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Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6533-2 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 3 3 2 Código Logístico 58884 A D M IN ISTR A Ç Ã O D E IM Ó V E IS E LO C A Ç Ã O FÁ B IO O LIV E IR A V A Z Administração de imóveis e locação IESDE 2019 Fábio Oliveira Vaz © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Santiago Cornejo/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ V495a Vaz, Fábio Oliveira Administração de imóveis e locação / Fábio Oliveira Vaz. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2019. 96 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6533-2 1. Mercado imobiliário. 2. Corretor de imóveis. 3. Administração de imóveis. I. Título. 19-59475 CDD: 333.33 CDU: 332.7 Fábio Oliveira Vaz Mestre em Administração na linha de pesquisa em Gestão de Pessoas e Organizações pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). MBA em Marketing pela Faculdade Maringá (PR). Graduado em Administração pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (Fafipa) e em Sistemas para Internet pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná (UniFatecie). Professor universitário com experiência nas áreas de administração, produção, finanças, logística, gestão imobiliária e marketing. Coordenador de cursos de ensino superior. Palestrante, consultor e coach. Sumário Apresentação 7 1. Administração de imóveis 9 1.1 Introdução à administração imobiliária 9 1.2 Prospecção e avaliação de imóveis 15 1.3 Conflitos de locação 18 2. Tipos de locação 27 2.1 Locação residencial 27 2.2 Locação por temporada 30 2.3 Locações não residenciais e especiais 33 3. Condomínios e síndicos 41 3.1 Os condomínios 41 3.2 O papel do síndico 44 3.3 Garantias da locação e benfeitorias 46 4. Contrato de locação 55 4.1 Contrato de locação 55 4.2 Avaliação de inquilinos 59 4.3 Sublocação 60 5. Exigências e questões legais 67 5.1 Demandas judiciais 67 5.2 Formalização e vistoria 70 5.3 Direitos e deveres contratuais 74 Anexos 83 Gabarito 91 Apresentação O livro que você tem em mãos procura apresentar as nuances relacionadas ao mercado imobiliário, principalmente no que tange à administração e à locação de imóveis. Um dos principais objetivos desta obra é levá-lo a compreender o contrato de locação em consonância com a Lei n. 8.245/91, também conhecida como Lei do Inquilinato, que é a base legal para os contratos de locação. Além dela, há algumas colaborações do Código Civil, pois estamos tratando de relações de negócios e todo esse jogo envolve regras e responsabilidades. Neste livro também abordamos os tipos de locação, iniciando pela residencial e passando ao conhecimento de outros tipos, como o comercial, por temporada, entre outros. Lembre-se de que este livro não é sobre Direito e tratar desse assunto não é a nossa intenção. Nosso objetivo é trazer de maneira simples e objetiva os conhecimentos legais sobre a administração de imóveis e os deveres e direitos das partes envolvidas. Considerando que todos nós devemos nos atualizar constantemente, ou seja, nunca parar de estudar e buscar mais conhecimento, esta obra não pretende esgotar o tema, mas instigá-lo a continuar pesquisando e se aprofundando na administração de imóveis e locação. 8 Administração de imóveis e locação Reiteramos nosso sentimento de privilégio em poder produzir este livro e fazer parte da construção do seu conhecimento. Bons estudos! 1 Administração de imóveis Para compreender o mercado imobiliário, é necessário entender sobre gestão ou administração imobiliária e ter habilidade para prospectar e avaliar detalhadamente os imóveis. Com esses conhecimentos, é possível identificar o produto correto para cada cliente e manter a qualidade do atendimento elevada, requisitos essenciais em um setor altamente competitivo. A fim de se ter uma dimensão mais precisa sobre a importância do conhecimento sólido acerca do setor, é essencial considerar um detalhe importante: boa parte da economia brasileira é movimentada pelo mercado imobiliário. Considerando o cenário econômico, o crescimento populacional urbano e a grande quantidade de informações necessárias para o gerenciamento de imóveis, a busca por especialização na área é imprescindível, pois o setor imobiliário vem crescendo e exigindo aprimoramento constante por parte dos agentes envolvidos. Assim, entender sobre locação, administração, contratos e condomínios e compreender a importância das administradoras de imóveis como facilitadoras dos processos de gestão não são conhecimentos superficiais e, sim, aprendizagens primordiais. Nas próximas páginas, serão abordados esses aspectos com o propósito de aprender como agir com eficiência e qualidade em um mercado tão dinâmico e exigente. 1.1 Introdução à administração imobiliária Segundo dados do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (COFECI-CRECI, 2010), as administradoras de imóveis começaram a surgir nos anos 1980 e 1990, mesmo momento em que Vídeo 10 Administração de imóveis e locação a profissão de corretor de imóveis se consolidava no Brasil. Isso ocorreu devido ao grande crescimento demográfico somado à complexidade das informações necessárias para gerir imóveis e à necessidade de especialização de quem trabalha na área. A principal finalidade das administradoras é levar auxílio, segurança e conveniências às partes que precisam vender e locar imóveis ou, ainda, administrar um condomínio. Nesse mercado, há três segmentações principais: as administradoras que trabalham exclusivamente com imóveis; as que atendem apenas condomínios; e as que atuam nas duas frentes, administrando imóveis e condomínios. Todas as modalidades podem ser constituídas por pessoa física ou jurídica, e, no caso daquelas voltadas à gestão de condomínios, a escolha, aprovação ou destituição deve ocorrer por meio de assembleia entre os condôminos. Tendo como base o artigo 653 do Código Civil (BRASIL, 2002), que confere a alguém poderes para administrar interesses em nome de outrem, as administradoras de imóveis têm deveres expressos, que são regidos pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública. São eles: • Informar claramente ao consumidor acerca dos serviços prestados e também sobre o preço exato que será cobrado para realizá-los. • Divulgar a locação ou a venda dos imóveis certificando-se de que os anúncios não contenham palavras que possam ser interpretadas como publicidade enganosa ou abusiva. • Considerar sempre o mercado como referência de valor para cobrança e jamais alterar o contrato feito com os clientes com o objetivo de forçá-los a cumprir obrigações que não estejam de acordo com o preço justo. Administração de imóveis 11 Além disso, as administradoras de imóveis devem acompanhar as negociações, orientar as partes envolvidas, conferir documentações, fazer vistorias e elaborar contratos conforme a legislação vigente. Em caso de locação, elas devem fazer a ponte entre o locador e o locatário, recebendo o valor das transações e fazendo cobranças e acordos nos casos de inadimplência. Já as administradoras de condomínios prestam serviços de gerenciamento, estão vinculadas às decisões tomadas pela assembleia e devem, preferencialmente uma vez por mês, fazer o levantamento das prestações de contas relativas às despesas e receitas. Além disso, são funções das administradoras de condomínios, com autorização do síndico: • Convocar assembleias gerais conforme a convenção do condomínio. • Deliberar nas assembleias fornecendo cópias das atas. • Manter o cadastro dos condomínios sempreatualizado. • Executar os controles contábeis e levar às assembleias os orçamentos das despesas para que sejam votados. • Pagar as despesas do condomínio. • Contratar, disciplinar e suspender funcionários. • Providenciar as quotas condominiais ordinárias e extraordinárias aprovadas pela assembleia geral e enviá-las com antecedência aos condôminos. Diante do exposto, podemos perceber a dimensão da responsabilidade que as administradoras de imóveis têm perante seus clientes. Entendemos também que, devido à grande exigência do mercado, é cada vez mais necessário prestar um atendimento pautado pela extrema qualidade – fator imprescindível para que uma administradora consiga permanecer nesse mercado desafiador. 12 Administração de imóveis e locação 1.1.1 Atividades e regulamentação das administradoras de imóveis O conceito de administrar está atrelado à gestão de negócio próprio ou alheio, público ou particular, ou seja, à função de administrador. Há, na administração de imóveis e condomínios, um contrato entre as partes (proprietário e administradora), no qual estão estabelecidas as atividades que serão delegadas à administradora e que, por ser um ato bilateral, exclui a necessidade de haver a figura do gestor de negócios. Em termos gerais, a atividade de uma administradora está regulamentada pelo Código Civil, principalmente pelo artigo 653 e artigos seguintes, uma vez que, no Brasil, ainda não há lei específica para o setor. Assim, o proprietário é considerado o mandante, e a administradora do imóvel, a mandatária. O proprietário, ao optar por contratar uma administradora de imóveis, busca uma gama de serviços para descomplicar a sua vida. Locar ou vender um imóvel, tal como administrar um condomínio, são tarefas que se tornam mais fáceis quando a prestação de serviços é feita por profissionais habilitados e qualificados. Procurar um administrador confiável e capaz requer alguns cuidados, que devem ser observados para evitar aborrecimentos futuros. Dentre eles, cabe destacar a seleção de empresas idôneas, sólidas no ramo e que transmitam segurança e transparência. Esse cuidado é extremamente importante, pois o proprietário, mandante na procuração, delegará plenos poderes para que a administradora do imóvel possa realizar ações inerentes às atividades exigidas pelo mercado, tais como: • selecionar locatários ou compradores; • realizar vistorias; • firmar contratos de aluguel, de compra e de venda; • obter todas as certidões necessárias; Administração de imóveis 13 • realizar o levantamento cadastral do cliente; • avaliar imóveis; • administrar condomínios. Em contrapartida, a administradora do imóvel receberá pelos serviços prestados, sendo o valor recebido composto por um percentual acordado previamente entre as partes. É importante salientar que existem diferentes percentuais e que eles levam em consideração o serviço prestado. A participação da administradora de imóveis propicia mais tranquilidade ao proprietário, pois ele terá certeza de que a presença de um especialista habilitado será determinante no processo de intermediação e decisão do negócio a ser realizado. Mas, afinal, como podemos descrever o papel de um profissional da área de administração de imóveis? Em primeiro lugar, ele deve ser capacitado e certificado para que tenha conhecimento e exerça suas atividades com legalidade, pois esse profissional tem responsabilidades e está sujeito a responder judicialmente por falhas cometidas em seu trabalho. Entre suas aptidões, estão a capacidade de intermediar a venda, de realizar a locação, de trabalhar a divulgação por meio de mídia especializada e de identificar a necessidade de colocação de placas no imóvel. O profissional dessa área também precisa ter desenvoltura para realizar uma visita técnica junto do cliente. Ademais, deve estar apto a acompanhar todo o processo de negociação até o fechamento do negócio; atenção, presteza e precisão para esclarecer questionamentos a respeito do imóvel são habilidades igualmente importantes. Os diferenciais de um bom profissional são a seriedade, a eficiência, a capacidade de cumprir todas as obrigações assumidas e de resolver os problemas que surgem, pois, ao realizar uma administração pautada pela ética e pela credibilidade, as possibilidades de manter o cliente por um longo período e de abrir novos negócios são imensas. 14 Administração de imóveis e locação No caso específico da locação de imóveis, a administradora tem a incumbência de receber o valor acordado referente ao aluguel, de realizar as cobranças dos inadimplentes e de tomar as devidas providências sempre que necessário. Dessa forma, fica clara a ponte que existe entre o locador e o locatário. Em caso de inadimplência do inquilino, a administradora, via de regra, não deverá arcar com o pagamento dos aluguéis em atraso. Ela terá essa responsabilidade, excepcionalmente, se houver previsão contratual nesse sentido, o que, na prática, é raro. Outra hipótese está relacionada ao caso de o mandante provar que a administradora agiu com culpa (sem diligência), favorecendo eventuais prejuízos. Como visto, a administradora figura como mandatária do proprietário. Logo, sua responsabilidade é regida pelo artigo 653 do Código Civil, que, mediante o exposto no artigo 667, é obrigada a indenizar o mandante por quaisquer prejuízos advindos de sua conduta culposa: “O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente” (BRASIL, 2002). A regulamentação (ou autorregulamentação) do setor, com leis específicas, condições mínimas de funcionamento e normatização da atividade, vem recebendo amplo apoio de algumas entidades de classe, como a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC), a Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (ABADI) e o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). Entretanto, as melhorias pleiteadas ainda estão em fase de desenvolvimento e um pouco distantes de se concretizarem, restando aos síndicos e condomínios tomar os cuidados mínimos na contratação de administradoras. Administração de imóveis 15 Isso não quer dizer que o setor é confuso ou que está carente de leis para regulamentá-lo, mas, sim, que não há normas específicas para regulamentar a relação entre as administradoras e seus clientes ou para detalhar parâmetros básicos para que uma empresa seja considerada especializada em administração de condomínios. 1.2 Prospecção e avaliação de imóveis Ao pesquisar o termo prospectar no dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986), chegamos à acepção que indica “cálculo do valor econômico de algo”. Com isso, podemos perceber que, havendo o desejo de comercializar um imóvel, é necessário compreender seu valor, sua localização e outros fatores que possam influenciar o processo de venda. Lindenberg Filho (2006) afirma que ruas com alto tráfego de veículos, próximas a bares ou boates, com escolas, congestionamentos e poluição sonora são vistas como ponto negativo para a comercialização de uma residência. A isso se deve a necessidade de realizar uma análise completa para entregar o imóvel certo para cada cliente, ou seja, fazer uma prospecção adequada e personalizada. O autor ressalta, ainda, a importância de atentarmos para o local do imóvel, sendo pontos de foco e análise: • segurança; • comércio; • serviços; • transporte; • educação; • áreas de lazer; • serviços públicos. Vídeo 16 Administração de imóveis e locação É importante sempre considerar a finalidade, se é residencial ou comercial, pois isso resultará em estratégias de negociação diferentes. Como exemplo, imagine a abertura de um posto de combustível. Certamente a empresa buscará por lugares movimentadoscomo grandes avenidas, onde a circulação de veículos é intensa. Da mesma forma, se uma família busca um imóvel, tentará encontrar um lugar próximo a parques e escolas para facilitar os deslocamentos dos filhos e, também, o acesso da família ao lazer. A seguir, serão explorados os pontos essenciais para uma análise aprofundada na escolha de um imóvel residencial. • Segurança: esse é um assunto de grande relevância, pois é sempre importante observar se há delegacias próximas, serviços de vigilância, emergências médicas, câmeras de monitoramento etc. Esses são alguns pontos de interesse dos clientes que buscam uma residência e querem tranquilidade. Por isso, em negociações com esse perfil, a segurança pode ser um diferencial para fechar um contrato de venda ou locação. • Comércio e serviço: observar o comércio local e realizar um levantamento mais aprofundado com o intuito de verificar a existência de supermercados, lanchonetes, bares, lojas, hotéis, bancos, entre outros, é um ponto que pode interessar aos clientes e precisa ser tratado com atenção. • Transporte: é sempre positivo saber sobre acesso a pontos ou linhas de ônibus, metrôs e táxis existentes na região do imóvel. Igualmente importante é ter conhecimento sobre a facilidade de estacionamento, a pavimentação e a facilidade de tráfego na região. • Áreas de lazer: parques, praças e espaços para a prática de exercícios podem ser fatores que valorizam um local, principalmente para os clientes que buscam residências para morar com a família. Administração de imóveis 17 • Serviços públicos: serviços como iluminação pública, coleta de lixo, pavimentação, saneamento, arborização e urbanismo, entre outros, são primordiais e podem ser decisivos na hora da negociação. Avaliar um imóvel é essencial na administração imobiliária, pois, com base nessa ação, é possível estabelecer o valor do patrimônio dos imóveis. A formação do preço para o aluguel, por exemplo, pode ser uma sugestão do corretor de imóveis, uma vez que esse profissional tem o conhecimento necessário para identificar esses valores de maneira coerente. Existe, também, a avaliação judicial, que é aquela feita em juízo. Para fazer uma avaliação com esse perfil, é necessário que o profissional possua formação específica e capacitação técnica. De acordo com a Lei n. 5.194/66, em seus artigos 7º e 13, existe a determinação para que somente profissionais habilitados realizem a avaliação de imóveis (BRASIL, 1966b). Conforme afirmam Nery Junior e Nery (2006, p. 361): Com o devido respeito, segundo a Lei n.