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<p>ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS</p><p>AMBIENTAIS, AUDITORIA E</p><p>FORMAS DE CONTINGÊNCIA</p><p>DE DESASTRES ECOLÓGICOS</p><p>AULA 5</p><p>Prof.ª Maurielle Felix da Silva</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Nesta etapa, você aprendeu sobre a Avaliação de Impactos Ambientais</p><p>(AIA). Além de identificar os possíveis impactos ambientais de um</p><p>empreendimento, é importante considerar propostas e medidas para mitigá-los</p><p>ou compensá-los. Em outras palavras, estamos falando de medidas mitigadoras</p><p>e compensatórias, que fazem parte dos planos de gestão ambiental.</p><p>Ainda neste conteúdo, também vamos abordar o gerenciamento de</p><p>desastres ecológicos e, por fim, como realizar a comunicação de informações</p><p>em estudos ambientais.</p><p>Vamos juntos nesta jornada pelo conhecimento!</p><p>TEMA 1 – PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL</p><p>Créditos: OWLIE PRODUCTIONS/Shutterstock.</p><p>Segundo Sánchez (2013), os planos de gestão ambiental derivam da</p><p>avaliação de impactos ambientais. Uma das funções desta última é servir como</p><p>ferramenta para planejar a gestão ambiental das ações e iniciativas às quais se</p><p>aplicará. O mesmo autor afirma que um plano de gestão é uma ferramenta</p><p>importante para transformar uma contribuição potencial em uma contribuição</p><p>efetiva.</p><p>Como vimos em conteúdos anteriores, faz parte da avaliação de impactos</p><p>ambientais a compreensão dos impactos e efeitos negativos, justamente para</p><p>encontrar formas de mitigá-los e propor medidas (mitigadoras e</p><p>compensatórias), as quais comporão o plano de gestão ambiental.</p><p>Essas medidas são elencadas nos planos de acordo com o tipo do</p><p>empreendimento e devem abarcar os três meios abordados: físico, biótico e</p><p>socioeconômico.</p><p>A seguir, um exemplo de medidas típicas de um plano de gestão</p><p>ambiental de uma barragem. Essas medidas, segundo Sánchez (2013),</p><p>3</p><p>costumam constituir programas de ação, onde cada programa é individualmente</p><p>descrito no estudo de impacto ambiental ou em documentos posteriores.</p><p>• Compensação pela perda de hábitats mediante a proteção de uma</p><p>área equivalente;</p><p>• Extrair os materiais de construção das áreas a serem inundadas;</p><p>• Remoção da vegetação antes da inundação;</p><p>• Adotar medidas de controle da poluição durante as obras;</p><p>• Adotar medidas de controle de erosão durante as obras;</p><p>• Recuperar as áreas degradadas;</p><p>• Educação ambiental e treinamento da mão de obra;</p><p>• Salvamento arqueológico na área diretamente afetada;</p><p>• Reassentamento das populações atingidas;</p><p>• Provisão de infraestrutura e serviços nas áreas de reassentamento;</p><p>• Indenização das benfeitorias perdidas;</p><p>• Indenização de direitos de exploração mineral;</p><p>• Assistência técnica para os reassentados;</p><p>• Regularização jurídica das propriedades;</p><p>• Manutenção de vazão mínima a jusante;</p><p>• Regularização da vazão a jusante de forma a reproduzir o regime</p><p>hídrico preexistente;</p><p>• Construção de escada para passagem de peixes;</p><p>• Desenvolvimento da produção pesqueira no reservatório;</p><p>• Desenvolvimento do potencial turístico e recreativo;</p><p>• Reconstrução da infraestrutura inundada (estradas, linhas de</p><p>transmissão, armazéns, infraestrutura social);</p><p>• Documentação cultural e programa de valorização da cultura local</p><p>• Documentação e registro do patrimônio natural perdido;</p><p>• Medidas de proteção da bacia hidrográfica (revegetação das margens</p><p>do reservatório, programas de conservação de solos etc.)</p><p>TEMA 2 – MEDIDAS MITIGADORAS</p><p>Créditos: ALAMPHAD/Shutterstock.</p><p>Compreende-se por medidas mitigadoras o conjunto de ações a serem</p><p>executadas visando a redução dos impactos negativos de um empreendimento.