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<p>NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO AO JUDICIÁRIO – NATJUS</p><p>NOTA TÉCNICA</p><p>RISPERIDONA E FLUOXETINA / TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA</p><p>PROCESSO: 0717581-92.2022.8.07.0018</p><p>Vara/Serventia: 5ª Vara da Fazenda Pública e Saúde Pública do DF</p><p>1. PACIENTE:</p><p>1.1. Nome: N.G.S.P.</p><p>1.2. Data de nascimento: 27/08/2018</p><p>1.3. Sexo: Masculino</p><p>1.4. Diagnóstico: Transtorno de Espectro Autista</p><p>1.5. Meios confirmatórios do diagnóstico já realizados: O diagnóstico</p><p>clínico de transtornos psiquiátricos é dado por anamnese</p><p>neuropsiquiátrica.</p><p>1.6. Resumo da história clínica: Consoante relatório médico subscrito em</p><p>19/10/2022 pelo Dr. Alexandre Garcia Barbosa — CRM/DF 9590, pediatra</p><p>(ID 142826675), N.G.S.P., 4 anos e 7 meses de idade, é portador de</p><p>Transtorno do Espectro Autista (TEA, CID - F840), apresentando persistente</p><p>atraso de desenvolvimento da fala, comprometimento de comunicação</p><p>verbal e não verbal, dificuldade no processo de socialização, além de</p><p>agressividade e baixa tolerâncias frustações, comportamento antissocial,</p><p>seletividade alimentar e dificuldade para dormir. Não há relato de</p><p>tratamento farmacológico ou não farmacológico prévio.</p><p>Diante do quadro, foi indicado tratamento com as medicações risperidona</p><p>e fluoxetina, ambas na apresentação solução oral, em razão da idade da</p><p>criança.</p><p>2. DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA</p><p>2.1. Tipo da Tecnologia: Medicamento</p><p>2.2. Princípio Ativo: Risperidona e Fluoxetina - solução oral</p><p>2.3. Via de administração: Via oral</p><p>2.4. Posologia:</p><p>• Fluoxetina 20mg/ml - 10 gotas ao dia, por prazo indeterminado.</p><p>• Risperidona 1mg/ml - 1ml de 12 em 12h, por prazo indeterminado.</p><p>2.5. Registro na ANVISA? Sim</p><p>2.6. Situação do registro: Ativo</p><p>2.7. Indicação em conformidade com a aprovada no registro? Não.</p><p>Para risperidona, consta a indicação para tratamento do TEA, porém para</p><p>maiores de 5 anos de idade, portanto trata-se de indicação off-label para a</p><p>idade do autor.</p><p>Para fluoxetina, também se trata de indicação off-label, visto que esta é</p><p>indicada para tratamento da depressão associada ou não com ansiedade,</p><p>bulimia nervosa (transtorno alimentar), do transtorno obsessivo-</p><p>compulsivo (TOC) (ansiedade caracterizada por pensamentos obsessivos) e</p><p>do transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), incluindo tensão pré-</p><p>menstrual (TPM), irritabilidade e disforia (mudança repentina e passageira</p><p>de ânimo como sentimentos de tristeza, pena, angústia). Consta em bula</p><p>que a fluoxetina - apresentação solução oral é contraindicada para menores</p><p>de 18 anos.</p><p>2.8. Oncológico? Não</p><p>2.9. Previsto em PCDT do Ministério da Saúde para a situação clínica do</p><p>demandante? Não há previsão do seu uso em Protocolo Clínico e Diretrizes</p><p>Terapêuticas (PCDT) para a idade do autor.</p><p>2.10. O medicamento, procedimento ou produto está disponível no SUS?</p><p>Sim, a risperidona consta na relação dos medicamentos padronizados,</p><p>porém não para a idade do autor. Já a fluoxetina é padronizada, porém não</p><p>na apresentação solução oral.</p><p>2.11. Descrever as opções disponíveis no SUS/Saúde Suplementar: Há</p><p>protocolo terapêutico elaborado e aprovado pelo Ministério da Saúde</p><p>Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Comportamento</p><p>Agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo, no qual se recomenda</p><p>que o uso de medicamento deve ser associado a intervenções psicossociais.