CAPÍTULO II - DAS LESÕES CORPORAIS

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<p>LESÃO CORPORAL (Art. 129, CP)</p><p>· Crime comum;</p><p>· Admite tentativa, apesar de ser difícil comprovar;</p><p>· Pune-se a conduta ação ou omissão;</p><p>· Punido a título de dolo, culpa e preterdolo;</p><p>· Consiste em causar dano à integridade física de outra pessoa sem animus necandi (intenção de matar);</p><p>· Objeto jurídico: incolumidade pessoal do indivíduo;</p><p>· Exceção: princípio da alteridade - ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si mesmo;</p><p>· A autolesão não é crime. Porém, se inimputável, menor ou ébrio, praticar auto lesão, quem o conduziu a isso responderá como autor mediato. O mesmo raciocínio se aplica quando a vítima se lesiona ao se defender de um ataque;</p><p>· A dor não é elementar do tipo;</p><p>· Necessário exame de corpo de delito (art. 158, CPP)</p><p>· Não se confunde com a contravenção penal de vias de fato (art. 21, LCP)</p><p>Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.</p><p>· Lesão no trânsito: art. 303, CTB</p><p>Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:</p><p>Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.</p><p>CLASSIFICAÇÕES</p><p>1. Leve</p><p>2. Grave</p><p>3. Gravíssima</p><p>4. Seguida de morte</p><p>5. Culposa</p><p>6. Violência doméstica</p><p>DIVISÕES</p><p>1. Quanto ao elemento subjetivo:</p><p>a) Dolosa simples (caput)</p><p>b) Dolosa qualificada (§§ 1º,2º e 3º)</p><p>c) Dolosa privilegiada (§§ 4º e 5º)</p><p>d) Culposa (§§ 6º)</p><p>2. Quanto a intensidade:</p><p>a) Leve (caput);</p><p>b) Grave (§ 1º);</p><p>c) Gravíssima (§ 2º);</p><p>d) Seguida de morte (§ 3º).</p><p>LEGISLAÇÃO</p><p>Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano.</p><p>Lesão corporal de natureza grave</p><p>§ 1º Se resulta:</p><p>I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;</p><p>II - perigo de vida;</p><p>III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;</p><p>IV - aceleração de parto:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>§ 2° Se resulta: [lesão corporal gravíssima]</p><p>I - Incapacidade permanente para o trabalho;</p><p>II - enfermidade incurável; [ex.: HIV]</p><p>III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; [obs.: para a doutrina, se o órgão for duplo a perda deve ser dos dois, se for de um só será debilidade permanente (lesão grave)]</p><p>IV - deformidade permanente;</p><p>V - aborto: [pune-se a lesão a título de dolo e o resultado a título de culpa]</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos.</p><p>Lesão corporal seguida de morte [não admite tentativa]</p><p>§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: [preterdoloso: o agente comete o crime de lesão corporal e a vítima acaba falecendo em consequência da agressão sofrida. O resultado morte (culposo) não era esperado pelo autor do crime, mas a conduta de lesão corporal (dolosa) causou este resultado inesperado. O caso fortuito ou imprevisibilidade do resultado elimina o preterdolo e o agente responde apenas pelas lesões].</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>Diminuição de pena</p><p>§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. [lesão privilegiada]</p><p>Substituição da pena</p><p>§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:</p><p>I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;</p><p>II - se as lesões são recíprocas.</p><p>Lesão corporal culposa</p><p>§ 6° Se a lesão é culposa:</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um ano.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código. [praticada contra menor de 14 e maior de 60 ou praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio].</p><p>§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.</p><p>Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)</p><p>§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.</p><p>§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).</p><p>§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.</p><p>§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.</p><p>§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código:</p><p>Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).</p><p>OBSERVAÇÕES</p><p>· A lesão corporal leve e a culposa são delitos de menor potencial ofensivo e comportam transação penal, prevista no art. 76 da lei 9.099/95 (acordo firmado entre o réu e o Ministério Público, no qual o acusado aceita cumprir pena antecipada de multa ou restrição de direitos e o processo é arquivado, cabe em acusações de crimes com pena de até 2 anos);</p><p>· A hipótese do §1º (grave) admite sursis processual (art. 89, lei 9.099/95);</p><p>DISCUSSÕES SOBRE LESÃO CORPORAL NO ÂMBITO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA</p><p>· Aos crimes praticados no âmbito da violência doméstica não se aplica a lei 9.099/95 (art. 41, lei 11.340/2006 aka Maria da Penha), mesmo que a lesão seja leve;</p><p>· Ação penal pública incondicionada;</p><p>· Sobre a lesão corporal culposa, a doutrina diverge. Majoritariamente, a conduta culposa não atrai aplicação da LMP, exceto nos casos de culpa consciente;</p><p>· No julgamento da ADI nº 4.424 – DF, o STF deu interpretação à LMP conforme a CF e declarou que a ação penal nos casos de violência doméstica é de natureza pública incondicionada, INDEPENDENTE DO GRAU DA LESÃO;</p><p>· A espécie de ação penal para processar e julgar a contravenção de vias de fato (atos agressivos que não impliquem em lesão corporal, como empurrão, safanão, rasgar roupa, puxar cabelo, etc) ocorrida em contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher é a pública incondicionada, independentemente da falta de interesse da vítima na persecução penal.</p><p>LESÕES CORPORAIS FRUTO DE CIRURGIAS EM INTERVENÇÕES MÉDICAS</p><p>· Para alguns atipicidade, para outros exercício regular de direito ou discriminante supralegal (verificar hipóteses).</p><p>QUALIFICADORAS</p><p>· A lesão se dá por exclusão, ou seja, se não for nenhuma outra será LEVE;</p><p>· Perigo de vida qualifica o crime; o perigo deve ser real;</p><p>· Qualificadoras objetivas previstas no §1º;</p><p>· Possível a coexistência de mais de uma qualificadora;</p>