º 5.194/1966, art. 7.º, alínea c, a função de avaliar imóveis é prerrogativa de engenheiro civil, arquiteto e engenheiro agrônomo. O corretor de imóveis não está habilitado para exercer a função de avaliador, privativa, por lei, dos profissionais do CREA. A avaliação de imóveis requer conhecimentos específicos em matemática financeira, estatística e domínio dos métodos avaliatórios bem como conhecimentos acerca de fundações, estruturas e coberturas de imóveis. Todas essas técnicas são específicas do conhecimento científico do profissional superior formado em engenharia ou arquitetura. Com isso, entendemos que somente profissionais com formação adequada na área podem fazer avaliações em juízo, pois esse tipo de demanda exige conhecimentos mais profundos e especializados. Sem dúvida, quem tem a formação como corretor de imóveis está apto a opinar sobre questões pertinentes à comercialização de 18 Administração de imóveis e locação imóveis. Nesse sentido, quando um cliente quer alugar um imóvel, o profissional pode dar sugestões sobre o valor do aluguel; no entanto, somente os aqueles com formação específica podem fazer as avaliações, visto que avaliação e sugestão possuem características diferentes. Realizando uma pesquisa mais aprofundada, é possível encontrar jurisprudências de corretores que fizeram avaliações, ou seja, tribunais ou juízes que solicitaram laudos de avaliações elaboradas por corretores de imóveis que detinham conhecimento para essa prática. Entretanto, é preciso entender que esse caminho é perigoso, uma vez que algumas avaliações precisam de análise científica precisa, como nos casos em que é necessário fazer a verificação da estrutura da construção ou um estudo para estabelecer o valor correto com base na localização do imóvel. Vale ressaltar que as imobiliárias têm facilidade em estimar valores de mercado para imóveis e que esse é um papel muito importante para o setor, pois isso gera, por exemplo, a possibilidade de determinar valores de locação. O fundamental é compreender que cada profissional deve empregar sua competência e qualificação na área para a qual está devidamente preparado. Somente assim é possível entregar o melhor para quem mais interessa: o cliente. 1.3 Conflitos de locação Segundo Loureiro (2007), os conflitos podem até surgir, mas é necessário lembrar a existência do contrato, instrumento que contempla de maneira específica todos os direitos e deveres dos envolvidos. Com isso, temos um termo conhecido como relação jurídica patrimonial, que surge a partir das vontades de duas ou mais pessoas. Vídeo Administração de imóveis 19 O Código Civil (BRASIL, 2002) contém algumas disposições gerais sobre a execução de um contrato, buscando sempre ter a boa-fé como foco. O mesmo documento apresenta a regulação de diversos tipos de contratos, como o de compra e venda, de fiança, de locação e de comodato, entre outros. Porém, mesmo havendo a regulação do contrato de locação pelo Código Civil, é preciso aplicar a Lei n. 8.245/91 (BRASIL, 1991), conhecida como Lei do Inquilinato, que, por ser específica, sobrepõe-se ao Código Civil. Já no tocante aos conflitos judiciais, em 23 de setembro de 1996 foi aprovada a Lei n. 9.307/96 (BRASIL, 1996), ou Lei da Arbitragem, uma facilitadora do processo de negociação e da solução de conflitos. 1.3.1 Lei do Inquilinato A Lei n. 8.245/91, que, como anteriormente citado, é chamada de Lei do Inquilinato ou Lei de Locação, foi criada para estabelecer uma base jurídica legal capaz de proteger o locatário. Em seu teor, estão presentes cláusulas de ordem pública, que contemplam desde o pagamento de multas para o locador que buscar reaver o imóvel antes do término do contrato até a devolução do imóvel antes do prazo previsto sem a incidência de ônus. As negociações e relações de locação são regidas por essa lei, mas há, também, casos cuja base legal é pautada pelo Código Civil ou por outra lei específica. Vejamos o que diz o artigo 1º do Código Civil: Art. 1º A locação de imóvel urbano regula-se pelo disposto nesta lei: Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais: a) as locações: 1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas; 2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; 3. de espaços destinados à publicidade; 20 Administração de imóveis e locação 4. em apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados, assim considerados aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar; b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades. (BRASIL, 2002, grifo do original) No artigo citado, é possível notar que o foco está voltado para o imóvel urbano; porém existem imóveis situados em zonas rurais que podem ser regulados pela Lei do Inquilinato. Isso acontece porque a caracterização de um imóvel como urbano ou rural é feita conforme exposto no artigo 32 da Lei n. 5.172/66. Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida emlei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. (BRASIL, 1966a) Administração de imóveis 21 O artigo 1º da Lei do Inquilinato rege as locações de imóveis urbanos ou rurais de posse particular, de pessoa física ou jurídica. Fora isso, o respaldo legal é dado pelo Código Civil em seus artigos 565 a 578, ou por alguma lei específica, indicada de acordo com cada caso. 1.3.2 Lei da Arbitragem Segundo Carmona (2004), a arbitragem é uma forma alternativa para solucionar conflitos por meio de uma convenção privada, sem a participação do Estado, e levando a uma decisão eficiente e rápida às partes envolvidas. Já Alvim (2004) ensina que a arbitragem envolve pessoas que julgarão os litígios, e que elas devem ser de confiança dos envolvidos e possuir aptidão para tratar o assunto com seriedade, buscando, em conjunto, a resolução do conflito gerado. Diante do exposto, percebemos que a arbitragem tem o papel de transferir para terceiros a função de julgar, algo restrito ao Estado. Entretanto, é importante frisar que essa transferência de função deve estar dentro dos parâmetros determinados pela legislação, ou seja, a atuação deve se ater apenas aos conflitos simplificados que não exigem especialidades jurídicas aprofundadas. De acordo com o artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei n. 9.307/96, as partes poderão “escolher livremente as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública” (BRASIL, 1996). Porém, para que isso possa ocorrer, é necessário que as partes constituam cláusula compromissória ou compromisso arbitral, em que existirá convenção sobre um contrato, havendo o compromisso de submissão à arbitragem, conforme consta no artigo 4º da mesma lei. Essa convenção de compromisso arbitral pode ser judicial ou extrajudicial, sendo realizada na assinatura do contrato, diferentemente da cláusula compromissória, que é feita posteriormente. A escolha de árbitros pode ser de forma livre, desde 22 Administração de imóveis e locação que a pessoa selecionada seja capaz ou de confiança das partes envolvidas e não esteja impedida de atuar, conforme o artigo 13 da Lei n. 9.307/96. É interessante destacar que, em um tribunal arbitral, o que fica decidido tem o mesmo efeito de uma sentença dada pelo Poder Judiciário. Por isso, a arbitragem é um ato de extrema responsabilidade e requer ética por parte dos envolvidos no processo. Segundo Pinheiro (2005), cerca de 90% dos contratos de comércio internacional têm em seu teor cláusulas para ações de arbitragem. No Brasil, isso tem aumentado nos contratos, mas ainda é algo novo e pouco usado. Contudo, é importante ressaltar que o uso da arbitragem é uma solução extremamente eficiente para a resolução de conflitos de contratos. Ainda há, no país, a cultura de que a resolução de conflitos deve ser feita somente perante os advogados e o Poder Judiciário. É preciso disseminar a ideia de que existem soluções mais práticas e rápidas, aplicáveis a muitas situações por meio da intervenção do processo de arbitragem. O Brasil deve se espelhar em países que possuem instituições especializadas em arbitragem, e isso, aos poucos, começa a acontecer, o que irá facilitar e desafogar os processos, resultando em resoluções de conflitos melhores e mais ágeis. Considerações finais É necessário entender a importância de todos os aspectos que permeiam a administração de imóveis, pois estamos inseridos em um mercado bastante competitivo, formado por clientes cada vez mais exigentes. Dentro dessa realidade, lidamos com pessoas e sonhos, e isso é algo que deve ser levado em consideração quando se deseja estabelecer boas negociações e realizar a busca por imóveis adequados a cada tipo de cliente. Administração de imóveis 23 O mercado imobiliário cresce e está em constante mudança, por isso, seguir as leis e as regras é fator fundamental para manter a credibilidade e a confiança do público em um negócio. Não pretendemos, aqui, fazer uma análise aprofundada sobre questões do Direito, área na qual existem diversos doutores e especialistas, mas sim mostrar que existem opções nas resoluções de conflitos e que isso merece atenção. Administrar imóveis é uma atividade para aqueles que buscam aprimoramento constante e desejam ser os melhores em um mercado competitivo e que não para de se reinventar. Ampliando seus conhecimentos • MALA Direta 54 – Como Administrar Imóveis. 2016. 1 vídeo (14 min.). Publicado pelo canal TV Creci Rio. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SnwbfMPDKPc. Acesso em: 29 ago. 2019. Este vídeo apresenta as atribuições inerentes à Lei do Corretor de Imóveis, principalmente no que tange à administração de imóveis no contexto do mercado atual. • ARANTES, Carlos Augusto; MOLINA, Manuel Gonçalo Alcázar. Manual de avaliação de bens imóveis. São Paulo: Leud, 2017. Esta obra aborda diversas metodologias avaliatórias utilizadas no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Seu conteúdo não pretende confrontar as normativas técnicas existentes para avaliação de bens existentes em nosso país, mas deseja apresentar outras metodologias para o conhecimento do leitor, além das já usualmente difundidas. https://www.youtube.com/watch?v=SnwbfMPDKPc 24 Administração de imóveis e locação Atividades 1. Dentro do contexto de administração de imóveis, é necessário seguir deveres claramente expressos. Conforme o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Quais são esses deveres? 2. A administração de imóveis é algo essencial em um mercado altamente competitivo e que exige diferenciais no atendimento e na postura dos profissionais. Com isso, qual a melhor definição de administrar, considerando o contexto do mercado imobiliário? 3. Uma das grandes estratégias dentro do mercado atual é a capacitação para analisar e prospectar clientes e imóveis. Defina prospectar com base nessa premissa. Referências ALVIM, José Eduardo Carreira. Direito Arbitral. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o sistema tributário nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, DF, 27 out. 1966a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo, e dá outras providências. Brasília, DF, 27 dez. 1966b. http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L5194.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 12 ago. 2019. Administração de imóveis 25 BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a arbitragem. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei n. 9.307/96. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. COFECI-CRECI. O futuro da profissão . Brasí lia: 2010. Disponível em: http://www.cofeci.gov.br/index.php?option=com_ content&view=category&id=67&Itemid=313. Acesso em: 30 ago. 2019. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. LINDENBERG FILHO, Sylvio de Campos. Guia pático do corretor de imóveis: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2006. LOUREIRO, Luiz Guilherme. Curso completo de Direito Civil. São Paulo: Método, 2007. NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil comentado. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. PINHEIRO, Luís de Lima. Arbitragem transnacional: a determinação do Estatuto da Arbitragem. Lisboa: Almedina, 2005. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm 2 Tipos de locação Conhecer a fundo os tipos de locação é um requisito essencial para compreender os aspectos legais e estratégicos acerca desse tema. Ao entendermos suas especificidades e variações, adquirimos a capacidade necessária para desenvolver estratégias apropriadas e, assim, oferecer a solução mais adequada para cada cliente. Precisamos ter em mente que cada tipo de locação possui suas próprias regras, pois esse será o foco da nossa análise. Sendo assim, tomaremos como base o Código Civil e as leis voltadas ao segmento. Nas próximas páginas, abordaremos minuciosamente as locações residencial, por temporada e não residencial. 2.1 Locação residencial A locação é o contrato em que uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição (BRASIL, 2002). Podemos ver que o locador e o locatário versam como partes do contrato de locação, sendo que o locador cede a posse do bem de sua propriedade (ou de terceiros, como em caso de usufruto), e o locatário o remunera por meio do pagamento de aluguel. Quanto ao uso de imóvel urbano, a locação pode ser residencial ou não residencial, sendo regida pelos artigos 46 e 47 da Lei n. 8.245/91. No primeiro artigo, observamos que os contratos cujas locações foram realizadas formalmente com prazo igual ou superior a 30 meses se encerram ao fim do período estipulado, Vídeo 28 Administração de imóveis e locação independentemente de notificação ou aviso. Caso o locatário continue no imóvel por mais de 30 dias após o encerramento do prazo acordado sem a oposição do locador, fica subentendida a prorrogação por prazo indeterminado, e as demais condições do contrato são mantidas. Vale ressaltar que se a prorrogação acontecer de fato, o locador poderá encerrar o contrato a qualquer tempo, devendo conceder 30 dias para desocupação do imóvel. Já o artigo 47 trata dos casos em que o contrato foi firmado verbalmente ou por escrito e com prazo inferior a 30 meses. Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a 30 meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel: I - Nos casos do art. 9.º; II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário, relacionada com o seu emprego; III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio; IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado à exploração de hotel ou pensão, em cinquenta por cento; V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos. § 1.º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente demonstrada, se: a. O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando, com a mesma finalidade, outro de sua propriedade situado na mesma localidade ou, residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anteriormente; b. o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel próprio. § 2.