</p><p>O medicamento de escolha no PCDT é a risperidona. Está prevista a</p><p>dispensação das seguintes apresentações risperidona 1 mg/mL solução</p><p>oral, além de risperidona 1 mg, 2mg ou 3mg em comprimido. No entanto,</p><p>como já citado anteriormente, não é padronizado para menores de cinco</p><p>anos de idade.</p><p>O uso de fluoxetina é preconizado para tratamento de transtornos</p><p>depressivos ou correlacionados, assim como ansiedade generalizada.</p><p>2.12. Em caso de medicamento, descrever se existe genérico ou similar:</p><p>Sim, existe similar e genérico.</p><p>2.13. Custo da tecnologia (DF – ICMS 17%):</p><p>Denominação</p><p>genérica</p><p>Laboratório</p><p>Marca</p><p>comercial</p><p>Apresentação</p><p>Preço Máximo</p><p>ao Consumidor</p><p>Risperidona</p><p>Jassen Cilag Risperdal 1mg/ml - frasco</p><p>com 30ml e</p><p>seringa dosadora</p><p>R$230,80</p><p>Cristália</p><p>Químico</p><p>Risperidona R$80,04</p><p>Fluoxetina</p><p>EMS Sigma-</p><p>pharma</p><p>Daforin</p><p>20mg/ml - frasco</p><p>com 20ml</p><p>R$62,36</p><p>Sanofi</p><p>Medley</p><p>Genérico R$42,94</p><p>Custo estimado anual do tratamento: Baseado na posologia prescrita pelo</p><p>médico assistente, o custo anual estimado do tratamento, caso sejam</p><p>utilizados os medicamentos de marca seria de R$4.266,24. Caso fossem</p><p>utilizados os medicamentos na versão genérica, o custo estimado seria de</p><p>R$1.991,04.</p><p>2.14. Fonte de custo da tecnologia: Câmara de Regulação do Mercado de</p><p>Medicamentos - CMED. Publicada em 20/03/2023, atualizada em</p><p>21/03/2023.</p><p>3. EVIDÊNCIAS SOBRE A EFICÁCIA E SEGURANÇA DA TECNOLOGIA:</p><p>3.1. Sobre o Transtorno de Espectro Autista</p><p>O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) decorre de uma disfunção</p><p>biológica do desenvolvimento do sistema nervoso central e caracteriza-se</p><p>por déficits persistentes na comunicação verbal e não-verbal, bem como na</p><p>interação social com padrão de comportamentos e interesses restritos e</p><p>repetitivos. A prevalência é estimada em 7,6 a cada 1.000 habitantes e é</p><p>mais comum em meninos. No Sul do Brasil, um estudo epidemiológico</p><p>estimou prevalência de 3,85 a cada 10.000 habitantes.</p><p>Os sintomas do TEA estão presentes em fase bem precoce, entre 12 e 24</p><p>meses de idade, mas usualmente tornam-se aparentes quando se iniciam</p><p>as demandas por interação social. A apresentação clínica e o grau de</p><p>incapacidade são variáveis. Já na primeira infância, a criança demonstra</p><p>atraso no desenvolvimento da linguagem associado a falta de interesse em</p><p>contatos sociais. Segue-se a predileção por padrões não usuais de</p><p>brincadeiras e pela repetição de comportamentos. Embora se trate de uma</p><p>doença crônica, não é um transtorno degenerativo, ou seja, é possível que</p><p>estratégias de aprendizagem venham a compensar, ou mascarar, a</p><p>sintomatologia. Ainda assim, somente uma minoria de indivíduos com TEA</p><p>vive e trabalha de forma independente na vida adulta. Condições</p><p>associadas, como epilepsia, retardo mental e transtorno do déficit de</p><p>atenção, podem estar presentes e tendem a piorar o prognóstico.</p><p>Metade das crianças diagnosticadas com TEA apresentam episódios de</p><p>autoagressão, o que pode acarretar necessidade de internação hospitalar,</p><p>além de causar impacto importante em familiares e cuidadores.</p><p>3.2. Sobre o tratamento geral do TEA</p><p>Conforme a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com</p><p>Transtornos do Espectro do Autismo (Lei 12.764, de 27/12/2012), o</p><p>tratamento do indivíduo com TEA deve ser individualizado, levando em</p><p>consideração idade, grau de limitação, comorbidades e necessidades de</p><p>cada paciente.