</p><p>Em outras palavras, trata-se de antecipar quais serão os principais impactos</p><p>negativos e então buscar medidas para evitar que ocorram, ou buscar meios</p><p>para reduzir sua magnitude ou sua importância. Essas medidas, quando</p><p>4</p><p>agrupadas, fazem parte do plano de gestão ambiental e, por vezes, podem</p><p>sugerir mudanças no projeto inicial.</p><p>Algumas medidas, tanto mitigadoras como compensatórias, adotadas em</p><p>projetos rodoviários para o meio biótico podem ser verificadas no Quadro 1.</p><p>Quadro 1 – Aspectos ou impactos ambientais e medidas mitigadoras ou</p><p>compensatórias observadas no meio biótico</p><p>Aspecto ou impacto ambiental Medida mitigadora ou compensatória</p><p>Alteração da qualidade das águas superficiais Sistemas passivos de tratamento de águas</p><p>Alteração das propriedades físicas e</p><p>biológicas do solo</p><p>Redução da área de intervenção /</p><p>Recuperação de áreas degradadas</p><p>Destruição e fragmentação de habitats da</p><p>vida selvagem</p><p>Obras de arte, desvios e traçados alternativos</p><p>/ Reflorestamento compensatório,</p><p>conservação / Remoção, estocagem e reuso</p><p>da camada superficial do solo</p><p>Estresse sobre vegetação natural devido à</p><p>poluição do ar</p><p>Desvios e traçados alternativos / Aumentar a</p><p>distância entre a pista e as áreas de</p><p>vegetação significativa</p><p>Perda e afugentamento de espécimes de</p><p>fauna Redução das áreas de desmatamento</p><p>Perda de espécimes da fauna por</p><p>atropelamento Passagens de fauna</p><p>Soterramento de comunidades bentônicas</p><p>Bacias de decantação / Tubulões de</p><p>transposição bem dimensionados e</p><p>posicionados</p><p>Criação de ambientes lênticos Obras de drenagem bem dimensionadas</p><p>Modificações na cadeia alimentar Bacias de decantação / Sistemas passivos de</p><p>tratamento de águas</p><p>Fonte: Elaborado com base em Sánchez, 2013.</p><p>TEMA 3 – MEDIDAS COMPENSATÓRIAS</p><p>Créditos: ADTAPHOL CHAIMONGKOL/Shutterstock.</p><p>5</p><p>Alguns impactos ambientais não podem ser evitados. Outros, mesmo que</p><p>reduzidos ou mitigados, podem ainda ter magnitude muito elevada (Sánchez,</p><p>2013). Quando isso ocorre, é muito comum que se proponha maneiras de</p><p>compensar os impactos causados.</p><p>Exemplos típicos de impactos em empreendimentos como rodovias,</p><p>barragens, minas são a perda de porções da vegetação nativa, e esse impacto</p><p>precisa ser compensado. Porém, qual seria a maneira mais adequada?</p><p>O autor traz os princípios ecológicos e as jurisdições específicas</p><p>brasileiras em que ocorrem algumas dessas compensações, sendo:</p><p>• Intervenções em Áreas de Preservação Permanente (áreas</p><p>protegidas com função de preservação de recursos hídricos,</p><p>paisagem, biodiversidade e estabilidade geológica), tais como</p><p>margens de rios, manguezais e áreas de alta declividade, de acordo</p><p>com a Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012 Código Florestal), e</p><p>regulamentações estaduais correlatas.</p><p>• Supressão de vegetação de Mata Atlântica, quando for demonstrado</p><p>que não há alternativas ao projeto que evitem o desmatamento, são</p><p>sujeitas a compensação, na forma de conservação de área equivalente</p><p>(em área de domínio privado ou público) ou, na impossibilidade desta,</p><p>de reposição florestal com espécies nativas, de acordo com a Lei n.</p><p>11.428, de 22 de dezembro de 2006, e o Decreto n. 6.660, de 21 de</p><p>novembro de 2008.</p><p>Em nível mundial, o autor resgata que os princípios que norteiam a</p><p>compensação de maneira ecológica são:</p><p>• Equivalência entre o hábitat afetado e o tipo de compensação;</p><p>• Proporcionalidade entre o dano causado e a compensação exigida,</p><p>que deve ser, no mínimo, equivalente e, de preferência, superior;</p><p>• Preferência por medidas compensatórias que representem a</p><p>reposição ou a substituição das funções ou dos componentes</p><p>ambientais afetados (conexão funcional);</p><p>• Preferência por medidas que possam ser implementadas em área</p><p>contígua à área afetada ou, alternativamente, na mesma bacia</p><p>hidrográfica (conexão espacial).