumentais de vida diária. A perda de independência e da autonomia não só impacta</p><p>Em relação a esse mesmo instrumento, também é analisada a mobilidade funcional por meio do TUG e do MEEM, utilizados para avaliar o estado mental, mais especificamente sintomas de demência estudados em aulas anteriores. Outro instrumento também utilizado para a análise multidimensional é a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). A AGA consiste em uma avaliação sistemática multidimensional e interdisciplinar que reúne informações sobre vários aspectos, como sociais, físicos, cognitivos e psicológicos, relacionados à função que interfere na saúde e na qualidade de vida da pessoa idosa. Através de instrumentos validados, a AGA é capaz de identificar déficits nos domínios da saúde que não são avaliados comumente. Conheça os domínios analisados na Figura 1. A avaliação de múltiplos domínios da saúde nos idosos é necessária por conta da condição de saúde complexa que muitos idosos experimentam. Tais condições são definidas como síndromes geriátricas, por exemplo, deficiência cognitiva, fragilidade, incapacidade funcional, que aumentam desfechos desfavoráveis e podem causar a diminuição da qualidade de vida, institucionalização e morte. Assim, a avaliação multifuncional contribui de forma positiva para que os profissionais envolvidos possam elaborar um plano de tratamento com as necessidades específicas de cada paciente idoso.</p><p>Acuidade sensorial AGA Medicamentos Estado Humor nutricional Suporte social Figura 1 Principais domínios da avaliação geriátrica ampla Nas próximas décadas, o modelo de assistência baseado na avaliação multidimensional deverá ser difundido nos ambientes e no contexto de nossa sociedade. Entretanto, ainda persistem algumas barreiras, pois esses modelos de assistência geralmente exigem profissionais altamente qualificados, com visão holística, capacitados para a educação do paciente e coordenação da assistência, que são difíceis de obter em ambientes com recursos limitados, particularmente em desenvolvimento, como o caso do nosso país. Portanto, cabe a nós buscarmos essa visão integrada e multidimensional para a avaliação e o planejamento da assistência interprofissional, contribuindo e somando esforços para a melhoria da assistência às pessoas idosas. Siga em Frente... Envelhecimento, funcionalidade e longevidade Conforme estudamos, o envelhecimento humano é um processo complexo e multidimensional. Uma pessoa, para ser considerada</p><p>idade cronológica, ela não é absoluta no processo de envelhecimento natural; é apenas um padrão de contagem dos anos vividos, diferentemente da idade biológica, que está relacionada a modificações corporais e mentais inerentes ao processo de desenvolvimento e envelhecimento humano. Inúmeras pesquisas são feitas para entender os motivos pelo qual envelhecemos. Nilesh Samani, coordenador de uma dessas pesquisas, diz que no envelhecimento biológico as células aparentam ser mais novas ou mais velhas do que a idade real do indivíduo. "Há cada vez mais evidências de que o risco de doenças associadas à idade, entre as quais problemas no coração e alguns tipos de câncer, está mais intimamente ligada a idade biológica do que a idade cronológica". Sabemos que envelhecer faz parte do processo natural da vida e, para proporcionar uma vida mais saudável e autônoma, o caminho é a prevenção. É importante que os idosos tenham qualidade de vida, mas a realidade não é bem assim. A maioria deles chega nessa fase com inúmeros problemas de saúde, como fraturas, osteoporose pelo enfraquecimento dos ossos, incontinência, perturbações do sono, de memória, demência, doença de Alzheimer e de Parkinson, problemas cardiovasculares, auditivos, visuais, de fala e comunicação, afetando a sua capacidade funcional. A forma com que levamos a vida afeta o envelhecimento. Quando comparamos indivíduos que praticam atividades físicas com aqueles da mesma idade que não praticam observamos melhores níveis de saúde. A atividade física mostra-se como uma ação preventiva. Outras ações preventivas relacionadas à longevidade são os cuidados com o sono, a alimentação, o bem-estar emocional e o tabagismo.