</p><p>O objetivo deve ser maximizar a funcionalidade e aumentar a qualidade de</p><p>vida. Embora não haja cura, a intervenção precoce e intensiva está</p><p>associada ao melhor prognóstico. A base do tratamento envolve</p><p>intervenções comportamentais e educacionais, usualmente orientadas por</p><p>equipe multiprofissional. Em acréscimo, as diretrizes para o cuidado da</p><p>pessoa com TEA do Ministério da Saúde preconiza o Projeto Terapêutico</p><p>Singular (PTS) como a orientação geral para o manejo desses pacientes.</p><p>Antes de se iniciar qualquer intervenção direcionada ao comportamento</p><p>agressivo, deve-se buscar a resolução de potenciais fatores desencadeantes</p><p>do comportamento identificados na avaliação da pessoa com TEA. Não</p><p>sendo possível a resolução desses fatores ou não sendo obtida a melhora</p><p>do comportamento agressivo mesmo com a sua resolução, a equipe</p><p>multidisciplinar deve considerar intervenções específicas que englobem o</p><p>comportamento agressivo.</p><p>O tratamento medicamentoso limita-se ao controle de sintomas</p><p>associados, como a irritabilidade, após intervenções comportamentais</p><p>focais mostrarem-se insuficientes. Mesmo nesse caso, conforme</p><p>o</p><p>Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Comportamento</p><p>Agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo, o uso de medicamento</p><p>deve ser associado a intervenções psicossociais.</p><p>Apesar de antipsicóticos como o haloperidol terem sido utilizados no</p><p>tratamento de problemas de comportamento em pessoas com TEA, o</p><p>balanço entre riscos e benefícios desse uso se torna pouco favorável em</p><p>virtude do perfil de incidência de efeitos extrapiramidais (incluindo</p><p>distúrbios de movimento irreversíveis), sobretudo ao considerar o risco</p><p>potencialmente maior de síndrome extrapiramidal em pacientes jovens</p><p>pela maior quantidade de receptores estriatais de dopamina D2.</p><p>Outros antipsicóticos (os chamados de atípicos) possuem menor propensão</p><p>aos efeitos extrapiramidais a curto e longo prazo. Nesta classe, a</p><p>risperidona é a opção com maior volume de evidências e experiência de uso</p><p>no tratamento da agressividade em pessoas com TEA. Em bula aprovada</p><p>pela Anvisa, a risperidona possui indicação para o tratamento de</p><p>irritabilidade associada ao TEA, incluindo sintomas de agressão a outrem,</p><p>autoagressão deliberada, crises de raiva e angústia e mudança rápida de</p><p>humor. Para aqueles pacientes que necessitarão de tratamento</p><p>medicamentoso, o PCDT recomenda o uso de risperidona para controle da</p><p>agressividade. Ganho de peso excessivo, sintomas extrapiramidais ou</p><p>outros efeitos adversos que tenham impacto relevante na saúde e</p><p>qualidade vida dos pacientes ou familiares podem justificar a suspensão da</p><p>risperidona, contanto que representem risco maior do que o benefício</p><p>atingido pela redução do comportamento agressivo.</p><p>Outros agentes citados são o aripiprazol, um agente mais novo que a</p><p>risperidona, que também apresenta evidências de eficácia e indicação no</p><p>TEA aprovada em bula por outras agências sanitárias. Entretanto, segundo</p><p>o próprio PCDT da época considerou, as evidências comparativas, como o</p><p>ensaio clínico randomizado com 59 pacientes com TEA, que comparou</p><p>diretamente a risperidona e o aripiprazol no tratamento de problemas de</p><p>comportamento (como agressão e autoagressão) não demonstrou</p><p>diferenças significativas, tanto de efetividade, quanto de segurança.