</p><p>TEMA 4 – DESASTRES ECOLÓGICOS</p><p>Créditos: ROBERTO SORIN/Shutterstock.</p><p>6</p><p>Segundo Oliveira (2019), o termo desastre pode ser compreendido como</p><p>o resultado de um fenômeno, podendo ser natural, causado pelo homem ou da</p><p>relação entre ambos. Quando pensamos no evento em si, devemos chamá-lo de</p><p>evento adverso, ou seja, o fenômeno causador do desastre.</p><p>O mesmo autor exemplifica que um determinado evento, como, por</p><p>exemplo, uma chuva intensa ou um período prolongado sem chuvas, deve ser</p><p>chamado de evento adverso. Logo, os efeitos</p><p>desses eventos adversos podem</p><p>ou não se tornar um desastre e, dependendo de suas consequências como</p><p>intensidade, perdas humanas, materiais ou ambientais ocorridas em função do</p><p>fenômeno e seus consequentes prejuízos econômicos e sociais, são</p><p>considerados desastres.</p><p>Outro aspecto importante a ser observado no âmbito dos desastres é a</p><p>diferenciação entre dano e prejuízo. Os danos representam a intensidade das</p><p>perdas humanas, materiais ou ambientais ocorridas. Já os prejuízos</p><p>correspondem à medida da perda relacionada ao valor econômico, social e</p><p>patrimonial de um determinado bem.</p><p>Em relação aos desastres ecológicos, Nadal (2021) informa que podemos</p><p>compreender que se trata de eventos cujas consequências são importantes na</p><p>estrutura e no funcionamento dos locais afetados, causando uma degradação</p><p>significativa, por vezes irreversível, dos recursos naturais e biológicos.</p><p>4.1 Classificação dos desastres</p><p>De acordo com a Política Nacional de Defesa Civil — Lei n. 12.608, de 10</p><p>de abril de 2012 —, os desastres são classificados:</p><p>Quanto à evolução, os desastres podem ser divididos em:</p><p>• Desastres súbitos ou de evolução aguda, que se caracterizam pela</p><p>rapidez com que evoluem e, normalmente, pela violência dos</p><p>fenômenos que os causam;</p><p>• Desastres de evolução crônica, gradual (lenta), que se caracterizam</p><p>por evoluírem progressivamente ao longo do tempo, como, por</p><p>exemplo, no caso das secas e estiagens; e</p><p>• Desastres por somação de efeitos parciais, que se caracterizam pela</p><p>acumulação de eventos semelhantes, cujos danos, quando somados</p><p>ao término de um determinado período, representam também um</p><p>desastre muito importante, como, por exemplo, no caso dos acidentes</p><p>de trânsito.</p><p>Quanto à intensidade, os desastres podem ser divididos em:</p><p>• Desastres de nível I, que se caracterizam por serem de pequeno</p><p>porte, com danos facilmente suportáveis e superáveis pelas próprias</p><p>comunidades afetadas;</p><p>7</p><p>• Desastres de nível II, que se caracterizam por serem de médio porte,</p><p>com danos e prejuízos que podem ser superados com recursos da</p><p>própria comunidade, desde que haja uma mobilização para tal;</p><p>• Desastres de nível III, que se caracterizam por serem de grande porte</p><p>e exigirem ações complementares e auxílio externo para a superação</p><p>dos danos e prejuízos;</p><p>• Desastres de nível IV, que se caracterizam por serem de muito grande</p><p>porte. Nesses casos, os danos e prejuízos não são superáveis e</p><p>suportáveis pelas comunidades sem ajuda de fora da área afetada,</p><p>mesmo quando as comunidades são bem-informadas, preparadas,</p><p>participativas e facilmente mobilizáveis.