º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser proprietário, promissário comprador ou Tipos de locação 29 promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo. (BRASIL, 1991) Ao aprofundarmos a leitura da lei, Silveira (2015) enfatiza que encontraremos quatro hipóteses em relação ao contrato de locação. • Contratos fixados por 30 meses ou mais: se as partes envolvidas não se manifestarem por mais de 30 dias, o contrato é rescindido ao final do prazo e sua prorrogação ocorre por tempo indeterminado, cabendo, para fins de desocupação, uma comunicação sem motivo específico ou “vazia” por parte do locador, que pode ser feita a qualquer momento, em que são dados 30 dias de prazo para a saída do locatário. É importante frisar que em ação de despejo o locatário terá 6 meses para desocupar o imóvel, caso esteja de acordo com os termos da ação. • Contratos fixados por menos de 30 meses: nessa modalidade, há a prorrogação automática e por prazo indeterminado ao final do contrato. Aqui, a retomada do imóvel deve ser motivada; é a conhecida “denúncia cheia”, plausível no caso de uso próprio, de reforma etc. É importante destacar que, embora a duração seja inferior a 30 meses, se a locação ultrapassar 5 anos contínuos, a rescisão do contrato poderá ser imotivada. • Contratos fixados antes da Lei n. 8.245/91: no caso das locações antigas, com contrato de tempo indeterminado, a retomada do imóvel poderá ocorrer por meio de denúncia imotivada, com prazo de 12 meses para a desocupação. Entretanto, caso tenha ocorrido a revisão do aluguel, seja judicial ou amigável, nos 12 meses anteriores à lei, a retomada somente poderá ser solicitada por denúncia vazia e após 24 meses da revisão. • Livre negociação: para imóveis novos, após a vigência da Lei n. 8.245/91, resta livre o valor do aluguel, sendo que o 30 Administração de imóveis e locação prazo de reajuste e o índice de correção serão ajustados contratualmente. Entretanto, a nova lei proíbe o uso de moeda estrangeira, de variação cambial ou de variação do salário mínimo como base para estipular os reajustes. As modalidades de contrato explanadas nas páginas anteriores são amplamente conhecidas e utilizadas pelas administradoras de imóveis. A diversificação entre elas permite que cada formato seja ajustado ao perfil e à necessidade do cliente ou do mercado em atuação. 2.2 Locação por temporada Para se enquadrar nessa modalidade, é necessário que o contrato tenha duração máxima de 90 dias e que sua finalidade seja específica para atividades como curso, lazer, tratamento de saúde, construção de obra etc. O valor do aluguel e dos encargos pode ser cobrado de uma só vez e antecipadamente. Para compreender melhor as especificidades da locação por temporada, vamos acompanhar os artigos 48 a 50 da Lei n. 8.245/91, transcritos a seguir: Art. 48. Considera-se locação para temporada, aquela destinada à residência temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão somente de determinado tempo, e contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. Parágrafo único. No caso de a locação envolver imóvel mobiliado, constará do contrato, obrigatoriamente, a descriçãodos móveis e utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram. Art. 49. O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os aluguéis e encargos, bem como exigir qualquer das modalidades de garantia previstas no art. 37 para atender as demais obrigações do contrato. Vídeo Tipos de locação 31 Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador por mais de trinta dias, presumir-se-á prorrogada a locação por tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e dos encargos. Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá denunciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47. (BRASIL, 1991, grifo nosso) A modalidade em questão não poderá ser utilizada caso a atividade seja de comércio. Além disso, é essencial que o contrato seja devidamente formalizado, ou seja, feito por escrito, a fim de proteger as partes pelo período acordado para locação. Outro ponto que deve ser mencionado com destaque é o caso de a locação envolver imóvel mobiliado. Nesse caso, é imprescindível que conste, com detalhes, a descrição de todos os móveis e utensílios que estão no imóvel, bem como o estado em que se encontram. Vale frisar que omitir esse requisito não desclassifica a modalidade de locação, porém pode gerar recomposição de danos. Também é importante que esteja incluso o valor de cada bem, além de especificações como marca, modelo e outras informações que sejam pertinentes para que o bem possa ser restituído em caso de perda, dano ou extravio. Venosa (2006) enfatiza que a lei não anula o contrato sem as devidas descrições, levando o locador a usar de ação indenizatória por respectivos danos ao patrimônio. Na Lei do Inquilinato, temos uma exceção dada pelo artigo 43, que trata da questão de pagamento de aluguel com antecedência, enfatizando que o prazo do valor a ser cobrado não pode exceder 90 dias. Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário: [...] 32 Administração de imóveis e locação III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da locação para temporada. (BRASIL, 1991) Se a antecipação dessa cobrança for superior a 90 dias, o contrato enquadra-se como locação residencial e tal fato é visto como contravenção penal, conforme o artigo 43 da Lei do Inquilinato. O locador pode, ainda, exigir uma garantia de locação, que serve para resguardar possíveis problemas que o locador possa ter com a locação. O artigo 50 determina algo muito importante dentro da Lei do Inquilinato. Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador por mais de trinta dias, presumir-se-á prorrogada a locação por tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e dos encargos. Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá denunciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47. (BRASIL, 1991) Já o artigo 59 versa sobre a utilização da ação de despejo na locação por temporada. Assim, vemos que a locação pode passar para prazo indeterminado no caso de, em um prazo superior a 30 dias, o locador não se opor. Caso ocorra essa prorrogação, o contrato somente poderá ser denunciado após 30 meses do seu início. Vale lembrar que agir de má-fé, fazendo renovações constantes, enquadra-se em fraude, incorrendo em crime. A locação por temporada é muito comum, porém pode ser algo de custo elevado para se manter. Como exemplo, podemos citar uma casa de praia que é muito utilizada em alta temporada e fica vazia durante boa parte do ano, incorrendo em custos sem entradas de aluguel. Geralmente, esse tipo de locação tem como foco gerar renda, o que torna essencial avaliar os demais imóveis na região e verificar Tipos de locação 33 o preço praticado, para que seja possível maximizar o resultado financeiro no período de locação. 2.3 Locações não residenciais e especiais Na locação comercial ou não residencial, o locatário monta seu estabelecimento comercial no imóvel locado, criando ali o seu fundo de comércio. O contrato de locação comercial também terá prorrogação caso as partes não se manifestem até o prazo de finalização do contrato inicial, conforme o artigo 56 da Lei n. 8.245/91. Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado. (BRASIL, 1991) Uma diferença interessante que notamos aqui é que na locação comercial o imóvel pode ser retomado por meio de denúncia, sem se levar em consideração os prazos estipulados. Sendo assim, o locador dá um aviso de 30 dias para a desocupação do imóvel, e o ajuizamento da ação de despejo ocorrerá dentro de 30 dias para que não perca sua eficácia legal. De acordo com Silveira (2015), devemos observar também as seguintes hipóteses para o contrato de locação não residencial: Locação comercial: O contrato para este tipo de locação pode ser feito por qualquer prazo, com prorrogação por tempo indeterminado, se quando na época do término as partes ficarem silentes por mais de trinta dias. Depois de transcorrida a prorrogação é cabível, a qualquer tempo, denúncia imotivada para desocupação, porém o locatário Vídeo 34 Administração de imóveis e locação que tenha o contrato escrito por mais de cinco anos ininterruptos pode conseguir judicialmente a renovação do contrato, nos termos do artigo 49 da Lei n.º 8.245/1991. Locação não residencial civil: Escritórios, estúdios, consultórios etc. sem fim lucrativo, não têm direito à ação renovatória; equipara-se à locação comercial, com denúncia imotivada para desocupação. Locação não residencial especial: Hospitais, creches, asilos, escolas e entidades religiosas são disciplinados pelos artigos 53 e 63 da Lei n.º 8.245/1991. Não caberá aqui a denúncia imotivada para desocupação. Locação de benefício ou vantagem profissional indireta: Artigo 55 da Lei n.º 8.245/1991 – Locação destinada ao uso dos empregados ou diretoria da empresa locatária. Normas conforme a locação comercial. (SILVEIRA, 2015, p. 73) Nas locações especiais, a regra específica relativa a esses estabelecimentos é prevista no artigo 53 da Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245/91), sendo considerada uma proteção ao inquilino. Ela garante que o contrato de locação não possa ser desfeito, salvo se de comum acordo entre as partes ou por infração contratual. No tocante às denúncias, temos três tipos, chamados de denúncias cheias: para demolição, para edificação licenciada ou para reforma que tenha, no mínimo, um aumento de 50% de área útil. A lei deixa claro que o grande foco é o social, pois alguns estabelecimentos têm grande importância dentro desse contexto. É fato que a interpretação da lei pode ser complexa ao se avaliar quais estabelecimentos devem ou não ser beneficiados, porém alguns apresentam clareza em sua essência, por exemplo, asilos e creches. Venosa (2006) enfatiza que os estabelecimentos de ensino e saúde têm particularidades legais quando fiscalizados pelo Poder Público: Não é qualquer autorização e fiscalização dos Poderes Públicos, já que todo imóvel e toda atividade se acham direta ou indiretamente autorizados e fiscalizados. Embora se amplie o horizonte protetivo, continuam fora dessa proteção os cursos que ministram aulas privadas ou conhecimentos Tipos de locação 35 que independem de qualquer autorização ou fiscalização, como corte e costura, cursos livres de informática, de arte, de atividadeprofissionalizante sem qualquer ligação oficial como escolas de cabeleireiros, empregados domésticos etc. (VENOSA, 2006, p. 248-249) Perceba que a lei é clara na questão de quais empresas ou organizações têm proteção inquilinária. No caso de escolas maternais, existe esse precedente, pois entendemos que a criança precisa desse cuidado, mesmo que ele tenha um formato lúdico ou de lazer. Ademais, a jurisprudência já declarou indevida a proteção inquilinária prevista no artigo 53 para as escolas maternais. Já foi decidido que as “escolas maternais, destinadas exclusivamente ao lazer e à recreação, não se inserem no conceito de estabelecimento de ensino, não estando, por isso, protegidas pela lei do inquilinato, podendo ser despejadas imotivadamente” (RT 607/133). Não vemos sentido para essa interpretação. A fase maternal faz parte da educação das crianças, importante para seu desenvolvimento. Restringir essa proteção vai a desacordo com o princípio trazido pelo dispositivo legal (art. 53 da Lei n.º 8.245/1991). Esse entendimento fica ainda mais claro já que as pré-escolas gozam, segundo a jurisprudência, desse amparo legal. Esse já foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (Resp 182.873/RS, 6.ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 24/08/1999). (GOMIDE, 2012, p. 86) Já a proteção para as unidades de saúde se deve à dificuldade em remover pacientes que poderiam ter seu quadro clínico agravado; as unidades de saúde têm essa exceção dentro das questões legais. Porém, algumas clínicas podem não ter esse benefício, visto que grande parte delas possui foco comercial, e não social, não havendo, portanto, problemas de deslocamento ou com pacientes. Mesmo assim, é importante que cada caso seja analisado com cuidado e de forma criteriosa. Quanto aos lojistas e empreendedores de shopping centers, há algo atípico relacionado. Nesses casos, prevalecerão as condições 36 Administração de imóveis e locação pactuadas nos contratos de locação e as condições previstas no artigo 54 da Lei do Inquilinato. O contrato de locação celebrado entre o empreendedor e o lojista é na verdade um contrato atípico (não tipificado em lei), pois gera obrigações diversas daquelas ordinariamente previstas entre locador e locatário. O primeiro deverá obrigar-se na manutenção da limpeza e conservação das partes comuns, zelando ainda pelo bom funcionamento dos aparelhos de iluminação e hidráulica. Para todos os efeitos, todas as despesas cobradas do locatário devem ser previstas em orçamento, ou justificadas. Ao segundo é incumbida a manutenção de vitrines de acordo com padrões do shopping, contribuições e fundos para promoção coletiva, e até pagamento de décimo terceiro aluguel. Condições, portanto, atípicas ao contrato de locação dito comum. (GOMIDE, 2012, p. 86, grifo nosso) O pagamento do aluguel pode ser dividido em três partes, sendo: uma ajustada em contrato e de valor fixo; outra variável e ligada diretamente ao faturamento do empreendimento; e a última baseada na publicidade, ou seja, no que se espera da empresa. Isso pode ser verificado com facilidade em shopping centers, pois quem loca o espaço comercial tem um pacote de benefícios que acompanha essa locação, o que, inclusive, ressalta fatores como a facilidade de circulação de pessoas e a segurança. É evidente que esses benefícios vêm acompanhados de regras e procedimentos que, se descumpridos, levam à denúncia do contrato de locação. Algo que acontece em shopping centers é a famosa abertura aos domingos, tendo como regra o decidido no Superior Tribunal de Justiça. É certo que em locação em shopping center admitem-se normas complementares estabelecida em documento aparato, contendo obrigações que integram o contrato de locação e que devem ser adimplidas pelo locatário, mediante singela declaração de que as conhece e se lhes submete; e que cabe a sua administração estabelecer os horários de funcionamento, cumprindo aos lojistas locatários ou não, Tipos de locação 37 respeitá-los integralmente. (AgRg no Ag 506.474/RJ, 5.ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 03.03.2005). (GOMIDE, 2012, p. 87) Também podemos observar esse assunto na pauta jurisprudencial: Em razão da liberdade de se estabelecer acordos entre lojistas e empreendedores, a jurisprudência reconhece a validade de uma série de cláusulas. Entre elas: • A cláusula que proíbe ao lojista locatário abrir novo estabelecimento comercial com o mesmo ramo de atividade nas proximidades do shopping. (STJ, REsp 123.847/SP, 6.ª Turma, Rel. Min. Vicente Leal, j. 17.06.1997) • A cláusula que admite o pagamento do valor referente ao fundo de promoção, previsto na Escritura Declaratória de Regulamentação das Locações do Shoppings Centers. (2.º TAC/SP, Ap. s/ Rev. 706.908-00/4 – 7.ª Câm. – Rel. Des. Regina Capistrano – j. 31.01.2005) • A cláusula que determina a cobrança de caução a título de reserva de futura ocupação de loja comercial (res sperata) para consecução de recursos financeiros até a conclusão do empreendimento. (2.º TAC/SP, Ap c/ Rev. 689.693-00/0 – 10.ª Câ. – Rel. Juiz Emanuel Oliveira – j. 15.12.2004). (GOMIDE, 2012, p. 87) A liberdade contratual entre as partes é a capacidade para estabelecer regras e condições previamente acordadas, o que garante melhores resultados no processo de locação. Todas essas questões precisam ser avaliadas e estudadas antes da tomada de decisão, evitando problemas futuros e garantindo a eficácia do contrato. Considerações finais Um profissional capacitado precisa entender os aspectos que permeiam a locação de imóveis. Por isso, buscamos apresentar as leis e regras pertinentes a esse segmento, bem como suas vertentes no cenário imobiliário. 38 Administração de imóveis e locação Buscamos também explanar esses aspectos de maneira objetiva, o que nos instiga a pesquisar sobre o tema. Afinal, os clientes e o mercado estão cada vez mais exigentes, por isso precisamos estar preparados para entender essa dinâmica e propor as melhores soluções. Sendo assim, não findamos esse estudo por aqui. É preciso ampliar os conhecimentos e entender a fundo os tipos de locação. Com isso em mente, estaremos seguros e aptos a atuar com excelência em nosso setor. Ampliando seus conhecimentos • LEI de Inquilinato - Noções Gerais. 1 vídeo (15 min). Publicado pelo canal Trilhante. 