</p><p>funcional é comum e acontece com todos os idosos, em virtude da vulnerabilidade física e psíquica inerentes ao processo do envelhecer, podendo ser agravado em idosos hospitalizados. da capacidade funcional, geralmente, pode estar associado a variáveis sociodemográficas, conforme estudo realizado por Aguiar et al. (2019). No mesmo estudo, a maior incapacidade funcional foi observada nos idosos mais velhos com menor escolaridade, que não sabiam ler e apresentavam sintomas depressivos. Observou-se também que a incapacidade funcional para as ABVD esteve associada ao sexo masculino, à presença de sequelas de acidente vascular cerebral (AVC) e à fragilidade. O arranjo familiar também é considerado um fator que interfere na capacidade funcional. No mesmo estudo verificou-se maior prevalência de incapacidade funcional para as AIVD entre os idosos que viviam acompanhados. Segundo estudos, os idosos que vivem acompanhados têm maior possibilidade de apresentar na capacidade funcional para a realização das AIVD, fato este que pode ser explicado pela privação de autonomia em tarefas mais complexas, não necessariamente relacionadas ao funcional. Restrições ambientais e limitações funcionais Conforme envelhecemos, é comum adquirirmos limitações motoras e cognitivas que dificultam a realização de determinadas atividades que antes eram consideradas simples, como preparar uma refeição, usar o telefone, se locomover ou se comunicar.</p><p>calçada, ou mesmo andar por ela, podem se transformar em verdadeiros desafios. Desse modo, cabe a você, futuro técnico em gerontologia, aos demais profissionais da área, pesquisadores e gestores encontrar soluções criativas para melhorar as possibilidades de convívio e usufruto cotidiano da cidade a esses indivíduos, permitindo a manutenção de vínculos através das relações sociais, serviços de saúde e espaços de socialização e lazer, proporcionando um ambiente favorável ao idoso. Cabe ressaltar que o afastamento do convívio social, substituído pelo isolamento domiciliar, podem gerar impactos negativos na qualidade de vida dessa população, como quadros depressivos, desequilíbrio emocional, com repercussão na fisiologia do indivíduo. A mobilidade também entra nesse contexto, pois uma vez que a pessoa tem sua mobilidade reduzida, seu controle sobre o ambiente também é minimizado. O fato desse idoso não se sentir seguro em andar na rua, devido a obstáculos (meios-fios muito altos, bicicletas no caminho, tráfego pesado) ou barreiras de acessibilidade (ausência de bancos, corrimãos), pode, muitas vezes, prejudicar o seu convívio social, deixando-o por mais tempo em casa. Por esse motivo, as melhorias na acessibilidade urbana levam ao maior bem- estar social dessa população. Uma vez superadas as limitações de mobilidade e acessibilidade, é necessário comodidades para a manutenção do convívio social e do seu bem-estar, o que engloba fatores como a possibilidade de participar de atividades comunitárias, o sentimento de segurança e de proteção e o acesso a comércios e serviços públicos de saúde e de transporte.