</p><p>Portanto, nesse PCDT, o aripiprazol não foi incorporado. Refere também</p><p>que outros antipsicóticos, como a olanzapina, não possuem essa indicação</p><p>aprovada em bula e ainda precisam de mais estudos que evidenciem um</p><p>balanço favorável de riscos e benefícios em pessoas com TEA. Entre os</p><p>antipsicóticos, as diretrizes clínicas internacionais recomendam o uso de</p><p>risperidona ou aripiprazol como opções terapêuticas, sem que um</p><p>medicamento seja considerado mais efetivo ou seguro.</p><p>3.3. Sobre o medicamento Risperidona</p><p>A risperidona é um antipsicótico atípico, que atua como antagonista dos</p><p>receptores da dopamina e serotonina, neurotransmissores associados a</p><p>diversas funções no cérebro, incluindo a regulação da ansiedade e</p><p>comportamentos agressivos. Em bula aprovada pela Anvisa, possui</p><p>indicação para o tratamento de irritabilidade associada ao TEA, incluindo</p><p>sintomas de agressão, autoagressão deliberada, crises de raiva, angústia e</p><p>mudança rápida de humor.</p><p>Estudos sobre o uso da risperidona nos casos de TEA são escassos na</p><p>literatura médica. Revisão sistemática demonstrou que a risperidona foi</p><p>considerada superior ao placebo no tratamento do comportamento</p><p>agressivo, com uma diferença média ponderada de - 8,31 pontos (IC95%: -</p><p>11,45 a -5,17; I2 = 57%) nos escores da escala. Em relação à segurança, a</p><p>risperidona apresentou maior ganho de peso corporal comparado ao</p><p>placebo em curto prazo (8 semanas; com diferença média de 1,75 kg;</p><p>IC95%: 1,24 a 2,26; I2 = 0%) para três estudos clínicos randomizados</p><p>(ECR)87,89,90 e a longo prazo - mais de 8 semanas; com diferença média</p><p>de 1,57 kg; IC95%: 0,38 a 2,76; I2 = 37%) para outros dois ECR89,90; e,</p><p>também, maior nível sérico de prolactina, cujo resultado obtido foi uma</p><p>diferença média de 27,42 ng/mL (IC95%: 20,99 a 33,86; I2 = 0%).</p><p>Foi identificado apenas um único ensaio duplo cego que avaliou o uso da</p><p>risperidona em adultos, não tendo sido incluído na síntese de evidências</p><p>porque teve como objetivo avaliar a eficácia da risperidona em diversos</p><p>comportamentos, inclusive o comportamento agressivo, empregando</p><p>escalas diferentes da ABC-I. Os autores concluíram que a risperidona foi</p><p>eficaz quando comparada ao placebo no tratamento de TEA de curto prazo,</p><p>porém ressaltam a necessidade de mais estudos para confirmar esses</p><p>resultados.</p><p>Idealmente, a prescrição de risperidona para indivíduos com TEA deve ser</p><p>feita por profissional da saúde familiarizado com o tratamento do TEA. Na</p><p>indisponibilidade do acesso a profissionais especializados, os médicos da</p><p>atenção primária podem prescrever o medicamento ou encarregar-se da</p><p>manutenção e monitoramento do tratamento após uma prescrição inicial</p><p>de um profissional de saúde mental familiarizado com o TEA.</p><p>Em crianças com mais de 5 anos de idade e adolescentes, deve-se iniciar</p><p>com a dose de 0,25 mg/dia (solução oral) para pacientes com peso inferior</p><p>a 20 kg e com 0,5 mg/dia para peso maior que 20 kg. A partir do 4º dia, a</p><p>dose pode ser aumentada em 0,25 mg/dia para pacientes com peso inferior</p><p>a 20 kg e em 0,5 mg/dia para pacientes com peso maior. No entanto, o</p><p>aumento de doses deve ser feito de maneira lenta para evitar o</p><p>desenvolvimento de sintomas extrapiramidais. A dose do 4º dia deve ser</p><p>mantida e a resposta deve ser avaliada ao redor do 14º dia. As doses diárias</p><p>máximas estudadas são de 1,5 mg para pacientes com peso inferior a 20 kg;</p><p>de 2,5 mg para pacientes entre 20 kg e 45 kg; e de 3,5 mg para pacientes</p><p>com peso superior a 45 kg. Aumentos adicionais da dose devem ser</p><p>considerados apenas para os pacientes que não obtiverem resposta</p><p>adequada.