12 nov. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=u3tNMPRAQ9w. Acesso em: 3 set. 2019. Com uma linguagem bastante acessível e esclarecedora, este vídeo traz alguns conceitos essenciais sobre a Lei do Inquilinato e ressalta a sua importância no contexto dos contratos de locação. • SANTOS, Gevany Manoel dos. Nova locação de imóveis urbanos. São Paulo: LTR, 2001. A obra apresenta as novas dinâmicas e legalidades da locação de imóveis urbanos, incorporando todas as minúcias do mercado imobiliário – um conhecimento de extrema importância para quem deseja atuar nesse setor. Atividades 1. Sabemos que no contrato de locação existirão as partes, locador e locatário, que estarão sujeitas às leis e normas especificadas Tipos de locação 39 e acordadas. Nesse sentido, considerando um imóvel urbano, quais são os tipos de locação? Conceitue cada um deles. 2. Quais as quatro hipóteses que precisam ser levadas em conta na locação de um imóvel residencial urbano comum. 3. O que é um contrato de locação por temporada e quais são as especificidades atribuídas a ele? Explique sua resposta. Referências BRASIL. Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 3 set. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acessoem: 3 set. 2019. GOMIDE, Alexandre Junqueira. Administração de imóveis e locações. 1. ed. rev. Curitiba, PR: IESDE Brasil, 2012. SILVEIRA, Cátia Boaventura Marques. Administração de condomínios e locação de imóveis. Minas Gerais: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 2015. VENOSA, Sílvio de Salvo. Lei do inquilinato comentada: doutrina e prática. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm 3 Condomínios e síndicos A ampla gama de temas acerca da administração de imóveis e de locação instiga a busca de conhecimentos cada vez mais aprofundados sobre as leis e as variações a respeito desse assunto. A vida em condomínio é permeada por vários processos, que envolvem regras, leis e o convívio social, sendo este último algo muito importante, que ressalta a necessidade de tomarmos cuidados especiais para evitar contratempos. Nesse contexto, o síndico tem papel fundamental, uma vez que entre suas obrigações está o contato com os funcionários e os condôminos, fazendo valer aquilo que é votado por todos os membros participantes do condomínio. Ainda considerando esse cenário, também é preciso atentar às garantias na locação para assegurar que não ocorram problemas com o locatário durante o contrato. 3.1 Os condomínios Na concepção de Silveira (2015), o condomínio é visto como o direito de propriedade em que existe a participação de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo, utilizando um espaço ou bem indiviso. Construções de prédios de apartamentos ou de conjuntos de casas em um mesmo terreno têm sido cada vez mais frequentes nas cidades, devido à segurança, ao custo reduzido, entre outros tantos benefícios que esses tipos de imóveis oferecem. A convivência dentro de um mesmo condomínio, entretanto, não é tão simples, ainda mais quando existem muitos moradores, pessoas das mais diferentes culturas, educação, sociabilidade, raças, valores e até mesmo classe social. (SILVEIRA, 2015, p. 17) Vídeo 42 Administração de imóveis e locação Para estabelecer uma convivência harmônica dentro desses ambientes, é necessário elaborar regras específicas, que sejam capazes de evitar problemas nas relações. Nesse sentido, para garantir os procedimentos corretos de conduta, existe a chamada convenção de condomínio, um conjunto de normas desenvolvidas com base na Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964, e de acordo com o Código Civil brasileiro. Ao adquirir ou locar um imóvel, Gonçalves (2012) explica que o comprador ou locatário aderem aos termos da convenção de condomínio e que as regras nela contidas são criadas ainda na planta da construção. Ele explana também sobre o registro dessas diretrizes, que se dá em órgãos competentes para tal, como o cartório de registro de imóveis e a prefeitura. Silveira (2015) considera que as atribuições da convenção de condomínio devem: Discriminar e particularizar as áreas privativas e as de uso comum. Estabelecer a forma de utilização dos objetos e serviços comuns. Definir as funções das diferentes partes (moradores, síndico e funcionários). Indicar o modelo de escolha do conselho consultivo e do síndico, fixando suas atribuições e especificando se o trabalho desse será remunerado. Estabelecer o quórum e determinar o procedimento necessário para alterar1 a convenção do condomínio. 1 Todas as alterações feitas na convenção de condomínio devem ser registradas em cartório de registro de imóveis. Condomínios e síndicos 43 No tocante às finanças, Silveira (2015) ressalta que a convenção deve contemplar a relação da forma e da proporção das liquidações de gastos com despesas ordinárias e extraordinárias e, por fim, determinar a contribuição para a composição do fundo de reserva. Porém, somente a convenção não é o suficiente para assegurar a boa convivência. Somado a ela, está o regimento interno, documento que deve ser do conhecimento de todos os moradores do condomínio – sejam proprietários ou locatários, sem exceções –, e que estabelece procedimentos e regras como a entrada de visitantes no estacionamento, o uso, após as 22 horas, de equipamentos que emitam ruídos (furadeiras, aparelhos de som etc.) e a colocação de objetos nas janelas e nos parapeitos. Todas essas informações, assim como as tomadas de decisões, podem ser estabelecidas por meio das assembleias, que consistem em reuniões de moradores, sejam proprietários ou locatários, nas quais são previstas a explicação detalhada das normas e a deliberação de assuntos de interesse comum. As leis para regular a vida em condomínio são definidas pelos condôminos mediante decisões que somente serão passíveis de anulação por decisão judicial ou por evento de deliberação em assembleia posterior, a qual pode ocorrer em três formatos distintos: geral ordinária, extraordinária ou especial. Conheça, a seguir, as particularidades de cada uma delas. Assembleia Geral Ordinária: acontece normalmente uma vez ao ano para que seja apresentada a prestação de contas anual com exercício encerrado e para que sejam discutidas e aprovadas as verbas para as despesas do novo exercício, bem como a eleição do síndico. Só não é necessária a procuração do locador para o locatário votar nesta assembleia quando o assunto discutido for a aprovação das contas do condomínio. Assembleia Geral Extraordinária: é a reunião convocada pelo síndico ou por ¼ dos condôminos para tratarem de decisões urgentes de interesse do condomínio, como aprovação ou alteração da convenção, alteração do 44 Administração de imóveis e locação regulamento interno, alteração da parte comum ou pintura, automação de portões e compra de interfones. Na assembleia extraordinária, para ter direito ao voto, o locatário deve apresentar uma procuração do locador. Assembleia Geral Especial: ocorre em casos especiais previstos em lei, como reconstrução (por exemplo, por sinistro total), alienação, concessão ou alteração do destino do bem. Para que o locatário participe e vote nessa assembleia, deve apresentar procuração do locador. (SILVEIRA, 2015, p. 25) Um detalhe significativo é que nas assembleias o síndico tem participação efetiva, exceto nos assuntos referentes a sua própria figura, garantindo, com isso, que os debates e as decisões sejam imparciais. 3.2 O papel do síndico Para melhor compreendermos o papel do síndico, precisamos analisar o capítulo VI, da Lei n. 4.591/64, e o artigo 1.347 e seguintes do Código Civil. Capítulo VI | Da Administração do Condomínio Art. 22. Será eleito, na forma prevista pela convenção, um síndico do condomínio, cujo mandato não poderá exceder dois anos, permitida a reeleição. § 1.º Compete ao síndico: a) representar ativa e passivamente o condomínio, em juízo ou fora dele, e praticar os atos de defesa dos interesses comuns, nos limites das atribuições conferidas por esta lei ou pela convenção; b) exercer a administração interna da edificação ou do conjunto de edificações, no que respeita a sua vigência, moralidade e segurança, bem como aos serviços que interessam a todos os moradores; c) praticar os atos que lhe atribuírem as leis, a convenção e o regimento interno; d) impor as multas estabelecidas na lei, na convenção ou no regimento interno; Vídeo Condomínios e síndicos 45 e) cumprir e fazer cumprir a convenção e o regimento interno, bem como executar e fazer executar as deliberações da assembleia; f) prestar contas à assembleia dos condôminos; g) manter guardada durante o prazo de cinco anos para eventuais necessidades de verificação contábil, toda a documentação relativa ao condomínio (alínea incluída pela Lei n.º 6.434, de 15 de julho de 1977). § 2.º As funções administrativas podem ser delegadas a pessoas de confiança do síndico, e sob a sua inteira responsabilidade, mediante aprovação da assembleia geral dos condôminos. § 3.º A convenção poderá estipular que dos atos do síndico caiba recursopara a assembleia, convocada pelo interessado. § 4.º Ao síndico, que poderá ser condômino ou pessoa física ou jurídica estranha ao condomínio, será fixada a remuneração pela mesma assembleia que o eleger, salvo se a convenção dispuser diferentemente. § 5.º O síndico poderá ser destituído pela forma e sob as condições previstas na convenção ou, no silêncio desta, pelo voto de dois terços dos condôminos presentes em assembleia geral especialmente convocada. § 6.º A convenção poderá prever a eleição de subsíndicos, definindo-lhes atribuições e fixando-lhes o mandato, que não poderá exceder de dois anos, permitida a reeleição. Art. 23. Será eleito, na forma prevista na convenção, um conselho consultivo, constituído de três condôminos, com mandatos que não poderão exceder dois anos, permitida a reeleição. Parágrafo único. Funcionará o conselho como órgão consultivo do síndico para assessorá-lo na solução dos problemas que digam respeito ao condomínio, podendo a convenção definir suas atribuições específicas (BRASIL, 1964). A gestão e o controle do condomínio são feitos pelo síndico, que é eleito por meio das assembleias para uma atuação de até dois anos, tendo direito à reeleição, conforme cita Silveira (2015). 46 Administração de imóveis e locação Para ser eleito, ele pode ou não ser morador do condomínio, sendo elegíveis pessoa jurídica ou física. O síndico também precisa defender os interesses dos moradores do condomínio, solucionar os conflitos, direcionar e cobrar os funcionários, negociar com os fornecedores e ouvir os moradores. Citando o artigo 1.348 do Código Civil, Silveira (2015) apresenta as competências do síndico: • Representar o condomínio, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele; • Praticar atos de defesa dos interesses comuns atribuídos por lei, convenção ou regimento interno; • Exercer a administração interna da edificação quanto à sua vigilância, moralidade e segurança; • Impor multas estabelecidas por lei, convenção ou regimento interno; • Cumprir e fazer cumprir o estipulado em convenção, regimento interno e assembleias; • Prestar contas à assembleia do condomínio; • Guardar durante cinco anos a documentação relativa ao condomínio. (SILVEIRA, 2015, p. 29-30) Em seu artigo 1.349, o Código Civil traz uma inovação em relação à Lei n. 4.591/64 ao apresentar a forma de destituir o síndico caso este pratique irregularidades na gestão, indicando que a destituição deve ocorrer por meio de assembleia, pela maioria absoluta de membros. 3.3 Garantias da locação e benfeitorias Dentro da locação, muitas vezes, é necessário ter garantias a fim de evitar problemas posteriores, principalmente quando se trata de inadimplência. O artigo 37 (parágrafo único) e o artigo 38, da Lei n. 8.245/91, preveem quatro modalidades de garantias para que não haja riscos ou problemas no contrato de Vídeo Condomínios e síndicos 47 locação. Essas garantias ampliam o cuidado na efetivação da locação, mas não podem assegurar que o pagamento será feito dentro dos prazos estabelecidos; daí a importância de selecionar criteriosamente os inquilinos de um imóvel. Entretanto, é interessante frisar que não é permitido exigir mais de um tipo de garantia e que, caso isso ocorra, haverá a nulidade do contrato. Conheça as quatro modalidades de garantia, apresentadas por Silveira (2015): Caução: pode ser efetuada por meio de dinheiro ou de bens. Se realizada em dinheiro, há a possibilidade de efetuar um depósito na caderneta de poupança, com o valor máximo equivalente a três meses de aluguel. Nesse caso, o locador precisa utilizar o dinheiro com base nas regras legais e pode pagar multa caso use-o de maneira indevida. Caso a caução seja feita utilizando bens, ações ou títulos, os parágrafos 1.º a 3.º do artigo 38, da Lei n. 8.245/91 presumem que estes sejam substituídos, em até 30 dias, no caso de falência, recuperação judicial ou extrajudicial, ou quando houver a liquidação da sociedade emissora. Essa substituição se dá para que a dívida possa ser liquidada sem maiores problemas. Garantia fidejussória: neste caso, há a representação de uma pessoa (chamada de fiador) ou mais que assumem a responsabilidade de pagar os débitos, de maneira solidária e prevista em contrato, caso o locatário não consiga efetuá-los. Esse processo dura até o final do contrato, ou seja, até o locatário entregar as chaves ao locador e finalizar o contrato de locação. Aqui temos que atentar para uma questão sobre o fiador, uma vez que os juízes têm tirado sua obrigação de arcar com os débitos, conforme mostram as Revistas dos Tribunais (RTs) 440:163, 358:437, 368:124, 381:458, 390:246, 457:146. De acordo com a Súmula n. 214, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), “O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”. 48 Administração de imóveis e locação Os artigos 82, da Lei n. 8.245/91, e 818, do Código Civil, consideram que, por ser menos onerosa para o locatário e normalmente mais segura para o locador, a garantia fidejussória é a mais usual nos contratos de locação. A Lei n. 12.112/2009 altera dispositivos da Lei n. 8.245/91, principalmente nos pontos relacionados à exoneração do fiador. Em algumas circunstâncias, para contratos de locação residencial, ele deverá notificar o locador sobre sua intenção e, assim, eximir-se da fiança. Situações como o falecimento do locatário ou a separação do casal de locatários, devem ser comunicadas pelo locatário, por escrito, ao locador e aos fiadores. Cientes do ocorrido, caso tenham intenção de desobrigarem-se dos efeitos da fiança, terão o direito de notificar o locador sobre a sua exoneração em 30 dias. O fiador responderá pelos efeitos da fiança por 120 dias contados da notificação ao locatário. O locador, imediatamente após receber a notificação do fiador, deverá notificar o locatário para que este apresente em 30 dias um fiador idôneo em substituição para não incorrer em rescisão contratual. (SILVEIRA, 2015, p. 66) Na suposição de o contrato de locação vigorar por prazo indeterminado, o inciso X do artigo 40 da Lei n. 8.245/91 permite que o fiador notifique o locador sobre a sua pretensão de exonerar- -se desse encargo, lembrando que o fiador responde às obrigações assumidas pelo prazo de 120 dias após o recebimento da respectiva notificação. Seguro de fiança locatícia: segundo Silveira (2015), essa modalidade evita as dificuldades e os constrangimentos que podem ocorrer ao se buscar um fiador, pois as responsabilidades deste são atribuídas a um banco e o locatário deverá aceitar as condições contratuais oferecidas pela instituição bancária ou pela seguradora. É assegurado, mediante um prêmio, o pagamento de indenização dos prejuízos sofridos com a falta de pagamento do locatário ao locador, ou seja, o segurado. A taxa tem a finalidade de garantir o pagamento ao locador. (SILVEIRA, 2015, p. 66) Condomínios e síndicos 49 Nessa modalidade, a segurança é muito maior, porém incidirá um valor mais alto a ser pago pelo locatário, podendo, assim, haver um acréscimo de 10% com as despesas de locação. Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento: de acordo com Araújo Júnior (2013), por meio da Lei n. 11.196/2005 essa garantia, que também pode ser chamada de título de capitalização, é regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo Banco Central do Brasil (BC) e pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), cada qual com suas responsabilidades e atribuições. Vale salientar que a CVM, por sua vez, dá autorização às instituições financeiras para a gestão de carteiras de títulos, com foco em gerar um fundo de investimento que consistirá em cessão fiduciária como garantia da locação. Esse tipo de garantia se dá com o registro do contrato de locação junto ao administrador do fundo. Registro esse que pode ser feito pelo titular das cotas, que poderá ser o locatário ou um terceiro que faça parte do contratode locação, na condição de garantidor. Com isso, é confeccionado um “termo de cessão fiduciária”, juntamente com uma via do contrato de locação, ficando, assim, constituída em favor do locador, proprietário, a propriedade resolúvel das cotas, o que significa dizer que se o locatário se tornar inadimplente, ou seja, incorrer em mora, o locador poderá requisitar a transferência das quotas em valor que seja suficiente para o pagamento da dívida, podendo mantê-las aplicadas ou restituindo-as, conforme as regras do mercado financeiro. Tecnicamente, caso o locatário se torne inadimplente, ficando em mora com o locador, poderá este notificar extrajudicialmente o cedente (em caso de ser este um terceiro garantidor) e o locatário, que terão o prazo de 10 dias para quitar integralmente a dívida; caso não cumprida a obrigação em 10 dias, o locador poderá exigir a transferência definitiva das quotas suficientes para a quitação do débito. (SILVEIRA, 2015, p. 68) Porém, isso não chega a impedir que incida uma ação de despejo ou que seja feita a cobrança quando o fundo de investimento não for suficiente para quitar os débitos. Também é necessário enfatizar 50 Administração de imóveis e locação que essa garantia tem riscos, pois é uma aplicação financeira e, assim sendo, sofre as variações de mercado. Além disso, em um contrato de locação, podemos ter as questões pertinentes às benfeitorias no imóvel, que normalmente são feitas por parte do locatário. Todas as obras que visam conservar, embelezar ou melhorar, na concepção de Barbosa e Lima (2004), são vistas como uma benfeitoria. As benfeitorias são realizadas para preservar a integridade do imóvel, resguardando-o de estragos e deteriorações ou, ainda, para melhorar aspectos visuais ou de estilo. O locatário, salvo disposição expressa em contrário, tem o direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias que realizar, inclusive com direito à retenção do imóvel, ainda que não autorizadas pelo locador. Quanto às benfeitorias úteis, empreendidas no imóvel, terá direito de ser indenizado, desde que tenha sido autorizado pelo locador. Já em relação às benfeitorias voluptuárias, por se tratar de adornos estéticos e itens de conforto, em nada beneficiam ou prejudicam ao proprietário ou locatário. Não precisam de autorização para serem inseridas no imóvel, mas também não dão direito a qualquer forma de compensação ou direito de retenção. Podem ser levantadas ao término da locação pelo locatário, desde que sua retirada não comprometa a estrutura do imóvel. Neste sentido, prescrevem os artigos 35 e 36 da Lei n. 8.245/1991. (SILVEIRA, 2015, p. 59) Com o exposto, compreendemos que as benfeitorias podem ser descontadas do aluguel, desde que sejam combinadas previamente ou estipuladas em contrato. Considerações finais Os condomínios trabalham pautados por normas e regras específicas para que exista harmonia no convívio social, na execução de serviços e em outras questões relacionadas à gestão. Condomínios e síndicos 51 Nesse sentido, compreendemos que o síndico é um gestor de extrema importância para direcionar os funcionários, cuidar das questões legais e manter a harmonia no convívio entre os moradores do condomínio. Vimos também que ele é eleito pela assembleia (que por sua vez é composta pelos moradores do condomínio) e tem grande responsabilidade com todos, sejam proprietários ou locatários. Além disso, tratamos das questões relacionadas às melhorias em imóveis, que podem elevar seu valor, além de propiciar a manutenção adequada do imóvel. Essas benfeitorias podem e devem ser descontadas do valor do aluguel, desde que isso seja de comum acordo entre locador e locatário. Ampliando seus conhecimentos • Direito para quem não sabe Direito. Locação residencial (contrato de aluguel). YouTube, 23 jul. 2015. (7m19s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qbu5EIJ15-Q Acesso em: 19 ago. 2019. Este vídeo busca apresentar as questões relacionadas à locação residencial, tratando principalmente dos pontos que envolvem a elaboração e a execução do contrato de locação. • MIRANDA, Pontes de. Locação de imóveis e prorrogação. Campinas: Servanda, 2004. Esta obra apresenta um estudo consistente do direito relativo à locação predial e explica o contrato de locação desde os primórdios, explicitando a sucessão histórica a partir do capitalismo romano até as desigualdades sociais. O livro abrange as causas de revogação, resolução e resilição, bem como analisa as categorias jurídicas das renovações, primordialmente, das prorrogações do contrato de locação, em conformidade com o Código Civil de 2002. https://www.youtube.com/watch?v=qbu5EIJ15-Q 52 Administração de imóveis e locação Atividades 1. Construções de prédios de apartamentos ou de conjuntos de casas em um mesmo terreno são cada vez mais frequentes nas cidades, devido à segurança e ao custo reduzido, entre outros tantos benefícios que esse tipo de imóvel oferece. Assim, os condomínios têm sido cada vez mais comuns nas cidades. Considerando isso, defina o termo condomínio. 2. As regras e normas precisam ser de conhecimento de todos os moradores do condomínio, sejam proprietários ou locatários. Essas informações e as tomadas de decisão podem ser feitas por meio das assembleias. Explique como elas são, quais as suas finalidades e a forma como ocorrem. 3. A gestão e o controle do condomínio são feitos pelo síndico, que é eleito por meio das assembleias para uma atuação de até dois anos, tendo o direito à reeleição, conforme cita Silveira (2015). Para ser eleito, ele pode ou não ser morador do condomínio, sendo elegíveis pessoa jurídica ou física. Ele também precisa defender os interesses dos moradores, solucionar os conflitos, direcionar e cobrar os funcionários, negociar com os fornecedores e ouvir os moradores. Cite quais são as atribuições necessárias ao síndico. Referências ARAUJO JÚNIOR, Gediel Claudino de. Manual de prática de locação: lei do inquilinato anotada: questões práticas e modelos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. BARBOSA, Mônica de Barros; LIMA, Carlos Eduardo de. A cartilha do ponto comercial: como escolher o lugar certo para o sucesso do seu negócio. São Paulo: Clio, 2004. Condomínios e síndicos 53 BRASIL. Lei Federal n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l4591.htm. Acesso em: 19 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 19 ago. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 19 ago. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 12.112, de 9 de dezembro de 2009. Altera a Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, para aperfeiçoar as regras e procedimentos sobre locação de imóvel urbano. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/ Lei/L12112.htm. Acesso em: 19 ago. 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n. 214, de 2 out. 1998, Brasília, DF. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/ stj-revista-sumulas-2011_16_capSumula214.pdf. Acesso em: 19 ago. 2019. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 3. SILVEIRA, Cátia Boaventura Marques. Administração de condomínios e locação de imóveis. Minas Gerais: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 2015. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm4 Contrato de locação A locação e a administração de imóveis passam por questões legais que precisam ser planejadas e executadas com cuidado e eficiência. Conhecer e entender sobre o contrato de locação e seus pormenores, bem como os direitos e deveres dos envolvidos neste contexto são conhecimentos essenciais e que nos preparam para lidar com as mais diversas situações em um mercado tão competitivo. Lidaremos diretamente com clientes, estando de um lado o locador, que tem um imóvel e deseja disponibilizá-lo para locação, e, de outro, o locatário, que busca uma moradia para ele ou para sua família. Assim, é preciso que estejamos atentos a todos os trâmites que precisam ser levados em conta no processo. Além disso, é necessário conhecer as formas de identificar os futuros inquilinos, por meio das ferramentas que podem nos cercar de certezas e seguranças no momento da locação ou até mesmo da sublocação. 4.1 Contrato de locação O contrato de locação é visto como um acordo legal entre as partes, onde uma cede o imóvel (locador) para aquele que o utilizará por certo período de tempo (locatário); esse acordo envolve um valor financeiro, e é chamado de aluguel ou locação. As locações podem ser de bens, de serviços ou de obras. O artigo 1º da Lei n. 8.245/91 apresenta a seguinte regra: Vídeo 56 Administração de imóveis e locação Art. 1.º A locação de imóvel urbano regula-se pelo disposto nesta lei: Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais: a) as locações: 1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas; 2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; 3. de espaços destinados à publicidade; 4. em apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados, assim considerados aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar; b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades. (BRASIL, 1991) No contexto da locação imobiliária, temos duas partes envolvidas: o locador e o locatário (também chamado de inquilino). Nos contratos, existe ainda a chamada solidariedade, que incide quando existe mais de um locador ou mais de um locatário, conforme explica o artigo 2º da Lei n. 8.245/91. Não existe contrato de locação “perpétuo”, devendo-se, assim, ser por prazo determinado ou indeterminado. O artigo 3º da Lei de Locação faz uma restrição para contratos com prazo igual ou superior a dez anos, sem o consentimento do cônjuge. Assim dispõe o artigo: “O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos. Parágrafo único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não estará obrigado a observar o prazo excedente” (LINDENBERG FILHO, 2006, p. 25). No artigo 6º da Lei n. 8.245/91, observamos que há um período de 30 dias antes que exista a extinção do contrato por iniciativa do locatário. O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escrito ao locador, Contrato de locação 57 com antecedência mínima de 30 dias. Parágrafo único. Na ausência do aviso, o locador poderá exigir quantia correspondente a um mês de aluguel e encargos, vigentes quando da resilição. (BRASIL, 1991) Dois outros artigos dessa mesma lei orientam temas importantes acerca da locação. O artigo 17 proíbe que o aluguel seja feito em moeda estrangeira ou que o valor esteja atrelado à variação cambial de alguma moeda estrangeira e, até mesmo, ao salário-mínimo. “É livre a convenção do aluguel, vedada a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua vinculação à variação cambial ou ao salário mínimo” (BRASIL, 1991). O artigo 20, por sua vez, trata da antecipação de valores, explicitando que tal prática é permitida somente no caso dos aluguéis por temporadas ou quando não existe outro tipo de garantia, salvo “as hipóteses do artigo 42 e da locação para temporada, o locador não poderá exigir o pagamento antecipado do aluguel” (BRASIL, 1991). Venosa (2006) enfatiza o acordo entre locador e locatário, em que as partes podem pedir revisão judicial do valor do aluguel para que este se adeque a uma realidade comercial. Tal previsão é explanada no artigo 19 da Lei n. 8.245/91: “Não havendo acordo, o locador ou o locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado”. Silveira (2015, p. 38) traz ainda outras especificidades do contrato de locação1: • Típico e nominado, pois é constitutivo para locação; • Bilateral, pois gera direitos e obrigações para ambos os contratantes, ou seja, locador e locatário; • Oneroso, visto que exige o pagamento, isto é, o preço; • Consensual, pois é desenvolvido de acordo com a vontade dos contratantes; • Solene, porque deve ser escrito; 1 Vide modelo de contrato de locação ao final do livro. 58 Administração de imóveis e locação • Não personalíssimo, uma vez que este contrato pode ser cedido ou sublocado; • De duração, pois é estabelecido por tempo determinado ou indeterminado; • De troca, devido à função econômica que exerce; • Principal e definitivo, visto que independe de outro contrato para ter eficácia. Segundo Loureiro (2007), o contrato é um negócio de cunho jurídico que reflete as vontades das partes envolvidas. O Novo Código Civil não traz uma definição sobre contrato, mas podemos compreender que o trata como um acordo entre partes, pois gera uma relação patrimonial e deve ser cumprido com boa-fé a fim de evitar transtornos que possam desencadear questões judiciais entre os envolvidos (BRASIL, 2002). O contrato de locação segue a regulamentação do Código Civil, mas quando se trata de locação de bens imóveis urbanos, a Lei n. 8.245/91, também conhecida como Lei do Inquilinato, é aplicada. O contrato de locação não exige forma legal e solene, como a compra e venda de imóveis requer, nos termos do artigo 108 do Código Civil. O contrato de locação pode ser convencionado até mesmo pela forma verbal. Entretanto, concordamos que a forma escrita traz uma segurança jurídica maior às partes, principalmente se esse contrato for devidamente registrado no Cartório de Registro de Imóveis, tornando alguns direitos mais seguros de serem exercidos, como é o direito de preferência. Caso o locatário disponha de contrato registrado em cartório, poderá utilizar-se da faculdade prevista no artigo 33 da Lei do Inquilinato (Lei n.º 8.245/1991) para haver para si o imóvel, caso deposite o preço e as demais despesas do ato de transferência. Ademais, nos termos do artigo 71, título I, da Lei do Inquilinato, somente os contratos escritos podem dar o direito à ação renovatória. (GOMIDE, 2012, p. 10) Para que haja um acordo seguro, o autor ressalta ainda que os envolvidos precisam ter cuidado com a documentação necessária. O locatário deve exigir certidão de propriedade do imóvel, atualizada e válida, além de certificar-se sobre a existência de hipotecas, penhoras ou de outras formas de restrição que possam gerar complicações futuras. Contrato de locação 59 O interessado deve ainda certificar-se de que o imóvel é de propriedade do locador e de que não haja outros proprietários. Por fim, no caso de contrato de locação para fins não residenciais, o locatário deve certificar-se de que naquela região é lícita a atividade comercial. Por outro lado, o locador deverá ter cautela na situação jurídica do locatário. Investigar se o interessado em seu imóvel encontra-se em situação regular com as suas obrigações financeiras. Torna-se imperiosa uma pesquisa na justiça estadual e federal, constatando se a pessoa possui um bom histórico ou não. Também deve ser realizada uma busca nos Cartórios de Protesto de Títulos e Documentos, como forma de proteção ao locador. (GOMIDE, 2012, p. 12) Outra questão importante é a realização de uma vistoria quedescreva detalhadamente as condições do imóvel antes que o contrato de locação seja firmado. Essa prática traz mais segurança para todo o processo, resguardando as partes envolvidas. 