</p><p>oferecendo oportunidades de mobilidade e convívio social para os idosos. Vamos Exercitar? Com base nos conhecimentos adquiridos, você já é capaz de ajudar Fernanda a responder à questão que foi feita a ela: Como avaliar a qualidade de vida no idoso, de modo a compreendê-lo em toda a sua essência e não apenas no aspecto físico-funcional, considerando questões sociais, culturais, familiares, laborais, religiosas, entre outras? Para essa análise multidimensional, vários instrumentos foram propostos, por exemplo, a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa (AMI) e a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), que avaliam o idoso em diferentes dimensões de maneira integral e não apenas no aspecto físico-funcional. Saiba Mais Sabemos que a incapacidade funcional pode reduzir a autonomia na execução de atividades básicas e instrumentais de vida diária, podendo ser agravada por fatores extrínsecos. Pensando nisso, convidamos você a ler o artigo Avaliação da incapacidade funcional e fatores associados em idosos, de Aguiar e colaboradores (2019), que fala sobre a incapacidade funcional e os fatores associados na população idosa. A fim de compreendemos de que forma colaborar para o envelhecimento ativo, nada melhor do que ouvirmos dos próprios idosos sua percepção sobre a acessibilidade diante de suas limitações. Para isso, recomendamos a leitura do artigo</p><p>Conforme estudamos, as restrições ambientais, somada às inúmeras mudanças que acompanham o processo de envelhecimento, podem levar o idoso à exclusão social. Diante desse cenário, é importante a utilização de recursos e estratégias que promovam a integração da sociedade. As novas tecnologias vêm transformando as práticas comunicacionais na contemporaneidade, por isso convidamos você a ler o artigo Impacto de mídias sociais digitais na percepção de solidão e no isolamento social em idosos, que trata do impacto de mídias sociais digitais na percepção de solidão e no isolamento social em idosos. Referências AGUIAR, B. M. et al. Avaliação da incapacidade funcional e fatores associados em idosos. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., V. 22, n. 2, 2019. ALBUQUERQUE, D. S. et al. Envelhecimento, sentido de lugar e planejamento urbano: facilitadores e barreiras. Rev. Psicol. Estud., V. 28, 2023. BORUSON, L. A. M. G.; ROMANO, L. H. Revisão: o processo genético de envelhecimento e os caminhos para a longevidade. Revista Saúde em Foco, v.12, 2020. KASUMOTA, L. et al. Impacto de mídias sociais digitais na percepção de solidão e no isolamento social em idosos. Rev. Latino-Am. Enfermagem, V. 30, 2022. OLIVEIRA, W. A.; MARTINS, I. C. Envelhecimento, saúde e direito à Cidade. A percepção de idosos quanto a acessibilidade e mobilidade no espaço urbano: uma revisão. Rev. Longeviver, V. 13, 2022.</p><p>Encerramento da Unidade INCAPACIDADE, DEFICIÊNCIA E FUNCIONALIDADE Incapacidade, deficiência e funcionalidade Olá, estudante! Nesta videoaula você irá conhecer os conteúdos necessários para atingir a competência da unidade, que é definir o que é incapacidade, deficiência e funcionalidade e reconhecer os fatores extrínsecos que geram limitações funcionais em idosos. Os conteúdos que iremos trabalhar são importantes para sua prática profissional, pois os idosos fazem parte de um público altamente fragilizado. Sendo assim, nada melhor do que entendermos suas incapacidades e necessidades para melhor atendê-los. Então, prepare-se para essa jornada de conhecimento!</p><p>Ponto de Chegada Olá, estudante! envelhecimento populacional acontece de maneira acelerada, trazendo consequências aos serviços de saúde e impactos na qualidade de vida dos idosos, desafiando os profissionais e pesquisadores a otimizarem os serviços assistenciais de forma a proporcionar um cuidado integral e resolutivo para a crescente população idosa. Como profissionais da saúde, teremos papel de destaque nesse contexto, por isso é fundamental que você se dedique muito para adquirir as competências e habilidades esperadas pelo mercado de trabalho que atua com a saúde do idoso. Você, certamente, deve estar se perguntando: mas que competências são essas? Vamos conhecê-las. As competências da unidade são: definir o que é incapacidade, deficiência e funcionalidade e reconhecer os fatores extrínsecos que geram limitações funcionais em idosos. Para desenvolvê-las, você deverá, primeiramente, conhecer os conceitos fundamentais da funcionalidade