</p><p>Quanto à origem, os desastres podem ser divididos em:</p><p>• Desastres naturais, que se caracterizam por serem provocados por</p><p>fenômenos e desequilíbrios da própria natureza e produzidos por</p><p>fatores de origem externa que atuam independentemente da ação</p><p>humana;</p><p>• Desastres humanos, que se caracterizam por serem provocados por</p><p>ações ou omissões humanas; e</p><p>• Desastres mistos, que se caracterizam por ocorrerem quando as</p><p>ações ou omissões humanas contribuem para intensificar, complicar</p><p>e/ou agravar desastres naturais.</p><p>4.2 Desastres, emergências e situações críticas</p><p>Como já vimos, um desastre pode ser definido, segundo Oliveira (2019),</p><p>como as consequências em termos de danos e prejuízos produzidos por eventos</p><p>adversos. Esses eventos podem surgir a partir de fenômenos naturais, ações ou</p><p>omissões humanas, ou mesmo da combinação de ambos. Sempre que ocorrem,</p><p>os desastres demandam uma resposta imediata por parte das entidades</p><p>públicas, visando minimizar a perda de vidas, propriedades e os impactos</p><p>ambientais. No entanto, didaticamente, é possível classificar essas situações de</p><p>desastre em dois grupos distintos: emergências e situações críticas.</p><p>Emergências podem ser entendidas como situações que exigem uma</p><p>intervenção imediata de profissionais capacitados com equipamentos</p><p>adequados, mas que podem ser atendidas pelos recursos normais de resposta</p><p>a emergências, sem a necessidade de ações de gerenciamento ou</p><p>procedimentos especiais.</p><p>Já as situações críticas, por outro lado, são situações cujas características</p><p>de risco exigem, além de uma intervenção imediata de profissionais capacitados</p><p>com equipamentos adequados, uma postura organizacional não rotineira para o</p><p>gerenciamento integrado das ações de resposta.</p><p>São nas ocasiões de situações críticas que são necessários os planos de</p><p>contingência. Os planos de contingência, por sua vez, são documentos que</p><p>devem conter uma visão geral das organizações envolvidas na resposta aos</p><p>desastres e suas responsabilidades frente às situações de impacto.</p><p>8</p><p>4.3 Planos de contingência</p><p>Trazendo a questão para o âmbito dos desastres ecológicos, os estudos</p><p>de contingenciamento de desastres ecológicos normalmente estão relacionados</p><p>a poluentes e contaminantes, sendo que para estes elementos existem</p><p>legislações específicas para a contenção dos principais eventos que podem vir</p><p>a ocorrer.</p><p>Um exemplo disso é a Lei n. 9.966, de 28 de abril de 2000, que “dispõe</p><p>sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por</p><p>lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob</p><p>jurisdição nacional” (Brasil, 2000), e pode ser aplicada como um exemplo de</p><p>arcabouço legal para amparar estudos que propõem medidas de</p><p>contingenciamento de desastres ecológicos. No entanto, é preciso compreender</p><p>o que a lei traz e se faz necessário distinguir os termos plano de emergência e</p><p>plano de contingência. O art. 2º traz as seguintes definições:</p><p>XIX – Plano de emergência: conjunto de medidas que determinam e</p><p>estabelecem as responsabilidades setoriais e as ações a serem</p><p>desencadeadas imediatamente após um incidente, bem como definem</p><p>os recursos humanos, materiais e equipamentos adequados à</p><p>prevenção, controle e combate à poluição das águas;</p><p>XX – Plano de contingência: conjunto de procedimentos e ações que</p><p>visam à integração dos diversos planos de emergência setoriais, bem</p><p>como à definição dos recursos humanos, materiais e equipamentos</p><p>complementares para a prevenção, controle e combate da poluição das</p><p>águas. (Brasil, 2000)</p><p>Vale destacar que a Política Nacional de Defesa Civil traz que os planos</p><p>de contingência são documentos que devem englobar análise de riscos, os quais</p><p>englobam estudos relacionados às ameaças e ao grau de vulnerabilidade dos</p><p>sistemas, apresentando hipóteses de planejamento fundamentadas na</p><p>hierarquização dos riscos.