</p><p>A risperidona tem as suas limitações, principalmente em crianças menores</p><p>de 5 anos, por haver poucos dados para validar os seus resultados. Logo,</p><p>devido às maiores chances de experiências desfavoráveis, o uso nesta faixa</p><p>etária deve ser evitado.</p><p>Estudo retrospectivo aprovado pelo conselho de revisão institucional foi</p><p>realizado em uma unidade de terapia intensiva pediátrica de 24 leitos em</p><p>um centro médico acadêmico com pacientes ≤ 2 anos de idade recebendo</p><p>risperidona para o tratamento de delirium na UTI. Dezessete pacientes que</p><p>receberam pelo menos 1 dose de risperidona foram incluídos no estudo. A</p><p>dose diária inicial variou de 0,1 a 0,25 mg (0,01-0,04 mg/kg), com média de</p><p>0,17 mg (0,02 mg/kg). A maioria dos pacientes iniciou a dosagem de uma</p><p>vez ao dia (76,5%) versus a dosagem de duas vezes ao dia (17,6%). Mais de</p><p>80% dos pacientes necessitaram de aumento da dose durante o</p><p>tratamento. As doses diárias medianas de fentanil, morfina, cetamina e</p><p>midazolam diminuíram após o início da risperidona. Nenhum evento</p><p>adverso que levou à descontinuação foi relatado. A risperidona mostrou-se</p><p>segura e bem tolerada em doses diárias de de 0,1 a 0,25 mg em 1 ou 2 doses</p><p>por dia.</p><p>3.4. Sobre o uso do Fluoxetina</p><p>Relatórios publicados indicam que mais da metade das crianças e</p><p>adolescentes com autismo são tratados com inibidores seletivos da</p><p>recaptação de serotonina (ISRSs), apesar de evidências inconclusivas sobre</p><p>sua eficácia.</p><p>A eficácia de quatro desses inibidores (fluoxetina, fluvoxamina,</p><p>fenfluramina e citalopram) no autismo foi examinada em um estudo de</p><p>revisão. Nove ensaios clínicos randomizados envolvendo 320 participantes</p><p>foram avaliados, com 17 medidas de resultados diferentes relatadas. A</p><p>maioria dos dados não era adequada para a metanálise, exceto para</p><p>avaliação da Impressão Clínica Global. Dois estudos em adultos com</p><p>fluoxetina e fluvoxamina demonstraram resultados superiores desses ISRSs</p><p>em relação ao placebo. Houve melhora em relação a ansiedade e</p><p>comportamentos agressivos. De acordo com essa metanálise, os resultados</p><p>eram</p><p>limitados e não havia evidência da efetividade dos ISRSs para o</p><p>transtorno do espectro autista em crianças e em adultos.</p><p>Estudo conduzido por Reddihough et al. (2019) teve como objetivo avaliar</p><p>a eficácia da fluoxetina na diminuição da frequência e a severidade do</p><p>comportamento obsessivo-compulsivo em crianças com espectro autista. A</p><p>média dos escores CYBOCS-PDD após as 16 semanas de tratamento em</p><p>comparação à linha base reduziu de maneira significativa no grupo</p><p>fluoxetina de 12,8 para 9,02 (redução de 3,72 pontos - IC 95% [intervalo de</p><p>confiança] -4,85 a -2,60). A média dos escores CYBOCS-PDD após as 16</p><p>semanas de tratamento em comparação à linha base reduziu de maneira</p><p>significativa no grupo placebo de 13,13 para 10,89 (redução de 2,53 pontos</p><p>– IC 95% -3,86 a -1,19). A diferença média entre os grupos foi de -2,01 na</p><p>semana 16 (IC 95%: -3,77 a -0,25 – p=0,03). De acordo com os resultados, o</p><p>tratamento com fluoxetina em crianças e adolescentes com desordens do</p><p>espectro autista comparado com o placebo resultou em diminuição</p><p>significativa dos escores que medem os transtornos comportamentais.</p><p>Entre os ISRSs, a fluoxetina, quando utilizada no TEA, pode resultar em</p><p>melhora nos comportamentos ritualísticos, estereotipados e repetitivos,</p><p>entretanto efeitos adversos como desinibição, agitação, hiperatividade e</p><p>hipomania, também são mencionados na literatura.