e os componentes de saúde do idoso, as particularidades da incapacidade na velhice, mais adiante, os</p><p>A funcionalidade está diretamente relacionada à qualidade de vida e ao envelhecimento ativo, reduzindo a dependência para as atividades básicas de vida diárias (ABVD) e as atividades instrumentais de vida diária (AIVD). Existem inúmeras ferramentas que avaliam as ABVDs e as AIVDs, como o Índice de Katz, Escala de Lawton, Escala de Barthel, OARS (Older Americans Resources and Services. Multidimensional Functional Assessment Questionnaire), GPM, (Geriatric Pain Mesure), MMSE (Mini-Mental State Examination), GDS (Geriatric Depression Scale), entre outras. Além dessas ferramentas, temos aquelas que avaliam o estado físico, pois o declínio da mobilidade e as alterações de equilíbrio também são importantes preditores da incapacidade, uma vez que podem detectar precocemente a perda de massa muscular e o risco de quedas. Entre elas temos, o teste Timed Up and Go (TUG), a Escala de Equilíbrio de Berg, o Indice de Tinetti, o teste de levantar- se e se sentar da cadeira de 30s (TLS30s) e o Teste de Sentar- Levantar Cinco Vezes (TSLCV). Conforme envelhecemos, as alterações fisiológicas da senescência podem acarretar incapacidades funcionais, no entanto alguns idosos ainda podem experimentar o acompanhamento das deficiências, sejam elas visuais, auditivas, motoras, mentais ou intelectuais, ou até associadas. Além das limitações do próprio envelhecimento, esses idosos enfrentam as limitações da deficiência, sejam elas atitudinais, ambientais ou institucionais. Muitas vezes, as pessoas idosas com deficiência estão entre as mais adversamente afetadas. Através da avaliação biopsicossocial da deficiência, consegue-se detectar os impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,</p><p>Alterar essa condição é um dos mais importantes desafios sociais e políticos atuais. Nesse contexto, as tecnologias assistidas podem ajudar esses indivíduos a terem condições de acessibilidade, inclusão e participação na sociedade por meio de produtos ou serviços que objetivam manter ou melhorar a funcionalidade do indivíduo e sua independência, promovendo o seu bem-estar. O envelhecimento traz uma série de mudanças, biológicas, psíquicas e sociais que impactam a vida do idoso, devendo, então, ser analisado de maneira multidimensional. A avaliação multidimensional possibilita essa abordagem biopsicossocial. Para isso, foram propostos vários instrumentos, por exemplo, a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa (AMI) e a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), que reúnem informações sobre vários aspectos relacionados à função, como os sociais, físicos, cognitivos e psicológicos, que interferem na saúde e na qualidade de vida da pessoa idosa. Diversos fatores podem estar associados ao da funcionalidade, entre eles estão os fatores extrínsecos, incluindo as variáveis sociodemográficas, o arranjo familiar e a hospitalização. A hospitalização está associada à alteração da capacidade funcional, pois os idosos hospitalizados se tornam mais vulneráveis por conta das alterações já presentes, decorrentes do envelhecimento associadas às questões do internamento. Já as variáveis sociodemográficas estão associadas à incapacidade funcional em idosos com menor grau de escolaridade e mais velhos, do sexo masculino, com presença de sequelas de acidente vascular cerebral (AVC) e fragilidade. Enquanto no arranjo familiar a</p><p>O processo de envelhecimento pode ocasionar o afastamento do convívio social, pois as alterações da funcionalidade somadas às barreiras sociais e ambientais, por exemplo, obstáculos e ruas esburacadas, podem, muitas vezes, intimidar o idoso a sair de casa. É Hora de Praticar! Um hospital regional determinou a abertura de vagas para técnicos em gerontologia, devido ao aumento crescente da demanda dessa população em relação aos