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<p>TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>É comum dizer que o Código Civil atual é um código de princípios tamanha é sua presença na codificação.</p><p>AUTONOMIA PRIVADA</p><p>CF/1988 Art.5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;</p><p>É o direito que a parte possui de regulamentar seu próprios interesses (autorregulação contratual). (Flávio Tartuce).</p><p>Limitações</p><p>Súmula 302 STJ . É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.</p><p>“Importante reconhecer que, na prática, predominam os contratos de adesão, ou contratos standart, (...). Do ponto de vista prático e da realidade, essa é a principal razão pela qual se pode afirmar que a autonomia da vontade não é mais um principio contratual. Ora, a vontade tem agora um papel secundário, resumindo-se, muitas vezes, a um sim ou não, como uma proposta</p><p>de contratação (pegar ou largar).” (Flávio Tartuce, 2019)</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>2.FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS</p><p>Tal teoria decorre da inafastável e inquestionável proteção da pessoa natural. Suas necessidades, valores, direitos e obrigações foram trazidas para o centro da análise legislativa, com a valorização da pessoa humana e sua dignidade e com a consequente perda da superimportância que o patrimônio tinha em relação à pessoa natural. (SALES, 2013)</p><p>Principio contartual, de ordem pública, pelo qual o contrato deve ser, necessariamente visualizado e interpretado de acordo com o contexto da sociedade. (Flávio Tartuce, 2019)</p><p>Art. 421, CC/02</p><p>CC/02 Art. 2.035. Parágrafo único.</p><p>LINDB (lei no. 12.376, de 30 de dezembro de 2010) Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.</p><p>Eficácia interna e externa</p><p>Quanto à primeira, mitiga-se a relatividade dos efeitos do contrato, pois, apesar de relativo às partes, o contrato é oponível a terceiros, de maneira que estes têm o dever de não interferir na relação contratual e não lesar o direito subjetivo dos contratantes. Por exemplo, em um contrato no qual uma parte se obriga a transferir a posse ou a propriedade de determinada</p><p>coisa à outra, o terceiro contrata com o proprietário compra e venda dessa</p><p>mesma coisa, com intenção de impedir a execução do contrato original.</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>A segunda perspectiva preocupa-se com contratos que, embora paritários e justos às partes, ofendam interesses alheios a essas. Para isso, a função social impõe aos contratantes o dever de não criar situações jurídicas que afrontem interesses metaindividuais ou interesses individuais de terceiros, como os contratos cuja obrigação agrida o meio ambiente ou o patrimônio cultural (interesses difusos);(...). (Arnaud Marie Pie Belloir, André Trapani Costa Possignolo in Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCivil | Belo Horizonte, vol. 11, p. 37-56, jan./mar. 2017)</p><p>3. PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS (PACTA SUNT SERVANDA)</p><p>“(...) a realidade jurídica e fática do mundo capitalista e pós-moderno não possibilita mais a concepção estanque do contrato. O mundo globalizado, a livre concorrencia, o domínio do crédito por grandes grupos econômicos e a manipulação dos meios de marketing geraram um grande impacto no Direito Contratual. (...)</p><p>Certo é, portanto, que o princípio da força obrigatória não tem mais encontrado a predominância e a prevalência que exercia no passado. O principio em questão está, portanto, mitigado ou relativizado.” (Flávio Tartuce, 2019)</p><p>Cláusula rebus sic standibus</p><p>Ementa: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA AFIRMANDO DIREITO À DIFERENÇA DE PERCENTUAL REMUNERATÓRIO, INCLUSIVE PARA O FUTURO. RELAÇÃO JURÍDICA DE TRATO CONTINUADO. EFICÁCIA TEMPORAL. CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS. SUPERVENIENTE INCORPORAÇÃO DEFINITIVA NOS VENCIMENTOS POR FORÇA DE DISSÍDIO COLETIVO. EXAURIMENTO DA EFICÁCIA DA SENTENÇA. 1. A força vinculativa das sentenças sobre relações jurídicas de trato continuado atua rebus sic stantibus: sua eficácia permanece enquanto se mantiverem inalterados os pressupostos fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo provimento sentencial. A superveniente alteração de qualquer desses pressupostos (a) determina a imediata cessação da eficácia executiva do julgado, independentemente de ação rescisória ou, salvo em estritas hipóteses previstas em lei, de ação revisional, razão pela qual (b) a matéria pode ser alegada como matéria de defesa em impugnação ou em embargos do executado. 2. Afirma-se, nessa linha de entendimento, que a sentença que reconhece ao trabalhador ou servidor o direito a determinado percentual de acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir da superveniente incorporação definitiva do referido percentual nos seus ganhos. 3. Recurso extraordinário improvido. (RE 596663.</p><p>STF Tribunal Pleno; Rel. Min Marco Aurélio. Redator do acórdão Min. TEORI ZAVASCKI.</p><p>Julgamento: 24/09/2014. Publicação: 26/11/2014)</p><p>Teoria da Onerosidade Excessiva</p><p>Art. 478 CC/02.</p><p>Art. 479 CC/02.</p><p>EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AÇÃO REVISIONAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. REDUÇÃO DE MENSALIDADE ESCOLAR. COVID-19. IMPACTO. DESEQUILÍBRIO CONTRATUAL PELA ONEROSIDADE EXCESSIVA. NÃO CONFIGURADO PELA INSTÂNCIA DE ORIGEM. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA 279. ALEGADA DIVERGÊNCIA COM O JULGAMENTO DA ADPF 706. IMPROCEDÊNCIA. 