</p><p>Segundo o FDA (órgão governamental que regula as medicações nos</p><p>Estados Unidos), não há aprovação do uso de Fluoxetina para crianças</p><p>menores de 7 anos de idade. Para crianças e adolescentes maiores de 7</p><p>anos, o uso é aprovado, desde que em seguimento médico para observação</p><p>de possíveis efeitos colaterais.</p><p>4. BENEFÍCIO/EFEITO/RESULTADO ESPERADO DA TECNOLOGIA:</p><p>Atuar no controle dos sintomas de agressividade e agitação, com intuito de</p><p>melhora na qualidade de vida do autor e do seguimento com familiares e</p><p>cuidadores.</p><p>5. RECOMENDAÇÕES DA CONITEC PARA A SITUAÇÃO CLÍNICA DO</p><p>DEMANDANTE:</p><p>A risperidona foi incorporada no SUS para tratamento do TEA, embora não</p><p>nessa faixa etária. A fluoxetina não foi avaliada pela CONITEC dentro do</p><p>contexto da TEA.</p><p>6. AVALIAÇÃO DE ÓRGÃOS E AGÊNCIAS INTERNACIONAIS DE AVALIAÇÃO</p><p>DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE</p><p>Não foi encontrada avaliação de agências como a National Institute for</p><p>Health and Care Excellence (NICE) e a Canadian Agency for Drugs and</p><p>Technologies in Health (CADTH) quanto ao uso dos fármacos demandados</p><p>no transtorno de espectro autista.</p><p>7. CONCLUSÕES</p><p>Considerando o diagnóstico de Transtorno de espectro autista (TEA) em</p><p>criança de 4 anos e 7 meses, ainda sem tratamento, conforme relatório</p><p>médico;</p><p>Considerando que o médico assistente indicou tratamento com os</p><p>medicamentos risperidona e fluoxetina na apresentação solução oral, em</p><p>virtude das alterações comportamentais e da idade do paciente;</p><p>Considerando que não há menção quanto ao emprego de tratamentos</p><p>multidisciplinares com intervenções comportamentais não farmacológicas,</p><p>preconizados como prioritários no tratamento do TEA, especialmente em</p><p>crianças menores;</p><p>Considerando que, para o tratamento de agitação no paciente portador de</p><p>TEA, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas do SUS preconiza o uso</p><p>da risperidona, porém não na faixa etária do autor, razão pela qual não foi</p><p>possível a dispensação do medicamento;</p><p>Considerando que na bula aprovada pela ANVISA para a fluoxetina consta</p><p>a contraindicação de uso em menores de 18 anos e o FDA, órgão</p><p>governamental que regula as medicações nos Estados Unidos, não aprova</p><p>o uso de fluoxetina para crianças menores de 7 anos de idade;</p><p>Este NATJUS manifesta-se como FAVORÁVEL à demanda pela risperidona</p><p>por ser o medicamento de escolha para tratamento da agitação e</p><p>agressividade no TEA e, apesar de o uso ser preconizado apenas em maiores</p><p>de 5 anos, a criança já tem 4 anos e 7 meses.</p><p>Este NATJUS manifesta-se como NÃO FAVORÁVEL à demanda pela</p><p>fluoxetina, visto que não há dados de segurança do seu uso em menores.</p><p>Ademais, não restou configurado quadro de refratariedade a tratamentos</p><p>preconizados para que seja razoável o uso de medidas excepcionais.</p><p>8. Há evidências científicas?</p><p>Sim para a risperidona. Não para a fluoxetina na faixa etária pretendida.</p><p>9. Justifica-se a alegação de urgência, conforme definição de Urgência,</p><p>conforme definição de Urgência e Emergência do CFM:</p><p>A Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 1.451/95 traz a</p><p>definição de urgência e emergência:</p><p>“Define-se por URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à saúde com</p><p>ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência</p><p>médica imediata.