4.2 Avaliação de inquilinos Essa é uma etapa muito importante, pois é aqui que passamos a conhecer quem locará o imóvel e, com isso, teremos subsídios para evitar problemas futuros. No primeiro contato com o pretendente, sempre é necessário solicitar seu RG e CPF, mas vale ressaltar que ter essa documentação em mãos não é o suficiente para garantir uma locação totalmente segura. Segundo Barbosa (2004), os seguintes documentos são essenciais para minimizar os riscos em um contrato de locação: • Documentação pessoal: É importante sempre exigir o RG, o CPF e mais algum documento de identificação, uma vez que isso pode facilitar as buscas de indícios de fraude. • Histórico de crédito: Empresas como a Serasa e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) fornecem dados sobre o histórico do indivíduo e, caso este esteja inadimplente, será possível obter informações nesse sentido. Vídeo 60 Administração de imóveis e locação • Certidão de antecedentes criminais: Esta pesquisa quase não é feita, mas pode auxiliar a não entregarmos o imóvel a pessoas de índole duvidosa. A certidão deve ser solicitada pelo próprio indivíduo, pela internet, no site da Polícia Federal, ou presencialmente, em postos de atendimento do instituto de identificação do estado. • Comprovante de renda: Por meio do holerite, da declaração do Imposto de Renda e dos extratos bancários, é possível levantar os rendimentos do pretendente à locação e, assim, verificar sua capacidade de adimplência para pagamento do aluguel. • Certidão negativa de processos judiciais: Esta certidão informa sobre a existência de processos em curso e também sobre aqueles já julgados – informação relevante para tomar a decisão de locar ou não o imóvel. • Comprovante de regularidade do CPF: Acessando o site da Receita Federal é possível emitir uma Certidão de Regularidade do CPF e, assim, verificar se o possível locatário está em dia com as suas obrigações fiscais. A solicitação desses documentos é uma medida de grande importância, que diminui os riscos e os possíveis contratempos envolvendo o contrato de locação. 4.3 Sublocação A sublocação é legal e prevista no artigo 13 da Lei n. 8.245/91: “A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prévio e escrito do locador”. Em outras palavras, podemos dizer que a sublocação pode ocorrer desde que a sua proibição não esteja expressa no contrato. Sobre esse assunto, vale lembrar que em um prédio urbano, tal prática é proibida, exceto se o locador registrar isso em contrato e de forma explícita. Vídeo Contrato de locação 61 De acordo com Silveira (2015, p. 40), a sublocação difere da cessão por se tratar de uma modalidade contratual onerosa, enquanto a cessão é permeada pela gratuidade. Entende-se a sublocação pelo contrato de locação celebrado entre o locatário de um bem e o terceiro (sublocatário) através da permissão do locador participante do primeiro contrato do mesmo imóvel. É um contrato acessório à locação principal. Difere-se da cessão pelo caráter oneroso que a sublocação possui, enquanto a cessão tem modo de gratuidade. O artigo 14 da Lei n. 8.345/91 afirma que as mesmas normas que regem o contrato de locação devem ser aplicadas para a sublocação, que é vista como uma nova locação e depende diretamente da primeira, não sendo, portanto, superior a ela. A sublocação não estabelece ligação entre locador e sublocatário, contendo aí duas relações jurídicas distintas; a primeira entre locador e locatário e a segunda entre sublocador e sublocatário, inexistindo assim relação entre o locador e o sublocatário. O sublocatário tem os mesmos direitos assegurados ao locatário. Embora continue responsável pelo pagamento do aluguel e pela conservação do imóvel, o locatário transfere ao sublocatário o gozo do bem do imóvel. (SILVEIRA, 2015, p. 40) O artigo 15 da referida lei mostra que o sublocatário tem direito à indenização em caso de dissolução da locação principal, ao mesmo tempo em que o sublocatário pode responder por danos. Nesse contexto, o artigo 570 do Código Civil explica que “se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos” (BRASIL, 2002). Ainda a respeito da sublocação, Silveira (2015) explica que ela pode ocorrer de forma total, quando todo o bem é sublocado, ou parcial, quando apenas parte do bem é sublocado. Ele também aborda um ponto importante do artigo 16 da Lei n. 8.245/91, que coloca a sublocação como uma garantia adicional da locação, conferindo ao 62 Administração de imóveis e locação locador autorização para acionar o sublocatário em caso de falta de pagamento, para que este responda subsidiariamente até o fim do litígio, conforme segue: “o sublocatário responde subsidiariamente ao locador pela importância que dever ao sublocador, quando este for demandado e, ainda, pelos aluguéis que se vencerem durante a lide.” No caso de venda do imóvel sublocado, o artigo 30 da Lei n. 8.245/91 enfatiza que existe direito de preferência para a compra do bem pelo sublocatário. Estando o imóvel sublocado em sua totalidade, caberá a preferência ao sublocatário e, em seguida, ao locatário. Se forem vários os sublocatários, a preferência caberá a todos, em comum, ou a qualquer deles, se um só for o interessado. Parágrafo único. Havendo pluralidade de pretendentes, caberá a preferência ao locatário mais antigo, e, se da mesma data, ao mais idoso. (BRASIL, 1991) As questões legais acerca da locação não encerram por aqui. Para ampliar o repertório adquirido neste capítulo, é necessário que façamos uma leitura atenta e detalhada do Código Civil e da Lei do Inquilinato. Com isso, teremos conteúdo suficiente para avaliar com mais critério e rigor todos os pontos abordados. Considerações finais O mundo dos negócios é um desafio diário para aqueles que terão que lidar com contratos e administração de bens. Por isso, todo o conteúdo visto a respeito do contrato de locação e das leis que o permeiam são essenciais para a formação dos profissionais. Precisamos estar alertas ao perfil dos locatários e nos precaver de eventualidades. Para tanto, devemos lançar mão das ferramentas apresentadas e atentar para os cuidados que minimizam os riscos e nos ajudam a entregar os imóveis nas mãos de pessoas idôneas e a ter menor risco de incorrer em inadimplência. Contrato de locação 63 Percebemos que, além da locação, é preciso lidar com as questões da sublocação, modalidade que deve seguir as regras da locação principal. Esse ponto precisa integrar nossos conhecimentos, pois só assim estaremos preparados para atender com qualidade e eficiência às mais diversas demandas do mercado imobiliário. Ampliando seus conhecimentos • Vida Melhor. Aluguel - os direitos e as obrigações do locador e do inquilino. YouTube. 2 mar. 2012 (14m23s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bnjsCfIdaEg. Acesso em: 20 ago. 2019. Com uma linguagem simplificada, este vídeo possibilita conhecer alguns conceitos essenciais sobre os direitos e deveres do locador e do inquilino, aprofundando o que vimos neste capítulo. • CAPANEMA, Sylvio de Souza. Lei do inquilinato comentada. São Paulo: Forense, 2019. Este livro comenta detalhadamente a Lei do Inquilinato e traz diversos modelos e formulários, auxiliando todos os que atuam no campo da locação do imóvel urbano, inclusive locadores e locatários. O autor expõe a aplicação da referida lei e oferece respostas aos que procuram conhecimento para melhor defender seus direitos. Atividades 1. A Lei n. 8.245/91 dispõe sobre as locações de imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes.Dentre os conteúdos expostos na referida lei, há as características específicas que os contratos de locação possuem. Cite-as. 64 Administração de imóveis e locação 2. Alguns documentos são essenciais para efetivar uma locação com o menor risco possível. Quais são eles? 3. A sublocação é algo legal e previsto, desde que sua proibição não esteja expressa no contrato. Entretanto, em um prédio urbano a sublocação é proibida, a não ser que o locador tenha mencionado essa possibilidade no contrato. Considerando essas informações, explique o termo sublocação. Referências BARBOSA, Mônica de Barros; LIMA, Carlos Eduardo de. A cartilha do ponto comercial: como escolher o lugar certo para o sucesso do seu negócio. São Paulo: Clio, 2004. BRASIL. Lei Federal n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l4591.htm. Acesso em: 20 ago. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 20 ago. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 20 ago. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 12.112, de 9 de dezembro de 2009. Altera a Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, para aperfeiçoar as regras e procedimentos sobre locação de imóvel urbano. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/ Lei/L12112.htm. Acesso em: 20 ago. 2019. GOMIDE, Alexandre Junqueira. Administração de imóveis e locações. 1. ed. rev. Curitiba, PR: IESDE Brasil, 2012. GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri (org.). Dicionário técnico jurídico. 6. ed. rev. atual. São Paulo: Rideel, 2004. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm Contrato de locação 65 LINDENBERG FILHO, Sylvio de Campos. Guia prático do corretor de imóveis: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2006. LOUREIRO, Luiz Guilherme. Curso completo de Direito Civil. São Paulo: Método, 2007. SILVEIRA, Cátia Boaventura Marques. Administração de condomínios e locação de imóveis. Minas Gerais: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 2015. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direitos reais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. VENOSA, Sílvio de Salvo. Lei do inquilinato comentada: doutrina e prática. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 5 Exigências e questões legais O mercado imobiliário é pautado por leis, normas e regras que contribuem para o correto andamento da gestão e da locação de imóveis; servem, ainda, de base para a elaboração de um contrato assertivo e eficiente. Nesse contexto, aprofundaremos nosso aprendizado, conhecendo os direitos e deveres do locador e do locatário, a fim de compreender as demandas judiciais que envolvem o setor. Também entenderemos a importância da vistoria e do laudo do imóvel, ferramentas essenciais para evitar transtornos e até mesmo ações judiciais que possam dificultar todo o nosso planejamento. 5.1 Demandas judiciais As demandas judiciais são procedimentos aplicados, com fundamentos legais, para que os direitos e deveres sejam amparados e executados. Conforme Silveira (2015), temos, com base na lei, ações de despejo, de consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, além de ações revisionais de aluguel e renovatórias de locação. Com isso, tomaremos como base os artigos 58 a 74 da Lei n. 8.245/91, considerando a nova redação dada pela Lei n. 12.112/2009. Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar-se-á o seguinte: I - os processos tramitam durante as férias forenses e não se suspendem pela superveniência delas; Vídeo 68 Administração de imóveis e locação II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação do imóvel, salvo se outro houver sido eleito no contrato; III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do ajuizamento; IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far-se-á mediante correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile, ou, ainda, sendo necessário, pelas demais formas previstas no Código de Processo Civil; V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente devolutivo. (BRASIL, 1991) A seguir, vamos conhecer as especificidades de cada uma das ações. Ação de despejo: essa ação é movida pelo locador para fins de retomada do imóvel, o que pode ocorrer por fatores como falta de pagamento do IPTU, aluguel em atraso, entre outros, conforme explana Silveira (2015). Quando movida a ação de despejo, sendo o pedido a rescisão do contrato de locação cumulada com cobrança de aluguéis e seus acessórios, deverá ser citado o locatário para responder ao pedido de rescisão e serem citados o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobrança, que deverá ser seguido de cálculo discriminando o valor do débito. Poderão o locatário e o fiador evitar a rescisão do contrato da locação, realizando, em até 15 dias a contar do dia da citação, o pagamento do débito atualizado através de depósito judicial, incluindo aluguéis com vencimento até a data do pagamento, multa, juros, custas e honorários de advogado. Não será admissível emendar a mora, isto é, caso o locatário já tenha se utilizado desta faculdade nos últimos 24 meses precedentes à propositura da ação. (SILVEIRA, 2015, p. 79) A autora reforça ainda que, ao compreender a existência de coerência no pedido, o juiz determinará o mandado de despejo, Exigências e questões legais 69 sendo 30 dias o prazo para que a desocupação do imóvel ocorra de maneira voluntária. Os prazos que vimos podem ser encontrados nos artigos 63 a 66 da Lei n. 8.245/91, que apresentam todas as regras e formalidades relacionadas ao despejo. É importante frisar que existem diferenças de prazos para hospitais, escolas, asilos ou igrejas; eles variam de 6 a 12 meses. Ação consignatória: ao avaliarmos o artigo 67 da Lei n. 8.245/91, encontramos as regras acerca da ação de consignação de pagamento, que também é apresentada no Código Civil, nos artigos 890 a 900. Este tipo de ação tem o objetivo de liberar o devedor de uma obrigação, ou seja, libertar o locatário do pagamento de aluguel em casos de não localizado o locador para que seja efetivado o pagamento ou, se localizado, o mesmo se recuse a receber. O depósito da quantia referente ao valor devido será efetivado em juízo e caso não haja contestação no prazo de dez dias, o juiz dará como procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento das custas e honorários. (SILVEIRA, 2015, p. 83) Ação revisional: pode se originar tanto por parte do locador como do locatário. Sua finalidade é ajustar os valores de aluguel quando estes não estão em conformidade com o mercado. Seu ajuizamento pode ocorrer somente após três anos de vigência do contrato. A ação revisional de aluguel, disciplinada pelos artigos 68 a 70 da Lei n.º 8.245/1991, é usada para ajustar o valor da locação ao do mercado, reduzindo ou aumentando o mesmo. Os requisitos encontram-se disciplinados no Código deProcesso Civil, artigos 276 a 282. A petição inicial deverá conter o pretenso valor a ser fixado. Se for pedido e tendo elementos suficientes, ao designar a audiência, o juiz poderá estabelecer aluguel provisório, e, podendo ainda contestar, o réu poderá trazer elementos probatórios para pedir ao juiz que reveja o valor fixado para o aluguel provisório. (SILVEIRA, 2015, p. 83) 70 Administração de imóveis e locação Ação renovatória: o artigo 51 da Lei n. 8.245/91 mostra que a ação renovatória para imóveis com fins comerciais pode ser ajuizada, quando o contrato a ser renovado for celebrado por escrito e com prazo determinado. Ela pode ocorrer também nos casos em que a renovação tenha prazo seguido ou que a soma dos prazos ininterruptos resultem em, no mínimo, cinco anos. Além disso, pode ser movida quando o locatário estiver explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo ininterrupto de três anos. Sobre a desocupação, vejamos como ocorre a determinação judicial, com base na Lei n. 8.245/91: O artigo 74 prevê que se a demanda renovatória for julgada improcedente, o juiz determinará a expedição do mandado de despejo, e o locatário terá o prazo de 30 dias para a desocupação voluntária, caso tenha pedido na contestação. (SILVEIRA, 2015, p. 83) É fundamental frisar que todas essas regras e leis precisam ser amplamente conhecidas e aprofundadas; por isso, não podemos esgotar aqui todas as explicações e possibilidades. Explorar o conteúdo de maneira abrangente e pesquisar outras informações sobre o tema farão com que estejamos cada vez mais preparados para resolver as adversidades que possam ocorrer. 