</p><p>Dessa forma, pode-se entender que o objetivo de um Plano de</p><p>Contingência é possibilitar uma atuação eficaz frente a um desastre, na tentativa</p><p>de reduzir danos humanos e materiais. Além disso, esses planos devem ser</p><p>elaborados também para riscos específicos, ainda que nem sempre seja</p><p>possível determinar com exatidão seus impactos.</p><p>Fazendo um paralelo com o que já estudamos, é possível identificar que,</p><p>de maneira análoga, os processos para elaboração de um plano de contingência</p><p>de desastres ecológicos perpassam os conhecimentos relacionados aos estudos</p><p>de impacto ambiental, avaliação de impacto ambiental, medidas mitigadoras e</p><p>9</p><p>compensatórias. Pois, para elaborar planos eficazes, é necessário possuir</p><p>conhecimento dos possíveis impactos que podem ocorrer frente a uma situação</p><p>de desastre.</p><p>TEMA 5 – COMUNICAÇÃO DE INFORMAÇÕES EM ESTUDOS AMBIENTAIS</p><p>Créditos: TADAMICHI/Shutterstock.</p><p>Sabemos que tão importante quanto desenvolver um bom estudo</p><p>ambiental é pensar em como mostraremos e entregaremos nossos resultados,</p><p>pois ao elaborarmos um material técnico estamos prestando um serviço de</p><p>assessoramento para tomadores de decisão, podendo ser um cliente que deseja</p><p>instalar um empreendimento, uma prefeitura, um grupo de pesquisa etc.</p><p>Nesse contexto, abordaremos como realizar uma boa comunicação de</p><p>informações em estudos ambientais.</p><p>5.1 Objetivos e conteúdo na comunicação e estrutura de relatórios em</p><p>análise de impacto</p><p>ambiental</p><p>Sánchez (2013) afirma que os estudos de impacto ambiental (EIA) têm</p><p>por objetivo demonstrar a viabilidade, possibilidade ou aceitação de um projeto</p><p>proposto. Nesse sentido, a comunicação em avaliação de impactos ambientais</p><p>busca transmitir informações de caráter técnico e multidisciplinar para variados</p><p>públicos.</p><p>O autor descreve que os estudos de impacto ambiental, por serem um dos</p><p>principais componentes do processo de avaliação dos impactos ambientais,</p><p>devem ter por objetivo comunicar:</p><p>10</p><p>• As intenções do proponente do projeto;</p><p>• Os objetivos do projeto;</p><p>• As características técnicas do projeto e suas alternativas;</p><p>• As justificativas para a alternativa escolhida;</p><p>• A localização dos componentes do projeto;</p><p>• Os atributos ou as condições ambientais da área que poderá ser</p><p>afetada pelo empreendimento;</p><p>• Os impactos que o empreendimento causará;</p><p>• As medidas que podem ser tomadas para evitar, reduzir ou</p><p>compensar os impactos negativos.</p><p>Ao redigirmos um relatório técnico, precisamos nos atentar não somente</p><p>ao conteúdo que deve ser abordado, mas também aos detalhes pertinentes à</p><p>redação.</p><p>Mikosik (2020) aborda que os textos científicos devem levar em</p><p>consideração quatro aspectos:</p><p>• Linguagem formal: nos textos não deve utilizar expressões coloquiais,</p><p>gírias, frases feitas e/ou clichês. Da mesma maneira, não se deve</p><p>utilizar expressões que ocasionam ao leitor interpretações subjetivas,</p><p>como “eu acho” ou “como todo mundo sabe”. Ao se utilizar de adjetivos</p><p>é necessário ter cautela para que o texto expresse somente os</p><p>resultados obtidos por meio dos estudos e não opiniões, como, por</p><p>exemplo, “os resultados mostraram-se satisfatórios” ou, ainda, “os</p><p>dados têm fontes oficiais confiáveis”.</p><p>• Coerência temporal: utilizar o mesmo tempo verbal, passado ou</p><p>presente, na em todo o documento.</p><p>• Caráter interpessoal: utilizar a terceira pessoa e predominar o uso da</p><p>linguagem científica trazendo elementos informativos e técnicos,</p><p>dotadas de terminologias específicas e conceitos, de acordo com cada</p><p>área de conhecimento.