1. Ao julgar as ADPFs 706 e 713, o Supremo Tribunal Federal concluiu ser inconstitucional qualquer interpretação judicial que determine a concessão de descontos lineares nas contraprestações de contratos educacionais, pelas instituições privadas de ensino superior, unicamente fundada na pandemia da Covid-19,</p><p>sem considerar as especificidades de ambas as partes contratuais. (...)</p><p>2. (...) 3. Em referido julgamento, concluiu-se que a concessão de descontos lineares ofende a livre iniciativa e retira a possibilidade de negociação das partes e entendeu-se pela necessidade de ponderação, em cada caso particularmente, a fim de se preservar o equilíbrio entre a proteção do consumidor e a manutenção do ensino em tempos de pandemia. 4. No caso concreto, o acórdão recorrido ao constatar, com apoio nos fatos e provas dos autos, que não restou configurado desequilíbrio econômico pela onerosidade excessiva decorrente da relação contratual, não se distanciou desse entendimento. 5. Assim, eventual divergência em relação ao entendimento adotado pelo Juízo a quo demandaria o reexame de fatos e provas, o que inviabiliza o processamento do apelo extremo, tendo em vista a vedação contida na Súmula 279 do STF. Precedentes. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. Inaplicável o art.85, § 11, do CPC, tendo em vista que o Tribunal de origem considerou indevida, na hipótese, a condenação de honorários advocatícios. (ARE 1447307 AgR. Órgão julgador: Segunda Turma Relator(a): Min. EDSON FACHIN Julgamento: 12/12/2023 Publicação: 19/12/2023) (grifo nosso)</p><p>4. PRINCÍPIO DA BOA FÉ</p><p>O código civil vigente é guiado pela eticidade, sociabilidade e operabilidade.</p><p>Art. 422, CC/02</p><p>É um conceito aberto - cláusula geral de cuidado, sem conteúdo específico pré estabelecido - que permite ao magistrado adequar a aplicação do Direito ao caso concreto observando valores sociais.</p><p>Deveres anexos ou laterais de conduta</p><p>• Dever de cuidado em relação a outra parte negocial;</p><p>• Dever de respeito;</p><p>• Dever de informar a outra parte sobre o conteúdo do negócio;</p><p>• Dever de agir conforme a confiança depositada;</p><p>• Dever de lealdade e probidade;</p><p>• Dever de colaboração ou cooperação;</p><p>• Dever de agir com honestidade;</p><p>• Dever de agir conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão. (Flávio Tartuce, 2019)</p><p>Divide-se em objetiva e subjetiva.</p><p>“Compreende ele um modelo de conduta social, verdadeiro standard jurídico ou regra de conduta, caracterizado por uma atuação de acordo com padrões sociais de lisura, honestidade e correção de modo a não frustrar</p><p>a legítima confiança da outra parte. Já a boa fé subjetiva não é um princípio, e sim</p><p>um estado psicológico em que a pessoa possui a crença de ser titular de um direito (...)”</p><p>(Nelson Rosenvald, 2012)</p><p>A boa fé é multifuncional.</p><p>Interpretativo na teoria dos negócios jurídico art. 113, caput CC/02</p><p>Caráter de controle, impedindo o abuso do direito subjetivo, qualificiando como ato ilícito art.187, CC/02</p><p>Integrativa pois dela emanam deveres que serão catalogados pela reiteração de precedentes da jurisprudência art. 422, CC/02</p><p>Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.</p><p>Boa fé objetiva = boa-fé subjetiva (boa intenção) + probidade (lealdade)</p><p>Desdobramentos da boa fé objetiva</p><p>i) Venire contra factum proprium</p><p>Arts 973 e 330, ambos do CC/02</p><p>II) Supressio</p><p>III) Surrectio</p><p>IV) Tu quoque</p><p>5. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DOS CONTRATOS</p><p>O contrato está na esfera jurídica dos direitos pessoais, sendo um negócio jurídico bilateral e principal fonte do direito das obrigações pelo qual as partes procuram regular direitos patrimoniais com objetivos especificados pela vontade das partes. (Flávio Tartuce, 2019)</p><p>O princípio da relatividade dos efeitos dos contratos afirma que o negócio estabelecido entre as partes contratantes, em regra, apenas as beneficia ou prejudica, não afetando terceiros.</p><p>Exceções</p><p>Estipulação em favor de terceiro</p><p>Art. 436 CC/02 O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.</p><p>Art. 438CC/02 O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.</p><p>Promessa de fato de terceiro</p><p>Também é possível que se celebre um contrato no qual uma das partes assuma a obrigação de que uma terceira pessoa cumpra determinada ação.</p><p>Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos,</p><p>quando este o não executar.</p><p>Obrigação de fazer.Contrato de permuta de veículos. Documentação. Transferência. Detran, Veículo em nome de terceiro.(...) Promessa de fato de terceiro inerente ao negócio. Exegese do art. 439 do Código Civil. 1-Ocorrida a permuta de veículo, com obrigação pessoal de transferir a documentação para o nome do adquirente, é legítima a parte que se obrigou a fazê-lo, ainda que para tal transferência seja necessário o concurso de terceiro, em cujo nome ainda se encontra a documentação do veículo e o registro na repartição de trânsito</p><p>(...)</p><p>2 - É valida a obrigação onde se assumiu fato de terceiro, consistente em obter a transferência para o nome do adquirente da documentação do veículo que se encontra em. nome de terceiro nos termos do art. 439 do Código Civil. (TJSP, Ap. Civel s/rev n. 1.182.040.007, rel. Fábio Rogério Bojo Pellegrino, j. 01.07.2008)</p><p>Contrato com pessoa a declarar</p><p>É um contrato nos qual uma das partes se compromete, em prazo determinado, a indicar um terceiro para cumprir determinada obrigação. O contrato é eficaz desde o início, com responsabilização caso não haja indicação da pessoa.</p><p>image1.png</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p>