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<p>O CLUBE DO IMPERADOR</p><p>Direção: Michael Hoffman</p><p>Roteiro: Neil Tolkin</p><p>Elenco: Edward Herrmann, Embeth Davidtz, Emile Hirsch, Harris Yulin, Joel Gretsch, Kevin Kline, Patrick Dempsey, Rob Morrow, Steven Culp</p><p>Duração: 109 min</p><p>O filme conta a história de um professor chamado William Hundert interpretado por Kevin Kline, que trabalha na renomada e tradicional escola Snt. Benedict´s, escola está conhecida por receber os filhos da elite social para estudar. O filme retrata os desafios da profissão de William em formar alunos dignos e honestos, em suas aulas o professor se esforça constantemente para impressionar os seus alunos com citações permanentes aos ensinos de filósofos gregos e romanos, tais como: “o caráter do homem é o seu destino” e “o fim depende do início”, trazia valores ligados ao que chamamos de princípios éticos, que eram considerados ultrapassados por seus alunos.</p><p>Sua dedicação e excessiva vontade de alcançar seu objetivo acaba fazendo com que ele se equivoque em relação a um determinado aluno da classe, este aluno chamado Sedgewink Bell interpretado por Emile Hirsh é um rapaz de boa família como todos os alunos da escola, mas seu comportamento arrogante e rebelde, o diferencia, e acaba por influenciar a maioria dos colegas de classe.</p><p>O professor tenta conversar com o pai de Bell sobre o comportamento inadequado de seu filho, porém não obteve sucesso, pois o pai, um importante Senador muito mais arrogante que o filho e prepotente, com bastante influência sobre a sociedade, acaba sendo breve e direto a respeito do caráter do filho que deveria ser moldado por ele mesmo e não pela escola ou por um professor.</p><p>Ao entrar em choque com o sistema de ensino de Hundert, Bell vai promover uma revolução na vida do docente. No entanto, diferente do que observamos nos filmes deste subgênero, a revolução não será comum aos finais de filme em que o professor consegue salvar o estudante do sistema, contornando o caminho da sua vida. Neste processo de interação que apresenta um longo período da vida do professor e de seus estudantes, talvez Hundert seja o personagem que mais tenha evoluído e aprendido lições que mudariam a sua forma de ver a vida.</p><p>Uma das lições de vida que Hundert aprendeu e que é algo que se discute com muita frequência em rodas de profissionais do ensino: professor não é perfeito. Mesmo que haja a necessidade de se preservar, cuidar da imagem e esforçar-se para ser um bom exemplo, há uma exigência por parte da sociedade, e até mesmo, dos próprios professores, que buscam um ideal de perfeição que não cabe a qualquer um que se designe “ser humano”.</p><p>Voltando para Bell, apesar da rebeldia, o professor enxerga no jovem alguém com bastante potencial. É nessa percepção que nasce o seu interesse em moldar o caráter do estudante, missão que Hundert toma para si com todas as forças. O professor então acreditando na capacidade do jovem o coloca para participar do concurso Júlio Cesar, organizado por Hundert, Bell acaba burlando as regras do concurso e trapaceia, mas como a sua posição social era privilegiada, os gestores da instituição não ligaram para a denúncia de Hundert sobre o acontecimento, pois provavelmente isto traria prejuízos para a escola, visto que o pai de Bell é um político de posição igualmente privilegiada.</p><p>O professor apesar de pregar a ética o tempo toda falha, ao dar uma chance ao rapaz. No processo seletivo dos finalistas para o tal concurso, Hundert altera os resultados e classifica Bell como um dos três selecionados. Em sua concepção o rapaz tinha potencial e poderia não encontrar a mesma sorte futuramente. Anos depois, Bell repete o campeonato em sua cidade convidando o professor e todos os seus antigos colegas, no decorrer do campeonato, o professor descobre que seu antigo aluno continuava com as mesmas atitudes do garoto de anos atrás, infringindo as regras e mais uma vez não entrega a vitória.</p><p>O campeonato era apenas para anunciar aos colegas de que era candidato ao senado no lugar de seu pai e queria pedir apoio de todos. Ele e o professor discutem, durante a discussão, Hundert diz a Bell que fracassou com ele como professor e pede para lhe dar uma última lição, ele diz para Bell que todos nós somos obrigados em algum momento a nos olharmos no espelho e ver quem realmente somos, e acrescenta que quando este dia chegar para Bell, ele irá se deparar com uma vida vivida sem virtude e sem princípios.</p><p>No entanto, para o seu amargor, Bell contraria todas as expectativas e questiona os valores pregados pelo professor, alegando que a ética é uma construção, algo que não tem o menor valor em sua vida, Bell se vangloria das vantagens de trapacear, mas não esperava que seu filho estivesse ouvindo toda a conversa, o mesmo também se decepciona com as atitudes do pai e vira as costas para ele.</p><p>O jovem Bell após a morte de seu pai assume seu lugar na política, e acaba por repetir a história do passado, só que dessa vez, ele usa seu poder para corromper, não mais uma escola, mas todo o seu país. O professor por sua vez, se sente vítima do sistema, no qual o dinheiro fala mais alto, no momento em que vê que todo o seu esforço ao decorrer dos anos para ascender ao cargo de diretor, foi em vão, pois foi substituído por um profissional mais jovem, que visa a obtenção de dinheiro e, ao mesmo tempo se sente culpado por ter dado crédito a um aluno que não merecia.</p><p>Assim o filme acaba por nos mostrar como é grande a influência do meio e da convivência dos familiares, dando o exemplo, na formação de um indivíduo, não sendo a educação papel único e exclusivo da escola, mas também dos pais da família e de toda comunidade escolar além do convício social. E é justamente essa influência que pode criar uma tradição maligna em nossa sociedade, na qual, podemos ter pessoas corruptas no governo de uma cidade, de um estado ou até mesmo de um país.</p><p>O filme nos revela ainda a importância da didática na educação, mostrando-se como um instrumento que faz com tenhamos que nos moldarmos em razão das realidades encontradas, buscando uma forma de superação dos obstáculos. É observada tal preocupação em alguns momentos do filme, em que o professor muda certas atitudes em razão de uma tentativa de aproximação maior com os alunos (em especial do personagem Sedgewick Bell), variando suas práticas pedagógicas para trazer de forma mais lúdica o conhecimento para eles.</p><p>Outros apontamentos que podem ser feito em relação ao filme são sobre o currículo de Hundert, em que formalmente prezava por uma educação centrada no livro, e apresentava nas condutas extremamente regradas uma forma de estabelecer a disciplina, entretanto, na realidade tal conduta não se mostrava tão eficaz, o professor tinha que se moldar em detrimento das variáveis que apresentava, buscando alternativas para a superação de obstáculos.</p>