</p><p>• Utilização de siglas: quando forem utilizadas as siglas no decorrer do</p><p>texto, deve-se seguir as orientações conforme a NBR 14724, por</p><p>exemplo: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ou AIA</p><p>(avaliação de impactos ambientais), garantindo que os leitores</p><p>interpretem corretamente os significados das siglas empregadas.</p><p>Em relação aos tópicos elementares de um estudo de impacto ambiental</p><p>(Quadro 2), Sánchez (2013) menciona que, no Brasil, os estudos tipicamente</p><p>são compostos por:</p><p>Quadro 2 – Principais tópicos dos estudos de impacto ambiental</p><p>Principais tópicos:</p><p>SUMÁRIO</p><p>LISTAS DE QUADROS, FIGURAS, FOTOS E ANEXOS</p><p>LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS</p><p>RESUMO</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Apresentação básica do empreendimento e resumo de suas características principais</p><p>Informação sobre termos de referência ou diretrizes seguidas</p><p>Apresentação do estudo, estrutura e conteúdo dos capítulos</p><p>11</p><p>INFORMAÇÕES GERAIS</p><p>Localização e acessos</p><p>Apresentação da empresa proponente</p><p>Objetivos e justificativas do empreendimento</p><p>Histórico do empreendimento e das etapas de licenciamento</p><p>Análise da compatibilidade do empreendimento com a legislação incidente</p><p>Análise da compatibilidade do empreendimento com planos e programas governamentais</p><p>DESCRIÇÃO DE EMPREENDIMENTO E SUAS ALTERNATIVAS</p><p>Alternativas consideradas</p><p>Critérios de seleção e justificativa de escolha</p><p>Atividades e componentes do empreendimento nas etapas de implantação, operação e</p><p>desativação</p><p>Cronograma do projeto</p><p>DIAGNÓSTICO AMBIENTAL</p><p>Descrição da área de estudo</p><p>Diagnóstico do meio físico</p><p>Diagnóstico do meio biótico</p><p>Diagnóstico do meio antrópico</p><p>ANÁLISE DOS IMPACTOS</p><p>Metodologia empregada</p><p>Identificação, previsão e avaliação dos impactos ambientais</p><p>Síntese do prognóstico ambiental</p><p>PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL</p><p>Medidas mitigadoras, compensatórias e de valorização</p><p>Plano de recuperação de áreas degradadas Programa de monitoramento e acompanhamento</p><p>Cronograma de implantação</p><p>REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>EQUIPE TÉCNICA (INCLUINDO UM PARÁGRAFO SOBRE A QUALIFICAÇÃO DE CADA</p><p>PROFISSIONAL)</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>ANEXOS:</p><p>Termos de referência do estudo</p><p>Mapas, plantas, figuras, fotos</p><p>Estudos específicos detalhados</p><p>Leis ou trechos de leis citados</p><p>Laudos de ensaios e análises</p><p>Listas de espécies Memórias de cálculo e anteprojetos de medidas mitigadoras</p><p>Cópias de documentos (como certidões municipais, memorandos, reuniões, registros de</p><p>entendimento, atas de audiências ou reuniões públicas etc.)</p><p>Fonte: Elaborado com base em Sánchez, 2013.</p><p>12</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Créditos: PICKADOOK/Shutterstock.</p><p>Nesta etapa, abordamos diversos assuntos diferentes, mas que se</p><p>integram. Nesse contexto, convido você a buscar um estudo de impacto</p><p>ambiental para identificar os principais aspectos:</p><p>• Identifique se o estudo de impacto ambiental possui uma estrutura de</p><p>relatório semelhante à que estudamos (Quadro 2). Após a identificação</p><p>dos itens, procure sistematizar o que está igual e o que está diferente.</p><p>• Identifique se o estudo de impacto ambiental propõe medidas mitigadoras</p><p>e compensatórias.</p><p>Bons estudos!</p><p>FINALIZANDO</p><p>Créditos: ROMAN MOTIZOV/Shutterstock.</p><p>13</p><p>Se você chegou até aqui, tenha certeza de que já expandiu seus</p><p>conhecimentos sobre medidas mitigadoras e compensatórias, planos de gestão,</p><p>gerenciamento de desastres ecológicos, e como realizar a comunicação de</p><p>informações em estudos ambientais.</p><p>Podemos fazer um exercício de recapitulação de tudo o que aprendemos</p><p>até aqui e ver como a atuação do Biólogo é importante para cada uma dessas</p><p>áreas.