serviços prestados pelo hospital. O processo de contratação aconteceria da seguinte maneira: primeiramente, os interessados passariam por um processo seletivo, composto por uma prova. Em seguida, os aprovados seriam entrevistados pelo setor de recursos humanos (RH) e, por último, haveria uma entrevista com o gerente do setor. Gustavo, técnico em gerontologia, inscreveu-se no processo seletivo e conseguiu aprovação tanto na prova teórica quanto na entrevista com o setor de RH. Agora, falta apenas a entrevista com o gerente do hospital. Ele se preparou para essa etapa com a ajuda de seus livros e de periódicos eletrônicos que tratavam de questões da saúde do idoso. No dia da sua entrevista, Gustavo foi questionado pelo gerente: Como os fatores externos podem impactar na funcionalidade e mobilidade dos idosos? Reflita Agora que você já é capaz de definir o que é incapacidade, deficiência e funcionalidade, e reconhecer os fatores extrínsecos que geram limitações funcionais em idosos, deixamos as seguintes reflexões:</p><p>como será envelhecer com limitações? Qual o seu papel, enquanto futuro técnico em gerontologia, no atendimento a essa população tão frágil? Resolução do estudo de caso Agora que já adquiriu as competências necessárias para esta unidade, você será capaz de ajudar Gustavo. Mas, antes, vamos relembrar quais competências são essas? As competências da unidade são: definir o que é incapacidade, deficiência e funcionalidade, e reconhecer os fatores extrínsecos que geram limitações funcionais em idosos. Como resultado de aprendizagem, você já é capaz de realizar um relatório explicativo sobre incapacidade, deficiência e funcionalidade, e como os fatores externos podem influenciar cada uma dessas condições. Gustavo foi questionado pelo gerente sobre como os fatores externos podem impactar na funcionalidade e mobilidade dos idosos. Os fatores externos que podem prejudicar a funcionalidade estão relacionados à hospitalização, às variáveis sociodemográficas e ao arranjo familiar. A hospitalização está associada à incapacidade, pois os idosos hospitalizados se tornam mais vulneráveis por conta das alterações já presentes, decorrentes do envelhecimento e associadas às questões do internamento. As variáveis sociodemográficas estão associadas à incapacidade funcional em idosos com menor grau de escolaridade e mais velhos, do sexo masculino, com presença de sequelas de acidente vascular cerebral (AVC) e fragilidade. Enquanto no arranjo familiar a incapacidade funcional está associada aos idosos que vivem acompanhados. Dê o play!</p><p>Assimile Estudante, confira os principais pontos no infográfico a seguir:</p><p>Capacidade do em manter suas funções necessárias para conservar sua autonomia DE independência Escala de Escala de OARS GPM MMSE GDS Timed Up and Go a Escala de Equilíbrio de Indice de Tinetti, TLSCV Avaliação da Pessoa Idosa e Avaliação Ampla (AGA) E LIMITACOES Avaliação biopsicossocial tecnologias assistivas FATORES EXTRINSECOS E DECLINIO Variáveis sociodemográficas, arranjo familiar hospitalização ISOLAMENTO SOCIAL Alterações da barreiras sociais e ambientais QUE TEM FEITO PARA ENUELHECER DE MANEIRA ATIVA E SAUDAVEL? SE ENUELHECER TRAZ ALGUMAS PARA DIA A DIA IMAGINE ENUELHECER com QUAL SEU PAPEL. ENQUANTO FUTURO TÉCNICO EM GERONTOLOGIA NO ATENDIMENTO DESSA POPULAÇÃO FRAGIL? Figura 1 Incapacidade, deficiência e funcionalidade Referências ALBUQUERQUE, D. S. et al. Envelhecimento, sentido de lugar e planejamento urbano: facilitadores e barreiras. Rev. Psicol. Estud., V. 28, 2023.</p><p>ENVELHECIMENTO e deficiência: uma revisão da literatura. Mais Diferenças, 2019. Disponí GIRONDI, J. B. R. et al. Rede de suporte social e tecnologias de cuidado para idosos com deficiência. Enferm. em Foco, V. 11, n. 1, p. 81-86, 2020. SILVA, A. B. da C. et al. Avaliação funcional de idosos comunitários ativos. Rev. V. 23, n. 1, , p. 105-124, 2020.</p>