</p><p>Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de condições de agravo</p><p>à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso,</p><p>exigindo, portanto, tratamento médico imediato”.</p><p>Assim, de acordo com a definição do CFM, não se pode considerar o caso</p><p>analisado por esta nota técnica como uma urgência médica, em razão de</p><p>não haver sinais de risco iminente de morte ou perda potencial de órgão ou</p><p>função.</p><p>10. Referências Bibliográficas:</p><p>1. Baghdadli A, Pascal C, Grisi S, Aussilloux C. Risk factors for self‐injurious</p><p>behaviours among 222 young children with autistic disorders. J Intellect</p><p>Disabil Res. 2003;47(8):622–7.</p><p>2. Ministério da Saúde. Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa</p><p>com Transtornos do Espectro do Autismo [Internet]. Brasília; 2012 [citado 4</p><p>de abril de 2020]. Report No.: Lei 12.764. Disponível em:</p><p>http://legis.senado.leg.br/norma/588140</p><p>3. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas -</p><p>Comportamento Agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo.</p><p>[Internet]. 2016 mar. PORTARIA No 324. Disponível em:</p><p>https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/abril/01/Portaria-</p><p>324-de-31-de-mar--o-de-2016.pdf</p><p>4. Martins M, de Freitas Coelho NPM, Nogueira VC, Filho ALMM, Sena CL,</p><p>da Costa MTTP. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com</p><p>Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). 2014;</p><p>5. Ichikawa H, Mikami K, Okada T, Yamashita Y, Ishizaki Y, Tomoda A, et al.</p><p>Aripiprazole in the treatment of irritability in children and adolescents with</p><p>autism spectrum disorder in Japan: A randomized, double-blind, placebo-</p><p>controlled study. Child Psychiatry Hum Dev. 2017;48(5):796–806.</p><p>6. DeVane CL, Charles JM, Abramson RK, Williams JE, Carpenter LA, Raven</p><p>S, et al. Pharmacotherapy of Autism Spectrum Disorder: Results from the</p><p>Randomized BAART Clinical Trial. Pharmacother J Hum Pharmacol Drug</p><p>Ther. 2019;39(6):626–35.</p><p>7. Hesapcioglu ST, Ceylan MF, Kasak M, Sen CP. Olanzapine, risperidone,</p><p>and aripiprazole use in children and adolescents with Autism Spectrum</p><p>Disorders. Res Autism Spectr Disord.2020;72:101520.</p><p>8. Alfageh BH, Wang Z, Mongkhon P, Besag FM, Alhawassi TM, Brauer R, et</p><p>al. Safety and Tolerability of Antipsychotic Medication in Individuals with</p><p>Autism Spectrum Disorder: A Systematic Review and Meta-Analysis. Pediatr</p><p>Drugs. 2019;1–15</p><p>9. Fallah MS, Shaikh MR, Neupane B, Rusiecki D, Bennett TA, Beyene J.</p><p>Atypical antipsychotics for irritability in pediatric autism: A systematic</p><p>review and network meta-analysis. J Child Adolesc Psychopharmacol.</p><p>2019;29(3):168–80.</p><p>10. Campbell CT, Grey E, Munoz-Pareja J, Manasco KB. An Evaluation of</p><p>Risperidone Dosing for Pediatric Delirium in Children Less Than or Equal to</p><p>2 Years of Age. Ann Pharmacother. 2020 May;54(5):464-469. doi:</p><p>10.1177/1060028019891969. Epub 2019 Nov 26. PMID: 31771334.</p><p>11.Reddihough, D. et al. Effect of Fluoxetine on Obsessive-Compulsive</p><p>Behaviors in Children and Adolescents With Autism Spectrum Disorders: A</p><p>Randomized Clinical Trial. JAMA. 2019 Oct 22;322(16):1561-1569.</p><p>12.Barros Neto, Sebastião Gonçalves de; Brunoni, Decio e Cysneiros,</p><p>Roberta Monterazzo. Abordagem psicofarmacológica no transtorno do</p><p>espectro autista:</p><p>uma revisão narrativa. Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv.</p><p>[online]. 2019, vol.19, n.2 [citado 2023-03-22], pp. 38-60</p><p>11. NATJUS responsável: NATJUS/TJDFT</p><p>Bsb, 29/03/2023</p>

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