</p><p>Na próxima etapa, vamos estudar sobre os demais instrumentos de</p><p>planejamento ambiental e você verá o quão vasto é esse universo da consultoria</p><p>ambiental e como é importante para o profissional de biologia se apropriar dessa</p><p>gama de opções.</p><p>14</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Decreto n. 6.660, de 21 de novembro de 2008. Regulamenta</p><p>dispositivos da Lei n. 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a</p><p>utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. Brasília, DF,</p><p>2008a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-</p><p>2010/2008/Decreto/D6660.htm>. Acesso em: 10 abr. 2024.</p><p>_____. Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da</p><p>vegetação nativa; altera as Leis 6.938, de 31.08.1981, 9.393, de 19.12.1996, e</p><p>11.428, de 22.12.2006; revoga as Leis 4.771, de 15.09.1965, e 7.754, de</p><p>14.04.1989, e a MedProv 2.166-67, de 24.08.2001; e dá outras providências.</p><p>Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília/DF, 28.05.2012.</p><p>Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-</p><p>2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 10 abr. 2024.</p><p>_____. Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional de</p><p>Proteção e Defesa Civil - PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de</p><p>Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa</p><p>Civil - CONPDEC; autoriza a criação de sistema de informações e</p><p>monitoramento de desastres; altera as Leis n. 12.340, de 1º de dezembro de</p><p>2010, 10.257, de 10 de julho de 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239,</p><p>de 4 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras</p><p>providências. Diário Oficial da União, 2012.</p><p>_____. Lei n. 9.966, de 28 de abril de 2000. Dispõe sobre a prevenção, o</p><p>controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras</p><p>substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras</p><p>providências. In: Diário Oficial da União. Brasília, 2000. Disponível em:</p><p><http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9966.htm>. Acesso em: 10 abr.</p><p>2024.</p><p>_____. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Lei n. 11.428, de 22 de dezembro</p><p>de 2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma</p><p>Mata Atlântica, e dá outras providências. Presidência</p><p>da República, Casa Civil,</p><p>Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília, DF, 2006. Disponível em:</p><p><https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11428.htm>.</p><p>Acesso em: 10 abr. 2024.</p><p>15</p><p>NADAL, C. A.; NADAL, T. M. Impactos ambientais e desastres ecológicos.</p><p>Curitiba: InterSaberes, 2021.</p><p>OLIVEIRA, M. de. Livro Texto do Projeto Gerenciamento de Desastres:</p><p>Sistema de Comando de Operações. Florianópolis: Ministério da Integração</p><p>Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Universidade Federal de Santa</p><p>Catarina, Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, 2009.</p><p>SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São</p><p>Paulo: Oficina de Textos, 2013.</p><p>SANTOS, R. F. dos. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo:</p><p>Oficina de Textos, 2004.</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>TEMA 1 – PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL</p><p>TEMA 2 – MEDIDAS MITIGADORAS</p><p>TEMA 3 – MEDIDAS COMPENSATÓRIAS</p><p>TEMA 4 – DESASTRES ECOLÓGICOS</p><p>4.1 Classificação dos desastres</p><p>4.2 Desastres, emergências e situações críticas</p><p>4.3 Planos de contingência</p><p>TEMA 5 – COMUNICAÇÃO DE INFORMAÇÕES EM ESTUDOS AMBIENTAIS</p><p>5.1 Objetivos e conteúdo na comunicação e estrutura de relatórios em análise de impacto ambiental</p><p>NA PRÁTICA</p><p>FINALIZANDO</p><p>REFERÊNCIAS</p>