5.2 Formalização e vistoria Para que o contrato esteja em conformidade com a realidade, é necessário conhecer sua forma de elaboração e os direitos inerentes às partes envolvidas. Nesse sentido, Silveira (2015, p. 96) apresenta as cláusulas e os requisitos indispensáveis ao contrato de locação: • Nome e qualificação do locador, locatário e fiador, se houver; • Descrição e endereço do imóvel locado; • Forma e local de pagamento; Vídeo Exigências e questões legais 71 • Modalidade da garantia apresentada, se por meio de fiador ou de depósito em dinheiro, ou ainda, de seguro-fiança; • Discriminação dos encargos a serem pagos, como condomínio, taxas municipais, água, luz, esgoto etc.; • Destinação do imóvel, se para uso residencial, comercial ou não residencial; • Data do início e do término da locação, ou seja, a duração do contrato; • Cláusula de vigência em caso de alienação do imóvel; • Termo de vistoria com a descrição do estado de conservação do imóvel, o qual deve ser anexado ao contrato, passando a integrá-lo. Além do exposto, os contratos precisam ser assinados e ter pelo menos duas testemunhas que não tenham impedimentos legais, as quais devem apresentar seu RG e comprovante de endereço. Ademais, precisa ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos. Silveira (2015) ainda apresenta uma gama de documentos que são exigidos para elaborar o contrato, tais como: Por parte do locador • Título de propriedade ou procuração, se o contrato for assinado por um representante; • Cópia da cédula de identidade (RG); • Cópia do documento de Cadastro de Pessoa Física (CPF); • Contas de serviços públicos, como água e luz; • Carnê do Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU); • Cópia da Certidão de Casamento, se casado, ou cópia da Certidão de Casamento com Averbação de Divórcio, se divorciado. Por parte do locatário • Cópia da cédula de identidade (RG); 72 Administração de imóveis e locação • Cópia do documento de Cadastro de Pessoa Física (CPF); • Comprovante de renda (são válidos: os três últimos holerites juntamente com a carteira profissional; a declaração do imposto de renda; o recibo de pró-labore, frisando que atualmente as administradoras não estão aceitando declaração simples do contador); • Os mesmos documentos do cônjuge e a cópia da Certidão de Casamento, se casado; • Cópia da Certidão de Casamento com Averbação de Divórcio, se divorciado. Por parte do fiador • Cópia da cédula de identidade (RG); • Cópia do documento de Cadastro de Pessoa Física (CPF); • Escritura definitiva do imóvel colocado em fiança; • Certidão Negativa de Ônus de Imóvel (CNO), atualizada, a ser retirada junto ao Cartório de Registro de Imóveis; • Carnê do Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU); • Comprovante de renda (são válidos: os três últimos holerites juntamente com a carteira profissional; a declaração do imposto de renda; o recibo de pró-labore, frisando que atualmente as administradoras não estão aceitando declaração simples do contador); • Cópia do comprovante de residência (conta de luz, água ou telefone); • Os mesmos documentos do cônjuge, se casado. Exigências e questões legais 73 Perceba que a exigência dessa documentação serve para garantir a segurança do processo, evitando transtornos durante o contrato de locação ou até mesmo o seu término. Também é necessário entender que o contrato é algo que envolve legalidade, ou seja, deve ser feito formalmente. É preciso considerar o dito popular “Amigos, amigos, negócios à parte”. O laudo de vistoria1 deve ser redigido e assinado pelo locador e pelo locatário antes mesmo do contrato de locação, e a vistoria só pode ocorrer com a presença do proprietário, do inquilino e do corretor de imóveis. Seu teor deve ser claro e minucioso, abrangendo informações sobre todos os cômodos do bem. É preciso constar nesse laudo as condições em que se encontra o imóvel: o estado de paredes, tetos, portas, janelas, fechaduras, trincos, armários etc., citando tudo detalhadamente, pois ele será revisto quando o inquilino for entregar as chaves (SILVEIRA, 2015). Nesse documento, é importante anexar fotos do imóvel, a fim de demonstrar seu real estado. Todos os registros, seja em formato de texto ou de imagem, serão essenciais, caso surjam problemas durante a estada do inquilino ou no momento de sua saída. Araujo (2013) ressalta que a vistoria é algo fundamental para evitar transtornos no caso de processos judiciais ou indenizações. Sem ela, é impossível que o locador ou locatário tenham seus direitos resguardados, pois não haverá nenhum documento legal que comprove a situação do imóvel. A vistoria precisa ser minuciosa, verificando todo o imóvel e seus pormenores estruturais e de acabamento; é por meio dela que conseguimos detectar problemas que impedem o imóvel de ser locado e, assim, garantir a satisfação de todos: o inquilino aluga um imóvel seguro, e o locador sabe o estado do imóvel antes e depois da locação. 1 Consulte o modelo de laudo de vistoria no fim do livro. 74 Administração de imóveis e locação 5.3 Direitos e deveres contratuais Para compreender os direitos e deveres do locador e do locatário, apresentaremos, a seguir, os artigos do Código Civil, a Lei n. 8.245/91 e alguns excertos de decisões da Revista dos Tribunais e da Revista Forense. Também avaliaremos tais direitos e deveres a partir da visão de Silveira (2015). 5.3.1 Direitos do locador Dentro do contexto do contrato de locação e com base na Lei n. 8.245/91 (principalmente em seu artigo 43), podemos mencionar os seguintes direitos: • Recebimento do valor acordado de locação (aluguel); • Cobrança antecipada de locação (contrato de temporada); • Exigência de caução (real ou fidejussória), fiança ou seguro-fiança. De acordo com Silveira (2015), os artigos 59 a 66 da Lei n. 8.245/91 e a nova redação da Lei n. 12.112/2009 mostram que o locador pode mover uma ação de despejo juntamente com a cobrança de aluguéis atrasados e até mesmo de multa, quando pertinente. Além disso, o teor legal afirma que é direito do locador solicitar a correção de valores após três anos de contrato para adequar o aluguel àquilo que está sendo praticado no mercado. Analisando o artigo 13 da Lei n. 8.245/91, observamos que o locador pode autorizar a sublocação e o empréstimodo bem locado. Além disso, tem como direito a comunicação ou o aviso de separação ou divórcio dos envolvidos na locação, tendo a prerrogativa de rogar ao ex-cônjuge que queira permanecer no imóvel. A respeito do fiador, o locador deve ser notificado sobre sua exoneração e, em 30 dias, o locatário deverá apresentar nova Vídeo Exigências e questões legais 75 garantia, ficando o fiador responsável por todos os efeitos da fiança até 120 dias após essa notificação. Por fim, Silveira (2015) ressalta que é direito do locador ter de volta o bem alugado após o encerramento contrato. 5.3.2 Deveres do locador Na visão de Silveira (2015) e segundo o artigo 22 da Lei n. 8.245/91, o locador tem por dever entregar o bem locado em bom estado para a finalidade a que foi destinado, incluindo instalações e estrutura (parte elétrica, jardim, água, entre outros). O mesmo artigo reforça que o locador deverá responder pelos vícios que possam estar ocultos no imóvel e, com isso, realizar as correções ou os reparos para que o imóvel esteja em perfeitas condições de uso e segurança. Já as benfeitorias feitas pelo locatário são regidas pelos artigos 35 e 36. Vale ressaltar que o locatário pode solicitar a redução do valor do aluguel ou até mesmo cancelar o contrato caso o imóvel se deteriore sem sua culpa. Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel. (BRASIL, 1991) Perceba que as benfeitorias (úteis e necessárias) que forem realizadas pelo locatário podem ser indenizadas pelo locador por meio de descontos no valor do aluguel ou outra forma, entretanto, o locatário pode reter o bem locado até o recebimento dessa indenização. É importante frisar que não se pode exigir essa indenização em benfeitorias voluptuárias (apenas por opção ou gosto). 76 Administração de imóveis e locação Silveira (2015) enfatiza que a Lei n. 8.245/91, em seu artigo 43, deixa bem claro que o locador não poderá cobrar valores além dos acordados em aluguel ou referentes aos encargos permitidos, sob pena de prisão de cinco dias a seis meses ou multa entre três e 12 aluguéis, tendo como base o último aluguel pago. Já as obrigatoriedades por parte do locador estão dispostas no artigo 22, conforme veremos a seguir: Art. 22. O locador é obrigado a: I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina; II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes; VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação genérica; VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador; VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato; IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas; X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio. Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de condomínio se entendem aquelas que não se refiram aos gastos rotineiros de manutenção do edifício, especialmente: a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; Exigências e questões legais 77 b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como das esquadrias externas; c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício; d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao início da locação; e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de esporte e de lazer; f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum; g) constituição de fundo de reserva. (BRASIL, 1991) Podemos perceber que esse artigo apresenta claramente as obrigações do locador, deixando explícito seu papel perante o locatário. Há também uma ênfase aqui no fornecimento de recibos dos aluguéis para o locatário, podendo o locador ser punido com prisão de três meses a um ano, sendo esta passível de substituição por pagamento de multa relativa a um mínimo de 12 e a um máximo de 24 meses do aluguel atualizado. 5.3.3 Direitos do locatário Silveira (2015) apresenta os direitos do locatário dentro do contexto da Lei n. 8.245/91, principalmente com foco no artigo 22, onde o locatário tem o direito: • de exigir a entrega do imóvel por parte do locador; • ao recibo do pagamento de aluguel e encargos; • à garantia do uso pacífico do imóvel; • à responsabilidade do locador por vícios ocultos; • à manutenção do imóvel durante o contrato. Além disso, o locatário pode exigir um relatório do real estado do imóvel que lhe será entregue, tendo como regra que o locador não pode reclamar por perdas ou danos, caso se negue a entregá-lo ao locador. 78 Administração de imóveis e locação Quanto à retenção do imóvel pelo locatário, é um direito expresso na lei quando as benfeitorias necessárias são executadas, salvo algum acordo contratual. Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. (BRASIL, 1991) Outro detalhe interessante é que o locatário pode sublocar, ceder ou emprestar o imóvel, desde que haja o consentimento expresso das partes. Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte: I – o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação; nesta hipótese, citar-se-á o locatário para responder ao pedido de rescisão e o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobrança, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor do débito; II – o locatário e o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluídos: a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; b) as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; c) os juros de mora; d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em dez por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa. (BRASIL, 1991) O artigo demonstra que a rescisão do contrato de locação acontece pela falta de pagamento, gerando até mesmo a ação de despejo caso os pagamentos não sejam feitos em até 15 dias da citação. Exigências e questões legais 79 Em caso de alienação do imóvel locador, o locatário tem preferência para a aquisição. É o que nos fala o artigo 27 da Lei n.º 8.245/1991, Súmula n.º 488 do STF, exceto quando a alienação caracterizar venda judicial, permuta, doação, integralização de capital, cisão, fusão, incorporação, constituição de propriedade ou venda por quaisquer formasde garantia. Artigos 32 e parágrafo único da lei e artigos 1.113 e 1.122 do Código Civil. (SILVEIRA, 2015, p. 46) A Lei n. 8.245/91 é específica em seus artigos; assim, é necessário ter cautela, a fim de evitar contratempos. Exemplo disso são os artigos 46 e 47, que falam sobre o despejo do locatário por denúncia vazia ou cheia. 5.3.4 Deveres do locatário Com base no Código Civil, em seu artigo 570, temos enfatizado que é dever do locatário usar o imóvel com base no que foi expresso contratualmente e evitar que o bem seja deteriorado, com pena de responsabilização pelas perdas ou danos. Não constitui utilização indevida quando o advogado ou médico, ou dentista mantêm salões, escritórios ou consultórios em sua casa ou a existência de salão de beleza, centros de estética ou pequena escola primária instaladas em um dos cômodos da moradia. Assim nos orienta a Lei n.º 8.245/1991, em seu artigo 23, inciso II 1ª parte. Pode incorrer em pena de rescisão contratual e de indenização por perdas e danos ao locador, o locatário que não cuidar do imóvel como se fosse seu. (SILVEIRA, 2015, p. 47) O artigo 23 da Lei do Inquilinato é claro em seu texto ao informar que é proibido ao locatário alterar interna ou externamente o imóvel, a não ser que isso ocorra de comum acordo com o locador. Ademais, é responsabilidade do locatário pagar em dia os aluguéis e encargos, conforme apresentado no contrato de locação. 80 Administração de imóveis e locação Observamos que esses artigos e recortes nos servem de auxílio para compreender os direitos e deveres necessários no processo de locação, a fim de que ela ocorra sem complicações ou problemas. Afinal, quando falamos desse tema, temos embasamento nas regras e leis. Considerações finais Constantemente, os profissionais do mercado imobiliário buscam recursos para conhecer a fundo sua área de atuação. Essa é uma tarefa que exige muita dedicação, mas traz os subsídios necessários para quem deseja se destacar na hora de atender às demandas de um setor que cada vez é mais exigente e seletivo. A fim de facilitar a compreensão e ampliar os conhecimentos, apresentamos as leis e regras que regem o mercado imobiliário. Entretanto, ressaltamos que os assuntos relacionados a esse setor vão muito além e, portanto, é necessário considerar este estudo enquanto um ponto de partida para a busca contínua por conteúdos que potencializem o aprendizado. Além disso, precisamos considerar que as leis passam por constantes mudanças e, por isso, também precisamos estar atentos a essas atualizações. Sucesso em sua trajetória profissional! Ampliando seus conhecimentos • TV Creci Rio. A importância da vistoria nas locações imobiliárias. YouTube, 27 out. 2016. (53m03s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ih3XxjSvCC8. Acesso em: 4 set. 2019. Neste vídeo, o palestrante Wagner Nogueira aborda a importância de realizar uma vistoria e destaca seus resultados positivos para uma locação de imóveis. Exigências e questões legais 81 • D’AMATO, Mônica; ALONSO, Nelson Roberto Pereira. Imóveis urbanos – avaliação de aluguéis. Aspectos práticos e jurídicos. 3. ed. São Paulo: Leud, 2014. Esta obra busca sistematizar, de forma prática e didática, todos os conceitos aplicáveis ao tema e suas diversas interfaces com o Direito e a Administração, além de contextualizá-los com situações reais. Atividades 1. As demandas judiciais são procedimentos aplicados, com base na lei, para que os direitos e deveres sejam amparados e executados. Nesse sentido, cite os tipos de demandas judiciais. 2. Para que se tenha um contrato em conformidade com a realidade, é necessário conhecer sua forma de elaboração e os direitos inerentes às partes envolvidas. Considerando isso, cite as cláusulas e os requisitos indispensáveis ao contrato de locação. 3. A vistoria é algo fundamental para que não haja problemas na locação, como processos judiciais ou indenizações. Sem vistoria é impossível exigir algo, seja do locador ou do locatário, pois não haverá nenhum documento legal que comprove eventuais problemas. Nesse sentido, explique a vistoria com base nos conceitos estudados neste capítulo. Referências ARAUJO JÚNIOR, Gediel Claudino de. Manual de prática de locação: lei do inquilinato anotada – questões práticas e modelos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. 82 Administração de imóveis e locação BRASIL. Lei Federal n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l4591.htm. Acesso em: 4 set. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 4 set. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 4 set. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 12.112, de 9 de dezembro de 2009. Altera a Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, para aperfeiçoar as regras e procedimentos sobre locação de imóvel urbano. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/ Lei/L12112.htm. Acesso em: 4 set. 2019. GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri (org.). Dicionário técnico jurídico. 6. ed. rev. e atual. São Paulo: Rideel, 2004. SILVEIRA, Cátia Boaventura Marques. Administração de condomínios e locação de imóveis. Minas Gerais: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 2015. Anexos Anexo I – Modelo de contrato de locação Contrato de locação LOCADOR: José Souza, comerciante, brasileiro, nascido em Brasília-DF, identidade 123.456-7/SSP-DF, CPF 123.456.789-0, residente na Rua Nove, 123/Bloco 1/apto 5/Brasília-DF. LOCATÁRIO: Maria Silva, militar, brasileira, nascida em Curitiba- -PR, identidade 123.456-7/SSP-DF, CPF 123.456.789-0, residente na Rua Nove, 123/Bloco 1/apto 5/São Paulo-SP. FIADOR 1: José Gomes, funcionário público, brasileiro, nascido em Brasília-DF, identidade 123.456-7/SSP-DF, CPF 123.456.789-0, residente na Rua Um, 123/Bloco 1/apto 5/Rio de Janeiro-RJ. FIADOR 2: Ana Silva, empresária, brasileira, nascida em Brasília- -DF, identidade 123.456-7/SSP-DF, CPF 123.456.789-0, residente na Rua Nove, 123/Bloco 2/apto 15/Brasília-DF. IMÓVEL: Apartamento, situado à Rua Nove, 123/Bloco 2/apto 15/Brasília-DF. Finalidade: residencial. Atividade: residência. PERÍODO DE LOCAÇÃO: 12 meses e 10 dias. Data de início: 20/08/2019. Data de término: 30/08/2020. VENCIMENTO DO ALUGUEL: Até o quinto dia útil de cada mês. VALOR MENSAL DA LOCAÇÃO: R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais). FORMA DE PAGAMENTO: Depósito em conta corrente. Banco: Banco da Cidade Agência: 123-4 | Conta: 56789-00 Favorecido: José Souza 84 Administração de imóveis e locação PERIODICIDADE DO REAJUSTE: Anual. O LOCADOR, supraqualificado, e o LOCATÁRIO, também supraqualificado, resolvem ajustar a locação do imóvel retrodescrito, que ora contratam, sob as cláusulas e condições seguintes: I – Prazo: A locação vigerá pelo período estabelecido no preâmbulo deste instrumento (12 meses e 10 dias), independente de notificação judicial ou extrajudicial, sendo que findo o prazo estabelecido, e não havendo oposição do LOCADOR, poderá o LOCATÁRIO continuar na posse da coisa alugada, devendo este restituir o LOCADOR, quando solicitado pelo mesmo, por meio de comunicado com antecedência de 30 dias. Da mesma forma, poderá o LOCATÁRIO, findo o prazo inicial previsto no contrato, devolvê- -lo com comunicado ao locador com 60 dias de antecedência. II - O valor mensal da locação será aquele pactuado no preâmbulo deste instrumento (R$ 1.300,00), e os aluguéis serão reajustados anualmente,ou no menor período que a legislação vier a permitir, com base no IGP-M (FGV) ou, na sua falta, pelo índice governamental destinado a promover a atualização monetária das mensalidades locatícias em reais ou, na sua falta, pelo índice da inflação do período, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). III - O aluguel será exigível impreterivelmente no dia do vencimento supraestabelecido, devendo o pagamento ser efetuado por meio de depósito bancário, conforme os dados supracitados neste contrato. O pagamento após o prazo de vencimento implica multa de 10% (dez por cento) sobre o débito, além de correção monetária e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês. Parágrafo único. A eventual tolerância em qualquer atraso ou demora no pagamento de aluguéis, impostos, taxas, seguros ou demais encargos de responsabilidade do LOCATÁRIO, em hipótese Anexos 85 alguma poderá ser considerada como modificação das condições do contrato, as quais permanecerão em vigor para todos os efeitos. IV - Além do aluguel, são encargos do LOCATÁRIO e dos FIADORES (caso o locatário não pague): o imposto predial (IPTU); o seguro de incêndio; as taxas de luz, de saneamento, de esgoto e de condomínio, e quaisquer outras que recaiam ou venham a recair sobre o imóvel locado, as quais serão pagas às repartições arrecadadoras respectivas. Incumbe ao LOCATÁRIO, também, satisfazer por sua conta as exigências das autoridades sanitárias de higiene ou do condomínio. V - O LOCATÁRIO não poderá sublocar o imóvel, no seu todo ou em parte, e o usará de forma a não prejudicar as condições estéticas, de segurança e de moral, bem como a tranquilidade e o bem-estar dos vizinhos. VI - O LOCATÁRIO recebe o imóvel recém-pintado, em perfeito estado de conservação e limpeza, e obriga-se a zelar pela sua conservação, trazendo-o sempre nas mesmas condições, responsabilizando-se pela imediata reparação de qualquer estrago feito por si, seus prepostos ou visitantes, obrigando-se, ainda, a restituí-lo limpo, com pintura nova, conservado e com todas as instalações em perfeito funcionamento quando findar a locação (ou quando rescindida esta). Sendo necessário substituir qualquer aparelho ou peça de instalação, fica entendido que esta substituição se fará por outra da mesma qualidade, de forma que, quando forem entregues as chaves, o imóvel esteja em condições de ser novamente alugado, sem que para isso seja necessária qualquer despesa por parte do LOCADOR. Parágrafo único - O LOCADOR, por si ou por preposto, poderá visitar o imóvel durante o período de locação para verificar o exato cumprimento das cláusulas deste contrato. 86 Administração de imóveis e locação VII - A infração de quaisquer cláusulas deste contrato faz incorrer o infrator na multa irredutível de 20% (vinte por cento) sobre o aluguel anual em vigor à época da infração, e importa na sua rescisão de pleno direito, independentemente de qualquer notificação ou aviso, sujeitando-se a parte inadimplente ao pagamento das perdas e dos danos que forem apurados. VIII - Nenhuma obra ou modificação será feita no imóvel sem autorização prévia e escrita do LOCADOR. Qualquer benfeitoria porventura construída adere ao imóvel, renunciando o LOCATÁRIO, expressamente, ao direito de retenção ou de indenização, salvo se convier ao LOCADOR que tudo seja reposto no anterior estado, cabendo, neste caso, ao LOCATÁRIO fazer a reposição por sua conta, responsabilizando-se por aluguéis, tributos e encargos até a conclusão da obra. IX - Como garantia do cumprimento das obrigações pactuadas, ao final, assinam os FIADORES, qualificados no preâmbulo deste instrumento, responsabilizando-se, como principais pagadores, pelo fiel cumprimento de todas as cláusulas ora reciprocamente estipuladas e aceitas, inclusive pela indenização de danos no imóvel e reparos necessários, além dos respectivos ônus judiciais. Parágrafo primeiro. Os FIADORES, e principais pagadores, renunciam aos preceitos dos artigos 924 e 1.500 do Código Civil, ou a outros que digam respeito a esta legislação e que venham a substituí- -los, ou que sejam mais atualizados ou ao código xxxx, xxxxx, xxxxx (conforme o caso), bem como ao direito de serem cientificados ou citados para a ação de despejo contra o LOCATÁRIO, obrigando- -se, inclusive, a arcar com as despesas judiciais, acessórias da dívida principal, e com os honorários de advogado, no importe de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, quer quanto à ação de despejo, quer quanto à execução de aluguéis, tributos e demais encargos. Parágrafo segundo. A responsabilidade do LOCATÁRIO e dos FIADORES pelo aluguel e demais obrigações legais e contratuais só Anexos 87 terminará com a devolução definitiva das chaves e com a quitação de todos os débitos de locação e os consectários legais e contratuais, inclusive reparos, se necessários. Parágrafo terceiro. Os FIADORES renunciam expressamente ao benefício da prévia execução dos bens do afiançado e não poderão, sob qualquer pretexto, exonerar-se desta fiança, que é prestada sem limitação de tempo. Caso o LOCATÁRIO permaneça no imóvel após o vencimento do contrato, os FIADORES continuarão solidários às obrigações assumidas pelo LOCATÁRIO neste contrato, até a entrega efetiva das chaves do imóvel. X - É de responsabilidade do LOCATÁRIO o pagamento do seguro anual de incêndio do imóvel locado, em nome do LOCADOR, garantindo o seu valor real. XI - Na hipótese de ser necessária qualquer medida judicial, o LOCADOR, o LOCATÁRIO e os FIADORES poderão ser citados pelos Correios, com Aviso de Recebimento (AR), dirigido aos respectivos endereços mencionados no preâmbulo deste instrumento. XII - O foro deste contrato, inclusive para os FIADORES, é o da Comarca de Brasília-DF e, por estarem justos e contratados, lavraram o presente instrumento em 02 (duas) vias de igual teor e forma para as finalidades de direito. Brasília, 10 de outubro de 2019. LOCADOR(A) _________________________ LOCATÁRIO(A) _________________________ FIADOR 1 ___________________________ CÔNJUGE DO FIADOR 1 __________________ FIADOR 2 ____________________________ CÔNJUGE DO FIADOR 2 _____________________ Testemunha 1_________________________________ Testemunha 2_________________________________ Anexo II – Modelo de laudo de vistoria Laudo de vistoria Objeto do presente laudo: Vistoria de um imóvel constituído pela casa residencial situada à Rua da Gameleira, 23, nesta capital. Locador: João Souza Locatária: Maria Almeida O presente laudo é parte integrante do contrato de locação celebrado entre o locador e a locatária. Qualquer restrição ao presente laudo, ou qualquer irregularidade encontrada no imóvel que não conste neste laudo, deverá ser comunicado ao locador, por escrito, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, a contar do dia 14 de junho de 2019. Vistoriado o imóvel acima descrito, foi constatado que este se encontra em perfeito estado, com todos os seus pertences, utensílios e acessórios em pleno funcionamento e bem conservados e, assim, a locatária se compromete a devolvê-lo, findo o prazo contratual, independente de vistoria final. a) Pintura: todas as paredes internas e os tetos da casa foram pintados com tinta látex de primeira linha. As portas e janelas foram pintadas com tinta a óleo, e a mão de obra das referidas pinturas foi bem executada. b) Trincos e fechaduras: estão em bom estado de conservação e em pleno funcionamento. c) Parte hidráulica: está em bom estado de conservação e em pleno funcionamento. d) Pisos e azulejos: estão em bom estado de conservação. e) Parte elétrica: está em bom estado de conservação e em pleno funcionamento. f) Vidraças: os vidros das janelas e basculantes não apresentam nenhum trincado. Anexos 89 Curitiba, 22 de agosto de 2019. _________________________________ Locador _______________________________ Locatária _______________________________ Fiador cônjuge _____________________________ Fiador____________________________________________ Testemunha 1 ____________________________________________ Testemunha 2 Gabarito 1 Administração de imóveis 1. As administradoras de imóveis têm os seguintes deveres expressos, conforme instituído pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e da Segurança Pública: • Informar claramente ao consumidor acerca dos serviços prestados e também sobre o preço exato que será cobrado pela realização dos mesmos. • Divulgar a locação ou a venda dos imóveis com anúncios que não contenham palavras passíveis de serem interpretadas como publicidade enganosa ou abusiva. • Considerar sempre o mercado como referência de valor para cobrança e jamais alterar o contrato feito com seus clientes, objetivando forçá-los a cumprir obrigações que não estejam de acordo com o preço justo. 2. O conceito de administrar está atrelado à gestão de negócio próprio ou alheio, público ou particular, ou seja, significa exercer a função de administrador. Na administração de imóveis e condomínios, há um contrato entre as partes (proprietário e administradora), no qual se estabelece as atividades que serão delegadas à administradora, e que, por ser ato bilateral, exclui-se a necessidade de haver a figura do gestor de negócios. 92 Administração de imóveis e locação 3. Ao pesquisar o termo prospectar no dicionário Aurélio (1986), encontraremos a acepção que indica “cálculo do valor econômico de algo”. Com isso, podemos perceber que ao pensar em comercializar um imóvel é necessário compreender seu valor, sua localização e outros fatores que possam auxiliar no processo de venda. 2 Tipos de locação 1. A locação de imóvel urbano pode ser residencial ou não residencial. A residencial é destinada à moradia, enquanto a não residencial pode ser para fins comerciais, educacionais, entre outros. 2. Para a locação de um imóvel residencial urbano comum, devem ser consideradas as seguintes hipóteses: contratos fixados por 30 meses ou mais; contratos fixados por menos de 30 meses; contratos fixados antes da Lei n. 8.245/91; livre negociação. 3. A locação para temporada é aquela destinada à residência temporária do locatário para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, construção de obras em seu imóvel e outros fatos que decorrem somente durante determinado tempo; ela é contratada por prazo não superior a 90 dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. 3 Condomínios e síndicos 1. O condomínio é visto, na concepção de Silveira (2015), como o direito de propriedade em que existe a participação de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo, utilizando um espaço ou bem indiviso. Gabarito 93 2. Silveira (2015) afirma que a assembleia é uma reunião de pessoas para deliberarem decisões que a elas interessem. Os condôminos (moradores, proprietários ou locatários) definem as regras para regular a vida em condomínio, mediante decisões que somente serão passíveis de anulação por decisão judicial ou por evento de deliberação em uma assembleia posterior. 3. Segundo Silveira (2015), a lei enfatiza que o síndico precisa representar o condomínio, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele; praticar atos de defesa dos interesses comuns atribuídos por lei, convenção ou regimento interno; exercer a administração interna da edificação quanto à sua vigilância, moralidade e segurança; impor multas estabelecidas por lei, convenção ou regimento interno; cumprir e fazer cumprir o estipulado em convenção, regimento interno e assembleias; prestar contas à assembleia do condomínio; guardar durante cinco anos a documentação relativa ao condomínio. 4 Contrato de locação 1. O contrato de locação possui diversas especificidades. Podemos afirmar que ele é típico e nominado, uma vez que é constitutivo para locação; bilateral, pois gera direitos e obrigações para ambos os contratantes (locador e locatário); oneroso, visto que exige o pagamento; consensual, pois é desenvolvido de acordo com a vontade dos contratantes; solene, porque deve ser escrito; não personalíssimo, uma vez que pode ser cedido ou sublocado; de duração, pois é estabelecido por tempo determinado ou indeterminado; de troca, devido à função econômica que exerce; principal e definitivo, visto que independe de outro contrato para ter eficácia. 94 Administração de imóveis e locação 2. Para minimizar os riscos contratuais, são essenciais: documentação pessoal, histórico de crédito, certidão de antecedentes criminais, comprovante de renda, certidão negativa de processos judiciais e comprovante de regularidade do CPF. 3. Sublocação é o contrato de locação celebrado entre o locatário de um bem e o terceiro (sublocatário) através da permissão do locador participante do primeiro contrato do mesmo imóvel. Também podemos afirmar que é um contrato acessório à locação principal e que se difere da cessão (que tem modo de gratuidade) pelo caráter oneroso que a sublocação possui. 5 Exigências e questões legais 1. Com base na lei, temos os seguintes tipos de ações, ou seja, demandas judiciais: de despejo, de consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação. 2. Para que o contrato esteja em conformidade, é necessário ter em mãos: nome e qualificação do locador, do locatário e do fiador (se houver); descrição e endereço do imóvel locado; forma e local de pagamento do aluguel; modalidade da garantia apresentada, por meio de fiador ou de depósito em dinheiro, ou ainda, de seguro-fiança; discriminação dos encargos a serem pagos, como condomínio, taxas municipais, água, luz, esgoto etc.; destinação do imóvel, se para uso residencial, comercial ou não residencial; data do início e do término da locação, ou seja, a duração do contrato; cláusula de vigência em caso de alienação do imóvel e, por fim, termo de vistoria com a descrição do estado de conservação do imóvel, que deve ser anexado, passando a integrar o contrato. Gabarito 95 3. O laudo de vistoria do imóvel deve ser redigido e assinado pelo locador e pelo locatário antes do contrato de locação, e só pode ocorrer com a presença do proprietário, do inquilino e do corretor de imóveis. Deve ser claro e minucioso, abrangendo informações sobre todos os cômodos do bem. Neste documento, é importante anexar fotos do imóvel a fim de demonstrar seu real estado. Todos os registros, sejam em formato de texto ou de imagem, serão essenciais caso surjam problemas durante a estada do inquilino ou no momento de sua saída. Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6533-2 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 3 3 2 Código Logístico 58884 A D M IN ISTR A Ç Ã O D E IM Ó V E IS E LO C A Ç Ã O FÁ B IO O LIV E IR A V A Z Página em branco Página em branco